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B oletim S alesiano Moçambique Obrigado, P. Pascual Chávez! Nº 56 Janeiro/Fevereiro 2014

Boletim Salesiano Mozambique Nº 56

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Janeiro/Fevereiro 2014

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Page 1: Boletim Salesiano Mozambique Nº 56

BoletimSalesiano

Moçambique

Obrigado, P. Pascual Chávez!

Nº 56Janeiro/Fevereiro

2014

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2 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Rezando com...

Boletim Salesiano Janeiro/Fevereiro 2014 Ano XIV Nº 56

PROPRIEDADE:DIRECTOR:

AUTORES: Aldo Giraudo; ANS; Graça Alves;

MAQUETAÇÃO: FOTOGRAFIAS:

“Seja no jogo como na conversa, ou no cumprimento do dever,

levantai frequentemente o vosso coração a Deus

e oferecei tudo para à sua maior honra e glória”

( D. Bosco )

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3«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

Editorial

Queridos leitores do Boletim Salesiano:

No mundo salesiano iniciamos o ano de 2014 com o nosso olhar e o nosso coração no próximo 16 de Agos-to, dia em que dará início o ano das celebrações do Bicentenário de Dom Bosco que concluirão no 16 de Agosto de 2015, no mesmo dia em que nos Colle I Becchi nasceria o ‘Pai e Mestre da Juventude’.

Neste ambiente, iniciamos neste mês da festa litúrgica de Dom Bosco (31 de Janeiro), o 3º ano da prepara-ção para o Bicentenário, convidando-nos o P. Pascual a aprofundar a ‘espiritualidade’ de Dom Bosco.

Em Fevereiro inicia em Roma o Capítulo Geral 27 dos Salesianos. Neste capítulo e, por primeira vez, seguin-do as Constituições Salesianas, o P. Pascual Chávez, 9º Sucessor de Dom Bosco terminará o seu grande serviço ao Carisma Salesiano após anos de intenso trabalho. Em efeito, o Reitor-Mor só pode estar neste serviço um tempo seguido máximo de 12 anos.

Por isso, a nossa portada do BS quis ser um gesto de gratidão àquele que nestes anos todos nos acompa-nhou como ‘pai e amigo’; àquele que nos quis levar a viver a profundidade do coração de Dom Bosco; àquele que nos visitou nas celebrações dos 100 anos da pri-meira chegada dos salesianos a Moçambique.

P. Rogelio Arenal

Sumário 2 Rezando com…

3 Editorial

4 Mensagem do Reitor-Mor

6 Os lugares de Dom Bosco

7 Dom Bosco sonhador

8 Educar como Dom Bosco

9 Pensamentos

10 Jovens com vida

12 Em comunicação

13 Em Família

14 ANS de Moçambique

16 Maria no carisma salesiano

17 Espiritualidade salesiana

21 Testemunhos

22 Vida da Igreja

23 Cristãos em formação

24 Construindo famílias

26 Olhando à vida

28 Filhas de Maria Auxiliadora

30 Páginas missionárias

32 Mundo salesiano

34 Ni landzi–Eu fico com D.Bosco

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4 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

PARA MIM, DEUS SEMPRE FOI UM BOM PAI

Mensagem do Reitor Mor

Uma premissa necessária

Posso garantir-te que toda a mi-nha existência nasceu, cresceu

e desenvolveu-se num contato íntimo com o sobrenatural. Se o mundo foi o meu banco de prova, a fé foi a minha resposta de cren-te. Costumava afirmar: “Em meio às provas mais duras é preciso ter grande fé em Deus”.

as certezas qUe me sUstentaram

Sempre fui guiado por uma cer-teza: sempre senti em tudo

uma confirmação do alto. Embora ciente dos meus limites, sentia arder no meu coração o ardor do servo bíblico, a vocação do profeta que sabe não poder subtrair-se à vontade divina.

Quando, nos anos da minha plena maturidade eu relia mi-nha experiência apostólica, sentia em mim uma espécie de vertigem, de admiração evan-gélica, que me fazia exclamar: “Era um pobre padre, sozi-nho, abandonado por todos, pior do que sozinho, porque era desprezado e perse-guido; tinha um vago pen-samento de fazer o bem... Parecia, então, um sonho o pensamento do pobre pa-dre, contudo Deus realizou, cumpriu os desejos daquele pobrezinho. Como as coisas aconteceram, eu só saberia vos contar. Por mim, não sei explicar. Isto, porém, eu sei: Deus o desejava”.

E eu encorajava os meus primei-ros Salesianos, que educara des-de crianças: “O Senhor espera

coisas grandiosas de vós: eu as vejo claramente... Deus co-meçou e dará seguimento às suas obras, das quais todos vós participareis... O Senhor é Aquele que começou as coi-sas. Ele mesmo deu-lhes início e o desenvolvimento que têm. Ele, com o passar dos anos, as sustentará. Ele as conduzirá a cumprimento. Deus está pronto para fazer estas grandes coi-sas... Uma só coisa ele pede de nós: que não sejamos indignos da sua grande bondade e mise-ricórdia”.Eu me deixava guiar por uma frase ouvida muitas vezes dos lábios de minha mãe: “Estamos nas mãos

do Senhor, que é o melhor dos pais, que vigia continuamen-te para o nosso bem, e sabe o que é e o que não é melhor para nós”.

Eu enfrentava a vida com todos os desafios que ela me apresen-tava com serena e filial confiança no Senhor. Aos meus jovens, es-crevia em 1847: “Não estás no mundo apenas para gozar, para ficar rico, para comer, beber e dormir, como fazem os animais, mas a tua finalidade é amar o teu Deus”. Descrevia o cristão como “um viajante a caminho do Céu”.

Quando falava de Deus como “Pai misericordioso e providente”, a minha oração mudava de tom: em geral, a minha oração era simples e cordial, sem excessivos efeitos vocais.

Desde os primeiros anos de vida dirigi-me a Ele como um pai bom e misericordioso. Sempre sugeria: “Deponhamos a nos-sa confiança em Deus e va-mos adiante”. Minha confiança fazia-me dizer: “Para obter um bom resultado quando não se tem os meios, é preciso pôr--se ao trabalho com a mais to-tal confiança no Senhor”.

Um empenho para sempre

Desejo revelar-te algo do meu mundo interior. Talvez seja

um dos raríssimos raios de luz no qual me revelei. Faço-o com as mesmas palavras escritas em 1854. “Quando me entre-guei a esta parte do sagrado ministério entendi consagrar todos os meus esforços para a maior glória de Deus e em vantagem das almas, entendi

trabalhar para formar bons cida-dãos nesta terra, para que fos-sem depois um dia dignos habi-tantes do Céu...”

Apresentamos, em resumo, as 2 pri-

meiras mensagens do Reitor-Mor para o BS de 2014. Nelas vai dando algumas dicas sobre a espiritualidade de Dom

Bosco.

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5«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

Uma recordação da minha infância

Sempre vivi entre amigos. Recor-do-me dos anos de minha in-

fância: “Era muito querido e res-peitado pelos da minha idade… De minha parte fazia o bem a quem podia, e o mal a ninguém. Os companheiros me queriam com eles…”. Era aconselhado por minha mãe que me sugeria: “Na amizade, a experiência e não o coração deve ensinar-nos”. Essa lição de vida me levaria depois a orientar os meus jovens, recomen-dando-lhes: “Escolhei sempre os amigos entre os bons mais co-nhecidos e, entre estes, os me-lhores e também entre os melho-res imitai aquele que for bom e evitai os defeitos, porque todos os temos”.

a amizade na edUcação

As primeiras experiências de campo tinham-me convencido

de uma coisa: ou conquistava es-ses jovens com a bondade ou os teria perdido para sempre. Era um caminho novo, de pioneiro.

Veio-me espontaneamente à me-mória um episódio daquela quar-ta-feira 8 de dezembro de 1841. Nunca vira o rapaz antes daquele dia. Contudo, quando percebi que o sacristão estava para desferir sobre ele o cabo do espanador, in-tervi com uma frase que se torna-ria habitual para mim: “É um meu amigo”. Palavra mágica que usa-ria até o leito de morte. Tornar-se--ia o meu cartão de visita; diríamos hoje que eu ‘tuitaria’ assim.

Repetia-o constantemente: “Faze com que todos aqueles com quem falares, tornem-se teus amigos”. E acrescentava aos jo-vens um programa de vida dizen-do-lhes: “Lembrai-vos de que sempre será para vós um belo dia aquele em que conseguirdes vencer um inimigo com favores ou fazer dele um amigo”.

JesUs, o amigo

Eu era um padre que amava tão intensamente a nosso Senhor

que o queria tornar conhecido e amado pelos jovens. O afeto que demonstrava aos jovens era um reflexo do amor que me unia a Deus. Era Ele o meu guia e a Ele devia encaminhar os jovens que me rodeavam e que encontrava.

Muitos dos jovens com os quais tecia amizade eram órfãos: eles precisavam descobrir em nosso Senhor um amigo fiel, alguém em quem confiar sem reservas. Quan-do eu ouvia suas confissões, con-tava-lhes um segredo: Jesus é um amigo que sempre nos garante o perdão do Pai. Insistia na miseri-córdia divina. Renovava em suas vidas a esperança e a alegria,

para se sentirem amados. Dizia--lhes: “O confessor é um ami-go que não deseja outra coisa que o bem da nossa alma, é um médico capaz de curar-nos na alma, é um juiz não para conde-nar-nos, mas para absolver-nos e libertar-nos”. Eu concebia a vida cristã como uma ascese contínua. Não bastava receber o perdão; era preciso também um alimento especial. Por isso, insistia no valor da santa comunhão: “Alguns dizem que para fazer a Comunhão com

frequência é preciso ser santo. Não é verdade. A Comunhão é para quem quer ser santo. Os remédios são dados aos doentes, o alimento é dado para quem está fraco. Todos precisam da Comunhão: os bons, para continuarem bons e os maus, para se tornarem bons”.

