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Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará Fapespa Boletim TÉCNICO Comércio Varejista 1º TRIMESTRE 2015

Boletim Técnico do Comércio Varejista - Primeiro trimestre 2015

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Fundação Amazônia de Amparoa Estudos e Pesquisas do Pará

Fapespa

Boletim TÉCNICOComércio Varejista

1º TRIMESTRE 2015

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

Simão Robison Oliveira JateneGovernador do Estado do Pará

José da Cruz Marinho Vice-Governador do Estado do Pará

Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará - Fapespa

Eduardo José Monteiro da CostaDiretor-Presidente

Alberto Cardoso ArrudaDiretor Científico

Geovana Raiol PiresDiretora de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural

Maria Glaucia MoreiraDiretora de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação

Andrea dos Santos CoelhoDiretora de Pesquisas e Estudos Ambientais

Ciria Aurora Ferreira PimentelDiretora Administrativa

Eduardo Alberto Valente MendesDiretor de Planejamento

Natália do Socorro Santos RaiolDiretora Interina de Operações Técnicas

EXPEDIENTE

Eduardo José Monteiro da CostaDiretor-Presidente Alberto Cardoso ArrudaDiretor Científico Geovana Raiol PiresDiretora de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural Maria Glaucia MoreiraDiretora de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação Andrea dos Santos CoelhoDiretora de Pesquisas e Estudos Ambientais Ciria Aurora Ferreira PimentelDiretora Administrativa Eduardo Alberto Valente MendesDiretor de Planejamento Natália do Socorro Santos Raiol Diretora Interina de Operações Técnicas Geovana Raiol PiresDiretora de Estudos Econômicos e Análise Conjuntural Coordenação de Estudos Econômicos e Análise Conjuntural:Edson da Silva e Silva Elaboração Técnica:Edson da Silva e SilvaEdilene do Socorro Ribeiro Pinto

Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará – FapespaTv. Nove de Janeiro, 1686, entre Av. Gentil Bittencourt e Av. Conselheiro FurtadoCEP: – Belém/ParáCEP: 66.060-575, Bairro: São BrázFone: (91) 3323 2550

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BOLETIM DO COMÉRCIO VAREJISTA 1º TRIMESTRE

A Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa), por meio da

Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural, divulga o Boletim do

Comércio Varejista, com os principais resultados do setor. A análise é realizada com base nos

resultados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE), a qual faz referência ao Índice de Volume de Vendas (IVV) e ao Índice de

Receita Nominal (IRN) do Comércio Varejista paraense no acumulado do primeiro trimestre de 2015.

Com o objetivo de melhor ratificar a análise desses indicadores, são observadas outras informações

relacionadas ao Setor Varejista, como: inflação, endividamento das famílias, desempenho no

mercado de trabalho e arrecadação do ICMS.

No estado do Pará no primeiro trimestre de 2015, o volume de vendas do Comércio Varejista

recuou 0,9% em relação ao mesmo período de 2014, de acordo com o IVV sem ajuste sazonal. A

receita nominal, por sua vez, apesar de crescer 5%, esteve abaixo do registrado no mesmo trimestre

de 2014, quando IVV encerrou o período com elevação de 9,7%. Tanto o IVV quanto o IRN têm

descrito trajetórias declinantes nos últimos dois anos (Gráfico 1), comportamento iniciado após a

retirada dos incentivos fiscais dados pelo governo federal dos produtos da chamada “linha branca”,

subsídios estes que duraram da segunda metade de 2011 ao segundo semestre de 2013.

Gráfico 1 – Comportamento do IVV (%) e do IRN do Comércio Varejista paraense no 1º trimestre de 2011 a 2015

Fonte: PIM/IBGE, 2015 / Elaboração: FAPESPA, 2015.

O desempenho negativo do setor varejista, em relação ao IVV, esteve presente em 17

estados brasileiros entre os 27 pesquisados, tendo a média nacional variado negativamente 0,8%

no acumulado dos três primeiros meses de 2015. Esse resultado ratifica a desaceleração nas

vendas ocorrida no primeiro trimestre do ano, sendo o aumento das taxas de juros, a elevação

de impostos, o endividamento das famílias, o aumento das incertezas e o crescimento da inflação

alguns dos principais motivos para diminuição do consumo, conjuntura marcada pelos ajustes fiscais

do governo federal. Na região Norte, o Pará foi um dos três estados, entre os sete pesquisados, que

apresentou variação negativa do IVV.

