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Dentro de suas atividades institucionais, os diretores Franke Dijkstra e Manoel H. Pereira, respecti- vamente presidente e tesoureiro da Fe- deração, estiveram em audiência com o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abas- tecimento Reinhold Stephanes, no dia 12 de março, em Brasília. Presentes tam- bém o Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Marcio Portocarrero e Welington Almeida, da Secretaria de Política Agrícola. Na oportunidade, foi levado, atra- vés de documento, o descontentamen- to pela medida adotada pelo Conselho Monetá- rio Nacional-CMN-com o aval da Secretaria de Política Agrícola do MAPA, suspendendo os in- centivos concedidos aos produtores de milho , soja, trigo e cevada, que praticam o Sistema de Plantio Direto na Palha, na contratação do seguro oficial de credito ( PROAGRO). Foi colocado que a medida, além do prejuizo financeiro e psi- cológico causado aos produtores que adotam o SPD, demonstra o descaso dado ao trabalho rea- lizado pelos produtores, pesquisa, extensão e a própria Federação, ao longo dos últimos 35 anos, e que tantos benefícios trazem a agricultura sus- tentável. Foi solicitada revisão da medida adotada e que outras sejam implementadas, incentivadoras ao uso desta prática, dentre as quais: Opinião Ricardo Ralisch 2º Secretário da FEBRAPDP Engº Agrº, Professor da UEL A forma como o Sistema de Plantio Direto se desen- volveu no Brasil é bastante peculiar e de grande amplitu- de, sendo, provavelmente, a única experiência no mun- do de uma atividade econômica e de livre iniciativa verdadeiramente sustentável, por ser economicamente viável, ambientalmente correta e podendo ser social- mente justa. Da forma como seus conceitos se consa- graram, não há distinção de atividade agropecuária, nem de tamanho de propriedade para que o sistema seja bem sucedido. Para tanto, muitos desafios foram vencidos e muitos outros certamente virão. É fundamental que todas as pessoas envolvi- das na adoção do Sistema de Plantio Direto se conscientizem e se lembrem de que a atividade agropecuária interage com a natureza, tornando esta atividade muito dinâmica e fazendo com que as con- dições existentes em cada safra sejam particulares, ou seja, não se repetem. Esta foi uma das primeiras lições aprendidas pelos pioneiros na adoção do sis- tema e que precisa ser sempre lembrada para que se evitem graves erros. Hoje, podemos definir esta necessidade de acom- panhar todas as etapas do sistema e em todas as situações existentes como gestão do sistema. E toda gestão, para ser bem sucedida, exige informações. Mas não qualquer informação, esta deve ser obrigato- riamente de boa procedência e atualizada. Definitiva- mente não há mais espaço para as famosas receitas; para se produzir adequadamente é preciso estudar e avaliar caso a caso e safra a safra. Temos visto que grande parte dos problemas ocorridos com a adoção do Sistema de Plantio Direto deriva da inadequada adoção das recomendações ou da errônea interpretação da situação, recomen- dando práticas inadequadas. Portanto, um erro de gestão ou de gerenciamento. Para que haja uma boa quantidade de informa- ções confiáveis que apoiarão a tomada de decisão correta, independentemente da atividade agropecuária avaliada ou sua fase de desenvolvimento, é impor- tante que haja um monitoramento das condições des- ta atividade. Este monitoramento deve ser contínuo e permanente. A quantidade de informações monitoradas e os procedimentos adotados para tal variam bastante e devem ser adequados à atividade e à dimensão desta atividade. Por exemplo, o acompanhamento da sanidade de uma lavoura, do seu estado nutricional e da qualidade física e química do solo onde esta lavou- ra está implantada pode ser feita pelo próprio produtor, em pequenas áreas de exploração. Para áreas maio- res e para atividades muito diversificadas, o produtor deve contar com o apoio externo para tal monitoramento, lançando mão de um serviço técnico especializado para tal, cada vez mais disponível no mercado e adequados à dimensão da atividade. Portanto, um Sistema de Plantio Direto na Palha, empregado com qualidade, também exige gestão e monitoramento. Desta forma, evitaremos os proble- mas ocorridos, como retorno da erosão e o desequilíbrio nutricional do perfil do solo. O Sistema de Plantio Direto na Palha empregado com qualidade minimiza tais problemas e, para tanto, além da gestão e da informação exige a formação. As pessoas envolvidas no processo produtivo e na adoção do SPDP devem estar em contínua capacitação e atualização. O aumento da capacidade de gestão e a contínua capacitação das pessoas para adoção de um SPDP com qualidade é o que propiciam os encontros organiza- dos pela Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha e a 11ª edição está sendo preparada para acontecer em Londrina, no Paraná, entre os dias 2 e 4 de julho deste ano, voltado aos produtores, técnicos, estudantes e co- munidade interessada. Participem e mantenham-se com- petentes para a atividade agropecuária. Boletim Informativo FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PLANTIO DIRETO NA PALHA Associada a CAAPAS - Confederación de Asociaciones Americanas para la Agricultura Sustentable Ano 7 Número 31 Janeiro a Março / 2007 Taxa de juros diferenciada para custeio agrícola aos usuários do SPDP; Maior prazo de financiamento para a aquisição de equipamentos agrícolas aos usuários do SPDP; Política de preços mínimos diferencia- da aos comprovadamente usuários do SPDP ; Incentivo à criação de um Centro Naci- onal de Excelência em Plantio Direto . O documento foi bem aceito, devendo desenca- dear estudos de viabilidade, nas áreas responsáveis. Os diretores também aproveitaram a ocasião para entregar convite oficial ao Ministro, para a Abertura do 11º Encontro Nacional De Plantio Di- reto na Palha, que a Federação promove em Lon- drina, PR. no período de 02 a 04 de julho de 2008. A G E N D E - S E

Boletim Informativo FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PLANTIO … · 2010-04-21 · das na adoção do Sistema de Plantio Direto se ... Herbert Bartz Vice-presidentes: Felisberto Dornelles-RS

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Dentro de suas atividadesinstitucionais, os diretores FrankeDijkstra e Manoel H. Pereira, respecti-vamente presidente e tesoureiro da Fe-deração, estiveram em audiência com oMinistro da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento Reinhold Stephanes, no dia12 de março, em Brasília. Presentes tam-bém o Secretário de DesenvolvimentoAgropecuário e Cooperativismo, MarcioPortocarrero e Welington Almeida, daSecretaria de Política Agrícola.

Na oportunidade, foi levado, atra-vés de documento, o descontentamen-to pela medida adotada pelo Conselho Monetá-rio Nacional-CMN-com o aval da Secretaria dePolítica Agrícola do MAPA, suspendendo os in-centivos concedidos aos produtores de milho ,soja, trigo e cevada, que praticam o Sistema dePlantio Direto na Palha, na contratação do segurooficial de credito ( PROAGRO). Foi colocadoque a medida, além do prejuizo financeiro e psi-cológico causado aos produtores que adotam oSPD, demonstra o descaso dado ao trabalho rea-lizado pelos produtores, pesquisa, extensão e aprópria Federação, ao longo dos últimos 35 anos,e que tantos benefícios trazem a agricultura sus-tentável.

Foi solicitada revisão da medida adotada e queoutras sejam implementadas, incentivadoras ao usodesta prática, dentre as quais:

OpiniãoRicardo Ralisch

2º Secretário da FEBRAPDPEngº Agrº, Professor da UEL

A forma como o Sistema de Plantio Direto se desen-volveu no Brasil é bastante peculiar e de grande amplitu-de, sendo, provavelmente, a única experiência no mun-do de uma atividade econômica e de livre iniciativaverdadeiramente sustentável, por ser economicamenteviável, ambientalmente correta e podendo ser social-mente justa. Da forma como seus conceitos se consa-graram, não há distinção de atividade agropecuária, nemde tamanho de propriedade para que o sistema seja bemsucedido. Para tanto, muitos desafios foram vencidos emuitos outros certamente virão.

