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BrasilBrasilBrasilEconomia SustentávelEconomia SustentávelUma publicação do Ministério da Fazenda > Outubro de 2008 > Número 3
Atravessando aAtravessando aAtravessando a
turbulênciaInvestimentos públicos e privados, mercado interno pujante e ajuste fiscal vigoroso solidificam o crescimento consistente
sumárioUm País preparado para enfrentar a crise
Certamente o Brasil não é uma ilha isolada em meio a uma das maiores crises financeiras da história. Porém é um País soberano, com menor vulnerabilidade às crises interna-cionais do que no passado. É importante ressaltar a solidez e a estabilidade do sistema financeiro brasileiro neste momento, regulado e com a supervisão eficiente das autoridades. Os bancos operam com reduzida alavancagem e apresentam alto nível de solvência e rentabilidade.
O modelo de desenvolvimento em curso está sendo cons-tituído por um Estado mais empreendedor e que pratica o bem-estar social. O lançamento do PAC organizou e coordenou grandes projetos públicos e privados de infra-estrutura. Estamos implantando um Estado desenvolvimentista, modernizador e planejador, que leva à redução da pobreza e da desigualdade. Voltamos à era dos grandes projetos em infra-estrutura, que haviam desaparecido de nossa agenda.
Neste momento de crise mundial, o Estado brasileiro usará todos os seus instrumentos para garantir a manutenção do crédito aos produtores, para manter o financiamento adequado às nossas exportações e para dar continuidade aos investimen-tos de longo prazo, sobretudo em infra-estrutura. É decisão do Presidente Lula não interromper o ciclo de crescimento sustentado em que o País se encontra.
O Brasil reúne condições para exercer um papel extrema-mente positivo no mundo de hoje, assim como outros países ditos emergentes.
Temos, enfim, uma democracia sólida e estável, trabalha-dores e capitalistas criativos e empreendedores. Nosso governo tem amplo respaldo popular e os brasileiros hoje se encontram num momento de grande confiança e otimismo. O Brasil é e continuará sendo um destino seguro para investimentos. A solução do governo Lula para a crise é consolidar nosso ciclo de desenvolvimento sustentado.
Brasil | Economia Sustentável Outubro de 2008
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editorial
Guido MantegaMinistro de Estado da Fazenda
EditorialA solução brasileira para a crise
internacional é consolidar o
desenvolvimento sustentado da economia
DesenvolvimentoDemanda interna mantém o PIB
em alta e garante crescimento
forte e de qualidade
EstabilidadeResponsabilidade fiscal, inflação
sob controle e um sistema bancário
sólido reduzem a vulnerabilidade do País
ExpansãoO maior ciclo de investimentos já visto
no Brasil cria bases para um crescimento
prolongado e reduz a desigualdade
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Brasil – Economia Sustentável Uma publicação do Ministério da Fazenda produzida pela Assessoria de Comunicação Social em parceria com a área de Projetos Especiais da Revista EXAME – Editora Abril S/A.
BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 3
Em meio à maior crise do capitalismo dos últimos tempos, o Brasil demonstra que está preparado e maduro para enfrentar os desafios. O País vive um ciclo de crescimento que começou em 2003, no primeiro mandato do Presidente Lula, e ga-
nhou musculatura desde 2006, quando se consolidou uma política econômica mais expansionista.
Hoje a economia se expande a uma taxa de mais de 5% ao ano e suas características aproximam o Brasil dos países emergentes dinâmicos, cada vez mais responsáveis pelo crescimento mundial.
Em pouco tempo, constituiu-se um mercado consumidor doméstico que estimula o investimento e dá um horizonte de longo prazo aos empresários. A combinação de uma política econômica ousada, que cria muitos empregos, com uma forte política social que transfere renda para a base da pirâmide social gerou um círculo virtuoso de crescimento sustentável.
Podemos falar de um novo modelo de desenvolvimento, que transforma os brasileiros em cidadãos, consumidores com mais acesso à educação, saúde, luz elétrica, crédito e outros direitos.
A prioridade concedida ao combate à fome, desde o pri-meiro dia do mandato do Presidente Lula, resgatou da miséria milhões de brasileiros. Pela primeira vez na história, metade da população está na classe média, perto de 93 milhões de pes-soas. A classe média somada às classes mais ricas da pirâmide social forma um contingente de 120 milhões de cidadãos, um dos maiores mercados de consumo do mundo.
O mais importante é que as políticas econômicas e sociais foram feitas sem o desvirtuamento das contas públicas, sem déficits, endividamentos e surtos inflacionários, que nos atormentavam no passado. O Brasil possui as contas públicas equilibradas e nossa meta de governo é fazer um superávit nominal em 2010.
O regime de metas de inflação funciona. Somos dos poucos países que vão cumprir a meta em 2008. Nossas reservas de mais de US$ 200 bilhões, conquistadas por um comércio exterior forte e diversificado, são um passaporte para atravessarmos estes momentos difíceis e reduzir nossa exposição à turbulência internacional.
