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BRASIL COLÔNIA História Prof. Wanderley “Se vamos à essência da nossa formação veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar... mais tarde ouro e diamantes; depois algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais que isto.” (Caio Prado Jr.) QUINTAL COLONIAL Os europeus invadiram, mataram, conquistaram, escravizaram e exploraram quanto puderam. Em nome da civilização, para o bem da burguesia e do capitalismo. COLONIALISMO : Sistema de relações econômicas, políticas, culturais e sociais que impõe a DOMINAÇÃO de uma sociedade (a METRÓPOLE) sobre outra (a COLÔNIA), imposto pela EXPANSÃO MARÍTIMO-COMERCIAL européia e pelo avanço do capitalismo COMERCIAL na Idade Moderna. Na época da chegada dos portugueses no Brasil (1500) aconteciam, na Europa, grandes transformações: Aprofunda-se a TRANSIÇÃO do feudalismo para o CAPITALISMO Crescimento das atividades comerciais Enriquecimento e fortalecimento da BURGUESIA MERCANTIL Centralização do poder político (Estados Nacionais) -> unificação das leis, moedas e impostos A burguesia precisava de produtos novos e mercados, metais preciosos (ouro e prata) e riquezas naturais. Defendia o fortalecimento do poder do Estado como forma de garantir rotas, mercados, privilégios e regulamentar todas as atividades econômicas. A essas práticas deu-se mais tarde o nome de MERCANTILISMO. Uma das maiores preocupações era manter a balança comercial favorável (ganhar mais dinheiro exportando seus produtos do que comprando no estrangeiro). Esse foi o motivo determinante para a ocupação portuguesa na América: novos territórios, novos produtos e, riquezas para alimentar as necessidades econômicas da burguesia européia! A História nos mostra que o Brasil nasceu para atender as necessidades do nascente capitalismo europeu. Já nasce com a marca de EXPLORADO e DEPENDENTE! Brasil: COLÔNIA de EXPLORAÇÃO Assim, a colônia foi organizada para COMPLEMENTAR e SUSTENTAR a economia metropolitana. Isso era feito através do monopólio comercial, que garantia à metrópole (isto é, à burguesia mercantil metropolitana) a exclusividade da produção colonial e da exploração do mercado consumidor da colônia. (ver box “Os privilegiados”, página 3) As colônias foram submetidas ao PACTO COLONIAL: só podia vender seus produtos para aquele país que a dominava. Só podia comprar dele, o que precisasse. A história da colônia era definida pelas necessidades e decisões: da burguesia mercantil européia do Estado metropolitano (Rei) das camadas proprietárias coloniais (elites locais) Portugal dominava econômica, política e socialmente a sua colônia e: ditava a política e a administração, enviando pessoas ligadas à Coroa portuguesa para administrar o Brasil; determinava a distribuição de nossas terras (o que implicou no extermínio dos indígenas) impunha a política de impostos proibia a produção de determinados bens (ver box “Sem concorrência”, p. 3) Características da colônia de exploração: grande propriedade (LATIFÚNDIO) – havia abundância de terras e o plantio da cana era extensivo, sempre ocupando novas áreas que freou o desenvolvimento interno) “No Brasil...cultivava-se a cana como se extraía o ouro, como mais tarde se plantou algodão ou café: simples oportunidade do momento, voltada para um mercado exterior e longínquo, um comércio sempre instável e precário. ...a colonização não se orientou no sentido de constituir uma base sólida...para a satisfação das necessidades materiais da população que nela habitava” (Caio Prado Jr) GOVERNO REMOTO (Política e administração) As terras ficaram para os privilegiados AS COLÔNIAS de POVOAMENTO Um outro tipo de colonização existente é a colônia de Povoamento, típica do 13 colônias inglesas: Pequenas e médias fazendas familiares Povoamento: Camponeses vítimas dos “cercamentos” ingleses; perseguidos religiosos e políticos Trabalho LIVRE ou servidão por contrato Produção voltada especialmente para o mercado interno Policultura de produtos de clima temperado (trigo, aveia, etc) e aparecimento de manufaturas. Grande autonomia e liberdade de comércio (ex.: comércio triangular – Treze Colônias - África – Antilhas) / Relativa autonomia (“Negligência salutar” inglesa) A HISTÓRIA HOJE “A Madeireira Nacional S/A (Manasa) é prpprietária de 4.140.000 hectares, o que equivale a dois estados como Sergipe! Pouco mais de vinte proprietários ocupam uma área maior do que doze estados brasileiros!! A concentração da propriedade da terra é um dos mais graves problemas do país. É um problema atual que precisa ser resolvido. Se isso não acontecer não teremos um novo país. Impede o desenvolvimento social e Com o objetivo de tomar posse, explorar e defender a colônia, Portugal deu início, no século XVI, à montagem da estrutura administrativa colonial. Primeiramente, dividiu o território em capitanias hereditárias; mais tarde, criou o Governo-Geral. CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Sem recursos financeiros nem humanos para empreender uma ocupação em grande escala na colônia, o rei protugês dom João III dividiu o território em 15 faixas de terras – as capitanias hereditárias. O direito de administrá-las, vitalício e hereditário, era concedido aos donatários, nobres ou burgueses (fidalgos), que utilizavam recursos particulares e repassavam parte dos rendimentos à Coroa portuguesa. Seus direitos e deveres eram estabelecidos em dois documentos: a Carta de doação e o Foral.

