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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA UNIPÊ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO MBA VII GESTÃO EMPRESARIAL E DE PESSOAS BÁRBARA SUÊNIA TARGINO DO AMARAL A PRESERVAÇÃO DOS TÚMULOS E JAZIGOS DO CEMITÉRIO SENHOR DA BOA SENTENÇA: análise segundo a Matriz Gut João Pessoa PB 2013

BÁRBARA SUÊNIA TARGINO DO AMARAL · A matriz será utilizada neste projeto, com a finalidade de preservação dos túmulos do cemitério Senhor da Boa Sentença. Dividindo por etapas,

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  • CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ

    PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

    MBA VII GESTÃO EMPRESARIAL E DE PESSOAS

    BÁRBARA SUÊNIA TARGINO DO AMARAL

    A PRESERVAÇÃO DOS TÚMULOS E JAZIGOS DO CEMITÉRIO SENHOR DA

    BOA SENTENÇA: análise segundo a Matriz Gut

    João Pessoa – PB

    2013

  • BÁRBARA SUÊNIA TARGINO DO AMARAL

    A PRESERVAÇÃO DOS TÚMULOS E JAZIGOS DO CEMITÉRIO SENHOR DA

    BOA SENTENÇA: análise segundo a Matriz Gut

    Trabalho de Conclusão de Curso TCC-

    apresentado ao centro Universitário de João

    Pessoa – UNIPÊ, como pré-requisito para a

    obtenção do título acadêmico de Especialista

    em Gestão Empresarial e de pessoas.

    Orientador: Ms Antônio Fernando Leal

    João Pessoa – PB

    2013

  • A485p Amaral, Bárbara Suênia Targino do.

    A Preservação dos Túmulos e Jazigos do Cemitério

    Senhor da Boa Sentença: análise segundo a matriz gut /

    Bárbara Suênia Targino do Amaral; João Pessoa, 2013.

    32f.

    Projeto (Especialista em Gestão Empresarial e de

    Pessoas) – Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ

    1.Matriz Gut. 2.Cemitérios. 3. Cemitério Senhor da Boa Sentença.

    I. Título.

    UNIPÊ / BC CDU – 658.012.2

  • BÁRBARA SUÊNIA TARGINO DO AMARAL

    A PRESERVAÇÃO DOS TÚMULOS E JAZIGOS DO CEMITÉRIO SENHOR DA

    BOA SENTENÇA: análise segundo a Matriz Gut

    Trabalho de Conclusão de Curso TCC- apresentado ao centro Universitário de João Pessoa –

    UNIPÊ, como pré-requisito para a obtenção do título acadêmico de Especialista em Gestão

    Empresarial e de pessoas.

    Aprovado em:.../..../2013.

    Nota: ____________

    Prof. Ms. Antônio Fernando Leal

    Centro universitário de João Pessoa – UNIPÊ

    Profª Maria Nilza Barbosa Rosa

    Centro universitário de João Pessoa – UNIPÊ

  • Ao Mestre Maior, dedico.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Deus por ter me dado, incríveis oportunidades de crescimento como esta,

    mostrando assim todo o seu poder, amor, compreensão e infinita amizade não só como filha

    do grande arquiteto do universo, mas como um ser que busca a luz.

    Em seguida agradeço a minha querida mãe, que por sua perseverança e sabedoria que

    me fizeram buscar o conhecimento não só como ferramenta de aprendizagem mais

    principalmente como forma de conhecer o próprio eu.

    Aos meus amigos em especial Alex, Cecília, Dryellemn e Alisson Mendonça, que

    compartilharam bons momentos antes e durante esta importante etapa de minha vida,

    auxiliando principalmente com palavras e gestos.

    Aos meus orientadores e amigos Fernando Leal e Nilza Soares por seus ensinamentos

    e todo apoio.

    À senhora Iracyr e ao professor Carlos Alberto Azevedo, grandes conhecedores,

    “viventes” e pesquisadores do cemitério Senhor da Boa Sentença.

    E finalmente a todos os amigos espirituais pelos pensamentos de otimismo e fé.

  • “E se me achar esquisita, respeite também. Até eu

    fui obrigada a me respeitar”.

    Clarice Lispector

  • AMARAL, Bárbara Suênia Targino do. A PRESERVAÇÃO DOS TÚMULOS E

    JAZIGOS DO CEMITÉRIO SENHOR DA BOA SENTENÇA: análise segundo a Matriz

    Gut. 2013. 32f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialista em Gestão Empresarial e de

    Pessoas) Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.

    RESUMO

    Este projeto tem como objetivo específico através da Matriz GUT, priorizar os principais

    monumentos do Cemitério Senhor da Boa Sentença que receberão uma reforma, onde a

    mesma será definida pelo estado de conservação do jazigo, mausoléu ou túmulo. Foi

    necessário fazer um breve estudo sobre a Matriz Gut, Cemitérios e o foco principal o próprio

    Cemitério Senhor da Boa Sentença. Um questionário foi aplicado com o intuito de não só

    obter informações gerais sobre os monumentos, mas também sobre o surgimento, como se

    deu e como está atualmente a administração do Cemitério. Com a aplicação da Matriz Gut

    será mais fácil não só identificar quais os jazigos de modo geral que precisam de uma reforma

    para breve, como também os que mesmo não necessitando agora possam futuramente já estar

    enquadrados num processo de reconstrução como um todo.

    Palavras-chave: Matriz Gut. Cemitérios. Cemitério Senhor da Boa Sentença.

  • AMARAL, Barbara Suênia the Targino. TOMBS OF THE PRESERVATION AND

    CEMETERY deposits GOOD LORD OF SENTENCE: analysis by Matrix Gut. 2013. 32p.

    Completion of course work (Specialist in Business Management and People) University

    Center of João Pessoa - UNIPÊ.

