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Boletim do Centro Regional de Informação das Nações Unidas Bruxelas, Abril de 2007, N.º 24 .org O normal seria estar a gozar esta invulgarmente longa série de dias quentes de sol em Bruxelas, mas, de certo modo, cada vez que penso no tempo ou falo dele sinto-me ligeira- mente culpada. Que estou a fazer em relação à minha pegada de carbono? Será que devia vir de bicicleta para o trabalho? Apaguei todas as luzes? Suponho que não sou o único cidadão preocupado com as alterações climáticas. A questão chegou até à ordem do dia do Conselho de Segu- rança da ONU como uma ameaça à paz e segurança internacionais. Foi uma óptima notícia e uma iniciativa extremamente impor- tante do Reino Unido, ao presidir ao Conselho de Segu- rança durante o mês de Abril. Uma iniciativa na mesma linha de uma decisão, tomada pelos Estados Unidos, em 2000, de levar a questão do VIH/SIDA para o Conselho de Segurança. Países de todas as regiões, ricos e pobres, grandes e pequenos, participaram no debate no Conselho de Segu- rança e reconheceram as repercussões das alterações climáticas na segurança inter- nacional. Alguns – poucos – países ainda contestam a liga- ção entre alterações climáticas e paz e segurança. Mas foi dado o primeiro passo e a ordem do dia do Conselho foi, mais uma vez, alargada. Defendendo a tese de que as alterações climáticas são, de facto, um “multiplicador de ameaças”, Thomas Homer- Dixon, director do Centro Trudeau para os Estudos sobre Paz e Conflito, da Universidade de Toronto, sustenta que tais alterações ajudarão a produzir o tipo de problemas militares que as forças convencionais têm dificuldade em gerir, como as insurreições, o genocídio, guerra de gangues e terroris- mo mundial. Os habitantes das zonas rurais, diz, que depen- dem dos recursos naturais para obter meios de subsistência, tornar-se-ão mais pobres, em consequência da desfloresta- ção, da degradação das terras agrícolas, das cheias e da fome, e aderirão a revoltas e juntar- se-ão a extremistas e gangues. Outros migrarão em grande número para outras zonas e mesmo outros países. O recente relatório do grupo de trabalho do Painel Intergo- vernamental sobre Alterações Climáticas apresenta um gran- de número de exemplos que mostram de que modo as alterações climáticas prejudi- cam as pessoas pobres e entra- vam o desenvolvimento econó- mico. Por todas estas razões, como verão, o boletim do UNRIC dá grande destaque às alterações climáticas. Mas também não esquecemos a iniciativa Caricaturas para a Paz. Como prometemos, os nossos caricaturistas reunir-se em Bruxelas a 2, 3 e 4 de Maio, a fim de participar em vários eventos por toda a cidade. Dê uma vista de olhos ao seu programa e junte-se a nós. Vai ver que não se arrepende. Editoral - Afsane Bassir-Pour, Directora Tanto os países ricos como os países pobres beneficiarão, se a ONU racionalizar as suas operações nos domínios do desenvolvimento, da ajuda humani- tária e do ambien- te e as tornar mais eficientes, disse o Secretário- Geral, ao divulgar o seu relatório sobre as recomen- dações do Grupo de Peritos de Alto Nível sobre a coerência à escala do sistema. Numa intervenção na Assembleia Geral, Ban Ki- moon afirmou que essa racionalização é benéfica para os países em desenvolvimento, porque só têm a ganhar com uma ajuda mais coerente e com a melho- ria dos serviços prestados, mas também o é para os países desenvolvidos, que poderão explicar aos seus cidadãos que os recursos foram afectados a bons projectos e demonstrar os resultados positivos. Além disso, melhorar a capacidade da ONU nos três domínios citados “é uma questão de vida ou de mor- te para milhões de homens, mulheres e crianças do mundo que precisam de nós para satisfazer as suas necessidades essenciais hoje e durante as gerações vindouras”. O Secretário-Geral mencionou o programa-piloto “Uma ONU”, introduzido em oito países, onde os vários organismos, fundos e programas que neles desenvolvem actividades estão reunidos num único escritório, dirigido por um único chefe e com um único programa e orçamento, a fim de maximizar a eficiência e as oportunidades. Quanto aos programas a favor da mulher, Ban Ki- moon destacou o seu apoio à substituição das várias estruturas actuais por uma única entidade da ONU, mais dinâmica, a fim de melhorar os resultados, tanto ao nível mundial como ao nível nacional. Considerou, porém, que as recomendações do Gru- po sobre a governação, em especial o plano que visa reforçar o Conselho Económico e Social, merecem uma análise aprofundada por parte dos órgãos inter- governamentais, a fim de que haja uma visão comum. Para mais informações Racionalizar a ONU é uma medida que beneficia tanto os países ricos como os pobres Jorge Sampaio nomeado Alto Representante da Aliança das Civilizações O Secretário-Geral Ban Ki- moon nomeou, a 26 de Abril, o antigo Presidente de Portugal Jorge Sampaio Alto Represen- tante da Aliança das Civiliza- ções, a iniciativa lançada, em 2005, pelo seu antecessor, para promover a reconciliação entre religiões, culturas e nações. Ban Ki-moon nomeou Jorge Sampaio para o cargo, depois de ter consultado os Chefes de Governo de Espanha e da Turquia, os dois países que estiveram na origem da iniciativa. “O Alto Representante trará consigo a visão e liderança requeridas, nomeadamente para promover a Aliança das Civilizações como uma tentativa credível e viável de reduzir as perigosas tensões entre as diversas sociedades do mundo e de atenuar a ameaça que essas tensões representam para a estabilidade internacional”, disse a porta-voz do Secretário-Geral, durante o seu encontro diário com a imprensa, na Sede da ONU, em Nova Ior- que. O Grupo de Alto Nível para a Aliança apresentou, em Istambul, em Novembro de 2006, um relatório que pro- punha, em primeiro lugar, a criação do cargo Alto Representante, ao qual competiria “ajudar o Secretário- Geral a despoletar as crises que surgem na intersecção da religião e da política”. Para mais informações

Boletim do Centro Regional de Informação das Nações Unidas filede número de exemplos que mostram de que modo as alterações climáticas prejudi-cam as pessoas pobres e entra-vam

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Boletim do Centro Regional de Informação das Nações Unidas

Bruxelas, Abril de 2007, N.º 24 .org

O normal seria estar a gozar esta invulgarmente longa série de dias quentes de sol em Bruxelas, mas, de certo modo, cada vez que penso no tempo ou falo dele sinto-me ligeira-mente culpada. Que estou a fazer em relação à minha pegada de carbono? Será que devia vir de bicicleta para o trabalho? Apaguei todas as luzes? Suponho que não sou o único cidadão preocupado com as alterações climáticas. A questão chegou até à ordem do dia do Conselho de Segu-rança da ONU como uma ameaça à paz e segurança internacionais. Foi uma óptima notícia e uma iniciativa extremamente impor-tante do Reino Unido, ao presidir ao Conselho de Segu-rança durante o mês de Abril.

Uma iniciativa na mesma linha de uma decisão, tomada pelos Estados Unidos, em 2000, de levar a questão do VIH/SIDA para o Conselho de Segurança. Países de todas as regiões, ricos e pobres, grandes e pequenos, participaram no debate no Conselho de Segu-rança e reconheceram as repercussões das alterações climáticas na segurança inter-nacional. Alguns – poucos – países ainda contestam a liga-ção entre alterações climáticas e paz e segurança. Mas foi dado o primeiro passo e a ordem do dia do Conselho foi, mais uma vez, alargada. Defendendo a tese de que as alterações climáticas são, de facto, um “multiplicador de ameaças”, Thomas Homer-Dixon, director do Centro Trudeau para os Estudos sobre Paz e Conflito, da Universidade de Toronto, sustenta que tais alterações ajudarão a produzir o tipo de problemas militares que as forças convencionais têm dificuldade em gerir, como as insurreições, o genocídio, guerra de gangues e terroris-mo mundial. Os habitantes das zonas rurais, diz, que depen-dem dos recursos naturais para

obter meios de subsistência, tornar-se-ão mais pobres, em consequência da desfloresta-ção, da degradação das terras agrícolas, das cheias e da fome, e aderirão a revoltas e juntar-se-ão a extremistas e gangues. Outros migrarão em grande número para outras zonas e mesmo outros países. O recente relatório do grupo de trabalho do Painel Intergo-vernamental sobre Alterações Climáticas apresenta um gran-de número de exemplos que mostram de que modo as alterações climáticas prejudi-cam as pessoas pobres e entra-vam o desenvolvimento econó-mico. Por todas estas razões, como verão, o boletim do UNRIC dá grande destaque às alterações climáticas. Mas também não esquecemos a iniciativa Caricaturas para a Paz. Como prometemos, os nossos caricaturistas reunir-se em Bruxelas a 2, 3 e 4 de Maio, a fim de participar em vários eventos por toda a cidade. Dê uma vista de olhos ao seu programa e junte-se a nós. Vai ver que não se arrepende.

Editoral - Afsane Bassir-Pour, Directora

Tanto os países ricos como os países pobres beneficiarão, se a ONU racionalizar as suas operações nos domínios do desenvolvimento, da ajuda humani-tária e do ambien-

te e as tornar mais eficientes, disse o Secretário-Geral, ao divulgar o seu relatório sobre as recomen-dações do Grupo de Peritos de Alto Nível sobre a coerência à escala do sistema. Numa intervenção na Assembleia Geral, Ban Ki-moon afirmou que essa racionalização é benéfica

para os países em desenvolvimento, porque só têm a ganhar com uma ajuda mais coerente e com a melho-ria dos serviços prestados, mas também o é para os países desenvolvidos, que poderão explicar aos seus cidadãos que os recursos foram afectados a bons projectos e demonstrar os resultados positivos. Além disso, melhorar a capacidade da ONU nos três domínios citados “é uma questão de vida ou de mor-te para milhões de homens, mulheres e crianças do mundo que precisam de nós para satisfazer as suas necessidades essenciais hoje e durante as gerações vindouras”. O Secretário-Geral mencionou o programa-piloto “Uma ONU”, introduzido em oito países, onde os vários organismos, fundos e programas que neles desenvolvem actividades estão reunidos num único

escritório, dirigido por um único chefe e com um único programa e orçamento, a fim de maximizar a eficiência e as oportunidades. Quanto aos programas a favor da mulher, Ban Ki-moon destacou o seu apoio à substituição das várias estruturas actuais por uma única entidade da ONU, mais dinâmica, a fim de melhorar os resultados, tanto ao nível mundial como ao nível nacional. Considerou, porém, que as recomendações do Gru-po sobre a governação, em especial o plano que visa reforçar o Conselho Económico e Social, merecem uma análise aprofundada por parte dos órgãos inter-governamentais, a fim de que haja uma visão comum.