Em 1855 eu conseguira convencer o ministro Rattazzi a permitir-me levar todos os jovens presos na Generala para um passeio festivo, mas sem a presença de guardas e carcereiros. Quando retornaram à noite, não faltava um sequer à chamada. Ao ministro que, admira-do me perguntava o segredo, po-dia dizer-lhe: “O Estado só sabe mandar e punir; nós, porém, fa-lamos ao coração da juventude e a nossa palavra é palavra de Deus”.

Recomendava aos meus Salesia-nos que “fizessem com que os jovens se enamorassem de Je-sus”. Falava de Jesus como ami-go e sugeria aos jovens: “Quanto bem este amigo vos fará. Já en-tendestes que vos falo de Jesus. Ide recebê-lo com frequência, mas recebei-o bem; conservai--o no vosso coração; ide visi-tar muito e fervorosamente este amigo. Ele é tão bom que jamais vos abandonará”.

Com frequência, eu provocava os meus jovens com perguntas que chegavam diretamente ao cora-ção deles: “O que faz com que tenhamos tão pouco gosto pelas coisas espirituais? Isso aconte-ce porque o nosso coração está pouco enamorado de Jesus”.

P. Pascual Chávez, Reitor-Mor

Jesus, o Amigo

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6 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Os lugares de Dom Bosco

1”Nasci no dia consa-grado à Assunção de Nossa Senhora ao

Céu, no ano 1815, em Murialdo, distrito de Cas-telnuovo d’Asti.”

2”Assim cheguei aos nove anos de idade. Durante o inverno

iria à escola do pequeno povoado de Capriglio, onde pude aprender a ler e a escrever. Meu professor era um sacerdote muito piedoso, chamado José Delacqua.”

3”Havia nos Becchi um prado, onde cresciam então algumas

árvores, das quais resta ainda uma pereira, que naquele tempo muito me ajudou. Amarrava a essa árvore uma corda, que depois prendia em outra, a alguma distância. Numa mesinha colocava a bolsa; depois estendia um tapete por terra para os saltos. Quando tudo estava preparado e o público ansioso para ver as novidades, convidava-os todos a rezar o terço, depois do qual se entoava um canto sacro. Subia então a uma cadeira, fazia o sermão, ou melhor, repetia o que lembrava da explicação do Evangelho ouvida pela manhã na igreja, ou contava fatos e exemplos ouvidos ou lidos em algum livro. Terminado o sermão, rezava-se um pouco e passava-se logo ao entretenimento.”

(Os textos são tirados das Memórias do Oratório)

Escola de Capriglio

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7«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

Dom Bosco sonhador

“Embora, -diz Dom Bosco- quando falava dos meus “so-nhos”, jamais tenha usado o termo bíblico de “anunciação”, sempre acreditei que fossem autênticos avisos do alto a avaliar com prudente humildade e escuta confiante.” (Pascual Chávez)

Conta a Crônica de Dom Ruffino: «Nos dia 14 de abril de 1864, Dom Bosco falou de noite com os es-tudantes e relatou em tal ocasião os dois sonhos seguintes que teve».

“Era a noite precedente ao 2º Domingo de Pás-coa, e pareceu encontrar--me no balcão de minha habitação vendo como os jovens se divertiam. Quando eis aqui que vejo aparecer um enorme te-cido branco que cobria todo o pátio, debaixo do qual os jovens continua-vam seus jogos. Enquan-to contemplava aquela cena, vejo uma grande quantidade de corvos que começaram a voar sobre o tecido, a girar por uma parte e por outra até que introduzindo-se pela ex-tremidade do mesmo, jo-garam-se sobre os moços para picar-lhes.

O espetáculo que se ofe-receu a minha vista foi desolador: a uns tiravam os olhos; a outros pica-vam a língua, fazendo--lhe mil pedaços; a este davam bicadas na frente e a aquele outro feriam o coração. Mas, o que mais admiração causava, era como eu me dizia mesmo, que nenhum dos jovens gritava ou se lamentava, mas sim todos permane-ciam indiferentes, como insensíveis, sem tentar sequer defender-se.

— Estou sonhando — me dizia a mim mesmo — ou estou acordado? É possí-vel que estes se deixem ferir sem lançar um grito de dor?

E, o que mais me desa-gradou, foi que os tais for-mavam um número bas-tante respeitável.

Preocupei-me de escrever seu nome em uma parte de papel, pois os conhe-cia todos, mas enquanto o fazia despertei e encon-trei-me sem o papel.

Contudo, fiz um esforço para retê-los na memó-ria, e guardo a lembrança de quase todos. Talvez poder-me-ia esquecer de algum, mas acredito que seriam contados. Agora irei falando, pouco a pou-co, com os interessados e procurarei induzir-lhes a sanar de suas feridas”.

Dêem a importância que queiram a este sonho; o que lhes posso assegurar é que se lhe emprestarem plena fé não causarão prejuízo algum a suas al-mas.

M. B. Volume VII, págs. 649-650

Mas ao momento senti um clamor geral e depois vejo os feridos que come-çam a agitar-se, que gri-tam, que fazendo grande ruído se separam os uns dos outros. Maravilhado ante aquele espetáculo, comecei a pensar no sig-nificado de quanto via”.

...Ontem (inicia a 2ª par-te do sonho), 13 de abril, tive outro sonho. Com o passar do dia tinha esta-do confessando; portanto, minha imaginação estava ocupada com o pensa-mento das almas dos jo-vens, como o está quase sempre. De noite fui des-cansar, mas não podia fazê-lo; estava meio dor-mido, meio acordado, até que ao fim fiquei adorme-cido.

“Então, pareceu-me en-contrar-me outra vez no balcão seguindo com a vista o recreio dos jovens.Vi todos aqueles que ti-nham sido feridos pelos corvos e os observei aten-tamente. Mais, de repen-te, apareceu um persona-gem com um vaso cheio de um bálsamo numa mão. Ia acompanhado de outro que levava um pano. Ambos dedicaram--se a curar as feridas dos jovens, as quais, ao contato com o bálsamo, ficavam imediatamente cicatrizadas. Houve, en-tretanto, alguns que ao ver aqueles dois persona-gens aproximar-se, sepa-raram-se deles e não qui-seram ser curados.

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8 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Educar como Dom Bosco

«Meu caro Zezinho,

Fizeste bem em escrever-me. Fiquei con-tente. Quando o altarzinho estiver com-pletamente pronto, irei para fazer um sermãozinho como prometi, e então conti-nuaremos a falar da nossa amizade e dos nossos negócios particulares. Lembras o contrato que nós dois estipulamos e fir-mamos? Sermos amigos, e unirmo-nos para amar a Deus com um só coração e uma só alma.

O gosto que sentes, como me escreves, de entreter-te com as coisas sagradas é bom, e quer dizer que Deus te quer bem, e que tu também deves empenhar-te mui-to em amá-lo. Quer dizer ainda uma outra coisa que vou dizer só para ti quando che-gares a Turim.

Gostaria muito que saudasses papa e mamã em meu nome; darás um bom dia ao Pároco, e farás uma carícia no te ir-mãozinho.

Deus vos conserve a todos em saúde e graça, e se queres ser meu amigo vai re-zar uma Salve a N. Senhora por mim, que de todo o coração sou o teu

Afeiçoadíssimo amigo, Padre J. Bosco»

São muitas as cartas que se conser-vam de Dom Bosco, já publicadas

numa edição crítica. Vamos prestar aten-ção a algumas cartas dirigidas por Dom Bosco a jovens particulares. Através de-las, com as palavras próprias da época, podemos descobrir o coração educador de Dom Bosco na relação interpessoal com os jovens.

Não é só um amigo que escre-ve, mas também, é um pai, é um

evangelizador, é um educador. Não se podem separar estas funções. Forma uma unidade na pessoa de Dom Bosco e assim o manifesta nas suas acções, neste caso concreto, nas cartas que escreve.

No dia 8 de Outubro de 1856 respon-de desde Turim a uma carta que lhe

enviou um aluno da 3ª classe ginasial e que era filho do advogado Roggeri di Sanfront (as letras em negrita são nos-sas, e a tradução da carta é tirada do livro de Aubry, ‘Escritos Espirituais de São João Bosco).

A carta está cheia de expressões de carinho e de relação amistosa: fiquei

contente; continuaremos a falar da nossa amizade; nossos negócios particulares; sermos amigos; se queres ser meu ami-go; de todo o coração sou o teu...

É uma relação sã entre um sacerdote e um seu discípulo ao

qual educa, através da amizade, a levantar o espírito a coisas mais altas: unirmo-nos para amar a Deus.

Uma relação exigente mas amá-vel: contrato que estipulamos e

firmamos; empenhar-te muito em amar a Deus; se queres ser meu amigo vai rezar por mim.

Uma amizade fundada em Deus que leva a partilhas íntimas:

uma outra coisa vou dizer só para ti; unirmo-nos com um só coração e uma só alma.

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9«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

Pensamentos

Temos, na mão, um presente valiosíssimo: a vida. Dentro dela, um manancial de buscas e de respostas. A vida, meu amigo, guarda este intervalo de eternidade que nos é dado para viver, para ser feliz. O que acontece, porém, é que, quando a noite escurece mais cedo, perdemos o mapa deste lugar que tem forma de coração e transpira esperança, coragem, amor. A névoa tolda-nos os sentires e esquecemo-nos desta riqueza que Deus plantou nos nossos dias, como se os nossos dias fossem um terreno bom.