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Anto
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desenvolvimento
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Consumo: melhor distribuição de
renda amplia o lucro das
empresas
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robustoProdução em alta, desemprego em queda e inflação sob controle: reflexos de um novo Brasil
Pouco mais de um ano após os primeiros sinais de desaque-cimento nos países desenvolvidos, criado pela bolha imo-biliária nos Estados Unidos, a economia brasileira registra crescimento robusto. No segundo trimestre de 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado cresceu
6,1% em relação ao mesmo período de 2007, acima das expectativas. Foi o 26º aumento consecutivo, confirmando o mais longo ciclo de crescimento da série trimestral, medida pelo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1991.
robustoCrescimento
Maior ciclo dos investimentosCrescimento do PIB e da Formação Bruta do Capital Fixo (em %)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE > * Variação no trimestre e mesmo trimestre do ano anterior
PIB FBCF
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-5
-10
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-1,9
-4,8
2,24,4
8,9
-0,6
4,5 3,45,1 6,2
0,8
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-9,4
7,85,0
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16,0
-3,6
3,7
-4,3
1998 1999 2000 2001 2003 2004 2005 2006 2007 2008*2002
16,216,016,0
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Crescimento diversificado e com qualidadePIB pela ótica da oferta; segundo trimestre de 2008 / segundo trimestre de 2007 (em %)
Fonte: IBGE
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A economia brasileira sofreu duramente os impactos das turbulências globais que abala-ram a economia internacional nos anos 90, após as crises do México (1994), dos tigres asiáticos (1997) e da Rússia (1998). O real enfrentou ata-ques especulativos, o País viu desaparecer um grande volume de suas reservas, precisou ele-var às alturas a taxa de juros, teve de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e, em seguida, conviveu com períodos prolongados de instabilidade. Com a crise atual – a mais grave desde 1929, segundo muitos economistas –, o cenário tem sido diferente.
Sob a ótica da demanda, os motores do cresci-
“Se a conjuntura internacional gera incertezas, os cenários de médio e longo prazos geram otimismo, pois o Brasil tem a oferecer soluções para os três maiores problemas econômicos do mundo: alimentos, minérios e energia”
Aço: a produção vai dobrar, com investimentos da ordem de R$ 82 bilhões
Guido Mantega,Ministro da Fazenda mento no segundo trimestre de 2008 foram a For-
mação Bruta do Capital Fixo (FBCF), que mede a taxa de investimento, e o consumo das famílias. Em relação ao mesmo trimestre de 2007, a FBCF cresceu 16,2%, mais do que o dobro do aumento do PIB e do consumo das famílias (6,7%). O atual ciclo de investimentos cresce puxado tanto pelo consumo aparente de máquinas e equipamentos quanto pela construção civil.
O consumo das famílias, que representa cerca de 61% do PIB, continua favorecido pela expansão dos empregos formais, da massa sa-larial real e do aumento no nível de crédito. O crescimento do consumo de 6,7%, no segundo
trimestre de 2008, se comparado aos 8,7% do quarto trimestre de 2007, mostra uma acomoda-ção em um nível mais moderado, indicando uma progressiva convergência no ritmo de expansão da demanda e da oferta.
Pela ótica da oferta, alguns dos setores que mais contribuíram para o crescimento do PIB, sempre na comparação com o mesmo trimestre de 2007, foram a agropecuária (7,1%), a indústria (5,7%) e os serviços (5,5%).
Crédito para habitaçãoO crescimento da agropecuária pode ser
explicado, em grande parte, pelo desempenho
de safras como a do café em grão, do milho, do arroz em casca e da soja. Segundo dados do IBGE, o Brasil colheu no primeiro semestre uma safra recorde de 145,1 milhões de tonela-das, o que representou crescimento de 9% em relação ao mesmo período de 2007.
Outro destaque foi a construção civil (9,9%), estratégica pela sua elevada capacidade de gerar empregos e renda. O setor tem ganhado impul-so com o aumento do número de brasileiros com carteira assinada e com o crescimento nominal de 26,7% das operações de crédito para habitação.
De janeiro a agosto de 2008, a indústria teve crescimento de 6,6%. Praticamente a totalidade
Emprego: até agosto de 2008, já foram criados mais de 2 milhões de vagas formais
Leo
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Agên
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Nitro
Produção industrialCrescimento acumulado em 12 meses até ago/08 (em %)
Indústria geral Bens de capital
0
5
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3,1 3,6 2,8
5,7 6,4
19,719,5
6,0
2005 2006 2007 2008
Fonte: IBGE > Elaboração: MF / SPE
Instituições financeiras
12,7ConstruçãoConstrução
9,9
ComunicaçõesComunicações
9,7
ComércioComércio
8,9
AgropecuáriaAgropecuária7,1
IndústriaIndústria
5,7IndústriaIndústria
ServiçosServiços
5,55,5
Extração mineralExtração
5,3
TransformaçãoTransformação
4,84,8TransporteTransporte
4,4
desenvolvimento
Heud
es R
egis
363 540
436 139
155 468 173 879
327 054
489 398
Fontes: Bacen, Abeip, SAI CI-Caixa
Ampliação do acesso à habitaçãoNúmero de unidades habitacionais financiadas (média por período)
Geisel(1974/1978)
Figueiredo(1979/1984)
Sarney(1985/1989)
Collor/Itamar(1990/1994)
FHC(1995/2002)
Lula(2003/2007)
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dos setores industriais registraram expansão, com destaque para a fabricação de veículos auto-motores (18,4%). Foi o melhor primeiro semestre na história das montadoras, que atingiram a mar-ca de 1,3 milhão de unidades, o que representou aumento de mais de 30% em relação ao primeiro semestre de 2007.