    ABSTRACT

    This project aims through specific GUT Matrix, prioritize the main monuments of the Lord

    Cemetery of Good Judgment will receive a makeover, where it will be defined by the state of

    conservation of the tomb, mausoleum or tomb. It was necessary to make a brief study on the

    Gut Matrix, and the main focus Cemeteries Cemetery himself Lord of Good Judgment. A

    questionnaire was administered with the aim of not only general information about the

    monuments, but also on the rise, as it was and as it is currently administering the cemetery.

    With the implementation of Matrix Gut will be easier not only identify which deposits

    generally in need of a makeover soon, as well as requiring that even now can not already be

    framed in future reconstruction process as a whole.

    Keywords: Matrix Gut. Cemeteries. Cemetery Lord of Good Judgment.

  • SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................10

    2 PERCURSOS DA FORMA..............................................................................................12

    2.1 MATRIZ GUT.................................................................................................................12

    2.2 CEMITÉRIOS: SIMBOLOGIA E NORMAS...................................................................15

    3 O CEMITÉRIO SENHOR DA BOA SENTENÇA..........................................................17

    3.1 O CEMITÉRIO COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO.....................................................17

    3.2 O CEMITÉRIO NA PERCEPÇÃO DE UMA FUNCIONÁRIA......................................18

    3.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS........................................................................21

    4 CONCLUSÃO................................................................................................................25

    REFERÊNCIAS................................................................................................................26

    APÊNDICES.....................................................................................................................27

  • 10

    1 INTRODUÇÃO

    Dos adros das igrejas para fora das cidades os cemitérios aos poucos ganham vida,

    vindo posteriormente a fazer parte da cidade, alguns se tornando verdadeiros patrimônios

    históricos, e outros que foram surgindo no decorrer dos anos e continuam funcionando

    ativamente com a prática de sepultamentos e exumações.

    O projeto relata um breve resumo do aparecimento dos cemitérios de um modo geral,

    e como se deu na Paraíba, mais precisamente na cidade de João Pessoa, vindo a focar

    justamente o cemitério Senhor da Boa Sentença.

    O que antes tinha um significado mais material, subjetividade exacerbada e simbólica,

    no decorrer da histórica dos cemitérios, este patrimônio em geral, ainda possui um sentido

    subjetivo mais voltado para pesquisa, preservação, artes e história.

    O cemitério Senhor da Boa Sentença fundado no surgimento da cidade, é o mais

    antigo e o único considerado patrimônio histórico cemiterial aqui na Paraíba, suas atividades

    no decorrer do tempo vem se tornando cada vez mais escassas.

    O trabalho será feito com o auxílio da MATRIZ GUT, que por sua vez é um

    instrumento de aspecto qualitativo, através do uso desta, tendo como finalidade a preservação

    dos jazigos e túmulos pertencentes ao patrimônio histórico de João Pessoa. O trabalho

    também contará com uma equipe que avalie a situação do cemitério, e em uma média de

    aproximadamente seis meses, o que inclui não só o processo de avaliação, mas,

    principalmente de aprovação por parte do IPHAEP e também da prefeitura.

    A Matriz foi escolhida, porque no âmbito administrativo é diretamente ligada ao

    processo de atendimento rápido, direto e visível as necessidades dentro das organizações,

    enfatizando os principais problemas internos, aqueles que estão de certa forma sendo entraves

    no crescimento e desenvolvimento organizacional. Como em um cemitério como o Senhor da

    Boa Sentença se faz a necessidade de ter uma reforma de cunho físico, essa ferramenta além

    de agilizar essa possível reforma, demonstrará precisamente quais os jazigos e túmulos de

    determinada quadra serão reformados em um todo, em partes menos agravantes, e por fim os

    jazigos ou túmulos que necessitam de ajustar pequenos detalhes, visto que estes últimos

    mesmo não estando em estado de degradação, mas que, infelizmente devido à ação do tempo

    também ficarão sob estado de alerta.

  • 11

    Cada um dos capítulos aqui apresentados possui um recorte temporal e espacial

    específico. O segundo capítulo, por exemplo, enfoca os percursos da forma cemiterial e as

    transformações que ocorreram durante os anos de sua criação no Brasil.

    Já o terceiro capítulo aborda o Cemitério Senhor da Boa Sentença em João Pessoa/PB,

    como Patrimônio Histórico, os limites da normalização de cunho civilizatório e as

    dissonâncias que os túmulos estabelecem entre si.

    A percepção do espaço cemiterial, destacada no terceiro capítulo, nos foi conferida por

    uma funcionária, que de certa maneira nos ajudou a construir a história do cemitério Senhor

    da Boa Sentença.

    Por fim, com base nos objetivos propostos neste estudo erigem-se as conclusões.

    Dos jazigos edificados, das formas que marcaram (ou marcam) toda uma época de

    opulência, do espaço que separa ricos e pobres, pagãos, tem-se a territorialidade dos

    cemitérios: uma radiografia das transformações pelas quais passam as sociedades.

  • 12

    2 OS PERCURSOS DA FORMA

    É sobre os cemitérios e as suas formas encontradas pelas pessoas para representarem a

    memória de seus entes, que irá tratar este capítulo. A partir do século XIX consolidam-se os

    cemitérios municipais, como locais que centralizam a morada dos falecidos, como opção

    hegemônica de destinação aos mortos. Assim, cada família tem a tarefa de representar a morte

    de seus entes queridos sem a obrigatoriedade da igreja católica, prática comum nos tempos do

    império no Brasil.

    Abre-se assim, uma brecha importante no cemitério público, no qual ricos ou pobres

    transitam, ainda que permeados pela desigualdade social. Cada túmulo revela uma maneira

    específica de uma condição econômica, cultural e social de seus habitantes, é dessa forma que

    vai se produzindo um ambiente de grande diversidade simbólica.

