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INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA ENGENHARIA DA PRODUÇÃO ANIMAL BOVINICULTURA RELATÓRIO SEMESTRAL Trabalho elaborado por: João Branco #2298 David Quintino #2439 João Marquilhas #2628 Daniel Mirrado #2709 Daniela Tavares #2743 Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.1

BOVINICULTURA - Relatório Semestral

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Page 1: BOVINICULTURA - Relatório Semestral

INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉMESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA

ENGENHARIA DA PRODUÇÃO ANIMAL

BOVINICULTURA

RELATÓRIO SEMESTRAL

Trabalho elaborado por:

João Branco #2298David Quintino #2439

João Marquilhas #2628Daniel Mirrado #2709

Daniela Tavares #2743

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.1

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Índice

Toda a parte relativa ao maneio foi baseada no que foi dito e no que foi feito

nas aulas práticas de Bovinicultura leccionadas pelo Professor A. L. Gomes no

ano lectivo de 2007/2008 ao curso de Engenharia da Produção Animal na

Escola Superior Agrária de Santarém.

Caracterização da raça Holstein-Frísia pg. 3

Sistema de produção leiteira da ESAS pg. 4

Efectivo e instalações pg. 4

Maneio geral pg. 8

Alimentação pg. 9

Higiene e sanidade pg.11

Reprodução e melhoramento genético pg.17

Ordenha pg.20

Visita de estudo à vacaria Shuurman pg.24

Bibliografia pg.26

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Caracterização da raça leiteira Holstein-Frísia

O gado bovino fornece ao homem leite, carne, peles e companhia, pois são

animais muito inteligentes e curiosos.

As vacas existentes na vacaria da ESAS são de raça taurina Frísia holandesa

do ramo norte-americado Holstein-Frísio, que é o ramo de aptidão leiteira mais

produtivo e são exploradas em sistema intensivo. São vacas de grande porte,

que nascem com um peso compreendido entre 38 e 40kg e atingem um peso

vivo adulto que varia entre 500 e 700kg e uma altura de 130 a 140cm na

garupa. A pelagem pode ser malhada, malhada de preto com malhas brancas e

pretas distribuídas pelo corpo desuniforme e desordenadamente, variando de

animal para animal. (Figura 1: vaca Holstein-Frísia)

Têm os membros bem

desenvolvidos, e os posteriores

têm uma boa abertura, o que

permite uma acomodação

perfeita para o úbere. O úbere,

também muito bem

desenvolvido, é dotado de uma

boa vascularização, tem os

quartos simétricos entre si e os

tetos são de tamanho médio e bem espaçados.

A ordenha é feita à máquina duas vezes ao dia. A produção de leite total da

vaca Frísia varia entre 5000 e os 10000kg numa lactação que tem a duração

de 305 dias, sendo a sua produção média de 18kg/dia. No entanto vacas boas

podem facilmente ultrapassar esta média.

Em relação à reprodução, as fêmeas são cíclicas permanentes e para facilitar o

maneio reprodutivo os cios são sincronizados e realiza-se a inseminação

artificial em simultâneo com sémen importado, dando assim origem a uma

época de partos comum, preferencialmente Outono-Inverno. As vitelas,

aleitadas artificialmente, têm um desmame precoce normalmente entre as 5

semanas e os 3 meses e entram em recria até ao primeiro parto com um

crescimento, de 700-800g/dia, que deve ser uniforme.

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Sistema de produção leiteira da ESAS

Efectivo e Instalações

A exploração de bovinos leiteiros da ESAS é composto por 28 animais e está

dividida em 3 sectores:

1. Sector das Vacas: é composto por 13 vacas Holstein-Frísias e 1 novilha

cruzada de Holstein-Frísia com Fleckvieh, confinadas num parque

cimentado com 283m2 parcialmente coberto (≈50%), com uma cama

comum feita em palha numa área de aproximadamente 90m2 da parte

coberta. O parque tem ainda um bebedouro de cimento, uma

manjedoura comum ao longo da parte descoberta, um distribuidor

individual de concentrado da Westfalia (com um sistema de identificação

da vaca para distribuir a dose correcta de concentrado) e um sistema

anti-moscas em fio na parte coberta.

