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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CAEPE 2015 MONOGRAFIA (CAEPE) POLÍCIA JUDICIÁRIA E PERÍCIA: entrega de um serviço único e efetivo à sociedade? Delegada de Polícia ZORAIA SAINT’CLAIR BRANCO

BRANCO, Zoraia Saint'clair. Polícia Judiciária e Perícia

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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CAEPE 2015

 MONOGRAFIA (CAEPE)

POLÍCIA JUDICIÁRIA E PERÍCIA: entrega de um serviço único e efetivo à sociedade?

Delegada de Polícia

ZORAIA SAINT’CLAIR BRANCO

ZORAIA SAINT’CLAIR BRANCO

POLÍCIA JUDICIÁRIA E PERÍCIA: entrega de um serviço único e efetivo à sociedade?

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.

Orientadora: Engenheira Maria Cristina

Françoso.

Rio de Janeiro 2015

C2015 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________

Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

BRANCO, Zoraia Saint’Clair.

POLÍCIA JUDICIÁRIA E PERÍCIA: entrega de um serviço único e efetivo à sociedade? / Delegado de Polícia Zoraia Saint’Clair Branco. - Rio de Janeiro: ESG, 2015.

59 f.:il.

Orientador: Engenheira Maria Cristina Françoso Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2015.

1. Polícia Técnica. 2. Polícia Judiciária. 3. Perícia. 4. Análise de

Riscos. I.Título.

À sociedade, que necessita de melhores e cada vez mais preparados policiais de investigação com estrutura adequada à prestação de seus serviços. Aí estão todos aqueles que me são caros.

AGRADECIMENTOS

Acaso queira agradecer a todos os responsáveis pela minha chegada até

aqui, páginas faltarão. Mas vamos lá:

Aos meus pais, origens de minha vida, minha mãe, afeto e respeito,

orientadora de vida e exemplo de mulher e amor infinito, meu pai, coração

transbordante de arte, música para ouvidos e a existência;

Aos meus professores de toda a vida, em todos os aspectos relacionais,

cada qual a seu modo modificou minha essência e me fez melhor na diversidade e

na adversidade.

À minha orientadora neste trabalho monográfico, Engenheira Maria Cristina

Françoso, a cada dia mais amiga e respeitável pelo ser humano que é e por seus

conhecimentos que gentilmente compartilhou comigo, tendo ganho o respeito e a

admiração da melhor turma do CAEPE, não só a minha;

Ao Capitão-de-Fragata (T) Lameiras, exigente quanto à monografia, amigo

de todos, cauteloso na fala, direto nas orientações, ocupou-se de nós, jamais

preocupou-se;

À Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ), por ter me indicado

para este ano sabático e de profunda aprendizagem intelectual e humana,

principalmente aos Delegados de Polícia Fernando Veloso e Elizabeth Cayres

Botelho; sem deixar de mencionar o Cel Exercito R1 Romeu Antonio Ferreira.

Ao amigo Waldecyro de Oliveira Barros, por todas as horas em que esteve

disponível com sua intelectualidade e conhecimento dos assuntos policiais, sobre

projetos, processos, sempre discutindo ideias e como dinamizarmos e melhorarmos

a capacidade produtiva e gerencial na polícia do Estado do Rio de Janeiro.

Aos estagiários da melhor Turma do CAEPE, Destinos do Brasil, agradeço

pelo convívio harmonioso de todas as horas e pela aprendizagem. Como sempre

ocorre, a algumas pessoas são devidos um agradecimento especial: ao Alexandre e

ao Carrilho que tiveram a paciência de ler meu projeto e não me deixaram desistir do

tema, meu muitíssimo obrigada, pois que amo o tema e sou apaixonada por

segurança pública e pela Polícia Civil, à qual pertenço. Ao Padre Jorge que nos

abençoa todos os dias, convive como se fora um de nós, mas não é, é muito melhor

pela generosidade de abraçar a todos em sua casa, sua Igreja, seu coração; ao

Max, sem sombra de dúvidas, amigo de todos sempre pronto a ajudar e resolver

nossos probleminhas, às vezes, aqueles que nem sabemos que temos ou teremos;

à Hildelene, essa primeira Capitã de Longo Curso que conquista pela simplicidade e

pela amizade e carinho; ao Santiago, esse Coronel da Polícia Militar da Bahia que a

todo momento dizia: e o beijo em mainha?, Mainha é minha mãe, D. Leide, com

quem ele gosta de travar longas conversas, muito carinho!; aos Oficiais Generais,

alguns já mencionados linhas acima com quem partilhei a fileira de assentos, pela

camaradagem e pelo carinho que demonstram para com nossa Turma, aprendi

muito neste pouco tempo, Almirante Rodrigues, nosso eterno 01, General Andrade,

professor no Grupo Golf, Almirante Barros Coutinho, sempre ponderado e calmo,

todos como porto seguro; aos meus queridos parceiros de jornada de Grupo Golf,

vocês nem sabem o quanto os admiro e valorizo cada momento em que nos

encontramos para a realização dos trabalhos. Aos amigos Célio, pessoa generosa

como tenho visto poucos na vida, e Betânia, parceira, criativa e talentosa.

Ao Corpo Permanente da ESG pelos ensinamentos e orientações que me

fizeram refletir, cada vez mais, sobre a importância de se estudar o Brasil com a

responsabilidade implícita de ser melhor a cada momento, de fazer o que tem de ser

feito com os recursos que se tem e no tempo que nos é dado.

Às Bibliotecárias que tanto auxiliam os alunos em suas pesquisas e a mim,

particularmente, que deram atenção durante os trabalhos de planejamento e de

monografia pesquisando literatura, enviando e-mails sempre que encontravam os

dados importantes para as pesquisas que eu demandava. Meu muito obrigada.

Às pessoas que trabalham no Refeitório sempre competentes em sua

atuação, carinhosos em nos fazer felizes em nosso maior horário de intervalo

durante as aulas: a do almoço, muito de nosso pensar foi nutrido nesse ambiente,

local onde o encontro gastronômico também o era de reflexão entre estagiários e

estagiários e corpo permanente.

Quanto às pessoas responsáveis pela limpeza do ambiente de estudo e da

ESG, agradeço por nosso conforto, assim como ao efetivo da Guarda, garantindo

nossa tranquilidade cotidiana em todo e qualquer momento desde o a entrada até o

da saída da ESG.

Fechando com o maior dos agradecimentos, a Deus, que me proporcionou

este encontro com o saber e a vida de pessoas tão encantadoras em suas

atividades e que a todos abençoa para uma vida melhor.

En certo sentido, usted que está leyendo estas líneas, el más nuevo de loslectores, está siendo el autor de su signification.

Mary Douglas

RESUMO

Esta monografia aborda a análise do risco por que passam as investigações pré-

processuais levadas a efeito nas Polícias Judiciárias do Brasil, sejam elas de nível

estadual ou federal, caso o corpo pericial aparte-se de sua estrutura. O objetivo

deste estudo é diagnosticar a importância do pertencimento do corpo pericial na

estrutura das polícias judiciárias no Brasil. A metodologia de abordagem é a

hipotético-dedutiva, que para o problema: Em que medida a função de investigação,

garantidora de exercício de cidadania, se beneficia do pertencimento do corpo

pericial na estrutura das polícias judiciárias no Brasil? Foi estabelecida a hipótese: A

metodologia de pesquisa foi à bibliográfica, documental e de campo. Foi adotada a

técnica de questionário para a obtenção de dados que fundamentassem a análise de

risco. O campo de estudo delimitou-se ao produto final das polícias judiciárias que é

o inquérito policial, e como tal distanciação pode vir a interferir nos resultados deste

produto apresentado à sociedade. A pesquisa aponta conclusão, considerações e

sugestões a serem apreciadas pelos gestores das polícias judiciárias bem como

pelos gestores em perícia, tudo lastreado nos argumentos apresentados durante o

relatório da pesquisa e na análise dos riscos elaborada. Conclui-se pela pesquisa de

abrangência nacional a ser realizada por órgão de igual monta em parceria com

órgãos de pesquisa científica isentos, tendo sido realizado pré-projeto para tal a

título de sugestão.

Palavras chave: 1. Polícia Técnica. 2. Polícia Judiciária. 3. Perícia. 4. Análise de

Riscos.

ABSTRACT

This monograph deals with the analysis of risk by passing the pre-procedural

investigations carried out on Brazilian Judiciary Police, whether they be state or

federal level, if the expert body apart is its structure. The aim of this study is to

diagnose the importance of the expert body belonging to the structure of the judicial

police in Brazil. The approach methodology is the hypothetical-deductive, which for

the problem: To what extent research function, guarantor of citizenship exercise,

benefits from the expert body belonging to the structure of the judicial police in

Brazil? The hypothesis was established: The research methodology was the

bibliographical, documentary and field. The questionnaire technique for obtaining

data to substantiate the risk analysis was adopted. The field of study is delimited to

the final product of the judicial police is the police investigation, and as such

distancing may ultimately affect the results of this product presented to society. The

research points conclusion, considerations and suggestions to be considered by

managers of the judicial police and the managers in expertise, all backed the

arguments presented during the research report and risk analysis drafted. The results

confirmed the necessity of a nationwide search to be carried out by an nationwide

organ in partnership with scientific research institutions exempt, having been carried

out pre-project for this by way of suggestion.

Keywords: 1.Technical Police. 2. Judiciary Police. 3. Forensic Service. 4. Risk Analysis.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CPP Código de Processo Penal CRFB Constituição da República Federativa do Brasil IP Inquérito Policial ISBN Numeração Internacional Normalizada para a Identificação de

Livros ISO Organização Internacional de Normalização PCERJ Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro PMI Project Management Institute PMBOK® Project Management Book of Knowledge SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública CNPq Conselho Nacional de Pesquisa FGV Fundação Getúlio Vargas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................11 2 O SISTEMA DE PROVAS E A FASE PRÉ-PROCESSUAL CRIMINAL........14 2.1 O SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA...................................................... 15

2.2 A FASE PRÉ-PROCESSUAL DA APURAÇÃO DE CRIMES......................... 16

3 ANÁLISE DA PEC 325/09.............................................................................. 22 4 IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS DE UMA SEPARAÇÃO ORGÂNICA ENTRE

A POLÍCIA CIENTÍFICA E A POLÍCIA JUDICIÁRIA À LUZ DO GUIA PMBOK®........................................................................................................ 27

5 CONCLUSÃO, CONSIDERAÇÕES E SUGESTÕES.................................... 34 REFERÊNCIAS........................................................................................................ 44 APÊNDICE A – QUADRO: ESTADOS EM QUE A PERÍCIA É DESVINCULADA DA

POLÍCIA CIVIL.............................................................................. 47

APÊNDICE B – QUADRO: ARGUMENTOS APONTADOS EM AUDIÊNCIA PÚBLICA DURANTE A ELABORAÇÃO DA PEC 325-B,............49 ANEXO A – SUBSTITUTIVO À PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 325, DE 2009............................................................................................... 52

10

1 INTRODUÇÃO

A conjuntura sócio-econômico-político-cultural brasileira é um reflexo das

decisões havidas por detentores do poder nas esferas nacionais e nas relações

internacionais. Frase que caberia em qualquer área de estudo. Sim. Contudo, sendo

o tema deste trabalho monográfico aquele afeto à investigação de fatos criminosos

que findam por desestruturar o ambiente social, muito se deve observar por

entrelinhas no cenário no qual está inserido e no qual pode influenciar.

Socialmente, a questão segurança pública e investigação constitui tema de

profundo interesse, não só para a sociedade, mas para os governantes, para a

mídia, para estudiosos e acadêmicos de várias áreas do conhecimento e para os

profissionais de polícia.

A segurança pública, vista de forma ampla, como um só conjunto para todo

o país, interfere sobremaneira na questão da segurança nacional. O documento

Política Nacional de Defesa (BRASIL, 2012) é claro em seu segundo item, ao definir

os pressupostos básicos do Estado, “território, povo, leis e governo próprios e

independência nas relações externas” (p. 13). Neste documento está explícita a

distinção entre Defesa e Segurança:

Segurança é a condição que permite ao País preservar sua soberania e integridade territorial, promover seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercício de seus direitos e deveres constitucionais; e

Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações do Estado, com ênfase no campo militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderantemente externas, potenciais ou manifestas .(p.15)

A necessidade de ser verificada a questão da segurança pública no âmbito

da Política Nacional de Defesa é clara, tendo em vista que, ao lado da defesa civil, e

das políticas de diversas ordens, como a econômica, social, educacional, científico-

tecnológica, dentre outras, é requerida para a preservação da segurança em nível

nacional (BRASIL, 2015).

O negócio das polícias judiciárias, ou seja, o serviço que fornece ao cidadão,

é apurar infrações penais para encontrar a verdade histórica de fatos criminosos

ocorridos. Para tanto, é necessário que um corpo de investigadores, distribuídos em

cargos públicos, com atribuições diversas, colija evidências, qualquer dado

11

relacionado ao crime, e provas, ao passar pelo crivo técnico e ser subordinado ao

princípio da ampla defesa e do contraditório, para ampla doutrina processual penal,

acerca dos atos praticados.