De janeiro a março de 2015, o IVV variou negativamente no primeiro e no segundo mês

1º TRM/11

16

14

12

8

6

4

2

10

Var. (%)

8

11,5

0

-2

11,5

15,1

5,2

15,1

5,6

9,7

5

-0,9

IVV IRN

1º TRM/12 1º TRM/13 1º TRM/14 1º TRM/15

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BOLETIM DO COMÉRCIO VAREJISTA 1º TRIMESTRE

do ano, na comparação com os meses do ano anterior na série desajustada sazonalmente. O

comportamento do IVV nesses meses (jan e fev) esteve abaixo dos apresentados nos mesmos

meses dos últimos cinco anos (2011 a 2015), tendo o mês de março de 2015 registrado uma breve

recuperação (Gráfico 2). O mês de fevereiro apresentou o pior desempenho no Comércio Varejista,

entre os meses do primeiro trimestre de 2015, fato esse atribuído, em parte, ao feriado de carnaval,

Gráfico 2 – Comportamento do IVV (%) nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2011 a 2015

Fonte: PIM/IBGE, 2015 / Elaboração: FAPESPA, 2015.

JAN

20

Var. (%)

15

10

5

0

-5

-10

2011 2012 2013 2014 2015

FEV MAR

Em 2015, as vendas do comércio varejista também foram influenciadas pelas medidas

macroeconômicas do governo federal de reajustes de preços do combustível e da energia elétrica,

que impactaram diretamente no poder de compra do consumidor, consequentemente, desaquecendo

as atividades do comércio.

Contudo, a alta da inflação é considerada a maior responsável pela restrição do consumo e

pela retração nas vendas do varejo paraense no primeiro trimestre de 2015, uma vez que acumulou,

no período, variação positiva de 2,69% superior à registrada no mesmo trimestre de 2014 (1,42%),

segundo a estimativa do IBGE. Habitação e Alimentação foram os segmentos de maior alta, 7,68% e

2,86%, respectivamente. No índice de preço, calculado pela Fapespa para a Região Metropolitana de

Belém (IPC Fapespa), o crescimento foi de 1,24% em março, com o item Alimentação aumentando

2,10%, sendo o que mais influencia no índice geral, por comprometer cerca de 35% da renda familiar.

Acrescentam-se ainda aos efeitos conjunturais sobre o Comercio Varejista, o endividamento e

a inadimplência das famílias. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor

(PEIC/FECOMERCIO) identificaram aumento no endividamento das famílias paraenses de 61,90%

em fevereiro, para 64,5% no mês de março. Outra informação revelada pela pesquisa foi o aumento

do percentual de famílias com contas em atrasos, 21% em março, ante 19,50% em fevereiro. O

endividamento e o atraso, em boa parte, são ocasionados pela falta de condições das famílias em

pagar as dívidas, fator que atingiu 5,90% das famílias em fevereiro e 6,90% em março (Tabela 1).

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BOLETIM DO COMÉRCIO VAREJISTA 1º TRIMESTRE

Tabela 1 – Endividamento e inadimplência das famílias paraenses no 1º trimestre de 2015

Fonte: FECOMERCIO-PA, 2015 / Elaboração: FAPESPA, 2015.

Total de Endividados 67,80% 61,90% 64,50%Dívidas ou Contas em Atraso 14,30% 19,50% 21,00%

Não Terão Condições de Pagar 3,20% 5,90% 6,90%

Tempo médio com pagamento em Atraso (em dias) 57,6 64,8 63,9

Tempo médio de comprometimento com dívidas (em meses) 4,8 4,7 4,9Parcela média da Renda Comprometida com dívidas (em meses) 27,1 26,4 27,5

ANO DE 2015 jan/15 fev/15 mar/15

O mês de fevereiro apresentou o maior tempo médio de famílias com pagamento em atraso, 64,8 dias. Em março, essa relação reduziu e o mês teve a média de pagamentos em atraso de 63,9 dias. Es-pecialistas consideram que a partir de 90 dias o consumidor tende a não pagar a dívida, se enquadrando, portanto, na classe dos inadimplentes. Ainda segundo a pesquisa, o cartão de crédito foi apontado por 91,9% das famílias como sendo o principal tipo de dívida em março de 2015, seguido pelo carnê (22,4%) e crédito pessoal (14%). O crédito consignado, comum entre aposentados e funcionários públicos, apare-ce como o quarto tipo de endividamento mais frequente nas famílias paraenses. O comportamento das vendas do Comércio Varejista paraense influenciou no mercado de trabalho, pois de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregos (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o saldo na geração de novos vínculos trabalhistas foi negativo em 1.367 contratos formais no primeiro trimestre de 2015, e em 2014, esse número também foi negativo (-1.142 vínculos). Janeiro foi o mês de maior redução no estoque de trabalhadores assalariados, com menos 1.986 vínculos, comportamento esperado para o mês. Em fevereiro, houve retomada nas contratações de mão de obra e o mês encerrou com saldo positivo de 1.094 novos empregos. Março, por sua vez, registrou novamente saldo negativo nos registros formais de emprego, com re-dução de 708 trabalhadores com carteira assinada.