Figura 2: Vacas em descanso na parte coberta do parque

O parque de espera para a ordenha tem 25,5m2 é coberto e tem uma

rampa de acesso para o cais da sala de ordenha. A sala de ordenha é

constituída por um cais com 1m de altura enquanto que a área de

trabalho (fossa) é ao nível do solo exterior.

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Figura 3: parque de espera, rampa de acesso ao cais de ordenha.

O cais da sala de ordenha é linear simples com 3 pontos de ordenha em

espinha. A sala está equipada com uma antiga máquina de ordenha de

vasos medidores da Westfalia. O chão da sala é sintético, tem uma

sarjeta ao longo do cais e um ralo na área de trabalho, que facilita a sua

lavagem. Ao lado desta sala, encontra-se uma divisão (pela qual se

entra na sala de ordenha) com um tanque de refrigeração Frigomilk,

modelo G, com uma capacidade de 1390L e conserva o leite a

aproximadamente 3,9 °C.

Figura 4: tanque de refrigeração Frigomilk

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Há ainda um parque de espera, junto ao lado oposto à sala de ordenha,

coberto com um portão que tem acesso a um tronco (que imobiliza por

completo a vaca) para tratamentos e outras intervenções individuais.

2. Sector das Novilhas: é composto por 8 novilhas Holstein-Frísias

divididas em 3 parques, o primeiro com 39,5m2 e os outros com 33,5m2

parcialmente cobertos (≈50%). Todos têm, na parte coberta, comedouros

comuns e bebedouros automáticos individuais que são partilhados.

Figura 5: parques das novilhas

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3. Sector das Vitelas: é composto por 6 vitelas num viteleiro com 8

cubículos de 2m2 e um parque descoberto com 19,5m2. O parque tem

um comedouro comum e um bebedouro automático individual partilhado.

Figura 6: vitelo num cubículo

Podemos também considerar um sector comum, que é composto pelo corredor

de alimentação, o escritório (onde estão alguns fármacos, documentos e o

computador com a base de dados da vacaria), uma arrecadação e um

balneário.

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Maneio geral

Nos sectores, realizam-se funções, muitas delas identificadas com disciplinas

propedêuticas: alimentação, higiene e sanidade, reprodução e melhoramento

genético e ordenha.

A indentificação das vacas é da maior importância, pois é esta a base de

maneio para os controlos alimentar,

reprodutivo, sanitário, melhoramento

genético e operações de rotina; e por

consequência é também a base da

gestão técnica da exploração. Após a

primeira semana de vida da vaca,

aplica-se o brinco de identificação oficial

no pavilhão auricular esquerdo e no

direito aplica-se o brinco com o nº da

casa. Após ser brincada, preenche-se a

folha de registo oficial do animal. Mais

tarde, depois de parir, é-lhe aplicada

um colar com um chip electrónico que

controla a sua actividade (registando-a

no computador) e a identifica para o distribuidor automático de concentrado (na

figura acima (Figura 7)) a suplementar com a devida dose.

As operações diárias:

• distribuição da silagem e do feno pelas manjedouras das vacas;

• distribuição do feno pelas manjedouras das novilhas e dos vitelos;

• enchimento do bebedouro, com àgua limpa e fresca, do parque das

vacas;

• distribuição do alimento composto e/ou de leite ou colostro pelos vitelos;

• limpeza dos parques, removendo os dejectos dos animais

• observação geral dos animais

• ordenha e registo da produção de leite;

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Alimentação

A alimentação deste efectivo baseia-se essencialmente em feno e por vezes

palha de aveia, procedendo-se à sua suplementação dependendo do ciclo de

vida e do ciclo produtivo.