Este trabalho nasce do seguinte problema de pesquisa: Em que medida a

função de investigação, garantidora de exercício de cidadania, se beneficia do

pertencimento do corpo pericial de natureza criminal na estrutura das polícias

judiciárias no Brasil? Assumimos a hipótese de que a dissociação do trabalho de

investigação em duas estruturas organizacionais distintas poderá ocasionar entrega

deficitária de serviço de segurança pública na modalidade investigação pré-

processual.

O objetivo geral é diagnosticar a importância do pertencimento do corpo

pericial na estrutura das polícias judiciárias no Brasil e por objetivos intermediários

contemplam-se quatro ações: 1) rever a melhor estrutura de organizações de polícia

judiciária no que pertine à apuração de fenômenos criminosos, pois que todas

assumem o mesmo negócio: encontrar a verdade histórica do fato criminoso; 2)

identificar possíveis riscos relacionados à permanência ou retirada do corpo pericial

da estrutura das polícias judiciárias do Brasil, à luz das melhores práticas

evidenciadas no Guia PMBOK® 5ª edição; 3) sintetizar os argumentos que levaram

à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 325/09, que desvincula a

perícia criminal da carreira policial federal, estadual e distrital pela Comissão

Especial da Câmara dos Deputados em 25 de novembro de 2014.

O tema é de suma importância para a Nação, sendo fundamental ao exercício

da cidadania, como já declarado linhas acima ao ser referido o documento Política

Nacional de Defesa, sendo também verificada a importância do tema segurança

pública no documento Estratégia Nacional de defesa ao tratar da Garantia da Lei e

da Ordem, quando as Forças Armadas têm emprego episódico, nos termos legais

previstos.

Provas e evidências são um dos pilares de qualquer investigação, muito mais

a de caráter pré-processual penal, onde devem ser observados princípios como o da

dignidade da pessoa humana, da ampla defesa e do contraditório, da transparência

na gestão pública e tantos outros necessários para o desenvolvimento do negócio

praticado pelas policias judiciárias, que tem por objetivo identificar a autoria e

demonstrar a materialidade de tais eventos.

12

Este trabalho surge da ocupação com o tema, seja na vida profissional1, seja

na acadêmica. A necessidade de realizar uma pesquisa sobre este tema nasceu do

desconforto em verificar que a apuração de fatos criminosos podem vir a não serem

eficazes e eficientes, deixando de gerar efetividade, impacto positivo na sociedade,

deixando as principais partes interessadas, a própria sociedade e o cidadão, na

preservação da paz e segurança pública sem condições de desenvolver suas

atividades diárias. O distanciamento reflexivo necessário é adquirido com a

dedicação acadêmica, mas o mais importante é a leitura atenta da orientadora deste

trabalho, que em não sendo policial, mas civil, como denominamos quem não é

policial, a conduzir os caminhos da pesquisa. Na condição de delgado de polícia,

tenho interesse profundo no tema, pois minha atividade fim foi e será, por ainda um

bom tempo, apurar a verdade, e para tal são necessárias provas.

Esta monografia está estruturada em quatro capítulos. O primeiro trata do

sistema de provas e sua importância na fase pré-processual criminal. Em seguida

será realizada uma análise da PEC 325/09 a Proposta de Emenda à Constituição

levada a efeito para viabilizar a separação do corpo de elaboradores das provas

técnicas, objetivas, da estrutura das polícias judiciárias, sejam elas estaduais ou

federal.

O terceiro capítulo visa a identificar riscos em caso de uma separação

orgânica entre a polícia dita científica e a polícia judiciária à luz do Guia Project

Management Body of Knowledge (Guia PMBOK®), sendo certo que a pesquisa

limita-se a diagnosticar riscos advindos da separação da polícia produtora de prova

objetiva daquela responsável pela análise e avaliação do conjunto das evidências e

provas de fato criminoso, da qual a primeira faz parte. Por falta de recursos de

tempo, financeiros, de abrangência territorial e humanos, inviabiliza-se uma

pesquisa de âmbito nacional. Por fim, as considerações e sugestões, seguidas de

conclusão, onde é proposta a viabilização de pesquisa de âmbito nacional,

sugerindo órgão próprio para sua realização em parceria com instituição acadêmica

e isenta.

1 A Estagiária, autora desta monografia, tem 21 anos de experiência em Segurança Pública,

ocupando o cargo de Delegado de Polícia da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, com dois Mestrados cujos temas de dissertação são voltados para área, tendo participado de congressos e seminários, na qualidade de painelista e coordenadora, além de lecionar nas Academias de Polícia Civil e da Polícia Militar, ambas do Estado do Rio de Janeiro, demonstrando, assim, especialidade no tema escolhido para a escrita do presente trabalho.

13

2 A FASE PRÉ-PROCESSUAL CRIMINAL EO SISTEMA DE PROVAS

Conforme o dicionário político de Bobbio (1999) em verbete assinado por

Sergio Bova, polícia na Idade Média significava a "boa ordem da sociedade civil" em

contraposição à religiosa manifestada pela Igreja. Na Idade Moderna, chegou a ser a

própria administração pública ou o Estado de Polícia, e em fins do século XIX

passou a significar o que entendemos hoje aqui no Brasil: segurança pública, ou

seja, defesa da sociedade, de seus perigos internos. "A defesa da segurança pública

é, na realidade, uma atividade orientada a consolidar a ordem pública e,

consequentemente, o estado, as relações de força entre classes e grupo sociais"

(1999, p. 945).

Assim e neste contexto é que está o sistema que visa a apurar motivos,

materialidade e identificar autores e vítimas em casos de desordem social que

findem por infringir normas de caráter penal é o de Segurança Pública, com assento

constitucional.

A regulação do fazer a investigação é realizado por normas, assim como o é

a da vida em sociedade. Ora, o que é uma norma? É um comando. Um comando

dado pelo Estado à população que nele habita ou que por ele passa, como turistas,

por exemplo, para que a obedeçam. Caso a norma não seja obedecida, uma

sanção, uma pena poderá ser-lhes imposta, a depender de várias das abordagens

normativas. Em nosso estudo consideraremos as normas de caráter penal, as que

punem fatos com maior caráter aflitivo para a sociedade. Afinal, um homicídio –

caráter penal, causa muito mais incômodo à sociedade do que um casamento entre

uma pessoa idosa e uma com cerca de 30 anos a menos – caráter cível.

Como nosso estudo não está no campo jurídico, mas no campo da

administração, somente serão tratados temas jurídicos essenciais ao entendimento

do tema: que risco que pode representar o distanciamento do corpo de servidores

públicos produtores de prova objetiva (perícia de natureza criminal), dependente de

conhecimentos científicos específicos e fora da área do direito, do corpo de

14

servidores públicos demandantes de tais provas e também produtores de provas

subjetivas (autoridade policial e agentes de polícia judiciária).2

Neste capítulo trabalharemos duas concepções que são interdependentes.

Funcionam como em um sistema, ou seja, há interdependência de suas partes, a

saber: o sistema de segurança pública e o sistema de provas adotado no direito

brasileiro. Vamos ao primeiro.

2.1 O SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA

Segurança Pública é a atividade pertinente aos órgãos estatais e à

comunidade com vistas a proteger direitos e deveres das pessoas que habitam no

território determinado ente estatal. Justiça Criminal é a denominação dada ao

conjunto de instituições e órgãos que têm por missão estabelecer a verdade real

sobre fatos ocorridos anteriormente e que tenham perturbado a ordem pública.

Entende-se ordem pública pelo contido no Regulamento para as Polícias Militares e

Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, aprovado pelo Decreto n. 88.777, de 30 de

setembro de 1983, em seu artigo 2º, item 21, abaixo transcrito: Conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico da Nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo poder de polícia, e constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem comum.

Pode-se dizer que há duas sortes de instâncias na Justiça Criminal, a formal

e a informal: a primeira com órgãos encarregados de promover a justiça criminal e a

segunda, embora não formalmente constituídas para promover a segurança e a

ordem pública, com órgãos que exercem significativa influência sobre elas.

A base constitucional e legal para a atuação desses órgãos inicia com a

Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB): Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. (BRASIL, 2000)

2 Poderá haver, em casos específicos a produção de uma prova subjetiva pelo corpo pericial, como

por exemplo, a realizada por um perito medico psiquiatra, mas tal prova deverá ser demandada por magistrado, conforme determina o código de processo penal pátrio em seu artigo 149 do CPP.

15

E apenas para que se tenha um breve alcance dos organismos e sistemas

envolvidos no Sistema de Segurança Pública passo a expor os seguintes:

Forças Armadas: artigo 21, III e artigo 142 da CRFB/88; Lei no 9 .299, de 7 de

agosto de 1996 e da Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999, alterada pela

Lei Complementar no 117, de 2 de setembro de 2004, e Lei Complementar no 136,

de 25 de agosto de 2010, Defesa do Estado Democrático de Direito;

• Polícia Federal: artigo 144, parágrafo 1° da CRFB/88;

• Polícia Rodoviária Federal: artigo 144, parágrafo 2º da CRFB/88 e

atribuições no artigo 20 do Código Brasileiro de Trânsito (Lei Federal nº

9.503, de 23 de setembro de 1997);

• Polícia Ferroviária Federal: artigo 144, parágrafo 3ºda CRFB/88;

• Polícia Civil: artigo 144, parágrafo 4º da CRFB/88;

• Polícia Militar: artigo 144, parágrafo 5º e 6º da CRFB/88;

• Corpo de Bombeiros Militar: artigo 144, parágrafo 5º e 6º da CRFB/88;

• Guardas Municipais: artigo 144, parágrafo 8º da CRFB/88;

• SENASP: artigo 2º, alínea “b” Decreto nº 6061/2007;

• Força Nacional: artigo 2º, alínea “b”, número 4 do Decreto nº 6061/2007;

• Defesa Civil: atividade desenvolvida pelo Corpo de Bombeiros;

• Agências Prisionais: legislações estaduais;

• Sistema Único de Segurança Pública (SUSP): articular e integrar ações

federais, estaduais e municipais na área da Segurança Pública e da Justiça

Criminal, sem interferência nas instâncias formais de segurança pública;

• Ministério Público: artigo 127 e seguintes da CRFB/88; e

• Poder Judiciário: artigo 92 e seguintes da CRFB.

De todos estes organismos somente aos delimitados no artigo 144 da CRFB

são destinadas missões de segurança pública, ou seja, aqueles que têm como razão

de existir, desenvolver ações e trabalhar efetivamente para a segurança pública.

Nesta pesquisa as polícias judiciárias merecem especial destaque, sendo

essas a Polícia Federal e as Polícias Civis de cada Estado federado.

16

2.2 A FASE PRÉ-PROCESSUAL DA APURAÇÃO DE CRIMES

Para melhor entendimento vamos à criação de uma estória: João e Maria

amavam-se avassaladoramente. Tanto, que um dia Maria resolve ter João somente

para si e verifica, em suas tormentas mentais, que somente a morte poderia uni-los

com tamanha plenitude. Prepara o crime ou o fenômeno perfeito: equipamentos,

pessoas a serem envolvidas, tempo, melhor condição climática, elementos químicos

indispensáveis, enfim, tudo de que pudesse necessitar para aproximá-la de seu

desiderato, o de permanecer até o final dos tempos com João. Ora, sabe-se que

crime perfeito não existe. Sempre deixará um rastro; nenhum crime é

completamente impossível de ser investigado.

Como visto em nosso curto cenário, há pessoas envolvidas neste crime e

objetos, há questões de caráter subjetivo, como as pessoas que podem ter visto ou

sabido das intenções de Maria e do fenômeno desde seu início ou que somente

tenha ouvido dizer. Todas com suas percepções que estão repletas da história de

vida de cada um; cada qual tem seu filtro, por onde vê e lê o mundo e o que lhe

passa à frente, desde sons, imagens até o que pensa ter visto ou vivido ou o tanto

que lhe era possível perceber.

Como visto em nosso curto cenário, há equipamentos, objetos e, além

destes, o crime hipotético pode ter deixado vestígios, como digitais espalhadas por

aqui e por ali, sangue, humano ou não, ou seja, aspectos que não dependem da

percepção humana para serem verificados, mas sim, que se valem das mais

variadas ciências para se manifestarem e serem detectados e explicados em sua

plenitude.

Aos primeiros denominamos subjetivos e aos segundos, objetivos. As provas

que deles derivam seguem-lhes os qualificativos. Este é o aspecto mais importante

para se compreender o tema desta pesquisa. Cabe a indagação: pode-se separar

ambos os aspectos de um dado fenômeno, subjetivo e objetivo, em sua apuração? A

se compreender que tal fato dificulta a apuração, a investigação, fazendo com que a

sociedade venha a sofrer com tal afastamento, dissolvendo o caráter sistêmico de

um fato criminoso, então tem-se a ocupação com o problema proposto para esta

pesquisa.

