Breve Histórico Das Origens Do Arminianismo - Rev

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  • 7/24/2019 Breve Histrico Das Origens Do Arminianismo - Rev

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    Breve Histrico das Origens do Arminianismo

    por

    Rev. Ewerton Barcelos Tokashiki

    Jacob van Harmazoon (15601609), ou como conhecido por seunome latinizado Jacobus Arminius, nasceu em Oudewater naHolanda. Primeiro estudou teologia na Universidade Marburg emLeyden (15751581), tambm estudou em Basilia (15821583), eposteriormente na Academia de Genebra na Sua (15841586), onderecebeu aulas do prprio reformador Theodoro Beza, sucessor deJoo Calvino.

    A Igreja Estatal Holandesa havia adotado a doutrina Reformada. Em1618, endossou como seus Smbolos de F: a Confisso Belga [1] e oCatecismo de Heidelberg. [2] Inicialmente foram usados apenascomo livros de instruo. Mas ao serem adotados como documentosrepresentantes da f do Estado Holands, trouxe muito desconfortopara aqueles que advogavam manter a antiga f Catlica, ou, umapostura mais tolerante.

    A Holanda por causa do seu desenvolvimento humanista advogava a

    liberdade de pensamento. Um dos maiores humanistas holandesesno incio da Reforma era Desidrius Erasmus (14661536), maisconhecido como Erasmo de Rotterdam, que mesmo fazendo durascrticas a Igreja Catlica Romana, morreu como seu submisso filho.[3]

    Os Pases Baixos ainda estavam sendo minados peloSemipelagianismo. Mas, Arminius foi escolhido pelo Snodo holandsem 1589, para defender a doutrina oficial da Igreja ReformadaHolandesa. Dirk Coornhert que naquele perodo era o secretrio

    geral dos Estados Gerais, no havia aderido s doutrinas da Reforma.Arminius que era um filho da Igreja Reformada Holandesa foiindicado para se opor aos ataques teolgicos semipelagianos deCoornhert. Entretanto, Arminius no foi feliz em sua defesa. [4] Apartir desse debate Arminius comeou a questionar e nutrir dvidasacerca do seu Calvinismo.

    Durante o pastorado da Igreja Reformada de Amsterd (15881603),Arminius realizou uma exposio na epstola de Romanos analisandoos captulos 79. Nestas palestras ele questionou a interpretao

    calvinista desta passagem, preferindo uma forma deSemipelagianismo modificada, o que veio a chamarseArminianismo.

    Em 1603, Arminius foi nomeado professor de divindade (teologia

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    sistemtica) na Universidade de Leyden. Esta era a mais antigauniversidade da Holanda. Sua nomeao ocorreu por basicamentetrs motivos; primeiro, por causa de sua famlia, que ocupava umaposio proeminente entre a aristocracia holandesa; segundo,possua muitos amigos, inclusive membros da igreja de Amsterdque lhe apoiavam; terceiro, o seu currculo acadmico erainquestionvel. Lecionou ali at a sua morte. Durante esse perodo

    letivo, Arminius sistematizou seu pensamento fazendo muitosdiscpulos e simpatizantes polticos.

    Franciscus Gomarus que, primeiramente, foi professor de Arminius,tornouse seu principal inimigo. Todos os que defendiam a posiocalvinista, ficaram conhecidos, naquele perodo na Holanda, comogomaristas. Gomarus foi uma figura decisiva no Snodo de Dort, emdefesa da opinio calvinista.

    A Igreja Oficial Holandesa era confessionalmente calvinista. Os

    telogos e partidrios de Arminius no admitiam a limitaoconfessional, e procuravam obter a reviso dos credos oficiais. Issocausou um transtorno de difcil resoluo, pois ambos telogos,tanto Gomarus como Arminius, possuam influentes simpatizantes napoltica estatal holandesa.[5]