Os alimentos utilizados no sector das vacas são o feno ou palha ad libitum, que

é consumida numa média de 3-4 Kg/vaca/dia, e a silagem numa média de 20-

25 Kg/vaca/dia. A suplementação é feita com concentrado, a qual é racionada

pela produção. As vacas em lactação são suplementadas com 1 Kg de

concentrado por cada 3 L de leite produzidos, enquanto que as vacas secas

comem entre 2 e 3 Kg de concentrado dia. Estas quantidades não são exactas,

uma vez que a suplementação é ajustada em função de:

• nº da lactação (primíparas comem mais);

• fase da lactação (comem mais no início, reduz-se ao longo da lactação);

• condição corporal (magras comem mais, gordas comem menos)

Figura 8: Vaca a comer silagem

No parque, junto à entrada do parque de espera costuma estar um cubo de

sais minerais, essencialmente magnésio, para as vacas lamberem quando

sentem necessidade para tal, consequência de carência mineral.

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No sector das novilhas os alimentos utilizados são o feno ou palha ad libitum,

Na alimentação dos vitelos é-lhes dado 5 L de colostro, leite de transição, ou

leite em pó por dia em duas refeições e feno á descrição. O leite normal não é

dado aos vitelos pela razão de ser economicamente mais rentável comprar o

leite em pó para o consumo dos vitelos e vender o leite normal. Pode-se

também dar o leite que não pode ser vendido por estar no intervalo de

segurança de uma vaca a tomar antibiótico para mamites, pois não causa

qualquer problema ao vitelo. A alimentação dos vitelos é suplementada com

concentrado para crescimento.

Figura 9: Vitelas a comer feno

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Higiene e sanidade

Um adequado controlo sanitário tanto do técnico como do efectivo reduz, em

muito, os prejuízos, os problemas de saúde e até as mortes de vacas, novilhas

e vitelos, melhorando as taxas de crescimento e de produção, através da

redução dos efeitos crónicos da doença. É portanto mais conveniente prevenir

e evitar estes problemas do que cura-los depois de se manifestarem. Para isto

é indespensável um perfeito conhecimento das condições de criação dos

animais em todos os aspectos: maneio, alimentação e factores higiénicos que

podem favorecer ou dificultar o aparecimento de doenças.

Na vacaria da ESAS, existem várias formas de profilaxia, nomeadamente:

• o uso de botins e fato-de-macaco sempre que há contacto com os

animais, protegendo assim o técnico como também o gado, evitando

alguma contaminação;

• o uso de luvas de látex na sala de ordenha e em casos de tratamento

veterinário, também com o objectivo de proteger tanto o técnico como os

animais;

• o uso de luvas de plástico com braço, para a apalpação rectal;

• a lavagem e desinfecção habitual dos tetos das vacas na ordenha, para

não haver contaminações de vaca para vaca ao colocar as tetinas da

máquina de ordenha como também para não contaminar o leite;

• a aplicação de um fio adesivo anti-moscas a uma altura aproximada de

2,5m, que vai sendo desenrrolado manualmente, por meio de uma

manivela, conforme o seu estado;

Figura 10: Manivelas do fio anti-

moscas

O técnico de produção animal deve

observar diáriamente o efectivo,

procurando qualquer anormalidade

nos dejectos, no aspecto ou no

comportamento do animal (como

actividade locomotora ou apetite)

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que poderão indicar sinais de doença. Como algumas doenças são de início

dissimulado e de evolução lenta, muitas vezes as suas primeiras

manifestações não são facilmente notadas. Os primeiros sinais de doença

podem ser relacionados com o aspecto geral do animal, as atitudes, o

comportamento ou com alterações fisiológicas como nos movimentos, na

temperatura, na pulsação, na respiração, no apetite e na ruminação, na

defecação e na emisão de urina, nas manifestações sexuais, no ritmo de

crescimente e na intensidade de produção de leite. Os animais doentes têm

tendência para se isolarem, afastando-se de outros animais, sempre que o

espaço o permitir, tal como não procuram a comida ou aceitam-na de má

vontade. A falta de apetite e o vómito depois da refeição podem ser os

primeiros sinais de doença.