Prova, para Malatesta (2009, p. 25) é:

17

[...] o meio objetivo pelo qual o espírito humano se apodera da verdade, a eficácia da prova será tanto maior, quanto mais clara, mais plena e seguramente ela induzir no espírito a crença de estarmos de posse da verdade. Para se conhecer, portanto, a eficácia da prova, é preciso conhecer como se refletiu a verdade no espírito humano, é preciso conhecer, assim, qual o estado ideológico, quanto à coisa a ser verificada, que ela induziu no espírito com sua ação.

Malatesta (2009) publica sua obra clássica em 1894, obra que ainda é atual,

inclusive se verificarmos, em sua primeira parte, quando trata dos Estados de

espírito. Quando de sua abordagem sobre o Conhecimento da Verdade3, aduz que: A prova pode considerar-se sob um duplo aspecto: quanto à sua natureza e produção, e ao efeito que produz no espírito daqueles perante quem é produzida. (2009, p. 101)

Deve-se aclarar em que momento inicia-se a falar em provas a partir do

cometimento de um fato de natureza jurídico-penal. Ocorrido um fato criminal, não

se sabendo autoria e não havendo materialidade, sem que se tenham elementos

necessários à proposição de denúncia pelo Ministério Público ou queixa pelo

ofendido, instaura-se um Inquérito Policial – IP, termo já conhecido da população

brasileira, visto que se tornou usual a necessidade de sua abertura para que sejam

investigados tantos crimes, contravenções e fatos que podem ser configurados

como tal. A investigação, tal como ocorre no âmbito policial, é uma pesquisa

realizada para que se chegue à conclusão de ocorrência ou não de um fato e ainda

se ele configura infração penal (da qual se subdividem o crime e a contravenção) ou

de qualquer outra natureza como a cível, a trabalhista ou a administrativa. O IP é

este procedimento administrativo, desenvolvido pela polícia judiciária, tendo por

grande orquestrador o delegado de polícia, no qual ficam registrados todos os atos e

resultados das investigações realizadas.

As Polícias Civis dos estados federados no Brasil, como definido na

CRFB é dirigida por delegado de polícia de carreira e tem por missão constitucional

apurar as infrações penais, exceto as militares (BRASIL, 2000, p. 86). Polícia

judiciária pressupõe investigação policial dos fatos delitivos penais. Tal investigação

é realizada por meio de um conjunto de atos nos quais interferem vários atores do

sistema jurídico criminal: Polícias Militares, Polícias Civis, advogados ou

representantes/órgãos da Defensoria Pública, bem como do corpo do Ministério

Público e do Poder Judiciário, sendo que esses atuam diretamente no sistema 3Conceitos estes tão bem aproveitados que se aplicam aos estudos da atividade de Inteligência,

inclusive de Inteligência de Segurança Pública (ISP)

18

jurídico criminal e de segurança pública e o magistrado é o principal decisor sobre o

fenômeno que chegue a seu conhecimento por meio de um regular processo

criminal.

O IP é um procedimento administrativo4 iniciado em uma Unidade de

Polícia Administrativa e Judiciária – UPAJ. Pode também ser iniciado em unidades

administrativas como a Corregedoria de Polícia. Objetiva dar ao titular da ação

penal, o representante do Ministério Público ou àquele que tenha sofrido a lesão a

seu direito, as informações necessárias e indispensáveis ao oferecimento de

denúncia ou queixa, sendo, portanto dispensável se eles já as tiverem por outros

meios válidos e legais. Neste sentido, o IP é um trabalho de descrição da realidade

vivida e passada (pesquisa descritiva), entendido como um trabalho de coleta e

sistematização de dados, um trabalho histórico, não comportando a noção de

explicação da realidade que se detenha ao aspecto da produção de referenciais

teóricos (DEMO, 1995).

A verdade real, ou seja, aquela verdade definida como a exata descrição

do que tomou lugar no passado, como se fosse um filme ou um retrato, em termos

jurídicos, pode-se entender como a reconstrução do ato praticado seja pela fala,

seja por documentos, seja por aporte de perícias legais, todas com embasamento

científico, realizadas por profissionais, muitas das vezes professores doutores. Não

é uma verdade fictícia sobre o passado, e hoje em dia tem-se preferido as provas

que são decididas por meio da ciência e da técnica, e por que não dizer, das provas

que tenham ainda imagens, imagens criadas a partir de um estudo científico e de

um aparelho que tenha sido produzido, programado por outros profissionais.

Hodiernamente, são solicitados dos peritos que façam laudos conclusivos, que

possam fundamentar decisões de indiciação5, pelos Delegados de Polícia e de

formação de culpa pelos magistrados.

Um exemplo é o exame de Ácido Desoxirribonucleico, conhecido por sua

sigla, DNA. Caso não se possa ter um laudo conclusivo de que aquela substância

humana é daquela determinada pessoa, em tempos passados, um trabalho de

odontologia forense ou de medição de ossos seria tido como suficiente para a 4"O procedimento é o conjunto de formalidades que devem ser observadas para a prática de certos

atos administrativos; equivale a rito, a forma de proceder; o procedimento se desenvolve dentro de um processo administrativo."(DI PIETRO, 1996: 307)

5 Indiciar é um termo técnico jurídico processual penal e significa a imputação a alguém da prática de um fato criminoso no âmbito do inquérito policial, por exemplo, também sendo utilizado em inquérito administrativo.

19

identificação da pessoa; hoje, um laudo conclusivo, que indique a real identidade de

um ser humano é desejado e perseguido pelos profissionais do direito e da Justiça

Criminal para que se o identifique, visto que este composto orgânico contém

moléculas com as instruções genéticas dos seres vivos.

Pereira (1997) em artigo sobre investigação policial publicado no jornal da

Associação dos Delegados de Polícia do estado do Rio de Janeiro destaca que a

Polícia Civil, assume importância significativa pois [...] se baseia na investigação, que não dispensa técnica científica, e não se baseia na argúcia sherlockeana. Ela emprega recursos da física, da química, da biologia, da matemática, da informática, da botânica, da psicologia, da paleontologia e de outros ramos do conhecimento humano. A investigação é que dinamiza o aparelho judiciário, preserva a sociedade e seu aparelho administrativo.” (1997, p. 5)

O IP é regulado por normas legais6: do Código de Processo Penal – CPP

e leis esparsas, além de outros atos normativos. A literatura jurídica sobre a

legislação processual penal inicia seus estudos ensinando a respeito do inquérito

policial, como se pode observar nas obras de autores como Tourinho Filho (1989),

Jesus (1986) e Acosta (1967), para citar os de renome neste campo. Normalmente a

discussão sobre este tipo de investigação se esgota na análise jurídica da lei sob

enfoque teórico, e a metodologia discutida refere-se aos meios pelos quais serão

ouvidas testemunhas, pessoas interessadas juridicamente no caso investigado e o

suposto autor do ato infracional. Provas subjetivas, portanto. Nos textos também é

explicado o procedimento adotado, para a solicitação de documentos oficiais ou seu

devido valor como prova.

O CPP vigente, Decreto-Lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941, reserva

um título inteiro para o inquérito policial, o Título II e outro para a prova, o Título VII,

este o marco legal aos e estudar o IP.

A Polícia Judiciária deverá apresentar relatório final após a investigação

realizada onde constarão a descrição do fato, a tipificação do mesmo7, a autoria, a

materialidade8. Com base no relatório do IP apresentado pela Autoridade Policial o

6Em 09 de janeiro de 2003 a Assessoria de Planejamento da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro

– ASPLAN editou a Ordem de Serviço nº 001/03, retroativa a 1º de outubro de 2003, estipulando tabela de títulos estatísticos da ASPLAN, visando a qualificar o banco de dados dos registros de ocorrências policiais. A OS encontra-se na INTRAPOL – um sistema interno de comunicação que se utiliza da internet por meio da página da PCERJ para aquele que for cadastrado, contudo, pela natureza do ato somente tem obrigatoriedade de aplicação internamente à ASPLAN.

7Tipificação é a identificação do crime por meio de seu tipo penal, como por exemplo o crime de homicídio, que está descrito no artigo 121 do Código Penal Brasileiro.

8Materialidade é a prova da existência do crime, o que o materializa.

20

representante do Ministério Público oferecerá denúncia nos casos de ação de

natureza pública incondicionada e condicionada9 ou a vítima oferecerá queixa-crime,

a seguir o Magistrado aceitará ou recusará, denúncia ou queixa. Em sendo aceitas

tais peças, inicia-se a ação penal.

Ou seja, as evidências e as provas são os argumentos que validam a

indiciação ou não de determinada pessoa, pois que terá sido identificada como

autora do crime. Para tanto são ouvidas pessoas (exemplo de prova subjetiva),

realizados testes científicos (exemplo de prova objetiva), para que um fenômeno

criminal seja analisado em sua inteireza, em uma postura que segue, conforme a

necessidade, vários caminhos, tanto o da dialética, quanto o da indução quanto o da

dedução.

Um profissional responsável pelo encaminhamento do IP, o delegado de

polícia, deve manter-se atualizado em relação às normas, à legislação, mas não

somente esse tipo de capacitação. Necessita de desenvolvimento técnico nas várias

áreas do conhecimento

Retornando à estória que inicia esta seção, provas subjetivas seriam as

declarações de Maria, das pessoas que sabiam das intenções de Maria, daquelas

que a viram atuando em seu desiderato criminoso, enfim, as que envolvem seres

humanos em suas falas, em suas percepções individuais ou de grupo, em suas

visões de mundo. Provas objetivas, neste contexto, seriam as provas obtidas por

meios científicos, sendo as que envolvem identificação e comparação de impressões

digitais eventualmente deixadas nos locais, exames de sangue para que se saiba se

pertence a João, ou a Maria, se é humano ou não, exames que demandem expertise

científica e técnica.

9 As ações penais classificam-se em ação penal publica incondicionada e condicionada e ação penal privada.

21

3 ANÁLISE DA PEC 325/09

O que vem a ser uma PEC e qual o interesse que um órgão público pode ter

em sua edição?

PEC é o acrônimo de Proposta de Emenda Constitucional. Emenda,

conforme leciona José Afonso da Silva (1990, p. 55), importante e consagrado jurista

mineiro é a modificação de certos pontos, cuja estabilidade o legislador constituinte não considerou tão grande como outros tão valiosos, se bem que submetidos a obstáculos e formalidades mais difíceis que os exigidos para a alteração das leis ordinárias.

Constituições são feitas com o fito de durarem, contudo pode haver a

necessidade de serem modificadas para se adequarem aos fatos sociais, como

entenderam os proponentes desta PEC sob análise.

Juridicamente limitado pelo poder constituinte originário, o que confeccionou

a Constituição da República Federativa do Brasil, o poder constituinte derivado

reformador tem a possibilidade de alterar a Constituição por meio de acréscimos,

modificações ou supressões, desde que obedecendo às regras emanadas daquele

que originariamente a elaborou. A matéria introduzida em nosso Documento Magno,

terá força normativa caso se adeque aos limites por ela impostos.

A PEC sob análise, a de número 325-B, de 2009, do Sr. Valtenir Pereira e

outros, visa a acrescentar Seção ao Capítulo IV do Título IV da Constituição Federal,

dispondo sobre a perícia oficial de natureza criminal; tendo parecer da Comissão de

Constituição e Justiça e de Cidadania, pela admissibilidade desta e da de nº

499/2010, apensada (relator: DEP. Vieira da Cunha); e da Comissão Especial, pela

aprovação desta e da de nº 499/2010, apensada, com substitutivo (relator: DEP

Alessandro Molon). Em 02 de setembro de 2015 e em 11 de setembro de 2015, os

Deputados Andre Moura (PSC-SE) e Deputado Ricardo Izar (PSD-SP),

respectivamente, apresentaram requerimento de apensação da Proposta de

Emenda à Constituição nº 117 de 2015 à Proposta de Emenda à Constituição 325

de 2009 que dispõem sobre a perícia oficial de natureza criminal, por tratarem do

mesmo tema.

Essa proposta, a de nº 325-A, tem o objetivo de:

22

criar a Perícia Oficial, de natureza criminal, como órgão essencial à função jurisdicional, acrescentando Seção ao Capítulo IV do Título IV da Constituição Federal, correspondente às funções essenciais à Justiça – tais como o Ministério Público, a Advocacia, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública. O artigo 135-A, inserido na quinta Seção (intitulada “Da Perícia Oficial de Natureza Criminal”) dispõe que a perícia oficial de natureza criminal é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, cabendo-lhe a realização de exames necessários à investigação de natureza criminal e à instrução processual penal. Propõe a emenda que Lei ordinária disponha sobre a organização e o funcionamento da perícia oficial de natureza criminal, que será estruturada em carreiras, com ingresso na classe inicial precedido de concurso público de provas e títulos, garantindo-se ao órgão a necessária autonomia científica, funcional e administrativa. Ainda, tal função, considerada atividade de risco, será exercida por profissionais de nível superior, sujeito a regime especial de trabalho. Os peritos oficiais de natureza criminal exercerão funções específicas, típicas e exclusivas de Estado, sujeitando-se à disciplina judiciária, no que couber. Por fim, a proposta de emenda à Constituição determina o prazo de três anos, contados de sua promulgação, para que os Estados e o Distrito Federal reformem suas respectivas leis fundamentais (Constituições e Lei Orgânica, respectivamente) em conformidade ao quanto estabelecido por ela. (Brasil, 2014, p. 70)

Visualize-se que o próprio texto confirma que caberá a esta nova instituição

“a realização de exames necessários à investigação de natureza criminal e à

instrução processual penal” (Brasil, 2014, p.70).

