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BORBA, MENESES, CAVALCANTE - 2015 - Pedra Da Boca o Parque Dos Gigantes

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Artigo publicado originalmente no XVI Simpósio Brasileiro de Geografia Física ocorrido em Teresina.

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CARACTERIZAÇÃO LITOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICA DA ÁREA DO SISTEMA FLUVIOCÁRSTICO DO PARQUE ESTADUAL “TERRA RONCA”, NORDESTE DE GOIÁS: RESULTADOS PRELIMINARES LUCAS ESPINDOLA ROSA; MÁRCIO HENRIQUE DE CAMPOS ZANCOPÉ; LUIS FELIPE SOARES CHEREM; MAXIMILIANO BAYER

3641

GEOMORFOLOGIA CULTURAL E GEOCONSERVAÇÃO DA CIDADE VELHA, SANTIAGO, CABO VERDE. HUDSON SILVA ROCHA; SÓNIA MARIA DUARTE MELO SILVA VICTÓRIA

3649

GEOPATRIMÔNIO: DEFINIÇÃO E VALORAÇÃO LARYSSA SHEYDDER DE OLIVEIRA LOPES; LEONARDO FIGUEIREDO DE MENESES

3656

METODOLOGIA ADAPTADA PARA AVALIAÇÃO DE GEOSSÍTIOS EM NÍVEL MUNICIPAL – ITAPEMA/SC CRISTINA COVELLO; ANGELA DA VEIGA BELTRAME

3664

PEDRA DA BOCA: O PARQUE DOS GIGANTES CARLA SOARES BORBA; LEONARDO FIGUEIREDO DE MENESES; MÁRCIO BALBINO CAVALCANTE

3671

CERCAS DE PEDRA DO SERIDÓ POTIGUAR: REGISTRO DO USO DA GEODIVERSIDADE EM PROPRIEDADES RURAIS GEORGE PEREIRA DE OLIVEIRA; BRUNO FERREIRA

3679

ANÁLISE DA MUDANÇA DE COBERTURA E USO ENTRE 1990 E 2014 NAS ZONAS DE AMORTECIMENTO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PARQUE ESTADUAL DE TERRA RONCA E ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL SERRA GERAL DE GOIÁS LUCAS ESPÍNDOLA ROSA; KARLA MARIA SILVA DE FARIA; LUÍS FELIPE SOARES CHEREM; ELIZON DIAS NUNES

3686

IMPORTÂNCIA E VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOMORFOLÓGICO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO CARIRI - PB SIDNEY CRYSTIAN OLIVEIRA DE MEDEIROS; LORENA ANDREA CORTES BALLEN; MARCOS ANTONIO LEITE DO NASCIMENTO; BARTOLOMEU ISRAEL DE SOUZA

3694

GEOCONSERVAÇÃO NA BUSCA DA PRESERVAÇÃO E DA GESTÃO SUSTENTÁVEL DO GEOPATRIMÔNIO E PATRIMÔNIO MINEIRO: O EXEMPLO DAS MINAS DO CAMAQUÃ, RS, BRASIL SILVIO AVILA DOMINGUES; LUIZ PAULO MARTINS E SOUZA; ANDRÉ BORBA

3702

GEOCONSERVAÇÃO E GEOTURISMO: POTENCIALIDADES E DESAFIOS DO MUNICÍPIO DE ITABAIANA/SE CLÉVERTON DE REZENDE SANTOS; DIEGO MENDONÇA DE GOIS; MÁRCIA ELIANE SILVA CARVALHO

3708

GEOSSÍTIOS DA ESCARPA DA ESPERANÇA NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE GUARAPUAVA E PRUDENTÓPOLIS (PR): INVENTÁRIO DE RECONHECIMENTO JULIO MANOEL FRANÇA DA SILVA; CHISATO OKA-FIORI

3716

O GEOTURISMO COMO FORMA DE PROMOVER O TURISMO SUSTENTÁVEL: POTENCIALIDADES NATURAIS DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ-CEARÁ IANA BARBARA OLIVEIRA VIANA LIMA; JULIANA FELIPE FARIAS; SAORI TAKAHASHI; EDSON VICENTE DA SILVA

