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BRASA nº 02 (Novembro/Dezembro 2015)

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Jornal BRASA, nº 02, distribuído no Triângulo Mineiro de forma gratuita.

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jornal brasa edição 02

QUEREMOS É APRECIAR A BELEZA DO PRO-CESSO E PROPOR O DIÁLOGO.

É que quando vamos no museu e vemos de longe uma obra circundada por uma faixa de segurança, ou quando vamos no cinema e a projeção é simplesmente algo que não nos toca, ou ainda quando a dança é feita num pal-co para ser visto com binóculos, a gente não sabe exatamente o que está sentindo. O museu tem endereço fixo e expediente demarcado, hora pra fechar. Talvez seja uma questão de como fomos educados, de projeto editorial, do que estamos buscando e da maneira que a cultura a céu aberto constrói a nossa iden-tificação com o espaço urbano. A gente quer mesmo é que os heróis negros e periféricos façam suas artes, que a rua seja o museu que expõe suas obras, que o povo saiba quem são seus artistas.

É por isto que o BRASA é gratuito e incen-tiva o Projeto Guará. Ele poderia ser cobrado, valer o olho da cara, contudo, nós gostamos mesmo é do inesperado, do fato dele trans-mitir aquela-vibe-que-bem-sabemos-o-nome. Temos tesão em conhecer o cotidiano dos nos-sos colaboradores, apreciar a cultura caipira local e entusiasmar-se com os artistas daqui. É assim que a gente funciona no nosso peque-no mundo do cerrado. Somos uma alternativa gostosa de um jornal feito para ser interativo e emoldurado na parede da sala. A edição que você tem em mãos foi pensada durante os dois últimos meses como uma forma de manifesta-ção de arte. É no que a gente acredita.

rte deveria ser gratuita e de fácil acesso, né?! É que, pensando com os nossos botões e acostumados a pagar caro no cinema, no teatro, no museu da capital, as nossas experiências, em sua grande maioria, vêm pasteurizadas, esteriliza-

das pelo momento inócuo de não saber exa-tamente o que estamos fazendo ali, naquele lugar sacro. Passamos os corredores lendo as placas informativas, os filmes lendo as legendas traduzidas de uma língua desconhecida e não sabemos exatamente o que é aquela-vibe-que--estamos-sentindo. Esta experiência pode ser maravilhosa, fascinante, mas, ao final, parecer ser tão premeditada que o momento cultural acaba se tornando... comum, mais da praxe do que um choque, um clique. Andamos conver-sando bastante com nossos amigos e, entre tantas conclusões, acreditamos que talvez a arte a céu aberto seja um caminho alternativo neste sentimento de que “o Triângulo Mineiro não oferece muitas opções culturais”.

Não nos entendam errado: ai de nós em me-nosprezar o museu, o teatro caro e o cinema sem a meia-entrada. Visitamos muitos ao longo do tempo. Longe da gente em querer diferenciar cul-tura alta, cultura periférica e qual deveria ser mais “respeitada”. O ponto que estamos querendo che-gar é que nos encontramos em outra perspectiva, numa reta paralela – como diria nossos amigos da revista homônima. O que nos faz mergulhar em gratidão e experimentar outras formas de manifestações culturais - que não às hegemô-nicas -, é o sentimento que elas nos causam no estômago: uma vontade enorme de participar. Não nos contentamos apenas com o resultado final, resumido em instantes de passagem.

AE

ditori

al

Boa leitura.

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EXPEDIENTEDiretora & Idealizadora: L í v i a V i l e l a Jornalista responsável & Editor: C a r l o s G a b r i e l F e r r e i r a ( 0 0 1 9 6 0 7 / M G ) Revisora: E l i s a N a k a g u m a Ilustração (calendário): F a r â n d o l a Coberturas fotográficas: Andressa da Mata e priscila franco Con-sultor jurídico: CRR Advogados - Augusto Costa Colaboradores: Aline nader, cissa borges, Emílio Vieira, Isley Borges, Gladson Targa, guilherme batista, icronio sousa, João Eduardo M. vilela, lívia machado, lucas ainon, marcos ferreira, márlon carneiro, nalini rugué de faria, Raissa Dantas e raquel mateus Parcerias: A Natureza Urbana, montanhismo araguari, projeto alma revelada, projeto cachoeiro, QRTunes, site guios.com.br, revista paralela, soul kitchens project e underdosetv.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do jornal. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem previa autorização dos artistas ou da direção do jornal.

O BRASA é um espaço aberto para novas idéias, tendências artísticas e experimentos. Para colaborar envie seu material por correio ou pelo e-mail [email protected]

brasa® é marca registrada. t o d o s o s d i r e i t o s r e s e r va d o s.

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Bras

a Publicidade: [email protected] + 55 34 98829-2293Distribuição: Gratuita / Triângulo Mineiro – MG – Brasil

Novembro/dezembro de 2015Publicação bimestralT i r a g e m : 6.000 exemplares

Site O conteúdo do impresso BRASA é

exclusivo e não traz todas as seções e editorias do site. Encontre esse conteúdo em www.feitobrasa.com

Mande para o BRASA suas críticas e sugestões: [email protected]

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Sumário

Papiro p. 5Diário de bordo p. 6Religiosidade p. 9Paralela p. 10Underdose p. 11Trilhas p. 12Cachoeiro p. 14Calendário 2016 p. 16Charles Chaim p. 18Fashion p. 20Projeto Guará p. 21Gastronomia p. 23Samsara + Hugs p. 24Guios p. 26Brinquedoteca p. 29Mens Sana in Corpore Sano p. 30

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p A p i r o história

E s t e r

p e d r o

b a l u

r aq u e l

j o ã o

a b e l

a n a a d ã o

Vila BarrolóUMA VILA SUSTENTÁVEL NO INTERIOR DE MINAS GERAIS

Cerâmicas produzidas na Vila

onge de um modelo tradi-cional de economia, o seu Cleofas e a esposa Anita Bezerra fundaram a Vila Barroló, próximo a Uberaba, no interior de Minas Gerais. Por lá, criaram 15 filhos, sete netos e uma comuni-dade sustentável.

C l e o fa s

V e m c o i s a b o a p o r a í . Va i s e r b o n i t o ! # b r a s a h o r ta

Em 2016, os vasos artesanais da Vila Barroló irão abrigar todas as ervas medicinais e orna-mentais da nossa HORTA, afinal, são duas essên-cias que se unem. ALQUIMIA NATURAL.

Com esmero, todo jornal, em sua essência, precisa atribuir espaço: dar e con-ceber área, um pedaço de papel, aos que querem colocar a boca no mundo. o BRASA é inteiro feito de pessoas plurais, de jornalistas cheios de vontade em

praticar, mas o DIÁRIO NA BRASA é especialmente feito da disponibilidade ao trombone. basta escrever e enviar fotografias ao [email protected] que

iremos receber, ler, pautar e estar em conjunto, em denúncias, comentários ou reclamações sobre o que incomodar (ou agradar) à nossa volta.

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bord

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MUITO PARA LEMBRAR E sentir

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oi amor à primeira vista. Impossível esconder o meu encanto quando cheguei. Era uma dessas viagens planejadas há meses, e por isso muito significativa, com uma prima. Pelo rumo que estava levando desde

a nossa saída de Araguari em sentido à São Jorge, o pequeno distrito da cidade de Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros, a impressão era de que tudo sairia melhor que imaginávamos.

