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Brasília - DFpirhgrande.ana.gov.br/Arquivos/2.Diagnostico_Preliminar/NT_Geologia... · (Grupo Bambuí) e da Formação Barroso (Grupo São João Del Rei). É o único representante

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Brasília - DF

2015

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1. GEOLOGIA DA BACIA DO RIO GRANDE

1.1. INTRODUÇÃO

A Bacia Hidrográfica do Rio Grande (BHRG) está inserida em região de grande variabilidade

e complexidade geológica, com ocorrências de rochas com idades superiores a 4 bilhões de anos e

depósitos recentes do quaternário. Na região hidrográfica afloram rochas associadas a quatro

compartimentos geotectônicos, que compreendem as Províncias Estruturais São Francisco,

Mantiqueira e Tocantins, e a Bacia Sedimentar do Paraná. As rochas associadas aos três primeiros

compartimentos são predominantemente granítico-gnáissicas, de idade pré-cambriana, ígneas ou

metamórficas, enquanto que as rochas associadas à Bacia do Paraná são predominantemente

sedimentares, com intrusivas básicas associadas. Em superfície, as rochas da Bacia do Paraná

representam cerca de 51% da área total da Bacia do Rio Grande. A Figura 1.1 mostra o mapa

geológico da bacia hidrográfica, bem como um perfil geológico esquemático NW-SE.

A região oeste da bacia está assentada sobre rochas sedimentares da bacia do Paraná, com

predomínio de relevo plano a suave ondulado, às vezes forte ondulado, e com menores altitudes,

variando entre 270 e 700 metros. As cotas mais elevadas, podendo alcançar altitudes superiores a

2.600 metros, estão associadas à região leste, com predominância de rochas da Província Tocantins

e relevo variando de ondulado a forte ondulado, podendo apresentar-se montanhoso a escarpado em

algumas regiões, e associadas a rochas metamórficas e ígneas pré-cambrianas. O potencial hídrico subterrâneo da região está intimamente vinculado às rochas aflorantes e

ao relevo predominante, com maior potencial em regiões com predomínio de relevo plano a suave

ondulado, associado a rochas sedimentares. Desta forma, a região oeste da Bacia do Rio Grande,

com relevos mais planos e predominância de rochas sedimentares, possui o maior potencial hídrico

subterrâneo da bacia, com importantes aquíferos granulares, enquanto que a região leste da bacia,

com rochas cristalinas e relevo mais movimentado, há predominância de aquíferos fissurais.

1.2. EMBASAMENTO CRISTALINO NA BACIA DO RIO GRANDE

O embasamento cristalino da Bacia do Rio Grande está associado às províncias São Francisco,

Tocantins e Mantiqueira. As rochas da Província São Francisco afloram em cerca de 14% da bacia

hidrográfica, em seu extremo leste-nordeste. São rochas com idades que variam do

Paleoproterozoico ao Arqueano, representadas, em sua maioria, por complexos gnáissico-

migmatíticos, ortognaisses, sequências metavulcanossedimentares, intrusivas graníticas a

tonalíticas.

Segundo Alkmim & Marshak (1998) as rochas da Província São Francisco foram pouco

afetadas pelo grande evento tectônico durante o Ciclo Brasiliano, ocorrido entre 630 e 490 milhões

de anos. Estão inseridos na Província São Francisco os Complexos Gnáissicos-Migmatíticos

arqueanos, a Suíte Alto Maranhão, o Complexo Piedade, o Grupo São João Del Rei, o Complexo

Granulítico São Bento dos Torres, a Suíte Alcalina Serra das Matolas, o Grupo Bambuí, além de

granitoides, gnaisses e granitos indiferenciados.

Regionalmente as rochas associadas à Província São Francisco compreendem conjuntos

litológicos com baixo potencial hídrico subterrâneo, no entanto, podem representar aquíferos locais

com importância hidrogeológica média a alta, principalmente quando associados a rochas

quartzíticas e carbonáticas. Os grupos Bambuí e São João Del Rei possuem formações carbonáticas

que caracterizam aquíferos cársticos quando associados às formações Sete Lagoas e Barroso,

respectivamente. Neste caso, o potencial hídrico subterrâneo é alto, e, localmente, compreendem

importantes aquíferos. As rochas da Província São Francisco afloram nas unidades de gestão hídrica

(UGHs) do Alto Grande, Vertentes do Rio Grande e Entorno do Reservatório de Furnas.

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Figura 1.1 - Mapa geológico da Bacia do Rio Grande.

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As rochas da Província Tocantins afloram em cerca de 34% da área da bacia, ocorrendo nas

regiões sul-sudeste, e são representadas principalmente por gnaisses, migmatitos, metapelitos,

xistos, entre outras rochas neoproterozoicas associadas ao Complexo Varginha-Guaxupé, além de

xistos e quartzitos relacionados aos Grupos Araxá e Andrelândia. Segundo Pimentel et al. (2000) a

Província Tocantins localiza-se na região central do Brasil e representa um extenso orógeno

neoproterozoico relacionado à Orogenia Brasiliana/Pan-Africana. Também estão associados à

Província Tocantins os granitoides do Orógeno Socorro-Guaxupé, os filitos e xistos do Grupo

Canastra, além de xistos e quartzitos do Grupo Carrancas. Os grupos Araxá e Andrelândia podem

representar importantes aquíferos locais quando associados a extenso pacote de quartzitos, no

entanto, há predomínio de xistos com baixo potencial hídrico subterrâneo nos dois grupos. As

rochas associadas à Província Tocantins afloram nas UGHs do Alto Grande, Verde, Sapucaí, parte

do Entorno do Reservatório de Furnas e Mogi Guaçu/Pardo.

As rochas da Província Mantiqueira ocupam menos de 1% da área da bacia e afloram em

pequenas faixas na porção sul e sudeste da região. Segundo Heilbron et al. (2004), a Província

Mantiqueira se estende ao longo da costa brasileira, desde o sul da Bahia até o Uruguai e está

estabelecida sobre um domínio de rochas de idade proterozoica, composto por uma grande área de

composição granito-gnáissica e metassedimentos. Na região da BHRG estão associados à Província

Mantiqueira apenas os granitoides do Orógeno Paranapiaçaba e a Suíte Alcalina Serra das Matolas,

com afloramento nas UGHs dos rios Verde e Sapucaí.

Em relação à hidrogeologia, o Embasamento Cristalino na Bacia do Rio Grande pode ser

classificado em relação à porosidade em duas categorias: domínio fraturado (rochas cristalinas) e o

domínio cárstico (rochas carbonáticas). A região é formada pelos seguintes sistemas aquíferos:

Sistema Aquífero Carbonático - formado pelas rochas calcárias da Formação Sete Lagoas

(Grupo Bambuí) e da Formação Barroso (Grupo São João Del Rei). É o único representante

do domínio cárstico na região da BHRG.

Sistema Aquífero Quartzítico - é constituído pelas rochas predominantemente quartzíticas

da Formação Tiradentes e de parte dos grupos Andrelândia, Carrancas, Araxá e Itapira.

Sistema Aquífero Xistoso - formado predominantemente pelas rochas xistosas e filíticas de

médio a baixo grau metamórfico (xistos, filitos, ardósias, folhelhos, arcóseos, etc.),

associadas aos Grupos Macaúbas, Araxá, Grupo e Supergrupo Rio das Velhas e Formação

Ibiá.

Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico - constituído de rochas ígneas e metamórficas de alto

grau (granitos, gnaisses, migmatitos, granodioritos, anfibolitos, pegmatitos, etc.).

1.3. ROCHAS SEDIMENTARES NA BACIA DO RIO GRANDE

A Bacia Sedimentar do Paraná apresenta a maior expressão em área na Bacia Hidrográfica do

Rio Grande, ocupando toda a sua metade oeste-noroeste, com cerca de 51% da área total da bacia e

presente nas UGHs do Turvo, Pardo, Baixo Pardo, Mogi Guaçu, Sapucaí, Médio e Baixo Grande,

e Mantiqueira. Trata-se de uma sequência predominantemente sedimentar, paleozoica, com grande

sedimentação de ambiente predominante marinho e glacial no Carbonífero e Permiano (formações

Aquidauana, Tatuí, Irati e Corumbataí, e Grupo Itararé), significativa sedimentação eólica no

Triássico e Jurássico (formações Pirambóia e Botucatu), generalizado evento de intrusões e

derrames de natureza básica no Cretáceo Inferior (Formação Serra Geral) e sedimentação eólico-

flúvio-lacustre no Cretáceo Superior (grupos Bauru e Caiuá, e Formação Itaqueri).

Com um preenchimento sedimentar predominantemente siliciclástico, a Bacia Sedimentar do

Paraná é descrita por Milani (1997) como um arcabouço aloestratigráfico de seis supersequências

formadas por pacotes rochosos que representam intervalos temporais de evolução, denominadas de

Supersequência Rio Ivaí, Supersequência Paraná, Supersequência Gondwana I, Supersequência

Gondwana II, Supersequência Gondwana III e Supersequência Bauru (figuras 1.2 e 1.3). As três

primeiras sequências caracterizam ciclos completos de transgressão e regressão marinhas ligadas

às oscilações do nível relativo do mar no Paleozoico, enquanto as outras representam a deposição

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continental e rochas vulcânicas associadas (Milani et al., 2007). As supersequências Rio Ivaí,

Paraná e Gondwana II não estão presentes na Bacia do Rio Grande.

A Supersequência Gondwana I representa um ciclo transgressivo-regressivo completo, com

as unidades apresentando características sedimentares que indicam uma variação nas condições

deposicionais, desde uma marcante influência glacial, no Neocarbonífero, até um amplo e árido

interior continental com domínio de campos de dunas eólicas, no Mesozoico. Engloba o maior

volume de sedimentos da bacia com espessura média de 2.500 metros. Na Bacia do Rio Grande a

Supersequência Gondwana I é representada pelos grupos Itararé e Passa Dois e pelas formações

Aquidauana, Tatuí e Pirambóia.

O Grupo Itararé é formado por sedimentos de idade permo-carbonífera, composto por arenitos

finos a grossos avermelhados, esbranquiçados e amarelados, e predominantemente siltitos, ritmitos

e folhelhos cinzentos, varvitos, diamictitos com estratificações e laminações convolutas, paralelas,

cruzadas e onduladas, depositados em ambientes glaciais (fluviais, litorâneos e plataformais) (Moro

& Brito Neves, 2004).

Figura 1.2 - Carta estratigráfica da Bacia Sedimentar do Paraná (Milani et al., 2007).

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Figura 1.3 - Coluna aloestratigráfica simplificada da Bacia Sedimentar do Paraná (modificado de Milani et al., 2007).

A Formação Tatuí é composta principalmente por arenitos e siltitos, que representam o início

da sedimentação pós-glacial que ocorreu no Permiano, formada em ambiente costeiro e de mar

aberto raso.

O Grupo Passa Dois representa o domínio de sistemas continentais na bacia de acumulação

que causaram o assoreamento da bacia remanescente no período Permiano. Na Bacia do Rio Grande

é representado pelas formações Corumbataí e Irati. A Formação Irati é constituída por argilitos e

folhelhos intercalados, de cores cinza-escuro a preto, pirobetuminosos e associados a níveis de

calcários dolomíticos e margosos, bastante silicificados em superfície. A Formação Corumbataí é

formada por siltitos, argilitos e folhelhos sílticos.

A Formação Pirambóia é formada por depósitos fluviais e eólicos de idade triássica e, segundo

Garcia et al. (2011), é constituída por arenito avermelhado e esbranquiçado, fino a médio,

localmente conglomerático, apresentando estratificações cruzadas de médio a grande porte, tendo

sido depositada sob condições continentais em ambiente flúvio-eólico associado, localmente, a

lagos rasos.

A Supersequência Gondwana III tem início no final do Jurássico sendo representada pelos

sedimentos eólicos de ambiente árido da Formação Botucatu e, posteriormente, no Eocretáceo,

pelas rochas vulcânicas da Formação Serra Geral. Neste contexto, estas duas formações geológicas

formam o Grupo São Bento (Zalán et al., 1987).

A Formação Botucatu é constituída por arenitos médios a finos de elevada esfericidade

vermelhos a róseos, que exibem estratificação cruzada tangencial, de médio a grande porte,

caracterizando ambiente eólico. Dominantemente é constituída por monótonos e amplos campos de

dunas e interdunas secas (Rosa Filho et al., 2003). Zonas silicificadas também são comuns nos

arenitos da Formação Botucatu principalmente na porção superior próximo ao contato com as

vulcânicas da Formação Serra Geral (Paraguassu, 1968).

A Formação Serra Geral é o resultado de um evento vulcânico ocasionado pela ruptura do

Continente Gondwana e o início da evolução do Oceano Atlântico Sul. Representa o mais volumoso

episódio de vulcanismo intracontinental do planeta, cobrindo cerca de 75% de toda a Bacia

Sedimentar do Paraná. Milani et al. (2007) descreve que cessadas as atividades vulcânicas e

promovidos os ajustes isostáticos, definiu-se uma depressão sobre o pacote basáltico onde, no

Neocretáceo, o material siliciclástico proveniente de alteração e erosão de rochas paleozoicas e pré-

cambrianas expostas nas bordas da bacia alcançou o interior após erosão e transporte por centenas

de quilômetros.

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A sedimentação ocorrida após os derrames basálticos corresponde à Supersequência Bauru,

formada em condições semiáridas, com mais umidade nas margens, e representada pelo Grupo

Bauru, e mais desérticas em seu interior, correspondente ao Grupo Caiuá. Em termos

hidrogeológicos os dois grupos compreendem o sistema aquífero Bauru-Caiuá, classificado,

segundo DAEE (1979), em Bauru Médio/Superior e Bauru Inferior/Caiuá. Paula e Silva (2003)

descreve a unidade Bauru Médio/Superior com espessuras de até 175 metros, e a unidade Bauru

Inferior/Caiuá com espessuras de até 75 metros.

Soares et al. (1980) descreveram os sedimentos da então Formação Caiuá com ocorrência

restrita à região sudoeste no Estado de São Paulo, com boas exposições nas barrancas da margem

esquerda do Rio Paraná e nas vertentes do Morro do Diabo, onde alcança até 200 metros de

espessura. Paula e Silva et al. (2003) utilizaram perfis geofísicos em poços tubulares e evidenciaram

uma sucessão de fácies com deficiência de material pelítico, associando uma deposição subaquosa

em sistemas fluviais. Segundo os autores, associações de fácies eólicas não foram identificadas nos

sedimentos associados ao Grupo Caiuá.

Fernandes (2006) descreve o Grupo Caiuá composto essencialmente por arenitos e associa a

sedimentação a um trato de sistemas eólicos interior do Deserto Caiuá, com depósitos de complexos

de dunas de cristas sinuosas eólicas de grande porte, associados à Formação Rio Paraná; depósitos

periféricos, de dunas eólicas de porte moderado, de cristas sinuosas, e interdunas úmidas/aquosas,

associados à Formação Goio-Erê; e depósitos de lençóis de areia, em extensas e monótonas

planícies desérticas, associadas à Formação Santo Anastácio. Na Bacia do Rio Grande ocorrem

pequenas exposições do grupo Caiuá associadas à Formação Santo Anastácio.

Para Milani et al. (2007) o Grupo Bauru corresponde a depósitos de trato de sistemas de clima

semiárido, formado por leques aluviais marginais, lençóis de areia atravessados por sistemas

fluviais efêmeros e zona endorrêica paludial, que alimentaram o deserto interior correspondente ao

Grupo Caiuá.

De acordo com CPRM (2004) o Grupo Bauru é constituído de arenitos finos a médios, com

intercalações de argilitos e siltitos, de origem predominantemente fluvial, subdividido nas

formações Vale do Rio do Peixe, São José do Rio Preto, Marília e Uberaba.

Além das rochas relacionadas à Bacia Sedimentar do Paraná ocorrem ainda sedimentos

cenozoicos (a exemplo da Formação Rio Claro), sobretudo representados por depósitos aluviais ao

longo das calhas dos principais rios e também exposições ocasionais de rochas do embasamento da

bacia.

Do ponto de vista hidrogeológico, a Bacia Sedimentar do Paraná na Bacia do Rio Grande

pode ser classificada em relação à porosidade em duas categorias: domínio poroso (rochas

sedimentares) e o domínio fraturado (rochas vulcânicas). Da base para o topo, a região é formada

pelos seguintes sistemas aquíferos/aquitardes:

Sistema Aquífero Tubarão - representado pelas rochas sedimentares do Grupo Itararé, e das

formações Aquidauana e Tatuí.

Aquitarde Passa Dois - é formado pelas rochas sedimentares de granulação fina do Grupo

Passa Dois, referentes às formações Irati e Corumbataí.

Sistema Aquífero Guarani - formado pelas rochas sedimentares das formações Pirambóia e

Botucatu.

Sistema Aquífero Serra Geral - formado pelas rochas vulcânicas da Formação Serra Geral,

sendo o único representante do domínio fraturado na Bacia Sedimentar do Paraná.

Sistema Aquífero Bauru-Caiuá - formado pelas rochas sedimentares dos grupos Bauru

(formações Vale do Rio do Peixe, Marília e Uberaba) e Caiuá.

Aquitarde Itaqueri - representado pelas rochas sedimentares da formação geológica

homônima.

Sistema Aquífero Rio Claro - representado pelos sedimentos cenozoicos da Formação Rio

Claro.

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2. HIDROGEOLOGIA DA BACIA DO RIO GRANDE

2.1 CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DA BACIA DO RIO GRANDE

Aquífero é um reservatório subterrâneo de água, caracterizado por formações geológicas

permeáveis, capazes de armazenar e transmitir água em quantidades que possam ser aproveitadas

como fonte de abastecimento para diferentes usos. Outras formações geológicas com

permeabilidade e transmissão reduzidas funcionam como camadas semipermeáveis ou

impermeáveis e não são consideradas como aquíferos, mas aquitardes ou aquicludes.

A importância dos aquíferos depende do volume de espaços vazios da rocha (porosidade) e

da conexão entre eles para que a água possa circular (permeabilidade). Os aquíferos podem ser

classificados quanto ao tipo de porosidade da rocha armazenadora em poroso ou granular, fraturado

e cárstico. O tipo Poroso engloba as rochas sedimentares que contêm água nos espaços entre os

grãos constituintes da rocha, representando, na maioria das vezes, os aquíferos de maior potencial

em uma região. Seu potencial hidrogeológico dependerá do tamanho e da forma dos grãos que

constituem a rocha e, de maneira geral, rochas arenosas caracterizam bons aquíferos, enquanto as

de composição argilosa possuem potencial muito baixo ou nulo, constituindo os aquitardes ou

aquicludes. O tipo Fraturado inclui as rochas ígneas e metamórficas, onde a porosidade, dita

secundária, é representada pelo espaçamento entre as fraturas e as aberturas das rochas. Quanto

maior a quantidade de fraturas interligadas e preenchidas com água, maior será a potencialidade do

aquífero em fornecer água. Nesse tipo a produtividade dos poços é extremamente variável, pois

depende da quantidade e da característica das fraturas interceptadas por determinado poço. No tipo

Cárstico, o armazenamento da água subterrânea ocorre em espaços resultantes da dissolução de

rochas calcárias.

A Bacia do Rio Grande possui aquíferos importantes, principalmente para o abastecimento

da população residente nas sedes municipais e aquitardes e aquicludes em menor proporção areal.

Segundo o Atlas Brasil de Abastecimento (ANA, 2010), 33% dos municípios com sede dentro da

bacia são abastecidas exclusivamente por mananciais subterrâneos, atendendo a uma demanda de

5.750 l/s (23,3% do total). Soma-se, ainda, 18,6% de sedes abastecidas por mananciais mistos

(superficial + subterrâneo), atendendo uma demanda de 8.409 l/s ou 34% da demanda total.

Para este diagnóstico, a caracterização hidrogeológica da Bacia Hidrográfica do Rio Grande

(BHRG) baseia-se no “Mapa de Aquíferos Aflorantes do Brasil” (ANA, 2013), no “Mapa de Águas

Subterrâneas do Estado de São Paulo” (DAEE/IG/IPT/CPRM, 2005) e no trabalho

“Disponibilidades Hídricas Subterrâneas no Estado de Minas Gerais” (Souza, 1995). As diversas

unidades geológicas/hidrogeológicas foram agrupadas ou desmembradas em sistemas aquíferos e

apresentadas de acordo com suas características hidrogeológicas. Neste sentido, os nomes dos

sistemas aquíferos adotados foram adequados diante das informações obtidas para as escalas

utilizadas neste trabalho (desde 1:100.000 até 1:1.000.000), sendo, em alguns casos, extraídos do

Mapa de Aquíferos Aflorantes do Brasil (ANA, 2013) e, em outras situações, empregados aqueles

adotados nos estados de São Paulo e Minas Gerais (DAEE/IG/IPT/CPRM, 2005; Souza, 1995),

como pode ser observado na Tabela 2.1.

Os sistemas aquíferos na área da BHRG incluem sistemas aquíferos porosos, fraturados e

cársticos (Figura 2.1 e tabelas 2.2 e 2.3). As unidades sedimentares de composição

predominantemente arenosa formam aquíferos importantes e ocupam cerca de 30% da superfície

areal da bacia, dentre os quais se destacam os Sistemas Aquíferos Bauru-Caiuá, Guarani e Tubarão.

Os aquíferos fraturados, por sua vez, ocupam a maior parte, cerca 67% da área da bacia, e são

representados pelo Sistema Aquífero Serra Geral, Gnáissico-Granítico, Xistoso e Quartzítico,

enquanto o tipo cárstico, com menos de 0,5%, é representado pelo Sistema Aquífero Carbonático

(formações Barroso e Sete Lagoas). Completando as demais unidades geológicas presentes na

bacia, representando cerca de 2% da área total, o Grupo Passa Dois e a Formação Itaqueri, as quais

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possuem potencial hidrogeológico muito baixo, são nesta região classificadas regionalmente como

aquitardes (material quase impermeável), porém localmente podem apresentar comportamento de

aquífero. As rochas da Formação Rio Claro constituem uma unidade hidrogeológica de baixa

produtividade, uma vez que na BHRG possuem pequena espessura e área inexpressiva.

Tabela 2.1 - Relacionamento entre os nomes dos sistemas aquíferos utilizados no Mapa de Aquíferos Aflorantes do

Brasil (ANA, 2013), nos estados de São Paulo (DAEE/IG/IPT/CPRM, 2005) e de Minas Gerais (Souza, 1995).

Unidades Geológicas

Nome do Aquífero/Aquitarde

Mapa de

Aquíferos

Aflorantes do

Brasil

São Paulo Minas Gerais

Diagnóstico da

Bacia do Rio

Grande

Formação Rio Claro* Rio Claro Tubarão** --- Rio Claro

Formação Itaqueri* Itaqueri Fraturado** --- Itaqueri***

Grupos Bauru-Caiuá Bauru-Caiuá Bauru Arenítico Bauru-Caiuá

Formação Serra Geral Serra Geral Fraturado Basáltico Serra Geral

Formações Botucatu e Pirambóia Guarani Guarani Arenítico Guarani

Grupo Passa Dois Passa Dois Passa Dois Pelítico Passa Dois***

Grupo Itararé Itararé

Tubarão Arenítico Tubarão Formação Aquidauana Aquidauana

Formação Tatuí Palermo

Formação Barroso Barroso ---

Carbonático Carbonático Formação Sete Lagoas

Bambuí

Cárstico ---

Unidades predominantemente

constituídas de rochas quartzíticas

(Formação Tiradentes e parte dos grupos

Andrelândia, Carrancas, Araxá e Itapira)

Fraturado

Centro-Sul Fraturado Quartzítico Quartzítico

Unidades predominantemente

constituídas de rochas metamórficas

xistosas e filíticas de médio a baixo grau

(xistos, filitos, ardósias, folhelhos,

arcóseos...)

Fraturado

Centro-Sul Fraturado Xistoso Xistoso

Unidades predominantemente

constituídas de rochas ígneas e

metamórficas de alto grau (granitos,

gnaisses, migmatitos, granodioritos,

anfibolitos, pegmatitos...)

Fraturado

Centro-Sul Fraturado Gnáissico-

Granítico

Gnáissico-

Granítico

* Estas unidades hidrogeológicas estão posicionadas sobre os aquíferos **, segundo o Mapa de Águas Subterrâneas do

Estado de São Paulo” (DAEE/IG/IPT/CPRM, 2005). ***são regionalmente considerados aquitardes.

Conforme se observa no Mapa da Figura 2.1, as áreas de afloramento dos principais aquíferos

sedimentares dispõem-se normalmente em faixas de direção norte-sul. Essas unidades arranjam-se

em subsuperfície de forma que a unidade geologicamente mais nova está sobreposta à unidade mais

antiga e assim subsequentemente até atingir as rochas do embasamento cristalino das províncias

São Francisco, Tocantins e Mantiqueira e que representam os sistemas aquíferos fraturados

Gnáissico-Granítico, Xistoso e Quartzítico, além do Carbonático. Esse comportamento em

profundidade pode ser observado no Perfil Hidrogeológico AA’ no escopo do Mapa da Figura 2.1.

A produtividade dos sistemas aquíferos dessa região é bastante variável, caracterizada no

mapa qualitativamente em função das características das rochas que os compõem e ainda

relacionada às vazões dos poços que explotam águas nessas unidades. Os sistemas aquíferos de

natureza granular ou porosos apresentam produtividade que variam de alta a moderada (Guarani);

moderada (Bauru-Caiuá); baixa (Tubarão e Rio Claro) e de produtividade muito baixa (aquitardes

Passa Dois e Itaqueri). Naqueles de natureza fissural ou fraturados a produtividade é variável (Serra

Geral e Carbonático) e baixa (Quartzítico, Xistoso e Gnáissico-Granítico).

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Tabela 2.2 - Sistemas aquíferos/aquitardes e suas áreas aflorantes nas Unidades de Gestão Hidrográfica (UGH).

SIGLA NOME SIGLA NOME km2

% na UGH total (km2) da UGH

SAGG Gnáissico-granítico 5.864,43 66,8

SAX Xistoso 2.506,20 28,5

SAQ Quartzítico 354,75 4,0

SAC Carbonático 58,12 0,7

SAGG Gnáissico-granítico 8.672,33 82,5

SAX Xistoso 1.525,29 14,5

SAC Carbonático 200,60 1,9

SAQ Quartzítico 113,72 1,1

SAGG Gnáissico-granítico 11.226,07 67,8

SAX Xistoso 4.410,95 26,7

SAQ Quartzítico 650,09 3,9

SAC Carbonático 261,55 1,6

SAGG Gnáissico-granítico 5.272,13 76,3

SAX Xistoso 1.491,95 21,6

SAQ Quartzítico 144,06 2,1

SAGG Gnáissico-granítico 7.888,27 89,0

SAX Xistoso 860,84 9,7

SAQ Quartzítico 112,27 1,3

SAGG Gnáissico-granítico 5.369,69 90,0

SAX Xistoso 282,06 4,7

SAQ Quartzítico 177,00 3,0

SAT Tubarão 121,42 2,0

SASG Serra Geral 14,25 0,2

APD Passa Dois 1,76 0,03

SAX Xistoso 4.603,42 46,9

SAGG Gnáissico-granítico 1.324,07 13,5

SAQ Quartzítico 1.169,73 11,9

SASG Serra Geral 940,87 9,6

SAG Guarani 887,32 9,0

SAT Tubarão 650,39 6,6

SABC Bauru-Caiuá 240,29 2,4

AI Itaqueri 0,46 0,005

SABC Bauru-Caiuá 12.136,64 64,8

SASG Serra Geral 6.397,03 34,2

SAG Guarani 162,37 0,9

SAX Xistoso 20,47 0,1

SAGG Gnáissico-granítico 0,00 0,0

SAGG Gnáissico-granítico 674,54 99,98

SAX Xistoso 0,13 0,019

SASG Serra Geral 3.248,37 35,8

SAG Guarani 2.202,11 24,3

SAGG Gnáissico-granítico 2.118,36 23,4

SAT Tubarão 1.149,09 12,7

APD Passa Dois 246,62 2,7

AI Itaqueri 96,64 1,1

SASG Serra Geral 6.420,86 69,7

SAG Guarani 1.475,98 16,0

AI Itaqueri 1.182,94 12,8

SAX Xistoso 132,76 1,4

SABC Bauru-Caiuá 4,27 0,05

SAT Tubarão 0,91 0,01

SASG Serra Geral 4.583,25 30,7

SAG Guarani 2.967,21 19,8

SAT Tubarão 2.812,01 18,8

SAGG Gnáissico-granítico 2.174,10 14,5

SABC Bauru-Caiuá 1.221,65 8,2

APD Passa Dois 862,29 5,8

AI Itaqueri 124,46 0,8

SAX Xistoso 103,49 0,7

SAQ Quartzítico 79,99 0,5

SARC Rio Claro 21,97 0,1

SASG Serra Geral 3.782,10 52,9

SABC Bauru-Caiuá 3.307,42 46,2

AI Itaqueri 63,36 0,9

SABC Bauru-Caiuá 14.295,42 89,2

SASG Serra Geral 1.725,53 10,8

SISTEMAS AQUÍFEROS/AQUITARDES E AS UGHs DA BACIA DO RIO GRANDE

GD 1 Alto Rio Grande

GD 2Vertentes do Rio

Grande

GD 3

AREA

8.783,50

10.511,94

16.548,66

GD 5

GD 6

GD 7

GD 8

Entorno do Lago de

Furnas

Rio Verde

Rio Sapucaí

Afluentes Mineiros

dos Rios Mogi Guaçu

e Pardo

Afluentes Mineiros do

Médio Rio Grande

UGRHI 15

UGRHI 12

UGRHI 09

UGRHI 08

Rios Turvo e Grande

Baixo Pardo-Grande

Rio Mogi Guaçu

674,67

Sapucaí-Mirim e

Grande

Rio Pardo

Serra da Mantiqueira

UGH AQUÍFERO/AQUITARDE

GD 4

Afluentes Mineiros do

Baixo Rio Grande

UGRHI 01

UGRHI 04

18.716,52

6.908,14

8.861,38

5.966,18

9.816,54

16.020,95

7.152,88

14.950,44

9.217,71

9.061,19

10

Figura 2.1 - Mapa de Sistemas Aquíferos da Bacia do Rio Grande.

11

Tabela 2.3 - Sistemas Aquíferos e demais unidades hidrogeológicas no Mapa de Aquíferos da Bacia do Rio Grande.

SISTEMAS AQUÍFEROS/AQUITARDES NA BACIA DO RIO GRANDE

Sistema Aquífero/Aquitarde

Área

Aflorante

(km²)

% Área da

Bacia

Classificação

Regional Produtividade

Porosos

Rio Claro 21,97 0,015 Aquífero Baixa*

Itaqueri** 1.467,86 1,025 Aquitarde Muito baixa

Bauru-Caiuá 31.205,69 21,793 Aquífero Moderada

Guarani 7.695,00 5,374 Aquífero Alta a moderada

Passa Dois** 1.110,87 0,776 Aquitarde Muito baixa

Tubarão 4.733,82 3,306 Aquífero Baixa

Cársticos

Carbonático 520,27 0,363 Aquífero Variável

Fraturados

Serra Geral 27.112,26 18,934 Aquífero Variável

Quartzítico 2.801,60 1,957 Aquífero Baixa

Xistoso 15.937,54 11,130 Aquífero Baixa

Gnáissico-Granítico 50.583,99 35,326 Aquífero Baixa

*Esta unidade hidrogeológica não possui informações suficientes na área da BHRG, utilizando-se dados de outras

bacias. **são regionalmente considerados aquitardes.

A disposição das sequências sedimentares em profundidade que compõem os principais

sistemas aquíferos está bem representada na Figura 2.2, confeccionada com base em perfis de poços

estratigráficos disponibilizados pelo SIAGAS/CPRM (Sistema de Informações de Águas

Subterrâneas do Serviço Geológico do Brasil). O Perfil A, disposto perpendicularmente às áreas de

afloramento das unidades, mostra que estas têm uma inclinação e aumento de espessura em direção

ao Rio Paraná. A espessura da sequência vulcanossedimentar registrada nesses poços pode atingir

até mais de 2.600 metros (poço ID SIAGAS 3500000018).

