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abril/2013 O Brasil, constitucionalmente, é pauta- do nos princípios da igualdade. No entan- to, na última pesquisa do DIEESE sobre “a desigualdade entre negros e não-negros no mercado de trabalho”, realizada na Região Metropolitana de Salvador e pub- licada em 2008, dados apontam as dis- paridades entre negros e não negros no que diz respeito ao mercado de trabalho. Não bastasse os trabalhadores negros ganharem menos e trabalhar nos piores empregos, o governo do PT e a Recentemente, durante um trote na Universidade Federal de Minas Gerais, uma estudante aparece numa foto, que ganhou as redes sociais e a grande im- prensa, acorrentada, pintada com tinta preta e obrigada a usar uma plaquinha pendurada no pescoço com os dizeres “Caloura Chica da Silva”, evidenciando uma ridicularização das mulheres negras e fazendo menção à escravidão. E, foi eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câ- mara dos Deputados, Marco Feliciano (PSC-SP). O parla-mentar é acusado de dar declarações racistas e homofóbicas, um sujeito como este, ocupando este espaço, acaba por fortalecer e incentivar que cada vez mais e mais pessoas ten- ham práticas como às destes estudantes mineiros. Está mais do que evidente que o racismo não acabou e devemos com- batê-lo. Por isso, vamos lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, onde não haja opressores e nem oprimidos, onde não haja exploradores, nem explo- rados! E, gritar o FORA FELICIANO! Desde o descobrimento do Brasil que a população indígena vem tendo suas terras ocupadas e ou dis- tribuídas. No período colonial passou a vigorar para os indígenas o princípio do direito as suas terras – “Neste direito ninguém mexia”. Em 1978 o então Minis- tro do Interior, a pretexto de emancipar Índios de qualquer tutela, queria “eman- cipar” as terras indígenas e coloca-las no mercado. Este ano também foi o marco inicial de mudanças no debate público no país, sobre a população indígena – Em plena “Ditadura Militar”. A sociedade mesmo impedida de se manifestar pro- tagonizou uma mobilização sem prec- edentes em favor do Direito do Índio – Contribuindo para avanços significa- tivos na demarcação de terras. Outro marco veio dez anos mais tarde, com a Assembleia Constituinte onde o direito as terras indígenas foi nova- mente conclamado e especificado. Com o debate tendo sido transferido para o que se podia ou não fazer nas terras in- dígenas – Dois temas dominaram esse debate: Mineração e Hidrelétricas. O significativo nesta ocasião foi à defesa BOLETIM DO MOVIMENTO NACIONAL QUILOMBO RAÇA E CLASSE DIREITOS NÃO SE NEGOCIAM! PELA ANULAÇÃO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA NÃO AO ACE! TODOS À MARCHA EM BRASÍLIA NO DIA 24 DE ABRIL! CUT propõem a flexibilização da CLT com o ACE (Acordo Coletivo Especial). Nesta proposta vale o “negociado sobre o legis- lado” rasgando direitos históricos adquiri- dos com muita luta da classe trabalhadora. Esse acordo prejudicará ainda mais os trabalhadores negros que já são submetidos às atividades de menor re- muneração. Além disso, correm o risco de ter seus direitos mais rebaixados, a exem- plo da Reforma da Previdência. Contra o ACE, negras e negros da classe trabalhadora, movimento popu- lar, quilombolas e indígenas irão juntos fazer uma coluna combativa na marcha a Brasília no dia 24 de abril. Irão fortalec- er também as lutas contra o extermínio da juventude negra e exigir a titulação de terras dos povos originários, direito a moradia, emprego, saúde e educação pública estatal e de qualidade. E, vamos exigir que a Presidenta Dilma rompa o silêncio e se posicione pela saída de Fe- liciano. VAMOS GRITAR O FORA FELICIANO NAS RUAS! realizada pela Coordenação Nacional dos Geógrafos – Que não se minerasse em terras indígenas – Que deveriam ficar como reserva mineral para o Brasil. Em 1992, na Convenção da Biodiversi- dade, um tema novo de debates surgiu, o dos direitos intelectuais dos povos in- dígenas e quilombolas – Sobre seus con- hecimentos. Com a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Tra- balho), estão sendo realizados debates de que forma colocar em prática o ”Dire- ito dos Povos Indígenas e quilombolas” – Como serem consultados sobre projetos que os afetam diretamente. Mas até então, o que temos visto são mui- tas controvérsias, em especial no Gover- no Lula, e agora com mais profundidade no Governo Dilma – Como, por exemplo, o caso de Belo Monte e hidrelétricas no Tapajós, além de situações dramáticas como as que envolvem os Awá no Mara- nhão ou dos Kaiowá no Mato Grosso do Sul, onde recentemente um jovem indí- gena de 15 anos foi brutalmente assas- sinado, e ainda a violenta desocupação realizada no dia 22 de Março da Aldeia Maracanã no Rio de Janeiro. INDÍGENAS E QUILOMBOLAS RESISTEM NA LUTA CONTRA OS GOVERNOS E O PAC II

Boletim Raça e Classe

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TODOS À MARCHA EM BRASÍLIA NO DIA 24 DE ABRIL! INDÍGENAS E QUILOMBOLAS RESISTEM NA LUTA CONTRA OS GOVERNOS E O PAC II ABAIXO A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS!