Era meados de julho, e estava aconte-cendo o Encontro de Culturas Tradicionais, evento que transforma a Chapada num grande palco a céu aberto. São Jorge, a pe-quena vila de ex-garimpeiros, é movimentada pela visita de mais de 40 grupos de música e dança, além de artistas populares da região e de outros estados. É uma forma de divulgar e fortalecer as manifestações tradicionais po-pulares como a Catira, o Congo, a Curraleira, a Sussa e o Batuque, todas típicas do universo cultural da região centro-oeste.

Era meu primeiro dia de viagem e saímos na companhia do Tião, o guia muito bem re-comendado pelo pessoal da pousada em que hospedamos. Um simpático cinquentão com um vigor apreciável, uma força e um fôlego sobrenatural para caminhar pelas trilhas, além de uma capacidade para conversar e contar histórias de dar inveja a qualquer jor-nalista. Ah, sou jornalista, diga-se de passa-gem, mas com a desenvoltura para escrever adormecida há alguns anos.

A primeira parada foi o Vale da Lua, onde o Rio São Miguel percorre enormes pedras de granito esculpidas pela água por mais de 600 milhões anos, desenhando algo como crateras lunares. Saindo de lá, seguimos para o Raizama, um santuário ecológico de beleza selvagem com piscinas cristalinas, cascatas, cachoeira, cânions e um visual fascinante.

Já era final de tarde e, motivadas pelo espírito colaborativo e de gentileza que ronda a Chapada junto com a nossa intenção de conhecer pessoas diferentes nessa viagem, demos carona para três paulistanas, que se apertaram no carro junto com o Tião para se aventurar pela Aldeia Multiétnica, uma das grandes atrações do Encontro de Culturas.

A aldeia é um espaço cultural, onde os indígenas das tribos Fulni-ô, Kayapó, Yawa-lapití, Krahô, Xavante entre outras, se reúnem, interagem entre si e com o público que pode conviver ao longo de um dia ou acampar no local para trocar conhecimen-tos, vivências e culturas, com atividades que visam a interação entre as tribos e promovem troca de experiências e debates, com rodas de prosa, oficinas de artesanato, pinturas corporais, exposições fotográficas e exibição

de vídeos produzidos pelos próprios indí-genas. Estar presente nesse festival foi ter a oportunidade de vivenciar a essência de tradições mantidas até hoje por várias comunidades. O evento que acontece desde 2001 atrai cerca de 30 mil visitantes por ano de todas as partes do mundo.

Chegando lá, fiquei na dúvida se a nossa entrada seria permitida porque a abertura do evento que reúne etnias indígenas acon-teceria só no dia seguinte. Mesmo assim, a equipe da organização que nos recebeu na portaria não cobrou os 20 reais da nossa entrada, mas advertiu que naquela tarde não assistiríamos as danças e apresenta-ções do festival.

Na entrada já pude sentir a grande energia e riqueza cultural daquele espaço que con-gregava diferentes grupos indígenas e que, durante os dias de evento, ficariam acampa-dos nesse local. Eu tinha que registrar! Por sorte, naquele dia, decidi levar a câmera que há tempos não dava uns cliques por aí.

Fui recebida com muita simpatia por todos. Desde as crianças, com os seus olhares curio-sos e gargalhadas espontâneas, até os mais velhos. Os integrantes das tribos chegavam de viagem e iam se ambientando calmamen-te, apesar do local escolhido para o encontro multiétnico se assemelhar com a moradia de origem deles. O clima era de cochilo e relaxa-mento para muitos. Alguns levantavam seus acampamentos, outros acendiam a fogueira, os anciãos abençoavam aquela terra com cantos. Mulheres com o sorriso fácil, tímido e sincero vendiam colares, pulseiras, bolsas confeccionadas com sementes e miçangas de cores que dançavam aos meus olhos.

Em mim surgia um sentimento de emoção agitada que me fazia ao mesmo tempo que-rer aprender a aplicar rapé – pó feito geral-mente de tabaco e outras ervas e cinzas de árvores que são moídos e transformados em um pó fino e aromático que é aspirado ou so-prado pelas narinas –, brincar com as crian-ças que se divertiam com pedras e carrinhos de plástico, mascar o tabaco, rir alto com cada cena inusitada que via na minha frente e aprender com um povo que, lamentavelmen-te, eu nunca tinha tido a oportunidade de ter um contato tão próximo.

Passeei pela aldeia na tentativa de ab-sorver o máximo de informações possível. Entrei na grande oca xinguana, estava um

“A minha obsessão pelo novo me fa-zia querer conhecer cada um deles com profundidade. Es-tava me sentindo como as crianças da tribo Krahô, exta-siadas com o rio que passa nas redonde-zas da aldeia, e, de tanta alegria, não queriam nem sair da água. Eu poderia passar horas ali den-tro aprendendo.

C h a p a d a d o s v e a d e i r o s

A l i n e N a d e rAline é jornalista e aqui ela conta um pouco de sua experiência em descobrir novas formas de conhecimento com o inesperado.

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breu, escuridão total. Eu ouvia vozes baixas e percebia que alguns penduravam suas redes, outros trocavam de roupa, ajeitavam suas malas. Quando os meus olhos se acos-tumaram, sentei ao redor da fogueira no centro da oca, onde um indígena preparava um peixe e ofereciam a todos que entravam ali, para ouvir suas histórias. O assunto era a Sangria, um ritual de purificação e proteção em que eles usam um objeto feito de cabaça com dentes de piranha. Com ele, os índios arranham seu corpo, que acaba sangrando e, sobre a pele, passam raízes e medicamentos naturais. Neste momento não perguntei, não falei nada, só observei com grande admira-ção a forma como eles usufruem do espaço dentro de seus costumes.

A minha obsessão pelo novo me fazia que-rer conhecer cada um deles com profundida-de. Estava me sentindo como as crianças da tribo Krahô, extasiadas com o rio que passa nas redondezas da aldeia, e, de tanta alegria, não queriam nem sair da água. Eu poderia passar horas ali dentro aprendendo. Vi o quanto os anciãos são respeitados, percebi a noção de senso de coletivo em detrimento do individual e pude entender o valor dos rituais para aqueles povos.

Estava fascinada com tudo aquilo que presenciava. Era tanta novidade que via, tanta coisa acontecendo dentro de mim. Dispersei-me do assunto da roda de prosa, ainda sobre a Sangria e comecei a observar a reação dos visitantes que, como eu, queriam estar ali dentro da oca. Entravam tímidos, colocavam primeiramente a cabeça na porta, pediam com o olhar a permissão para entrar ali, cumprimentavam com acenos de cabeça e sorrisos sem graças cheios de curiosidade, chegavam devagar com passos desconfiados. Percebi, olhando dali de dentro, que esses “homens brancos”, como somos referidos por eles, contemplavam os indígenas como

se fossem os seres mais diferentes que já tinham visto.

Comecei a sentir muito calor ali dentro, precisava tomar um ar. Saí da oca e vi no meio da aldeia uma das meninas que pegaram carona conosco tendo seus cabelos e nuca sendo refrescada com um banho de manguei-ra por um ancião que dizia palavras calmas e relaxantes para ela. Era disso que eu precisa-va também. Precisava de um banho para dar uma acalmada nos ânimos e emoções. Mais que depressa fui encontrar com eles.