É fundamental que todas as pessoas envolvi-das na adoção do Sistema de Plantio Direto seconscientizem e se lembrem de que a atividadeagropecuária interage com a natureza, tornando estaatividade muito dinâmica e fazendo com que as con-dições existentes em cada safra sejam particulares,ou seja, não se repetem. Esta foi uma das primeiraslições aprendidas pelos pioneiros na adoção do sis-tema e que precisa ser sempre lembrada para quese evitem graves erros.

Hoje, podemos definir esta necessidade de acom-panhar todas as etapas do sistema e em todas assituações existentes como gestão do sistema. E todagestão, para ser bem sucedida, exige informações.Mas não qualquer informação, esta deve ser obrigato-riamente de boa procedência e atualizada. Definitiva-mente não há mais espaço para as famosas receitas;para se produzir adequadamente é preciso estudar eavaliar caso a caso e safra a safra.

Temos visto que grande parte dos problemasocorridos com a adoção do Sistema de Plantio Diretoderiva da inadequada adoção das recomendaçõesou da errônea interpretação da situação, recomen-dando práticas inadequadas. Portanto, um erro degestão ou de gerenciamento.

Para que haja uma boa quantidade de informa-ções confiáveis que apoiarão a tomada de decisãocorreta, independentemente da atividade agropecuáriaavaliada ou sua fase de desenvolvimento, é impor-tante que haja um monitoramento das condições des-ta atividade. Este monitoramento deve ser contínuo epermanente. A quantidade de informações monitoradase os procedimentos adotados para tal variam bastantee devem ser adequados à atividade e à dimensãodesta atividade. Por exemplo, o acompanhamento dasanidade de uma lavoura, do seu estado nutricional eda qualidade física e química do solo onde esta lavou-ra está implantada pode ser feita pelo próprio produtor,em pequenas áreas de exploração. Para áreas maio-res e para atividades muito diversificadas, o produtordeve contar com o apoio externo para talmonitoramento, lançando mão de um serviço técnicoespecializado para tal, cada vez mais disponível nomercado e adequados à dimensão da atividade.

Portanto, um Sistema de Plantio Direto na Palha,empregado com qualidade, também exige gestão emonitoramento. Desta forma, evitaremos os proble-mas ocorridos, como retorno da erosão e odesequilíbrio nutricional do perfil do solo.

O Sistema de Plantio Direto na Palha empregadocom qualidade minimiza tais problemas e, para tanto,além da gestão e da informação exige a formação.

As pessoas envolvidas no processo produtivoe na adoção do SPDP devem estar em contínuacapacitação e atualização.

O aumento da capacidade de gestão e a contínuacapacitação das pessoas para adoção de um SPDPcom qualidade é o que propiciam os encontros organiza-dos pela Federação Brasileira de Plantio Direto na Palhae a 11ª edição está sendo preparada para acontecer emLondrina, no Paraná, entre os dias 2 e 4 de julho desteano, voltado aos produtores, técnicos, estudantes e co-munidade interessada. Participem e mantenham-se com-petentes para a atividade agropecuária.

Boletim Informativo

FEDERAÇÃO BRASILEIRA DEPLANTIO DIRETO NA PALHA

Associada a CAAPAS - Confederación de Asociaciones Americanas para la Agricultura Sustentable

Ano 7 Número 31 Janeiro a Março / 2007

Taxa de juros diferenciada para custeioagrícola aos usuários do SPDP;

Maior prazo de financiamento para aaquisição de equipamentos agrícolasaos usuários do SPDP;

Política de preços mínimos diferencia-da aos comprovadamente usuários doSPDP ;

Incentivo à criação de um Centro Naci-onal de Excelência em Plantio Direto .

O documento foi bem aceito, devendo desenca-dear estudos de viabilidade, nas áreas responsáveis.

Os diretores também aproveitaram a ocasiãopara entregar convite oficial ao Ministro, para aAbertura do 11º Encontro Nacional De Plantio Di-reto na Palha, que a Federação promove em Lon-drina, PR. no período de 02 a 04 de julho de 2008.

AGENDE-SE

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Boletim Informativo Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha2

Boletim Informativo da FederaçãoBrasileira de Plantio Direto naPalha (FEBRAPDP).Instituída em 20/02/1992Entidade de Utilidade PúblicaFederal (Proc.MJ 15630/97-32)DOU 116-22/06/98Associada a Confederación deAsociaciones Americanas parala Producción AgropecuáriaSustentable

Presidente:Franke Dijkstra

Diretor honorárioHerbert Bartz

Vice-presidentes:Felisberto Dornelles-RSFlávio Faedo-GOHilário Daniel Cassiano-SCJoão Angelo Guidi Jr.-MGLeonardo Coda-SPLuiz Carlos Roos-MSRenato Faedo-BAWillem B. Bouwman-PR

1º secretário:Ivo Mello

2º secretário:Ricardo Ralisch

1º tesoureiro:Manoel Henrique Pereira

2º tesoureiro:Benami Bacaltchuk

Diretor-executivo:Maury Sade

Produção:Eng. agr. Bady Cury, assessortécnico da FEBRAPDPEng. agr. Lutécia Beatriz Canalli,Emater-PR/FEBRAPDP

Jornalista responsável:Luciana AlmeidaMtb. 5347-PR

Diagramação:Matusalem Vozivoda

Impressão:Kugler Artes Gráficas

Endereço:Rua Sete de Setembro, 8002o andar. Conjunto 201, centroPonta Grossa-PRTel/fax: (42) 3223-9107CEP: 84010-350e-mail: [email protected]: www.febrapdp.org.br

EXPEDIENTE O Brasil tem uma dívida enorme com trêshomens. Sem eles não estaríamos batendo

recordes de produção e produtividadeFonte: A Granja

O Brasil também tem os seusheróis. Alguns nem tão heróisassim, ainda que tenham se tor-nado com rapidez nomes de ruas,praças e até cidades. Realmente,a história é contada pelos vence-dores. E há, ainda, os notáveiscontemporâneos, os heróis damídia, que estão no noticiário diaapós dia por ações nem um pou-co dignas. Vide Fernandinho Bei-ra Mar, João Pedro Stedile, asFarcs, Renan Calheiros e assimpor diante. A lista é imensa, doOiapoque ao Chuí, passando, éclaro, pelo Planalto Central. Mas,e os heróis anônimos, aqueles derala atenção da imprensa cotidia-na, aqueles que nunca ou rara-mente recebem reconhecimentopúblico? Por que nunca aparecemnos jornais nacionais? E são mui-tos, nas mais diversas atividades.

A agricultura igualmente podeincensar os seus heróis (os deverdade). Homens e mulheresque fizeram da Nação esta reco-nhecida potência agrícola. Ficamuito difícil apontar os mais im-portantes, mas não seria um equí-voco listar três nomes: HerbertBartz, Nonô Pereira e FrankDijkstra. Os três paranaenses es-

tão na gênese do plantio diretona palha no Brasil, o sistema quesalvou a agricultura deste País deum colapso chamado erosão. Sãoinúmeros e, felizmente, de domí-nio generalizado da maioria, asvantagens do sistema de plantioque não mexe com o solo e, as-sim, o eterniza para cultivos agrí-colas. A agricultura brasileira se-ria outra não fosse a implantaçãodo chamado “SPD” no início dosanos 1970.

Bartz, de Rolândia, foi o pre-cursor. E começou tudo com mui-ta coragem, afinal chegou a serchamado de louco ao implementaro plantio sem arados e grades.Uma afronta aos conhecimentosagrícolas daqueles tempos. Doisanos depois, nos Campos Geraisdo Paraná, Nonô Pereira e FrankDijkstra aderiram ao sistema. Eestes trataram de difundi-lo pelaregião, Estado e País. Foi pelaconvicção e insistência deles quea técnica ganhou as lavouras doBrasil. Hoje, mais de 25 milhõesde hectares são plantados destaforma, beneficiando as mais vari-adas culturas, de soja a tomate,de milho a cebola.