    2.1 MATRIZ GUT

    Matriz Gut é uma ferramenta muito utilizada pelas empresas para priorizar os

    problemas que devem ser enfocados pela gestão, bem como para analisar a prioridade que

    certas atividades devem ser desenvolvidas, em situações como: solução de problemas,

    estratégias, desenvolvimento de projetos, tomada de decisões etc. Matriz GUT é uma sigla

    utilizada para resumir as palavras Gravidade, Urgência e Tendência.

    A matriz Gut é também chamada de “Matriz da Priorização” e, segundo o autor

    Cantídio (2011):

    Quando houver mais de um problema em análise, os problemas deverão ser

    priorizados em sua análise e solução de problemas conforme a matriz de

    priorização, ou seja, qual o problema possui o maior resultado quando

    analisada a sua gravidade, urgência e tendência (resultado da multiplicação

    dos fatores).

    Esta ferramenta da qualidade, pode-se dizer que seja uma das mais simples, mas que é

    bastante eficaz. De acordo com Periard (2006), “é uma ferramenta muito importante para a

    gestão de problemas dentro de uma empresa, e se mostra bastante eficaz, apesar da

    simplicidade no desenvolvimento e manutenção”. Não sendo aplicável só na empresa, mas

    também em qualquer ambiente esta ferramenta tem sido bastante utilizada nos dias de hoje.

  • 13

    A matriz será utilizada neste projeto, com a finalidade de preservação dos túmulos do

    cemitério Senhor da Boa Sentença. Dividindo por etapas, tem-se o seguinte:

    a) A forma como será resolvido o problema;

    b) E a forma de como utilizar a matriz;

    c) O porquê da Gravidade;

    d) O porquê da Urgência;

    e) O porquê da Tendência.

    O problema será resolvido depois de uma análise feita por uma equipe de profissionais

    do IPHAEP, no período de seis meses. Após esta análise serão definidos a ordem de quadras e

    os túmulos e jazigos pertencentes a estas quadras que serão os primeiros a estar em obras,

    segundo os túmulos e jazigos que se encontram em estado urgente de reforma, mas que

    podem ser reformados após os túmulos e jazigos que estão gravemente afetados com a ação

    do tempo, sol e chuva, e a falta de manutenção por parte da família, e por fim serão os outros

    túmulos, jazigos e ou covas a serem reconstruídas ou reformadas pequenas partes, que com o

    passar dos anos tendem a ficarem iguais ou até mesmo pior que os jazigos que estão

    praticamente destruídos.

    Terminado o período de análise, irão ser priorizados os problemas, classificando- os

    em grave, urgente e tendência, dando notas de um a cinco, onde aqueles que tiverem a nota

    máxima serão resolvidos primeiro, e os que obtiverem nota inferior, serão resolvidos

    posteriormente, este processo será divido por quadras, visto que o cemitério é dividido

    interiormente pelas mesmas.

    A gravidade se dará pela avaliação de túmulos que praticamente estejam todos

    deteriorados e que necessitem de uma reforma o mais rápido possível. Esta deterioração inclui

    principalmente a perda de dados referentes ao composto familiar.

    A urgência é avaliada não tanto pela deterioração, mas pela questão do patrimônio

    histórico e um estado de reforma para a preservação futura bem próxima dos mesmos.

    Já a tendência, esta é a última priorização em questão, visto que os túmulos e jazigos

    que se encaixem nesta priorização, serão aqueles que futuramente tenham detalhes a serem

    resolvidos, mas que no presente momento não representam uma ameaça (perca de história

    familiar) na questão do cemitério como área de tombamento.

    O quadro abaixo possui alguns exemplos de jazigos e mausoléus que se inserem

    dentro do contexto da matriz GUT, são eles:

  • 14

    MATRIZ GUT

    GRAVE

    Jazigo - Família Ferreira Barbosa

    ALAMEDA PRINCIPAL

    Mausoléu - Família Vergara

    Mausoléu - Família Monteiro

    Mausoléu - Antônio Pereira Peixoto

    Jazigo - Família Oliveira Torres

    Jazigo - Paula Bastos

    Jazigo - Adolpho Eugenio Soares

    Jazigo - Família Moreira lima

    Jazigo - Azevedo Maia

    Mausoléu - Feliciano Hardman

    URGENTE

    Mausoléu - Manoel da Fonseca

    Mausoléu - família Londres

    Jazigo - Família Santos

    Mausoléu - Família Neiva

    Antigo Túmulo Maçon

    Mausoléu - Frederico Falcão

    Mausoléu - Antônio dos Santos Coelho

    Jazigo - Família Carvalho

    Mausoléu - Benevenuto Carlos do Nascimento

    Jazigo - Epaminondas Gouveia

    Jazigo - Família Nicodemos Neves

    Mausoléu - Orestes de Azevedo

    TENDENTE

    Capela

    Mausoléu - Augusto de Souza Falcão

    Fonte: própria autora.

    O termo Grave refere-se aos túmulos, jazigos ou mausoléus considerados graves

    possuem as principais características: rachaduras, dados de identificação e epitáfio

    irreconhecíveis e em alguns casos inexistentes, a cobertura tumular danificada sem adereços

    ou ornamentos, na maioria das vezes determinadas partes da estrutura primária do monumento

    descoberta como também o próprio jazigo aberto (porta da gaveta).

    Urgência, por sua vez, refere-se às características que leva a esta opção são:

    rachaduras, infiltrações e a pedra de revestimento final do monumento sem brilho com ou sem

    o lodo e com pequenos pedaços danificados, mais comumente sendo observado nas pontas e

    no meio do túmulo partindo da superfície.