A água gelada da mangueira molhava meus cabelos e descia da minha nuca para as minhas costas, eu respirava fundo e, ao passo que escorria, eu me acalmava, e sentia que estava sendo descontruídos dentro de mim conceitos que, por toda a minha vida, foram injustamente ensinados nas escolas. Tudo que havia ali era um sentimento de agrade-cimento pela oportunidade de vivenciar um momento único de partilha cultural e social. Naquele momento, me vi tão próxima de nossa raízes e pensei o quanto a sabedoria de nossos povos merecem nosso respeito. Não queria enxergar os protagonistas daquele grande encontro como seres exóticos.

Aprendi ali a enxerga-los como “parentes”, como eles mesmos nos chamam – todos filhos da mesma terra, irmãos de sangue. No dia seguinte, voltei na aldeia para a festa de abertura. Chegamos no horário em que as portas se abririam para não perder nenhuma

apresentação. Pelo pouco contato que tinha feito no dia anterior, eu já percebia muita proximidade com alguns deles. O clima era de uma grande festa. Dessa vez, quem já es-tava ambientada era eu. Nesse dia não levei câmera, não levei convencionalismos, deixei as minhas crendices para trás.

As oito etnias que confraternizaram du-rante o Encontro se reuniam para mostrar a beleza de parte de sua cultura. As batidas ritmadas dos pés faziam a poeira da terra subir e os corações baterem forte em volta da fogueira central. Era uma profusão de trajes, cortes de cabelo, idiomas, ritmos e estilos.

Consegui absorver desse contato, ainda que só analisando rasamente nossos ances-trais, o quanto as tradições e sabedoria de nossos povos merecem todo nosso respeito e valorização. Não conseguia conter a minha fascinação com as cores das penas dos coca-res que aqueles índios estavam vendendo, o encanto com o barulho de cada maracá que eu chacoalhava e sons dos apitos que imitam cantos dos pássaros.

Já ouvi de algumas pessoas as expressões “impossível descrever”, “só presenciando para entender” no que se refere à experiência de estar presente na Chapada dos Veadeiros, durante o Festival de Cultura Tradicional. Achei injusto com quem não teve a oportu-nidade ainda de estreitar laços com esses povos-irmãos que tem tanto a nos ensi-nar e, por isso, veio o meu anseio de tentar descrever e retomar a minha velha arte de contar histórias para conseguir espalhar para o maior número de pessoas possível essa vivência que quero levar para o resto da vida

Meu nome é Aline Nader e, aos 30 anos, posso dizer que aprendi naquela aldeia as diferentes formas de viver. Muitas coisas só fizeram sentido para mim enquanto estive lá dentro. Naquele momento não era a hora de explicar, mas, sim, de ser e de sentir.

# f e i t o b r a s a

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Religião: isto serve para

I s l e y b o r g e sJornalista e mestrando na área de Geografia Cultural pela Universidade Federal de Uber-lândia (UFU), sabe de tudo um pouco.

as religião? Não podia ser alguma coisa mais atrativa, menos complicada. Por que foi parar aí? Você segue alguma? Então quer dizer que você acha mesmo isso importante?

Questionam a todo momento o motivo de igrejas brotarem do chão limpo, sem terem

elas razão para ser. Balbuciam por entre os cômodos onde é que foi parar a moral, os bons costumes, onde já se viu menina de roupa curta dessa idade, gente demorar tanto pra morrer, pobre entrar na universidade? Onde já se viu? No Brasil!

Um país tão pluricultural, multicultural, multifacetado, diverso, diversamente possível, um grande universo de possibilidade, um grande laboratório experimental, um país cordial... Cordial, esta palavra que quer indicar quando uma coisa vem do coração. Como pode o Brasil, logo o Brasil, essa vasta terra de dimensões conti-nentais com gente de todas as cores, músicas de todos os ritmos, gostos de todas as dores. Existem coisas que só por aqui aconte-cem.

Por que no Brasil tem gente invadindo terreiro? Negro no morro morrendo, tanta igreja e esgoto a céu aberto?

Ainda bem que onde não chega o Estado, a igreja chega. Pensa como seria se assim não fosse? Um país que tem santo e orixá, terreiro, tenda, capela, igreja, rancho, barraco, um país n’onde até a sala vira local para incorporação. Onde a água benta fica é em cima da televisão. Como pode? Como pode este país ainda entortar os olhos pra oração?

Não, aqui não! Aqui protege-se de Macabéa a Lampião. Ela, com medo da cidade. Dele, ninguém tem medo não.

Aqui, o pastor mundial batiza índio com as águas do Xingu. E grava tudo, depois mostra, que é para esfregar na cara de todo mundo que índio também merece ter religião, que índio é gente boa, que precisa abrir os braços pra tal civilização. Mas quando ele descer, o índio, virá impávido, apaixonante, tranquilo e infalível e dirá que cada um aqui na Terra vale a pena, a mais pequenina, de seu cocar.

As coisas, todas elas, fora da ordem estão. E se tornarem a me perguntar o porquê dessa tal religião, responderei como ele mes-mo, Guimarães Rosa, certa vez respondeu: que religião serve é para desendoidecer.

Logo no Brasil em que se anda trupicando nos ebós, em que lo-tes são doados em palcos universais, internacionais, mundiais, em que cada canto é um altar, cada cantiga é uma oração, cada ban-deirinha é de São João... Num país onde ex-votos são pendurados, bodes sacrificados, quermesse tem carne de leitão.

Besteira perguntar de religião.Entre sentar pra meditar, o dízimo pagar, e a yoga experimentar,

não há diferença: tudo isso são atos, direcionados, de produção. Produção de sentidos, é essa (sentidos) a palavra, grão.

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Por que no Brasil tem gente invadindo terreiro? Negro no morro morrendo, tanta igreja e esgoto a céu aberto?

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az um tempo, ouvi falar sobre uma tenda de circo vermelha e azul no bairro Roosevelt, em Uberlândia. Para minha felicida-de, era o que eu queria que fosse. Uma escola de circo, o “Circo da vida”, projeto com apoio da prefei-

tura que oferecia aulas gratuitas. Uma semana. Estava eu lá. Pendurada num tecido de cerca de nove metros de altura. Meu corpo ganhou flexi-bilidade, conheci pessoas maravilhosas e, prin-cipalmente, aprendi que “o circo é o único lugar onde a gente sonha de olhos abertos”.

Do alto, sensação de medo, mas de supera-ção, que só aumentava a vontade de ir além. Não cheguei a fugir com o circo. Foi o circo que fugiu comigo.

E me levou. Passei a amar aquele mundo. Quem são es-

sas pessoas tão legais que tomam conta de uma lona de circo? Como elas vivem? Por que são tão autenticamente diferentes do resto do mundo?

Perguntas que ao longo do tempo foram res-pondidas sozinhas.

Todas as pessoas têm em si um pouco de ar-tista, a partir do momento que se liberta e passa a fazer o que gosta. Cada ser é elemento que remodela o espaço urbano. A cidade é um palco de manifestações. É o espaço produzido pelo ser humano, fruto da complexa rede de relações sociais, políticas e econômicas.

Todos os dias nos deparamos com inúmeras formas de arte pelas ruas, sem precisar gastar dinheiro, nem locomover do local de trabalho, ou que se costuma passar. São grafites, estêncis, apresentações de circo, teatro de rua, malabaris-tas em faróis, artesanato, músicos de diversos ritmos, concertos, estátuas vivas, performan-ces, intervenções, exposições e manifestações folclóricas. Muita gente nem se dá conta que faz parte disso.

Uberlândia não é diferente, aqui a arte brinca desde as curvas da arquitetura excepcional do Teatro Municipal, até as cores da lona de um circo escondido. Entre escolas livres de teatro, dança, arte, museus, praças, além de diversos centros culturais que não se concentram exclusi-vamente na região central, dando para a popula-ção inúmeras opções culturais gratuitas.