Bartz, Nonô e Dijkstra são

muito mais importantes para aagricultura brasileira do que sepossa imaginar. Felizmente, nosmeios agrícolas recebem as mere-cidas distinções. Seja pela impren-sa especializada, seja pelas segui-das comendas conferidas a elespor instituições idôneas. Afinal,foram homens que acreditaram, àépoca, no desconhecido, mesmocom a desconfiança de tantos.Como se diz, “craque é aquele queacerta o alvo que ninguém atin-ge; gênio é aquele que enxerga oalvo onde ninguém o visualiza”.Bartz, Nonô e Dijkstra viram o alvoonde a massa não tinha a menornoção que existia. Nonô, porexemplo, na época investiu numapesada e desajeitada plantadeiradireta de escassos recursos, queprecisou de muitos ajustes na ofi-cina da fazenda para realmenterealizar o plantio direto. Hoje, éreferência internacional quando oassunto é plantio direto na palha.Recebe interessados de todos osidiomas. Dijkstra, holandês natu-ralizado brasileiro, tem na Fazen-da Frankanna um exemplo nacio-nal de uma propriedade modelo,em cultivo, criação egerenciamento.

Manoel Henrique Pereira, Franke Dijkstra e Herbert Bartz

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Boletim Informativo Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha 3

Febrapdp realiza 11º EncontroNacional de Plantio Direto na Palha

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas com desconto até 30 de maioCom o objetivo principal de pro-

piciar maior conscientização e co-nhecimento aos produtores, profis-sionais e acadêmicos, com informa-ções sobre os avanços obtidos,possibilitando-os atuar na preser-vação dos recursos naturais, atra-vés da implementação de uma agri-cultura sustentável, a FederaçãoBrasileira de Plantio Direto na Palha(Febrapdp) realiza o 11º Encontro

Nacional de Plantio Direto na Palha.O evento acontece de 2 a 4 de

julho na Sociedade Rural do Paraná,em Londrina, Paraná. As inscriçõesjá estão abertas e podem ser feitas,com desconto, até 30 maio. Nestecaso, para profissionais e produ-tores o investimento é de R$ 230.Estudantes pagam R$ 200. O valorda inscrição inclui livro de resumodas palestras, pasta, crachá, certi-

ficado, acesso às plenárias, coque-tel de abertura, coffee break e doisalmoços no local do evento.

Mais informações pelos tele-fones (42) 3225-9094 e (42) 3223-9107, através dos [email protected] [email protected], ou pelossites www.princesseventos.com.bre www.febrapdp.org.br/encon-tros/11ENPDP.

DIA 02/07 – QUARTA-FEIRAHorário Atividade09:00-14:00 Inscrições e entrega de material14:00-15:55 Painel de debate: Sustentabilidade ambiental e o SPDP14:00-15:30 ••••• Qualidade no SPDP – rumo a certificação

Afonso Peche Filho, CEA/IAC, Campinas-SP••••• Aquecimento global e o impacto na agriculturaHilton Silveira Pinto, CEPAGRI/UNICAMP, Campinas-SP••••• Créditos de carbono e o sistema plantio direto – uma oportu-nidade a ser conquistadaCarlos Eduardo Cerri, ESALQ, Piracicaba-SP

15:30-15:40 Debatedores15:40-15:55 perguntas15:55-16:10 Intervalo16:10-18:05 Painel de debate: Integração lavoura-pecuária em SPDP16:10-17:40 ••••• Integração Lavoura-Pecuária em plantio direto: tecnologia

brasileira e competitivaAlysson Paulinelli, Ex-Ministro, Eng. Agr. e produtor rural••••• Integração Lavoura-Pecuária-Floresta na condição de climatropicalRamon Costa Alvarenga, Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lago-as-MG••••• A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta na condição de climasubtropicalSérgio Alves, IAPAR, Londrina-PR

17:40-17:50 Debatedores17:50-18:05 perguntas19:30-20:00 Abertura Oficial do Evento20:00-21:00 Conferência de abertura: Competitividade e sustentabilidade

– o desafio do agricultor do século XXIXico Graziano, Secretário de Estado do Meio Ambiente,São Paulo

21:00 hs CoquetelDIA 03/07 – QUINTA-FEIRA

08:00-12:30 Painel de debate: Manejo de culturas em SPDP08:00-09:30 Bloco I

••••• Desafio da produção de palha para o sistema plantio direto nacondição tropicalGessi Ceccon, Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados-MS••••• Culturas potenciais para a produção de bioenergia e a rotaçãode culturas no SPDPAdemir Calegari, IAPAR, Londrina-PR••••• Plantio direto de feijão nas várzeas tropicais – o caso doTocantinsHomero Aidar, Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio deGoiás-GO

09:30-09:40 Debatedores09:40-09:55 Perguntas09:55-10:10 Intervalo para café10:10-10:30 Manejo de resistência das plantas aos herbicidas no plantio

diretoLieselotte Dechandt, Syngenta Proteção de Cultivos Ltda

10:30-12:00 Bloco II· Produção de cana de açúcar em SPDPOswaldo Tanimoto, Eng. Agr. e Produtor rural, Aramina-SP· Produção de hortaliças em SPDPJamil Fayad, EPAGRI, Ituporanga-SC

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO TÉCNICA· Produção de café em SPDPLuiz Roberto Saldanha Rodrigues, Eng. Agro e Produtor rural,Jacarezinho-PR

12:00-12:10 Debatedores12:10-12:30 Perguntas12:30-14:00 Intervalo para o almoço14:00-18:30 Painel de debate: Manejo do solo em SPDP14:00-15:30 Bloco I

••••• A vida no solo no SPDP - macro, meso e microfauna, suasfunções e importânciaGeorge Gardner Brown, Embrapa Florestas, Curitiba-PR••••• Dinâmica da matéria orgânica e fertilidade química do soloPedro Machado, Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio deGoiás-GO••••• Dinâmica da matéria orgânica e estabilidade estrutural do soloGraziela Moraes de Cesare Barbosa, IAPAR, Londrina-PR

15:30-15:40 Debatedores15:40-15:55 Perguntas15:55-16:10 Intervalo para café16:10-16:30 Espaço Monsanto16:30-18:00 Bloco II

••••• Correção da acidez do solo no SPDPEduardo Fávero Caires, UEPG, Ponta Grossa-PR••••• Compactação do solo no SPDP: causas, níveis críticos e soluçõesMilton da Veiga, EPAGRI, Campos Novos-SC••••• Manejo da enxurrada e eficiência no uso da água no SPDPJosé Eloir Denardin, Embrapa Trigo, Passo Fundo_RS

18:00-18:10 Debatedores18:10-18:30 Perguntas18:30-20:00 Painel de debate: Biotecnologia e o Plantio Direto – solução

ou dependência?Moderador: a definirPainelistas:Valter Bianchini, Secretário de Estado da Agricultura e Abasteci-mento do ParanáAlda Lerayer, Dir. Exec. Conselho de Informa-ção sobre BiotecnologiaRubens Onofre Nodari, Prof. E Pesqui-sador da UFSC, Florianópolis-SCJosé Maria da Silveira, Prof.E Pesquisador da UNICAMP, Campinas-SPJoão Shimada –Eng. Agr., Grupo Maggi Almir Rebelo – Eng. Agr. e produtorrural, Presidente CAT Tupanciretã-RS

DIA 04/07 – SEXTA-FEIRA08:00-08:45 Palestra: Gestão do Agronegócio - Mecanismos de proteção de

preços agropecuáriosJoão Pedro Cuth Dias, BMF, Campo Grande-MS

08:45-09:00 Perguntas09:00-09:20 Espaço Dow AgroSciences09:20-09:40 Intervalo para café09:40-10:40 Painel de debate: Plantio Direto - Problemas e soluções na

visão do produtorJosé Paulo Boni, Goiás Verde, Cristalina-GOIngbert Döwich,Presidente da APDC, Luis Eduardo Magalhães-BAValdineiDonato, CAT de São Luiz Gonzaga, RS

10:40-10:50 Debatedores10:50-11:10 Perguntas11:10-12:10 Conferência de encerramento: Agronegócio e o Brasil no

contexto mundial(aguardando confirmação)12:00-12:30 EncerramentoObs: A programação pode sofrer alterações sem aviso prévio.