  • 15

    Um bom exemplo de Tendente citado é a capela, pois a mesma em sua parte exterior

    necessita de uma pintura, para conservar e também como símbolo de bela arte. Os túmulos ou

    monumentos que se enquadram nesta característica não necessitam de uma reforma mais um

    ‘cuidado’ principalmente no que diz respeito à estrutura física externa, como a pintura, e a

    limpeza mensal do monumento ou túmulo.

    2.2 CEMITÉRIOS: SIMBOLOGIA E NORMAS

    Desde os primórdios a sociedade sempre resguardou os vestígios de seus mortos, tanto

    quanto ao local específico como através de simbologias. No início da Era Cristã, os

    sepultamentos aconteciam nos adros das igrejas, sendo assim uma prática ainda desconhecida,

    posteriormente tanto pela falta de espaço quanto pelas doenças causadas pelo acumulo de

    ataúdes, os sepultamentos passaram a ser feitos fora das cidades.

    Os cemitérios possuem roteiro histórico e valiosíssimas informações, tanto quanto as

    crenças religiosas, quanto ao fazer artístico, quanto ao gosto da memória familiar, quanto ao

    patrimônio histórico e consequentemente ao estilo (barroco, renascentista, romântico,

    neogótico, neoclássico, etc. Hoje predomina o estilo modernista) e a genealogia (MOTTA,

    2009).

    Ao longo dos anos as civilizações passam por inúmeras modificações, da mesma

    forma são os espaços cemiteriais, um exemplo disto é a estética dos cemitérios e as

    diversificadas arquiteturas tumulares. Segundo (MOTTA, 2009) algumas dessas modificações

    são feitas a partir do âmbito religioso, como por exemplo, jazigos católicos, trazem em sua

    estética simbologias de imagens como anjos, jarros, flores, escadas, mármore, e outros

    elementos escultóricos. Já as demais religiões prezam por uma maior simplicidade o que

    comumente hoje é visto com grande frequência.

    Atualmente muitos cemitérios são considerados pontos turísticos, por este motivo não

    há mais a prática de sepultamento nos mesmos, e quando há é considerado escasso.

    Hoje os espaços cemiteriais trazem uma nova roupagem, dentre elas: superfície toda

    no gramado, edifícios luxuosos, túmulos simples adornados alguns apenas com o mármore e

    placas de bronze ou até mesmo feitas do próprio mármore, verticalização (túmulos individuais

    sobrepostos) dentre outros adereços.

    No Brasil os primeiros cemitérios datam da segunda metade do século XIX, os

    túmulos trazem o interesse familiar exposto através da cadeia geracional assim como diz o

  • 16

    autor Motta (2009, p.75) “[...] que reivindicaram para si suas singularidades de classe pela

    recomposição dos liames familiares”. O autor Motta (2009, p.75) ainda ressalta “A presença

    de túmulos monumentais constitui por excelência a afirmação de uma posse simbólica do

    espaço cemiterial por parte de determinados segmentos burgueses da sociedade brasileira”,

    em resumo há uma disputa das famílias afortunadas pela grandiosidade e pelo luxo na

    construção dos jazigos.

    Alguns cemitérios como Cemitério da Ordem Terceira dos Mínimos de São

    Francisco de Paula, Cemitério São João Batista, Cemitério da Ordem III de N. S. do

    Carmo e Cemitério da Consolação, foram cemitérios preferenciais para o sepultamento das

    elites nobiliárquicas do Império (MOTTA, 2009).

    A arquitetura funerária e o urbanismo funerário do Brasil se baseiam nas réplicas e

    estatuárias européias, os cemitérios em sua composição são divididos em grandes alamedas e

    pequenas ruas, tendo e seu centro o famoso cruzeiro ou capela onde ao seu redor estão os

    jazigos mais antigos e os ossuários (LOUREIRO, 1976).

    Assim como nas cidades dos vivos há desigualdade, nos cemitérios (cidades dos

    mortos) há também, dividido assim o cemitério em bons e maus lugares, o primeiro ocupado

    pela elite que possuía o poder de concessão perpétua, já o segundo lugar era ocupado pelas

    classes menos favorecidas situados os túmulos nos arredores (recônditos) do cemitério, esta

    classe quase que na maioria das vezes não possuía a concessão perpétua. Hoje por sua vez

    também não é diferente, apenas as covas de concessão não perpétuas receberam o nome de

    covas rotativas.

    Nos primórdios do século XX, a preferência passa a ser por jazigos individualizados e

    personalizados, esta preferência vem das elites brasileiras urbanas. Atualmente a arquitetura

    tumular está mais versátil, mais simples e não possui muitas decorações (adereços).

    Motta (2009, p.77 - 78) ainda complementa:

    Geralmente aqui no Brasil os túmulos eram construídos em torno de nome, o

    sobrenome familiar, que por sua a pedra tumular recebia o nome do pai (no

    “frontispício” do tumulo), como simbologia de unir ou perpetuar a geração

    da família, em outras palavras, o individualismo dava lugar ao coletivismo

    familiar, sendo assim também uma habitação familiar (grifo do autor).

    À medida que os antigos cemitérios não se modificam ou “renovam” passam a fazer

    parte da história, sendo considerados verdadeiros museus.

  • 17

    3 O CEMITÉRIO SENHOR DA BOA SENTENÇA

    Traçar a discussão sobre cemitérios é reconhecê-los como um objeto historicamente

    construído. Considerar a historicidade específica do cemitério é considerar a historicidade

    particular de cada localidade, com seus processos administrativos.

    3.1 O CEMITÉRIO COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

    Neste trabalho, o momento de partida, com inúmeros cortes temporais, corresponde ao

    início da criação dos cemitérios até os dias atuais. Nos caminhos percorridos, apesar de

    atualmente se defrontar com uma paisagem desgastada pelo tempo, mesmo assim destaca-se a

    importância desse patrimônio edificado na cidade de João Pessoa, que não tem até o momento

    despertado muito interesse por parte de quem o estuda.