Depois, a brisa vai desfazendo a neblina e somos capazes de ver: que há alguém que nos obriga a erguer a cabeça para o céu; que há alguma coisa que nos faz voltar a olhar o que a dor não deixa ver; que há caminhos que se abrem em lugares que nos pareciam desertos, em rochedos que pensávamos intransponíveis. Para isso, basta que paremos, que nos deixemos tocar pela música das coisas, pela forma como o coração regista os gestos delicados, pelo beijo do orvalho na pele crestada do verão, pelo silêncio azul do mar. E percebemos que as sombras dão sentido à luz, que as pedras valorizam a caminhada, que o silêncio deixa passar os segredos que a natureza contém.

Às vezes, na nossa vida, basta estar. E olhar. E escutar. E sentir. E abrir, devagar, prolongando o prazer da surpresa, o presente que recebemos no momento de chegar aqui. Agora que arrumámos as férias na memória e retomámos as lutas, não nos podemos esquecer de viver. Viver, meu amigo, é saborear cada instante, como se se tratasse do mais importante de todos, sentir a forma dos abraços e permitir ao nosso coração encontrar a paz. Está tudo aqui. Para nós. Um presente de Deus que é preciso zelar.

Ele há de saber o que precisamos nos agoras das nossas idades.

O segredo, meu amigo, está na confiança: que não somos sós, que não estamos sós, que a manhã rompe sempre a escuridão, que há sempre outra porta, que tudo tem solução. A vida é um presente. Desembrulhe-o, com a doçura das avós, sem rasgar o papel. Isso. Assim. Depois, deixe-se encantar pela surpresa, porque tudo o que vier será necessário para construir o seu tempo. E viva. Sem perder tempo a pensar como seria, se a sua vida fosse outra coisa q u a l q u e r . Seja feliz, meu amigo. Um abraço.

GRAÇA ALVES

A Vida

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10 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Jovens com vida

Nesta secção, acompanhando a

Família Salesiana, iremos propondo a E S P I R I T U A L I D A D E JUVENIL SALESIANA, para que os jovens possam aprender com Dom Bosco a crescer em Jesus Cristo e em santidade.Nos serviremos do tex-to do salesiano Aldo Gi-raudo (‘Escrevo a vocês, jovens), em que falando na pessoa de D. Bosco nos vai ajudando neste

caminhada espiritual.

“Meus caros, eu amo a todos vocês de coração, e basta que sejam jovens para que eu os ame muito. Posso lhes garantir que encontrarão livros com propostas feitas por pessoas muito mais virtuosas e sábias do que eu, mas dificilmente vocês encon-trarão alguém que, mais do que eu, os ame em Jesus Cristo e mais lhes deseje a verdadeira felici-dade.

O Senhor esteja com vocês e faça com que, prati-cando estas poucas sugestões, possam chegar à re-alização plena e, assim, aumentar a glória de Deus, finalidade única deste livro.

Vivam felizes, e o Senhor esteja com vocês. Afeiço-adíssimo em Jesus Cristo,

Pe. João Bosco”

FOMOS CRIADOS POR DEUS

Vocês me perguntam o que é ‘vida espiritual’.

Entramos na vida espiritual quando começamos a tomar consciência de que a relação com Deus é algo vital para nós.

Para mim era importan-te tornar isso compre-

ensível a todos os jovens, também aos meninos de rua dos primeiros tempos do Oratório. Quis convidá--los a verem a si mesmos numa perspectiva de trans-cendência. Esforcei-me por enobrecer os seus pensa-mentos, tornando-os cons-cientes de que a religião deve ser, antes de tudo, uma alegre amizade com Deus.

Para dar o primeiro passo no caminho espiritual é

necessário, primeiramente, sair da sonolência de uma fé herdada ou muito super-ficial ou vaga. É necessá-rio abrir os olhos, elevar o olhar, aprender a ver além das aparências, ‘olhar para o alto’ a fim de descobrir a profunda beleza da vida.

Assim você começa a sen-tir por dentro o desejo de avançar, de crescer.

Eu dizia aos jovens: “Ele-vem o olhar e observem

o que existe no céu e na terra”. Se elevarem o olhar, se contemplarem a realida-de que existe dentro e fora de vocês, superando a su-perficialidade, descobrirão que tudo lhes fala de Deus e do grande amor que Ele tem por vocês. Tudo revela a profunda dignidade que vocês possuem. O univer-so é criado para vocês. E vocês são criados para Deus. Para entrar numa relação de amizade e in-timidade com Ele. Não só na eternidade futura, mas aqui, a partir de agora, em qualquer instante do seu quotidiano, desde os pri-meiros passos da sua exis-tência.

Não é tão fácil intuir tudo isso, se você se detém

nas coisas externas, nas emoções, nas aparências, se não foi educado para ir além. Ao contrário, quando você começa a contemplar e meditar à luz da Palavra de Deus, deixa aos pou-cos a letargia e distracção para entrar no recolhimen-to. Toma consciência do amor de Deus por você, das ambições que Ele tem em relação a você, que são grandiosas. Começa a dialogar com Ele em res-posta aos seus convites. A sua vida descobre horizon-tes novos e se deixa tocar e guiar pelo Espírito.

É preciso, certamente, su-perar uma série de pre-

conceitos. Principalmente o de pensar que o trabalho espiritual torna a vida triste e enfadonha. Não é assim.

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11«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

Para reflectir

Iniciar um caminho ‘espi-ritual’ é passar de uma fé sonolenta à consciência de ser filhos de Deus.

»« Quais os meios e as experiências que você acredita serem úteis para essa caminhada?

»« Você quer iniciar essa aventura com Deus?

»« O seu coração real-mente a deseja?

»« Já escolheu o seu ‘acompanhante espiritual’?

Ensinei aos jovens um método de vida cristão, que é ao mesmo tempo alegre e empenhado. Re-peti muitas vezes a eles: “Servi ao Senhor com ale-gria, ide a ele gritando de alegria” (Salmo 102).

Quem se preocupa com a própria interioridade

alcança níveis de sereni-dade, de alegria e de gos-to pela vida, impensáveis fora dessa perspectiva.

Outro engano comum é achar que você vai

ter uma vida longa: somos jovens, temos que nos di-vertir, mas vamos nos con-verter na velhice. A his-tória nos ensina, porém, que com esses raciocínios muitos acabaram se estra-gando. Provei o quanto é verdade o dito da Escritu-ra: “Ensina o adolescen-te quanto ao caminho a seguir, e ele não se desviará, mesmo quando envelhecer” (Provérbios 22,6). Isso quer di-

zer que, se iniciarmos uma vida de bondade enquan-to formos jovens, seremos bons nos anos avançados, crescendo em virtude e in-terioridade. Ao contrário, se os vícios se apossarem de nós na juventude, eles nos dominarão em todas as idades, até à morte.

Estou convencido de que é fácil e alegre realizar-

-se a si mesmo, plenamen-te e com gosto, ter suces-so, ser amado e estimado por todos. Mas vocês de-vem, porém, se entregar a alguém que lhes sirva de guia. Que lhes ensine a reflectir, a tomar consciên-cia de si mesmos, a com-preender em profundidade a vida e a escutar os an-seios do coração. E é pre-ciso exercício quotidiano, fidelidade.

Sem um olhar inteligente e

profundo, sem vontade e sem determinação, vocês ficarão

como seres incompletos. Bloqueados no voo em di-recção aos vértices para os quais foram criados.

Coragem, então, meus caros. Entreguem-se à

virtude e eu garanto a vo-cês que terão sempre um coração alegre e conten-te, e conhecerão o quanto é agradável servir ao Se-nhor.

Pe. João Bosco

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12 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Em Comunicação

A comunicação na EscolaEm Fevereiro iniciam em todo o país as activida-des educativo-escolares. Milhões de crianças e jo-vens vão dedicar muitas horas do ano no âmbito da escola para adquirir novos conhecimentos e também uma maneira de saber estar e viver a vida.

Se o educando é o desti-natário principal de toda a actividade escolar, o edu-cador é um dos ‘artistas’ principais nesta bonita ta-refa de educar uma crian-ça, um adolescente.

Durante muito tempo, educador e educando vão estar juntos: o primeiro, sendo um ‘comunicador’ que ajuda a crescer as capacidades humanas, intelectuais, criadoras, morais… do educando; o educando, como ‘reci-piente’, a receber nova sabedoria para desen-volver-se o mais com-pletamente possível.

Por isso, trazemos, nesta página dedica-da à comunicação so-cial, algumas propos-tas realizadas por José Luis Calvo, para ajudar a realizar uma BOA COMUNICAÇÃO ESCO-LAR entre o educador/professor e o educando/aluno. Na medida em que o que se emite é captado em profundida-de pelo receptor, maior aproveitamento haverá do diálogo educativo.

Esperemos sejam úteis estas indicações para que os professores/educado-res, sempre que ensinem uma disciplina, quando falem nos Bons Dias/Boas Tardes, quando tenham de corregir ou estimular, quando façam propostas educativas, os seus des-tinatários possam captar positivamente aquilo que lhes é dito. Eis as dicas para ‘A comunicação no discurso escolar’:

1- Linguagem verbal viva, concreta, imaginativa e sugerente

2- Linguagem verbal pes-soal, directa

3- Utilização de figuras retóricas provocando aos alunos ao co-

nhecimento

4- Domínio da voz

5- Pedagogia multimidia: oral e escrito, esquemas e síntese, objetivos, pro-jector, murais…

6- Conexão com os inte-resses dos destinatários: unir conteúdos com a vida dos alunos

7- Utilização dos exem-plos, dramatizações, his-tórias…

8- Recurso à personaliza-ção: unir os conteúdos com pessoas concretas

9- Criar um ambiente op-timista, de confiança e de segurança em sí mesmos

10- Domínio do espaço

11- Aceleração do ritmo escolar para suscitar o interesse dos alunos

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13«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

Os Antigos Alunos (AA. AA.) são o grupo mais grande da Família Sa-lesiana. Mas, é o gru-po mais débil, porque é o grupo que precisa de mais acompanhamento da parte dos sdb e das fma. Se os sdb entendês-semos a força que temos no mundo com os AA, os seguiríamos mais e trans-formaríamos mais o mun-do com maior força. Mas, ainda os sdb, uma gran-de maioria não entendeu

Sábado, 28 de dezembro de 2013, abriu-se com a Concelebração Eucarística presidida pelo Reitor-

Mor dos Salesianos, P. Pascual Chávez, a V Assembleia Geral dos ‘Voluntários Com Dom Bosco’ (CDB), grupo de Leigos Consagrados da Família Salesiana (FS).