Ao detectar uma anormalidade num animal, o técnico deve-se aproximar com

calma, sem fazer movimentos bruscos que possam espantar o animal, para o

examinar. Deve procurar sinais de doença como a falta de brilho dos olhos e do

pêlo, assim como falhas, a cabeça ou a cauda caídas, a falta de curiosidade e

nos animais mais jovens a falta de vida (costumam ser vivos e brincalhões). Os

movimentos anormais costumam indicar dor.

Figura 11: tronco de contenção para examinar vacas

Quando confirmado que há algum problema com um animal, deve-se

prosseguir a um exame mais pormenorizado no tronco de contenção, onde o

animal fica imobilizado. Assim pode-se analisar o corpo do animal procurando

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inflamações, lesões externas, traumatismos e lesões internas realizando uma

inspecção visual e táctil, uma apalpação rectal, uma percussão e/ou uma

auscultação. No caso de perturbações fisiológicas deve-se medir a temperatura

e fazer análises aos seus dejectos e ao sangue para determinar se são de

origem de microrganismos e organismos patogénicos, deficiências nutricionais

ou substâncias tóxicas.

O técnico deve inspeccionar o animal com o cuidado de estar preparado para

escapar de qualquer tentativa de ataque/defesa do animal.

As mamites detectadas são tratadas com 5mL de Mamyzin Injector via

intracisternal (directamente no teto).

Detectou-se um quisto ovárico com as dimensões de um ovo, no ovário

esquerdo de uma vaca que apresentava cio e injectaram-se via intramuscular

5mL de Receptal.

Figura 12: Ovário com quisto à esquerda e ovário são à direita

Descórnea de vitelos:

1. sedar o vitelo com 1 ml/100Kg de Rompun (cloridrato de xilazina:

sedativo analgésico e relaxante muscular);

2. administrar uma dose intramuscular e outra intravenosa;

3. cortar o pêlo em redor do botão córneo;

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.13

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4. injectar o anestesiante Anestesin entre o olho e o botão córneo, meia

dose de cada lado (anestesia local);

5. confirmar a anestesia espetando a agulha na zona do botão córneo, se

estiver bem anestesiado a orelha não mexe;

6. com o ferro quente na perpendicular, queima-se o botão córneo e vai-se

cortando com o bordo do ferro quente em volta do botão córneo até este

sair;

7. cobrir a ferida com argila (para desinfectar e cicatrizar).

Desinfecção de uma infecção devido a uma descórnea mal feita:

1. limpar a ferida com água óxigenada a 130 volumes;

2. desinfectar com Betadine;

3. aplicar Terramicina;

4. injectar um antibiótico;

5. cobrir a ferida com argila.

Avaliação da Condição Corporal:

É essencial para avaliar o estado de saúde do animal, pontuam-se de 1 a 5

diversos pontos no corpo da vaca e faz-se a média. Na vaca leiteira, a

condição corporal ideal está à volta dos 2,5 pontos. O exemplo demonstrado a

seguir, foi o resultado da ACC de uma vaca feita numa aula:

• apófises espinhosas – 2,00/2,50;

• goteira lombar – 2,25/ 2,50;

• apófises trnsversas – 2,50;

• cavado do flanco – 2,50;

• tuborosidades coxais e isquiáticas – 2,50;

• garupa lateral (ponta da anca á ponta da nádega) – 2,25;

• garupa transversa anterior – 2,25;

• base da cauda – 2,25.

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Figura 13: condição corporal da vaca (4 pontos, 3 pontos, 2 pontos)

Acerto das unhas:

Periódicamente há que acertar as unhas das vacas, uma vez que andam num

piso cimentado pode-lhes causar problemas locomotivos que por sua vez

podem provocar lesões. A vaca deve ser imobilizada no tronco e a perna da

unha a tratar deve ser amarrada. O acerto é feito inicialmente com um “alicate”

e depois com uma faca própria para o efeito. Deve-se agarrar na pata da vaca

com uma mão e a faca com a outra e vai-se lascando até a pata ficar com o

ângulo correcto, não evitar passar a linha branca da unha, pois poderá chegar

á carne e provocar uma hemorragia.

