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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ANO V N° 05 -SETEMBRO- OUTUBRO 2012 Editorial Os supermercados estão vendendo Panetone, então o Natal está próximo. Muito próximo eu diria. Após o Natal, termina 2012 e surge um Novo Ano trazendo esperança, muita esperança para todos nós. Certamente 2013 será um ano repleto de acontecimentos. Logo em janeiro alteração das administrações municipais em todos os municípios do país. Muitos administradores novos e muitos, nem tanto. Grande parte dos prefeitos foram reeleitos por mais quatro anos. A reeleição é uma boa instituição, indica que a sociedade aprovou o trabalho do prefeito e há, portanto, uma esperança de continuidade. Elimina-se assim a questão de projetos interrompidos porque foram iniciados por adversários políticos. Conclusões de um procedimento de lógica pura. Mas, o homem, principalmente o homem político, é um ente imprevisível, portanto, não se pode afirmar com convicção. O prefeito, estou pensando em Gouveia, terá oposição forte e atuante, o resultado da eleição foi quase empate técnico. Espera-se atuação bem parecida com um ferrinho de dentista limpando uma cárie, com possibilidade de atingir região mais profunda e, neste caso, a dor será diabólica. A Câmara Municipal, renovada em dois terços, registra o crescimento da oposição. Simples conjectura, mas parece-me mais culta, toda a Câmara. O placar, agora, apertado é 5 x 4 a favor da situação. Tudo indicando a não satisfação dos eleitores com a Câmara antiga. Aspecto positivo na próxima administração é a presença do Vice-Prefeito que sabemos competente e politicamente habilidoso. Depois, bem ao gosto do brasileiro temos carnaval e futebol. Muito futebol, até a Copa das Confederações será realizada, mas quero escrever sobre outras coisas: O centenário da Escola Estadual Rural Mista de Camilinho, antecessora da Escola Municipal “João Baiano” criada pelo Decreto No. 4.057 de 6 de dezembro de 1913 com as chancelas do então governador Julio Bueno Brandão e do Secretário de Estado Delfim Moreira da Costa Ribeiro. Conclamo a Secretaria Municipal de Educação e a administração da entidade a promover comemoração condigna com o acontecimento. Ocorrência importante em 2013 e principal objetivo deste editorial: em maio, no dia 27, termina o prazo, dado pela Lei Complementar No. 131, para que todas as administrações municipais de cidades com menos de 50.000 habitantes se façam transparentes. Disponibilizando, em tempo real, informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira do município. Tempo Real - Conforme definido pelo Decreto nº 7.185/ 2010, a liberação em tempo real se refere à disponibilização das informações, em meio eletrônico que possibilite amplo acesso público, até o primeiro dia útil subsequente à data do registro contábil. Informações Pormenorizadas - Conforme determinado pela LC 131, todos os entes deverão divulgar: 1. Quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras, com os dados referentes ao processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, a pessoa física ou jurídica beneficiária e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; 2. Quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras. Minha colaboração é dar o alerta. Neste ano, 2012, até baixar a poeira dos embates na campanha eleitoral não haverá tempo para muita coisa. No próximo, depois da celebração de posse, seguida de carnaval, também o tempo será muito reduzido. Eu apenas posso assegurar, com minha experiência em Ciência de Computação e Sistemas de Informação, que projetar e programar sistema desta envergadura não é coisa simples que se faz com uma semana. Principalmente, envolvendo o necessário treinamento de equipe operacional. Raimundo Nonato de Miranda Chaves - Presidente

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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA -

ANO V N° 05 -SETEMBRO- OUTUBRO 2012

EditorialOs supermercados estão vendendo Panetone, então o Natalestá próximo. Muito próximo eu diria. Após o Natal, termina2012 e surge um Novo Ano trazendo esperança, muitaesperança para todos nós. Certamente 2013 será um anorepleto de acontecimentos. Logo em janeiro alteração dasadministrações municipais em todos os municípios do país.Muitos administradores novos e muitos, nem tanto. Grandeparte dos prefeitos foram reeleitos por mais quatro anos. Areeleição é uma boa instituição, indica que a sociedadeaprovou o trabalho do prefeito e há, portanto, uma esperançade continuidade. Elimina-se assim a questão de projetosinterrompidos porque foram iniciados por adversáriospolíticos. Conclusões de um procedimento de lógica pura.Mas, o homem, principalmente o homem político, é um enteimprevisível, portanto, não se pode afirmar com convicção.O prefeito, estou pensando em Gouveia, terá oposição fortee atuante, o resultado da eleição foi quase empate técnico.Espera-se atuação bem parecida com um ferrinho de dentistalimpando uma cárie, com possibilidade de atingir região maisprofunda e, neste caso, a dor será diabólica. A CâmaraMunicipal, renovada em dois terços, registra o crescimentoda oposição. Simples conjectura, mas parece-me mais culta,toda a Câmara. O placar, agora, apertado é 5 x 4 a favor dasituação. Tudo indicando a não satisfação dos eleitores coma Câmara antiga. Aspecto positivo na próxima administraçãoé a presença do Vice-Prefeito que sabemos competente epoliticamente habilidoso. Depois, bem ao gosto do brasileirotemos carnaval e futebol. Muito futebol, até a Copa dasConfederações será realizada, mas quero escrever sobreoutras coisas: O centenário da Escola Estadual Rural Mistade Camilinho, antecessora da Escola Municipal “João Baiano”criada pelo Decreto No. 4.057 de 6 de dezembro de 1913com as chancelas do então governador Julio Bueno Brandãoe do Secretário de Estado Delfim Moreira da Costa Ribeiro.Conclamo a Secretaria Municipal de Educação e aadministração da entidade a promover comemoraçãocondigna com o acontecimento.

Ocorrência importante em 2013 e principal objetivo desteeditorial: em maio, no dia 27, termina o prazo, dado pela LeiComplementar No. 131, para que todas as administraçõesmunicipais de cidades com menos de 50.000 habitantes sefaçam transparentes. Disponibilizando, em tempo real,informações pormenorizadas sobre a execução orçamentáriae financeira do município.

Tempo Real - Conforme definido pelo Decreto nº 7.185/2010, a liberação em tempo real se refere à disponibilização

das informações, em meio eletrônico que possibilite amploacesso público, até o primeiro dia útil subsequente à datado registro contábil.

Informações Pormenorizadas - Conforme determinadopela LC 131, todos os entes deverão divulgar:

1. Quanto à despesa: todos os atos praticados pelasunidades gestoras, com os dados referentes aoprocesso, ao bem fornecido ou ao serviçoprestado, a pessoa física ou jurídica beneficiária e,quando for o caso, ao procedimento licitatóriorealizado;

2. Quanto à receita: o lançamento e o recebimentode toda a receita das unidades gestoras.

Minha colaboração é dar o alerta. Neste ano, 2012, atébaixar a poeira dos embates na campanha eleitoral nãohaverá tempo para muita coisa. No próximo, depois dacelebração de posse, seguida de carnaval, também o temposerá muito reduzido. Eu apenas posso assegurar, com minhaexperiência em Ciência de Computação e Sistemas deInformação, que projetar e programar sistema destaenvergadura não é coisa simples que se faz com umasemana. Principalmente, envolvendo o necessáriotreinamento de equipe operacional.

Raimundo Nonato de Miranda Chaves - Presidente

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Boletim Informativo da AFAGO página 2

www.afagouveia.org.br Confiram nas Imagens Flutuantes

Acessoswww.portalgouveia.com.br

Notícias atualizadas de Gouveia.http://www.caminhosdaserra.org.br/

Projetos, fotos e vídeosComissão Mineira de Folclore

Relatórios e reportagens de atividadesdesenvolvidas a partir de 5 de março de 2012.Edições do informativo Carranca.Destaque para ampla reportagem fotográficaelaborada pelo doutor Raimundo Nonato deMiranda Chaves sobre eventos da 46ª SemanaMineira de Folclore

Camilinho, Bodas de OuroVídeos que registram celebração das Bodas deOuro de Helena e Zico - João de Miranda Chaves- 21 de junho de 2012

Manuel Miranda 70 anosVídeo que exibe a celebração do aniversário denosso diretor jurídico junto a parentes e amigos.Manuel merece todos os abraços de Minas Geraispela generosidade de oferecer serviços jurídicos econtábeis a Comissão Mineira de Folcloregraciosamente.

Selo Unicef - Gouveia 2006Detalhadas informações sobre relatórios

produzidos por crianças e instituições deGouveia para obterem o Selo Unicefrecuperadas, expostas e comentadas peloprofessor doutor Raimundo Nonato deMiranda Chaves.

Cemitério do PeixeChamada para artigos e reportagens

fotográficas sobre o emblemáticoCemitério do Peixe.

Ribeirão da Areia: Bodas deDiamante.

Reportagem fotográfica da celebração da Bodas deDiamante de Zézé - Maria José - e João Batista -dia 8 de setembro.

Notícias & comentáriosComentários registrados na página demensagem que merecem destaqueSobre Boletim15/09/2012 - Maria Auxiliadora de Paula RibeiroDr. Raimundo Nonato, o Sr José Moreira de Souza, nossoilustre diretor de AFAGO e presidente da Comissão Mineirade Folclore afirmou que navegando diariamente por toda aPágina de Abertura de AFAGO, tão bem arquitetada pelosenhor, o leitor não conseguiria o seu objetivo de concluir aviagem, tal a diversidade, importância e atualidade dos as-suntos propostos. Desafiando-o, tentei chegar a todos os pon-tos numa noite só. Passando por Cuiabá, Barão de Guaicuí,Alexandre Mascarenhas, Pedro Pereira, Cemitério do Peixe,São Roberto e Camilinho, me detive na contemplação e re-flexão de todos os temas. Entretanto, não consegui ver tudo.Dando rápidas pinceladas nos assuntos que visualizei, emRibeirão de Areia “assisti” às Bodas de Diamante do casalJoão Batista de Miranda/Maria José dos Santos Miranda e avisão das camisas com o slogan “UMA LIÇÃO DE VIDA”,somadas às palavras da neta Bárbara tornaram-me incapazde lágrimas de emoção conter. Foi então que o arranjo musi-cal e a apresentação das fotos me convidaram a voltar aoForró de Camilinho e às Bodas de Ouro de D.Helena Se-nhor/Zico. Revivi a 46ª Semana de Folclore e a noite do lan-çamento do livro “Gustavo Silveira -Raízes”, quando em BHestive com a Comitiva da Academia Curvelana de Letras.Senti ao lado da admiração pelo trabalho do nosso incansávelJosé Moreira de Souza e equipe da CFMG, a presençamarcante do senhor em todos os dias da Semana ao Folclorededicada. Lendo o relato sobre a apresentação “de Camilinho,a origem e a escola,” avaliei através de suas fotos, a força deseu carisma e o brilhantismo com que o senhor atuou no diaque foi todo seu. Fui ao Boletim e após passar novamentepelas Inaugurações em Gouveia, me detive na entrevista fei-ta a Afrânio e constatei, sem sombra de dúvidas, que a lapi-daria, onde meu irmão, Guido, trabalhou era do Sr Aprígio,avô dele. Tinha dúvidas. Então, agora estou a me perguntarquem foi Landulfo Alves e por que desse nome não me es-queci? Saudosa, li todas as mensagens sobre a lavra e aqueleretrato de 1920, deu-me a nítida impressão que tenho dasduas lavras que conheci. Não havia escravos, mas garimpei-ros que trabalhavam intensamente motivados pela esperançade diamantes encontrarem. Ah, Dr. Raimundo, necessárionão se faz que eu tente lhe descrever toda a minha emoçãoao reler vários artigos meus e virtualmente abraçar Cordolina,através de meu poema a ela dedicado, escrito de uma só vez,porque ditado pelo coração. Porém... Reler o meu pronunci-amento em nome dos quatro neoacadêmicos em minha pos-se pela Academia Curvelana de Letras, ao lado da biografiade meu patrono foi tomar posse novamente, desta vez pelaAFAGO. A lua já se espreguiçava no firmamento, saudandopreguiçosamente o majestoso raiar do sol a se filtrar por en-tre nuvens ainda densas, quando me dei conta de que novodia amanhecera. Mas não estava sonolenta. Então, dirigi umaprece a Deus por Dr. Waldir de Almeida Ribas que,adentrando a minha casa com D.Helena, sua esposa, me in-seriu no contexto de minha terra e de minha gente. IMOR-

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Boletim Informativo da AFAGO página 3

TAL, como o senhor e todos cognominam os acadêmicos,não me sinto assim. Basta que por onde for tenha Gouveia eos meus conterrâneos imortalizados em meu coração e emminha saudade. Obrigada, pelo carinho com que AFAGOme trata e em contrapartida, prometo continuar sendo umaafagueana entusiasta e elevar o meu torrão natal por sobre ospicos, montes ou colinas culturais que a vida me permitir gal-gar. E... Como disse o nosso José de Flora, que lutemospara que o nosso Boletim seja considerado Órgão de Utili-dade Pública, tal o bem que ele presta em níveis sócio- eco-nômico- politico-culturais a todos que de Gouveia ou de ou-tras plagas o leem e dele se beneficiam como veículo de co-municação caracterizado pela diversidade, sobriedade eabrangência de seus ideais.

