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Brasília, 06 de março de 2015 às 15h04 Seleção de Notícias CNI NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS Clipping Nacional

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Brasília, 06 de março de 2015 às 15h04Seleção de Notícias

CNINEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS

Clipping Nacional

cni.empauta.com

Valor Econômico | BRCNI

Fatia dos importados no consumo nacional cresce 22% . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4BRASIL

CNI | Eventos | Mobilização Empresarial pela Inovação

Aldo quer dinheiro do pré-sal para inovação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5BRASIL

Temas de Interesse | Comércio Internacional

Com real mais fraco, importador troca de fornecedor, negocia e derruba preços . . . . . . . . . . . . . . 11BRASIL

Temas de Interesse | Comércio Internacional

China pretende ampliar estoques de commodities . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13INTERNACIONAL | THE WALL STREET JOURNAL | DE PEQUIM | CHUIN-WEI YAP

Temas de Interesse | Comércio Internacional

Receita no campo vai subir, diz CNA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15AGRONEGÓCIOS | DE SÃO PAULO | FERNANDO LOPES

Temas de Interesse | Comércio Internacional

Indústria terá plano setorial com ajuda de sindicatos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16BRASIL

O Estado de S. Paulo | BRCNI

Um país que perde eficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17NOTAS & INFORMAÇÕES

Temas de Interesse | Colunas e Editoriais

Celso Ming . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19CELSO MING | CELSO MING

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Montadoras demitem 1.846 em fevereiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21ECONOMIA | CLEIDE SILVA

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Entre realidade e mudança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24ECONOMIA | MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE

Folha de S. Paulo | BRTemas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Em crise, montadoras falam em excesso de mão de obra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26MERCADO

Temas de Interesse | Comércio Internacional

Marcos Troyjo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28MARCOS TROYJO

Federações | FIESP

Produtividade na indústria de máquinas cai 2,9% ao ano - Mercado aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30MERCADO ABERTO

O Globo | BRTemas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Crescimento menor da China afetará Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32ECONOMIA

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Empresários e sindicalistas preparam manifesto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34ECONOMIA

06 de março de 2015CNI

Valor Econômico

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Fatia dos importados no consumo nacional cresce22% BRASIL

De São Paulo

O coeficiente de penetração das importações, quemede aparticipação dos produtos importados no con-sumo nacional, subiu 0,6 ponto percentual, para22%, em 2014, ebateu novo recorde. O valor éo maisalto desde o começo da série histórica, iniciada em1996, informa o estudo "Coeficientes de AberturaComercial", da Confederação Nacional da In-dústria (CNI ),é feito em parceria com a FundaçãoCentro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).

O consumo de insumos importados pela indústriatambém foi recorde. O índice, de 24,2% em 2014, te-ve aumento de 0,8 ponto percentual frente ao ano an-terior. "O coeficiente de insumos importadosmanteve um crescimento ininterrupto desde 2010 e,em 2014, alcançou novo marco da série histórica",assinala o estudo.

Esse aumento no índice foi puxado sobretudo pela in-dústria de transformação, cujo coeficiente de in-

sumos importados atingiu 24,9% no ano passado.Dos21 segmentos analisados, apenas os deceluloseepapel e derivados do petróleo e biocombustíveis ti-veram queda em relação a 2013. Já o coeficiente deexportação, que calcula o percentual da produção ex-portado,foi de 18,8%. O índice se manteve estávelem 2014 na comparação com 2013, quando atingiu19%.

O crescimento dafatiados insumos importados na in-dústria, aliado à estabilidade nas vendas para o ex-terior, contribuiu para a queda de 0,8 pontopercentual no coeficiente de exportações líquidas di-ferença entre a receita com exportações e o gasto cominsumos importados. Em 2014, esse índice foi de3,5%, e em 2013,4,3%.

Na indústria de transformação, o valor dos insumosimportados superou o valor da receita com ex-portações pelo segundo ano seguido e mantém-seabaixo de zero (-1% em 2014).

06 de março de 2015CNI | Eventos | Mobilização Empresarial pela Inovação

Valor Econômico

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Aldo quer dinheiro do pré-sal para inovação BRASIL

Por Leandra Peres, Claudia Safatle e RosângelaBittar | De Brasília

Entrevista Ministro não vê saída para crise políticafora de coalizões amplas

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo (P-CdoB), propõe um percentual das verbas do petróleopara as atividades de Ciência e Tecnologia que, in-justificadamente, ficaram marginalizadas do be-nefício quando o Congresso regulamentou o pré-sal.Reabriu a discussão sobre o uso desses recursos emfóruns de autoridades e especialistas da área, para en-viar brevemente ao Congresso uma proposta deemenda sobre o assunto. No projeto em que trabalhapretende indicar quanto deve ser destinado do pe-tróleo para os fundos setoriais que financiam a pes-quisa.

Aldo Rebelo, ex-liderdo governo, ex-ministrodaAr-ticulação Política, ex-ministro do Esporte e ex-pre-sidente da Câmara, tem um plano de gestão para aCiência eTecnologia com uma prioridadeclaraàIno-vação. Com a experiência na coordenação dasrelações entre os poderes, o ministro analisou tam-bém, nesta entrevista exclusiva ao Valor, a crisepolítica. Embora não veja saída fora das coalizões

amplas, Aldo Rebelo afasta a possibilidade de rup-tura. Reconhece que a atual aliança partidária aindaprocura seu rumo mas não nega que é preciso li-derança firme para contornar crises políticas como aatual. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: O gigantismo da coalizão que elegeu a pre-sidente Dilma e seus interesses diversos são a causados problemas políticos atuais?

Aldo Rebelo: A tradição do Brasil é de frentes he-terogêneas. Foi assim na Independência, na Re-pública, foi assim que redemocratizamos o país, comamplas coalizões que envolvem desde dissidênciasdegrupos dominantes,como aCasadeBragançacomdom Pedro e José Bonifácio. Com os fazendeiros deSão Paulo, os militares e os republicanos para fazer aRepública e a abolição. Mais recentemente, (José)Sarney e Antônio Carlos (Magalhães) con-fraternizaram com os moderados do PMDB, comTancredo (Neves), Ulysses (Guimarães) e os po-pulares em volta de Lula, para democratizar o país. Éum erro atribuir os males e a nossa morbidez às coa-lizões.

Valor: O sr. foi ministro da coordenação política dogoverno Lula que soube tratar com o PMDB. O go-verno está estranhando o partido?

Aldo: O PMDB foi um partido importante para a re-democratização, começando pelo próprio Sarney,queteria tido umgovernomuito piorsemo PMDB pa-ra ajudar. O Collor, que não tinha coalizão nenhuma,deu no que deu. Itamar fez uma composição. Fer-nando Henrique foi coalizão do começo ao fim. Noprimeiro governo Lula tivemos dificuldade no Con-gresso porque não tínhamos o PMDB.

Valor: O governo Lula conseguiu aprovar re-formas no Congresso. Agora falta liderança?

06 de março de 2015CNI | Eventos | Mobilização Empresarial pela Inovação

Valor Econômico

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Continuação: Aldo quer dinheiro do pré-sal para inovação

Aldo: Só aprovamos reformas Tributária e da Pre-vidência porque tivemos apoio importante do PSDBe do DEM. Essas forças cumprem um papel im-portante em dar governabilidade ao país. Mas é pre-ciso haver uma mobilização, alguém que coordene edê rumo. A política precisa das lideranças que con-tornem as dificuldades.

Valor:Quando foique a coalizão passou a ser man-tida por dinheiro?

Aldo: Nunca achei a tese verossímil. Sempre dissequeaquestão dodinheiro édos partidos enãodas ban-cadas. Fui líder do governo e, para aprovar projetosna Câmara, tínhamos que buscar apoio até da opo-sição. O que conseguimos foi no debate político.

Valor: Por que então não está funcionando mais?

Aldo: Temos uma confluência de fatores que di-ficultam a ação política. Lula enfrentou dificuldadesquando havia o boom das commodities, a economiafavorável, o país como destino de investimentos e aChina numa situação muito boa. Agora há di-ficuldades econômicas. A situação não é confortávelpara o país ou o mundo.

Valor: O cruzamento das investigações da Ope-ração Lava-Jato com a crise política pode in-fluenciar o rearranjo da coalizão?