Figura 14: o ângulo da unha da figura do meio é o ideal

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Page 16: BOVINICULTURA - Relatório Semestral

Periodicamente fazem-se colheitas de sangue para análise clínica, procurando

detectar doenças como a brucelose, a leucose e a peripneumonia e faz-se o

teste da tuberculose.

O sangue é recolhido espetando uma agulha no centro inferior da cabeça da

cauda ou na veia jugular, deixando correr o sangue para um tubo próprio para o

efeito. Após colher a quantidade necessária (3/4 do tubo) rolha-se e rotula-se o

tubo. Depois numa folha de registo com os números dos tubos, assinala-se o

nº da respectiva vaca.

O teste da tuberculose é feito em 3 fases:

1. na face esquerda do pescoço da vaca, fazem-se 2 cortes em cruz do

pêlo, alinhados na vertical, com 5cm de distância;

2. com a pistola de injecção de tuberculina, no centro da cruz de cima

injecta-se a tuberculina aviária e na de baixo injecta-se a tuberculina

mamífera e faz-se uma medição cutânea e regista-se na folha;

3. 72h depois volta-se a fazer outra medição cutânea e regista-se

(comparam-se os resultados para saber se há presença de anticorpos).

Exemplo da folha de registo da colheita de sangue e do teste da tuberculose:

nº da casatubo de

sanguenº oficial

brincos em falta

T. aviária (mm)

T. mamífera

(mm)

209 1 PT452492493 0 7 6407 2 PT752546093 0 6 6409 3 PT352546095 0 6 6413 5 PT552546099 0 7,5 7505 6 PT252546104 0 6,5 5,5506 7 PT052546105 1 7 7,5

Para se fazer a colheita de sangue ás novilhas, ou apalpações rectais, faz-se

um nó numa extremidade da corda (nó de cabeçada) e amarra-se este à

cabeça do animal, enquanto que a outra extremidade enrrola-se num ferro que

vede o parque que é usado como roldana puxando a novilha até ela ficar junta

ao ferro. A condução de novilhas, tal como das vacas, também é feita com a

corda em nó de cabeçada. Para isto o condutor deve manter a distância ao

animal, dando uma folga de 4/5m de corda, e ter o mínimo de pessoas no

caminho. O resto das pessoas devem-se manter atrás do animal.

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.16

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Reprodução e melhoramento genético

O ritmo reprodutivo exercido na ESAS é de um parto por ano, sendo a primeira

inseminação efectuada aos 13-15 meses. A fertilidade de uma vaca varia com

vários factores genéticos, alimentares, higiénicos e com a idade. As novilhas

são as mais férteis. A gestação da vaca tem uma duração de 280 dias, o

diagnóstico de gestação (para ver se a vaca está gestante) é feito através de

apalpação transrectal do útero.

O método de indução e sincronização de cios praticado na vacaria da ESAS

consiste na interrupção artificial da fase luteínica, pela administração de

prostaglandinas exógenas, nomeadamente Prostol (PGF2α), e passados três

dias procede-se à inseminação artificial. Para poupar doses de Prostol, deve-se

verificar, por apalpação transrectal dos ovários, que estes estão na fase

luteínica (corpo amarelo).

“As principais causas de insucesso são a má detecção de cios e a ausência de

resposta ao tratamento. A detecção de cios continua a ser importante, porque a

sincronização não é muito rigorosa. É verdade que a sincronização facilita a

detecção de cios, porque o aumento do número de vacas em cio ou próximo

dele ao mesmo tempo estimula as manifestações de cio. Um bom indicador da

eficácia da detecção de cios é a percentagem de diagnósticos de gestação

positivos em relação ao total de diagnósticos de gestação. Ela deve ser de 85

% ou mais.

Ausência de resposta ao tratamento é o que ocorre nas vacas que levam

prostaglandina entre os dias 0 e 7 do ciclo éstrico.” (in GOMES, A. (2001).

Poligástricos, Bovinos, Reprodução: Sincronização de cios. ESAS.)

