147
Universidade Federal do Rio de Janeiro BR-153: ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA CONCESSÃO RODOVIÁRIA Pedro de Carvalho Müller Novembro de 2018

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

BR-153: ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA CONCESSÃO

RODOVIÁRIA

Pedro de Carvalho Müller

Novembro de 2018

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ii

BR-153: ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA CONCESSÃO

RODOVIÁRIA

Pedro de Carvalho Müller

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientadora: Sandra Oda

Co-orientadora: Thereza Cristina Nogueira

de Aquino

RIO DE JANEIRO

NOVEMBRO DE 2018

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iv

Müller, Pedro de Carvalho

BR-153: Análise técnica e econômico-financeira de uma concessão

rodoviária / Pedro de Carvalho Müller – Rio de Janeiro: UFRJ /

Escola Politécnica, 2018.

XVI, 131p.: il.; 29,7 cm.

Orientadora: Sandra Oda

Co-orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de

Engenharia Civil, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 123-128.

1. Concessão Rodoviária. 2. Viabilidade Econômico-financeira. 3.

Manutenção Rodoviária. 4. Avaliação Financeira de Projetos. 5.

Asfalto Borracha. I. Oda, Sandra; Aquino, Thereza Cristina

Nogueira de. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. BR-153: Análise

técnica e econômico-financeira de uma concessão rodoviária.

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v

Agradecimentos

Primeiramente, a Deus, por estar sempre ao meu lado em todos os momentos.

Sem Ele nada seria possível.

Aos meus pais, Maurício e Wanda, por cada gesto de amor, por cada

ensinamento, por cada sacrifício pensando na educação e na saúde de seus filhos.

Agradeço por serem minha base, minha fortaleza.

Ao meu irmão, Matheus, pelo companheirismo imenso, por ser minha eterna

fonte de admiração, por poder contar com seu apoio em todas as jornadas,

multiplicando alegrias e amenizando tristezas. Agradeço por ser meu melhor amigo.

A todos os meus familiares, por cada reunião acompanhada de muita alegria e

de muito carinho. Em especial minhas avós, Glória e Bela, que propiciam esses

momentos semanalmente e que tiveram participação ativa na minha educação.

À minha namorada, Júlia, por ser minha maior fonte de amor, de inspiração, de

orgulho e de felicidade, por me ensinar diariamente a ser uma pessoa melhor.

Agradeço por ser minha melhor amiga.

A todos os meus amigos, pelas risadas, pelos momentos de descontração e pelo

apoio nessa trajetória. Em especial colegas de faculdade, que compartilharam

experiências dentro e fora da sala de aula com muita colaboração e bom humor.

A todos os professores que contribuíram para a minha educação, transmitindo

conhecimentos e valores. Em especial minhas orientadoras, Profª. Sandra e Profª.

Thereza, pela atenção, orientação, conselhos e paciência na realização desta

monografia. Foi uma honra concluir minha graduação ao lado de profissionais como

vocês, que prezam sempre pelos seus alunos.

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vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários à obtenção do grau de Engenheiro Civil.

BR-153: ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA CONCESSÃO

RODOVIÁRIA

Pedro de Carvalho Müller

Novembro 2018

Orientadores: Sandra Oda e Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Curso: Engenharia Civil

O presente trabalho apresenta um estudo prático de um projeto de concessão

rodoviária, cujas atividades são detalhadas de forma técnica e financeira, através de

um modelo, com o objetivo de concluir a viabilidade do negócio e a estratégia da

licitante vencedora. Dentro do caso, possíveis cenários foram desenhados com uma

análise de sensibilidade, a fim de se observar o impacto que dados como tarifa de

pedágio, volume de tráfego e tecnologia de pavimentos (asfalto borracha) possuem na

rentabilidade do projeto. Para tal, foi realizada uma revisão bibliográfica com o intuito

de investigar quais são os problemas relacionados à condição da malha rodoviária e

como uma concessionária pode solucioná-los, entendendo sua operação, suas

obrigações, seus desafios e seus potenciais ganhos. Essa revisão envolveu os

principais aspectos técnicos e financeiros inerentes a esse setor, como o

desempenho, a execução, a manutenção e o controle tecnológico do pavimento da

rodovia, e os métodos de avaliação financeira de um projeto. Com isso, espera-se

obter como resultado, uma contribuição para o setor rodoviário brasileiro, expondo

seus problemas, estudando não só concessões eficientes, como casos de caducidade

declarada, sugerindo formas de mitigar este risco, e incentivando futuras pesquisas

relacionadas ao asfalto borracha.

Palavras-chave: Concessão Rodoviária; Viabilidade Econômico-financeira;

Manutenção Rodoviária; Avaliação Financeira de Projetos; Asfalto Borracha.

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vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

BR-153: TECHNICAL AND ECONOMIC-FINANCIAL ANALYSIS OF A ROAD

CONCESSION

Pedro de Carvalho Müller

November 2018

Advisors: Sandra Oda e Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Course: Civil Engineering

This work presents a practical study of a road concession project, whose activities are

detailed in a technical and financial way, through a model, with the objective of

concluding the viability of the business and the strategy of the winning bidder. Within

the case, possible scenarios were designed with a sensitivity analysis, in order to

observe the impact that data such as toll rate, traffic volume and pavement technology

(rubberized asphalt) have in the project profitability. For this, a literature review was

made to investigate the problems related to the condition of the road network and how

a concessionaire can solve them, understanding its operation, its obligations, its

challenges and its potential gains. This review involved the main technical and financial

aspects inherent to this sector, such as the performance, execution, maintenance and

technological control of road pavement, and the project financial evaluation methods.

As a result, it is expected that a contribution will be made to the Brazilian road sector,

exposing its problems, studying not only efficient concessions, but also cases of

termination due to forfeiture, suggesting ways to mitigate this risk, and encouraging

future research related to rubberized asphalt.

Keywords: Road Concession; Economic and financial feasibility; Road Maintenance;

Project Financial Evaluation; Rubberized Asphalt.

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viii

SUMÁRIO

1 Introdução ......................................................................................................... 1

1.1 Contextualização .................................................................................................. 1

1.2 Justificativa ........................................................................................................... 2

1.3 Objetivos .............................................................................................................. 3

1.3.1 Objetivos Gerais .................................................................................................... 3

1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 3

1.4 Estrutura do Trabalho ........................................................................................... 3

1.5 Metodologia ......................................................................................................... 5

2 Concessões Rodoviárias ..................................................................................... 6

2.1 A Malha Rodoviária Nacional ................................................................................ 6

2.1.1 O Transporte Rodoviário Nacional ........................................................................ 6

2.1.2 As Condições de Conservação da Malha ............................................................... 9

2.2 Cronologia .......................................................................................................... 12

2.2.1 Histórico Passado ................................................................................................ 12

2.2.2 Futuro Previsto .................................................................................................... 16

2.3 Características do Negócio .................................................................................. 17

2.3.1 Tipos e Processo de Desestatização .................................................................... 17

2.3.2 Características de uma Concessão Rodoviária .................................................... 19

2.4 Mercado Brasileiro de Concessionárias ................................................................ 21

3 Aspectos Técnicos sobre Pavimentos ............................................................... 23

3.1 Definição, Conceitos e Tipos de Pavimentos ........................................................ 24

3.1.1 Classificação de Pavimentos ................................................................................ 24

3.1.2 Estrutura dos Pavimentos ................................................................................... 28

3.1.3 Tecnologia de Pavimentos .................................................................................. 34

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ix

3.2 Projeto de Pavimentação .................................................................................... 40

3.2.1 Estudo Preliminar ................................................................................................ 41

3.2.2 Projeto Básico ...................................................................................................... 41

3.2.3 Projeto Executivo ................................................................................................ 43

3.3 Construção ......................................................................................................... 45

3.3.1 Execução .............................................................................................................. 45

3.3.2 Controle Tecnológico .......................................................................................... 47

3.4 Manutenção e Reabilitação ................................................................................. 50

3.4.1 Defeitos ............................................................................................................... 50

3.4.2 Manutenção e Reabilitação ................................................................................. 67

3.5 Custos de Serviços .............................................................................................. 70

4 Aspectos Econômicos e Financeiros ................................................................. 74

4.1 Valor do Dinheiro no Tempo ............................................................................... 74

4.2 Critérios de Avaliação de Projetos ....................................................................... 75

4.2.1 Payback................................................................................................................ 75

4.2.2 Valor Presente Líquido ........................................................................................ 77

4.2.3 Taxa Interna de Retorno...................................................................................... 78

4.3 Taxa de Desconto ................................................................................................ 80

4.3.1 Custo Médio Ponderado de Capital .................................................................... 80

4.3.2 Custo de Capital Próprio...................................................................................... 81

5 Estudo de Caso ................................................................................................ 84

5.1 Características da Rodovia .................................................................................. 84

5.2 Dados e Premissas de Projeto .............................................................................. 86

5.2.1 Receita Operacional Bruta .................................................................................. 87

5.2.2 Custos e Despesas Operacionais - Opex .............................................................. 90

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x

5.2.3 Investimentos - Capex ......................................................................................... 98

5.2.4 Despesa Financeira - Financiamento................................................................. 104

5.2.5 Depreciação e Amortização .............................................................................. 104

5.2.6 Tributação ......................................................................................................... 105

5.3 Cálculo da Taxa de Desconto ............................................................................. 105

5.4 Principais Outputs ............................................................................................. 108

5.5 Análise de Sensibilidade .................................................................................... 110

5.5.1 Tarifa de Pedágio ............................................................................................... 110

5.5.2 Tráfego .............................................................................................................. 111

5.5.3 Asfalto Borracha ................................................................................................ 113

6 Conclusão ...................................................................................................... 120

Referências .......................................................................................................... 123

ANEXO – Demonstrativos Financeiros ................................................................... 129

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xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Investimento da União em Tipos de Transporte ........................................... 8

Figura 2 – Resumo da Classificação das Estradas Nacionais ..................................... 10

Figura 3 - Densidade da malha rodoviária pavimentada (km/1.000 km²)..................... 11

Figura 4 - Tipos de Desestatização ............................................................................. 17

Figura 5 - Etapas do Processo de Desestatização ...................................................... 18

Figura 6 - Equação Econômica da Concessão ........................................................... 19

Figura 7 - Benefícios da Concessão Rodoviária ......................................................... 20

Figura 8 - Configuração de um Pavimento Flexível ..................................................... 25

Figura 9 - Distribuição de cargas no Pavimento Flexível ............................................. 26

Figura 10 - Configuração de um Pavimento Rígido ..................................................... 27

Figura 11 - Distribuição de cargas no Pavimento Rígido ............................................. 28

Figura 12 - Esquema de seção transversal do pavimento ........................................... 29

Figura 13 - Classificação de Revestimento ................................................................. 33

Figura 14 - Esquema do reaproveitamento de pneus descartados ............................. 39

Figura 15 - Classificação HRB .................................................................................... 43

Figura 16 - Trincas por fadiga –Nível de severidade alto ............................................ 51

Figura 17 - Trincas em blocos - Nível de severidade médio ........................................ 53

Figura 18 - Trincas nos bordos - Nível de severidade alto .......................................... 54

Figura 19 - Trincas longitudinais Nível de severidade baixo........................................ 55

Figura 20 - Trincas transversais - Nível de severidade médio ..................................... 58

Figura 21 - Remendos - Nível de severidade médio ................................................... 59

Figura 22 - Panelas - Nível de severidade alto............................................................ 60

Figura 23 - Deformação permanente - Nível de severidade alto ................................. 61

Figura 24 - Corrugação - Nível de severidade alto ...................................................... 62

Figura 25 - Exsudação - Nível de severidade alto ....................................................... 63

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xii

Figura 26 - Agregados polidos .................................................................................... 64

Figura 27 - Desnível entre pista e acostamento .......................................................... 66

Figura 28 - Bobeamento - Nível de severidade alto .................................................... 67

Figura 29 – Resultados de M&R ................................................................................. 68

Figura 30 - Fluxograma da composição de custos unitários........................................ 71

Figura 31 - Vantagens e Desvantagens do Payback .................................................. 77

Figura 32 - Vantagens e Desvantagens da TIR .......................................................... 79

Figura 33 - Rodovia BR-153 TO/GO ........................................................................... 84

Figura 34 - Localização das Praças de Pedágio ......................................................... 88

Figura 35 - Processo de alocação para o ano base, sem pedágio .............................. 89

Figura 36 - Processo de alocação para o ano base, com pedágio .............................. 89

Figura 37 - Custos de Manutenção e de Usuários .................................................... 118

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xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Malha rodoviária brasileira .......................................................................... 6

Tabela 2 - Movimentação anual de cargas ................................................................... 6

Tabela 3 – Mercadorias transportadas no comércio interestadual (base 100 em 1948) 7

Tabela 4 - Evolução da Rede Rodoviária Nacional ....................................................... 7

Tabela 5 - Classificação do Estado Geral por Tipo de Gestão .................................... 12

Tabela 6 – Concessões administradas pela ANTT ..................................................... 14

Tabela 7 - Concessões Previstas................................................................................ 16

Tabela 8 - Características do Setor ............................................................................. 22

Tabela 9 - Classificação das bases para pavimentação .............................................. 32

Tabela 10 - Tarifas dos Concorrentes ......................................................................... 85

Tabela 11 - Multiplicadores de tarifa por tipo de veículo ............................................. 90

Tabela 12 – Resumo da Operação ............................................................................. 90

Tabela 13 - Resumo das Outras Verbas ..................................................................... 97

Tabela 14 - Resumo dos Seguros e Garantias ........................................................... 98

Tabela 15 – Seguros e Garantias ............................................................................... 98

Tabela 16 - Resumo dos Investimentos ...................................................................... 99

Tabela 17 - Premissas de Financiamento ................................................................. 104

Tabela 18 - Prazos de Depreciação .......................................................................... 104

Tabela 19 - Resumo dos Tributos ............................................................................. 105

Tabela 20 - Beta Desalavancado .............................................................................. 106

Tabela 21 - Principais Outputs do Projeto com Financiamento ................................. 109

Tabela 22 - Análise da Tarifa Contratada .................................................................. 110

Tabela 23 - Cenários de Tráfego .............................................................................. 112

Tabela 24 – Análise do Tráfego ................................................................................ 112

Tabela 25 – Comparação Custos de Execução no Brasil ......................................... 115

Tabela 26 – Comparação Custos de Manutenção no Brasil...................................... 116

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xiv

Tabela 27 - Comparação Custos de Execução nos EUA .......................................... 117

Tabela 28 - Custos de Manutenção .......................................................................... 118

Tabela 29 - Análise do Tipo de Asfalto ..................................................................... 119

Tabela 30 - DRE entre 2013 e 2027 ......................................................................... 129

Tabela 31 - DRE entre 2028 e 2043 ......................................................................... 130

Tabela 32 – Fluxo de Caixa do Projeto ..................................................................... 131

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xv

LISTA DE ABREVIATURAS

AB – Asfalto Borracha

ABCR – Associação Brasileira de Concessões Rodoviárias

AMP – Asfalto Modificado por Polímeros

ANTT – Agência Nacional de Transporte Terrestre

BDI – Bonificações e Despesas Indiretas

BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento

CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo

CAPM – Capital Asset Pricing Model

CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente

CCO – Centro de Controles da Operação

COC – Centro de Operações da Concessionária

CMPC – Custo Médio Ponderado de Capital

CNI – Confederação Nacional da Indústria

CNT – Confederação Nacional do Transporte

DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo

M&R – Manutenção e Reabilitação

PIB – Produto Interno Bruto

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xvi

PIL – Programa de Investimento em Logística

PROCOFE – Programa de Concessão de Rodovias Federais

PRF – Polícia Rodoviária Federal

PPP – Parceria Público-Privada

SICRO – Sistema de Custos Referenciais de Obra

SINICESP - Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo

TIR – Taxa Interna de Retorno

URI – Unidade de Relações Institucionais

VMDA – Volume Médio Diário Anual

VPL – Valor Presente Líquido

WACC – Weight Average Cost of Capital

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1

1 Introdução

1.1 Contextualização

Devido a decisões governamentais, principalmente em épocas passadas, o

Brasil consolidou sua preferência pelo modal rodoviário como forma de transporte.

Contudo, fatores como tamanho do território nacional, extensão da malha rodoviária,

alta necessidade de investimentos em manutenção e ineficiência por parte da gestão

pública acarretaram em péssimas condições de pavimento, expondo que

administração de estradas não tem sido bem-sucedida.

Diante desse cenário, uma alternativa que se faz presente é denominada

concessão, de modo que ocorre a transferência da prestação do serviço para o setor

privado por prazo determinado por contrato, desde que a posse do trecho rodoviário

seja mantida pelo setor público.

Para Moura (2017), a administração pública da malha rodoviária no Brasil

mostrou com o tempo, um questionamento quanto ao seu modelo de gestão e sua

eficiência. A alternativa de gerenciamento através de concessões privadas, através do

comportamento do mercado, pode ter impacto positivo, melhorando a qualidade do

serviço prestado.

Sendo uma empresa privada, a concessionária tem como características a busca

constante pelo lucro e pelo crescimento, assim como a preocupação com a

concorrência. Portanto, é de se esperar que a administração da estrada seja feita com

comprometimento e inovação, na qual, as decisões de investimento devem considerar

aspectos financeiros e estratégicos, sempre buscando a geração de valor para os

acionistas e, principalmente, para os clientes, que pagam tarifas de pedágio visando

uma maior qualidade do serviço.

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2

Segundo Moura (2017), as companhias deverão buscar oferecer produtos e

serviços de acordo com a lei vigente, onde o usuário é quem pagará pelo que

consumir, a partir da cobrança do pedágio. Espera-se, por parte dos usuários e da

sociedade que a qualidade e o nível do serviço na nova gestão sejam compensados

pelo que se paga.

1.2 Justificativa

Diante da precariedade das estradas brasileiras, a principal justificativa acerca

desse tema é elucidar aspectos referentes a contratos de parcerias público-privadas,

acreditando que essa pode ser uma maneira de beneficiar todas as partes envolvidas,

ou seja, o governo, a empresa e o usuário final.

Em uma rodovia concedida, as principais fontes de entrada e de saída de caixa

são as tarifas de pedágio e as recuperações, manutenções e duplicações da estrada,

respectivamente. Desse modo, entender esses fatores é essencial, visto que qualquer

decisão que os envolva vai afetar diretamente o resultado do projeto.

A importância desse projeto é, entre outras, indicar como possíveis alterações

nesses quesitos atingem a viabilidade do plano de negócios em questão, enfatizando

soluções que geram valor para todas as partes envolvidas, inclusive os usuários que

desejam uma melhora na condição da pista de rolamento.

Assim como os direitos adquiridos, vale ressaltar que um contrato de concessão

também possui obrigações a serem cumpridas do ponto de vista operacional,

financeiro e técnico. Uma fiscalização por parte do setor público se faz necessária

para conferir se a concessionária conseguirá arcar com seus deveres.

O presente trabalho faz uma comparação da tarifa contratada, fornecendo

sugestões e informações para futuras discussões acerca dessa fiscalização a fim de

se obter um serviço de qualidade e de se evitar casos de Caducidade Declarada.

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3

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivos Gerais

O objetivo geral deste projeto é apresentar e caracterizar um projeto de

concessão rodoviária, demonstrando como ele é feito, citando os direitos e obrigações

envolvidos e abordando os aspectos técnicos de qualidade da estrada e aspectos

financeiros do projeto. Por fim, a partir de uma análise econômico-financeira, serão

avaliados cenários distintos de um caso prático, considerando o trecho da rodovia BR-

153 situado entre os estados de Goiânia e Tocantins, cuja concessão está com

caducidade declarada e será leiloada novamente.

1.3.2 Objetivos Específicos

i. Apresentar características de uma concessão rodoviária e desse mercado;

ii. Analisar conceitos e aspectos técnicos sobre pavimentos (projeto, construção,

manutenção e reabilitação);

iii. Realizar estudos dos aspectos econômico-financeiros de um projeto;

iv. Estudo de Caso – Exibir os resultados e analisar diferentes cenários na

concessão da BR-153.

1.4 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho de conclusão de curso é dividido em cinco áreas de estudo:

Introdução e Concessão Rodoviária, Aspectos Técnicos sobre Pavimentos, Aspectos

Econômicos e Financeiros, Estudo de Caso e Conclusões Finais. A seguir estão

apresentados de forma resumida os principais aspectos abordados em uma dessas

etapas:

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4

A primeira parte compreende os capítulos 1 e 2 dessa pesquisa. Primeiramente,

são descritos o tema do estudo, seus objetivos, sua justificativa, sua estrutura e a

metodologia de pesquisa. Posteriormente, é feita uma visão geral sobre Concessões

Rodoviárias, apontando razões para esse tipo de contrato, histórico nacional, dados de

mercado, assim como o processo de licitação e suas particularidades.

A segunda etapa do trabalho corresponde a um referencial teórico com enfoque

em pavimentos e suas características. O capítulo 3 introduz os tipos de pavimentos,

avançando para os projetos de construção e de manutenção, expondo os custos

associados a cada tipo de serviço.

Assim como a divisão anterior, o quarto capítulo faz um referencial teórico,

enfatizando a viabilidade econômico-financeira de um projeto, com o objetivo de

dissertar sobre o valor temporal que o dinheiro possui, a taxa de desconto utilizada em

um fluxo de caixa e a forma como ela é calculada, e os três principais critérios de

avaliação de projetos adotados no mercado.

Realizou-se, então, um estudo prático no capítulo 5, explicitando detalhes

técnicos e financeiros de um projeto de concessão. Alguns cenários distintos foram

abordados tendo como finalidade uma análise de sensibilidade em variáveis que

interferem na receita do negócio, como tarifa de pedágio e previsão de fluxo de

tráfego, e em seus investimentos, como o tipo de asfalto, observando como e quanto

isso altera a viabilidade do projeto.

Finalmente, no último capítulo são indicadas as conclusões e as considerações

finais a respeito dos estudos e análises desenvolvidas, e são apresentadas sugestões

de trabalhos futuros.

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5

1.5 Metodologia

A metodologia de trabalho consiste na revisão bibliográfica do assunto,

contemplando aspectos relacionados ao mercado de Concessões Rodoviárias

(capítulo 2), à Pavimentação de Rodovias (capítulos 3) e à Viabilidade Econômico-

Financeira de Projetos (capítulo 4).

Com o objetivo de fazer uma abordagem prática que consiga refletir a realidade

desse mercado, tal revisão englobará documentos fornecidos por órgãos públicos,

como por exemplo, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT),

a Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Banco Nacional do

Desenvolvimento (BNDES), em especial os estudos técnicos e econômico-financeiros

associados à rodovia em questão, levantados na Agência Nacional de Transporte

Terrestre (ANTT).

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2 Concessões Rodoviárias

2.1 A Malha Rodoviária Nacional

2.1.1 O Transporte Rodoviário Nacional

É evidente que o transporte rodoviário é o principal sistema logístico brasileiro.

De acordo com o Boletim Estatístico divulgado pela Confederação Nacional de

Transporte, a malha rodoviária nacional possui 1.735.607 quilômetros de extensão,

sendo responsável por 61,1% de participação no transporte de cargas (CNT, 2018).

Tabela 1 – Malha rodoviária brasileira

Fonte: CNT, 2018.

Tabela 2 - Movimentação anual de cargas

Fonte: CNT, 2018.

A matriz de transporte atual é reflexo da priorização histórica dada a esse tipo de

transporte que possui como características maior flexibilidade e menor necessidade de

investimento inicial. Governos passados visavam atrair a indústria automobilística e

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aproveitar o processo de industrialização, contribuindo para o aumento da importância

do modal rodoviário e, em contrapartida, para o sucateamento dos outros.

Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1955-1960) foi implementada uma

política de atração das indústrias automobilísticas estrangeiras, com a criação do

Grupo Executivo da Indústria Automobilística. Porém, outra tendência se fortaleceu

concomitantemente nesse setor: o desmonte de ferrovias (DE PAULA, 2010).

A ditadura civil-militar (1964-1984) manteve essa política

rodoviária/automobilística, acompanhada de uma progressiva desativação de estradas

de ferro. Enquanto que as ferrovias estratégicas de grãos e minérios foram

priorizadas, se extinguiram mais de 10 mil quilômetros de trilhos voltados para

passageiros no interior (DE PAULA, 2010).

Tabela 3 – Mercadorias transportadas no comércio interestadual (base 100 em 1948)

Fonte: DE PAULA, 2010 apud LIMA apud FONSECA, 1981

Tabela 4 - Evolução da Rede Rodoviária Nacional

Fonte: DNIT, 2005

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Por outro lado, dados recentes levantados pela Confederação Nacional da

Indústria (CNI), mostrados na figura 1, apontam que apesar do investimento da União

em rodovias ter apresentado uma queda, seu valor ainda oscilou perto da média de R$

11,2 bilhões por ano entre 2010 e 2017, valor esse que é 6 e 30 vezes maior do que

os investimentos médios em ferrovias e hidrovias, respectivamente.

Cabe ainda a ressalva de que a maior redução de gastos com rodovias ocorreu

em 2015, com uma queda de 39% entre R$ 10,7 bilhões em 2014 e R$ 6,5 bilhões no

ano seguinte. A crise vivida pelo país foi a principal responsável por essa redução e

não os incentivos dados a outros tipos de transporte, visto que os investimentos em

ferrovias e hidrovias também tiveram quedas significativas.