Conforme se pode observar nos perfis, os sistemas aquíferos mais expressivos regionalmente,

em termos de volume rochoso, são o Serra Geral, Tubarão e o Guarani. O Sistema Aquífero Bauru-

Caiuá, por sua vez, embora não apresente um volume regional expressivo de rochas, representa uma

importante unidade aquífera na BHRG, haja vista ser aflorante e de fácil acesso por meio da

perfuração de poços mais rasos.

Sistema Aquífero Rio Claro

O Sistema Aquífero Rio Claro (SARC) na BHRG aflora apenas em pequenas manchas nos

municípios de Mogi Guaçu (SP), Moji Mirim (SP) e Estiva Gerbi (SP), abrangendo uma área total

de 21,97 km2, toda em área da Sub-bacia do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP). Consiste em um

aquífero livre e pouco profundo.

Sobre os aspectos geomorfológicos, a área do Sistema Aquífero Rio Claro na BHRG está

inserida no contexto da Depressão Periférica, sendo representada na região pela subdivisão

denominada Zona do Mogi Guaçu, de colinas amplas de topos tabulares e altitudes entre 500 e 650

metros. Em relação aos solos, em geral, os que ocorrem nesta região são solos com horizonte B

latossólico (Latossolos).

O Sistema Aquífero Rio Claro (SARC) é caracterizado pela formação geológica homônima

(Formação Rio Claro), a qual sobrepõe-se principalmente aos siltitos e lamitos da Formação

Corumbataí (Grupo Passa Dois) e é composta predominantemente por arenitos finos a grossos,

regular a mal selecionados, com intercalações de siltitos e lamitos subordinados, este constituindo

desde delgadas lâminas até espessuras decimétricas. A espessura em geral é pequena, não

ultrapassando 30 metros (Oliva & Chang, 2007).

12

Figura 2.2 - Unidades hidrogeológicas da Bacia do Rio Grande exibidas em perfis construídos com base em poços obtidos por meio do SIAGAS/CPRM.

13

Não há poços captando exclusivamente a Formação Rio Claro na região da BHRG. O banco

de dados do SIAGAS/CPRM possui apenas 03 poços cujos perfis indicam a ocorrência da Formação

Rio Claro. Esses poços atravessam o SARC para captar água do Sistema Aquífero Tubarão em

profundidade. A espessura da Formação Rio Claro atravessada na área é muito reduzida, entre 15 e

40 metros.

Devido a pequena área do SARC na BHRG existe uma insuficiência de dados oriunda da

inexistência de poços cadastrados, o que limita a execução de um inventário que estabeleça uma

correlação entre os aspectos litológicos e o potencial hídrico do aquífero nesta região de estudo.

Entretanto, diante da pequena espessura e exposição areal, pode-se concluir que sua importância é

reduzida em relação a produtividade.

De acordo com Oliva (2006), fora da região da BHRG, mais especificamente na UGRHI 05

(SP), constituída pelas bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, existem poços

no Sistema Aquífero Rio Claro que apresentam vazões entre 5 m3/h e 25 m3/h, a transmissividade

varia de 2 a 50 m2/dia, a permeabilidade aparente é menor que 2 m/dia e a capacidade específica

está entre 0,1 a 5 m3/h/m. Ainda nesta região, na cidade de Rio Claro, o incremento na demanda do

abastecimento doméstico, industrial e agropecuário, conduziram várias empresas do município a

utilizarem água subterrânea extraída de arenitos do SARC.

Aquitarde Itaqueri

O Aquitarde Itaqueri (AI) aflora na região centro-norte e em uma pequena mancha ao sul da

Bacia do Rio Grande, abrangendo pequenas áreas em importantes municípios paulistas da BHRG

(Franca, Batatais e São Carlos); é praticamente ausente em Minas Gerais. Ocupa 1,025% da área

da Bacia do Rio Grande, aflorando na Sub-bacia do Sapucaí-Mirim e Grande (UGRHI 8 - SP) e de

forma pouco expressiva nas sub-bacias do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP), do Rio Mogi Guaçu (UGRHI

9 - SP) e Baixo Pardo-Grande (UGRHI 12 - SP).

Em relação a geomorfologia, a área do Aquitarde Itaqueri na BHRG representa testemunho

da antiga extensão do Planalto Ocidental, situando-se no topo e no reverso das Cuestas Basálticas.

Neste contexto, as rochas basálticas da Formação Serra Geral expõem-se nos vales dos rios em

ocorrências descontínuas. O relevo é suavemente ondulado, com predomínio de colinas e morrotes.

Do ponto de vista pedológico, em geral, os solos da região são os Latossolos e a Areia Quartzosa.

A Formação Itaqueri abrange uma cobertura sedimentar pós-basáltica (pós-Formação Serra

Geral) e já foi considerada como pertencente à sequência do Grupo Bauru (Soares et al., 1980) e

também como pós-Bauru (Cottas & Barcelos, 1981; Ponçano et al., 1982). É constituída por bancos

alternados de arenitos com cimento argiloso, crostas ferruginosas, folhelho e conglomerados, estes

situados tanto na base quanto no interior do pacote. Os arenitos são de granulação variada, podem

ser argilosos e apresentar intensa silicificação. Foram depositados diretamente sobre a Formação

Serra Geral.

De acordo com Yamada (2007), trata-se de um sistema aquífero livre, com área de ocorrência,

espessura e capacidades restritas. Seu potencial de aproveitamento constitui em poços rasos e de

baixa produção. O contato inferior dos sedimentos com as rochas basálticas propicia a ocorrência

de diversas nascentes no município de São Carlos, as quais são alimentadas por esse aquífero.

Para CPRM (2010), a Formação Itaqueri no âmbito do Mapa Hidrogeológico do Brasil, Folha

Paranapanema (SF-22), apresenta-se intensamente silicificada e devido a sua morfologia e este grau

elevado de silicificação não apresenta potencial para aquífero, com vazões normalmente inferiores

1 m3/h. Neste sentido, esta unidade geológica deve ser classificada regionalmente como um

aquitarde, porém localmente podem apresentar comportamento de aquífero.

IPT (2000 a e b) relatam que, nas sub-bacias do Sapucaí-Mirim e Grande (UGRHI 8 - SP) e

do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP), o AI não possui caráter regional e, consequentemente, suas

características associam-se às formas de ocorrência e natureza locais dos sedimentos que o compõe,

não havendo relatos de parâmetros hidráulicos do aquitarde. Possui espessuras inferiores a 150

metros (média de 30 metros), sendo explotado apenas por poços rasos tipo cacimba. Não foram

14

identificadas captações por poços tubulares, podendo-se inferir que apresenta produtividade muito

baixa, com utilização restrita apenas ao uso doméstico. Segundo Yamada (2007), o AI na região de

São Carlos raramente ultrapassa 30 metros de espessura.

Na área da BHRG, por meio do banco de dados do SIAGAS/CPRM, é possível observar que

a maioria dos poços localizados na área de afloramento da Formação Itaqueri são mistos, ou seja,

captam água também e principalmente da Formação Serra Geral. Ao analisar os 08 poços perfurados

integralmente nos sedimentos do AI, confirma-se a baixa produtividade deste aquitarde. As

profundidades dos poços estão entre 30 e 70 metros (média 43 metros) e a vazão entre 0,75 e 3 m3/h

(média de 1,5 m3/h). As vazões, capacidades específicas e profundidades destes poços podem ser

observadas na Tabela 2.4.

Tabela 2.4 - Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços registrados no SIAGAS/CPRM, perfurados

exclusivamente no Aquitarde Itaqueri, na Bacia do Rio Grande.

Poço Município Vazão

(m3/h)

Capacidade

Específica (m3/h/m)

Profundidade

do Poço (m)

3500027874 Franca (SP) 1,50 0,125 32

3500030383 Franca (SP) 1,00 0,84 38

3500027877 São José da Bela Vista (SP) 2,00 0,133 42

3500028150 Batatais (SP) 3,00 0,25 60

3500028147 Batatais (SP) 1,00 0,172 30

3500023492 Batatais (SP) 2,00 0,069 70

3500028146 Batatais (SP) 1,00 0,079 32

3500024599 Orlândia (SP) 0,75 0,174 44

Fora da área da BHRG, mais especificamente na Sub-Bacia dos rios Tietê-Jacaré (UGRHI 13

- SP), IPT (2000c) descreve que, a partir de um cadastro de apenas cinco poços que captam águas

do AI nesta região, estes apresentaram profundidades entre 29 e 48 metros, e vazões entre 1,5 e 3,3

m3/h, sendo utilizados para demandas domésticas, uma vez que fornecem vazões de pequena ordem.

Sistema Aquífero Bauru-Caiuá

O Sistema Aquífero Bauru-Caiuá (SABC) se estende por toda a região oeste da Bacia do Rio

Grande, ocupando uma área aflorante de 31.205,69 km² (21,793% da BHRG), em especial nas sub-

bacias dos rios Turvo-Grande (UGRHI 15 - SP), Afluentes Mineiros do Baixo Rio Grande (GD 8 -

MG) e Baixo Pardo-Grande (UGRHI 12 - SP). Em menor expressão ocorre também nas sub-bacias

do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP), do Sapucaí-Mirim e Grande (UGRHI 8 - SP) e Afluentes

Mineiros do Médio Rio Grande (GD 7 - MG).

Do ponto de vista geomorfológico, a área do Sistema Aquífero Bauru-Caiuá na BHRG

compreende a região do Planalto Ocidental (SP) e Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná (MG),

onde ocorrem uma forte imposição estrutural, com controle de camadas sub-horizontais com leve

caimento para oeste, formando uma extensa plataforma estrutural extremamente suavizada,

nivelada em cotas próximas a 500 metros. Os solos que ocorrem nesta região podem ser divididos

em três grandes grupos. O Grupo 1 abrange solos com horizonte B latossólico (Latossolos em geral);

o Grupo 2, solos com horizonte B textural (Argissolos e Nitossolos); e o Grupo 3, solos pouco

desenvolvidos (Cambissolos, Litossolos e Neossolos).

Na região, esse reservatório subterrâneo é constituído de arenitos finos a médios, com

intercalações de argilitos e siltitos, de origem predominantemente fluvial, das diversas unidades

geológicas que o compõe: formações Vale do Rio do Peixe, Marília e Uberaba, todas pertencentes

ao Grupo Bauru (CPRM, 2004). Porém, de acordo com CPRM (2012), na Bacia do Rio Grande

também aparece o Grupo Caiuá, representado pela Formação Santo Anastácio que ocorre em

pequenas manchas nos municípios de Carneirinho e Iturama (divisa de Minas Gerais e São Paulo),

no vértice oeste do Triângulo Mineiro.

15

Em termos de área aflorante, a Formação Vale do Rio do Peixe é a predominante na

constituição do SABC na região da BHRG (90% do total), sendo que a sua composição mais fina

traz reflexos diretos na infiltração e Qbase (vazão de base).

Na região da BHRG, o Bauru-Caiuá é um sistema aquífero do tipo poroso e livre a localmente

confinado, com espessura máxima normalmente de 200 metros, que assenta-se sobre basaltos da

Formação Serra Geral, do qual é separado por não-conformidade.

As espessuras destes sedimentos registradas nos poços do SIAGAS/CPRM variam entre 19 e

207 metros, conforme especificado na Tabela 2.5.

Tabela 2.5 - Valores de espessuras das rochas do Sistema Aquífero Bauru-Caiuá em poços do SIAGAS/CPRM na

Bacia do Rio Grande.

Poço Município Espessura do Sistema Aquífero Bauru-Caiuá (m)

3500008383 Santa Clara d’Oeste (SP) 19

3500002100 Santa Clara d’Oeste (SP) 18

3500007884 Urânia (SP) 67

3500002123 Urânia (SP) 117

3500002589 Fernandópolis (SP) 130

3500010973 Fernandópolis (SP) 172

3500024284 Votuporanga (SP) 93

3500001180 Votuporanga (SP) 126

3500002122 Jales (SP) 143

3500011050 Jales (SP) 161

3500031575 Mirassol (SP) 200

3500024675 Mirassol (SP) 198

3500009782 Mirassol (SP) 207

3500000018 Olímpia (SP) 62

3500001626 Olímpia (SP) 58

3500000033 Bebedouro (SP) 83

3500024458 Nova Granada (SP) 114

3500002823 Embaúba (SP) 86

3500027574 Barretos (SP) 65

3100020614 Uberaba (MG) 64

3100018163 Frutal (MG) 95

Batezelli (2003) descreve a existência de várias áreas deprimidas na BHRG evidenciada

através da análise do mapa de isópacas do Grupo Bauru (Figura 2.3), onde essa unidade apresenta

valores de espessuras maiores em relação à média regional (30 a 40 metros): Uberaba (60 a 70

metros), Comendador Gomes (100 metros), Fernandópolis (180 metros). Na região balizada pelas

cidades de Votuporanga, Fernandópolis e Jales, todas no Estado de São Paulo, corresponde a uma

grande depressão onde o acúmulo de sedimentos ultrapassou 180 metros.

O mapa de isoporcentagens de fácies finas do Grupo Bauru na região do Triângulo Mineiro e

adjacências (Figura 2.4) mostra uma área com maior ocorrência de lamitos no eixo Ituiutaba (MG)

- Fernandópolis (SP), o que interfere nas características de permo-porosidade deste sistema

aquífero. No entanto, as fácies finas do Grupo Bauru ocorrem em sua base em contato com os

basaltos da Formação Serra Geral. O maior problema do Grupo Bauru com relação a diminuição

das condições de permo-porosidade, reside no fato de que suas fácies arenosas, sobrejacentes aos

lamitos, apresentam-se frequentemente cimentadas por carbonato de cálcio (Batezelli et al., 2003).

16

Figura 2.3 - Mapa de isópacas dos grupos Bauru e Caiuá no Triângulo Mineiro e áreas adjacentes (Batezelli, 2003).

17

Figura 2.4 - Mapa de isoporcentagens de fácies finas dos grupos Bauru e Caiuá no Triângulo Mineiro e áreas adjacentes (Batezelli, 2003).

18

Barison (2003) descreve que as áreas na margem esquerda do Rio Grande, onde ocorrem as

rochas da Formação Adamantina (atualmente descritas como pertencentes a Formação Vale do Rio

do Peixe), são as que se apresentam menos permeáveis do SABC no Estado de São Paulo, com

valores de capacidade específica inferiores a 0,5 m3/h/m.

DAEE (1979) classificou o Sistema Aquífero Bauru-Caiuá no Estado de São Paulo com base

nas condições de armazenamento e circulação nas seguintes unidades hidroestratigráficas: Bauru

Médio/Superior, referentes as formações Adamantina (ou Vale do Rio do Peixe, segundo Fernandes

& Coimbra, 2000) e Marília; e Bauru Inferior/Caiuá referentes ao Grupo Caiuá e Formação Santo

Anastácio (esta última é atualmente definida como integrante do Grupo Caiuá, segundo Fernandes

& Coimbra, 2000). Ambas as unidades ocorrem de forma livre a localmente confinada e apresentam

porosidade granular e contínua, sendo esta porosidade não uniforme, para a primeira unidade, e

uniforme, para a segunda.

As rochas aflorantes referentes aos grupos Bauru e Caiuá na região da Bacia do Rio Grande

encontram-se basicamente na unidade de menor potencialidade hídrica, ou seja, na Unidade Bauru

Médio/Superior, cujos valores de transmissividade variam de 10 a 50 m2/dia, predominando a faixa

de 10 a 30 m2/dia. A capacidade específica varia de 0,1 a 1,5 m3/h/m, com predomínio de valores

entre 0,3 e 0,4 m3/h/m. Os valores de permeabilidade variam de 0,1 a 0,4 m/dia e a porosidade

efetiva situa-se em torno de 5%.

Em subsuperfície, especialmente na região sul da BHRG, encontra-se a Unidade Bauru

Inferior/Caiuá, com maior potencialidade hídrica, onde as transmissividades variam de 100 a 300

m2/dia. Os valores próximos a 300 m2/dia correspondem à área com espessuras saturadas entre 100

e 150 metros. São encontrados valores dominantes de capacidade específica entre 1 e 4 m3/h/m.

Com referência a permeabilidade, os coeficientes variam de 1 a 3 m/dia, com uma porosidade entre

10 a 15%.

O estudo de Paula e Silva (2003), que descreve a hidroestratigrafia dos grupos Bauru e Caiuá

em São Paulo, apresenta perfis estratigráficos que mostram o relacionamento entre a Unidade Bauru

Médio/Superior e a Unidade Bauru Inferior/Caiuá. O perfil estratigráfico produzido entre as

localidades de Mendonça e Ingás (distrito de Nova Granada) corta parcialmente a Bacia do Rio

Grande, entre as cidades de Mirassol e Ingás (distrito de Nova Granada) (Figura 2.5). Neste

observa-se a existência na região da BHRG das duas unidades estratigráficas definidas por DAEE

(1979), onde a Unidade Bauru Inferior/Caiuá tem espessura de até 75 metros nas cidades de São

José do Rio Preto e Nova Granada. A Unidade Bauru Médio/Superior, neste perfil, pode atingir até

175 metros de espessura, em Mirassol.

Batezelli (2010) mostra seções estratigráficas de subsuperfície dos grupos Bauru e Caiuá no

sudeste brasileiro. A seção da Figura 2.6 corta integralmente a BHRG, entre Santana da Ponte

Pensa (SP) e Colina (SP). Nesta, a Unidade Bauru Inferior/Caiuá tem espessura de até 80 metros

na cidade de Santana da Ponte Pensa (SP), sendo ausente na região de Cajobi (SP). A Unidade

Bauru Médio/Superior, pela seção, pode atingir 125 metros de espessura, em São José do Rio Preto

(SP).

Paula e Silva (2003) apresenta o mapa de isópacas da Formação Santo Anastácio, única

unidade geológica não aflorante do Grupo Caiuá na BHRG. Neste mapa é possível conhecer as

áreas e espessuras onde ocorrem a Unidade Bauru Inferior/Caiuá em subsuperfície (Figura 2.7).

Na região da BHRG, somente na cidade de Mirassol (SP) foram cadastrados poços no

SIAGAS/CPRM que discriminam as espessuras da Unidade Bauru Médio/Superior e da Unidade

Bauru Inferior/Caiuá, refletindo o cenário apresentado na Figura 2.5, conforme demonstra a

Tabela 2.6.

Mancuso & Campos (2005) apresentam mapa com cinco zonas diferenciadas de vazão

explorável, com intervalos que variam de 10 até 120 m3/h, para o SABC no Estado de São Paulo.

Na vertente paulista da BHRG, observa-se que predominam vazões exploráveis inferiores a 10 m3/h,

porém na região de Mirassol e São José do Rio Preto é indicado potencial de até 40 m3/h.

19

Figura 2.5 - Perfil estratigráfico produzido entre as localidades de Mendonça e Ingás (distrito de Nova Granada) (Paula e Silva, 2003).

Figura 2.6 - Perfil estratigráfico de Santana da Ponte Pensa (SP) a Colina (SP), segundo Batezelli (2010).

20

Figura 2.7 - Mapa de isópacas dos grupos Bauru e Caiuá em São Paulo (Paula e Silva, 2003). Tabela 2.6 - Horizontes das Unidades hidroestratigráficas Bauru Médio/Superior e Bauru Inferior/Caiuá em poços do

SIAGAS/CPRM na Bacia do Rio Grande.

Poço Município

Horizonte da Unidade

Bauru Médio/Superior

(m)

Horizonte da Unidade

Bauru Inferior/Caiuá

(m)

3500024673 Mirassol (SP) 0,0 a 135 135 a 165

3500024674 Mirassol (SP) 0,0 a 140 140 a 165

3500024675 Mirassol (SP) 0,0 a 185 185 a 198

3500009782 Mirassol (SP) 0,0 a 176 176 a 207

IPT (1999), por meio da análise de 563 poços cadastrados na Sub-bacia do Turvo-Grande

(UGRHI 15 - SP), indica que o Sistema Aquífero Bauru-Caiuá produz vazões desde 1,0 até 112

m3/h, com média de 16,9 m3/h, em poços com profundidade entre 30 e 210 metros, total ou

parcialmente penetrantes. As capacidades específicas resultantes variam de 0,022 a 8,933 m3/h/m,

com média de 0,726 m3/h/m.

A espessura saturada dos arenitos do Grupo Bauru, em São Paulo, varia de 100 a 150 metros,

sendo dependente da morfologia de superfície e da forma do substrato basáltico. Transversalmente

aos rios principais, na direção NE-SW, as espessuras variam com valores de 50 metros nos vales e

atingem, nos espigões ou nos divisores d’água, valores da ordem de 200 metros. Nas zonas onde o

substrato sofreu embaciamento, os valores da espessura são da ordem de 200 metros. Inversamente,

nas porções onde o substrato se apresenta sob a forma de alto estrutural, ocorre uma diminuição na

21

espessura da camada aquífera (DAEE, 1974; DAEE, 1976; DAEE, 1979 e Rocha et al., 1979 apud

Barison, 2003).

Segundo Mancuso & Campos (2005), a espessura saturada média do Sistema Aquífero Bauru-

Caiuá é da ordem de 75 metros no Estado de São Paulo. Na área da BHRG observam-se espessuras

saturadas máximas nas regiões de São José do Rio Preto, onde ocorrem espessuras máximas de 150

metros.

Na Bacia do Rio Grande, a área de afloramento dos Grupos Bauru e Caiuá compreende

importantes cidades como: Catanduva (SP), São José do Rio Preto (SP) e Uberaba (MG). Nestes

municípios e em vários outros, a água subterrânea armazenada no SABC é extraída através de poços

tubulares, representando a fonte principal ou alternativa de obtenção de recursos hídricos, seja para

abastecimento público, industrial, comercial, rural ou doméstico.

Muito embora ocorram cimentadas, as fácies arenosas do Grupo Bauru na BHRG constituem

o principal alvo das explotações de água subterrânea por parte de algumas prefeituras e pequenos

agricultores, com vazões de até 20 m3/h (Batezelli et al., 2005).

Paula e Silva et al. (2005) avaliaram que pelo fato de estar inteiramente aflorante, este

aquífero pode facilmente ser acessado por escavações e perfurações de baixo custo, fornecendo, na

maioria dos casos, a vazão desejada pelos usuários. Pela mesma razão, tem se mostrado

extremamente vulnerável à infiltração de contaminantes orgânicos e inorgânicos.

Sistema Aquífero Serra Geral

O Sistema Aquífero Serra Geral (SASG) tem suas áreas de afloramento nas regiões central e

oeste da bacia estudada, abrangendo áreas de importantes municípios da BHRG nos estados de São

Paulo (Ribeirão Preto e Barretos) e Minas Gerais (Uberaba). Ocupa 18,934% da área da Bacia do

Rio Grande, aflorando em especial nas sub-bacias do Sapucaí-Mirim e Grande (UGRHI 8 - SP), do

Rio Pardo (UGRHI 4 - SP), do Baixo Pardo-Grande (UGRHI 12 - SP), Rio Mogi Guaçu (UGRHI

9 - SP) e Afluentes Mineiros do Baixo Rio Grande (GD 8 - MG). Em menor expressão ocorre

também nas sub-bacias dos rios Turvo-Grande (UGRHI 15 - SP), Afluentes Mineiros dos Rios

Mogi Guaçu e Pardo (GD 6 - MG) e Afluentes Mineiros do Médio Rio Grande (GD 7 - MG).

Do ponto de vista geomorfológico, de um modo geral, a área do Sistema Aquífero Serra Geral

na BHRG compreende a região do Planalto Ocidental (SP) e Planalto da Bacia Sedimentar do

Paraná (MG), onde ocorrem uma forte imposição estrutural, com controle de camadas sub-

horizontais com leve caimento para oeste, formando uma extensa plataforma estrutural

extremamente suavizada, nivelada em cotas próximas a 500 metros. Na porção noroeste, esta

unidade apresenta passagem, às vezes gradativa, para os compartimentos mais rebaixados do

Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná. Também ocorre, em menor escala, a Depressão do Rio

Grande, que constitui um compartimento rebaixado, ocupando pequena parte do Triângulo Mineiro,

que isolou trechos do Planalto Dissecado do Sul de Minas e provocou recuos erosivos das camadas

areníticas e basálticas do Grupo São Bento da Bacia do Paraná. No geral, os solos que ocorrem

nesta região são solos com horizonte B latossólico (Latossolos em geral, incluindo-se o Latossolo

Roxo).

A Formação Serra Geral, em termos petrológicos, é formada de rochas de origem vulcânica,

dominando basaltos toleíticos e andesitos basálticos, ocorrendo subordinadamente riolitos e

riodacitos.

A sua ocorrência superficial na BHRG se dá na forma mais destacada em uma faixa de direção

N-S ou acompanhando os vales dos afluentes do Rio Grande, sendo mais abrangente em São Paulo,

onde alcança largura de até 110 km. Entretanto, sua maior parte é coberta pelo Sistema Aquífero

Bauru-Caiuá. Destaca-se em importância devido a sua grande área de ocorrência e produtividade

variável, a qual está associada à densidade de fraturas das rochas vulcânicas que formam o aquífero,

pois nesse tipo de rocha, além das fraturas formadas por processos tectônicos, existem fraturas e

vesículas originadas durante o resfriamento do magma no processo de formação da rocha.

22

Resumidamente, na região da BHRG, do ponto de vista hidrogeológico, a Formação Serra

Geral constitui um sistema aquífero do tipo fraturado, com vazões variáveis, uma vez que a água

armazena-se principalmente ao longo dos sistemas de fraturas.

Na área da Bacia do Rio Grande, a espessura da Formação Serra Geral varia desde poucos

metros (a leste), aumentando progressivamente em direção ao centro da Bacia Sedimentar do Paraná

(a oeste), até a máxima medida em Fernandópolis (SP), indicando 1.226 metros de derrames sob os

sedimentos dos grupos Bauru e Caiuá, de acordo com o banco de dados do SIAGAS/CPRM (Poço

3500002590). As espessuras destas rochas registradas nos poços do SIAGAS/CPRM podem ser

observadas na Tabela 2.7.

Tabela 2.7 - Valores de espessuras das rochas do Sistema Aquífero Serra Geral em poços do SIAGAS/CPRM na Bacia

do Rio Grande.

Poço Município Espessura do Sistema Aquífero Serra Geral (m)

3100020614 Uberaba (MG) 379

3500005848 Santa Cruz das Palmeiras (SP) 178

3500000018 Olímpia (SP) 802

3500001626 Olímpia (SP) 802

3500002589 Fernandópolis (SP) 1.207

3500002590 Fernandópolis (SP) 1.226

3500008054 Fernandópolis (SP) 1.195

3500024240 Fernandópolis (SP) 1.210

3500009807 Votuporanga (SP) 1.045

3500024284 Votuporanga (SP) 1.087

3500024184 Jales (SP) 888

3500024458 Nova Granada (SP) 1.091

3500009797 São José do Rio Preto (SP) 943

3500027384 Estrela d’Oeste (SP) 1.050

3500027453 Palestina (SP) 1.212

3500027436 Pontes Gestal (SP) 1.115

Batezelli (2003) apresenta o mapa de isópacas da Formação Serra Geral no Triângulo Mineiro

e áreas adjacentes (Figura 2.8), onde é possível constatar que, na região da BHRG, essa unidade

mostra valores de espessuras que variam de 0 até 1.200 metros. A espessura do SASG na região

aumenta progressivamente, como já foi descrito, de leste para oeste, atingindo seu máximo em

Fernandópolis (SP). A partir desta cidade, em direção a oeste, ocorre uma redução de forma

irregular da espessura até a profundidade média de 800 metros.

Por meio do mapa de isópacas da Figura 2.8 pode se conhecer as espessuras do SASG em

vários municípios da Bacia do Rio Grande. Em Minas Gerais, por exemplo, Uberaba (300 a 400

metros) e Frutal (900 a 1.000 metros); Em São Paulo, por exemplo, Igarapava (0 a 100 metros),

Altinópolis (0 a 100 metros), Guaíra (400 a 500 metros), Barretos (600 a 700 metros), São José do

Rio Preto (900 a 1.000 metros), Votuporanga (1.000 a 1.100 metros) e Fernandópolis (1.200

metros). Na região balizada pelas cidades de Votuporanga e Fernandópolis, ambas no Estado de

São Paulo, corresponde a uma grande depressão onde ocorrem mais de 1.000 metros de derrames

basálticos.

Spiller (2005), estudando o SASG no Estado de São Paulo, define que as vazões dos poços

estão condicionadas a presença de fraturas subverticais ou horizontais, estas últimas apresentando

vazões geralmente maiores, principalmente quando atingem basalto vesicular e amigdoloidal mais

espessos (> 8 metros), contendo geodos, amígdalas mineralizadas e com a presença de estruturas

tipo fraturamento horizontal interderrame, juntas de cisalhamento, juntas-falhas, brechas basálticas

e falhas. Os basaltos maciços comumente apresentam diaclasamento colunar ou esfenoidal,

resultado do resfriamento do derrame, com isso a presença de água está condicionada ao tamanho

e profundidade da rocha diaclasada (grau de fraturamento), presença de diques ou não, e espessura

do derrame. Portanto, a produtividade hídrica está condicionada à presença de fraturamento e do

basalto vesicular, com suas estruturas características.

23

Figura 2.8 - Mapa de isópacas da Formação Serra Geral no Triângulo Mineiro e áreas adjacentes (Batezelli, 2003).

24

Fernandes et al. (2009) avaliaram a relação existente entre produção de poços e densidades

de lineamentos e de intersecções de lineamentos na área da Formação Serra Geral em São Paulo e

mostraram que não há qualquer correlação entre estes fatores. Tal fato deve-se, provavelmente, à

maior condutividade hidráulica de fraturas horizontais e contatos entre derrames. Descrevem que o

potencial mais elevado é explicado por fraturas sub-horizontais e mais transmissivas nos basaltos,

aumentando a condutividade hidráulica e a capacidade de armazenamento de água destas rochas.

Gastmans et al. (2013) descrevem que a estruturação interna dos derrames basálticos do

SASG em São Paulo possibilita a geração de um sistema de descontinuidades particulares, definidos

por diversos autores como os principais responsáveis pelo condicionamento do fluxo das águas

subterrâneas no interior de aquíferos basálticos. Esse modelo é sintetizado por Rebouças & Fraga

(1988), que subdividiram cada derrame de lavas em duas unidades: uma superior de alta

permeabilidade, representada pelo produto da alteração intempérica dos basaltos, limitado na base

por uma descontinuidade física, e uma unidade inferior, associada à base dos derrames e também

limitada por uma descontinuidade. Essas duas unidades, de topo e base de derrames representariam

a zona preferencial de circulação da água subterrânea, associada às estruturas vesiculares e ao

intenso fraturamento horizontal. A conexão vertical de fluxo entre essas distintas zonas de

circulação, estaria associada às diáclases existentes na porção central do derrame.

Esse modelo de fluxo também foi reconhecido nos basaltos da região de Ribeirão Preto (SP)

por Wahnfried (2010) e Fernandes et al. (2010), que avaliaram a sua relação com a recarga da

unidade aquífera imediatamente sotoposta, o Sistema Aquífero Guarani, identificando a

predominância de fluxos horizontais nas descontinuidades dos basaltos e a inexistência de fluxo

vertical descendente através dos lineamentos geológicos, identificados por meio de levantamentos

aerofotogramétricos, que possibilitassem a recarga do Guarani por água proveniente dos basaltos.

De acordo com IPT (2008), o Sistema Aquífero Serra Geral na região da BHRG possui vazões

bastante variáveis, dependendo de condicionantes locais (geológicos, estruturais, etc.), com

propensão a apresentar vazões de 7 a 100 m3/h no Estado de São Paulo e capacidade específica

média de 2,52 m3/h/m no Estado de Minas Gerais.

DAEE (1974) relatou que em poços perfurados no SASG em Ribeirão Preto (SP) ocorreu

variações de transmissividades entre 1 e 95 m2/d, resultando em média de 20 m2/d. Na maioria dos

poços foram verificados coeficientes de armazenamento baixos, indicando confinamento das águas

nas fraturas. Foram observados valores de porosidade efetiva entre 1 e 5% e vazões extremamente

variáveis.