Notícias & comentários

EDSON GANDRA03/09/2012 - Adilson do NascimentoAuxiliadora, depois que eu soube que uma comitiva de literatoscurvelanos esteve nas comemorações da 46a. Semana Mineirade Folclore fiquei sabendo que dela fazia parte o jovem senhorEDSON GANDRA. Mais uma razão e desta vez ainda maisforte para minha decepção por não haver comparecido. Nãoconvivi com Edson em seu tempo de escritório da Fábrica SãoRoberto. Ele foi contemporâneo de fábrica do meu pai. Lem-bro, no entanto, de algumas visitas que ele fazia à D. Stael,quando o conheci e de que, na década de setenta, ele me ofere-ceu um projeto, muito bem elaborado e tecnicamente perfeitopara a época, de uma casa que eu construiria em um lote naRua NS das Dores e que eu abortei para residir em Ipatinga.Eu digo que era tecnicamente perfeito “para a época” em ra-zão de que naqueles tempos planta baixa de casa não contem-plava garagem, o que hoje é inconcebível, já que toda famíliatem, geralmente, mais de um carro. Lembro que eu estive emsua casa, de Curvelo, várias vezes e ele com aquela falinhamansa, suave, mais parecendo um filete d’água que jorra deuma torneira mal fechada, me explicava os detalhes. Foi umapena, Edson! Quem sabe em Gouveia, na próxima edição doPrêmio Afago de Literatura?

03/09/2012 - Maria Auxiliadora de Paula RibeiroAdilson, li as suas duas mensagens e, reunindo-as, tomo a liber-dade de responder a quem lhe diz que você fala muito do pas-sado, que jamais poderemos desprezar os tempos idos, nossoalicerce dos dias atuais, nossa origem, nossa história de vida,nossa saudade. Somos frutos do que ontem fomos, assim comoÉdson Gandra a quem você se refere no segundo texto é umtodo complexo do homem forjado no passado a vivenciar comentusiasmo o presente. Aos 87 anos, Édson, piedoso e culto,dá-nos exemplo de homem vivido, curtindo as emoções e faci-lidades do momento atual, à espera de um futuro promissor,sem jamais questionar a sua idade cronológica, que desaparecediante da juventude de sua mente. Esse mesmo senhor, partícipeda comitiva da Academia Curvelana de Letras, tendo em PauloAcácio Martins um amigo do passado, presente ao lançamentodo livro Gustavo da Silveira –Raízes, conosco viajou, contando

“causos” de sua infância, de seu noivado com a sua atualesposa e de Gouveia antiga a que, atentamente, ouvíamos.Falar do passado não nos deprime e nem deveria deprimir aquem quer que seja ou a quem nos ouve. Relembrar o pas-sado é voltar às nossas raízes. Agora, viver do passado, istosim, seria nostalgia de quem não sabe estabelecer um pa-ralelo entre o tempo que se foi deixando saudades e opresente a nos trazer o ineditismo traduzido por inova-ções e facilidades. Outrora, somente a natureza e o acon-chego dos pais nos faziam muito felizes. Mas os temposmudaram e com eles muitos conceitos. Ao lado de nossosentes queridos podemos vivenciar outros atrativos e acres-centarmos algo mais à nossa felicidade. Que nos venhammuitos Édsons Gandra, protótipo do passado a viver asalegrias do presente! Não tardará o dia em que você pos-sa com ele se encontrar.

A propósito de Zé QuelaAdilson do Nascimento - 4 setembro:Agora, há pouco,quando eu abri o Livro de Mensagens do site da Afago,meu neto João Victor, de 9 anos, estava do meu lado eprontamente percebeu que a primeira mensagem era a mimdirigida. Eu então lhe expliquei que ela era originária deuma gouveana ilustre, gente da cabeceira, que se mudarapara Curvelo, ainda menina, se tornara professora, poetisa,escritora e acadêmica da Academia Curvelana de Letras eestava se dirigindo ao “Zé Quela”, que havia nascido naVila Operária da Fábrica São Roberto, corrido por aquelesmorros e campinas, cheias de guabiroba, araticuns, araçás,rios, córregos, serras, cachoeiras, vacas e cobras, de pésdescalços, de calcas curtas, nadado na Cachoeirinha, noCórrego da Reserva, na Barragem do Gama, buscado le-nha no Mato dos Bois; primeiro para abastecer o fogão dacasa dos pais e, depois, para vender junto com abóboras echuchus e conseguir alguns trocados para comer pão comsalame e coca cola e pagar ingresso do cinema para algu-mas colegas do Ginásio Santo Antônio. Ele então me per-guntou: - nossa vô, você era pobre assim? E eu lhe disse:sim, JV, eu era pobretão em recursos financeiros, comoainda sou, mas, como até hoje, era milionário em caráter edignidade, o que faz com que o seu avô possa fazer parte

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de uma associação de renomados mestres e intelectuais comoa Afago e se relacionar com pessoas do gabarito de umaMaria Auxiliadora de Paula Ribeiro. Veja você que existembens muito mais importantes que dinheiro!

Maria Auxiliadora de Paula RibeiroAdilson, “Zé Quela”??? Foi então que me lembrei de TomJobim para, plagiando-o lhe dizer: “Se todos fossem iguais avocê, que maravilha seria viver”. E..Numa ousadia ímpar,acrescentar aos versos dessa canção: -Se todos fossem iguaisa você, o Mundo seria muito bom de se viver, porque repletode ‘“Zé Quelas” que com suas palavras torna o nosso plane-ta mais humano, mais rico de cultura, menos cruel e maiscristão. Pobres somos. Pobres vivemos uma infância rica deaventuras e folguedos. Pobres tivemos os mesmos regatos,as mesmas cachoeiras, as mesmas campinas salpicadas desempre-vivas em flor, os mesmos picos, o mesmo solo, cená-rio de beleza ímpar a emoldurar os nossos dias de infantes.Pobres nos fizemos gente bem, porque de nossos pais herda-mos valores éticos e morais que nos tornaram cidadãos côns-cios, pais honrados e avós açucarados. Enquanto você emSão Roberto buscava lenha pra abastecer o fogão, no centrode Gouveia, meus irmãos e eu nos levantávamos cedo paratomar o leite da alva vaquinha que o Sr. João Ribas/D. Vitalinatinham para dar leite aos seus filhos. Mal de nós se não hou-vesse aquela vaquinha... Éramos muito pobres e o nosso statussocial consistia em ter uma mãe exímia professora. Naqueletempo, ao contrário dos dias atuais, ser filha de professoracontava pontos. Tive um pai que, muito sistemático para comos outros, era terno e amoroso para com a família, mormentepara com os filhos com quem passo a passo percorria oscampos, várzeas, vales e colinas de nossa terranatal.Confeccionava carrinhos para meus irmãos, enquantoque para mim construiu o mais lindo fogãozinho de lenha deverdade, onde eu fazia guisados. Mas ele sempre estava nalavra, quer seja em Mendanha ou Costa Sena. Cabia à minhamãe cuidar de tudo e na venda de Augusto de Doninha elacomprava o necessário para a nossa alimentação. Augusto“segurava as pontas” e jamais deixou de atender mamãe nacaderneta que muitas vezes ficava alta, financeiramente fa-lando. Que alívio, quando papai chegava e com o dinheirodos diamantes vendidos a tudo acertava! Um dia... Exata-mente, 23-05-1953 mudamos para Curvelo. Tudo se trans-formou... Nossa posição social caiu, nossas vestes eram ina-dequadas, não éramos mais filhos de D. Antônia, a professo-ra. Para expressar um pouco a angústia de uma pequenamenina, aqui declamo uma estrofe de Gonçalves Dias: “ Mi-nha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves queaqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”... Porém, com o tempo,sempre com muita luta, me habituei aos costumes dessa ter-ra que me adotou e hoje me sinto curvelana de coração. Po-rém, é como gouveiana que hoje me dirijo ao vovô de JoãoVictor para lhe dizer:- Adilson, não há diferenças entre nós.Você é portador de um QI brilhante, cujos contos nos extasiampela veracidade que você dá ao imaginário. Como eu vocêlutou e venceu. Ser sua conterrânea e amiga mais que prazeré ensinamento e privilégio para mim.

Aniversário de Manuel Luiz Ferreira deMiranda

07/09/2012 - Raimundo Nonato de Miranda ChavesManoel Luiz Ferreira de Miranda, da dupla: Os SuperMiranda, Diretor Jurídico da Afago, detentor de certificadode agradecimento, por serviços prestados, do presidenteda Comissão Mineira de Folclore – José Moreira de Sou-za. Hoje, Manoel reuniu a família para comemorar sua saí-da do clube dos sessentões. No próximo dia nove, domin-go, Manoel será recebido, com muito orgulho, no clubedos setentões. A reunião aconteceu no Sitio Nossa Casa,município de Matozinhos. Registro aqui, parabéns e votosde muita paz e felicidade para você, meu caro primo, juntode Zélia, suas filhas: Carina e Zuleica, seu genro e seu neti-nho. Receba um grande abraço

Mais um assunto para a agenda de estudos

07/09/2012 - Guido AraujoAdilson e meus conterrâneos conhecedores de história e tra-dições. Há algum tempo contamos aqui histórias de assom-brações. Relendo de Auguste De Saint-Hilaire “Viagem peloDistrito dos Diamantes e Litoral do Brasil”, numa traduçãode Leonam de Azeredo Penna, livro publicado pela EditoraItatiaia, a páginas tantas ele conta a história de uma cruz queencontrou no caminho para Caeté. Diz isto:” (..) passei dian-te de uma cruz, sobre a qual não posso deixar de dizer algu-mas palavras. Um homem, viajando nessa região, acreditouter visto almas do purgatório, que volteavam ao redor de seucavalo, sob a forma de pombos, pedindo-lhe preces. Em me-mória dessa aparição ele fez erguer a cruz; a história quevenho de relatar acha-se gravada ao pé da mesma.” Todacruz colocada em algum lugar tem uma história. Na zonarural, além de espantar o capeta, quase sempre indica o localde um assassinato à tocaia. E é lugar de aparecer assombra-ção. Houve um tempo em que pretendia escrever algumacoisa sobre as cruzes espalhadas pela cidade de Diamantina.Incluindo a cruz do Izidoro, (por sinal mal assombrada), senão me engano, cheguei a 21. Fiquei curioso com o grandenúmero delas. Ia pesquisar sua história, mas não tive oportu-

Comentários deJosé Moreira deSouza, Adilson doNascimento , Guidode Oliveira Araújo e

Maria Auxiliadora dePaula Ribeiro.

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Boletim Informativo da AFAGO página 5

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nidade. Minha sugestão é colocar a história das cruzes, aqui,para conhecimento de todos. A história delas pode estaracabando. De muitas já deve estar esquecida. O Prof. JoséMoreira me enviou a foto de uma cruz na antiga entrada deGouveia, a qual, creio, já não mais existe. Vamos contar ahistória das restantes.Resposta: Vamos aguardar a publicação do livro de FreiChico “Com Deus me Deito, com Deus me Levanto” deque fui incumbido de redigir o prefácio.(José Moreira deSouza)

Queimadas11/09/2012 - helder de moraes pinto

Queima kobu que tua palha tem cheiro bom..... -pe-domorro,queima seu Citntra!....-faze uque Seu Prudente, sem isso ogado morre e os urubu-monta..... Quem saiu da cidade degouveia pode notar que ela está mergulhada numa lama defumaça, queimada para todo lado e o gado morrendo de fome.Além disso, é estranho que nenhum dos planos políticos emquestão veja essa catástrofe econômica e ambiental que serepete a mais de 20 anos. Embora não tenhamos registrosfieis do fenômeno, mesmo assim seria possível afirmar quenos 20 últimos anos, pelo menos em 16 deles foram identifi-cados mais de 10 focos de incêndio sem praticamente ne-nhum plano de socorro de logo ou curto prazo. Mas isso nãoé só uma cultura primitiva do vaqueiro paulista que aqui che-gou há mais de 200 anos, é também um problema de políticaeconômica municipal, o rebanho do território não pode desa-parecer com a cada seca, muito menos os pássaros em plenasafra de engravida mento sejam queimados vivos. Em Nossafauna e nossa flora faltam as cores verdes e vermelhas, poisestá cinza, irrespirável mesmo é o entorno do hospital, poisaté ali também, a queimada ocorre sem nem uma interdição.Nas cidades mais a norte, no passado, o reflorestamento ba-sicamente extinguiu as queimadas, por ka, o eucalípito sim seexpande, mas as keymadas anuais se estendem como fenô-menos naturais e não sociológicos....