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Racionalizar a ONU é uma medida que beneficia tanto os países ricos como os pobres

Jorge Sampaio nomeado Alto Representante

da Aliança das Civilizações O Secretário-Geral Ban Ki-moon nomeou, a 26 de Abril, o antigo Presidente de Portugal Jorge Sampaio Alto Represen-tante da Aliança das Civiliza-ções, a iniciativa lançada, em 2005, pelo seu antecessor, para promover a reconciliação entre religiões, culturas e nações. Ban Ki-moon nomeou Jorge Sampaio para o cargo, depois de ter consultado os Chefes de

Governo de Espanha e da Turquia, os dois países que estiveram na origem da iniciativa. “O Alto Representante trará consigo a visão e liderança requeridas, nomeadamente para promover a Aliança das Civilizações como uma tentativa credível e viável de reduzir as perigosas tensões entre as diversas sociedades do mundo e de atenuar a ameaça que essas tensões representam para a estabilidade internacional”, disse a porta-voz do Secretário-Geral, durante o seu encontro diário com a imprensa, na Sede da ONU, em Nova Ior-que. O Grupo de Alto Nível para a Aliança apresentou, em Istambul, em Novembro de 2006, um relatório que pro-punha, em primeiro lugar, a criação do cargo Alto Representante, ao qual competiria “ajudar o Secretário-Geral a despoletar as crises que surgem na intersecção da religião e da política”.

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“Este é um período profunda-mente estimulante da história da vossa jovem nação”. Foi com estas palavras que o Secretário-Geral das Nações Unidas iniciou uma mensagem emitida, a 8 de Abril, na véspera das primeiras eleições que se realizaram em Timor Leste desde que este país alcançou a independência, em 2002. Nesta mensagem vídeo, o Secretário-Geral Ban Ki-Moon

expressou a sua esperança de que as eleições fossem livres e justas. Que não fossem prejudicadas por actos de violência e intimidação e que con-duzissem a resultados aceites por todos. Aproveitou, ainda, a ocasião para sublinhar o apoio das Nações Unidas a Timor Leste, prometendo que a Organização continuaria firmemente empenhada em apoiar o país no caminho da estabilidade e do desenvolvimento, num clima de governa-ção democrática, responsável e com capacidade de resposta. “Uma democracia estável e sustentável é algo que nunca pode ser tomado como um dado adquirido. Deve ser cultivada e protegida. A maneira como estas eleições forem conduzidas será decisiva para determinar a forma como a vossa sociedade evoluirá no futuro”, frisou. O Conselho de Segurança, através de um comunicado de imprensa, emi-tido a 4 de Abril, tinha já apelado a todas as partes para que respeitassem os princípios de não violência e os processos democráticos e legais, para garantir que as eleições presidenciais pudessem ter um efeito unificador do povo de Timor Leste. Os membros deste órgão sublinharam a neces-sidade de a comunidade internacional continuar a apoiar Timor Leste e acolheram com satisfação a presença de observadores nacionais e inter-nacionais. E expressaram o seu apoio permanente ao trabalho da UNMIT, sob a liderança do Representante Especial do Secretário-Geral, Atul Kha-re. A estas eleições concorreram oito candidatos: Avelino Coelho (Partido Socialista Timorense), Fernando “Lassama” de Araújo (Partido Democrá-tico), Francisco Guterres “Lu-Olo” (Fretilim), Francisco Xavier do Ama-ral (ASDT), João Carrascalão (UDT), José Ramos-Horta (independente), Lúcia Lobato (Partido Social-Democrata) e Manuel Tillman (KOTA). Todos assinaram, a 16 de Março, na presença do Chefe de Estado, Xana-na Gusmão, e do Representante Especial do Secretário-Geral da ONU, um código de conduta, comprometendo-se a respeitá-lo antes, durante e depois das eleições. Para a vigilância do processo eleitoral inscreveram-se mais de 2000 observadores nacionais e internacionais e cerca de 200 observadores internacionais acreditados pelas autoridades eleitorais. A coordenação entre os observadores nacionais e internacionais esteve a cargo do Pro-grama das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). “O elevado número de observadores demonstra o compromisso do país em relação a um processo eleitoral justo. Os observadores internacionais trazem a mais-valia da experiência de outras democracias desenvolvidas, experiência que usarão de uma forma justa e desinteressada”, disse o Representante das Nações Unidas para o Apoio às Eleições, Finn Reske-Nielsen. A maioria dos observadores internacionais veio da União Europeia. A equipa de observação da União Europeia foi liderada por Javier Pomés, Membro do Parlamento Europeu, e incluía um núcleo de 6 elementos, aos quais se juntou uma equipa de 28 observadores, que seguiram a cam-panha e a organização das eleições em todo o país. Uma delegação do Parlamento Europeu juntou-se à missão no dia das eleições. A esta dele-gação juntaram-se delegações do Japão e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). A Austrália, a República da Coreia e o Brasil

enviaram, também observadores. Alguns países com embaixadas em Timor Leste, incluindo os Estados Unidos, Indonésia, Nova Zelândia e China, deram instruções aos diplomatas das suas missões para agirem como observadores imparciais. A 9 de Abril, dia do acto eleitoral, o Secretário-Geral a ONU expressou a sua satisfação pela forma como as eleições tinham decorrido, sublinhan-do a atmosfera de ordem e calma e a elevada participação no escrutínio. Aproveitou a ocasião para enaltecer o trabalho das autoridades nacionais, sobretudo do Secretariado Técnico para o Processo Eleitoral e da Comissão Nacional de Eleições e manifestou uma vez mais, o seu apreço pelo trabalho levado a cabo pela UNMIT no apoio aos esforços timoren-ses. Através de um comunicado, emitido pela sua Porta-voz, o Secretário-Geral exprimiu a esperança de que os próximos passos do processo eleitoral de 2007 decorram numa atmosfera semelhante à destas elei-ções. Ban Ki-moon pediu à comunidade internacional que continuasse a prestar ajuda, numa altura em que Timor Leste trabalha no sentido de concluir o processo eleitoral e enfrenta desafios relacionados com o sector da segurança, o primado do direito, a governação e o desenvolvi-mento. A União Europeia (UE), através de uma declaração, felicitou a população timorense por ter demonstrado o seu compromisso em relação à demo-cracia e à paz através da ampla participação nestas primeiras eleições presidenciais. Os Estados-membros da UE e a Comissão expressaram o seu pleno compromisso de apoiar a conclusão do processo eleitoral e relativamente à observação das próximas eleições. Numa declaração preliminar, emitida após as eleições, a missão de observação da UE consi-derou que “as eleições foram bem conduzidas pelas autoridades eleitorais timorenses, apesar das dificuldades no terreno e dos problemas logísti-cos”. A 18 de Abril, o Presidente da Comissão Nacional de Eleições, Faustino Cardoso, anunciou os resultados provisórios do escrutínio. O candidato mais votado foi Francis-co Guterres, que não obteve a maioria abso-luta que lhe permitiria ser eleito à primeira volta. Seguiram-se-lhe, por esta ordem, José Ramos-Horta e Fernan-do “Lassama” de Araú-jo. No mesmo dia, a Porta-voz das Nações Unidas disse ao jornalistas, em Nova Iorque, que a UNMIT estava satisfeita com o anúncio dos resulta-dos provisórios. “A ONU está particularmente satisfeita por a primeira volta das eleições ter sido concluída sem quaisquer incidentes graves de violência ou intimidação, durante a campanha, o acto eleitoral e a conta-gem dos votos, e também pelo facto de os candidatos terem recorrido plenamente aos canais legais apropriados para manifestar as suas preocu-pações em relação ao processo”, disse, acrescentando que os resultados finais seriam validados pelo tribunal de recurso, depois de ter analisado os recursos apresentados num prazo de vinte e quatro horas.

Os dois candidatos mais votados – Francisco Guterres (Lu-Olo) e José Ramos Horta – disputarão agora a segunda volta, a 9 de Maio. As elei-ções beneficiarão, mais uma vez, de uma assistência considerável da comunidade internacional, nomeadamente através das Nações Unidas.

Eleições presidenciais em Timor Leste

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Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC

“É necessário que a comunidade internacional se empenhe nova-mente em dispensar toda a aten-ção necessária às questões de desarmamento, dando provas de compreensão e de cooperação. A ameaça que as armas de des-truição maciça representam e o sofrimento quotidiano causado pelas armas ligeiras, as minas anti-pessoais e as munições de fragmentação devem levar-nos a examinar de novo os fundamen-tos do nosso regime de seguran-

ça internacional”. Foi nestes ter-mos que o Secretário-Geral das Nações Unidas se dirigiu aos membros da Comissão de Desar-mamento, quando da abertura dos trabalhos da sessão de fundo deste órgão deliberativo, a 9 de Abril. Ban Ki-moon, que lamentou que os reveses em matéria de desar-mamento se tenham tornado a norma em vez da excepção, con-siderou a actual situação “inaceitável” e informou que nomearia, em breve, o Alto Representante do futuro Gabine-te das Questões de Desamamen-to, o qual deveria mobilizar a vontade política necessária para sair do impasse e daria um novo impulso à acção levada a cabo tanto no domínio do desarma-mento como no da não-proliferação.