IPT (2000a), a partir de 59 poços cadastrados na Sub-Bacia do Sapucaí-Mirim/Grande

(UGRHI 8 - SP) que captam unicamente águas do SASG, verificou que as vazões destes mostram-

se bastante variáveis, entre 1,2 e 118 m3/h, com média de 23,3 m3/h. As profundidades variam entre

42,7 e 300 metros e as capacidades específicas de 0,043 a 3,887 m3/h/m e média de 0,645 m3/h/m.

Na Sub-Bacia dos Rios Turvo/Grande (UGRHI 15 - SP), segundo IPT (1999), foram

identificados 45 poços que captam águas do SASG apresentando vazões bastante variáveis, entre 2

e 100 m3/h, com média de 33 m3/h. As profundidades variam entre 67 e 449,5 metros e as

capacidades específicas de 0,036 a 5,726 m3/h/m e média de 1,180 m3/h/m.

Na vertente mineira da BHRG, no município de Campo Florido (MG), foram cadastrados pela

COPASA 69 poços perfurados no SASG, os quais apresentaram uma vazão média de 16,92 m3/h e

vazão máxima de 90 m3/h (Melo, 2002).

Sistema Aquífero Guarani

O Sistema Aquífero Guarani (SAG) é constituído por arenitos das formações Pirambóia, na

base, e Botucatu, no topo. A Formação Pirambóia é formada por arenitos de granulação média a

fina, localmente grossos e conglomeráticos. Apresenta estratificação de médio porte, cruzada planar

ou acanalada e estratificação plano-paralela, com lâminas ricas em argila ou silte. A Formação

Botucatu é constituída predominantemente por arenitos de granulação média a fina, avermelhados,

25

com grãos de alta esfericidade e bem selecionados, exibindo estratificação cruzada de grande porte.

Na Bacia do Rio Grande, o SAG está assentado em discordância angular sobre o Grupo Passa Dois

e parte dele, a porção confinada (cerca de 88,59% do SAG da BHRG), está recoberto pelos derrames

basálticos da Formação Serra Geral.

O Sistema Aquífero Guarani tem suas áreas de afloramento nas regiões central da bacia

estudada, abrangendo áreas de importantes municípios da BHRG nos estados de São Paulo

(Ribeirão Preto Araquaquara e São Carlos). Ocupa 5,374% da área da Bacia do Rio Grande,

aflorando em especial nas sub-bacias do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP), Sapucaí-Mirim e Grande

(UGRHI 8 - SP) e do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP). Em menor expressão ocorre também nas sub-

bacias dos Afluentes Mineiros do Médio Rio Grande (GD 7 - MG) e Afluentes Mineiros do Baixo

Rio Grande (GD 8 - MG).

Do ponto de vista geomorfológico, de um modo geral, a área do Sistema Aquífero Guarani

na BHRG compreende a região do Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná (MG) e da Depressão

Periférica (SP). Na vertente mineira, a característica marcante é a disposição em patamares

sucessivos condicionados pela alternância de camadas areníticas e rochas basálticas, com a

configuração de relevo em cuestas. Na vertente paulista predomina a superfície de aplainamento

denominada Itaguá, sendo representada por manchas de relevos residuais suportados por maciços

básicos, ou em degraus topográficos suavizados. No geral, os solos que ocorrem nesta região são

Latossolo Vermelho Amarelo e a Areia Quartzosa.

A sua ocorrência superficial na BHRG se dá em uma faixa de direção N-S, sendo mais

abrangente em São Paulo, onde alcança largura máxima de 75 km. Entretanto, como já foi descrito,

sua maior parte é coberta pela Formação Serra Geral. Destaca-se em importância devido a sua

grande área de ocorrência e produtividade normalmente elevada, a qual abastece muitas cidades do

interior paulista, como São José do Rio Preto na área de confinamento, e Ribeirão Preto, Araraquara

e São Carlos na área de afloramento.

Na região da Bacia do Rio Grande, o Guarani é um sistema aquífero do tipo poroso, livre a

confinado, com espessura máxima de até mais de 400 metros nas proximidades de São José do Rio

Preto (SP) e Olímpia (SP), de acordo com Takahashi (2005).

Na área da Bacia do Rio Grande, a espessura do Sistema Aquífero Guarani varia desde poucos

metros (a leste), aumentando progressivamente em direção ao centro da Bacia Sedimentar do Paraná

(a oeste), até a máxima medida em Olímpia (SP), indicando 409 metros de sedimentos das

formações Botucatu e Pirambóia, de acordo com o banco de dados do SIAGAS/CPRM (Poço

3500000018). As espessuras do SAG registradas nos poços do SIAGAS/CPRM podem ser

observadas na Tabela 2.8.

Tabela 2.8 - Valores de espessuras das rochas do Sistema Aquífero Guarani em poços do SIAGAS/CPRM na Bacia do

Rio Grande.

Poço Município Espessura do Sistema Aquífero Guarani (m)

3500002466 Ribeirão Preto (SP) 74

3500028415 Ribeirão Preto (SP) 142

3500009807 Votuporanga (SP) 157

3500000027 Araraquara (SP) 200

3500000018 Olímpia (SP) 409

3500001626 Olímpia (SP) 408

3500002589 Fernandópolis (SP) 308

3500002590 Fernandópolis (SP) 332

3500003371 Santa Cruz da Conceição (SP) 279

3500024184 São Carlos (SP) 224

3500009797 São José do Rio Preto (SP) 302

3500009796 São José do Rio Preto (SP) 336

Takahashi (2005) apresenta o mapa de isópacas do SAG no Estado de São Paulo (Figura 2.9),

onde é possível constatar que, na região da BHRG, essa unidade mostra valores de espessuras que

26

variam de 0 até mais de 400 metros. A espessura do SAG na região aumenta progressivamente, de

leste para oeste e de norte para sul, atingindo seu máximo nas proximidades de São José do Rio

Preto (SP).

Figura 2.9 - Mapa de isópacas do Sistema Aquífero Guarani no Estado de São Paulo (Takahashi, 2005).

Rodrigues (2007) apresenta o mapa de isópacas do SAG no Triângulo Mineiro (Figura 2.10),

onde observa-se que na vertente mineira da BHRG, essa unidade mostra valores de espessuras que

variam de 0 até 300 metros. A espessura do SAG na região aumenta progressivamente, de nordeste

para sudoeste, atingindo seu máximo nas proximidades de Carneirinho (MG) e no município de

Frutal (MG).

Por meio do mapa de isópacas da Figura 2.10 pode se conhecer as espessuras do SAG em

vários municípios mineiros da Bacia do Rio Grande, por exemplo, Sacramento (0 a 100 metros),

Uberaba (50 a 200 metros), Campo Florido (próximo a 200 metros), Frutal (200 a 300 metros),

Carneirinho (200 a 300 metros).

Zonas silicificadas são comuns nos arenitos da Formação Botucatu principalmente na porção

superior próximo ao contato com as vulcânicas da Formação Serra Geral (Paraguassu, 1968), o que

normalmente resulta na diminuição da porosidade primária. Para Giacomeli et al. (2009), o processo

de silicificação aparece de forma marcante no topo da Formação Botucatu e apenas localmente na

Formação Pirambóia.

27

Figura 2.10 - Mapa de isópacas do Sistema Aquífero Guarani no Triângulo Mineiro (Rodrigues, 2007).

28

As menores vazões estão nas áreas próximas à Formação Passa Dois, onde o SAG apresenta

as menores espessuras saturadas. Dentro da área confinada, as vazões aumentam para oeste-

noroeste (Takahashi, 2005), como por exemplo no município de São José do Rio Preto (SP), que

apresenta poços com vazões de 438 m3/h (Poço ID SIAGAS 3500002771) e 500 m3/h (Poço ID

SIAGAS 3500002768).

De acordo com o estudo hidrogeológico do SAG na região de Ribeirão Preto (DAEE, 1974),

a condutividade hidráulica (K) do SAG como um todo foi obtida pelo cálculo da média ponderada

dos valores de K das Formações Pirambóia (2,5 m/dia) e Botucatu (3,5 m/dia). O fator de

ponderação correspondeu à somatória das espessuras de cada formação, considerando 14 poços

localizados na porção confinada do aquífero e 54 poços na área de afloramento. Os valores médios

de K obtidos são 2,6 m/dia para a área confinada e 3,0 m/dia para a área livre (Takahashi, 2005).

Neste mesmo trabalho foi calculada a média ponderada do coeficiente de armazenamento (S)

para a porção livre do Sistema Aquífero Guarani, considerando um valor médio de 0,15 para a

Formação Pirambóia e 0,25 para a Formação Botucatu, obtendo-se, nesta área, um valor médio de

0,17. Na porção confinada, a média não foi calculada pela inexistência de valores definidos para

cada uma das formações. Por este motivo, dentro do intervalo de 10-3 e 10-5 fornecido pelo DAEE

(1974), optou-se pelo valor de 10-3, pois este possibilitou a obtenção de faixas de vazão mais

compatíveis com a maioria dos poços perfurados.

Segundo Takahashi (2005), a transmissividade (T), obtida com base no mapa de espessura do

aquífero e nos valores de K, é de aproximadamente 260 m2/dia na área aflorante, aumentando

progressivamente para oeste até atingir valores superiores a 1200 m2/dia na área confinada.

Wahnfried (2010) descrevem que na região de Ribeirão Preto (SP) as porosidades efetivas

apresentadas variam entre 14 e 30%, com média de 16% obtida a partir de 150 valores pesquisados.

Na Sub-bacia do Rio Mogi Guaçu, segundo CBH MOGI (2008), a vazão normalmente do

SAG está entre 20 a 80 m3/h. O estudo realizado pelo IPT (2000a) na Sub-bacia dos rios Sapucaí-

Mirim/Grande (UGRHI 8 - SP) identificou dois poços do Sistema Aquífero Guarani localizados em

suas porções livres, dos quais apenas um apresentou dados de produtividade. A vazão cadastrada

corresponde a 7 m3/h e a capacidade específica a 2,333 m3/h/m. Na porção confinada as vazões se

mostraram relativamente maiores, situando-se entre 1,5 e 745 m3/h, com média de 76 m3/h. As

capacidades específicas obtidas situam-se entre 0,011 e 9,050 m3/h/m, com média de 2,222 m3/h/m.

Os poços do SAG situados na Sub-bacia do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP) localizados em suas

porções livres apresentam vazões entre 1,6 e 386,3 m3/h, com média de 80,4 m3/h. As capacidades

específicas resultantes variam de 0,045 a 25 m3/h/m, com média de 4,161 m3/h/m. No aquífero

confinado as vazões são relativamente maiores, entre 12,8 e 303,9 m3/h, com média de 130,7 m3/h.

As capacidades específicas obtidas situam-se entre 0,431 e 10,980 m3/h/m, com média de 4,666

m3/h/m (IPT, 2000b).

Segundo IPT (2007), apenas 07 poços da Sub-bacia do Rio Turvo/Grande (UGRHI 15 - SP)

captam exclusivamente o SAG confinado, sendo utilizados para o abastecimento público.

Apresentam vazões entre 180 e 522,2 m3/h, com média de 343,6 m3/h. As capacidades específicas

resultantes variam de 3,6 a 16,9 m3/h/m, com média de 9,8 m3/h/m. As profundidades dos poços

são bastante variáveis, dependendo da espessura dos basaltos.

Segundo Batezelli et al. (2005), nas cidades de Uberaba e Frutal, em Minas Gerais, existem

poços que atingem ao SAG confinado, onde as vazões são da ordem de 153 m3/h. Rodrigues (2007)

tem como objetivo a análise de 02 poços em Uberaba para abastecimento público, com vazões de

216 m3/h cada; e outro em Frutal, com vazão de 335 m3/h.

De acordo com Iritani & Ezaki (2012), uma característica interessante dos aquíferos

confinados é o potencial geotermal, pois a temperatura da água se eleva com o aumento da

profundidade. O Sistema Aquífero Guarani, por alcançar profundidades maiores que 1.000 metros

na região sudoeste do Estado de São Paulo, chega a atingir temperaturas de 60oC. Existem estâncias

turísticas que captam estas águas termais para uso recreativo em parques e clubes, como em São

José do Rio Preto (SP) e o Thermas Laranjais, em Olímpia (SP). Na região de Conceição de Alagoas

29

(MG), situada ao longo da Sutura de Itumbiara, há registros de águas subterrâneas termais (40 -

45°C) (Batezelli et al., 2005).

Aquitarde Passa Dois

O Aquitarde Passa Dois (APD) aflora na região centro-sul da bacia estudada, em uma estreita

faixa com direção N-S, com largura máxima de 15 km, praticamente toda no Estado de São Paulo,

abrangendo áreas de municípios importantes como Araras e Leme. Estende-se desde da cidade de

Engenheiro Coelho (SP) até Monte Santo de Minas (MG). Ocupa menos de 1% da área da Bacia do

Rio Grande, aflorando nas sub-bacias do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP), Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 -

SP) e de forma inexpressiva nos Afluentes Mineiros dos Rios Mogi Guaçu e Pardo (GD 6 - MG).

Na região da BHRG, o APD é constituído pelas formações geológicas Irati e Corumbataí (este

último é denominado como Formação Teresina na região sul do país). A Formação Irati é

constituída por argilitos e folhelhos intercalados, de cores cinza-escuro a preto, pirobetuminosos e

associados a níveis de calcários dolomíticos e margosos, bastante silicificados em superfície. A

Formação Corumbataí é formada por siltitos, argilitos e folhelhos sílticos, folhelhos

pirobetuminosos, localmente em alternância rítmica com calcários dolomíticos, silicificados e

restritos níveis conglomeráticos. O APD é limitado na base pelas rochas do Sistema Aquífero

Tubarão, e sobre ele está assentado o principal sistema aquífero da Região, o Guarani.

Sobre os aspectos geomorfológicos, a área do Aquitarde Passa Dois na BHRG está inserida

no contexto da Depressão Periférica, sendo representada na região pela subdivisão denominada

Zona do Mogi Guaçu, de colinas amplas de topos tabulares e altitudes entre 500 e 650 metros. Em

relação aos solos, em geral, os que ocorrem nesta região são os Latossolos e, em menor escala, os

Argissolos.

Na área da Bacia do Rio Grande, de acordo com CBH MOGI (1999) e IPT (2008), a espessura

média do APD é de 120 metros, mas foi identificado um poço em Santa Cruz da Conceição (SP)

indicando 279 metros de sedimentos do Grupo Passa Dois, de acordo com o banco de dados do

SIAGAS/CPRM (Poço 3500003371). As espessuras do SAG registradas nos poços do

SIAGAS/CPRM podem ser observadas na Tabela 2.9.

Tabela 2.9 - Valores de espessuras das rochas do Aquitarde Passa Dois em poços do SIAGAS/CPRM na Bacia do Rio

Grande.

Poço Município Espessura do Aquitarde Passa Dois (m)

3500003371 Santa Cruz da Conceição (SP) 279

3500004443 Mogi Guaçu (SP) 55

3500004445 Mogi Guaçu (SP) 97

3500003382 Leme (SP) 63

3500003376 Leme (SP) 200

3500029320 Leme (SP) 230

3500000018 Olímpia (SP) 183

Segundo Carvalho (2007), os sedimentos que compõem o Grupo Passa Dois possuem

características hidráulicas que o classificam regionalmente como um aquitarde. Seu caráter de

aquífero está associado às unidades calcárias, eventuais bancos de arenitos e zonas fissuradas junto

a lineamentos estruturais. Pode ser considerado, portanto, como um aquífero de caráter eventual,

livre, descontínuo, heterogêneo e anisotrópico. Localmente, segundo IRRIGART (2007), ao longo

de estruturas geológicas, o APD pode apresentar comportamento de aquífero eventual de forma

similar aos aquíferos cristalinos, com porosidade de fissuras, ou aquífero intergranular, quando da

presença de camadas mais arenosas.

Também é importante salientar que a área confinada do APD não apresenta interesse

hidrogeológico, uma vez nestas localidades podem ser explotadas mais facilmente as águas dos

sistemas aquíferos Guarani, Serra Geral ou Bauru-Caiuá. Além disso, segundo IRRIGART (2007),

com alguma frequência nestas porções, o APD apresenta problemas de qualidade da água, com

30

teores excessivos de sulfato, fluoreto e carbonato/bicarbonato, eventualmente de boro (B) e pH

elevado.

Por meio do banco de dados do SIAGAS/CPRM, ao analisar os 49 poços perfurados

integralmente nos sedimentos do APD na área da Bacia do Rio Grande (sendo que apenas 11

apresentam dados confiáveis em relação às litologia e produtividade), é possível constatar a

produtividade muito baixa deste aquitarde, excetuando-se localmente em Porto Ferreira (SP), onde

ocorrem vazões de até 33 m3/h e capacidade específica de 11,538 m3/h/m. As vazões, capacidades

específicas e profundidades destes poços podem ser observadas na Tabela 2.10.

Tabela 2.10 - Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços registrados no SIAGAS/CPRM, perfurados

exclusivamente no Aquitarde Passa Dois, na Bacia do Rio Grande.

Poço Município Vazão (m3/h) Capacidade

Específica (m3/h/m)

Profundidade

do Poço (m)

3500005810 Porto Ferreira (SP) 7,80 0,980 72

3500026241 Porto Ferreira (SP) 3,00 0,100 100

3500028870 Porto Ferreira (SP) 8,00 0,520 50

3500009748 Porto Ferreira (SP) 33,00 11,538 50

3500026507 Pirassununga (SP) 12,00 4,78 42

3500026245 Pirassununga (SP) 5,00 0,167 71

3500003375 Pirassununga (SP) 1,20 0,030 145

3500029328 Leme (SP) 3,00 0,300 80

3500029322 Leme (SP) 5,80 0,092 208

3500003376 Leme (SP) 1,70 0,040 226

3500029320 Leme (SP) 1,18 0,008 230

Os estudos realizados por DAEE (1981) na região de Campinas e parte da Sub-bacia do Rio

Pardo (UGRHI 4 - SP) na área de ocorrência do APD obteve valores de transmissividades inferiores

a 10 m2/d.

De acordo com Oliva (2006), fora da região da BHRG, mais especificamente na UGRHI 05

(SP), constituída pelas bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, existem poços

no APD que apresentam capacidade específica varia de 0,01 a 1,00 m3/h/m, a transmissividade está

abaixo de 10 m2/dia, a permeabilidade aparente altera entre 0,001 a 0,2 m/dia e a vazão é de até 10

m3/h.

Segundo CPRM (2010), o Aquitarde Passa Dois é utilizado ocasionalmente para abertura de

poços rasos que abastecem pequenas propriedades particulares, onde apresenta uma produção muito

baixa (vazão entre 1 e 5 m³/h). Galante (2008), ao analisar as características gerais do APD no

Estado de São Paulo, descreve que condutividade hidráulica média deste sistema é 1,98E-4 cm/s.

Sistema Aquífero Tubarão

O Sistema Aquífero Tubarão (SAT) aflora nas regiões central e sul da bacia estudada,

abrangendo áreas de importantes municípios da BHRG no Estado de São Paulo (Mogi Guaçu, Moji

Mirim e Araras) e pequenos em Minas Gerais, desde Monte Santo de Minas até Capetinga. Ocupa

3,306% da área da Bacia do Rio Grande, aflorando nas sub-bacias do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP),

Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP), Sapucaí-Mirim e Grande (UGRHI 8 - SP), Afluentes Mineiros

dos Rios Mogi Guaçu e Pardo (GD 6 - MG) e Afluentes Mineiros do Médio Rio Grande (GD 7 -

MG).

Foi adotado para este trabalho a nomenclatura paulista para a designação deste sistema

aquífero, uma vez que foi possível determinar que, na área da BHRG, as unidades geológicas que

compõem o Sistema Aquífero Tubarão possuem propriedades e potencialidades hidrogeológicas

semelhantes e uniformemente distribuídas na sua área de ocorrência.

Na região da BHRG, O SAT é constituído pelos arenitos e diamictitos do Grupo Itararé e da

Formação Aquidauana (Permo-Carbonífero), depositados em ambiente glacial continental com

31

ingressões marinhas; e um pequeno pacote de arenitos e siltitos da Formação Tatuí (sedimentos

correlacionáveis à Formação Palermo) do Grupo Guatá (Permiano), depositada em ambiente

marinho raso. O SAT é limitado na base pelo embasamento cristalino ou por sedimentos do Grupo

Paraná (formações Furnas e Ponta Grossa) e, no topo, por rochas do Grupo Passa Dois.

O Grupo Itararé é a unidade mais espessa do SAT no Estado de São Paulo, aflorando numa

faixa que se estende desde o Vale do Rio Itararé, até as proximidades do Rio Mogi Guaçu, onde

passa lateralmente à Formação Aquidauana (a mais volumosa do SAT na região da BHRG,

atingindo até 300 metros de espessura em Mococa). Esse limite parece fazer-se por interdigitação,

como observado entre as localidades de Leme e Mogi Guaçu (Soares & Landim, 1973).

Na área da Bacia do Rio Grande, a espessura do SAT varia desde poucos metros (a leste),

aumentando progressivamente em direção ao centro da Bacia Sedimentar do Paraná (a oeste), até a

máxima medida em Olímpia (SP), indicando 1.101 metros de sedimentos do Grupo Tubarão, de

acordo com o banco de dados do SIAGAS/CPRM (Poço 3500000018). As espessuras do SAT

registradas nos poços do SIAGAS/CPRM podem ser observadas na Tabela 2.11.

Tabela 2.11 - Valores de espessuras das rochas do Sistema Aquífero Tubarão em poços do SIAGAS/CPRM na Bacia

do Rio Grande.

Poço Município Espessura do Sistema Aquífero Tubarão (m)

3500028885 Vargem Grande do Sul (SP) 10

3500028888 Vargem Grande do Sul (SP) 18

3500003239 Mococa (SP) 84

3500003245 Mococa (SP) 95

3500003254 Mococa (SP) 72

3500026761 Mogi Guaçu (SP) 48

3500026729 Mogi Guaçu (SP) 150

3500026739 Mogi Guaçu (SP) 254

3500028882 Casa Branca (SP) 234

3500007127 Moji Mirim (SP) 79

3500007128 Moji Mirim (SP) 110

3500026732 Moji Mirim (SP) 217

3500000018 Olímpia (SP) 1.101

Do ponto de vista geomorfológico, de um modo geral, a área do Sistema Aquífero Tubarão

na BHRG compreende a região do Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná (MG) e da Depressão

Periférica (SP). Na vertente mineira, a característica marcante é a disposição em patamares

sucessivos condicionados pela alternância de camadas areníticas e rochas basálticas, com a

configuração de relevo em cuestas. Na vertente paulista predomina a superfície de aplainamento

denominada Itaguá, sendo representada por manchas de relevos residuais suportados por maciços

básicos, ou em degraus topográficos suavizados. Na região da BHRG, corresponde à subdivisão da

Depressão Periférica denominada Zona do Mogi Guaçu, de colinas amplas de topos tabulares e

altitudes entre 500 e 650 metros. Em relação aos solos, em geral, os que ocorrem nesta região são

solos com horizonte B latossólico (Latossolos).

Os sedimentos que compõem o SAT constituem um aquífero de extensão regional, com

porosidade granular e localmente fissurado, livre a confinado, heterogêneo e descontínuo. DAEE

(1981) destaca que as intercalações de camadas de lamitos, siltitos e folhelhos conferem

permeabilidades verticais inferiores às horizontais, resultando em anisotropia marcante. As

condições de confinamento estão localmente associadas a essas intercalações e, no sentido oeste,

aos sedimentos do Grupo Passa Dois.

Devido à natureza heterogênea do SAT, ocorrem dificuldades para a exploração do recurso

hídrico e no sucesso de grandes vazões. Essa heterogeneidade advém da diversidade e

descontinuidade de suas litofácies (alternância de sedimentos grossos e finos e camadas com

espessuras variadas), as quais prejudicam a circulação da água subterrânea e, consequentemente,

32

acabam refletindo na qualidade e na variabilidade de tipos hidroquímicos das águas subterrâneas

do SAT (Vidal, 2002; Ezaki, 2011).

O SAT é caracterizado por baixa condutividade hidráulica e fraco potencial produtivo (Vidal,

2002) e a sua ocorrência superficial na BHRG se dá em uma faixa de direção N-S, sendo mais

abrangente em São Paulo, onde alcança largura máxima de 45 km. A área confinada do SAT não

apresenta interesse hidrogeológico, uma vez nestas localidades podem ser explotadas mais

facilmente as águas dos sistemas aquíferos Guarani, Serra Geral ou Bauru-Caiuá.

Oda (2005) constata a heterogeneidade do Sistema Aquífero Tubarão no Estado de São Paulo,

ressaltada pelas variações locais da vazão explotável. Avalia que o aquífero apresenta faixas de 0 a

40 m3/h, com predominância de 0 a 10 m3/h. Valores superiores a 10 m3/h foram encontrados na

BHRG, na faixa entre Araras e Casa Branca. Estas áreas de maior vazão podem ser causadas por

vários fatores, tais como a ocorrência de camadas confinantes ou presença de fraturas mais

permeáveis. A influência das fraturas sobre a produção do SAT é demonstrada por Fernandes (1997)

e Fernandes & Rudolph (2001).

DAEE (1984) relata que o SAT na Sub-bacia do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP) atinge espessuras

de até mais de 1000 metros, transmissividades entre 0,3 e 200 m2/d e coeficientes de permeabilidade

de 0,002 a 0,7 m/d, sem apresentar distribuição homogênea em área. A porosidade efetiva situa-se

em torno de 5% e o coeficiente de armazenamento médio é de 10-4, em poços com profundidades

desde 100 até 300 metros. Os poços cadastrados com captação neste sistema aquífero apresentam

vazões entre 3,5 e 31,2 m3/h, com média de 12,8 m3/h, resultando em capacidades específicas desde

0,09 até 3,619 m3/h/m, e média de 0,649 m3/h/m. As profundidades dos poços variam de 60 a 312

metros, apresentando média de 155,3 metros.

Na Sub-bacia do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP), segundo CBH MOGI (2008), a vazão

normalmente do SAT está entre 3 a 30 m3/h, numa média de 7 m3/h.

Sistema Aquífero Carbonático

O Sistema Aquífero Carbonático (SAC) aflora em cinco pequenas manchas na região leste e

nordeste da Bacia do Rio Grande, no Estado de Minas Gerais, abrangendo áreas de municípios

importantes, como Barbacena e São João Del Rei. Ocupa menos de 0,4% da área da Bacia do Rio

Grande (520,27 km2), aflorando nas sub-bacias das Vertentes do Rio Grande (GD 2 - MG), do

Entorno do Lago de Furnas (GD 3 - MG) e do Alto Rio Grande (GD 1 - MG).

Na Bacia do Rio Grande, o SAC é formado pelas rochas calcárias da Formação Sete Lagoas

(Grupo Bambuí) e da Formação Barroso (Grupo São João Del Rei). A Formação Sete Lagoas é

composta por dolomitos, calcários e pelitos com estromatólitos bem preservados, constituindo-se

de uma sequência onde ocorrem intercalações de rochas carbonáticas com matéria orgânica. A

Formação Barroso é um conjunto de metamargas, metacalcários, filitos grafitosos e

subordinadamente calcoxistos e metaconglomerados brechóides.

Do ponto de vista geomorfológico, a área do Sistema Aquífero Carbonático na BHRG está

inserida no contexto dos Planaltos Dissecados do Centro-Sul e do Leste de Minas, cujas

características morfológicas destacam-se alinhamentos de cristas na direção geral N-S. Os seus

contatos apresentam-se nítidos com a Serra da Canastra, excetuando-se alguns trechos da Depressão

do Rio Grande. Em relação aos solos, a área é coberta pelo Latossolo Vermelho e Latossolo

Vermelho-Amarelo.

Trata-se de um sistema aquífero essencialmente cárstico, livre a semi-confinado, onde o

armazenamento ocorre em rochas calcárias e dolomíticas. Tem a porosidade dominantemente

secundária, formada por zonas de dissolução. Neste sentido, apresenta grande variabilidade de

parâmetros hidráulicos, o que reflete a sua heterogeneidade.

FUPAI (2013) ao avaliar os dados de 08 poços perfurados no SAC na Sub-bacia do Entorno

do Lago de Furnas (GD 3 - MG), no município de Cristais (MG), relata vazões entre 4,68 e 21,81

m3/h, resultando em capacidades específicas desde 0,080 até 0,808 m3/h/m. Dentre estes poços, 03

deles apresentaram-se secos.

33

Dias (2009) em seu estudo sobre o Sistema Aquífero Carbonático na cidade de Barroso (MG),

dividiu a área de trabalho em três blocos de acordo com o potencial hidrogeológico. Dois blocos

cársticos, denominados Bloco Norte e Bloco Jardim Bandeirantes, com características

hidrodinâmicas que lhes atribuem uma grande capacidade de fornecimento de água. Os poços neles

instalados apresentam capacidades específicas médias de 138 m3/h/m para o Bloco Norte e 19

m3/h/m para o Bloco Jardim Bandeirantes, entretanto, neste último há histórico de colapso na

cobertura do carste e apresenta características físicas que desaconselham a sua explotação, pelo

risco de abatimentos na superfície. O Bloco Central, com características predominantemente

fissurais, pode ser usado para fornecimento de água, entretanto com menor vazão. Os poços nele

instalados têm, em média, uma capacidade específica de 0,97 m3/h/m.

Ainda em Dias (2009) são apresentados dados de vazões, capacidades específicas e

profundidades de 13 poços da região, os quais mostram a grande variabilidade destes parâmetros.

Existem vazões entre 1,80 e 257,04 m3/h e capacidades específicas entre 0,53 e 148,50 m3/h/m

(Tabela 2.12).

Tabela 2.12 – Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços perfurados no Sistema Aquífero Carbonático,

na cidade de Barroso, na Bacia do Rio Grande (Dias, 2009).

Poço Blocos (aquíferos) Vazão (m3/h) Capacidade

Específica (m3/h/m)

Profundidade do

Poço (m)

C-01

Jardim Bandeirantes

120,00 24,95 62,5

C-03 46,58 5,63 147

C-04 59,98 7,95 120

C-05 257,04 47,69 93

E-01 23,04 4,19 ---

E-02 51,34 25,04 60

E-04 Norte

23,76 148,50 90

C-02 59,76 127,15 118

E-03

Central

13,57 0,97 75

E-05 11,98 1,71 58

E-07 10,03 0,53 62

Hospital 19,00 0,66 100

E-06 1,80 --- 115

Segundo o Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica das Vertentes do Rio

Grande (GD 2 - MG) (IGAM, 2010a), os poços que abastecem a cidade de Barroso (MG) têm

vazões que variam entre 40 a 100 m³/h.

Por meio do banco de dados do SIAGAS/CPRM, na área da BHRG, ao analisar os 07 poços

perfurados integralmente nas rochas carbonáticas do SAC, cujos dados são seguros sobre a

produtividade e o perfil litológico, é possível confirmar a produtividade variável deste sistema

aquífero. As vazões, capacidades específicas e profundidades destes poços podem ser observadas

na Tabela 2.13.

Tabela 2.13 - Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços registrados no SIAGAS/CPRM, perfurados

exclusivamente no Sistema Aquífero Carbonático, na Bacia do Rio Grande.

Poço Município Vazão (m3/h) Capacidade

Específica (m3/h/m)

Profundidade do

Poço (m)

3100017591 Barroso (MG) 59,76 127,153 118

3100017592 Barroso (MG) 12,94 1,565 147

3100017593 Barroso (MG) 59,98 7,955 120

3100019190 Ijaci (MG) 15,00 0,796 100

3100019191 Ijaci (MG) 16,00 4,000 100

3100019742 Formiga (MG) 2,80 0,025 180

3100019789 Formiga (MG) 18,00 4,500 90

34

Sistema Aquífero Quartzítico

O Sistema Aquífero Quartzítico (SAQ) ocorre nas porções central e leste da BHRG,

normalmente sob a forma de lentes nas direções SW-NE e NW-SE, que alcançam a largura máxima

de 12 km. Ocupa menos de 2% da área da Bacia do Rio Grande (2.801,60 km2), quase que

integralmente no Estado de Minas Gerais, existindo em todas as sub-bacias da vertente mineira da

BHRG (GD 1 a GD 7). Em São Paulo sua área é bastante restrita e surge nos municípios de Itapira,

Serra Negra, Socorro, Lindóia e Águas de Lindóia, todas na Sub-bacia do Rio Mogi Guaçu (UGRHI

9 - SP).

