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Na cidade moram os sons inconfundíveis dos sinos e órgãos das igrejas, doCavaquinho e da Braguesa, mas também dos Zés Pereira, dos Ranchos Folclóricos, das Bandas e das Concertinas.O som das matracas dos Farricocos e da Dança do Rei David com a sua “lira” e violino, são referências incontornáveis na cidade.
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Mês do Profissional
Braga, Cidade de Sons
Baptista da Costa
Rotary Club de Braga
29 de Janeiro de 2016
Na comemoração do mês do profissional, o Rotary Club de Braga homenageia o Sr. Arlindo Jerónimo,
sócio gerente da Fundição de Sinos de Braga, Serafim da Silva Jerónimo e Filhos, Lda
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“Braga, Cidade de Sons”
1 - Introdução
Na cidade moram os sons inconfundíveis dos sinos e órgãos das igrejas, do
Cavaquinho e da Braguesa, mas também dos Zés Pereira, dos Ranchos
Folclóricos, das Bandas e das Concertinas.
O som das matracas dos Farricocos e da Dança do Rei David com a sua “lira”
e violino, são referências incontornáveis na cidade.
As suas escolas de música (Universidade do Minho, Conservatório de Música
Calouste Gulbenkian, Casa da Música de Braga) modernizam a memória
coletiva e participam no esforço de valorização da cidade.
O Museu dos Cordofones, mas também, os fabricantes de instrumentos
musicais, dão vida à economia da Cidade de Sons.
Os sons constituem um elemento agregador da cultura da cidade.
Passear nas ruas de Braga, é ir ao encontro dos sentidos.
“Braga, Cidade de Sons” porque os sons constituem um fator diferenciador
que promove o orgulho dos seus habitantes e deleita quem a visita.
Resumidamente vejamos:
Braguesa
Atualmente em Portugal continental, existem cinco tipos de viola popular: a
Viola Braguesa, a Viola Amarantina (ou de dois corações), a Viola Toeira (ou
de Coimbra), a Viola Beiroa (ou "bandurra") e a Viola Campaniça (ou
alentejana).
A Braguesa é a mais importante das violas portuguesas. Com design meio
guitarra meio viola, continua a ser usada em todo o País.
A Viola Braguesa é um cordofone popular, da família da Guitarra clássica,
proveniente de Braga. Está documentada desde o séc. XVII. A Braguesa é
muito utilizada no noroeste de Portugal, principalmente em ambientes festivos
populares como rusgas, chulas, ranchos e desafios.
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Cavaquinho
O cavaquinho é um dos mais importantes dos cordofones portugueses.
O cavaquinho também é chamado braga, braguinha ou braguinho, machete,
machetinho ou machete-de-braga e, segundo Gonçalo Sampaio, teve origem
em Braga, tendo sido criado pelo Biscaínhos. Até existe uma afinação típica da
cidade: Ré-Lá-Si-Mi.
Dadas as suas reduzidas dimensões viajou na mala dos emigrantes e difundiu-
se pelo mundo: Brasil, Cabo Verde, Hawai, etc., e faz parte de qualquer tuna
académica portuguesa.
Produção Cordofones
Braga orgulha-se de ter, no seu património, bons e reconhecidos construtores
de cordofones. O Museu dos Cordofones é de referência nacional. É possível
visitar a oficina onde se fabrica os cordofones.
O “Museu dos Cordofones” em Tebosa, fruto do trabalho e dedicação do seu
proprietário e artesão Domingos Martins Machado, possui um grande espólio e
documentação sobre a Viola Braguesa.
Na Cónega, temos a oficina de José Gonçalves que ensina, mostra e constrói
cordofones que são verdadeiras obras de arte, reconhecidos pelos melhores
músicos portugueses.
Rei David
A exibição da dança palaciana pelo grupo Rei David e o Auto Sacramental de
S. João, pelos Pastores, percorrem a cidade em carros ornamentados para o
efeito, fazem parte da tradição no dia 24 de Junho, dia de São João. Dando um
cariz bem popular, e único, à festa, muitos são os olhos que os apreciam e
ouvem ao longo do dia.
A Dança do Rei David chamou-se “Dança do Rei Mouro” até ao século XVII.
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É um dos poucos vestígios que os mouros deixaram nesta região. Chegou até
nós graças ao carinho de uma família dos arredores, que a conservou e a fez
passar de geração em geração.