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.17

Page 18: BOVINICULTURA - Relatório Semestral

A inseminação artificial é feita no tronco de imobilização, injectam-se 1,5mL de

Receptal e com um pistolet próprio inserido na vagina, que é guiado pela outra

mão por apalpação transrectal, até ao cérvix, onde é ejectado o sémen.

Figura 15: esquema de inseminação artificial

O sémen utilizado é comprado a uma empresa italiana, a Semenzoo, que tem

uma vasta base de dados de touros com boas qualidades e que após um

pequeno questionário sobre as qualidades procuradas para fazer uma melhoria

genética do efectivo, apresentam os melhores touros com essas qualidades.

Na exploração da nossa escola utilizamos o sémen do touro Ertac, melhorador

da raça Holstein, e do touro Marcopolo, da raça Jersey que utilizamos para

inseminar as novilhas (que têm o aparelho reprodutivo com menores

dimensões que as vacas), que facilita o parto por ser uma raça com menor

peso à nascença que a Holstein. As palhas de sémen bovino têm 5cm de

comprimento e estão identificadas com o nome do touro, nº de registo, nº de

código, raça do touro e data em que foi feita a recolha. Estas são conservadas

num tanque de azoto líquido a aproximadamente -184 ºC. O sémen é

descongelado em água a 37ºC e a palha é inserida no pistolet para realizar a

inseminação. As palhas uma vez retiradas do tanque não podem voltar a ser

colocadas, pois o conteúdo perde qualidades e pode até tornar-se inutilizável.

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.18

Page 19: BOVINICULTURA - Relatório Semestral

Figura 16: palhas de sémen vazias

O parto normalmente é natural, mas por vezes, devido ao tamanho do vitelo, é

necessário recorrer a uma episiotomia para o retirar. É habitual tambem injectar

via intravenosa 200mL de Cálcio após o parto, porque a vaca nesta altura

costuma carenciar deste mineral que é naturalmente metabolizado dos ossos

para o leite.

À vaca a que se fez uma episiotomia, desinfectam-se os pontos com Betadine

apartir do dia 0 até ao 6º dia, ao 3º injectam-se via intramuscular 25mL de

Niglumina e 10mL de Placentol (ocitocina), ao 4º dia injectam-se via

subcutânea 20mL de Excenel e ao 10º dia retiram-se os pontos.

Após o parto é normal levar a cria à mãe para beber o primeiro colostro, por

este ao ser ordenhado os seus anticorpos constituíntes são desactivados em

contacto com o ar e por isso deve ser mamado directamente pelo vitelo.

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.19

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Ordenha

A ordenha deve ser um processo simples, mecanizado e eficiente com o

objectivo da extracção máxima de leite no mínimo de tempo possível com o

mínimo de prejuízo para o úbere da vaca, automatizando as operações e

suprimindo o que for inútil, sempre que for possível, para que um homem

ordenhe o maior número de vacas possível com o mínimo de esforço.

Na ESAS a média de leite por lactação ronda os 8000Kg/vaca, variando muito

de vaca para vaca dos 6000Kg até aos 11000Kg nas mais produtivas. A

frequência de ordenha é de duas vezes por dia, uma às 09:00 e outra às 15:00

e faz-se a supressão de ordenha ao domingo.

A ordenha é constituída por três fases: a preparação, a ordenha e a limpeza.

Figura 17: vaca em ordenha

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.20

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Preparação:

1. verificar se o tubo condutor de leite tem água;

2. fechar o tubo;

3. virar para baixo todos os botões da máquina;

4. virar todas as manivelas do leite para a direita;

5. virar as tetinas para baixo;

6. fechar o tubo de ar;

7. puxar a alavanca da direita para baixo (para sair a água);

8. lavar o tubo inferior com água e colocar o filtro (bom indicador da

qualidade da limpeza).