BRASIL: Ocupação ou perda€¦  · Web view– havia abundância de terras e o plantio da cana era extensivo, sempre ocupando novas áreas. monocultura – predomínio absoluto

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Page 1: BRASIL: Ocupação ou perda€¦  · Web view– havia abundância de terras e o plantio da cana era extensivo, sempre ocupando novas áreas. monocultura – predomínio absoluto

BRASIL COLÔNIA História Prof. Wanderley

“Se vamos à essência da nossa formação veremos que na realidade nos constituímos

para fornecer açúcar... mais tarde ouro e diamantes; depois algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais

que isto.” (Caio Prado Jr.)

QUINTAL COLONIALOs europeus invadiram, mataram,

conquistaram, escravizaram e exploraram quanto puderam. Em nome da civilização, para o bem da burguesia e do capitalismo.

COLONIALISMO: Sistema de relações econômicas, políticas, culturais e sociais que impõe a DOMINAÇÃO de uma sociedade (a METRÓPOLE) sobre outra (a COLÔNIA), imposto pela EXPANSÃO MARÍTIMO-COMERCIAL européia e pelo avanço do capitalismo COMERCIAL na Idade Moderna.

Na época da chegada dos portugueses no Brasil (1500) aconteciam, na Europa, grandes transformações:

Aprofunda-se a TRANSIÇÃO do feudalismo para o CAPITALISMO

Crescimento das atividades comerciais

Enriquecimento e fortalecimento da BURGUESIA MERCANTIL

Centralização do poder político (Estados Nacionais) -> unificação das leis, moedas e impostos

A burguesia precisava de produtos novos e mercados, metais preciosos (ouro e prata) e riquezas naturais. Defendia o fortalecimento do poder do Estado como forma de garantir rotas, mercados, privilégios e regulamentar todas as atividades econômicas. A essas práticas deu-se mais tarde o nome de MERCANTILISMO. Uma das maiores preocupações era manter a balança comercial favorável (ganhar mais dinheiro exportando seus produtos do que comprando no estrangeiro).

Esse foi o motivo determinante para a ocupação portuguesa na América: novos territórios, novos produtos e, riquezas para alimentar as necessidades econômicas da burguesia européia!A História nos mostra que o Brasil já nasceu para atender as necessidades do nascente capitalismo europeu. Já nasce com a marca de EXPLORADO e DEPENDENTE!Brasil: COLÔNIA de EXPLORAÇÃO

Assim, a colônia foi organizada para COMPLEMENTAR e SUSTENTAR a economia metropolitana. Isso era feito através do monopólio comercial, que garantia à metrópole (isto é, à burguesia mercantil metropolitana) a exclusividade da produção colonial e da exploração do mercado consumidor da colônia. (ver box “Os privilegiados”, página 3)

As colônias foram submetidas ao PACTO COLONIAL: só podia vender seus produtos para aquele país que a dominava. Só podia comprar dele, o que precisasse. A história da colônia era definida pelas necessidades e decisões:

da burguesia mercantil européia do Estado metropolitano (Rei) das camadas proprietárias coloniais

(elites locais)

Portugal dominava econômica, política e socialmente a sua colônia e:

ditava a política e a administração, enviando pessoas ligadas à Coroa portuguesa para administrar o Brasil;

determinava a distribuição de nossas terras (o que implicou no extermínio dos indígenas)

impunha a política de impostos proibia a produção de determinados

bens (ver box “Sem concorrência”, p. 3)

Características da colônia de exploração:

grande propriedade (LATIFÚNDIO) – havia abundância de terras e o plantio da cana era extensivo, sempre ocupando novas áreas

monocultura – predomínio absoluto de um único produto agrícola, a cana-de-açucar

trabalho escravo produção voltada para o mercado

externo – produtos de grande aceitação no mercado europeu (o que freou o desenvolvimento interno)

“No Brasil...cultivava-se a cana como se extraía o ouro, como mais tarde se

plantou algodão ou café: simples oportunidade do momento, voltada

para um mercado exterior e longínquo, um comércio sempre

instável e precário. ...a colonização não se orientou no sentido de

constituir uma base sólida...para a satisfação das necessidades

materiais da população que nela habitava” (Caio Prado Jr)

GOVERNO REMOTO(Política e administração)

As terras ficaram para os privilegiados

Os donatários distribuíam sesmarias (grandes extensões de terra) a colonos, em um modelo que acabou definindo a posse e a propriedade da terra sem praticamente qualquer preocupação acerca do tamanho dos lotes doados aos sesmeiros (no Norte e no Nordeste, por exemplo, eram comuns as sesmarias com 20, 50 ou mais léguas).

AS COLÔNIAS de POVOAMENTOUm outro tipo de colonização existente é a colônia de Povoamento, típica do Norte e centro das 13 colônias inglesas: Pequenas e médias fazendas familiares Povoamento: Camponeses vítimas dos “cercamentos” ingleses; perseguidos religiosos e políticos Trabalho LIVRE ou servidão por contrato Produção voltada especialmente para o mercado interno Policultura de produtos de clima temperado (trigo, aveia, etc) e aparecimento de manufaturas.

