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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO
DEPARTAMENTO DE SISTEMAS E ENERGIA
BRUNALICE DE MATOS MERCER
UMA PROPOSTA DE CONTROLE VOLT/VAR HIERÁRQUICO
PARA SISTEMAS MODERNOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA
CAMPINAS
2016
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO
BRUNALICE DE MATOS MERCER
UMA PROPOSTA DE CONTROLE VOLT/VAR HIERÁRQUICO
PARA SISTEMAS MODERNOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA
Orientadora: Profª. Drª. Fernanda Caseño Trindade Arioli Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Faculdade de
Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade
Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos
para a obtenção do título de Mestra em Engenharia
Elétrica, na área de Energia Elétrica.
Este exemplar corresponde à versão final da
dissertação defendida pela aluna Brunalice de
Matos Mercer e orientada pela professora
Drª. Fernanda Caseño Trindade Arioli.
Assinatura da Orientadora: ______________________________________
CAMPINAS
2016
COMISSÃO JULGADORA – DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Candidato: Brunalice de Matos Mercer RA:162559
Data da Defesa: 21 de outubro de 2016
Título da Tese: “Uma Proposta de Controle Volt/Var Hierárquico para Sistemas Modernos de
Distribuição de Energia Elétrica”.
Profa. Dra. Fernanda Caseño Trindade Arioli (FEEC/Unicamp)
Prof. Dr. Edgar Manuel Carreño Franco (CECE/Unioeste)
Dr. Tiago Rodarte Ricciardi (FEEC/Unicamp)
A ata de defesa, com as respectivas assinaturas dos membros da Comissão Julgadora, encontra-
se no processo de vida acadêmica do aluno
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à professora Fernanda, que além de orientar, deu seu total
apoio em todos os momentos da realização deste mestrado, estando sempre presente para dar
conselhos que me ajudaram a crescer como pesquisadora e como pessoa.
Agradeço também ao professor Walmir Freitas, que sempre que possível auxiliou no
esclarecimento de dúvidas, e também em sugestões para engrandecer nosso trabalho.
Agradeço ao meu companheiro e amigo, Matheus Ramos, pelo suporte durante as fases
de dificuldade que ocorreram durante a realização deste mestrado, e também por toda a
compreensão e apoio durante nossos anos de convivência.
Agradeço à minha mãe, a quem eu devo a vida, e que deu seu total apoio em minhas
decisões, respeitando minhas escolhas e não deixando de acreditar em sua filha. E também,
agradeço ao meu pai, à minha irmã, e ao meu grande amigo Antônio Chiella, que são pessoas
que contribuíram e contribuem para o meu sucesso como pessoa, e nas quais eu posso confiar
e recorrer sempre que necessário.
Por fim, agradeço a todas as pessoas que de alguma maneira estiveram relacionadas à
realização deste trabalho, entre as quais, devo destacar, meus colegas de laboratório, que com
suas sugestões ajudaram muito na concretização desta dissertação.
Resumo
O controle de tensão e potência reativa em sistemas de distribuição de energia elétrica é
tradicionalmente baseado em ações locais e não integradas de reguladores de tensão,
transformadores com OLTC (On-Load Tap Changer) e bancos de capacitores. Contudo, tendo
em vista a modernização dos sistemas de distribuição, que contempla a instalação de sistemas
de comunicação e de mais equipamentos controláveis, técnicas mais adequadas para o controle
da tensão e da potência reativa são desejáveis. Neste contexto, destacam-se métodos de controle
Volt/Var integrado – IVVC (Integrated Volt/Var Control). Nesta dissertação, investiga-se uma
metodologia de controle Volt/Var integrado e hierárquico, que utiliza os controles local e
centralizado, possibilitando o ajuste ótimo dos equipamentos controláveis a cada atuação do
centralizado a fim de minimizar perdas e melhorar o perfil de tensão do sistema. Na hierarquia
proposta, o controle centralizado sobrepõe os comandos do controle local, que atua
continuamente, enquanto o controle centralizado atua – de acordo com a necessidade – a cada
15 minutos. A metodologia de controle proposta foi aplicada a três alimentadores de
distribuição e os resultados comprovam sua eficiência na redução das perdas e a manutenção
dos níveis de tensão em níveis desejáveis. Em geral, os resultados para os desvios de tensão
foram expressivos, com melhorias de até 45% com relação ao uso do controle tipicamente
empregado (local) e, quanto à redução das perdas elétricas, os resultados demonstraram-se
satisfatórios. Em um dos alimentadores simulados, investigou-se o uso do controle hierárquico
explorando-se funcionalidades de inversores de sistemas fotovoltaicos e também a aplicação do
Volt/Var com o conceito de CVR (Conservation Voltage Reduction). Com base em todos os
resultados analisados, conclui-se que a metodologia proposta permite uma melhora significativa
no desempenho dos sistemas avaliados.