Figura 1 – Investimento da União em Tipos de Transporte

Fonte: Adaptado de Portal da Indústria, 2017.

Para o Manual de Conservação Rodoviária do Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes (DNIT, 2005) a razão da acentuada prevalência do

transporte rodoviário deve ser atribuída, entre outros, aos seguintes fatores:

i. Grande ampliação e modernização das redes rodoviárias federais e estaduais;

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ii. Estagnação e declínio dos modais ferroviário e hidroviário por várias décadas,

cuja recuperação, iniciada na segunda metade da década de 60, ficou

comprometida face aos recursos financeiros exigidos e não disponibilizados;

iii. Notada flexibilidade e segurança do transporte rodoviário que, aliadas à relativa

rapidez e às boas condições de operação, possibilitam tarifas e fretes

competitivos com os preços finais das outras modalidades;

iv. Evolução da indústria automobilística com aumento de capacidade produtiva

da frota nacional de veículos rodoviários, especialmente veículos de carga;

v. Expansão da produção agrícola sazonal em novas e amplas fronteiras com

maior utilização efetiva da frota de caminhões;

vi. Grande desenvolvimento econômico e urbanização acentuada gerando

crescente demanda de transportes de cargas diversificadas;

vii. Aumento da participação do modal rodoviário no transporte integrado, em face

do desenvolvimento nacional e do incremento das exportações.

2.1.2 As Condições de Conservação da Malha

Apesar do transporte no Brasil ser majoritariamente automobilístico e de receber

mais investimento que os demais, as condições de trafegabilidade ainda são muito

inferiores ao ideal. Problemas envolvendo pavimentação inadequada, irregularidades

na pista ou sinalização deficiente aparecem frequentemente em noticiários e jornais.

Percebe-se que apesar do baixo investimento inicial, é custoso manter uma rodovia

em bons estados de conservação.

Em conformidade com a Pesquisa de Rodovias CNT 2017, dos 105.814 km de

rodovias avaliados, as classificações regular, ruim e péssima totalizaram 61,8%,

enquanto em 2016 esse índice era de 58,2%. Em relação à qualidade do pavimento, a

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pesquisa indica que 50,0% pertenciam a essas classificações, comparados a 48,3%

em 2016.

Figura 2 – Resumo da Classificação das Estradas Nacionais

Fonte: CNT, 2017.

A principal causa disso é a alta necessidade de investimento para manutenção

da infraestrutura rodoviária. O Plano CNT de Transporte e Logística 2018 elenca 981

obras fundamentais no transporte rodoviário, resultando em um total da ordem de R$

496,1 bilhões necessários para realizá-las. Enquanto isso, os gastos do governo com

esse propósito foram de R$ 8,6 bilhões em 2016, expostos na figura 1, ou seja, 1,7%

desse valor.

Vale ressaltar que o Boletim Estatístico mostrado na tabela 1 conclui que apenas

12,3% dos 1.735.607 quilômetros de rodovias estão pavimentados. Apesar de ser um

valor em crescimento quando analisados outros anos, ainda é muito baixo se

comparado a outros países, conforme visto na figura 3.

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Figura 3 - Densidade da malha rodoviária pavimentada (km/1.000 km²)

Fonte: CNT, 2017 com base em dados do SNV (2015) e da Central Intelligence Agency.

O Manual de Conservação Rodoviária do DNIT (2005) indica que as

consequências do mau estado de conservação da rede e as perspectivas de

agravamento da situação se traduzem em substanciais reflexos econômicos

negativos, como por exemplo:

i. Efeito inibidor ao desenvolvimento de atividades econômicas;

ii. Perda de um dos mais importantes patrimônios do país (avaliados em

importância superior a US$ 200 bilhões), construído ao longo de muitos anos,

com recursos e esforços da Nação;

iii. Acréscimo no consumo de combustíveis em até 58%;

iv. Encarecimento do custo operacional dos veículos em até 40%;

v. Elevação do índice de acidentes em até 50%;

vi. Aumento do tempo de viagem em até 100%;

vii. Consequente acréscimo no custo dos fretes e das passagens rodoviárias.

Em contrapartida, uma observação que deve ser destacada na Pesquisa de

Rodovias CNT 2017 é a comparação entre os dados do setor público e da iniciativa

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privada. Conforme mostrado na tabela 5, enquanto que, avaliando o estado geral das

estradas, a gestão pública consegue 29,6% em condições ótimas ou boas, esse

número mais do que duplica quando se trata da extensão concedida, atingindo 74,4%.

Tabela 5 - Classificação do Estado Geral por Tipo de Gestão

Fonte: CNT, 2017.

Isso está em concordância com o que foi descrito no item 1.1, explicando que

uma concessão pode promover uma administração com maior qualidade, desafogando

uma das inúmeras tarefas do setor público, fazendo com que este possa dar mais

atenção em outros pontos deficientes no país.

2.2 Cronologia

2.2.1 Histórico Passado

A Associação Brasileira de Concessão Rodoviária (ABCR) e a Agência Nacional

de Transporte Terrestre (ANTT) reúnem os fatos considerados mais notáveis durante

os 30 anos de história de concessões rodoviárias no Brasil, assim como os anos dos

devidos acontecimentos:

i. 1988 - Decreto nº 94.002 autorizou o Departamento Nacional de Estradas de

Rodagem (DNER) a contratar, mediante concessão, a construção,

conservação e exploração de rodovias.

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ii. 1993 - Portaria nº 010 do Ministério de Transportes cria grupo de trabalho para

implementar o Programa de Concessões de Rodovias Federais (PROCROFE).

iii. 1994 até 1997 – Assinatura de contratos da primeira etapa do PROCOFE.

iv. 1995 - Sancionada a Lei n° 8.987, que trata do regime de concessão de

serviços públicos. Sancionada a Lei nº 9.277, que autoriza a União a delegar

rodovias para os Estados, e permite sua concessão.

v. 1996 – Criada, em 28 de junho, a Associação Brasileira de Concessionárias de

Rodovias (ABCR). Sete concessionárias associadas respondiam por 0,6% dos

134.626 quilômetros da malha rodoviária pavimentada nacional existente.

vi. 1996 até 1998 - Assinados Convênios de Delegação com os Estados do Rio

Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

vii. 1998 - Assinados nove contratos de concessão referentes à 1ª Etapa do

Programa de Concessão de Rodovias em São Paulo.

viii. 2000 - Face às dificuldades em implementar programas estaduais, o Conselho

Nacional de Desestatização recomendou a revisão do Programa de Delegação

e a adoção de medidas para unificação da política de concessões rodoviárias.

ix. 2001 – A Lei nº 10.233 cria a Agência Nacional de Transportes Terrestres.

x. 2004 – A Lei nº 11.079 institui as Parcerias Público-Privadas (PPP) no país.

xi. 2007 – Leilão de sete lotes federais referentes à segunda etapa do PROCOFE.

O governo de Minas Gerais e de Pernambuco assinam os primeiros contratos

de concessão na modalidade PPP do setor rodoviário.

xii. 2008 - 2ª Etapa do Programa de Concessão de Rodovias em São Paulo.

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xiii. 2013 - Retomada do Programa de Concessões Federais, com seis licitações

realizadas, marcando o início da 3ª Etapa do PROCOFE.

Até a data do presente trabalho, o Programa de Concessão de Rodovias

Federais engloba 11.191,1 quilômetros de rodovias, sendo 9.224 quilômetros

concedidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o restante

promovido pelo Ministério dos Transportes junto aos governos estaduais.

Na tabela 6 encontram-se as 19 concessões vigentes administradas pela ANTT,

assim como a extensão de cada trecho e data de início de funcionamento.

Tabela 6 – Concessões administradas pela ANTT

Fonte: ANTT, 2018.

A primeira etapa foi composta por 1.315,9 quilômetros separados em seis

trechos rodoviários, sendo que dois contratos já estão encerrados, são os casos da

Rodovias Extensão (km) Etapa Início Status

BR-116/RJ/SP (NOVADUTRA) 402 1 1996 Vigente

BR-040/MG/RJ (CONCER) 179,9 1 1996 Vigente

BR-116/RJ (CRT) 142,5 1 1996 Vigente

BR-290/RS (CONCEPA) 121 1 1997 Contrato Encerrado

BR-116/293/392/RS (ECOSUL) 457,3 1 1998 Vigente

BR-101/RJ (CCR PONTE) 13,2 3 1995 Contrato Encerrado

BR-116/PR/SC (AUTOPISTA PLANALTO SUL) 412,7 2 2008 Vigente

BR-116/PR - BR-376/PR - BR 101/SC

(AUTOPISTA LITORAL SUL)405,9 2 2008 Vigente

BR-116/SP/PR (AUTOPISTA RÉGIS

BITTENCOURT)401,6 2 2008 Vigente

BR-381/MG/SP (AUTOPISTA FERNÃO DIAS) 562,1 2 2008 Vigente

BR-101/RJ (AUTOPISTA FLUMINENSE) 320,1 2 2008 Vigente

BR-153/SP (TRANSBRASILIANA) 321,6 2 2008 Vigente

BR-393/RJ (RODOVIA DO AÇO) 200,4 2 2008 Vigente

BR–116/324/BA e BA-526/528 (VIABAHIA) 680,6 2 2009 Vigente

BR-101/ES/BA (ECO-101) 475,9 3 2013 Vigente

BR-050/GO/MG (MGO Rodovias) 436,6 3 2014 Vigente

BR-060/153/262/DF/GO/MG (CONCEBRA ) 1.176,50 3 2014 Vigente

BR-163/MS (MS VIA) 847,2 3 2014 Vigente

BR- 163/MT (CRO) 850,9 3 2014 Vigente

BR-040/DF/GO/MG (Via 040) 936,8 3 2014 Vigente

BR-153/TO/GO 624,8 3 2014 Caducidade Declarada

BR-101/RJ (ECOPONTE) 13,2 3 2015 Vigente

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CCR Ponte e da CONCEPA, que venceram em 2015 e 2018, respectivamente, após

serem concluídos os 20 anos previstos no instrumento de concessão.

A etapa seguinte foi dividida em duas fases. O leilão referente à fase I ocorreu

no final de 2007, incluindo 2.624,4 quilômetros de estrada, divididos em sete lotes. Já

a fase II ocorreu quase um ano depois, abrangendo 680,6 quilômetros em lote único.

Todos os trechos dessa etapa foram concedidos à iniciativa privada por um prazo de

25 anos.

Segundo a ANTT, os investimentos em obras e serviços previstos para todo o

período de concessão dessa etapa foram da ordem de R$ 17,3 bilhões a preços de

julho de 2007 na fase I e R$ 1,9 bilhões, a preços de dezembro de 2005 na fase II.

Corrigindo esses preços pelo Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), a soma

total seria da ordem de R$ 36,7 Bilhões de reais.

A terceira etapa é a mais recente e foi dividida em três fases, cujos trechos estão

descritos a seguir:

i. Fase I: BR-040/DF/GO/MG e BR-116/MG;

ii. Fase II: BR-101/ES/BA e BR-262/ES;

iii. Fase III: BR-050/GO/MG, BR-153/TO/GO, BR-060/153/262/DF/GO/MG, BR-

163/MS, BR-163/MT, BR-101/RJ.

Todavia, vale destacar que as rodovias BR-116/MG e BR-262/ES não receberam

propostas, devido ao desinteresse por parte dos investidores. Para garantir o sucesso

do Programa de Investimento em Logística (PIL), o governo fez algumas alterações,

como elevar o valor teto dos pedágios estipulados, elevar a Taxa Interna de Retorno

(TIR) dos investidores de 5,5% para 7,2%, e aumentar os prazos das concessões (25

para 30 anos) e de financiamento (20 para 25 anos). Em 2015, o governo revisou essa

taxa de retorno e a aumentou para 9,2% ao ano.

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2.2.2 Futuro Previsto

A ANTT e a ABCR enumeram os projetos de outorga já previstos e qualificados

pelo poder estadual ou pelo poder federal no âmbito do Programa de Parcerias de

Investimentos (PPI). Esses são detalhados na tabela 7.

Tabela 7 - Concessões Previstas

Fonte: ABCR, 2017.

Importante notar que como o setor depende de aspectos econômicos e políticos,

não se pode ratificar que essas previsões serão realizadas. Por um lado, dependendo

da necessidade de investimento na rodovia, da tarifa determinada em leilão e da

expectativa do preço do petróleo, principal fonte de matéria prima para o asfalto, pode

ser que não haja interesse por parte dos investidores. Por outro lado, um governo que

não acredite nesse modelo de parceria, pode desincentivar seu acontecimento.

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O trecho da rodovia BR-153 situado entre os estados de Goiás e Tocantins

aparece como um dos projetos previstos após sua Caducidade Declarada. O caso

será discutido de forma mais detalhada no quinto capítulo dessa pesquisa.

2.3 Características do Negócio

2.3.1 Tipos e Processo de Desestatização

Existem diferentes formas de fazer uma venda ou transferência de um ativo do

setor público para o privado. O Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES)

enumera e esclarece cada uma dessas modalidades (figura 4), assim como suas

etapas (figura 5). Quando se trata de ativos como estradas, o caso mais comum é

chamado de Concessão Comum, já que existe uma única fonte de receita, que é a

tarifa cobrada.

Figura 4 - Tipos de Desestatização

Fonte: BNDES, 2018.

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Figura 5 - Etapas do Processo de Desestatização

Fonte: BNDES, 2018.

Em nível federal, os órgãos de controle têm como objetivo checar se os

participantes possuem capacidades técnicas e financeiras de executar o projeto. Os

licitantes apresentam suas tarifas básicas de pedágio, com base na tarifa inicialmente

proposta e em uma engenharia financeira adequada, e o vencedor é definido pelo

critério de menor tarifa. Já no caso estadual, existem algumas particularidades

dependendo da localização, a saber:

Em São Paulo, a licitação se dá em duas fases: pré-qualificação e proposta

técnica-financeira. A vencedora é a que oferece a maior oferta pela concessão e a

tarifa é preestabelecida com o objetivo de impulsionar a arrecadação fiscal propiciada

pela licitação. No Paraná, a companhia vencedora é a que propuser o maior programa

de conservação na estrada, como, por exemplo, em termos de uma malha adicional a

ser contemplada pela concessionária. No Rio Grande do Sul, o critério básico de

julgamento é a maior extensão de pista a ser ofertada em termos de atividades de

manutenção, restauração e conservação consideradas prioritárias. (PINHEIRO;

FUKASAKU, 2000).

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2.3.2 Características de uma Concessão Rodoviária

O modelo de negócio de uma concessionária de rodovia é bem simples. Sua

única fonte de Receita é a arrecadação através de praças pedágios. Em contrapartida,

seus maiores gastos são com Remuneração pela Outorga, Investimentos e Despesas

Operacionais. O primeiro se refere ao pagamento ao poder concedente pelo direito de

administrar o ativo, o segundo é composto principalmente por Recuperação,

Conservação e Duplicação da rodovia, e o terceiro é representado por atividades

operacionais como Gastos com Pessoal, Inspeção e Monitoração de Tráfego,

Pesagem de Caminhões, Materiais e Facilities nas Instalações, Manutenção de

Equipamentos e Sistemas e Serviços Terceirizados.

Figura 6 - Equação Econômica da Concessão

Fonte: ABCR, 2017.

Cabe a ressalva de que apesar do custo do pedágio ser uma desvantagem para

o motorista, uma concessão rodoviária traz diversos benefícios não só para o usuário,

que seria conforto e segurança vindo de uma pista com maior qualidade, como

também para o país como um todo, impactando positivamente na geração de

emprego, no desenvolvimento das cidades vizinhas, no custo logístico e

consequentemente, no desenvolvimento econômico.

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Importante notar que na privatização, o Estado vende um patrimônio público

para a iniciativa privada e corta qualquer tipo de responsabilidade sobre o negócio. Já

no caso de uma concessão, o patrimônio volta para o Estado com as devidas

melhorias após o fim da vigência do contrato. O governo poderá decidir então se é de

seu interesse manter a rodovia sob sua gestão ou buscar uma nova concessão.

Figura 7 - Benefícios da Concessão Rodoviária

Fonte: ABCR, 2017.

É evidente que a concessionária deve se atentar a alguns fatores que mais

afetam sua rentabilidade. Mesmo que não seja possível controlar tais fatores, é

preciso estar ciente de como eles podem gerar ou destruir valor para a companhia. Em

contato com funcionários da CCR e da Galvão Engenharia, foi possível levantar as

seguintes observações:

i. O PIB regional e a previsão de tráfego no trecho são fundamentais para

garantir a receita da companhia durante o prazo de concessão;

ii. Por ser uma matéria prima para derivados do asfalto, o preço do petróleo nos

impacta diretamente os Investimentos, principal saída de caixa da companhia;

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21

iii. Como o DNIT divulga preços de materiais e serviços através do Sistema de

Custos Referenciais de Obras (SICRO), negociações de descontos com

fornecedores não são tão efetivas, é prática de mercado seguir tais preços;

iv. As Despesas Operacionais, apesar de serem mais controláveis internamente,

não impactam tanto no resultado do projeto, visto que são gastos menores

quando comparados aos Investimentos.

Faz-se necessário expor que, antes mesmo do leilão de um trecho rodoviário, já

é sabido por parte dos concorrentes, quais investimentos deverão ser feitos definidos

pela ANTT. Portanto, caso a licitante vencedora não consiga arcar com esses valores,

pode vir a ser assinado um decreto de “Caducidade Declarada”.

Esse foi o caso ocorrido com a rodovia BR-153, presente no estudo de caso

desse trabalho, a concessionária Galvão Engenharia teve dificuldades para viabilizar

as obras previstas. Por essa razão, o contrato de concessão foi encerrado e a estrada

se encontra atualmente sem iniciativa privada atuante.

2.4 Mercado Brasileiro de Concessionárias

Complementando a conceituação de concessões rodoviárias, se faz preciso

introduzir características do setor, identificando os principais participantes, assim como

informações relevantes ao estudo em questão.

Com base no Relatório Anual 2017 da ABCR e nos sites de relações com

investidores de cada companhia, a tabela 8 elenca as maiores empresas do ramo por

ordem alfabética, seguidas da extensão viária sob sua gestão, da participação de

mercado calculada em cima dessa extensão e do faturamento bruto somente

relacionado ao serviço de concessão rodoviária no ano de 2017.

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22

A Odebrecht Transport possuiu um faturamento de cerca de R$ 2,7 bilhões de

reais, porém como não foi obtida a separação entre rodovia, mobilidade urbana e

logística, optou-se por retirar esse dado da tabela.

Tabela 8 - Características do Setor

Fonte: ABCR e Sites das Empresas, 2018.

Segundo o Boletim Estatístico da CNT, mostrado na tabela 1, existem 213.788

quilômetros de rodovia pavimentada no país, sendo que 19.463 são administradas por

concessões privadas, isso significa que menos de 10% das rodovias nacionais

pavimentadas são concedidas, deduz-se então que esse é um mercado que possui

certo potencial de crescimento. Todavia, deve-se atentar aos pontos políticos e

econômicos levantados no item 2.2.2 relacionados ao incentivo ou não desse tipo de

contrato.

Empresa Extensão concedida (km) Market Share (%) Receita 2017 (R$ MM)

CCR 2.896 15% R$ 6.530,36

Arteris 3.277 17% R$ 2.922,05

Eco Rodovias 1.902 10% R$ 2.533,99

Ab Concessões 1.737 9% R$ 1.149,87

Triunfo 2.143 11% R$ 1.122,00

Invepar 2.005 10% R$ 1.016,87

Odebrecht 1.141 6% -

Consórcios 657 3% -

Individuais 3.920 20% -

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23

3 Aspectos Técnicos sobre Pavimentos

Ao longo do tempo de vigência de seu contrato, o maior gasto que uma

concessionária possui são investimentos, em especial construção, manutenção e

duplicação da rodovia em questão. Portanto, se faz necessário detalhar aspectos

técnicos de pavimentos, visto que estão presentes na composição desses tipos de

obra citados.

De acordo com o Manual de Pavimentação do DNIT (2006), pavimento de uma

rodovia é a superestrutura constituída por um conjunto de camadas de espessuras

finitas, assentes sobre um semi-espaço considerado como infinito na teoria, chamado

de subleito ou terreno de fundação, a qual é designada de subleito.

Já para Bernucci et. al. (2008), pavimento é uma estrutura de múltiplas camadas

com espessuras finitas, construída sobre a superfície final de terraplenagem,

destinada técnica e economicamente a resistir aos esforços do tráfego e do clima, e a

permitir melhores condições de rolamento aos usuários, com conforto, economia e

segurança.

Desse modo, é evidente que uma estrutura de pavimento é uma obra de alta

complexidade devido a sua quantidade de camadas com diferentes propriedades

estruturais distintas. A escolha, execução e manutenção da estrutura são essenciais

para garantir segurança aos motoristas e economia para a construtora. Tais camadas

devem ser responsáveis por suportar e transferir cargas atuantes para que essas

atinjam o subleito com um valor bem inferior ao aplicado na pista de rolamento.

Yoder & Witczak (1975) listam as principais funções dos pavimentos:

i. Resistir e distribuir aos esforços verticais oriundos do tráfego;

ii. Resistir aos esforços horizontais, melhorando a durabilidade da pista;

iii. Melhorar as condições de rolamento quanto ao conforto e segurança;

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iv. Resistir às ações do intemperismo.

Tão importante quanto caracterizar o que é um pavimento e conhecer suas

funções, é destacar os motivos para escolha de seus materiais, que auxiliam o

engenheiro na tomada de decisão.

Oda (2018) retrata isso quando define que a concepção da estrutura do

pavimento e a seleção dos materiais a serem utilizados em cada camada dependem

principalmente dos seguintes fatores:

i. Do tráfego (volume e composição) e vida ou período de projeto;

ii. Da disponibilidade de materiais da região;

iii. Do relevo e das condições climáticas da região;

iv. Da geometria e das condições de drenagem da via.

3.1 Definição, Conceitos e Tipos de Pavimentos

3.1.1 Classificação de Pavimentos

Em função da rigidez do conjunto de camadas, os pavimentos podem ser

classificados em flexível, semi-rígido e rígido, conforme descritos a seguir. A principal

diferença entre essas classificações é a maneira como eles distribuem as cargas

atuantes recebidas por veículos ou por condições de intemperismo para o subleito.

3.1.1.1 Pavimentos Flexíveis

Pavimento flexível é constituído por revestimento asfáltico sobre camada de

base granular ou de base de solo estabilizado granulometricamente. Os esforços

provenientes do tráfego são absorvidos pelas diversas camadas constituintes da

estrutura do pavimento flexível (DER, 2006).

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O Manual de Pavimentação do DNIT (2006) cita exemplos típicos dessa

classificação. São eles pavimentos constituídos por uma base de brita (brita graduada,

macadame) ou por uma base de solo pedregulhoso, revestida por uma camada

asfáltica.

A figura 8 mostra sua configuração, apontando suas camadas de revestimento

asfáltico, base, sub-base e reforço do subleito. Nota-se que, conforme citado acima,

não só a camada de base, como também as camadas de sub-base e reforço do

subleito são geralmente feitas de materiais granulares ou solo.

Figura 8 - Configuração de um Pavimento Flexível

Fonte: ODA, 2018.

Esse é o tipo de pavimento com maior predominância no Brasil e no mundo. Oda

(2018) expõe que “assim como em diversos países, a maior parte dos pavimentos no

Brasil, cerca de 95%, é composta por revestimento asfáltico, sendo denominado de

pavimento flexível”. Algumas de suas principais características são:

i. Estrutura mais espessa;

ii. Menor necessidade de investimentos para execução;

iii. Maiores gastos com manutenção e recuperações, elevando o custo final;

iv. Vida útil máxima de 10 anos (com manutenção);

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v. Esforços solicitantes distribuídos de forma equivalente entre camadas,

concentrando em uma área menor do subleito.

Figura 9 - Distribuição de cargas no Pavimento Flexível

Fonte: ANDRADE, 2018.

3.1.1.2 Pavimentos Semirrígidos

Pavimento Semirrígido é caracterizado por uma base cimentada por algum

aglutinante com propriedades cimentícias como, por exemplo, por uma camada de

solo cimento revestida por uma camada asfáltica (DNIT, 2006).

Oda (2018) complementa que estes são constituídos por revestimentos

asfálticos (uma ou mais camadas) sobre bases e sub-bases cimentadas ou

estabilizadas quimicamente com cimento, cal ou algum produto que aja como

aglomerante.

Como já esperado, esse tipo de pavimento possui semelhanças tanto com a

classificação flexível, quanto com a classificação rígida exposta a seguir. Por um lado,

existe uma ordenação semelhante de camadas, por outro, há a presença de cimento

na base ou na sub-base.

Suas características, da mesma forma, são termos centrais entre os outros dois

tipos de pavimentos, ou seja, níveis de deformação e gastos com manutenção

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menores do que os flexíveis, assim como vida útil e custos de execução menores se

comparados aos rígidos.

3.1.1.3 Pavimentos Rígidos

Os pavimentos rígidos, também chamados de concreto-cimento, são aqueles em

que o revestimento é uma placa de concreto de cimento Portland. Nesses pavimentos

a espessura é fixada em função da resistência à tração na flexão das placas de

concreto e das resistências das camadas subjacentes (BERNUCCI et. al., 2008).