Grande autonomia e liberdade de comércio (ex.: comércio triangular – Treze Colônias - África – Antilhas) / Relativa autonomia (“Negligência salutar” inglesa)

Livre circulação de idéias e criação de escolas

A HISTÓRIA HOJE“A Madeireira Nacional S/A (Manasa) é prpprietária de 4.140.000 hectares, o que equivale a dois estados como

Sergipe! Pouco mais de vinte proprietários ocupam uma área maior

do que doze estados brasileiros!!A concentração da propriedade da

terra é um dos mais graves problemas do país. É um problema atual que precisa ser resolvido. Se

isso não acontecer não teremos um novo país. Impede o desenvolvimento social e gera exclusão, miséria, fome e violência urbana. E esse problema

tem raízes históricas.” (Aquino)

Com o objetivo de tomar posse, explorar e defender a colônia, Portugal deu início, no século XVI, à montagem da estrutura administrativa colonial. Primeiramente, dividiu o território em capitanias hereditárias; mais tarde, criou o Governo-Geral.

CAPITANIAS HEREDITÁRIASSem recursos financeiros nem humanos para empreender uma ocupação em grande escala na colônia, o rei protugês dom João III dividiu o território em 15 faixas de terras – as capitanias hereditárias. O direito de administrá-las, vitalício e hereditário, era concedido aos donatários, nobres ou burgueses (fidalgos), que utilizavam recursos particulares e repassavam parte dos rendimentos à Coroa portuguesa. Seus direitos e deveres eram estabelecidos em dois documentos: a Carta de doação e o Foral.Resultados desanimadoresApenas as capitanias de São Vicente e Pernambuco prosperaram. As demais ou faliram ou nem sequer foram ocupadas. Alguns fatores: isolamento, ataques dos índios, altos custos.

Page 2: BRASIL: Ocupação ou perda€¦  · Web view– havia abundância de terras e o plantio da cana era extensivo, sempre ocupando novas áreas. monocultura – predomínio absoluto

Está aí a “certidão de nascimento” da estrutura fundiária do nosso país (por estrutura fundiária, entende-se a forma pela qual a terra se encontra distribuída entre os componentes da sociedade)

O GOVERNO-GERAL (1548):Com o fracasso das capitanias, com as investidas estrangeiras na colônia e na tentativa de aplicar o modelo centralizador, Portugal cria o Governo-Geral, com sede em Salvador. Ao Governador-geral cabia coordenar a defesa, a cobrança de impostos e incentivar a economia. Era assessorado pelo provedor-mor (tesoureiro), pelo ouvidro-mor (juiz) e pelo capitão-mor (defesa).Apesar do modelo centralizador o poder continuava de fato nas mãos das câmaras municipais de cada vila, dos “homens bons” (proprietários de terras, escravos e gado). É o chamado ”poder local”.Entre os principais governadores-gerais estão Tomé de Sousa e Mem de Sá.Em 1621 Portugal dividiu o território colonial em Estado do Brasil (capital Salvador) e Estado do Maranhão (São Luis). Em 1751 este último passou a se chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão, com capital em Belém.

RAPTO DE FORTUNAS(Economia colonial)

PAU-BRASIL:No chamado período pré-colonial (1500 a 1530), a exploração portuguesa limitou-se à exploração do pau-brasil, baseada em: Feitorias litorâneas (misto de fortaleza

e entreposto comercial) no escambo (troca por quinquilharias,

como espelhos e colares) com os indígenas

no monopólio da Coroa na exploração comercial, que dava concessões a particulares mediante o pagamento de uma porcentagem nos lucros

extração predatória (em 30 anos as florestas nativas de pau-brasil estavam praticamente esgotadas)

A colonização efetiva teve início em 1530, (com a implantação do empreendimento açucareiro) devido a: Necessidade de ocupar e proteger os

seus domínios, ameaçados pelas nações (França, Inglaterra e Holanda) que cobiçavam as terras americanas e questionavam a partilha do mundo feita por Portugal e Espanha (Tradado de Tordesilhas)

Crescente dificuldade de Portugal no comércio com o Oriente

Esperança de encontrar metais preciosos

AÇÚCAR: O OURO DO BRASIL Organização da produção voltada

inteiramente para o mercado externo, em esquema de plantation:

Latifúndio / monocultura / mão-de-obra escrava.

Experiência anterior de Portugal nas ilhas do Atlântico (Açores, Madeira, Cabo Verde e São Tomé)

Importância do açúcar nos séculos XVI E XVII: mercado consumidor europeu era carente de açúcar (até parte do século XVI o açúcar figurava como dote de princesa, sendo raro e de alto preço);

Fatores p/ implantação da atividade no Nordeste: clima quente e úmido da Zona da Mata e o solo de massapé, cursos d’água que correm para o oceano (facilitando o transporte), madeira extraída da Mata Atlântica (para servir de lenha, combustível nos engenhos, fabricação de caixotes, etc.) e maior proximidade da Europa

Importante papel desempenhado pelos empresários holandeses (financiamento refino e distribuição na Europa)

PECUÁRIA

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _

MINERAÇÃO (Séc. XVIII)

O ouro é descoberto oficialmente em 1695, em Minas. Com a corrida do ouro, as GERAIS se transformam no centro polarizador da economia colonial, desequilibrando o abaste-cimento e o preço de produtos nas demais regiões coloniais.

A região das minas propicia o surgimento de um mercado interno. Minas compra escravos, carne charqueada, sal, açúcar, galinhas, cavalos, muares etc., que vêm das mais diversas regiões produtoras do norte e do sul da colônia.