O SAQ na Bacia do Rio Grande é caracterizado como fraturado e descontínuo, sendo formado

pelo armazenamento predominantemente em rochas quartzíticas associadas à Formação Tiradentes

e parte dos grupos Araxá, Itapira, Andrelândia e Carrancas. A recarga se dá de forma direta pelos

sistemas de fratura e percolação pelo manto de intemperismo.

Na BHRG, a área do Sistema Aquífero Quartzítico está inserida em dois compartimentos

geomorfológicos: o do Planalto Dissecado do Sul de Minas e da Serra da Canastra. As principais

feições observadas no primeiro compartimento são as serras quartzíticas orientadas segundo NE-

SW, nas proximidades do Rio Grande e que atingem até 1.600 metros de altitude. A Serra da

Canastra constitui uma unidade de planaltos, cristas e áreas dissecadas, com altitude entre 1.000 e

1.450 metros. Em relação aos solos, a área é coberta pelo Latossolo Vermelho e Latossolo

Vermelho-Amarelo.

O Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Sapucaí (GD 5 - MG) (COPASA,

2010) descreve que quanto às características hidrodinâmicas do SAQ, nesta região, pode-se inferir

que poços tubulares perfurados neste sistema poderão ser construídos com uma profundidade

variando entre 60 e 250 metros e as capacidades específicas devendo ficar entre 0,08 e 2,24 m³/h/m.

Estes números mostram uma baixa produtividade das captações no sistema aquífero fissurado em

quartzitos.

O Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica das Vertentes do Rio Grande

(GD 2 - MG) (IGAM, 2010a), destaca que no Balneário das Águas Santas, localizado no município

de Tiradentes (MG), uma de suas fontes utiliza água proveniente do SAQ e que este poço possui

vazão de 42,64 m3/h.

As cidades de Lindóia, Águas de Lindóia, Serra Negra e Socorro constituem um conjunto

peculiar de cidades pertencentes ao “Circuito das Águas” do Estado de São Paulo. Parte destes

municípios estão sobre o Sistema Aquífero Quartzítico e muitas das estâncias hidrominerais são

abastecidas por fontes e poços localizados sobre o SAQ.

Yoshinaga (1990), em seus estudos hidrogeoquímicos e hidrogeológicos nos municípios de

Águas de Lindóia (SP) e Lindóia (SP), apresenta dados de vazões de 10 fontes da região sobre o

SAQ, as quais mostram a variabilidade destes parâmetros, cujos valores estão entre 0,40 e 28,00

m3/h (Tabela 2.14).

Tabela 2.14 - Vazões de fontes que captam água do Sistema Aquífero Quartzítico, na Bacia do Rio Grande, segundo

Yoshinaga (1990).

Fonte Município Fonte Vazão (m3/h)

1a Águas de Lindóia (SP) São Lourenço - Levíssima I 3,30

1b Águas de Lindóia (SP) São Lourenço - Santa Clara 3,60

1c Águas de Lindóia (SP) São Lourenço - Levíssima II 1,80

5a Águas de Lindóia (SP) Balneário FUMEST - São Roque 28,00

5b Águas de Lindóia (SP) Balneário FUMEST - Filomena 14,00

5c Águas de Lindóia (SP) Balneário FUMEST - Beleza 2,40

5d Águas de Lindóia (SP) Balneário FUMEST - Madame Curie 6,00

5e Águas de Lindóia (SP) Balneário FUMEST - Glória 18,00

13 Lindóia (SP) Fonte São Bernardo 0,40

16 Lindóia (SP) São Jorge 3,60

35

Yoshinaga (1990) também avalia que as fontes situadas nos quartzitos tendem a apresentar

maiores valores de vazão que as dos migmatitos da região. A tendência de maior produtividade dos

quartzitos em relação aos migmatitos pode ser atribuída a ocorrência de planos de foliação bem

desenvolvidos e a maior competência da rocha, responsável pela produção de alta densidade de

fraturamentos extensos e abertos.

Por meio do banco de dados do SIAGAS/CPRM, na área da BHRG apenas 03 poços

perfurados nas rochas quartzíticas do SAQ possuem dados confiáveis sobre a produtividade e o

perfil litológico. As vazões, capacidades específicas e profundidades destes poços podem ser

observadas na Tabela 2.15.

Tabela 2.15 – Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços registrados no SIAGAS/CPRM, perfurados

no Sistema Aquífero Quartzítico, na Bacia do Rio Grande.

Poço Município Vazão (m3/h) Capacidade

Específica (m3/h/m)

Profundidade do

Poço (m)

3100018774 Altinópolis (MG) 1,40 0,038/m 54

3500012415 Águas de Lindóia (SP) 24,00 0,400/m 150

3100007074 Tiradentes (MG) 15,00 0,313/m 79

Sistema Aquífero Xistoso

O Sistema Aquífero Xistoso (SAX) ocorre normalmente acompanhando as rochas quartzíticas

do SAQ, nas porções central e leste da BHRG, geralmente sob a forma de lentes nas direções SW-

NE e NW-SE, que alcançam a largura máxima de 35 km. Ocupa cerca de 11% da área da Bacia do

Rio Grande (15.937,54 km2), especialmente no Estado de Minas Gerais, existindo em todas as sub-

bacias da vertente mineira da BHRG (GD 1 a GD 8). Em São Paulo sua área é menos expressiva e

surge nas sub-bacias do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP), do Sapucaí-Mirim e Grande (UGRHI 8

- SP) e da Serra da Mantiqueira (UGRHI 1 - SP).

O SAX na Bacia do Rio Grande é caracterizado como do tipo fraturado e descontínuo, sendo

formado pelo armazenamento predominantemente em rochas xistosas e filíticas de médio a baixo

grau metamórfico (xistos, filitos, ardósias, folhelhos, arcóseos, etc.) associadas aos Grupos

Macaúbas, Araxá, Grupo e Supergrupo Rio das Velhas e Formação Ibiá. A recarga se dá de forma

direta pelos sistemas de fratura e percolação pelo manto de intemperismo.

Na BHRG, a área do Sistema Aquífero Xistoso está inserida em dois compartimentos

geomorfológicos: o do Planalto Dissecado do Sul de Minas e da Serra da Canastra. As principais

feições observadas no primeiro compartimento são as serras quartzíticas orientadas segundo NE-

SW, nas proximidades do Rio Grande e que atingem até 1.600 metros de altitude. A Serra da

Canastra constitui uma unidade de planaltos, cristas e áreas dissecadas, com altitude entre 1.000 e

1.450 metros. Em relação aos solos, a área é coberta pelo Latossolo Vermelho e Latossolo

Vermelho-Amarelo.

O Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Sapucaí (GD 5 - MG) (COPASA,

2010) apresenta algumas características hidrodinâmicas do SAX nesta região. Descrevem que, aqui,

as rochas xistosas são geralmente mais dúcteis e menos rúpteis que as gnáissicas e costumam

apresentar descontinuidades mais fechadas ou em menor quantidade. Neste sentido, geralmente, as

vazões máximas explotáveis no SAX são menores que as do Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico

(SAGG), ficando na ordem entre 5 e 20 m3/h e capacidade específica entre 0,72 a 3,24 m3/h/m.

IGAM (2010b), ao elaborar Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Verde (GD

4 - MG), não identificou na região distinções significantes em alguns parâmetros hidrodinâmicos

entre os sistemas aquífero Xistoso (SAX) e Quartzítico (SAQ). Esta análise baseou-se em 74 poços

tubulares inventariados nestes dois sistemas aquíferos. Tais poços apresentaram uma profundidade

que varia entre 50 e 155 metros e as capacidades específicas ficam entre 0, 026 e 1,31 m3/h/m, com

a média ficando em 0, 417 m3/h/m. Esses números indicam uma baixa produtividade das captações

36

nos dois sistemas aquíferos fissurados, em quartzitos/xistos. A Tabela 2.16 apresenta alguns dados

hidrodinâmicos dos poços tubulares em rochas quartzíticas e xistosas.

Tabela 2.16 - Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços perfurados nos sistemas aquíferos Quartzítico

(SAQ) e Xistoso (SAX), na Sub-bacia do Rio Verde (IGAM, 2010b).

Vazão (m3/h) Capacidade

Específica (m3/h/m)

Profundidade do

Poço (m)

Mínima 0,28 0,026 50

Média 8,50 0,417 81

Máxima 29,99 1,310 155

Por meio do banco de dados do SIAGAS/CPRM, na área da BHRG apenas 04 poços

perfurados nas rochas xistosas do SAX possuem dados seguros sobre a produtividade e o perfil

litológico. As vazões, capacidades específicas e profundidades destes poços podem ser observadas

na Tabela 2.17, que mostram a baixa produtividade também apresentada nos parágrafos acima.

Tabela 2.17 - Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços registrados no SIAGAS/CPRM, perfurados

no Sistema Aquífero Xistoso, na Bacia do Rio Grande.

Poço Município Vazão

(m3/h)

Capacidade

Específica (m3/h/m)

Profundidade do

Poço (m)

3100019731 Passos (MG) 4,30 0,066 144

3100019963 São José da Barra (MG) 18,72 0,922 118

3100019194 Itutinga (MG) 4,40 0,138 70

3100018819 Bom Jardim de Minas (MG) 4,72 0,061 150

Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico

O Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico (SAGG) ocorre densamente nas porções central e

leste da BHRG. Trata-se do maior sistema aquífero da Bacia do Rio Grande (50.583,99 km2),

ocupando cerca de 35,32% da área de sua área total, especialmente no Estado de Minas Gerais,

existindo em todas as sub-bacias da vertente mineira da BHRG (GD 1 a GD 8). Em São Paulo sua

área é menos expressiva e surge nas sub-bacias do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP), do Rio Pardo

(UGRHI 4 - SP) e da Serra da Mantiqueira (UGRHI 1 - SP).

O SAGG na Bacia do Rio Grande é caracterizado como do tipo fraturado, anisotrópico e

descontínuo, sendo formado pelo armazenamento predominantemente em rochas ígneas e

metamórficas de alto grau (granitos, gnaisses, migmatitos, granodioritos, tonalitos, anfibolitos,

pegmatitos, etc.). A recarga se dá principalmente através dos cursos d’água encaixados em sistemas

de fraturamento e percolação pelo manto de intemperismo.

Do ponto de vista geomorfológico, a área do Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico na BHRG

compreende a região do Planalto do Alto Rio Grande (SP), Planalto Dissecado do Sul de Minas

(MG), Planaltos Dissecados do Centro-Sul e do Leste de Minas (MG), Serra da Mantiqueira (MG)

e Depressão do Rio Grande (MG). Na vertente paulista abrange as superfícies planálticas no reverso

da Serra da Mantiqueira e morros e serras alongadas da Serrania de Lindóia. Na vertente mineira, a

Depressão do Rio Grande constitui um compartimento rebaixado, cercado pelas áreas de planaltos

formados por escarpas ou por relevos altos. Em relação aos solos, no Estado de São Paulo são

predominantes os Cambissolos; Em Minas Gerais variam desde solos pouco desenvolvidos

(Cambissolos e Litossolos) até os desenvolvidos, como os Latossolos.

O Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Alto Rio Grande (GD 1 - MG) (IGAM,

2010c), através da análise de 40 poços tubulares inventariados na região sobre o SAGG, descreve

que a profundidade destes varia entre 48,50 e 150 metros e as vazões ficam entre 1,0 e 26,6 m³/h.

O Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica das Vertentes do Rio Grande

(GD 2 - MG) (IGAM, 2010a), por meio do inventário de 231 poços no SAGG sobre esta região,

classificou que estes têm profundidades entre 40,60 e 150 metros, vazões que variam de 0,30 a 90

37

m³/h e capacidade específica entre 0,022 e 5,67 m³/h/m, com a média de 0,048 m³/h/m. Os valores

máximos, mínimos e médios das principais características dos poços tubulares inventariados são

vistos na Tabela 2.18.

Tabela 2.18 - Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços perfurados no Sistema Aquífero Gnáissico-

Granítico (SAGG), na Sub-bacia das Vertentes do Rio Grande (IGAM, 2010a).

Vazão (m3/h) Capacidade

Específica (m3/h/m)

Profundidade do

Poço (m)

Mínima 0,30 0,022 40,60

Média 9,77 0,048 93,04

Máxima 90 5,67 150,00

IGAM (2010b), descreve que, de modo geral, a Sub-bacia do Rio Verde (GD 4 - MG) tem

poços com profundidades entre 40 e 150 metros, vazões que variam de 0,14 a 18 m3/h e capacidade

específica entre 0,002 e 0,58 m3/h/m, com a média de 0,15 m3/h/m. A Tabela 2.19 apresenta uma

análise estatística das vazões, capacidades específicas e profundidades de 55 poços perfurados no

SAGG.

Tabela 2.19 - Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços perfurados no Sistema Aquífero Gnáissico-

Granítico (SAGG), na Sub-bacia do Rio Verde (IGAM, 2010b).

Vazão (m3/h) Capacidade

Específica (m3/h/m)

Profundidade do

Poço (m)

Mínima 0,14 0,002 40

Média 3,73 0,150 89,55

Máxima 18,00 0,580 150

Em São Paulo, de acordo com IPT (2000b), quando foi realizado um levantamento de 20

poços do SAGG situados na Sub-bacia do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP), estes apresentaram vazões

entre 1,2 e 24 m3/h, com média de 6,3 m3/h. As capacidades específicas resultantes variaram de

0,031 a 0,960 m3/h/m, com média de 0,258 m3/h/m. As profundidades dos poços foram entre 28 e

181,2 metros. Os valores máximos, mínimos e médios das principais características dos poços

tubulares inventariados são vistos na Tabela 2.20.

Tabela 2.20 - Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços perfurados no Sistema Aquífero Gnáissico-

Granítico (SAGG), na Sub-bacia do Rio Pardo (IPT, 2000b).

Vazão (m3/h) Capacidade Específica

(m3/h/m)

Profundidade do

Poço (m)

Mínima 1,20 0,031 28,00

Média 6,30 0,258 95,10

Máxima 24,00 0,960 181,20

Por meio do banco de dados do SIAGAS/CPRM, na área da BHRG, especificamente na Sub-

bacia da Serra da Mantiqueira (UGRHI 4 - SP), foram cadastrados 07 poços perfurados nas rochas

do SAGG. As vazões, capacidades específicas e profundidades destes poços podem ser observadas

na Tabela 2.21, que corroboram a baixa produtividade também apresentada nos parágrafos acima,

com vazões inferiores a 4,80 m3/h e a capacidade específica média de 0,111 m3/h/m.

O SAGG mostra ter, a partir dos dados levantados na região da BHRG, uma baixa

favorabilidade hidrogeológica. Entretanto, esta afirmação deve ser vista com ressalva, pois, mesmo

considerando a heterogeneidade desse sistema, os poços locados e construídos com técnicas

adequadas podem fornecer vazões satisfatórias para atender a demanda de propriedades rurais ou

mesmo de pequenos núcleos populacionais.

38

Tabela 2.21 - Vazões, capacidades específicas e profundidades de poços registrados no SIAGAS/CPRM, perfurados

no Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico, na Sub-bacia da Serra da Mantiqueira.

Poço Município Vazão

(m3/h)

Capacidade

Específica (m3/h/m)

Profundidade do

Poço (m)

3500029521 Santo Antônio do Pinhal (SP) 4,80 0,110 144

3500008025 Campos do Jordão (SP) 2,70 0,040 200

3500029520 Campos do Jordão (SP) 3,00 0,045 120

3500029894 Campos do Jordão (SP) 0,50 0,005 200

3500029895 Campos do Jordão (SP) 5,00 0,164 180

3500029896 Campos do Jordão (SP) 2,00 0,353 28,5

3500029897 Campos do Jordão (SP) 2,00 0,062 88

Cabe destacar que é na região da BHRG que se encontram as mais importantes estâncias

hidrominerais do país: o Circuito das Águas de Minas Gerais e o Circuito das Águas do Estado de

São Paulo.

O Circuito das Águas de Minas Gerais é formado pelas cidades de Baependi, Cambuquira,

Campanha, Carmo de Minas, Caxambu, Conceição do Rio Verde, Lambari, São Lourenço,

Soledade de Minas e Três Corações. Estes municípios estão sobre os sistemas aquíferos Gnáissico-

Granítico, Xistoso e Quartzítico.

De acordo com Hirata et al. (1994), esta região apresenta dois cenários hidrogeológicos

distintos, um associado às rochas fraturadas, em áreas topograficamente mais elevadas e outro

associado aos depósitos aluvionares nas áreas de planície. Segundo IGAM (2010b), ao analisar os

tipos de captações inventariadas em relação aos sistemas aquíferos para o Plano Diretor de Recursos

Hídricos da Bacia do Rio Verde (MG), verificou-se que: as nascentes naturais ou surgências estão

localizadas, em sua totalidade, no contato do manto de alteração com a rocha fresca, ou no contato

entre duas camadas do manto de alteração que apresentam permeabilidades bem diferenciadas. Os

poços manuais ou escavados estão presentes nas aluviões e no manto de alteração, normalmente

onde a superfície freática fica a pequena profundidade e o material cortado é facilmente

desagregável. Já os poços tubulares se encontram distribuídos por toda a Bacia do Rio Verde, com

captação em todos os sistemas aquíferos (SAGG, SAX e SAQ), principalmente em rochas xistosas

e quartzíticas.

As cidades de Lindóia, Águas de Lindóia, Serra Negra e Socorro constituem um conjunto

peculiar de cidades pertencentes ao “Circuito das Águas” do Estado de São Paulo. Parte destes

municípios estão sobre o Sistema Aquífero Quartzítico e muitas das estâncias hidrominerais são

abastecidas por fontes e poços localizados sobre o SAQ.

2.2 CADASTRO DE POÇOS E OUTORGAS DE DIREITO DE USO DAS ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS NA BACIA DO RIO GRANDE

O Mapa de Distribuição de Poços da Bacia do Rio Grande foi elaborado a partir dos poços

cadastrados no Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS) do Serviço Geológico

do Brasil (CPRM), atualizado em julho de 2014 (Figura 2.11).

Em toda a BHRG foram cadastrados 6.464 poços nesse banco de dados, onde cerca de 83,5%

estão no Estado de São Paulo e 16,5% em Minas Gerais. As Unidades de Gestão com o maior

número de poços cadastrados no SIAGAS/CPRM são da Sub-bacia do Rio Turvo-Grande (UGRHI

15 - SP), com 2.752 poços, da Sub-bacia do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP), com 1.066 poços, e

do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP), com 820 poços, somando mais de 70% dos poços cadastrados na

bacia (Figura 2.12).

39

Figura 2.11 - Mapa de distribuição de poços cadastrados no banco de dados SIAGAS/CPRM na região da BHRG.

40

Figura 2.12 - Número de poços tubulares no cadastro do banco de dados SIAGAS/CPRM na Bacia do Grande por

Unidade de Gestão Hidrográfica (UGH).

Quanto aos usos, a maioria dos poços cadastrados no banco SIAGAS/CPRM são dedicados

ao abastecimento doméstico (33%), ao abastecimento urbano (25%) e à indústria (18%) (Figura

2.13). É importante destacar que trata-se de abastecimento doméstico aquele efetuado para o

consumo humano de forma particular (auto abastecimento) e abastecimento urbano aquele realizado

pelas empresas de saneamento.

Figura 2.13 - Poços cadastrados no banco de dados SIAGAS/CPRM por tipo de uso da água.

Entre os sistemas aquíferos presentes na bacia a maior quantidade de poços cadastrados no

banco SIAGAS/CPRM está na área de afloramento do Sistema Bauru-Caiuá, seguido do Serra

Geral, embora considerando a sequência estratigráfica das unidades geológicas, muitos poços

localizados na área de afloramento de um determinado aquífero podem estar captando água em

outro aquífero subjacente.

Por meio deste banco de dados foi possível realizar uma avaliação estatística de importantes

parâmetros dos poços da BHRG por aquífero, como profundidade, níveis estático e dinâmico, vazão

e capacidade específica.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Nº de Poços do SIAGAS por UGH

Abastecimento Doméstico

1.61233%

Abastecimento Humano

1.21425%

Irrigação49510%

Indústria88118%

Dessedentação Animal; 74; 2%

Sem Uso ; 44; 1%

Outros Usos53411%

Número de poços cadastrados no SIAGAS por uso

41

Para a análise dos parâmetros relativos ao Sistema Aquífero Bauru-Caiuá na BHRG foram

selecionados 1.619 poços do banco de dados SIAGAS/CPRM. Salienta-se que todos estes poços

foram perfurados integralmente no SABC, possuem dados de vazão e foram classificados de acordo

com as descrições dos perfis litológicos. A Tabela 2.22 apresenta a análise estatística em tela.

Tabela 2.22 - Análise estatística de alguns parâmetros importantes de poços registrados no SIAGAS/CPRM na região

da BHRG, todos perfurados integralmente no Sistema Aquífero Bauru-Caiuá.

Parâmetro Mínimo Média Mediana Máximo N

Profundidade (m) 10 96,4 90 207 1619

Nível Estático (m) 1,65 27,62 25 145 1462

Nível Dinâmico (m) 7,5 56,85 51,37 190 1465

Vazão (m3/h) 0,04 13,5 10 506 1619

Capacidade Específica

(m3/h/m) 0,003 0,522 0,417 5,93 1451

Foi possível observar que a produtividade do Sistema Aquífero Bauru-Caiuá é mais elevada

em sua porção centro-sul (Figura 2.11), onde há uma quantidade maior de poços e uma maior

concentração de poços com vazões acima da média. Nesta região, a vazão média dos poços é de

14,4 m3/h e a mediana é de 10,5 m3/h. É nesta região que se encontram cidades paulistas, como São

José do Rio Preto, Catanduva, Monte Alto e Olímpia, que possuem abastecimento urbano por águas

subterrâneas ou sistema misto, utilizando principalmente o SABC.

Na região centro-oeste do sistema aquífero (Figura 2.11), em sua porção paulista, coincidente

com a parte oeste da CBH dos Rios Turvo e Grande, a produtividade é baixa, sendo a vazão média

dos poços de 8,8 m3/h e a mediana de 7 m3/h. Nesta região, destacam-se no uso das águas no SABC,

as cidades de Jales, Fernandópolis e Votuporanga.

Na porção norte do sistema aquífero (Figura 2.11), porção mineira da BHRG (Sub-bacia dos

Afluentes Mineiros do Baixo Rio Grande - GD 08), os dados existentes, apesar de poucos, indicam

uma menor produtividade para o SABC. Para os 08 poços classificados como Sistema Aquífero

Bauru-Caiuá (dos quais 05 são poços da RIMAS/CPRM), a profundidade média foi de 68 metros

(mínimo de 29 e máximo de 100 metros) e a vazão média de 4,7 m3/h (mínimo de 0,04 e máximo

de 13,8 m3/h). Nesta região, o Atlas Brasil (ANA, 2010) mostra que o abastecimento das cidades se

dá predominantemente por águas superficiais.

Para a análise dos parâmetros relativos ao Sistema Aquífero Serra Geral na BHRG foram

selecionados 455 poços do banco de dados SIAGAS/CPRM. Todos estes possuem dados de vazão

e foram classificados de acordo com as descrições dos perfis litológicos. A maioria destes poços

captam exclusivamente água do SASG e foram perfurados em suas áreas de afloramento. A Tabela

2.23 apresenta a análise estatística destes poços.

Tabela 2.23 - Análise estatística de alguns parâmetros importantes de poços que captam água do Sistema Aquífero

Serra Geral na região da BHRG e registrados no banco de dados SIAGAS/CPRM.

Parâmetro Mínimo Média Mediana Máximo N

Profundidade (m) 7 153 130 1302 455

Nível Estático (m) 0,07 34,3 22 252 405

Nível Dinâmico (m) 2 79,9 70 372 409

Vazão (m3/h) 0,3 22,3 12 450 455

Capacidade Específica

(m3/h/m) 0,004 1,15 0,36 19,4 409

Ao considerar apenas os poços na área de afloramento do SASG na BHRG (Figura 2.11),

as estatísticas praticamente não mudam muito, quando a vazão média passa a ser 21,6 m3/h e a

mediana se mantém em 12 m3/h. Avaliando-se apenas os poços para o abastecimento urbano (65

poços), a vazão média é de 33,9 m3/h e a mediana de 20 m3/h.

42

Em relação a análise dos parâmetros relativos ao Sistema Aquífero Guarani na BHRG, foram

selecionados 660 poços do banco de dados SIAGAS/CPRM. Todos eles têm dados de vazão e foram

definidos a partir das descrições dos perfis litológicos. Foram analisados poços que captam água do

SAG confinado e livre. A Tabela 2.24 apresenta a análise estatística destes poços.

Tabela 2.24 - Análise estatística de alguns parâmetros importantes de poços que captam água do Sistema Aquífero

Guarani na região da BHRG e registrados no banco de dados SIAGAS/CPRM.

Parâmetro Mínimo Média Mediana Máximo N

Profundidade (m) 20 242 172 1683 660

Nível Estático (m) 0,5 64 51 289 582

Nível Dinâmico (m) 3 94 87 384 568

Vazão (m3/h) 0,45 77,7 31 700 660

Capacidade Específica

(m3/h/m) 0,008 3,934 1,82 109,09 564

Foi possível observar que a produtividade do Sistema Aquífero Guarani é menos elevada em

sua porção livre, ou seja, na área de afloramento do SAG (Figura 2.11). Nesta área foram analisados

161 poços, os quais apresentaram a vazão média de 39,9 m3/h e a mediana de 14,5 m3/h.

Os poços que captam água do Sistema Aquífero Guarani perfurados na área de afloramento

do Sistema Aquífero Serra Geral na região da BHRG (431 poços) possuem produtividade maior

que a apresentada no sistema livre. A vazão média é de 68,7 m3/h e a mediana de 33,31 m3/h.

A produtividade do Sistema Aquífero Guarani na BHRG mostra-se mais elevada para os

poços do SAG perfurados na área de afloramento do Sistema Aquífero Bauru-Caiuá (46 poços), a

vazão média é de 305 m3/h e a mediana de 297 m3/h. A profundidade média desses poços é de 920

metros e a mediana de 942 metros.

Considerando apenas os poços do SAG na região da BHRG exclusivos para o abastecimento

urbano (174 poços), a vazão média é de 127 m3/h e a mediana de 80 m3/h.

Sobre a análise dos parâmetros relativos ao Sistema Aquífero Carbonático na BHRG, foram

selecionados apenas 07 poços do banco de dados SIAGAS/CPRM. Salienta-se que todos estes

poços foram perfurados integralmente no SAC, possuem dados de vazão e foram classificados de

acordo com as descrições dos perfis litológicos. A Tabela 2.25 apresenta a análise estatística em

tela.

Tabela 2.25 - Análise estatística de alguns parâmetros importantes de poços que captam água do Sistema Aquífero

Carbonático na região da BHRG e registrados no banco de dados SIAGAS/CPRM.

Parâmetro Mínimo Média Mediana Máximo N

Profundidade (m) 90 122,83 100 180 7

Nível Estático (m) 3,00 18,33 5,8 60,02 7

Nível Dinâmico (m) 6,27 44,50 11,7 126,59 7

Vazão (m3/h) 2,80 20,79 18 59,98 7

Capacidade Específica

(m3/h/m) 0,025 3,140 3,26 127,53 7

A partir dos dados de vazão e capacidade específica apresentados na Tabela 2.25, constata-se

a produtividade variável do Sistema Aquífero Carbonático na região da Bacia do Rio Grande. As

vazões variam de 2,80 a 59,98 m3/h e a capacidade específica de 0,025 até 127,53 m3/h/m.

Para os sistemas aquíferos fraturados da BHRG foram selecionados ao total 802 poços do

banco de dados SIAGAS/CPRM, sendo 24 poços do Sistema Aquífero Quartzítico, 80 poços do

Sistema Aquífero Xistoso e 698 poços do Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico. As Tabelas 2.26

a 2.28 apresentam separadamente as análises estatísticas dos três sistemas aquíferos.

43

Tabela 2.26 - Análise estatística de alguns parâmetros importantes de poços que captam água do Sistema Aquífero

Quartzítico na região da BHRG e registrados no banco de dados SIAGAS/CPRM.

Parâmetro Mínimo Média Mediana Máximo N

Profundidade (m) 42 90 80 165 24

Nível Estático (m) 0,42 9,2 4,9 35 19

Nível Dinâmico (m) 3,6 46,3 43,3 124 21

Vazão (m3/h) 1,4 20,2 8,4 167 24

Capacidade Específica

(m3/h/m) 0,038 4,77 0,28 53,7 18

Tabela 2.27 - Análise estatística de alguns parâmetros importantes de poços que captam água do Sistema Aquífero

Xistoso na região da BHRG e registrados no banco de dados SIAGAS/CPRM.

Parâmetro Mínimo Média Mediana Máximo N

Profundidade (m) 28 102 100 234 80

Nível Estático (m) 0,6 9,4 3,8 49,9 74

Nível Dinâmico (m) 1,7 50 43 227,5 79

Vazão (m3/h) 0,18 10,8 7 72 80

Capacidade Específica

(m3/h/m) 0,002 0,50 0,19 4,36 73

Tabela 2.28 - Análise estatística de alguns parâmetros importantes de poços que captam água do Sistema Aquífero

Gnáissico-Granítico na região da BHRG e registrados no banco de dados SIAGAS/CPRM.

Parâmetro Mínimo Média Mediana Máximo N

Profundidade (m) 4 104 96 370 698

Nível Estático (m) 0,14 7,9 3,7 116 607

Nível Dinâmico (m) 3 53,5 47,6 192,4 647

Vazão (m3/h) 0,14 11,7 8,6 90 698

Capacidade Específica

(m3/h/m) 0,003 0,61 0,22 26,92 600

Por meio das informações apresentadas nas tabelas acima, nota-se que a produtividade média

dos sistemas aquíferos fraturados (Quartzítico, Xistoso e Gnáissico-Granítico) é baixa, porém com

uma gradação entre os três sistemas. O Sistema Aquífero Quartzítico mostra-se com produtividade

superior aos outros dois, com vazão e capacidade específica média de 20,2 m3/h e 4,77 m3/h/m,

respectivamente. Os sistemas aquíferos Xistoso e Gnáissico-Granítico possuem produtividade

semelhantes, com vazões médias de 10,8 m3/h para o SAX e de 11,7 m3/h para o SAGG. As

capacidades específicas médias são de 0,50 m3/h/m para o SAX e de 0,61 m3/h/m para o SAGG.

Dos 393 municípios da bacia, quatro se destacam em densidade de poços, considerando a área

do município contida na bacia: São José do Rio Preto (1,47 poço/km2), Catanduva (1,37 poço/km2),

Águas de Lindóia (0,95 poço/km2) e Ribeirão Preto (0,72 poço/km2). Dentre os municípios situados

total ou parcialmente dentro da bacia, 33% utilizam a água subterrânea como fonte exclusiva de

abastecimento público (ANA, 2010), 16% utilizam fontes mistas de abastecimento (superficial e

subterrânea) e os demais (51%) fontes superficiais (Figura 2.14).

Em considerando as outorgas de águas subterrâneas na BHRG, o cadastro dos estados contém

7.726 vigentes, segundo informações disponibilizadas pelos órgãos gestores (DAEE/SP e IGAM-

SEMAD/MG) até 2012, somando cerca de 122 mil m³/h. Nesse cadastro o Estado de São Paulo

dispunha de 4.718 outorgas, destacando-se em número de outorgas e vazão outorgada os municípios

de Ribeirão Preto (377 outorgas e 16.438 m3/h), São José do Rio Preto (623 outorgas e 8.945 m3/h),

Barretos (115 outorgas e 5.993 m3/h), Catanduva (213 outorgas e 4.930 m3/h) e Sertãozinho (101

outorgas e 4.890 m3/h). Em Minas Gerais as 3.008 outorgas existentes somam cerca de 12 mil m³/h,

onde os municípios de Uberaba (233), Pouso Alegre (116) e Formiga (96) sobressaem em número

de outorgas. O mapa da Figura 2.15 apresenta a distribuição das outorgas na Bacia do Grande.