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Boletim Informativo Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha4

A cada ano a sociedade está mais cons-ciente da gravidade dos problemasambientais que afetam o planeta. Dentre asatividades econômicas, a agricultura contri-bui com uma boa parte dos impactosambientais existentes. No Brasil, desde oséculo passado, as áreas agrícolas sofremos efeitos de uma exploração primitiva comatividades extrativistas que expõem o soloà compactação e às chuvas torrenciais ge-rando erosão e contaminação dos mananci-ais, além de um desmatamento irracionalque gera degradação e perdas debiodiversidade.

Ë importante salientar que, atualmente,uma grande extensão de terras brasileirasvem sendo ocupada por uma agricultura ba-seada na mais tropical das tecnologias que éo Sistema de Plantio Direto na Palha (SPDP),cujo potencial mitigador de impactosambientais é inquestionável. A produçãoagrícola no sistema de plantio direto na palhatambém produz impactos, mas, quem o ado-ta, vem aprimorando o modelo de gestão emuitos agricultores já produzem áreas commais impactos ambientais positivos do queimpactos ambientais negativos e, conse-qüentemente, com um saldo positivo, rumampara uma agricultura realmente sustentável.

Modelos de gestão como estes, prati-cam o conceito de desenvolvimento susten-tável norteado pelo equilíbrio entre a respon-sabilidade social, econômica e ambiental.Essa atuação vai atender à sociedade maisconsciente, que exige uma agriculturacompromissada com a sustentabilidade, etambém quer saber qual é a origem do pro-duto agrícola; essa sociedade valoriza oambientalmente correto e o socialmente jus-to, faz opção de compra e, portanto, financiaprodutos com a natureza de produção gera-da por modelos que comprovem suas estra-tégias operacionais sustentáveis. Todos es-ses fatos indicam que o grande desafio parao produtor que adota o SPDP, e se diferenciapelo modelo de gestão, é comprovar para omercado que realmente é diferenciado e me-rece receber por isso.

À luz do desenvolvimento atual, acertificação é o caminho mais lógico paraessa comprovação e, para tanto, necessitade diretrizes, regras e entidades responsá-veis pela emissão de laudos e atestados.Esse texto tem como objetivo subsidiar adiscussão sobre a gestão da qualidade, ges-tão ambiental e a necessidade da certificaçãode produtores que se diferenciam com ado-ção do SPDP.

Sistema da Qualidade em PlantioDireto na Palha

A filosofia da qualidade como base ad-ministrativa de propriedades agrícolas vemsendo adotada lentamente por agricultoresconsiderados “de ponta”, e a estrutura detodo o desenvolvimento envolve dois as-pectos básicos: normas para garantia daqualidade e normas para a gestão de qua-lidade.

A garantia da qualidade é constituídapor um conjunto de atividades, planejadas esistemáticas, consideradas necessárias paraprover a adequada confiança de que a ex-ploração agrícola vem sendo conduzida dentrodos requisitos de qualidade que atenderá umverdadeiro plantio direto na palha. Inclui-senessas atividades a garantia da qualidadeexterna e a garantia da qualidade. A qualida-de externa vem da garantia de que os forne-cedores de insumos, máquinas e outros pro-dutos atendam os requisitos declarados emprogramas de qualidade. A qualidade internavem da garantia de que os proprietários e

Afonso Peche Filho*

Qualidade e gestão ambiental no sistema deplantio direto – diretrizes para a certificação

funcionários executam ações planejadas esistemáticas capazes de atender, de formapreventiva, às exigências de procedimen-tos e padrões da qualidade.

A gestão da qualidade envolve açõesde planejamento, de controle e aprimoramentoda qualidade, a partir de políticas e objetivosestabelecidos pela administração com a res-ponsabilidade executiva sobre o Sistema deQualidade. Requer organização e flexibilida-de para poder servir como base de avalia-ção e aprimoramento contínuo de produtos,operações e processos envolvidos.

Um Sistema da Qualidade em PlantioDireto na Palha deve ser capaz de prover agarantia da qualidade ambiental da produçãoaos clientes e a própria administração dapropriedade.

Sistema de Gestão Ambiental no PDPA garantia da preservação do ambiente

nas atividades produtivas tem influenciadofortemente no ajuste competitivo das empre-sas agrícolas, principalmente naquelas queoperam com commodities. O mercado inter-nacional tem exigido a prática do desenvol-vimento sustentável e, com isso, a compro-vação do aprimoramento de processos degestão, de forma a garantir aos consumido-res que os serviços e a produção agrícolautilizem cada vez menos recursosambientais não renováveis e insumos dealto risco para poluição.

Um Sistema de Gestão Ambiental (SGA)pode ser definido como um conjunto de dire-trizes administrativas, gerenciais eoperacionais que se completam e se contro-lam de forma sistemática e planejada com oobjetivo de mitigar e minimizar os impactosambientais negativos de uma empresa. UmSGA aplicado na produção agrícola com plan-tio direto na palha tem como objetivo conse-guir que os efeitos ambientais negativos nãoultrapassem a capacidade de carga do meioonde se encontra a lavoura, obtendo umaexploração agrícola do local de maneira sus-tentável.

O desenvolvimento de modelos de ges-tão ambiental em sistemas de produção agrí-cola no plantio direto está diretamente vincu-lado ao cumprimento da legislação ambientalde caráter federal, estadual e municipal, bemcomo, com as diretrizes de boas práticasagrícolas preconizadas por programas comoo da Produção Integrada, patrocinado peloMinistério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento (MAPA).

Analisando a norma NBR ISO14004podemos dizer que de uma maneirasimplificada um SGA no PDP deve cumprircinco requisitos:A) Comprometimento e liderança do proprie-

tário;B) Planejamento no cumprimento das diretri-

zes;C) Implementação e operação com desen-

volvimento de mecanismos ecapacitação dos funcionários;

D) Medição e Avaliação de indicadores quepossam garantir o funcionamento do sis-tema;

E) Análise Crítica e Melhoria Contínua paraaperfeiçoamento constante do sistema

Conceitos básicos para certificaçãono SPDP.

Ë fato que, atualmente, para clientes,consumidores e investidores a responsabili-dade ambiental relativa aos produtos e ser-viços é um requisito básico de permanênciade uma empresa no mercado. Esperam queas organizações cumpram as normasambientais e demonstrem o seu compro-

misso com o meio ambiente em todas assuas ações cotidianas. Ë fato também, queestas exigências são oportunidades para asempresas agrícolas eliminarem resíduos, ris-cos e custos desnecessários, ao mesmotempo em que reforçam os seus valoresquanto à proteção do meio ambiente.

O consenso internacional reunido emtorno de normas ambientais como as dasérie ISO 14000 prestigia a reputação dequalquer organização, apoiando o cum-primento da legislação ambiental e asações para redução dos riscos de impac-tos ambientais negativos. Demonstrar umreal compromisso com o meio ambientee melhorar a visibi l idade frente àcompetitividade do mercado pode trans-formar os valores da empresa agrícolaexternamente, possibilitando novas opor-tunidades de negócio com cl ientesambientalmente conscientes e, também,pela competitividade alcançada atravésda redução de custos; internamente podemelhorar o ambiente de trabalho, a éticae a motivação dos colaboradores.