Comentário de João De Jesus SaraivaHelder,ao ler sua mensagem aqui na AFAGO,este veiculoque a cada dia se expande torna Gouveanos ausente massempre presente em todos os momentos de alegria que estaterra querida nos proporciona,ficamos preocupados com estasituação de depredação do nosso meio ambiente,e tambémvem contra aquilo que nos temos de melhor que é as belezasnaturais de nossa querida Gouveia. Você está coberto de ra-zão em reclamar e de denunciar sobre as queimadas queestá destruindo nossa fauna e nossas florestas de Gouveia.

Fundação do Sindicato dos Servidores Munici-pais de Gouveia

15/09/2012 - Leila Karla CunhaEnfim, Sindicato dos Servidores fundado, com nome e sigla:Sindicato dos Servidores Municipais de Gouveia - SINDSGOV,

algo necessário, importante e valioso de se ver. Conquista deuma classe que pede por respeito e para ser valorizada eouvida. Agora sim, o primeiro passo foi tomado. Em poucotempo, tudo começará a ser visualizado pelo prisma dos ser-vidores, o tão falado “direito” , muitas vezes, privado e repri-mido pelas autoridades do município. Parabéns, servidores!!!Gouveia começa a vislumbrar-se com esta nova mudança deposicionamento do funcionalismo público e inova nesta re-gião!!! Obrigada a todos que apoiaram e acreditaram nestaidéia!!!!!!!

Frei Chico descobriu a AFAGO20/09/2012 Francisco van der Poel, franciscano, membro

da CMFL - Ribeirão das Neves MGSenhor presidente da AFAGO, dr Raimundo, paz ebem! Neste desejo agradecer à AFAGO e ao seu

presidente pelo apoio dado à Comissão Mineira deFolclore e ao seu presidente José Moreira. Fotos,

filmes e reportagens bem feitos, a presença constan-te do AFAGO, revelam dedicação, altruismo e von-tade de valorizar a nossa CMFL. Uma grande abra-ço com a gratidão de frei Chico van der Poel, mem-

bro do conselho fiscal da cmfl.

Gente Brilhante24/09/2012 - Raimundo Nonato de Miranda Chaves

Poema de Érica Guedes Pereira de Oliveira, aluna daE.M. João Baiano, professora Jaqueline AparecidaMiranda, teve seu texto selecionado para a etapa Estadualda 3ª EDIÇÃO DA OLIMPÍADA DE LINGUA PORTU-GUESA ESCREVENDO O FUTURO, cujo tema foi O lu-gar onde eu vivo , categoria poema.informação da Secretaria Municipal de Educação.Gouveia.

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Vale da Tranquilidade

O lugar onde moro chama-se Vale da TranqulidadeTem este nome devido a tranquilidade que ronda por láLá tem flores que perfumam meu jardimE pássaros que nos encantam com as mais belas músicas

Tem uma cachoeira pertinho da minha casaÉ lá que busco as pedrinhas para eu brincarCoitadinho dos meninos da cidade !Nem sabem os presentes que a natureza nos dá

No lugar onde moro as pessoas tem muito amorCriam seus filhos com muito carinhoAs casas são pequenas e humildesMas não tem dinheiro que me faça vender meu cantinho

Quando o galo canta, sei que o dia amanheceQuando o sol vai surgindo vejo um cheirinho no arMinha mãe com o café fresquinhoe não tem como ignorar então vou logo tomar!

No Vale da Tranquilidade a natureza é exuberanteAs águas não têm poluição, os animais vivem soltosAqui ainda não conhecemos a tal da maldade.Provavelmente,Eles mudem o nome daqui para Vale da Felicidade.

25/09/2012 -Guido AraujoÉrica do Vale da Tranquilidade. Você tem o essencial paraser poeta, a revelação do Belo. A beleza é simples e se reve-la para todos, mas poucos têm o dom de interagir. O comumda humanidade percebe-a e a aprecia. O poeta revela-a, vive-a. Ela vira dor, alegria, música. Percepção para o povo ourevelação para o poeta, a beleza é o pão da vida. Ela é umdos ingredientes da felicidade que todos desejamos. Seu Valeda Tranquilidade, para você, já é Vale da Felicidade. Vai sersua Pasárgada. Auxiliadora diz que o poeta sofre “com a dorde outrem”, mas também se alegra com a alegria do outro,porque é o irmão maior. Com o tempo, observação, leitura eaprendizado, você vai adquirir técnica, concisão, achar seumodo de expressar, seu estilo. Vai descobrir as nuances ex-pressivas do ritmo. Vai achar seu caminho. Converse comsuas conterrâneas poetas, entre outras, Alyne Dória, MariaAuxiliadora, Raquel Luisa e Elza Alemão. Integre-se, poisnão se é poeta ermitão. Parabéns pelo Vale da Tranquilidade

25/09/2012 - Maria Auxiliadora de Paula RibeiroÉrica Guedes Pereira de Oliveira, lendo o seu poema “Valeda Tranquilidade” pude avaliá-la como uma adolescente arespirar e transpirar sensibilidade. Assim começam os gran-

des poetas, cuja vida consiste em vivenciar o belo, sonharcom o calmo, sofrer com a dor de outrem, sorrir quando aalegria se faz presente. Detendo-se na contemplação de coi-sas lindas, detalhes imperceptíveis aos olhos de quem secompraz apenas em admirar o concreto, abraçar o material,manusear o visível aos olhos, o sentimental vê detalhes que otornam poeta. O materialista sem generalizar, olha a belezadas coisas criadas por DEUS, mas não as vê, ouve sons, masnão os escuta, sente o olor das flores mas não o inala. Tudoisso que lhe digo parece repetitivo, mas não o é. Ser poeta éver com olhos d’alma, ouvir com os ouvidos da esperança,chorar e também sorrir pelo pranto ou pela felicidade do pró-ximo. Você se faz delinear pelo perfil da grande poeta queserá. Seus versos encantam pela notoriedade que dá às coi-sas para muitos corriqueiras na vida. Porém, observando-ase reunindo-as você nos trouxe o verdadeiro conceito detranquilidade. Tranquilidade que falta aos grandes centrosurbanos, onde a vida transcorre num corre-corre constante,sem que haja tempo para se dedicar ao simples, porém es-sencial. Haverá um dia nesse mundo material e quase insanoque a chamarão piegas, cafona, por cantar em versos a bele-za da vida. Porém, não se importe. Todo poeta assim o é pordar vida ao sentimento, redesenhar o passado, sem contudoviver dele e por sonhar com um amanhã risonho e promissor.Continue sendo assim, pequena poetisa. E quando lhe questi-onarem porque assim o é, diga apenas:- É porque ponho almaem tudo que faço e muito me apraz ser considerada diferen-te. Parabéns, Érica!

Sobre Gouveia e o Selo Unicef29/09/2012 - Guido Araujo

Dr. Raimundo Nonato e Prof. José Moreira, li o material pro-veniente do estudo para a concorrência do Municipio ao Seloda Unicef. E me impressionou. Fiquei pensando: a) um vigá-rio descuidado de Gouveia queima ou joga no lixo alguns re-gistros históricos. Onde estão os livros do Tombo? b) Esteestudo postado agora, feito com tanto carinho, teve de sercedido de Ouro Preto, graças às mãos cuidadosas de umaestudiosa do folclore; Onde estão os demais livros sobre oassunto? c) Documentos dos arquivos da Igreja do Rosário,quando de sua demolição, foram achados espalhados na rua.Quais os responsáveis? Popô responde. Para sua própria his-tória Gouveia é uma peneira grossa. Graças a Deus que: a)apareceu o José Moreira de Souza, que se tem preocupado eestá salvando o arquivo difuso na cabeça do povo, e b) você,que criou o Site, um instrumento para a perpetuação do quefor coletado. Vamos descobrir o restante do estudo e colocá-lo à disposição dos gouveianos. Vou reler o material que metornou muito curioso e me motivou a fazer no ano que vemuma tournée pelos lugares apresentados. Voltarei ao assun-to.

30/09/2012 - João De Jesus SaraivaCaro amigo Guido Araujo, lendo hoje este seu artigo se assimposso dizer neste espaço que nós gouveanos temos e que nostraz muita alegria pois é através deste espaço que cada vez

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Boletim Informativo da AFAGO página 7

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Gustavo da Silveira ouBarão do Guaicuí?

22/10/2012 - Maria Auxiliadora de Paula RibeiroTambém tenho notado um profundo silêncio no Sítio. Atribuoo mesmo à surpresa pela situação em que se encontra a nos-sa terra. Sou apolítica, mas gostaria que a Política e políticosde minha terra-natal trouxessem n’alma e no coração a mes-ma altivez dos picos, a mesma mansidão dos regatos, a mes-ma força positiva das cachoeiras, fatos que marcaram a mi-nha infância, o mais rico e tranquilo cenário a fazer de Gouveiaum lugar tão encantador! Ler o nome de minha terra -natalem manchetes que nada acrescentam e só subtraem foi umtremendo choque para mim. Porém, hoje é outro o assuntoem pauta. Falemos de ontem, do nosso encontro em Gustavoda Silveira, do clima de camaradagem e união que por láreinou. Citemos as presenças do Sr José Moreira de Souza,editor do Boletim de AFAGO e presidente da Comissão Mi-neira de Folclore, do Sr Guido de Oliveira Araújo, secretáriode nossa Associação, de Maria Helena Martins Ribeiro etodas as irmãs do escritor, Paulo Acácio Martins, de D. OlíviaMartins, sua simpática viúva, de representantes das famíliasMonteiro, Fagnoli, Martins, Ferreira e de outros a represen-tarem as familias que um dia lá residiram. Também estive-ram presentes várias confreiras da Academia Curvelana deLetras, sob o comando do nosso ilustre presidente, Sr. EvandroGuimarães de Paula. Quero nesse momento homenagear emD. Mary Perácio Pitanguy, lá presente, todos os articulistas

mais vai nos unindo e estreitando uma grande amizade a to-dos nós gouveianos. Pois bem. Há pouco tempo atrás co-mentava eu e Maria Auxiliadora sobre como resgatar e colo-car na mente de cada um de nós principalmente nossos jo-vens de Gouveia sobre nossas raízes e algumas partes sobrenosso folclore, sendo documentado através da escrita de umgrande livro onde poderia estar tudo isso que você acaba defrisar e muito bem. Poderíamos, quem sabe e acho que nãoseja difícil, obter um grande patrocínio do comércio e a indús-tria local e a contribuição de cada um de nós para esta gran-diosa obra que sem dúvida será com certeza um sucessopara toda a camada da população gouveiana. Poderia seradquirido a um preço mais acessível onde todos teriam a con-dição de comprar, e tendo um grande sucesso sua arrecada-ção seria revertida para a APAE DE GOUVEIA. Não éutopia da minha parte; sonho que se sonha juntos torna-seuma realidade. Gostaria de que Maria Auxiliadora,RaquelLuíza,Jose Moreira,Aline Dória,meu amigo Adilson Nasci-mento, enfim;todo gouveano e afagueano opinasse sobre estaideia que não é só minha é de todos.Um abração a todos,fiquem com Deus

30/09/2012 - Maria Auxiliadora de Paula RibeiroAo Dr.Raimundo Nonato de Miranda Chaves, nosso presi-dente emérito e polivalente, o meu aplauso pelo trabalhojornalístico e pelo carinho que a ele dedicou, restaurando epublicando fatos tão importantes aos gouveianos que somostodos nós. A Guido de Oliveira Araújo a confirmação de quesomos partícipes das mesmas indagações sobre os documen-tos da Igreja Nossa Senhora do Rosário, achados até mesmopelas ruas de Gouveia, quando arrancada do bucólico cená-rio de nossa terra natal. A Popô, a quem já dirigi uma mensa-gem, a certeza de que comungamos a mesma tristeza por verdemolida a nossa Igreja e o pedido de que nos ajude a reen-contrar toda a história dela. Quanto a mim, restará sempre oenorme pesar por ver também demolida a Intendência, meuchão, meu orgulho, minha saudade, onde passei quase toda aminha infância, casa onde nascemos por ordem: eu, JoãoBosco e Maria Olímpia. Tanto a Igreja Nossa Senhora doRosário, quanto a Intendência deveriam ter sido tombadaspelo Patrimônio Histórico. A José Moreira de Souza o meupedido de que continue resgatando a história de nossa terranatal. A Joãozinho o testemunho de nossa cumplicidade naideia de fazermos de nossas lembranças um livro-memória,escrevendo com alma mesclada de carinho e de saudade ahistória de nosso querido e lindo torrão natal- Gouveia.