Presentes entre outros no momento da abertura oficial, inclusive com sua saudação, a Ir. Graziella Benghini, Madre Geral das Irmãs Salesianas Oblatas

do Sagrado Coração; Olga K, Responsável Maior das Voluntárias de Bosco (VDB); a Ir. Maria Luisa Miranda, Conselheira Geral das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), também portadora de uma Mensagem, lida à Assembleia, da Madre Geral, Ir. Yvonne Reungoat.

O tema-condutor da Assembleia é: “Com Dom Bosco, entre Memória e Profecia”. Os Representantes dos CDB das

várias partes do mundo, junto com um grupo de Assistentes Eclesiásticos Salesianos, dedicam-se a aprofundar o aspecto da salesianidade na vocação CDB e as implicações que advêm do querer e dever viver “salesianamente” a cotidianidade. Previstas as falas do P. Bruno Ferrero, Diretor do Boletim Salesiano, e de Olga K.

A Assembleia é chamada igualmente a aprovar as mudanças nas Constituições e Regulamentos, e a eleger quer o novo

Responsável Mundial, quer o Conselho Central.Os CDB estão presentes em 24 nações de 4 Continentes. Em Moçambique existem 2 CDB que estão realizando o 1º ano de Formação. A Assembleia terminará no dia 5 de janeiro de 2014.

Em Família

V Assembleia Geral Voluntários Com

Dom Bosco

Antigos Alunos

de Dom Bosco

que é uma grande força leiga que temos e que nos vai ajudar a trans-formar, a evangelizar e a educar a sociedade com o espírito salesiano, pois já são um fruto do nosso carisma que estão a viver no mundo.Compreender que são uma força; que Dom Bos-co os quis como parte do seu carisma, porque são o fruto mais bonito do seu esforço pastoral; que como leigos estão chama-dos a unir-se como leigos-para ser mais grande e mais forte a Igreja; a viver a solidariedade, não só ao interno da Associação, mas também fora.Sobretudo, o AA está cha-mado a melhorar a socie-

dade, a ter capacidade profissional.Outro valor importante que sublinha o Reitor Mor é o da moral, que a vi-vência moral seja um ele-mento forte nos AA. Que o compromisso social seja outro elemento forte nos AA.

É necessário identidade e formação para assegurar o que queria Dom Bosco: o AA comprometido so-cial, política e religiosa-mente na sociedade.

O P. PASTOR, Sdb, é o Delegado Mun-

dial para os AA.AA. Na sua passagem por Moçambi-que falou-nos da realida-

de da Associação.

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14 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

ANS de Moçambique

A Ir. Paula, Provincial das FMA, nas suas viagens pelas comunidades, en-contra-se com diferentes grupos, ocupando o dos jovens um lugar especial. Na fotografia, os jo-vens da presença de Chiúre (Cabo Delgado)

Um salesiano asiáti-co nos visitou e teve um encontro com Sdb e Fma para apresentar os novos desafios mis-sionários para a Família Salesiana no continente africano, olhando para o grande numero de asi-áticos emigrantes que vêm ao nosso continente.

No dia 24 de Janeiro, a noviça Júlia Sussu Salimanda, realizará a sua Primeira Profissão como Filha de Maria Auxiliadora no seu país de Angola.

Os dois últimos anos esteve em Namaacha realizando o noviciado.

O dia 31 de Janeiro, os noviços salesianos que se encontram em Nama-acha, realizarão a sua Primeira Profissão como Salesianos de Dom Bos-co. São 5 noviços de An-gola e 3 de Moçambi-que.

NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES

A Ir. Lucia Nhantumbo, fma, que se encontra em Roma na preparação missionária, recebeu das mãos da Madre Geral FMA o mandato missionário no Natal.

Vai enviada ao nosso contintente africano, ao pais de Tunísia.

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15«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

As Fma de Chiúre (Cabo Delgado) não querem ficar atrás no desen-volvimento do apro-veitamento ambiental.

Aquí as vemos com a nova cozinha solar que nem fósforos utiliza. So-mente o ‘irmão sol’.

Na Paróquia de Chiúre (Cabo Delgado) realiza-ram o Natal do Doente.

As Fma não ficaram atrás e lá elas deram o seu con-tributo de carinho aos que sofrem no Hospital local..

NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES NOTÍCIAS BREVES

Os Padres Américo (Provincial) e Adolfo Sarmento (Delegado) irão participar no Capítulo Geral 27 dos SDB, que vai ter início em Fevereiro, começando com uma semana de retiro no berço da Congregação, em Valdocco.

Nos unimos com a oração e o carinho, à dor dos nossos irmãos pelo falecimento dos seus seres queridos:

+ Pai da noviça Julia+ Pai do P. Miguel Angel+ Mãe do nosso falecido P. Manuel Catonda

O Instituto Superior Dom Bosco (ISDB),recebeu temporalmente a nova construção que foi levantada no recinto do mesmo.

Os novos locais serão destinados à Oficina de Mecânica, contando várias salas auxiliares.

Page 16: Boletim Salesiano Mozambique Nº 56

16 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

“Ela fez tudo” é a síntese do exercício

natural consciente, atuado a partir da sua forte e bem estruturada personalidade cristã; uma personalidade enraizada em Deus e com uma peculiar maneira de se relacionar com o mundo: Jesus, – o Deus incarnado –, é o bom Pastor que tem predileção pelos pequenos e pelos pobres, e dá a vida pelas suas ovelhas.

PILAR MOREDA (BS Esp.)

Tradução: B.Gonçalves (BS Port. Nº 538)

Quem conhece um pou-co a fundo a vida de

João Bosco admira-se das suas capacidades huma-nas, mas, sobretudo, fica encantado com a sua pro-funda espiritualidade as-sente na fé e na plena con-fiança em Deus, que ama cada um de nós a ponto de nos enviar o seu próprio Fi-lho por intermédio de Ma-ria, sua Mestra, Mãe e Au-xiliadora.

Ao relacionar-se com a sua “Mestra”, talvez

João tenha recordado muitas vezes o sonho dos 9 anos para se “deixar levar pela mão de Maria, sua Mestra”, e ser guiado por Ela na solução correta de cada situação difícil.

Ao fim e ao cabo, não foi o próprio Jesus que

lhe “ofereceu” a sua Mãe?: “Dar-te-ei a Mestra que te indicará o que deves fazer”.

Dom Bosco levou a cabo muitos e grandes em-

preendimentos na socie-dade e na Igreja, pondo ao serviço de Deus e dos jo-vens mais pobres todas as suas capacidades.

Sempre viveu convenci-do de que sem Maria

nada seria possível. Por isso, quase no final da sua vida, ao contemplar numa imagem panorâmica re-trospetiva a maravilhosa obra realizada, recordou--se das palavras da “mes-tra” no sonho dos 9 anos: “A seu tempo, tudo com-preenderás” e, profund-

Ela fez tudo

Maria no carisma salesiano

mente emo-c i o n a d o , e x c l a m o u : “Ela fez tudo”.

“Ela fez t u d o ”

é, em Dom Bosco, mais do que um conjunto de palavras que estruturam e dão sentido a uma frase bem e l a b o r a d a ; algo mais do que palavras s e n t i d a s , fruto de uma exper iênc ia comovedora, emocionante.

É a expres-são de

uma vida que con-templa pro-fundamente ag radec ida as maravilhas que Deus nela realiza e nas demais criaturas através de sua Mãe.

“Ela fez tudo” traduz uma espiritualidade,

por ser uma frase que encerra em si mesma uma intuição e um sentido vocacional da própria vida. É a intuição que sustentou e deu fundamento à vida de Dom Bosco, gerando energia e orientando-a numa mesma direção transcendente.

Page 17: Boletim Salesiano Mozambique Nº 56

17«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

A espiritualidade salesiana

O ano 2014 marca a ultima etapa na nossa peregrina-ção ‘interior’ para celebrar com vida salesiana renova-da o Bicentenário do nasci-mento de Dom Bosco. Esta terceira etapa está centrada na ‘ESPIRITUALIDADE DE DOM BOSCO’.

O cartaz da estreia, que nos vai acompanhar neste ter-ceiro passo espiritual, nos apresenta a Dom Bosco com uma mão sobre o coração que simboliza o amor como a centralidade da sua espi-ritualidade e pedagogia pre-ventiva. A mão direita, que nos lembra a relíquia desta mão que viajou por todo o mundo salesiano nestes três

anos, nos abençoa.

Na altura do coração há uma porta aberta que está inunda-da de luz. Para ela dirigem--se diferentes membros da Família Salesiana. Querem entrar no coração de Dom Bosco para, não só descobrir o que estava dentro do seu espírito, mas, principalmen-te, para enriquecer-se com este mesmo espírito: APRO-PRIEMO-NOS DA EXPE-RIÊNCIA ESPIRITUAL DE DOM BOSCO.

Mas, não se trata de ficar lá dentro. É urgente voltar ao campo dos sonhos, onde os jovens esperam. É neces-sário voltar para a missão

da vida com o mesmo cora-ção e espírito apostólico de Dom Bosco, para os tempos de hoje, para os jovens de hoje: PARA CAMINHAR NA SANTIDADE SEGUNDO A NOSSA VOCAÇÃO ESPE-CÍFICA.