Para demonstrar todo o empenho e ade-quação das atividades às normas de quali-dade e gestão ambiental, a propriedade queadota o SPDP precisa passar por uma ava-liação de conformidade que, segundo oInstituto Nacional de Metrologia, Normaliza-ção e Qualidade Industrial (INMETRO) é umprocesso sistematizado, com regras pré-estabelecidas, devidamente acompanhadoe avaliado, de forma a propiciar adequadograu de confiança de que um produto, pro-cesso, serviço ou ainda um profissional, aten-dem a requisitos pré-estabelecidos em nor-mas e regulamentos. O INMETRO é o orga-nismo credenciador oficial do Sistema Bra-sileiro de Avaliação da Conformidade(SBAC), onde os programas obedecem apráticas internacionais, baseadas em requi-sitos da International Organization forStandardization (ISO), entidadenormalizadora internacional. A certificaçãoé um dos mecanismos da avaliação da con-formidade.

A certificação, segundo a Associa-ção Brasileira de Normas Técnicas(ABNT), é um conjunto de atividades de-senvolvidas por um organismo, indepen-dente da relação comercial, com o objeti-vo de atestar publicamente, por escrito,que determinado produto processo ou ser-viço está em conformidade com os requi-sitos especificados. A certificação pode serentendida como uma atividade formal rea-lizada, por uma certificadora credenciadano INMETRO, para atestar que uma pro-priedade agrícola, parte dela ou determi-nados produtos estão em conformidadecom alguma norma específica. Certificarconsiste em utilizar um conjunto de regrasque permitam auditar um sistema, proces-so, produto ou resultado de forma a atestarou assegurar que os mesmos estão emconformidade para atender preocupaçõessociais e em condição de estabelecer umarelação de confiança com o usuário ouconsumidor.

A certificação deve assegurar a quali-dade ou a natureza da gestão. Portanto po-demos afirmar que certificar o SPDP con-siste em auditar a veracidade de informa-ções pertinentes à propriedade agrícola exa-minada.

De acordo com INMETRO são três as

etapas do processo de certificação:1a etapa: Pré-avaliação

- Solicitação da certificação pela propriedadeagrícola interessada;

- Análise do processo pelo organismo decertificação (certificadora credenciada);

- Visita preliminar do organismo à proprieda-de agrícola;

- Preparação da auditoria pelo organismo decertificação.2a etapa: Avaliação

- Reunião entre equipes de auditores e osproprietários ou gerentes da proprieda-de agrícola interessada (para que aempresa conheça os procedimentos daauditoria e defina os canais e responsa-bilidade);

- Realização da auditoria;- Nova reunião. Indicação de não conformi-

dade. Recomendação ou não dacertificação;3a etapa: Pós-avaliação

- Análise do relatório de auditoria pelo orga-nismo de certificação;

- Emissão do certificado e contrato;- Acompanhamento do desempenho (atra-

vés de re-certificação periódica).Se a propriedade agrícola obtiver o cer-

tificado deverá receber os seguintes docu-mentos:- Relatório de auditoria;- Informe de não-conformidades;- Certificado de conformidades e anexos;- Procedimento para a utilização do símbolo

da empresa certificada;A certificação tem acompanhamento

constante. O organismo de certificação temo poder suspender, cancelar ou revogar ocertificado obtido.

Considerações finaisNão há dúvida sobre a importância es-

tratégica de se certificar propriedades agríco-las que têm no Sistema de Plantio Direto naPalha um referencial contínuo de melhoria dedesempenho na qualidade de suas ativida-des, bem como na melhoria contínua do seumodelo de gestão ambiental.

A certificação é fundamental como ativi-dade de avaliação da conformidade dos sis-temas de produção cuja natureza vemnorteada pela prática da responsabilidadesocial, ambiental e econômica.

As bases para uma “nova” agriculturabrasileira têm na certificação de proprieda-des que adotam o SPDP o caminho maiscurto para definir um modelo de produçãosustentável que atenda às premissas deexploração agrícola em áreas tropicais esubtropicais do Brasil.

A ABNT vem atuando em Certificações,desenvolvendo Programas de Certificaçãonas diversas áreas de interesse da socieda-de, conforme os modelos internacionais acei-tos e estabelecidos no âmbito do Comitê deAvaliação da Conformidade - CASCO - daISO.

O Centro APTA de Engenharia eAutomação, do Instituto Agronômico de Cam-pinas, vem pesquisando e selecionando in-dicadores de qualidade para operações agrí-colas e desempenho ambiental que possampassar pelos critérios do Comitê Brasileirode Certificação, pelos crivos do INMETRO ecompor metodologias de auditoria e avalia-ção da conformidade dos sistemas de pro-dução agrícola harmoniosas com as normasda ABNT.

* Afonso Peche Filho é pesquisador científico do Centro APTA deEngenharia e Automação – Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

[email protected]

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Boletim Informativo Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha 5

Quando os técnicos do Banco Cen-tral do Brasil (www.bcb.gov.br) edita-ram a resolução nº 3.544, que modificaas regras de enquadramento do plantiodireto no Programa de Garantia da Ati-vidade Agropecuária (Proagro), não ava-liaram os efeitos danosos que a decisãoteria na agricultura brasileira.

A nova resolução elimina a já tra-dicional vantagem existente entre o adi-cional de Proagro para o plantio diretoem relação ao plantio convencional, alémde excluir a cobertura integral para aslavouras amparadas pelo sistema plan-tio direto. Explicando melhor: antes daresolução 3.544, os agricultores queadotassem o plantio direto como práticaconservacionista tinham uma redução de1% no prêmio ( taxa) de adesão aoProagro, além de ter garantida a cober-tura integral (100%) do custo do seu em-preendimento (orçamento financiado). Aadoção do plantio convencional, por suavez, limitava a cobertura inicial a 70%do custo e onerava o adicional de Proagroem 1%.

Com a resolução se igualam emcusto e em cobertura duas práticas agrí-colas comprovadamente dist intas emseus reflexos nas lavouras, nas colhei-tas e, principalmente, no meio ambien-te.

Se levarmos em conta as inúmerasvantagens do sistema plantio direto so-bre o plantio convencional e seus efei-tos benéficos na manutenção e incre-mento das produtividades, ao longo dasúltimas décadas, não temos como ex-plicar esta nova normativa. Ela pareceter sido gerada apenas pela perspectivaeconômica da redução de custos para oTesouro Nacional, sem levar em contavalores agronômicos já comprovados daadoção do plantio direto pelos agriculto-res brasileiros.

Os técnicos parecem ter se basea-do apenas em cálculos f inanceiros,desconsiderando os avanços garantidospela técnica do plantio direto à agricultu-ra nacional. Entre as vantagens do sis-tema, devemos lembrar a melhoria dafertilidade dos solos, através do incre-mento contínuo de matéria orgânica pro-porcionada pela decomposição dos re-síduos vegetais (palha) mantida sobre osolo, e a redução do processo erosivo,o que conseqüentemente reduz oassoreamento e a poluição dos cursosd’água. Isto sem falar na redução daemissão de gases do efeito estufa que osistema plantio direto propicia, atravésda redução das operações commaquinários e do seqüestro (retenção)do dióxido de carbono (CO2) no solo,um dos gases responsáveis pelo efeitoestufa, justamente pela manutenção dosrestos vegetais sobre o solo, o que porsi só já deveria ser motivo para se pen-sar em uma compensação para os pra-ticantes do sistema plantio direto. Empaíses como o Canadá, Estados Unidose alguns países da Europa, agricultoresrecebem incentivos por praticarem sis-temas conservacionistas e já praticama comercialização de dióxido de carbo-no, num caminho de compensação comos segmentos mais poluidores.