Aldo: Quem lembra das investigações do mensalão,em 2005 e 2006, se recordará de que também tiveramefeito paralisante no Congresso. Mas não vejo riscode ruptura. Ninguém vai cogitar a hipótese de reduziro mandato presidencial. Acho que há uma reação or-ganizada aos efeitos indesejáveis da investigação. Osefeitos desejáveis todo mundo apoia: alcançar, punire revelar os responsáveispela corrupção tanto naáreapública quanto na área privada. Agora, destruir pa-trimônio de interesse público e nacional é inad-missível. Fragilizar e expor a Petrobras e asconstrutoras...

Valor: Mas quem expôs a Petrobras foi a in-vestigação ou a corrupção?

Aldo: Não falo na questão moral. Falo, por exemplo,de impedir que as empresas assinem contratos com ogoverno. As empresas precisam continuar operandocom todas as suas prerrogativas, e os culpados pelacorrupção, punidos. O governo tem aobrigaçãodefa-zer um esforço para proteger essas empresas, não oserros ou crimes cometidos por seus executivos. Masproteger aempresa como interesse público,pelosem-pregos que ela gera, impostos que paga, pela ex-portação de serviço, pela memória da engenharia queestá lá.

"Ninguém vai cogitar reduzir o mandato pre-sidencial. Há uma reação aos efeitos indesejáveisda Lava-Jato"

Valor: O sr. disse que a política precisa de li-deranças que contornemas dificuldades. Quem sãoas nossas lideranças? O ministro Aloizio Mer-cadante, chefe da Casa Civil, é o principal coor-denador político do governo Dilma.

Aldo: São os líderes formais do governo, que sãoMercadante, (Miguel) Rosseto e Pepe (Vargas), ho-mens experientes, foram parlamentares, ex-mi-nistros. Todos dispõem de um vasto arsenal deinstrumentos para operar em meio às dificuldades.

Valor: Por onde sairá a solução neste momento jáque o contexto econômico não ajuda?

Aldo: Acho que a coalizão vai procurando sua ar-rumação. É como um time de futebol. O time está for-mado, talvez não esteja entrosado, nas posiçõescorretas, com o esquema tático perfeito. Mas a coa-lizão está feita. Temos dois presidentes de Casasmuito experientes no Congresso. Pesa o fato de osdois serem do PMDB, e isso se traduz em expectativanaturaldemaior protagonismodopartido. Sempre di-go que quem apoia o governo, participa dele, porque

06 de março de 2015CNI | Eventos | Mobilização Empresarial pela Inovação

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Continuação: Aldo quer dinheiro do pré-sal para inovação

senão se cria uma anomalia inaceitável. Talvez haja,da parte do PMDB, expectativa de protagonismomaior.

Valor: Os líderes do PMDB dizem que são cha-mados pelo governo apenas na hora de votaçõescomplicad as.

Aldo: O PMDB tem o vice-presidente da República,o presidente do Senado e o presidente da Câmara. Nahierarquia formal dos Poderes, o PMDB tem o se-gundo, o terceiro e o quarto cargos na linha de su-cessão. É uma força importante. É natural que issocrie no partido uma expectativa maior e, portanto,uma tensão em razão dessa expectativa. Creio que ogoverno tem absoluta consciência dessa situação evai procurando resolver, sob o comando da pre-sidente Dilma.

Valor: Qual a participação do Lula na crise?

Aldo: O Lula é uma personalidade fundamental davida políticadoBrasil. Énaturalquetenha grande im-portância, grande liderança e que, num momento co-mo esse, seja procurado por todo mundo:trabalhadores, empresários, sindicalistas, religiosos.

Valor: Mas ninguém vislumbra uma prosperidadeimediata no mundo, as dificuldades tendem a serduradouras para todos.

Aldo: Aconteceu a mesma coisa no começo do go-verno Lula. Em maio, o [Henrique] Meirelles [pre-sidente do Banco Central] subiu a taxa de juros emdois pontos percentuais. Eu era líder do governo e co-mo iria defender uma coisa dessas? Concluí que nãotinha que defender a taxa de juros, mas o governo. Oajuste não é programa de governo, não é meta, não éobjetivo. O ajuste é uma contingência para você criarcondições para voltar a crescer e a se desenvolver. Is-so foi assim em 2003 e deverá ser assim em 2015.

Valor: As saídas não emergem porque do ponto de

vista tecnológico, somos um país onde a pro-dutividade é decrescente.

Aldo: Esse é o problema. O país está entre as dezmaiores economiasdo mundo,masnaprodução cien-tífica medida por meio da publicação de papers, caí-mos para 13º. Quando a referência é tecnologia,calculada pelas patentes, a situação é mais com-plicada, com exceção da agropecuária onde somos oterceiro. Quando vai para a área de inovação, é dra-mático pois caímos para a casa dos sexagésimos.

Valor:O Ministérioda Ciência eTecnologiateveal-tos e baixos ao longo de seus 30 anos de história.Qual é o seu plano?

Aldo: O objetivo do ministério deve ser a inovação.Reunir as energias e esforços do governo - mi-nistérios, institutos de pesquisas, financiadoras - asuniversidades, que são financiadas via CNPq e Fi-nep, e ter como finalidade remover os obstáculos dopaís.

Valor: E por que não inovamos?

Aldo: Investimos 1,7% do PIB em ciência, tec-nologia e inovação. Ainda não é o suficiente. Mas onosso sistema de institutos de pesquisa é ra-zoavelmente sofisticado. Em algumas áreas temospesquisadores de nível elevado. Não temos o númerode empresas que os americanos têm, mas em algunssetores temos inovadoras com liderança com-provada, toda a área agrícola e empresas estrangeirasdispostas a investir em inovação.

Valor: E o dinheiro para fazer esse casamento?

Aldo: O Fundo Nacional de Desenvolvimento Cien-tífico e Tecnológico tinha R$ 1,9 bilhão em 2011 e noano passado foram executados R$ 2,8 bilhões. Te-mos muitos recursos.

Valor: Mas não estão contingenciados?

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Continuação: Aldo quer dinheiro do pré-sal para inovação

Aldo: Em parte. Quando Lula entrou, houve umacordo para descontingenciar os recursos dos fundossetoriais. No fim do governo, o contingenciamentochegou a zero, mas recentemente os fundos foramperdendo recursos. Cometemoso erro,o governoeaslideranças, de, ao regulamentar parte do pré-sal, des-tinar verbas apenas à saúde e educação como se asduas pudessem existir sem ciência e tecnologia.

Valor: É possível mudar?

Aldo: Na primeira reunião quefiz aqui no ministériopedi a elaboração de uma proposta de quanto dopré-sal queremos para ciência, tecnologia e ino-vação. Precisamos dizer quanto queremos, por que eo que alcançaremos.

Valor: De quanto o senhor estima precisar?

Aldo: Não sei exatamente. O fundo do petróleo, queviria para cá, foi retirado na regulamentação. Mas osrecursos vindos da renúncia fiscal multiplicaram-se.Eram R$ 209 milhões em 2006 e alcançaram R$ 2,1bilhões em 2013.

Valor: Quanto há hoje disponível nos fundos?

Aldo: Estamos fazendo as contas após o con-tingenciamento. Mas isso não tem efeito duradouro.É uma prática nos últimos anos contingenciar no iní-cio do governo, mas nunca vi o corte ficar durante oano. Temos também que ir atrás de receitas não or-çamentárias como empréstimos e linhas de fi-nanciamento externo. Por último, não temosnenhuma obra no PAC apesar de termos in-vestimentos importantíssimos para a infraestrutura.

Valor: E a participação do setor privado?

Aldo: O setor privado nunca esteve tão disposto acooperar, compreender e apoiar a inovação. AMobilização Empresarial pela Inovação, coor-denada pela CNI, podia ser uma coisa politicamente

esvaziada, mas o setor privado prestigia, os pre-sidentes das empresas comparecem. Há também aEmbrapii, que combina o setor empresarial e o go-verno. Em coordenação com a área empresarial tam-bém foram criadas as plataformas de inovação, ondeescolhemos uma área de conhecimento e juntamos oque as empresas demandam com os institutos de pes-quisa. Nosso problema é que as universidades do se-tor público liberam pouco tempo para que ospesquisadores possam se dedicar a um projeto pri-vado. São pouco mais de 200 horas por ano. É quasenada. É preciso cuidar disso.