Contribuições relevantes também vieram de máquinas e equipamentos (10,0%), outros equi-pamentos de transporte (32,5%) e metalurgia bá-sica (7,9%). Por categorias de uso, os segmentos de bens de capital (18,1%) e de bens de consumo duráveis (13,3%) lideraram a expansão. Esses números evidenciam o dinamismo do ciclo de investimentos e do consumo doméstico apoiado, principalmente, no crédito.
Aumento da capacidadeA indústria avança com o aumento da pro-
dutividade, que é superior ao crescimento dos salários, outro fator que ajuda a evitar impacto inflacionário. Uma tendência importante são os investimentos na ampliação da capacidade produtiva, especialmente no setor de bens de capital. Nos primeiros oito meses, a produção de aço subiu 7,5% em relação a igual período do ano passado. As empresas siderúrgicas projetam
“Após 25 anos de semi-estagnação, o Brasil volta a crescer, baseado no mercado interno e no investimento”
planos para dobrar o tamanho de seu parque, com investimentos que chegam a R$ 82 bilhões. Outros grandes setores, como papel e celulose, petroquímico e cimento, também anunciaram projetos ambiciosos de investimentos na expan-são de sua capacidade.
Mas a principal marca do ciclo de desenvolvi-mento que o Brasil inaugurou é a emergência de uma nova classe média. Por trás dessa mudança, que criou no País um mercado de massa, está um
Construção civil: setor é líder na geração de empregos no País
Yoshiaki Nakano,Fundação Getulio Vargas-SP
Luiz Gonzaga Belluzzo,Economista
“Não é que vamos voar em céu de brigadeiro, mas o País nunca esteve tão bem”
Serg
io C
astro
/AE
Fonte: BCB > Elaboração: MF / SPE
Evolução das operações de créditoAs operações de crédito alcançaram R$ 1 086 bilhões em jul/08, o equivalente a 37% do PIB (em R$ bilhões)
jan/01 out/01 jan/04 abr/06jul/02 out/04 jan/07abr/03 jul/05 out/07 jul/08
250 20
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1 150 38
%
Fontes: MTE / Caged > Elaboração: MF / SPE > * Valores acumulados nos últimos 12 meses, terminados em agosto
Emprego formalBom desempenho da economia se reflete no mercado de trabalho (em milhares)
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2003 2004 2005 2006 2007 2008
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Nova classe médiaClasse C representa 50% da população
Fontes: CPS / IBRE / FGV, com base nos microdados da PME / IBGE – 15 a 60 anos
mar/02 mar/03 mar/04 mar/05 mar/06 mar/07 mar/0842
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Fonte: IBGE > Elaboração: MF / SPE > * Inclui veículos, motos, partes e peças e materiais de construção
Vendas no comércioVariação jan-jul/08 e jan-jul/07 (em %)
29,2
22,921,5
18,6
14,613,1 12,5
11,3 11,1 10,69,2
5,8 5,7
a b c d e f g h i j l m n
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a. Equipamentos, material de escritório, informática e comunicação b. Veículos, motos – partes e peçasc. Outros artigos de uso pessoal e domésticod. Móveis e eletrodomésticose. PMC AMPLIADA*f. Artigos de farmácia, médicos, ortodônticos, perfumaria e cosméticosg. Material de construçãoh. Livros, jornais, revistas e papelariai. Tecidos, vestuário e calçadosj. PMCl. Combustíveis e lubrificantesm. Hipermercados e supermercados, alimentos, bebidas, fumon. Hiper e supermercados
desenvolvimento
Índice de GiniA desigualdade continua caindo
Fontes: IBGE / Pnad > Elaboração: MF / SPE
1997 200720021998 20031999 20042000 20052001 2006
0,590
0,5800,580
0,5750,567 0,566
0,563
0,5540,547
0,5440,541
0,528
0,570
0,560
0,550
0,540
0,530
0,520
0,510
0,500
10 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 1110 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL
conjunto de fatores: ganhos de renda, aumento do salário mínimo, expansão do emprego, contro-le da inflação e programas sociais que levaram à melhoria na distribuição de renda.
Em 2007, o ganho médio mensal do traba-lhador brasileiro cresceu pelo terceiro ano con-secutivo, alcançando R$ 960, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. A criação de empregos deve superar pela primeira vez a marca de 2 milhões. No primeiro semestre de 2008, a abertura de no-vos postos de trabalho na construção civil supe-rou os números de todo o ano anterior.