O Brasil conta, hoje, com uma áreasuperior a 25 milhões de hectares sobsistema plantio direto, ou seja, aproxi-

Lutécia Beatriz Canalli¹Alexandre Nunes Leite Rosas²

Em defesa do Sistema de Plantio Direto na Palha

madamente metade da área de produ-ção de grãos do país. A evolução acele-rada do sistema na década de 90 acom-panhou os aumentos em produção e pro-dutividade. A ocupação do cerrado bra-sileiro e, principalmente, a manutençãoda produtividade daquelas terras frágeise com baixa fertilidade natural só forampossíveis porque o sistema plantio dire-to avança cada vez mais naquela re-gião. Outra modalidade que ganha forçapela sustentabilidade que representa é aintegração lavoura-pecuária no sistemaplantio direto. Não fosse o plantio diretocomo base desta integração, não seriapossível recuperar áreas degradadaspelo pastejo intensivo, sem que houves-se um alto custo.

Acreditando nos benefícios propor-cionados pelo sistema plantio direto éque a Federação Brasileira de PlantioDireto na Palha (Febrapdp) investe fortenão só na difusão da tecnologia de plan-tio direto, como está preocupada com aqual idade do sistema. Muitos são osesforços para se buscar apoio junto aogoverno e órgãos de pesquisa para quese possa medir a qualidade do sistema

através de parâmetros técnicos e, as-sim, valorizar os praticantes deste sis-tema conservacionista e, quem sabe,num futuro próximo, também os agricul-tores brasileiros possam ser compensa-dos financeiramente pelo benefício soci-al que proporcionam, por preservarem omeio ambiente.

Na contramão dos esforços para va-lor izar a prát ica de s is temasconservacionistas como o plantio diretoestá a resolução nº 3.544, que terá doisreflexos imediatos: os produtores que jáadotavam o plantio direto há anos terãode pagar mais caro pela adesão ao se-guro de safra, igualando-se a aquelesque muito pouco, ou nada fazem paraconservar suas terras. Por si só, isto jáé injusto. Além disso, sem o estímulo evalorização do plantio direto, aquelesprodutores tradicionais serão ainda me-

¹ Eng. Agr. M.Sc. Ciência do Solo, FEBRAPDP/Emater,[email protected]

² Eng. Agr. Especialista em Agronegócio, Presidente da Associaçãodos Engenheiros Agrônomos dos Campos Gerais, Ponta Grossa/PR,

[email protected]

nos estimulados a mudar suas práticasde manejo agrícola, persistindo na ado-ção de práticas agronômicas danosas,em erros como aração, gradagem, plan-tio sobre pousio, plantio sem palha, etc,colocando em risco seus plantios, pro-movendo a erosão dos solos,assoreando e poluindo os rios, enfim one-rando ainda mais os cofres públicos, pe-las perdas econômicas inevitáveis nassuas safras.

Ao invés de igualar os produtoresque praticam uma agricultura sustentá-vel, fazendo o plantio direto, àquelesque insistem no sistema convencionalcom todos os danos ambientais que omesmo traz, deveria ser feita uma re-solução que def inisse claramente osprincípios do sistema plantio direto, comparâmetros técnicos claros e fáceis deserem analisados pelo sistema finan-ceiro, para que os benefícios ora supri-midos fossem, de fato, ofertados aosprodutores que realizam um plantio di-reto de qualidade.

É por esta razão que todos aquelesque defendem uma agricultura mais equi-librada e sustentável e reconhecem nosistema de plantio direto uma técnica jácomprovada e eficiente de conservaçãoe incremento de produtividade, devemreclamar aos órgãos gestores da agri-cultura brasileira, aos órgãos de pesqui-sa e aos técnicos responsáveis pelo pro-grama, para que revejam a alteração danorma e mantenham o benefício já con-quistado merecidamente para aquelesque adotam o plantio direto como práticaconservacionista.

Devemos protestar contra o atrope-lamento da ciência agronômica e da prá-t ica v ivenciada pelos agr icul toresconservacionistas pela mera avaliaçãoeconomicista, que avalia normas, leis etecnologias pelo seu custo, e não peloresultado comprovado na qualidade devida.

O plantio direto é uma forma diferen-te de fazer agricultura. Uma técnica quegarante a sustentabilidade e a eficáciaprodutiva em todos os continentes. OBrasil é reconhecido mundialmente pe-los avanços do sistema plantio direto nacondição de clima tropical e subtropical,através de organismos como a FAO e oBanco Mundial, que patrocinam a vindade técnicos e produtores de outros paí-ses para conhecer de perto e levar umpouco da nossa experiência para suasregiões de origem. Causa estranheza,portanto, que nosso agricultor não sejavalorizado dentro de seu país e pelo seugoverno, pois esta tecnologia demons-trou ser extremamente benéfica e adap-tada à agricultura brasileira, fazendo adiferença na produtividade de nossoscult ivos e na preservação de nossosrecursos naturais (solo, água e ar). Édiferente, e deve ser tratada como tal.

Os milhares de agricultores brasi-leiros que adotam o plantio direto con-quistaram e merecem esta distinção eeste respeito.

Lutécia Beatriz Canalli - Eng. Agr. M.Sc. Ciência do Solo, FEBRAPDP/Emater

Alexandre Nunes Leite Rosas - Eng. Agr. Especialista em Agronegócio,Presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos dos Campos Gerais,Ponta Grossa/PR

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Boletim Informativo Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha6

Nos últimos tempos, princi-palmente nos meses de maio, ju-nho e julho do ano passado, aerosão observada em lavourasconduzidas sob plantio direto, noplanalto do Rio Grande do Sul,tornou-se um fato alarmante. Apaisagem desoladora lembrou ce-nas de 1970, quando se pratica-va o preparo convencional. La-vouras, consideradastecnificadas por diversos setoresda agricultura regional,conduzidas sob as mais moder-nas tecnologias, sucumbiram di-ante das chuvas de outono-inver-no, apresentando intenso proces-so erosivo.

A erosão ocorrida destruiuparte considerável da camada su-perficial do solo, rica em matériaorgânica e em nutrientes para asplantas, provocando, indiscutivel-mente, perdas econômicas aoprodutor rural e poluição de vár-zeas, açudes, riachos e rios.

Mais alarmante que observar a erosãoretornar às lavouras manejadas sob plantiodireto, é perceber que providências, possi-velmente, não serão tomadas para preve-nir novos desastres como esses, pois oagricultor avalia o ocorrido como fato casu-al e grande parte dos assistentes técnicosestá convencida de que o plantio direto éprática suficiente para controlar a erosãohídrica na região sul do Brasil.

Face à omissão técnica ao uso de prá-ticas conservacionistas complementares àcobertura do solo, para o efetivo controle daerosão nas regiões de clima subtropical etemperado do Brasil, esse quadro assoladorjá havia sido previsto e anunciado pelosprofissionais da Ciência do Solo membrosdo Núcleo Regional Sul da Sociedade Brasi-leira de Ciência do Solo. Essa predição estáfundamentada nas características pluviais etopográficas dessas regiões do País, sob asquais o abandono do preparo de solo e apresença de palha na superfície em sua su-perfície, definitivamente, não são suficientespara prevenir a erosão. Embora esse cená-rio tenha se reproduzido em ampla região doestado do Rio Grande do Sul, observou-seque lavouras conduzidas sob sistema deplantio direto, em consonância com os prin-cípios da agricultura conservacionista, per-maneceram imunes à ação erosiva das in-tensas chuvas registradas.