    Não há neste capítulo a proposta de recuperar inteiramente a história do cemitério em

    discussão, mesmo porque seria tarefa difícil em um universo de tantos túmulos registrados, e

    muitos deles alterados. O que se destaca são as formas e relações espaciais que se referem à

    disposição territorial do cemitério: territórios específicos para indigentes, de concessão

    gratuita e a construção monumental nas concessões pagas, disputadas pelas famílias de maior

    poder aquisitivo.

    O cemitério Senhor da Boa Sentença, fundado pela Santa Casa da Misericórdia em

    1856, foi o primeiro cemitério da cidade e passou a funcionar desde a sua fundação. Está

    localizado no bairro do Varadouro, mais precisamente na Av. São Miguel, possui em torno de

    12.568 covas perpétuas (ou jazigos perpétuos) e 335 covas rotativas (que estão divididas em

    bloco A e Bloco C), ambos os blocos estão em pequenas proporções, tamanho e número de

    covas.

    Por ser o maior cemitério público da Paraíba tem como principal aspecto, segundo

    Azevedo (2008. p.131), “túmulos principescos, pertencentes às famílias tradicionais da

    Capital paraibana - constitui sem dúvida um sítio histórico [...] trata-se de um cemitério

    tradicional”.

    Antes do surgimento deste cemitério os sepultamentos eram todos feitos nos adros da

    igreja da Misericórdia como esclarece o autor, quando faz menção a Seixas (apud

    AZEVEDO, 2008, p.131) “Antes da construção desse cemitério a inumação de mortos se

  • 18

    fazia distintamente nas catacumbas do antigo cemitério, então existente, em torno da Igreja da

    Misericórdia da Paraíba”.

    Quando surgiu, o cemitério era de pequeno porte, até por que a população era bem

    menor, ele tinha uma extensão que iria do portão principal até onde era e é atualmente a

    capela, com o passar dos tempos ele cresceu primeiro para a parte Dorsal (atrás) e

    posteriormente em homenagem ao túmulo padre Zé para o anexo padre Zé também chamado

    de lateral sul (data de 1980). Inclusive houve a reposição de catacumbas (túmulos) que

    pertencem à casa de misericórdia.

    O crescimento da população aumenta a estratificação da estrutura social, por isso não

    há mais espaço para abrigar os mortos, a não ser aqueles que, por tradição familiar, já

    dispõem de uma sepultura, garantindo-lhes um sepultamento digno (LOUREIRO, 1976).

    Os locais de sepultamento guardavam (ou ainda guardam?) grandes proximidades com

    a estrutura das organizações sociais e religiosas das cidades, com a distribuição do poder e

    privilégios da gestão do espaço urbano. No entanto, novos costumes e persistências

    tradicionais fizeram por instaurar na cidade a criação de outros cemitérios, uns periféricos

    outros não, para receberem seus mortos. Este papel coube ao poder público, pressionado pelo

    aumento populacional.

    3.2 O CEMITÉRIO NA PERCEPÇÃO DE UMA FUNCIONÁRIA

    Dona Iracyr da Silva é funcionária do cemitério Senhor da Boa Sentença e representa

    o administrador. Contendo dezessete perguntas subjetivas, com relação ao cemitério Senhor

    da Boa Sentença, foi passado para ela responder um questionário tendo por finalidade o

    aprofundamento de conhecimentos relacionados aos dados do cemitério, enquanto que

    patrimônio histórico da cidade de João Pessoa e do Estado da Paraíba.

    Para uma melhor compreensão este questionário está dividido em cinco blocos, o

    primeiro bloco refere-se ao cemitério em si, o antes e o agora, a sua modernização e a sua

    administração, as questões referentes são a primeira, a sexta, a sétima, a oitava e a décima

    terceira.

    a) O surgimento do cemitério, em que ano e quando passou a funcionar:

    “Foi construído pela Santa Casa da Misericórdia, em 1856,e passou a funcionar

    desde a sua formação”.

    b) Quanto ao estilo da arquitetura tumular e diversificações:

  • 19

    “Moderno. Imitação do estilo Barroco, ArtDecor, ArtNoveau, moderno, entre outras

    diversificações.

    c) Ano em que foi construído o anjo da morte:

    “Foi construído em homenagem ao seu interventor Anthenor Navarro na década de

    40. Com base em dados não oficiais segundo o dito popular a estátua do anjo

    representa a Paraíba em choro, pois o mesmo se encontra com as mãos cobrindo as

    próprias faces, devido à guerra de 1930, em homenagem as viúvas dos soldados

    mortos na guerra. O anjo da morte por sua vez não é um túmulo, e sim um monumento

    que pertence tanto ao patrimônio histórico e também ao Estado”.

    d) A lógica das contribuições dos túmulos familiares:

    “Não existem contribuições para o município, apesar da classe do cemitério ser de

    classe A, a manutenção de limpeza acontece em alguns túmulos dependendo da

    contribuição da família, pois apesar de ainda haver contribuições estas não

    obrigatórias, Há um projeto que entrará em vigor e obrigará a contribuição por parte

    das famílias”.

    e) A carga sacra para os cemitérios e as principais igrejas que comportavam esta carga

    de sepultamentos:

    “Deu-se através da super lotação de sepultamentos, e principalmente devido também

    a contaminação de doenças causadas por bactérias à principal igreja era a igreja

    Santa casa de Misericórdia”.

    f) Como era a população antes

    “Era como hoje, surgiu junto ao cemitério, em quantidade menor”.

    g) Quando surgiu, quantos hectares este possuía e como está atualmente:

    “Quando surgiu era pequeno, só ia até a capela, depois ele cresceu primeiro para

    trás, e segundo para a lateral sul que é o anexo padre Zé (em 1980), tiveram de repor

    catacumbas que pertencem a santa casa de misericórdia. OBS: O cemitério era

    controlado, pela Igreja Santa Casa de Misericórdia até 1936, desta mesma data em

    diante quem administra é a prefeitura”.

    h) Como se deu a modernização deste cemitério:

    “Com o passar do tempo”.

    i) Ano em que se deu a escassez de sepultamentos, mais propriamente em que ano a

    prefeitura autorizou este decreto

    “A escassez de sepultamentos se deu da seguinte forma: Sepult. Infantil: No governo

    de José Sarney, com a criação da campanha pão e leite, que conseqüentemente

  • 20

    diminuiu a mortalidade infantil. Sepul. Adultos: Depois da criação dos cemitérios

    parques (cemitérios modernos). A prefeitura autorizou no ano de 2002.

    j) A classe do cemitério se dá por qual motivo ou fator?

    “Devido à quantidade de jazigos perpétuos centenários e por ser o primeiro da

    cidade”.

    k) Projetos do Cemitério BS destinado ao setor de patrimônio histórico:

    “Já. A parte principal da alameda que já é tombada desde meados de 1992 (já foi

    feita a avaliação e os túmulos por serem centenários, não podem mais serem mexidos

    no que se diz respeito a sepultamentos e reformas, alguns antes desta avaliação foram

    reformados, e outros ainda servem como ossuário para guardar os ossos). Em síntese

    todo o cemitério já está em uma área tombada”.

    l) Como é a administração dos jazigos:

    “Se dá por ou são adquiridos através de termos de concessão perpétua, se tornando

    patrimônio particular”.

    m) Como se dá a administração do cemitério:

    “Pela prefeitura”.

    n) Como é o pagamento dos jazigos e a manutenção:

    “A manutenção é por intermédio do proprietário diretamente com o zelador, e o

    pagamento se dá mediante a certidão de óbito.

    o)A construção dos cemitérios parque de que forma tem afetado esses cemitérios mais

    tradicionais:

    “A evasão do número de sepultamentos, pois a população tem corrido para os

    parques. A religião influencia e muito. Muitos ainda buscam o cemitério da Boa

    Sentença pela tradição católica e familiar. Atualmente a cremação não é comum a

    nossa cultura. E a religião protestante tem procurado os cemitérios parques por conta

    justamente da tradição que o Cemitério Senhor da Boa Sentença tem vinculado ao

    catolicismo (uso da cruz no topo do túmulo).

    p) Tem sido feita alguma obra para aproximar esses cemitérios dos cemitérios parque?

    Por exemplo, oferecer espaço de descanso para a família dos que estão sendo velados?

    “Foi feita, mas não obteve êxito. Inexistente neste cemitério (espaço de descanso para

    os familiares)”.

    q) É muito diferenciado o preço de túmulos nesse cemitério e nos cemitérios parque:

    “Sim. No cemitério Boa Sentença não tem terreno da prefeitura, se tivesse seria

    578,00 reais, enquanto que no Jardim Parque o valor é de 12.000,00”.

  • 21

    3.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

    Primeiro bloco

    Uma observação bem acentuada pela funcionária e detalhe esquecido talvez por

    grande parte dos administradores, é que a Igreja da Misericórdia controlou este cemitério até

    meados de 1936, após esta data a prefeitura passou a administrá-lo.

    Nas palavras de D. Irarcyr da Silva, a população antes era mais distinta.

    “Podemos assim dizer, pois as famílias abastadas prezavam como em outras capitais

    e outros estados e até em outros países, pelo pensamento voltado para a eternidade da

    própria geração familiar. Atualmente este pensamento está mais diversificado, justamente

    pelo fato de ser bem maior”.

    A presença de túmulos monumentais “constitui por excelência a afirmação de uma

    posse simbólica do espaço cemiterial por parte de determinados segmentos burgueses da

    sociedade brasileira” (MOTTA, 2009, p.75), como está presente no segundo capítulo deste

    trabalho.

    O cemitério passou a se modernizar com o tempo. Atualmente o cemitério já está

    sendo bem mais modernizado, através do projeto que vai colocar cercas elétricas e filmadoras

    para reforçar a segurança devido a furtos. Está paralisado o projeto triplex ou mais conhecido

    como verticalização, ou seja, o crescimento das covas e jazigos na forma vertical (para cima),

    pois a prefeitura não pretende mais aumentar o cemitério, ela está se voltando com inteira

    prioridade para a construção do novo cemitério no bairro de cidade verde (Mangabeira VIII),

    onde será o novo cemitério, Parque.

    Ele já possui cadastramento informatizado no site CEMITECH, que é o site onde se

    encontram todas as informações dos seis cemitérios públicos de João Pessoa, lá está o número

    de óbitos ao ano, mensal, semanal e diário, além dos mais sendo possível a consulta para se

    saber a localização do lote e da quadra do qual se encontra a cova ou o jazigo. Este feito é

    consequência da nova gestão (prefeito) que teve inicio no ano de 2005 e está até os dias de

    hoje, de acordo com a informação oral do senhor Zênio Marques (diretor da DICEM - Divisão

    de Cemitérios).

    Sobre a administração do cemitério, ela é feita atualmente pela prefeitura, o que antes

    era controlado pela Santa Casa de Misericórdia - ‘Igreja da Misericórdia’ (informação oral

    dada por um funcionário de IPHAEP).

  • 22

    Segundo bloco

    Neste bloco, o assunto é sobre os jazigos, que é a principal parte constituinte deste

    projeto.