Oda (2018) explica que esse tipo de pavimento pode ser composto de

revestimento, base, sub-base e reforço do subleito, sendo constituída na superfície por

uma placa de concreto, que exerce o papel de revestimento e base.

Segundo Yoder & Witczak (1975), esse tipo de pavimento, devido a sua rigidez e

alto modulo de elasticidade, tende a distribuir a carga sobre uma área relativamente

grande de solo, portanto, uma parte importante da capacidade da estrutura é

suportada pela própria camada de concreto. Por causa disso, variações pequenas na

resistência do subleito tem pouca influência sobre a capacidade estrutural do

pavimento.

Figura 10 - Configuração de um Pavimento Rígido

Fonte: ODA, 2018.

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Essa configuração é muito menos frequente do que a flexível e algumas de suas

características são mostradas a seguir:

i. Estrutura mais delgada;

ii. Resistência a ataques químicos (combustível, óleo, graxa);

iii. Alto investimento com execução;

iv. Pequena necessidade de manutenção;

v. Vida útil máxima de 20 anos;

vi. Distribuição de carga de forma uniforme transversalmente, atingindo uma área

maior do subleito.

Figura 11 - Distribuição de cargas no Pavimento Rígido

Fonte: ANDRADE, 2018.

3.1.2 Estrutura dos Pavimentos

Estrutura de um pavimento é a forma como são organizadas e dimensionadas

suas camadas, a fim de que o conjunto consiga realizar suas funções, citadas no item

3, de maneira adequada.

As espessuras de cada camada serão definidas no projeto estrutural do

pavimento, que por sua vez depende de outros fatores, como o fluxo de tráfego, o

tamanho médio dos veículos e a importância do trecho.

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A figura 12 mostra um desenho típico de uma seção transversal, nomeando cada

uma das camadas e demonstrando algumas medidas típicas de projeto.

Figura 12 - Esquema de seção transversal do pavimento

Fonte: DNIT, 2006.

3.1.2.1 Subleito

Subleito é a camada compreendida entre a superfície da plataforma de

terraplenagem e a superfície paralela, situada no limite inferior da zona de influência

das pressões aplicadas na superfície do pavimento (DER, 2006).

Yoder & Witczak (1975) explicam que as propriedades desejáveis que o subleito

deve possuir incluem resistência, drenagem, facilidade de compactação, permanência

de compactação e permanência de resistência. Como os subleitos variam

consideravelmente, é necessário fazer um estudo completo dos solos no local e, a

partir disso, determinar o projeto do pavimento.

Em suma, o subleito é o terreno natural que atua como a fundação da

superestrutura situada acima. Conforme a profundidade aumenta, os esforços

atuantes na pista de rolamento se reduzem até se tornarem desprezíveis. Desse

modo, o conceito de subleito engloba apenas a camada superficial do maciço, que de

fato tem importância na configuração do pavimento em questão.

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3.1.2.2 Regularização do Subleito

Como o nome mesmo define, essa regularização tem como único objetivo o

nivelamento do subleito, corrigindo falhas de terraplenagem ou de leitos antigos de

estrada de terra. Por apresentar uma espessura inconstante, muitas vezes ela não é

nem considerada uma camada, ou até nem é necessária, como por exemplo, em

trechos em aterro, que teoricamente foram regularizados previamente.

A regularização do subleito, também denominada de preparo do subleito,

consiste em uma camada de espessura irregular de aterro compactado com a

finalidade de nivelar o subleito, garantindo a este as características geométricas

transversais e longitudinais de projeto para a rodovia (SENÇO, 1997).

3.1.2.3 Reforço do Subleito

Camada de espessura constante sobre o subleito nivelado, podendo existir ou

não, geralmente constituído de um solo com qualidade superior ao anterior. (ODA,

2018).

Senço (1997) ratifica que este reforço é uma camada que visa reduzir as cargas

aplicadas em um subleito frágil de forma que este seja capaz de suportá-las. Também

pode ser considerado como camada complementar à base.

Do que se conclui que se por um lado essa camada não é uma obrigatoriedade,

ou seja, nem sempre está presente, por outro lado ela se faz presente quando o

subleito possui baixa capacidade de carga ou quando se deseja evitar o aumento da

espessura de outras camadas, podendo se configurar uma situação mais custosa.

3.1.2.4 Sub-base

Camada situada entre a base e o reforço do subleito, possui função estrutural

similar à camada superior e função drenante fundamental na redução de infiltrações.

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Como esta é normalmente composta por materiais menos nobres, se torna mais

econômico dividir a base em situações nas quais ela é muito espessa.

O Projeto de Pavimentação do DER (2006) a caracteriza como “camada

requerida por imposição técnico-econômica, situada entre o subleito ou reforço do

subleito e a base” em caso de pavimentos flexíveis e “camada situada imediatamente

abaixo das placas de concreto de cimento Portland” em caso de pavimentos rígidos.

Ambas podendo ser constituídas por materiais estabilizados granulometricamente ou

estabilizados quimicamente com adição de cimento ou cal.

Assim, a sub-base tem a mesma função da base, sendo uma complementação,

de forma a reduzir sua espessura ou a auxiliar na sua regularização. Além disso, a

sub-base pode drenar infiltrações e controlar a ascensão capilar da água (SOUZA,

2015).

3.1.2.5 Base

Do ponto de vista estrutural, a base é a camada mais importante do pavimento.

É ela quem vai ser a principal responsável por sustentar o conjunto, resistindo aos

esforços solicitantes e os distribuindo às camadas subsequentes.

Segundo Yoder & Witczak (1975) a função da base depende do tipo de

pavimento. Camadas de base são usadas em pavimentos rígidos para prevenção de

bombeamento, proteção contra congelamento, drenagem, prevenção de mudança de

volume do subleito, capacidade estrutural elevada e rapidez na construção.

Yoder & Witczak (1975) complementam que camadas de base são usadas em

pavimentos flexíveis para aumentar a capacidade de carga do pavimento, adicionando

rigidez e resistência contra fadiga, bem como construir camadas relativamente grossas

para distribuir a carga através de uma espessura finita do pavimento. Este é o principal

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requisito da camada de base, embora também possa fornecer drenagem e dar

proteção adicional contra congelamento quando necessário.

As bases também podem ser classificadas em rígidas ou flexíveis, e são

melhores detalhadas na tabela 9.

Tabela 9 - Classificação das bases para pavimentação

Fonte: Adaptada de SENÇO, 1997.

3.1.2.6 Revestimento

Sendo a camada mais externa, o revestimento está em constante contato com o

tráfego e, desse modo, precisa oferecer conforto e segurança aos motoristas. Desse

modo, a capa de rolamento deve ser uma superfície nivelada, sem a presença de

buracos, e deve resistir aos desgastes produzidos pelo intemperismo e pelo esforço

horizontal das rodas dos veículos, sem que haja desagregação das partículas, caso

mais comum em estradas não pavimentadas.

Outra característica importante é que a impermeabilidade se faz necessária

nessa camada, já que todas as camadas subsequentes não vão trabalhar e resistir de

forma ideal se houver qualquer tipo de infiltração.

Tanto a impermeabilidade como a aglutinação das partículas são propriedades

conferidas ao revestimento graças ao material asfáltico presente em sua composição.

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Esse tem como função fundamental, garantir a ligação entre os agregados, que por

sua vez tem função de suportar e transmitir cargas aplicadas.

Figura 13 - Classificação de Revestimento

Fonte: DNIT, 2006.

3.1.2.6.1 Revestimentos Flexíveis

Conforme mostrado na figura 13, existem diversos tipos de revestimentos

flexíveis que se diferenciam pelo tipo de material ou pelo tipo de aplicação. Contudo

vale ressaltar que de acordo com o Manual de Pavimentos Flexíveis do DNIT (2004), o

concreto asfáltico é o tipo de revestimento flexível que tem maior qualidade, oriunda

do alto controle tecnológico desde as usinas até sua implantação. Os materiais que

constituem o concreto asfáltico são: agregado graúdo, agregado miúdo, material de

enchimento filer e ligante asfáltico, que devem seguir às normas referentes e

especificações do DNIT.

Senço (1997) foi ao encontro dessa afirmativa quando explica que o modelo de

revestimento flexível que alcança a melhor qualidade é o concreto asfáltico devido ao

rigoroso controle requerido desde a sua mistura, realizada em usinas, até a sua

aplicação. Por tal motivo é o mais utilizado em autoestradas e vias expressas.

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3.1.2.6.2 Revestimentos Rígidos

O concreto de cimento é constituído por uma mistura relativamente rica de

cimento Portland, areia, agregado graúdo e água, distribuído numa camada

devidamente adensada. Essa camada funciona ao mesmo tempo como revestimento e

base do pavimento (DNIT, 2006).

Antigamente este tipo de revestimento era utilizado apenas em vias importantes,

ou seja, de movimento intenso. No entanto, atualmente ele tem sido utilizado em

corredores de ônibus no Rio de Janeiro, apesar de ainda não ter presença expressiva

como o flexível. Ainda assim, o mesmo é relevante em estudos onde é aplicado como

alternativa ao asfalto (SOUZA, 2015).

3.1.3 Tecnologia de Pavimentos

Independente do setor de atuação, inovações tecnológicas em todo o planeta

são responsáveis por solucionar algum tipo de problema, aprimorar alguma técnica ou

melhorar o desempenho de algum produto. Não é diferente quando se trata

pavimentação, fortemente atrelada ao transporte rodoviário e, consequentemente, à

infraestrutura do país. Novas tecnologias surgem com o objetivo de tornar os

pavimentos mais sustentáveis, ou de melhorar seus desempenhos sem que haja um

aumento de custos.

A estabilização química, mecânica ou granulométrica de um solo laterítico

argiloso para ser utilizado como camadas de base, sub-base ou reforço no subleito é

um exemplo de inovação, visto que é um solo mais barato, então pode ser vantajoso

do ponto de vista financeiro, especialmente em pistas de tráfegos leves.

Outro exemplo é a reciclagem de pavimentos, podendo ser do revestimento ou

da estrutura. O primeiro, quando envelhecido, é removido e tratado com adição de

agentes rejuvenescedores de forma a recuperar as propriedades dos agregados.

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Enquanto que no segundo caso, há a incorporação das camadas do pavimento com o

revestimento, produzindo uma nova camada de base estabilizada para pavimentos em

estado de deterioração. O fator ecológico é uma das principais vantagens desses

procedimentos.

No presente trabalho, o asfalto modificado foi a tecnologia de maior destaque,

visto que no caso prático abordado, é retratado um estudo de cenários incluindo a

troca da solução convencional em cimento asfáltico por uma solução alternativa em

asfalto borracha.

Durante anos, diversas pesquisas são realizadas para o desenvolvimento de

técnicas que possam melhorar a composição do asfalto, o tornando mais adequado às

necessidades da população, através da incorporação de modificadores de asfalto, tais

como: fílers especiais, fibras e borrachas, as quais vêm tomando impulsos

significativos ao longo dos anos (BERNUCCI et al., 2008).

Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São

Paulo (SINICESP), para a maioria das aplicações rodoviárias, os ligantes asfálticos

convencionais possuem desempenho satisfatório sob o tráfego e sob as condições

climáticas. No entanto, para situações como grandes diferenças térmicas entre inverno

e verão ou como vias com volume de veículos comerciais cada vez mais pesados, tem

sido cada vez mais necessário o uso de modificadores das propriedades dos asfaltos.

Atualmente, o asfalto polímero (AMP) e asfalto borracha (AB) são os tipos de

asfaltos modificados mais comuns na indústria. Eles têm como objetivo aumentar a

elasticidade, melhorar características adesivas e possuir mais resistência ao

envelhecimento, à deformação permanente, às trincas de fadiga e às trincas térmicas,

quando comparados ao cimento asfáltico de petróleo (CAP).

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3.1.3.1 Asfalto Modificado com Polímero

Polímeros são macromoléculas formadas a partir de estruturas mais simples

denominadas monômeros que apresentam unidades químicas repetidas.

Macromoléculas, por sua vez, são moléculas com grande número de átomos

encadeados, adquirindo características próprias predominantes graças às interações

dentro de seus segmentos.

A classificação DISNEN, mais utilizada, separa os polímeros em quatro grupos

explicados a seguir:

i. Termorrígidos: são aqueles que quando aquecidos a certa temperatura que

depende de sua estrutura química, ao invés de se fundirem, se degradam e

endurecem irreversivelmente. Cadeias moleculares formam rede

tridimensional que resiste a qualquer mobilidade térmica. Como exemplos,

tem-se a resina epóxi e o poliuretano (LEITE, 1999 apud NEGRÃO, 2016).

ii. Termoplásticos: ao contrário dos termorrígidos, eles se fundem e se tornam

maleáveis reversivelmente quando aquecidos. Normalmente consistem de

cadeias lineares, mas podem ser também ramificadas. São incorporados aos

asfaltos à alta temperatura. Como exemplos tem-se o polietileno, polipropileno

atálico e policloreto de vinila (LEITE, 1999 apud NEGRÃO, 2016).

iii. Elastômeros: quando aquecidos, estes se decompõem antes de amolecer, e

apresentam propriedades elásticas que lembram a borracha. Como exemplo,

tem-se o SBR (DNER, 1998 apud NEGRÃO, 2016).

iv. Elastômeros-termoplásticos: esses se comportam como termoplásticos ou

como elastômeros em temperaturas altas ou baixas, respectivamente. Como

exemplos, tem-se o SBS e o RET (DNER, 1998 apud NEGRÃO, 2016).

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Segundo Gonzalez et al (2004) apud Gusmão (2009), a adição de polímeros

junto ao Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) garante mais estabilidade e elasticidade

à estrutura. Tal incremento implica em uma redução da susceptibilidade térmica,

tornando o material menos variável mediante a variação climática, colaborando assim,

para um aumento da vida útil do pavimento.

Contudo, vale ressaltar que nem todos os polímeros podem ser adicionados ao

Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP). Na mesma lógica, nem todos os cimentos

asfálticos podem ser passíveis da adição de polímeros. Logo, é necessário cautela ao

escolher o polímero e o aglomerante, de forma a evitar problemas de compatibilidade

e estocagem do material (BERNUCCI et al., 2008).

De acordo com a companhia Brasquímica, um dos fabricantes de AMP no Brasil,

o custo de execução desse asfalto depende do tipo e do teor (%) do polímero, mas

que adotando-se os polímeros mais utilizados, como o SBS ou o SBR, o mesmo fica

em torno de 1,5 a 2 vezes mais caro que o Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP).

3.1.3.2 Asfalto Modificado com Borracha

3.1.3.2.1 Histórico

Também chamado de asfalto ecológico, o asfalto borracha é usado nos Estados

Unidos há quase 50 anos, porém só começou a ser visto no Brasil por volta do ano

2000, depois que a patente que protegia a tecnologia venceu.

Historicamente, o surgimento do asfalto borracha ocorreu na década de 40,

quando a Companhia de Reciclagem de Borracha, U.S. Ruber Reclaiming Company,

introduziu no mercado um produto composto de material asfáltico e borracha

desvulcanizada reciclada chamado de RamflexTM (WICKBOLDT, 2005).

Charles MacDonald, considerado o pai do asfalto borracha nos Estados Unidos,

desenvolveu em 1963 um material com grandes propriedades elásticas direcionado à

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manutenção de pavimentos asfálticos. O produto era composto de ligante asfáltico e

25% de borracha moída de pneu (de 0,6 a 1,2 mm), misturados à 190°C, para ser

utilizado em remendos conhecidos como “bandaid” (WICKBOLDT, 2005).

No Brasil, após intensas pesquisas, a primeira aplicação de asfalto borracha

ocorreu em 17 de agosto de 2001, no quilômetro 319 da BR116. O trecho escolhido

fica entre Guaíba e Camaquã, no Rio Grande do Sul (GRECA ASFALTOS, 2011).

3.1.3.2.2 Matéria-prima

Esse tipo de asfalto é denominado ecológico, pois usa como fonte de matéria-

prima, pneus inservíveis, antigamente considerados resíduos a serem descartados,

hoje sendo reciclados e incorporados aos ligantes asfálticos em obras de

pavimentação, elucidando uma vantagem ecológica desse material.

Segundo Souza (2015), mais de 40 milhões de pneus são descartados por ano

no Brasil. Esses são armazenados ou lançados inadequadamente em fundos de

quintais, borracharias, ferro-velho, recauchutadoras, terrenos baldios ou cursos

d’água. Essa irregularidade no armazenamento de pneus pode resultar em vários

problemas como:

i. Riscos de incêndio, devido a quantidade relevante de fumaça tóxica (dióxido de

carbono) produzida;

ii. Contaminação de águas subterrâneas pelos resíduos de óleo dos pneus;

iii. Acidentes, diante da disposição de carcaças de pneus em vias públicas;

iv. Proliferação de doenças transmitidas por mosquitos graças ao acúmulo de

água parada nos pneus.

Souza (2015) ainda complementa que “outro fator que dificulta um destino

adequado para esse material é o fato dos pneus apresentarem baixo grau de

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compactação e degradação muito lenta, o que inviabiliza sua disposição final, em

condições normais, em aterros sanitários”.

Oda (2000) apresenta através da figura 14, um fluxograma de reaproveitamento

de pneus descartados, suas consequências diante do meio ambiente e os possíveis

modos de reutilização:

Figura 14 - Esquema do reaproveitamento de pneus descartados

Fonte: ODA, 2000.

Para se reaproveitar os pneus inservíveis na pavimentação, esses devem passar

por um processo de corte, trituração e moagem, seguidos de operações de separação

dos diferentes materiais existentes, como aço e náilon, obtendo se a borracha

pulverizada ou granulada, que é misturada com o asfalto.

3.1.3.2.3 Desempenho

Segundo Rodrigues (2005), o ligante modificado por borracha granulada de

pneus ou simplesmente asfalto borracha, apresenta as seguintes características:

i. Redução da suscetibilidade térmica, ou seja, maior resistência às variações de

temperatura;

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ii. Aumento de flexibilidade, devido a maior concentração de elastômeros na

borracha de pneus;

iii. Melhor adesividade aos agregados;

iv. Aumento da vida útil do pavimento;

v. Maior resistência ao envelhecimento, devido à presença de antioxidantes e de

carbono na borracha de pneus;

vi. Maior resistência à propagação de trincas e a formação de trilhas de roda;

vii. Permite a redução de espessura do pavimento;

viii. Melhor aderência pneu-pavimento;

ix. Redução do ruído provocado pelo tráfego entre 65 e 85%.

A utilização de misturas com asfalto emborrachado tem demonstrado que estas

apresentam uma performance muito superior às das misturas convencionais. Deste

modo, as especificações da Califórnia chegam a permitir uma redução de 50% na

espessura das camadas betuminosas quando a solução convencional é substituída

por esse produto (FHWA / U. S. DOT, 1995).

Hoje, os custos de investimento para essa inovação tecnológica em pavimentos

ainda são elevados. Porém considera-se a técnica promissora, já que deve

proporcionar maior durabilidade, menor ruído e menor manutenção (WICKBOLDT,

2005).

3.2 Projeto de Pavimentação

Um projeto de pavimentação completo é dividido em três etapas importantes,

descritas a seguir.

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3.2.1 Estudo Preliminar

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (2006) define essa

como uma fase de diagnósticos e de recomendações, onde deve-se fazer um

levantamento de dados e alguns estudos específicos, com o objetivo de se

estabelecer parâmetros e diretrizes para a elaboração do Projeto Básico.

O estudo preliminar é comum a todos os projetos de engenharia, independente

da área, visto que é responsável pelo levantamento de informações necessárias não

só para a execução do projeto, como também para a viabilidade técnica e financeira

do mesmo.

O DER (2006) ratifica que esta etapa corresponde às atividades relacionadas ao

estudo geral de pavimento, permitindo que uma previsão preliminar da estrutura de

pavimento e seu custo seja feita. Para isso, utilizam-se como base: cadastros

regionais e locais da via, mapas geológicos, dados de projetos existentes na área de

entorno da obra, dados históricos do tráfego, observações de campo nas condições

físicas do local e experiência profissional.

O estudo é consolidado em um memorial descritivo, expondo alternativas de

estruturas de pavimento juntamente com seus respectivos de pré-dimensionamentos,

além de destacar a solução a ser adotada, acompanhada de uma análise técnico-

econômica simplificada, de desenhos de seção-tipo de pavimento, de quantitativos dos

serviços de pavimentação e de um orçamento preliminar.

3.2.2 Projeto Básico

Assim como o preliminar, o projeto básico também tem como objetivo comparar

alternativas de soluções, a fim de se obter a solução mais adequada técnica e

economicamente. Contudo, cada uma dessas etapas de projeto se difere no grau de

detalhamento que elas possuem. O projeto básico já apresenta elementos mais

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relevantes como topografia do terreno, projeto geométrico, projeto de drenagem,

investigações geológicas e geotécnicas, dentre outros.

O projeto básico deve constituir-se de memorial de cálculo com análise

geológico-geotécnica, pesquisa de tráfego com cálculo de solicitações do eixo simples

padrão de rodas duplas de 80 kN, dimensionamento da estrutura de pavimento com

verificação mecanicista, desenhos de seção-tipo transversal de pavimento, planta de

localização dos tipos de pavimentos e planilha de quantidades com orçamento dos

serviços de pavimentação (DER, 2006).

A caracterização do tráfego é feita através de contagem manual, por técnicos no

local durante 7 dias consecutivos, ou eletrônica, por meio de câmeras instaladas nas

vias ou por sensores localizados no pavimento. Conta-se não só a quantidade de

veículos na pista como também o tipo de eixo de cada um.

Já a identificação do lugar e do terreno onde ocorrerá a obra é realizada através

de visitas ao local, estudos previamente existentes e ensaios no solo. Dentre esses

destacam-se:

i. Sondagens, com o objetivo de obter amostras do solo,

ii. Ensaio de Compactação, a fim de se obter a curva de compactação, a massa

específica aparente máxima do solo seco e a umidade ótima do solo;

iii. Ensaio de Índice de Suporte Califórnia, determinando a expansão e a

resistência do solo;

iv. Ensaio de Caracterização, definindo parâmetros do solo como por exemplo os

Limites de Liquidez e Plasticidade;

v. Classificação do Solo, com o intuito de agrupar o solo em classes, nas quais

seja possível conhecer previamente características que vão impactar na

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qualidade do mesmo. A mais comum é a classificação HRB de que usa como

critérios a Granulometria e os Limites de Atterberg.

Figura 15 - Classificação HRB

Fonte: DNIT, 2006.

3.2.3 Projeto Executivo

Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (2006), o projeto executivo é

o detalhamento da solução selecionada na etapa anterior. Isso é feito a partir dos

dados atualizados de campo, da topografia, das investigações geológico-geotécnicas,

do projeto geométrico, do projeto de drenagem, dentre outros.

A estrutura do projeto executivo é composta de um memorial descritivo com o

detalhamento da alternativa selecionada pelo projetista, contendo a descrição dos

serviços a serem executados, assim como quantidade de materiais, distâncias de

transportes, cronograma de obra e um orçamento detalhado dos custos e serviços,

como, serviços preliminares, fresagem, pavimentação, transporte, limpeza, etc.

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Acompanhado ao memorial, se encontram os desenhos relativos ao projeto, por

exemplo, detalhes construtivos e especificações de serviços, plantas de distribuição

dos tipos de estruturas e seções-tipo transversais de pavimento, com todos os

detalhes e notas necessárias para a execução adequada dos serviços de

pavimentação.

O Manual de Pavimentação do DNIT (2006) completa que o projeto executivo

deve conter os seguintes elementos:

i. Informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos,

instalações provisórias e condições organizacionais para a obra;

ii. Dados para montagem do plano de licitação e gestão da obra;

iii. Orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos

de serviços, fornecimentos dos materiais e transportes propriamente avaliados;

iv. Informações para a instrução dos processos desapropriatórios.

O próprio manual cita que o Projeto Executivo é dividido em três itens principais:

o Projeto Geométrico, o Projeto de Pavimentação e o Projeto de Drenagem.

O Projeto Geométrico, como o nome já diz, trata elementos geométricos da

rodovia, como traçado, superlargura, superelevação, trechos em tangente e em curva,

assim como seção transversal do pavimento. Cabe a ressalva de que embora tais

elementos não constituam parte integrante do pavimento, acham-se intimamente

ligados à pavimentação.

Já o Projeto de Pavimentação detalha as razões para a escolha da estrutura do

pavimento, ou seja, os estudos e investigações geotécnicas citadas no item 3.2.2,

assim como a dosagem e o dimensionamento do pavimento e ensaios de

desempenho.

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Por fim, o Projeto de Drenagem especifica o sistema de drenagem e os

elementos que o compõem, como sarjetas, valetas, banquetas e drenos, expondo

cálculos de vazão e área de contribuição e desenhos transversais do sistema

juntamente com a rodovia.

3.3 Construção

Já caracterizados os tipos de pavimentos e suas camadas e finalizados os

estudos e projetos de pavimentação, tem se em posse todas as informações

necessárias para a etapa de construção. Dois aspectos que devem ser destacados

nessa etapa são a execução das camadas e o controle tecnológico, visto que são

fundamentais para que não ocorram problemas inesperados nos anos seguintes,

abordados no item 3.4.