Música e crianças.03/10/2012 - Pe. Silvio MoreiraConterrâneos, quero dar os parabéns ao nosso amigo econterrâneo Maestro Serafim Antônio de Souza, pelo belotrabalho que ele vem desenvolvendo com os adolescentes ecrianças, na banda de música Santa Cecília, estive com elesem seus ensaios, na sede da banda, e que beleza!O entusias-mo da moçada e do seu professor, essas coisas devem mere-cer o destaque e a nossa gratidão, é reconhecermos o esfor-

ço do nosso amigo Serafim que vem contribuindo enorme-mente para manter viva a musicalidade de nossa terra. En-quanto gouveiano, fico muito feliz e orgulhoso da atitude denosso amigo Serafim, pois a banda de música é uma das muitasmarcas culturais de nossa Gouveia. Parabéns Serafim e pa-rabéns para os adolescentes e crianças, os novos músicosque com toda certeza deixaram uma marca benéfica para osgouveianos do futuro. Deus lhes abençoe.Serafim e Tia Flora aplaudidos por Geraldo Bitencourt.

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que escreveram no Livro Gustavo da Silveira-Raízes. Deixoa minha homenagem-póstuma a D. Eny Guimarães de Paula,Edmundo Jésus Fargnoli, Tereza Perácio de Paula e ao pró-prio escritor-coordenador, Paulo Acácio Martins, que doInvisível, onde hoje habitam, estou certa de que se rejubilamcom o êxito da obra-prima por eles também criada. Agra-deço a Gustavo da Silveira pelo grande calor humano comque fomos recebidos, transformando em lazer um momen-to cultural. Pela recepção com delicioso almoço, pelossanfoneiros e pela folia que, apesar de não ter podido ver,me foi relatada como número a adicionar grande brilhantismoàs festividades do relançamento do livro Gustavo da Silveira-Raízes em seu próprio solo, a minha, a nossa gratidão!

22/10/2012 - Guido AraujoOntem visitei as “Raizes” de Gustavo da Silveira.“Silveirei” durante algumas horas. Fui ao relançamento dolivro “Gustavo da Silveira - Raizes”, coordenado por PauloAcácio Martins, que já mora com Deus, escrito por ele, pa-rentes e amigos. Entendi, então, a epígrafe “Escolhi e santifi-quei este lugar afim de estar nele o meu nome para sempre,e nele estarem fixos os meus olhos e o meu coração em todoo tempo” (2. Cr. 7,16). Ao ler o livro, imaginel Gustavo trêsvezes maior. Na realidade são poucas casas, algumas aban-donadas e de outras só restam os alicerces. Do complexoprimitivo só existem uma chaminé, um curtume de que aindarestam as paredes e o telhado e serve para outras finalida-des, e, é claro, a igrejinha. O trem ainda passa e apita nasmesmas curvas. As ruas lá estão, vazias. A gameleira estámaior, mais alta, e a igrejinha, uma pérola, lá continua, sendoagora reformada. É o lugar da saudade de pelo menos 180pessoas que lá se reuniram, descontraidas, na maior alegria,bebendo cerveja, batendo papo ao redor de mesas enfeitadascom flores e frutos do campo, colhidos no cerrado (cocoindoba, cagaita, jatobá, caju, jenipapo, etc.). Vasilhame antigode cozinha de fazenda enfeitava o ambiente e bonecos e bo-necas de pano montavam observavam. Não faltou um painelcom fotos, nem uma miniatura da estação do trem, com car-ro de boi, gente esperando o trem parar e ser carregado comlatões de leite e sacos de cereais. Num palco improvisado ecom um bom serviço de som um conjunto animava o ambien-te com músicas regionais, cantadas na sanfona de oito baixose violões afinados. Lembrei, também, da frase do HelenoCélio, numa das histórias do livro: “Nenhum de nós nem co-nhecia a tristeza (...)”. Após o lançamento do livro comanda-do por Maria Helena Martins Ribeiro e do lauto almoço, umaFolia de Reis, de Bela Vista, regida por Nelson e José Clau-dio, e composta de cantores e tocadores, além dos tres ReisMagos, deu um show com sua performance. Encontrei anti-gos colegas meus de estudo, de 1953, como o Orlando, oIvan. conheci ainda as duas irmãs (Ana e Miriam Azevedo)que estão criando o museu das escolas. Conversando comum morador da regiao, tive uma noticia preocupante, a man-

ga espada daqui vai acabar, disse ele. As mangueiras estãomorrendo com uma doença desconhecida, que chega deva-gar. Já atingiu Monjolos e Santo Hipólito. Agora já está emCurvelo. A esperança dos moradores é que as Instituiçõesresponsáveis pela fruticultura do Estado cuidem do proble-ma. Foi um belo fim de semana, alegre e cultural. Não vouperder as tradicionais festas de maio no ano que vem, emGustavo da Silveira.

Peço relevarem os erros de datilografia. Por exemplo: pindoba.“Os bonecos montavam guarda e observavam”. Queria fina-lizar com o que me disse um filho do lugar, ao examinar a fotoaérea de Gustavo da Silveira exposta num painel: “A foto doalto é diferente, nunca imaginava. O coração pinta de outramaneira”. De fato, como a Itabira de Drumond, Gustavo daSilveira é um quadro na parede, não uma foto. Um quadro depintura viva que o coração continua a pintar

José Moreira de SouzaDOMINGO EM GUSTAVO DA SILVEIRA. Guido relatoucom detalhes nosso encontro no povoado-tapera de Gustavoda Silveira. Mas ali também foi oportunidade de encontro deGouveianos. Lá estavam a sempre presente Dorinha de DonaAntônia, Ivan Dornas – filho de José do Carmo -, o JoséGeraldo Miranda – filho de Luiz Antônio de Souza e ElgitaMiranda. Gustavo guarda na memória a presença degouveianos. O maestro que fundou a banda de música, o chefeda estação – Luiz Antônio de Doninha, irmão de nosso maes-tro José Maria. A peripécia de reunir centenas de pessoasnum lugar que apenas existe na memória das pessoas deveser uma lição para nós da AFAGO. Paulo Acácio Martinsconvidou todos os seus conhecidos para participarem da pe-ripécia e cada conhecido multiplicou os convites. Assim, sur-giu um livro com dezenas de autores. O resultado é que opovoado de Gustavo da Silveira com história semelhante à deBiribiri ressurgiu dos mortos. Primeiro, na memória dos queali moraram, depois na memória dos amigos e, finalmente, noretorno ao lugar que não existe mais. Eu fico pensando, nos-sa Afago tem apenas 60 associados, reunir é uma dificulda-de. Será que nós temos que transformar a Gouveia em umatapera para, então, a gente ter saudade? Olhem: Datas fazmuito melhor do que nós.

Comentário adicional: De fato, a história de Gustavo daSilveira se parece mais com a estação de Barão do Guaicuí. Ascasas se esvaziaram e sobrou apenas a igreja. A estrada deferro possibilitou a instalação de um imenso curtume de pelesde bovinos e pequenos animais e também uma charqueada.Diferença. Barão foi invadida por pessoas estranhas sem me-mória local. Ninguém se lembra de Bernardo Fonseca Lobo - oprimeiro proprietário, nem do doutor Teles de Menezes que doouo terreno para a construção da capela atual e do cemitério.José Moreira de Souza

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Notícias & comentáriosEstação de Gustavo da Silveira

Da esquerda para direita: Dorinha, José Moreira, GuidoAraújo, Orlando Cardoso e dona Mary Perácio Pitanguy

Foto da estaçãoem ruína

Agora aestação élembran-

ça

Casas

Curtume

Curtume

Curtume

Igreja

Vida

Lugar que mereceu livro

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Adilson do NascimentoNosso companheiro e Diretor de Finanças da AFA-GO redigiu uma bela monografia sobre Gouveia e

São Roberto. Para o leitor se deliciar, apresenta-se oprimeiro capítulo

PARTE DE UMA MESMA HISTÓRIA.

Adilson do Nascimento

Presenciei, certa vez, de passagem ali pela es-quina da Farmácia Auxiliadora, ainda de Efigênio, doisgouveanos, dos antigos, discutindo acirradamente. Enquanto um afirmava que a história de Gouveiase confunde com a história da Fábrica São Roberto, o outroafirmava o contrário: que a história da Fábrica São Robertose confunde com a história de Gouveia. Sai dali e fiquei imaginando qual seria a dife-rença para gerar tamanha discussão e, embora tenha reco-nhecido o antagonismo das propostas, conclui que o assuntonão seria de fácil definição. Isso porque a história de Gouveia se baseia emrelatos de antigos moradores, que vão passando de geraçõese gerações e, em razão da falta de melhores registros oficiaisda época, ao que tudo indica, tem início nos primeiros anos doséculo XVIII, com as minerações de ouro e diamante na re-gião do Serro. Sabe-se que já em 1715, uma portuguesa denome Maria Gouveia chegou por aqui, adquiriu inúmeros es-cravos africanos da tribo Cobu e ergueu uma pequena cape-la em um sítio conhecido como Arraial Velho, ali entronizandoSanto Antônio, de quem era grande devota, como padroeiro. Surgiu, na época, a lenda de que o santo desa-parecia da capela e os escravos de Maria Gouveia saíamdesesperados em sua busca, indo encontrá-lo distante meialégua de sua moradia. Passados alguns dias de novo o santo desapa-recia e era encontrado no mesmo lugar. Maria Gouveia, então, convenceu os escravosde que o santo estaria indicando o local em que queria ficar eque ali deveria ser construída uma capela em sua honra. Nascia assim o Arraial de Santo Antônio deGouveia. Em 1811 foi erguida no arraial a capela do Ro-sário, demolida mais de cem anos depois, sem razões quejustificassem esse feito. Em abril de 1841 o Arraial foi elevado a paró-quia, sendo o seu primeiro vigário o Padre Vicente FerreiraBrazão. Em novembro de 1873 o arraial passou a vila,criando-se o município, com o nome de Gouveia, graças aosesforços do deputado da região Roberto Alves Taioba, em-bora a vila não tenha sido instalada por falta de interesse dosmoradores pela causa, que alegavam ser a época imprópriapara isso.

Dali em frente foram 80 (oitenta) anos de umaluta árdua e estafante, com várias tentativas frustradas paratransformar a Gouveia Vila em município independente,desmembrando-se de Diamantina. O movimento chegou a contar com apoio dealguns diamantinenses a exemplo de Zózimo Ramos Couto,Edgar da Mata Machado, Cônego Tavares, do prefeito daCapital e depois governador do Estado Juscelino Kubitschekde Oliveira e de gouveanos ilustres a exemplo de EfigênioGomes Pereira, José Manços Gomes Pereira, Eunápio AlvesDolce, que ainda contaram com a colaboração valiosa de umjovem engenheiro, nascido em Curvelo, Alexandre DinizMascarenhas, já proprietário da Fábrica São Roberto. Somente em 12 de dezembro de 1953, por meioda lei estadual 1.039 Gouveia conseguiu o seu objetivo, con-quistando sua independência político administrativa, instalan-do-se o município em 1º. de janeiro de 1954, com a benção deDom João de Souza Lima, na presença de autoridades comoo deputado Carlos Murilo Felício dos Santos, representandoo governador Juscelino Kubitschek de Oliveira, da madrinhado município D. Neida Mascarenhas Franchini, tendo sauda-do os presentes o Padre José Pedro Costa, quando o Juiz deDireito de Diamantina Doutor Moacir Pimenta declarou ins-talado oficialmente o município de Gouveia. Durante o ano de 1954 a administração domunicípio ficou a cargo do intendente João Bosco Barreto,nomeado pelo governador, quando houve eleição que consa-grou como prefeito o Sr. Efigênio Gomes Pereira, tendo comovice Rômulo Cruz Franchini e os seguintes vereadores:Augusto Alexandrino Viveiros, Cupertino Pinto Ribas, Fran-cisco de Paula Vieira, Francisco Xavier de Oliveira, GeraldoAlves Pereira, João Antônio dos Santos, José Raimundo Pai-xão, João de Miranda Chaves, Luiz Antônio de Miranda,Theódulo Alves Prado e Vicente Alves Dória, que assumi-ram os seus mandatos em 1º. de janeiro de 1955. O segundo mandato que teve início em 1959foi exercido pelo prefeito Paulo Pedro de Almeida Cezarini;o terceiro, com início em 1963, foi novamente exercido peloprefeito Efigênio Gomes Pereira; o quarto, com início em 1967,teve como prefeito Theódulo Alves Prado; o quinto, com iní-cio em 1971, voltou a ter como prefeito Efigênio Gomes Pe-reira; o sexto, com início em 1973, teve como prefeito Geral-do Manoel Brandão Bittencourt; o sétimo, com início em 1977,teve de novo o prefeito Theódulo Alves Prado; o oitavo, cominício em 1983, voltou a ter como prefeito Geraldo ManoelBrandão Bittencourt; o nono, com início em 1989, teve comoprefeito Geraldo Eustáquio Ferreira; o décimo, com início em1993, contou de novo com o prefeito Geraldo Manoel BrandãoBittencourt; o décimo primeiro, com início em 1997, teve comoprefeito Alberone de Oliveira; o décimo segundo, com inícioem 2001, teve como prefeito Alvimar Luiz de Miranda; odécimo terceiro, com início em 2005, contou outra vez com oprefeito Alberone de Oliveira e o décimo quarto, com inícioem 2008, tem como prefeito Geraldo de Fátima Oliveira.