Em agosto, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas ficou em 7,6%, a menor em muitos anos. O número de trabalha-dores com carteira assinada totalizou 32 milhões em 2007, o que representou crescimento de 6,1%. O índice de formalização no emprego é o maior desde o início da série histórica em 1992 e tem como causa principal a maior segurança das em-presas em relação ao cenário econômico.
A oferta de recursos também tem sido um instrumento importante. O consolidado das ope-rações de crédito, por exemplo, alcançou R$ 1,1 bilhão em agosto de 2008, com uma participa-ção de 38% sobre o PIB, bem acima dos 32,8% do mesmo mês do ano anterior.
Queda da desigualdadeNesse cenário, a classe C se tornou a faixa
mais numerosa da população e alterou profunda-mente o perfil do consumo. Uma recente pesqui-sa do Centro de Estudos Sociais, da Fundação Getulio Vargas (FGV), estima que a nova classe média é composta por 93 milhões de pessoas ou 50% dos brasileiros. Somando a classe A/B, o Brasil passa a contar com 120 milhões de consu-midores, um dos maiores mercados do mundo.
É a maior mudança na estrutura social do País e pode ser observada no dia-a-dia. Em 2007, 11,4 milhões dos domicílios – o que cor-responde a 20,4% do total – já tinham acesso a microcomputador e à internet; são 2,1 milhões a mais do que no ano anterior. O Brasil deverá
“A redução da pobreza e o crescimento da classe média refletem o aumento do emprego com carteira assinada”
Automóveis: Brasil ultrapassa a França e é o sexto maior produtor mundial
fechar o ano com mais de 140 milhões de celu-lares, e 77% dos lares têm algum tipo de telefo-ne – em 1992 eram apenas 19%. E o número de casas com geladeira passou de 89,8% em 2006 para 91,4% em 2007.
O grande destaque da Pnad foi, no entanto, a queda da desigualdade social. O número de pessoas em condições de miséria continuou em queda, bem abaixo dos índices registrados entre 1995 e 2003. A redução na diferença entre ricos e pobres também foi confirmada pelo Índice de Gini, que passou de 0,541 para 0,528.
O Brasil ingressou em um novo ciclo de de-senvolvimento, que teve início em 2004 com a retomada do crescimento, acompanhado por po-líticas que promoveram a inclusão social. Essa nova etapa da economia guarda profundas dife-renças em relação às anteriores. Entre os anos 50 e o início dos 80, o Brasil viveu uma arrancada desenvolvimentista, que não eliminou a concen-tração de renda. As duas décadas perdidas, de 1981 a 2002, foram marcadas por crescimento baixo (média de 2,1% ao ano) e irregular, alto ín-dice de desemprego e políticas sociais de resul-tados limitados. O novo ciclo é prolongado, con-sistente, uniforme e de qualidade e, ao contrário dos anteriores, está voltado para a igualdade e para a inclusão social.
desenvolvimento
Marcelo Neri,Fundação Getulio Vargas-RJ
Germ
ano
Lüde
rs
35,16 35,31
28,79 28,99 28,5027,18
28,38 27,63 26,72 28,17
25,38
22,77
19,3117,21*
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2008
Redução da misériaCai o número de pessoas que vivem com até R$ 135 por mês (em %)
Fontes: CPS / FGV processing Pnad / IBGE microdata > * Projeção baseada no PME até abr/08 acelera últimos 12 meses
BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 11
Fonte: IBGE > Elaboração: MF / SPE > * Nas seis principais regiões metropolitanas, em termos dessazonalizados
Nível de desemprego*Taxa é a menor para o mês de agosto desde 1998, quando atingiu 18,9%
jul04
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7,6
12 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 13
estabilidade
12 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL
Fundamentos
sólidosC
onsiderada a maior crise desde a grande depressão, a atual turbulência financeira tem impacto global, provocando redução nas linhas de crédito internacional e queda nos ativos financeiros em todo o mundo, inclusive no Brasil. É difícil prever sua duração e extensão, mas parece certo
que ela deverá afetar fortemente as economias dos países desenvolvi-dos. O Brasil, porém, está em situação mais favorável para enfrentar os efeitos dessa turbulência. Os sólidos fundamentos macroeconômicos – que têm por base a responsabilidade fiscal e os regimes de meta de inflação e câmbio flutuante – vêm possibilitando a diminuição da vul-nerabilidade externa, a estabilidade monetária e a redução do endivida-mento público, reduzindo o impacto da crise sobre o País.