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Page 1: Boletim Raça e Classe

abril/2013

O Brasil, constitucionalmente, é pauta-do nos princípios da igualdade. No entan-to, na última pesquisa do DIEESE sobre “a desigualdade entre negros e não-negros no mercado de trabalho”, realizada na Região Metropolitana de Salvador e pub-licada em 2008, dados apontam as dis-paridades entre negros e não negros no que diz respeito ao mercado de trabalho. Não bastasse os trabalhadores negros ganharem menos e trabalhar nos piores empregos, o governo do PT e a

Recentemente, durante um trote na Universidade Federal de Minas Gerais, uma estudante aparece numa foto, que ganhou as redes sociais e a grande im-prensa, acorrentada, pintada com tinta preta e obrigada a usar uma plaquinha pendurada no pescoço com os dizeres “Caloura Chica da Silva”, evidenciando uma ridicularização das mulheres negras e fazendo menção à escravidão. E, foi eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câ-mara dos Deputados, Marco Feliciano (PSC-SP). O parla-mentar é acusado de dar declarações racistas e homofóbicas, um sujeito como este, ocupando este espaço, acaba por fortalecer e incentivar que cada vez mais e mais pessoas ten-ham práticas como às destes estudantes mineiros. Está mais do que evidente que o racismo não acabou e devemos com-batê-lo. Por isso, vamos lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, onde não haja opressores e nem oprimidos, onde não haja exploradores, nem explo-rados! E, gritar o FORA FELICIANO!

Desde o descobrimento do Brasil que a população indígena vem tendo suas terras ocupadas e ou dis-tribuídas. No período colonial passou a vigorar para os indígenas o princípio do direito as suas terras – “Neste direito ninguém mexia”. Em 1978 o então Minis-tro do Interior, a pretexto de emancipar Índios de qualquer tutela, queria “eman-cipar” as terras indígenas e coloca-las no mercado. Este ano também foi o marco inicial de mudanças no debate público no país, sobre a população indígena – Em plena “Ditadura Militar”. A sociedade mesmo impedida de se manifestar pro-tagonizou uma mobilização sem prec-edentes em favor do Direito do Índio – Contribuindo para avanços significa-tivos na demarcação de terras. Outro marco veio dez anos mais tarde, com a Assembleia Constituinte onde o direito as terras indígenas foi nova-mente conclamado e especificado. Com o debate tendo sido transferido para o que se podia ou não fazer nas terras in-dígenas – Dois temas dominaram esse debate: Mineração e Hidrelétricas. O significativo nesta ocasião foi à defesa

BOLETIM DO MOVIMENTO NACIONAL

QUILOMBO RAÇA E CLASSE

DIREITOS NÃO SE NEGOCIAM! PELA ANULAÇÃO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA NÃO AO ACE! TODOS À MARCHA EM BRASÍLIA NO DIA 24 DE ABRIL!

CUT propõem a flexibilização da CLT com o ACE (Acordo Coletivo Especial). Nesta proposta vale o “negociado sobre o legis-lado” rasgando direitos históricos adquiri-dos com muita luta da classe trabalhadora. Esse acordo prejudicará ainda mais os trabalhadores negros que já são submetidos às atividades de menor re-muneração. Além disso, correm o risco de ter seus direitos mais rebaixados, a exem-plo da Reforma da Previdência. Contra o ACE, negras e negros da

classe trabalhadora, movimento popu-lar, quilombolas e indígenas irão juntos fazer uma coluna combativa na marcha a Brasília no dia 24 de abril. Irão fortalec-er também as lutas contra o extermínio da juventude negra e exigir a titulação de terras dos povos originários, direito a moradia, emprego, saúde e educação pública estatal e de qualidade. E, vamos exigir que a Presidenta Dilma rompa o silêncio e se posicione pela saída de Fe-liciano.

VAMOS GRITAR O FORA FELICIANO NAS RUAS!

realizada pela Coordenação Nacional dos Geógrafos – Que não se minerasse em terras indígenas – Que deveriam ficar como reserva mineral para o Brasil.Em 1992, na Convenção da Biodiversi-dade, um tema novo de debates surgiu, o dos direitos intelectuais dos povos in-dígenas e quilombolas – Sobre seus con-hecimentos. Com a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Tra-balho), estão sendo realizados debates de que forma colocar em prática o ”Dire-ito dos Povos Indígenas e quilombolas” – Como serem consultados sobre projetos que os afetam diretamente. Mas até então, o que temos visto são mui-tas controvérsias, em especial no Gover-no Lula, e agora com mais profundidade no Governo Dilma – Como, por exemplo, o caso de Belo Monte e hidrelétricas no Tapajós, além de situações dramáticas como as que envolvem os Awá no Mara-nhão ou dos Kaiowá no Mato Grosso do Sul, onde recentemente um jovem indí-gena de 15 anos foi brutalmente assas-sinado, e ainda a violenta desocupação realizada no dia 22 de Março da Aldeia Maracanã no Rio de Janeiro.