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Gouveia: A memória dos antepassados

José Moreira de Souza

Lewis Munford, grande estudioso da história e da cultura dascidades, afirma que as cidades nasceram dos cemitérios, doculto à memória dos antepassados. No período em que nos-sos ancestrais viviam de deo em deo à procura de alimentos,em dado momento se deram conta de que deveriam enterrarseus mortos e não deixá-los entregues ao tempo. Fixou-seuma época em que o grupo tribal se reuniria para celebrar amemória dos antepassados. Segundo Munford, esta foi a ori-gem das cidades. Primeiro lugar sagrado de culto aos mor-tos, depois, assentamento dos vivos.

Na Idade Média, esse culto conduziu os mortos célebres àscatedrais, como relata George Duby em O tempo dascatedrais.Os corpos eram enterrados nas igrejas. Esse cos-tume de enterro nas igrejas e em suas mediações permane-ceu sem maior oposição no Brasil até o fim do século XVIII,quando, no Rio de Janeiro, se questionou esta prática. Contu-do, em nossa região, discussões sérias sobre enterro em igre-jas somente tomou corpo a partir do ano de 1855 com a pos-sibilidade da chegada de uma epidemia de cholera morbus.Parece que o Cemitério da Igreja Matriz de Gouveia foiconstruído após esta época e, do mesmo modo, o do Tigre. Atransferência dos cemitérios para lugares mais distantes foiobjeto de acalorada discussão em quase todas as cidades elugarejos do Brasil. Note-se que, até o início da República, ouseja, até o ano de 1889, Diamantina ainda não tinha o cemité-rio da Saudade. Em Gouveia, o padre José Alves Ferreiraque foi também membro da primeira intendência – prefeitura– de Diamantina adiantou-se para construir o cemitério de

São Miguel no lugar em que se encontra. Conta-se que aoposição de algumas pessoas foi tão grande que ele,desgostoso, deixou a vila de Gouveia e mudou-se para Curvelo.

Em Gouveia, os mortos eram enterrados em dois lugares, namatriz e na igreja do Rosário. Havia aqueles que, mortos,eram simplesmente abandonados. Eram os escravosdesprotegidos. Não eram todos os escravos, mas somenteaqueles que não se encontravam sob a proteção de NossaSenhora do Rosário. É possível – e isto merece pesquisa aten-ta – que essas pessoas deserdadas da fortuna fossem sepul-tadas junto à Cruz das Almas, mas não há como afirmar semconfirmação documental. O espaço dos mortos era sempresagrado – inviolável.

Faço estas considerações para acompanhar o período recen-te de esquecimento progressivo dos antepassados. E subli-

nho: cultuar osmortos não é ape-nas uma devoçãoreligiosa, é fixar amemória de nossaherança para obem ou para o mal.Se nós quisermosentender nossopresente, somosobrigados a pres-tar atenção emnossa história commemória decora-da ou seja guarda-da no coração –de cor: cor em la-tim quer dizer co-ração. Decorar,portanto, é guar-dar no coração.Quando nosso co-ração deixa de ba-

ter quer dizer que morremos. Do mesmo modo quando nãodecoramos o valor de nossa herança esse valor está morto.

A memória é sempre coletiva. Este é outro ponto que querosublinhar. Manter a memória, portanto, é um dever público.Até a República este dever era cumprido pela Igreja a qualzelava, no caso dos mortos, pela sua eterna lembrança atra-vés do culto. Secularizados os cemitérios, isto passou para ocuidado das prefeituras. No caso de Gouveia, esse assuntomerece a maior atenção e deve ser posto no centro das con-versas.

Em 1954, foi demolida a igreja do Rosário. Não houve qual-quer cuidado para acompanhar a recuperação do acervo.Documentos se espalharam pela rua e os restos mortais dosirmãos do Rosário foram amontoados num aterro junto à Cruzdas Almas. Alguém, cheio das verdades da época, diria “étudo negro, eram escravos,não tem importância.” Não é bemisto. Primeiro, porque a maioria de nossos escravos tinha ori-

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gem banto e esse grande grupo étnico tinha e tem um grandefervor na celebração dos ancestrais – o culto ao preto velho.Segundo, porque, seguramente foram enterrados nesta igrejaos proprietários que financiaram a construção do tempo nofinal do século XVIII. Ao jogar fora os ossos dos negrosescravos foram atirados no mesmo local os restos de pesso-as “ilustres” como a fazendeira Rita Margarida de Cortona.

Não se teve também cuidado com as obras de reparo daMatriz iniciadas por volta de 1944. Repetia-se o que se deuem Diamantina na época de demolição da velha sé pela mo-derna catedral. Em 1959, com a demolição da velha matriz, opadre Luiz Barroso, cuidou de transladar solenemente os res-tos mortais encontrados para o cemitério local, mas faltousupervisão do Serviço do Patrimônio para acompanhar asescavações. Os restos, possivelmente, de Bernardo FonsecaLobo foram recolhidos e apenas adereços como espadas fo-ram encaminhados para Diamantina e não se sabe do para-

deiro que lhe deram.

Destas ponderaçõesvale concluir. EmGouveia, o poder públi-co tem sido altamentedisplicente com nossamemória. O municípiopossui quatro cemitérios.O da cidade, o do Ba-rão do Guaicuí, o doCuiabá e o do Tigre.Todos mal cuidados,com exceção do da sedemunicipal. Contudo, o dasede tende à saturação

rápida e deverá ser objeto de deliberações tais como: ampli-ação com desapropriação de quarteirões vizinhos; constru-ção de um novo cemitério, cujo local mais indicado é próximo

ao bairro Jardim da Serra, logo após o bairro São Lucas; oudirecionar os sepultamentos excedentes para os três cemité-rios existentes.

Há, ainda, necessidade premente de construção de um cemi-tério na Vila Alexandre Mascarenhas. A necessidade éinadiável. Os dirigentes locais, inteligentemente, mudaram onome do povoado de “Paraúna de Cima” para “AlexandreMascarenhas”, mas descuidaram de ações fundamentais parafixar a memória local: cemitério.

O artigo do nosso digníssimo presidente – eu encho a bocaao pronunciar digníssimo – é como uma denúncia à displicênciade uma política cultural em Gouveia. Há mais de dez anos, euassisto à preocupação do professor doutor Raimundo Nonatocom o abandono do cemitério do Tigre. No ano passado, elequase acreditou em apoio do poder municipal. Criou um livrode contribuições, arrecadou fundos e confiou no discurso da“Parceria Público Privado”. O tempo passou, nada aconteceu,e o doutor arrecadou mais fundos para tornar o cemitériovisitável e o culto aos mortos possível.

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Cemitério do Tigre

Raimundo Nonato de Miranda Chaves

A escola formal nos ensina muita história, de outros povos ede outras regiões. Quero falar sobre a história local porqueconsidero importante que saibamos o que ocorreu e o queocorre em nossa comunidade. O que nos legaram nossosantepassados e que temos a responsabilidade de conservar

O livro que tenho em mãos relata a expedição do cidadãoinglês: Richard Francis Burton. Burton tem título de nobrezaque lhe foi concedido por suas expedições de estudo realizadasem diversas partes do mundo. Uma delas descritas neste livrocom o título: Viagem de Canoas de Sabará ao OceanoAtlântico.

O senhor Burton, em Sabará, cidade histórica situada àsmargens do Rio das Velhas, improvisou uma embarcação enavegou por todo o curso do rio desde Sabará até a foz,passando ao São Francisco no município de Várzea da Palma,daí, seguiu até o Oceano.

Burton ancorou a embarcação em algum ponto próximo daponte de concreto da BR 259, fazenda Bonsucesso, e seguiuem tropa de burros até Diamantina. Estudioso, experienteobservador, descreveu tudo que encontrou pelos caminhos:aves, plantas, solos, montanhas, voçorocas e povoações: SãoSebastião do Paraúna, Riacho dos Ventos, Contagem doGalheiro, Camilinho e Tigre. Registrou, então, dois fatoshistóricos, dentre muitos outros:

1. Pernoitou em Camilinho e escreveu: onde residiu osenhor Camilo que deu o nome ao lugar: Camilinho.Não faz qualquer referência à serra cujo perfil seaproxima do perfil de um camelo. Serra, muito bonita,premiada no concurso Paisagens Mineiras do JornalO Estado de Minas, mas sua beleza não lhe confereo poder de alterar o nome da localidade.

2. No Tigre, além de casas e plantações, uma grandecruz negra – possivelmente de Brauna – e umCemitério recém construído, mas já em uso. Burtonrealizou dita viagem no ano de 1867. Portanto, oCemitério do Tigre foi construído há 150 anosaproximadamente.

Considerando a falta de outros cemitérios nas proximidades,e mesmo considerando a existência de alguns mais novos, háque se concluir que o Cemitério do Tigre atendeu à populaçãoresidente em ampla área geográfica. Simples conjectura, masé possível pensar-se em área equivalente à metade domunicípio de Gouveia.

Por alguma razão, talvez falta de marmoraria, talvez alto custo,não encontrei lápide no cemitério com data de século XIX. Alápide mais antiga, com inscrição ainda legível, é de Ritinha,com data de 1912. A lápide sobre o túmulo de Leonel AlvesFerreira é de 1915.

Leonel, membro da poderosa família Alves Ferreira, cujo líderQuintiliano Alves Ferreira, Barão de São Roberto, construiu,com outros acionistas gouveianos, a Fábrica de São Roberto.

A filha de Leonel, Etelvina Alves Fernandes, Dona Vina,também ali sepultada, casou-se com Juscelino Pio Fernandes,o lendário Coronel Sica. O boletim editado pela Fabrica SãoRoberto: Informativo da Vila, edição No. 005 de 04/88, todadedicada a “O Sica da Gouveia” e sua benéfica atuação nafábrica de São Roberto, quando gerente desta indústria. Dele,transcrevo: “Graças a seu prestígio de líder político da regiãoe ao apoio do senador Olimpio Mourão, o Coronel Sicacompetiu com grandes nomes do cenário político deDiamantina, chegando a Agente Executivo daquela cidade”.Este homem está sepultado ao lado de sua esposa: Dona Vinae, ali, totalmente esquecido. Nem uma simples cruz de madeiramarca o local. Concentrei em Coronel Sica, mas poderia fazeruma lista de nomes que igualmente prestaram serviços àcomunidade e se tornaram dignos de nosso respeito.

Apenas uma, das razões explicitadas nos parágrafosanteriores, sejam: antiguidade, amplitude de área atendida eimportância de pessoas ali sepultadas; deveria ser suficientepara fazer do Poder Público Municipal o Guardião desteCemitério. Isto nunca aconteceu. A única relação escrita entrea Prefeitura Municipal e o Cemitério do Tigre está no Relatóriocom título: Programa de Apoio e Desenvolvimento daZona Rural, editado em 1984, pela Fundação João Pinheirosob contrato do então prefeito de Gouveia: Geraldo ManoelBrandão Bitencourt, à época do programa MG II do governodo estado, com financiamento do Banco Mundial. Lá está, àpágina 88: “execução pela Prefeitura, das obras para areforma do cemitério no Núcleo Comunitário do Tigre”. Areforma ficou só no planejamento.

Como, então, o cemitério sobreviveu? Coronel Sica, enquantoresidente na Fazenda do Tigre, cuidou do Cemitério. VereadorCininho Moreira fez diversos mutirões para limpeza doCemitério. Engenheiro José Torres, então proprietário daFazenda do Tigre, reconstruiu duas seções da murada; Outraspequenas intervenções pontuais, eu mesmo adquiri, algumasvezes, herbicida para ser aplicado no local. Em 2011 oCemitério de 60 m x 30 m estava em condições precárias:parte da murada caída, parte inclinada e quase a totalidadecom o adobe aparente e sem as telhas protetoras, portãoquebrado e toda a área transformada em pasto. Iniciei, então,uma campanha para a reconstrução da murada, recuperaçãoe limpeza dos túmulos. Lancei um livro de ouro na Comunidadede Camilinho, com ajuda de Helena e Reginalda; naComunidade de Ribeirão de Areia, com ajuda de João Batistae na Comunidade de Água Parada, com ajuda de José Mendes.Recolhemos R$3.668,00. Adquiri o material de construção epaguei a mão de obra, conforme notas anexadas ao livro deouro, no valor de R$7.726,56 A diferença, no valor deR$4.058,56 é a minha contribuição pessoal para a recuperaçãodo Cemitério do Tigre. Eu o fiz como uma pequena retribuiçãoa meus pais, ali sepultados, pelo muito que me deram, empatrimônio, em educação e em carinho.