Ajuste fiscal vigoroso e baixa vulnerabilidade dimin-uem o impacto da crise sobre o Brasil
BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 13
Jan-Ago/085,78%Primário Nominal
Fonte: BCB > Elaboração: MF / SPE > * 12 meses encerrados em ago/08
2003 2004 2005 2006 2007 2008*
543210
-1-2-3-4-5-6
3,89
-4,65
-2,43-2,96 -3,00
-2,26 -1,90
4,18 4,35 3,86 3,97 4,42
Jan-Ago/08-0,58%
Resultado fiscal do setor público
(% do PIB)
Cai o endividamentoDívida líquida do setor público / PIB (em %)
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 20072008*
50
55
45
40
35
30
25
20
Fonte: BCB > Elaboração: MF / SPE > * Posição de ago/08
38,9
48,4 47,044,5
50,5
46,5
42,745,5
52,4
44,7
40,5
Fonte: BCB > Elaboração: MF / SPE > * Posição de 16/set/08
Reservas internacionaisVolume acumulado triplicou nos últimos dois anos (em US$ bilhões)
março2003
setembro2003
março2004
setembro2004
março2005
setembro2005
março2006
setembro2006
março2007
setembro2007
março2008
junho2008
setembro2008
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Variação148,7
Liquidação da dívida junto ao FMI
Março de 200659,8
Setembro de 2008*
208,5
Foto
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14 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 15
O Brasil, apesar de não ser imune à crise in-ternacional – que afeta o País pela contração do crédito em moeda estrangeira e pela redução da demanda externa –, tem sua resistência aumen-tada. Quatro pilares garantem os fundamentos da economia brasileira: baixa vulnerabilidade ex-terna; controle da inflação; gestão responsável das finanças públicas e solidez do sistema financeiro.
No âmbito das contas externas, destacam-se o contínuo crescimento das exportações – que de-verão ultrapassar US$ 200 bilhões em 2008 – e, principalmente, o elevado nível das reservas in-ternacionais, que atingiram o patamar inédito de US$ 208 bilhões. Ainda que a desaceleração do crescimento mundial e a recente queda dos preços das commodities tendam a reduzir o ritmo de ex-pansão das exportações de produtos básicos, essa tendência deve ser compensada pela valorização do dólar, que beneficia as exportações dos demais setores, em particular da indústria brasileira.
O compromisso com a estabilidade dos pre-ços é hoje uma característica não apenas da po-lítica econômica, mas também uma demanda fundamental da sociedade brasileira. Um claro exemplo desse compromisso foi a pronta reação à alta da inflação que decorreu do choque dos preços das commodities no fim de 2007 e início de 2008. Além da elevação das taxas básicas de juros, foram reduzidas tarifas de importação de alguns produtos (fertilizantes, aço, trigo, entre outros) e implementadas medidas de desonera-
ção tributária (como trigo e derivados de petró-leo), de controle do ritmo de expansão do cré-dito ao consumo e de estímulo ao investimento – pois o governo brasileiro tem clareza de que é a expansão da capacidade produtiva resultante do investimento de hoje que manterá a inflação sob controle amanhã.
O resultado da gestão da política antiin-flacionária é claro: enquanto em praticamente todos os países que possuem metas de inflação esta ultrapassou o teto da meta em meados do ano, no Brasil a inflação subiu, mas permane-ceu dentro do intervalo fixado.
Outro pilar que garante solidez ao novo mo-delo de desenvolvimento e auxilia no combate à inflação é a gestão responsável das finanças pú-blicas, recentemente reforçada pelo aumento em 0,5 % do PIB da meta de superávit primário para 2008. Ao contrário do que afirmam alguns ana-listas, a expansão das despesas do Governo Fede-ral está absolutamente sob controle, tendo ficado abaixo do crescimento do PIB no acumulado do ano até agosto. “Não é possível brigar com os nú-meros”, afirma o ministro Guido Mantega.
E os números são claros. De janeiro a agosto
Fonte: Banco Central > * Dados estimados > Até jul/08
Cai a vulnerabilidadeDívida externa líquida (em US$ bilhões)
190,3162,7 165,0
151,0135,7
101,174,8
-11,9-11,9 -19,22000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008*
100
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250
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50
-50
0
Resultado da Previdência
Fonte: Siafi > Elaboração: Ministério do Planejamento
250
200
150
100
50
0 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Arrecadação líquida (R$ bilhões)
Benefícios do Regime Geral da Previdência Social – RGPS (em R$ bilhões)Déficit (% do PIB)
0,89 0,850,99
1,15
1,551,65
1,75 1,751,80
1,28
Despesa de pessoal*Evolução em relação ao PIB é inferior à média entre 1995 e 2002 (em % do PIB)
Fontes: MF / STN > Elaboração: MF / SPE > * Valores acumulados em 12 meses até jul/08
4,0
4,2
4,4
4,8
4,6
5,2
5,0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2008*2007
Média 1995/2002
4,68%
Média 2003/2008
4,43%5,13
4,84
4,27
4,47
4,57
4,80 4,81
4,46
4,31 4,30
4,504,55
4,464,56
“A diferença é que estamos crescendo, o espírito animal dos empresários está solto, observamos a tecnologia inovar e financiamos dois terços do nosso investimento privado com lucros retidos”Antonio Delfim Netto,Ex-ministro da Fazenda
Sistema bancário: um dos mais informatizados do mundo
de 2008, o setor público teve um superávit primá-rio de 5,78% do PIB, para o qual o Governo Cen-tral contribuiu com 4,04% do PIB. No período, o déficit nominal do setor público foi de 0,58% do PIB, sendo o Governo Central responsável por um superávit nominal de 0,34% do PIB (contra um déficit de 1,90% do PIB no mesmo período de 2007). Em todos os casos, trata-se do melhor resultado desde o início da série, em 1991.