Intensificação do uso de estradas e fundação de povoados. A figura do tropeiro. O MUAR: importação maciça

A HISTÓRIA HOJEA sede de lucros devastou o meio-ambiente, os recursos naturais da

Terra, de forma muitas vezes irrecuperável.

Hoje, em pleno terceiro milênio e com grandes avanços tecnológicos, a

burguesia mundial (e sua cada vez maior sede de lucros) continua sua

A HISTÓRIA HOJEO Brasil se tornou independente, industrializou-se, diversificou a

economia, mas mantém uma característica que lembra os tempos coloniais: os principais produtos que exportamos são primários, ou seja,

matérias-primas pouco beneficiadas. Dos cinco principais itens de

exportação em 2006, quatro são desse tipo: minério de ferro, óleo

bruto de petróleo, soja e açúcar de

A HISTÓRIA HOJENa História do Brasil, principalmente do século XIX para cá, a estrutura fundiária

caracterizou-se pela extrema concentração da propriedade rural. Por concentração de propriedade, entende-se que a maior parte da terra reúne-se em imensos latifúndios. Por latifúndio, entende-se uma imensa extensão de

terra, pertencente a uma pessoa, a uma família ou a uma empresa, nem sempre

efetivamente explorada. Por isso, principalmente de 1950 até

agora uma das principais reivindicações dos camponeses,

alguns partidos políticos e determinadas entidades

comprometidas com as camadas populares é a realização de uma

Reforma Agrária em nosso país. A Reforma Agrária ocorrerá quando o

governo, indenizando ou não os proprietários de latifúndios,

desapropriar as terras inaproveitadas, redistribuindo-as para os que não

OS PRIVILEGIADOSVisando assegurar o monopólio metropolitano a Coroa portuguesa criou as companhias privilegiadas de comércio. Estas companhias tinham o direito de dominar, através do monopólio, o comércio externo do Brasil, controlando as atividades de uma determinada região da colônia. Em troca, o Estado recebia uma alta porcentagem dos lucros obtidos.1649-1720 – Companhia Geral do Comércio do Brasil1682 – Companhia de comércio do Estado do Maranhão (sua atuação, muito prejudicial aos colonos, provocou descontentamentos, como a Revolta de Beckman, no Maranhão, em 1684)No governo do Marquês de Pombal:Companhia do Grão-Pará e Maranhão 1755-1778) e a Companhia de Pernambuco e Paraíba (1759-1780)

A PECUÁRIA NO SUL

Na fronteira do Urugai, no Rio Grande do Sul: PAMPAS

Atividade voltada para o mercado interno

Paralela e complementar à produção açucareira: criação de gado que avança pelo interior, à medida que aumenta a produção canavieira, promovendo a penetração, conquista e povoamento do território colonial.

Fornecia alimento, couro, força motriz para as moendas e transporte

Duas correntes principais de penetração: a baiana, formando os contornos dos cinco “sertões de dentro”, e a pernambucana, que corresponde aos “sertões de fora”.

A pecuária necessita de poucos investimentos e pouca mão-de-obra.

As feiras de gado deram origem a vários núcleos de povoamento que

se transformaram em cidades (Ex.: Icó e Quixeramobim-Ce, Oeiras-PI, Currais Novos-RN e Pastos Bons-MA)

Século XVIII: formam-se as grandes charqueadas que abastecem o mercado interno com a carne do gado já industrialmente preparada, em mantas conservadas pelo sal.

Séc. XVIII: necessidade de fornecimento de couro e de carne para a região mineradora

1750: formação das estâncias, unidades criatórias (empresas comerciais) com o objetivo de fornecer para as “Gerais” o couro e a carne-seca (charque)

Surgimento de povoados e cidades a partir do pouso dos tropeiros, lugar onde os condutores das tropas de mulas que transportavam couro e charque paravam.

A Amazônia integra-se à colonização portuguesa através das chamadas “drogas do sertão” (cravo, canela, pimenta, urucum, castanha, cacau, guaraná, baunilha, etc.) e das missões jesuíticas.

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do muar de Rio Grande de São Pedro / Feira de Sorocaba (centro distribuidor).

FISCALIZAÇÃO E CONTROLE A Coroa Portuguesa, com o objetivo de

garantir e controlar sua parte nos lucros publica em 1702 o Regimento Aurífero, que regulamentava a extração de minérios na colônia e estabelece a Intendência das Minas – governos praticamente autônomos que prestavam satisfação sobre a mineração ao rei português.

Cobrança do QUINTO, imposto correspondente a 1/5 (20%) do ouro (deveria ser destinado à Coroa)

A realidade era de sonegação, contrabando e suborno das autoridades

1725 – em razão da enorme sonegação foram criadas as Casas de Fundição, nas quais o ouro em pó era transformado em barras e tinha o quinto extraído.

A CARGA TRIBUTÁRIAAo longo da primeira metade do século XVIII foi criada uma rede interminável de novas tributações, sob a forma de impostos, taxas, dízimos, que recaíam não só sobre a população mineira, mas, também, sobre toda a população colonial:- Entrada ou passagem (pedágio sobre os

indivíduos e produtos)- Dízimos - Capitação: tributo sobre o número de

escravos do proprietário minerador- Donativos (para formação de dotes de

princesas, manutenção do exército português, reconstrução de Lisboa depois do terremoto, manutenção de escolas após a expulsão dos jesuítas)

- Impostos locais- 1750 - teto mínimo de 100 arrobas

(1500 kg) anuais a quantia a ser paga como o quinto da produção total de Minas Gerais,

- 1765 - possibilidade de decretação da DERRAMA, cobrança oficial e forçada para completar caso a quantia do quinto não fosse atingida.