    A Repblica dos Estados Gerais [6] se encontrava perto de umaciso. Quando a discusso saiu de dentro das salas da Universidadede Leyden, indo para os plpitos e em seguida para o parlamento, ocaso agravouse. Ricardo Cerni comenta que

    no sombrio marco desta questo ressuscitou um antigoproblema sciopoltico polarizado na rivalidadeexistente entre Maurcio de Nassau (filho de William deOrange, e o protetor do proletariado), e Jan Barnevelt,um dos fundadores da repblica e lder da alta burguesia.Em geral, esta classe social era partidria da posturaarminiana, e usando de sua evidente influncia polticaconseguiram, atravs de Hugo Groot (Grotius, 15831645)a publicao de um Edito para que se proibisse nas

    igrejas a pregao de temas controvertidos, incluindo,obviamente, a questo da predestinao. Os calvinistasortodoxos protestaram imediatamente estimando aqueleque era um ato de verdadeira perseguio. [7]

    Era um risco muito delicado para a Holanda, principalmente naquelemomento, pois a guerra com a Espanha no havia terminado.Maurcio de Orange, que era o Conde de Nassau, percebeuclaramente o perigo da Repblica Holandesa perder a sua unidade, eresolveu usar a sua influncia como governadorgeral, quebrando o

    poder das autoridades partidrias de Arminius. De forma decisiva em1617, Maurcio de Orange desarmou as tropas dos magistradosarminianos, e no mesmo ano decidiu convocar um snodo.

    O problema teolgico de Arminius tinha as suas razes em sua

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    teontologia [8]. As suas concluses acerca da salvao, no eramresultados apenas de um conceito errado de livre arbtrio, ou domodus operandi da livre graa de Deus, e sim, do seu conceitoacerca da Trindade. Arminius falando do seu conceito da divindadede Cristo e do Esprito, afirma que esta maneira de falar nova,hertica e sabeliana, e em si, blasfemo dizer que o Filho de Deus homoousios (da mesma essncia) porque somente o Pai verdadeiro

    Deus, o Filho e o Esprito no o so. [9] Alm de demonstrar certadeficincia na rea de teologia histrica, a sua teontologia resultaconseqentemente num Unitarismo. [10]

    A conseqncia dessa teologia em tom unitarista, unida a umconceito errneo de livre arbtrio que a sua Soteriologia [11] etodas as demais divises da dogmtica, coerentemente, sofrerammodificaes bastante significativas. No de se estranhar que osdiscpulos de Arminius distanciaramse do seu tom protestanteoriginal. Os nomes de telogos arminianos como Episcopius,

    Grocius, Curcellaeus, Limborch, e sua elaborao de imponentesvolumes, do material dogmtico, no conseguem esconder oachatamento de todas as grandes doutrinas, e suas tendnciascrescentes em direo a rio, a Pelgio e a Socnio. [12]

    O prprio Arminius era inconsistente em sua teologia. Emboranegava os quatro primeiros pontos do Calvinismo, eleincoerentemente aceitava o quinto. Numa obra chamada Declaraodos Sentimentos (1608) ele defende que Deus possui quatro tipos dedecretos, sendo que o quarto Deus decretou a salvao de certos

    indivduos especficos porque Ele anteviu que eles creriam eperseverariam at o fim. [13]

    Com o propsito de tornar sua teologia mais coerente osremonstrantes tambm negaram em seu quinto ponto a doutrina daPerseverana Final, conforme exposta pelo Calvinismo. Em suaavaliao sobre o assunto, Wright afirma que

    ele [Arminius] continuou at a crer na segurana eternados santos, embora este ltimo aspecto do calvinismo

    tenha sido abandonado pelos seus seguidores entre osRemonstrantes, poucos anos aps a sua morte, enquantoprocuravam desenvolver uma teologia mais consistentesobre a graa universal.[14]

    Aps a morte de Arminius (1609) os seus seguidores,aproximadamente 46 telogos, se reuniram na cidade de Gouda.Apresentaram um documento chamado Articuli Arminiani siveRemonstrantia (1610). Neste documento demonstravam que tipo deteologia esposavam em protesto religio oficial do Estado.