44

Figura 2.14 - Percentual de utilização de mananciais subterrâneos, superficiais e mistos nos sistemas de abastecimento público nos municípios da Bacia do Grande e sua distribuição em relação

aos principais aquíferos. Fonte: ANA (2010).

45

Figura 2.15 - Mapa de distribuição das outorgas de direito de uso de águas subterrâneas da Bacia do Rio Grande.

46

As Unidades de Gestão Hidrográfica (UGH) com os maiores volumes outorgados de direito

de uso de águas subterrâneas no Estado de São Paulo são a Sub-bacia do Rio Turvo-Grande (UGRHI

15 - SP), com 41.196 m3/h, a Sub-bacia do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP), com 23.843 m3/h, e

a do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP), com 22.507 m3/h, somando mais de 72% do volume outorgado de

água subterrânea na BHRG. Em Minas Gerais destacam-se a Sub-bacia dos Afluentes Mineiros do

Baixo Grande Rio Grande (GD 8 - MG), com 4.596 m3/h, e a Sub-Bacia do Entorno do Lago de

Furnas (GD 3 - MG), com 2.180 m3/h. Estas informações são apresentadas na Tabela 2.29 e na

Figura 2.16.

Tabela 2.29 - Informações sobre as outorgas de direito de uso de águas subterrâneas na região da BHRG.

As águas subterrâneas são responsáveis pela maior parte do número de outorgas da bacia

(60%) e correspondem a 9,9% da vazão. Dentre os usos mais comuns outorgados destacam-se o

abastecimento humano, irrigação e uso industrial (Figura 2.17).

É interessante ressalvar as distinções entre o mapa de poços cadastrados no banco de dados

SIAGAS/CPRM (Figura 2.11) e o mapa de distribuição das outorgas de direito de uso de águas

subterrâneas da BHRG (Figura 2.15). Primeiramente nota-se que existe um número menor de poços

cadastrados no banco de dados SIAGAS/CPRM (6.464 poços) que outorgados pelos estados de

Minas Gerais e São Paulo (7.726 poços) na região da Bacia do Rio Grande, apresentando uma

diferença aproximada de 16% no número de poços entre os dois cadastros. Advém também uma

melhor distribuição dos poços sobre a área da bacia no mapa da Figura 2.15 em relação aqueles

cadastrados no banco de dados SIAGAS/CPRM (Figura 2.11), especialmente quando se avalia esta

analogia do ponto de vista dos distintos sistemas aquíferos presentes na região da BHRG. Esta

SIGLA NOME UNIDADE TOTAL VAZÃO (m3/s) TOTAL (m

3/s) VAZÃO (m

3/h) (% )

122.312 100,00TOTAL 7.726 33,97555

184

22.507

6.972

23.843

15.212

41.946

30,739860

3,235683

285

1.476

2.180

699

1.047

596

770

4.596

0,213769

1,276692

1,936539

6,623117

4,225539

11,651550

0,051047

6,250690

0,079222

0,409868

0,605688

0,194164

0,290787

0,165493

4.718

34

740

434

1.220

359

1.931

3.008

63

363

863

297

379

267

276

500 3,76

0,57

0,86

0,49

0,63

34,29

12,44

19,49

5,70

18,40

0,15

Sapucaí-Mirim e Grande

Rio Pardo

Serra da Mantiqueira

UGH NÚMERO DE OUTORGAS

GD 4

Afluentes Mineiros do

Baixo Rio Grande

UGRHI 01

UGRHI 04

UGRHI 15

UGRHI 12

UGRHI 09

UGRHI 08

Rios Turvo e Grande

Baixo Pardo-Grande

Rio Mogi Guaçu

GD 5

GD 6

GD 7

GD 8

Entorno do Lago de Furnas

Rio Verde

Rio Sapucaí

Afluentes Mineiros dos

Rios Mogi Guaçu e Pardo

Afluentes Mineiros do

Médio Rio Grande

OUTORGAS DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NAS UGHs DA BACIA DO RIO GRANDE

GD 1 Alto Rio Grande

GD 2 Vertentes do Rio Grande

GD 3

VAZÃO OUTORGADA

0,23

1,21

1,78

47

situação pode ser facilmente analisada utilizando-se, por exemplo, a razão entre o número de poços

existentes nos dois cadastros e a área do Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico (SAGG), o qual

ocupa uma área bastante expressiva da bacia, cerca de 35,3% do total. Observa-se que para o

cadastro da CPRM obtém-se a razão de 0,023 e para o cadastro de outorgas de 0,043 poços/km2, ou

seja, quase o dobro de poços registrados pelos dois estados quando do processo de outorga em

relação ao banco SIAGAS/CPRM. Com isto também pode-se concluir que os sistemas aquíferos

fraturados (Gnáissico-Granítico, Xistoso e Quartzítico) têm grande importância como alternativa

de obtenção de recursos hídricos para o abastecimento doméstico, industrial, comercial ou rural de

pequeno porte.

Figura 2.16 - Representação do total de outorgas de direito dos usos da água subterrânea e seu volume outorgado (m³/h)

por UGH na Bacia do Rio Grande.

Figura 2.17 - Representação dos usos da água subterrânea em volume outorgado (m³/h) na Bacia do Rio Grande. O

regime de bombeamento não foi considerado devido a ausência dessa informação para o Estado de Minas Gerais.

Abastecimento Humano58.155

47%

Irrigação27.698

23%

Indústria24.616

20%

Mineração1.168

1%

Dessedentação Animal1.157

1%Outros Usos

9.6788%

Usos da água subterrânea outorgada (m3/h)

48

2.3 QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA BACIA DO RIO GRANDE

O panorama da qualidade das águas subterrâneas na Bacia do Rio Grande apresentado a seguir

foi baseado principalmente em dados colhidos pela rede de monitoramento da CETESB

(Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) em São Paulo, e pela RIMAS (Rede de

Monitoramento Integrado das Águas Subterrâneas) do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM), que

possui poços em São Paulo e em Minas Gerais (Figura 2.18).

Figura 2.18 - Representação do número de poços monitorados nos aquíferos da Bacia do Rio Grande nas redes da

CETESB e RIMAS/CPRM.

A rede de monitoramento da CETESB na região da BHRG conta com 62 poços, a qual

monitora os sistemas aquíferos Bauru-Caiuá (15 poços), Guarani (28 poços), Serra Geral (13

poços), Tubarão (02 poços), Passa Dois (01 poço) e o conjunto dos sistemas fraturados Xistoso,

Quartzítico e Gnáissico-Granítico (03 poços). A RIMAS/CPRM, por sua vez, monitora

automaticamente o nível d´água e a qualidade em 09 poços na Bacia e adjacências, sendo 08 no

Bauru-Caiuá e 01 no Guarani (Figura 2.19).

Rede de Monitoramento da CETESB

O Relatório da CETESB de 2013, consultado como referência para este trabalho, apresenta

os resultados do monitoramento da Rede de Qualidade das Águas Subterrâneas para o triênio 2010-

2012 e os primeiros resultados da Rede de Monitoramento Integrado de Qualidade e Quantidade,

operada em parceria com DAEE, e constituída por poços dedicados ao monitoramento dos aquíferos

freáticos na área de afloramento do Bauru-Caiuá e Guarani, que se iniciou no segundo semestre de

2009. Foram consultados os resultados dos 62 poços monitorados na Bacia do Rio Grande.

Os resultados publicados no relatório foram obtidos por meio de campanhas sistemáticas de

amostragem. Os dados foram tratados e interpretados estatisticamente para o triênio. Destas

informações é possível determinar as características geoquímicas basais das águas, bem como

avaliar as variações de qualidade e tendências, comparando-se com os resultados de campanhas

anteriores.

Os resultados analíticos são agrupados em função dos sistemas aquíferos monitorados. É

realizada a análise estatística descritiva de todos os parâmetros. As informações são tabuladas por

aquífero para o Estado e para as UGRHI nas quais os pontos de monitoramento se localizam.

0

5

10

15

20

25

30

Bauru-Caiuá Guarani Serra Geral Tubarão Passa Dois Fraturados

15

28

13

21

3

8

1

Número de poços monitorados

CETESB

RIMAS

49

Figura 2.19 - Representação dos poços da rede de monitoramento de águas subterrâneas da CETESB e RIMAS/CPRM na Bacia do Grande.

50

Os parâmetros analisados para caracterização química e avaliação da qualidade da água

subterrânea bruta no período de 2010 a 2012 foram:

Parâmetros Físicos: temperatura, sólidos dissolvidos totais e sólidos totais.

Parâmetros Químicos: pH, alcalinidade bicarbonato, alcalinidade carbonato, alcalinidade

hidróxido, condutividade elétrica, dureza total, nitrogênio nitrato, nitrogênio nitrito,

nitrogênio amoniacal total, nitrogênio Kjeldahl total, carbono orgânico dissolvido,

cloreto, fluoreto, sulfato e as concentrações totais de alumínio, arsênio, bário, berílio,

boro, cádmio, cálcio, cobre, chumbo, cobre, cromo, estanho, estrôncio, ferro, lítio,

magnésio, manganês, níquel, potássio, sódio, titânio, vanádio e zinco.

Parâmetros Microbiológicos: bactérias heterotróficas, Escherichia Coli, coliformes totais

e bacteriófagos F-específicos.

Atividade estrogênica: a partir de 2011 foi iniciada a avaliação dos interferentes

endócrinos, por meio da determinação da atividade estrogênica. Interferentes endócrinos

são compostos que possuem a capacidade de interferir na produção ou ação dos

hormônios, podendo causar danos ao sistema reprodutor e imunológico de organismos

superiores, especialmente organismos aquáticos. Estes compostos podem atingir os

mananciais subterrâneos pela contaminação com esgoto doméstico ou pela percolação de

pesticidas ou outros compostos aplicados no solo.

Do ponto de vista do controle de poluição das águas subterrâneas alguns instrumentos legais

são utilizados para avaliar a evolução da sua qualidade. A Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914

de 12/12/2011 estabelece os padrões de qualidade da água para o consumo humano, que são fixados

com base em risco a saúde humana e, em alguns casos, em características organolépticas da água,

conforme orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A Lista de Valores Orientadores

para Solos e Águas Subterrâneas (CETESB, 2005), que objetiva estabelecer critérios para proteção

da qualidade dos solos e águas subterrâneas, foi publicada pela CETESB em 2001 e revisada e

ampliada em 2005, sendo utilizada no gerenciamento de áreas contaminadas. Para as águas

subterrâneas foram adotados apenas os valores de intervenção (VI), que indicam as concentrações

máximas de determinadas substâncias acima das quais existe potencial de risco à saúde humana em

um cenário genérico, enquanto para os solos foram também adotados os valores de referência de

qualidade (VRQ) e valores de prevenção (VP).

Os valores de referência de qualidade para águas subterrâneas foram publicados no Relatório

de Qualidade das Águas Subterrâneas 2004-2006, para cada um dos sistemas aquíferos do Estado

de São Paulo (CETESB, 2007).

Qualidade das Águas Subterrâneas dos Principais Sistemas Aquíferos da Bacia do Rio Grande

Sistema Aquífero Bauru-Caiuá

Segundo a CETESB (2013), o Diagrama de Piper produzido para análise das águas do Sistema

Aquífero Bauru-Caiuá no Estado de São Paulo, demonstra que estas pertencem a dois tipos

hidroquímicos: as bicarbonatadas cálcicas e cálcio-magnesiana, que predominam, e as

bicarbonatadas sódicas, secundariamente (Figura 2.20). São, de modo geral, bicarbonatadas,

fracamente salinas, com condutividade elétrica inferior a 300 µS/cm, resíduo seco a 180°C inferior

a 250 mg/L e sulfato inferior a 10 mg/L, com pH variando de 5,4 a 9,7.

O monitoramento de qualidade das águas do Sistema Aquífero Bauru-Caiuá no triênio 2010

a 2012 (CETESB, 2013), na porção paulista da Bacia do Rio Grande, foi realizado em 13 poços

tubulares da Sub-bacia do Rio Turvo-Grande (UGRHI 15 - SP), 01 poço na Sub-bacia do Baixo

Pardo-Grande (UGRHI 12 - SP) e 01 poço na Sub-bacia do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP). As

características desses poços estão na Tabela 2.30.

51

Figura 2.20 - Classificação das águas do Sistema Aquífero Bauru-Caiuá em São Paulo, segundo o Diagrama de Piper

(CETESB, 2013).

Tabela 2.30 - Poços da rede de monitoramento da CETESB para o Sistema Aquífero Bauru-Caiuá em São Paulo, na

Bacia do Grande (Período 2010 a 2012).

UGRHI Município Ponto Descrição Profundidade de

captação (m)

Nível

Estático (m)

15 Américo Campos BA0226P Poço Cohab do Banespinha --- 59

15 Cajobi BA0023P P1 - SABESP 5 a 112 63

15 Cândido Rodrigues BA0024P P4 - SABESP 66 a 104 36

15 Catiguá BA0031P P3 - Prefeitura 15 a 102 26

15 Indiaporã BA0051P P1 - Tupinambá, SABESP 37 a 87 30

15 Macedônia BA0065P P3 - SABESP 55 a 174 22

15 Nova Granada BA0078P P1 - Mangaratu, SABESP 20 a 79 0

15 Onda Verde BA0264P P2 - SABESP 63 a 154 44

15 Palestina BA0265P Poço do Recinto --- ---

15 Palmares Paulista BA0087P P3 - SABESP 55 a 112 44

15 Pedranópolis BA0095P P1 - SABESP 27 a 86 11

15 São José do Rio Preto BA0127P P219 - Sede DAEE 28 a 68 22

15 Uchoa BA0147P P2 - DAEE/ Prefeitura 36 a 120 30

12 Bebedouro BA0233P Poço Jordana - Distrito Industrial 55 a 115 32

9 Monte Alto BA0072P P1 - SABESP 52 a 116 89

Com este monitoramento foi possível à CETESB avaliar os resultados positivos para

bacteriófagos F-específicos encontrados em apenas 03 amostras do SABC na BHRG: BA0024P

localizado em Cândido Rodrigues (3 UFP 100 mL-1), BA0031P em Catiguá (16 UFP 100 mL-1) e

BA0072P, localizado em Monte Alto (3 UFP 100 mL-1). Esse parâmetro é sugerido como indicador

da presença de vírus entéricos e pode atingir os mananciais subterrâneos por meio de esgotos

domésticos.

De um modo geral as águas do SABC na BHRG, segundo CETESB (2013), possuem

distinções pontuais de suas características, encontrando-se desconformidades dos resultados em

52

relação ao padrão de potabilidade para as substâncias fluoreto (em Américo Campos, poço

BA0226P), cromo (em Nova Granada, poço BA0078P; em Palestina, poço BA0265P) e coliformes

totais, em distintos poços.

Alguns poços apresentaram teores elevados de vanádio, acima do valor para consumo humano

proposto na Resolução CONAMA nº 396/08 (0,05 mg/L), variando entre 0,05 mg/L e 0,07 mg/L.

Essa condição foi observada para o poço GU0202P – São José do Rio Preto, BA0226P – Américo

Campos e SG0275P – Santa Albertina.

Quatro poços que captam água do SABC na região em estudo, BA0023P - Cajobi, BA0265P

- Palestina, BA0095P - Pedranópolis e BA0127P - São José do Rio Preto, apresentaram

concentrações de nitrato acima do valor de prevenção (5 mg/L), mas inferiores ao valor máximo

permitido (10 mg/L) em pelo menos uma campanha, destacando-se o ponto de São José do Rio

Preto, onde observou-se esta condição em todas as campanhas. Este mesmo trabalho destaca a

tendência de incremento nas concentrações de nitrato nos últimos 12 anos na região da Sub-bacia

do Rio Turvo-Grande (UGRHI 15 - SP), possivelmente decorrentes dos sistemas de saneamento in

situ, quer por tanques sépticos ou fossas rudimentares.

A presença de cromo nas águas subterrâneas é verificada, em concentrações que ultrapassam

o padrão de potabilidade em poços profundos do SABC no município de Urânia (Almodovar, 2000).

Os estudos de identificação da relação água-rocha e hidrogeoquímica do cromo na água subterrânea

de poços em Urânia, realizados por Marcolan et al. (2008) e Bertolo et al. (2009), indicaram esta

relação com a geoquímica dos arenitos.

Moura (2014) descreve que algumas amostras de águas subterrâneas coletadas em poços do

SABC em São José do Rio Preto, apresentaram concentrações acima das máximas preconizadas

para alguns compostos, pela Portaria MS 2.914 de 12/12/2011, a saber: alumínio, cromo, ferro,

manganês e chumbo.

No município de São José de Rio Preto, Castro et al. (1992) observaram em algumas amostras

coletadas em poços tubulares, altos teores de nitrato, tornando as águas não potáveis. Barcha (1992)

observou teores de nitrato acima dos limites máximos recomendados pela OMS em águas do SABC

destinadas ao abastecimento público dos municípios de São José do Rio Preto, Catanduva e

Mirassol, principalmente nas áreas centrais dessas cidades.

Na vertente mineira da BHRG, segundo CPRM (2012), em um poço no município de

Carneirinho foi detectado teor de fluoreto elevado, de 3,2 mg/L, acima do limite estabelecido pela

Portaria MS 2.914 de 12/12/2011, que é de 1,5 mg/L. Concentrações altas em fluoreto podem

ocasionar manchas nos dentes (fluorose dental) e deformação nos ossos, além de representar

toxicidade em relação aos vegetais.

As hipóteses sobre a origem do fluoreto nas águas do SABC devem ser investigadas com

maior detalhe, conforme descreve CETESB (2013). Hypolito et al. (2010) associou as altas

concentrações de fluoreto dos sistemas aquíferos de São Paulo ao contato de águas alcalinas com

biotitas e argilominerais e à percolação de fluidos hidrotermais ricos em flúor. No entanto, não se

deve descartar a possibilidade da ação antrópica como fonte de fluoreto.

Sistema Aquífero Serra Geral

Spiller (2005) ao avaliar as águas do Sistema Aquífero Serra Geral em 79 poços do Estado de

São Paulo, interpretou que o pH varia de 5,8 a 7,9, onde os valores de pH > 9 ocorrem em poços de

basalto que estão relacionados com presença de fraturas horizontais, brechas basálticas com

amigdalas cristalizadas com zeólitas, fluorita, calcita, quartzo, calcedônia e malaquita. A

condutividade elétrica varia de 20 a 200 µS/cm em poços com fraturas subverticais e baixas vazões,

ou de 60 a 450 µS/cm em poços com fraturas horizontais, com alcalinidade dupla e presença de

minerais. Esse autor concluiu que a presença do basalto vesículo-amigdoloidal associado a minerais

cristalizados durante o resfriamento da lava são indicativos de uma anomalia hidrogeoquímica, com

alteração de parâmetros como pH, condutividade elétrica, alcalinidade, dureza, fluoreto, entre

outros.

53

Em CETESB (2013), a classificação das águas subterrâneas do Sistema Aquífero Serra Geral

no Estado de São Paulo, segundo o diagrama de Piper indica que as águas desse aquífero são

preponderantemente bicarbonatadas cálcicas ou magnesianas e, secundariamente, bicarbonatadas

sódicas (Figura 2.21). Os resultados da qualidade das águas do SASG, obtidos para o triênio 2010

a 2012, mostram de modo geral águas pouco mineralizadas. Para os elementos alumínio, boro e

chumbo as concentrações máximas ultrapassaram os valores máximos permitidos. Também foram

encontradas pontualmente concentrações de nitrato acima do valor de prevenção da CETESB de 5

mg/L.

Figura 2.21 - Classificação das águas do Sistema Aquífero Serra Geral em São Paulo, segundo o Diagrama de Piper

(CETESB, 2013).

O monitoramento de qualidade das águas do Sistema Aquífero Serra Geral no triênio 2010 a

2012 (CETESB, 2013), na porção paulista da Bacia do Rio Grande, foi realizado em 05 poços na

Sub-bacia do Baixo Pardo-Grande (UGRHI 12 - SP), 03 poços das sub-bacias do Sapucaí-Mirim e

Grande (UGRHI 8 - SP), 02 poços tubulares da Sub-bacia do Rio Turvo-Grande (UGRHI 15 - SP),

02 poços na Sub-bacia do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP) e 01 poço da Sub-bacia do Rio Pardo

(UGRHI 4 - SP). As características desses poços estão na Tabela 2.31. Tabela 2.31 - Poços da rede de monitoramento da CETESB para o Sistema Aquífero Serra Geral em São Paulo, na

Bacia do Grande (Período 2010 a 2012).

UGRHI Município Ponto Descrição Profundidade de

captação (m)

Nível

Estático (m)

4 Sales Oliveira SG0119P P3 - Prefeitura Distrito Industrial 30 a 70 15

8 Miguelópolis SG0288P P4 - SABESP --- ---

8 Nuporanga SG0213P Poço 05 - Centro de Lazer Prefeitura 15 a 140 23

8 Ribeirão Corrente SG0272P SABESP, P2, próx. Cór. dos Mendes 7 a 120 5

9 Américo Brasiliense SG0005P P4 - DAEE 23 a 120 0

9 Pitangueiras SG0101P P7 - Prefeitura J. Bela Vista 20 a 250 40

12 Barretos SG0231P SAAE, Poço de Ibitu --- ---

12 Colômbia SG0029P P1 - SABESP 10 a 150 2

12 Morro Agudo SG0075P P3 - Santo Inácio, Prefeitura 24 a 150 89

12 Nuporanga SG0212P P02 - Fazenda São José, Prefeitura 16 a 100 23

54

Tabela 2.31 - Poços da rede de monitoramento da CETESB para o Sistema Aquífero Serra Geral em São Paulo, na

Bacia do Grande (Período 2010 a 2012) (Continuação).

UGRHI Município Ponto Descrição Profundidade de

captação (m)

Nível

Estático (m)

12 Terra Roxa SG0285P P4 - SABESP, Sede 16 a 100 2

15 Riolândia SG0273P SABESP, P3 - próx. Matadouro 7 a 150 5

15 Santa Albertina SG0275P SABESP, P5 – próx. Ribeirão Jacu 16 a 100 3

De acordo com CETESB (2013), foi verificado apenas um resultado positivo para

bacteriófagos F-específicos em duas amostras, referentes ao poço SG0075P, localizado em Morro

Agudo (10 UFP 100 mL-1); e ao poço SG0119P, em Sales Oliveira (5 UFP 100 mL-1). Esse

parâmetro é sugerido como indicador da presença de vírus entéricos e pode atingir os mananciais

subterrâneos pela contaminação por esgotos domésticos.

Também as águas do SASG na BHRG, segundo CETESB (2013), apresentaram distinções

pontuais de suas características, encontrando-se desconformidades dos resultados em relação ao

padrão de potabilidade para as substâncias ferro e coliformes totais no poço SG0288P, localizado

em Miguelópolis; e para ferro, alumínio e chumbo para o poço SG0272P, em Ribeirão Corrente.

Na Sub-bacia do Sapucaí-Mirim e Grande (UGRHI 8 - SP), DAEE (1974) descreve que as

águas do SASG apresentam temperaturas de 22o a 29oC, o pH de 4,8 a 7 e os sólidos totais

dissolvidos (STD) entre 44 a 280 mg/L, com maiores valores no vale do Rio Grande.

Faracini (2013), estudando as águas do SASG nas sub-bacias do Pardo (UGRHI 4 - SP),

Sapucaí-Mirim e Grande (UGRHI 8 - SP), Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP) e Baixo Pardo-Grande

(UGRHI 12 - SP), descreveu que as águas desse sistema aquífero apresentam condutividades

elétricas que variaram de 30 µS/cm até 300 µS/cm, com média de 140 µS/cm, caracterizando águas

com médio grau de mineralização. O pH das águas do SASG na região possui valores que variaram

de 6,9 a 9,7 com predominância de pH’s neutros a ligeiramente alcalinos.

Ainda neste trabalho é demonstrado que o principal ânion é o bicarbonato, com concentrações

que variaram de 10 até 113 mg/L, e valores médios de 71 mg/L. Os principais cátions presentes são

o cálcio e o sódio, com concentrações que variam respectivamente de 0,91 mg/L a 33,80 mg/L e

1,26 mg/L a 74,1 mg/L, com médias de 12,07 mg/L e 17,44 mg/L, respectivamente.

Sistema Aquífero Guarani

De acordo com Campos (1993), no Estado de São Paulo, as águas do Sistema Aquífero

Guarani são predominantemente bicarbonatadas cálcicas e apresentam temperaturas de 22 a 27ºC,

pH de 5,4 a 9,2 e salinidade inferior a 50 mg/L, na área aflorante. Na área confinada, a temperatura

varia de 22 a 59,7ºC, o pH de 6,3 a 9,8 e a salinidade de 50 a 500 mg/L. As águas são

predominantemente bicarbonatadas cálcicas e bicarbonatadas sódicas e, subordinadamente,

sulfatadas - cloretadas sódicas. Os valores de temperatura, pH, salinidade, e de íons cloreto, sulfato

e sódio, aumentam no sentido do confinamento.

O comportamento hidroquímico das águas do SAG é determinado pelo confinamento do

sistema aquífero, pelos sentidos do fluxo, pelo tempo de residência das águas e pela composição

química das rochas percoladas. Esses fatores propiciam aumento nos valores de pH e temperatura

das águas, e um pequeno enriquecimento salino, desde a porção livre até a porção confinada do

SAG (Invernizzi, 2001).

Segundo a classificação dada pelo Diagrama de Piper em CETESB (2013), as águas do

Sistema Aquífero Guarani em São Paulo são predominantemente bicarbonatadas cálcicas ou

bicarbonatadas mistas e, secundariamente, bicarbonatadas sódicas, conforme Figura 2.22.

Observa-se também a presença de água classificada como clorossulfatada cálcica ou magnesiana.

O monitoramento de qualidade das águas do Sistema Aquífero Guarani no triênio 2010 a 2012

(CETESB, 2013), na porção paulista da Bacia do Rio Grande, foi realizado em 12 poços tubulares

da Sub-bacia do Rio Pardo (UGRHI 4 - SP), 07 poços na Sub-bacia do Sapucaí-Mirim e Grande

55

(UGRHI 8 - SP), 08 poços na Sub-bacia do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP) e 01 poço na Sub-

bacia do Turvo/Grande (UGRHI 15 - SP), como fica caracterizado na Tabela 2.32.

Figura 2.22 - Classificação das águas do Sistema Aquífero Guarani em São Paulo, segundo o Diagrama de Piper

(CETESB, 2013).

Tabela 2.32 - Poços da rede de monitoramento da CETESB para o Sistema Aquífero Guarani em São Paulo, na Bacia

do Grande (Período 2010 a 2012).

UGRHI Município Ponto Descrição Profundidade de

captação (m)

Nível

Estático (m)

4 Brodowski GU0236P Prefeitura, Sede 350 a 600 250

4 Cravinhos GU0030P Prefeitura J. Itamarati 280 a 505 214

4 Jardinópolis GU0061P Prefeitura Poço Fincotti 183 a 331 123

4 Ribeirão Preto GU0113P P125 - DAERP 102 a 192 21

4 Ribeirão Preto GU0114P P137 - DAERP 125 a 230 35

4 Ribeirão Preto GU0175P P176 - DAERP * 34

4 Ribeirão Preto GU0286P P102 - DAERP 106 a 172 48

4 Sales Oliveira GU0118P Prefeitura P3 - Distrito

Industrial 355 a 529 247

4 Santa Cruz da

Esperança GU0121P P2 - SABESP 91 a 194 55

4 São Simão GU0134P P2 - São Luiz, Prefeitura 38 a 180 24

4 Serra Azul GU0137P P1 - DAEE 58 a 190 7

4 Serrana GU0138P P1 - Prefeitura 17 a 170 14

8 Batatais GU0012P P1 - Santa Cruz, SABESP 148 a 260 88

8 Buritizal GU0019P P3 - SABESP 113 a 262 82

8 Guaíra GU0245P P3 - Guaritá, Prefeitura --- ---

8 Guará GU0043P P6 - DAEE/Pref. 267 a 427 59

8 Patrocínio Paulista GU0266P Poço Marumbé, Prefeitura --- ---

8 Pedregulho GU0096P P1 - SABESP 49 a 116 11

8 São Joaquim da Barra GU0126P P15 - DAEE/Pref. 334 a 581 140

9 Descalvado GU0240P Bosque do Tamanduá --- ---

56

Tabela 2.32 - Poços da rede de monitoramento da CETESB para o Sistema Aquífero Guarani em São Paulo, na Bacia

do Grande (Período 2010 a 2012) (Continuação).

UGRHI Município Ponto Descrição Profundidade de

captação (m)

Nível

Estático (m)

9 Descalvado GU0296P Prefeitura Poço Bosque do

Tamanduá 82 a 158 48

9 Dumont GU0035P P181 - DAEE 240 a 341 104

9 Guariba GU0045P P1 - DAEE/SABESP 220 a 591 96

9 Luís Antônio GU0063P P5 - DAEE/ Prefeitura 74 a 167 68

9 Rincão GU0115P P3 - DAEE/ Prefeitura 121 a 205 61

9 Santa Lúcia GU0122P P2 - DAEE/ Prefeitura 149 a 237 100

9 Sertãozinho GU0139P P24 - Prefeitura 118 a 293 75

15 São José do Rio Preto GU0202P P7, Santo Antônio,

Prefeitura, SEMAE 721 a 1292 92

De um modo geral as águas do SAG na BHRG, segundo CETESB (2013), apresentaram

distinções pontuais de suas características, encontrando-se desconformidades dos resultados em

relação ao padrão de potabilidade para as substâncias alumínio e manganês (em São Simão, poço

GU0134P), ferro (em Dumont, poço GU0035P; em Santa Lúcia, poço GU0122P), chumbo (em

Dumont, poço GU0035P), coliformes totais (em Ribeirão Preto, poço GU0286P; em Santa Lúcia,

poço GU0122P), bactérias heterotróficas e zinco (em Pedregulho, poço GU0096P).

DAEE (1974) revela que na Sub-bacia do Sapucaí-Mirim e Grande (UGRHI 8 - SP), em poços

do SAG, ocorrem águas com temperaturas entre 22º e 25ºC nas porções aflorantes do sistema

aquífero, aumentando até 30ºC nas zonas confinadas, em função do grau geotérmico. O pH ácido

(4,3) passando a fracamente básico (8) nas zonas confinadas e as concentrações de STD variam de

22 a 150 mg/L, em geral com teores elevados nas proximidades do Rio Grande.

Os resultados obtidos no trabalho de Conceição et al. (2009) evidenciam que as águas

subterrâneas da área urbana do município de Ribeirão Preto possuem pH ligeiramente ácido, baixa

condutividade, cor, turbidez e concentração de oxigênio dissolvido dentro dos limites estabelecidos

para a sua potabilidade. Já a composição iônica indicou que essas águas são moles, possuem baixa

concentração de Na+, Ca2+, K+, Mg2+, Al3+, Fe3+, F- e SO42-, sendo a maioria das amostras

consideradas como cálcio-bicarbonatadas. Testes de correlação sugerem que tanto a condutividade

como o pH devem estar sendo controlados pela pelas dissoluções de carbonatos de cálcio (calcita)

durante o processo de interação água/rocha. Altas concentrações de NO3- e PO4

3- podem ser

explicadas devido às entradas antrópicas.

Na BHRG, em termos gerais de potabilidade, as águas do SAG foram consideradas adequadas

ao consumo doméstico e animal. Campos (1993) identificou, nos arredores da cidade de Ribeirão

Preto (SP), restrição localizada para algumas águas em virtude do teor de ferro total maior que 0,3

mg/L. DAEE (1974) com base nos valores de sólidos totais dissolvidos (STD), razão de adsorção

de sódio (SAR) e proporção de sódio, considerou as águas do SAG adequadas ao uso para todos os

tipos de culturas, com exceção das águas profundas de Catanduva (SP) que apresentaram um valor

de SAR equivalente a 20 e de proporção de sódio de 98%.