3723

POTENCIALIDADES AMBIENTAIS PARA A PRÁTICA DO ECOTURISMO NA SERRA DO ESPINHO, PILÕES/PB JACIELE CRUZ SILVA; AURICÉLIA BATISTA DA SILVA; LUCIENE VIEIRA ARRUDA

3729

TURISMO DE NATUREZA NO PANTANAL DE CORUMBÁ/MS/BRASIL, PORTO SUAREZ E PORTO QUIJARRO/SANTA CRUZ/BOLÍVIA E SUAS RELAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS

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9. Geoconservação, Geoturismo, Patrimônio geomorfológico e impactos ambientais. XVI Simpósio de Geografia Física e Aplicada. “Territórios Brasileiros: Dinâmicas, potencialidades e vulnerabilidades”. Teresina, Piauí 28 de junho a 04 de julho de 2015. Geografia da UFPI

e UESPI. ISSN: 2236-5311

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PEDRA DA BOCA: O PARQUE DOS GIGANTES

CARLA SOARES BORBA1 LEONARDO FIGUEIREDO DE MENESES2

MÁRCIO BALBINO CAVALCANTE3

1 Universidade Estadual da Paraíba - UFPB [email protected]

2 Universidade Estadual da Paraíba - UFPB [email protected]

3 Universidade Estadual da Paraíba - UFPB [email protected]

Resumo

A espetacularidade de alguns elementos da natureza pode representar um critério motivador para a

realização de viagens turísticas. Alguns afloramentos rochosos apresentam feições curiosas que se

assemelham a formas típicas do cotidiano, como rostos e formas de animais. A esses locais atribuiu-

se o termo geoforma. O objetivo deste trabalho é apresentar as geoformas existentes no Parque

Estadual da Pedra da Boca (PEPB), na Paraíba, como um elemento de divulgação da geodiversidade

e aumento do fluxo turístico no parque. Foram identificadas 08 geoformas no interior do parque e uma

no entorno. Verificou-se que os elementos mais expressivos da geodiversidade nas geoformas estão

ligados ao conteúdo da geomorfologia e relacionados principalmente com a erosão diferencial

associada à dissolução química das rochas, causando o desgaste do relevo e fazendo surgir os

“gigantes de pedra” do parque representados pela Pedra da Boca, da Caveira, do Coelho, do Babuíno,

do Peixe Boi, do Dente, da Viola e do Coração. O PEPB possui uma geodiversidade com alto potencial

para realização de atividades científicas, didáticas e de lazer. Vislumbra-se na possibilidade de sua

divulgação como sendo o Parque dos Gigantes, uma nova perspectiva capaz de atrair um número

ainda maior de visitantes que possam, além da contemplação das geoformas, obterem novos

conhecimentos acerca dos elementos abióticos que compõem a paisagem do local, de uma forma

lúdica através do estímulo do imaginário.

Palavras-chave: Geodiversidade. Geoforma. Parque Estadual da Pedra da Boca.

Abstract

The grandeur of some elements of nature can be a motivator criteria for tourism. Some rocky outcrops

show curious features that resemble everyday images such as faces and animal forms. These locations

were named geoforms. This paper aims to present the existing geoforms in the ParqueEstadual da

Pedra da Boca - PEPB, Paraiba, as a geodiversity element who can increase the flow of tourists in the

park.It was identified 08 geoforms in the park and 01 in their neighborhood. It was found that the most

significant elements of geodiversity in the geoforms are linked to the geomorphological content and

mainly related to differential erosion associated with chemical dissolution of rocks, shaping the relief and

giving rise to the "giants stone" of the park represented by Pedra da Boca, da Caveira, do Coelho, do

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Babuíno, do PeixeBoi, do Dente, da Viola e do Coração. The PEPB have angeodiversity with high

potential for realization of scientific, educational and leisure activities. Promote the park using the stone

giants is a new perspective able to attract an even greater number of visitors who can, beyond the

contemplation of landforms, obtain new knowledge about the abiotic elements that make up the local

landscape, in a playful way through imaginary stimulus.