A redação do relatório da PEC n. 325-B explicita que Atualmente, o papel da perícia oficial excede, em importância, aquele a ela atribuído em sua criação no âmbito da estrutura das polícias judiciárias. Utilizada, inicialmente, apenas no corpo da investigação criminal, a perícia conquista, no exercício de seu mister, a condição de função auxiliar do Poder Judiciário, elucidando fatos sub judice por meio da produção científica de provas materiais. (BRASIL, 20014, p. 79)

Concordamos quanto à evolução da importância da perícia de todas as

naturezas, pois que a ciência tem evoluído e assim, a forma de se detectar e

verificar fenômenos, destacando-se a importância atual dada à imagem e aos

comprovantes imagéticos criados por instrumentos.

O texto publicado no Diário da Câmara dos Deputados em dezembro de

2014 declara serem distintas as atividades de polícia judiciária e de perícia criminal,

separando a identidade sistêmica de um mesmo fenômeno ocorrido, como segue:

Contudo, resta claro que as atividades das polícias judiciárias e as da perícia criminal são essencialmente distintas. Conquanto aquelas, de organização rígida, procedam às investigações com especial relevo aos testemunhos e aos indícios de caráter majoritariamente subjetivo, esta pauta suas conclusões na metodologia científica que aplica aos vestígios identificados, ainda que sejam divergentes das expectativas criadas no âmbito do inquérito policial.(grifo nosso)

Tal distinção de funções já foi abordada por observadores internacionais no País e expressa no Anexo I do “Protocolo Brasileiro de Perícia Forense no

23

Crime de Tortura”1 , elaborado pelo Grupo de Trabalho “Tortura e Perícia Forense”, instituído pela Portaria de junho de 2003, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Diz o relatório: Segundo constatou o Relator Especial da ONU, Nigel Rodley, quando esteve em visita oficial no Brasil, no ano de 2000, os delegados de polícia e agentes policiais que encaminham uma vítima de tortura ao Instituto Médico-Legal – IML – muitas vezes buscam induzir o perito médico-legista na realização do exame pericial. Nas entrevistas de detentos concedidas ao Relator Especial, eles informaram que, por medo de represálias, não se queixavam, quando examinados no IML, dos maus-tratos a que haviam sido submetidos; e, muitas vezes, reclamavam de ter sido levados ao referido Instituto por seus próprios torturadores e de serem intimidados e ameaçados durante os exames. (BRASIL, 20014, p. 79)

O problema ora apresentado é de ordem ética, comportamental. Não é

técnico. Uma questão de natureza técnica assume como justificativa outra de

natureza ética. O Presidente do Inquérito Policial, é o grande gestor da produção da

prova, seja ela objetiva, seja ela subjetiva. A prova em si, somente será produzida a

ponto de indicar a autoria e configurar a materialidade a partir da inteligência da

comunhão das subjetividades e das objetividades apresentadas.

Quanto à aplicação do método científico, aí então, muito mais equívocos se

verifica. O IP é um procedimento de caráter jurídico que se utiliza, em todo o seu

desenvolver, do método científico, sendo um caminho seguido pelo legislador em

que se deseja colher dados que identifiquem a autoria de infrações penais e para

tanto há pessoas e coisas envolvidas.

No Brasil, segundo a SENASP, a perícia criminal é vinculada à Polícia Civil

em 08 estados e no Distrito Federal (DF): Acre, Amazonas, Espírito Santo,

Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima e Tocantins e

ainda no DF. A perícia criminal é autônoma, portanto, nos Estados de Alagoas,

Amapá, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba,

Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São

Paulo, Sergipe, Tocantins. Portanto são 09 instituições policiais judiciárias no país,

que têm em suas estruturas de polícia civil o corpo pericial de natureza criminal e 18

em que, de alguma forma tal corpo já se encontra apartado da estrutura policial

judiciaria. O QUADRO contido no APÊNDICE A elenca, por estado federado, a

vinculação ou não à polícia civil, site em que tal dados pode ser encontrado e onde

está alocado o corpo pericial de natureza criminal.

Merece comentário o fato de que no estado da Bahia, a SENASP identifica a

perícia como sendo vinculada à Polícia Civil, contudo em pesquisa realizada por lei

estadual para o referido estado, foi identificado que a Lei n. 11.370, de 04 de

24

fevereiro de 2009, em seu artigo 109 deixa clara a vinculação da perícia à Polícia

Civil, conforme se pode verificar abaixo:

Art. 109. Fica mantida a estrutura organizacional e de cargos em comissão do Departamento de Polícia Técnica - DPT, conforme Lei nº 9.289, de 20 de dezembro de 2004, unidade subordinada à Secretaria de Segurança Pública do Sistema de Polícia Civil.

Os principais argumentos apresentados como problemas da perícia criminal

durante o processo de discussão da PEC, em audiências públicas, foram

categorizados para melhor entendimento. A fonte utilizada são as falas dos

profissionais ouvidos em audiência pública durante a elaboração da PEC. Saltou aos

olhos terem sido ouvidas somente 18 pessoas (apesar de o número que consta no

documento apontar para 17 pessoas, verifica-se que foram 18), devendo-se analisar

o critério adotado para o convite para que haja representatividade e consequente

legitimidade na interpretação das falas . Vamos aos argumentos:

Ø Questões orçamentárias e financeiras relacionada a recursos para o

desenvolvimento do trabalho;

Ø Questões salariais;

Ø Independência hierárquica relacionada aos delegados de polícia;

Ø Trazer visibilidade para a perícia criminal;

Ø Isenção de produção das provas quando houver envolvimento policial

no cometimento de crimes;

Ø Quantitativo de peritos;

Ø Formação e desenvolvimento; e

Ø Autonomia técnico-científica; gerencial e administrativa.

Dos argumentos levantados acima pode-se categorizá-los em 4 espécies:

1. De caráter financeiro: salários, investimentos em equipamentos e infra-

estrutura para o trabalho;

2. De caráter de identidade (visibilidade) para a perícia: instituição

autônoma, com assento constitucional;

3. De caráter gerencial: gestão autônoma; e

4. De caráter de treinamento e desenvolvimento: capacitação contínua.

A partir dos argumentos levantados nas falas em audiência pública durante a

tramitação da PEC sob análise, o primeiro é identificado como uma questão a ser

25

resolvida orçamentariamente, com prévio encaminhamento de análises detalhadas

das necessidades dos órgãos demandantes e documento formal com a real

necessidade financeira prevista para o anos seguinte, além de previsão de

programas de governos que possam ser contemplados em Plano Plurianual

seguinte.

O segundo argumento depende de análise de cultura organizacional, uma

vez que não se verifica uma real vontade de deixar de ser policial, mas a de ser uma

categoria diversa da polícia judiciária, portanto, continuar a ser policial, tal como nas

polícias militares em que os peritos não ocupam cargos públicos com a

denominação Perito, mas sim, função pública de perito, permanecendo em suas

carreiras militares com as denominações próprias dos concursos realizados. Em

assim se analisando, todos os profissionais, agentes ou não, pertencentes às

polícias judiciarias que preencham os requisitos estipulados na legislação processual

penal pátria,10 poderão realizar as perícias necessárias ao esclarecimento do fato.

Quanto ao terceiro argumento, questão gerencial, tem-se a pesquisa

realizada pela SENASP, Diagnóstico da Perícia Criminal no Brasil, que já traz em

notas da Biblioteca Digital do Desenvolvimento: Durante a execução da pesquisa, constatou-se que a perícia no Brasil carece de uma estrutura minimamente padronizada, o que faz com que se desenhe de forma diferente em cada Estado e no Distrito Federal. A escassez de dados sistematizados mostrou-se como regra e chamou a atenção o desconhecimento das instituições pelos próprios gestores, muitas vezes. Assim, em que pese que as informações aqui apresentadas tenham sido fornecidas pelas próprias instituições, é necessário que os dados sejam lidos com ressalvas. Por mais que tenha se tentado garantir a consistência dos dados, em alguns casos isso não foi possível – e eis aí o primeiro ponto relevante do diagnóstico, o desconhecimento que a perícia criminal do Brasil tem de si mesma, não apenas no âmbito nacional, mas também no local. (BRASIL, 2012)

Significa dizer que há necessidade de modernização na visão gerencial por

parte, tanto do corpo pericial, quanto dos atuais gestores de segurança pública, que

deve ser buscado individualmente por todo profissional, mas planejado e concertado

pelo nível estratégico da segurança pública em nível nacional e estadual.

10 CPP, art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008). § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

26

Quanto ao último argumento classificado, de caráter de treinamento e

desenvolvimento, a requerer capacitação contínua, verifica-se estar intimamente

ligado ao terceiro, sendo componente da categoria gestão de pessoas no

subsistema de capacitação.

27

4 IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS DE UMA SEPARAÇÃO ORGÂNICA ENTRE A POLÍCIA CIENTÍFICA E A POLÍCIA JUDICIÁRIA À LUZ DO GUIA PMBOK®

Riscos são gerados por incertezas. Incerteza é uma previsão racional das

mudanças. Riscos conhecidos são gerenciáveis, riscos desconhecidos podem levar

uma organização à morte. É necessário que haja condições e que se tenham pessoas

capacitadas para o planejamento a fim de minimizar os riscos, identificando-os, analisando-

os e avaliando-os a partir do que pode ocorrer com a alteração da estrutura da Perícia

Criminal no Brasil. Riscos podem ser negativos ou positivos, quando representam

oportunidades para o negócio. Podem, ainda, ser conhecidos ou desconhecidos, então Os primeiros podem ser tratados por meio de técnicas conhecidas, enquanto os desconhecidos não podem ser tratados proativamente e, nesse caso, é necessária a criação de uma reserva de contingência. (MENDES, VALE, FABRA, 2014, 102)

Gerenciamento de Riscos é associado ao processo de tomada de decisões,

o que torna a entrega de um serviço único e efetivo à sociedade como o é o de

investigação criminal de caráter pré-processual uma atividade que carece deste

modelo gerencial em que riscos podem e devem ser, sempre que possível, evitados.

Está intimamente relacionado à estratégia da organização, e ainda à sua cultura

organizacional, sua forma de ser, pensar e sentir os fenômenos diários e

corporativos. Identificar, avaliar e gerenciar riscos nas organizações auxilia no

entendimento da visão total da organização.

Custos devem ser avaliados, principalmente quando se deseja inovar ou

simplesmente alterar formas e procedimentos. Esta identificação gera a

possibilidade de um gerenciamento integrado de riscos possíveis e prováveis,

viabilizando ações de aceite, mitigação, recusa ou mesmo de terceirização desses

riscos.

A sociedade precisa ter muito claro qual o negócio de cada organização,

principalmente se for pública, sua missão, visão de futuro e como melhor obter os

serviços, sejam eles essenciais ou não essenciais. Documentos como planejamento

estratégico, carta do cidadão11, e procedimentos operacionais padrão são requisitos

de toda organização que pretenda ser conhecida e reconhecida com boa qualidade

11 Documento que objetiva a informação do cidadão acerca do serviço prestado por um órgão publico,

quais são esses serviços, como receber tal serviço, onde ir, como proceder, dentre outros dados disponibilizados.

28

de prestação de serviços e as de natureza pública não ficam alheias a este

movimento. O gerenciamento de riscos faz parte deste cenário como instrumento de

gestão eficaz e eficiente para a redução de custos e manutenção de foco em riscos

que realmente impactem em sua missão, por exemplo. Precisa ser constantemente

monitorado e controlado, para que a organização não venha a perder seus recursos

mais valiosos, como o são os seres humanos que levam consigo o capital intelectual

muitas vezes indispensável para a organização.

A Nota de Complementar de Ensino NCE 01 - 2015 DAM, utilizada nos

cursos da Escola Superior de Guerra e, objeto de estudo durante o Curso de Altos

Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), cujo título é Segurança e Defesa

Nacionais explicita que:

No que concerne ao Bem Comum, a Segurança é um elemento indispensável à busca da maior aproximação possível desse ideal, graças ao grau de garantia que deve proporcionar. (2015, p. 04)

Analisar a proposta de alteração proposta pela PEC 325-A acima estudada

demonstrará possíveis consequências, apontando os riscos a ela inerentes afetando

o Bem Comum, gerando problemas em nível nacional.