Sistema Aquífero Tubarão

Segundo a classificação apresentada em CETESB (2013), as águas deste sistema aquífero no

Estado de São Paulo se apresentam preponderantemente como bicarbonatadas sódicas e,

subordinadamente, como bicarbonatadas cálcicas e cloro-sulfatadas sódicas (Figura 2.23). As

águas do SAT apresentam, de forma geral, boa qualidade para consumo humano e outros usos

diversos usos (IG, 2011). São fracamente salinas, bicarbonatadas sódicas (Grupo Itararé) e

secundariamente bicarbonatadas cálcicas (Formação Aquidauana) ou mistas (DAEE, 1981). O pH

57

varia de 4,8 a 8,9 e o resíduo seco de 21 a 421 mg/L, sendo adequadas ao abastecimento público e

uso geral (Oda, 2005).

Figura 2.23 - Classificação das águas do Sistema Aquífero Tubarão em São Paulo, segundo o Diagrama de Piper

(CETESB, 2013).

Os dois poços do SAT na BHRG monitorados no período 2010 a 2012 pela CETESB (Tabela

2.33) situam-se na Sub-bacia do Rio Mogi Guaçu (UGRHI 9 - SP). As substâncias para as quais

foram detectadas desconformidades são boro, e fluoreto no ponto TU0267P, em Pirassununga; e

coliformes totais no ponto TU0070P, em Mogi Guaçu.

Também foi encontrado resultado positivo para bacteriófagos F-específicos no ponto

TU0267P, em Pirassununga (3 UFP 100 mL-1).

Tabela 2.33 - Poços da rede de monitoramento da CETESB para o Sistema Aquífero Tubarão em São Paulo, na Bacia

do Grande (Período 2010 a 2012).

UGRHI Município Ponto Descrição Profundidade de

captação (m)

Nível Estático

(m)

9 Mogi Guaçu TU0070P Samambaia, Prefeitura 15 a 150 39

9 Pirassununga TU0267P Companhia Müller --- ---

Chang et al. (2003) apresentam um estudo hidroquímico do SAT nos municípios de Mogi

Mirim (SP) e Mogi Guaçu (SP), onde foram analisados 45 poços. Descrevem que as águas deste

sistema aquífero apresentam um valor médio de pH de 6,72, que indica um estado próximo da

neutralidade para a maior parte das águas; no entanto, os valores variam de 5 a 9. A concentração

de sólidos totais dissolvidos indica a baixa salinidade destas águas, com valor médio de 142 mg/L,

mínimo de 16,6 mg/L e máximo de 330,7 mg/L.

Este mesmo trabalho avalia que o comportamento dos dois conjuntos de dados (Mogi Guaçu

e Mogi Mirim) confirma a natureza única do SAT na região do estudo. A variação da composição

química reflete a influência das águas de recarga na maioria dos poços. Com isso, as águas, em

grande parte, apresentam pH neutro e baixa concentração de sólidos totais dissolvidos. A presença

da baixa salinidade nas águas estudadas foi observada para a maioria dos poços, sendo reflexo do

clima úmido e da alta percolação de água nos aquíferos, o que contribui para o baixo tempo de

residência das águas a rápida renovação.

58

Por sua vez, na região de Araras (SP) e Leme (SP), de acordo com Tonetto & Bonotto (2002),

de modo geral, as águas do SAT apresentam concentrações um pouco mais elevadas para todos os

parâmetros, em especial para cloreto, fluoreto e sulfato, quando comparados com outros sistemas

aquíferos locais (SABC e SASG). Verificam ainda que os teores de bicarbonato acompanham a

tendência observada para o pH. O SAT apresenta águas mais salinizadas, ocorrendo modificações

nas tendências de maiores valores para alguns elementos em diferentes porções da área.

Sistema Aquífero Carbonático

Dias (2009), em seu estudo sobre o SAC no município de Barroso (MG), utilizou amostras

de 12 poços da região para a avaliação hidroquímica. Tais análises foram empregadas para

classificar as águas subterrâneas através do Diagrama de Piper (Figura 2.24), que indicou forte

predomínio (83,3%) de águas bicarbonatadas cálcicas (Ca-HCO3), como era de se esperar para

aquíferos carbonáticos.

Figura 2.24 - Classificação das águas do Sistema Aquífero Carbonático em Barroso (MG), segundo o Diagrama de

Piper (Dias, 2009).

Nos 12 poços tubulares, os limites de potabilidade para abastecimento público (Portaria

2.914/2011 do Ministério da Saúde) foram superados, em alguns deles, para os parâmetros ferro e

manganês. Dentre estes, 10 apresentam, segundo o conceito de Custodio & Llamas (1983), águas

duras (100 a 200 mg/L CaCO3), e os demais apresentam águas pouco duras (50 a 100 mg/L CaCO3).

Conjunto de Sistemas Aquíferos Fraturados (Xistoso, Quartzítico e Gnáissico-Granítico)

Para o Estado de São Paulo, a Figura 2.25 mostra a predominância nesses sistemas aquíferos

de águas bicarbonatadas cálcicas ou magnesianas e, subordinadamente bicarbonatadas sódicas.

Também ocorrem águas cloro-sulfatadas sódicas e cloro-sulfatadas cálcicas ou magnesianas

(CETESB, 2013).

59

Figura 2.25 - Classificação das águas dos Sistemas Aquíferos Xistoso, Quartzítico e Gnáissico-Granítico em São Paulo,

segundo o Diagrama de Piper (CETESB, 2013).

Os três poços monitorados pela CETESB na BHRG localizam-se na Sub-Bacia do Rio Mogi

Guaçu (UGRHI 9 - SP) e estão relacionados na Tabela 2.34. De um modo geral, as águas desses

sistemas aquíferos apresentaram desconformidades dos resultados em relação ao padrão de

potabilidade para as substâncias ferro, manganês e coliformes totais (em Itapira, poço PC0056P; e

em Lindóia, poço PC0181P) e chumbo (em Lindóia, poço PC0181P).

Tabela 2.34 - Poços da rede de monitoramento da CETESB para os sistemas aquíferos Xistoso, Quartzítico e Gnáissico-

Granítico em São Paulo, na Bacia do Grande (Período 2010 a 2012).

UGRHI Município Ponto Descrição Profundidade de

captação (m)

Nível

Estático (m)

09 Águas da Prata PC0224P Águas da Prata Ltda (Parque das

Águas da Prata) --- ---

09 Itapira PC0056P Prefeitura - Barão Ataliba Nogueira 6 a 113 1

09 Lindóia PC0181P Prefeitura, Poço da Laje 36 a 220 190

Chang et al. (2003), por meio de um estudo realizado sobre as águas dos sistemas aquíferos

Xistoso, Quartzítico e Gnáissico-Granítico, descrevem que foram realizadas no município de Itapira

(SP) 20 análises físico-químicas. Através dos valores médios dos elementos analisados, pode-se

observar que estas águas apresentam baixa concentração para a maioria dos íons. Os valores de

condutividade das amostras, medidos na ocasião da coleta, corroboram esta baixa salinidade. Os

resultados da condutividade não ultrapassam 350µS/cm, com um valor médio de 190µS/cm. O pH

apresenta valor médio de 6,98, com valor máximo de 9,55, mínimo de 5,71 e desvio padrão de 0,87.

As baixas concentrações iônicas são indicativas da influência das águas superficiais (manto

intemperizado) na composição hidroquímica, o que confirma a influência direta manto de

intemperismo sobre o aquífero fraturado da região. O cátion predominante nestas águas é o cálcio

e, secundariamente, o sódio. O ânion predominante é o bicarbonato, em muitos casos, com

concentração dez vezes maior que a do cloreto e sulfato. Em função do predomínio do cálcio entre

os cátions e do bicarbonato entre os ânions, 85% destas águas são classificadas como bicarbonatadas

cálcicas (Chang et al., 2003).

60

Em Minas Gerais, um estudo de Diniz (2006) sobre várias amostras de águas subterrâneas

nos sistemas aquíferos Xistoso, Quartzítico e Gnáissico-Granítico mostrou que em municípios da

BHRG os tipos hidroquímicos predominantes identificados foram as águas bicarbonatadas com

combinações e predomínios variáveis de cálcio, magnésio e sódio.

Rede Integrada de Monitoramento de Águas Subterrâneas (RIMAS/CPRM)

A Rede Integrada de Monitoramento de Águas Subterrâneas (RIMAS) operada e coordenada

pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) é de natureza fundamentalmente quantitativa, com

registro automático das variações de nível d’água (NA). Na concepção dessa rede, entretanto, há

um sistema de alerta de qualidade com medições semestrais da condutividade elétrica, pH, potencial

de oxi-redução, além de parâmetros mínimos fixados pela Resolução CONAMA 396/2008 para o

monitoramento das águas subterrâneas. Na instalação do poço de observação e a cada cinco anos,

ou ainda em casos em que se verifique, a partir dos parâmetros indicadores, variação significativa

na química da água, são feitas coletas para análises físico-químicas completas.

Essa rede monitora 09 poços na Bacia do Rio Grande, sendo 08 no Sistema Aquífero Bauru-

Caiuá (3 em SP e 5 em MG), 01 no Guarani (SP). Os poços foram consultados em maio de 2015 no

SIAGAS (Sistema de Informações de Águas Subterrâneas) da CPRM (Tabela 2.35).

Os registros dos poços de monitoramento dispõem da última análise química realizada no

poço, o monitoramento da variação do nível d’água e da condutividade elétrica, com exceção de

alguns poços instalados no Bauru-Caiuá, nos municípios mineiros de Carneirinho (poços ID

SIAGAS 3100020776 e 3100020777) e Campina Verde (poço ID SIAGAS 3100020778) para as

análises físico-químicas; e também em relação a variação do nível de água dos poços monitorados

em São Paulo, nos municípios de Meridiano (poço ID SIAGAS 3500034019) e Altair (poço ID

SIAGAS 3500034021).

Sistema Aquífero Bauru-Caiuá

As análises físico-químicas dos 08 poços da RIMAS/CPRM no Sistema Aquífero Bauru-

Caiuá na região da BHRG apresentaram, no geral, valores dentro dos permitidos pela legislação.

Apenas a amostra coletada no município de Altair (SP), poço ID SIAGAS 3500034021, tem valor

superior ao estabelecido pela CETESB e Portaria MS 2.914/2011 para o nitrato (Tabela 2.36).

Sistema Aquífero Guarani

A análise físico-química da água do poço da RIMAS/CPRM no Sistema Aquífero Guarani na

BHRG também apresentou valores dentro daqueles permitidos pela legislação, tendo apenas o pH

(valor de 4,61) abaixo do valor recomendado (Tabela 2.37).

61

Tabela 2.35 - Poços da RIMAS/CPRM na Bacia do Rio Grande.

Sistema

Aquífero ID SIAGAS Município UF

Profundidade

(m) NE (m) Data de instalação

Monitoramento

de nível

Monitoramento da

condutividade elétrica

Bauru-Caiuá 3100020033 Campo Florido MG 54,00 07,88 04/05/2010 Sim Sim

Bauru-Caiuá 3100020034 Prata MG 48,00 18,36 26/05/2010 Sim Sim

Bauru-Caiuá 3100020776 Carneirinho MG 42,00 10,56 11/05/2010 Sim Não

Bauru-Caiuá 3100020777 Carneirinho MG 29,00 15,05 17/05/2010 Sim Não

Bauru-Caiuá 3100020778 Campina Verde MG 72,00 18,45 13/11/2011 Sim Não

Bauru-Caiuá 3500034019 Meridiano SP 56,64 --- --- Não Sim

Bauru-Caiuá 3500027320 Pindorama SP 60,00 29,63 25/10/2010 Sim Sim

Bauru-Caiuá 3500034021 Altair SP 52,30 21,15 27/07/2014 Não Sim

Guarani 3500027884 São Simão SP 46,00 08,34 02/04/2011 Sim Sim

Tabela 2.36 - Análises físico-químicas das águas dos poços da RIMAS/CPRM no Sistema Aquífero Bauru-Caiuá na Bacia do Rio Grande.

ID SIAGAS Município UF pH CE

(µS/cm)

Turbidez

(NTU)

Ca

(ppm)

Cl-

(ppm)

F-

(ppm)

Fe

(ppm)

K

(ppm)

Mg

(ppm)

Na

(ppm) NO2

-

(ppm)

NO3-

(ppm) PO4

3- (ppm)

SO42-

(ppm) Ba

(ppm) Sr

(ppm)

3100020033 Campo

Florido MG 6,49 58,10 --- 8,155 0,05 0,03 --- 1,309 2,406 1,192 0,010 2,21 --- 0,100 0,049 0,051

3100020034 Prata MG 7,44 164,20 --- 29,136 --- --- 0,016 2,065 7,121 0,737 --- --- --- --- 0,124 0,164

3100020776 Carneirinho MG --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---

3100020777 Carneirinho MG --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---

3100020778 Campina

Verde MG --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---

3500034019 Meridiano SP 8,22 241,70 4,06 30,40 0,586 0,259 0,04 4,39 9,55 3,59 --- --- --- --- 0,189 0,589

3500034021 Altair SP 6,17 135,00 0,02 7,14 3,649 0,039 0,03 3,61 5,29 4,34 0,043 36,4 0,04 0,100 0,332 0,124

3500027884 São Simão SP 7,26 194,80 10,90 21,30 4,339 0,064 0,054 5,61 5,10 4,17 --- --- --- --- 0,132 0,330

Tabela 2.37 - Análise físico-química da água do poço da RIMAS/CPRM no Sistema Aquífero Guarani na Bacia do Grande.

ID SIAGAS Município UF pH CE

(µS/cm)

Turbidez

(NTU)

Ca

(ppm)

Cl-

(ppm)

F-

(ppm)

Fe

(ppm)

K

(ppm)

Mg

(ppm)

Na

(ppm) NO2

-

(ppm)

NO3-

(ppm) PO4

3- (ppm)

SO42-

(ppm) Ba

(ppm) Sr

(ppm)

3500027884 São Simão SP 4,61 26,50 0,02 0,36 0,262 0,014 0,026 0,29 0,33 0,692 0,048 5,80 0,04 0,10 0,037 0,007

62

3. AVALIAÇÃO DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA

SUBTERRÂNEA NA BACIA DO RIO GRANDE

A avaliação da disponibilidade hídrica subterrânea da Bacia do Rio Grande foi realizada para

a parcela renovável da recarga, para todos os aquíferos que afloram nesta área. Por outro lado as

reservas permanentes foram estimadas somente para o Sistema Aquífero Bauru-Caiuá, haja vista a

disponibilidade de dados de níveis de água, de espessura saturada e, devido a sua importância como

manancial para a região.

3.1 RESERVA PERMANENTE

A Reserva Permanente (RP), considerada como o volume de água armazenado abaixo do nível

de oscilação sazonal (V), foi calculada apenas para os sistemas aquíferos Bauru-Caiuá (SABC) e

Guarani (SAG - área aflorante).

Considerou-se para este cálculo a área de afloramento das rochas dos grupos Bauru e Caiuá

na Bacia do Rio Grande, a porosidade efetiva (ηe) de 10%, conforme (DAEE, 1979) e espessura

saturada média de 75 metros (Mancuso & Campos 2005).

Para o SAG utilizou-se a área aflorante na Bacia do Rio Grande, a porosidade efetiva média

(ηe) de 16%, conforme Wahnfried (2010), espessura média de 150 metros, conforme compilação

de dados bibliográficos (Takahashi, 2005; Rodrigues, 2007) e observação de perfis de poços

disponíveis no SIAGAS nas áreas de afloramento.

SABC

Rp = A (m²) . ηe . b (m)

Rp = 31.187.867.276,8 . 0,10 . 75

Rp = 233.909.004.576 m³ ou 233.909 hm3

Rp = 7.417,21 m³/s

SAG

Rp = A (m²) . ηe . b (m)

Rp = 7.694.028.541,42 . 0,16 . 150

Rp = 184.656.684.994,08 m³ ou 184.656 hm³

Rp = 5.855,43 m³/s

3.2 RESERVAS RENOVÁVEIS

A avaliação da disponibilidade hídrica subterrânea renovável na Bacia do Grande foi estimada

utilizando metodologias distintas, com vistas a obter um resultado final para a bacia que procure

contabilizar integradamente os componentes superficial e subterrâneo, de forma que o balanço

hídrico possa ser elaborado tendo em conta ambas as parcelas de fluxo e permita uma visão

sistêmica da bacia, essencial para a gestão sustentável e integrada dos recursos hídricos.

Nessa avaliação serão consideradas duas estimativas de disponibilidade hídrica subterrânea:

por coeficiente de infiltração e precipitação (dados de entrada) e com base em vazões

características da curva de permanência e vazões mínimas (dados de saída) de algumas bacias.

A primeira estimativa compreende os volumes de águas subterrâneas que anualmente são

recarregados nos aquíferos livres através da infiltração de parte da precipitação pluviométrica. Os

quantitativos dessa parcela estão relacionados diretamente com as características do meio físico,

como geologia, solo, relevo, chuva, clima e uso e ocupação da terra. No segundo caso, onde se

utiliza os dados de saída como parâmetros de cálculo, refere-se à avaliação da contribuição

subterrânea ao escoamento superficial total de determinada bacia. Esses dois métodos e os cálculos

resultantes serão apresentados a seguir de forma mais detalhada.

63

3.2.1. ESTIMATIVA DE DISPONIBILIDADE HÍDRICA SUBTERRÂNEA POR TAXA

DE INFILTRAÇÃO E PRECIPITAÇÃO – DADOS DE ENTRADA

Na estimativa da disponibilidade hídrica subterrânea utilizando a taxa de infiltração e

precipitação foram empregados parte das definições contidas no Relatório de Conjuntura dos

Recursos Hídricos (ANA, 2013). Com base nessa referência apresenta-se a seguir os conceitos

básicos de Reserva Potencial Direta (RPD), Reserva Potencial Explotável (RPE) e Coeficiente de

Sustentabilidade (Cs).

Recarga Potencial Direta - RPD

A RPD corresponde à parcela da precipitação pluviométrica média anual que infiltra e

efetivamente chega aos aquíferos livres (Equação 1). Essa recarga inclui em seu cômputo o fluxo

de base - parcela do escoamento superficial alimentada por água subterrânea (Qb), a extração atual

de águas subterrâneas por poços tubulares (Qp), a recarga profunda (Rp), além da parcela

correspondente à circulação lateral (Cl), conforme apresentado na Equação 2. Todavia, tanto a

recarga profunda como a circulação lateral exigem avaliações hidrogeológicas específicas, fora do

alcance do presente diagnóstico, de maneira que não serão consideradas no cômputo. O Qp será

considerado no balanço hídrico integrado final.

Equação 1: 𝑅𝑃𝐷 = 𝐴 ∙ 𝐶𝑖 ∙ 𝑃

Equação 2: 𝑅𝑃𝐷 = 𝑄𝑏 + 𝑄𝑝 + 𝑅𝑃 + 𝐶𝐿

Na Figura 3.1 apresenta-se, de forma genérica, o esquema das parcelas que compõem a

Reserva Potencial Direta no ciclo hidrológico.

Figura 3.1 - Diagrama esquemático mostrando processo simplificado de recarga a partir da precipitação pluviométrica.

O cálculo da RPD para os aquíferos da Bacia do Rio Grande considerou a estimativa dos

coeficientes de infiltração para cada aquífero, a precipitação média da região e a área aflorante dos

aquíferos (Figura 3.2).

Para os coeficientes de infiltração (Ci) considerou-se os dados de literatura (ANA, 2013;

SMA, 2004; Lucas et al., 2015; Lucas, 2012; De Paula, 2012; Gomes, 2008; Barreto, 2006; Oda et

al., 2005; Rabelo, 2006; Chang et al., 2003), estimados ou calculados em pesquisas dos respectivos

aquíferos, entretanto, a maior parte localizados em outras bacias hidrográficas da região e,

preferencialmente, em contextos geológicos e climáticos semelhantes.

64

Figura 3.2 – Mapa da recarga potencial direta subterrânea por km2, que mostra a variação de acordo com os sistemas aquíferos e distribuição das chuvas.

65

Ainda para a estimativa do Ci utilizou-se a análise da curva de recessão de estações

fluviométricas típicas dos sistemas aquíferos Bauru-Caiuá e Gnáissico-Granítico e a avaliação das

relações entre as vazões de referência, como a Q90/Q50 e a Q7 específica, tomando como referência

a Q7 como a vazão mínima considerando-a como o fluxo basal drenado do aquífero para o rio.

Porém, os valores de Ci estimados tanto pela análise da curva de recessão como pelas relações entre

as vazões de referência são maiores do que os valores absolutos alcançados com essas análises, haja

vista que há um percentual que se deve considerar da extração de água subterrânea, a parcela da

recarga profunda e de uma parcela de água drenada do aquífero fora do período de recessão. Essa

metodologia de avaliação da contribuição subterrânea com base na curva de recessão de estação

fluviométrica específica será melhor detalhada no item 3.2.4.

A precipitação utilizada foi o valor médio da série histórica de 1930 a 2012, através da

interceptação dos polígonos de chuva com as shapes de cada aquífero, de forma que os valores de

precipitação são variáveis em um mesmo aquífero.

Vale destacar que para efeitos de cálculos toda a área aflorante dos aquíferos foi considerada

como área de recarga. Também se considerou que os poços extraem água subterrânea

majoritariamente das reservas renováveis ou reguladoras.

Coeficiente de Sustentabilidade - Cs

O coeficiente de sustentabilidade é um percentual máximo recomendado para se explotar da

Recarga Potencial Direta, com vistas a evitar efeitos adversos nos aquíferos e redução significativa

das vazões de base dos rios a eles interconectados. A indicação desse percentual é não comprometer

a disponibilidade hídrica superficial desses corpos d´água nos períodos de estiagem com o uso

indiscriminado da água subterrânea.

O valor de Cs varia entre 0,1 e 1,0, sendo atribuído por aquífero em função de suas

características intrínsecas, especialmente sua contribuição por meio do fluxo de base no escoamento

superficial total de um rio.

De forma geral, para aquíferos que contribuem com percentuais mais elevados no escoamento

superficial total recomenda-se valores de Cs relativamente inferiores àqueles onde essa contribuição

subterrânea é menor. Baseia-se, portanto na relação Q90/Q50.

Considerando que parte do fluxo de base já está sendo retirado através das vazões mínimas

referenciais para a outorga de águas superficiais (excluídas as regularizações promovidas por

reservatórios), sugere-se que o Cs não exceda a 0,4, nos cenários mais favoráveis. Nos aquíferos

livres, com transmissividade elevada, onde a vazão de base representa parcela significativa do

escoamento superficial, é sugerido Cs de 0,2. Nos aquíferos cársticos, responsáveis pela

perenização de rios indica-se Cs de 0,3. Esses valores, entretanto, podem variar em função do

aumento do conhecimento da interdependência entre água superficial e subterrânea.

Como o Cs é um valor estimado com base na contribuição do aquífero para as vazões dos

rios, a relação Q90/Q50, abordada nos itens a seguir, constitui bom parâmetro indicativo para o

estabelecimento dos valores de Cs, uma vez que mostra a participação do escoamento subterrâneo

no escoamento superficial. Portanto, valores mais elevados para essa relação, tais como 0,6 e 0,7

indicam que o Cs deve ser menor. O objetivo é estabelecer um teto para a extração de águas

subterrâneas provenientes das reservas renováveis, com vistas a não reduzir o escoamento

superficial gerado pelo fluxo de base e, portanto, não impactar na disponibilidade hídrica para a

outorga superficial, especialmente nos períodos de estiagem.

Reserva Potencial Explotável - RPE

A RPE equivale à parcela da RPD que pode ser explotada de forma sustentável, de forma a

não interferir nas vazões superficiais mínimas referenciais para outorga, como a Q7,10 e a Q95. Para

a obtenção da RPE sugere-se um coeficiente de sustentabilidade (Cs) para cada aquífero (Equação

3).

66

Na Tabela 3.1 são apresentados os valores de Recarga Potencial Direta, Coeficiente de

Sustentabilidade e Reserva Potencial Explotável para os diversos aquíferos aflorantes na BHRG.

Os sistemas aquíferos mais relevantes em termos de RPD e RPE são o Gnáissico-Granítico, Bauru-

Caiuá e Serra Geral, somados representam cerca de 80% do total das reservas renováveis da Bacia

do Grande. Em função da área aflorante, destacam-se a RPD específica (l/s/km2) dos sistemas

aquíferos Guarani, Serra Geral, Quartzítico, Gnáissico-Granítico e Carbonático.

Equação 3: 𝑅𝑃𝐸 = 𝑅𝑃𝐷 ∙ 𝐶𝑆

Tabela 3.1 - Estimativas de RPD, RPE e Cs para os aquíferos da Bacia do Rio Grande.

Unidade

Hidrogeológica

Área

aflorante

(km²)

Cs Ci

(%)

RPD

(m³/s)

RPD esp.

(l/s/km2)

RPE

(m³/s)

RPE esp.

(l/s/km2)

Rio Claro 21,97 0,4 6 0,06 2,73 0,024 1,09

Itaqueri 1.467,86 0,4 4 2,88 1,96 1,152 0,78

Guarani 7.695,00 0,2 17 61,5 7,99 12,3 1,60

Bauru-Caiuá 31.205,69 0,3 11 148,62 4,76 44,586 1,43

Tubarão 4.733,82 0,4 9 19,38 4,09 7,752 1,64

Passa Dois 1.110,67 0,4 4 2,00 1,80 0,8 0,72

Serra Geral 27.112,26 0,3 14 175,23 6,46 52,569 1,94

Quartzítico 2.801,60 0,2 18 23,47 8,38 4,694 1,68

Gnáissico-Granítico 50.583,99 0,2 17 400,7 7,92 80,14 1,58

Xistoso 15.937,54 0,4 9 66,4 4,17 26,56 1,67

Carbonático 520,27 0,2 20 4,64 8,92 0,928 1,78

TOTAL 143.190,68 NA NA 904,88 NA 231,51 NA

Cs: coeficiente de sustentabilidade; Ci: coeficiente de infiltração; RPD: Recarga Potencial Direta; RPE: Recarga

Potencial Explotável; NA=Não avaliado.

3.2.2. ESTIMATIVA DE DISPONIBILIDADE HÍDRICA SUBTERRÂNEA

RENOVÁVEL COM BASE EM VAZÕES MÍNIMAS – DADOS DE SAÍDA

Na análise de disponibilidade hídrica subterrânea renovável, utilizando os dados de saída,

foram utilizadas duas metodologias e avaliado o comportamento regulador dos aquíferos, como

forma de checar os resultados gerados na avaliação com os dados de entrada.

Há diversas metodologias para a determinação da participação do fluxo de base no

escoamento superficial total, cada uma com seus pontos fortes e, claro, também debilidades. O uso

de determinado método depende da quantidade e qualidade dos dados disponíveis; da extensão das

séries; do tipo de avaliação (de detalhe ou regional); das ferramentas de análise disponíveis; dos

objetivos da avaliação; dentre outras condições de contorno. Dentre os procedimentos mais comuns

cita-se a separação de vazões em hidrogramas, por métodos gráficos e analíticos; através de filtros

numéricos ou digitais; pela relação entre vazões de permanência características, como a relação

Q90/Q50; pelas vazões mínimas; por análise isotópica, entre outros.

No presente trabalho foram utilizados, na avaliação do fluxo de base, a relação Q90/Q50, em

conjunto com análise do comportamento da curva de recessão (apenas para o SABC e o SAGG) e

a determinação da vazão mínima Q7. Os valores gerados nessas metodologias foram confrontados

com a capacidade de regularização das vazões dos rios pelos aquíferos nos períodos de estiagem ou

de menor precipitação, através da determinação da restituição subterrânea durante o período de

recessão.

Como princípio geral para a aplicação das metodologias da relação Q90/Q50, da vazão mínima

Q7, relações entre vazões mínimas e outras relações específicas, adotadas como características de

um sistema aquífero, foram selecionadas estações fluviométricas com suas áreas de contribuição

67

preferencialmente cobrindo um único aquífero livre, de forma que essas metodologias reflitam o

comportamento de apenas uma unidade aquífera. Todavia, como essa condição é rara na bacia,

também foram consideradas as estações em que um aquífero representa, pelo menos, 82% da área

de drenagem da estação fluviométrica. Nesse caso, os resultados das análises geradas foram

considerados unicamente como representativo desse aquífero. Em havendo mais de uma estação

que satisfaça essas condições, geraram-se valores médios ponderados pelas áreas das estações para

os parâmetros avaliados, conforme sumarizado na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 - Estações fluviométricas selecionadas como representativas do sistema aquífero com maior representação

areal, para avaliação da contribuição subterrânea ao escoamento superficial total.

Estação Anos Área de contribuição (km²) Aquíferos (%)

5C-017 81 913,12 SASG (84) SAG (16)

6C-008 47 438,56 SABC (100)

5B-004 83 2.074,07 SABC (100)

61826000 83 657,35 SAGG (86,4) SAX (13,2) SAT (0,4)

5B-007* 83 6.272,7 SASG (65,4) AI (9) SAG (20,8) SAT (4) SAX

(0,2) SAGG (0,6)

61370000 82 672,25 SAGG (100)

61425000 83 9.390,24 SAGG (90) SAX (9) SAQ (1)

61460000 83 1.841,18 SAGG (94) SAX (5,6) SAQ (0,4)

61568000 83 732,67 SAGG (100)

61610000 83 881,92 SAGG (88) SAX (10) SAQ (2)

61645000 83 24.193,76 SAGG (84) SAX (15) SAQ (1)

61730000* 17 61.356,19

SABC (0,41) SASG (1,12) AI (0,26) SAG

(1,41) SAT (0,66) SAQ (4,15) SAX (25,22)

SAGG (65,93) SAC (0,84)

61140000 78 349,22 SAGG (99,74) SAX (0,26)

61202000 83 1.616,72 SAGG (99,50) SAQ (0,32) SAX (0,18)

61250000 82 114,16 SAGG (99,99) SAX (0,01)

61267000 46 112,86 SAGG (100)

5B-012 10 262,94 SASG (82) AI (18)

6B-007 10 2.323,53 SABC (100)

61110000 10 123,39 SAGG (97) SAX (3)

61125000 10 118,24 SAGG (86) SAX (14)

61197000 10 327,72 SAGG (99) SAX (1)

61595000 16 437,81 SAGG (100)

61892000 19 353,72 SAGG (100)

Legenda: SABC: Sistema Aquífero Bauru-Caiuá, SASG: Sistema Aquífero Serra Geral, SAGG: Sistema Aquífero

Gnáissico-Granítico, SAX: Sistema Aquífero Xistoso, SAQ: Sistema Aquífero Quartzítico, AI: Aquitarde Itaqueri,

SAG: Sistema Aquífero Guarani, SAT: Sistema Aquífero Tubarão.

(*) Estações não representativas, mas utilizadas na análise por sua importância areal (61730000) ou pela

representatividade conjunta do SASG e SAG.

Em decorrência da alocação das estações fluviométricas e da disponibilidade de dados

existentes em cada uma delas, não foi possível cobrir todos os sistemas aquíferos com

comportamento livre existentes na bacia, mas apenas o Bauru-Caiuá, Serra Geral e o Gnáissico-

Granítico (Unidade do Fraturado Centro-Sul) foram contemplados com estações tendo suas áreas

de contribuição, em grande proporção (>82%), considerados representantes somente dessas

unidades. Dos sistemas aquíferos importantes da bacia, o Guarani, o Quartzítico e o Carbonático

68

não têm estações com áreas de contribuição representativas (acima de 80%) delimitadas em suas

porções aflorantes.

Considerou-se nas avaliações que as estações fluviométricas utilizadas representem o

escoamento superficial sem interferências de regularizações, sejam intencionais, tais como aquelas

advindas de barramentos; como aquelas não-intencionais, representadas pelo fluxo de retorno em

áreas irrigadas e pela infiltração, em áreas urbanas, de perdas da rede de distribuição de água e da

rede de esgotos; ou seja, constituem dominantemente vazões naturais.