Por fim, outro elemento que reduz a exposição do Brasil à turbulência internacional é a solidez do sistema financeiro nacional. No Brasil, o siste-ma financeiro é bem regulado e a supervisão das autoridades monetárias sobre as instituições, bas-tante eficiente. Os bancos operam com prazos de financiamento e uma alavancagem menores do que os observados nos países desenvolvidos, além de apresentarem alto nível de solvência e rentabi-lidade. A concessão de recursos segue padrões de risco mais rígidos do que os determinados pelo Acordo de Basiléia. Por todos esses motivos, não se vislumbra hoje o risco de prejuízos generaliza-dos no sistema financeiro brasileiro, nem de pro-blemas sistêmicos como os observados em boa parte do mundo desenvolvido.Fonte: revista The Bankers – Ranking dos 1 000 maiores bancos 2008
Baixa alavancagemCapital / ativos – média ponderada dos 10 maiores bancos privados (em %)
6
8
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4
0
2
Reino UnidoEUAChileColômbiaBrasilArgentina
estabilidade
Lia
Luba
mbo
1,32
16 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 1716 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL
expansão
500 maiores empresas têm lucro recordeDesde os anos 80, a rentabilidade* não ficava acima de 10%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 20062002 20072003 2004 2005
3,44,8 4,4 4,6
1,2
6,3 6,6
2,8
11,3
14,1
12,5 13,0 13,4
12
16
14
10
8
6
4
2
0
Fontes: Ibre / FGV > * Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido (PL)
BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 17
Hidrelétricas: o Estado atua na organização de
grandes projetos de infra-estrutura
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O setor público e a iniciativa privada planejam inves-tir em 2008 cerca de R$ 1,5 trilhão em obras de infra-estrutura e em projetos de ampliação da capa-cidade produtiva. A taxa de investimento, medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que
representava 15,3% do PIB em 2003, vem aumentando de forma consistente desde 2006. A previsão é chegar perto de 19% até o fim de 2008 e atingir 21% em 2010. É o maior ciclo de investi-mentos já visto pelo País.
InvestimentoseguroProjetos previstos para os próximos anos asseguram rota do desenvolvimento sustentado
18 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 19
Os investimentos permitirão manter a econo-mia na rota do desenvolvimento sustentado, com um crescimento médio de 5% ao ano, além de trazer ganhos de competitividade para as empre-sas. Também vão gerar mais empregos e garantir que o País dê um novo e importante salto para a construção de um futuro melhor e mais justo para todos os brasileiros.
O círculo virtuoso que está se abrindo marca uma nova concepção do papel do Estado – mo-dernizador e promotor do bem-estar, empenha-do na redução da pobreza e da desigualdade na distribuição de renda. O novo Estado também é indutor do desenvolvimento, tendo por bases os investimentos públicos em infra-estrutura, o au-mento da poupança pública e externa e políticas para acelerar o crescimento da produtividade.
Como indutor do desenvolvimento, o governo tem desempenhado um papel importante não só
na concessão de crédito, como também na organi-zação de grandes projetos de infra-estrutura. É o caso, por exemplo, das usinas hidrelétricas de San-to Antônio e Jirau, que começarão a ser construí-das em breve no Rio Madeira, na Região Norte do
volu
me
Mercado de capitaisOfertas públicas (em R$ bilhões)
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
3930 27
1330
73
130
174
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2008*
160
180
140
120
100
80
40
60
20
0
* Inclui todas as ofertas realizadas, inclusive as dispensadas
“Energia hidrelétrica é a nossa prioridade. Aproveitamos apenas 24% do potencial de nossos rios”
Dilma Rousseff,Chefe da Casa Civil
Taxa de investimentoA meta para 2010 é chegar a 21% (em % do PIB)
15
20
Classe C
Fontes: BNDES – GP / APE > * Projeção
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1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009* 2010*
18,3
16,917,4
17,0
15,7
16,817,0
16,4
15,3
16,1 15,916,5
17,6
18,6
19,7
20,9
Os maiores investimentos – e as maiores possibi-lidades de riqueza – do País nos próximos anos deverão ser direcionados à exploração do pré-sal,
gigantescas jazidas de petróleo e gás situadas entre 5 e 7 mil metros abaixo do nível do mar. É um negócio que abre um enorme desafio para a Petrobras, apesar do domínio tecnológico adquirido pela empresa na prospecção de águas profundas, mas, ao mesmo tempo, oferece grandes oportunidades para o Brasil. Com o pré-sal, uma camada de reservatórios abaixo da camada de sal que acompanha o litoral brasileiro, ao longo de 800 quilômetros entre os Estados do Espírito Santo e de Santa Catarina, o País pas-sará a contar com uma das maiores reservas conhecidas.