- 1740 – Sistema de contrato de monopólio, sob comando do CONTRATADOR (ex.: João Fernandes Vieira, companheiro de Chica da Silva)

A VIDA EM CLASSES(Sociedade colonial)

A Sociedade indígena

Divisão do trabalho baseada no sexo e na idade. Não existia a propriedade privada da terra; a produção era coletiva; os alimentos eram distribuídos de acordo com as necessidades individuais.

Traços marcantes do modo de vida indígena: solidariedade e cooperação.

As guerras intertribais faziam parte do modo de vida indígena. O colonizador branco aproveitou-se dessas disputas tribais para obter mão-de-obra escrava nos trabalhos de exploração do pau-brasil e outros recursos naturais.

Sociedade açucareira: agrária, escravista e estratificada

O grupo mais privilegiado era o dos senhores de engenho (“os homens bons”), a elite econômica, social e política. O símbolo máximo do poder do senhor era a casa-grande, a sede do engenho, onde o senhor vivia com a família e os criados.

O BRASIL E SEUS DONOS (dependência do reino português em relação à Inglaterra)

Tratado de Methuen (1703): os ingleses compraram o vinho produzido em Portugal e em troca os produtos manufaturados ingleses entram no mercado português livres de taxas

alfandegárias. O Tratado de Methuen acarretou desastrosas consequências para Portugal e para o Brasil, aprofundando ainda mais a situação de dependência e subordinação em que ambos se encontravam. Tudo isso conduziu Portugal a uma GRANDE DEPENDÊNCIA em relação à Inglaterra, que influiu muito em seu atraso econômico até os dias atuais.Inicia-se assim a posição contraditória de Portugal na história:

Quanto ao Brasil, em decorrência dos acordos entre Portugal e a Inglaterra, passou a ser absorvido pelo capitalismo inglês. Continuou formalmente como colônia de Portugal mas SOB A DOMINAÇÃO DOS INTERESSES ECONÔMICOS DA INGLATERRA. Permaneceu na condição de FORNECEDOR DE PRODUTOS TROPICAIS, de MATÉRIAS-PRIMA (vegetais e minerais), e de MERCADO CONSUMIDOR DE PRODUTOS MANUFATURADOS INGLESES. O ouro do Brasil servia para pagar os empréstimos ingleses, tecidos e outros

produtos manufaturados vindos da Inglaterra, impulsionando assim o desenvolvimento industrial inglês. Colaborou para que a burguesia inglesa conseguisse um grau de acumulação de capital suficiente que lhe permitiu

passar da produção manufatureira para a industrial e, com isto, a constituição plena de uma nova formação econômico-social: o CAPITALISMO.

SEM CONCORRÊNCIA!!Exemplos de medidas restritivas impostas à

colônia:1661 – Proibição do comércio através de navios estrangeiros (licença somente a embarcações inglesas que acompanhassem comboios de Portugal)1665 – Proibida produção de aguardente e sal 1684 – Proibido que navios saídos do Brasil ancorassem em portos que não fossem portugueses1696 – Proibida a remessa de dinheiro, ouro ou prata1701 – Proibido o trânsito de rotas de gado de Pernambuco e Bahia para a área de mineração, a fim de evitar o contrabando1720 – A Coroa proibia a impressão no Brasil1727 a 1733 – Várias leis proibiam a construção de estradas e a profissão de ourives1761 – Proibida a produção de acúcar no Maranhão1766 – Proibida a tecelagem de algodão1767 – Proibida a produção de sabão1785 – Dona Maria I decretava um alvará proibindo a existência de manufaturas de qualquer espécie no território colonial

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Quatro edificações centrais compunham as fazendas de açúcar: casa grande, engenho, capela e senzala.A família típica da elite era do tipo patriarcal (submissão feminina; poder absoluto do homem/pai; dependência das mulheres ao pai e ao marido).

O poder, estendeu-se também aos pequenos núcleos urbanos que se formaram. Assim, o senhor de engenho, residindo na sua propriedade, dominava a vida da vila e, por extensão, a de seus habitantes, pela sua atuação na Câmara.

No outro extremo da hierarquia social estavam os escravos, africanos ou indígenas. Os negros eram o sustentáculo da

produção açucareira (“mãos e pés do senhor de engenho”)

As condições de vida do trabalhador escravo: pau, pano e pão.

Classes intermediárias: Trabalhadores assalariados: mestre –

de-açúcar, caldeireiro, tacheiro, e o feitor, braço do senhor de engenho.

Comerciantes.Além desses, havia os roceiros, moradores, agregados e as relações de compadrio

Sociedade pecuarista

Predomínio da figura do vaqueiro: homens livres, não subjugados ao mando dos senhores de engenho

No Nordeste, o chefe dos vaqueiros recebia algumas crias e terras para cultivo de produtos de subsistência além de um salário.