O cartaz mostra também o lema ‘missionário’ de Dom Bosco: DA MIHI ÁNIMAS, CETERA TOLLE (Dai-me almas, levai o resto), assim como o objetivo da sua vida e actividade: A GLÓRIA DE DEUS E A SALVAÇÃO DAS ALMAS.

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18 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

A espiritualidade salesiana

Dom Bosco é conhecido por todos como o ‘Pai

e Mestre da juventude’. Um homem e um sacerdo-te cheio de amor pelos jo-vens, de criatividade pasto-ral, de coragem e fortaleza, trabalhador incansável, com capacidade enorme de relações humanas com toda a gente, com uma ma-neira de ser que atraía para si o coração dos jovens e também dos adultos. Em definitiva, Dom Bosco era um santo!

Mas, de onde provinha a Dom Bosco todo esse

ardor missionário, todo esse amor educativo, toda essa criatividade ca-rismática?

O Reitor-Mor, no comen-tário à Estréia 2014

(CEstr) afirma que «à base de tudo, como fonte da fe-cundidade de sua acção e actualidade, há alguma coisa que escapa com fre-quência, mesmo a nós, seus filhos e filhas: a sua profunda vida interior, que se poderia chamar de FAMILIARIDADE com Deus». É o «DOM BOSCO MÍSTICO» que temos de descobrir.

Como todos os santos, Dom Bosco também

fez da ‘caridade’, fundada no amor a Cristo, o centro da sua vida cristã, viven-

do-a desde a óptica ca-rismática salesiana

que o Espírito Santo lhe con-

c e -

deu. Assim, podemos falar de «caridade salesiana, como caridade pastoral, porque busca a salvação das almas, e é caridade educativa, porque encon-tra na educação o recur-so que permite ajudar os jovens a desenvolverem as suas energias de bem; dessa forma, os jovens po-dem crescer como hones-tos cidadãos, bons cristãos e futuros habitantes do céu» (CEstr).

O Reitor-Mor lança o convite a toda a Famí-

lia Salesiana a beber «nas fontes da espiritualidade de Dom Bosco, na sua ca-ridade educativa e pasto-ral» (CEstr).

Cristo Bom Pastor é o modelo da espirituali-

dade salesiana, e o lema ‘Da mihi animas, cetera tolle’´é ao mesmo tem-po oração e programa de vida (Cfr. CEstr) para todo aquele que queira viver com o mesmo coração de DomBosco, um coração cheio do amor de Deus, dedicado completamente ao Reino de Deus nos jo-vens.

Precisamos de entrar nesse coração, como

nos mostra o cartaz da Estréia, porque a espiri-tualidade de Dom Bosco é «fundamento do nosso modo de viver hoje a es-piritualidade salesiana, na diversidade das vocações que nele se inspiram; e po-demos, nós mesmos, fazer uma intensa experiência espiritual salesiana» (CEs-tr).

É um desafio à nossa fi-delidade ao carisma por

Dom Bosco, MÍSTICO?

Page 19: Boletim Salesiano Mozambique Nº 56

19«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

parte de todos os grupos: viver com o mesmo espíri-to de Dom Bosco.É um desafio que nos lan-çam os jovens e a Igreja de hoje: um carisma que foi dado pelo Espírito para eles.

Diz o Reitor-Mor que «os santos oferecem um iti-

nerário concreto e válido para a identificação com o Senhor Jesus» (CEstr). Dom Bosco não é para nós, seus filhos e filhas, um ‘ídolo’. A sua própria pessoa, contemplando--a em todas as suas face-tas, é um ‘meio’ pastoral. Dar a conhecer e a amar Dom Bosco aos jovens, é colocar-lhes um modelo para que possam atingir a Jesus com mais facilidade e alegria. Dom Bosco con-verte-se também em cami-nho para Jesus, porque o

objetivo final da sua Famí-lia Religiosa é também «a glória de Deus e a salva-ção das almas».

Num sonho que Dom Bos-co conta aos seus jovens (ver pag. 9 deste BS), diz: ‘ a minha imaginação ocu-pada com o pensamen-to das almas dos jovens, como o está quase sem-pre’. Eis a proposta que nos lança a Estreia: ter-mos a nossa imaginação, inteligência e coração ocu-pados, como Dom Bosco, em como levar os jovens à salvação, que é o próprio Jesus, e Jesus ao coração dos jovens.

«A ‘familiarida-de’ com Deus –que tinha Dom Bosco- não será isso o melhor que temos dele para o poder amar, invocar, imitar, seguir, a fim de encontrar o Senhor Jesus e fazê-lo encon-trar pelos jo-vens?» (CEstr)

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20 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

A espiritualidade salesiana

A espiritualidade salesiana é...“É um estilo de vida, de oração, de trabalho, de relações interpessoais; uma forma de vida comunitária; uma missão educativo-pastoral segundo um patri-mônio pedagógico; uma metodologia formativa; um conjunto característico de valores e atitudes; uma atenção especial à Igreja e à sociedade me-diante setores específicos de trabalho; uma herança histórica de documentação e de textos; uma linguagem característica; uma série típica de estruturas e obras; um calendá-rio de festas e acontecimentos próprios...”

(CEstr)

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21«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

Testemunhos

OS SANTOSVisíveis aos milhares, como as estrelas a olho nu, mas incomparavelmente mais numerosos ao telescópio que vislumbra também aqueles sem auréola.Vulcões incandescentes, como fendas no mistério do Fogo Trinitário.Romances aventurosos, escritos pelo Espírito Santo onde a surpresa é a norma.Existências do mais variado gênero literário, mas sempre fascinantes: no estilo de um drama com sabor de fábula.Clássicos da sintaxe das Bem-a v e n t u r a n ç a s , sempre convincentes, graças à sua gozosa existência.Cosmonautas do espaço, a quem se devem as mais ousadas descobertas, possíveis somente a quem tanto se distancia da terra.Gigantes tão diversos de nós, como sempre costuma ser o gênio, no entanto, concidadãos feitos da nossa mesma matéria.Sujeitos a erros e insucessos, mas sempre homens de exceção: não devem ser banalizados com a desculpa de serem nossos companheiros de caminhada.Sinais da absoluta gratuidade de Deus que enriquece e eleva segundo os misteriosos critérios da Sua liberalidade.Têm como residência uma paz inalterável, muito acima dos triviais conflitos humanos, todavia, perenemente insatisfeitos porque não param de buscar sempre mais.Em órbita em torno do essencial, eles são os profetas do absoluto. Grandes artistas na forja do Belo, diante do qual o coração humano se extasia.

Homens e mulheres de pleno sucesso, testemunhas da secreta harmonia entre natureza e graça.Loucos de Deus, enamorados a ponto de editar um vocabulário desconcertante.Os mais distantes, por instinto, de qualquer gênero de culpa, e sempre os mais próximos de toda categoria de culpados.Plateias perante as quais o divino dá espetáculo e, eles mesmos, humildes expectadores, graças a

um desapiedado conhecimento do próprio nada.Empenhados num contínuo esconder-se e, todavia, i n e v i t a v e l m e n t e luminosos como cidades construídas sobre o monte.Portadores de mensagens eternas para além do tempo, do progresso, das culturas e das raças.Palavras de fogo que Deus pronuncia para sacudir a nossa

indolência. Palmadas que o Mestre Divino dá, batendo sobre a mesa, para nos acordar a nós, alunos distraídos.Milagres viventes, diante dos quais não há necessidade de peritos para aceitar o extraordinário do Evangelho vivido sine glossa.Heroicamente desapegados do humano, Eles são especialistas do superlativo das nuances humanas. Verdadeiros mestres de psicologia que, pelo amor, atingem as dobras mais ocultas do coração humano.Capazes de fazer vibrar as nossas melhores raízes e que, ao tocar as cordas da ressonância antiga, despertam as saudades do futuro.Como as estrelas do céu: tão diversas entre si e, no fundo, acesas pelo mesmo fogo.

P. Pascual Chávez

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22 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Vida da Igreja

DIOCESE DE INHAMBANEInhambane, 25 Outubro de 2013

NOTA PASTORAL

Às comunidades cristãs, aos Sacerdo-tes, Pessoas Consagradas, às Autorida-des civis e militares, aos Partidos políti-cos, a todos os Homens e Mulheres de boa vontade.Os acontecimentos dos últimos tem-pos, de modo par-ticular dos últimos dias, dizem-nos que o País está sendo empurrado para a guerra, con-tra a sua vontade expressa repetida-mente.Se isto acontece, significa que há quem está interes-sado na guerra, há quem quer a guerra! Mas quem é esse que quer guerra e para quê? O Bem do Povo é este mesmo Povo, de que todos os políticos se dizem ‘defensores’, não querendo ele a guerra, aqueles não de-vem ser promovidos através da guerra; neste momento e por aquilo que se diz e sabemos, que ninguém faça a guerra em nome do Povo moçambicano e ninguém obrigue seja quem for a fazer a guerra e ninguém se sinta obrigado por outrem a fazer a guerra.A Sociedade moçambicana, a diferentes níveis e através das suas instituições sociais não só se pronunciou e continua

a se pronunciar contra a guerra, mas foi até ao ponto de fazer propostas (como fez o Observatório Eleitoral) para se sair da crise e do impasse. Porque é que o diálogo não surte efeito e porque dos impasses que têm caracterizado o diálo-go em curso?Exigimos a cessação imediata das es-caramuças militares; exigimos o fim dos ataques a civis e da destruição dos bens; exigimos o fim dos discursos iróni-cos ou salpicados de ódio. Que se volte

à mesa do diálogo sincero e que seja frutuoso. Se a cau-sa é o Povo, não é necessário o recur-so a qualquer tipo de violência nem à guerra. O Povo moçambicano é soberano ou não? Se de facto é, en-tão, escutem-no. Por isso, a nenhum moçambicano deve

ser exigido este sacrifício, porque des-necessário! Nenhum moçambicano deve ser levado para alimentar uma guerra que é contra ele mesmo!!Às Comunidades cristãs e de todos os crentes em geral exortamos para que se empenhem na oração fervorosa e inces-sante para obtermos do Senhor o Dom da Paz.