O que falta é acesso para que, assim como eu, cada pessoa possa ser tocada por aquilo que é feito pelo coração e transforma o mundo.

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P J G i a n i n i g o d o y A M A N D A B O R G E S D E C A S T R OAmanda é jornalista e uma das idealizadoras da re-vista Paralela – impresso semestral que fala da cena artística de Uberlândia e região.

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o c i r c o fugiu comigo

“Todas as pessoas têm em si um pouco de artista, a partir do mo-mento que se liberta e passa a fa-zer o que gosta. Cada ser é elemen-to que remodela o espaço urbano.

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alve a todos!É com muito orgulho que

inauguramos nossa coluna aqui no BRASA, somando forças em prol da cena cultural do nos-so querido Triângulo Mineiro.

Tomar cerveja e bater papo sobre música é algo que faço com meu chapa Guilherme Diamantino há um bom tempo, a diferença é que antes a gente não filmava (risos). Sem-pre estivemos envolvidos com a cena rock de nossa região – eu no Uganga e ele no DCV –, mas quando o Guilherme criou o selo Sapólio Rádio e pouco depois fechou parceria com o Uganga, começamos a trabalhar de forma mais coordenada. Com o reforço do grande Eddie Shumway (componente do Lava Divers, da produtora Travesseiros Discos e diretor audiovisual do BRASA), o trio estava fecha-do. Nós tínhamos os contatos, os meios e os

S

m a n u “j o k e r ” h e n r i q u e sArquiteto, vocalista da banda Uganga e apresentador do Underdose TV, programa exibido no Canal da Gente que divulga a cena musical e artística do Triângulo Mineiro.

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a c o n v e r s a d e b o t e c o q u e v i r o u p r o g r a m a d e T V

Com mais de 20 episódios na bagagem, aterrissa-mos agora também no impresso #feitobrasa

fins... Para chegar ao Underdose foi um pulo.Gravar nossas conversas, promover a cena

local e divertir-se com isso era algo totalmen-te despretensioso e que não sabíamos aonde iria chegar. Pois bem, cá estamos mais de dois anos depois, firmes e com duas dezenas de programas nos quais divulgamos inúmeros artistas, selos, publicações, lojas de roupas, casas de shows, pontos turísticos e uma infini-dade de manifestações tanto locais quanto de outros cantos desse mundão. Não tem preço ver músicos do Iron Maiden, Judas Priest, Se-pultura, Mudhoney – ídolos que acompanha-mos desde sempre – somando com a gente nessa caminhada, assim como também não tem preço ajudar no fortalecimento de uma cena local que vem se consolidando como umas das mais fortes e prolíficas do Brasil.

Carecemos de estrutura e apoio, mas é inegável que o nome Triângulo Mineiro vem

sendo cada vez mais respeitado quando se fala em rock autoral. Não estamos aqui pra reclamar das dificuldades, mas para celebrar o fato de estarmos superando-as. Sabemos que temos muito a evoluir (nós, você, todo mundo), mas o principal temos de sobra: vontade. Tem bastante coisa boa vindo: muita estrada, amigos, artistas legais, lugares inte-ressantes, baladas insanas e bandas incríveis – que podem estar mais perto do que vocês imaginam –, tudo regado a cerveja gelada.

fb.com/underdosetv

youtube.com/UnderdoseTV

SINTAM-SE TODOS CONVIDADOS A EMBARCAR NESSA COM A GENTE!

Da Hell City para a nova trilha sonora do BRASA, o nosso vídeo promocional chega ao sabor de “Macumba Afrocimética”, do MACACO BONG (foto). Confira só:

f o t o : reprodução

ATOR: Bruno AlamyDIREÇÃO E EDIÇÃO: Eddie Shumway

PRODUÇÃO: Lívia Vilela

+ U N D E R D O S E T V n o n o s s o s i t e : f e i t o b r a s a . c o m

S A LV E , B r u n o K aya p y ! G r at i d ã o

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rio na barriga, medo, prazer, emoção? Qual a palavra que descreve a sensação que você tem no momento em que a adrenalina é lançada de sua glândula suprarrenal para todo o seu corpo quando há o encontro espetacular da natureza selvagem com a essência humana? É mais fácil descrever fisiologicamente certas experiências do que expressar a im-

pressão destes instantes. Porém, o que nos importa nesta curta vida é o sentimento e as sensações de nossas vivências.

São inúmeros e cada vez mais diversos os esportes radicais praticados ao ar livre que podem provocar sensações singulares nas mais diferentes pessoas. Basta pesquisar um pouco e escolher o que mais lhe agrada, apesar de estarmos acostumados a dar preferência aos exercícios que estão mais facilmente ao nosso alcance. E o que temos por aqui? Cachoeiras! Nós podemos passar pela terra, água e ar praticando diversas modalidades esportivas em um mesmo lugar. Aqui, no Triângulo Mineiro, uma região tão rica em recursos naturais, encontramos muitas opções de esportes radicais. Somos tão privile-giados pela natureza neste cantinho do mundo que aqui você poderia pular de paraquedas, cair em um lago, chegar em uma cachoeira e caminhar até um mirante para ver um pôr do sol deslumbrante em um mesmo dia – exagero? Um pouco, porém, possível neste lugar tão abundante e pouco explorado em relação às riquezas naturais.

Do mergulho subaquático ao paraquedismo, passando pelo

i c r o n i o s o u z aEngenheiro agrônomo, o escritório de trabalho de Icronio é o cerrado.

na

tu

re

za d e s a f i o s n a t u r a i s

E s p o r t e s r a d i c a i s a o a r livre e m A r a g u a r i ( M G )

ciclismo, montanhismo, rafting, highline, escalada esportiva e rapel, estamos em meio a um gigante polo de esportes radicais e de aven-turas ainda muito pouco aproveitado, mas com um potencial enorme, comparado aos principais destinos dos aventureiros mais radicais do nosso país. A maior parte dos araguarinos não sabe, mas temos mais de 120 cachoeiras em nosso município, a maioria sem acesso a visitação por estar em áreas particulares e restritos. As poucas que possuem acesso livre, contudo, são cada dia mais visitadas, principal-mente nos meses de inverno seco do cerrado mineiro.

Existem grandes polos de turismo no cerrado que não possuem 10% de recursos naturais – no caso cachoeiras – que só o municí-pio de Araguari possui. Talvez por falta de interesse político ou até mesmo por parte dos proprietários de fazendas com cachoeiras, que, a princípio não têm conhecimento do potencial turístico e econômico que estas belezas naturais podem oferecer.

Se é bom ou ruim, o fato de se explorar ou não o turismo na re-gião, é difícil saber. Esse juízo de valor dependerá do ponto de vista, entretanto, na minha opinião, é uma proposta no mínimo interessan-te e passível de ser analisada com carinho. Pois, de um lado, todo tipo de exploração causa impactos no ambiente natural, mas, por outro lado, o potencial de rendimento econômico do turismo pode oferecer recursos para se ajudar na conservação e recuperação de ambientes já degradados ou em processo de degradação ambiental.

Entre o mergulho subaquático e o paraquedismo, o ciclismo e montanhismo, o Triângulo Mineiro é um

campo vasto de aventura.

fb.com/montanhismoaraguari

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A água é um bem natural precioso. Embora encontrada em grande quantidade no planeta, seu tratamento é oneroso. Alguns especialistas afirmam que, caso o consumo de água continue nos níveis atuais (considerando o alto desper-dício), futuramente poderemos enfrentar sérios problemas de carência deste recurso.