3.3.1 Execução

É evidente que a execução da obra vai ter particularidades a depender do tipo

de terreno, do tipo de material, da solução escolhida, entre outros. Contudo, de

maneira geral, ela segue algumas semelhanças descritas brevemente.

De acordo com Fonseca (2016), em primeiro lugar, se o local da rodovia possuir

originalmente um solo mole, com baixa resistência, o mesmo deverá ser retirado e

levado para o bota fora com o auxílio de caminhões basculantes, de forma a manter

um subleito mais resistente.

Posteriormente, Junior (2018) complementa que a execução do reforço do

subleito compreende as operações de mistura e pulverização, umedecimento ou

secagem dos materiais na pista, seguidas de espalhamento, compactação e

acabamento. Um controle geométrico também é feito onde são verificadas a largura da

plataforma, a espessura da camada e a cota do greide de projeto.

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Nota-se que quando houver necessidade de executar camada de reforço com

espessura final superior a 20 centímetros, estas devem ser subdivididas em camadas

parciais. A espessura mínima de qualquer camada de reforço deve ser de 10 cm, após

a compactação.

Com o reforço do subleito pronto, é feita sua regularização. A vegetação e os

materiais orgânicos existentes no leito da via devem ser removidos. Após a execução

de cortes, aterros e adição do material necessário para atingir o greide de projeto,

deve-se proceder à escarificação na profundidade de 20 centímetros, seguida de

pulverização, umedecimento ou secagem, compactação e acabamento (JUNIOR,

2018).

As execuções das camadas de sub-base e de base seguem o mesmo roteiro,

com a diferença de que a dosagem e mistura de materiais devem ser feitas

preferencialmente em usinas e não na própria pista. Salienta-se que idealmente tais

camadas não devem ser submetidas à ação do tráfego enquanto que o pavimento

inteiro não esteja concluído (FONSECA, 2016).

Ainda segundo Fonseca (2016), estando a camada de base limpa, livre de

materiais soltos e de buracos, é feita a imprimação e pintura de ligação do

revestimento a uma taxa de 0,8 a 1,6 l/m², através do uso do caminhão espargidor

com pulverizador.

Existem diversos equipamentos e máquinas que podem ser usados na execução

da obra. De maneira geral os materiais relativos a cada camada são carregados e

lançados no local através de caminhões basculantes. Escavadeiras, tratores de

esteiras, motoniveladoras ou vibroacabadora o espalham até que a cota estabelecida

em projeto seja atingida de maneira uniforme. Grades de disco, arados de disco ou

tratores de pneus são responsáveis pela mistura e pulverização, assim como carros

tanque são pelo umedecimento. Rolos compactadores lisos, pneumáticos ou pé de

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carneiro fazem a compactação até que se consiga um bom entrosamento dos

agregados. Motoniveladoras também são responsáveis pelo acabamento da camada.

Por fim, Junior (2018) define que a compactação deve progredir

longitudinalmente, das bordas para o centro, em percursos equidistantes do eixo, onde

cada passada deve cobrir metade da faixa coberta no percurso anterior. Já nas partes

próximas ao início ou fim da rodovia, a compactação deve ser executada

transversalmente. Além disso, onde não for acessível ou recomendado que se use

rolos compactadores, como cabeceiras de pontes e viadutos, a compactação deve ser

executada com rolos vibratórios portáteis ou sapos mecânicos.

Nos trechos em curva, havendo superelevação, a compactação deve ser feita da

borda mais baixa para a mais alta, com percursos análogos aos descritos para os

trechos em tangente (JUNIOR, 2018).

Cabe a ressalva de que em pavimentos rígidos, as camadas de reforço e

regularização do subleito e de sub-base são executadas da mesma forma. Já a placa

de cimento Portland é feita de acordo as seguintes etapas: colocação das barras de

transferência, produção e transporte do concreto, lançamento, espalhamento e

adensamento, nivelamento e acabamento, texturização, cura química, juntas de

construção, serragem das juntas transversais e longitudinais, limpeza e selagem das

juntas transversais e longitudinais.

3.3.2 Controle Tecnológico

O Controle Tecnológico é realizado em paralelo com todas as etapas da obra, ou

seja, desde a elaboração do projeto, até a finalização de sua execução, de modo a

verificar todos os processos para minimizar possíveis problemas, resultando em um

pavimento de qualidade (SOUZA, 2015).

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Mesmo executando uma obra de forma impecável, surpresas negativas podem

ocorrer se os materiais usados estiverem com propriedades inadequadas ao projeto

ou inadmissíveis segundo as normas. O controle tecnológico atua para prevenir esse

tipo de situação.

Os materiais e misturas utilizados em cada camada devem ser coletados em

amostras e estudados em diferentes momentos, por exemplo, após a produção nas

usinas, antes e depois do transporte até o local, antes e após o lançamento na

rodovia. Dessa forma, descobre-se quando a mistura está mantendo as propriedades

necessárias de acordo com o projeto ou em que momento houve alguma alteração

negativa mediante a comparação entre os dados, com o objetivo de se obter um

pavimento de qualidade.

Muito importante também é a atenção na realização e verificação dos serviços

descritos, conferindo se os estados dos equipamentos e se suas calibrações estão de

acordo, e se os operadores possuem condições de realizar o serviço de forma

satisfatória.

Fonseca (2016) descreve alguns tipos de ensaios e medidas a serem

fiscalizadas:

i. Viga Benkelman - Ensaio simples, de baixo custo e muito comum para avaliar a

capacidade estrutural do pavimento, através de medições das deflexões sob

condições de carregamento;

ii. Análise Granulométrica - Ensaio feito por peneiramento para verificar a

granulometria do material e conferir se está de acordo com o projeto;

iii. Ensaio de Compactação - Realizado em uma amostra dentro de um cilindro

com volume conhecido, variando sua umidade, para determinar o teor de

umidade ótima relacionada ao peso específico seco do material;

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iv. Índice de Suporte Califórnia (CBR) – Ensaio dividido em compactação,

medição da expansão de um corpo de prova saturado e resistência à

penetração. O índice CBR mede a capacidade de suporte do solo e é calculado

pela relação percentual entre as pressões necessárias para produzir uma

penetração no material em questão e numa mistura padrão de brita

estabilizada granulometricamente;

v. Massa específica aparente “in situ” com emprego do frasco de areia – amostra

coletada no local em uma camada finalizada para comparar com o resultado

encontrado em laboratório (CBR), e conferir se a camada atingiu o grau de

compactação e sua umidade ótima;

vi. Resistência à compressão de corpos de prova cilíndricos - rompimento de

corpos de prova, aplicando força axial através de uma prensa mecânica;

vii. Ensaio do Equivalente de areia - Estabelece a quantidade de finos e de

possíveis impurezas em uma mistura de agregados. Ele representa a relação

volumétrica que corresponde à razão entre a altura do nível superior da areia e

a altura do nível superior da suspensão argilosa de uma determinada

quantidade de solo;

viii. Medição da Temperatura – Devem ser efetuadas medições da temperatura da

mistura em usinas e, principalmente, no campo.

ix. Controle da taxa de aplicação – Durante a aplicação do revestimento e da

pintura de ligação, essa taxa é medida através da diferença de pesos entre a

aplicação e a cura, em uma bandeja com área conhecida.

Vale ressaltar que em pavimentos rígidos, o controle tecnológico do concreto é

fundamental, como o estudo do traço, ensaios de qualidades, ensaios de tração na

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flexão e de verificação de desgaste superficial, distância e corte de juntas, temperatura

de lançamento, dentre outros.

3.4 Manutenção e Reabilitação

Conforme mostrado no item 2.1, existe uma grande quantidade de rodovias em

estado de conservação inadequado no Brasil. Possíveis razões para um pavimento

atingir essa situação são irregularidades nas etapas de projeto e de execução citadas.

Além disso, como qualquer elemento, o pavimento possui um tempo de vida útil, que

caso não seja respeitado, fatores como tráfego intenso e efeito constante de

intemperismo podem contribuir para tais problemas.

Os defeitos de superfície podem aparecer no curto prazo, oriundo de erros e

inadequações, ou no médio a longo prazo, devido a esforços solicitantes de tráfego ou

de clima. No primeiro caso, destacam-se erros ou inadequações no projeto, na

seleção, na dosagem, na produção de materiais, na construção e nas alternativas de

conservação e manutenção, podendo ocorrer mais de um ao mesmo tempo

(BERNUCCI et al., 2006).

Em contrapartida, ações de manutenção efetiva são responsáveis por mitigar

tais defeitos, conservando e ampliando a vida útil da estrutura e impedindo o

surgimento de outros tipos de danificações. Desse modo, a reabilitação é fundamental

para devolver a qualidade que o pavimento precisa para realizar suas funções.

3.4.1 Defeitos

Os defeitos do pavimento podem manifestar-se de diversas formas, exemplos

mais comuns são trincas, remendos, panelas, distorções (deformação permanente nas

trilhas de roda e corrugação), defeitos na superfície (desgaste, agregados polidos e

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exsudação), desnível entre pista e acostamento e bombeamento (saída de água pelas

trincas). Esses tipos de deterioração são caracterizados e exemplificados a seguir.

3.4.1.1 Trincas por Fadiga

As trincas por fadiga constituem um conjunto de pequenos blocos e estão

relacionadas com as repetidas deformações provocadas por cargas do tráfego, aliadas

à existência de uma ou mais camadas instáveis, consequência de base granular e

subleito saturados ou pavimento com espessuras de camadas insuficientes para

suportar as cargas (YOSHIZANE, 2006).

Figura 16 - Trincas por fadiga –Nível de severidade alto

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Com aparência de um “couro de crocodilo”, esse tipo de trinca é mais crítico em

épocas de chuva, visto que a água possui acesso ao interior da estrutura, saturando a

mesma. Além disso, existem outras causas de instabilidade, como misturas fora das

especificações, materiais com qualidade ruim, mão de obra incapacitada, idade

avançada do pavimento ou espessura insuficiente para passagem do tráfego.

As trincas por fadiga possuem espaçamento inferior a 30 centímetros entre si, e

ocorrem em temperaturas medianas, entre 25°C e 40°C. Ademais, o nível de

severidade é considerado baixo se há poucas trincas conectadas, sem erosão dos

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bordos e bombeamento, médio se há trincas conectadas e bordos levemente erodidos,

porém sem evidências de bombeamento, ou alto se há trincas erodidas nos bordos,

blocos deslocáveis e evidências de bombeamento.

Segundo Souza (2015), para evitar que essas se agravem, o ideal é realizar

atividades de Manutenção e Reabilitação (M&R), levando em consideração a

severidade e a gravidade das trincas, como:

i. Capa selante, para casos com baixa severidade;

ii. Selagem das trincas, evitando a infiltração de água;

iii. Aplicação de remendo, um reparo permanente para problemas localizados;

iv. Melhoria do sistema de drenagem, para evitar o acúmulo de água;

v. Substituição da sub-base, base e revestimento;

vi. Recapeamento, que seria um reforço estrutural;

vii. Reconstrução do pavimento, para casos com alta gravidade.

3.4.1.2 Trincas em Blocos

São trincas conectadas formando uma série de grandes blocos,

aproximadamente retangulares. Suas causas podem estar associadas a variações no

volume de misturas asfáltica com agregados finos e elevado teor de asfalto muito

viscoso, no revestimento, na base ou no subleito. A ausência de tráfego também

acelera a evolução das trincas em blocos, pois o remoldamento diminui a velocidade

de envelhecimento do revestimento (YOSHIZANE, 2006).

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Figura 17 - Trincas em blocos - Nível de severidade médio

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Seu nível de severidade pode ser diferenciado pela abertura das trincas. A

severidade baixa é configurada por aberturas inferiores a 5 milímetros ou por material

selante em boas condições. Já níveis médios de severidade são compostos por

aberturas entre 5 e 20 milímetros ou por trincas aleatórias adjacentes com severidade

baixa. Por fim, uma severidade alta é caracterizada por abertura média superior a 20

milímetros ou então por casos de trincas aleatórias adjacentes com severidade média

a alta com abertura média inferior a 20 milímetros.

De acordo com Souza (2015), nesse tipo de trincas as atividades de M&R mais

recomendadas são:

i. Aplicação de selante, ou seja, emulsão asfáltica seguida por tratamento

superficial, lama asfáltica ou recapeamento delgado;

ii. Reciclagem ou recapeamento, em casos de alta severidade.

3.4.1.3 Trincas nos Bordos

As trincas nos bordos são formadas longitudinalmente, a uma distância média de

30 centímetros da extremidade lateral do pavimento. Podem ocorrer, eventualmente,

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ramificações em direção ao acostamento. Normalmente são causadas por falta de um

confinamento lateral adequado no acostamento ou por adensamento ou ruptura

plástica do material das camadas sob a área trincada, em virtude de drenagem

ineficiente ou inexistente (YOSHIZANE, 2006).

Figura 18 - Trincas nos bordos - Nível de severidade alto

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Essa deterioração ocorre normalmente em rodovias com acostamentos não

pavimentados, devido ao menor grau de confinamento, e é caracterizada como baixa

severidade se não ocorre perda de material ou erosão e média ou alta severidade se

há perda de material e erosão em valor menor ou maior do que 10% da extensão da

rodovia.

Souza (2015) complementa que dentre as atividades de M&R, a mais

recomendada seria aplicar um selante para evitar a entrada de água no interior da

estrutura do pavimento e evitar o enfraquecimento estrutural. No entanto, há outras

opções como:

i. Retirar toda a vegetação próxima ao bordo do pavimento;

ii. Efetuar reparos nas instalações de drenagem;

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iii. Aplicar uma pintura de ligação na área remendada;

iv. Aplicar mistura asfáltica usinada a quente, caso haja recalques nos bordos.

3.4.1.4 Trincas Longitudinais

Trincas longitudinais são trincas predominantemente paralelas ao eixo da

rodovia, que ocorrem nas juntas longitudinais de faixas de tráfego contíguas. São

causadas, geralmente, por ligação inadequada entre camadas lançadas

consecutivamente para formar as faixas de tráfego (YOSHIZANE, 2006).

Figura 19 - Trincas longitudinais Nível de severidade baixo

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

É importante ressaltar que dependendo da localização da trinca, se é dentro da

área das trilhas de roda ou fora da mesma, sua classificação será alterada, portanto

esse é um fator fundamental a ser notado.

Esse tipo de trinca pode ser caracterizado pela sua extensão (curta abaixo de 1

metro ou longa acima desse valor) ou pelo nível de severidade. Níveis baixos indicam

aberturas inferiores a 6 milímetros ou material selante em boas condições, níveis

médios apontam aberturas entre 6 e 19 milímetros ou trincas aleatórias adjacentes de

severidade baixa, enquanto que níveis altos de severidade mostram aberturas

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superiores a 19 milímetros ou trincas aleatórias adjacentes de severidade média a alta

com abertura média inferior a este valor.

Para Souza (2015), algumas atividades de M&R que podem ser aplicadas são:

i. Para trincas com abertura menor que 3 mm: não é necessário preenchimento;

ii. Para trincas com abertura entre 3 e 20 mm: limpeza, aplicação de selante

(asfalto borracha ou elastômeros) e lançamento de areia sobre o selante;

iii. Para trincas com abertura maior que 20 mm: aplicação de reparo com

remendo ou, caso esteja previsto um recapeamento, é ideal preenchê-las com

concreto asfáltico de granulometria fina.

3.4.1.5 Trincas por Reflexão

As trincas por reflexão manifestam na pista de rolamento, o mesmo padrão de

trincas originadas nas camadas inferiores. Podem ser transversais, em blocos ou

longitudinais. Ocorrem mais frequentemente em revestimentos asfálticos sobre

pavimentos de concreto de cimento Portland e sobre bases tratadas com cimento ou

bases executadas com solo arenoso fino laterítico. (YOSHIZANE, 2006).

A principal causa desse tipo de trinca são movimentos verticais ou horizontais de

camadas inferiores da estrutura devido a situações como variação de temperatura,

variação do teor de umidade, recalques de terra, solicitação do tráfego.

Além das causas mais frequentes, esse tipo de trincas também pode vir a

acontecer em recapeamentos que tenham sido aplicados em pavimentos antigos,

especialmente aqueles que não tiveram uma manutenção adequada e já se encontram

em estados bem ruins de deterioração.

Sua avaliação por nível de severidade é exatamente a mesma que trincas

longitudinais, ou seja, baixos para aberturas inferiores a 6 milímetros ou material

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selante em boas condições, níveis médios para aberturas entre 6 e 19 milímetros ou

trincas aleatórias adjacentes de severidade baixa e altos para aberturas superiores a

19 milímetros ou trincas aleatórias adjacentes de severidade média a alta com

abertura média inferior a este valor.

Souza (2015) afirma que como solução para esta irregularidade, são propostas

ações de Manutenção e Reabilitação (M&R) como:

i. Remendos e tratamento superficial ou lama asfáltica para reparos temporários;

ii. Recapeamento, de forma a realizar um reforço estrutural por geomembranas

ou por reciclagem das porções superficiais do pavimento antigo;

iii. Para trincas com abertura menor que 3 mm: não é necessário preenchimento;

iv. Para trincas com abertura entre 3 e 20 mm: limpeza, aplicação de selante

(asfalto borracha ou elastômeros) e lançamento de areia sobre o selante;

v. Para trincas com abertura maior que 20 mm: aplicação de reparo com remendo

ou, caso esteja previsto um recapeamento, é ideal preenchê-las com concreto

asfáltico de granulometria fina;

vi. Após selagem, é importante jogar areia seca por cima da mesma, de forma a

evitar que o tráfego a retire com facilidade.

3.4.1.6 Trincas Transversais

As trincas transversais são aquelas que atravessam toda a pista

perpendicularmente ao eixo, causadas por contração do revestimento e,

eventualmente, também da base e sub-base (YOSHIZANE, 2006).

Cabe ressaltar que tais contrações do revestimento e das camadas inferiores

costumam ser devido a fatores térmicos e hidráulicos, respectivamente. Além disso,

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outros aspectos que podem originar tal tipo de danificação são materiais de má

qualidade, irregularidades na execução do pavimento e serviços inadequados das

concessionárias.

Figura 20 - Trincas transversais - Nível de severidade médio

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Assim como as trincas longitudinais e por reflexão, esse tipo de trinca pode ser

separado pelos mesmos níveis de severidade, ou seja, baixos para aberturas

inferiores a 6 milímetros ou material selante em boas condições, níveis médios para

aberturas entre 6 e 19 milímetros ou trincas aleatórias adjacentes de severidade baixa

e altos para aberturas superiores a 19 milímetros ou trincas aleatórias adjacentes de

severidade média a alta com abertura média inferior a este valor.

A principal atividade de Manutenção e Reabilitação (M&R) nesse caso, de

acordo com Souza (2015), é a aplicação do selante nas trincas transversais

existentes. Com isso, impede-se a infiltração de água no interior do pavimento e evita-

se seu enfraquecimento estrutural consequentemente.

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3.4.1.7 Remendos

Representam uma parte (maior que 0,1m²) da superfície do pavimento que foi

removida e substituída após sua construção inicial. Assim como a avaliação do nível

de severidade, a forma de execução de um remendo também depende do tipo de

defeito apresentado (YOSHIZANE, 2006).

Figura 21 - Remendos - Nível de severidade médio

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Remendos não são propriamente um defeito do pavimento, e sim uma maneira

de solucionar problemas superficiais. Contudo, quando mal executado, que de fato é a

maioria dos casos no Brasil, devido ao tempo ou ao custo da obra, esses podem ser

tão prejudiciais quanto qualquer uma das outras danificações já citadas.

Diante disso, esse caso não apresenta classificações em níveis de severidades

e nem ações de M&R visto que o problema está na própria execução do remendo, ou

seja, cabe à equipe fazer uma aplicação adequada levando em consideração o tipo de

defeito a ser remendado.

3.4.1.8 Panelas

Panelas são cavidades de diversos tamanhos que ocorrem no revestimento

resultantes de uma desintegração localizada. Essas áreas de fraqueza do pavimento

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são causadas por aplicação insuficiente de asfalto ou por ruptura da base associada a

uma drenagem deficiente. Sob ações do tráfego e da águas, essas evoluem para a

fragmentação e remoção de partes do revestimento e da base (YOSHIZANE, 2006).

Figura 22 - Panelas - Nível de severidade alto

Fonte: YOSHIZANE, 2006).

Além da ausência de ligante asfáltico e de um sistema de drenagem adequado,

a presença de trincas pode ser um fator que leva a proliferação de panelas no

pavimento, visto que são pontos de fraqueza e com grandes chances de fragmentação

ou desprendimento.

Panelas, ou simplesmente buracos, são classificados em níveis de severidade

através de suas profundidades. Tais níveis são considerados baixos, médios ou altos

se as profundidades dos buracos forem menores que 25 milímetros, entre 25 e 50

milímetros ou maiores que 50 milímetros, respectivamente.

Acompanhada de um sistema de drenagem adequado para não haver presença

de água, Souza (2015) indica que a atividade de M&R mais comum e mais utilizada

para este tipo de defeito é o remendo, pela sua facilidade e rapidez. Entretanto, em

casos de alta severidade, é necessário realizar uma atividade de reabilitação, sendo

indicado um recapeamento, pois traria um reforço estrutural ao pavimento.

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3.4.1.9 Deformação Permanente

A deformação permanente se manifesta sob a forma de depressões longitudinais

(por exemplo em trilhas de rodas) decorrente da densificação dos materiais ou da

ruptura por cisalhamento. As distorções resultam da compactação deficiente das

camadas do pavimento, do excesso de finos na mistura asfáltica, do excesso de

ligante asfáltico e da expansão ou contração das camadas inferiores. (YOSHIZANE,

2006).

Outras possíveis causas para esse tipo de deterioração são dimensionamento

(espessuras) insuficiente, instabilidade na mistura devido à ineficiência na dosagem ou

à escolha do ligante e enfraquecimento causado por infiltração de água.

Figura 23 - Deformação permanente - Nível de severidade alto

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Seus níveis de severidade também são definidos de acordo com a profundidade.

Tais níveis são considerados baixos, médios ou altos se as profundidades das

deformações forem menores que 10 milímetros, entre 10 e 25 milímetros ou maiores

que 25 milímetros, respectivamente.

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Como manutenção, Silva (2015) recomenda ações como reciclagem do

revestimento, recapeamento delgado ou espesso, dependendo da severidade do

defeito, ou reconstrução do trecho, utilizando novos materiais, em casos mais graves.

3.4.1.10 Corrugação

A corrugação é um defeito caracterizado pela formação de ondulações

transversais na superfície do pavimento devido a elevados esforços tangenciais. Suas

causas estão associadas a problemas construtivos e a misturas com problemas de

dosagem. Esses podem ser excesso de asfalto, ligante pouco viscoso e mistura com

excesso de agregados finos, enquanto que aqueles podem ser excesso de umidade,

fraca ligação entre base e revestimento e cura insuficiente (YOSHIZANE, 2006).

Figura 24 - Corrugação - Nível de severidade alto

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Para definir seu nível de severidade é preciso associar os efeitos da corrugação

com a qualidade do rolamento presente na pista, ou seja, quanto maior desnível,

desconforto e insegurança na direção, mais grave é o problema.

Segundo Silva (2015), as atividades de M&R recomendadas, levando em conta o

nível de severidade do defeito em questão, são:

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i. Aplicação de remendos;

ii. Reciclagem de revestimentos com espessura superior a 5 cm, seguindo com

uma aplicação de capa selante ou concreto asfáltico;

iii. Recapeamento delgado ou espesso (reforço estrutural);

iv. Reconstrução da estrutura, com novos materiais ou reciclados.

3.4.1.11 Exsudação

A exsudação é caracterizada por excesso de ligante asfáltico na superfície do

pavimento, reduzindo o coeficiente de atrito pneu-pavimento. O movimento

ascendente do asfalto, formando uma película na superfície, ocorre com mais

frequência em países de clima quente, tendo como causas o excesso de ligante, o

baixo índice de vazios da mistura e a compactação pelo tráfego (YOSHIZANE, 2006).

Figura 25 - Exsudação - Nível de severidade alto

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Exsudações de baixa severidade são definidas por apenas uma mudança na

coloração em relação ao restante do pavimento devido ao excesso de asfalto, já uma

severidade média é composta pela perda da textura superficial, enquanto que uma alta

severidade é caracterizada por marcas de pneus evidentes em tempos quentes, além

de uma aparência brilhante e agregados cobertos pelo asfalto.

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Silva (2015) cita como atividades de M&R adequadas:

i. Tratamento da superfície com capa selante, que é um reparo temporário;

ii. Recapeamento delgado, atividade mais recomendada;

iii. Sulcos, para reduzir o problema de aquaplanagem;

iv. Aplicação de areia quente, que deve ser imediatamente compactada e varrida

após o resfriamento;

v. Reciclagem, caso seja necessário fazer uma reabilitação do pavimento.

3.4.1.12 Agregados Polidos

Os agregados polidos resultam da ação abrasiva do tráfego, que elimina as

asperezas e angularidades das partículas, principalmente de agregados com baixa

resistência. Isso acarreta na redução do coeficiente de atrito pneu-pavimento

(YOSHIZANE, 2006).