Para mais informações (em

inglês)

Os países continuam a estar tão divididos em relação a determinados aspectos da reforma do Conselho de Segurança – desde a questão do alargamento à utilização do direito de veto – que pode ser necessária uma fase de transição para superar o impasse, afirma um novo relatório das Nações Unidas, elaborado por cinco facilitadores – os Representan-tes Permanentes junto da ONU da Tunísia, Chipre, Croácia, Chile e Países Baixos. O relatório (Report of the Facilitators to the President of the General Assembly on the Consultation regarding the question of equitable representation on and increase in the merbership of the Security Council and other matters related to the Security Council) apre-sentado, a 19 de Abril, à Presidente da Assembleia Geral, Haya Rashed Al Khalifa, diz que um número signi-ficativo de Estados-membros con-corda, em geral, em que a solução que considera ideal pode não ser possível nesta fase e julga que pode ser mais razoável ponderar qual a

melhor solução possível de momen-to. O documento pede aos países que “explorem novas ideias relativas a uma abordagem transitória” da reforma do Conselho, em que haja uma solução intermédia que termine com uma revisão obrigatória numa data pré-determinada, em que será decidido se essa solução se deverá manter. Os Estados-membros não teriam de renunciar à sua posição original, enquanto não se procedes-se à revisão obrigatória, diz o relató-rio, que propõe quatro possibilida-des no que se refere a uma catego-ria intermédia de lugares no Conse-lho. Ao receber o relatório, Haya Al Khalifa disse que partilhava a opinião dos facilitadores de que “há um caminho que os Estados-membros podem seguir para reforçar a sua acção e tirar partido do actual impulso a favor da reforma”. Para mais informações

Comissão de Consolidação da Paz empenhada em ajudar o Burundi

A Comissão de Consolidação da Paz (CCP) está empenhada em apoiar o Burundi, nomeadamente ajudando a mobilizar recursos para combater a pobreza, disse, em Bujumbura, um funcionário do novo órgão. “Reiterei o enérgico apoio da Comissão de Consoli-dação da Paz das Nações Unidas ao Governo e ao povo do Burundi relativamente aos esforços para cimentar a paz”, disse aos jornalistas o Embaixador Johan Loval, ao terminar uma visita àquele Estado da África Central. A delegação da CCP, constituída por oito membros, teve encontros com o Presidente, ministros e outros funcionários bem como com representantes da socie-dade civil, de grupos de mulheres, do sector privado e de comunidades religiosas. Graças a estas reuniões, a delegação ficou a conhecer a determinação do Governo em “enfrentar o problema da pobreza e a necessidade de garantir um futuro melhor para todos, em especial a jovem geração”. No mês passado, a CCP enviou uma delegação numa primeira missão de cinco dias à Serra Leoa. Criada em Dezembro de 2005, a Comissão centra a sua acção na reconstrução, no reforço das instituições e na pro-moção do desenvolvimento sustentável em países que saíram de um conflito.

Para mais informações

Impasse da reforma do Conselho de Segurança significa que pode ser necessária uma fase de transição,

segundo relatório da ONU

O Secretário-Geral recomendou o pro-longamento do mandato da Missão das Nações Unidas no Sara Ocidental até Outubro, apelando também ao Conselho de Segurança para que incentive o início de negociações entre Marrocos e a Fren-te Polisário, de forma a reiniciar o pro-cesso de paz na região que se encontra há muito num impasse. No seu último relatório ao Conselho de Segurança, Ban Ki-moon escreve que, apesar de a situação global entre as duas partes se ter mantido “na generalidade calma”, a Missão da ONU para o Refe-rendo no Sara Ocidental (MINURSO) precisa ainda de vigiar o cessar-fogo. “Recomendo que o Conselho de

Segurança apele às duas partes, Marrocos e a Frente Polisário, para que iniciem as negociações sem estabelecer condições prévias, com vista a alcançar uma solução política justa, duradoura, que seja mutua-mente aceitável e que estabeleça a autodeterminação da população do Sara Ocidental”. Ban Ki-moon apelou também ao levantamento das restrições de

movimentos impostas ao pessoal das Nações Unidas e a que todas as partes intensifiquem a sua cooperação com a Missão e “assegurem que os princípios básicos da manutenção da paz sejam respeitados”. Para além disso, Ban Ki-moon realçou a situação difícil dos refugiados do Sara Ocidental e apelou à assistência interna-cional, exortando também as partes a respeitarem os direitos humanos da população do Sara Ocidental e a conti-nuarem a trabalhar com o Alto Comissa-riado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Para mais informações

Secretário-Geral recomenda o prolongamento por mais 6 meses da Missão da ONU no Sara Ocidental

Comissão de Desarmamento deve contribuir para relançamento do esforço colectivo em prol do

desarmamento e da não-proliferação

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A conferência sobre a resposta às necessidades humanitárias dos ira-quianos obrigados a abandonar as suas casas, organizada pelo ACNUR, em Genebra, terminou, a 18 de Abril, com um acordo sobre a necessidade urgente de ajudar os quase 4 milhões deslocados iraquia-nos “Houve um espírito verdadeiramen-te humanitário que nos permitiu trabalhar juntos, trabalhar juntos, de uma forma empenhada, pelo mesmo objectivo” disse o Alto-Comissário António Guterres, numa conferên-cia de imprensa, após a reunião.

António Guterres disse que fora reconhecida a necessidade de conter a desloca-ção continuada de iraquianos, assegu-rando, simultanea-mente, que os que estão desenraiza-dos recebam ajuda humanitária. Acres-centou que a con-

ferência concordou também em que a comunidade internacional tinha de ajudar os países vizinhos sobre os quais recai o grosso das responsabi-lidades por acolher os refugiados iraquianos, especialmente a Síria e a Jordânia. “Haveis sublinhado a urgência de satisfazer as necessidades humanitá-rias de cerca de 1,9 milhões de deslocados internos no Iraque e de 2 milhões de refugiados no estran-geiro, especialmente mulheres e crianças, confirmando o reconheci-mento internacional da gravidade da situação”, disse o chefe do ACNUR, na sua intervenção final, a 450

delegados à conferência. António Guterres saudou também o facto de o Iraque ter anunciado, na conferência, que iria lançar um programa no valor de 25 milhões de dólares, na fase inicial, a fim de prestar assistência aos deslocados iraquianos. A conferência, em que participaram representantes de 60 países, abriu com um apelo do ACNUR a uma resposta internacional sustentada, global e coordenada à crise humani-tária – a maior deslocação de popu-lação desde a guerra que rodeou a criação de Israel, em 1948. O Alto-Comissário disse esperar que o reconhecimento internacional pelo encargo assumido pelos países de acolhimento – a Síria, que rece-beu 1,2 milhões de iraquianos, e a Jordânia, onde se encontram 750 000 – em breve se traduzisse em apoio financeiro aos refugiados iraquianos e aos países que os aco-lhem. Também espera ver um aumento da reinstalação em países terceiros, que é necessária no caso dos refugiados mais vulneráveis.

O trabalho humanitário no interior do Iraque tem sido difícil, devido à situação no domínio da segurança, mas António Guterres disse aos delegados à conferência que sauda-va a aprovação recente de um Qua-dro Estratégico no Iraque, acordado pelas Nações Unidas e os seus par-ceiros. Como o Alto-Comissário mencio-nou no seu discurso de abertura, um facto reconhecido é que os problemas humanitários reflectem a necessidade de uma solução política no Iraque. “Haveis expressado uma profunda preocupação com a situa-ção no interior do Iraque e pedido medidas urgentes do Governo ira-quiano e de todas as partes perti-nentes, tendo em vista alcançar uma solução duradoura baseada na reconciliação nacional”, disse.

Para mais informações

Conferência humanitária sobre os deslocados iraquianos reconheceu que era urgente prestar-lhes ajuda

O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, participou, a 27 de Março, numa cerimónia, organizada pelo Governo de Angola, a fim de celebrar oficialmente o fim da maior operação de repatriamento da década, em África. A cerimónia marcou a conclusão de um esforço coordenado do ACNUR, de Angola, dos países de acolhimento, da comunidade internacional no seu conjunto, da sociedade civil e dos próprios refugiados, que permi-tiu o regresso com segurança e dignidade ao país de cerca de 410 000 refugiados angolanos, vindos prin-cipalmente da Zâmbia e da República Demo-crática do Congo, mas também da Namíbia, do Congo, do Botsuana e da África do Sul. “Ao contrário do que muitas pessoas crêem, a grande maioria dos refugiados não quer emigrar para um país rico, a maioria quer voltar para o seu país”, disse António Guterres, na cerimónia come-morativa. “Este é um momento muito importante e esta operação é particularmente importante, não só devido ao número de pessoas repatriadas e de

países envolvidos, mas também – e para mim isto é o mais importante – porque a operação foi levada a cabo sem acidentes nem incidentes”, afirmou, por sua vez, o Primeiro-Ministro angolano, Fer-nando da Piedade Dias dos Santos. No momento em que o papel do ACNUR no domínio da reintegração e do repatriamento termi-na, o seu escritório em Luanda passa a concentrar-se nas questões ligadas à protecção.

A prioridade imediata do ACNUR é encontrar uma solução para os refugiados congoleses que já se encon-tram em Angola há muitos anos. O ACNUR tenciona proceder, ainda este ano, ao recenseamento dos refugiados. Enquanto o repatriamento foi a “solução duradoura” para a

maioria do meio milhão de angolanos que fugiram do seu país durante três décadas de guerra, o ACNUR julga que a residência permanente seria a melhor opção para os refugiados congoleses que já estão há muito tempo em Angola. Muitos deles são filhos de refugiados e nasceram em Angola e já disseram não querer ir para a República Democrá-tica do Congo (RDC).

Para mais informações

Alto-Comissário para os Refugiados, António Guterres, celebra fim do repatriamento organizado de angolanos

OCHA: África Austral continua a lutar para se recompor

de ciclones e inundações

Apesar das melhorias, ocorridas nestes últimos anos, dos mecanismos de respos-ta às catástrofes naturais na África Aus-tral, as autoridades locais e os organis-mos humanitários na região vêem-se condicionados pela multiplicação dos ciclones e das inundações, antes da esta-ção das chuvas. “Parece que ou chove de mais ou chove de menos”, salientou Kelly David, Chefe do Gabinete de Coordenação dos Assun-tos Humanitários (OCHA) para África. “As repercussões humanitárias desta situação são preocupantes porque as catástrofes recentes tiveram um impacto importante na região, em particular em dois dos países mais pobres do mundo, Moçambique e Madagáscar”. “Em Angola, em Madagáscar, em Moçam-bique, na Namíbia ou na Zâmbia, as comunidades lutam para recuperar, após vários meses de chuvas incessantes, e tentam reconstruir as suas casas, assim como as suas fontes de rendimento”, informa um comunicado.