Identificar riscos não é uma atividade fácil, na maioria dos casos, porém, é

necessário que as organizações façam este esforço investindo em escritórios de

projetos ou ainda em consultores internos (BRANCO BONELLI, 1999, p. 21) que,

pertencentes à organização, conhecem seu ethos, suas normativas, dentre outros

aspectos. Por muitos desses servidores, por serem pessoas que permanentemente

se mantém informados, capacitando-se, adquirem o olhar distanciado,

suficientemente, para realizar análises e construir, em equipe e em conjunto com

outros servidores da organização, planejamento nas mais diversas áreas de

conhecimento previstas no Guia PMBOK® Project Management Book of Knowledge,

editado pelo Project Management Institute - PMI.

O PMI é um instituto que se destina a reunir profissionais atuantes no

gerenciamento de organizações, de pessoas, de bens, ou seja, gestores que

reúnem seus melhores conhecimentos que são sintetizados em um documento

denominado Guia PMBOK®. Este livro está em sua 5ª edição, editada em 2013, e é

traduzido em diversos idiomas, inclusive em português. É composto de 13 capítulos,

onde estão explicadas as melhores práticas na elaboração de projetos nas 10 áreas

de conhecimento, existentes nos 5 grupos de processos: iniciação, planejamento,

29

execução, monitoramento e controle e encerramento, que são desenvolvidos, nos

projetos, em 47 processos.

O Guia PMBOK® (2013) apresenta em seu item 3.9 – Papel das áreas de

conhecimento, dez diferentes áreas de conhecimento, que serão desenvolvidas por

uma sugestão de uma série técnicas e práticas que, juntamente com os 47

processos, auxiliam no gerenciamento de projetos, são elas:

• Gerenciamento de Integração do projeto: “[...] inclui os processos e atividades para

identificar, definir, combinar, unificar e coordenar os vários processos e atividades

dentro dos grupos de processos de gerenciamento do projeto.” (p.63)

• Gerenciamento de Escopo do projeto: “[...] inclui os processos necessários para

assegurar que o projeto inclui todo o trabalho necessário, e apenas o necessário,

para terminar o projeto com sucesso.”(p.105)

• Gerenciamento de Tempo do projeto: “[...] inclui os processos necessários para

gerenciar o término pontual do projeto. (p.141)

• Gerenciamento de Custos do projeto: “[...] inclui os processos envolvidos em

planejamento, estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle

dos custos, de modo que o projeto possa ser terminado dentro do orçamento

aprovado.” (p.193)

• Gerenciamento de Qualidade do projeto: “[...] inclui os processos e as atividades da

organização executora que determinam as políticas de qualidade, os objetivos e as

responsabilidades, de modo que o projeto satisfaça às necessidades para as quais

foi empreendido.” (p.227)

• Gerenciamento de Recursos Humanos: “[...] inclui os processos que organizam,

gerenciam e guiam a equipe do projeto.” (p.255)

• Gerenciamento de Comunicações:

[...] inclui os processos necessários para assegurar que as informações do projeto sejam planejadas, coletadas, criadas, distribuídas, armazenadas, recuperadas, gerenciadas, controladas, monitoradas e finalmente dispostas de maneira oportuna e apropriada.(p.287)

• Gerenciamento de Riscos: “[...] inclui os processos de planejamento, identificação,

análise, planejamento de respostas e controle de riscos de um projeto.” (p.309)

30

• Gerenciamento de Aquisição: “[...] inclui os processos necessários para comprar ou

adquirir produtos, serviços ou resultados externos à equipe do projeto.” (p.355)

• Gerenciamento dos Participantes ou Interessados:

[...] inclui os processos exigidos para identificar todas as pessoas, grupos ou organizações que podem impactar ou serem impactados pelo projeto, analisar as expectativas das partes interessadas e seu impacto no projeto, e desenvolver estratégias de gerenciamento apropriadas para o engajamento eficaz das partes interessadas nas decisões e execução do projeto. (p.391)

Este trabalho tem por objetivo verificar o(s) risco(s) que pode(m) advir da

separação do corpo pericial de natureza criminal das polícias judiciárias de forma a

que seja possível ao gestor público gerenciá-lo e, por fim, para que auxilie na

tomada de decisão, em momento oportuno.

Há que se realizar alguns questionamentos ao avaliar riscos de um projeto,

de uma ação a ser tomada. Destaca-se alguns apontados por Sêmola (2003),

absolutamente pertinentes ao caso em estudo: • Relação de relevância que um processo de negócio tem para o negócio • Relação de dependência que um ou mais processos de negócio tem do ativo12 • Projeção do impacto resultante da concretização da ação de uma ameaça [...] (p.110)

Assim, pode-se verificar que a perícia é importante e relevante para a

investigação pré-processual de natureza criminal. Em alguns casos, senão a maioria

dos casos, a perícia somente pode ser efetuada no momento em que se tem

conhecimento do fato criminoso, esvaindo-se depois, como por exemplo, coleta de

impressões digitais em local aberto ao tempo e por onde passam outras pessoas

que não a autora do crime, e ainda outro exemplo é o de furto mediante rompimento

de obstáculo, em que a perícia precisa ser realizada antes de o local ser desfeito.

Caso a perícia não seja realizada no momento apropriado, perder-se-á a chance da

coleta dos dados e nenhum outro tipo de prova será tão eficaz quanto este, contudo

a legislação supre tal deficiência com o depoimento de testemunha para os casos

em que o crime deixa vestígios.

Ora, testemunhas são pessoas e todos nós reproduzimos o que percebemos

por meio dos sentidos de que dispomos. Percepção traz em seu conceito a carga de 12 São bens, marca, capital intelectual de uma organização.

31

subjetividade de cada um, com os filtros que todos temos para enxergar o mundo,

seja de formação familiar, acadêmica, religiosa, seja de capacidade intelectual, de

saúde ou mesmo financeira. Portanto a fragilidade da prova subjetiva tem de ser

aquilatada com técnicas e processos de coleta de dados que se valem de

comparação, de estudos oriundos da psicologia e que são de acesso relativamente

mais tranquilo que, por exemplo, a engenharia de estruturas a falar de coloração de

cimento de acordo com o grau e tempo de exposição ao calor.

O impacto? Este será alto, em não havendo possibilidade de se investigar

eficaz e eficientemente uma infração criminal. E quem sofre os danos? A sociedade

e o cidadão!

Como corolário pode-se analisar a relação custo-benefício em cada caso

concreto, e a título de planejamento de gestão de riscos de uma investigação

criminal ser mal sucedida em virtude de perícia realizada em momento não

apropriado ao esclarecimento do fato, esse custo será muito alto, e mais uma vez,

quem sofre os danos é a sociedade como um todo e o cidadão.

Deve-se ter uma visão sistêmica, não individualizante. Sempre ter em mente

que o importante é a segurança da sociedade, do cidadão, do indivíduo que está em

nosso território, sob nossa responsabilidade legal e constitucional.

O controle do risco e a chance de serem detectados riscos positivos também

tem de ser levando em consideração. A pesquisa que se propõe nesta monografia,

poderia servir a este propósito, visto que há necessidade de coleta de dados em

universo mais amplo do que o das polícias judiciárias.

Há casos em que não vale a pena correr o risco: quando não impacta no

projeto ou na ação a ser tomada; quando a organização não tem como arcar com os

resultados negativos desse risco, ou ainda se os benefícios não podem ser

identificados, podendo ainda ser o caso ao não se ter um plano de contingência ou

não haver dados para que resultados sejam computados.

Sêmola (2003, p.109), já preleciona que Diagnosticar o risco envolve a análise de variáveis endógenas que extrapolam os aspectos técnicos; portanto, devem considerar, também, os aspectos comportamentais dos recursos humanos, os aspectos físicos, os legais e, ainda, um grande leque de variáveis exógenas que interferem direta ou indiretamente na proteção do negócio. Uma mudança estratégica, uma nova business unit, a presença de um novo concorrente ou, ainda, um fator representativo da economia podem provocar oscilações no nível de risco do negócio, tirando a empresa do seu ponto de conforto. Diante disso, a Análise de Riscos tem de ser encarada como um instrumento fundamental para diagnosticar a situação atual de segurança da

32

empresa, através da sinergia entre o entendimento dos desafios do negócio, o mapeamento das funcionalidades dos processos de negócio e o relacionamento deles com a diversidade de ativos físicos, tecnológicos e humanos que hospedam falhas de segurança.

Gestão de risco têm relação com a tomada de decisão, portanto sua análise

importa na possibilidade de se ter uma melhor tomada de decisão, neste caso, do

legislador federal, que apropriadamente realizou audiências públicas no processo de

elaboração da PEC n. 325-B, que em si aglutina outras PECs a ela relacionadas.

O processo de gerenciamento de riscos, pelo Guia PMBOK®, consiste em

passos que devem ser obedecidos para um melhor resultado: planejar o

gerenciamento de riscos; identificar os riscos; realizar a análise qualitativa dos

riscos; realizar a análise quantitativa dos riscos; planejar as respostas aos riscos e

controlar os riscos. Cada um desses processos, desses passos, tem suas etapas,

que deverá ser realizada pela instituição, fugindo do escopo deste estudo sua

realização completa, seja por limitações temporais, de recursos humanos, ou mesmo

de planejamento estratégico que deve estar visível e transparente para todos os

servidores.

Sendo esta análise de risco preliminar, por ser realizada no tempo destinado

para a confecção desta monografia e por não ser viável que todas as partes

interessadas envolvidas estejam colaborando interdisciplinarmente, o que

certamente enviesaria a solução, qualquer que fosse a solução encontrada. O

universo da pesquisa para a coleta de dados deveria cobrir, no mínimo, os

delegados de polícia, os peritos – legistas e criminais, os magistrados; para não falar

que pesquisadores do meio acadêmico com formação em filosofia, direito e

sociologia seriam bem vindos. A partir da identificação universo, a amostra deve ser

cautelosa e cientificamente construída para viabilizar coleta de dados sem viés. Por

isso, indo ao foco deste estudo verificou-se uma forma plena de realização da

pesquisa. Uma pesquisa científica e isenta para realizar esta análise é comportada

por organismos de abrangência nacional, como a SENASP, por exemplo, e para

tanto é apresentado, ao final, uma proposta de pré-projeto que intitulou-se

Investigação Pré-Processual e Realização das Evidências e Provas.

Portanto, para que se tenha uma análise de risco, é necessário que primeiro

identifique-se o negócio de que se está a falar, em nosso caso, investigação pré-

processual de natureza criminal, cujo problema identificado é a retirada do corpo

33

pericial de natureza criminal da estrutura das polícias judiciarias, que detém a

missão de realizar tal investigação.

Se ocorrer a retirada do corpo pericial de natureza criminal da estrutura das

polícias judiciarias, que detém a missão de realizar tal investigação, os principais

riscos descritos abaixo foram identificados, analisados e avaliados com as suas

respostas a cada um deles.

QUADRO: REGISTRO DE RISCOS

REGISTRO DE RISCOS

Nº Risco

(ameaça / oportunidade)

A= Alta M= Média B= Baixa

Resposta(s) ao Risco Responsável

Prob

abili

dade

Impa

cto

Expo

siçã

o

1

Falta de resultado de autoria e materialidade para a Sociedade.

A A A

- Manter juntas a análise do fato criminoso em aspectos subjetivos e objetivos.

Delegado de Polícia

2

Morosidade no atendimento em caso de separação dos órgãos

M A A

- Priorizar os casos mais graves, tratando-os a parte em relação aos crimes de menor relevância.

Principal gestor de onde for alocado o corpo pericial

3

Ruído na comunicação entre os policiais e peritos em caso de divisão de órgãos

M B A

- Realizar laudos com clareza quanto aconceitos científicos e técnicos, claros, em estrita observância ao critérios pré-estabelecidos, doutrinária e administrativamente, evitando-se assim o emprego de termos muitos específicos desnecessariamente.

Peritos

- Mitigar convidando/ Intimando os peritos para prestar esclarecimentos

Delegado de Polícia

4

Atraso na prestação de serviço policial judiciário (resultado da investigação)

A A A

- Elaborar uma pesquisa técnica e científica a ser realizada por órgão de abrangência nacional, em parceria com instituições isentas e externas.

SENASP

Fonte: a autora a partir dos estudos realizados nesta pesquisa

A partir do registro acima é possível identificar a alta exposição dos riscos

analisados, e para que se possa determinar a exposição de um risco temos também

que levar em consideração as dimensões probabilidade e impacto simultaneamente.

34

Com estes dados, dos riscos identificados, ameaças e possíveis desafios nos

cenários, podemos refletir e concluir sobre a importância da entrega de um serviço

único e efetivo a nossa sociedade.

35

5 CONSIDERAÇÕES, SUGESTÕES E CONCLUSÃO

A análise dos riscos efetuada é a do impacto que poderá gerar a alteração

nos artigos de referencia na CRFB, isto é, aqueles referentes à separação dos

órgãos responsáveis pela perícia de caráter criminal da vinculação com as polícias

judiciárias Brasil, as estaduais e a federal.

