Fichamento: O ente e a essência, Tomás de Aquino.

Capítulo II

§ 1 – Essência compreende Matéria e forma

Não pode-se afirmar que, nas substâncias compostas, apenas a forma (alma) ou a matéria (corpo) esgotem a essência.

i) A matéria sozinha não pode compreender a essência, pois é a partir da essência que uma coisa se torna cognoscível, pertencendo a uma espécie ou a um gênero.- Matéria: aquilo pelo qual uma realidade está em ato.

ii) Da mesma forma não pode-se dizer que a forma sozinha constitua a essência da substância composta.

Essência é aquilo que é significado pela definição de uma coisa.

i) A definição das substâncias naturais não inclui apenas a forma, mas também a matéria, pois de outro modo a definição das coisas naturais em nada diferiria da definição dos entes matemáticos

ii) Também não se pode dizer que a matéria se dá como acréscimo à essência dos entes naturais, ou como um ente exterior a ela, pois esta definição é própria dos acidentes que não possuem essência completa.

Assim é evidente que a essência compreende a matéria e a forma.

§ 2 – A essência não significa a relação matéria\forma

Por outro lado não pode-se dizer que a matéria significa a relação que se dá entre a matéria e a forma

“Tudo isto compete à essência: através da forma, que é ato da matéria, a matéria se torna ente em ato e este algo concreto; por conseguinte, o que se lhe acrescenta não somente dá à matéria o ser simplesmente em ato, mas também o ser atual, assim como ocorre com os acidentes, como por exemplo a brancura torna branca uma coisa em ato.”

§ 3 – A composição da essência nas substâncias compostas

Segue-se, pois, que nas substâncias compostas, o composto de matéria e forma é o que constitui sua essência, pela qual uma coisa se denomina ente, embora apenas a forma seja a causa desse ser.

§ 4 – A matéria delimitada como princípio de individuação

Considerando a metéria como princípio de individuação.E considerando que a essência engloba tanto a forma quanto a matéria.Pode-se considerar que a essência é particular e não universal.Seguir-se-ia daí que os universais não teriam definição.

Para resolver isso é preciso notar que o princípio de individuação não é a matéria considerada de qualquer modo, mas unicamente a matéria signata.

“Ora esta matéria não entra na definição de Homem enquanto Homem, mas entraria na definição de Sócrates caso Sócrates tivesse definição. Ao invés, na definição de Homem entra a matéria não delimitada. Na definição de Homem não se põem estes ossos e esta carne, mas os ossos e a carne tomadas em abstrato, que constituem a matéria não delimitada do Homem.”

Capítulo III

A essência dos seres corporais e as Categorias

§5 – A essência do gênero e da espécie

Por conseguinte, é evidente que a definição de Homem e a definição de Sócrates não diferem senão quanto ao delimitado e ao não-delimitado.

E assim também a essência do gênero e a essência da espécie.