Colabore com o meio ambiente, colabore com a vida:

- Evite desperdícios durante as higienes pessoais;

- Não deixe que ocorram vazamentos nos encanamentos e tubulações da edificação e da rede interna;

“Somos tão privilegiados pela

natureza neste cantinho do mundo que aqui você poderia pular de paraquedas, cair em

um lago, chegar em uma cacho-eira e caminhar até um mirante para ver um pôr do sol deslum-

brante em um mesmo dia.

- Entre em contato com a companhia de água ao verificar vazamentos de água na rede externa;

- Mantenha os registros e válvulas sempre regulados;

- Reutilize a água sempre que for possível; - Use vassoura para varrer o chão, não faça

o uso de água para executar essa função; - Viabilize mecanismos de captação de

água das chuvas. Esta água pode ser usada para várias finalidades;

- Instale sistemas de controle de fluxo de água com a utilização de redutores de pressão nas torneiras.

“Prática consciente: esta ação vale vidas.”

C o n s u m o c o n s c i e n t e d e á g u a : RESPONSABILIDADE SOCIAL DE TODOS

apoi

o:

UM SABÃO NATURAL FEITO PELO MÉTODO tradicional DA SABOARIA

fb.com/saboariaboa

@saboariaboa

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saboariaboa.com.br

Icronio se prepara para o rapelna cachoeira das andorinhas

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“O legal das

cachoeiras é que sempre

tem um momento que

gosto muito: a hora que

todos entram na água e

se distraem pelas coisas mais bobas.

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CACHOEIRA DO RIO CLARO nova ponte (mg)

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cordei às 7h15 com muito sono. Não estava nos melhores dias para um rolê na cachoeira. O frio en-tão me “puxava” pra cama, mas a viagem já estava marcada e não dava pra furar. Como diria nosso poeta: “às vezes faço o que quero, às vezes faço o que tenho que fazer”.

A primeira ideia era visitar a Cachoeira São José, perto do aeroporto de Uberlândia, mas rolaram alguns contratempos e tivemos que partir para um Plano B: a Cachoeira do Man-daguarí. Aí tivemos mais alguns probleminhas de logística e também não rolou. Nisso meu pessimismo já falou: “Hoje vai dar ruim”.

Meio sem esperanças, ligamos para nossa companheira de Cachoeiro, Raissa, para ela nos ensinar o caminho da Cachoeira dos Macacos – mas também não deu. “Era melhor ter ficado na cama”, pensou meu lado preguiçoso. O Plano D foi visitar a Rio Claro, a uns 60km de Uberlândia, em Nova Ponte, na BR 452.

A entrada para a cachoeira é à esquerda de quem vem de Uberlândia, antes de uma ponte. Ficamos em uma que-da menor, perto da ponte da rodovia, mas a queda principal fica mais abaixo. Não pudemos ir porque o acesso é mais complicado, precisa de corda, equipamento e não tínhamos tudo isso. Então ficamos na primeira queda, que parecia uma “prainha”.

A água estava rasa e as pedras formavam caminhos para “desbravarmos” o lugar. Muitos pernilongos se aproveitaram da nossa inocência. Sugiro que levem repelente para uma experiência com menos vermelhos no corpo. Essa “prainha” em que ficamos é uma espécie de queda secundária e pra quem curte um rolê mais tranquilo, com umas comidinhas e tal, é uma boa.

O legal das cachoeiras é que sempre tem um momen-to que gosto muito: a hora que todos entram na água e se distraem pelas coisas mais bobas. Não sei se me parece um retorno à infância ou algo do tipo, mas é uma hora que sinto, e vejo os amigos também sentirem, um prazer simples, porém sincero. Minutos de diversão natural e ingênua que já valem todo o esforço.

Depois de explorar bastante o lugar, resolvermos partir. Acho que o legal dessa viagem foi saber que os problemas podem acontecer e nem por isso tiram o prazer deste tipo de programa. Meu pessimismo havia perdido no final.

Saravá! Até a próxima edição,Equipe Cachoeiro

a v e n t u r a

A

c a c h o e i r oEquipe de cinco integrantes que rodeiam o Triângulo Mineiro em busca de cachoeiras.

pedras no caminhoDEPOIS DE TRÊS PLANOS FALHOS PARA VISITAR UMA CACHÚ,

O JEITO FOI IR NA RIO CLARO NÃO NOS ARREPENDEMOS NEM POR UM SEGUNDO

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@projetocachoeiro

vimeo.com/projetocachoeiro

projetocachoeiro.com.br

como chegar:

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CHAR

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CHAI

M

de Prata para Paris, de Uberlândia para Nova York

artista do interior do Tri-ângulo Mineiro tem em sua bagagem exposições em Brasília, São Paulo, Paris e Nova York, além do Prêmio Conteúdo da Revista Gloss como

melhor artista em 2010. Em sua história há toques de jornalismo, teatro e pop art.

Logo aos 16 anos, os 75 quilômetros entre Prata e Uberlândia foram derrubados por Charles Chaim. O então jovem mudou-se para a cidade dos negócios para fazer jornalismo. Trabalhou como repórter e editor de vídeo em veículos de comunicação da região e, apaixo-nado pela segunda arte desde cedo, convidou alguns amigos para montar a primeira peça de Nelson Rodrigues, “A mulher sem peca-do”. Mesmo com as dificuldades à espreita, o espetáculo foi apresentado. Como o próprio artista destaca, “fazer teatro no Brasil nun-ca foi fácil, no interior e na década de 90 era

e s p e c i a l

(...) acho que o artis-ta tem a liberdade de passear por outros uni-versos se isso lhe for interessante. Eu sou in-quieto e tenho vontade de experimentar para ter certeza sobre o que me deixa mais feliz.

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quase impossível, por falta de incentivo, de apoio”. Chaim, entretanto, fez de sua von-tade imensa um trampolim para o cenário artístico da região. Não é à toa que deste grupo surgiu o Grupontapé de Teatro, que existe até hoje

Sua primeira “criação” surgiu espontane-amente em 1998 e posteriormente foi ex-posta em uma cantina italiana. Trabalhando colagem e pintura com caixa de pizzas, o artista homenageou o cinema. Compulsivo que era, criou 50 painéis. A sua intenção era alertar sobre o melhor uso do nosso lixo e conversar sobre reaproveitamento em um momento em que pouco se tocava neste assunto. “Um dia em casa olhei para uma embalagem de pizza que estava sobre a mesa, limpa, branca, pensei em reaprovei-tar aquela superfície de papel e transformá--la em outra coisa”, relembra.

Ao mesmo tempo que iniciava sua carreira artística, Charles trabalhava como diretor e editor em um programa de TV que durou mais de dez anos em Uberlân-dia. Foi nesta oportunidade, quando houve um espaço para entrevistas em um evento de moda, que Chaim pintou um retrato da estilista francesa Coco Chanel. Eram seus primeiros traços em uma tela, mas aquela

era a sua decisão: queria produzir mais, havia gostado bastante.