Valor: A lentidão também contribui, a re-gulamentação da biodiversidade ainda não foi fei-ta.

Aldo: Quando o governo mandou a proposta de re-gulamentação da pesquisa, fabricação e co-mercialização de organismos geneticamentemodificados, a lei de biossegurança, o Brasil viviauma moratória. A pesquisaestava interditadapara tu-do: ciência, indústria e medicina. O Brasil estavaproibido de pesquisar células tronco. Quando isso foiregulamentado, ficou ainda uma dificuldade de aces-so à biodiversidade e o pesquisador que trabalha complantas pode ser acusado de biopirataria. Isso já estásendo mudado. A Câmara já aprovou a mudança e oprojeto está no Senado e se vai poder pesquisar parafins industriais ecomerciais. A ordem dapresidenteéreduzir ao máximo a burocracia e os impedimentos,sem abrir mão dos cuidados.

"O conteúdo nacional é parte importante da po-lítica pública que amarra transferência de tec-nologia"

Valor: Por que não acabar com o conteúdo na-cional que está atrasando e encarecendo projetos?

Aldo: O esforço de conteúdo nacional é ligado ao dé-ficit em transações correntes, que no ano passado foio maior da história do país. O buraco está na área de

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Continuação: Aldo quer dinheiro do pré-sal para inovação

serviços e se olharmos o que é causado pelo aluguelde equipamentos e máquinas veremos que há sentidoem fabricar pelo menos em parte. Não estamos ten-tando fabricar toda a máquina, mas pelo menos aque-la de menor densidade tecnológica, como o casco dasonda.

Valor:Não haverá uma flexibilização das regrasdeconteúdo nacional?

Aldo: Isso não é uma decisão da minha área. Estouexpressando minha opinião. O conteúdo nacional éparte importante dapolítica públicaqueamarra trans-ferência de tecnologia, geração de empregos e re-dução do déficit externo. E que deve se limitarapenas ao setor de petróleo.

Valor: Por que o país não chega ao investimento de2% no PIB na área de inovação?

Aldo: Estamos agora propondo a integração das po-líticas de inovação do governo federal com os Es-tados. Muitos governos estaduais, até os menores,têm leis queobrigam o investimento em inovação.SeAlagoas vai investir no parque sucroalcooleiro, va-mos ajudar, vamosapoiar. A Embrapii acaba de fazereditais para que os institutos de pesquisas das uni-versidades possam trabalhar a partir de demandasapresentadas pelas empresas. Vamos trabalhar nosarranjos produtivos locais. Não adianta pensar emciência e tecnologia só com os grandes, os pequenostambém precisam de apoio.

Valor: A proposta que o sr. mencionou de mudar aregulamentação do pré-sal exigirá um projeto delei? O sr. já definiu quanto será necessário?

Aldo: Temos que produzir um projeto que tenhauma proposta de um percentual e vamos distribuir is-so entre o quevai para ciência pura,desenvolvimentotecnológico, inovação.O projeto terá que ter tambémuma promessa de resultados. Temos estatísticaspreocupantes: nos últimos dez anos, o Brasil, na con-

tramão do mundo, gerou 21 milhões de empregos. Sóque 96% deles são empregos de até 1,5 salário mí-nimo. Apenas 4% são até dois mínimos. Perdemos4,9 milhões de salários de mais de dois mínimos. Per-demos empregos de alta tecnologia e ganhamos em-pregos de baixa tecnologia. A estatística do Mdicsobre a complexidade dos produtos exportados mos-tra uma alteração na balança: estamos perdendoexportação em alta tecnologia e ganhando em bai-xa-média tecnologia, como papel, celulose.

Valor:Quando o sr. foi indicado para o MCT houvecríticas sobre inadequação ao cargo. O sr. cuidariade inovação, mas apresentou um projeto, quandodeputado, que impedia a automação dos postos degasolina. No relatório do Código Florestal, o sr. te-ria questionado a relação entre o aquecimento glo-bal e a ação humana.

Aldo: A Constituição tem um artigo que obriga quetodo processo de inovação leve em conta o interessedos trabalhadores. Isso era uma preocupação do pre-sidente Fernando Henrique à época. Não é qualquertecnologia poupadora de mão de obra. É uma tec-nologia poupadora de mão de obra que atenda ao in-teresse público, que traga algum ganho deprodutividade, de eficiência. No caso dos frentistas,além de não trazer nenhum ganho em tecnologia, tra-zia riscos à saúde de pessoas. Grávidas, por exemplo,nãopoderiammanusear as bombasdegasolina. Apre-sentei o projeto e foi o governo quem aprovou, o PS-DB. O presidente Fernando Henrique chegou areunir-se com os donos de postos, sindicalistas e oprojeto foi sancionado numa grande festa para a qualnem fui convidado. Não houve manifestação de ne-nhum cientista sobre o assunto.

Valor: E a outra restrição, do aquecimento global?

Aldo: Se toda apolêmica sobre o aquecimentoglobaltivesse sido introduzida por mim, não estaria aqui noministério. Estaria dando palestras mundo afora, te-ria um filme inscrito para ganhar um Oscar, um prê-

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mio Nobel. O fato é que existe essa polêmica sobre aresponsabilidade da ação humana no aquecimentoglobal. Eu apenas resenhei isso no relatório sobre oCódigo Florestal. Acabei como o líder dos céticos noBrasil.

Valor: Mas o sr. é um cético?

Aldo: Não tenho as credenciais científicas para li-derar nem o aquecimentismo e nem o ceticismo emrelação ao clima. Esse debate existe, eu não iniciei enão tenho condições de concluí-lo. Na época, tam-

bém resisti a admitir que o metano emitido pelo gadoestava destruindo a camada de ozônio. Por conta dis-so, agora, resolveram fazer um acerto de contas co-migo. Guardaram esse ressentimento e agoraabriram.

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Com real mais fraco, importador troca de fornecedor,negocia e derruba preços

BRASIL

Por Marta Watanabe | De São Paulo

A desvalorizaçãocambial já começouaprovocar tro-ca de fornecedores e negociação de preços na im-portação. Dados da Fundação Centro de Estudos doComércio Exterior (Funcex) mostram que de no-vembro a janeiro os preços de importação, em dólar,caíram.

Nesse período os preços médios dos bens in-termediários diminuíram 1,83% na comparação comiguais meses do ano anterior. Nos bens de consumoduráveis, a queda foi de 1,31%. A redução maior foinos não duráveis, com recuo de 6,8%, e nos com-bustíveis, de 15,4%, como reflexo da queda do preçodo petróleo.

A única categoria de uso com alta de preço médio foia de bens de capital, com avanço pequeno, de 0,3%.Juntos, bens intermediários e bens de consumo re-presentam 61,9% da importação brasileira, segundodados do Ministério do Desenvolvimento.

Para analistas, a queda em intermediários, prin-cipalmente bens de consumo, é resultado da ne-gociação entre fornecedores e importadores paradividir os efeitos da desvalorização do câmbio no va-lor dos importados, que ficam mais caros na

conversão em moeda nacional.

O processo de depreciação do real frente ao dólar ga-nhou maior ritmo nos últimos meses. De novembro ajaneiro o preço médio do dólar, de R$ 2,60, superouem 10% a cotação média de R$ 2,34 entre novembrode 2013 e janeiro do ano passado.

"Ciente do ritmo de desvalorização do real e do de-saquecimento da economia brasileira, o fornecedorbaixa o preço para manter seu mercado num mo-mento decrescimento tímidotambém dademandain-ternacional", diz José Augusto de Castro, presidenteda Associação de Comércio Exterior do Brasil(AEB). "Muitas vezes há também a troca de for-necedores, quando o importador consegue um novocontrato com preços mais convidativos."

Para Castro, a pequena alta de preço médio em bensde capital pode ser creditada à inovação tecnológicaqueacaba pressionandoo preço desse tipo deprodutopara cima.

No caso dos bens de consumo não duráveis, a quedade preço é bem maior, porque há um reflexo mais rá-pido da desaceleração ou da contração da demandadoméstica no preço de importação. "Esse tipo depro-duto responde diretamente ao consumidor final, quenum momento mais adverso costuma reagir commaior velocidade que a pessoa jurídica na aquisiçãode bens intermediários."