Na dança do Rei David o rei toca (simbolicamente) lira. Na atuação dois guias
abrem caminho ao Rei e cinco acompanhantes de cada lado compõem a
“comitiva real”. Estes 12 acompanhantes que dançam com e para o Rei, tocam
com mestria vários instrumentos: violão, violino e ferrinhos. Outrora entravam
também o violoncelo e a flauta.
O reportório musical consta para além da música que acompanha a Danças do
Rei David, o Hino ao S. João, a Marcha do Gerês, entre outras marchas.
Farricoco
O farricoco, que remonta a um costume Romano Cristianizado e hoje é ex-libris
da Semana Santa de Braga.
Durante a Semana Santa, os farricocos - ruge ruge, o dos fogaréus e o das
pinhas – percorrem as ruas da cidade apelando, com o som das suas
matracas, à penitência e à participação na procissão da noite que também
integram. A sua presença não deixa ninguém indiferente.
Órgãos
Entre os séculos XVI e XVIII, a construção de cerca de meia centena de
Órgãos na cidade, foi mais que um sinal de fausto, foi reflexo de uma
sociedade que apreciava a Cultura musical de qualidade, uma sociedade
exigente.
O Salão de Música do Museu dos Biscainhos, hoje Salão de Música e de Jogo,
com motivos musicais nos estuques do teto evidenciam a sua importância.
O órgão, especialmente o de tubos representa, sem dúvida, a erudição.
Existem vários órgãos espalhados pelas muitas Igrejas de referência de Braga,
entre os quais os dois órgãos da Catedral cujo som lembra o canto dos
rouxinóis pelo uso da água nos seus tubos.
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O Festival de Órgão, dá a conhecer e valorizar aquele que é tido como o "rei
dos instrumentos" que, pelas suas capacidades sonoras e grandiosidade,
consegue elevar o espírito e a Arte, despertando emoções e enriquecendo a
Cultura. Na sua edição de 2015 poderam-se ouvir os Órgãos das igrejas dos
Congregados, São Francisco de Real, Misericórdia e São Lázaro. Na Catedral
voltam-se a ouvir os dois Grandes Órgãos a tocar em simultâneo, com peças
de diálogo entre os dois instrumentos e outras executadas a quatro mãos.
Sinos
Os sinos tocam sozinhos, em conjunto ou “falam entre si”. Ao tocar transmitem
uma determinada informação a quem ouve.
Quem nunca reparou que há toques diferentes? Além disso, têm notas e
timbres diferentes. Tudo depende da afinação e do tamanho do sino. São
emocionantes as suas badaladas, tenham elas o significado que tiver, porque
cada sino é uma peça de arte e única!
Os sinos desde há muito que fazem um elo de ligação importante entre a
população. Avisam, pedem socorro, informam das horas, da morte de alguém
(e até “diz” o sexo), do nascimento e até há toque para parto difícil. Anunciam
alegria, festa, casamento, batizado, convocam o povo a rebate, etc., etc. Todos
os toques são especiais.
Os sinos podem apresentar-se simples ou em carrilhões. O da Sé de Braga
tem 23 sinos que diariamente nos deliciam com um concerto de manhã e outro
à tarde. Também podemos ouvir estes sons nas diversas Igrejas da cidade.
A expressão “Ouvir os sinos de Tibães”, aplica-se quando o castigo está para
breve e referia-se aos condenados pelo tribunal do couto de Tibães. Era pelo
toque dos sinos que a população tinha conhecimento do cumprimento da pena.
Já no Elevador do Bom Jesus do Monte, o mais antigo funicular a contrapeso
de água em funcionamento no mundo, era o sino que unia as duas cabines do
elevador, dando indicação do volume de água necessário à sua deslocação.
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“Braga, Cidade de Sons” e o sino, entre outros, são mote para a criação de
peças de merchandising e de autor da artista plástica Margarida Costa, uma
bracarense apostada na divulgação artística e cultural da cidade e que o
Tesouro da Sé tem acarinhado. Outos deviam surgir.
O que seria a Páscoa de Braga sem o seu som?
Os Sinos na Braga do Futuro
Em 2013, aquando do 150º aniversário da Associação Comercial de Braga,
com a discussão pública da Travessia da Avenida Padre Júlio Fragata,
religando a Rua D. Pedro V à Rua Nova de Stª Cruz, surgiu a ideia de criar
uma nova centralidade em redor da Rotunda das Piscinas e o fabrico e
instalação de um sino, “o Brácara” a marcar esse lugar.