Figura 18: limpeza dos tetos antes de colocar as tetinas

Ordenha:

1. fechar a porta de saída do cais e abrir a de entrada;

2. deixar entrar três vacas para os pontos de ordenha e fechar a entrada;

3. apontar os números das vacas que entram no cais;

4. lavar os tetos com água e limpa-los com papel;

5. procurar mamites e fazer o teste do leite, misturando os primeiros

esguichos com Kerba Test, se a mistura apresentar um precipitado, o

teto tem mamite;

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.21

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Figura 19: teste do leite com Kerba Test

6. ligar o botão para o manual, colocar as tetinas nos tetos com a mão

esquerda, segurando o receptor com a mão direita e esperar que o leite

deixe de correr;

7. ligar o botão para o automático para retirar as tetinas;

8. registar a quantidade de leite ordenhado e abrir a válvula do vaso

medidor para despejar o leite;

9. desinfectar os tetos com um desinfectante da Alcide Uddercare

Products;

10. voltar a fechar a válvula do leite;

11. desinfectar as tetinas em lixívia dissolvida e passá-las por água;

12.pegar numa das tetinas e ligar o botão para o manual, de modo a aspirar

os restos água que ficam na tetina, e voltar a passa-lo para o

automático;

13.após as três vacas acabarem este processo, abrir a porta de saída do

cais e expulsar as vacas.

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.22

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Figura 20: folha de registo do leite ordenhado

Limpeza:

1. colocar as tetinas nos pontos de lavagem;

2. retirar o filtro;

3. ligar a máquina para o modo de lavagem;

4. lavar toda a sala de ordenha com a mangueira e escoar bem a água, de

modo a não ficarem águas estagnadas.

Figura 21: sala de ordenha lavada

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.23

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Visita de estudo à vacaria Shuurman

• 120ha de terreno, 85ha com milho regado;

• 600 cabeças importadas e outras crescidas na exploração, das quais

300 vacas ordenhadas 2x por dia;

• 3 empregados;

• o concentrado é caseiro, feito num unifeed numa proporção de 8kg

de massa de cerveja, 6kg de azevém, 2kg de soja e minerais;

• dão 15kg de azevém fresco por vaca por dia;

• dão 20kg de silagem de milho por vaca por dia;

• gastam 10c/dia em alimentos

• a silagem é mudada às 16:00, quando as vacas estão na ordenha;

• as vacas estão em produção constante e produzem em média 25Kg

de leite, com 3,57% de proteínas e 4,2% de teor butiroso, por

ordenha;

• o leite é armazenado em tanques de 16000L e depois é vendido para

a Danone;

• as novilhas são vendidas;

• existem 2 touros para cada parque de 120 vacas cobrindo-as todas;

• a indução de cio é natural, utilizando a presença do macho na

manada;

• os touros entram em reprodução aos 2 anos de idade;

• cada vaca tem 1 parto por ano e por isso uma produção constante de

vitelos;

• limpeza dos dejectos é mecanizada, sendo limpa 6 a 7 vezes por dia,

e estes são aproveitados para adubo após serem decantados;

• as camas são mudadas até às 09:00/09:30;

• as vacas com mamites são sinalizadas com fitas vermelhas nos

membros posteriores;

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.24

Page 25: BOVINICULTURA - Relatório Semestral

• é dado leite em pó aos vitelos 2 vezes por dia por um distribuidor

automático (que é cheio de 3 em 3 horas), que os identifica pelo chip,

dando assim a dose correcta;

• os vitelos bebem no máximo 5L de leite por dia;

• o colostro que sobra é congelado para ser utilizado quando uma vaca

tem pouco leite para amamentar as crias;

• a areia é utilizada nas camas para evitar o aparecimento de mamites,

baixando o nível microbiano;

• mudam a areia das camas, proveniente de Rio Maior (mais fina e

mais suave), de 10 em 10 dias;

• fazem apalpações rectais periodicamente, de 3 em 3 meses.

Relatório Semestral de Bovinicultura – Eng. Da Produção Animal pg.25

Page 26: BOVINICULTURA - Relatório Semestral

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www.wikipedia.com

www.cattlenetwork.net

www.holsteinusa.com

www.semenzoo.it

www.woongoolss.eq.edu.au

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