O mix de produtos de bens de consumo não duráveistambém pode ter mudado, diz Castro. O consumidorprocura substituir um importado por outro mais ba-rato. A queda de preços também é resultado dessa re-dução de padrão de consumo.

Para Castro, a redução de preços de importação deve

06 de março de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

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Continuação: Com real mais fraco, importador troca de fornecedor, negocia e derruba preços

se repetir ao longo do ano, se mantida a tendência dedesvalorização do real frente ao dólar. Esse é um fe-nômeno, diz ele, que deve ganhar mais força com apercepção dos agentes econômicos de que a des-valorização cambial deve acontecer num ritmo maisforte que o anteriormente esperado.

Rodrigo Branco, pesquisador do Centro de Estudosde Estratégias de Desenvolvimento (Cedes-Uerj),acredita que a queda de preços está relacionada nãosomente à renegociação como também à queda depreços mais generalizada no mercado internacional.Contribuem para isso, diz ele, a exploração de novasfontes de energia, o que tende a baratear esse insumo,e a queda de preços das commodities ligada à de-saceleração da China e às dificuldades de reação nocenário europeu.

Branco lembra que, em relação às importações, nãosomente os preços contribuirão para reduzir o valordesembarcado. "A desaceleração da demanda in-

terna provoca também uma redução do quantum im-portado." São, portanto, as duas variáveis no mesmosentido ajudando a pressionar o valor das im-portações para baixo.

Segundo Branco, também contribui para a queda dequantidade a substituição da importação por itens fa-bricados internamente. Mas esse movimento, pon-dera, deve ser ainda pequeno este anoecomeçará aseampliar se o real se mantiver desvalorizado ainda pordois ou três anos.

De acordo com dados da Funcex, em janeiro o vo-lume total de importação caiu 11,3% na comparaçãocom igual mês de 2014. A redução foi puxada prin-cipalmente por bens de capital, com recuo de 16%, epor bens de consumo duráveis, que caíram 17%. Ovolume desembarcado de bens intermediários re-cuou 11,2%. No mesmo período, a queda de preçosdo total das importações foi de 5,3%.

06 de março de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

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China pretende ampliar estoques de commodities INTERNACIONAL

Por Chuin-Wei Yap | The Wall Street Journal, dePequim O presidente da China, Xi Jinping (esq.), e oprimeiro-ministro Li Keqiang, na abertura do 12ºCongresso Nacional do Povo

O governodaChina planeja ampliar seus estoquesdecommodities neste ano e, ao mesmo tempo, limitar oconsumo de carvão, parte de uma série de políticaspara reduzir a poluição das indústrias e aproveitar ospreços baixos das matérias-primas.

O Ministério da Fazenda informou ontem que in-vestirá 156,6 bilhões de yuans (US$ 24,7 bilhões)neste ano para compor reservas de grãos, óleos co-mestíveis e o que o órgão chama de "outros pro-dutos", um aumento de 33% em relação ao valorgasto em 2014, quando as despesas com estoquescresceram 22%. Os números foram divulgados emum relatório do ministério para o Congresso Na-cional do Povo, evento legislativo anual que estáacontecendo em Pequim.

A China importou volumes recorde de petróleo, mi-nério de ferro, cobre e outras matérias-primas no anopassado, num momento em que os preços de algumasdas principais commodities caíam para seus me-nores níveis em mais de cinco anos. A ampliação das

importações ressaltou o apetite que a China ainda de-monstra por recursos que considera essenciais paraseu desenvolvimento no longo prazo, apesar da re-cente desaceleração nos níveis de consumo.

O Ministério da Fazenda não especificou o que quisdizer com "outros produtos", mas o petróleo bruto éuma das commodities para as quais Pequim buscaacumular reservas estratégicas. A metadaChina é terum estoque de petróleo suficiente para cobrir 90 diasde consumo no caso de uma interrupção no for-necimento, em linha com outros países de-senvolvidos.

Metais industriais como o cobre, cuja produção do-méstica é pequena, provavelmente estão na lista dematérias-primasqueo governopretendecontinuarar-mazenando. A China também compra milho, trigo,soja e outras commodities agrícolas de agricultores,quandoos preçosdemercadocaemabaixo dos preçosmínimos garantidos pelo governo.

A maior parte dos gastos extras do ministério serápa-ra financiar empréstimos e despesas associadas àaquisição desses estoques, informou o órgão. Masele afirmou que os gastos deste ano também co-bririamas perdasprovocadas pelos leilõesdeseus es-toques de algodão. Negociantes dizem que a Chinaacumula atualmente cerca de 10 milhões de to-neladas de algodão, a maior parte comprada quandoos preços estavam muito mais altos do que hoje. AChina vendeu gradualmente essas reservas no anopassado.

Os números divulgados ontem se referem apenas agastos realizados pelo governo central e excluemdespesas com reembolsos e transferências para go-vernos regionais, que podem elevar sig-nificativamente os gastos anuais com estoques.

Na sessão de abertura do Congresso, o pri-

06 de março de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Valor Econômico

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Continuação: China pretende ampliar estoques de commodities

meiro-ministro Li Keqiang disse que o governo vaiprosseguir com sua propostade limitar o crescimentodo consumo de carvão por dois anos em "áreas es-senciais".

Li não especificou essas áreas, mas um órgão con-sultor do legislativo propôs medidas semelhantes em2013 para cidades com alta taxa de crescimento, co-mo Pequim e Tianjin, assim como para as Provínciasde Hebei e Shandong, o cinturão do rio Yangtze e odelta do rio das Pérolas.

A produção e o consumo de carvão da China caíramem 2014 pela primeira vez em 14 anos devido à de-saceleração econômica e às políticas de energia maislimpa, afirmou a Agência Nacional de Estatísticas.Dados divulgados pelo governo mostram que a Chi-naestá aumentando sua dependência do petróleobru-to e do gás natural para suas necessidadesenergéticas.

Essa política mais recente do governo parece con-cebida para acelerar a China na direção de um pontode inflexão conhecido como "pico do carvão", quan-do uma economia industrializada entra num declíniode longoprazo no uso do mineral. A maioria dos eco-nomistas prevê que a China atingirá esse pico em tor-no de 2020, mas alguns dizem que ele já aconteceu.

Ontem, a China fixou uma meta de crescimento eco-nômico de cerca de 7% para 2015, menor que a ex-pansão de 7,4% registrada em 2014, o que deveajudar a reduzir o consumo de carvão.

"É possível que, mesmo sem essa expansão ad-ministrativa, [os principais fatores econômicos] ope-

rem para reduzir o consumo, mas isso certamente vaidar garantias ao governo que áreas econômicas im-portantes não vão elevar o consumo de carvão", dizLi Shuo, analista-sênior de clima do grupo am-bientalista Greenpeace no Leste Asiático.

Em um relatório que acompanhou o discurso de Li, aprincipal agência de planejamento econômico daChina, a Comissão de Desenvolvimento Nacional eReforma, também propôs um corte de 3,1% na in-tensidade energética em 2015.

"É menor que no ano passado, mas é compreensíveljá que estariam dentro da meta de corte de 16% emcinco anos", afirma Miao Tian, analista de energia dobanco de investimento North Square Blue Oak.

A intensidade é uma medida da eficiência energéticade uma economia. Níveis maiores indicam um customais alto para converter energia em produto internobruto.

A China reduziu sua intensidade energética em 4,8%no ano passado, ultrapassando a meta de queda de3,9%, na esteira de políticas ambientais como umaproibição do carvão com altos níveis de poluição e ofechamento de várias usinas siderúrgicas.

Houve pouca reação no mercado de commoditiesaos anúncios das medidas da China, já que a maioriados operadores já tinha incorporado aos preços o ce-nário de crescimento mais lento do país.(Colaboraram Te-Ping Chen e Rose Yu.)

06 de março de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Valor Econômico

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Receita no campo vai subir, diz CNA AGRONEGÓCIOS

Por Fernando Lopes | De São Paulo

O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária bra-sileira deverá somar R$ 469,6 bilhões em 2015, con-forme projeção divulgada ontem pela Confederaçãoda Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA ).Seconfirmado, o montante representará um aumento de4% em relação ao resultado estimado em 2014.