Ousamos tecer três tipos de finalizações para este trabalho: há

considerações a serem realizadas, sugestões a serem analisadas para verificar-se a

viabilidade de implementação e conclusão a partir do problema proposto para a

pesquisa.

Primeiramente serão tecidas as considerações.

Veja-se que a questão de as polícias judiciárias terem em sua estrutura um

corpo pericial é de interesse social, uma vez que é a sociedade que corre o perigo

de ter ou não um inquérito policial melhor realizado, em qualidade e tempo. O IP visa

a identificar autoria e comprovar materialidade. Prova “É o conjunto de atos

praticados pelas partes, pelo Juiz (CPP, artigos 156, 2ª parte, 209 e 234) e por

terceiros (por exemplo, peritos), destinados a levar ao magistrado a convicção

acerca da existência ou inexistência de um fato, da falsidade ou veracidade de uma

afirmação” (CAPEZ, 1999, p. 239), tendo por características ser suficiente e plena,

clara, concludente e relevante e ainda, ser oportuna que significa se produzida no

momento adequado. Tem de fornecer ao órgão julgador elementos suficientes para a

aplicação do direito.

Meios de prova são as ações ou as coisas de que se utilizam os

investigadores para demonstrar a verdade, e aí faço menção a todos os profissionais

envolvidos no esclarecimento dos fatos havidos por criminais. Para tanto tem-se a

confissão, o testemunho, a acareação, o interrogatório do acusado, as perguntas ao

ofendido, o reconhecimento de pessoas ou coisas, as provas documentais, as

perícias e exames, visando a prestar colaboração acadêmica para a efetivação de

Inquéritos Policiais melhor desenvolvidos.

O que é necessário, não é, pelo que se depreende da pesquisa, criar nova

instituição, mas valorizar a existente, reforçar suas características investigativas,

com pessoal, gestão moderna e alinhada com as demandas sociais, e avançada

tecnologia.

36

Percebe-se que o corpo pericial de natureza criminal não pretende deixar de

pertencer à categoria policial, somente pretende não ser subordinada às polícias

judiciárias, aceitando estar nas estruturas das Secretarias de Segurança Estaduais.

Constata-se que há mais estados federados com a desvinculação da perícia da

polícia judiciaria, 18, do que as em que há vinculação, 10 mais o DF, 11 instituições,

portanto. Ora, investigar um fato criminoso inclui estabelecer provas de natureza

subjetiva e objetiva e a população necessita da entrega de um serviço de

investigação eficaz, eficiente e efetivo. Para tal é essencial que haja perfeita

interação entre os atos de investigação realizados pelos demais profissionais de

segurança pública e os de perícia.

O fato de não haver recursos necessários e suficientes, questões salariais,

administrativas e todas as que se referem a gestão, seja de recursos financeiros,

materiais, de tempo, tecnológicos, e de pessoas não têm o condão de justificar a

desestruturação de um sistema, mas, e de forma muito intensa, de fortalecer os

gestores, capacitando-os e monitorando e controlando suas ações.

Tratar processos investigativos de natureza criminal com os critérios de

pesquisas científicas é um trabalho que já se realiza nas unidades policiais, pois o

que é um interrogatório ou tomada de oitiva senão uma entrevista? o que é uma

campana, senão a aplicação da técnica de pesquisa observação? Contudo, este

pode ser objeto estudo de outra pesquisa, já iniciada pela autora e inclusive testada

empiricamente em sua atividade de delegado de polícia quando na presidência de

inquéritos policiais.

Ter em mente que a prova subjetiva pode ser apartada da prova objetiva

demonstra falta de conhecimento sobre o que é um fato (argumento utilizado em

falas durante a audiência pública no desenvolvimento da PEC 325-A), um fenômeno,

pois como se pode apartar de um só fato seus dois componentes em termos de

análise? Tal como um monstro de Frankentein será o resultado de qualquer das

duas apurações isoladamente, que podem até se contradizerem sem restar

possibilidade de indiciamento de alguma pessoa como autora do fato criminoso,

contudo não será o resultado de um único fato, como o que historicamente tenha

ocorrido. Ainda não se pode retirar a questão subjetiva dos fenômenos que

envolvem seres humanos. Sempre envolverá percepções e sempre haverá a

questão científica aplicada a ele para corroborar os ditos e percebidos ou a ele

37

refutar. Permanece a missão constitucional das polícias judiciarias de apurar crimes,

ou seja, a proposta se contradiz.

Outra consideração a ser feita é a de que a sociedade precisa ser melhor

esclarecida sobre a atuação e a existência dos serviços policiais, pois que a falta de

conhecimento do negócio, da missão e da visão de futuro da polícia judiciaria deixa

margem para toda e qualquer forma de julgamento, fala, discussão, já que carecem

de respaldo científico.

A título de sugestões, apontamos o que segue:

1. Em audiência pública foi apontado que Estados brasileiros que

conquistaram a autonomia de seus órgãos periciais não querem retornar ao

antigo modelo de vinculação às Polícias Civis. Sugere-se que este

fenômeno seja investigado em outra pesquisa, seja de caráter acadêmico,

seja organizacional público, pelas próprias instituições, por organizações

de pesquisa já referência no Brasil ou pela Secretaria Nacional de

Segurança Pública (SENASP);

2. Em virtude de experiência própria sugiro que a papiloscopia seja

alçada ao nível de perícia, tendo em vista que quando de meu trabalho na

Divisão Antissequestro verifiquei que a maioria dos casos se utilizavam de

verdadeiros aspectos periciais em relação à identificação papiloscópica de

autores, o que nos dava indícios para o encontro de novas provas, demais

coautorias, chegando a solucionar casos, somados às provas subjetivas e

demais provas objetivas;

3. Ainda, tendo em vista o trabalho desenvolvido nesses 21 anos de

carreira policial e docente em academias policiais e mais de 30, anteriores

à experiência policial, como docente, sugiro que as carreiras de polícia

judiciária tenham em sua formação e em seus cursos de aperfeiçoamento,

capacitação em metodologia da pesquisa científica, pois, como docente

desta disciplina, posso verificar os grandes auxílios e incentivos que tive e

pude oferecer para o desenvolvimento do trabalho policial, tanto em

qualidade, quanto em celeridade;

4. Realizar capacitação em nível estratégico, não somente para os

delegados, mas para todos os gestores das polícias, em gestão de

projetos, gestão de processos e planejamento estratégico; e

38

5. Efetivar pesquisa de abrangência nacional que procure identificar como

melhor entregar à sociedade brasileira o produto investigação criminal

concluída com identificação de autoria e materialidade necessária com

eficácia e eficiência, de forma a garantir a efetividade dos trabalhos

policiais e manter segura a sociedade e o cidadão. Para isso é que se

sugere o Pré-projeto com instrumento de pesquisa (Questionário) descritos

abaixo e este pré-projeto deve ser elaborado pela Organização Pública em

parceria com Instituições Privadas de Pesquisa. Sugere-se tomar por

exemplo o mapeamento de quantidade de órgãos relacionados à perícia

ligados às Polícias Judiciárias estar dissonante com o elencado pela

maioria dos comunicados oficiais sobre o tema, como se pode depreender

do que ocorre no estado da Bahia, como apontado no capítulo 3 desta

monografia.

PRÉ-PROJETO:

TÍTULO: Investigação pré-processual e realização das evidências e provas.

INTRODUÇÃO: O Inquérito Policial é um procedimento de natureza administrativa que visa à

apuração das infrações penais, identificando autoria reunindo os elementos

necessários à instauração do devido processo penal.

Para tanto é necessário um corpo de profissionais com isenção de quaisquer

interesses para que a verdade histórica sobre o fato seja materializada, ou seja, o

fato, o fenômeno, como aconteceu no mundo naturalístico.

Aí é que se fala em evidências e em provas, diferenciando-as a aplicação do

princípio do contraditório, conforme explicitado pela teoria do processos penal.

Um fato e sua prova, este é o tema da presente pesquisa.

39

ABRANGÊNCIA Nacional, incluindo todas as polícias judiciárias, sejam elas estaduais, seja ela

federal.

BENEFICIÁRIO A sociedade brasileira, a nação e a população, fixa ou flutuante.

PROBLEMA Em que medida a função de investigação, garantidora de exercício de cidadania, se

beneficia do pertencimento do corpo pericial na estrutura das polícias judiciárias no

Brasil?

HIPÓTESE A dissociação do trabalho de investigação em duas estruturas organizacionais

distintas não ocasionará entrega deficitária de serviço de segurança pública na

modalidade investigação pré-processual.

OBJETIVO GERAL O objetivo geral é diagnosticar a importância do pertencimento do corpo pericial na

estrutura das polícias judiciárias no Brasil tendo em vista a entrega à sociedade do

serviço público essencial de apuração de infrações criminais.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS Por objetivos específicos contemplam-se:

1) analisar a melhor estrutura organizacional de organizações de polícia judiciária no

que pertine à apuração de fenômenos criminosos, pois que todas assumem o

mesmo negócio: encontrar a verdade histórica do fato criminoso;

40

2) identificar os possíveis riscos relacionados à permanência ou retirada do corpo

pericial da estrutura das polícias judiciárias do Brasil; e

3) evidenciar os argumentos a favor e contra a permanência do corpo pericial na

estrutura de polícias judiciárias no Brasil.

RECURSOS NECESSÁRIOS A se considerar que esta pesquisa tem abrangência nacional é necessário o

planejamento quanto aos recursos humanos e financeiros, incluindo todos os

materiais, equipamentos, máquinas, custos diretos, indiretos e administrativos

(FRANÇOSO, 2014, 34 – 37) e um cronograma que deverão ser detalhados em

termo de abertura de projeto.

RESULTADOS ESPERADOS Identificar a melhor forma de apuração de fatos de natureza criminal como forma de

entregar à sociedade brasileira o produto crime resolvido, tendo-se por princípio que

o fato ocorrido é um só e dele se extrai objetiva e subjetivamente os dados para sua

verificação histórica, ou seja, o fato como aconteceu em sua integralidade, no tempo

e no espaço.

SUGESTÃO DE TÉCNICA DE PESQUISA A SER UTILIZADA Sugere-se a utilização de questionário a ser encaminhado por meio virtual,

com prazo para a entrega. Órgão como a SENASP, acompanhada de uma entidade

de pesquisa externa e isenta, pode ser a gestora da pesquisa, encaminhando, não

somente para as Secretarias de Estado de Segurança Pública, mas também para as

Polícias Civis, órgãos independentes de perícia de natureza criminal no país e para

o Poder Judiciário, em especial os magistrados que desenvolvem atividades de

natureza criminal.

Para tanto é aduzido a este item uma sugestão de questionário a ser

aplicado.

41

QUESTIONÁRIO

Prezados Senhores Delegados de Polícia, Peritos (Criminais e Legistas),

este questionário faz parte da pesquisa que visa ao aprimoramento da prestação de

serviço de investigação pré-processual de natureza criminal. O objetivo desta

pesquisa é analisar o impacto que pode advir da separação do corpo pericial da

estrutura das polícias judiciárias em relação à investigação pré-processual de

natureza criminal em relação ao seu resultado a fim de que o melhor serviço seja

prestado à Sociedade.

Solicito sua colaboração no sentido de responder a este questionário com

base em sua atuação profissional, expondo sua opinião. O resultado da pesquisa lhe

será enviado por e-mail, caso assim deseje. Para tanto, basta sinalizar, na resposta

específica, que deseja ter acesso aos resultados.

Para as questões em que houver números como resposta, a orientação é

que: 1, representa nenhum; 2, representa baixo; 3, representa médio e 4, representa

alto.

1) Qual a importância da perícia, em todas as suas vertentes, para as investigações

pré-processuais?

( ) 1

( ) 2

( ) 3

( ) 4

2) Qual impacto provocado por eventual saída do corpo pericial da estrutura

organizacional da polícia judiciária em relação à investigação?

( ) 1

( ) 2

( ) 3

( ) 4

42

3) Marque somente uma das opções abaixo conforme seu entendimento sobre a

veracidade das assertivas abaixo:

( ) O inquérito policial, como investigação pré-processual criminal de determinado

(s) fato (s) havido, não depende da análise das provas/evidências objetivas e

subjetivas sobre o fato(s) havido, para ser concluído.

( ) O inquérito policial, como investigação pré-processual criminal de determinado

(s) fato (s) havido, poderá ser concluído somente por meio de provas/evidências

subjetivas.

( ) O inquérito policial, como investigação pré-processual criminal de determinado

(s) fato (s) havido, poderá ser concluído somente por meio de provas/evidências

objetivas.

( ) O inquérito policial, como investigação pré-processual criminal de determinado

(s) fato (s) havido, depende da análise das provas/evidências objetivas e subjetivas

sobre o fato(s) havido, para ser concluído.

( ) Outros: ________________________________________________________.