Para mais informações

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O Conselho de Direitos Humanos terminou a sua 4ª. sessão ordinária a 30 de Março com a adopção de 11 resoluções e quatro decisões, incluindo uma resolução sobre o Darfur, adopta-da por consenso e em que manifesta a sua preo-cupação perante as graves violações dos direitos

humanos perpetradas nesta região. Na resolução adoptada sobre o Darfur, o Con-selho “regista com pesar o facto de a Missão de Alto Nível não ter podido visitar o Darfur” e “manifesta a sua preocupação perante a conti-nuação das violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário”. O Conselho examinou também o relatório da Comissão encarregada de investigar a escolha sistemática, por parte de Israel, de civis como alvos, no Líbano, e o seu assassínio. Adoptou também uma resolução sobre a luta contra a difamação das religiões, em que se declara profundamente preocupado com as

tentativas de associar o Islão ao terrorismo, à violência e as violações dos direitos humanos. Adoptou uma resolução sobre a eliminação de todas as formas de intolerância e de discrimina-ção assentes na religião ou numa crença. O Conselho adoptou também uma decisão sobre os direitos humanos e as medidas coerci-vas unilaterais e os seus efeitos negativos nos direitos humanos bem como uma resolução sobre a globalização e os seus efeitos no pleno gozo dos direitos humanos.

Para mais informações Round up of the 4th ordinary session of the

Human Rights Council

No primeiro fórum mundial da Iniciati-va Mundial das Nações Unidas a favor das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) Inclusivas, peritos em acessibilidade e executivos de empresas como a IBM, Yahoo, Internet Speech, Deque Systems, NiiT Ventures e e-ISOTIS apresentaram novas ferra-mentas - desde a audiodescrição de vídeos até à leitura de ecrãs - e des-creveram uma área em que se está a assistir ao "início de um importante processo de investimento em capital de risco", disse Barry Fingerhut, da Synconium. Os regulamentos introduzidos pelos governos estão a ajudar a incentivar o desenvolvimento desta área, disse Larry Goldberg, do National Center for Accessible Media. No Canadá, é actualmente obrigatório 90% dos programas de televisão serem legenda-dos e, no Reino Unido, cerca de 5% dos programas de televisão utilizam a tradução para linguagem gestual. O Japão, o México e a Austrália estão a preparar legislação semelhante, a fim de tornar a televisão mais acessível. No entanto, os vendedores do sector devem ter em conta a acessibilidade desde as fases iniciais do desenvolvi-mento do produto, afirmou Alex Leblois, Director Executivo da Iniciati-va Mundial "TIC Inclusivas". As leis e regulamentos devem visar a criação de mercados unificados de produtos acessíveis, acrescentou, de modo a encorajar a produção em massa a baixo custo. "A razão pela qual as pessoas podem fazer chamadas utili-zando telemóveis muito baratos é que o mesmo telefone está a ser utilizado nos Estados Unidos, no Quénia e na América Latina. É possível alcançar a mesma dinâmica de produção em massa, normalização e harmonização para as tecnologias de assistência e

para produtos das TIC inclusivas, em geral." "Aprendemos imenso ao empregar pessoas com deficiência", disse K. Anne-River Forcke do Centro Mundial de Capacidade e Acessibilidade Huma-na da IBM, "e incorporamos isso no software, no hardware e nos sistemas internos da empresa que a IBM utiliza actualmente. Aprendemos que há uma série de boas práticas para o desenvol-vimento de software e hardware, e, à medida que vamos sabendo mais sobre a ciência dos serviços, aprendemos a garantir a acessibilidade na prestação de serviços." "A Internet consegue ser ainda mais acessível que outras partes da socieda-de", disse Judy Brewer, Directora da "Web Accessibility Initiative" (Iniciativa "Acessibilidade da Internet") do World Wide Web Consortium, o principal organismo de normalização para tec-nologia da Web. As soluções que foram desenvolvidas numa determina-da indústria ou organismo de normali-zação não se devem aplicar automati-camente num país. "É muito importan-te estabelecer parcerias com as organi-zações representativas das pessoas com deficiência de todos os países e verificar se essas soluções são relevan-tes a nível local", disse. Hendrietta Ipeleng Bogopane-Zulu, deputada do parlamento da África do Sul, recordou o "fosso digital que continua a existir entre as pessoas com deficiência e as que não têm deficiência" e disse que, para além do acesso à Internet, o problema em muitos países em desenvolvimento é, fundamentalmente, a acessibilidade dos preços.

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Novas tecnologias contribuem para a integração das pessoas com deficiência

Um número recorde de Estados assinou Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência no dia em que foi aberta à assinatura

Oitenta e oito Estados-membros e a Comissão Europeia assinaram, a 30 de Março, nas Nações Unidas, um novo tratado histórico, que visa melhorar a vida de cerca de 650 milhões de pessoas com deficiência em todo o mundo,

o que representa um recor-de para o primeiro dia da assinatura de qualquer con-venção. A Jamaica também ratificou a Convenção. Foi, assim, o primeiro país a ir além da simples assinatura e a adop-tá-la como lei. O pacto, apesar de ser o instrumento de direitos humanos que foi negociado mais rapidamente

na história, precisa ainda de mais 19 Estados Partes para entrar em vigor. Quarenta e cinco países assinaram o Protocolo Facultativo relativo à Con-venção, que irá permitir o recurso, por parte dos indivíduos, a um comité de peritos sobre os direitos das pessoas com deficiência, quando esgotadas todas as opções nacionais. A Convenção declara ilegal a discriminação contra as pessoas com deficiên-cia em todas as áreas, nomeadamente o emprego, a educação, os serviços de saúde, os transportes e o acesso à justiça. Exige que os espaços e edifí-cios públicos sejam acessíveis às pessoas com deficiência e apela à melhoria das infra-estruturas de informação e comunicação. A Alta-Comissária para os Direitos Humanos, Louise Arbour, afirmou, numa conferência de imprensa em Nova Iorque, que a pressão e o compromisso da comunidade de pessoas com deficiência foi aquilo que deu maior ímpeto ao conteúdo do tratado e à sua adopção relativamente rápida. A Vice-Secretária-Geral da ONU afirmou, numa cerimónia na Sede da ONU, em Nova Iorque, que “apenas em três anos a Convenção passou de um sonho a realidade”, tornando-se o primeiro tratado sobre direitos huma-nos do século. Asha-Rose Migiro acrescentou que menos de 50 Estados têm actualmente legislação que protege especificamente as pessoas com deficiên-cia. “Sei que podemos fazer melhor”, disse. Numa mensagem vídeo gravada no Médio Oriente, onde se encontrava em visita oficial, a Presidente da Assembleia Geral, Haya Al Khalifa apelou a uma mudança de valores e atitudes culturais para com às pessoas portadoras de deficiência, a fim de que estes estejam de acordo com as mudanças jurídicas consagradas na Convenção.

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Conselho de Direitos Humanos termina sessão, adoptando resolução sobre o Darfur

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Pobreza urbana deveria ser inaceitável na nova era urbana, diz Ban Ki-moon,

em mensagem à reunião do Conselho de Administração do ONU-HABITAT

“A pobreza urbana deveria ser inaceitável na nova era urbana”, em parti-

cular porque o número de habitantes dos bairros degradados deverá atingir mil milhões no decurso de 2007, disse Ban Ki-moon, numa mensagem à 21ª Sessão do Conselho de Administração do Programa das Nações Uni-das para os Povoamentos Humanos (ONU-HABITAT) em Nairobi, no Quénia. Na sua mensagem, que foi lida por Inga Bjork-

Klevby, Directora Executiva Adjunta do ONU-HABITAT, Ban Ki-moon apelou ao apoio da comunidade internacional para se alcançar o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) que consiste em melhorar as condições de vida de 100 milhões de residentes dos bairros degradados até 2020, uma vez que, se isso não for conseguido, se corre o risco de gerar uma exclusão social maciça, com repercussões nacionais e interna-cionais. O Secretário-Geral afirmou que as cidades – que consomem cerca de 75% da energia global e são responsáveis pela emissão de 80% dos gases de efeito de estufa – causam graves danos ambientais e sublinhou que os habitantes pobres das zonas urbanas ficam impotentes perante catástrofes naturais, agora mais frequentes devido às alterações climáticas. Ban Ki-moon afirmou ter visto directamente este problema, numa visita que o levou ao bairro degradado de Kibera, em Nairobi, cujos residentes, apesar de disporem de recursos, carecem de acesso a crédito em condi-ções comportáveis, enquanto os bancos locais têm fundos mas não dis-põem de meios para emprestar dinheiro aos pobres. “Tenho a noção clara de que o tempo não está do nosso lado”, salientou Ban Ki-moon.

Governos reafirmam enérgico apoio ao UN-HABITAT no encerramento da 21ª. Sessão

do seu Conselho de Administração De 16 a 20 de Abril decorreu, em Nairobi, a 21ª. Sessão do Conselho de Administração do ONU-HABITAT, que teve como tema principal a urbani-zação sustentável, em particular a acção local para reduzir a pobreza urba-na, nomeadamente no domínio do financiamento e do planeamento. Os membros do Conselho reafirmaram o seu apoio ao organismo, depois de terem aprovado 10 resoluções que visam levar a luta contra a pobreza humana para mais perto dos habitantes dos bairros degradados. Este ano, os governos aprovaram duas resoluções históricas. Uma delas dá ao organismo luz verde para criar mecanismos financeiros experimentais de alojamento e infra-estruturas para os pobres. A outra consiste num novo Plano Estratégico e Internacional a Médio Prazo. “Disse em várias ocasiões que estas duas iniciativas podem ser um contri-buto importante para o futuro do ONU-HABITAT e que este Conselho de Governadores poderia muito bem revelar-se um ponto de viragem. O Plano a Médio Prazo consolida os progressos alcançados desde que o ONU-HABITAT se tornou plenamente um Programa”, afirmou a Directora Executiva do UN-HABITAT, Anna Tibaijuka, no seu discurso de encerra-mento. Relativamente à resolução sobre mecanismos financeiros, disse que propor-cionaria os meios para que o organismo pudesse reforçar o seu papel de catalisador do investimento, para conferir às iniciativas locais no domínio da habitação e de infra-estruturas a escala apropriada. Entre outras resoluções figuram novas directrizes sobre a descentralização e reforço da autoridades locais, os princípios orientadores do fornecimento de serviços, uma resolução sobre as cidades do Árctico, desenvolvimento dos jovens residentes em zonas urbanas e a aprovação do programa de trabalho e orçamento para o novo biénio.