    Como foi perguntado na questão quatro, sobre as contribuições dos túmulos

    familiares, a funcionária foi bem objetiva ao responder. Segundo ela:

    “Atualmente não existem contribuições para o município, os familiares em boa parte

    não fazem a manutenção dos túmulos, há um projeto que entrará em vigor, com a finalidade

    de obrigar as contribuições dos próprios familiares”.

    Nesse sentido, com a finalidade principal de conservar, Azevedo (2008. p.131),

    “túmulos principescos, pertencentes às famílias tradicionais da Capital paraibana - constitui

    sem dúvida um sítio histórico [...] trata-se de um cemitério tradicional”.

    A administração de todos os túmulos se dá da seguinte forma: são adquiridos através

    do termo de concessão perpétua, se tornando assim patrimônio particular. Os jazidos possuem

    manutenção relativa, neste ponto não tem a ver com a administração, o proprietário do túmulo

    trata diretamente com o zelador, ou seja, se for feito uma análise superficial para saber a

    porcentagem de familiares que conservam seu (s) patrimônio (s) é relativamente pequena,

    chegando ser quase a metade, quarenta por cento, como foi verificado nas questões doze e

    quatorze.

    Terceiro bloco

    Quanto aos sepultamentos, têm-se as questões cinco e nove, que fazem parte do

    terceiro bloco, a pergunta cinco é destinada a carga sacra, esta que se deu para os cemitérios

    por alguns fatores, mas o principal fora a falta de espaço para o número de sepultamentos. [...]

    posteriormente tanto pela falta de espaço quanto pelas doenças causadas pelo acumulo de

    ataúdes, os sepultamentos passaram a ser feitos fora das cidades (grifo nosso).

    A principal igreja que comportava esta carga era a Igreja da Santa Casa da

    Misericórdia, hoje comumente chamada de “Igreja da Misericórdia”. Os sepultamentos

    começaram a declinar a partir do governo de José Sarney com a campanha do pão e leite que

    diminuiu a mortalidade infantil, consequentemente o número de sepultamento infantil. Já o

    sepultamento de adultos, veio a declinar depois da criação dos cemitérios parques, a prefeitura

    autorizou o decreto da escassez de sepultamentos por volta de 1999 (questão 9),Informação

    oral dada pela senhora Iracyr (funcionária do cemitério).

    Quarto bloco

  • 23

    Tem a sua abordagem em torno do Patrimônio, pois, a segunda questão vai tratar da

    arquitetura tumular, que está diversificada em Moderno e imitação ao Barroco, exceto a

    capela que é construída internamente ao molde italiano, do período barroco. A questão três

    também trata de arquitetura especificamente moderna, o estilo Artdecor e Artnoveau o

    chamado ‘Anjo da Morte’, este monumento que foi construído em 1940 pelo seu Interventor

    Anthenor Navarro, com relação à posição da estátua, está relacionado à morte do próprio

    interventor, visto que o anjo está com “mãos cobrindo a face, como a chorar” e fato curioso é

    que existe dito popular dito e talvez coerente tanto na opinião das pessoas que trabalham no

    próprio cemitério, quanto dos mais esclarecidos é que a estátua é em homenagem as viúvas

    dos soldados mortos na guerra (revolução de 1930), ou seja, a Paraíba em choro, segundo

    informações orais da funcionária do cemitério e do antropólogo senhor Carlos Azevedo.

    O cemitério é considerado patrimônio histórico (informação oral do senhor Carlos

    Azevedo), principalmente pelo tempo de fundação, estrutura, o estilo (barroco – imitação,

    modernista, art noveau, artdecor etc.), por conter os jazigos mais antigos e também mais

    bonitos, o monumento anjo da morte, e por ser o maior e mais importante da cidade é

    classificado como cemitério de classe A.

    No segundo capítulo o tema patrimônio histórico é bem explicado, quando Motta

    (2009, p. 78) afirma que:

    Os cemitérios possuem roteiro histórico e valiosíssimas informações,

    tanto quanto as crenças religiosas, quanto ao fazer artístico, quanto ao

    gosto da memória familiar, quanto ao patrimônio histórico e

    consequentemente ao estilo (barroco, renascentista, romântico, neogótico,

    neoclássico etc. Hoje predomina o estilo modernista) e a genealogia.

    Uma observação importante e generalizada, pertencente à questão onze é que, no

    patrimônio histórico não pode haver alteração de imediato principalmente na sua estrutura

    original. Houve uma avaliação, onde os túmulos da alameda (parte principal) a maioria dos

    túmulos são tombados, inclusive alguns foram algumas feitas reformas, estes túmulos

    tombados alguns já são centenários, em síntese, o cemitério se encontra em uma área tombada

    (informação fornecida pelo IPHAEP).

    Quinto bloco

    Hoje os espaços cemiteriais trazem uma nova roupagem, dentre elas: superfície toda

    no gramado, edifícios luxuosos, túmulos simples adornados alguns apenas com o mármore e

    placas de bronze ou até mesmo feitas do próprio mármore, verticalização (túmulos individuais

    sobrepostos) dentre outros adereços.

  • 24

    As questões quinze, dezesseis e dezessete vão pertencer ao quinto e último bloco, que

    são questões especificamente relacionadas aos cemitérios parques, pois com a construção dos

    mesmos se deu uma “grande evasão do número de sepultamentos”, principalmente por

    questões de âmbito religiosas, conforto no que se diz respeito a espaço de descanso (velório e

    funerária) para a família, isso tem afetado bastante e sem falar na questão dos preços que são

    altamente diferenciados, o cemitério Boa sentença se tivesse um terreno da prefeitura o preço

    seria de 578,00, onde no Parque das Acácias (o cemitério parque mais luxuoso de João

    pessoa) seria mais que o triplo o preço é 12.000 reais (informações obtidas do IPHAEP e da

    Funcionária do Cemitério Senhor da Boa Sentença). Com isso além da mudança dos locais de

    sepultamentos, há também a mudança principalmente da estética tumular, conceitos sociais e

    religiosos.