Palavras-chave: Controle Volt/Var hierárquico, fluxo de potência ótimo, sistemas de
distribuição de energia elétrica.
Abstract
Volt/Var control is an important aspect of distribution systems operation, being achieved in
general by local, independent and unintegrated operations performed by voltage regulators, On-
Load Tap Changer (OLTC) transformers and capacitor banks. Considering the distribution
systems modernization process, which comprises the installation of more controllable devices
and communication systems, new ways to control voltage and reactive power on the system are
needed. In this context, one option is the Integrated Volt/Var Control methodology (IVVC),
which allows a centralized control and the integration of all system controllable equipment.
This work investigates a hierarchical and integrated Volt/Var control methodology that
considers the usage of both local and centralized controls in a coordinated manner, aiming to
optimize the controllable equipment sets to simultaneously minimize losses and flatten the
voltage profile. In this methodology the centralized control overrides the commands from local
control, which continuously while the centralized control acts – according to the system needs
– every 15 minutes. The results obtained for three different distribution systems prove the
methodology applicability in large distribution systems by the reduction of electrical losses and
the efficient voltage regulation. Overall, the results for voltage regulation are more meaningful,
with improvements of almost 45% compared to the results obtained with the conventional
control (local control). The results for losses are also noticeable, increasing the efficiency of
the analyzed networks. The methodology was also applied to a distribution system with
photovoltaic power generation, considering the use of smart inverters functions – power factor
control –, and also, the use of Volt/Var control exploring the concept of CVR (Conservation
Voltage Reduction). Based on all the results, it is possible to conclude that the proposed
methodology allows meaningful improvement in the performance of the evaluated systems.
Keywords: Volt/Var hierarchical control, optimal power flow, electrical distribution systems.
Lista de figuras
Figura 2-1 – Ilustração do funcionamento do controle local. Adaptado de [18]. ..................... 25
Figura 2-2 – Perfil de tensão para um sistema com regulação (Adaptado de [4]). .................. 26
Figura 2-3 – Equipamentos tradicionais para o controle Volt/Var. .......................................... 27
Figura 2-4 – Características do regulador de tensão................................................................. 29
Figura 2-5 – Circuito do regulador de tensão com o LDC (Adaptado de [19]). ...................... 30
Figura 2-6 – Modelo π do transformador. ................................................................................ 30
Figura 2-7 – Representação do modelo π para configuração elevadora e abaixadora. ............ 31
Figura 2-8 – Efeito do capacitor (Adaptado de [27]). .............................................................. 32
Figura 2-9 – Nível 1 de modernização (Extraído de [3]). ........................................................ 35
Figura 2-10 – Nível 2 de modernização (Extraído de [3]). ...................................................... 36
Figura 2-11 – Nível 3 de modernização (Extraído de [3]). ...................................................... 36
Figura 2-12 – Classificação dos métodos de solução do controle Volt/Var integrado (IVVC)
encontrados na literatura. .......................................................................................................... 38
Figura 2-13 – A estrutura do DMS (Adaptado de [5]). ............................................................ 42
Figura 2-14 – Configuração da rede modernizada da Avista (Extraído de [46]). .................... 44
Figura 3-1 – Integração do controle hierárquico no DMS (Adaptado de [3]). ......................... 48
Figura 3-2 – Fluxograma do controle hierárquico proposto. .................................................... 49
Figura 3-3 – Representação do modelo da linha de distribuição. ............................................. 52
Figura 3-4 – Curva de carga utilizada nas simulações. ............................................................ 61
Figura 4-1 – Topologia do sistema IEEE 123 barras................................................................ 64
Figura 4-2 – Comparação dos histogramas de desvio de tensão para o sistema IEEE 123 barras.