Para mais informações sobre a sessão (em inglês)

ONU Habitat

Os resultados das negociações que visam liberalizar o comércio internacio-nal podem prejudicar, em vez de ajudar, os países mais pobres, se não lhes for dada liberdade de acção para proteger a sua segurança alimentar e as suas necessidades essenciais de desen-volvimento, avisou a

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). No seu relatório anual sobre os mercados mundiais de produtos de base agrícolas (State of Agricultural Commodity Markets 2006), a FAO exortou os minis-tros que participam nas conversações do Ciclo de Doha sobre comércio, que foram retomadas, a velarem por que as novas regras sejam compatíveis com os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. O relatório afirma que, embora seja provável que

os países economicamente mais avançados benefi-ciem com uma maior liberalização do sistema de comércio mundial e alguns países em desenvolvi-mento se estejam a tornar também mais competiti-vos, outros poderiam ficar para trás. “Muitos países de rendimento baixo, especialmente na África Subsariana, estão menos bem colocados para beneficiar a curto e médio prazo com a libera-lização do comércio”, disse, referindo-se em espe-cial aos países cujo desenvolvimento e esforços de redução da pobreza dependem mais dos produtos de base agrícolas. Ao lançar o relatório, o Chefe do Serviço de Políti-ca Comercial da FAO, David Hallam, disse que não era surpreendente que as nações mais pobres do mundo vissem na liberalização “uma ameaça à sua produção nacional e segurança alimentar”. Se os direitos alfandegários forem reduzidos, os produtos nacionais enfrentarão uma concorrência acrescida dos alimentos importados e os sistemas de produção nacionais podem não conseguir res-ponder de uma forma adequada, ameaçando os rendimentos dos habitantes das zonas rurais e o nível de emprego”, disse David Hallam.

“É óbvio que é preciso permitir que muitos países gozem de uma certa flexibilidade na aplicação das novas regras comerciais e que recebam assistência, pelo menos a curto prazo, enquanto se adaptam às novas realidades do mercado resultantes da liberali-zação do comércio”. O relatório pede que sejam tomadas medidas para garantir que os benefícios potenciais da liberaliza-ção do comércio se espalhem de uma maneira tão ampla e equitativa quanto possível, afirmando que os países em desenvolvimento devem receber mais formação e mais assessoria sobre políticas com vista a defender da melhor forma possível os seus interesses durante as negociações sobre comércio. O chamado Ciclo de Doha, por ter sido na capital do Catar que se iniciou essa série de conversações sobre comércio em 2001, chegou a um impasse no ano passado, devido aos diferendos entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento sobre subsídios agrícolas.

Para mais informações (em inglês)

Liberalização do comércio pode prejudicar Estados mais pobres, avisa relatório da ONU sobre agricultura

Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC

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De 9 a 13 de Abril de 2007 decorreu, em Nova Iorque, a 40ª sessão da Comissão de População e Desenvolvimento, dedicada ao tema “A alteração da estrutura etária das populações e as suas repercussões no desenvolvimento”. A Comissão de População foi criada pelo Conselho Económico e Social (ECOSOC), em 1946, e rebaptizada, em 1994, Comissão de População e Desenvolvimento. É sua missão, enquanto comissão operacional, a avaliação e vigilância aos níveis nacional, regional e internacional da aplicação do Programa de Acção saído da Conferência do Cairo, de 1994. É constituída por 47 membros eleitos com base numa represen-tação geográfica equitativa, por um período de quatro anos. A sessão permitiu a análise das profundas alterações em curso no domínio da estrutura demográfica mundial e uma reflexão com o objectivo de sensibilizar e promover a cooperação entre todos os intervenientes e a solidariedade e equidade entre as gerações. Entre 1950 e 1987 a população mundial duplicou de 2,5 mil milhões para 5 mil milhões. Actualmente, apenas 28% da população mundial tem menos de 15 anos e, segundo as projecções, a percentagem pode descer para 20% até 2050. Prevê-se que o número de pessoas com mais de 60 anos vá triplicar até 2050 e o número de idosos ultrapassa-rá, pela primeira vez na história, o dos menores de 15 anos. Este enve-lhecimento da população será mais acentuado nas regiões desenvolvi-das (21%) do que nos países em desenvolvimento (8%). Por exemplo, estima-se que a população europeia decresça 13% entre 2000 e 2050 e que a média etária aumente dez anos, passando para os 48 anos. Segundo o relatório do Secretário-Geral (E/CN.9/2007/3) sobre a evolução das pirâmides etárias e as suas repercussões no desenvolvi-mento, apresentado à Comissão, nos países desenvolvidos assistiu-se a uma combinação de factores que conduziu à actual conjuntura: queda das taxas de fecundidade, diminuição da taxa de mortalidade infantil e materna (que permitiu que as famílias investissem mais na educação de cada filho), aumento de esperança de vida e consequentemente um aumento da população activa com mais de 60 anos, instrumentos mais eficazes na luta contra as doenças contagiosas, nomeadamente os anti-bióticos, reforma da geração em que houve um disparo na taxa de natalidade, a chamada geração do baby-boom, e um mundo cada vez mais urbano, pois prevê-se que em 2008 metade da população mundial viva em cidades. Durante a sessão, foi também apresentado um relatório do Secretário-Geral sobre as tendências demográficas mundiais (E/CN.9/2007/6), segundo o qual o fluxo de migrantes internacionais, estimado em 191 milhões em 2005, continuará a aumentar, tanto dos países em desen-volvimento para os países desenvolvimento como de países do Sul para países do Sul.

José Antonio Ocampo, Secretário-Geral Adjunto para os Assuntos Económicos e Sociais, nas declarações de abertura da sessão, afirmou que, para aproveitar a oportunidade que representa o facto de, duran-te um período, o número de pessoas em idade de trabalhar aumentar em relação ao de dependentes, são necessárias políticas de apoio para valorizar o capital humano, criar empregos, fomentar a poupança e a acumulação de bens e há que reforçar a educação das crianças e jovens. Apesar dos êxitos já obtidos, o Secretário-Geral Adjunto refe-riu que os progressos são muito lentos nos países em desenvolvimento e que, por esta razão, o desemprego juvenil permanece elevado nestes países. Thoraya Obaid, Directora Executiva da FNUAP, afirmou que os Objec-tivos do Milénio só podem ser alcançados se as questões de população, de saúde reprodutiva e de igualdade de género forem resolvidas. Refe-riu também que é necessário conceder uma maior importância à análi-se das estruturas demográficas, a fim de as incluir nas políticas nacio-nais, incluindo as estratégias de redução da pobreza e a afectação de verbas nos orçamentos nacionais. Para Thoraya Obaid, a situação dos jovens nos países em desenvolvimento deve constituir uma prioridade. É preciso considerar os jovens como parceiros e investir na sua educa-ção, na sua saúde e no seu emprego. As oportunidades e escolhas dos jovens determinarão o futuro de todos nós, disse a Directora Executi-va, apelando aos governos para que invistam mais neste grupo etário. No que se refere ao financiamento necessário para a aplicação do Pla-no de Acção do Cairo, Thoraya Obaid referiu que a assistência tem aumentado, mas os recursos mobilizados não são suficientes para res-ponder às necessidades. Insistiu especialmente na falta de fundos para o planeamento familiar, sublinhando que 200 milhões de mulheres dos países em desenvolvimento continuam a carecer de acesso a uma con-tracepção eficaz. Salientou os benefícios dos investimentos na saúde reprodutiva e declarou que, sem o acesso universal a serviços de saúde reprodutiva, não será possível alcançar os Objectivos de Desenvolvi-mento do Milénio. Na resolução, adoptada a 13 de Abril, relativa à mudança da estrutura etária da população e suas repercussões no desenvolvimento, a Comis-são sublinha que, como os países não estão no mesmo estádio de tran-sição demográfica e conhecem condições económicas e sociais diferen-tes, as repercussões políticas e no desenvolvimento variam de um país para outro. A resolução exorta os Governos a promoverem a igualda-de e a solidariedade entre gerações: uma sociedade aberta a todas as idades em que todos se integrem plenamente no processo de desen-volvimento. Pede também aos governos que promovam estilos de vida saudáveis para todas as idades, incluindo em matéria de saúde sexual e reprodutiva, e que tomem medidas para adaptar os sistemas de saúde aos desafios colocados pela alteração da estrutura etária. O consenso em torno do texto foi saudado pela Representante da Noruega, que se congratulou com o facto de a resolução ter consegui-do captar as principais mensagens dos debates da 40ª sessão. A Comissão adoptou ainda um projecto de resolução sobre o tema da 42ª. sessão, a realizar em 2009: “A contribuição do Programa de Acção da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento para os objectivos de desenvolvimento acordados no plano internacional, incluindo os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”. Por último, aprovou a ordem do dia provisória da sessão de 2008, cujo tema será “A distribuição da população, urbanização, migrações inter-nas e desenvolvimento”.

Comissão de População e Desenvolvimento termina trabalhos adoptando resolução sobre repercussões das alterações da pirâmide etária

Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC

Dirigentes políticos e cientistas bem como representantes de bancos, fundações e algumas das principais empresas farmacêu-ticas participam a 19 de Abril, em Genebra, numa reunião organizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que visava galvanizar a acção para combater as doen-ças tropicais negligenciadas. “Este acontecimento representa um ponto de viragem na longa e tristemente célebre história de algumas das doenças mais anti-gas da humanidade”, disse aos participantes a Dra. Margaret Chan, Directora-Geral da OMUS. “O fardo imposto por estas doen-ças, medido apenas em termos de miséria humana, é inaceitável. Estamos determina-dos a agir”, disse, no seu discurso de aber-tura. Segundo a OMS, as doenças negligenciadas são causadas, na sua maioria, por parasitas que se desenvolvem extraordinariamente em meios pobres, onde o abastecimento de água, o saneamento e a habitação são deficientes, e deformam ou incapacitam para sempre um grande número de pes-soas, condenando-as à pobreza. No plano mundial, estima-se que mil milhões de pessoas – um sexto da popula-ção mundial – sejam afectadas por uma ou mais doenças deste tipo. As suas graves

repercussões no desenvolvimento socioe-conómico suscitaram uma vontade sem precedente de reduzir este flagelo. A luta contra estas doenças é, pois, agora consi-derada uma parte integrante dos esforços mundiais para fazer recuar a pobreza. Aliás, a OMS tem esperança de que sejam toma-das medidas imediatas, pela primeira vez na história, em virtude de estarem disponíveis grandes quantidades de medicamentos seguros e eficazes. Um factor decisivo desta viragem foi a decisão, tomada pela indústria farmacêuti-ca, de fornecer medicamentos para a pre-venção ou tratamento destas doenças a baixo preço ou mesmo gratuitamente. Na reunião do dia 19, por exemplo, a Dra. Chan e Elmar Schnee, membro do Conse-lho de Administração da Merck KgaA, assinaram um acordo que visa combater a esquitosomíase. Nos termos do acordo, esta empresa doará à OMS 200 milhões de comprimidos de um medicamento, o prazi-quantel – no valor de 80 milhões de dóla-res – a fim de proteger potencialmente milhões de crianças.