Conforme a CNA, o VBP das 20 principais culturasagrícolas do país, liderado pela soja, deverá crescer2,6% e alcançar R$ 289,3 bilhões, impulsionado pormais uma produção recorde de grãos nesta safra2014/15. Já o VBP dos cinco principais produtos da

pecuária poderá aumentar 6,4% nacomparação, paraR$ 180,3 bilhões.

Para produtos de exportação como a própria soja, aCNA destacou os reflexos positivos da valorizaçãodo dólar sobre o faturamento, já que as cotações dascommodities agrícolas em geral continuam em pa-tamares mais baixos que no ano passado.

Ontem, a FAO, braço da ONU para agricultura e ali-mentação, informou que, em fevereiro, seu índiceglobal de preços de alimentos caiu ao menor nível em55 meses.

06 de março de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Valor Econômico

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Indústria terá plano setorial com ajuda de sindicatos BRASIL

Por De São Paulo

As entidades que representam indústrias e as centraissindicais estão elaborando em conjunto um plano pa-ra recuperação do setor manufatureiro. Um ma-nifesto deve ficar pronto até o fim de março. AAssociação Brasileira da Indústria de Máquinas eEquipamentos (Abimaq) informou que estão sendotomadas as providências finais para a constituiçãooficial de uma coalizão que reúne cerca de 40 en-tidades representantes de empresas e de tra-balhadores.

Carlos Pastoriza, presidente da Associação Bra-sileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (A-bimaq), diz que a ideia é apresentar o manifesto paratoda a sociedade. "Nosso movimento não tem nada aver com questões políticas. Queremos o re-lançamento da indústria brasileira."

A iniciativa, diz ele, reúne empresas e trabalhadores,porque o Brasil está se desindustrializando e dei-

xando de gerar empregos mais qualificados. "A in-dústria é a única maneira de o Brasil voltar a crescer.Não vamos crescer apenas exportandocommodities."

Segundo Pastoriza, o manifesto deve reivindicaruma política clara de estímulo ao desenvolvimentoda indústria, que precisa de condições ma-croeconômicas mais favoráveis, como câmbio maisdesvalorizado, taxas de juros menores, carga tri-butária mais amena e infraestrutura mais eficiente.

O movimento conta com a participação das seis prin-cipais centrais sindicais. Segundo Ricardo Patah,presidente da União Geral dos Trabalhadores (UG-T), a primeira reunião deve acontecer na próxima se-mana, quando serão definidos uma agenda e prazospara elaboração de propostas. "A indústria é o setorque mais gera empregos de qualidade, mas foi o quemais perdeu espaço no PIB nos últimos anos. Vamosiniciar um processo para resgatar o setor."

06 de março de 2015CNI

O Estado de S. Paulo

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Um país que perde eficiência NOTAS & INFORMAÇÕES

A constatação, por um recente estudo daConfederação Nacional da Indústria (CNI ),deque a produtividade média do trabalhador brasileiropor hora de trabalho é a mais baixa entre 12 paísescom os quais o Brasil disputa mercados comprovaque pouco se fez nos últimos anos para aumentar aeficiência do setor produtivo nacional. Continua a seampliar o fosso entre o Brasil e outros países no quese refere à capacidade de conquistar e manter espaçosno mercado mundial, sobretudo o de produtos in-dustrializados.

Em nota na qual examina a evolução dacompetitividade da indústria brasileira entre 2002 e2012, a equipe econômica da CNI mostra uma gran-de disparidade entre o que vem ocorrendo no Brasil enos países com presença destacada no comérciomundial, como Estados Unidos, Japão, Alemanha,França, Coreia do Sul, Cingapura e Taiwan.

Tomando como base um indicador chamado CustoUnitário do Trabalho, calculado em dólares e re-sultado de uma combinação de salário real, pro-dutividade do trabalho e taxa de câmbio, o estudo daCNI constatou que, ao longo do período estudado,apenas quatro países perderam competitividade e,dentre estes, o Brasil foi destacadamente o que maisperdeu. Aqui, o custo do trabalho aumentou 9%, bemmais do que o segundo país que mais perdeu com-petitividade, a Austrália, onde o custo de produçãocresceu 5,3%.

No outro extremo, o dos países que se tomaram maiscompetitivos, a liderança é da Coreia do Sul, onde ocusto unitário do trabalho diminuiu 6,2%. Até paísesque há muito tempo lideram as estatísticas de pro-dutividade e competitividade registraram avanço. Ocaso dos Estados Unidos, a maior economia do pla-neta, é exemplar: entre 2002 e 2012, o custo do tra-balho caiu 5,2%.

Dois dos três componentes do índice da CNI tiveramdesempenho pior do que o da quase totalidade dos de-mais países. A valorização do real em relação ao dó-lar foi maior do que a de todas as moedas dos paísesanalisados. Em um único caso, o de Taiwan, a moedalocal se desvalorizou na comparação com o dólar,mas com uma variação muito pequena (0,5%). Já oreal, segundo o estudo, se valorizou 7,2% ao ano en-tre 2002 e2012.0 salário real médio no Brasil cresceuà média anual de 1,8%, variação só superada pela ob-servada naCoreia do Sul, com crescimento anual mé-dio de 2,5%.

No entanto, mesmo tendo registrado o maior au-mento real de salário, o que fez crescer o custo do tra-balho e reduziu sua capacidade de concorrerinternacionalmente, a Coreia do Sul foi o país quemais ganhou competitividade na lista examinada pe-la CNI. É um exemplo de que, mesmo melhorandoconstantemente a remuneração dos trabalhadores, épossível reduzir o custo proporcional do trabalho seessa melhora vier acompanhada de ganhos da pro-dutividade do trabalho.

É na produtividade que está a essência do aumento dacompetitividade da Coreia do Sul. A produtividade,medida pela quantidade de produto por hora tra-balhada, aumentou à média de 6,7% ao ano na Coreia,enquanto no Brasil o aumento ficou em apenas 0,6%aoano,o menor do grupo de12 paísesanalisados. Paí-ses com alto nível de produtividade, como EstadosUnidos, Japão e Alemanha, tiveram desempenhobem melhor, o quefez crescer adistância quesepara aeconomia brasileira das demais quanto à eficiênciaprodutiva.

Não se trata de taxa de câmbio ou da remuneração dotrabalhador, masdaqualidade damão deobra,daqua-lidade e eficiência do setor produtivo, da dis-ponibilidade de infraestrutura e ambiente denegócios que estimulem e facilitem a produção. Po-

06 de março de 2015CNI

O Estado de S. Paulo

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Continuação: Um país que perde eficiência

líticas públicas inadequadas ou mal administradas,quando elas existem, explicam o atraso brasileiro.

Para mudar esse quadro são necessários in-vestimentos públicos e privados, bem direcionados ebem geridos. E investimentos - sobretudo em tec-

nologia e inovação, indispensáveis para reinserircompetitivamente a indústria brasileira na economiaglobal - só são efetivados quando há ambiente ade-quado. Não é o ambiente que predomina no País.

06 de março de 2015Temas de Interesse | Colunas e Editoriais

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Celso Ming CELSO MING

Celso Ming

Salvar o navio

Lideranças de 39 entidades representativas da In-dústria e das centrais sindicais redigiram um do-cumento intitulado Manifesto da CoalizãoCapital-Trabalho, em que reivindicam políticas desocorro para a indústria e o respeito aos direitos tra-balhistas.

O foco é a desidratação da indústria por quatro fa-tores principais: juros altos demais, câmbio va-lorizado (dólar barato), excessiva carga tributária eimpostos cumulativos (em cascata). Os signatáriosdo manifesto reivindicam uma política que dê ho-rizonte à indústria nacional.

Os obstáculos e as travas de que se queixam in-dustriais e sindicalistas são reais. A indústria perdeucompetitividade por todos esses problemas epor ou-tros não mencionados, como a infraestrutura ruim ecara, a falta de reformas, excesso de burocracia, cor-rupção, Justiça lenta demais e feita de acordos co-merciais que abram espaço para o produto industrialno exterior.

No entanto, de nada adianta derrubar os juros, puxaro câmbio e desonerar a indústria se antes o problemadebasenãofor equacionado. Eo problemadebaseéoda enorme fragilidade dos fundamentos da eco-nomia. Nenhuma política industrial se mantém depé e nenhum crescimento econômico será sus-tentável se as contas públicas estiverem tão de-sarrumadas como estão agora.