.................................................................................................................................................. 67
Figura 4-3 – Comparação dos valores médios de tensão para o sistema IEEE 123 barras. ..... 68
Figura 4-4 – Comparação dos perfis de tensão durante o pico de carga para o sistema IEEE 123
barras. ....................................................................................................................................... 68
Figura 4-5 – Perfil de perdas elétricas do sistema IEEE 123 barras. ....................................... 69
Figura 4-6 – N˚ de chaveamentos dos equipamentos controláveis para os casos 1 e 2 (IEEE 123
barras). ...................................................................................................................................... 70
Figura 4-7 – N˚ de chaveamentos dos equipamentos controláveis para os casos 2 e 3 (IEEE 123
barras). ...................................................................................................................................... 70
Figura 4-8 – Chaveamentos do RT da barra 160 para os casos 2 e 3 do sistema IEEE 123 barras.
.................................................................................................................................................. 71
Figura 4-9 – Comparação dos valores médios de tensão para os casos 2 e 3 do sistema IEEE
123 barras. ................................................................................................................................ 72
Figura 4-10 – N˚ de chaveamentos dos equipamentos controláveis considerando a atuação do
controle centralizado contínua ou dependente de uma zona morta de atuação. ....................... 73
Figura 4-11 – Topologia do sistema EPRI ckt 5 com a distinção por fase dos trechos. .......... 74
Figura 4-12 – Características adicionais do sistema EPRI ckt 5. ............................................. 74
Figura 4-13 – Tensões do circuito com apenas um regulador de tensão durante o pico de carga.
.................................................................................................................................................. 75
Figura 4-14 – Instantes de atuação do controle centralizado (Sistema EPRI ckt 5). ................ 77
Figura 4-15 – Comparação dos histogramas de desvio de tensão para o sistema EPRI ckt 5. . 77
Figura 4-16 – Comparação dos perfis de tensão durante o pico de carga para o sistema EPRI
ckt 5. ......................................................................................................................................... 78
Figura 4-17 – Comparação dos valores médios de tensão por período para o sistema EPRI ckt
5. ............................................................................................................................................... 78
Figura 4-18 – N˚ de chaveamentos dos equipamentos controláveis para os casos 1 e 2 (EPRI
ckt 5). ........................................................................................................................................ 79
Figura 4-19 – N˚ de chaveamentos dos equipamentos controláveis para os casos 2 e 3 (EPRI
ckt 5). ........................................................................................................................................ 80
Figura 5-1 – Perfil de tensão com a presença de alta penetração de GD (Extraído de [11]). ... 82
Figura 5-2 – Representação de um sistema com geração distribuída FV. ................................ 83
Figura 5-3 – Quatro quadrantes de operação do inversor (Extraído de [11]). .......................... 85
Figura 5-4 – Operação do inversor durante afundamento de tensão ou frequência (Adaptado de
[74]). ......................................................................................................................................... 86
Figura 5-5 – Curva de configuração para a função Voltage-Watt (Adaptado de [74]). ........... 87
Figura 5-6 – Curva de configuração para a função Voltage-Var (Adaptado de [3]). ............... 87
Figura 5-7 – Função Watt-Frequency com Histerese (Adaptado de [74]). .............................. 88
Figura 5-8 – Distribuição dos parâmetros possíveis de ajuste remoto (Adaptado de [73])...... 89
Figura 5-9 – Topologia do sistema EPRI m1 com a distinção por fase dos trechos. ............... 92
Figura 5-10 – Características adicionais do sistema EPRI m1. ................................................ 92
Figura 5-11 – Curva de geração FV. ........................................................................................ 93
Figura 5-12 – Instantes de atuação do controle centralizado (Sistema EPRI m1). .................. 95
Figura 5-13 – Comparação dos histogramas de desvio de tensão para o sistema EPRI m1. ... 96
Figura 5-14 – Comparação dos valores médios de tensão por período para o sistema EPRI m1.