DIÁLOGO, RECONCILIAÇÃO E PAZ

+ Adriano Langa, OFM

Bispo de Inhambane

Nos primeiros momentos da situação de violência que se viveu no centro do país, e que ainda afecta àquela zona e a toda a sociedade moçambicana, o Bispo de Inhambane publicou uma

nota pastoral para iluminar esse momento tão delicado e perigoso. Como a situação de insegurança e mortes ainda continua, o BS publica esta nota pastoral de D. Adriano Langa, para colaborar nesta tarefa de ajudar a termos uma paz e justiça estável em Moçambique.

DIÁLOGORECONCILIAÇÃO

EPAZ

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23«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

Por isso, participar aos Domingos na Eucaristia é tão importante para todos os cristãos: - encontro com Je-sus Vivo - momento de escu-ta da sua Palavra - celebração onde a minha fé se alimenta e fortalece com o Pão da Vida - experiência de comunidade cristã, com outros irmãos que cami-nham na fé como faço eu. - encontro para a

solidariedade e a partilha de bens. - compromisso para levar o anúncio de Jesus na minha família, no meu tra-balho ou escola, aos amigos.

Façamos do DO-MINGO o momento importante da nos-sa vida cristã. É o dia em que a nossa identidade cristã se

torna mais manifesta e se robustece. Desde a ex-periência do Domingo ali-mentamos e preparamos a vida da semana que co-meça.

E à celebração do Do-mingo trazemos tudo o que vivemos ao longo da semana: os nossos peca-dos para pedir perdão; as nossas boas acções para oferecer a Deus; as nos-sas dores e alegrias, as nossas intenções pelas pessoas e pelo mundo.

Cristãos em formação

Por que os cristãos de-vemos participar todos os domingos na Euca-ristia? Não é o mesmo rezar em casa?

- Em primeiro lugar, res-pondemos á segunda per-gunta: será que quando a minha família tem uma cerimónia, eu também lhes posso responder as-sim? Olhai, eu desde a minha casa vos acompa-nho na cerimónia! Não! Ninguém aceitaria esta resposta. Seria conside-rada um desprezo para a família.

Assim, também nós: no dia do nosso baptismo, não só entramos a formar parte da Família de Deus, a Santíssima Trinda-de, mas também nos integramos na co-munidade dos filhos de Deus, a Igreja. E, um momento impor-tante de eu ‘sentir--me’ Igreja é estar presente fisicamente quando a Igreja se reúne todos os do-mingos para celebrar a Eucaristia. Partici-pando fisicamente e com todo o coração, não como uma obrigação, enriqueço a minha comu-nidade, e a comunidade fortalece a minha fé. Nes-se encontro de oração e de comunhão, o NÓS da Igreja enriquece a minha fé pessoal.Por tanto, amigos, não deixemos que a preguiça empobreça a nossa fé e a nossa comunidade!

- Agora respondo à pri-meira parte da pergunta: por que participar aos do-mingos na Eucaristia?

Se lembramos o Novo Testamento, é no primei-ro dia da semana judaica que Jesus ressuscitou. Esse dia passou-se a ser chamado pelos cris-tãos: DOMINGO, dia do Senhor! O próprio Jesus, apareceu-se a Tomás, aquele que não acreditou nos seus companheiros de que O tinham visto, ‘oito dias depois’, isto é, um domingo. As comu-nidades primitivas cris-tãs reuniam-se nesse dia para ‘a fracção do pão’. É o dia em que celebramos o Ressuscitado!

Jesus na Última Ceia, deixou como mandato aos apóstolos que repetissem o que Ele fez nessa noite e até à sua Vinda: «Fazei isto em minha Memória». Desde então, os cristãos se encontram para a Eu-caristia. Não é só para cumprir a Vontade e o Mandato de Jesus, mas é também o momento em que a comunidade se ENCONTRA com JESUS VIVO, presente no COR-PO E SANGUE eucarísti-cos. Momento em que Ele vem a estar no meio da sua IGREJA.

VIVER O DOMINGO CRISTÃO

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24 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Construindo Famílias

O Papel da família na educação dos filhos (1ª parte)

Na sociedade em que vivemos a educação é

algo fundamental para que a humanidade se desen-volva em todos os senti-dos, desde economica até culturalmente.

Nos dias de hoje há vá-rias formas de in-

gresso na educa-ção, começando do meio infan-til, passan-do pela fase da adoles-cência até o mais alto nível uni-versitár io, por causa do gran-de núme-ro de ins-t i t u i ç õ e s de ensi-no abertas mundo fora e até mesmo pelo grande incentivo do go-verno aos jovens para investir cada vez mais em seu futuro através da educa-ção, no âmbito universitá-rio.

Com isso, muitos lares se esquecem de seu

papel fundamental em in-vestir naquilo que dinhei-ro nenhum pode comprar e que nenhuma instituição de ensino pode ensinar para qualquer pessoa, que é a educação dada no seio familiar e que faz toda di-ferença na convivência em sociedade.

A educação familiar é muito importante para a

convivência em sociedade de todos nós porque é na família que se começa a ter a base de como viver em grupo. A família será

pessoal e comportamental de qualquer indivíduo, que é o respeito de limites. Certamente será muito mais fácil para o cidadão que teve uma boa educação no meio familiar ter facilidade em

respeitar o próximo, as autoridades, as leis e

a ordem descrita em qualquer lugar.

A f a m í l i a , p o r t a n -

to, tem um papel mui-

to impor-tante na educação de seus f i l h o s , p o r q u e estará a fazer um i n v e s t i -mento para

o futuro na vida desta

pessoa, con-tribuindo assim

para que seu fi-lho se torne um ci-

dadão amável, com princípios e valores

firmados na família e con-quistando um futuro pro-fissional brilhante sabendo conciliar os estudos aca-dêmicos com a educação vinda da família. Com as famílias cientes de seu im-portante papel na educa-ção de seus filhos, teremos uma sociedade livre dos males que nos cercam ac-tualmente, porém estamos longe desta consciência, porque muitos lares ainda não se preocupam com o seu papel na educação de

o primeiro grupo de pessoas de seu convívio, com isso, terá que aprender, através desta vivência, como se portar e comportar adequadamente em grupo.

Através da educação dos filhos dada pela família,

por meio da convivência do grupo familiar, será cumprido outro papel importante no investimento

Page 25: Boletim Salesiano Mozambique Nº 56

25«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

seus filhos, pensando que podem transferir esta im-portante tarefa a terceiros.

Família o primei-ro sujeito

educativo, cuja temática é fundamental no mundo inteiro. Estamos de fac-to numa fase, que se ca-racteriza culturalmente, de ataque, pelo poder, à família e à sua origem. O poder mundial está tentan-do atacar na raiz o sujeito da família, porque uma pessoa que sabe quem ela é e a quem pertence, mais dificilmente pode ser manipulada. A Declaração do Direito Universal afir-ma que toda criança tem o direito de crescer dentro do contexto familiar. Esta afirmação parece entrar em contradicção. Se diz que a criança tem o direi-to de crescer dentro de uma família, proclamado pela Declaração do Direito Universal. Por outro lado, ataca-se a família na raiz.Podemos concordar que são aspectos relacionados à temática família, no en-tanto tendo cada um for-mas culturais diferentes de conhecimento da mesma.

A família da qual eu vou falar, é um lugar no qual

está um pai e uma mãe, que decidem de forma consciente acompanhar o destino dos próprios filhos, ou seja, educá-los.

Uma criança começa a ser feliz quando ela co-

meça a perceber que per-

tence a alguém. É nesse ponto que pode acontecer o relacionamento, a expe-riência do relacionamento. É só dentro desse rela-cionamento que se pode transmitir o sentido daqui-lo que se é e daquilo que se faz. A educação é um processo muito importante, através do qual uma crian-ça pode se tornar adulta, uma pessoa responsável, ou seja, tornar-se capaz de enfrentar todas as situ-ações cheias de desafios da vida cotidiana, sobre-tudo nos contextos difíceis de risco.

Esse direito de cada criança – de se poder

tornar adulta e poder ser educada – é um direito que tem a ver também com a família. É a família que tem o direito de educar: só através de uma hipótese positiva no relacionamen-to vivido em família é que a criança pode ter o dese-jo de se tornar adulto, de crescer.

Silvana Monachello Fma - Psicóloga

Page 26: Boletim Salesiano Mozambique Nº 56

26 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Olhando à vida

A paróquia- Missão de S. João Baptista não fica

longe do centro de Moa-tize, por isso e pelas ac-tividades que desenvolve é um lugar onde, durante todo o dia, acorrem peque-nos e grandes.

É a escola primária com os seus 2000 alunos em

dois turnos; são os alunos de informática em 4 turnos; são os jovens que colabo-ram na rádio D. Bosco; os colaboradores do projecto de desenvolvimento rural; os clientes que trazem ma-deira para ser trabalhada na carpintaria; os jovens, adolescentes e crianças

que aproveitam os cam-pos de jogos; as pessoas que acorrem à secretaria paroquial para tratar dos seus assuntos; os diversos grupos paroquiais que vêm fazer as suas reuniões; as crianças que simplesmente vêm beber água ou apro-veitar as sombras ou jogar às damas na mesa de ci-mento construída pelo P. Júlio Rosa e que todos os dias regista uma taxa de ocupação de quase 100%.

Mas a paróquia é tam-bém um centro de per-

didos e achados. Na rádio, de facto, existem mais de uma dezena de bilhetes de

identidade, cartões multi-banco, cartões de mem-bro, quer dizer cartão de filiação no partido, cartões de eleitor ou carteiras que foram perdidas e que são trazidos para se fazer o anúncio. Mas os perdidos e achados não há só de coisas.