Gráfico 3 – Saldo de emprego gerado no Comércio Varejista paraense de janeiro a março, em 2014 e 2015

Fonte: CAGED/MTE, 2015./ Elaboração: FAPESPA, 2015.

1.500

1.000

500

-500

-1.000

-1.500

-2.000

0

-2.500

2014 2015

-1.330

-1.986

1.2811.094

-1.403

-708

JAN FEV MAR

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BOLETIM DO COMÉRCIO VAREJISTA 1º TRIMESTRE

No que diz respeito à arrecadação do setor varejista no primeiro trimestre de 2015, a desacele-ração nas vendas impactou na receita, que, por sua vez, comprometeu o recolhimento do ICMS no se-tor. Nesse sentido, segundo dados provisórios do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), no acumulado de 2015, de janeiro a março, foram arrecadados R$ 254,057 milhões de ICMS ante R$ 256,475 (corrigido pelo IPCA a preços de 2015) do acumulado do mesmo período de 2014, ocasionando o recuo de 0,94% na arrecadação. Assim, a variação de 5% do IRN no primeiro trimestre de 2015 não foi suficiente para manter o recolhimento do ICMS em patamares crescentes.

NOTADe acordo com o IBGE, os indicadores IVV e IRN são elaborados para acompanhar a evolução conjun-tural do comércio varejista. A construção desses indicadores é feita a partir da receita nominal, na qual os valores têm preços constantes, e dos indicadores de volume, nos quais os preços são construídos a partir do IPCA - índice Nacional de Preços ao Consumo Ampliado e Índices da Construção Civil – SINAPI.O IVV e o IRN do comércio varejista são índices que se originam da receita das atividades no varejo, divulgadas para o Brasil nas 27 unidades da federação. No Pará, os resultados do IVV e do IRN são sin-tetizados pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa) e relacionados com informações relativas ao emprego, à inflação, ao ICMS e ao comércio, providas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), além de outras fontes complementares à análise deste boletim.

ENTENDENDO A RELAÇÃO ENTRE INFLAÇÃO, CÂMBIO E TAXA DE JUROS Inflação é o fenômeno econômico que ocorre quando há elevação generalizada do nível de preços dos bens e serviços em um dado período. Fenômeno esse que pode ser medido por indi-cadores como o Índice de Preço ao Consumidor (IPC/FAPESPA) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE). Alguns fatores são decisivos para o aumento dos preços, ocor-rendo tanto pelo lado da demanda quanto pelo lado da oferta. No primeiro, o lado da demanda, um aumento na procura de determinados produtos assim como um excesso de dinheiro circulando na economia favorecem para a elevação dos preços e, consequentemente, do índice inflacionário. No segundo, o lado da oferta, a escassez de determinados produtos como também o aumento no preço de insumos produtivos pressionam os preços finais para cima. Nesse universo da definição de preços, há o que chamamos de preços administrados e preços não administrados. Os administrados dependem de regulamentação para que haja variação, sendo estes pouco sensíveis às alterações no mercado, seja de preço ou de quantidade, a exemplo do que ocorrem com os preços da energia elétrica, do combustível, da água, da telefonia, entre outros. Por outro lado, os não administrados obedecem às regras do mercado definidas pela oferta e procura, não tendo, portanto, restrição no nível de preço; como exemplo, os alimentos, bebidas, vestuários etc.. Como fator de indução da variação dos preços, a cotação do dólar exerce um importante papel na

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BOLETIM DO COMÉRCIO VAREJISTA 1º TRIMESTRE

inflação, isso devido aos efeitos provocados pelo valor de compra da moeda estrangeira. A compra de bens de capital, como máquinas e equipamentos, e muitos dos insumos do processo industrial brasileiro são adquiridos em outros países, necessitando, portanto, de dólar para as transações. Nesse caso, qualquer que seja a variação da cotação para mais, o custo de fabricação aumenta, elevando também o preço de venda dos produtos fabricados. Comumente, o governo brasileiro faz uso da taxa básica de juros como mecanismo de con-trole da inflação, de modo a enxugar a liquidez do mercado. Para isso, o Banco Central, instituição oficial responsável pela intervenção no mercado, por meio da taxa Selic, eleva a taxa básica de ju-ros (Selic) como forma de conter o consumo, uma vez que essa taxa serve de base para os demais encargos praticados no mercado. Uma elevação na Selic significa dizer que o custo de se tomar dinheiro emprestado ficou maior, cabendo esse efeito para qualquer operação de crédito. O Banco Central também intervém na cotação do dólar ao ofertar ou demandar moeda estrangeira no mercado cambial. Essa prática tem como objetivo reduzir ou aumentar a disparidade da relação entre o Real e o Dólar. No caso de conter a inflação provocada pelo aumento do câmbio, adota-se a oferta.