4) Em caso de ser retirada da polícia judiciária, conforme explícita a PEC n. 325-B,

de 2009, em que estrutura seria melhor alocada a perícia de natureza criminal?

( ) Secretaria de Segurança

( ) Universidade governamental

( ) Poder Judiciário

( ) Outro. Qual? ____________________________________________________.

( ) Não deve ser retirada.

43

5) Avalie argumento(s) que entender importante(s) para a separação do corpo

pericial de natureza criminal da estrutura da polícia judiciária, dando peso a eles de

1 a 4, conforme descrito no cabeçalho deste questionário, podendo ser marcado

mais de uma alternativa:

( ) De caráter financeiro: salários, investimentos em equipamentos e infraestrutura

para o trabalho.

( ) De caráter de identidade para a perícia: instituição autônoma, com assento

constitucional.

( ) De caráter gerencial: gestão autônoma.

( ) De caráter de treinamento e desenvolvimento: capacitação contínua.

( ) Outros. Qual (is)?________________________________________________.

6) Espaço para as considerações que julgar necessárias e pertinentes.

7) Deseja receber os resultados da pesquisa? Em caso positivo, ser-lhe-á enviado

um e-mail com o link para obter o relatório final.

( ) SIM

( ) NÃO

Agradeço sua atenção,

Órgão pesquisador

Por fim, conclui-se o presente trabalho na forma abaixo:

Esta pesquisa teve como objetivo principal diagnosticar a importância do

pertencimento do corpo pericial na estrutura das polícias judiciárias no Brasil e por

44

objetivos intermediários, que se expressaram nos capítulos 2, 3 e 4 desenvolvidos

na pesquisa são:

1) rever a melhor estrutura organizacional de organizações de polícia

judiciária no que pertine à apuração de fenômenos criminosos, pois que todas

assumem o mesmo negócio: encontrar a verdade histórica do fato criminoso;

2) identificar os possíveis riscos relacionados à permanência ou retirada do

corpo pericial da estrutura das polícias judiciarias do Brasil, à luz das melhores

práticas evidenciadas no Guia PMBOK 5ª edição, fornecendo elementos para

elaboração de cenários; e

3) sintetizar os argumentos que levaram à aprovação da Proposta de

Emenda à Constituição (PEC) 325/09, que desvincula a perícia criminal da carreira

policial federal, estadual e distrital pela Comissão Especial da Câmara dos

Deputados em 25 de novembro de 2014.

Ao problema de pesquisa: Em que medida a função de investigação,

garantidora de exercício de cidadania, se beneficia do pertencimento do corpo

pericial na estrutura das polícias judiciárias no Brasil? foi levantada a hipótese de

que a dissociação do trabalho de investigação em duas estruturas organizacionais

distintas poderá ocasionar entrega deficitária de serviço de segurança pública na

modalidade investigação pré-processual.

Conclui-se, a partir do cumprimento dos objetivos intermediários, que a

retirada do corpo pericial de natureza criminal das polícias judiciárias no brasil não

pode ser verificada a partir de um trabalho isolado, de um estado federado, mas,

como problema nacional que é, envolvendo as polícias judiciárias estaduais e

federal e o poder judiciário como partes interessadas no escopo do problema,

verifica-se a necessidade de uma pesquisa de igual abrangência , a ser realizada

por órgão nacional em parceria com entidades de pesquisa científica isentas.

O sponsor (podendo ser pessoa ou grupo, interno ou externo à organização

como por exemplo: clientes, patrocinadores, organização pública que estão

ativamente envolvidos ou cujos interesses podem ser positivos ou negativos), a

administração pública dos governos estaduais e federal, têm como foco a entrega do

produto infração penal resolvida, conforme descrito o artigo 144, parágrafo 4º da

CRFB. os stakeholders sociedade e cidadão demandam por seus direitos

fundamentais de manter-se vivo, ir e vir, ser e receber tratamento igual a todos, sem

45

qualquer distinção, preservar seu patrimônio e todos esses com segurança, a fim de

que não haja a necessidade de utilização da defesa nacional.

A conclusão deste trabalho demonstra que a “Maior Tarefa” de um órgão de

investigação como as polícias judiciárias é entregar à sociedade um serviço único e

efetivo, isto é, identificando riscos, ameaças e desafios no cenário, quebrando

paradigmas com apoio dos peritos e delegados nesta missão difícil e de importante

vulto para a “Nossa Nação Brasileira”.

46

REFERÊNCIAS

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49

APENDICE A - QUADRO: ESTADOS EM QUE A PERÍCIA É VINCULADA DA POLÍCIA CIVIL

ESTADO DA FEDERAÇÃO

VINCU-LADA À POLÍCIA

CIVIL SITE BUSCADO ONDE SE ALOCA

Acre SIM http://pc.ac.gov.br/wps/wcm/connect/policia%20civil/portal%20policia%20civil/principal/institucional/departamentos

Polícia Civil

Alagoas NÃO http://www.defesasocial.al.gov.br/institucional/orgaos-e-entidades/pericia-oficial-do-estado-de-alagoas

Secretaria de Estado da Defesa Social

Amapá NÃO http://www.politec.ap.gov.br/proesc/login/registra/login.php

Secretaria de Estado de Segurança Pública

Amazonas SIM http://www.policiacivil.am.gov.br/pagina/id/2/

Polícia Civil

Bahia NÃO http://www.dpt.ba.gov.br/ Secretaria de Segurança Pública

Ceará NÃO http://www.pefoce.ce.gov.br/ Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social

Distrito Federal

SIM http://www.pcdf.df.gov.br/pgPrincipal.aspx Polícia Civil

Espírito Santo

SIM http://www.pc.es.gov.br/images/pces_organograma/PCES1.html

Superintendência de Polícia Técnico-Científica

Goiás NÃO http://www.policiacientifica.go.gov.br/ Secretaria de Segurança Pública e Justiça

Maranhão SIM http://www.policiacivil.ma.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2170&Itemid=377

Polícia Civil

Mato Grosso NÃO http://www.politec.mt.gov.br/reg_interno.php

Secretaria de Estado de Segurança Pública

Mato Grosso do Sul

NÃO http://www.sejusp.ms.gov.br/coordenadoria-geral-de-pericias/

Secretaria de Estado de Justiça e de Segurança Pública

Minas Gerais

SIM https://www.policiacivil.mg.gov.br/

Polícia Civil

Pará NÃO http://www.cpc.pa.gov.br/ Secretaria de Segurança Pública

Paraíba NÃO http://www.paraiba.pb.gov.br/seguranca-e-da-defesa-social/

Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social

Paraná NÃO http://www.policiacientifica.pr.gov.br/ Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária

Pernambuco NÃO http://www.portaisgoverno.pe.gov.br/web/sds/ggpoc

Secretaria de Defesa Social

Piauí SIM http://www.pc.pi.gov.br/ic.php Polícia Civil Rio de Janeiro

SIM www.policiacivil.rj.gov.br Polícia Civil

50

Rio Grande do Norte

NÃO http://www.itep.rn.gov.br/ Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social

Rio Grande do Sul

NÃO http://www.igp.rs.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Itemid=28

Secretaria de Segurança Pública

Rondônia SIM www.pc.ro.gov.br/ Polícia Civil Roraima SIM http://www.sesp.rr.gov.br/CIVIL.htm Polícia Civil Santa Catarina

NÃO http://www.igp.sc.gov.br/index.php?option=com_content&view=frontpage&Itemid=1

Secretaria de Segurança Pública

São Paulo NÃO http://www.policiacientifica.sp.gov.br/ Secretaria de Segurança Pública

Sergipe NÃO http://www.cogerp.se.gov.br/ Secretaria de Segurança Pública

Tocantins NÃO http://ssp.to.gov.br/policia-cientifica/ Secretaria de Segurança Pública

Fonte: A autora a partir de dados provenientes da internet e consultas por telefone.

51

APÊNDICE B - QUADRO: ARGUMENTOS APONTADOS EM AUDIÊNCIA PÚBLICA DURANTE A ELABORAÇÃO DA PEC 325-B

ÓRGÃO / REPRESENTANTE ARGUMENTO

1) Sr. Antônio Carlos de Macedo Chaves Presidente da Associação dos Peritos em Criminalística do Estado de Goiás – ASPEC

Ouvido em 10 de junho. Trazer visibilidade para a perícia criminal; afastar insegurança jurídica e contribuir para a investigação científica dos crimes; isenção na produção da prova, que pode ser desvantajosamente para a equipe policial; constitucionalização da perícia como um avanço para as instituições democráticas do País

2) Antônio Maciel Aguiar Filho. Presidente da Federação Nacional dos Profissionais em Papiloscopia e Identificação – FENAPPI.

Ouvido em 03 de junho número insuficiente de profissionais; baixos salários; estrutura inadequada de equipamentos; falta de formação continuada e intercâmbio; falta de orçamento próprio; problemas na gestão e desorganização das carreiras

3) Sr. Antônio Medeiros Representante, naquele ato, do Conselho Federal de Odontologia e da Associação Brasileira de Ética e Odontologia Legal

Ouvido aos 03 de junho. Autonomia funcional, administrativa e financeira dos órgãos periciais, associada a órgãos de controle externo, podem contribuir significativamente, também, para a redução da prática do crime de tortura no País. OBS: O termo “polícia científica” diferenciaria os órgãos implicados (polícias civis e peritos criminais oficiais), impedindo-se uma interpretação constitucional que conduzisse à subordinação destes àquelas. Para tanto, nova redação deveria ser dada ao artigo 144 da Constituição Federal, prevendo, no inciso VI e no §4º-A, as polícias científicas, assim caracterizadas como órgãos de segurança pública, dirigidos por peritos oficiais de natureza criminal de carreira, aos quais incumbiria ressalvada a competência da União, a realização privativa do exame do corpo de delito e perícia criminal em geral.

4) Sr. Bruno Telles, Presidente da Associação Brasileira de Criminalística – ABC

Ouvido em 03 de junho. Bandeira de aperfeiçoamento da segurança pública no País que, diferentemente de outros em que a perícia é autônoma, mantém em seu sistema de investigação a condução das atividades de perícia centradas no delegado policial; é fato na Europa há cerca de quarenta anos e tem sido implementada nos Estados Unidos gradualmente; Estados brasileiros que conquistaram a autonomia de seus órgãos periciais não querem retornar ao antigo modelo (de vinculação às Polícias Civis)

5) Sr. Carlos Antônio Almeida de Oliveira, Presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais do Departamento de Polícia Federal – APCF

Ouvido em 03 de junho. Segundo o Relatório de Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias, de 2009, elaborado pelo Relator Especial da Organização das Nações Unidas: “Os Institutos Médicos Legais dos Estados precisam ser totalmente independentes das Secretarias de Segurança Pública, e os peritos devem receber garantias profissionais que assegurem a imparcialidade de suas investigações. Recursos e treinamento técnico adicional também devem ser fornecidos”. Ser sugestão resultante da 1ª CONSEG – Conferência Nacional de Segurança Pública, de 2009.

5) (sic) Sr. Carlos César de Sousa Saraiva, Presidente do Conselho Nacional dos Diretores de Órgãos de Identificação – CONADI

Ouvido em 10 de junho. Perícia papiloscópicacomo contribuinte para a resolução de casos de delitos contra a vida e contra o patrimônio, a maioria sem a apresentação de suspeitos.

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6) Sr. Claudemir Rodrigues Dias Filho, Perito Criminal do Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo

Ouvido em 10 de junho. Sem a apresentação de argumentos pró ou contra.

7) Sra. Denise Gonçalves, Presidente da Associação dos Peritos Oficiais do Estado do Rio de Janeiro – APERJ

Ouvida aos 10 de junho. Abandono da perícia no Estado que leva à evasão dos profissionais para outros cargos em instituições públicas ou privadas, desmotivando-se a pesquisa e o desenvolvimento de novas metodologias; autonomias funcional, técnico-científica, administrativa, gerencial.

8) Sr. Divinato da Consolação Ferreira, Presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores Policiais Civis da Região Centro-Oeste e Norte – FEIPOL Centro-Oeste e Norte

Ouvido aos 10 de junho. Contra a medida, defende o fortalecimento da polícia em todos os seus cargos. Defende a padronização na nomenclatura dos cargos.

9) Sr. Humberto Pontes Diretor do Departamento de Polícia Técnica da Paraíba

Ouvido em 27 de maio. Deficiências de recursos materiais e de recursos humanos Recente Resolução da Ouvidoria de Polícia da Polícia Civil da Paraíba, que recomendou uma perícia autônoma desvinculada das decisões do Delegado-Geral. Defende perícia neutra e isenta.

10) Sr. Jorge Luiz Xavier Diretor-Geral da Polícia Civil do Distrito Federal e, naquele ato, representante do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil – CONCPC.