.................................................................................................................................................. 96
Figura 5-15 – Comparação dos perfis de tensão durante o pico de carga para o sistema EPRI
m1. ............................................................................................................................................ 97
Figura 5-16 – Comparação dos perfis de tensão da MT durante o pico de carga para o sistema
EPRI m1. .................................................................................................................................. 97
Figura 5-17 – Número de chaveamentos dos equipamentos controláveis para os casos 1 e 2
(EPRI m1). ................................................................................................................................ 98
Figura 5-18 – Representação topológica da localização dos sistemas FVs de acordo com seu
transformador de distribuição para o nível de penetração de 5%. .......................................... 100
Figura 5-19 – Fluxo de potência ativa para os quatro níveis de penetração (alocação por Rmin).
................................................................................................................................................ 101
Figura 5-20 – Comportamento das perdas elétricas conforme o NP fotovoltaico aumenta. .. 101
Figura 5-21 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP
com atuação do controle local (alocação por Rmin). ............................................................... 103
Figura 5-22 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP
com atuação do controle hierárquico (alocação por Rmin). ..................................................... 103
Figura 5-23 – Posicionamento dos taps durante a atuação do controle hierárquico (alocação por
Rmin). ....................................................................................................................................... 104
Figura 5-24 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP
com atuação do controle local (alocação por Rmax). ............................................................... 105
Figura 5-25 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP
com atuação do controle hierárquico (alocação por Rmax). .................................................... 106
Figura 5-26 – Posicionamento dos taps durante a atuação do controle hierárquico (alocação por
Rmax). ....................................................................................................................................... 106
Figura 5-27 – Valores máximos das tensões por período considerando os extremos do parâmetro
de resistência........................................................................................................................... 107
Figura 5-28 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP
com atuação do controle local (alocação por Dmin). ............................................................... 108
Figura 5-29 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP
com atuação do controle hierárquico (alocação por Dmin). ..................................................... 109
Figura 5-30 – Posicionamento dos taps durante a atuação do controle hierárquico (Dmin). ... 109
Figura 5-31 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP
com atuação do controle local (alocação por Dmax). ............................................................... 111
Figura 5-32 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP
com atuação do controle hierárquico (alocação por Dmax). .................................................... 111
Figura 5-33 – Valores médios das tensões por período considerando os extremos do parâmetro
de distância. ............................................................................................................................ 112
Figura 5-34 – Comportamento das potências ativa e reativa para três casos extremos de variação
do FP entre ±0,95.................................................................................................................... 115
Figura 5-35 – Variações nos ajustes de fator de potência para os três casos extremos (FP ±0,95).
................................................................................................................................................ 115
Figura 5-36 – Comportamento das potências ativa e reativa para três casos extremos de variação
do FP entre ±0,92.................................................................................................................... 115
Figura 5-37 – Variações nos ajustes de fator de potência para três casos extremos (FP ±0,92).
................................................................................................................................................ 116
Figura 5-38 – Histogramas de desvio de tensão para o sistema EPRI m1 (CVR de 0,96 pu).
................................................................................................................................................ 118
Figura 5-39 – Comparação dos perfis de tensão durante o pico de carga para o sistema EPRI
m1 (CVR 0,96 pu). ................................................................................................................. 119
Figura 5-40 – Histogramas de desvio de tensão para o sistema EPRI m1 (CVR de 0,95 pu).