Figura 26 - Agregados polidos

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Este defeito é classificado por níveis de severidade, de acordo com a redução no

coeficiente de atrito pneu-pavimento. Quanto menor o coeficiente, maior a severidade.

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Para este tipo de defeito, Silva (2015) cita os seguintes serviços de M&R;

i. Tratamento superficial ou lama asfáltica, caso baste uma manutenção;

ii. Reciclagem ou recapeamento delgado, no caso de uma reabilitação;

iii. Reconstrução do pavimento quando necessária, com a definição de novos

materiais ou de reciclados com elevada resistência à abrasão.

3.4.1.13 Desgaste

O desgaste consiste na perda de adesividade do ligante asfáltico e no

desalojamento progressivo das partículas de agregado. No início ocorre a perda de

agregados miúdos, partindo para agregados graúdos, com a evolução do problema,

tornando a taxa superficial cada vez mais áspera (YOSHIZANE, 2006).

Vale dizer que tal perda de adesividade pode ser correspondida por problemas

de dosagem, presença de agregados sujos e úmidos, compactação insuficiente,

superaquecimento da mistura, endurecimento (envelhecimento) do ligante,

segregação da mistura (excesso de finos), oxidação por ação de produtos químicos e

intemperismo em condições meteorológicas desfavoráveis.

No que diz respeito à classificação em níveis de severidade, o mesmo é baixo

quando há apenas perda de agregados miúdos, médio quando a textura superficial já

se encontra áspera e há perdas de materiais não só miúdos como também alguns

graúdos, e alto quando a textura superficial se encontra muito áspera e com perdas de

agregados graúdos.

As atividades recomendadas para manutenção segundo Silva (2015) são:

i. Capa selante, tratamento superficial ou lama asfáltica;

ii. Reciclagem ou recapeamento delgado

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3.4.1.14 Desnível entre pista e acostamento

Consiste em diferença da cota de elevação entre as faixas de tráfego laterais e o

acostamento. Pode ser causado pela execução de recapeamentos sucessivos ou pela

erosão ou consolidação de acostamento não pavimentado (YOSHIZANE, 2006).

Figura 27 - Desnível entre pista e acostamento

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Segundo Souza (2015), seu nível de severidade é substituído pelas medições do

desnível e suas soluções podem ser recomposição do acostamento, se a razão foi

erosão ou consolidação, e fresagem ou reciclagem do revestimento, no caso de

recapeamentos sucessivos.

3.4.1.15 Bombeamento

O bombeamento é o fenômeno de saída de água pelas trincas do pavimento,

sob a pressão dos esforços oriundos do tráfego. É identificado pela deposição, à

superfície, de material carreado das camadas inferiores (YOSHIZANE, 2006).

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Figura 28 - Bobeamento - Nível de severidade alto

Fonte: YOSHIZANE, 2006.

Como o bombeamento depende do teor de umidade das camadas inferiores de

cada pavimento, não faz sentido estipular níveis de severidade.

Segundo Souza (2016), como não é possível evitar a pressão exercida pelas

cargas do tráfego, tal problema só pode ser solucionado com a eliminação da água

acumulada dentro do pavimento, através de uma drenagem subterrânea eficiente.

3.4.2 Manutenção e Reabilitação

De acordo com o DNIT (2005), a conservação rodoviária dos pavimentos pode

ser definida como a série de operações rotineiras, periódicas e emergenciais

realizadas com o objetivo de preservar as características técnicas e físico-operacionais

da rodovia e de suas instalações fixas, dentro de padrões de serviços estabelecidos.

Conforme já escrito, as atividades de Manutenção e Reabilitação (M&R) são

fundamentais para corrigir os problemas identificados nos pavimentos, sendo

executadas com certa periodicidade presente no projeto, com o objetivo de se obter

um pavimento de qualidade.

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Estas atividades possuem três finalidades principais (DNIT, 2006):

i. Prolongar a vida útil das rodovias;

ii. Reduzir o custo de operação dos veículos;

iii. Contribuir para que as rodovias de mantenham abertas ao tráfego e permitir

uma maior regularidade, pontualidade e segurança aos serviços de transporte.

Segundo Oda (2018), as atividades de manutenção objetivam preservar ou

manter o período de projeto do pavimento, aumentando pouco o nível de serventia,

mas evitando a deterioração precoce. Já as atividades de reabilitação têm como

objetivo prolongar a vida em serviço do pavimento, elevando o nível de serventia

próximo ao máximo e criando condições para um novo ciclo de deterioração.

Salienta-se que se comparados os dois tipos citados, ações de reabilitação

precisam de investimentos mais elevados, se tornando soluções mais caras, porém

com resultados de qualidade superior, conforme mostrado na figura 29.

Figura 29 – Resultados de M&R

Fonte: Souza, 2015.

3.4.2.1 Tipos de Atividades de Manutenção

Segundo o Manual de Conservação Rodoviária do DNIT (2005), a mesma pode

ser dividia em cinco etapas: Correção Rotineira, Periódica e Emergencial, além de

Restauração e Melhoramentos.

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Correção Rotineira

É o conjunto de operações de conservação que se propõem a reparar ou sanar

um defeito e restabelecer o funcionamento dos componentes da rodovia, propiciando

conforto e segurança aos usuários (DNIT, 2005).

São exemplos de atividades de rotina: Reconformação da plataforma,

recomposição manual de aterro, roçada manual, capina química, limpeza de sarjeta,

valeta, bueiro e meio fio, reparo e limpeza de drenagem superficial de concreto,

selagem de trinca, tapa buraco, remendo profundo, renovação da sinalização,

recomposição de guarda corpo e defensa metálica, remoção do lixo, varredura da

pista e conservação de árvores e gramados.

Prevenção Periódica

São operações de conservação, realizadas periodicamente com o objetivo de

conter o surgimento ou o agravamento de defeitos. Tratam-se de tarefas requeridas

durante o ano, cuja frequência depende do trânsito, da topografia e do clima (DNIT,

2005).

Dentre essas atividades estão incluídas: Recomposição de revestimento,

limpeza de ponte, calação, capa selante com pedrisco, fresagem, reciclagem de

pavimentos, pintura de ligação, tratamento superficial, CBUQ com asfalto polímero e

recomposição da placa de concreto.

Conservação Emergencial

São os serviços e obras necessárias para reparar, repor, reconstruir ou restaurar

trechos ou estruturas da rodovia, que tenham sido obstruídos ou danificados por um

evento extraordinário ocasionando a interrupção do tráfego da rodovia (DNIT, 2005).

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Aqui se encontram ações como recomposição manual ou mecanizada de aterros

e de barreiras de solo, de modo que haja a desobstrução da pista e a restauração do

terrapleno original.

Restauração

Também chamada de atividade alternativa, tem a finalidade de conferir ao

pavimento existente um novo aporte estrutural, o tornando apto a cumprir um novo

ciclo de vida. Sua execução demanda a elaboração de um Projeto de Engenharia. A

solução poderá recair num simples reforço, na restauração ou na reconstrução (total

ou parcial) do pavimento. Tratam-se de atividades de caráter periódico, mas que não

estão no escopo ordinário dos serviços de conservação (DNIT, 2005).

Tarefas de Melhoramentos

Estas tarefas que são desenvolvidas com frequência em atendimento a

demandas de cunho operacional, compreendem uma diversidade grande de serviços

de complementação e/ou modificação na infraestrutura já existente (DNIT, 2005).

Envolve a execução de itens e serviços como: Meio fio, sarjeta, descida d’água,

valeta, dreno profundo, bueiro, colchão drenante, banqueta, revestimento com mudas,

muro de arrumo, cerca, regularização da faixa de domínio, plantio de árvores e

enrocamento de pedra arrumada e jogada.

3.5 Custos de Serviços

Tendo em vista que o estudo de caso do presente trabalho aborda perspectivas

financeiras de projeto, se faz necessário abordar os custos envolvidos, tanto na fase

de construção, como na fase de manutenção.

Para fins de programação das obras e serviços, deve-se dispor de uma

estimativa de custos dentro de uma precisão adequada, por exemplo, o Sistema de

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Custos Rodoviários (SICRO). O Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes (DNIT) apresenta uma sequência metodológica a ser adotada na

estimativa de custos apresentada na figura 30 e descrita brevemente a seguir.

Figura 30 - Fluxograma da composição de custos unitários

Fonte: DNIT, 2006.

Inicialmente faz-se o projeto e a especificação da obra, apresentados no item

3.2, e levanta-se a quantidade de problemas detectados, assim como as listagens de

mão-de-obra, materiais, equipamentos e serviços mecanizados que serão

necessários.

A partir dessa lista, faz-se uma Pesquisa de Mercado, a fim de comparar preços

de equipamentos, materiais e mão-de-obra em níveis nacional, regional e local.

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Em seguida, são obtidos os valores de Produção das Equipes em unidades de

tempo (hora). Esses são extraídos a partir da soma da produção individual de cada

equipamento utilizado em algum serviço. Sua importância se dá devido à necessidade

de uso conjugado de equipamentos, contribuindo para a existência de Hora Produtiva

e Improdutiva, assim como Custo Horário Produtivo e Improdutivo.

A etapa seguinte consiste em levantar todos os custos horários diretos e

indiretos, ligados à execução da obra:

i. Custos Horários Diretos se referem aos custos de uso de equipamentos, como

depreciação, manutenção, material de operação e mão-de-obra operacional.

ii. Custos de Material e de Mão-de-obra Suplementar a obra correspondem a

atividades necessárias para a execução dos serviços, porém que não estão

relacionadas à utilização de nenhum equipamento.

iii. Custos indiretos são chamados de Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) e

envolvem atividades como administração local e central, impostos sobre o

faturamento, despesas financeiras, margem de incertezas e custos eventuais.

Encontradas as despesas com equipamentos, materiais e pessoal calcula-se:

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐻𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐻𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑜 𝐷𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐻𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑜 𝑆𝑢𝑝𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑟 (1)

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑥𝑒𝑐𝑢çã𝑜 =𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐻𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 (

𝑅$𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 × ℎ

)

𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑑𝑎 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑝𝑒 (ℎ) (2)

Dando sequência, encontram-se os Custos de Transporte. Estes são separados

em transporte comercial, o que trafega entre a aquisição do material e o canteiro de

obra, e transporte local, se movimentando entre o canteiro e o local de aplicação.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 =𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐻𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝐶𝑎𝑚𝑖𝑛ℎã𝑜 (

𝑅$𝑢𝑛 × ℎ

)

𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝐻𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝐶𝑎𝑚𝑖𝑛ℎã𝑜 (ℎ)

(3)

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73

Finalmente, somando as etapas anteriores chega-se ao Custo Direto Total. Após

a consideração das Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) que é definida como um

percentual do mesmo (normalmente 35,8%) atinge-se o Custo Unitário Total.

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝐷𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝐸𝑥𝑒𝑐𝑢çã𝑜 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 (4)

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑈𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝐷𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜 + 𝐵𝐷𝐼 (5)

Algumas estimativas do BDI usadas pelo Manual de Pavimentação (DNIT, 2006)

são:

i. Mobilização de equipamentos vale entre 2% e 2,5% do custo direto da obra;

ii. Administração custa em torno de 5% a 10% do custo direto da obra;

iii. Admite-se um percentual de 5% sobre a soma de custos diretos, mobilização e

administração para gastos eventuais;

iv. Admite-se um percentual de 5% sobre a soma de custos diretos, mobilização,

administração e gastos eventuais para impostos;

v. Admite-se um percentual de 12% sobre a soma de custos diretos, mobilização,

administração, gastos eventuais e impostos para o lucro normal da empresa.

A ANTT utiliza essas faixas de valores como base para definir suas premissas

no momento de fazer uma modelagem financeira. Como os casos a serem estudados

são de concessões rodoviárias, muitas vezes a agência não estima esses gastos em

percentual dos custos diretos e sim em percentual do faturamento do negócio.

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74

4 Aspectos Econômicos e Financeiros

Definida uma concessão de rodovia e feita uma análise técnica do principal ativo

em questão, uma análise econômica e financeira complementa esse estudo, visto que

é necessária para a tomada de decisão de futuros projetos, responsáveis por contribuir

não só para a geração de valor da companhia, como também para que ela continue

em funcionamento, uma vez que os contratos possuem prazos definidos de vigência.

4.1 Valor do Dinheiro no Tempo

Inicialmente, se faz preciso conceituar o valor temporal que o dinheiro possui.

Para isso analisam-se duas observações: A primeira é que o dinheiro deixado parado,

fora de qualquer aplicação financeira, tem o seu valor corroído com o passar do tempo

pela inflação, que é a alta generalizada dos preços de serviços e produtos. Após

determinado período, um mesmo valor de moeda consegue comprar menos produtos,

já que esses vão se tornando mais caros.

Para Damodaran (2004) ao investir um dólar por um determinado período de

tempo é preciso considerar o efeito da inflação sobre o dinheiro já que seu poder

aquisitivo diminui com o tempo, ou seja, o mesmo dólar em um ano não compra os

mesmos itens que compraria hoje.

A segunda diz respeito à capacidade de investir determinado montante e obter

um ganho financeiro com essa operação. Fazendo uma aplicação financeira desse

montante, ao passar certo período de tempo, será possível resgatar o valor investido

(principal) somado aos juros que é a remuneração cobrada pelo empréstimo de

dinheiro em detrimento ao consumo realizado imediatamente.

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐹𝑢𝑡𝑢𝑟𝑜 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 × (1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙)𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 (6)

(1 + 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙) = (1 + 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑙) × (1 + 𝑖𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜) (7)

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De acordo com Damodaran (2004), fundamental para entender o valor temporal

do dinheiro é a ideia de que este pode ser investido em alguma aplicação financeira

para obter-se um retorno. Esse retorno é o que se chama de taxa de desconto.

Qualquer investimento seja financeiro ou produtivo requer uma taxa de desconto,

a qual será calculada tendo em vista o grau de risco que o investidor está disposto a

se submeter. Quanto maior o risco maior a taxa de desconto.

4.2 Critérios de Avaliação de Projetos

Toda empresa possui um portfólio de investimentos possíveis, sendo cada

investimento possível é uma opção disponível para a empresa. Algumas opções são

valiosas e outras não. O essencial para o sucesso de uma boa administração

financeira é aprender a identificar quais dessas opções são valiosas e quais não são

(ROSS, 2013).

São demonstrados aqui os três critérios mais usuais no mercado: Payback, Valor

Presente Líquido e Taxa Interna de Retorno.

4.2.1 Payback

Período de payback é o tempo necessário para que um determinado

investimento gere fluxos de caixa suficientes para recuperar todo o seu custo inicial

(ROSS, 2013).

Desse modo, payback é o prazo em que um determinado projeto de investimento

demora a se pagar. Quanto maior esse prazo, menos atrativo é o investimento, já que

mais terá que se esperar para receber fluxos que compensem tal gasto inicial.

Para encontrá-lo, deve-se calcular o fluxo de caixa acumulado do projeto, ou

seja, o somatório dos fluxos de caixa. No período de tempo em que esse valor mudar

de negativo para igual à zero, esse será o valor do payback.

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76

𝐹𝐶0 + 𝐹𝐶1 + 𝐹𝐶2 + ⋯ + 𝐹𝐶𝑝𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 = 0 (8)

𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜:

𝐹𝐶 = 𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎.

O caso mais simples é quando os retornos são sempre constantes, dito fluxo de

caixa regular, onde o payback pode ser calculado por:

𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 =𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 (9)

Segundo Gitman (2010), quando o período de payback é usado para a tomada

de decisão de aceitar ou rejeitar um projeto, devem se considerar os seguintes

critérios:

i. Se o período de payback for menor que o período máximo aceitável de

recuperação a ser definido, o projeto deverá ser aceito;

ii. Se o período de payback for maior que o período máximo aceitável de

recuperação a ser definido, o projeto deverá ser rejeitado.

Como toda regra, o payback possui suas vantagens e desvantagens. Por um

lado, é um método muito rápido, simples e intuitivo, que não leva em consideração a

incerteza em estimar fluxos de caixa tardios, já que os ignora, e que favorece projetos

de curto prazo que liberam caixa com maior rapidez para outros usos.

Por outro lado, os pontos desfavoráveis desse método são: a irrelevância de

qualquer desconto ou valor do dinheiro no tempo, a necessidade de uma definição

subjetiva para o período máximo aceitável de recuperação, a indiferença quanto ao

risco envolvido no projeto e a influência sobre o tomador de decisão a escolher o

projeto de menor prazo, não necessariamente sendo a melhor opção.

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77

Figura 31 - Vantagens e Desvantagens do Payback

Fonte: ROSS, 2013.

A maior desvantagem do método do payback é que ele não faz a pergunta certa.

Mais importante é saber qual será o impacto de um investimento sobre o valor da

ação, e não quanto tempo será necessário para recuperar seu valor (ROSS, 2013).

4.2.2 Valor Presente Líquido

A diferença entre o valor de mercado e o custo de um investimento é chamada

de valor presente líquido do mesmo. Em outras palavras, o VPL é uma medida do

valor que é criado hoje por um investimento que será feito (ROSS, 2013).

O valor de mercado é calculado pelo método de fluxo de caixa descontado. Isso

consiste em trazer os fluxos a valores presentes com base em uma taxa de desconto

para que, estando todos no mesmo período de tempo, possam ser somados. Depois,

é feita a diferença entre tal valor e o custo do investimento inicial, encontrando o VPL.

De acordo com Damodaran (2004), os fluxos de caixa futuros uma vez

convertidos em fluxos de caixa atuais resultam no Valor Presente Líquido (VPL).

𝑉𝑃𝐿 = ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝑟)𝑡

𝑛

𝑡=1

− 𝐹𝐶0 (10)

𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜:

𝐹𝐶𝑡 = 𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡, 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝐹𝐶0 𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 ;

𝑟 = 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐷𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜.

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78

A taxa de desconto será aprofundada no item 4.2. Ela é a taxa mínima de

atratividade quando se considera outros investimentos possíveis, como algum título do

governo (renda fixa) ou um empréstimo feito ao banco (taxa do empréstimo como

referência).

Gitman (2010) afirma que se o VPL for maior que $ 0, a empresa obterá retorno

superior a seu custo de capital. Tal fato contribuirá para o aumento do valor de

mercado da empresa, vide o parágrafo abaixo.

Gitman (2010) define que quando o VPL é usado para a tomada de decisão de

aceitar ou rejeitar um projeto, devem se considerar os seguintes critérios:

i. Se o VPL for maior que $ 0, o projeto deverá ser aceito;

ii. Se o VPL for menor que $ 0, o projeto deverá ser rejeitado.

Vale ressaltar que o VPL é uma estimativa de cálculo. Chegar a um VPL igual a

zero, na teoria representa o ponto de equilíbrio econômico, ou seja, não há valor

criado nem destruído com o investimento. Todavia, na prática, esse valor leva às

empresas a repensar suas premissas, analisando se estão conservadores ou

arrojadas, para auxiliar a tomada de decisão.

Ross (2013) explica que assim como qualquer estimativa, ela pode ser alta

(otimista) ou baixa (conservadora). A única forma de encontrar o verdadeiro VPL seria

colocar o investimento para venda e descobrir quanto que pagariam por ele. Em geral,

não se faz isso e, assim, é importante que as estimativas de projeto sejam confiáveis.

4.2.3 Taxa Interna de Retorno

Taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de desconto zera o VPL de um

investimento, ou seja, que torna seu VPL igual a zero (ROSS, 2013).

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79

𝑉𝑃𝐿 = ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑡

𝑛

𝑡=0

= 0 (11)

Do que se conclui que a TIR é o retorno exigido para se alcançar a condição

mínima de aceitação do projeto (VPL nulo). Ela é dita uma taxa interna, pois depende

apenas dos fluxos de caixa do investimento, e não das demais taxas.

Gitman (2010) cita que quando a TIR é utilizada para a tomada de decisão de

aceitar ou rejeitar um projeto, devem se considerar os seguintes critérios:

i. Se a TIR for maior que a taxa de desconto, deve-se aceitar o projeto;

ii. Se a TIR for menor que a taxa de desconto, deve-se rejeitar o projeto.

Dentre seus fatores positivos, a TIR é um critério preferido pelo mercado, pois é

fácil de ser entendida quando se fala de retorno em formato de taxas.

No que diz respeito aos problemas que ocorrem nesse método, destacam-se

duas situações em que deve se priorizar o uso do VPL: Fluxos de caixa não

convencionais e investimentos mutuamente excludentes. No primeiro, encontra-se

mais de um valor para a TIR em fluxos que oscilam entre valores positivos e

negativos. No segundo, não se deve usar a TIR como comparação entre

investimentos, ela é o retorno exigido, mas não necessariamente vai se concretizar. A

taxa de desconto utilizada determina qual dos dois possui um VPL mais atrativo.

Figura 32 - Vantagens e Desvantagens da TIR

Fonte: Ross, 2013.

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80

4.3 Taxa de Desconto

Encontrar o valor da taxa de desconto é uma das etapas mais importantes em

processos de viabilidade econômica de projetos ou de avaliação financeira de

empresas. Conforme já descrito, se ela estiver muito fora da realidade, leva a valores

presentes líquidos muito equivocados, por isso é sempre muito importante se atentar

às premissas utilizadas e aos resultados gerados.

4.3.1 Custo Médio Ponderado de Capital

O custo médio ponderado de capital (CMPC) ou Weighted Average Capital Cost

(WACC) é a taxa de desconto mais apropriada para trazer a valor presente os fluxos

de caixa futuros de um determinado projeto. O WACC é a taxa mínima de retorno

esperada de uma empresa para que ela se mostre como um investimento atraente.

O CMPC tem uma interpretação muito direta. Ele é o retorno total que a empresa

deve ganhar sobre seu ativo existente para manter o valor de suas ações. Esse

também é o retorno exigido sobre qualquer investimento que tenha essencialmente os

mesmos riscos das operações já existentes. Assim, se são avaliados os fluxos de

caixa de uma expansão da operação ou de um novo projeto, essa deveria ser a taxa

de desconto utilizada (ROSS, 2013).

Desta forma, o WACC é calculado como uma média ponderada entre as

diversas fontes de capital que uma empresa possui, seja próprio ou de terceiros.

Como o fluxo de caixa contempla o valor pertencente a todos que possuem direitos

contra a empresa, a taxa de desconto associada também deve considerar os seus

respectivos custos, que de fato é feito nessa metodologia.

A fórmula dessa taxa de desconto pode ser descrita como:

𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝐾𝑒 ×𝐸

𝐸 + 𝐷+ 𝐾𝑑 × (1 − 𝑇) ×

𝐷

𝐸 + 𝐷 (12)

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𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜:

𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 𝑃𝑜𝑛𝑑𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙;

𝐾𝑒 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 (𝐸𝑞𝑢𝑖𝑡𝑦);

𝐾𝑑 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 (𝐷𝑒𝑏𝑡);

𝐸 = 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 (𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑛𝑜 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜);

𝐷 = 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑡𝑜𝑠 (𝐸𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑃𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜);

𝑇 = 𝐴𝑙í𝑞𝑢𝑜𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠.

Dentre esses valores, todos exceto o custo de capital próprio são encontrados

em demonstrativos financeiros. O Equity pode ser mensurado através do total de

aportes dos acionistas no caso de um projeto ou do patrimônio líquido no caso de uma

empresa. Por sua vez, o Debt é a soma de todos os financiamentos e empréstimos

necessários para a realização do projeto ou presentes no passivo da empresa. A

alíquota de impostos é padrão na legislação brasileira. O custo médio da dívida pode

ser obtido através dos juros referentes aos financiamentos citados. Portanto, o valor

do WACC é necessário estimar o valor do custo do capital próprio.

4.3.2 Custo de Capital Próprio

O custo do Equity é o retorno que os acionistas exigem sobre os investimentos

realizados na empresa. O mercado utiliza alguns modelos para estimar essa taxa,

sendo o mais comum entre os analistas financeiros o modelo de precificação de ativos

financeiros, chamado de Capital Asset Pricing Model (CAPM).

O modelo CAPM liga o risco não diversificável ao retorno para todos os ativos,

ou seja, é uma maneira de quantificar a relação entre a sensibilidade dos retornos do

ativo em relação aos do mercado (chamado de Beta) e seu retorno esperado

correspondente.

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Segundo Gitman (2010), o coeficiente beta é uma medida de risco não

diversificável. É um indicador do grau de volatilidade do retorno de um ativo frente a

variação do retorno de mercado. Tal coeficiente é expresso pela seguinte fórmula:

𝛽𝑖 =𝐶𝑜𝑣 (𝑅𝑖,𝑅𝑚)

𝑉𝑎𝑟 (𝑅𝑚) (13)

𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜:

𝛽𝑖 = Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑎𝑡𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑖 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜;

𝑅𝑖 = 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑖;

𝑅𝑚 = 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜;

𝐶𝑜𝑣 (𝑅𝑖,𝑅𝑚) = 𝐶𝑜𝑣𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜𝑠 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑒 𝑑𝑜 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜;

𝑉𝑎𝑟 (𝑅𝑚) = 𝑉𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎𝑑𝑜 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜.

Com o beta já definido, calcula-se o custo do capital próprio pela seguinte

fórmula:

𝐾𝑒 = 𝐸(𝑅𝑖) = 𝑅𝑓 + 𝛽𝑖 × (𝐸(𝑅𝑚) − 𝑅𝑓) (14)

𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜:

𝐾𝑒 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜;

𝛽𝑖 = Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑎𝑡𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑖 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜.