“O pré-sal colocará o Brasil entre os maiores pro-dutores de petróleo e gás do mundo. Mas aqui começa a diferença: os recursos das jazidas do pré-sal serão canalizados, prioritariamente, para a educação e a
erradicação da pobreza”, afirmou o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em pronunciamento aos brasi-leiros no dia 7 de setembro, quando é comemorada a Independência do Brasil. “Vamos aproveitar essa gran-de quantidade de recursos para pagar a imensa dívida que o nosso País tem com a educação.”
Com isso, diz Lula, o Brasil estará dando um dos mais vigorosos passos da história para diminuir a pobreza e transformar uma riqueza perecível, como o petróleo e o gás, em fonte de riqueza perene e inesgo-tável para o povo brasileiro.
“Vivemos, ao mesmo tempo, na era do maior movi-mento de ascensão social e na época do maior mon-tante de investimentos da história do Brasil. É por isso que, a cada dia, mais brasileiros estão confiantes no País que estamos construindo: um Brasil maior para mais brasileiros.”
O futuro do Brasil: pré-salRecursos das descobertas serão empregados prioritariamente na educação e no combate à pobreza
Lula: “Vamos pagar a imensa dívida que o País tem
com os brasileiros”
expansão
Tass
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País. As duas usinas irão gerar 6 600 megawatts de energia, o equivalente à potência de Itaipu, a maior do mundo. O Estado também vem atuando na construção de uma nova articulação com o capital privado, que possibilitou, entre outros resultados, um programa de concessões de rodovias.
Um dos instrumentos para isso tem sido um conjunto de desonerações tributárias, adotadas a partir de 2006, para incentivar o investimento, aumentar o grau de formalização da economia, reduzir a carga tributária e combater a inflação. Só no caso do Programa de Aceleração do Cres-cimento (PAC), o maior programa de investi-mentos já implantado no País, com projetos que totalizam R$ 503 bilhões até 2010 para obras de infra-estrutura, o volume de desonerações so-mou R$ 18,1 bilhões no período 2007/2008.
Para a Política de Desenvolvimento Produ-tivo (PDP), que prevê investimentos da ordem
20 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 21
Bioenergia: em seis anos, a capacidade de produção de etanol deverá aumentar cerca de 80%
de R$ 6 bilhões pelo Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social (BNDES) nos próximos dois anos, para apoiar atividades de inovação nas empresas e projetos de pesquisa em instituições públicas, as desonerações che-garão a R$ 21 bilhões até 2011.
Mais dinheiro na economiaO PAC e a PDP são os principais projetos de
investimento do governo, assim como o Plano Safra 2008/2009, que vai liberar R$ 13 bilhões para fortalecimento da agricultura familiar. O valor é cinco vezes maior do que o destinado à safra 2002/2003.
As empresas têm planos, já anunciados e em muitos casos em andamento, de investir cerca de R$ 1,5 trilhão nos setores dinâmicos da economia até 2011. A área que receberá mais investimentos será a de petróleo e gás natural. Só a Petrobras tem planos de investir US$ 87 bilhões, ou seja, quase US$ 18 bilhões por ano. Os valores não in-cluem os investimentos no pré-sal.
As fontes renováveis de energia ganharam importância nos investimentos previstos. Os
Fontes: BNDES, BCB e IBGE > Elaboração: MF / SPE > * A preços de jul/08 (valores acumulados em 12 meses e deflacionados pelo IPCA)
jul96
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8
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10
10
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50
14 70
16 80
18 90
20 100
Juros de longo prazo e desembolsos do BNDESA taxa de juros de longo prazo é uma das menores dos últimos anos
%aa R$ bilhões*TJLP Desembolsos do BNDES
Rodovias: programa de concessões é uma das prioridades do governo
“Não é demais sublinhar que a execução do PAC é condição imprescindível para o crescimento” Luciano Coutinho,Presidente do BNDES
projetos voltados para o etanol já somam R$ 58 bilhões em investimentos e deverão aumentar em 80% a capacidade de produção das empresas nos próximos seis anos.
Os investimentos privados têm como princi-pais forças motrizes o aumento das exportações, as oportunidades oferecidas pelo mercado inter-no e a elevação da capacidade, especialmente no caso da indústria de bens de capital. As in-dústrias siderúrgicas lideram esse movimento, com investimentos previstos de R$ 82,2 bilhões na expansão de seus parques industriais. Os fa-
expansão
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Governo CentralUnião amplia participação no investimento
Fonte: Siafi > Elaboração: Coapi / STNInvestimento total: conceito caixa / desembolsos efetivos
42%
2007 2008
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11 184
15 900
22 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 23
tos devem aumentar 10,6% ao ano no período 2008/2011, embalados pelo aumento da renda dos trabalhadores, pela ampliação dos progra-mas de financiamento para famílias de baixa renda e pela maior disponibilidade de crédito.
Entre os setores exportadores, a liderança em investimentos fica com as mineradoras, com pro-jetos de expansão que somam R$ 95,1 bilhões. Só a Vale está investindo US$ 11 bilhões em 2008.