A Figura 3.3 mostra a distribuição areal na Bacia do Rio Grande das estações fluviométricas

consideradas representativas nas avaliações distribuídas por aquífero; essas relacionadas na Tabela

3.2.

Adotando o fluxo de base como volume “integrador” entre águas subterrâneas e superficiais,

a sua determinação deve ser realizada, preferencialmente, por sistema aquífero de forma a relacionar

os volumes alocáveis em cada um deles. Assim, é essencial que as estações fluviométricas, quando

do planejamento para a instalação de novos pontos de medida, tenham em sua área de contribuição

somente um aquífero livre, de maneira que o fluxo de base calculado reflita as condições de

armazenamento desse aquífero. Evidentemente, conforme já mencionado, essa condição é pouco

comum na bacia em estudo, assim como pelas demais bacias hidrográficas do país. Dessa forma,

avaliou-se o uso de metodologias para ponderar o peso de cada aquífero livre no fluxo de base.

Nesse sentido, a ponderação poderia ser realizada através de parâmetros tais como porosidade

eficaz, condutividade hidráulica, declividade, entre outros, aplicados sobre a área de cada aquífero,

conforme ilustrado na Figura 3.4.

No presente estudo avaliou-se a possibilidade do uso dessa ponderação nas estações que

continham mais de um sistema aquífero aflorante e com pouca representatividade areal dentro da

área de drenagem. Entretanto, as estações nas quais se poderia fazer essas análises tinham pequena

área de drenagem e a variação desses fatores foram considerados razoavelmente homogêneas, em

virtude da escala dos mapas bases disponíveis.

Contudo, foi possível utilizar uma estação para ponderação pela área, a estação 5B-007 (65%

SASG; 21% SAG; 9%, AI; 5% SAT, SAX, SAGG) com o objetivo de avaliar a contribuição do

Sistema Aquífero Serra Geral, haja vista que este não dispõe de muitas estações representativas.

Vale ressaltar, entretanto, que outras estações, além daquelas consideradas representativas de

um sistema aquífero na bacia, foram incluídas na avaliação geral em virtude, seja de sua

representação areal seja por outro atributo, como por exemplo a combinação de aquíferos

importantes, não contemplados no conjunto inicial.

A avaliação das vazões, relações e curvas serão detalhadas nos itens a seguir.

69

Figura 3.3 - Mapa de localização das estações fluviométricas utilizadas na avaliação como representativas de sistemas aquíferos.

70

Figura 3.4 - Estimativa ponderada do fluxo de base pela vazão mínima Q7 e pela razão Q90/Q50 em bacias com presença

de diversos aquíferos contribuintes na formação da vazão basal (Fonte ANA 2014. Nota Técnica 18/2014/GESUB/SIP).

71

3.2.3. ESTIMATIVA DA CONTRIBUIÇÃO SUBTERRÂNEA NO ESCOAMENTO

SUPERFICIAL PELA RELAÇÃO Q90/Q50 E OUTRAS RELAÇÕES DE VAZÕES

CARACTERÍSTICAS

Diversos autores, entre eles Smakhtin (2001) e Welderufael & Woyessa (2010), mencionam

o uso da razão Q90/Q50 como representativa da proporção do escoamento superficial originário do

armazenamento subterrâneo, sem considerar os efeitos de escala. Esta metodologia, baseada em

vazões características da curva de permanência, permite uma estimativa inicial razoável para a

contribuição da parcela de águas subterrâneas no escoamento superficial e é uma das primeiras

análises qualitativas feitas, antes de partir para um maior detalhe, quando se tem o interesse de

avaliar a contribuição subterrânea na vazão de um rio. Na Figura 3.5 é apresentado gráfico com

uma curva de permanência genérica e o posicionamento relativo de algumas vazões características,

além das vazões mínimas Q 7,10 e Q7. Entretanto, o posicionamento relativo da Q7 é variável, por

exemplo entre a Q90 e a Q95.

Figura 3.5 - Gráfico monologarítmico com curva de permanência genérica e o posicionamento relativos das vazões de

referência e das vazões mínimas Q 7,10 e Q7.

Utilizou-se neste trabalho a avaliação da razão Q90/Q50 para determinar a participação da

contribuição subterrânea nas estações fluviométricas selecionadas, conjuntamente com a análise do

comportamento dessas curvas quanto à sua inclinação e a amplitude das variações das vazões

extremas, com o propósito de se avaliar qualitativamente a capacidade de regularização dos

reservatórios subterrâneos.

Para proceder essa avaliação, neste trabalho, foram selecionadas estações fluviométricas

representativas para cada aquífero; sendo possível apenas para o Bauru-Caiuá, Gnáissico-Granítico

e o Serra Geral. As estações consideradas como representativas desses sistemas aquíferos estão

assinaladas (*) na Tabela 3.3 Além dessas, outras estações foram analisadas, além da estação

61730000, que cobre 43% da área da bacia, tendo a contribuição da maioria dos sistemas aquíferos

aflorantes, com maior representatividade do SAGG (66% da área da estação), somando com o

Sistema Aquífero Fraturado Centro-Sul (ANA, 2013), que inclui os sistemas aquíferos Gnáissico-

Granítico, Quartzítico e Xistoso (95% da área da estação).

72

A Tabela 3.3 apresenta os valores da relação Q90/Q50, relações entre vazões mínimas, vazões

mínimas específicas e outras relações de todas as estações fluviométricas avaliadas, enquanto que

a Tabela 3.4 apresenta as relações somente para os aquíferos com representação areal superior a

82% da estação. Os valores apresentados na Tabela 3.4 foram obtidos com base nos dados das

estações representativas desses sistemas aquíferos e posteriormente extrapolados para a área total

de cada unidade hidrogeológica.

Os dados das estações mostram um valor médio de 0,5 para a relação Q90/Q50, com variações

entre 0,24 e 0,64. Os menores valores dessa relação são acompanhados por baixos valores das

respectivas vazões mínimas específicas, conforme pode ser observado na Tabela 3.3, com exceção

da estação 61125000, que apresentou altos valores das vazões mínimas específicas (10 a 13 l/s/km²),

correlacionáveis com um baixo valor da Q90/Q50 (0,45).

73

Tabela 3.3 - Vazões de referência e relações das estações fluviométricas utilizadas na avaliação da interação água subterrânea x superficial. As estações assinaladas com (*) foram escolhidas

como representativas de um dos aquíferos (representatividade areal > 84%).

Estação

Fluv.

Área

estação

(km²)

Aquíferos (%) Qmlt

(m³/s)

Q7

(m³/s)

Q95

(m³/s)

Q90

(m³/s)

Q50

(m³/s)

Q7,10

(m³/s)

Q90/

Q50

Vol 1

(m³/s)

Vol 2

(m³/s)

Rel

1

Rel

2

Q7/

Qmlt

Q7,10/

Q7

Q95/

Q7

Q90/

Q7

Q7esp

(l/s/Km²)

Q95esp

(l/s/Km²)

Q90esp

(l/s/Km²)

61730000 61.356,19 SABC (0,4) SASG (1) AI (0,2)

SAG (1,4) SAT (1) SAQ (4)

SAX (25) SAGG (66) SAC (1)

1078,64 391,32 378,00 432,00 795,00 - 0,54 432,00 586,13 0,91 0,67 0,36 - 0,97 1,10 6,38 6,16 7,04

5C-017* 913,12 SASG (84) SAG (16) 10,15 5,32 4,98 5,59 8,71 3,75 0,64 5,59 6,52 0,95 0,82 0,52 0,70 0,94 1,05 5,83 5,46 6,13

5B-007 6.272,70 SASG (65,4) AI (9) SAG (20,8) SAT (4) SAX (0,2) SAGG (0,6)

103,82 37,43 34,17 40,57 81,89 23,54 0,50 40,57 51,43 0,92 0,73 0,36 0,63 0,91 1,08 5,97 5,45 6,47

6C-008* 438,56 SABC (100) 4,37 1,41 1,07 1,34 2,83 0,76 0,47 1,34 2,06 1,06 0,68 0,32 0,54 0,76 0,95 3,21 2,44 3,04

5B-004* 2.074,07 SABC (100) 18,59 5,98 5,32 6,47 12,81 3,61 0,50 6,47 9,38 0,92 0,64 0,32 0,60 0,89 1,08 2,88 2,57 3,12

61826000* 657,35 SAT (0,4) SAX (13,2) SAGG

(86,4) 9,68 3,50 3,04 3,65 7,32 2,12 0,50 3,65 4,83 0,96 0,72 0,36 0,61 0,87 1,04 5,32 4,62 5,55

61370000* 672,25 SAGG (100) 14,03 4,65 4,04 4,88 9,94 2,67 0,49 4,88 6,89 0,95 0,67 0,33 0,57 0,87 1,05 6,91 6,01 7,26

61425000* 9.390,24 SAQ (1) SAX (9) SAGG (90) 163,13 64,18 55,12 65,55 123,39 40,22 0,53 65,55 86,66 0,98 0,74 0,39 0,63 0,86 1,02 6,83 5,87 6,98

61460000* 1.841,18 SAQ (0,4) SAX (5,6) SAGG

(94) 39,91 15,72 14,35 16,29 28,88 11,38 0,56 16,29 22,51 0,97 0,70 0,39 0,72 0,91 1,04 8,54 7,79 8,85

61568000* 732,67 SAGG (100) 15,70 5,35 4,81 5,68 10,87 3,24 0,52 5,68 8,21 0,94 0,65 0,34 0,61 0,90 1,06 7,30 6,56 7,75

61610000* 881,92 SAQ (2) SAX (10) SAGG (88) 17,50 8,49 7,47 8,49 14,09 5,55 0,60 8,49 10,54 1,00 0,81 0,48 0,65 0,88 1,00 9,63 8,47 9,62

61645000* 24.193,76 SAQ (1) SAX (15) SAGG (84) 432,73 204,73 154,00 189,00 359,26 114,75 0,53 189,00 227,65 1,08 0,90 0,47 0,56 0,75 0,92 8,46 6,37 7,81

61009000 525,49 SAQ (0,17) SAX (3,38) SAGG

(96,45) 14,63 6,03 5,80 6,52 11,30 4,64 0,58 6,52 8,44 0,92 0,71 0,41 0,77 0,96 1,08 11,48 11,04 12,41

61060000 1.956,62 SAQ (1) SAX (26) SAGG (73) 47,21 19,87 17,67 20,30 35,36 13,86 0,57 20,30 27,10 0,98 0,73 0,42 0,70 0,89 1,02 10,16 9,03 10,38

61115000 643,94 SAQ (2) SAX (31) SAGG (65)

SAC (2) 12,45 3,18 2,66 3,41 7,60 1,67 0,45 3,41 5,59 0,93 0,57 0,26 0,52 0,84 1,07 4,94 4,13 5,30

61140000* 349,22 SAX (0,26) SAGG (99,74) 5,94 1,67 1,12 1,61 4,11 0,58 0,39 1,61 2,33 1,04 0,72 0,28 0,35 0,67 0,97 4,77 3,21 4,61

61202000* 1.616,72 SAQ (0,32) SAX (0,18) SAGG

(99,50) 29,83 10,28 8,09 9,51 20,95 4,53 0,45 9,51 13,54 1,08 0,76 0,34 0,44 0,79 0,92 6,36 5,00 5,88

61250000* 114,16 SAX (0,01) SAGG (99,99) 3,65 1,58 1,39 1,65 2,99 0,97 0,55 1,65 2,02 0,96 0,78 0,43 0,61 0,88 1,04 13,84 12,18 14,46

61267000* 112,86 SAGG (100) 1,75 0,76 0,63 0,70 1,33 0,32 0,53 0,70 0,92 1,09 0,83 0,44 0,42 0,82 0,92 6,77 5,58 6,20

5B-016 181,57 SABC (37) SASG (63 2,67 1,34 1,28 1,40 2,25 0,97 0,62 1,40 1,66 0,96 0,81 0,50 0,72 0,95 1,04 7,39 7,03 7,71

5B-012* 262,94 SASG (82) AI (18) 4,21 1,82 1,56 1,78 3,50 0,85 0,51 1,78 2,15 1,02 0,85 0,43 0,47 0,86 0,98 6,92 5,93 6,78

4C-009 324,93 SASG (49) SAG (51) 6,04 0,79 0,98 1,17 3,57 - 0,33 1,17 1,99 0,67 0,40 0,13 - 1,24 1,49 2,43 3,02 3,61

6B-007* 2.323,53 SABC (100) 19,40 7,69 5,73 6,85 14,63 4,01 0,47 6,85 9,09 1,12 0,85 0,40 0,52 0,74 0,89 3,31 2,46 2,95

61011000 1.182,58 SAQ (5) SAX (32) SAGG (63) 24,74 10,40 9,58 11,10 20,10 - 0,55 11,10 13,66 0,94 0,76 0,42 - 0,92 1,07 8,79 8,10 9,39

61065001 6.271,88 SAQ (3) SAX (29) SAGG (68) 134,16 57,15 53,30 57,86 100,80 - 0,57 57,86 77,01 0,99 0,74 0,43 - 0,93 1,01 9,11 8,50 9,23

61110000* 123,39 SAX (3) SAGG (97) 1,77 0,63 0,51 0,59 1,31 - 0,45 0,59 0,80 1,06 0,78 0,35 - 0,81 0,94 5,08 4,13 4,78

61125000* 118,24 SAX (14) SAGG (86) 3,43 1,56 1,19 1,34 2,96 - 0,45 1,34 1,55 1,17 1,01 0,46 - 0,76 0,86 13,23 10,06 11,33

61197000* 327,72 SAX (1) SAGG (99) 11,28 5,09 4,83 5,32 9,10 3,57 0,58 5,32 6,59 0,96 0,77 0,45 0,70 0,95 1,05 15,52 14,74 16,23

61595000* 437,81 SAGG (100) 2,93 0,71 0,52 0,68 2,23 - 0,30 0,68 0,89 1,04 0,79 0,24 - 0,74 0,96 1,61 1,19 1,55

61635000 293,21 SAX (62) SAGG (38) 4,74 1,89 0,55 1,12 3,58 - 0,31 1,12 1,48 1,69 1,28 0,40 - 0,29 0,59 6,45 1,88 3,82

61794000 563,91 SABC (75) SASG (25) 11,86 1,39 1,14 1,68 7,02 - 0,24 1,68 2,84 0,83 0,49 0,12 - 0,82 1,21 2,46 2,02 2,98

61892000* 353,72 SAGG (100) 6,73 1,98 1,85 2,10 4,66 - 0,45 2,10 3,03 0,94 0,65 0,29 - 0,94 1,06 5,58 5,23 5,94

Vol 1 - relação Q90/Q50 * Q50 Vol 2 - relação Q90/Q50 * Qmlt Rel 1 - relação Q7/Vol 1 Rel 2 - relação Q7/Vol 2

74

Tabela 3.4 - Valores médios de relações entre vazões características e para vazões específicas para aquíferos livres, na

Bacia do Rio Grande.

Sistema

Aquífero Q90/Q50 Q7/Qmlt Q7,10/Q7 Q95/Q7 Q90/Q7

Q7 esp

(l/s/km²)

Q95 esp

(l/s/km²)

Q7,10 esp

(l/s/km²)

Área total

sistema

aquífero na

Bacia (km²)

Sistema

Aquífero

Bauru-

Caiuá¹

0,48 0,36 0,56 0,78 0,97 3,12 2,42 1,73 31.187,87

Sistema

Aquífero

Serra

Geral²

0,60 0,50 0,64 0,92 1,03 6,07 5,56 3,91 27.111,81

Sistema

Aquífero

Gnáissico-

Granítico³

0,52 0,38 0,64 0,87 1,01 7,21 6,25 4,64 50.582,01

¹ Dados de três estações fluviométricas (representatividade de 15% da área total do sistema aquífero na Bacia); ² Dados de três

estações fluviométricas (representatividade de 3,6% da área total do sistema aquífero na Bacia); ³ Dados de 12 estações

fluviométricas (representatividade de 15% da área total do sistema aquífero na Bacia). Outras estações representativas desse

sistema aquífero foram avaliadas, porém não incluídas neste cálculo, em virtude da sobreposição de áreas.

Os valores mais baixos (0,24 a 0,31) para essa relação (Q90/Q50) podem ser justificados por

alguns fatores de ordem física, intrínsecos das áreas de drenagens das estações, como mostrado no

quadro abaixo (Quadro1).

Quadro 1- Correlação entre a razão Q90/Q50 e as características intrínsecas das áreas de drenagens

das estações.

Estação Aquíferos Q90/Q50 Características

61794000 SABC 75%

SASG25% 0,24

O SABC, no local da estação, é constituído por mais de 40%

de finos, segundo Batezelli (2003)

61635000 SAX 62%

SAGG 38% 0,31

O SAX possui litologia muito argilosa e estação está

localizada numa área de relevo mais movimentado na bacia,

com declividade média de aproximadamente 20%

61595000 SAGG 100% 0,30 Estação situada em área de declividade média mais alta (19%)

Por outro lado, os maiores valores da relação Q90/Q50 (acima de 0,5) foram verificados em

algumas estações onde o relevo é mais plano ou onde há predominância de bons aquíferos na região,

como o SAGG, o SASG e o SAG. Entretanto, quando esses estão associados a aquíferos mais

argilosos, como o SAX, por exemplo, essa relação é diminuída. Os maiores valores também são

acompanhados pelos maiores valores das vazões mínimas específicas (7 a 16 l/s/km²).

A Tabela 3.4 mostra as relações entre as vazões características para três sistemas aquíferos,

para os quais foi possível efetuar esse cálculo, em função da disposição das estações fluviométricas

em relação às áreas de afloramento dos aquíferos.

As Figuras 3.6 a 3.10 ilustram as curvas de permanência para os sistemas aquíferos Bauru-

Caiuá, Serra Geral, Serra Geral/Guarani e Gnáissico-Granítico e da estação 61730000, que abrange

vários aquíferos na Bacia. Os sistemas aquíferos Serra Geral e Gnáissico-Granítico mostraram-se

mais promissores em relação à contribuição subterrânea. Característica essa baseada nos valores da

razão Q90/Q50 de 0,560 e 0,52, respectivamente; assim como, pelos resultados das vazões mínimas

específicas. O SABC revelou-se o menos promissor dos três, reflexo de suas características

geológicas nesta Bacia, denotado por materiais finos da formação (Batezelli, 2003).

De todo modo, esses valores médios obtidos para esses sistemas aquíferos podem variar em

função da estação estudada, haja vista as variações da representatividade do sistema aquífero em

cada estação e na área de afloramento total do aquífero na Bacia.

75

As curvas de permanência mais inclinadas foram observadas nas estações do SABC (5B-004

e 6B-007) e no SASG (5C-017 e 61370000), evidenciando as maiores amplitudes entre as vazões

características extremas. As demais curvas mostram menores inclinações e amplitudes, denotando

maior capacidade de regularização da vazão superficial pelo fluxo de base.

Figura 3.6 - Curva de permanência em estação fluvial com contribuição do Sistema Aquífero Bauru-Caiuá.

Figura 3.7 - Curva de permanência em duas estações fluviais com contribuição do Sistema Aquífero Serra Geral.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Q10 Q20 Q30 Q40 Q50 Q60 Q70 Q80 Q90 Q95

Q (

m3

/s)

Vazões de referência

Curva de permanênciaSistema Aquífero Bauru-Caiuá (SABC)

5B-004 6C-008 6B-007

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Q10 Q20 Q30 Q40 Q50 Q60 Q70 Q80 Q90 Q95

Q (

m3

/s)

Vazões de referência

Curva de PermanênciaSistema Aquífero Serra Geral (SASG)

5C-017 5B-012

76

Figura 3.8 - Curva de permanência em uma estação fluvial com contribuição do SASG (65%) e SAG (21%).

Figura 3.9 - Curva de permanência em estação fluvial com contribuição do Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico

(Fraturado Centro-Sul).

0

50

100

150

200

250

Q10 Q20 Q30 Q40 Q50 Q60 Q70 Q80 Q90 Q95

Q (

m³/

s)

Vazões de referência

Curva de PermanênciaEstação - 5B-007 (61.356 Km²)

(65% SASG) (21% SAG) (9% AI) (5%SAT, SAX, SAGG)

0

5

10

15

20

25

30

35

Q10 Q20 Q30 Q40 Q50 Q60 Q70 Q80 Q90 Q95

Q (

m³/

s)

Vazões de referência

Curva de PermanênciaAquífero Gnáissico-Granítico

61826000 61370000

77

Figura 3.10 - Curva de permanência na estação 61730000 (área de 61.356 km²), com contribuição de aquíferos das

unidades do Sistema Aquífero Fraturado Centro-Sul, representando cerca de 43% da área da Bacia do Rio Grande.

3.2.4. ESTIMATIVA DA CONTRIBUIÇÃO SUBTERRÂNEA NO ESCOAMENTO

SUPERFICIAL PELA CURVA DE RECESSÃO

A segunda metodologia utilizada, considerando a saída do sistema, para a análise da

contribuição subterrânea ao escoamento superficial total consistiu na determinação da vazão

mínima Q7, a qual representa o valor médio da série histórica das vazões mínimas das médias

móveis de sete dias, ao longo do período de dados das estações fluviométricas. Em sendo a vazão

mínima das médias móveis de sete dias, considerada ano a ano, representa a contribuição

subterrânea, uma vez que é medida em época de baixas vazões, ou seja, durante a estiagem, quando

a vazão superficial é mantida pelo fluxo de base. De outra maneira, essa vazão materializa a

contribuição do fluxo de base ao escoamento superficial total. Considera-se, como mencionado

anteriormente, que as vazões medidas nas estações correspondem ao escoamento natural, portanto,

sem regularizações.

O comportamento da relação Q7/Qmlt para os aquíferos e estações analisadas é semelhante

àqueles encontrados para a Q90/Q50, com valores um pouco superiores em decorrência da Q50 ser

inferior à Qmlt, enquanto Q7 e Q90 são muito próximas, conforme já mostrado nas Tabelas 3.3 e 3.4.

Os volumes de contribuição subterrânea estimados pela Q7 são próximos àqueles calculados

pela aplicação do coeficiente da relação Q90/Q50 sobre a vazão Q50, indicando melhor ajuste para

esta bacia, se comparado com a proposição de Smakhtin (2001) de aplicar essa relação sobre o

escoamento superficial, entendido como representado pela Qmlt, conforme pode ser observado na

Tabela 3.3.

0

500

1000

1500

2000

2500

Q10 Q20 Q30 Q40 Q50 Q60 Q70 Q80 Q90 Q95

Q (

m³/

s)

Vazões de referência

Curva de PermanênciaEstação - 61730000 (61.356 Km²)

95% SAGG, SAX e SAQ

78

3.2.5. CURVA DE RECESSÃO

De forma a conferir a capacidade reguladora dos aquíferos representados nas áreas de

contribuição das estações fluviométricas e comparar com os resultados apresentados nas

metodologias de avaliação de contribuição subterrânea ao escoamento superficial total, foram

analisadas as curvas de recessão de alguns rios onde a contribuição é majoritariamente de um único

aquífero livre.

Essa avaliação consistiu na análise da recessão que compreende o declínio da vazão natural

de um rio considerando a ausência de precipitação, sendo condicionada por leis de decaimento

exponencial, dada pela Equação 4, conforme Domenico & Schwartz (1990), enquanto o volume

subterrâneo contribuinte anualmente é estimado pela Equação 5 e a restituição pela relação do

volume contribuinte anual e área de contribuição da estação, expressa na Equação 6. A recessão,

em outras palavras, corresponde a contribuição subterrânea ao fluxo superficial, originária dos

volumes armazenados nos aquíferos. Valer ressaltar, contudo, que essa contribuição, em muitos

casos é maior do que aquela calculada no período de recessão, haja vista que muitos aquíferos

contribuem para a vazão dos rios mesmo nos períodos chuvosos, a depender, especialmente das

condições de carga hidráulica na bacia; essa última fortemente influenciada pelo relevo.

Equação 4: Q= Q0 . e-kt

Onde:

Q = representa a vazão do rio em m3/s após um período de t (dias);

Q0 = é a vazão do rio no início da recessão em m3/s;

K = é a constante de recessão.

Equação 5: V= Q0 . 86.400/K

Equação 6: h=V/A

Onde:

V = volume subterrâneo contribuinte para o ano selecionado em m3/ano;

H = restituição em mm;

A = área de contribuição da estação fluviométrica.

O regime climático na região da Bacia do Rio Grande não apresenta uma estação seca bem

demarcada, com ausência sazonal de chuvas. Todavia, o período de menor precipitação é

representado pelo trimestre junho/julho/agosto. Em virtude desse comportamento climático foram

selecionadas estações pluviométricas localizadas nas áreas de contribuição das estações

fluviométricas ou, na ausência, a mais próxima dessa área. Foi avaliada a recessão em anos mais

secos e, preferencialmente, com trimestre junho/julho/agosto com menos chuva, de forma a reduzir

a influência da precipitação na recessão; bem como avaliou-se também a recessão nos anos em que

a precipitação se aproximou da média histórica da estação.

A análise da recessão foi possível apenas para os sistemas aquíferos Bauru-Caiuá (média de

duas estações), Gnáissico-Granítico (cinco estações) Serra Geral e Guarani (em conjunto em apenas

uma estação), haja vista a disponibilidade de dados históricos e consistidos nas estações.

Selecionou-se estações fluviométricas representativas dos respectivos sistemas aquíferos, com

disponibilidade de histórico para análise. No caso dos sistemas aquíferos Serra Geral e Guarani,

entretanto, optou-se por avaliar uma estação (5B-007) em que a área tem 65,4% de representação

do SASG, 20,8% do SAG e o restante com influência de outros sistemas aquíferos (9% AI; 4%

SAT; 0,2% SAX e 0,6% SAGG), devido à ausência de estações representativas dessas unidades

hidrogeológicas ou pela dificuldade de dados naquelas consideradas representativas. No caso desses

dois importantes aquíferos na bacia, o comportamento analisado é atribuído à combinação do

comportamento hidráulico das duas formações geológicas.

A Tabela 3.5 apresenta um resumo dos valores médios observados de restituição subterrânea,

o percentual dessa restituição em função da precipitação média para os aquíferos analisados, em

79

função da precipitação dos anos selecionados para análise. Os valores médios dessa restituição para

cada sistema aquífero relacionado na Tabela 3.5 baseou-se no conjunto de anos, selecionados de

forma a representar diversos momentos do histórico do registro da estação, ou seja, a média foi

composta, na medida do possível, com a análise da recessão de anos mais antigos e mais recentes.

Novamente se observa, como já ocorrido nas estimativas realizadas com a relação Q90/Q50

(0,48), para a Q7 e as vazões mínimas específicas que o Sistema Aquífero Bauru-Caiuá (Tabela

3.4) apresenta uma baixa restituição (média de 8% da precipitação média), conforme anos e estações

avaliados, corroborando as baixas vazões mínimas específicas (média de 2,8 l/s/km²) das duas

estações avaliadas. A análise da estação 5B-007 (SASG e SAG) apresentou uma restituição média

de 11% nos anos analisados. Contudo, em alguns anos a restituição desses aquíferos mostrou-se

mais promissora, como em 1963, onde a baixa precipitação (866,9 mm) resultou numa restituição

de 23% desses reservatórios para o rio.

O SAGG mostrou uma restituição média de 16,4%, segundo análise dos dados das cinco

estações representativas e anos selecionados, corroborando maiores valores das vazões mínimas

específicas (média 7,0 l/s/km²).

Tabela 3.5 - Valores de restituição da contribuição subterrânea ao escoamento superficial total, em segmentos de

aquíferos livres na Bacia do Rio Grande.

Unidades

hidrogeológicas

Estações

Fluviométricas

Área

contribuição

(km2)

P média

(mm/ano) Anos K

Restituição/P

(%)*

Sistema Aquífero

Bauru-Caiuá

6B-007 2.323,53 1.020,10

1964

1969

2002

0,003 9

5B-004 2.074,07 1002,84

1941

1944

1945

1967

1999

0,006 7

Sistema Aquífero

Serra Geral/Guarani 5B-007 6.272,70 1.364,40

1994

19969

2002

0,009 11

Sistema Aquífero

Gnáissico-Granítico

61460000 1.841,18 1794,83

1980

1999

2001

0,005 15

61202000 1.616,72 1.114

1977

1990

2012

0,006 15

61370000 672,25 1244,9

1967

1974

1999

2005

0,008 13

61425000 9.410,00 1.143,5

1955

1962

1968

2001

0,004 18

61645000 24.200,00 1.102

1944

1948

1952

2001

0,005 21

(*) Relação restituição/precipitação

K - coeficiente de recessão

Embora apresentados na Tabela 3.5 os valores médios obtidos das estações e anos

selecionados, vale ressaltar que os dados históricos, das estações representativas dos sistemas

aquíferos avaliados exibem variações consideráveis dessa restituição em alguns anos. Os dados das

estações representativas do SAGG, por exemplo, mostram altos valores de restituição em anos mais

80

secos, como no caso da estação 61460000, que apresentou 41% de restituição em 1959 (P = 657,9

mm) e 64% em 1961 (P = 649,4 mm); assim como baixos valores de restituição nos anos um pouco

mais chuvosos em outras estações, como na 612020000, com 11% de restituição em 2009 (P =

1.752,6 mm) e 8% em 1995 (P = 1.195 mm).

O SABC, por sua vez, embora apresente uma restituição média de 8% da precipitação, alguns

dados analisados em anos mais secos exibiram variações na estação 6B-007. O ano de 1963 quando

choveu 531 mm a restituição chegou a 23% da precipitação e em 1968 que também choveu pouco

(818 mm) a restituição alcançou 30% da precipitação.

As Figuras 3.11 a 3.14 representam alguns exemplos de curvas de recessão analisadas neste

trabalho.

Figura 3.11 - Curva de recessão de contribuição do Sistema Aquífero Bauru-Caiuá na estação 6B-007, Bacia do Rio

Grande.

Figura 3.12 - Curva de recessão com contribuição dos Sistemas Aquíferos Serra Geral (65%) e Guarani (20,8%), na

estação 5B-007, na Bacia do Rio Grande.

Figura 3.13 - Curva de recessão com contribuição do Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico, na estação 61460000, na

Bacia do Rio Grande. Obs.: Alto valor de restituição (41% de P); ano “seco”.

81

Figura 3.14 - Curva de recessão com contribuição do Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico, na estação 612020000,

na Bacia do Rio Grande. Obs.: Valor de restituição (15% de P).

Os valores de restituição médios calculados para esses sistemas aquíferos serviram ainda de

base para aferir os respectivos valores de coeficientes de infiltração (Ci), conforme explicado

anteriormente no item 3.2.1. Na análise das curvas de recessão, os valores médios da restituição

alcançados são menores que os valores de Ci correlacionados, haja vista que há um percentual que

se deve considerar da extração de água subterrânea, da recarga profunda e de uma parcela de água

drenada do aquífero fora do período de recessão.

O SABC com restituição média de 8% teve seu coeficiente de infiltração atribuído em 11%,

menor do que aquele, por exemplo, atribuído ao mesmo sistema aquífero na Bacia do Rio

Paranapanema (17%). Esse fato deve-se pela predominante constituição do SABC na região (90%

do total) pertencer à Formação Vale do Rio do Peixe, de composição mais fina, refletindo

diretamente tanto na infiltração (Ci), na restituição (vazão de base) e na sua razão Q90/Q50 (0,48)

característica.

Para o SAGG obteve-se uma restituição média de 16%, embora seja bastante variável,

podendo chegar a faixa entre 40 e 60% nos anos mais secos, conforme verificado em algumas

estações. Esse valore corrobora o valor da razão Q90/Q50 (0,52) médio desse sistema aquífero. O Ci

do SAGG foi estimado em 17% e baseando-se nesse coeficiente de infiltração estimou-se os Ci’s

do SAQ em 18%, por ter uma produtividade semelhante ou um pouco maior e de 9% para o SAX,

por se constituir de material geológico menos produtivo.

O SASG teve seu coeficiente de infiltração (17%) atribuído com base em poucas estações. De

todo modo corrobora a razão Q90/Q50 média (0,63) obtida na análise das duas estações

representativas desse sistema aquífero, sendo um dos maiores valores na bacia.