Key-words: Geodiversity. Geoform. Parque Estadual da Pedra da Boca

1. INTRODUÇÃO

Grande parte dos indivíduos que compõem a demanda turística vive em cidades,

locais onde muitas vezes são submetidos a um ritmo de vida exigente e a uma pressão

externa que os leva a um progressivo acúmulo de tensões. Assim, a busca por locais

para descansar, realizar atividades esportivas, conhecer culturas diferentes, distrair-

se e fugir da rotina passam também a representar motivações para a efetivação do

turismo (MOREIRA, 2011) que, quando realizado em áreas ditas “naturais”, denomina-

se turismo de natureza, que engloba ecoturismo, turismo de aventura, turismo

educacional e uma profusão de outros tipos de experiências proporcionadas pelo

turismo ao ar livre e alternativo (Mckerher, 2002).

O turismo de natureza pode ser realizado em diversos compartimentos naturais,

porém de modo geral, os promotores desse segmento têm se preocupado mais com

a divulgação e proteção do meio biótico (fauna e flora), sem que ocorra a correta

interpretação e conservação da geodiversidade, entendida como “a variedade de

ambientes geológicos, fenômenos e processos ativos que dão origem a paisagens,

rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para

a vida na Terra” (BRILHA, 2005).

Para suprir essa lacuna, um novo segmento do turismo vem ganhando espaço: o

geoturismo. Ruchkys (2007), o define como um segmento da atividade turística que

tem o geopatrimônio como principal atrativo e busca sua proteção por meio da

conservação de seus recursos e da sensibilização do turista, utilizando-se de meios

interpretativos para tornar as informações acessíveis ao público em geral, além de

promover a sua divulgação e o desenvolvimento das ciências da Terra.

A espetacularidade de alguns elementos da natureza pode representar um critério

motivador para a realização de viagens turísticas que, associado ao imaginário

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humano pode impulsionar a prática do turismo, na medida em que os praticantes da

atividade se sintam efetivamente envoltos com o ambiente que estão visitando,

fazendo com que se sintam em um mundo totalmente alheio ao vivenciado em seu

cotidiano.

Exemplos típicos da associação entre o imaginário e a estética da natureza são

os casos nos quais os destinos buscados pelos turistas têm como principal objeto a

visitação a formas de relevo curiosas, que desafiam a percepção do cérebro humano,

fazendo com que pensemos ver nas rochas e afloramentos, formas típicas do

cotidiano, como rostos, formas de animais, etc. Aos locais onde essa percepção é

marcante no relevo, Borba e Meneses (2013a) atribuíram o termo “geoformas”. Essas

geoformas quase sempre são geradas pela ação de agentes intempéricos e podem

apresentar diversos valores tais como o científico/didático, cultural ou turístico, casos

que podem inseri-las no contexto do patrimônio geomorfológico (BORBA e

MENESES, 2013b).

Considerando o exposto, o objetivo deste trabalho é apresentar as geoformas

como um recurso turístico a ser utilizado com vistas a captar a demanda turística que

anseia por descobrir lugares curiosos onde possam perceber a paisagem de forma

lúdica. Pretende-se mostrar, ainda, que para além da simples contemplação, algumas

geoformas podem apresentar conteúdos passíveis de serem utilizados como

instrumentos didáticos e científicos, particularmente no que se refere a processos e

materiais relacionados às geociências. Como estudo de caso, escolheu-se o Parque

Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba, cujas características apresentam-se nos

tópicos que se seguem.

2. ÁREA DE ESTUDO

O Parque Estadual da Pedra da Boca - PEPB, está localizado no município de

Araruna (Figura 01), a aproximadamente 172 km de João Pessoa (capital do Estado

paraibano). O Parque é uma unidade de conservação de proteção integral, instituída

através do Decreto Estadual N° 20.889, publicado no Diário Oficial do Estado da

Paraíba em 08 de fevereiro de 2000 (PARAÍBA, 2000), possuindo uma área de 157,27

hectares.

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Figura 01 – Mapa de localização do Parque Estadual da Pedra da Boca

Geologicamente, faz parte do Plúton Monte das Gameleiras, um corpo ígneo que

apresenta uma área aflorante de cerca de 340 km2, sendo composto, segundo

Guimarães (2012), basicamente de rochas graníticas porfiríticas com textura grossa e

fenocristais de feldspato apresentando enclaves dioríticos. O nome do Parque advém

de uma feição erosiva presente em um dos afloramentos rochosos à qual foi associada

ao formato de uma grande boca aberta, induzindo os turistas à uma curiosidade inicial

que pode ser um critério importante para a escolha do local como destino turístico.