Não dá para dizer, por exemplo, que o primeiro man-dato da presidente Dilma não teve política in-dustrial. Os juros foram afundados na marra, ocrédito avançou cerca de 75% nesses quatro anos porindução do governo, as despesas públicas foram for-temente expandidas para criar mercado interno, osimpostos sobre vendas de veículos, de aparelhos do-mésticos e de materiais de construção foram re-duzidos, o ex-ministro Guido Mantega determinouampla desoneração das folhas de pagamentos quecustou 25 bilhões por ano, o governo criou reservasde mercado e exigências mínimas de conteúdo localpara setoresconsiderados estratégicos. Além disso, apolítica alfandegária continua altamente pro-tecionista, e as tarifas de insumos importantes para aprodução, como energia elétrica e combustíveis fo-ram deliberadamente achatadas.

Tudo isso não foi pouca coisa. E com que resultado.A indústria está arriada como todos estão vendo. Portrás do fracasso está um fracasso maior: a de-sarrumação das contas públicas, que atirou a inflaçãopara acima dos 7% ao ano, o que obriga o governo afazer agora essa enorme operação de aperto de cintose de distribuição de contas à sociedade.

A partir do momento em que os fundamentos da eco-nomia voltarem à ordem e se puder dispensar o con-curso dos bombeiros, as incertezas se desvanecerão eo setor produtivo terá chão firme para planejar seusnegócios. Além disso, haverá campo para que o go-verno federal, seja de que orientação for, possa de-

06 de março de 2015Temas de Interesse | Colunas e Editoriais

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Continuação: Celso Ming

finir uma política industrial com um mínimo derealismo.

O manifesto em questão padece de um problema debase. O de não levar em conta os problemas originaisda economia. Desfila reclamações, como o pas-sageiro que reclama da água que entra por debaixo daporta de sua cabine, mas ignora o rombo no casco donavio. A hora é de salvar o navio e não de enxugar aágua com rodo e pano de chão.

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Desabando

Fevereiro foi um mês de queda livre nas vendas de

veículos. As estatísticas ontem divulgadas pela An-favea, a instituição do setor, mostram que, no mêspassado, o licenciamento de veículos foi 26,7% me-nor do que em janeiro e 28,3% menor do que em fe-vereiro de 2014. A redução do poder aquisitivocausada pela inflação, a antecipação às compras porforça da redução do IPI e o comportamento con-servador do consumidor explicam a maior parte des-sa fase ruim.

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Os empresários querem ação para saber a indústria.Mas sem antes salvar a economia não é possível a in-dústria

06 de março de 2015Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

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Montadoras demitem 1.846 em fevereiro ECONOMIA

Indústria automobilística emprega 142,3 mil pessoasno País, o menor contingente desde maio de 2011; es-toque é de 329 mil veículos

Cleide Silva

Comprodução em queda acentuada eestoquesem ní-veissimilaresaos do final de2008, no auge dacrise fi-nanceira internacional, a indústria automobilísticademitiu em fevereiro 1.846 trabalhadores. Nos doisprimeiros meses do ano, já foram eliminadas 2,2 milvagas. O setor emprega atualmente 142,3 mil pes-soas, o menor contingente desde maio de 2011.

Apesar dos cortes e das várias medidas de redução daprodução, como férias coletivas, folgas e lay-off(suspensão dos contratos de trabalho), fábricas e re-vendas têm atualmente 329 mil veículos em estoque,suficientes para 50 dias de vendas. A última vez quedados semelhantes foram registrados foi em no-vembro de 2008.0 setor considera normal estoquespara 25 a 30 dias.

A produção de veículos caiu 2,3% em fevereiro nacomparação com janeiro e 28,9% em relação ao mes-mo mês do ano passado. Foram fabricadas 200,1 milunidades, o mais baixo volume desde fevereiro de2009, segundo dados divulgados ontem pela As-sociação Nacional dos Fabricantes de Veículos Au-tomotores (Anfavea).

No bimestre, a produção teve queda de 22% na com-paração com igual período de 2014. "O resultado éreflexo do desempenho do mercado interno (que caiu23,1% no período) e das exportações (com reduçãode 7.2%)", justifica o presidente da Anfavea, LuizMoan.

O executivo credita o atual cenário a fatores comoperda da confiança dos consumidores, medidas deajuste econômico, efeitos da alta do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) em janeiro, créditoescasso e mais caro, além do menor número de diasúteis em fevereiro, por causa do carnaval.

Com esse desempenho fraco no primeiro bimestre,no próximo mês a Anfavea vai refazer suas previsõespara 2015. As apostas no início do ano eram de es-tagnação nas vendasealtade4% naprodução ede1%nas exportações. Segundo Moan, os novos númerostrarão significativa queda em todos os itens.

"Março vai ser um mês crítico para avaliar qual vaiser a nova tendência do mercado. Ao ritmo atual, asvendas não superariam os 3 milhões de unidades",diz Jaime Ardila, presidentedaGeneral Motors Amé-rica do Sul, indicando que a queda podería ficar pró-xima de 14%.

Nesta semana, a Federação Nacional da Distribuiçãode Veículos Automotores (Fenabrave) reviu sua pro-jeção de queda de 0,5% para 10% neste ano.

Excedente. Apesar do corte de empregos, Moan dizque as montadoras têm feito grande esforço para pre-servar postos. Na próxima segunda-feira, por exem-plo, a Fiat dará férias coletivas a 2 mil trabalhadoresda fábrica de Betim (MG) por 20 dias e a GM iniciaránovo programa de lay-off para 473 trabalhadores deSão José dos Campos, segundo o sindicato dos me-talúrgicos local. A empresa chegou a falar em dis-pensa de 650 a 800 trabalhadores.

Moan admite, contudo, que as empresas "têm um ex-cedente de pessoal bastante forte". Ele lembra que,em fevereiro de 2009 - ano em que foram produzidos3,1 milhões de veículos -, as montadoras em-pregavam 124 mil pessoas. Hoje, são 18 mil amais.

"Não quer dizer que todos sejam excedentes, pois hácontratações nas novas fábricas e nas empresas queaumentaram capacidade", afirma Moan. Ele ressalta

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Continuação: Montadoras demitem 1.846 em fevereiro

ainda que a mão de obra das montadoras é altamentequalificada "e a última coisa que desejamos é perderesse pessoal".

Segundo Moan, a Anfavea e outras entidades, in-cluindo centrais sindicais, continuam discutindocom o governo a proposta do Programa Nacional deProteção ao Emprego, que seria uma substituição aolay-off a ser adotado em tempos de crise. Governo eempresas bancariam os salários dos trabalhadoresem vez de acionar o segur-odesemprego.

México. A Anfavea espera para os próximos dias um

entendimento entre os governos do Brasil e do Mé-xico para o acordo automotivo entre os dois paísesque vence em março. A entidade defende a ma-nutenção do regime de cotas, enquanto o México in-siste no livre-comércio.

Segundo aAnfavea, acota deexportações do períodode março de 2013 a março de 2014, de US$ 1,64 bi-lhão, foi integralmente utilizada pelo México. Já oBrasil exportou de 75% a 80% da cota, em razão da-baixa competitividade de seus produtos.

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Continuação: Montadoras demitem 1.846 em fevereiro

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Entre realidade e mudança ECONOMIA

Monica Baumgarten de Bolle

'Quando a realidade muda, a gente muda,disse a pre-sidente Dilma Rousseff recentemente, em defesa dasmedidas deajuste fiscal propostas por seu ministro daFazenda. Conquanto essas palavras possam ter dei-xadomuitos aliviadoseoutros tantos aturdidos com areviravolta presidencial,há muito o que delinear damudança. O ajuste fiscal é necessário, o rea-linhamento depreçosartificialmente represadoséne-cessário, a desvalorização do câmbio é necessária.Urge fazer tudo isso para queo mecanismo depreços,o melhor indicador de escassez e abundância, o ins-trumento que garante a alocação eficiente de re-cursos, funcione sem problemas. Mas não basta Qualo modelo para o Brasil? Como fezer a economia vol-tar a crescer uma vez que as condições necessáriaspara o realinhamento dos preços tenham sido aten-didas? Alguns dizem que é o "modelo deinvestimentos em infraestrutura", outros falam de"investimento em educação". Investir em in-fraestrutura e em educação é como cautela e canja degalinha - sem isso não se vai a lugar algum, como atéos mais ferrenhos opositores do ajuste de Levy ha-verão de concordar. Mas o investimento em edu-cação, quando bem feito, demora a surtir efeito. Oinvestimento

em infraestrutura também. O que de feto é possívelfazer no curto prazo para alavancar o crescimentobrasileiro?