Há alguns dias atrás, ao fim da tarde, apareceu-

-nos um senhor com uma criança, o Paulo, de 3 a 4 anos, dizendo que o tinha encontrado e que anda-va perdido. Vinha trazê-la para fazer o anúncio no rádio. O senhor desapare-ceu e nós ficámos, literal-

A paróquia dos achados e perdidos

Page 27: Boletim Salesiano Mozambique Nº 56

27«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

mente, com o menino nos braços. Fez-se o anúncio no rádio, mas não apa-receu ninguém. Os pré--aspirantes deram banho à criança, jantou connosco e depois lá foi o P. Francis-co à polícia relatar o caso. Escusado será dizer que a polícia não quis ficar com a criança.

O Paulo, muito tranquilo, sem se queixar, sem

chorar, dormiu e tomou o pequeno-almoço connosco e até foi à oração.

Curiosamente pela ma-nhã estava uma se-

nhora, com dois bebés gé-meos, à procura de uma criança perdida. Apresen-tado o Paulo, verificou que não era o seu filho. Estava-se nesta conver-

sa quando chega um po-lícia para fazer o anúncio de uma criança perdida que estava na esquadra. Não foi necessário fazer o anúncio porque a mãe era a senhora dos dois bebés gémeos e que estava ali. Lá se foi à esquadra bus-car o seu filho.

Uma hora mais tarde chegava a mãe da

nossa criança perdida. Tinha ouvido na Rádio D. Bosco, o anúncio. Assim o Paulo regressava ao seio da família, depois de uma noite passada na nossa comunidade.

A missão de Moatize é verdadeiramente uma

paróquia de perdidos e achados, não só dos que enumerei antes, mas tam-

bém os perdidos e achados que deixaram ou perderam a vida cristã e passados anos regressam, reencon-trando a fé perdida.

É também paróquia de perdidos e achados

porque ponto de referência para muita gente, crente ou não crente e que todos os dias nos visita e encon-tra espaço para estar, con-viver e também rezar.

P. Leal

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28 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Filhas de Maria Auxiliadora

Foram dias felizes de partilha de experiên-

cias e testemunhos de FILIALIDADE das nossas irmãs que geraram vidas no contexto em que vive-ram, porque conscientes de terem sido geradas. Por isso, Filhas e mães, realizaram assim o pro-jecto original de Deus.

A Filialidade é uma ca-tegoria que interpela a

FMA, portanto é urgente revisar a nossa identida-de mariana para redesco-brirmos a nossa identida-de originaria de Filhas e não servas, nem Damas, nem oblatas, nem irmãs mas, Filhas de Maria Auxiliadora, nome que nos foi dado por D. Bosco desde os primórdios de fundação.

Num tempo de crise de identidade é urgente:

revisar e aprofundar a categoria da FILIALIDA-DE que qualifica a iden-tidade humana e cristã, - em cujo horizonte se co-loca a identidade mariana da FMA,– na sua dúplice dimensão de ser gera-da e de gerar, interpe-lando as várias ciências; Individualizar a relação da filialidade mariana na educação dos jovens e das jovens no contexto da nova evangelização de modo a Iniciar um pro-cesso que favoreça a in-dividualização de linhas operativas nos âmbitos

da formação e da educa-ção.

Este processo passa através de um pensar

reflexivo sobre o homem: quem é a pessoa que queremos educar, e por-que educar, para que fim educar, e por último como educar à filialidade, que é o tema - dialogando com as instâncias culturais - para se obter a ideia-real do homem, pois a questão antropológica é a base do significado da pessoa hu-mana, criatura que se re-aliza no dia a dia da sua

existência, não obstante os traços dramáticos que essa assume como: di-fusão de ideologias mar-cadas pelo relativismo; idolatria da técnica e da ciência; - marginalização da cultura da vida e da dignidade humana; impo-sição de uma antropolo-gia sem Deus.

Neste contexto sócio-cultural, a crise de

identidade toca a existên-cia de homens e mulheres do nosso tempo, e encon-tra implicações dramáti-cas sobretudo no mundo

R e a l i z o u - s e em Roma um Seminá-

rio Mariano organizado pelas FMA. A Ir. Luisa Macamo representou a Moçambique. Neste arti-go comunica-nos a sua

experiência.

Fma e a Filialidade Mariana

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29«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

ou filha único. Se não se pode viver como irmãos, dificilmente se poderá tor-nar-se filho (Papa Fran-cisco). Assim é a FMA - aquela que fez a experi-ência familiar de filha.

Filialidade é uma catego-ria originária e universal do ser humano, ela indica a capacidade, a p r e d i s p o -sição de ser filha/

filho. pois só o ser huma-no nasce filho e filha de “alguém”, mas isso não basta, é preciso tornar--se, educar-se a ser filhos apropriando-se interior-mente de atribuições atra-vés do processo de edu-cação. O verdadeiro filho é aquele que assume a responsabilidade de ge-rar outros. Por isso a fi-lialidade é uma condição adeguada para a humani-dade e é vocação.

A primeira Filha no Fil-ho é Maria de Nazaré;

Ela, Maria, é o cumpri-mento incomparável e in-

juvenil, mas também nos educadores, nas famílias e em todos os que se ocupam da educação, e mesmo na vida religiosa.

Com efeito, Identidade e filialidade, são dois

desafios que se entrela-çam com o tema da ma-ternidade/paternidade, realidades, hoje, postas em discussão nas nossas culturas. Entretanto, a re-velação cristã indica-nos um novo horizonte, no qual cada criatura huma-na é chamada a par-ticipar na filialidade de Jesus, o Filho de Deus e Filho de Maria.

É neste âmbito que se coloca o se-

minário mariano, que partindo da vivência carismáti-ca à reflexão, traz à luz a filialida-de de D.Bosco, de M.Mazzarello e de cada fma, que encontra a sua origem no ser filho/a numa família huma-na, portanto na re-lação com o pai, a mãe, os irmãos e as irmãs que vi-vem em (fratenidade, ma-ternidade e paternidade)

Por isso, a FMA é cha-mada a confrontar-se

com Maria, filha, irmã e mãe. Filiação, fraternida-de e maternidade são três dimensões relacionais que interpelam a nossa identidade carismática ao serviço das novas ge-rações. Cada FMA tome consciência da sua exis-tência filial, fraterna e ma-terna como consequên-cia da sua vocação; pois nenhuma criatura é filho

superável da filialidade que deve ser adoptada como o Humus, o seio no qual germinam, crescem, e amadurecem os filhos de Deus.

Portanto na via maria-na da educação, con-

templamos Maria como espelho de identidade filial para aprender dela a viver como filhos e fi-lhas, irmãos, irmãs, mães e pais autênticos e a ser colaboradores de Deus no gerar filhos e filhas segundo o seu projeto original.

Co m p r e e n d e r a experiência

e atitude de Ma-ria Domingas Ma-zzarello para com Maria requer um estudo das rela-ções tecidas na família e em parti-cular com os pais, na cultura do seu tempo, na forma-ção da catequese deles recebida, na sua experiência espiritual apostó-lica como jovem

pertencente à Pia União das Filhas da Ima-culada e depois como re-ligiosa educadora, guia e animadora da primeira co-munidade.

Assim é possível consi-derar em que sentido

a filialidade mariana é via privilegiada de educação preventiva.

Aprendamos na escola de Maria a tornar-nos

Filhas no Filho, que ge-ram vida porque encon-traram Maria e ela nos leva a Jesus, verdadeiro Filho de Deus. AMEM.

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30 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

> 214 MILHÕES O NÚMERO ESTIMADO DE MIGRANTES INTERNACIONAIS NO MUNDO> 3,1% DA POPULAÇÃO MUNDIAL ESTÁ FORMADA POR MIGRANTESSE FOSSE O 5%, OS MIGRANTES CONSTITUIRÍAM O QUINTO PAÍS MAIS PO-PULOSO DO MUNDO> 0 49% DOS MIGRANTES SÃO MULHERES> 440 BILHÕES DE DÓLARES SÃO AS REMESSAS ENVIADAS PELOS MIGRAN-TES AOS SEUS PAÍSES DE ORIGEM> 25,5 MILHÕES DE DESALOJADOS IN-TERNOS (DENTRO DOS PAÍSES) EM TODO O MUNDO EM 2010> 15,4 MILHÕES DE REFUGIADOS NO MUNDO (800.000 FOGEM DO PRÓPRIO PAÍS TODOS OS ANOS!)> 0 37% DA MIGRAÇÃO MUNDIAL TRANS-FERE-SE DO HEMISFÉRIO SUL PARA O NORTE(DMS2014: Fontes: IOM (International Or-ganization for Migration-UM), UNHCR, Cari-tas Internationalis)

Páginas missionárias

OsOutrosSomosNós

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31«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

DIA MISSIONÁRIO SALESIANO 2014

ALGUMAS IDEIAS DA CARTA DO REITOR-MOR

PARA O DMS 2014

Caríssimos irmãos e amigos das missões

salesianas:

Há vários anos a missão pelos migran-

tes nos impele a abrir-nos aos jovens e às famílias de outras proveniências, culturas e religiões, pre-sentes ao nosso lado.

O tema sugerido pelo DMS 2014 quer aju-

dar-nos a despertar nos-sa missionariedade e a tornar-nos mais sensíveis a um dos grandes sinais do nosso tempo.

A mobilidade pode tor-nar-se uma oportuni-

dade preciosa para abrir

as comunidades ‘mono-culturais’ à catolicidade da Igreja. Nesta linha, a presença dos 80 missio-nários salesianos ‘extra--comunitários’ nos doze Países europeus é um si-nal inspirador e um catali-sador de processos inter-culturais.