Dele se disse:
“Braga reforçará a sua imagem como um pólo de crescimento de dimensão
internacional, assim como a sua capacidade de estar presente no concerto
internacional da inovação ao fabricar e instalar um sino (símbolo da cidade) de
grande envergadura na nova centralidade. O Bracara.
O fabrico, na cidade, do maior sino da União Europeia é uma oportunidade da
criação da nova centralidade - um meeting point - e permite proceder ao arranjo
do espaço participando na modernização pelo reforço das imagens tradicionais,
inventando novas referências culturais e económicas.
A modernidade do conjunto poderá ser obtida se se instituir uma articulação
dinâmica entre o novo sítio e a Cidade, revitalizando e reconvertendo-o num
projeto que integre as componentes históricas, paisagísticas e económicas, na
procura de complementaridade continuidade e sinergias.
O suporte do “Bracara” será uma obra de arte e constituirá, para os
historiadores e artistas da Cidade, uma oportunidade para fazer propostas de
inscrições e decorações.
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O maior sino da UE é um La # que está na Catedral de S. Pedro, em Colónia,
com 24 toneladas, segue-se o “Savoyarde”, um Si, no Sacré – Coeur, em Paris,
com 20 toneladas.
O famoso “Big-Ben” de Londres pesa 14 toneladas é um Dó #.
Em Dezembro de 1998 foi fundido em Nantes o “Sino da Paz” com 30
toneladas – o maior do mundo a bamboar - instalado no Millenium Monument
de Newport, nos EEUU a assinalar a passagem para o terceiro milénio.
O “Bracara” para além das suas 44 toneladas de metal e de um diâmetro de
3,88 metros, o seu simbolismo começa na própria nota. Um Sol.
Só o Badalo deste imponente instrumento de som terá mais de uma tonelada e
o conjunto, incluindo o cabeçalho, terá 8,5 metros de altura e 60 toneladas.
Para além de tocar eletronicamente, a montagem, dinamicamente equilibrada,
permitirá que seja bamboado também manualmente como recurso a uma
equipa de 16 a 20 homens.”
A ideia de “Braga, Cidade de sons” foi retomada no evento sobre Smat Cities,
o FICIS’15 - Fórum Internacional das Comunidades Inteligentes e Sustentáveis,
que decorreu no Parque de Exposições de Braga em abril de 2015, tendo o
Arquiteto Pedro Leite projetado a exposição recriando uma cidade com uma
praça central que denominou: “Braga, Cidade de sons”.
Mais recentemente, os Arquitetos José Gigante e Tomás Allen, numa reflexão
para o concurso realizado sobre a regeneração da Avenida da Liberdade,
propõem a “Peregrinação pelos Sons de Braga” através de um percurso
marcado por sete peças de arte e equipamentos urbanos, como se de uma
escala musical se tratasse. O percurso integra o coreto da Avenida Central, da
fabrica de Fundição do Ouro do Porto com projeto de 1868 do engenheiro
municipal Joaquim Pereira da Cruz e o coreto do Parque da Ponte, datado de
1911, da autoria do Arq. Ernesto Korrodi, termina no Brácara, um sino, em Sol,
que encerra esta escala de peregrinação pelos sons de Braga no seio do novo
parque da cidade retomando a ideia de se construir um sino de grandes
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dimensões, acreditando na visibilidade que um sino desta envergadura,
fabricado em Braga, contribuiria para a sua valorização e para o seu
reconhecimento aos níveis nacional e internacional e eventualmente para
fortalecer e revitalizar esta indústria ao nível local porque a História aponta
Braga como a capital do sino em Portugal
O Sino merece este tributo e Braga merece este monumento!
O Dr. José Leite, no livro “Adoro Conhecer Braga – Percursos Turísticos e
Culturais da Capital do Minho” de 2013 da Associação Comercial de Braga
lembrou as indústrias de referência desaparecidas em Braga como a laranjada
Sameiro, os Sarotos ou a saboaria Confiança, e pergunta: será que os sinos da
Fundição Jerónimo ainda vão dobrar por mais alguma indústria bracarense? E
eu sublinho e reforço.
Braga orgulha-se de ter gente que sabe fabricar sinos e ser a Capital do Sino
em Portugal. A família Jerónimo dá toda a consistência a essa fama na sua
empresa Serafim da Silva Jerónimo & Filhos, Lda e nós hoje temos a honra e o
privilégio de receber o seu maior representante – Arlindo Jerónimo.