Em 2013, o Peterson Institute for International Eco-nomics (PIIE),um dos mais prestigiados centros depesquisa em política econômica no mundo, produziulivro intitulado Local Content Requirements: a Glo-bal Problem (Regras de Conteúdo Locai um Pro-blema Global). Regras de conteúdo local são ummecanismo protagonista com a pelo poderoso: o defavorecer as firmas nacionais em detrimento das em-presas internacionais, algo como "às firmas bra-

sileiras, todo o mercado doméstico". O estudo doPIIE documenta a proliferação das regras de con-teúdo local desde a crise de 2008 e adverte: as regrasde conteúdo local, ao desconsiderar o mecanismo depreçosnaalocação derecursos e favorecercotas e im-posição de quantidades - o quanto de um determinado insumo produtivo deve ser comprado localmente,por exemplo -, são mecanismo com enorme ca-pacidade de emperrar por completo as cadeias pro-dutivas domésticas, ao contrário do que imaginam osgovernos que decidem instituí-los.

O Brasil é campeão global no quesito imposição deregras de conteúdo local, documenta o estudo doPIIE. Desde 2008, foram 15 medidas implantadas,ante 10 na China, 9 na índia e 8 na Argentina. Evi-dentemente, um dos setores mais atingidos por essasregras é o de óleo e gás. Dizo estudo: "Regras de con-teúdo local são fundamentalmente opacas, o que astoma suscetíveis à má aplicação, a práticas cor-ruptas".

Portanto.além de promover em travas relevantes nossetores em que são instituídas, as regras de conteúdolocal abrem flanco pernicioso, sem qualquer be-neficioevidente. Comoaponta a literaturaacadêmicasobre o tema, o impacto das regras de conteúdo localé,no melhor dos casos, incerto,no pior dos casos,francamente negativo.

Faço coro com quem acredita que o melhor caminhopara nossa economia recuperara produtividade e acapacidade de crescer é a abertura econômica. O Bra-sil, como uma das economias mais fechadas do pla-neta, está em total desalinho com seus grandes paresemergentes. A índia deve crescer mais que a Chinaeste ano, entre outros motivos,porque fez esforço pa-ra se abrir e é, hoje, economia muito mais aberta aocomércio que o Brasil.Abertura econômica tem vá-rias facetas: de acordos bilaterais de comércio à re-dução de barreiras ao posicionamento estratégico do

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O Estado de S. Paulo

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Continuação: Entre realidade e mudança

país. Queremos mesmo ser eternamente dependentesdo Mercosul de Kirchnere Maduro? Mas, antes dis-so tudo,abertura econômica passa por redução doprotecionismo. E não se reduz o protecionismo semeliminar as nefastas regras de conteúdo local.

A realidade mudou, a crise de 2008 não está mais aípara justificar medidas ultrapassadas. Atéquandose-remosobrigadosaaturá-las? Eisuma boareflexãopa-

ra a presidente da República.

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ECONOMISTA, SÓCIA-DIRETORA DA GA-LANTO I MBB CONSULTORIA EGLOBAL FEL-LOW, BRAZIL INSTITUTE I WILSON CENTER

06 de março de 2015Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Folha de S. Paulo

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Em crise, montadoras falam em excesso de mão deobra

MERCADO

Vendas recuam para 185,9 mil unidades e voltam aospatamares de 2008

Descompasso alimenta expectativa de mais de-missões; entidade deve rebaixar previsão de vendaspara 2015

A indústria automotiva brasileira tem hoje um "ex-cedente de trabalhadores", segundo Luiz Moan, pre-sidente da Anfavea (associação dos fabricantes deveículos).

A declaração foi dada durante o balanço de fevereiro,que mostrou queda de 28,9% na produção de au-tomóveis e comerciais leves na comparação com fe-vereiro do ano passado.

Foram 200,1 mil unidades fabricadas no mês pas-sado, número também menor que os 204,8 mil carrose utilitários produzidos em janeiro.

No mesmo período, o número de postos de trabalhoteve queda bem menor. Foram 142,3 mil vagas ocu-padas em fevereiro, queda de 1,3% sobre janeiro e de8,8% ante o mesmo mês de 2014.

A Anfavea ressaltou que, mesmo em queda, o nú-mero ainda é maior do que os cerca de 124 mil postosde 2009.

Desde o começodeste ano, já foram desligados 1.846trabalhadores da indústria automotiva, e sindicatosdo setor temem novas demissões.

Quanto às vendas, o mercado nacional emplacou185,9 mil unidades em fevereiro, voltando aos pa-tamares de novembro de 2008.

A queda dos licenciamentos sobre janeiro, quandoforam emplacadas 253,8 mil unidades, é de 26,7%,enquanto a retração sobre fevereiro de 2014 (259,3mil) chega a 28,3%.

"Os dois principais fatores para essa queda con-siderável são a volta da cobrança do IPI [Imposto so-bre Produtos Industrializados] e a falta de confiançado consumidor na economia", diz Luiz Moan.

EXPORTAÇÕES

Na contramão das vendas e da produção, as ex-portações tiveram alta no período.

Com a subida do dólar para o patamar de R$ 3, a mé-dio prazo os veículos brasileiros ficarão mais com-petitivos no exterior, embora se esperem "grandesprejuízos" a curto prazo com o aumento de insumosimportados.

A Fenabrave (associação dos lojistas) prevê que asvendas caiam 10% neste ano.

A Anfavea antecipará sua previsão para abril, devidoa "uma piora considerável no quadro econômico".

RODRIGO MORA DE SÃO PAULO

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Folha de S. Paulo

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Continuação: Em crise, montadoras falam em excesso de mão de obra

06 de março de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Folha de S. Paulo

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Marcos Troyjo MARCOS TROYJO

Brasil-náusea

Marcos Troyjo

Embrulho no estômago vem da sensação de des-perdício de oportunidades e de futuro não cons-truído

A imagem do Brasil no mundo encontra-se em cor-rosão. Oxidantes são fartamente oferecidos por nos-so disfuncional governo.

Consultorias, agências de risco e bancos apontam opolegar para baixo. Telegramas das embaixadas emBrasília às suas capitais pintam nosso imbróglio po-lítico-econômico de cinza. Dissemina-se uma "Bra-sil-náusea".

A reputação no exterior é balanço de ativos e per-cepções. No campo objetivo, fundamentos ma-croeconômicos, desempenho de empresas, recursosnaturais, projeção geopolítica. No subjetivo, valoresda política exterior, capacidade de inovar, projeto na-cional alinhado às grandes tendências do cenário glo-bal.

Ambas as frentes estão em desequilíbrio. O mundosegue para um lado, o Brasil, para outro. Daí "náu-sea", que remete à instabilidade no mar. Águas re-voltas --menor liquidez disponível aos emergentes,desvalorização de commodities. Barco sem rumo--capitã e tripulação batem cabeça e dificultam as se-veras e necessárias manobras do timoneiro das fi-nanças.

Em anos recentes, a percepção do país já foi pior.

Quando o PT tentou desplugar o "lulômetro" em2002, Wall St. aconselhou que o melhor era não ga-nhar as eleições. Como risco-país a 2.500 pontos, eraa Brasil-fobia.

A Carta ao Povo Brasileiro, Henrique Meirelles e aFazenda de Lula 1.0 produziram a inflexão. Pré-sal,apetite chinês por commodities, demografia e a ala-vanca do crédito nutriram o entusiasmo pelo país.

A política comercial-industrial supostamente con-tracíclica em 2008/9 fabricou os 7,5% de cres-cimento em 2010. Paul Krugman nos chamava de"queridinhos do mercado". Superávamos o ReinoUnido como sexta maior economia. Segundo Man-tega, ultrapassaríamos aFrança agora em 2015. Era aBrasil-mania.