Comunico aos senhores que no dia de finados de 2011algumasfamílias se reuniram e rezaram no Cemitério do Tigre, naoportunidade, sugeri, e foi aceito por todos, a indicação detrês nomes que denominei Zeladores do Cemitério do Tigre.

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Boletim Informativo da AFAGO página 14

ARTIGOSOs nomes escolhidos são: Geraldo Sergio Chaves deCamilinho, Geraldo Miranda de Ribeirão de Areia e JoséMendes de Água Parada. Passei, então, à guarda deles todoo material que dispunha para que outros pesquisadores, nofuturo, possam dispor das informações: O livro de ouro comanotações da ajuda recebida: em dinheiro, em material e emserviços, salientei a ajuda da Fazenda do Tigre através deseu administrador, a ajuda do Secretário Municipal de ObrasEloyzinho que cuidou da limpeza da parte externa do cemitério.O álbum com as fotos antes e depois da obra. Cópias deartigos e do antigo Informativo da Vila e também oficio dosenhor Prefeito municipal, no qual ele assumia aresponsabilidade pela construção da murada, com a devidaanotação de promessa não cumprida.

Ainda sobre a história local devo acrescentar que a primeiracarta de sesmaria, na região de Gouveia, refere-se àMandaçaia, conforme informação do historiador José Moreirade Souza. A Mandaçaia, já com o nome de FazendaMandaçaia, no denominado Registro Paroquial, realizado nadécada de 1850, tem os seguintes limites: Começa no Córregodo Tigre na passagem de Manoel Ernesto de Miranda, seguepela estrada de tropa até a Capoeira da Mandioca. Dali, pelo

espigão, até o Córrego da Sepultura. Córrego da Sepulturaabaixo até sua foz no Rio Paraúna. Rio Paraúna acima até afoz do Ribeirão de Areia. Ribeirão de Areia acima até a fozdo Córrego do Tigre. Córrego do Tigre acima até a passagemde Manoel Ernesto, onde começou. Área certamente comalguns milhares de hectares.

Aonde poderia ter sido a sede de uma fazenda com esta área,senão no Tigre!?

É no Tigre que se localiza uma sede compatível com estaamplitude; é no Tigre que se localiza o Cemitério; é no Tigreque se localiza a Capela de São Sebastião e mais: a Lei 2390de 13/10/1877 cria escola do sexo masculino em São Sebastiãodo Tigre. Apenas para comparação a Escola de Camilinho,das mais antigas do município, foi criada em 1913, quase 40anos depois. O Tigre é uma fazenda particular, mas é tambémum núcleo comunitário e me parece importante manter atradição, com celebrações periódicas na Capela como, nopassado, realizava-se, no mês de janeiro, a tradicional Festade São Sebastião.

São Sebastião do Tigre

Raimundo Nonato de Miranda Chaves

Quatro de novembro, 14:00 horas, a Capela de São Sebastiãodo Tigre que permanecera fechada durante quatro anos abre-se para receber os fieis. Aquele cheiro de coisa limpa, aqueleambiente de indescritível alegria na fisionomia dos ruralistasdepois da chuvinha criadeira da noite anterior, a terra aindaúmida depois de meses de seca inclemente. A capelinhacuidada por Maria Mendes, sob a vigilância de HelenaChaves, parecia não comportar a todos. Presente a nobrezado meio rural: capitaneada pelo engenheiro Ronaldo com aesposa Beatriz e a filha Adriane, proprietários da fazenda doTigre; Sebastião dos Santos, da Fazenda Três Rios e que acabade adquirir o Rancho Redenção, acrescentando mais umajoia à sua coroa; Helder Chaves Moura, com a irmã Zenilia,das fazendas Capivara, Galheiro, Sobrado e outras,classificando por área de propriedades rurais, ainda é o maior

do município. Presente os anciãos, dali e das comunidadesvizinhas: logo no primeiro banco, Pedro Teles com a esposaMaria; José Américo com Otália; à esquerda, João Batistacom o filho Geraldo e esposa; à direita, José Antônio dosSantos e dona Carminha com os filhos: Marcilio e Maria. E,outros: Izupério Fernandes Chaves, esposa e os filhos Perinhoe Rogerinho com as respectivas famílias; Zico com a esposaHelena – Ministra da Eucaristia e os filhos: Cristiano, Beatrize Rute com as respectivas famílias; Amélia Chaves Mendesvindo especialmente de Curvelo, com os filhos Eng. CarlosMauricio e Adriana com o esposo Cláudio, estes de BeloHorizonte; Alice Mendes com o filho Jurandir. Muitas outrasfamílias das comunidades vizinhas: Geraldo Alves e a filhaNatalícia; Maria do Rosário, mãe do padre Darlan; JoséMendes esposa e filha, também, o irmão Carlinhos; esposa efilha de Antônio das Rédeas; Xavier e a esposa Maria; Valmyde Pedro Mendes, a viúva de Guido Moura; Vander Rosa e aesposa Enia; Jésus Saraiva; João Batista, o acólito,

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ARTIGOSacompanhado da mãe Maria Diva; todo opessoal da fazenda do Tigre, liderados peloadministrador Marconi; Políticos, também,Sebastião de Chiquito. Presente, devoregistrar, Ana Maria, minha esposa ecompanheira.

Cônego Paulo Franco fez a entrada solene, àsua frente os dois acólitos, ao som dos cânticosentoados por: Reginalda, Terezinha e Nilza, e,deu prosseguimento à Celebração daEucaristia. O Reverendíssimo Cônego,piedoso, comentou e explicou, comcompetência e erudição, as Leituras e oEvangelho. Fez referencia àquela data em quea Igreja celebrava Todos os Santos. Emespecial, aquele dia marcava, também, o finalda reconstrução da murada do cemitério local,então, estimulou os fieis a refletir sobre amorte. Comentou sobre as Igrejas: Militante,Padecente e Gloriosa e frisou: A Morte é umapassagem da Igreja Militante pra a IgrejaPadecente, para se atingir depois a IgrejaGloriosa. A Morte não é o fim. O túmulo éuma vírgula e não um ponto final.

Terminada a Celebração, Cônego Paulo, publicamente,agradeceu a mim, Raimundo Nonato, pelo convite que eu fiza ele para Celebrar a Eucaristia na Capela de São Sebastiãodo Tigre. Confesso que fiquei emocionado. Depois disto eleseguiu para celebrar em Engenho da Raquel e eu falei, alimesmo, na Capela, para aquele público, que me ouviu commuita atenção. Falei sobre o Cemitério, construído na décadade 1860 e sua história até o dia quatro de novembro de 2012.E falei, também, sobre a história local, desde a Sesmaria daMandaçaia, a primeira Carta de Sesmaria da região deGouveia, passada em 1739 a João Batista Coelho, conformenos ensina José Moreira de Souza. Salientei: Se a FazendaMandaçaia, antes de ser subdividida, teve uma sede, então asede foi o Tigre, pelas construções, pelo cemitério, pela capelae pela Escola Estadual ali criada ainda em 1877. Fomos todos,

em seguida, ao Cemitério onde rezamos o terço e o Oficio deNossa Senhora. Recebi muitos abraços e muito agradecimentopor haver liderado os trabalhos de recuperação do Cemitério.

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Boletim Informativo da AFAGO página 16

PROJETO - MUSEU DALAPIDAÇÃO

Como contribuição ao assunto discutido naedição anterior, recebemos da Senhora

Lindéia Ribas de Oliveira o projetoreproduzido em seguida.

Apresentação

É de fundamental importância para Gouveia e toda re-gião, o resgate e a divulgação da história de Bernardoda Fonseca Lobo, o “ Descobridor dos Diamantes”, mo-rador da Lavra do Capão, atual Barão de Guaicuí, e dahistória da Lapidação, uma das atividades econômicasmais desenvolvidas neste município desde o inicio de suaformação. Ambos, preciosidades que serão difundidasatravés do Museu da Lapidação, em Gouveia e para todaregião das Minas Gerais pelo seu inestimável valor cul-tural e Turistico.

ARTIGOS

Justificativa.O município de Gouveia é oriundo do Distrito Diamantino etem sua origem ligada a fixação de mineradores nas barrasde propriedade de D. Francisca de Gouveia. Com a desco-berta de diamantes por Bernardo da Fonseca Lobo, moradorda Lavra do Capão, atualmente Barão de Guacui, aqui foraminstaladas muitas casas de Lapidação, sendo a de QuintilianoAlves Ferreira pioneira, pois criou a primeira fábrica delapidação do município chamada de “Vitória Augusta”.

Depois dele vieram outras lapidações que se instalaram nacidade, destacando-se a de propriedade de Augusto Cândidode Oliveira, conhecido como Augusto Filomena. Em sualapidação administrada por ele e seu filho, Augusto mantinhacerca de 80 lapidários.

Outra lapidação a do Sr. Aprígio Martins e seus filhos, sob ocomando do holandês Isidoro Hauser, mantinham cerca de40 lapidários.Também foram famosas, as chácaras de lapidação como asde Nonô Ribas, Deolindo da Mata Ribas, Afonsinho, JoãoNeves e Ragosino Alves Ferreira.

Outro fato muito importante é resgatar a memória deBernardo da Fonseca Lobo, que foi identificado e designadocomo o “descobridor oficial dos diamantes”. É um dos gran-des vultos dos primeiros anos de nossa história. Dentre no-mes de importantes personalidades da história de Gouveiaseguramente ainda desconhecido do grande público.

Relata Zé de Flora, que a “ permanência do referido “capi-tão Mor” nos arredores de Gouveia se deu por mais de vinteanos”. Em 03-07-1740 Bernardo casou-se com D.AnaMascarenhas, na Matriz de Nossa Senhora da Conceição deVila do Príncipe (atualmente Serro).

Todos os filhos do casal, dois homens e três mulheres foramcriados em Gouveia, onde nasceram e foram batizados.Quatro no oratório da lavra do Capão (Atualmente Barão deGuaicuy): Maria, batizada em (1.745); Roberto(1750);Feminiana(1.752), Martiniano(1755)e Bebiana (1746) na capela de Santo Antônio do Arraial deGouveia.O capitão-Mor, Bernado da Fonseca Lobo, falesceu na Lavrado Capão, em 04—04-1761, assistido “a bem morrer” pelopadre Inácio Pereira Ribeiro.

Registros e documentos confirmam a existência e atuaçãode Fonseca Lobo na época da colonização. Possuidor de pro-priedades deixadas em testamento, lavrado em 1743 na La-vra do Capão, onde morava. Seu patrimônio constituía princi-palmente: de um cartório de Ofício de Tabelião Judicial eNotas, em Vila do Principe; 43 escravos de varias nações edentre estes alguns da tribo Kobu; animais e pertences decasa; outra lavra na parte chamada Sentinela e “mais outralavra com seus matos e terras na parte chamada Morrinhos”.Um dos legados mais importantes de Bernardo, foi as cemoitavas da terça parte de seus bens, deixados para as obrasdo Santíssimo Sacramento da capela na qual fosse sepulta-do. Rivaliza com Luiz Antônio Costa Lima (1775), na doa-ção do patrimônio para a Capela de Santo Antônio.

Bernardo Fonseca Lobo é merecedor de grandes homena-gens não só por ter deixado vários registros que possibilitama identificação de fatos, nomes de personalidades, persona-gens e referências históricas para nós gouveianos, mas prin-cipalmente por ser um dos pilares da sociedade local, deixan-do aqui seus descendentes, como a família “dos Marcelos”ainda hoje (2006) vivendo em Gouveia.Bernardo da Fonseca Lobo, foi enterrado em Gouveia, nasimediações do arraial em 1734

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Boletim Informativo da AFAGO página 17

ARTIGOSEm Gouveia e seus mitos, Zé de Flora escreveu: - “ O es-quecimento de Bernardo Fonseca Lobo é um misté-rio.” E ainda, “ O que há de mais interessante em tudoisto é que, enquanto para Maria Gouveia só resta alenda, para Bernardo ficaram todos os registros, chei-os de pormenores. Por outro lado enquanto MariaGouveia jamais foi esquecida, a presença de Bernardonos passou despercebida.”Os restos mortais de Bernardo encontrados por ocasião dademolição da antiga Matriz de Santo Antônio, onde fora se-pultado, amortalhado em seu manto de Cavaleiro da Ordemde Nosso Senhor Jesus Cristo, foram transferidos para umavala comum do Cemitério São Miguel, em Gouveia, semnenhuma honraria ou identificação pormenorizada.Conhecer sobre a vida e feitos de Bernardo Fonseca Lobo éde grande importância, também para os projetos derevitalização da história, da cultura, e da promoção do turis-mo em nossa comunidade.“Ó Gouveia, não esqueça teus vultos: seus filhos, seus ben-feitores”

Objetivo

. Resgatar a história da Lapidação, nossa cultura , buscarnossa identidade e divulgar o Município de Gouveia

. Reacender a memória da lapidação, sua história, atravésde depoimentos, fotos, materiais e afins, já esquecida poralguns e desconhecida por muitos

.Preservar o acervo histórico e patrimonial do município, pro-porcionando aos moradores locais e visitantes conhecimentosobre fatos e memórias da lapidação.