As causas que colaboraram para essecenário estão associadas a vários fatorescomo: ausência de rotação de culturas; in-suficiente produção de palha e de raízes;insuficiente cobertura de solo; desregradomanejo da integração lavoura-pecuária;abandono da semeadura em contorno e,entre outros, inexistência de práticasconservacionistas para disciplinar a enxur-rada. Nesse sentido, destaque deve serdado ao cultivo exclusivo de soja, seguidode azevém guacho ou de aveia pretaguacha sob pastejo contínuo, do outono àprimavera, sem a devida observância daquantidade de massa vegetativa disponí-vel e das condições de umidade do solopara pastejo, em lavouras sem nenhumapreocupação com o manejo da enxurrada.

É importante enfatizar, portanto, que o

José Eloir Denardin1

Arcenio Sattler1

Anderson Santi1

A erosão está de volta?

foco do problema em questão não reside noato da retirada dos terraços, pois oterraceamento dimensionado para o prepa-ro convencional de solo se tornou incom-patível com as necessidades do sistemaplantio direto. A partir dessa convicção, aretirada dos terraços pode ser consideradauma medida tecnicamente coerente. O focoda questão, portanto, está centrado na per-cepção errônea de que o abandono do pre-paro de solo e palha na superfície do solosão suficientes para controlar o processoerosivo na região sul do Brasil. Esse argu-mento, descabido e vulgarizado no meioagrícola, tem encorajado o retorno à ado-ção do modelo de produção soja/pousio einibido a implementação de uma nova es-trutura de terraços ou de solução alternati-va, especificamente projetada edimensionada para o sistema plantio direto.

Nas regiões de clima subtropical e tem-perado do Brasil, em razão das caracterís-ticas de intensidade e de distribuição daschuvas, em qualquer época do ano, háprobabilidade de ocorrência de precipitaçãopluvial com potencial para superar a taxade infiltração de água no solo e formar en-xurrada, independentemente do tipo de usoe manejo do solo. A cobertura do solo, porplantas vivas e/ou por resíduos culturais,apresenta potencial para dissipar, em até100%, a energia erosiva das gotas de chu-va, mas não manifesta esta mesma efici-ência para dissipar a energia erosiva daenxurrada. A partir de determinado compri-mento de declive, a energia erosiva da en-xurrada pode superar a resistência do soloimposta pela cobertura vegetal e permitir aflutuação e o transporte dos restos cultu-rais, bem como a ocorrência de erosão soba palha que cobre o solo. Esse é o fatoalardeador que vem sendo observado nes-sas regiões do País.

A erosão provocada pela chuva é oresultado de duas forças que atuam na su-perfície do solo: uma é a energia das gotasde chuva, a outra é a energia da enxurrada.

A energia das gotas de chuva é efici-entemente dissipada pela cobertura do solo,ou seja, pelas plantas vivas ou pela palhaque permanece na superfície do solo. Aenergia da enxurrada, por sua vez, é ame-

nizada pela redução da quantidade de en-xurrada e/ou pela redução da velocidadeda enxurrada que escoa na superfície dosolo. Portanto, para o efetivo controle daerosão provocada pela chuva, além da co-bertura do solo é necessária a adoção depráticas que reduzam o volume e/ou a ve-locidade da enxurrada. Nesse sentido, qual-quer prática capaz de manter o comprimen-to do declive restrito a limites em que acobertura do solo não perca eficiência nadissipação da energia erosiva da enxurra-da, contribuirá para minimizar o processoerosivo e os problemas decorrentes.

A partir de observações empíricas, foidisseminada a percepção de que o sistemaplantio direto constitui prática suficiente paracontrolar integralmente a erosão. Em de-corrência, o terraceamento passou a serconsiderado supérfluo, induzindo ao aban-dono da semeadura em contorno e à ado-ção da semeadura paralela ao maior com-primento da gleba, independentemente dosentido do declive. Como resultante des-sas atitudes, tem sido notado, com freqüên-cia alarmante, que a observância parcialdas práticas conservacionistas requeridaspara as condições de solo e clima dessasregiões do País, fundamentadas apenas naausência de preparo de solo e na coberturado solo, não têm propiciado condição sufi-ciente para conter o potencial erosivo dechuvas intensas ocorrentes. A associaçãode práticas conservacionistas ao sistemade plantio direto, com eficiência para imporbarreira física ao livre escoamento da en-xurrada, assume relevância, em lavourasconfiguradas por declives acentuados ependentes longas.

O planejamento de terraços para la-vouras conduzidas sob sistema de plantiodireto é muito diferente do tradicionalmentepraticado para lavouras manejadas sob pre-paro convencional. Enquanto nas lavourasmanejadas sob preparo convencional osterraços eram projetados para todo o esta-belecimento rural, nas áreas manejadas sobsistema plantio direto os terraços constitu-em obras hidráulicas projetadas apenas parasolucionar problemas pontuais de determi-nadas glebas da lavoura. Outro aspecto derelevância a ser considerado é que em la-

vouras sob sistema plantio dire-to, o afastamento horizontal ouvertical entre os terraços podechegar a ser quatro vezes mai-or do que nas áreas submetidasao preparo convencional, o quereduz a densidade de terraçospor unidade de área.

A prática conservacionista“vertical mulching”, indicadapara lavouras de solo profundoe, principalmente, para pontosda lavoura onde ocorre concen-tração natural de enxurrada(talvegues), constitui uma alter-nativa ao terraceamento paraamenizar o processo de erosãohídrica, reduzindo a velocidadee o volume do escoamento su-perficial.

Em adição, é importante res-saltar que práticas voltadas à pre-servação ou melhoria das con-dições físicas do solo, para ele-var a taxa de infiltração de água

no solo, constituem fundamentos do siste-ma de plantio direto de qualidade por preve-nir o desencadeamento do processo erosivoe, conseqüentemente, perdas econômicase poluição ambiental. Nesse contexto, aainda incipiente rotação de culturas atual-mente praticada, com apenas duas safraspor ano agrícola, indubitavelmente não aten-de mais aos preceitos do sistema de plantiodireto moderno e de qualidade. As caracte-rísticas comportamentais das principais es-pécies cultivadas (amplitude de ciclo e desazonalidade), atualmente disponibilizadaspelo mercado de sementes, bem como aintegração lavoura-pecuária, viabilizam aadoção do processo colher-semear2, per-mitindo a colheita de três ou mais safras porano agrícola. Os mais relevantes benefíci-os advindos do processo colher-semear,além do ganho econômico, são redução ousupressão do período de entressafras, ma-nutenção do solo por mais tempo com plan-tas vivas e aumento do aporte de biomassapor unidade de área, que promove efeitosdiretos na melhoria da estrutura do solo e,conseqüentemente, na redução da erosãohídrica. O Sistema Santa Fé, em plena ado-ção na região de clima tropical do Brasil, éum exemplo de sucesso técnico e econô-mico do processo colher-semear, que infe-re qualidade ao sistema de plantio direto.Sob o Sistema Santa Fé as entressafrassão suprimidas, plantas vivas sãomantidas na lavoura ao longo de todo o anoagrícola e a produção de matéria seca podeser superior a 12 toneladas por hectare porano, com benefícios evidentes à estruturado solo. Adaptação ou variações do Siste-ma Santa Fé para as regiões de climasubtropical e temperado do Brasil, em de-senvolvimento na Embrapa Trigo, já gera-ram resultados altamente promissores, comganhos econômicos e na fertilidade integraldo solo.

Diante desse quadro, percebe-se queações voltadas à difusão e transferênciade tecnologias relativas a práticasconservacion istas, que atentam para aqualificação do sistema de plantio direto eà conscientização de técnicos e produto-res rurais, necessitam de urgente fortale-cimento.

1 Pesquisador da Embrapa Trigo, Rodovia BR 285, km 294, Caixa Postal 451, 99001-970 Passo Fundo, RS2 Processo colher-semear representa a redução ou supressão do período de entressafras, isto é, minimização do intervalo entre colheita e semeadura, mantendo

plantas vivas na lavoura durante todo o ano agrícola.