Ouvido aos 03 de junho. A de que os peritos sofreriam influência ou pressão dos delegados para modificar o conteúdo de seus laudos (em desatendimento ao interesse público) e a de que faltam investimentos nas perícias. Para ele, a autonomia da perícia criminal – sua dissociação da polícia civil – não representaria um salto qualitativo, apenas maior complexidade dos órgãos da Administração Pública. Defende o necessário é qualificar os gestores

11) Sr. Luciano Marinho de Morais Representante, naquele ato, da Federação Interestadual dos Trabalhadores Policiais Civis da Região Nordeste – FEIPOL-Nordeste

Ouvido aos 10 de junho. Questionou se a proposta serviria a todos os operadores da segurança pública ou apenas à categoria de peritos criminais oficiais. Criticou o argumento segundo o qual a vinculação da perícia criminal à polícia conduziria à corrupção dos laudos técnicos, como se as instituições fossem responsáveis exclusivamente por sua mácula. Questionou, também, as críticas feitas sobre condições de insalubridade do trabalho de peritos criminais, que deveriam, valendo-se de sua capacitação técnica, apontar quais as melhorias necessárias. A autonomia, aliás, não mudaria essa realidade. Conclui dizendo que a polícia não pode ser “mutilada” e que a proposta em comento é nociva a todo o País.

12) Sr. Luiz Frederico Hoppe, Médico Legista do Estado de São Paulo

Ouvido em 27 de maio. a) a variedade na formação acadêmica (distanciada, por vezes, das ciências sociais e do mundo policial); b) a deficiência na formação profissional (de acordo com as atribuições e a função social do cargo); c) as ocorrências de falta de harmonia na relação com delegados de polícia; d) a falta de recursos humanos; e) a destinação de pouca verba para compra de equipamentos laboratoriais e para capacitação dos servidores.

13) Sr. Michel Misse Pesquisador do Departamento de Sociologia e do NECVU – Núcleo de Estudos da

Ouvido em 10 de junho. Críticas ao inquérito policial conforme determinado na legislação brasileira.

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Cidadania, Conflito e Violência Urbana, da Universidade Federal do Rio de Janeiro 14) Sr. Nazareno Vasconcelos Feitosa, Papiloscopista e, naquele ato, representante da Federação Nacional dos Policiais Federais – FENAPEF

Ouvido em 03 de junho. Propõe que papiloscopistas seja considerados peritos oficiais criminais.

15) Sr. Paulo Ayram da Silva Bezerra Assessor do Instituto Nacional de Identificação e, naquele ato, representante da Associação Brasileira de Papiloscopistas Policiais Federais – ABRAPOL

Ouvido aos 03 de junho. Perícia autônoma garantiria a eficiência e eficácia dos trabalhos desenvolvidos pelos órgãos de investigação. [sem argumentos para defender tal posição.

16) Sr. Rodrigo Tasso, Diretor Geral do Instituto Geral de Perícia de Santa Catarina

Ouvido em 27 de maio. Sucateamento das atividades técnicas e científicas, resultando na produção fragilizada das provas periciais; falta de estrutura física; falta de recursos humanos capacitados e de suporte material para os peritos (viaturas, equipamentos básicos e equipamentos de ponta); desmotivação e desvalorização da categoria; centralização de perícias especializadas somente na capital do Estado;

17) Sr. Wladimir Sérgio Reale Primeiro Vice-Presidente Jurídico da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil .

Ouvido em 03 de junho. Defende a impossibilidade de desvinculação. Afirma que em São Paulo está totalmente subordinada à Polícia Civil, sendo órgão auxiliar da mesma e o tratamento a ela dispensado pela Constituição Estadual objetivou unicamente otimizar seu desempenho e não teria havido, enfim, uma desvinculação daquele órgão. A colocação da perícia criminal entre as funções essenciais à Justiça ignora que estas dizem respeito às partes e tal medida representaria ofensa à Constituição Federal.

Fonte: a autora, a partir da Publicação de Parecer de Comissão da Proposta de Emenda à Constituição n. 325-B, de 2009 (BRASIL, 2014, p 72-78)

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ANEXO A - SUBSTITUTIVO À PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 325, DE 2009 Separa a perícia oficial de natureza criminal das polícias judiciárias e institui a perícia criminal como órgão de segurança pública. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucional: Art. 1º Esta Emenda Constitucional separa a perícia oficial de natureza criminal das polícias judiciárias. Art. 2º O inciso XIV do art. 21 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 21. ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ XIV – organizar e manter a polícia civil, a perícia criminal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. .............................................................................................................................. (NR)” Art. 3º O inciso XVI do art. 24 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte nova redação: “Art. 24. ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ XVI – organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis e perícias criminais. ..............................................................................................................................” (NR) Art. 4º O art. 144 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 144. ...................................................................................................................................... ...................................................................................................................................... VI – perícia criminal federal. VII – perícias criminais dos Estados e do Distrito Federal. § 1º ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................

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IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, respeitada a norma do §11 deste artigo. ........................................................................................................................................ § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União e a norma do § 12 deste artigo, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. ........................................................................................................................................ § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as perícias criminais, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. ........................................................................................................................................ § 11. A perícia criminal federal, dirigida por perito criminal federal de carreira, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira única, destina-se a exercer, com exclusividade, as funções de perícia oficial, de natureza criminal, da União. § 12. Às perícias criminais dos Estados e do Distrito Federal, dirigidas por perito oficial de carreira incumbe, ressalvada a competência da União, exercer com exclusividade as funções de perícia oficial, de natureza criminal, exceto as militares.” (NR) Art. 5º No prazo de cento e oitenta dias da promulgação desta Emenda Constitucional, o Presidente da República e os Governadores dos Estados encaminharão ao Poder Legislativo competente projeto de lei complementar dispondo sobre a separação da perícia oficial de natureza criminal das polícias judiciárias, sua organização e funcionamento. § 1º Nas unidades federativas onde já houver estrutura dedicada às atividades de perícia criminal, o Governador encaminhará, no prazo previsto no caput deste artigo, projeto de lei complementar compatibilizando a estrutura existente com o disposto nesta Emenda Constitucional. § 2º Até que seja publicada a Lei Complementar prevista no caput deste artigo, os atuais peritos criminais federais, da carreira policial federal, e os peritos oficiais de natureza criminal dos Estados e do Distrito Federal continuarão exercendo suas atuais funções, com idênticos direitos, deveres e prerrogativas. Art. 6º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua promulgação. Sala de Sessão, 12 de novembro de 2014. – Alessandro Molon, Deputado Federal – PT/RJ COMPLEMENTAÇÃO DE VOTO Em complementação a meu voto, apresento Substitutivo à Proposta de Emenda à Constituição – PECnº 325, de 2009 e à Proposta de Emenda à Constituição – PEC

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nº 499, de 2010, apensada, resultante de sugestão apresentada pelo deputado Subtenente Gonzaga, com o fito de alterar a redação oferecida ao §12 do artigo 144, da Constituição Federal, constante no artigo 4º de nosso substitutivo original. Isso porque às perícias criminais dos Estados e do Distrito Federal incumbirá, também, ressalvada a competência da União, o exercício, com exclusividade, das funções de perícia oficial, de natureza criminal, em infrações penais militares, não havendo razão para, neste ponto, excetuar sua atuação. Sala de Sessão, 25 de novembro de 2014. – Alessandro Molon, Relator SUBSTITUTIVO À PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 325, DE 2009 Separa a perícia oficial de natureza criminal das polícias judiciárias e institui a perícia criminal como órgão de segurança pública. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucional: Art. 1º Esta Emenda Constitucional separa a perícia oficial de natureza criminal das polícias judiciárias. Art. 2º O inciso XIV do art. 21 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 21. ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ XIV – organizar e manter a polícia civil, a perícia criminal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. .............................................................................................................................. (NR)” Art. 3º O inciso XVI do art. 24 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte nova redação: “Art. 24. ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ XVI – organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis e perícias criminais. ..............................................................................................................................” (NR) Art. 4º O art. 144 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 144. ...................................................................................................................................... ........................................................................................................................................ VI – perícia criminal federal.

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VII – perícias criminais dos Estados e do Distrito Federal. § 1º ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, respeitada a norma do § 11 deste artigo. ........................................................................................................................................ § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União e a norma do § 12 deste artigo, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. ....................................................................................................................................... § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as perícias criminais, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. ........................................................................................................................................ § 11. A perícia criminal federal, dirigida por perito criminal federal de carreira, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira única, destina-se a exercer, com exclusividade, as funções de perícia oficial, de natureza criminal, da União. § 12. Às perícias criminais dos Estados e do Distrito Federal, dirigidas por perito oficial de carreira, incumbe, ressalvada a competência da União, exercer com exclusividade, as funções de perícia oficial, de natureza criminal.” (NR) Art. 5º No prazo de cento e oitenta dias da promulgação desta Emenda Constitucional, o Presidente da República e os Governadores dos Estados encaminharão ao Poder Legislativo competente projeto de lei complementar dispondo sobre a separação da perícia oficial de natureza criminal das polícias judiciárias, sua organização e funcionamento. § 1º Nas unidades federativas onde já houver estrutura dedicada às atividades de perícia criminal, o Governador encaminhará, no prazo previsto no caput deste artigo, projeto de lei complementar compatibilizando a estrutura existente com o disposto nesta Emenda Constitucional. § 2º Até que seja publicada a Lei Complementar prevista no caput deste artigo, os atuais peritos criminais federais, da carreira policial federal, e os peritos oficiais de natureza criminal dos Estados e do Distrito Federal continuarão exercendo suas atuais funções, com idênticos direitos, deveres e prerrogativas. Art. 6º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua promulgação. III – Parecer da Comissão A Comissão Especial destinada a apreciar e proferir parecer à Proposta de Emenda à Constituição nº 325-A, de 2009, do Sr. Valtenir Pereira e outros, que “acrescenta Seção ao Capítulo IV do Título IV da Constituição Federal, dispondo sobre a perícia oficial de natureza criminal”, e apensada, em reunião ordinária realizada hoje, opinou unanimemente pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 325/2009, e da PEC 499/2010,apensada, com substitutivo, nos termos do Parecer do Relator, Deputado Alessandro Molon, que apresentou complementação de voto.

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Participaram da votação os Senhores Deputados: Otoniel Lima – Presidente, Ademir Camilo – Vice-Presidente, Alessandro Molon, Relator; Alberto Filho, Alexandre Roso, Dalva Figueiredo, Erika Kokay, Sandro Alex, Alceu Moreira, Eleuses Paiva, Pedro Chaves, Subtenente Gonzaga e Vitor Penido. Sala da Comissão, 25 de novembro de 2014. – Deputado Otoniel Lima, Presidente – Deputado Alessandro Molon, Relator SUBSTITUTIVO ADOTADO ÀS PROPOSTAS DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO NºS 325, DE 2009 E 499, DE 2010, APENSADA Separa a perícia oficial de natureza criminal das polícias judiciárias e institui a perícia criminal como órgão de segurança pública. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucional: Art. 1º Esta Emenda Constitucional separa a perícia oficial de natureza criminal das polícias judiciárias. Art. 2º O inciso XIV do art. 21 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 21. ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ XIV – organizar e manter a polícia civil, a perícia criminal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. .............................................................................................................................. (NR)” Art. 3º O inciso XVI do art. 24 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte nova redação: “Art. 24. ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ XVI – organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis e perícias criminais. ..............................................................................................................................” (NR) Art. 4º O art. 144 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 144. ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................ VI – perícia criminal federal. VII – perícias criminais dos Estados e do Distrito Federal. § 1º ........................................................................................................................................

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IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, respeitada a norma do §11 deste artigo. ........................................................................................................................................ § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União e a norma do § 12 deste artigo, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. ........................................................................................................................................ § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as perícias criminais, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. ........................................................................................................................................ § 11. A perícia criminal federal, dirigida por perito criminal federal de carreira, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira única, destina-se a exercer, com exclusividade, as funções de perícia oficial, de natureza criminal, da União. § 12. Às perícias criminais dos Estados e do Distrito Federal, dirigidas por perito oficial de carreira, incumbe, ressalvada a competência da União, exercer com exclusividade, as funções de perícia oficial, de natureza criminal.” (NR) Art. 5º No prazo de cento e oitenta dias da promulgação desta Emenda Constitucional, o Presidente da República e os Governadores dos Estados encaminharão ao Poder Legislativo competente projeto de lei complementar dispondo sobre a separação da perícia oficial de natureza criminal das polícias judiciárias, sua organização e funcionamento. § 1º Nas unidades federativas onde já houver estrutura dedicada às atividades de perícia criminal, o Governador encaminhará, no prazo previsto no caput deste artigo, projeto de lei complementar compatibilizando a estrutura existente com o disposto nesta Emenda Constitucional. § 2º Até que seja publicada a Lei Complementar prevista no caput deste artigo, os atuais peritos criminais federais, da carreira policial federal, e os peritos oficiais de natureza criminal dos Estados e do Distrito Federal continuarão exercendo suas atuais funções, com idênticos direitos, deveres e prerrogativas. Art. 6º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua promulgação. Sala de comissão, 25 de Novembro de 2014. – Deputado Otoniel Lima, Presidente – Deputado Alessandro Molon, Relator PT/RJ