𝑅𝑖 = 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑖;

𝑅𝑚 = 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜;

𝑅𝑓 = 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐿𝑖𝑣𝑟𝑒 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜;

(𝐸(𝑅𝑚) − 𝑅𝑓) = 𝑃𝑟ê𝑚𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜.

Com base em dados históricos tanto do retorno do ativo, como do mercado, o

beta é estimado através de uma regressão linear, com o método dos mínimos

quadrados. Além disso, utiliza-se normalmente algum índice amplo para a definição do

retorno do mercado, como o Ibovespa no Brasil ou o S&P 500 nos Estados Unidos.

Por fim, a taxa livre de risco pode ser entendida como a taxa de juros básica do país.

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Como o estudo de caso se refere a um projeto de concessão, a estimativa do

beta apresentou algumas diferenças de casos de empresas de capital aberto. Foi

utilizado o beta de empresas comparáveis, ou seja, atuantes no mesmo setor que

possam ter seu índice de volatilidade calculado por serem empresas de capital aberto.

Dessa maneira, primeiro é definido seu segmento de atuação do projeto, ou seja,

o setor que ele está inserido. Depois encontra-se o beta alavancado conforme

mostrado acima e, com base nos dados do setor, retira-se dele a influência da

estrutura de capital, ou seja, encontra-se o beta de mercado desalavancado. Por fim,

alavanca-se ele com base nos dados do projeto em questão, este no caso é o risco

resultante da relação entre sua dívida e seu capital próprio. Isso interfere no Beta, pois

quanto maior a relação D/E, maior será o risco e consequentemente maior será o

Beta. As fórmulas para fazer tais operações são indicadas abaixo.

𝛽𝑀 𝐷𝑒𝑠𝑎𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑑𝑜 =𝛽𝐴𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑑𝑜

(1 + (𝐷

𝐸𝑆𝑒𝑡𝑜𝑟× (1 − 𝑇))

(15)

𝛽𝑃𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 = 𝛽𝑀 𝐷𝑒𝑠𝑎𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑑𝑜 × (1 + (𝐷

𝐸𝐸𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎× (1 − 𝑇)) (16)

Uma última observação que se faz precisa é que quando o CAPM é usado para

ativos no Brasil, mas se baseia em índices estadunidenses, como S&P 500 ou Russell

2000, deve-se acrescentar o prêmio de risco do país e converter o custo do Equity

obtido para a moeda local de acordo com a inflação do país correspondente.

𝐾𝑒𝑈𝑆$ = 𝑅𝑓 + 𝛽𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 × (𝐸(𝑅𝑚) − 𝑅𝑓) + 𝑅𝐵𝑅 (17)

𝐾𝑒𝑅$ = [(1 + 𝐾𝑒𝑈𝑆$) ×1 + 𝐼𝐵𝑅

1 + 𝐼𝑈𝑆] − 1 (18)

𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜:

𝑅𝐵𝑅 = 𝑃𝑟ê𝑚𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 𝐵𝑟𝑎𝑠𝑖𝑙;

𝐼𝐵𝑅 = 𝐼𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜 𝐵𝑟𝑎𝑠𝑖𝑙;

𝐼𝑈𝑆 = 𝐼𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜 𝑈𝑆.

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84

5 Estudo de Caso

Um dos objetivos do presente trabalho foi estudar um caso real de uma rodovia

em concessão, o trecho da BR-153 situado entre os estados de Goiás e Tocantins,

analisando a sensibilidade de características que impactam a rentabilidade do projeto,

como tarifa, previsão de tráfego e investimentos.

5.1 Características da Rodovia

A rodovia em questão se trata de um trecho de 624,8 quilômetros de extensão

da BR-153, que passa por 23 municípios compreendidos entre Anápolis (GO) e

Aliança de Tocantins (TO). A importância da estrada se dá pela integração entre o

norte e o centro-sul do país, pela circulação de produtos da Zona Franca de Manaus e

pelo escoamento da produção de soja, arroz e milho do Tocantins. O edital da

concessão foi publicado em abril de 2014 e seu leilão foi realizado no mês seguinte. O

prazo da operação tinha vigência de 30 anos, ou seja, entre 2014 e 2043.

Figura 33 - Rodovia BR-153 TO/GO

Fonte: PPI, 2018.

A licitante vencedora foi a empresa Galvão Engenharia com uma tarifa de

0,04979 reais por quilômetro, um deságio de 45,99% em relação à tarifa máxima

permitida segunda a ANTT, apesar de não ser um desconto muito elevado se

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comparado com outros leilões do mercado, é um desconto muito superior ao oferecido

pelas outras proponentes na disputa, conforme mostrado na tabela 10.

Tabela 10 - Tarifas dos Concorrentes

Fonte: Autor, 2018.

De acordo com a ANTT, a cobrança do sistema licitado com 9 praças de pedágio

foi prevista para ter início na metade de 2015, após a conclusão dos trabalhos iniciais

e de 10% das obras de duplicação. Esta englobaria um total de 1,54 bilhão de reais a

serem investidos em 598,3 quilômetros duplicados dentro de um prazo de 5 anos.

Esse caso foi muito comentado em noticiários recentemente, já que a

concessionária Galvão Engenharia teve dificuldades para viabilizar as obras previstas,

pois foi alvo da Operação Lava Jato por suspeita de fazer parte do cartel de

empreiteiras e acabou por entrar em processo de recuperação judicial.

Na época, a ANTT informou que o vencedor do leilão investiria ao todo cerca de

R$ 4,31 bilhões na rodovia durante os 30 anos de duração do contrato, enquanto que,

como o financiamento do BNDES não foi liberado em razão das investigações e da

recuperação judicial, a Galvão Engenharia fez somente os serviços básicos de

manutenção na rodovia. Todas as obras iniciadas pela concessionária estavam

paralisadas, aguardando pedido de prorrogação contratual e liberação de empréstimos

pelo BNDES. Somente o Plano de Segurança Rodoviária permanecia em execução.

A empresa ainda fez uma última tentativa, levando ao governo uma proposta

firme de compra do ativo por dois fundos de investimento europeus, que se

comprometeram a injetar € 225 milhões no negócio imediatamente para iniciar as

obras na rodovia e obter financiamento privado de US$ 1,5 bilhão até o fim do ano.

Empresa/Orgão Tarifa (R$ / km) Deságio (%)

ANTT 0,09220 0,00%

Triunfo 0,09129 0,99%

Consórcio Norte-Sul 0,07239 21,49%

Galvão Engenharia 0,04979 45,99%

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Contudo, como o processo de caducidade já estava adiantado e o acordo com os

fundos dependia da suspensão do mesmo, não foi uma proposta bem-sucedida.

Portanto, em agosto de 2017, o governo extinguiu a concessão por

descumprimento do contrato, confirmando a “Caducidade Declarada”. Com isso, a

estrada voltou a ser administrada pela União, que já a coloca como novo projeto de

concessão a ser leiloado na metade de 2019.

5.2 Dados e Premissas de Projeto

Antes do lançamento do edital e da realização do leilão do trecho descrito, é feito

um estudo completo por parte da ANTT, incluindo todos os pontos relevantes para a

concessão, por exemplo, previsão de tráfego, levantamento dos defeitos na rodovia,

definição dos gastos com duplicação e com manutenção, dentre outros.

As premissas e estudos da ANTT foram utilizados como base para a modelagem

financeira do presente projeto. Definido um modelo sólido, foram configurados outros

possíveis cenários por meio de uma análise de sensibilidade. Todos os valores estão

em moeda de maio de 2012 e não estão ajustados pela inflação, ou seja, os

crescimentos e valores são reais. Justificativas para isso são:

i. Fluxos reais eliminam a incerteza presente na estimativa de inflação futura;

ii. Fluxos nominais costumam dar mais trabalho de serem calculados, visto que é

necessário inflacionar seus valores e depois deflacionar na taxa de desconto;

iii. O VPL em ambos os casos (nominal e real) converge para valores próximos,

senão o mesmo.

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5.2.1 Receita Operacional Bruta

A receita do negócio é fruto da arrecadação de pedágio na rodovia, calculada da

seguinte forma:

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 (𝑅$) = 𝐸𝑥𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 (𝑘𝑚) × 𝑇𝑟á𝑓𝑒𝑔𝑜 × 𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 (𝑅$ 𝑘𝑚⁄ ) × 𝑁º 𝑃𝑟𝑎ç𝑎𝑠 (19)

𝑇𝑟á𝑓𝑒𝑔𝑜 = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝐷𝑖á𝑟𝑖𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒 × 𝐷𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (20)

𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜:

𝐸𝑥𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 = 624,80 𝑘𝑚;

𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 = 0,09220𝑅$

𝑘𝑚, 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑡𝑎 𝑛𝑜 𝑖𝑡𝑒𝑚 5.2.1.1;

𝑁º 𝑃𝑟𝑎ç𝑎𝑠 = 9 𝑝𝑟𝑒ç𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑑á𝑔𝑖𝑜, 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑡𝑎 𝑛𝑜 𝑖𝑡𝑒𝑚 5.2.1.2;

𝐷𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝐷𝑖𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑎𝑛𝑜, 𝑒𝑥𝑐𝑒𝑡𝑜 2015 𝑞𝑢𝑒 é 𝑎 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜;

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝐷𝑖á𝑟𝑖𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑛𝑜 𝑖𝑡𝑒𝑚 5.2.1.3.

5.2.1.1 Tarifa

Como premissa, a ANTT fixou a Taxa Interna de Retorno do projeto sem

qualquer financiamento em 7,20% ao ano real (desconsiderando a inflação), portanto,

conhecendo os custos envolvidos, sejam eles de capital (Capex) ou de operação

(Opex), calculou-se a tarifa quilométrica da rodovia concessionada, chegando-se ao

valor de R$ 0,09220 por quilômetro.

5.2.1.2 Praças de Pedágio

Com o auxílio de uma rede georeferenciada, é feito um zoneamento da área de

influência da rodovia e um levantamento de possíveis rotas de fuga de pedágio.

Após o resultado da pesquisa origem-destino (explicada no item abaixo),

juntamente com o zoneamento em questão, são decididos quantos e onde serão os

postos de pedágio, visando reduzir o efeito de fugas. A rodovia em questão possui 9

praças de pedágio mostradas na figura 34.

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Figura 34 - Localização das Praças de Pedágio

Fonte: ANTT, 2013.

5.2.1.3 Volume de Tráfego

Para o cálculo do faturamento bruto, se faz preciso estimar o volume de tráfego

da região nos anos que a estrada será concessionada. A ANTT faz essa estimativa

das seguintes formas:

i. Contagens volumétricas – Feita em 22 postos de pesquisa por aparelhagem

mecanizada que, durante pelo menos sete dias consecutivos, registrava a

passagem e o peso de veículos através de tubos de borracha pneumáticos;

ii. Pesquisas Origem-Destino – Realizada em 11 postos principais, através de

entrevistas com tablets, com o intuito de saber não só os pontos de partida e

chegada, como motivo e frequência da viagem, tipo de veículo, características

da carga e renda do motorista;

iii. Pesquisas de Preferências Declaradas – Feita junto com a pesquisa acima, só

que com o objetivo de entender a preferência do motorista dentre opções de

pista (simples ou dupla), pavimentação (asfalto ou terra), estado de

conservação, tempo de viagem e custo.

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Com base na contagem, na matriz origem-destino e na série histórica do DNIT, é

feito o tratamento de dados para correção de falhas e a sazonalidade mensal do fluxo

de veículos, concluindo assim o Volume Diário Médio Anual da via para o ano base.

Figura 35 - Processo de alocação para o ano base, sem pedágio

Fonte: ANTT, 2013.

Posteriormente, após a definição da localização de cada praça de pedágio, os

resultados da pesquisa de preferência são analisados sensivelmente e calibrados no

modelo, de modo que o fluxo de tráfego seja alocado em um cenário com pedágios.

Figura 36 - Processo de alocação para o ano base, com pedágio

Fonte: ANTT, 2013.

Finalizado o volume do ano base, o mesmo é projetado para os anos futuros em

cima de variáveis socioeconômicas relevantes na zona de estudo, como a expectativa

do PIB das microrregiões localizadas na área de influência da estrada.

Por fim, definido o volume de tráfego e o tipo de cada veículo dentro do prazo de

concessão, um multiplicador de tarifa por tipo de veículo (tabela 11) é considerado

para o cálculo do Volume Diário Médio Anual Equivalente.

A ANTT estimou cenários de previsão de tráfego considerando a existência, ou

não, de rotas fugas e de uma ferrovia concorrente. Isso será detalhado no item 5.5.

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Tabela 11 - Multiplicadores de tarifa por tipo de veículo

Fonte: ANTT, 2013.

5.2.2 Custos e Despesas Operacionais - Opex

O Modelo Operacional tem como objetivo a compatibilização das

responsabilidades administrativas e operacionais da Concessionária com as

exigências do Poder Concedente, tudo isso direcionado à plena satisfação dos

Usuários. (ANTT, 2013)

As atividades referentes à operação do negócio são classificadas em subgrupos,

listadas na tabela 12. Os custos de cada serviço foram estipulados com base em

pesquisas de mercado (outras concessões) e de consultorias especializadas.

Tabela 12 – Resumo da Operação

Fonte: Autor, 2018.

Administração -486.726.953

Controle das Operações -65.349.300

Seviços Médicos -288.039.888

Serviços de Guincho -200.779.808

Inspeção de Tráfego -138.696.819

Pesagem de Caminhões -113.060.896

Atendimento a Incidentes -89.215.676

Arrecadação de Pedágios -647.415.592

Conservação da Rodovia -316.876.403

Conservação de Equipamentos e Sistemas -47.608.053

Monitoração da Rodovia -9.396.992

Total -2.403.166.380

Operação - Gasto previsto nos 30 anos da Concessão

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5.2.2.1 Administração

Para centralizar as atividades administrativas dos serviços de restauração,

operação, manutenção/conservação e ampliação da rodovia deverá ser construída

uma edificação que abrigue as diversas equipes da Concessionária (ANTT, 2013).

O edifício sede é denominado de Centro de Operações da Concessionária

(COC) e deverá abrigar equipes das diretorias, assessorias diversas, equipes

administrativas e a Unidade de Relações Institucionais (URI).

A Unidade de Relações Institucionais (URI) terá como responsabilidade a

comunicação externa da Concessionária com as entidades civis e governamentais,

assim como a ouvidoria da mesma para todas as reclamações e sugestões de

Usuários e de moradores vizinhos às faixas de domínio da rodovia (ANTT, 2013).

Gastos desse subgrupo, assim como seu cronograma, são listados abaixo:

i. Custos e Despesas: Gastos com Pessoal (Diretorias, Assessorias,

Consultorias, Equipe Administrativa e Equipe de Engenharia); Consumo e

manutenção de automóveis da empresa e de cargos de liderança; Materiais e

facilities do COC; Manutenção de equipamentos administrativos (telefones,

computadores, softwares, impressoras); Manutenção de equipamentos de

comunicação (PABX, website, desenvolvimento da marca).

ii. Cronograma: Início ao longo da fase de Trabalhos Iniciais, devendo estar em

plena operação a partir do sexto mês da concessão.

5.2.2.2 Controle das Operações

O Centro de Controle das Operações (CCO) é o centro nervoso do sistema

operacional a ser colocado em prática pela Concessionária e, através dele, serão

recebidas informações sobre situações na rodovia e serão tomadas providências

necessárias para a solução de possíveis problemas (ANTT, 2013).

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92

Com o auxílio de um banco de dados eficiente, o CCO vai acompanhar e

monitorar praticamente toda a operação relacionada a ações de tráfego, incluindo

serviços de manutenção/conservação e até de construção (ANTT, 2013).

Além disso, o CCO contará com postos da ANTT, órgão representativo do Poder

Concedente que fiscalizará a Concessão, dentro das diretrizes definidas em contrato.

Gastos desse subgrupo, assim como seu cronograma, são listados abaixo:

i. Custos e Despesas: Gastos com Pessoal (Equipe de Operações); Consumo e

manutenção de automóveis da empresa e de cargos de liderança; Materiais e

facilities do CCO e do posto da ANTT; Serviços terceirizados (limpeza e

segurança) no CCO; Manutenção de equipamentos administrativos (telefones,

computadores, softwares, impressoras).

ii. Cronograma: Início ao longo da fase de Trabalhos Iniciais, devendo estar em

plena operação a partir do sexto mês da concessão.

5.2.2.3 Serviços Médicos

O Serviço de Atendimento Médico de Emergência deverá promover o rápido

atendimento e subsequente remoção de Usuários envolvidos em acidentes ou que

apresentem mal súbito, quando em viagem. (ANTT, 2013).

Deverá existir também uma rede de apoio de hospitais cadastrados, passíveis de

serem utilizados em função de suas especialidades, conforme criterioso levantamento

que deverá ser efetuado pela Concessionária (ANTT, 2013).

Gastos desse subgrupo, assim como seu cronograma, são listados abaixo:

i. Custos e Despesas: Equipes médicas terceirizadas com 9 ambulâncias tipo

C, própria para locais de difícil acesso e atendimentos de urgência, e 4

ambulâncias tipo D, destinada a pacientes de alto risco.

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93

ii. Cronograma: Início ao longo da fase de Trabalhos Iniciais, devendo estar em

plena operação a partir do sexto mês da concessão.

5.2.2.4 Serviços de Guincho

O Serviço de Atendimento Mecânico representará outra importante atividade a

ser prestada pela Concessionária, uma vez que poderá proporcionar suporte aos

Usuários em casos de dificuldades, como acidentes ou panes (ANTT, 2013).

Vale realçar a Concessionária deverá elaborar uma rede de cadastro de oficinas

mecânicas, concessionárias de fábricas automotivas e pontos de venda de peças,

para atender no entorno da via, os diferentes tipos de veículos (ANTT, 2013).

Gastos desse subgrupo, assim como seu cronograma, são listados abaixo:

i. Custos e Despesas: Assim como as atividades médicas, os serviços de

atendimento mecânico são feitos por equipes terceirizadas especializadas

contando com 6 guinchos pesados e 13 guinchos leves.

ii. Cronograma: Início ao longo da fase de Trabalhos Iniciais, devendo estar em

plena operação a partir do sexto mês da concessão.

5.2.2.5 Inspeção de Tráfego

O sistema de inspeção de tráfego significará a presença de viaturas de ronda,

para a detecção e apoio em casos de anormalidades na pista, como acidentes,

danificações ao patrimônio e eventuais necessidades dos Usuários (ANTT, 2013).

Conforme descrito, o serviço consiste em preservação dos melhores padrões de

conforto, segurança e fluidez do tráfego, com monitoração constante e detecção de

problemas que comprometam pistas, faixas de domínio e áreas adjacentes, como

acidentes, quedas de cargas, objetos ou animais na pista, dentre outros.

Gastos desse subgrupo, assim como seu cronograma, são listados abaixo:

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i. Custos e Despesas: Gastos com Pessoal (Equipe de Segurança Viária e de

BSOs); Consumo e manutenção de automóveis da empresa e de cargos de

liderança; Materiais, uniformes e equipamentos de sinalização e segurança

para funcionários e viaturas, sendo 14 no caso estudado.

ii. Cronograma: A operação do serviço deverá ter início a partir do termino do 6°

mês da fase de Trabalhos Iniciais e se estender até o final da concessão.

5.2.2.6 Pesagem de Caminhões

A Concessionária deverá valer-se de uma eficiente pesagem e fiscalização de

veículos, garantindo não só a preservação do patrimônio público, como o aumento da

segurança de usuários e a redução de gastos com manutenção da pista (ANTT, 2013).

Nota-se que além de eventuais danos na estrutura, existem situações em que o

excesso de carga de caminhões é um gerador de acidentes, quando os sistemas de

freios não suportam os esforços adicionais a que ficam submetidos (ANTT, 2013).

Um serviço de pesagem inclui a fiscalização para que tais problemas não

ocorram. Esse pode ser feito via modalidade de pesagem fixa ou via um sistema de

pesagem dinâmico permanente. O presente trabalho conta com 4 postos de pesagem

fixos e nenhum de pesagem dinâmico.

Gastos desse subgrupo, assim como seu cronograma, são listados abaixo:

i. Custos e Despesas: Gastos com Pessoal (Equipe de Pesagem); Materiais e

facilities dos postos; Serviços terceirizados (limpeza e segurança) nos postos;

Manutenção de equipamentos necessários para realizar a pesagem.

ii. Cronograma: Os serviços relativos à operação dos novos postos de pesagem

fixos deverão se dar até o término do 2º ano da concessão. A conservação dos

elementos dos postos deverá ter início ao término de sua implantação e se

estender até o final da concessão.

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5.2.2.7 Atendimento a Incidentes

Geralmente, após a equipe de Inspeção de Tráfego detectar alguma

anormalidade na rodovia, como acidentes, quedas de carga, presença de animais, a

equipe de Atendimento a Incidentes é convocada e para resolvê-la o quanto antes.

Para a rodovia em questão são cotadas 13 BSOs – Bases Operacionais.

Gastos desse subgrupo, assim como seu cronograma, são listados abaixo:

i. Custos e Despesas: Gastos com Pessoal (Equipe de Incidentes e de BSOs);

Consumo e manutenção de caminhões (pipa e de apreensão de animais);

Materiais e facilities das BSOs; Serviços terceirizados (limpeza) nas BSOs;

Manutenção de totem de autoatendimento nas BSOs.

ii. Cronograma: Início ao longo da fase de Trabalhos Iniciais, devendo estar em

plena operação a partir do sexto mês da concessão.

5.2.2.8 Arrecadação de Pedágios

O Sistema de Arrecadação de Pedágio é a principal fonte de recursos

financeiros da Concessionária, representando um fator indispensável para sua

sobrevivência e seu desenvolvimento empresarial. (ANTT, 2013).

Por outro lado, as Praças de Pedágio serão os locais de maior interação entre a

Concessionária e os Usuários da estrada, sendo que sua imagem perante a sociedade

dependerá da forma e condição em que essa interação ocorrer. (ANTT, 2013).

O escopo do serviço inclui cobrança manual e automática, movimentação de

valores arrecadados (recolhimento, conferência, guarda e transporte), atendimento a

usuários e controle de fechamento e abertura de pistas. Em conformidade com o que

foi descrito, a presente concessão possui 9 praças de pedágio.

Gastos desse subgrupo, assim como seu cronograma, são listados abaixo:

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i. Custos e Despesas: Gastos com Pessoal (Equipe de Arrecadação); Consumo

e manutenção de automóveis da empresa e de cargos de liderança; Materiais e

facilities das praças; Serviços terceirizados (limpeza e segurança) nas praças;

Manutenção de equipamentos em cabines e em pistas; Gastos com

movimentação monetária (frete, ad valorem, seguros, taxas de custódia).

ii. Cronograma: Os serviços de implantação e instalação devem estar concluídos

até o 18º mês da concessão, enquanto que os serviços de operação devem se

iniciar a partir do 18º mês e se estender até o final do prazo da concessão.

5.2.2.9 Conservação e Monitoração da Rodovia;

Esses dois subgrupos são os que mais possuem correlação com o valor

patrimonial da rodovia e com os investimentos explicados no item 5.2.3.

O primeiro engloba serviços terceirizados de conservação, duas edificações

chamadas divisões regionais e uma equipe para detectar problemas ligados ao estado

de deterioração. Enquanto isso, o segundo diz respeito a serviços de ensaios e

checagens para confirmar o grau de seriedade do problema em questão.

Gastos desse subgrupo, assim como seu cronograma, são listados abaixo:

i. Custos e Despesas: Gastos com Pessoal (Equipe de Conservação e

Manutenção); Consumo e manutenção de automóveis da empresa e de cargos

de liderança; Materiais e facilities das Divisões Regionais; Serviços

terceirizados de obras e ensaios.

ii. Cronograma: Início ao longo da fase de Trabalhos Iniciais, devendo estar em

plena operação a partir do sexto mês da concessão.

5.2.2.10 Conservação de Equipamentos e Sistemas

Atividades desse subgrupo se referem a conservação de equipamentos ligados

tanto ao sistema de monitoração de tráfego como de comunicação com os Usuários.

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O primeiro possibilita o controle à distância do trânsito e do clima, permitindo a

observação e a punição de transgressões, quando da circulação. Já o segundo

possibilita uma comunicação interna da Concessionária ou externa com os Usuários e

com outras entidades intervenientes na rodovia, como é o caso da PRF.

Gastos desse subgrupo, assim como seu cronograma, são listados abaixo:

i. Custos e Despesas: Manutenção de equipamentos de tráfego, como:

Sensoriamento de Tráfego, Painéis de Mensagens Variáveis, Estações

Meteorológicas, Circuito Fechado de TV, Detectores de Altura, Radares de

Velocidade, Rede de Fibra Óptica, Call Boxes, Radiocomunicação, Telefones.

ii. Cronograma: Início ao longo da fase de Trabalhos Iniciais, devendo estar em

plena operação a partir do sexto mês da concessão.

5.2.2.11 Outras Verbas e Recursos

Além dos principais custos e despesas operacionais, outros gastos envolvidos

em uma concessão rodoviária são mostrados na tabela 13:

Tabela 13 - Resumo das Outras Verbas

Fonte: Autor, 2018.