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Boletim Informativo Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha 7

Plantio direto agroecológico de milho em cobertura morta de ervilhaca.

Plantio Direto AgroecológicoOs benefícios do plantio dire-

to em lavouras convencionais jáestão bastante difundidos, mas aadoção da técnica em cultivosagroecológicos ainda está emfase de pesquisa e de teste porprodutores. O principal desafiodo plantio direto agroecológico éo controle de plantas daninhas,feito em lavouras convencionaiscom a aplicação de produtos quí-micos. O problema deste “mato”é que ele compete por água, luz enutrientes.

“Para não revolver o solo,princípio do plantio direto, é pre-ciso manter o solo 100% coberto.Aqui, então, entra a importânciada palhada, que abafa o mato.Quanto mais palha, menos mato”.

O pesquisador FranciscoSkóra Neto, do Pólo Regional dePonta Grossa do Iapar, diz que nomanejo de “infestantes” em culti-vo agroecológico a prevenção éa melhor saída.

“Deve-se controlar aressemeadura das ervas dani-nhas, não as deixando produzirsementes. Isso reduz pela meta-de a população no ano seguin-te”.

Em áreas menos infestadasideal é cuidar para que o mato nãoaumente, não permitindo a pro-dução de sementes e ocupandosempre a área com culturas de ren-da ou de cobertura.

SEM HERBICIDASkóra Neto explica que no

plantio direto agroecológico hádois aspectos em relação a plan-tas daninhas a serem observados:antes e durante o plantio da cul-tura. No plantio direto convenci-onal, antes da semeadura as cul-turas de cobertura e as plantasdaninhas são dessecadas paraformar a cobertura morta; e, du-rante o desenvolvimento da cul-tura, as plantas daninhas são eli-minadas com herbicidas. No plan-tio direto agroecológico, o matoé abafado pela cultura de cober-tura e a cobertura morta formadamecanicamente (rolo-faca); du-rante o crescimento da lavoura, ocontrole é baseado em manejointegrado, que associa solo fértil,rotação de culturas, boa cobertu-ra morta e medidas mecânicas.

“É preciso complementar ocontrole com alguma medida me-cânica, como a capina manual,que, para ser viável, deve ser uma

catação com gasto de mão-de-obraabaixo de 10 dias/homem/hectare”.

Outro aspecto importante é a

permanente ocupação do terrenocom algum tipo de cultura (derenda ou cobertura), evitando

verão verão verãoinverno 04 04/05 kg/ha outono 05 inverno 05 05/06 kg/ha inverno 06 06/07 kg/haaveia feijão 2286 milheto+juncea vica comum milho 6025 aveia+vica feijão 1554

vica peluda milho 6100 aveia feijão 1644pousio feijão 2031 milheto+juncea vica peluda milho 3784 aveia feijão 1631

pousio pousio milho 1985 pousio feijão 1515

ÁREA 1

verão verão verãoinverno 04 04/05 kg/ha inverno 05 05/06 kg/ha inverno 06 06/07 kg/havica comum milho 3192 pousio feijão 727 pousio milho 1738vica peluda milho 5139 aveia comum feijão 1509 vica milho 4829

aveia 61+vica (ressem) feijão 2033 vica milho 2840pousio milho 1055 aveia 61 feijão 1549 vica milho 3712

ÁREA 2

deixar a área em pousio. Áreas empousio favorecem o desenvolvi-mento do mato principalmente asespécies perenes que são maisdifíceis de manejar.

As principais espécies utiliza-das como plantas de cobertura deinverno são aveia, centeio, naboforrageiro e ervilhaca, plantadassozinhas ou em consórcio; e,como coberturas de verão, o mi-lho e crotalária juncea.

“O importante é fazer a rota-ção de culturas no verão e no in-verno, com a espécie que melhorse adapte à região e ao objetivodo produtor”.

Por causa das particularida-des do plantio diretoagroecológico, Skóra Neto des-taca que o produtor tem de terexperiência no manejo da culturade cobertura (espécies mais ade-quadas, ciclo, época de plantio ede corte) e na regulagem de equi-pamentos, para um plantio bemfeito.

“É necessário a área ser aptaao sistema, com boa fertilidade ebaixo nível de infestantes”.

O produtor Leonardo ValderaPinto, do Sítio Terra Viva, na Lapa,a 60 quilômetros de Curitiba, estáindo para o quarto ano de plantiodireto em 14 anos de cultivoagroecológico. “Tem dado certo”,diz ele, que produz hortaliças, fei-jão e milho em oito hectares. “Nãohá erosão e cortei os custos dalavoura pela metade, principal-mente com mão-de-obra”. Leo-nardo usa aveia-preta e ervilhacapara fazer a cobertura morta.

Seqüência de culturas e ren-dimento (kg/ha)de milho e feijãoem plantio direto agroecológico(Sítio Terra Viva, Lapa, PR – prod.Leonardo Valdera Pinto)

Plantio diretoagroecológico de milhoem cobertura de ervilhaca(operação deplantio)(Sítio Terra Viva,Lapa, PR - prod.Leonardo Valdera Pinto)

Plantio diretoagroecológico de feijão.Na frente, sem cobertura(pousio) e, ao fundo, comcobertura de aveia-preta.

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Boletim Informativo Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha8

De 2 a 4 de julho de 2008:

11º.EncontroNacional dePlantioDireto naPalhaLocal:Londrina - PR

Agende-se CAT Rio Verde empossanova diretoria

A nova diretoria doClube Amigos da Terra deRio Verde (CAT-Rio Ver-de), em Goiás, tomou pos-se no último dia 7 de mar-ço. A solenidade foi reali-zada no Parque de Expo-sições do Sindicato Ruralde Rio Verde e contou coma presença de produtores,profissionais e autorida-des do setor.

A diretoria do CATserá composta por pesso-as de uma nova geraçãode produtores, que vemtrabalhando na atividadeagropecuária. A entidadetem como presidente o en-genheiro agrônomo,Charles Peeters, que jun-tamente com outros jo-vens, também filhos deprodutores, terão o desa-fio de dar continuidade aotrabalho realizado atéhoje, buscando vencerdesafios e problemas naconsolidação do Sistemade Plantio Direto na Palhacom Sustentabilidade.

Dentre as atividadesplanejadas pela nova dire-toria pode-se destacar a or-ganização de eventos téc-nicos com assuntos de re-levância, como manejo daágua, créditos de carbono,integração lavoura-pecuá-ria-floresta, desafios dianteda bioenergia, dentre ou-tros. Sempre com divulga-ção agressiva e com apoiode diversos patrocinadores.

Objetiva-se, também,trabalhos com marketinga respeito da agriculturaconservacionista para asociedade, em defesa dosprodutores rurais que a re-alizam, para maior valori-zação dos mesmos pelasociedade urbana.

De 4 a 6 de junho de 2008:

9º. Encontro de PlantioDireto do CerradoLocal: Palmas - Tocantins

Charles Peeters preside a nova diretoria do CAT

Charles PeetersPresidente

Rosana BrucceliVice – Presidente

Laís Battistetti1ª Secretária

Rômulo Bernardes2ª Secretário

Felipe Schwening1ª Tesoureiro

Luziano Silva Moraes2ª Tesoureiro

Conheça a nova diretoriagestão 2008/2009

De 13 a 15 de Maio de 2008:

4º Congresso Brasileiro deAssistência Técnicae Extensão Rural(ConBATER)Local: Londrina - PRObjetivo: fomentar a discussão voltada ao apri-moramento do setor agrário brasileiroTema: “Reconversão da Agricultura: busca denovos modelos”Inscrições: até 5 de maio, via internetInformações: (43) 3025-5223 [email protected]

Informações: (61) 3272-5252 [email protected] [email protected]