O proprietário da fazenda e do gado era senhor absoluto, utilizando-se de mecanismos de dominação como:- relações de compadrio e de

dependência- Influência direta e indireta nas

precárias formas de governo

- uso de jagunços, capangas e milícias particulares

Sob a dependência dos proprietários estavam roceiros, índios amansados, pretos livres, que viviam em casebres de taipa em torno da fazenda e da figura do “coronel”

Sociedade do Ouro

Uma sociedade menos rígida que a açucareira, dividida em duas camadas principais:- uma pequena parcela de homens

ricos, os proprietários de lavras e os grandes comerciantes,

- uma camada média constituída de artesãos, pequenos comerciantes, militares de baixa patente e pequenos mineradores.

Abaixo dessas duas camadas estavam os escravos.

Não predominava a figura do latifúndio, como na região açucareira. Portanto, a população não era agrária, estando organizada em núcleos urbanos.

A distribuição da renda era menos desigual que na região açucareira; havia um número significativo de homens livres, mas de baixo poder aquisitivo.

Formação de uma elite urbana intelectualizada

Ao lado das riquezas que geraram cidades, opulência e arte, sobravam a miséria e a revolta, fruto de um sistema tributário opressor...que levou a economia mineradora à estagnação e decadência no final do século XVIII.

COMO ANIMAIS (Escravidão) Por quase quatro séculos, milhões de

indígenas e negros foram sequestrados, vendidos, castigados e obrigados a

trabalhar para fazer girar a economia

O tráfico negreiro foi uma das maiores fontes de lucro para as metrópoles européias. Estima-se que 4 milhões de negros foram trazidos nos tumbeiros (porões superlotados dos navios negreiros)

RESISTÊNCIA dos negros: suicídio, assassinato de feitores, luta armada,

Curiosidades sobre os primeiros colonizadores

Gilberto Freyre, um dos maiores intérpretes do Brasil antigo, dizia que os portugueses aqui desembarcavam "escorregando em índia nua", que neles se esfregavam, fogosas e ardentes. Um verdadeiro clima de "intoxicação sexual" teria explodido já no século XVI... Manuel da Nóbrega, primeiro provincial dos jesuítas no Brasil, em 1549, ficou tão desesperado com o que via, portugueses e índias gemendo pelos matos, que suplicou ao rei o envio urgente de mulheres brancas para casar com os portugueses.Estava em jogo a garantia da pureza de sangue (Impuros seriam os cristãos-novos, negros, mestiços, índios) e o combate ao “desregramento moral” (relação extraconjugal)

Alguns dos primeiros colonizadores vieram na condição de degredados (condenados à pena de degredo, cuja punição é viver fora de seu país). Os crimes pelos quais cumpriam essa pena eram, muitas vezes, de caráter religioso (blasfêmias contra a Igreja Católica, p.ex.)

Cristãos-novos: judeus ou seus descendentes obrigados a converter se ao cristianismo (1497); cripto-judeus (praticavam em segredo a religião

O quilombo dos Palmares foi o mais importante reduto dos negros fugitivos; verdadeira ameaça à ordem escravista, chegou a ter mais de 20 mil habitantes. Abrigava também índios e brancos marginalizados. A existência de Palmares estimulava ainda mais a fuga de escravos. Com isso, já no século XVII, os fazendeiros da região decidiram reunir milícias para atacá-lo.O líder da comunidade, Ganga Zumba (“Grande Chefe”), firmou um acordo de paz com os brancos em 1678. Contudo, os conflitos continuaram com o inexplicado assasinato de Ganga Zumba. Seu sucessor, Zumbi, liderou a resistência contra os invasores até 1694, quando o proncipal mocambo de palmares caiu diante de um batalhão comandado pelo bandeirante Domingo Jorge Velho, contratado pelas autoridades coloniais. Nos meses seguintes, as outras aldeias capitularam. Zumbi fugiu, mantendo a resistência. Mas, traído, teve o esconderijo descoberto e foi morto numa emboscada em 1695.

Presença holandesaNo período da União Ibérica deram-se as “invasões” holandesas no Brasil – o maior conflito político-militar da época colonial. A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, formada com capitais do governo e financistas particulares, teve como alvo principal a ocupação da zona de produção açucareira da América Portuguesa.1624 – 1625: ataque a SalvadorA ocupação do Nordeste pode ser dividida em três períodos:1630 – 1637: ataque a Pernambuco,; guerra de resistência.1637 – 1644: governo do príncipe holandês Maurício de Nassau1645 – 1654: período da reconquista (rendição dos holandeses em 1654)

fugas, morte de recém-nascidos e a formação de quilombos, co-munidades auto-suficientes for-madas por es-cravos fugidos.

Primeiros tempos no CearáDurante o século XVI, o Ceará ficou praticamente esquecido pela Coroa portuguesa. O motivo principal foi a falta de grandes atrativos econômicos. Apenas no século XVII que Portugal decidiu colonizar o litoral cearense por razões estratégico-militares. No final desse século dá-se a colonização do interior em função da pecuária.Durante o século XVIII o charque (jabá) foi o principal e quase exclusivo produto de comércio da capitania cearense. Em torno dele cresceram núcleos urbanos como Aracati, Acaraú, Camocim, Granja e Sobral. No século seguinte o algodão passa a ser a principal atividade econômica.

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NAS ENTRANHAS DO BRASIL Entradas (oficiais, financiadas

pelo governo) e bandeiras (particulares) foram expedições de desbravamento do interior entre os séculos XVII e XVIII

Os paulistas: uma sociedade pobre em busca de alternativas. Isolada dos grandes centros econômicos e políticos, apresentou características próprias: alta mestiçagem, vida rude e pobre, auto-suficiência.