Ao SAG atribuiu-se o valor de 17% com base no estudo SMA (2004) desenvolvido em

Ribeirão Preto, município situado na bacia. Ao SAT atribuiu-se o valor de 9%, haja vista ser de

natureza heterogênea, devido a diversidade e descontinuidade de suas litofácies (alternância de

sedimentos grossos e finos e camadas com espessuras variadas), as quais prejudicam a circulação

da água subterrânea (Vidal, 2002; Ezaki, 2011).

Os aquitardes Itaqueri e Passa Dois tiveram seus coeficientes de infiltração atribuídos em 4%,

baseando-se na análise efetuada na Bacia do Rio Paranapanema e por serem constituídos de

sedimentos muito finos. Enquanto que ao SARC atribuiu-se 6% por ser de constituído de

sedimentos arenosos, porém finos.

3.3. GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E

SUBTERRÂNEOS

O objeto da estimativa da contribuição de águas subterrânea ao escoamento superficial dos

rios da Bacia do Grande é trazer informações iniciais de forma a possibilitar a elaboração de balanço

hídrico integrado, no qual seja possível segregar as parcelas superficiais e subterrâneas no

escoamento superficial total, tendo em conta que ao efetuar uma dada retirada, seja superficial, no

âmbito dos Estados ou da União; ou da parcela subterrânea, no caso dos Estados; estar-se-á

interferindo em um mesmo “volume comum”, uma vez que Estados e União adotam vazões de

82

referência para as outorgas superficiais lastreadas no fluxo de base (ANA: 70% da Q95; MG: 30%

da Q7,10 e SP 50% da Q7,10), e que o volume de água subterrânea explotado compreende

essencialmente uma parcela das reservas renováveis, portanto, ambos os volumes são parcelas da

vazão basal.

É importante ter em conta que ao extrair águas subterrâneas das reservas renováveis, estar-

se-á, ao longo do tempo, modificando o escoamento de base dos rios, exceto quando há reservatórios

de regularização, essas vazões referenciais sofrerão depleção ao longo do tempo e podem ser críticas

nos períodos de estiagem.

Assim, é essencial, especialmente em bacias onde a vazão média de longo período (Qmlt) tem

significativa contribuição do fluxo de base, que o balanço hídrico seja contabilizado conjuntamente,

de forma que as parcelas alocadas das reservas subterrâneas explotáveis (RPE) sejam abatidas do

montante disponível no fluxo de base, refletindo, por sua vez, nas vazões mínimas referenciais para

outorgas superficiais.

A Figura 3.15 ilustra Modelo Esquemático mostrando as interdependências entre Recarga,

Fluxo de Base, Reserva Potencial Explotável (RPE), Potencialidade Superficial, os volumes

comprometidos e os superficiais e subterrâneos disponíveis.

Vale destacar que no presente trabalho os volumes correspondentes à recarga profunda e

circulação lateral não foram estimados, mas estão compreendidos na diferença entre a Recarga

Potencial Direta (RPD) e o Fluxo de Base, considerado neste trabalho como a Q7.

Figura 3.15 - Diagrama ilustrando as interdependências entre Recarga, Fluxo de Base, Reserva Potencial Explotável

Subterrânea (RPE) e Potencialidade Superficial.

A extração atual dos poços tubulares, por sua vez, faz parte do volume representado pela

vazão basal, todavia os dados disponíveis não permitem a sua separação por aquífero, de forma que

não estão representados junto àquela vazão, embora conceitualmente considerem-se parcela da

mesma, assim serão acrescidos àquela parcela para efeitos de contabilidade hídrica final.

As metodologias utilizadas para a estimativa do fluxo de base nas diversas estações

fluviométricas da bacia, considerando a contribuição exclusiva ou majoritária de um único aquífero

livre por estação, mostram valores e comportamento de curvas de permanência e de recessão

coerentes entre si para cada aquífero.

O Sistema Aquífero Gnáissico-Granítico é o de maior capacidade de regularização ou o que

gera a maior contribuição do fluxo de base ao escoamento superficial, em média 16% nas estações

avaliadas. Essa capacidade de regularização está relacionada aos espessos solos, comum nessas

áreas, que regulariza localmente as contribuições desse Sistema. Contudo, como se trata de um

aquífero fissural, o SAGG pode apresentar grandes variações locais e mesmo variações sazonais.

Avaliou-se, por exemplo, estações que deste mesmo aquífero com restituição de 40 a 60% do valor

da precipitação. O SASG também mostrou-se promissor, conforme pode-se observar na relação

Q90/Q50 de 0,63.

O SABC, por outro lado, mostrou-se na BHRG pouco promissor quando comparado com sua

capacidade de contribuição ao fluxo de base em outros locais. Esse comportamento era esperado,

83

pelo fato de que nessa Bacia a litologia predominante (90% do total) afloram rochas da Formação

Vale do Rio do Peixe, que tem granulação mais fina, com presença de pelitos em diversas áreas da

BHRG.

Ademais ao analisar outros dados nas áreas das estações representativas do SABC é possível

constatar informações importantes. A Tabela 3.6 resume a quantidade e a vazão total de outorgas

superficiais e subterrâneas nessas bacias, assim como o saldo da disponibilidade superficial,

tomando como base as vazões superficiais de referência de cada sub-bacia1. É possível observar

déficits da disponibilidade superficial de 100 a 300%, nas bacias 5B-004 e 6C-008,

respectivamente; e um saldo de aproximadamente 50% da bacia 6B-007.

Considerando ainda os dados das outorgas de águas subterrâneas e tomando como vazão de

referência para a gestão integrada de recursos hídricos a Q7, o cenário é preocupante. Na estação

6B-007 as outorgas subterrâneas e as superficiais somam quase 60% da Q7, na área de drenagem

dessa estação. Na bacia da estação 5B-004 essa soma chega a mais de 95% da Q7; enquanto a

estação 6C-008 mostra uma situação mais crítica, por ter uma área menor, com déficit de 141% do

valor da Q7. Soma-se a este cenário o fato de que a demanda real é maior do que a vazão outorgada

apresentadas na Tabela 3.6, e que ainda deve-se considerar que parte da vazão Q7 deve estar

disponível para a vazão ecológica dos rios.

Vale ressaltar, entretanto, que esses dados foram analisados utilizando as áreas das estações,

e não integrando por unidade de gestão como será apresentado adiante na Tabela 3.9 com o balanço

hídrico integrado. De todo modo, vale atentar para essa região, haja vista que as áreas dessas

estações englobam municípios paulistas importantes que se utilizam da água subterrânea para seu

abastecimento público, como São José do Rio Preto e Catanduva, por exemplo.

De todo modo, o comportamento menos promissor do SABC na Bacia foi caracterizado com

base nos resultados de apenas três estações fluviométricas, as quais representam apenas 15% da

área total de afloramento do Sistema na BHRG. É possível, portanto, que essa caracterização possa

ser revisada à medida estejam disponíveis mais dados sobre a quantificação do uso da água

subterrânea nesse aquífero e que hajam mais estações fluviométricas representativas desse Sistema.

Os resultados da avaliação do fluxo de base pelo método da vazão mínima Q7 e da relação

Q90/Q50, corroborado pelo comportamento das curvas de permanência e de recessão, mostram

claramente o potencial de regularização das vazões superficiais dos diversos aquíferos livres

presentes na bacia. Evidentemente os valores estimados para o fluxo de base, no lado da saída, estão

em sintonia com as estimativas da Recarga Potencial Direta (RPD) elaboradas por intermédio de

taxas de infiltração e precipitação, no lado da entrada. Há pequenas discordâncias, previsíveis, uma

vez que se tratam de estimativas gerais, onde valores amostrais localizados, como taxa de

infiltração, são empregados para a totalidade de cada aquífero. A própria extrapolação dos valores

calculados para Q7 e Q90/Q50 de algumas áreas de contribuição em cada aquífero, com poucas

centenas de km2, para a totalidade das áreas aflorantes dessas unidades, implicam em

generalizações, que podem ocasionar alguma disparidade no balanço entre os valores finais de

entrada e saída. Apenas o SAG apresentou um baixo valor de RPD, mas em função de sua pequena

área de afloramento na BHRG.

O volume “comum” entre os meios subterrâneo e superficial é a porção da reserva renovável

expressa pelo fluxo de base, adotada neste trabalho como a vazão mínima Q7, portanto, é o volume

alvo para gestão integrada de águas subterrâneas e superficiais. As condições de contorno para essa

assertiva é de que as extrações de águas subterrâneas ocorram na reserva renovável, por

conseguinte, válido somente para aquíferos livres, e não há extrações nas reservas permanentes.

Nas situações onde o escoamento superficial é regularizado por barramentos e estruturas afins será

necessário abater o valor regularizado no balanço hídrico integrado.

Das estimativas realizadas para a determinação da contribuição de águas subterrâneas ao

escoamento superficial total, a vazão mínima Q7 foi escolhida como referencial inicial para a

integração da gestão entre os componentes subterrâneo e superficial do ciclo hidrológico.

1 A vazão de referência para outorgas superficiais no Estado de São Paulo é 50% da Q7,10.

84

Tabela 3.6 - Resumo de dados sobre outorgas subterrâneas e superficiais e vazões de referência nas estações fluviométricas representativas do Sistema Aquífero Bauru-Caiuá.

2 Q7,10: vazão de referência superficial para o Estado de São Paulo. 3 Limite outorgável da Q7,10 para água superficial no Estado de São Paulo. 4 Diferença entre o limite outorgável superficial e a vazão superficial outorgada. 5 Vazão de referência para a gestão integrada de recursos hídricos adotada neste trabalho. 6 Diferença entre o valor da Q7 e a soma das outorgas superficiais e subterrâneas.

Estação

Outorgas

subterrâneas

(número)

Outorgas

subterrâneas

(m³/s)

Poços

SIAGAS

Outorgas

superficiais

(número)

Outorgas

superficiais

(m³/s)

Outorgas

totais

(número)

Outorgas

totais

(m³/s)

2Q7,10

(m³/s)

350%

da

Q7,10

(m³/s)

4Saldo da

Q ref.

Superf.

(m³/s)

%

disponível

Q ref.

Superf.

Q75

(m³/s)

6Saldo

da Q7

(m³/s)

%

disponível

da Q7

Área

estação

(km²)

6B-007 872 3,51 891 35 1,05 907 4,56 4,01 2,005 0,955 47,63 7,69 3,13 40,70 2.323,53

5B-004 269 1,97 613 112 3,76 381 5,73 3,61 1,805 -1,955 -108,31 5,98 0,25 4,18 2.074,06

6C-008 257 1,84 357 15 1,56 272 3,4 0,76 0,38 -1,18 -310,53 1,41 -1,99 -141,13 438,56

85

A grande vantagem é que essa vazão constitui um valor extraído de forma direta das séries históricas

de vazões.

Nas Tabelas 3.7 e 3.8 são apresentados os valores estatísticos de tendência central para as

relações entre a vazão mínima Q7 e algumas vazões de referência utilizadas para outorga de águas

superficiais. Observa-se que o valor de Q7 é mais próximo ao da Q90. Vale destacar que na estação

de Rifaina (61730000), que cobre 43% da área da bacia, essas vazões são semelhantes.

Tabela 3.7 - Distribuição estatística dos dados de tendência central para as relações entre a vazão Q7 com algumas

vazões referenciais para outorga de água superficial na Bacia do Grande, avaliadas em 27 estações fluviométricas.

Parâmetros

estatísticos Q90/Q7 Q95/Q7 Q7,10/Q7 Q7/Qmlt

Média 1,02 0,85 0,59 0,37

Mediana 1,04 0,87 0,61 0,39

Desvio Padrão 0,14 0,15 0,11 0,10

Variância 0,02 0,02 0,01 0,01

Máximo 1,49 1,24 0,77 0,52

Mínimo 0,59 0,29 0,35 0,12

Estação Rifaina * 1,10 0,97 - 0,36 (*) Estação Rifaina (61730000) cobre 43% da área da Bacia do Grande.

Tabela 3.8 - Distribuição estatística dos dados de tendência central para as relações entre a vazão Q7 e vazões

referenciais para outorga de água superficial na Bacia do Grande, avaliadas apenas nas 21 estações representativas.

Parâmetros

estatísticos Q90/Q7 Q95/Q7 Q7,10/Q7 Q7/Qmlt

Média 0,99 0,84 0,57 0,38

Mediana 1,00 0,86 0,60 0,39

Desvio Padrão 0,07 0,08 0,11 0,07

Variância 0,004 0,01 0,01 0,01

Máximo 1,08 0,95 0,72 0,52

Mínimo 0,86 0,67 0,35 0,24

A Tabela 3.9 sintetiza os dados de disponibilidade hídrica subterrânea na Bacia do Grande e

as potencialidades de águas superficiais, ambas por unidade hidrogeológica, tendo como referências

a Recarga Potencial Direta (RPD) e a vazão mínima Q7, considerada como indicadora do fluxo de

base na bacia. A avaliação final da disponibilidade foi prejudicada pela ausência de estações

fluviométricas representativas de diversos sistemas aquíferos. O cálculo final foi possível apenas

para os sistemas aquíferos Bauru-Caiuá, Serra Geral e Gnáissico-Granítico; todos com valores

extrapolados das áreas das estações representativas para toda a área de afloramento.

Essa tabela mostra que os principais sistemas aquíferos em termos de volume de RPD são o

Gnáissico-Granítico, Serra Geral e o Bauru-Caiuá. O Carbonático é o mais relevante quando

considera a reserva renovável específica, seguido do Quartzítico, Guarani, Serra Geral e em menor

escala o Bauru-Caiuá. Quanto à RPE o Gnáissico-Granítico destaca-se, seguido do Bauru-Caiuá e

Serra Geral.

Na Tabela 3.10 são sumarizados os dados de balanço hídrico integrado por componente e

distribuídos de forma segmentada nas UGRHs da Bacia do Rio Grande. Os dados de outorga são

de até o ano de 2012.

Na metodologia de balanço entre entradas e retiradas, com os dados disponíveis, a

disponibilidade hídrica subterrânea representa a diferença entre a RPE e o volume extraído desse

manancial ou do montante outorgado. Entendimento semelhante vale para a superficial, entre

potencialidade superficial e volume outorgado. Já o balanço integrado, considera que o volume

disponível para outorga superficial, corresponde à parcela resultante da subtração entre vazão Q7 e

a RPE.

86

Tabela 3.9 - Síntese dos dados de disponibilidade hídrica subterrânea na Bacia do Grande e potencialidades de águas superficiais, ambas por sistema aquífero.

Unidade

Hidrogeológica

Área

aflorante

(km²)

Cs Ci

(%)

RPD

(m³/s)

RPD esp.

(l/s/km2)

RPE

(m³/s)

RPE esp.

(l/s/km2)

Q7

(m³/s)

Q7 espec.

(l/s/km²)

Q95

(m³/s)

Q95 espec.

(l/s/km²)

Potencialidade

superficial (1)

(m³/s)

Rio Claro 21,97 0,4 6 0,06 2,73 0,024 1,09 ND ND ND ND ND

Itaqueri 1.467,86 0,4 4 2,88 1,96 1,152 0,78 ND ND ND ND ND

Guarani 7.695,00 0,2 17 61,5 7,99 12,3 1,60 ND ND ND ND ND

Bauru-Caiuá 31.205,69 0,3 11 148,62 4,76 44,586 1,43 97,23 3,12 75,40 2,42 52,65

Tubarão 4.733,82 0,4 9 19,38 4,09 7,752 1,64 ND ND ND ND ND

Passa Dois 1.110,67 0,4 4 2 1,80 0,8 0,72 ND ND ND ND ND

Serra Geral 27.112,26 0,2 17 175,23 6,46 35,046 1,29 164,66 6,07 150,79 5,56 129,62

Quartzítico 2.801,60 0,2 18 23,47 8,38 4,694 1,68 ND ND ND ND ND

Gnáissico-

Granítico 50.583,99 0,2 17 400,69 7,92 80,138 1,58 364,47 7,21 316,16 6,25 284,33

Xistoso 15.937,54 0,4 9 66,4 4,17 26,56 1,67 ND ND ND ND ND

Carbonático 520,27 0,2 20 4,64 8,92 0,928 1,78 ND ND ND ND ND

TOTAL 143.190,68 NA NA 904,87 NA 213,98 NA 626,36 NA 542,36 NA 466,59

(1) = Q7-RPE (m3/s) referente somente aos 03 sistemas aquíferos com dados disponíveis de Q7, obtidos de estações representativas.

NA= Não avaliado

ND=Não disponível

Cs: coeficiente de sustentabilidade

Ci: coeficiente de infiltração

RPD: Recarga Potencial Direta

RPE: Recarga Potencial Explotável

87

Na Tabela 3.10 observa-se que o balanço entre disponibilidade e retiradas

superficial é negativo somente na GD 2, GD 7, UGRHI 9 e UGRHI 12. Entretanto, esse

déficit provavelmente é ocasionado devido à ausência de informações acerca dos demais

sistemas aquíferos. Nas demais unidades de gestão a situação é de relativo conforto.

Deve-se observar que em todas unidades de gestão, falta acrescentar às estimativas de

potencialidade superficial os volumes gerados por oito sistemas aquíferos, em

decorrência da não existência de estações fluviométricas representativas com área de

contribuição dessas unidades, conforme a metodologia adotada. Exemplificando, na

UGRHI 09 (14.950,44 km²), as unidades hidrogeológicas que não tiveram seus aportes

estimados para a potencialidade superficial (Guarani, Itaqueri, Passa Dois, Quartzítico,

Rio Claro, Tubarão e Xistoso) somam 6.971,43 km2 (46% da unidade). Se considerarmos

somente Guarani, unidade de boa produtividade que não teve suas vazões estimadas,

representa cerca de 20% da área dessa unidade. Vale destacar, ainda, que o balanço

considerou a vazão superficial outorgada e não a efetivamente explotada, haja vista que

é possível que existam outros usos não outorgados que não são computados nesse

balanço.

Os valores consolidados na Tabela 3.10 representam uma proposta metodológica

para ser avaliada conjuntamente entre as instituições de gestão envolvidas na Bacia do

Grande e o Comitê. Certamente precisará ser desenvolvido maior detalhamento, em

especial pela ausência de estações fluviométricas cobrindo vários aquíferos e a melhoria

da representatividade dos atuais, como melhor distribuição das estações. A

representatividade do balanço hídrico também evoluirá à medida que os dados de extração

de águas subterrâneas referenciem claramente qual (i) o aquífero explotado, não somente

em qual unidade o poço está locado em superfície; (ii) o volume outorgado; e (iii) o

regime de bombeamento. Para o futuro, as novas estações fluviométricas devem ser

locadas considerando a área, preferencialmente, de um único aquífero aflorante, de

maneira que os dados de vazões reflitam a capacidade de armazenamento de apenas um

aquífero.

A escolha do Cs é ponto crítico na gestão integrada de águas subterrâneas e

superficiais uma vez que é o indicador das parcelas explotáveis provenientes das reservas

renováveis. O estabelecimento do Cs necessariamente deve considerar como fator chave

a participação da vazão de base no escoamento superficial, além de condições de

circulação e ambientais específicas.

88

Tabela 3.10 - Balanço hídrico integrado global da Bacia do Rio Grande.

Continua

UGRH Sistemas

Aquíferos

Área

aflorante

Km²

Ci

% Cs

RPD

m³/s

RPD

esp.

l/s/km2

RPE

m³/s

RPE

esp.

l/s/km2

Q7

m³/s

Q7

espec.

l/s/km2

1Potencia

lidade

superfic.

m³/s

Q95

m3/s

Q95 esp.

l/s/km2

2 Vazão

outorgada

água subt.

m3/s

3 Vazão

outorgada

água

superficial

m3/s

4 Vazão

água

subt.

dispon.

m3/s

5 Vazão

total

água

superf.

dispon.

m3/s

GD 1

Carbonático 58,12 20 0,2 0,52 9,01 0,10 1,80 ND

Gnáissico-

granítico 5.864,43 17 0,2 48,91 8,34 9,78 1,67 42,26 7,21 32,47 36,66 6,25

Quartzítico 354,75 18 0,2 2,98 8,40 0,60 1,68 ND ND ND ND ND

Xistoso 2.506,20 9 0,4 10,61 4,23 4,24 1,69 ND ND ND ND ND

TOTAIS 8.783,50 NA NA 63,02 NA 14,73 NA 42,26 7,21 32,47 36,66 6,25 0,08 2,11 14,65 30,36

GD 2

Carbonático 200,60 20 0,2 1,81 9,03 0,36 1,81 ND

Gnáissico-

granítico 8.672,33 17 0,2 66,80 7,70 13,36 1,54 62,49 7,21 49,13 54,21 6,25

Quartzítico 113,72 18 0,2 0,93 8,16 0,19 1,63 ND ND ND ND ND

Xistoso 1.525,29 9 0,4 6,19 4,06 2,47 1,62 ND ND ND ND ND

TOTAIS 10.511,94 NA NA 75,73 NA 16,38 NA 62,49 7,21 49,13 54,21 6,25 0,41 54,69 15,97 -5,57

GD 3

Carbonático 261,55 20 0,2 2,30 8,80 0,46 1,76 ND

Gnáissico-

granítico 11.226,07 17 0,2 86,89 7,74 17,38 1,55 80,89 7,21 63,51 70,17 6,25

Quartzítico 650,09 18 0,2 5,25 8,08 1,05 1,62 ND ND ND ND ND

Xistoso 4.410,95 9 0,4 17,87 4,05 7,15 1,62 ND ND ND ND ND

TOTAIS 16.548,66 NA NA 112,32 NA 26,04 NA 80,89 7,21 63,51 70,17 6,25 0,61 45,74 25,43 17,76

GD 4

Gnáissico-

granítico 5.272,13 17 0,2 42,86 8,13 8,57 1,63 37,99 7,21 29,42 32,95 6,25

Quartzítico 144,06 18 0,2 1,20 8,30 0,24 1,66 ND ND ND ND ND

Xistoso 1.491,95 9 0,4 6,21 4,16 2,48 1,66 ND ND ND ND ND

TOTAIS 6.908,14 NA NA 50,26 NA 11,29 NA 37,99 7,21 29,42 32,95 6,25 0,19 8,44 11,10 20,98

GD 5

Gnáissico-

granítico 7.888,28 17 0,2 62,42 7,91 12,48 1,58 56,84 7,21 44,35 49,31 6,25

Quartzítico 112,26 18 0,2 0,91 8,10 0,18 1,62 ND ND ND ND ND

Xistoso 860,84 9 0,4 3,49 4,06 1,40 1,62 ND ND ND ND ND

TOTAIS 8.861,38 NA NA 66,83 NA 14,06 NA 56,84 7,21 44,35 49,31 6,25 0,29 16,65 13,77 27,70

GD 6

Gnáissico-

granítico 5.369,69 17 0,2 42,59 7,93 8,52 1,59 38,69 7,21 30,17 33,56 6,25

Passa Dois 1,76 4 0,4 0,00 1,93 0,00 0,77 ND ND ND ND ND

Quartzítico 177,00 18 0,2 1,49 8,41 0,30 1,68 ND ND ND ND ND

Serra Geral 14,25 14 0,3 0,10 6,77 0,03 2,03 0,09 6,07 0,06 0,08 5,56

Tubarão 121,42 9 0,4 0,53 4,35 0,21 1,74 ND ND ND ND ND

89

Xistoso 282,06 9 0,4 1,19 4,23 0,48 1,69 ND ND ND ND ND

TOTAIS 5.966,18 NA NA 45,90 NA 9,53 NA 38,78 13,28 30,23 33,64 11,81 0,17 13,44 9,37 16,79

Tabela 3.10 - Balanço hídrico integrado global da Bacia do Rio Grande. Continuação

UGRH Sistemas

Aquíferos

Área

aflorante

Km²

Ci

% Cs

RPD

m³/s

RPD

esp.

l/s/km2

RPE

m³/s

RPE

esp.

l/s/km2

Q7

m³/s

Q7

espec.

l/s/km2

1Potencia

lidade

superfic.

m³/s

Q95

m3/s

Q95 esp.

l/s/km2

2 Vazão

outorgada

água subt.

m3/s

3 Vazão

outorgada

água

superficial

m3/s

4 Vazão

água

subt.

dispon.

m3/s

5 Vazão

total

água

superf.

dispon.

m3/s

GD 7

Bauru-

Caiuá 240,29 11 0,3 1,31 5,46 0,39 1,64 0,75 3,12 0,36 0,58 2,42

Gnáissico-

granítico 1.324,11 17 0,2 10,56 7,97 2,11 1,59 9,54 7,21 7,43 8,28 6,25

Guarani 887,32 17 0,2 7,41 8,36 1,48 1,67 ND ND ND ND ND

Itaqueri 0,46 4 0,4 0,00 1,94 0,00 0,78 ND ND ND ND ND

Quartzítico 1.169,73 18 0,2 10,05 8,59 2,01 1,72 ND ND ND ND ND

Serra Geral 940,87 14 0,3 6,43 6,83 1,93 2,05 5,71 6,07 3,79 5,23 5,56

Tubarão 650,39 9 0,4 2,81 4,32 1,12 1,73 ND ND ND ND ND

Xistoso 4.603,37 9 0,4 19,71 4,28 7,88 1,71 ND ND ND ND ND

TOTAIS 9.816,54 NA NA 58,29 NA 16,94 NA 16,00 16,40 11,57 14,09 14,23 0,21 11,83 16,72 -0,26

GD 8

Bauru-

Caiuá 12.136,63 11 0,3 59,21 4,88 17,76 1,46 37,84 3,12 20,07 29,34 2,42

Gnáissico-

granítico 1,0 E-4 17 0,2 1,0E-6 8,22 2,0E-7 1,64 1,0E-6 7,21 1,0E-6 1,0E-6 6,25

Guarani 162,38 17 0,2 1,39 8,58 0,28 1,72 ND ND ND ND ND

Serra Geral 6.397,03 14 0,3 41,35 6,46 12,41 1,94 38,85 6,07 26,45 35,58 5,56

Xistoso 20,47 9 0,4 0,09 4,53 0,04 1,81 ND ND ND ND ND

TOTAIS 18.716,51 NA NA 102,05 NA 30,48 NA 76,69 16,40 46,52 64,92 14,23 1,28 34,82 29,21 11,70

UGRHI

01

Gnáissico-

granítico 674,54 17 0,2 5,79 8,58 1,16 1,72 4,86 7,21 3,70 4,22 6,25

Xistoso 0,13 9 0,4 1,0E-3 4,63 2,0E-4 1,85 ND ND ND ND ND

TOTAIS 674,67 NA NA 5,79 NA 1,16 NA 4,86 7,21 3,70 4,22 6,25 0,05 0,15 1,11 3,55

UGRHI

04

Gnáissico-

granítico 2.118,36 17 0,2 16,80 7,93 3,36 1,59 15,26 7,21 11,90 13,24 6,25

Guarani 2.202,11 17 0,2 17,52 7,96 3,50 1,59 ND ND ND ND ND

Itaqueri 96,64 4 0,4 0,18 1,91 0,07 0,76 ND ND ND ND ND

Passa Dois 246,62 4 0,4 0,46 1,86 0,18 0,74 ND ND ND ND ND

Serra Geral 3.248,37 14 0,3 21,16 6,51 6,35 1,95 19,73 6,07 13,38 18,07 5,56

Tubarão 1.149,09 9 0,4 4,82 4,20 1,93 1,68 ND ND ND ND ND

TOTAIS 9.061,19 NA NA 60,95 NA 15,40 NA 34,99 13,28 25,28 31,31 11,81 6,25 20,84 9,15 4,44

90

Tabela 3.10 - Balanço hídrico integrado global da Bacia do Rio Grande. Conclusão

UGRH Sistemas

Aquíferos

Área

aflorante

Km²

Ci

% Cs

RPD

m³/s

RPD

esp.

l/s/km2

RPE

m³/s

RPE

esp.

l/s/km2

Q7

m³/s

Q7

espec.

l/s/km2

1Potencia

lidade

superfic.

m³/s

Q95

m3/s

Q95 esp.

l/s/km2

2 Vazão

outorgada

água subt.

m3/s

3 Vazão

outorgada

água

superficial

m3/s

4 Vazão

água

subt.

dispon.

m3/s

5 Vazão

total

água

superf.

dispon.

m3/s

UGRHI

08

Bauru-

Caiuá 4,27 11 0,3 0,02 5,54 0,01 1,66 0,01 3,12 0,01 0,01 2,42

Guarani 1.475,98 17 0,2 12,41 8,41 2,48 1,68 ND ND ND ND ND

Itaqueri 1.182,94 4 0,4 2,35 1,98 0,94 0,79 ND ND ND ND ND

Serra Geral 6.420,86 14 0,3 43,87 6,83 13,16 2,05 39,00 6,07 25,84 35,71 5,56

Tubarão 0,91 9 0,4 0,00 4,37 0,00 1,75 ND ND ND ND ND

Xistoso 132,76 9 0,4 0,60 4,53 0,24 1,81 ND ND ND ND ND

TOTAIS 9.217,71 NA NA 59,25 NA 16,83 NA 39,01 9,19 25,84 35,72 7,98 1,94 17,28 14,89 8,56

UGRHI

09

Bauru-

Caiuá 1.221,65 11 0,3 5,82 4,77 1,75 1,43 3,81 3,12 2,06 2,95 2,42

Gnáissico-

granítico 2.174,10 17 0,2 17,07 7,85 3,41 1,57 15,67 7,21 12,25 13,59 6,25

Guarani 2.967,21 17 0,2 22,76 7,67 4,55 1,53 ND ND ND ND ND

Itaqueri 124,46 4 0,4 0,23 1,82 0,09 0,73 ND ND ND ND ND

Passa Dois 862,29 4 0,4 1,54 1,79 0,62 0,72 ND ND ND ND ND

Quartzítico 79,99 18 0,2 0,66 8,30 0,13 1,66 ND ND ND ND ND

Rio Claro 21,97 6 0,4 0,06 2,68 0,02 1,07 ND ND ND ND ND

Serra Geral 4.583,26 14 0,3 28,33 6,18 8,50 1,85 27,84 6,07 19,34 25,49 5,56

Tubarão 2.812,01 9 0,4 11,21 3,99 4,49 1,60 ND ND ND ND ND

Xistoso 103,49 9 0,4 0,43 4,11 0,17 1,64 ND ND ND ND ND

TOTAIS 14.950,44 NA NA 88,11 NA 23,73 NA 47,31 16,40 33,65 42,03 14,23 6,62 39,82 17,11 -6,17

UGRHI

12

Bauru-

Caiuá 3.307,42 11 0,3 15,60 4,72 4,68 1,42 10,31 3,12 5,63 8,00 2,42

Itaqueri 63,36 4 0,4 0,12 1,93 0,05 0,77 ND ND ND ND ND

Serra Geral 3.782,10 14 0,3 23,67 6,26 7,10 1,88 22,97 6,07 15,87 21,04 5,56

TOTAIS 7.152,88 NA NA 39,39 NA 11,83 NA 33,28 9,19 21,50 29,03 7,98 4,23 24,49 7,60 -3,00

UGRHI

15

Bauru-

Caiuá 14.295,42 11 0,3 66,65 4,66 19,99 1,40 44,57 3,12 24,57 34,56 2,42

Serra Geral 1.725,54 14 0,3 10,32 5,98 3,10 1,80 10,48 6,07 7,38 9,60 5,56

TOTAIS 16.020,95 NA NA 76,97 NA 23,09 NA 55,05 9,19 31,96 44,16 7,98 11,65 20,48 11,44 11,47

ND= não disponível; NA= não avaliado; (1) Potencialidade superficial (Q7 – RPE). Referente somente aos 3 aquíferos com dados disponíveis de Q7; (2) Vazão outorgada de água subterrânea

até 2012. Considera a vazão nominal do poço; (3) Vazão outorgada de água superficial, até 2012. Inclui ANA, SP e MG; (4) Vazão disponível de águas subterrâneas (RPE - vazão outorgada

de águas subterrâneas); (5) (1) - (3) Vazão disponível de água superficial. Inclui os valores de vazão ecológica

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