INDÍGENAS E QUILOMBOLAS RESISTEM NA LUTA CONTRA OS GOVERNOS E O PAC II

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As comunidades quilombolas e indígenas estão vulneráveis, há con-stantes conflitos com o setor agrário. Ataques que se dão contra a garantia do direito de regulamentação da titu-lação de terras, que sofre uma ação direta de inconstitucionalidade (ADIN) impetrada pelo DEM, no Supremo Tri-bunal Federal (STF). São 3.554 comu-nidades quilombolas identificadas pelo governo federal de acordo com a Secre-taria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR-2006), pou-co mais de 100 possuem o título, segun-do o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O Maranhão é apresentado como líder do ranking de conflitos de terra no país, com 224 registros, ou seja, 23% dos assassinatos. É também “campeão nacional” de ameaçados de morte no campo, com 116 pessoas ameaçadas e sete assassinatos. Em São Luís e nos municípios de Paço do Lumi-

As leis 10.639 e 11.645 – de ensino de história e cultura afro-bra-sileira e indígena, buscam resgatar um legado histórico e aprofundar a discussão sobre o racismo, a discrimi-nação racial e o preconceito nas esco-las. Entretanto, essa Lei não é aplicada efetivamente. Se houvesse mais rigor por parte do MEC (Minis-tério Educação e Cultura) para a apli-

ABAIXO A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS!

Um dos sintomas da tendência contraditória do Exec-utivo é o fato de ter conseguido resolver mesmo que de forma rebaixada, mas pacificamente um conflito em uma área Xavante, como o de Serra do Sol em Roraima. Por outro lado admite uma Portaria da AGU (Advocacia Geral da União) – Como a 302-2012 (Que limita o usufruto das

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ar, Raposa e São José de Ribamar várias lideranças estão ameaçadas de morte e despejos forçados. Na Bahia, vimos à ofensiva da Marinha Brasileira em relação ao Quilombo Rio dos Macacos, que foram encurralados dentro de suas próprias casas, sob a ameaça de serem expulsos de suas próprias terras. Este processo se assemelha a situação dos

quilombolas da Ilha da Marambaia no Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, com a mobilização e a luta dos quilombolas do Brejo dos Criolos, em setembro de 2011, sob muita pressão, conseguiram que a presidente Dilma assinasse um decreto de demarcação da área em favor dos quilombolas. O que por si só não bastou, pois a inércia do governo em retirar os fazendeiros ocupantes destas terras levou na comunidade a sofrer com a violência e os ataques de seus jagunços, no dia 17 de setem-bro/12. Segundo a CPT-MG, no con-fronto ouve uma pessoa baleada, cinco quilombolas presos e nove estão com mandados de prisão, até hoje. Além do mais o agronegócio só tem aumentado o seu poder político – O Governo tentou se colocar como “árbitro do decepcionante resultado do agionamento do Código Floresta em 2012” – Mas ficou refém de um setor míope do agronegócio.

NÃO AO RACISMO NA EDUCAÇÃO!cação da Lei, as crianças, desde cedo, saberiam a importância dos negros e dos indígenas para a formação do povo brasileiro.

COTAS JÁ! Nas universidades públicas paulistas estão sendo discutida a im-plantação do PIMESP (Programa de Inclusão com Mérito das Estaduais Paulistas) que prevê cotas de inclusão

e racial. Entretanto, essa medida, propõe segregar os cotistas por dois anos, em um curso politécnico. Isso evidência uma discriminação racial, social, admitindo o fracasso da escola pública. Por isso, exigimos:aCOTAS RACIAIS, SIM!aPOLÍTICAS DE PERMANÊNCIA ES-TUDANTIL!a10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO, JÁ!

A presidente Dilma tem apresentado várias faces e contradições em seu governo

terras indígenas e quilombolas demarcados). E, abusiva-mente a AGU pretende estender a todas as como sendo a dos povos originários – As restrições serão decididas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Portaria esta, que está sus-pensa, mas não revogada, segundo a Associação Nacional dos Advogados, há no mínimo quatro artigos incompatív-el com a OLT. O SEU MAIS RECENTE PROGRAMA DE REDIS-TRIBUIÇÃO DE RENDA, FOI APRESENTADO COMO SENDO UM SUCESSO (dizendo ter acabado com a miséria do país), - mas não se reflete no cotidiano da população e nem na realidade dos povos originários (quilombolas e indígenas).

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