A pobreza vicentina (paulista) força os habitantes a novos empreendimentos: captura de índios, vendidos como mão-de-obra escrava para os fazendeiros, e busca de metais preciosos (bandeirismo de prospecção). Surgem assim os bandeirantes, os grandes responsáveis pela ampliação e consolidação de nossas fronteiras.

Sertanismo de contrato: Expedições contratadas por fazendeiros e administradores coloniais para combater índios e negros que resistiam à escravidão;

CATEQUESE e ALDEAMENTO Em 1549 chegam os primeiros

integrantes da Companhia de Jesus ao Brasil com o objetivo de fortalecer a ampliar a fé católica. Organizaram colégios e aldeamentos (missões ou reduções, que eram aldeias artificiais com o objetivo de reunir os índios e convertê-los ao cristianismo).

Ênfase na catequese de crianças;

Tratamento diferenciado: tribos “aliadas” (que aceitavam a catequese) e “inimigas” (que não aceitavam o batismo)

Os aldeamentos interessavam ao governo português: o índio "civilizado" era um nativo que deixava de opor-se, intransigentemente, ao avanço dos colonos em suas terras. Além disso, podia atuar como soldado nas guerras contra os aborígenes ainda "selvagens"

Embora combatessem o genocídio e a escravidão indígena - pontos positivos de seu trabalho, os jesuítas contribuíram enormemente para a destruição cultural (etnocídio) dos silvícolas, à medida que substituíam a centenária vida social destes por uma outra, "branca", preconceituosa, intolerante, maniqueísta, que condenava a nudez, a poligamia, a religião politeísta, as casas coletivas, enfim, a vida livre e diferente.

Os gentios morriam em grande quantidade, devido ao contato com as doenças trazidas pelos brancos e pelo próprio regime de trabalho forçosamente estabelecido.

“...porque para esse gênero de gente não há melhor pregação do que espada e vara

de ferro”. (José de Anchieta)

REVOLTAS NATIVISTAS

A HISTÓRIA HOJEA libertação dos negros no Brasil não foi

acompanhada de uma política de integração à sociedade. Estima-se que,

por ocasião da Lei Áurea, dos quase 800 mil escravos libertos, menos de 1% sabia

ler. Sem qualificação não tinham condições de melhorar de vida e, sem

melhorar de vida, não podiam dar qualificação aos filhos. Esse círculo

vicioso dura até hoje. Atualmente, 41,7% dos negros brasileiros estão abaixo da

Conflitos entre bandeirantes e missionários.Os bandeirantes caçavam índios principalmente nas missões jesuíticas, regiões controladas pelos padres que catequizavam e do-mesticavam os nativos.

Guerra dos Mascates (1710-1711):Revolta dos ruralistas de Olinda contra a emancipação do Recife decretada pelos comerciantes portugueses (os mascates). Os lusitanos detinham o poder econômico, mas não o político, pois o Recife era parte de Olinda. A separação, em 1710, provoca a reação olindense. A Coroa intervém, e o Recife mantém a autonomia.

Revolta dos Beckman (1684):Liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, fazendeiros se rebelaram contra a má administração da Companhia de Comércio do Maranhão e contra a proibição da escravidão indígena. Foram derrotados, mas a companhia acabou encerrando suas atividades. Manuel foi morto; Tomás desterrado.

Revolta de Filipe dos Santos (1720):Também chamada de Rebelião de Vila Rica, foi uma reação da população da cidade às taxas excessivas cobradas pelas Casas de Fundição. O movimento foi sufocado e seu principal líder, Filipe dos Santos, enforcado e esquartejado.

Inconfidência Mineira (1789):Em 1789, a insatisfação dos mineiros com os impostos da Coroa chegou ao auge com a decretação da derrama, a cobrança forçada dos tributos. Arrocho, impostos, violência militar, aumento da pressão e das restrições de Portugal, ocupação dos altos cargos públicos somente por reinóis, proibição do funcionamento de manufaturas no território colonial (Alvará de D. Maria I, de 1785), cobrança de elevados preços pelos produtos importados, proibição da impressão de livros e jornais, faziam parte da realidade que gerava insatisfação.Um grupo da ELITE local (mineradores, fazendeiros) e elementos defensores das idéias iluministas e liberais em voga nos EUA e Europa (padres, funcionários públicos, militares de alta patente, advogados) decidiu apressar os preparativos para a revolta separatista.

Os objetivos: Instalação de um governo republicano, com uma constituição baseada na americana / Industrializar (fábrica de pólvora, tecidos, usinas, etc.) / Conceder anistia das dívidas com a Coroa / São João Del Rey seria a nova capital do país.

Traídos, porém, foram todos presos. Mas só um foi executado: o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, único que não

REBELIÕES SEPARATISTAS ou EMANCIPACIONISTAS A INCONFIDÊNCIA MINEIRA, a CONJURAÇÃO DOS ALFAIATES e a INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817, foram movimentos que além de contestar e combater alguns aspectos da dominação colonial, como a cobrança de impostos, o controle excessivo e as restrições, abusos e dificuldades impostas pela metrópole, questionavam também o modelo colonial e as relações de sujeição da colônia em relação à metrópole. Esses movimentos são marcados por uma forte influência das IDÉIAS ILUMINISTAS, da INDEPENDÊNCIA dos EUA e da REVOLUÇÃO FRANCESA, iniciada em 1789.