Quando olhamos para sua galeria, nos deparamos com pinturas de Frida Kahlo, Mick Jagger, Brad Pitt, Kurt Kobain, David Bowie e outros ícones da cultura moder-na. A sua identidade é marcada pelas co-res saturadas, como um pop art revisita-do. Não esperávamos diferente: uma de suas principais inspirações é o pintor e cineasta norte-americano Andy Warhol. Foi no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, que ele se apaixonou de fato pelo artista; foi neste caminho, na cultura de massa, que Chaim encontrou inspiração para expressar as suas com-posições. “Outros estilos me fascinam também e acho que o artista tem a liber-

dade de passear por outros universos se isso lhe for interessante. Eu sou inquieto e tenho vontade de experimentar para ter certeza sobre o que me deixa mais feliz”, completa.

Logo em 2004, seis anos após a cantina italiana, que Charles fez a sua primeira exposição individual de pinturas, com retratos de músicos, atores, direto-res e celebridades. Desde então, Chaim foi parar em cidades internacionais com a sua identidade artística. Na primeira oportunidade na França, Charles parti-cipou do Salão Nacional de Belas Artes, uma apresentação coletiva que ocorre no Carrousel Du Louvre e reúne artistas do mundo todo. Como lembra o artista, “quando dei por mim estava na Cidade Luz levando meu trabalho, foi incrível! A energia daquele lugar, a beleza, pessoas realmente interessadas em arte, uma experiência inesquecível”.

Atualmente, Charles mora em São Paulo (SP) e se dedica aos seus tra-balhos. Ele nasceu no berço caipira do cerrado e andou o mundo com a sua arte. Para conferir todo o seu trabalho, acesse:

J I M I hendrix

M I C K E Y m.

fb.com/charles.chaim

charleschaim.com.br

As imagens que ilustram esta matéria foram inspiradas em artistas, personagens, prota-gonistas da cultura popular. A capa, entre-tanto, é algo do próprio Charles, que veio de sua imaginação – daquilo que observa nas ruas, no cotidiano e pessoas que o cativam. Lindo!

O M U N D O fantásticoD E O Z

J O H N N Y depp

M U N D O pop

T Y R I O N lannister

Page 20: BRASA nº 02 (Novembro/Dezembro 2015)

2 0

A SPOL traça seu caminho ao acompanhar de perto novas tecnolo-gias que o mercado oferece e colabora junto aos fornecedores para desen-volver novas possibilidades no couro legítimo. Buscando sempre uma inova-ção, apresentamos nosso Verão 2016 partindo desse princípio, que é a base do nosso trabalho.

A inspiração para contarmos uma nova história surge do alto do edifício Copan, em um apartamento que res-pira a cidade cosmopolita e que muito reflete sua memória através de suas formas. Um olhar contemporâneo o resgatou do passado e hoje como um refúgio, seu interior é o cenário de onde partimos nossa coleção.

Traduzindo os tons terrosos do as-soalho, as suaves texturas em seu aca-bamento, o amarelo de sua luz natural vinda de grandes painéis de vidro, o indefinido horizonte que ao passar das horas exprime diversos tons de azul e a pureza que o define apartamento, transferindo a experiência do estar em uma estética nova e forte.

A construção técnica dessa cole-ção é um exercício de uma alfaiataria precisa aplicada ao universo do ves-tuário feminino, desde peças básicas até mais elaboradas, o que possibilita o uso da nossa matéria prima em diversas ocasiões. Transitando entre o conceitual e o comercial criamos assim uma visão sólida no segmento leather lifestyle.

Como fio condutor da composição, APARTAMENTO é a nova coleção Verão 2016 daSPOL.

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Fotógrafo: Hick DuarteAssistente de fotografia: Raphael DinizModelo: Giovanna NaderEstilo: Vinicius Souto

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01 Por que não? Com a ideia de que a arte também nas-ce ao céu aberto, fora das galerias, apontamos a bús-sola para o destino e escolhemos alguns muros para

receber as pinceladas quentes de Wés Gama, o artista da casa. O Projeto Guará tomou força e exercitou

os seus primeiros metros quadrados em novembro. Nosso primeiro passo saiu com esmero em Araguari,

a terra dos papagaios.

Para quem quiser conferir de perto, as artes estão na Travessa Assunção e na Av. Cel. Teodolino Pereira

Araújo, 405. Tire uma fotografia bonita e compartilhe com a hashtag #projetoguara.

g o s ta r i a d e a p o i a r ? n o s c o n tat e !

[email protected]

Artista: wes gama

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O Projeto Guará produziu dois muros no mês de novembro e colocamos 400 crianças para colorir a arte lançada em nosso impresso #1, em Araguari, Minas Gerais. O projeto é indepen-dente e colaborativo e, para conseguirmos realizar todas as ações culturais (primeiro, no Triângulo Mineiro e depois no Bra-sil afora) estamos buscando novas parcerias - e a colaboração de todos vocês.

Em 2016, o projeto convida um grupo de artistas para ocupar novos muros.

APOIE E PARTICIPE!

Arte é vida

ARTE, ESTA QUE SEMPRE TERÁ O PAPEL SUBLIME QUE

LHE CABE, PRINCIPALMENTE EM TEMPOS DE cegueira.

Com 32 anos de história em Uberlândia (MG), a Mãe Natureza é referência quando o assunto é alimentação saudável, nutrição e bem estar.

O grande diferencial é o nosso mix de produtos que ultrapassa 4 mil itens de altíssima qualidade e saudabilidade. Além da seleção dos melho-res fornecedores e produtos do mercado, temos nossa própria linha com produção de quitandas, granolas, entre outros produtos integrais, feitos dia a dia e tudo fresquinho.

fb.com/lojamaenatureza

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loja:Av. Princesa Isabel, 798, Fundinho Uberlândia (MG)

maenatureza.com.br

Júlia, com sua janelinha nos dentes, aprovou o cerra-do pintado no muro de sua escola. aluna #feitobrasa do Colégio Objetivo (Araguari - MG).

Page 23: BRASA nº 02 (Novembro/Dezembro 2015)

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incidência da obesidade e de todas as doen-ças crônicas relacionadas à alimentação”.

A proposta de Patel não é simples, mas acredito que uma mudança sagaz só será possível mexendo na contabilidade da indús-tria alimentícia (aí dói).

Com estas despesas sendo absorvidas pelos processadores de comida e também pelo agrobussiness (e não por nós!), o acesso à co-mida de qualidade não ficará reservado aos pe-quenos grupos e modismos. As cervejas e pães artesanais, os produtos orgânicos, as conser-vas feitas sem conservantes, não são “luxos”. Comer bem é um direito básico. O que acontece é que viramos presas fáceis dos embalados, do advento das refeições prontas, e mal perce-bemos que nos distanciamos do processo que transforma a matéria-prima extraída da natu-reza em uma refeição. Estamos esquecendo o que é comida e quanto ela vale de fato.

E quando a gente não tolera mais as ver-sões sintéticas dos alimentos, acontece um fenômeno (que só rolou, até então, quando saímos da casa dos pais): a geladeira fica vazia. Ou melhor, menos cheia.

Numa rotina esquentar-e-comer, é pos-sível manter geladeira e freezer abarrotados de congelados porque esses produtos estão lotados de químicos para durarem muito. Os molhos industriais, mesmo depois de aber-tos – como os catchups e maioneses (mes-mo aquelas que prometem terem sido feitas com ovos caipiras – risos) –, têm longo prazo de validade, assim como os enlatados que podem seguir na despensa por anos. Os marketeiros da indústria nos adestraram para acreditar que status é geladeira cheia e, por isso, é preciso fazer fartas compras

c i s s a b o r g e sMineira de Uberlândia, escritora e comunicóloga radicada no Rio de Janeiro há dez anos. Assina a websérie Soul Kitchens Project e outros projetos relacionados à comida e comportamento. Na serra carioca, cozinha e bebe vinho diariamente e está aprendendo a plantar.