. Promover o desenvolvimento turístico no município, umadas mais importantes fontes geradora de renda, atualmen-te.. Despertar no cidadão Gouveiano interesse em conhecernossa história, como forma de valorizar nossas raízes e onosso patrimônio cultural e turístico.

. Repassar aos moradores locais e visitantes informaçõesprecisas e necessárias ao acesso dos locais retratados.

Descrição do Projeto:

. O poder publico Municipal providenciará o tombamentopatrimonial, da casa do Curtume, única memória viva dalapidação deixada no município.

. O Município adquirirá este prédio, para reforma e instala-ção do Museu da Lapidação, restaurando-o e preservandotodas as suas características originais.

. Mobilizar e envolver as famílias do Sr. Quintiliano , NonôRibas., Aprígio , Augusto Filomena e outros cidadãos

Gouveianos no resgate de peças e acervos históricos dalapidação.

. Manter e conservar este rico acervo cultural, como pontodisponível a visitação pública, como fonte de conhecimento,cultura e turismo.

Metodologia:

. O Conselho do Patrimônio Cultural de Gouveia, determina-rá e providenciará o tombamento da Casa de Lapidação doCurtume.. O departamento de Cultura encaminhará a administraçãomunicipal, proposta de aquisição deste patrimônio.

. Os membros dos conselhos do Patrimonio e do Turismomobilizarão a comunidade local, escolas, e familiares do Sr.Quintiliano Alves Ferreira , Nonô Ribas., Aprígio Martins ,Augusto Filomena e outros para levantamento do acervo.. O departamento de Cultura, procurará a AFAGO Associa-ção dos Filhos e Amigos de Gouveia, para e levantar maiorquantidade possível de acervo histórico da lapidação emGouveia, tais como: depoimentos, peças, fotos para doação eexposição no Museu da Lapidação

. Com a participação dos atores envolvidos, os conselhos edepartamentos de Turismo e Cultura, estipularão regulamentode funcionamento do Museu.

Cronograma

. Reunião do Conselho do Patrimônio dia ____/____/______, para apresentação do . Projeto, em atenção ao oficio circular / DEMUR/IPHAN/Nº 001/2008.

. Até dia 25 de fevereiro encaminhar projeto do Museu, jáaprovado pelo conselho, para o Ministério da Cultura “ política nacional de museus”.. Mês de Fevereiro tombamento da Casa de Lapidação doCurtume. Mês de Fevereiro apresentação Do Projeto ao PrefeitoMunicipal para levantamento e ordenamento de despesas com aquisição do prédio.

. Mês março, departamento cultura e conselho marcarreunião com a AFAGO

. Mobilizar toda a sociedade e órgãos públicos, paralançamento e divulgação do projeto através de carro som,convites pessoais às escolas, comercio em geral, etc...

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Boletim Informativo da AFAGO página 18

ART IGOS

Comunidade de Espinho

Raimundo Nonato de Miranda Chaves

Doze de Outubro, a comunidade festejava Nossa Senhora daConceição Aparecida. Procissão, Celebração da Eucaristia e olevantamento do mastro durante a noite anterior. Nós, deCamilinho, Helena, Amarildo Henrique e este articulistaparticipamos dos festejos da comunidade vizinha.

Igreja nova, em faze final de construção, já recebendo os fieis.Desenho diferenciado das Igrejas padrão. A projeção horizontaltem a forma da parte superior de uma cruz, com três volumesretangulares que se encaixam em ângulo reto. Internamente,espaço amplo com os bancos distribuídos em conjuntos à frente,à direita e à esquerda do altar e do celebrante. Engradamento dotelhado aparente, pelo menos por enquanto, é uma estruturametálica bonita que sustenta o recortado telhado colonial. Naplatéia notava-se a predominância do elemento feminino.Homens! Quase todos idosos. Lembrei-me de um religioso, emDiamantina, que sempre afirmava: “ Nas prisões há mais homensdo que mulheres porque nas igrejas há mais mulheres do quehomens”. Não é o caso de Espinho. Os homens em idadeeconomicamente ativa saem em busca de trabalho.

Ali mesmo na Igreja, após a celebração da Eucaristia, nossentamos, Adeliane e eu, para conversar. Era um dos meusobjetivos ao visitar a comunidade. Adeliane Margarida da Silva,jovem, elegante, bem articulada, palavra franca e muito bonita,é a presidente da Associação Comunitária Quilombola de Espinho;estudante de História com a matricula temporariamente trancadadevido à dificuldades de locomoção, conforme sua justificativa.

Orientei a conversa, colocando algumas perguntas.

Questão 1 – Eu tenho algumas informações sobre acomunidade, resultante de pesquisas realizadas por estudantese professores da E.M. Profa. Zezé Ribas. Monografia doprofessor Lúcio, Tese de doutorado de Miriam Rosa. Textosproduzidos, resultantes de entrevistas, à época em que Gouveiase envolveu com o projeto Selo Unicef. Sei que vocêsreceberam a visita de Jesus, Diretor Cultural da FederaçãoMineira de Quilombolas, presentes à reunião: o senhor prefeitode Gouveia acompanhado de diversos secretários municipais.

Sei que vocês têm a Carta deReconhecimento comoComunidade Quilombola, daFundação Cultural Palmares,FCP, do Ministério da Cultura.Então, pergunto: E daí, o queaconteceu depois da Carta?

Nós conseguimos recursos doIDENE para aquisição deimplementos agrícolas erecursos da CONAB paracompra de hortigranjeirosproduzidos por nossosagricultores, respondeu Adeliane.As demais associações domunicípio também recebemestes recursos, eu retruquei. Nósconseguimos com maispresteza, insistiu minhainterlocutora que acrescentou:conseguimos um tele-centro –dez equipamentos para ensino emais um equipamento, comimpressora, para a administraçãoda Associação. Temos, também,um projeto, em andamento, de

uma Fábrica de Farinha. Minha dificuldade maior, disse Adeliane,é falta de recursos para viagens em busca de novos projetos.

Adeliane continuou: A comunidade apoia a mobilização socialpara que se faça feriado o dia da Consciencia Negra – 20 denovembro. Registro que a data já é reconhecida e celebradacomo feriado em mais de 200 cidades, o projeto já aprovadono Senado Federal e enviado à sanção da presidente Dilma.

Questão 2 – Adeliane, tenho impressão, em virtude deinformações recebidas, que havia mais interesse daadministração municipal em ter uma comunidade quilombolado que a sua própria comunidade de Espinho! O que você mediz?

É verdade, afirmou Adeliane, no inicio a administração municipalquis nos impor a condição de quilombola quando nós nemsabíamos o que era quilombola, nem as vantagens, nem aamplitude do projeto. Nós não entendemos muito bem trechosdo livro de Miriam Rosa. Então a rejeição foi quase total. Depoisrecebemos as visitas do Secretário Municipal de Agricultura –Ladinho e do Extensionista da EMATER – Gilberto. Eles nosconvidaram, nos incentivaram e facilitaram a nossa participaçãono Seminário de Associações Quilombolas realizado em Serro.Ali, durante três dias, em contato com representantes de

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Boletim Informativo da AFAGO página 19

ARTIGOSAssociações e, principalmente, com Jesus – diretor cultural daFederação Mineira de Quilombolas, eu e mais duas colegas dadiretoria da Associação de Moradores, nos convencemos, daimportância de se organizar a Associação Quilombola. De possedo material distribuído: O livro, conhecido como “A Bíblia doNegro” contendo toda a legislação pertinente; modelo de estatutoe, principalmente o convencimento das vantagens quepoderíamos auferir, voltamos ao Espinho e conseguimos apoioda comunidade. Poucas famílias ainda opunham resistência.Recebemos a visita, atendendo nosso chamado, de Jesus eSandra – presidente da Federação Mineira de Quilombolas. Hoje,somos cinqüenta e oito famílias uma de raça branca e as demaisde raça negra, todas participam da Associação ComunitáriaQuilombola de Espinho.

Continuamos a conversa. Adeliane me pareceu orgulhosa porhaver participado do processo do qual resultou a Carta deReconhecimento da Comunidade Quilombola de Espinho. E,feliz, por pertencer àquela comunidade que ela descreveu comopobre, com quase toda a população masculina, em idadeeconomicamente ativa, saindo em busca de trabalho, voltam afixarem-se no local depois da aposentadoria. A receita éproveniente do trabalho destes homens; pequena produção dehortigranjeiros vendidos em Gouveia, inclusive para a CONAB;além da receita de aposentadorias. Eu conheci uma comunidadede gente amável e receptiva; uma jovem líder com disposição ecoragem para buscar a melhoria de condições de vida para acomunidade; moças bonitas, bem trajadas, com desenvolturapara apresentação e leitura durante a celebração da Eucaristia.

E o artesanato: banquetas, mesinhas, tamboretes, samburás?Perguntei. Produção paralisada, respondeu ela. A PrefeituraMunicipal, no passado, fez recolher os moldes de madeira,usados para a confecção das peças em palha de milho. Tentamosrecuperar estes moldes e não conseguimos encontra-los.Registro, aqui, o pedido deste articulista ao senhor prefeito:Determine, por favor, a procura e devolução das peças tomadasao povo de Espinho, duvido que elas tenham alguma utilidade, anão ser nas mãos habilidosas dos espinhenses.

E as tradições? Perguntei. Mantemos com respeito, cuidado eorgulho: Folia de Santos Reis, que é noturna e ativa entre osdias 24 de dezembro (Natal) e 6 de janeiro (Santos Reis). Foliade São Sebastião, que é diurna e ativa entre os dias 7 e 20 dejaneiro. Gilmar, a quem fui apresentado, é o mestre folião eAdelaine faz parte do grupo, ela é o Tipe da folia. Registro apresença de elemento feminino na Folia de Espinho, que não écomum, em folias de outras regiões. Dialeto africano, duassenhoras, membros da comunidade, falam um dialeto africano.Fato comprovado por pesquisador da USP/SP que nos visitoupara este fim. Consciência negra, festejamos no dia 20 denovembro e estamos tentando fazer feriado municipal, nestedia. Temos um grupo de Caboclinhos que se apresenta aqui eem outras comunidades, inclusive em Gouveia. Kobuclinhos,eu disse. Adeliane discordou insistindo é Caboclinhos e nãoKobuclinhos. Eu me penitencio e me desculpo porque usavaesta expressão: Festa de Santa Cruz. Faço aqui pequenoesclarecimento porque era uma festa também celebrada emCamilinho e que foi cancelada pelo vigário da paróquia. EmEspinho a festa é realizada no dia 3 de maio quando se faz aoração obedecendo ao cerimonial: “cem(100) vezes me ajoelhei,

100 vezes o chão beijei, 100 vezes me levantei, cem vezes mepersignei pelo sinal da Santa Cruz livrai-nos Deus nossoSenhor dos nossos inimigos, cem ave-maria rezei cem navéspera e cem no dia me recomendando a Deus e a VirgemMaria, ave-maria cheia de graças o Senhor é convosco benditasois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventreJesus. Santa Maria mãe de Deus rogai por nós pecadoresagora e na hora de nossa morte. Amém.”

Embora de origem popular, esta devoção e este exercíciopenitencial seguem bem de perto a linha da espiritualidade dopovo cristão, sobretudo no século passado. Foi o tempo emque se valorizava mais o sentido da penitência corporal,buscando na paixão de Nosso Senhor o seu paradigma. Era osentido da expiação dos pecados pelo sofrimento. Assim nosensina a História do Santuário de Santa Cruz dos Milagres,(Piauí).

O mesmo cerimonial e a mesma oração ocorrem no dia 3 demaio na região de São José do Galheiro, município de Monjolos.

A questão é que há duas datas envolvendo a Festa de SantaCruz: A primeira denominada Descoberta ou Invenção da SantaCruz, celebra, conforme a lenda, a descoberta do lenho no qualCristo foi crucificado. Feito atribuído a Santa Helena, no ano326, em Jerusalém. A segunda denominada Exaltação da SantaCruz ou Triunfo da Santa Cruz, celebrada no dia 14 de setembro.Conforme a lenda: Heráclito, imperador romano, venceu ospersas em 630, e o imperador arrebatou as relíquias da Cruz,que foram solenemente levadas a Jerusalém. Desde então a Igrejacelebra neste dia 14 o dia do Triunfo da Cruz. A Cruz encontradapor Santa Helena havia sido levada pelos Persas quandoinvadiram Jerusalém.