    Aps este incidente a Igreja foi obrigada a se declarar com maiorclareza acerca destes novos pontos doutrinrios atravs dos Cnonesde Dort em reao aos arminianos. O snodo reuniuse na cidade deDordrecht, em 13 de novembro 1618, at 9 de Maio de 1619. Era

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    formado de telogos no somente holandeses, mas tambmprocedentes de outras partes da Europa. [15] Haviam trinta e cincotelogos, um grupo de presbteros das igrejas holandesas eparticipantes provindos da Gr Bretanha, Eleitorado do Palatinado,Helvtia, Repblica de Genebra, Bremen, Blgica, Zutnia,Austrlia, Nova Zelndia, Frsia, Transilvnia, Groningen, Drentia,GlicaBelga, Hesse, Sua, Bradenburg, Utrecht e Balcanquall.

    Os remonstrantes tambm foram convocados para estarem noSnodo. Estavam presentes Simon Episcopius professor de teologiaem Leyden, o sucessor de Arminius, e mais doze telogosarminianos. Contudo para eles o snodo

    no passava de uma conferncia e eles negavamcompetncia para agir como um tribunal em questes dedoutrina. Eles no queriam ser tratados como rus. Attica do grupo arminiano era a de obstruir as reunies

    do snodo com debates formais. O Snodo queria discutiros artigos da Remonstrncia, mas o grupo arminiano serecusava a expor claramente sua posio doutrinria.Aps quatro semanas de debates inteis, o presidente dosnodo dispensou o grupo de arminianos. Com isto osnodo passou a julgar a doutrina arminiana com base emseus escritos. Os cinco artigos dos arminianos foramdiscutidos e uma comisso preparou o texto doscnones ou regras de doutrina em que se condenava adoutrina arminiana e se expunha a doutrina reformada.

    [16]O Snodo holands ratificou a sua f Reformada (calvinista). Osremonstrantes insatisfeitos reagiram com um manifesto contra adeciso do Snodo. O resultado desse manifesto foi a expulso dosministros arminianos das igrejas Reformadas e a morte de muitosdeles.

    NOTAS:

    [1] Escrito por Guy de Brs, em 1561.

    [2] - Escrito por Caspar Olevianus e Zacharias Ursinus, em 1563.

    [3] - Justo L. Gonzalez, Uma Histria do Pensamento Cristo: DaReforma ao Sculo 20 (So Paulo, Ed. Cultura Crist, 2004), p. 27.

    [4] - Ricardo Cerni, Historia Del Protestantismo (Edinburgh, El

    Estandarte de la Verdad, 1992), p. 127

    [5] - Lembrando que a Igreja Reformada e o Estado se encontravamentrelaadas desde o incio da Reforma, e uma heresia, no erasimplesmente um erro, ou discordncia doutrinria, mas tambm um

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    crime poltico contra o Estado.

    [6] - Esse era o nome que designava os Pases Baixos.

    [7] - Ricardo Cerni, Histria del Protestantismo, , pp. 127128.

    [8] - Estudo do Ser, Atributos e Obras de Deus.

    [9] - James Arminius, The Works of James Arminius, vol. 1, p. 335citado por Paul K. Jewett, Eleccin y Predestinacin (Jenison, TELL,1992), p. 29.

    [10] - Sistema doutrinrio que nega a Trindade, afirmando que Deus apenas um Ser e uma s Pessoa.

    [11] - Doutrina da salvao.

    [12] - James Orr, El Progresso del Dogma (Terrassa, CLIE, 1988), p.

    239.[13] - Tony Lane, Pensamento Cristo (So Paulo, Abba Press, 1999)p. 24.

    [14] - R.K. Mc Gregor Wright, A Soberania Banida (So Paulo, Ed.Cultura Crist), p. 31.

    [15] - Albert H. Newman,A Manual of Church History, vol. II, p. 347

    [16] - Os Cnones de Dort (So Paulo, Ed. Cultura Crist, 1998), p.11.

    Rev. Ewerton B. [email protected] da Igreja Presbiteriana de Cerejeiras ROProf. de Teologia Sistemtica do STBC Extenso Ji-Paran

    Agradecemos o autor pelo envio e permisso da publicao do presenteartigo. O Rev. Tokashiki, pela graa de Deus, um dos nossos

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