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A b a i x o a c o m i d a b a r atae a s g e l a d e i r a s c h e i a s !

Quando os alimentos sintéticos e processados não são mais tolerados no cotidiano, a geladeira fica vazia, mais enxuta.

economista britânico Raj Patel, autor de livros saca-díssimos sobre o sistema alimentar, mandou um papo reto no encontro da Aliança

Global Para o Futuro da Alimentação, que rolou em maio deste ano na Itália: os preços pagos por alimentos não refletem o verdadei-ro custo de produção.

Como é que é? As empresas de alimentos ultraprocessados, produzidos em grande escala, não consideram os danos ambientais, sociais e de saúde na formação do preço. O preço final aparentemente baixo é pago pelo consumidor. Os impactos negativos deste tipo de produção são absorvidos pela socie-dade e, bip!, não aparecem no caixa.

Patel propõe que tais impactos sejam internalizados e o valor final do alimento seja uma reflexão mais exata e honesta destes custos totais de produção. O cara explica: “estamos falando de uma teoria de mudança aqui. Em um mundo onde os preços refletem os danos ambientais, você recompensa quem tem bom comportamento. Se a indústria in-ternaliza os custos, a comida orgânica da feira de pequenos produtores vai acabar sendo mais barata que os produtos de supermerca-do”. Esse método de contabilidade é chamado de “custos verdadeiros” e pode mudar radi-calmente o sistema alimentar.

Seguindo esse caminho, a comida ruim certamente assumiria seu preço astronômico enquanto as alternativas mais sustentáveis seriam, finalmente, melhores opções tam-bém pro bolso. Quando a gente fala sobre a importância de consumir orgânicos e pro-dutos artesanais, é fácil pintar a exclamação “mas são caros!”, fruto de décadas e décadas de uma lógica agressiva de precificação, que faz com que a lasanha congelada seja mais barata do que comprar todos os ingredientes (sem venenos e de ótima qualidade) e fazer uma lasanha “do zero”.

A comida industrializada está custando caro para nossa saúde e bem estar, apesar do sistema alimentar atual camuflar a conta. Mi-chael Pollan relembra em seu último livro: “as grandes empresas não cozinham como pes-soas (motivo pelo qual costumamos dizer que que eles ‘processam alimentos’). Eles tendem a usar muito mais açúcar, gordura e sal do que nós usamos ao cozinhar; também dispõem de novos ingredientes químicos raramente encontrados nas despensas para fazer com que seus alimentos durem mais e pareçam mais frescos do que de fato são. Assim, não é surpresa alguma o declínio do hábito de cozinhar em casa coincidir com o aumento da

mensais e manter verdadeiros estoques em casa (não é à toa que o desperdício de comida é absurdo). Lembro bem das idas ao Carrefour na infância.

Quando comemos bem, priorizamos a rotatividade, os alimentos frescos, da época e sem aditivos, o que significa que não estocamos mais. A geleia sem conservante, depois de aberta, dura no máximo trinta dias. Para garantir hortaliças colhidas no dia e frutas da estação, nossas visitas às feiras são regulares e as compras seriadas.

O mito da geladeira cheia foi criado para impulsionar as compras de substâncias comestíveis e não de comida. Comida boa é sazonal e tem a pegada do Poetinha: “que seja infinita enquanto dure”, porque, meus amigos, geralmente dura pouco. O único estoque positivo seria dos nossos próprios produtos, valorizando o aproveitamento integral dos alimentos. Por exemplo, na época de pepino comprar bastante deles e fazer conservas de sunomono pro ano todo ou fazer um estoque de pesto com a rama da cenoura (beleza pura!).

Comida barata e geladeira cheia são resultados de um sistema alimentar que merece ser reestruturado já. Bora começar com pequenos avanços no nosso próprio sistema! Escolha daí um item de supermer-cado que, a partir de agora, será homemade e comece a se sentir mais livre.

O

Rua no Brooklyn, Nova York, com vegetais no canteiro para coleta gratuita. O projeto pode ser replicado em qualquer lugar desse

mundão: foodisfreeproject.org

O fotógrafo Mark Menjivar começou a registrar geladeiras pelos Estados Unidos

em 2007. Passou 4 anos nessa missão e depois revisitou os primeiros anfitriões.

Nessa foto, a geladeira de um casal, pro-fissional de marketing e cinegrafista, em

2008 (inferior) e 2012 (superior).

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a n d r e s s a d a m ata f a r â n d o l asf (provençal farandoulo) 1 pop Grupo de maltrapilhos, súcia de farsistas, de vadios. 2 Dança provençal de cadeia. 3 Grupo que a execute ou assim pareça dançar. 4 Farrapo.

estúdio Farândola, por sua vez, nasce dessa coletividade simples, alegre, despretensiosa, apostando na fórmula ilus-tração + design como um meio de expressão original e transformador. Criado em 2012, primeiramente por recém-for-mados em design gráfico e publicidade, o estúdio Farândola é um espaço pra toda e qualquer tipo de criação artística. Com mais de três anos, hoje é um coletivo de Uberlândia que atua em praticamente todos os campos de artes visuais, da tatuagem à fotografia, passando pelo grafite e principalmente pelo design.

A Hugs not Drugs (ou só Hugs) é uma festa que criamos para comemorar o aniversário de dois amigos, Lívia e Ai-non. Reunimos os amigos, viajamos na maionese, nas roupas e por aí vai. Em setembro de 2015, aconteceu o Samsara Festival e fomos convidados a levar um pouquinho da nossa energia pra lá! Painéis e cores nossas por todo o festival e um momento com os DJs da nossa festa. Confira as fotografias do que rolou abaixo.

Page 25: BRASA nº 02 (Novembro/Dezembro 2015)

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Projetos agronômicos, inventários florestais e georreferênciamentos.Icronio de Sousa Júnior (CREA: 18169/D GO)

Escritório: avenida batalhão mauá, 600, cj esplanada, araguari (mg)

IS Soluções Agrônomas

Costa Reis e Rodrigues Advogados Associados.Augusto Pardo Simão da Costa / Dalto Umberto Rodrigues / João Fabiano Dias Costa / João Vicente dos Reis Junior / Milton Dionísio Simão da Costa.

Rua aurélio oliveira, 610, centro, araguari (MG)

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Miabara Collab Store

Loja colaborativa com várias marcas. Funciona de segunda a sexta-feira, entre 10h e 20h e sábados entre 10h e 16h

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Incêndio ShopLoja online de roupas. Moda, músicae atitude.

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Page 26: BRASA nº 02 (Novembro/Dezembro 2015)

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serra da bocainaARAXÁ (mg) UM DOS LOCAIS MAIS PROMISSORES

PARA PRÁTICA DA ESCALADA DO PAÍS

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n a t u r e z a guios

Portal de esportes de aventura e ecoturismo, ponto de referência para quem gosta de praticar atividades ao ar livre, via-jar e visitar cachoeiras. Aqui no BRASA, Marcos e Raquel, idealizadores do projeto, falam mais sobre natureza, lugares e esportes radicais.

g u i o s

evido a diversidade de vias escaláveis já exploradas e ainda a serem exploradas, a Serra da Bocaina atrai des-de novatos até escaladores experientes de todo o mundo.