A ANTT definiu premissas para cada um desses custos citados. À soma das

duas verbas mostradas foi destinado 1,5% do faturamento bruto da concessão, sendo

R$155 por mês por quilômetro de extensão para a segurança feita pela policia

rodoviária federal. Além disso, foi adotado que 0,25% da receita seria alocado em

desenvolvimento tecnológico. Os dois últimos são estipulados em contrato.

Verba de Fiscalização -186.150.535

Verba de Segurança no Trânsito -34.864.091

Recursos para Desenvolvimento Tecnológico -30.942.048

Emolumentos para a BM&F, Bovespa, EBP -3.700.000

Ressarcimento de Estudos Ambientais -8.700.000

Total -264.356.674

Outras Verbas - Gasto previsto nos 30 anos da Concessão

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5.2.2.12 Seguros e Garantias

Complementando a operação da concessão rodoviária, as despesas relativas ao

tratamento do risco do empreendimento, pela contratação dos seguros necessários,

são resumidas na tabela 14. As premissas utilizadas se encontram na tabela 15.

Tabela 14 - Resumo dos Seguros e Garantias

Fonte: Autor, 2018.

Tabela 15 – Seguros e Garantias

Fonte: ANTT, 2013.

5.2.3 Investimentos - Capex

Conforme já explicitado, as atividades de investimento são as que mais

consomem o caixa da operação. Essas também foram divididas em subgrupos e seus

valores foram estimados com base em um levantamento intenso de todos os defeitos

e seus níveis de seriedade na rodovia feito pela ANTT.

Após isso, quantifica-se a necessidade de materiais e serviços para reparar tais

problemas, e, portanto, seu valor total é precificado por meio de cotações de custos

Risco de Engenharia -21.565.090

Risco Operacional -196.220.265

Responsabilidade Civil -13.500.000

Garantia de Execução -50.583.750

Risco Perda de Receita -2.444.700

Total -284.313.806

Seguros e Garantias - Gasto previsto nos 30 anos da Concessão

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unitários com fornecedores locais, com empresas de consultoria ou com o Sistema de

Custos Referenciais de Obra (SICRO2) de maio de 2012, elaborado pelo DNIT.

Por fim, complementa-se o custo com a determinação da Distância de

Transporte Média (DTM) das principais matérias primas. Para isso foram localizados

os fornecedores e sua distância em relação à rodovia. Foi então calculada a média

ponderada entre os trechos das rodovias a serem abastecidas considerando os locais

de fornecimento dos diversos materiais.

A tabela 16 mostra um resumo dos investimentos.

Tabela 16 - Resumo dos Investimentos

Fonte: Autor, 2018.

5.2.3.1 Trabalhos Iniciais

Os Trabalhos Iniciais compreendem obras e serviços que a Concessionária

deverá executar até o 12º mês do prazo da concessão. (ANTT, 2013)

São atividades que visam minimizar ou resolver problemas emergenciais, por

exemplo: Limpeza de pistas e acostamentos; Restauração preliminar de pavimentos,

dispositivos de sinalização, instalações elétricas, vias marginais, acessos, trevos,

entroncamentos e retornos; Tratamento de faixas de domínios e canteiros centrais,

terraplenos e estruturas de contenção, sistemas de drenagem e obras de arte

correntes; Restauração emergencial das obras de arte especiais; Complementação

dos dispositivos de proteção e segurança.

Trabalhos Iniciais -61.095.244

Recuperação da Rodovia -308.270.946

Manutenção da Rodovia -1.171.009.136

Duplicação -1.544.342.743

Demais Obras de Ampliação e Melhorias -567.958.865

Gestão Ambiental -52.507.788

Sistemas de Operação -603.692.619

Desapropriações e Indenizações -4.140.750

Total -4.313.018.090

Investimentos - Gasto previsto nos 30 anos da Concessão

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100

Cabe comentar que a cobrança da tarifa de pedágio somente poderá ter início,

em todas as praças de pedágio, após a conclusão dessa etapa e da duplicação de

10% da extensão prevista, condicionada à aceitação dos trabalhos e autorização de

início de cobrança pela ANTT, ressalvado o disposto no Contrato de Concessão.

5.2.3.2 Recuperação da Rodovia

São definidos como trabalhos de Recuperação as obras e serviços que têm por

objetivo o restabelecimento das características originais da rodovia. Esses deverão ser

iniciados imediatamente após a conclusão dos Trabalhos Iniciais, estendendo-se até o

final do 5º ano do prazo da Concessão. (ANTT, 2013).

Os serviços envolvidos nesse subgrupo são similares aos listados nos Trabalhos

Iniciais, com a diferença de que não possuem um caráter tão emergencial, como:

Reparos localizados, reforços estruturais e eventuais reconstruções em pavimentos;

Recuperação de acostamentos; Reparos e Execuções de armaduras, canaletas e

proteções em obras de arte especiais; Alargamento de pontes, viadutos e passagens;

Limpeza, desobstrução e intervenção em sarjetas, canaletas, descidas d’água e

bueiros; Expansão e aumento da eficiência do sistema de drenagem; Implantação e

refazimento de sinalizações e barreiras de segurança; Reabilitação de taludes,

encostas e passivos ambientais não emergenciais; Complementação ao tratamento

feito nos trabalhos iniciais.

5.2.3.3 Manutenção da Rodovia

Os serviços de Manutenção compreendem o conjunto de operações rotineiras,

com o objetivo de preservar as características técnicas, físicas e operacionais da

rodovia e das instalações da Concessionária. Inicia-se a partir da data de assunção do

Sistema Rodoviário e estende-se até o final do prazo da Concessão. (ANTT, 2013).

São exemplos de operações de manutenção: Reparo de panelas (tapa-buracos)

e de depressões; Remendos profundos; Substituição de pano de rolamento; Selagem

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de trincas; Poda, roçada e capina; Recomposição de cobertura vegetal; Manutenção

de aceiros, árvores e arbustos; Corte e remoção de árvores; Limpeza das pistas e

acostamentos; Remoção de lixo e entulho; Limpeza e desobstrução dos dispositivos

de drenagem; Pequenos reparos em barreiras, no sistema de drenagem e nas OAEs;

Pintura e limpeza da superfície de barreiras e OAEs; Limpeza e eventual substituição

nas juntas de dilatação e junto aos aparelhos de apoio; Pequenas recomposições em

taludes de encontro; Limpeza e substituição de lâmpadas, luminárias, postes e

reatores; Reparos ou substituição de materiais nas instalações hidrossanitárias;

Limpeza e desobstrução das redes de esgoto e águas pluviais.

5.2.3.4 Duplicação e Demais Obras de Ampliação e Melhorias

Segundo a ANTT (2013), as ampliações são as intervenções necessárias para

aumento da capacidade de trechos das rodovias, compreendendo a duplicação de

trechos em pista simples ou a adição de uma faixa por sentido em pistas já duplicadas.

Essas podem possuir caráter obrigatório, como duplicações de trechos de pista

simples, cuja execução é uma forma de estabelecer padrões de circulação adequados,

ou vinculadas ao volume de tráfego, como aquelas executadas para garantir que as

condições de operação de um segmento de rodovia não estejam abaixo de um nível

de serviço mínimo desejado. Importante notar que a obrigatoriedade das duplicações

impacta até mesmo na cobrança da tarifa de pedágio, visto que 10% daquelas

precisam estar concluídas para o início desta.

Além disso, a mesma agência define melhorias como todas as obras realizadas

em pontos específicos da rodovia como complemento das obras de ampliação.

Essas podem ocorrer em casos de passarelas de pedestres sobre a rodovia,

contornos na proximidade de áreas urbanas para segregação do tráfego, vias

marginais à rodovia nas áreas de maior adensamento urbano, vias de acesso para

entrada e saída da rodovia, interconexões em desnível, obras de pontes e viadutos.

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Nesse estudo, foi considerada a duplicação total da rodovia a partir da data de

assunção do Sistema Rodoviário devendo as obras ser obrigatoriamente, concluídas

até o final do 60º (sexagésimo) mês da concessão. Enquanto isso, as melhorias

ocorrem ao longo de todo o prazo de concessão.

5.2.3.5 Gestão Ambiental e Desapropriações e Indenizações

Através de um estudo ambiental intenso da ANTT, foi feita a caracterização

socioambiental dos componentes do meio físico, biótico e antrópico (clima, relevo,

geologia, vegetação, dentre outros) no espaço ao redor da concessão, assim como a

definição dos principais impactos ambientais e sociais decorrentes da operação

rodoviária e das obras de ampliação de capacidade. Essas etapas são fundamentais

para nortear um sistema de gestão ambiental e social eficiente, que teve como fase

posterior, o levantamento e a classificação dos passivos ambientais envolvidos.

Consideram-se Passivos Ambientais, todas as situações de alteração das

condições ambientais naturais da região resultantes da implantação do sistema viário

atual e das demais obras de infraestrutura existentes e/ou de ações de terceiros não

diretamente vinculados à implantação dessa infraestrutura (ANTT, 2013).

Os mesmos foram divididos por funcionalidade considerando o tipo, a causa

(rodovia, terceiros ou causas naturais), a descrição, a quantificação, o nível de risco

(emergencial ou não), a dinâmica atual (estável ou ativo), as diretrizes para solução

(monitoração, estabilização, manutenção, recomposição e desocupação da pista) e a

necessidade de intervenção fora da faixa de domínio.

Os passivos foram classificados em 7 tipos, como: Erosão na Faixa de Domínio,

Deposição de Lixo/Entulho, Deposição de resíduos potencialmente tóxicos ou sinais

de contaminação, Área de Apoio não recuperada na Faixa de Domínio, Alagamento à

montante induzido por dispositivo de drenagem insuficiente, Vegetação oferecendo

risco e Ocupação Irregular na Faixa de Domínio.

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Enquanto os investimentos em Gestão Ambiental são relacionados aos 6

primeiros tipos e fazem parte de todo o tempo de vida da concessão, gastos com

Desapropriações e Indenizações se referem ao último tipo, incluindo ocupações de

cultivo agrícola, barracas, residências e comércios, e devem ser iniciadas junto com o

funcionamento da concessão e concluídas em um prazo de 5 anos.

5.2.3.6 Sistemas de Operação

Esses são os investimentos necessários para garantir todas as atividades

operacionais descritas no item 5.2.2. Portanto, estão presentes ao longo de todo o

tempo de vida da concessão.

Se por um lado, a operação envolve gastos com pessoal, com conservação de

veículos, equipamentos e sistemas, com materiais e facilities e com equipes

terceirizadas, aqui se encontram investimentos ligados à implantação, instalação e

reposição de edificações, veículos, equipamentos e sistemas.

Exemplos são: construção do COC, dos postos de fiscalização e das bases

operacionais; Compra e reposição de automóveis; Implantação de softwares (base de

dados, backup, antivírus e gestão ambiental) de hardwares (computadores, notebooks,

impressoras, telefones) e de outros equipamentos de tráfego (Sensoriamento de

Tráfego, Painéis de Mensagens Variáveis, Estações Meteorológicas, Circuito Fechado

de TV, Detectores de Altura, Radares de Velocidade).

Cabe adicionar que para a reposição desses ativos, foram adotadas as

seguintes premissas:

i. 5 anos para a reposição de equipamentos e sistemas;

ii. 6 anos para a reposição de veículos especiais;

iii. 10 anos para a reposição de veículos de pessoas.

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104

5.2.4 Despesa Financeira - Financiamento

Para estimar um fluxo de caixa financiado com capital de terceiros, a ANTT

definiu como premissa um financiamento comum obtido no BNDES na época. Isso é

apresentado na tabela 17.

Tabela 17 - Premissas de Financiamento

Fonte: ANTT, 2013.

5.2.5 Depreciação e Amortização

A depreciação contábil dos ativos da concessão foi estimada pela ANTT de

forma linear ao longo dos períodos de depreciação (tabela 18), conforme

regulamentação da Receita Federal. Contudo, vale a ressalva de que em situações em

que o prazo de depreciação excederia o prazo da concessão, o ativo foi depreciado

linearmente e integralmente no período remanescente da concessão.

Tabela 18 - Prazos de Depreciação

Fonte: ANTT, 2013.

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Nota-se que a depreciação, que normalmente possui valor nominal constante, foi

deflacionada para ficar coerente com o modelo que está em valores reais, descrito no

item 5.2. A taxa de deflação foi a inflação meta do governo na época de 4,5% ao ano.

5.2.6 Tributação

Os tributos que incidentes em uma concessão rodoviária são o ISS, PIS/Pasep e

COFINS sobre o faturamento, e o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o

lucro tributável. Por ter faturamento superior a R$ 48 milhões por ano, o regime é de

Lucro Real e as alíquotas apresentadas na tabela 19.

Tabela 19 - Resumo dos Tributos

Fonte: ANTT, 2013.

Assim como a depreciação, os créditos de IR e CSLL também foram

deflacionados para ficarem coerentes com o modelo sem inflação. A taxa de deflação

foi a mesma descrita no item acima.

5.3 Cálculo da Taxa de Desconto

O cálculo da taxa de desconto para o caso apresentado seguiu a metodologia

apresentada no item 4.3 do presente trabalho.

Inicialmente foi definida a estrutura de capital do projeto, que é a razão entre o

capital de terceiros (dívidas) e próprio (aportes). Somando os anos da concessão,

obtêm-se:

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106

𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎𝑠 = 𝐷 = 𝑅$ 1.937.603.711

𝐴𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒𝑠 = 𝐸 = 𝑅$ 2.375.414.379

𝐷

𝐸= 81,57% ;

𝐸

𝐸 + 𝐷= 55,08% ;

𝐷

𝐸 + 𝐷= 44,92%

Depois, o beta desalavancado foi estimado de uma forma diferente da usual, já

que o projeto se trata de uma concessão em fase de estudo. Para tal, foram utilizadas

empresas comparáveis como base, ou seja, concessionárias de rodovias. Por meio do

software Thomson Reuters Eikon, que contempla uma base de dados financeiros

sobre diversos mercados, chega-se ao resultado de 0,64, mostrado na tabela 20.

Tabela 20 - Beta Desalavancado

Fonte: Autor, 2018.

Dessa forma, o beta do projeto foi calculado utilizando uma taxa de imposto (T)

de 34%, ou seja, a soma das alíquotas do Imposto de Renda (25%) e da Contribuição

Social sobre o Lucro Líquido (9%) praticados no Brasil.

𝛽𝑃𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 = 𝛽𝑀 𝐷𝑒𝑠𝑎𝑙𝑎𝑣𝑎𝑛𝑐𝑎𝑑𝑜 × (1 + (𝐷

𝐸𝑃𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜× (1 − 𝑇))

𝛽𝑃𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 = 0,64 × (1 + (81,57% × (1 − 0,34)) = 0,98

(21)

Importante notar que a taxa de imposto só foi considerada no cálculo do Beta e

não no do WACC, visto que o fluxo de caixa a ser descontado já considera os

benefícios fiscais da dívida.

Empresa Ticker Beta alavancado D/E Tax Rate Beta desalavancado

Atlantia S.p.A. (BIT:ATL) 0,70 83% 31% 0,45

Abertis Infraestructuras S.A. (BME:ABE) 0,90 116% 26% 0,49

Ferrovial S.A. (BME:FER) 1,00 61% 16% 0,66

EcoRodovias Infraestrutura e Logística S.A. (BOVESPA:ECOR3) 1,30 78% 44% 0,91

Groupe Eurotunnel SE (ENXTPA:GET) 0,90 92% 11% 0,49

CCR S.A. (BOVESPA:CCRO3) 1,10 45% 32% 0,84

Média 0,98 79% 27% 0,64

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107

Com o beta já estimado, deve-se então calcular o custo do equity. Cada uma das

variáveis descritas no item 4.3.2 são comentadas abaixo. Os valores encontrados

foram obtidos com base no ano em que a concessão foi estudada, ou seja, 2013.

A Taxa Livre de Risco é calculada a partir da média dos últimos 6 meses do yield

de um bond do governo americano de 10 anos em US$, ou seja, a média dos

rendimentos de um título do governo americano de 10 anos.

O Prêmio de Risco do Mercado é o valor esperado do retorno anual do S&P 500

com base nos últimos 50 anos, subtraindo a Taxa Livre de Risco.

O Prêmio de Risco País é obtido através da Média dos últimos 6 meses do

índice Emerging Markets Bonds (EMBI+) calculado pelo J.P. Morgan. O EMBI+ é um

índice baseado nos bônus (títulos de dívida) emitidos pelos países emergentes.

Além disso, o processo de desconto deve considerar o risco pelo tamanho do

projeto e da empresa por trás. Empresas de capital fechado, que é a maioria dos

casos nesse setor, muitas vezes não apresentam demonstrações financeiras e

controles internos auditados e não possuem a mesma liquidez que empresas listadas

em bolsa. Portanto, adotou-se um Prêmio de Risco por Tamanho de 2%.

𝐾𝑒𝑈𝑆$ = 𝑅𝑓 + 𝛽𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 × (𝐸(𝑅𝑚) − 𝑅𝑓) + 𝑅𝐵𝑅 + 𝑅𝑒

𝐾𝑒𝑈𝑆$ = 3,03% + 0,98 × 4,98% + 2,31% + 2% = 12,24%

(22)

Por fim, deve-se converter valor obtido para o caso brasileiro, ou seja, ajustar a

moeda de acordo com as inflações do Brasil e dos Estados Unidos. Considerando as

inflações na época de 4,5% e 1,5% respectivamente, obtêm-se:

𝐾𝑒𝑅$ = [(1 + 𝐾𝑒𝑈𝑆$) ×1 + 𝐼𝐵𝑅

1 + 𝐼𝑈𝑆] − 1

𝐾𝑒𝑅$ = [(1 + 12,24%) ×1 + 4,5%

1 + 1,5%] − 1 = 15,56%

(23)

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108

Como mostrado no ítem 5.2.4, a premissa adotada para o custo da dívida foi de

7,0%. Então, com o custo do equity calculado, chega-se ao WACC da seguinte forma:

𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝐾𝑒 ×𝐸

𝐸 + 𝐷+ 𝐾𝑑 ×

𝐷

𝐸 + 𝐷

𝑊𝐴𝐶𝐶𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 = 15,56% × 55,08% + 7,00% × 44,92% = 11,71%

(24)

Como o trabalho apresenta um fluxo de caixa real, ou seja, não leva em

consideração o efeito da inflação, a taxa de desconto também deve seguir a mesma

lógica:

𝑊𝐴𝐶𝐶𝑅𝑒𝑎𝑙 =1 + 𝑊𝐴𝐶𝐶𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙

1 + 𝐼𝐵𝑅− 1

𝑊𝐴𝐶𝐶𝑅𝑒𝑎𝑙 =1 + 11,71%

1 + 4,5%− 1 = 6,90%

(25)

5.4 Principais Outputs

Utilizando como base o cálculo da taxa de desconto e as premissas definidas

pela ANTT, inicialmente foi feito um modelo de projeto sem financiamento, para se

atingir o valor de premissa da Taxa Interna de Retorno real de 7,20%. Posteriormente,

fez-se a modelagem financeira do projeto com o devido financiamento incluído, o que

melhora seu resultado. A tabela 21 resume os principais outputs desse caso.

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Tabela 21 - Principais Outputs do Projeto com Financiamento

Fonte: Autor, 2018.

Portanto, o cenário base com as premissas adotadas pela ANTT, demonstra

que:

i. Com um VPL maior que zero e com uma TIR maior que o WACC, os critérios

de avaliação mostram que o projeto gera valor e deve ser executado;

ii. O ano de 2020 é quando o projeto para de consumir e começa a gerar caixa;

iii. A TIR real foi de 18,64%, se considerada uma inflação de 4,50%, o retorno

nominal seria então de 23,98%;

iv. A exposição máxima ocorreu no ano de 2014, é o momento em que o fluxo de

caixa livre acumulado apresenta seu valor mais crítico;

v. A menor tarifa possível para a aceitação do projeto seria de R$ 0,0712 por

quilômetro, ou seja, 23% menor do que a considerada de R$ 0,0922.

Definido e estudado esse cenário da ANTT, foram feitas alterações no modelo,

em dados como tarifa de pedágio, previsão de tráfego e tipo de asfalto utilizado, a fim

de se analisar como o resultado do projeto seria impactado.

TIR Real 18,64%

Taxa de Desconto (WACC) 6,90%

VPL 737.533.681

Payback 2020

Exposição Máxima -289.210.712

Tarifa mínima para VPL zero R$ 0,07116

Total Receita 14.734.308.412

Total Operação -2.403.166.380

Total Outras Verbas -264.356.674

Total Seguros e Garantias -284.313.806

Total Capex -4.313.018.090

Total Financiado 1.937.603.711

Total Equity p/ CAPEX 2.375.414.379

Principais Outputs

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110

5.5 Análise de Sensibilidade

5.5.1 Tarifa de Pedágio

A análise da tarifa contratada se fez precisa, pois a licitante vencedora

apresentou um deságio muito superior a suas concorrentes, despertando então uma

dúvida se ela conseguiria entregar tudo aquilo que foi acordado.

Utilizando a tarifa estipulada pela ANTT como referência, a tabela 22 mostra

como que ficaria o resultado do projeto se fossem adotadas as tarifas de cada uma

das empresas concorrentes no leilão citadas no item 5.1.

Tabela 22 - Análise da Tarifa Contratada

Fonte: Autor, 2018.

Com isso, conclui-se que mantidas as outras variáveis iguais ao cenário base,

como tráfego, custos e investimentos, um projeto com a tarifa escolhida pela Galvão

Engenharia, com deságio de 46% em relação à proposta da ANTT, seria reprovado

nos três critérios citados. Este cenário chama a atenção por apresentar um resultado

muito ruim, inferior ao mínimo aceitável, diferente de suas concorrentes.

No entanto, deve-se notar que entrar no leilão com deságio tão elevado foi parte

da estratégia da companhia, que provavelmente observou potenciais ganhos se

comparados ao cenário da ANTT. Exemplos desses ganhos podem ser:

Cenários ANTT - Base Trinfo Participações Consórcio Norte Sul Galvão Engenharia

Tarifa por km R$ 0,09220 R$ 0,09129 R$ 0,07239 R$ 0,04979

Deságio da Tarifa 0,00% 0,99% 21,49% 45,99%

Total Receita R$ 14.734.308.412 R$ 14.581.766.111 R$ 11.562.866.127 R$ 7.952.964.560

TIR Real 18,64% 18,08% 7,57% -6,60%

Taxa de Desconto (WACC) 6,90% 6,90% 6,90% 6,90%

VPL R$ 737.533.681 R$ 704.235.714 R$ 43.677.132 -R$ 831.467.343

Payback 2020 2021 2033 N/A

Exposição Máxima -R$ 289.210.712 -R$ 290.713.213 -R$ 458.033.288 -R$ 1.359.981.391

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i. Despesas operacionais menores que o previsto, reduzindo gastos com pessoal

ou com equipamentos e serviços;

ii. Equipes de engenharia com altíssima eficiência em obras, otimizando as obras

previstas pela ANTT, reduzindo gastos com investimento;

iii. Fluxo de tráfego maior que o previsto pela ANTT - esse caso será abordado

no item 5.5.2;

iv. Uso de novas tecnologias no pavimento, visando melhorar seu desempenho

e/ou baixar seu custo – esse caso será abordado no item 5.5.3.

Além de analisar as tarifas de pedágio e seus impactos, surge com esse estudo

um questionamento quanto à forma como a ANTT define seus leilões. Apenas o

critério de menor tarifa pode não ser suficiente, e além de existir o teto proposto pela

ANTT, seja necessário adicionar outras soluções, como um valor piso que garantisse

maior segurança para o compromisso da concessão ou uma fiscalização intensiva de

como a licitante vencedora poderá arcar com suas obrigações

5.5.2 Tráfego

A segunda análise presente nesse trabalho é referente ao volume de tráfego

estimado para o trecho citado da rodovia BR-153. Ao calcular esse volume, a ANTT

faz 4 possíveis cenários envolvendo a presença ou não de fugas, quando motoristas

desviam sua rota para não precisar pagar tarifas, e da construção de uma ferrovia

próxima, que funcionaria como uma concorrente.

O cenário base da ANTT foi confeccionado com a adoção do caso mais

conservador, ou seja, com a presença de fugas e com a presença de uma ferrovia em

funcionamento a partir do ano de 2019. A tabela 23 faz uma comparação percentual

do fluxo de tráfego, tomando como referência essa situação escolhida.

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Tabela 23 - Cenários de Tráfego

Fonte: Autor, 2018.

Considerando os Programas de Aceleração do Crescimento e de Investimento

em Logística, a ferrovia se tornaria concorrente principalmente de veículos pesados,

não afetando motoristas de carros e motos. Sua presença tem um impacto em cerca

de 9% na movimentação de trafego, enquanto que as rotas de fugas, como são mais

óbvias e afetam todos os tipos de motoristas, impactam em quase que 30% no fluxo

de veículos. A tabela 24 mostra os principais outputs de cada caso.

Tabela 24 – Análise do Tráfego

Fonte: Autor, 2018.

Cabe comentar que os resultados não consideram o aumento dos investimentos

necessários com manutenção devido ao aumento do fluxo de tráfego, ou seja, só a

receita está sendo impactada e o resto permanece constante igual ao cenário base.

Em nível com o aumento do fluxo de tráfego, os cenários só com fuga, só com

ferrovia, e sem ambos apresentam um aumento de 8%, 27% e 39% na receita bruta,

melhorando a TIR do negócio em 2, 15 e 17 pontos percentuais, respectivamente.