  • 25

    4 CONCLUSÃO

    O processo de preservação dos túmulos não será tão fácil o quanto aparenta o ser na

    teoria, pois o primeiro estado de preservação deveria vir exclusivamente da família

    responsável pelo jazigo. Como os lotes são particulares, a prefeitura não é a “dona” dos

    mesmos, apenas administra, sendo assim todo o processo relacionado a modificações está

    inteiramente ligado ao IPHAEP, pois o mesmo é órgão responsável pelas áreas de

    tombamento, incluindo imóveis próprios e particulares.

    Com a implantação da Matriz Gut no processo de melhoria e conservação dos jazigos

    e mausoléus, o cemitério deverá contar com o apoio da prefeitura e do IPHAEP. Este projeto

    tem como finalidade principal e única a reconstrução e reforma dos túmulos, jazigos e

    mausoléus que são verdadeiros monumentos pertencentes ao sítio histórico, que possui

    praticamente quase que toda a história da cidade de João Pessoa.

    A Matriz Gut que tem como seu principal objetivo priorizar os problemas e, por

    conseguinte através de notas de um a cinco definir quais são problemas graves, urgentes e

    tendentes, será aplicada no cemitério primeiramente nos túmulos da alameda central e

    posteriormente será aplicada a partir das quadras que estão logo próximo a entrada principal e

    as demais.

    O período de aprovação do projeto pelo IPHAEP deixa ainda a desejar, pois seis

    meses é consideravelmente um período longo, visto que entram em questão as condições

    impostas pela natureza, como por exemplo, o período de chuva, que danifica em alguns casos

    mais de 50% do monumento, deixando o mesmo em estado de calamidade, levando em

    consideração também que a área em que o cemitério foi construído é um lençol freático.

    Desta forma, o cemitério e outros imóveis pertencentes ao patrimônio histórico vêm

    aos poucos recebendo a merecida atenção que a eles devem (deveriam) ser dadas, de maneira

    mais objetiva, achar belo não é só preservar através de outrem e sim a partir de si próprio,

    pois além de serem bens comuns a todos, todos fazem parte direta ou indiretamente para a

    construção de uma história que alguns tentam deixá-la imortal.

  • 26

    REFERÊNCIAS

    AZEVEDO, Carlos Alberto. Arqueologia: estudos e pesquisas. João Pessoa: ideia, 2008.

    CANTIDIO, Sandro. Solução de Problemas com o uso do PDCA e das Ferramentas

    da Qualidade. Disponível em . Acesso em:

    04 de outubro de 2012.

    LOUREIRO, Maria Amélia Salgado. Origem histórica dos cemitérios. São Paulo: Secretaria

    de Serviços e Obras da Prefeitura Municipal de São Paulo, 1976.

    MOTTA. Antonio. Formas tumulares e processos sociais nos cemitérios brasileiros.

    Disponível em . Acesso em: 05 de março de 2012.

    PERIARD, Gustavo. Matriz Gut – guia completo. Disponível em

    . Acesso em: 04 de outubro

    de 2012.

    WIKIPEDIA. Arte Tumular. Disponível em .

    Acesso em: 08 de março de 2012.

    http://sandrocan.wordpress.com/2009/11/03/solucao-de-problemas-com-o-uso-do-pdca-e-das-ferramentas-da-qualidade/http://sandrocan.wordpress.com/2009/11/03/solucao-de-problemas-com-o-uso-do-pdca-e-das-ferramentas-da-qualidade/http://sandrocan.wordpress.com/?s=matriz+guthttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092009000300006&lng=en&nrm=iso&tlng=pthttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092009000300006&lng=en&nrm=iso&tlng=pthttp://www.sobreadministracao.com/matriz-gut-guia-completohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_tumular

  • 27

    APÊNDICE A

    Entrevista realizada com a funcionária do cemitério Senhor da Boa Sentença, Sra.

    Iracyr Silva.

    1 Como se deu o surgimento do cemitério? Em que ano? Quando passou a funcionar?

    2 Qual o estilo da arquitetura tumular? Existem diversificações, quais? O anjo da

    morte, em que ano ele foi construído?

    3 Como se dá a lógica das contribuições dos túmulos familiares?

    4 Como se deu a carga sacra para os cemitérios? Quais as principais igrejas

    comportavam esta carga de sepultamentos?

    5 Como era a população antes?

    6 Quando surgiu, quantos hectares, este possuía? E como está atualmente?

    7 Como se deu a modernização deste cemitério?

    8 Em que ano se deu a escassez de sepultamentos, mais propriamente em que ano a

    prefeitura autorizou este decreto?

    9 A classe do cemitério se dá por qual motivo ou fator?

    10 Já existem projetos deste cemitério destinado ao setor de patrimônio histórico?

    11 Como é a administração dos jazigos?

    12 Como se dá a administração do cemitério?

    13 Como é o pagamento dos jazigos e a manutenção?

    14 A construção dos cemitérios parque de que forma tem afetado esses cemitérios mais

    tradicionais?

    15 Tem sido feita alguma obra para aproximar esses cemitérios dos cemitérios parque?

    Por exemplo, oferecer espaço de descanso para a família dos que estão sendo velados?

  • 28

    APÊNDICE B

    FOTOS

    Túmulos de ordem Grave

  • 29

    Túmulos de ordem Urgente

  • 30

  • 31

    Túmulos de Ordem Tendente

  • 32

    1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................104 CONCLUSÃO................................................................................................................25REFERÊNCIAS................................................................................................................26CANTIDIO, Sandro. Solução de Problemas com o uso do PDCA e das Ferramentas da Qualidade. Disponível em . Acesso em: 04 de outubro de 2012.