A região se destaca pela flora e vegetação, com belíssimas paisagens que fazem do local ideal para prática esportiva. A Serra da Bocaina também reúne os apaixonados pelo montain bike, corrida de aventura e cachoeiras.

atrativos

- Mais de 300 vias de escalada;- Trilhas para corrida de aventura e cicloturismo;- Cachoeira da Argenita (Ibiá, MG).

onde se hospedar

REFÚGIO BOCAINAHostel e acampamento administrado pelos esca-ladores nativos. É necessário fazer sua reserva com antecedência para garantir sua hospedagem.

Contato: Daiex de Almeida (34) [email protected]

como chegar

Saindo de Araxá-MG, pegue a estrada sentido Franca (MG-428), antes do posto Policial, vire à esquerda, à sua direita haverá várias bandeiras de diversos países (CBMM). A partir deste ponto haverá uma estrada de terra, nela iniciará nossa rota totalizando 22km.

Siga na estrada principal por aproximadamente 11km (à sua direita haverá um bar) continue subindo pela estrada principal. No km 13 haverá uma bifurcação, vire à esquerda. No km 17 have-rá uma placa da Fazenda Vitória Junior, continue na principal. Siga por cerca de 2,5 km até a pla-ca Fazenda Pirapitinga e vire a direita. Continuar na estrada principal passando por mata-burros, vire a 1ª a direita e depois 1ª direita novamen-te, percorra por mais 900 metros até o Refúgio Bocaina.

fb.com/guiosoffroad

@guiosoffroad

guios.com.br

C a c h o e i r a d a A r g e n i ta

e s c a l a d o r d i e g o l e o n a r d oFoto: Marcos Ferreira

r e f ú g i o

como chegar:

preserve o cerrado!

Page 28: BRASA nº 02 (Novembro/Dezembro 2015)

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a f o t o g r a f i a p r i s c i l a d e c a s t r oFotógrafa colaboradora do BRASA.Com 25 anos, apaixonada por plantas e formada em Publicidade (mas bióloga de coração), a Pri também participa do projeto Alma Revelada, um grupo de 25 pessoas com as mais variadas idades, profissões e interesses reunidas em volta da fotografia.

ara colorir a nova fachada da Brinquedoteca da Universidade Federal de Uberlândia com cores e alegria, artistas uniram-se para fazer o que sabem de melhor: dar vida a nossa imaginação! Para conferir de perto, visite o Instituto de Psicologia (IPUFU) no campus Umuarama, no bloco 2C (av. Pará, 1720).

# f e i t o b r a s a

A Pri também cobriu a Marcha da Maconha em Uberlândia. Confira no nosso site feitobrasa.com

Page 29: BRASA nº 02 (Novembro/Dezembro 2015)

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Medicina estética.

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O melhor hamburguer artesanal da cidade! Sem frescura.

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Hamburgueria do Barãop o n t o d e d i s t r i b u i ç ã o d o b r a s a

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Farmácia on-line.

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Farmácia Miligrama | S a ú d e

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Drinks assinados, cervejas espe-ciais e comida artesanal.

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Page 30: BRASA nº 02 (Novembro/Dezembro 2015)

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J o ã o E d u a r d o m . V i l e l aDoutor em Ciências da Saúde pela Universidade Fe-deral de Minas Gerais (UFMG) e membro fundador da Associação Brasileira de Psiquiatria Biológica.

Normalmente a adolescente come-ça uma simples dieta por sentir-se um pouco gorda. Corta-se um pão aqui, uma massa ali, e perdem-se alguns quilos que estavam incomodando, mas

não se interrompe por aí. Ela continua perdendo peso e sua alimentação vai ficando cada vez mais restrita. Apesar de sentir-se satisfeita em

conseguir emagrecer, sua preocupa-ção não diminui. Seu pensamento se volta

para a alimentação, torna-se obsessiva com o tema, levando à depressão e irritação. Os comentários de amigas e familiares a respei-to de sua magreza exagerada geram mais irritação, por isto passa a se isolar, pois “ninguém a compreende”. Já não menstrua mais, as brigas com seus pais aumentam, mas o medo de voltar a ganhar peso é maior. Agora já não faz apenas dieta, passa a fazer exercícios físicos com vigor, algumas vezes induz o vômito, toma laxante ou diu-rético, o que aumenta o risco de problemas cardíacos. O hábito alimentar vai se tor-nando cada vez mais secreto e povoado de estranhos rituais, como a recusa de comer na presença dos outros ou colecionar recei-tas. A anoréxica apresenta-se com o aspec-to envelhecido e triste, a pele torna-se seca e, às vezes, com aumento da pigmentação. Ainda apresenta complicações clínicas relacionadas aos pulmões, rins, intestinais, neurológicas e visuais.

O medo intenso de se tornar gorda é uma característica da Anorexia. Há tam-

bém uma distorção da imagem corporal, fazendo com que a anoréxica não reconheça sua magreza, ou seja, mesmo esquelética se percebe com excesso de peso. Seu começo é lento e insidioso.

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á oito anos o fotógrafo italiano Oliviero Toscani roubou a cena na Semana Internacional da Moda de Milão ao apresentar uma campa-nha publicitária com uma mode-lo nua, pesando 31 quilos,

com os dizeres “ N O A N O R E X I A ” . Segun-do Toscani, sua campanha, da grife Nolita, buscava uma aproximação com a condição humana, pois “toda publicidade de moda, as revistas e os jornais de moda se afastaram dela, se tornaram abstratas, esvaziaram o ser humano. A gente olha essas campanhas e vemos o vazio, e dizemos a nós mes-mos: essas pessoas são como garrafas vazias”. A modelo era Isabelle Caro, que morreu antes dos 30 anos em decor-rência de Anorexia Nervosa, assim como outras modelos.

A incidência desse transtorno au-mentou de maneira assustadora nas últimas décadas, de uma frequência quase nula passou a constituir um problema social. O culto ao corpo magro como forma de êxito social na nossa atual cultura cobra um preço alto das mulheres, especialmente das adolescentes. É im-portante ressaltar, contudo, que o culto à magreza não é o único responsável por causar esse transtorno, pois o primeiro caso de anorexia foi descrito há mais de 300 anos, época em que o padrão de beleza era diferente de como é hoje. Sua gênese é sociopsicobiológica.

A Anorexia Nervosa ocorre principal-mente em adolescentes do sexo femi-nino, atingindo majoritariamente a faixa etária de 12 a 25 anos, sendo que o maior risco está entre as meninas de 14 a 18 anos. Em mulheres jovens esta taxa varia de 0,1% a 1%. A taxa de prevalência no sexo masculino é cerca de um décimo do sexo feminino. O quadro clínico da Anorexia Ner-vosa é muito grave, levando à morte cerca de 10% dos casos. Sua cronicidade é co-mum, há uma desadaptação social, laboral, familiar e sexual, levando a um sofrimento intenso da anoréxica, assim como de seus familiares. Cerca da metade das anoréxicas apresentam episódios bulímicos, que são caracterizados pelo consumo excessivo de alimentos altamente calóricos, que terminam em crises de ansiedade, sentimento de culpa e, com frequência, ideias de suicídio.

A n o r e x i ae o medo de ser gorda

O distúrbio atinge principalmente adolescentes do sexo feminino entre 12 e 25 anos

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jornal brasa edição 02 Mais informações:www.suddha.net

alayasa Ayurveda, no município de Araguari (MG), é um dos mais importantes centros de tratamento ayurvedico em todo o ocidente, administrando tera-pias tradicionais em um ambiente terapêutico inigualável, em um ambiente de Ashram unido os métodos tradiconais do Ayurveda com osconhecimentos da Medicina moderna

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