Comparação Percentual 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

Com Fuga e com Ferrovia - Base 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

Só com Fuga 0% 0% 0% 0% 0% 0% 9% 9% 9% 9% 9%

Só com Ferrovia 28% 28% 28% 28% 28% 28% 27% 27% 27% 27% 27%

Sem Fuga e sem Ferrovia 28% 28% 28% 28% 28% 28% 40% 40% 40% 40% 40%

Comparação Percentual 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034

Com Fuga e com Ferrovia - Base 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

Só com Fuga 9% 9% 9% 9% 9% 9% 9% 9% 9% 9% 9%

Só com Ferrovia 27% 27% 27% 27% 27% 27% 27% 27% 27% 27% 27%

Sem Fuga e sem Ferrovia 40% 40% 40% 40% 40% 40% 40% 40% 40% 40% 40%

Comparação Percentual 2035 2036 2037 2038 2039 2040 2041 2042 2043 2044 2045

Com Fuga e com Ferrovia - Base 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

Só com Fuga 9% 9% 9% 9% 9% 9% 9% 9% 9% 9% 9%

Só com Ferrovia 27% 27% 27% 27% 27% 27% 27% 27% 27% 27% 27%

Sem Fuga e sem Ferrovia 40% 40% 40% 40% 40% 40% 40% 40% 40% 40% 40%

Principais Outputs Com Fuga e com Ferrovia - Base Só com Fuga Só com Ferrovia Sem Fuga e Sem Ferrovia

Total Receita R$ 14.734.308.412 R$ 15.968.962.290 R$ 18.701.530.585 R$ 20.429.180.576

Comparação Receita 0,00% 8,38% 26,93% 38,65%

TIR Real 18,64% 20,91% 33,49% 35,37%

Taxa de Desconto (WACC) 6,90% 6,90% 6,90% 6,90%

VPL R$ 737.533.681 R$ 960.850.440 R$ 1.598.053.878 R$ 1.910.787.848

Payback 2020 2020 2018 2018

Exposição Máxima -R$ 289.210.712 -R$ 291.321.970 -R$ 259.124.451 -R$ 261.847.314

Tarifa Mínima (VPL = 0) R$ 0,07116 R$ 0,06664 R$ 0,05599 R$ 0,05210

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113

Adotar o caso conservador, como a ANTT fez, é de fato o mais seguro. Contudo,

entendendo algumas características do país como a preferência pelo modal rodoviário,

a falta de incentivo para outros tipos de transporte e os problemas de atrasos comum

em obras, adotar o cenário só com fugas não seria visto como algo arriscado, pelo

contrário, esse é talvez o cenário que mais se aproxima da realidade.

Nos quatro cenários percebe-se que a tarifa da Galvão Engenharia se encontra

abaixo das menores tarifas aceitáveis financeiramente, ou seja, das tarifas que

correspondem a um VPL zero. Conforme já apontado, a empresa pode ter visto

chances de ganhos de outras formas sem ser apenas com o volume de tráfego

previsto, como, por exemplo, em atividades ligadas à sua operação.

5.5.3 Asfalto Borracha

Após analisados dois dados que contribuem para o enriquecimento do negócio,

complementa-se o presente estudo com uma análise de sensibilidade da escolha do

tipo de asfalto no pavimento, já que este é o responsável pela maior parte dos

investimentos do projeto, sendo assim o principal gasto de uma concessionária.

O cenário base desenhado pela ANTT faz uso do Cimento Asfáltico de Petróleo,

CAP 50/70 na produção do revestimento da estrutura. Essa é a escolha mais praticada

no mercado, recomendada inclusive pelo DNIT, haja vista que possui custo de

execução mais baixo e desempenho satisfatório se conservado de forma eficiente.

Entretanto, uma substituição desse material pelo asfalto borracha é a proposta

desse estudo. Uma análise financeira se faz essencial para comprovar sua viabilidade

e incentivar cada vez mais pesquisas e investimentos ligados ao mesmo.

Por ser um material de melhor qualidade, o também chamado asfalto ecológico

possui um alto custo de execução, que pode ser compensado de duas formas: com a

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114

baixa necessidade de manutenção ao longo da vida útil, ou com a redução da

espessura do pavimento, já que possui melhores propriedades ligantes.

Diante disso, a análise comparou os custos de execução e de conservação dos

dois tipos de asfalto. Ela foi dividida em 4 cenários, sendo um o convencional feito pela

ANTT, e outros com asfalto borracha embasados em pesquisas brasileiras e norte

americanas, local onde o tipo de asfalto possui um tempo de estudo maior.

5.5.3.1 Cenários Brasileiros

Para determinar o custo de obra do asfalto borracha no Brasil, recorreu-se ao

acervo de pesquisas da Greca Asfaltos, uma das principais fornecedoras do material.

Uma série de análises acerca do tema foi feita pela companhia em parceria com

a UFRGS, visando definir seu desempenho como retardador da reflexão de trincas e

sua viabilidade econômico-financeira. Destaca-se o estudo realizado em 2009, que

comparou obras de restauração em duas vias de 30 quilômetros com revestimentos

distintos, uma com 5 cm centímetros de CBUQ com CAP 50/70, e outra com 3,5

centímetros com asfalto borracha Ecoflex, uma redução de 30% na espessura.

Considerando que a produção de uma usina de asfalto seja de 9.000 toneladas

por mês, tem-se 3 meses para aplicar o CBUQ com asfalto convencional e

aproximadamente 2 meses para o asfalto borracha (com essa redução de 30%),

economizando um mês de custos fixos com instalações industriais e mão-de-obra

necessária para a aplicação do revestimento (GRECA ASFALTOS, 2009).

Premissas adotadas no estudo:

i. Os preços sem frete do CAP-50/70 e do asfalto borracha são de

R$1.150,00/tonelada e R$1.550,00/tonelada, respectivamente;

ii. O teor de ligante da mistura asfáltica com CAP-50/70 e da mistura com Asfalto

Borracha são de 5,0% e 5,5%, respectivamente;

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115

iii. Os preços que remuneram os insumos do CBUQ e sua aplicação na pista são

de R$200,00/ton com o CAP 50/70 e de R$230,00/ton com o asfalto borracha.

O preço de execução do asfalto borracha é 15% mais caro que o do CBUQ

convencional. Essa majoração se dá pelos custos para elevar as temperaturas de

usinagem da mistura e para aumentar a eficiência na compactação do revestimento.

Configuraram-se dois cenários com uso do asfalto borracha no Brasil, um com a

redução da espessura do pavimento e outro não. A tabela 25 descreve os custos de

execução dos revestimentos de CBUQ com cada tipo de asfalto.

Isso foi feito, pois existe uma divergência no mercado. Fornecedores

argumentam que o uso do asfalto borracha com a redução da espessura, barateia o

custo de execução sem alterar o desempenho técnico do pavimento, enquanto

pesquisadores alegam que essa redução, não só traz os benefícios citados, como

pode continuar trazendo melhoras no desempenho técnico, já que o material tem

qualidade muito superior.

Tabela 25 – Comparação Custos de Execução no Brasil

Fonte: Adaptado de Greca, 2009.

Complementar à execução, o custo de manutenção foi definido por Sanches et

al. (2012), em visita a Rua Ângelo Domingos Durigan, em Curitiba. Foram estudados

Grandezas Unidade

Asfalto

Convencional -

Base

Asfalto Borracha no

Brasil - espessura

mantida

Asfalto Borracha no

Brasil - espessura

reduzida

Extensão m 30.000,00 30.000,00 30.000,00

Largura m 7,00 7,00 7,00

Espessura m 0,05 0,05 0,035

Peso Específico ton/m 2,50 2,50 2,50

Quantidade de massa asfáltica de CBUQ ton 26.250,00 26.250,00 18.375,00

Custo de Usinagem/Aplicação por tonelada de CBUQ aplicado R$/ton 200,00 230,00 230,00

Quantidade de massa x Custo de Usinagem/Aplicação R$ 5.250.000,00 6.037.500,00 4.226.250,00

Teor de Asfalto % peso 5,00% 5,50% 5,50%

Custo do Asfalto por Tonelada R$/ton 1.150,00 1.550,00 1.550,00

Custo Asfalto no CBUQ R$ 1.509.375,00 2.237.812,50 1.566.468,75

Custo Total da Obra R$ 6.759.375,00 8.275.312,50 5.792.718,75

Comparação do Custo de Execução % 0,00% 22,43% -14,30%

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116

400 metros de via, metade para cada tipo de asfalto. Destaca-se que foram usados os

mesmos materiais (CAP 50/70 e Ecoflex) que a pesquisa da Greca cita.

Ambas as vias foram executadas no ano de 2005, e após 7 anos, na data

corrente do estudo, foram analisados os custos da rua. Para estes valores foram

utilizadas as tabelas da Prefeitura Municipal de Curitiba, o órgão responsável pela

execução da obra em 2005 e por sua manutenção (SANCHES et. al., 2012).

O estudo definiu como premissa que o custo unitário de manutenção é igual para

os dois tipos de asfaltos, já que esta se dava da mesma forma para ambas. Esse valor

foi de R$ 67,30 por metro quadrado, retirado da Prefeitura de Curitiba. Assim, a

diferença entre os gastos com conservação em cada caso se encontra no volume de

serviço, ou seja, na quantidade de trechos a serem recuperados após 7 anos de uso.

De acordo com Sanches et al. (2012), após sete anos de utilização da via em

estudo, realizou-se uma análise visual e chegou-se à conclusão que aproximadamente

70% do trecho com CAP-50/70 sofreu algum tipo de manutenção, enquanto o asfalto-

borracha precisou somente de 10% de reparo.

Como a pesquisa acima compara soluções de espessuras iguais foi obtido

apenas o resultado desse caso, sem contar com a redução da mesma. Portanto, na

falta de estudos práticos acerca dessa discussão, foi adotada a premissa de que a

necessidade de manutenção está proporcionalmente ligada à quantidade de asfalto

borracha presente. Dessa forma, se encontram os resultados descritos na tabela 26.

Tabela 26 – Comparação Custos de Manutenção no Brasil

Fonte: Adaptada de Sanches et al. 2012.

Grandezas Unidade

Asfalto

Convencional -

Base

Asfalto Borracha no

Brasil - espessura

mantida

Asfalto Borracha no

Brasil - espessura

reduzida

Custo Unitário de Manutenção R$/m² 67,30 67,30 -

Percentual do trecho que precisou de Manutenção % 70,00% 10,00% -

Custo Total de Manutenção R$/m² 47,11 6,73 -

Comparação do Custo de Manutenção % 0,00% -85,71% -60,00%

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117

5.5.3.2 Cenário Norte-Americano

Para enriquecer o tema, fontes estadunidenses foram pesquisadas para a

confecção de um cenário, onde o asfalto borracha, suas técnicas e seu controle

tecnológico já estão consolidados há mais tempo. Esse pode ser tido como um alvo

futuro.

O Departamento de Transporte da Arizona State University (2002) comparou o

custo do ciclo de vida de pavimentos com asfalto convencional e asfalto borracha. O

projeto foi desenvolvido em uma estrada dividida em dois trechos, um para cada tipo

de asfalto. O pavimento foi construído em 1985 e foi feita uma análise de 25 anos de

vida útil com o uso de softwares especializados, como o HDM-4 e o MicroBENCOST.

A tabela 27 mostra as camadas de cada tipo de asfalto, e seus custos de

execução. Os custos unitários de um asfalto convencional são menores que os de um

asfalto borracha, mas existe uma compensação devido ao tamanho da espessura.

Tabela 27 - Comparação Custos de Execução nos EUA

Fonte: Arizona State University, 2002.

Os custos de manutenção foram agrupados em prazos de 5 anos, somando tudo

que foi gasto em cada intervalo. Os resultados estão descritos na tabela 28.

Camada - Asfalto ConvencionalEspessura

(in)

Extensão

(yard)

Largura

(yard)

Custo por

volume

Custo de

Execução

Base de Agregados 4,00 7.040,00 8,00 $ 0,55 $ 123.904,00

Base tratada com cimento 6,00 7.040,00 8,00 $ 1,00 $ 337.920,00

Concreto Asfáltico 11,00 7.040,00 8,00 $ 1,70 $ 1.053.184,00

Total $ 1.515.008,00

Camada - Asfalto BorrachaEspessura

(in)

Extensão

(yard)

Largura

(yard)

Custo por

volume

Custo de

Execução

Base de Agregados 8,00 7.040,00 8,00 $ 0,55 $ 247.808,00

Concreto Asfáltico 3,00 7.040,00 8,00 $ 1,70 $ 287.232,00

Asfalto Borracha Gap Graded 2,00 7.040,00 8,00 $ 2,40 $ 270.336,00

Asfalto Borracha Open Graded 0,50 7.040,00 8,00 $ 2,50 $ 70.400,00

Total $ 875.776,00

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118

Tabela 28 - Custos de Manutenção

Fonte: Arizona State University, 2002.

Outro aspecto interessante e pouco estudado no Brasil é o impacto que tais

custos possuem para o motorista, ou seja, o usuário da rodovia. Através dos softwares

já citados, esse pode ser calculado com base em custos de atraso na viagem, de

operação do veículo, de acidentes, de desconforto, dentre outros.

Figura 37 - Custos de Manutenção e de Usuários

Fonte: Arizona State University, 2002.

Vale citar que em 2012, o Departamento de Reciclagem e Recuperação de

Resíduos da Califórnia (CalRecycle) fez um estudo similar, analisando rodovias nos 12

distritos do estado. O resultado final mostra que, para rodovias consideradas grandes

(caso da BR-153), o VPL ficou em média 20% maior com o uso do asfalto borracha,

podendo chegar até 40% maior em alguns casos de rodovias.

5.5.3.3 Resultados

Como foram encontrados fornecedores de asfalto borracha nas proximidades

dos locais previstos para o cimento asfáltico, como Goiânia, Brasília, Gurupi e Palmas,

nenhum custo adicional de transporte devido à distância foi considerado seguindo a

metodologia que a ANTT usa para calcular o DMT dos materiais.

GrandezasAsfalto

Convencional - Base

Asfalto Borracha

nos EUA

Comparação

Percentual

Custo Inicial de Execução $ 1.515.008,00 $ 875.776,00 -42,19%

Manutentenção anos 0 - 5 $ 1.844,00 $ 1.317,00 -28,58%

Manutentenção anos 5 - 10 $ 7.477,00 $ 4.295,00 -42,56%

Manutentenção anos 10 - 15 $ 10.471,00 $ 5.853,00 -44,10%

Manutentenção anos 15 - 20 $ 11.998,00 $ 6.471,00 -46,07%

Manutentenção anos 20 - 25 $ 12.649,00 $ 6.683,00 -47,17%

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119

Tabela 29 - Análise do Tipo de Asfalto

Fonte: Autor, 2018.

Diante do estudo, algumas conclusões podem ser tiradas. Conforme explicado, o

critério do VPL é o mais indicado para comparar opções de projetos. Este teve um

aumento de 12%, 26% e 39%, respectivamente, se comparados ao cenário da ANTT.

Todos os casos indicam uma melhoria dentro do esperado segundo a CalRecycle.

Além disso, o Capex total sem desconto teve seu valor reduzido em todos os

casos, o que era de se esperar já que há uma forte economia com gastos em

manutenção, um dos mais custosos para a concessão.

Pode-se observar que a rentabilidade é mais impactada em casos de redução de

espessura, pois há uma redução do custo inicial do projeto. Mesmo assim, houve uma

melhora na TIR em todos os cenários, justificando a execução do projeto.

A explicação para o cenário americano se destoar reside principalmente no

desenvolvimento tecnológico e no controle rigoroso presente no país. Todos os

cenários descritos partem da premissa de que as técnicas de execução e conservação

serão realizadas da melhor forma e que os agregados utilizados serão os mais

adequados. Sabe-se que no Brasil, isso muitas vezes não ocorre na prática.

Novamente com a tarifa da licitante vencedora, todos os cenários apresentariam

um VPL abaixo de zero, não justificando o investimento no negócio. Contudo, outras

possíveis formas da empresa melhorar seu resultado foram descritas no item 5.5.1.

Principais Outputs

Asfalto

Convencional -

Base

Asfalto Borracha no

Brasil - espessura

mantida

Asfalto Borracha no

Brasil - espessura

reduzida

Asfalto Borracha

nos EUA

Total Capex -R$ 4.313.018.090 -R$ 3.780.322.969 -R$ 3.526.508.189 -R$ 3.667.956.868

Comparação Capex 0,00% -12,35% -18,24% -14,96%

TIR Real 18,64% 18,88% 23,22% 29,14%

Taxa de Desconto (WACC) 6,90% 6,90% 6,90% 6,90%

VPL R$ 737.533.681 R$ 827.993.415 R$ 932.058.840 R$ 1.025.982.154

Payback 2020 2021 2019 2018

Exposição Máxima -R$ 289.210.712 -R$ 296.150.303 -R$ 267.311.138 -R$ 238.173.259

Tarifa Mínima (VPL = 0) R$ 0,07116 R$ 0,06867 R$ 0,06565 R$ 0,06293

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120

6 Conclusão

Conforme descrito nos objetivos apresentados, o presente trabalho buscou

demonstrar o funcionamento de uma concessão rodoviária, abordando suas

vantagens, desvantagens e dados do setor, além de apresentar um estudo de caso.

Quando executada de forma eficiente, ela consegue beneficiar todas as partes

envolvidas, trazendo segurança para o usuário, emprego para os cidadãos, alívio para

o governo, rentabilidade para os acionistas e crescimento econômico para o país.

Essenciais para a discussão acerca do tema, aspectos técnicos e econômico-

financeiros foram estudados com o objetivo de entender a operação de uma

companhia do setor. Inicialmente foram elucidadas características, processos de

execução, defeitos e custos ligados aos pavimentos, principal ativo em questão.

Depois estudou-se a metodologia para entender a viabilidade de uma oportunidade de

investimento, definindo o valor temporal do dinheiro, a importância da taxa de

desconto e o que representa cada critério para ratificar se tal oportunidade é atrativa.

Ao longo dos aspectos sobre pavimentos, enfatizou-se o uso de novas

tecnologias, principalmente o asfalto borracha. O trabalho mostra inicialmente suas

vantagens ecológicas e estruturais, concluindo posteriormente seus benefícios

econômicos.

No estudo de caso, a concessão foi detalhada com base na teoria previamente

apresentada. Sua operação foi descrita de maneira técnica e financeira, com base

nas premissas previstas pela ANTT, de forma que complementasse o entendimento do

assunto e que fosse possível analisar a rentabilidade do negócio em questão.

Uma vez que os resultados futuros e previsões foram estimados, o fluxo de caixa

pode ser obtido e em seguida trazido a valor presente de acordo com a taxa de

desconto que foi calculada conforme metodologia usual e dados da empresa. Optou-

se por estimar o beta através da utilização de dados de empresas comparáveis do

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121

setor. Foram considerados os prêmios de riscos exigidos e considerados pelo

mercado: prêmio de risco pelo país e pelo tamanho do projeto/empresa.

A partir dessa estruturação baseada nas premissas da ANTT, pode-se finalizar a

avaliação do investimento e elaborar outros possíveis cenários com alteração no valor

da tarifa, no volume de tráfego previsto e na escolha do tipo de asfalto. Concluindo

como e quanto um projeto de concessão de rodovia é afetado em cada caso.

O primeiro estudo indica como a tarifa contratada ficou discrepante em relação

aos concorrentes do leilão. Isso indica que a Galvão Engenharia, licitante vencedora,

enxergou outras fontes de ganhos seja com uma operação mais enxuta e eficiente,

seja com um tráfego maior que o previsto, seja com alguma inovação tecnológica.

Observa-se que o critério utilizado pela ANTT pode não ser o suficiente para

definir seus leilões. São fornecidas sugestões que complementam essa solução, como

uma fiscalização mais assertiva por parte da ANTT ou a inclusão de um limite de tarifa

inferior, por exemplo, a tarifa que zeraria o VPL do negócio.

O segundo aspecto aponta como uma alteração do volume de tráfego é

importante para o setor. Um estudo minucioso do mesmo é fundamental para a

viabilidade do negócio, contando inclusive com casos de fuga por outras rotas ou de

algum outro tipo de transporte que vá ser concorrente da rodovia concedida. Adotado

o cenário mais conservador, nota-se uma possibilidade de ganho caso haja evolução

da quantidade de veículos ao longo dos anos da concessão.

O último estudo conta com uma inovação tecnológica, que é a substituição do

asfalto convencional pelo asfalto borracha. A pesquisa foi embasada em casos

nacionais e internacionais e seus resultados indicam uma melhora do ponto de vista

financeiro, comprovando a eficiência desse material. Vale destacar que isso implica

não só numa melhoria para a concessionária, como também para os usuários da

rodovia e para o meio ambiente, pois aumenta a qualidade do pavimento, reduz a

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122

quantidade de obras na pista e diminui a quantidade de pneus inservíveis descartados

de forma irregular.

Nota-se que o cenário baseado em uma pesquisa dos Estados Unidos se

sobressaiu quando comparado aos demais. Justificativas para isso são: a evolução da

tecnologia no país e, principalmente, seu controle tecnológico rigoroso. Esse cenário

foi tido como um alvo para o Brasil, após anos de melhorias nesses quesitos.

Uma sugestão para trabalhos futuros é um banco de dados mais completo a ser

disponibilizado não só pelo DNIT, como pelos órgãos estaduais e municipais, com

informações do tráfego e do pavimento, para que fossem possíveis estudos de

investimentos em outras rodovias. Um exemplo, que inclusive foi uma ideia inicial para

o tema, mas abandonada por falta de dados, é abordar uma estrada não pavimentada,

onde o impacto e o retorno do asfalto borracha seriam maiores.

Além disso, o presente projeto visa incentivar novos estudos acerca do uso do

asfalto borracha. Esse material se mostra uma inovação benéfica para todas as partes

envolvidas. A tendência é que inovações tecnológicas, como essa, sejam cada vez

mais presentes, já que se mostra benéfica para todas as partes.

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129

ANEXO – Demonstrativos Financeiros

Tabela 30 - DRE entre 2013 e 2027

Fonte: Autor, 2018.

DR

E20

1320

1420

1520

1620

1720

1820

1920

2020

2120

2220

2320

2420

2520

2620

27

Re

ceit

a B

ruta

--

186.

452.

844

383.

035.

595

395.

314.

302

408.

087.

713

386.

014.

342

396.

672.

106

407.

608.

213

418.

885.

818

430.

597.

311

442.

387.

162

453.

748.

972

465.

209.

021

477.

035.

127

VM

DA

Eq

149.

896

153.

672

158.

635

163.

759

169.

008

174.

469

165.

032

169.

589

174.

264

179.

086

184.

093

189.

133

193.

991

198.

890

203.

946

(-)

Imp

ost

os

sob

re a

Re

ceit

a-

-(1

6.12

8.17

1)(3

3.13

2.57

9)(3

4.19

4.68

7)(3

5.29

9.58

7)(3

3.39

0.24

1)(3

4.31

2.13

7)(3

5.25

8.11

0)(3

6.23

3.62

3)(3

7.24

6.66

7)(3

8.26

6.49

0)(3

9.24

9.28

6)(4

0.24

0.58

0)(4

1.26

3.53

8)

ISS

00

-9.3

22.6

42-1

9.15

1.78

0-1

9.76

5.71

5-2

0.40

4.38

6-1

9.30

0.71

7-1

9.83

3.60

5-2

0.38

0.41

1-2

0.94

4.29

1-2

1.52

9.86

6-2

2.11

9.35

8-2

2.68

7.44

9-2

3.26

0.45

1-2

3.85

1.75

6

PIS

00

-1.2

11.9

43-2

.489

.731

-2.5

69.5

43-2

.652

.570

-2.5

09.0

93-2

.578

.369

-2.6

49.4

53-2

.722

.758

-2.7

98.8

83-2

.875

.517

-2.9

49.3

68-3

.023

.859

-3.1

00.7

28

CO

FIN

S0

0-5

.593

.585

-11.

491.

068

-11.

859.

429

-12.

242.

631

-11.

580.

430

-11.

900.

163

-12.

228.

246

-12.

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Page 146: BR-153: ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA ... › monografias › monopoli10026989.pdf · Manutenção Rodoviária. 4. Avaliação Financeira de Projetos. 5. Asfalto

130

Tabela 31 - DRE entre 2028 e 2043

Fonte: Autor, 2018.

DR

E20

2820

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24%

Page 147: BR-153: ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA ... › monografias › monopoli10026989.pdf · Manutenção Rodoviária. 4. Avaliação Financeira de Projetos. 5. Asfalto

131

Tabela 32 – Fluxo de Caixa do Projeto

Fonte: Autor, 2018.

Flu

xo d

e C

aixa

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

2025

2026

2027

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974.

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4.49

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1.73

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0.99

6.14

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0.24

9.09

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8.60

2.71

622

7.00

5.68

023

4.42

8.40

6

Lucr

o L

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-200

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491

82.0

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.956

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59.8

2677

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1899

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109.

012.

648

114.

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656

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132.

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654.

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-99.

626.

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358.

777

-91.

983.

492

-95.

841.

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508.

949

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398

-91.

773.

499

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1.45

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9.15

2-1

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