Observa-se, portanto, já a partir do nome da unidade de conservação, a presença das

geoformas como elemento marcante da paisagem local.

Além do expressivo conteúdo geológico/geomorfológico, que será apresentado

mais adiante, a área é também utilizada para a prática de diversos segmentos do

turismo, a exemplo do ecoturismo, geoturismo, turismo de aventura, turismo religioso

e pesquisas científicas (CAVALCANTE, 2012a). No entanto, percebe-se que apesar

do grande apelo do conteúdo do meio físico que constitui o Parque, de modo geral os

visitantes não recebem informações mais pormenorizadas sobre os elementos da

geodiversidade, fazendo com que o turista tenha a compreensão apenas parcial do

ambiente que está visitando.

3. GEOFORMAS ENQUANTO RECURSO TURÍSTICO NO PEPB

Apesar do nome do parque se referir à apenas uma das geoformas presentes na

região, verifica-se que nos limites do parque e em sua vizinhança diversos outros

exemplares podem ser observados nos afloramentos rochosos e em algumas de suas

feições erosivas.

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De modo geral, as geoformas do PEPB apresentam-se em grandes afloramentos

rochosos e são de fácil visualização uma vez que apresentam tamanhos

consideráveis, fato pelo qual criou-se, ao longo da produção deste texto a expressão

Parque dos Gigantes, para se referir à unidade de conservação.

Esta peculiaridade presente no PEPB atribui ao local um valor singular se

comparado a outras unidades de conservação. Considerando que a busca pelo

“curioso” pode ser listado como um elemento motivador para a escolha de destinos

turísticos, verificou-se que as geoformas do Parque Estadual da Pedra da Boca

podem representar um recurso turístico extra para o Parque, sendo capazes de, por

si só, atraírem mais visitantes ao local.

A partir dos levantamentos realizados em campo e em revisão bibliográfica,

verificou-se a existência de pelo menos 08 geoformas no interior da área do parque

(Pedra da Boca, da Caveira, do Coelho, do Babuíno, do Peixe Boi, do Dente, da Viola

e do Coração) e 01 em seu entorno imediato (Pedra do Peixe Boi), ver Figura 02. Esta

última, apesar de não se localiza no interior do Parque, pode ser visualizada a partir

de um mirante que se localiza dentro da área, a Pedra da Santa.

A Figura 03 ilustra alguns dos “Gigantes de Pedra” do PEPB. Vale salientar que

podem existir mais geoformas na região e que não tenham sido identificadas ao longo

da pesquisa, seja por serem desconhecidas dos moradores, seja por não terem sido

percebidas na paisagem.

Figura 02 – Distribuição das geoformas identificadas na área do PEPB e entorno

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Figura 03 – Gigantes do PEPB: A. boca; B. coelho; C. caveira; D. peixe boi; E. coração e F. babuíno.

Fotos: A, B, D, F – Autores, 2014; C – Autores, 2015; F – Autores, 2012.

Do total das geoformas identificadas, 05 já foram alvo de visitas in loco (Boca,

Caveira, Coelho, Babuíno, Peixe Boi) para identificar seu potencial estético e para

ilustrar elementos da geodiversidade, como forma de ampliar a experiência dos

visitantes, passando de uma simples contemplação para a apreensão de conteúdos

relativos às características dos elementos ambientais que os compõem

(geodiversidade, biodiversidade e cultura).

À exceção da Pedra do Babuíno e do Peixe-Boi, cujas geoformas são percebidas

a partir da silhueta do corpo rochoso em si, as demais geoformas inventariadas (boca,

coelho e caveira) foram produzidas pela subtração de parte do material rochoso por

processos erosivos diferenciais entre o granito e o diorito, que ocasionam o

surgimento de cavidades de profundidade e diâmetro bastante considerável, conforme

descrito por Cavalcante (2012b). A rede de diaclases comum nos corpos rochosos

que compõem o plúton, pode propiciar a queda de blocos e colaborar na formação

das geoformas.