Grande parte dos investimentos das empresas está sendo bancada por recursos próprios, mas o País deverá continuar contando com a entrada do Investimento Estrangeiro Direto (IED). Em se-tembro, o IED ficou acima dos US$ 5,5 bilhões e a previsão do Banco Central é fechar o ano com US$ 35 bilhões. O Brasil é o quinto destino pre-ferido para investimentos, segundo recente pes-quisa da Conferência da ONU para o Desenvol-vimento e Comércio (Unctad). São bons termô-metros de confiança, demonstrando que o País se mantém firme em meio à turbulência.
A área social também ganhou relevância nos planos de investimento. Uma das prioridades é a educação, que passou a contar com projetos de longo prazo, como o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), amplo conjunto de projetos que tem como meta oferecer ensino de qualidade.
Fonte: Ministério do Planejamento > * Projeto de Lei Orçamentária Anual
EducaçãoExecução orçamentária das despesas do setor (em R$ bilhões)
19,622,1
26,8 27,9
39,4
2005 2006 2007 Disponível 2008
PLOA*2009
10
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20
5
0
Fonte: Ministério do Planejamento
SaúdeExecução orçamentária das despesas do setor (em R$ bilhões)
36,640,0
45,148,1
54,8
2000 2001 2002 Disponível 2008
PLOA*2009
10
15
25
30
35
40
50
55
45
20
5
0
bricantes de produtos petroquímicos também planejam dobrar a sua produção até 2012, com projetos que somam R$ 22,8 bilhões.
Outro setor que redobrou seus investimentos é a indústria naval, que quase desapareceu no início dos anos 90, depois de ter sido uma das maiores do mundo, e agora volta a ganhar força, com o aumen-to de encomendas de embarcações e plataformas. No setor de máquinas e equipamentos, os investi-
mentos na expansão das empresas devem aumentar 46% nos próximos quatro anos.
No setor de bens de consumo, o grande desta-que são as indústrias de automóveis. As montado-ras anunciaram investimentos de R$ 33,6 bilhões para elevar sua produção anual para 5 milhões de veículos – o dobro do número de carros que saiu das linhas de produção em 2007.
Na construção residencial, os investimen-
Educação: PDE, o PAC da educação, tem por objetivo a melhoria do ensino básico
Agropecuária: Plano Safra 2008/2009 deu força à propriedade familiar
Investimento das empresas federaisEm 2009, os recursos totais serão de R$ 80 bilhões
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
72,0
63,0
54,0
45,0
36,0
27,0
18,0
9,0
0,0
18,9
7,27,2
21,8
8,1
21,8
8,1
24,8
9,3
24,8
9,3
28,1
10,5
28,1
10,5
32,8
13,3
32,8
13,3
39,8
17,6
39,8
17,6
62,9
20,1
62,9
20,1
Fonte: Siafi > Elaboração: MF / STN > Para o ano de 2008, valores previstos em lei + crédito aprovado pelo Orçamento de Investimento das empresas federais
Realizado no semestreRealizado no ano
expansão
Divu
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24 | BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL BRASIL ECONOMIA SUSTENTÁVEL | 25
A new Country under construction
Um novo País em
construçãoRecursos já garantidos são da ordem de R$ 1,5 trilhão
Até 2011, mais de R$ 2,3 trilhões serão investidos em novos projetos pelo setor público e pelas empresas brasileiras. Desse total, cerca de R$ 1,5 trilhão já está confirmado em empreendimentos em execução
ou em fase de desenvolvimento. Os setores que receberão o maior volume de recursos são indústria e serviços, seguidos pela construção civil residencial e por obras de ampliação e modernização da infra-estrutura. É o mais forte ciclo de investimentos em curso no País em mais de três décadas.
Earmarked resources reach R$ 1.5 trillion
By 2011, more than R$ 2.3 trillion will be invested in new projects by the government and Brazilian businesses. Of this total, nearly R$ 1.5 trillion is being applied in ventures that are currently being executed or that
are in the final stages of development. The sectors that will receive the greatest volume of resources are industry and services, followed by housing construction, and modernization and expansion of infrastructure projects. This is the greatest investment cycle in over three decades.
Info
gráfi
co:
JFe
rraz
e L
ucio
Lib
anor
i
expansão expansion
Novos projetos New projects
INDÚSTRIA E SERVIÇOSINDUSTRY
AND SERVICES
INFRA-ESTRUTURA
INFRA STRUCTURE
CONSTRUÇÃO RESIDENCIALRESIDENTIAL
CONSTRUCTIONS
AGROPECUÁRIAAGRICULTURE
AND LIVESTOCK
TOTAL MAPEADO
TOTAL MAPPING
TOTAL BRASILTOTAL BRAZIL
Realizado / Finished2004-2007
Previsão / Projected2008-2011
1 554,1863.4
2 367,31,315.2
896,0497.8
1 511,7839.8
39,421.9
45,125.1
357,0198.3
534,9297.2
185,3102.9
304,6169.2
314,3174.6
627,1348.4
Em R$ bilhões / in US$ billion*
* Conversão pelo dólar médio de set/08 (US$ 1,80) / Exchange rate Sept 08 (US$ 1.80)