Um dos modos concre-tos de exprimir o cora-

ção pastoral de Dom Bos-co é abrir-nos ao mundo da migração, já presente

em quase todos os países do mundo; ...Na África com a migração interna e a presença de milhões de chineses.

Os fluxos migratórios são um fenômeno

já presente em todas as oito Regiões salesianas: e nos estão a pedir que abramos os nossos cora-ções aos migrantes.

É justo por isso que se comece a pen-

sar numa formação que prepare educadores e evangelizadores para contextos cada vez mais interculturais. E não creio que seja este um aspec-to marginal: é antes um chamado de Deus a ser acolhido com seriedade.

Sair

de nós

mesmos e

acolher

o outro

No terceiro ano de preparação ao Bi-centenário de nascimento de Dom

Bosco, somos convidados a aprofun-dar a sua espiritualidade. Seu mun-do interior certamente enriqueceu-se pela realidade da migração que expe-rienciou em nível pessoal, quando por várias circunstâncias teve de deixar a sua própria casa nos Becchi e mi-grar em busca de um lugar tranqüi-lo; e em nível pastoral quando come-çou a dedicar-se aos meninos em sua maioria migrantes, procedentes de aldeias não distantes de Turim. Essa atenção se concretizou pela abertura às missões: ao enviar os seus primeiros missionários à Argentina, confiou- lhes o cuidado pelos italianos que haviam emigrado a Buenos Aires.

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32 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Mundo salesiano

A reliquia de D. Bosco encontra-se na sua última etapa, e no seu país de Itália. Eis algumas fotografias significativas: na bonita cidade de Veneza (sup. esq.); junto à reliquia da beata Madadela Morano, FMA, na Sicília (sup. dir.); na paróquia de Mor-nese, de Madre Mazzarello (inf. esq.); em Tresviso, onde as Visitandinas conservam o coração incorrupto de S. Francisco de Sales (inf. dir.)

Nos últimos meses, alguns países de África voltam a ser triste notícia pelas guerras internas de grupos que fazem sofrer, como sempre, ao povo. As casas salesianas da Rep. Centroafricana (esq.) e de Sudão-Sul (dir.) abriram as suas portas para acolhe-rem milhares de refugiados.

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33«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

Portugal - Iniciativas para a canoniza-ção da Beata Alexandrina da Costa

(ANS) Depois da beatificação de Alexan-drina, em 2004, revelou-se um crescente interesse pela sua espiritualidade e pela sua mensagem. Todo fim de semana, de 3 a 5 mil pessoas visitam os lugares que conservam a memória da sua vida e do seu testemunho. Para dar resposta ao pedido de acolhida e acompanhamento espiritual dos romeiros, a Igreja de Bra-ga e a Fundação Alexandrina de Bala-sar, lançaram um concurso para o proje-to de um Santuário Eucarístico dedicado à Bv. Alexandrina Maria.Foi iniciado, além disso, o trabalho para a edição crítica dos escritos. A FS está presente em Balasar com o Centro de Espiritualidade “Da mihi ani-mas, cetera tolle”, aprovado pela Inspe-toria, promovido e animado pela Sale-siana Cooperadora Maria Rita Scrimieri.A Beata Alexandrina, grande alma eu-carística e porta-voz da consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria, teve como segundo diretor espiritual o salesiano P. Umberto Maria Pasquale, que seria também o grande promotor da sua causa de beatificação. Em 1944 Alexandrina inscreveu-se na Associação dos Salesianos Cooperado-res. Quis colocar o seu diploma de Sale-siana Cooperadora “num lugar bem visí-vel, de modo a tê-lo sempre debaixo dos olhos”, para colaborar com suas dores e orações na salvação das almas, sobre-tudo juvenis.

Rádio Dom Bosco: instrumento precioso e exemplo de

jornalismo limpo

(ANS) Uma rádio feita pelos malga-xes para os malgaxes, e uma voz limpa num mundo jornalístico corrupto: a Rá-dio Dom Bosco, emissora criada pelos salesianos em 1996 em Antananarivo, capital de Madagascar. A qualidade e a transparência das informações, unidas a uma difusão capilar, tornaram-na um exemplo de serviço ao Povo.O programa ‘ReSat’ prevê a criação de uma rádio católica em cada uma das 21 dioceses do País e a realização de uma rede ‘satelitar’ que permite às emisso-ras comunicar-se entre si e receber os programas produzidos pela Rádio Dom Bosco. “Através dessa colaboração as estações locais recebem os nossos jornais radio-fônicos e as nossas transmissões, en-quanto nós possuímos correspondentes em todas as dioceses”, – explicou o P. Claudio Ciolli, superior da Visitadoria em Madagascar”.Hoje nos estúdios de Antananarivo tra-balham perto de trinta pessoas. Os Programas, inteiramente produzidos em língua malgaxe, possuem alto valor educativo e enfrentam muitos temas li-gados à saúde, aos direitos da criança e da adolescência, à doutrina social da Igreja, à pastoral do trabalho e à promo-ção da mulher. Os radiojornais e muitas das transmissões são acompanhados por mais de três milhões de pessoas em toda a Ilha“.

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34 BS Nº 56 Jan/Fev 2014

Ni Landzi - Eu fico com Dom Bosco

com curiosidade para os quartos onde o santo edu-cador ia passando o de-clinar da sua vida. Poder ver a Dom Bosco era o que mais ansiava.Assim conta Luis Variada o seu encontro com D. Bosco: “Era Inverno. Jo-gávamos no pátio do Ora-tório quando de repente se ouviram gritos de to-dos os lados: Dom Bos-co, Dom Bosco! E todos corremos ao seu encon-tro. Ele desceu com difi-culdade, pois lhe faltavam as forças. Senti-me feliz em poder contemplar-lhe o rosto demoradamen-te. Aproximei-me o mais que pude e notei que ele fixava os olhos em mim. Senti-me tocado no mais íntimo de mim mes-mo. Nunca mais esqueci aquele momento. Tinha deparado com um santo. Dom Bosco descobrira, sem dúvida, no meu co-ração algo que só Deus e ele podiam saber”.Foi o despertar da sua vo-cação salesiana e sacer-dotal. A partir daquele dia afeiçoou-se de tal modo ao Oratório que passou a ver nele a sua casa e a considerar Dom Bosco como luz e esperança da sua vida.

(Do livro de Castano: Salesiano, apóstolo dos leprosos 1875-1923)

No dia 15 de Janerio celebramos

o Beato Luis Variara: salesiano, sacerdote, missionário entre os le-prosos de Colombia, fundador das Religiosas Filhas dos Sagrados

Corações e Beato!

Quando a 1 de Outubro de 1887 Pedro Variara deixou o seu Luisinho no Oratório de Valdocco (Turim) para os estudos secundários, apontava-lhe o caminho do sacerdócio que antevia no horizonte, mas o filho, quase com 13 anos de idade, observou-lhe:- Papá, mas eu não tenho vocação.- Maria Auxiliadora há-de ajudar-te -acrescentou o pai- . Porta-te bem e es-

tuda.A recomendação que, ao entrar no Oratório de Turim, lhe foi dirigida no sentido de se comportar bem, caiu em boa terra. Superou com facilidade as dificuldades de adap-tação à vida de interna-to e manteve sempre um bom relacionamento com os superiores e colegas. Aplicou-se seriamente ao estudo. Passou a ter sempre diante dos olhos o exemplo de Domingos Sávio.Ficava impressionado com o que ouvia dizer de Dom Bosco e olhava

Beato Luis Variara

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35«Fel izes no tempo e na eternidade» (D. Bosco)

No caminho vocacional, existe uma atitude fun-damental para não errar: discernir.

Várias são as definições que podemos dar, pois o discernimento utiliza--se para muitas coisas, algumas de muito valor, sobretudo quando entra em jogo o futuro da nos-sa vida, como é o caso da vocação.

Podíamos dizer que, DISCERNIR ‘vocacio-nalmente’ é a capacida-de de descobrir qual é a vontade de Deus sobre a minha vida. Jesus nos invita a discer-nir duma maneira muito ‘evangélica’.

O discernimento é assun-to de homens e mulhe-

res; de casados e solteiros; de jovens, de crianças, de adultos, de velhos… O exemplo mais perfeito en-contramo-lo na vida e na conduta de Jesus. Porque, no fim de contas, acreditar em Jesus é segui-Lo ( Mt 16, 23-24; Mc 3, 13-14).

E segui-Lo é assumir como critérios de dis-

cernimento os mesmos cri-térios que orientaram Je-sus:» Jesus assumiu a causa dos pobres e oprimidos como causa própria (Lc 4, 16-21);

O DISCERNIMENTO DE JESUS DE NAZARÉ

» Ele foi solidário com este tipo de pessoas e fez da solidariedade o seu meio fundamental de evange-lização (Jo 8, 1-11; Mt 4, 23-24; Lc 5, 27-32);

» Uma solidariedade sem limites. E uma solidarie-dade que inevitavelmente provocou o conflito até à perseguição e à morte (Lc 4, 28-30; Mc 3,6; Jo 6, 41).

Daqui se deduz que este

modelo de so-lidariedade é o ideal que deve orientar a consciên-cia cristã nas suas decisões. Estes critérios não estavam or ientados p a r a conse-

guir uma conduta a todo o preço, nem tão pouco para ser uma pessoa «da or-dem», segundo os critérios da sociedade estabelecida. Jesus não pretendeu a efi-cácia a todo o custo ou a implantação do Reino de Deus, utilizando qualquer tipo de meios. Jesus ficou com os necessitados e por eles fez o que tinha que fa-zer, porque tinha bem claro que Deus, o Pai, sempre tinha colocado o seu olhar em quem se sabia pobre, pecador e necessitados,

ou que era explorado e oprimido. Jesus toma então o único caminho de Deus. (Do texto de Gabriel Reyes - CE-LAM: ‘Decidir-se pela vontade de Deus’)

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