Do ponto de vista da possibilidade de ilustrar elementos da geodiversidade,

destacam-se alguns conteúdos que podem ser observados nas geoformas e que

podem ser explorados pelos guias do parque para ampliar a carga de conhecimentos

passíveis de serem repassados aos visitantes.

A B C

D E F

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Grande parte desses conteúdos relaciona-se com a geomorfologia, com destaque

para o processo de erosão diferencial ente o granito e o diorito; as caneluras formadas

pela dissolução química da rocha, causada pelo escoamento de água superficial; a

formação de alvéolos gerados por erosão eólica associada à erosão nos tetos dos

abrigos. No tocante à geologia, é possível apresentar aos visitantes os produtos do

plutonismo, através da formação de fenocristais, além de ser possível ilustrar a

“captura” e a mistura de materiais (enclaves) de constituição distintas ao longo do

processo de formação da massa rochosa (Figura 04).

Figura 04 – A. caneluras; B. alvéolos formados no teto da Pedra da Santa (mirante da Pedra do Peixe Boi); C. exemplo de erosão diferencial; D. fenocristal de feldspato; E. enclave de diorito. Fotos: Autores, 2015.

Associado ao conteúdo geológico, alguns afloramentos do parque apresentam

elementos de valor cultural que já têm sido bastante divulgados para os visitantes,

como a presença de pinturas rupestres, além de existir um santuário nas proximidades

da Pedra da Santa (mirante do Peixe Boi) onde mensalmente são realizadas grandes

missas ao ar livre.

4. CONCLUSÃO

O PEPB possui uma geodiversidade com alto potencial para realização de

atividades científicas, didáticas e de lazer, conforme se pôde observar com os

elementos apresentados ao longo do texto. Algumas das geoformas presentes na

A B C

D E

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área do parque já são bastante conhecidas do público visitante, a exemplo da Pedra

da Boca e da Caveira, no entanto não têm sido utilizadas como o elemento principal

de atração dos visitantes.

Do ponto de vista da atividade turística, quanto maior o número de segmentos que

possam ser realizados em uma mesma área, maiores as chances da atividade como

um todo se consolidar. Sendo assim, vislumbra-se na possibilidade da divulgação do

PEPB como sendo o Parque dos Gigantes, uma nova perspectiva capaz de atrair um

número ainda maior de visitantes que possam, além da contemplação das geoformas,

obterem novos conhecimentos acerca dos elementos abióticos que compõem a

paisagem do local, de uma forma lúdica através do estímulo do imaginário.

Referências

BORBA, C. S.; MENESES, L.F. O potencial estético das geoformas do Cariri paraibano. In: Encontro Paraibano de Estudos sobre Geodiversidade, João Pessoa. 2013. BORBA, C. S.; MENESES, L.F. Geoformas: potencial do Cariri Paraibano. In: II GeoBRheritage - Simpósio Brasileiro de Patrimônio Geológico, Ouro Preto. 2013. BRILHA, J.B.R. Patrimônio Geológico e Geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. Palimage Editora, 190p. 2005; 52p. CAVALCANTE, M. B. Parque Estadual da Pedra da Boca (Araruna/PB): Uma Avaliação Sobre as Atividades Turísticas e as Ações de Gestão Territorial. Boletim de Geografia (UEM), v. 30, p. 15-29, 2012. CAVALCANTE, M.B. Parque Estadual da Pedra da Boca (Araruna-PB): uma avaliação sobre as atividades turísticas e as ações de gestão territorial. 2012. 146 f. Dissertação (Mestrado em Geografia). Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2012. GUIMARÃES, T. O.; MARIANO, G.; SEABRA, G. Estratégia de Geoconservação através da inventariação e quantificação de geossítios: Parque Estadual da Pedra da Boca - Plúton Monte das Gameleiras - Araruna/PB. Estudos Geológicos (UFPE), v. 22, p. 77-92, 2012. MCKERHER, B. Turismo de Natureza: Planejamento e Sustentabilidade. São Paulo: Contexto, 2002. MOREIRA, J. C. Geoturismo e Interpretação Ambiental. Paraná, 2011. PARAIBA. Decreto nº. 20.889, de 07/02/2000. Criar o Parque Estadual da Pedra da Boca, e dá outras províncias. 2000. RUCHKYS, U.A. Patrimônio Geológico e Geoconservação no Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Belo Horizonte. 2007.