Oscilações na imagem internacional não são mo-nopólio do Brasil. E mudanças de humor ocorrem ra-pidamente. Antes da chegada de Raghuram Rajan aoBanco Central e a eleição de Narendra Modi, a Índiaatolava-se numa paquidérmica estagnação. O pri-meiro tornou-se czar da economia em setembro de2013. O segundo conta apenas nove meses como pri-meiro-ministro.

No rescaldo da crise dos subprimes, decretava-se odeclínio definitivo dos EUA. Hoje, com a elevaçãodos custos na China, refluem operações para a in-dústria americana. Sua economia descola-se do ma-rasmo europeu. Sua diplomacia volta a ser crucial naÁsia, Europa do Leste e América Latina. Agora, osEUA são vistos como superpotência "reemergente".

O sentimento no exterior não é de que o Brasil se tor-

06 de março de 2015Temas de Interesse | Comércio Internacional

Folha de S. Paulo

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Continuação: Marcos Troyjo

nará um "Estado Fracassado". O embrulho no es-tômago vem da sensação de desperdício deoportunidades, gerações que se consomem e futuronão construído.

Ospróximos18 mesesserãodeprovação, maso paísémaior quefantasmas do curto prazo. Esta fasedeBra-sil-naúsea pode não ser de todo ruim. Talvez sig-

nifique que o sistema de defesa do organismo estejafuncionando.

Algo de errado --o modelo brasileiro de capitalismode Estado-- teria de ser expelido. Com isso, o país re-tomaria seu amplo patrimônio de potencialidades.

06 de março de 2015Federações | FIESP

Folha de S. Paulo

cni.empauta.com pg.30

Produtividade na indústria de máquinas cai 2,9% aoano - Mercado aberto

MERCADO ABERTO

Maria Cristina Frias

A produtividade dos trabalhadores da indústria demáquinas e equipamentos para a construção civil nopaís sofreu uma queda real (considerada a inflação)de 2,9% ao ano entre 2007 e 2014.

O resultado é pior que o projetado pela Fiesp(federação paulista das indústrias). A entidade es-perava que o recuo ficasse em 1,5%.

A retração mais acentuada ocorreu porque a mão deobra disponível não conseguiu atender toda a de-manda, impulsionada por obras imobiliárias e ha-bitacionais, como as do programa federal MinhaCasa Minha Vida.

"O segmento precisou contratar às pressas pessoascom menor ou nenhuma qualificação e isso im-pactou o ritmo da produtividade", afirma FernandoGarcia, consultor da entidade.

Entre 2007 e 2014, também houve carência de en-genheiros em todas as especialidades, segundo Gar-cia.

"O resultado disso foi que o custo das obras e o preçofinal dos empreendimentos aumentaram", afirma.

O valor da produção de maquinários atingiu R$ 20,3bilhões no ano passado, com crescimento anual realde 1,7% desde 2007.

"O desempenho só não foi maior durante o ciclo por-

06 de março de 2015Federações | FIESP

Folha de S. Paulo

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Continuação: Produtividade na indústria de máquinas cai 2,9% ao ano - Mercado aberto

quea indústria nacional nãoconseguiu atendero con-sumo interno e cedeu espaço aos produtosimportados."

O faturamento do segmento industrial de máquinas eequipamentos para a construção foi de R$ 20,1 bi-lhões em 2014 -expansão real de 3,9%, estima a fe-deração.

O setor emprega cerca de 69 mil trabalhadores.

06 de março de 2015Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

O Globo

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Crescimento menor da China afetará Brasil ECONOMIA

País asiático revê para 7% sua expansão em 2015,a menor em 25 anos

Renata Malkes

O tom do anúncio indicou que o governo chinês devecaminhar mais rápido rumoareformas capazes deal-terar um modelo econômico tido como ultrapassado.Mas, mesmo assim, quando o primeiro-ministro daChina, Li Keqiang, reduziu ontem a meta de cres-cimento do país para cerca de 7% este ano - a maisbaixa em 25 anos - os mercados reagiram com preo-cupação. Li destacou que a projeção reflete apenas"um novo normal" mas os sinais de desaceleração dasegunda maior economia do mundo causaram tre-mores no mercado internacional. E no Brasil.

QUEDA NAS EXPORTAÇÕES

Isso ocorre porque o mercado chinês é o maior com-pradordeprodutos brasileiros como sojaeminériodeferro.No anopassado, as exportaçõespara aChina fi-caram em US$ 40,6 bilhões 11,8% a menos que osUS$ 46,026 bilhões registrados em 2013. E a de-saceleração do país asiático tende a reduzir a de-manda por commodities, contribuindo ainda maispara a queda dos preços desses produtos. O de-saquecimento chinês já tem efeitos mundiais. O

Chile, por exemplo, está exportando menoscobre, eaIndonésia, menospetróleoemadeira. Austrália eBra-sil vendem menos minério de ferro.

- A situaçãochinesa torna nossascondições no Brasilainda piores, porque as exportações estão caindo. Seo Brasil estivesse em uma boa situação fiscal, com ascontas externas equilibradas e sem um alto risco in-flacionário, poderia reagir - observou André Nassif,professor de Economia da Universidade Federal Flu-minense (UFF) e coordenador da pós-graduação daFundação Getúlio Vargas (FGV).

O cenárioera previsto. Em janeiro,o relatório GlobalEconomic Prospects, do Banco Mundial, já alertavaqueuma desaceleração de1 pontopercentual no cres-cimento chinês poderia levar à redução de 0,8 pontoda expansão da economia brasileira em um períodode dois anos. Trata-se de um impacto superior ao sen-tido pela América Latina (0,6 ponto) e um pouco me-nor que o revés que sofreriam Peru e Argentina (cercade 1 ponto).

"O crescimento na América Latina e no Caribe re-cebeu impulso substancial da China na primeira dé-cada dos anos 2000 através dos crescentes laços decomércio, investimento e do mercado decommodities. A fatia das exportações da região paraa China aumentou dez vezes entre 2000 e 2013"a-pontou o relatório.

Mas o quadro mudou. Uma China em desaceleraçãoterá impacto de longo prazo sobre os países latinos.Afinal, os chineses agora tentam deixar para trás ocrescimento baseado no investimento alimentadope-lo crédito para um novo modelo, puxado por con-sumo e serviços.

O premierchinês tentou minimizara redução do cres-cimento. A nova meta de 7% é inferior aos 7,5% pro-jetados para 2014, quando o país cresceu 7,4%. Em

06 de março de 2015Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

O Globo

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Continuação: Crescimento menor da China afetará Brasil

2013, a expansão fora de 7,7%.

- A pressão para baixo na economia da China está seintensificando. Problemas enraizados no de-senvolvimento econômico estão se tomando maisóbvios. As dificuldades que estamos enfrentandoneste ano podem ser maiores do que no ano passado.O novo anoécrucial para aprofundar reformas gerais- declarou Li na abertura da reunião anual do Par-lamento.

Ele prometeu reforçar o o combate à corrupção eavançar para liberalizar o sistema bancário e os mer-cados financeiros:

- Para neutralizar os problemas e riscos, evitar cair naarmadilha da renda médiaealcançar amodernização,a China tem que contar com o desenvolvimento, e odesenvolvimento exige taxa de crescimento apro-priada. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento eco-nômico da China entrou em um novo normal.

"0 desenvolvimento econômico da China entrou emum novo normal"

Li Keqiang

Primeiro-ministro chinês

06 de março de 2015Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

O Globo

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Empresários e sindicalistas preparam manifesto ECONOMIA

CONTRA OS AJUSTES

Centrais sindicais e entidades patronais estão fi-nalizando um documento intitulado "Manifesto dacoalizão capital-trabalho para competitividade e odesenvolvimento", que cobra medidas de incentivo àindústria e pressiona o governo para que os ajustesfiscais não atinjam os trabalhadores. O texto será en-tregue à presidente Dilma Rousseff e ao Congresso

na próxima semana, segundo contou Ricardo Patah,presidente da União Geral dos Trabalhadores (UG-T). CUT e Força Sindical encabeçam a elaboração dodocumento, ao lado da Associação Brasileira da In-dústria de Máquinas (Abimaq). Outras associaçõescomo aAbit,do setor têxtil; Unica, dacana deaçúcar;Onip, do segmento petrolífero; e Cbic, da cons-trução, também assinam o documento.