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l Ponto de viragem a favor de mil milhões de seres humanos, com o compromisso de decisores em relação

a combate mundial contra doenças negligenciadas

Registam-se progressos substanciais no aumento do acesso ao tratamento do VIH em países de todas as regiões do mundo, mas não será possível alcançar, até 2010, o objectivo do acesso universal ao tratamento, se o ritmo do crescimento não aumen-tar rapidamente, afirma um novo relatório conjunto publicado pela OMS, o ONUSIDA e a UNICEF. Mais de 2 milhões de pessoas que vivem com o VIH/SIDA nos países de rendimento baixo e médio tinham tido acesso à tera-pêutica anti-retroviral (TAR), em Dezembro, o que representa um aumento de 54% em relação aos números correspondentes ao ano anterior, diz o relatório sobre as intervenções contra o VIH/SIDA no sector da saúde. Na África Subsariana, a região mais afectada pelo VIH/SIDA, cerca de 28% dos que necessitam do tratamento contra VIH tiveram efectivamente acesso a ele, em comparação com 2% nos três anos anteriores. Também se têm registado progressos nou-tras regiões, designadamente o Norte de África e o Médio Oriente, a Europa de Leste e a Ásia Central bem como a Améri-ca Latina e Caraíbas. A impressionante descida dos preços dos medicamentos anti-retrovirais que são considerados a primeira opção em termos de tratamento – alguns dos quais sofreram uma redução de mais de 50% – foi, em parte, responsável pelos aumento das taxas de acesso. Mas o relatório Towards Universal Access – Scaling up priority HIV/AIDS interventions in the health sector revelou que, apesar destes sinais encorajadores, apenas 28% dos cerca de 7,1 milhões de pessoas de países de rendimento baixo e médio recebiam trata-mento. Embora considerando o crescente acesso como um “passo em frente positivo”, o Director Executivo do ONUSIDA, Peter Piot, avisou que “ainda há um longo caminho a percorrer”, em parti-cular no domínio da prestação generalizada do tratamento, a fim de prevenir a transmissão do VIH de mãe para filho, que conti-nua a ser um dos métodos de prevenção disponíveis mais sim-ples e baratos. O relatório formula uma série de recomendações.

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Acesso ao tratamento do VIH aumentou significativamente no último ano, diz

relatório da ONU

Se não houver uma acção global a nível mundial, é provável que o número de mortes e traumatismos aumente consideravelmente. Estima-se que o custo dos acidentes de tráfego no mundo se eleve a 518 mil milhões de dólares, uma soma que engloba o custo dos danos materiais, dos cuidados de saúde e outras despesas. Para muitos países de rendimento baixo ou médio, o custo dos acidentes de tráfego repre-senta entre 1% e 1,5% do PNB, ou seja, em certos casos, mais do que recebem a título de ajuda ao desenvolvimento. A OMS decidiu lançar o seu relatório por ocasião da Primeira Semana das Nações Unidas para a Segurança Rodoviária (23-29 de Abril de 2007), a fim de chamar a atenção para as elevadas taxas de morte, traumatismos e incapacidades resultantes de aciden-tes de tráfego cujas vítimas são jovens, a nível mundial. O relatório Youth and Road Safety cita exemplos de medidas adoptadas por países para melhorar a segurança, nomeadamente a descida dos límites de velocidade, a repressão da condução em estado de embriaguez, a promoção do uso de cintos de segurança, dos sistemas de retenção para crianças e o uso do capacete pelos motociclistas bem como a melhoria das infra-estruturas rodoviárias e a criação de espaços onde as crianças possam brincar com toda a segurança, que reduziram significativamente o número de mortes e traumatismos. “A falta de segurança nas nossas estradas tornou-se um obstáculo importante à saúde e ao desenvolvimento”, declarou a Dra. Margaret Chan, Directora-Geral da OMS. “As nossas crianças e jovens adultos figuram entre os mais vulneráveis. Os acidentes de tráfego não são uma fatalidade. Devemos rejeitar a ideia de que são inevitáveis e adoptar uma abordagem preventiva dinâmica”.

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Acidentes de tráfego são a principal causa de morte entre jovens de 10 a 24 anos, segundo relatório da OMS

Segundo um novo relatório publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os acidentes rodoviários representam a principal causa de morte entre os jovens de 10 a 24 anos de idade. O relatório, intitulado Youth and Road Safety, revela que cerca de 400 000 jovens com menos de 25 anos morrem em acidentes de tráfego todos os anos e milhões de outros são feridos ou ficam incapacitados. A grande maioria das mortes e traumatismos ocorre nos países de baixo e médio rendi-mento. As taxas mais elevadas registam-se em África e no Médio Oriente. Os jovens oriundos de meios desfavorecidos no plano económico são os mais expostos, em todos os países.

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O Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas. apresentou em Bruxelas, a 6 de Abril, um novo relatório, intitulado Climate Change 2007: Impacts, Adaptation and Vulnerability, em cuja preparação participaram centenas de cientistas do mundo inteiro. O relatório, que é o segundo de quatro que o IPCC irá publicar este ano, como parte do seu quarto Relatório de Avalia-ção sobre as alterações climáticas, foi aprovado por representantes dos governos após uma semana de deliberações na capital belga.

O estudo afirma que o aumento das tempe-raturas a nível mundial está a causar altera-ções profundas em muitos dos sistemas naturais do planeta. Aproximadamente 20% a 30% das espécies vegetais e animais avalia-das até à data correrão provavelmente um maior risco de extinção, se os aumentos da temperatura mundial média ultrapassarem 1,5 a 2,5 graus centígrados. Segundo as previsões do IPCC, o aquecimento do pla-neta deverá ascender a 3º C durante o século em curso, uma temperatura que terá consequências em grande medida negativas

para a biodiversidade e para os produtos e serviços provenientes dos ecossistemas, tais como a água e os alimentos. O relatório constata que, embora estejam em curso alguns esforços de adaptação às altera-ções climáticas, esses esforços não são em gran-de medida suficientes para fazer face à dimensão dos problemas potenciais. Numa declaração, Ban Ki-moon "manifesta a sua preocupação perante o facto de as repercus-

sões das alterações climáticas serem cada vez mais visíveis, sendo provável que esta tendência se acentue no futuro à medida que os eventos meteorológicos extremos se forem intensifican-do". O Secretário-Geral instou os Estados partes na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas a agirem rapidamente no sentido de elaborar um plano para fazer face às necessidades futuras, a tempo de substituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012. Ban Ki-moon manifestou a esperança de que os países adoptem medidas com vista a criar um novo quadro para o ambiente na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que terá lugar em Bali, na Indonésia, em Dezem-bro. "Com medidas de adaptação adequadas em grande escala será possível atenuar algumas das consequências mais graves descritas no relató-rio, se os Governos agirem sem demora", disse Ban Ki-moon.

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IPCC lança novo relatório em Bruxelas – Ban Ki-moon insta os Estados a agirem decisivamente para atenuar efeitos mais graves das alterações climáticas

Conselho de Segurança: primeiro debate sobre impacte das alterações climáticas na paz e na segurança

O Conselho de Segurança reali-zou, no dia 17, o primeiro debate público de sempre sobre o impac-te das alterações climáticas na paz e na segurança, uma iniciativa do Reino Unido, país que detém a presidência do Conselho durante o mês de Abril. O Secretário-Geral Ban Ki-moon aproveitou a sessão, em que inter-vieram representantes de mais de

50 Estados-membros, para lançar um apelo no sentido de uma "resposta mundial a longo prazo", para fazer face às alterações climáticas, e de unidade entre o Con-selho de Segurança, os Estados-Membros e outros organismos internacionais ao desenvolverem esforços com vista a superar o problema da escassez de recursos. Ban Ki-moon advertiu que as alterações previstas no clima do planeta são mais do que uma preocupação ambiental. "Também podem ter graves repercussões sociais e económicas." Para ilustrar as suas palavras, descreveu seis cenários possíveis, apontando os perigos para a segurança mundial causados pelo agravamento das alterações cli-máticas, aliado à falta de acesso por parte dos Estados a recursos escassos, nomeadamente as restrições ou dificuldades de acesso à energia. Num apelo à participação da sociedade civil e do sector privado, disse que o Conselho de Segurança "tem um papel a desempenhar em conjunto com outros organismos intergovernamentais competentes com vista superar as causas profun-das dos conflitos de que se falou hoje". O Secretário-Geral afirmou que a ONU está preparada para apoiar aqueles esfor-ços. "Aguardo com expectativa a oportunidade de discutir pessoalmente estas questões com os Estados-Membros, e espero que através do debate em várias instâncias consigamos um amplo consenso sobre o rumo a tomar", disse, a con-cluir.

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Por ocasião do lançamento da avaliação dos impactes actuais e futuros das alterações climáticas realizada pelo Painel Intergover-namental sobre Alterações Climáticas (IPCC), o Secretário Executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (CQNUAC), Yvo de Boer, chamou a atenção para o perigo potencial de as alterações climá-ticas virem a estar na origem de conflitos relacionados com a água, da propagação de doenças e de um aumento da migração a nível mundial, a não ser que sejam definidas medidas de adaptação adequadas, medidas estas que devem ser integradas no planeamento do desenvolvi-mento a longo prazo. "Os impactes previstos dizem-nos que é necessário pensar urgentemente num acordo sobre futuras acções internacio-nais para combater as altera-ções climáticas, bem como procurar formas eficazes de gerar os fundos necessários para fins de adaptação", disse o Secretário Executivo da CQNUAC.