Guerra dos Emboabas (1708-1709):Conflito entre os mineradores paulistas, descobridores das jazidas de Minas Gerais, e garimpeiros portugueses e brasileiros de outras regiões – os “emboabas” -, também interessados em explorar a riqueza. Os paulistas foram derrotados. No fim do conflito Portugal criou as capitanias de São Paulo e de Minas do Ouro.

Aclamação de Amador Bueno (1641):Com a notícia da restauração portuguesa, após o fim da União Ibérica, alguns paulistas resolveram se desligar de Portugal e proclamaram o fazendeiro Amador Bueno rei de São Paulo. O movimento terminou com a recusa do aclamado.

A BURGUESIA INDUSTRIAL questiona o velho sistema colonial:(Passagem do séc. XVIII p/ o XIX)

Para a burguesia industrial não interessam mais os pactos coloniais, os monopólios, os privilégios e a exclusividade. Exige liberdade de comércio, de iniciativa, de mercado e não intervenção do Estado na economia (Liberalismo). Há uma reviravolta no papel das colônias: de fornecedores de matérias-primas passam a ser vistos também como importantes MERCADOS CONSUMIDORES da enorme quantidade de produtos industrializados que saíam das indústrias européias.

O capitalismo industrial mostra ao mundo uma burguesia incompatível com o Antigo Regime, com as barreiras do sistema de exclusivo colonial e com o regime escravista de trabalho. Uma burguesia que busca AMPLIAÇÀO DE MERCADOS!Ao mesmo tempo as colônias, desenvolvidas pelo próprio sistema colonial, passam a apresentar camadas e grupos sociais que cada vez mais vão revelando INTERESSES CONTRÁRIOS em relação às metrópoles.Os movimentos separatistas e de independência foram acelerados pelos interesses comuns entre setores coloniais e as grandes potências capitalistas industriais ansiosas por mercados livres.O Brasil passaria da antiga dominação colonial portuguesa para novas formas de dependência, a princípio da Inglaterra e mais tarde, no século XX, dos EUA.

A política opressora, baseada no monopólio e na extrema

fiscalização, acabou por revelar as contradições do sistema colonial,

gerando várias revoltas da população brasileira contra os

portugueses e movimentos coloniais de resistência à

crescente exploração metropolitana. Inicialmente

isolados e sem definição política, esses movimentos multiplicaram-

se, evoluindo no sentido derompimento com a metrópole.

As primeiras revoltas, chamadas de nativistas, exprimiam rebeldia

em relação ao domínio estrangeiro, nas ainda não

propunham a independência.

Page 6: BRASIL: Ocupação ou perda€¦  · Web view– havia abundância de terras e o plantio da cana era extensivo, sempre ocupando novas áreas. monocultura – predomínio absoluto

Conjuração Baiana (1798):Chamada de Rebelião dos Alfaiates, teve um caráter popular, contando com a participação de intelectuais e gente do povo (sapateiros, escravos, ex-escravos, soldados, alfaiates), que propunham a independência da colônia. Eles distribuíram panfletos anunciando a República Baiense.Teve influência da rebelião de escravos no Haiti. Em 1797 foi criada uma sociedade secreta (Cavaleiros da Luz), para estudar e divulgar as idéias revolucionárias iluministas.

Os objetivos: proclamar uma república democrática na Bahia. Os setores populares do movimento radicalizavam com manifestações, motins, saques, incêndio do Pelourinho e com propostas como o fim da escravidão e igualdade de classe. A radicalidade popular acabou afastando a elite local do movimento (inclusive os Cavaleiros da Luz).A revolta foi denunciada às autoridades por traidores. As lideranças pobres foram enforcadas e esquartejadas. A elite pegou penas mais brandas (presos, degredados ou inocentados).

Revolução Pernambucana (1817):A transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808, em função da invasão de Portugal pelo exército napoleônico, significou um aumento de tributos para, inclusive, custear despesas da numerosa corte. No nordeste, os colonos viviam sob difícil situação financeira. Os preços do algodão e do açúcar estavam em baixa. Esses problemas concorriam para o endividamento crescente dos colonos para com os comerciantes portugueses responsáveis pela exportação e importação de produtos.A aristocracia agrária e grupos populares de Pernambuco, com a adesão de revoltosos do Rio Grande do norte, Paraíba e Alagoas, organizam-se num movimento para separar o Brasil de Portugal. Chegaram a organizar um Governo Provisório (o primeiro governo brasileiro independente e republicano ) que decretou a liberdade de imprensa e religião e a extinção de impostos, em março de 1917.O movimento foi derrotado por uma grande repressão militar portuguesa.Outro fator do insucesso foi a DIVERGÊNCIA INTERNA: os líderes mais radicais queriam o fim da escravidão e isso contrariava os interesses da aristocracia rural proprietária de escravos.

Fontes: História Econômica e Administrativa do Brasil (Fco. Teixeira - Ática) / Guia do Estudante – História Vestibular 2008 (Ed. Abril) / Brasil: uma história em construção (Rivair Macedo – Ed. do Brasil) / Nova História Crítica (Schmidt – Nova Geração) / História do Ceará... (Aírton de Farias – Tropical) / Novo Manual (Nova Cultural) / Geografia (Melhem Adas) /