Em Camilinho celebrava-se a Descoberta da Santa Cruz, no dia3 de maio, desde o século XIX, da mesma forma que se celebraem inúmeras paróquias do estado e do país. No Santuário deSanta Cruz dos Milagres (PI) celebram-se as duas datas: 3 demaio e 14 de setembro. Hoje, em Camilinho, festeja-se NossaSenhora das Dores, por decisão unilateral do vigário da paróquia,que alterou a data para 14 de setembro e a comunidade reagiunegativamente. Portanto, a festa de Santa Cruz não é maiscelebrada em Camilinho.

Doze de outubro, tarde muito proveitosa, contato comcomunidade receptiva e conversa agradável com Adeliane aquem eu sugiro: Aprovado o projeto da fábrica de farinha demandioca não deixe de anexar uma sala destinada ao “museu dafarinha de mandioca” onde serão dispostos todos os apetrechosaté então utilizados na produção artesanal de farinha. Refiro-meàs medidas de volume: quarta, meia-quarta, cinco litros, prato elitro; aos carumbés, gamelas e peneiras de taquaras; aos fornoscom rodos e vassouras; à prensa com o gigantesco parafusode madeira; ao rodete, caitetu ou ralador de mandioca; ao cochode decantação da goma (polvilho); cangalhas e vasilhas para

transporte de mandioca: balaios, bolsas de couro, caçuá e, outros.

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Boletim Informativo da AFAGO página 20

ARTIGOS

Gouveia vista em 2050José Moreira de Souza

Na página de mensagem do endereço www.afagouveia.org.br,podem-se ler inúmeros comentários e manifestações sobre oprocesso eleitoral e a vida política em Gouveia. Inúmeros,mas poucos. Sabe-se que Gouveia ferve em períodoseleitorais. Começou a ferver especialmente nos anos daabertura política e tende a ferver cada vez mais. As duasúltimas disputas chamaram a atenção pelo apertado da vitóriado candidato eleito. Nesta de 2012, a chapa encabeçada peloprofessor Geraldo de Fátima Oliveira venceu por 7 votos dediferença, feito que rendeu mais comentários na página demensagens.Agora, asas à imaginação.Nosso companheiro, Afrânio Gomes, prognosticou: “Vouprofetizar aqui um pouco se me dão licença, nas próximaseleições Municipais vamos ter uma candidata mulher, já estáem tempo”.Vou à frente. Peço ao leitor para voar para o ano de 2050.Trinta e oito anos à nossa frente. Uma criança que ainda nãonasceu, e que apenas virá ao mundo daqui a dez anos, estaráelaborando um estudo para conclusão do curso de doutoradoem projeção da história social. Vista de hoje, é uma moça deolhos castanhos vivíssimos, extrovertida, que contempla oauditório da universidade apinhado de gente e que o contemplade sua altura de 1 metro e 78 centímetros. Amplos seios,trajada sumariamente; com nossos olhos a julgaríamossedutora. Porém, nem ela, nem o auditório estarãopreocupados com a apresentação sedutora. Apenas quer ouvire discutir seus argumentos.Há uma banca de examinadores. A academia mantém aindano ano de 2050 esse hábito medieval de banca examinadora,porém, milhares de pessoas participam em suas salas domesmo momento, com poder de interromper a exposição ede crítica. A banca encena a tradição, mas a mesa operadora,localizada no fundo do auditório é que comanda o diálogo.A moça começa solene: “Sou Luzia. Nasci em Gouveia nodia 13 de dezembro de 2022. A pergunta principal que dirigiumeus estudos é esta. Quando eu nasci, Gouveia insistia emnão ultrapassar a casa de 12 mil habitantes. Hoje, 28 anospercorridos, não chegamos ainda a 14 mil. Gouveia não dobroua população ao longo de quase cem anos. Isto, porém, tempouca importância para a pergunta que me levou a este estudo.Minha pergunta real é esta:- Por que existe disputa entre partidos em cidades de pequenoporte? Qual a vantagem para essas cidades de secomparecerem divididas na hora de eleger seus prefeitos? Oque determina a divisão em partidos em pequenas cidades?Por que as pessoas gastam tanta energia e quase se matampara defender o candidato que apoiam?”A banca e o auditório ouvem silenciosos, mas o operador damesa de controle põe no centro aparte de um expectador dacidade de Boca do Acre:

- Luzia. Você disse de uma pergunta, mas até agora mandouquatro de uma vez. Afinal, qual é a pergunta mesmo, aquelaque interessa?- Você tem razão. Como é que se chama? Você tem razão.Para evitar essa confusão, vou pedir à mesa para exibir meuroteiro. Assim fica melhor. Vai valer só o que estiver editado.Começa a exibição do vídeo em três dimensões. Não há tela.As figuras se materializam no meio da plateia ou na frente doassistente em sua sala.- “Eu percorro em meu estudo as condições que determinamdivisões partidárias nos pequenos municípios e pergunto porque elas insistem em permanecer.”Exibe-se um mapa que percorre o Brasil de norte a sul.“Temos 5.500 municípios. Esse número aparece semmodificação desde o começo do século. A população diminui,mas o número de municípios se mantém. Oitenta por centodos municípios registram cidades com menos de 20 milhabitantes. Há municípios com população menor de 900pessoas. Mesmo assim, em todos os municípios,independentemente do tamanho, a população está divididaem partidos políticos. “Cada fala é acompanhada de gráficos e imagens ampliadasdos territórios. Luzia continua.-”Tomei como caso o município de Gouveia, em Minas Gerais.Minha terra. Ali havia sempre dois candidatos em disputa,mas esses candidatos lideravam coligações compostas poraté 11 partidos. A população local nunca soube o quesignificavam tantos partidos, mas as pessoas brigavam e seenfrentavam com toda força por uma das facções. Em anosrecentes, a população começou a se inquietar e resolveuelaborar uma lei orgânica que não fosse mais cópia – cola demodelos nariz de cera -. Nossa lei preceitua:Todos os moradores do município de Gouveia elaboramo Plano de Ação Municipal e todos se comprometem aexaminá-lo e cumprirem suas disposições. Plano é umNorte. As ações serão discutidas todos os dias e rumosserão adequados. Os moradores indicam por sorteioaqueles que consideram em melhor condição decoordenar a execução do plano. Quem não for sorteadoé sempre conselheiro e acompanhante. Os moradoresindicados comporão a Assembleia Municipal. AAssembleia terá um coordenador anual, podendo serreconduzido até três vezes, o qual responderá pelosinteresses do município externamente. A estecoordenador será dado o nome de Prefeito Municipalem atenção ao Constituição do Estado. A Assembleiacriará uma comissão de membros para compor aCâmara Municipal em atenção às leis externas queprescrevem a existência deste órgão.”- “Descobri que os partidos existem nos pequenos municípiospor dois motivos. O primeiro, para manter alianças cominteresses externos sem compromisso com a ordem local. Eo segundo, para garantir a dominação sobre as pessoas maisnecessitadas mantendo-as mobilizadas por promessas malcumpridas e pequenas prendas às quais devem seragradecidas. Para o pobre tanto faz vencer esse ou aquele,mas cada um faz acreditar que o outro pode provocar um

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Boletim Informativo da AFAGO página 21

ARTIGOSmal maior. Em Gouveia, as pessoas se deram conta de que ocargo menos importante era o de ser prefeito e que o Planode Ação Municipal somente poderia ser elaborado por todosos moradores e que isto não poderia ser aprisionado numaburocracia. Que todo mundo era responsável por viver nomunicípio; então, eleição era apenas uma ata para satisfazero “juiz de fora”. A maior descoberta de todas foi a consciênciade que todas as leis do país se comprometem nos artigosiniciais com a Justiça, mas que, no meio abrem brechas paraas práticas injustas. Então a população cuidou de fazer cumpriro que as leis ditam e prometem no início: “O interesse coletivo

está acima do interesse individual ou de grupo. Desse modo,todo mundo passou a ver o próprio interesse como contribuiçãopara o objetivo comum da Justiça.”Em seguida, foram mostradas imagens das passeatas,desafios, bandeiras, lutas judiciárias, enfrentamentos mil,foguetes, e palavras, muitas palavras que conferiam realidadeao cenário exposto. No final, viam-se crianças e idososportando uma medalha com a seguinte inscrição:“Não sei o que é inveja! Você é meu orgulho!”

2050 não está longe. O futuro é agora.

SOCIAIS

Frase Certa:Vamos passar batom naAfago.

Guido de Oliveira Araújo: 24 outubro

Raimundo Nonato de Miranda Chaves

Foto de João Alves Pereira, irmão de Geraldo eLouro Pereira, desgarrou da família e caiu na baquea-ria, de Gouveia para Curvelo, depois para São Paulo.

A foto, de 1966, me foi enviada por Wilson Pereirafilho de João e de D. Margarida Maria de Lima. Ela,por sua vez, filha de Manoel Leopoldino fornecedor

de carnes para a população de São Roberto, de bovi-nos que comprava de meu pai em Camilinho: cerca de10 animais todo mês, pagava 10 e levava outro tanto

Vejam em meu facebook o Vídeo da Festa de SantoAntônio em Gouveia no ano de 1993 - FesteiroAdelmo Antônio de Oliveira, são 11 minutos de

muita emoção23/10/2012 - Afrânio Gomes

O vídeo do Afrânio foi também compartilhado noFacebook pelo grupo “Comissão Mineira de Folclore”

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Boletim Informativo da AFAGO página 22

SOCIAIS

Irmandade perma-nente

Família consistente!

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Boletim Informativo da AFAGO página 23

Aniversariantes

Cavalgada chega ao Cemitério do Peixe - foto de Ismar Antunes deOliveira

Outubro02 – João Batista de Miranda05 - Cleuber Alves Monteiro Júnior05 - Luiz Flávio Cardoso de Oliveira07- Maria Terezinha Santos09 - Gisele de Miranda Abreu10 - Neuber Rodrigo Pereira13 - Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro15- Clemilson Alves Monteiro16 – Maria José de Miranda17 - Audrey Regina P. Carvalho Oliveira19 - Gilmar Miranda20 – Jacqueline Stefanie Miranda22 - Raul Martins de Oliveira26 - Aguinaldo Antônio Rodrigues28 - Laenne Oliveira Santos29 - Terezinha Rosa Ferreira31 – Geraldo Fabiano Chaves (Bibi)

Novembro01 – Serafim Antônio de Souza04 - Claudinei Almeida Oliveira05 - Marcus Vinícius de Miranda06 - Bernardo Antônio de Miranda07 - Ivone de Lourdes de Oliveira10 - Tácio Linhares18 - Werly Oliveira15 - Maria do Carmo de Miranda20 - Neuza de Miranda Ribas22 - Alvanir Alves de Lima26 - Joissy Cristiane Machado27 - João Vitor de Miranda

Dezembro

01 - Fernando Elói de Almeida01 - Rita Alves Ferreira (Dona Ritinha)03 - Lucimar Antônio de Souza04 - Adelaide Aparecida Rodrigues Souza05 - Cláudia Aparecida Caetano07 - Lucas Elesbom da Silva Miranda07 - Alberto Luiz Viana Cardoso07 - Alberone Oliveira09 - Cleider Gonoring Monteiro12 - Lenard Abaeté de Oliveira12 - Gil Martins de Oliveira13 – Luzia Moreira Reis17 - Marina Miranda de Ávila Oliveira

19 - Clara Bittencourt22 - Marcos Brum Ribas22 - Nilberto Santos23 - Guido de Oliveira Araújo29 - David de Jesus Cassimiro31 - Caio Ribas Regis

Parabéns!

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REMETENTEAFAGO - Associação dos Filhose Amigos de GouveiaAvenida Amazonas 115 - sala1709

CEP: 30.180 - 000 - BELO HORI-ZONTE - MG

IMPRESSO

Boletim da AFAGOÓrgão Informativo da Associação do Filhos e Amigosde GouveiaAno V – N ° 05-12 - Setembro-Outubro 2012.www.afagouveia.org.br

Diretor Responsável – Raimundo Nonato de MirandaChavesEditoração Gráfica: José Moreira de SouzaCrédito das Fotos: Raimundo Nonato de MirandaChaves, Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro, ArquivoAfonso Ferreira Brasil, Ismar Antunes de Oliveira eJosé Moreira de Souza

Diretoria da AFAGOPresidente de Honra: Waldir de Almeida Ribas inMemoriamPresidente: Raimundo Nonato de Miranda ChavesSecretário: Guido de Oliveira AraújoDiretor de Finanças: Adilson NascimentoPatrocinadores:Diretores da AFAGOComissão EditorialGuido de Oliveira Araújo.José Moreira de SouzaRaimundo Nonato de Miranda Chaves

Era Espinho, agora é Flor!