"Segundo algumas estimativas, já existem no planeta quase tantas pessoas deslocadas por motivos ambientais como refugiados tradicionais. À medida que os efeitos das alterações climáticas se forem fazendo sentir, é pro-vável que o número de pessoas afectadas aumente consideravel-mente, atingindo possivelmente os 50 milhões até 2010", disse Yvo de Boer. O Secretário Executivo da CQNUAC frisou que as conse-quências das alterações climáti-cas irão exigir recursos significa-tivos a fim de permitir que as pessoas se adaptem. "Entretanto, reconhece-se que as alterações climáticas não são apenas uma questão ambiental, mas também uma questão eco-nómica, comercial e de seguran-ça, e irão dominar progressiva-mente o processo mundial e nacional de tomada de decisões económicas", acrescentou Yvo de Boer.

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Secretário Executivo da CQNUAC diz serem necessários fundos consideráveis para a adaptação

aos impactes das alterações climáticas

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De 20 a 27 de Abril decorre em Nova Iorque, a sessão do Fórum das Nações Unidas sobre Florestas (UNFF), que deverá conduzir à adopção de um novo pacto que, embora não sendo juridica-

mente vinculativo, represente o primeiro quadro internacional para a pro-tecção de todo os tipos de florestas. “Estas duas semanas aqui em Nova Iorque têm grandes possibilidades de deixar um legado duradouro sobre políticas e cooperação internacionais no domínio das florestas”, disse o Presidente do Fórum, Hans Hoogeveen (Países Baixos). “Assim, é agora ou nunca”. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o manto florestal mundial eleva-se a quase 4 mil

milhões de hectares, cobrindo cerca de 30% da superfície terrestre do planeta. De 1990 a 2005, perderam-se 3% da área florestal total, o que significa uma queda média de aproximadamente 0,2% por ano. O trabalho relacionado com o novo acordo sobre florestas teve início no ano passado, quando peritos em silvicultura dos governos, de organizações internacionais e da sociedade civil redigiram um projecto de texto. O seu projecto de texto, que foi apresentado ao Fórum para que este o conclua e adopte, define uma estratégia clara para alcançar objectivos acordados internacionalmente no domínio das florestas. Hans Hoogeveen disse que eram essenciais recursos suplementares para que o instrumento fosse eficaz. Após anos de impasse relacionado com o financiamento de um acordo mundial, prevê que o Fórum deste ano “seja o momento para resolver esta questão de uma vez por todas”.

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Plano de comércio de direitos de emissão apoiado pela ONU quase concluído

O processo de preparação de uma ferramenta essencial para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa encontra-se bem encaminhado e deverá ficar concluído com o ensaio, nos próximos meses, de um mecanismo que permite aos países que conseguirem reduções das suas emissões superiores às metas fixadas venderem os exce-dentes dos seus direitos de emissão a outros cujas redu-ções fiquem aquém dessas metas, anunciou hoje o organis-mo das Nações Unidas responsável pela supervisão do projecto. O Registo Internacional de Transacções (RIT) permite que os países industrializados que assinaram o Protocolo de Quioto, cuja finalidade é travar o aquecimento global, liguem os seus registos nacionais ao registo central de um sistema de coordenação que enviará os direitos negocia-dos de e para os vendedores e compradores. Para além de introduzir políticas ecológicas a nível nacio-nal, o Protocolo de Quioto, assinado em 1997, permite que os países industrializados cumpram as suas metas mediante o comércio de direitos de emissões num novo mercado do carbono. As empresas que investirem em projectos ecológicos podem obter créditos de emissões de carbono adicionais por cada tonelada de emissões elimina-das através de mecanismos criados no âmbito do projecto, baseado no Protocolo de Quioto, nomeadamente o Meca-nismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e o mecanismo de Aplicação Conjunta. Os registos do Japão e da Nova Zelândia já ligaram os seus programas de ensaios ao RIT e realizaram com êxito tran-sacções experimentais. Os administradores, reunidos em Bona, na Alemanha, nos dias 29 e 30 de Março, a convite do secretariado da Con-venção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (CQNUAC), assistiram a uma demonstração ao vivo dos registos a utilizarem as suas ligações da alta segu-rança ao RIT para realizarem transacções. "O secretariado vai agora realizar os últimos ensaios com uma série de registos, a fim de verificar se o RIT satisfaz os objectivos políticos e as regras do Protocolo de Quioto, bem como as solicitações previstas do comércio no mer-cado do carbono", disse Yvo de Boer, Secretário Executivo da CQNUAC. "Os registos europeus serão os próximos e já começaram a ligar os seus sistemas de ensaio ao RIT."

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A combinação certa de regulamentação governamental, uma maior utilização de tecnologias que per-mitem poupar ener-gia e mudanças com-portamentais podem reduzir substancial-mente as emissões de dióxido de carbo-no (CO2) associadas aos edifícios, que são

responsáveis por 30% a 40% do consumo total de energia, afirma um relatório das Nações Unidas divulgado hoje. "A poupança que podemos conseguir desde já é potencialmente enorme e os custos em causa serão relativamente baixos, se um número suficiente de governos, indústrias, empresas e consumidores agirem", disse o Director Execu-tivo do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), Achim Steiner, referindo-se a medidas que vão desde a renovação de siste-

mas de ventilação à substituição das lâmpadas incandescentes tradicionais. "Segundo algumas estimativas conservadoras, será possível obter reduções das emissões de CO2 da ordem de 1,8 mil milhões de toneladas melhorando o desempenho energético dos edifícios. Uma política mais agressiva destinada a promover a eficiência energética permitiria obter uma redução de mais de 2 mil milhões de toneladas, ou seja, quase o triplo da quantidade prevista no Protocolo de Quioto", acrescentou Steiner. O relatório, Buildings and Climate Change: Status, Challenges and Opportunities, elaborado no âmbi-to da Iniciativa relativa à Construção Sustentá-vel e Edifícios do PNUA, preconiza uma maior utilização de tecnologias existentes, tais como isolamentos térmicos, protecção solar e equi-pamentos e instalações de iluminação e electro-domésticos mais eficientes.

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Edifícios podem desempenhar papel decisivo na luta contra o aque-cimento global, diz relatório da ONU

Sítios da Lista do Património Mundial correm grave risco devido a alterações climáticas, adverte relatório da ONU

Alguns dos sítios naturais e culturais mais famosos do mundo, desde a Grande Barreira de Coral até ao Parque Nacional de Quilimanjaro e à cidade de Veneza, correm graves riscos, devido à ameaça das alterações climáticas, afirma um relatório divulgado pela UNESCO. A subida dos níveis do mar, a fusão dos glaciares, o risco acrescido de cheias e a menor biodi-versidade marinha e terrestre podem todos ter efeitos desastrosos nos 830 sítios incluídos na Lista do Património Mundial da UNESCO, diz o relatório. O Director-Geral da UNESCO, Koïchiro Matsuura, lançou um apelo no sentido de se adoptar "uma abordagem integrada das questões relacionadas com a preservação do ambiente e o desenvolvimento sustentável", advertindo que as alterações climáticas constituirão um enorme desafio ao longo do próximo século. O relatório, que apresenta 26 estudos de casos, concentra-se em cinco áreas: os glaciares, a biodiversidade marinha, a biodiversidade terrestre, os sítios arqueológicos e as cidades e povoamentos históricos.

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ONU realiza sessão para negociar novo acordo sobre florestas

Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC

EU Paper - How to Represent the EU at Model UN Conferences - April 2007

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_1245_en.htm

EU Presidency Statement – UN Security Council: Energy, Security and Climate (17 April 2007: New York)

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_6953_en.htm

EU Presidency Statement – UN system-wide coherence in areas of development, humanitarian assistance and environment (April 16,

2007: New York) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_6952_en.htm

"Reforming Europe for a Globalised World" – Speech by EU Com-

missioner Almunia (16 April 2007: New York) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_6949_en.htm

EC Lauds Liberia’s "Remarkable Progress" Towards Preventing

Trade in Conflict Diamonds (13 April 2007: New York) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_6942_en.htm

The EU and climate change: debate at the European Parliament

(12 April 2007: Brussels) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_6941_en.htm

EU Presidency Statement – UN: Ad Hoc Working Group on crimi-nal accountability of UN officials and experts on mission in peace-

keeping missions (9 April 2007: New York) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_6931_en.htm

EU Presidency Statement – United Nations: Disarmament Com-

mission (9 April 2007: New York) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_6932_en.htm

Development Aid: EU Commission calls for more predictable and

more effective aid (4 April 2007: Brussels) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_6926_en.htm

A ONU e a UE

Dia Internacional de Sensibilização para o Perigo das Minas Assinalado em Lisboa com

a Fundação Pro Dignitate

A 12 de Abril, a Fundação Pro Dignitate orga-nizou uma iniciativa que começou com a apre-sentação do livro “Bullying – Prevenção da Violência na Escola e na Sociedade”, pela sua Presidente, Doutora Maria de Jesus Barroso Soares. Seguiram-se intervenções do Professor Carlos Poiares e do Coronel Jorge Parracho e um debate.

Na segunda parte, a Responsável pela Comunicação para Portugal no UNRIC, Mafalda Tello, evocou o Dia Internacional para a Sensibilização para o Perigo das Minas e para a Assistência à Acção Antiminas.

Actividades em Portugal Actividades em Bruxelas Caricaturas para a Paz – Bruxelas

2-4 de Maio de 2007

2 de Maio 11.30 Conferência de imprensa UNRIC 16.00 Ciné-ONU

Exibição do filme “Draw the Line”, com Ali Dilem, Jean Plantu e Michel de Wouters

UNRIC 3 de Maio 16:00 Mesa redonda Centre Belge de la Bande Dessinée Rue des Sables, 20, Bruxelas 18.30 Inauguração da exposição com Javier Solana, Alto Representante para a Política Externa e de Segurança

Comum, Secretário-Geral do Conselho da EU Centre Belge de la Bande Dessinée

Koïchiro Matsuura, Direc-tor-Geral da UNESCO abriu a 7ª Reunião Anual dos Embaixadores de Boa Vonta-de, a 3 de Abril de 2007, realizada na sede da Oroga-nização. O ponto alto desta reunião

foi a visita de sua Majestade a Rainha Rania da Jordânia à Organização. Os temas da reunião foram importantes iniciativas da Organização nos domínios da educação, como os novos programas regionais de alfabetização, e do desenvolvimento sustentável, em especial as suas actividades de gestão dos recursos hídricos e os seus esforços na luta contra as alterações climáticas. No seu discurso de abertura, Koïchiro Matsuura descreveu essas duas questões fundamentais como “dois dos maiores desafios do mundo actual e também domínios em que muitos Embaxiadores de Boa Vontade têm estado profundamente empenhados”. Os Embaixadores de Boa Vontade apresentaram o trabalho realizado no último ano e falaram sobre as suas experiências e as múltiplas formas de apoio às prioridades da Organização, quer através da anga-riação de fundos e organização de concertos e galas internacionais, quer mediante projectos locais, como a utilização da música. Na 7ª reunião estiveram presentes os seguintes Embaixadores de Boa-Vontade: Valdas Adamkus (Presidente da Lituânia), Mehriban Aliyeva (Primeira Dama do Afeganistão), Patrick Baudry, Miguel Angel Estrella, Vigdís Finnbogadóttir, Princesa Firyal da Jordânia, Ivry Gitlis, Bahia Hariri, Jean Michel Jarre, Omer Zülfü Livaneli, Princesa Lalla Meryem de Marrocos, Kitin Muñoz, Ute-Henriette Ohoven, Lady Owen-Jones, Kim Phoc Phan Thi, Xeque Ghassan I. Shaker, Madanjeet Singh, Zurab Tsereteli e Marianna Vardinoyannis.

Embaixadores de Boa Vontade

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Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC

* Os artigos publicados nesta secção expressam exclusivamente os pontos de vista da autora, não devendo ser interpretados como reflectindo a posição da ONU.

Esta frase foi retirada de uma carta de 15 de Abril de 1994, escrita por vários pastores adventistas que se tinham refugiado com outros tutsis num hospital adventista na localida-de de Mugonero, dirigida ao Pastor Elizaphan Ntakirutimana – coorde-nador das operações da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia na parte ocidental do Ruanda. É também o título de um livro de Philip Goure-vitch. Há 13 anos, Ruanda tornou-se sinónimo de não-humanidade – tutsis e hutus moderados foram sistemática e organizadamente assassinados numa campanha há meses preparada, anunciada e inci-tada pela rádio. As pessoas falavam abertamente sobre o assunto e os relatos das vítimas sobreviventes revelam o espanto em estarem vivas, já que há meses que os iam matando psicologicamente… Apa-rentemente não houve loucura, descontrolo, orgia de sangue… Houve, outrossim, um processo, assente na desumanização do outro, simbolicamente retratado no facto de os tutsis serem tratados por insectos, baratas. E morreram 800 mil pessoas… milhões fugiram para os países vizinhos, pelo que o genocídio e as

violações graves ao direito humani-tário se espalharam para lá das fronteiras do Ruanda, e estima-se que rondem os 2 milhões o número de pessoas internamente desloca-das. Para lá desta crueldade e sofrimen-to indescritível a que milhares de pessoas foram sujeitas e cuja dor é nosso dever lembrar e honrar, o Ruanda pôs a nu a inexistência de uma governação global ou a capaci-dade de sequer se gerar um com-promisso internacional consequen-te, mesmo quando perante o maior horror humanitário do tempo pós II Guerra Mundial. As Nações Unidas tentaram pôr a comunidade interna-cional em marcha, mas os estados tardaram em responder e uma prova cabal do fraco envolvimento inter-nacional foi a tentativa de construir uma força de paz mais robusta que foi recebida com pouco entusiasmo, já para não dizer nenhum. Deu-se tempo para que as pessoas se despedissem dos seus mais que-ridos, dos seus amigos fora do Ruanda, que se escrevesse anun-ciando que no dia seguinte eles e as suas famílias seriam mortos, mas a comunidade internacional tardou em sê-lo… tardou em proteger as vítimas anunciadas de um genocí-

dio patrocinado pelas próprias forças do estado de que eram nacio-nais… O fracasso da resposta da comuni-dade internacional ficou-se a dever à falta de recursos e de vontade política, bem como a erros de ava-liação quanto à natureza dos acon-tecimentos no Ruanda – foi a con-clusão a que chegou a comissão encarregada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas de conduzir um inquérito independen-te sobre a incapacidade de a ONU e os seus estados membros terem impedido o genocídio ruandês. O Secretário Geral à altura da publicação deste relatório (15 de Dezembro de 1999), Kofi Annnan, aceitou as conclusões, reconheceu as críticas e enfatizou a necessidade de se aprender com os erros do passado. O seu discurso sobre as duas soberanias – para muitos, a peça fundamental de legitimação do direito de intervenção humanitária – traduz o reconhecimento de que a soberania não é uma licença para matar. Esta fundação do princípio da responsabilidade de proteger impede que o estado disponha arbi-trariamente da liberdade e da vida dos seus cidadãos, mas também que continue a assistir indiferente ao

sofrimento que se desenrola dentro das fronteiras dos outros estados: uma responsabilidade de proteger que não se esgota para com os nossos, mas que se afirma de forma mais premente quando se trata de proteger os outros, os estranhos. Trata-se de facto de uma verdadeira revolução: na operacionalização do conceito de soberania, no quadro de referência teórica com que pensa-mos a comunidade internacional, nos instrumentos com que actua-mos sobre a mesma. O princípio da responsabilidade de proteger é, sobretudo, uma revolução na forma como afirmamos a nossa humanida-de comum; a única coisa que nos separa de um novo Ruanda, a única possibilidade de garantir que nunca mais. Mónica Ferro Docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (1)We wish to inform you that tomor-row we will be killed with our families: stories from Rwanda é o título de um livro de Philip Gourevitch, de 1998.

UM OLHAR SOBRE A ONU *

United Nations Handbook

2006/2007

Disponível na BIBLIOTECA DA ONU

https://unp.un.org/bookshop/

Novos sítios Web:

Restructuring of UN departments A/61/L.54 – English, French, Spanish

http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=A/61/L.54 A/61/L.54 – English, French, Spanish

http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=A/61/L.55 A/61/L.54 – English, French, Spanish

http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=A/61/749

World Economic Outlook 2007: Spillovers and Cycles in the Global Economy (International Monetary Fund)

http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2007/01/index.htm

Human Rights and Business Learning Tool http://www.ohchr.org/english/issues/globalization/business/HR_business_learning.htm

Unified Standing Treaty Body concept paper (HRI/MC/2006/2)

English, French and Spanish: http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=HRI/MC/2006/2

Expulsion of aliens (A/CN.4/565) English, French and Spanish: http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=A/CN.4/565

Pode obter estas e muitas outras informações úteis no BOLETIM DA NOSSA BIBLIOTECA

Queremos informá-lo que amanhã nós, com as nossas famílias, seremos todos mortos (1)

Poderá encontrar estas e outras publicações na página na internet do Serviço de Publicações das Nações Unidas: https://unp.un.org/

PUBLICAÇÕES

FICHA TÉCNICA: Directora do Centro: Afsané Bassir-Pour

Responsável pela publicação: Ana Mafalda Tello

Redacção : Carina Barroca Filomena Mata

Simone Pedrosa Concepção gráfica:

Sónia Fialho

Tel.: + 32 2 788 84 84 Fax: + 32 2 788 84 85

Sítio na internet: www.unric.org E-mail: [email protected]

4 de Abril Dia Internacional da Sensibilização para o

Perigo das Minas e a Assistência à Acção Antiminas

7 de Abril

Dia Mundial da Saúde

23 de Abril Dia Mundial do Livro e dos Direito de Autor

23 a 29 de Abril

Semana mundial das Nações Unidas para a Segurança Rodoviária

Breves

Rue de la loi /Wetstraat 155 Résidence Palace Bloc C2, 7ème et 8ème 1040 Bruxelles Belgique

OS SEUS COMENTÁRIOS E SUGESTÕES SERÃO BEM-VINDOS, PODENDO SER ENVIADOS PARA: [email protected]

Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC

Urban Crisis: Culture and the Sustainability of Cities

Código de Venda: 06.III.A.5 ISBN-10: 9280811258 ISBN-13: 9789280811254 Data da Publicação: 04/07 Disponível em Inglês

Compendium of United Nations Standards and

Norms in Crime Prevention and Criminal Justice

Código de Venda: 07.V.11 ISBN-10: 9211337658 ISBN-13: 9789211337655 Data da Publicação: 04/07 Disponível em Inglês

Delivering as One: Report of the Secretary-General's

High-level Panel on UN System-wide Coherence in the Areas of Development, Humanitarian Assistance

and the Environment

Código de Venda: 07.I.8 ISBN-10: 9211011469 ISBN-13: 9789211011463 Data da Publicação: 04/07 Disponível em Inglês

Alliance of Civilizations: Report of the High-level

Group - 13/11/06

Código de Venda: 07.I.11 ISBN-10: 9211011493 ISBN-13: 9789211011494 Data da Publicação: 03/07 Disponível em Inglês (e também em Árabe, Francês, Espanhol)

UNESCO: Prémio Mundial da Liberdade de Imprensa atribuído, a título póstumo, a Anna Politkovskaya

Koïchiro Matsuara, Director-Geral da UNESCO, de acordo com a recomendação de um júri internacional independente, atribuiu a 29 de Março o Prémio Mundial da Liber-dade de Imprensa UNESCO-Guillermo Cano 2007, à jornalista russa Anna Politkovska-ya. O presidente do Júri internacional, Kavi Chongkittavorn, salientou a coragem e tenacida-de incríveis que jornalista demonstrou, ao cobrir os acontecimentos da Tchetchénia, quando o mundo perdia o interesse pelo conflito. Referindo ainda que a sua dedicação e busca temerária da verdade a tornaram uma referência para o jornalismo, explicou que foram a sua coragem e compromisso que estiveram na base da decisão de atribuir este prémio a título póstumo. Anna Politkovskaya, que nasceu a 1958, estudou na escola de jornalismo da Universidade de Moscovo e foi cronista do jornal Novaya Gazeta. O Prémio Mundial da Liberdade de Imprensa UNESCO-Guillermo Cano, criado, em 1997, pelo Conselho Executivo da UNESCO é concedido, todos os anos, por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado a 3 de Maio, e procura distinguir uma pessoa, uma organização ou uma instituição que tenham contribuído de forma notável para a defesa e/ou promoção da liberdade de imprensa.

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