................................................................................................................................................ 119
Figura 5-41 – Comparação dos perfis de tensão durante o pico de carga para o sistema EPRI
m1 (CVR 0,95 pu). ................................................................................................................. 119
Figura 5-42 – Comportamento das perdas elétricas para os diferentes níveis de tensão mantidos
no sistema EPRI m1. .............................................................................................................. 120
Figura 5-43 – Comportamento da energia injetada na SE (geração) para os diferentes níveis de
tensão mantidos no sistema EPRI m1. ................................................................................... 121
Lista de tabelas
Tabela 2-1 – Opções de melhoria para diferentes circuitos de nove concessionárias dos EUA
[43]. .......................................................................................................................................... 43
Tabela 3-1 – Atribuições de matrizes admitâncias para os transformadores trifásicos. ........... 53
Tabela 3-2 – Equipamentos controláveis dos sistemas-teste. ................................................... 60
Tabela 4-1 – Configurações dos equipamentos no caso base – Sistema IEEE 123 barras....... 65
Tabela 4-2 – Resultados dos controles local e hierárquico para o sistema IEEE 123 barras. .. 67
Tabela 4-3 – Comparação dos resultados dos casos 2 e 3 para o sistema IEEE 123 barras. .... 71
Tabela 4-4 – Resultados do uso do controle hierárquico com e sem zona morta para o sistema
IEEE 123 barras. ....................................................................................................................... 72
Tabela 4-5 – Configurações dos equipamentos no caso base – Sistema EPRI ckt 5. .............. 75
Tabela 4-6 – Relações dos bancos de capacitores – Sistema EPRI ckt 5. ................................ 76
Tabela 4-7 – Resultados dos controles local e hierárquico para o sistema EPRI ckt 5. ........... 77
Tabela 4-8 – Comparação dos resultados dos casos 2 e 3 para o sistema EPRI ckt 5.............. 80
Tabela 5-1 – Tipos de parâmetros medidos e enviados dos inversores inteligentes (Adaptado de
[71]). ......................................................................................................................................... 89
Tabela 5-2 – Novas funcionalidades para os inversores inteligentes (Adaptado de [77]). ...... 90
Tabela 5-3 – Configurações dos equipamentos no caso base – Sistema EPRI m1. ................. 94
Tabela 5-4 – Resultados dos controles local e hierárquico para o sistema EPRI m1. .............. 96
Tabela 5-5 – Resultados dos controles local e hierárquico (alocação por Rmin) para o caso em
que os sistemas FVs são operados com fator de potência unitário. ........................................ 102
Tabela 5-6 – Resultados dos controles local e hierárquico (alocação por Rmax) para o caso em
que os sistemas FVs são operados com fator de potência unitário. ........................................ 105
Tabela 5-7 – Resultados dos controles local e hierárquico (alocação por Dmin) para o caso em
que os sistemas FVs são operados com fator de potência unitário. ........................................ 108
Tabela 5-8 – Resultados dos controles local e hierárquico (alocação por Dmax) para o caso em
que os sistemas FVs são operados com fator de potência unitário. ........................................ 110
Tabela 5-9 – Resultados dos controles local e hierárquico com fator de potência unitário ... 114
Tabela 5-10 – Comparação entre os resultados com o uso do controle hierárquico com FP
unitário e variável. .................................................................................................................. 114
Tabela 5-11 – Configuração dos equipamentos para manter as tensões da FO em 0,96 e 0,95
pu. ........................................................................................................................................... 117
Tabela 5-12 – Resultados dos controles local e hierárquico para o sistema EPRI m1 (tensão
ajustada no CVR igual a 0,96 pu). .......................................................................................... 118
Tabela 5-13 – Resultados dos controles local e hierárquico para o sistema EPRI m1 (tensão
ajustada no CVR igual a 0,95 pu). .......................................................................................... 118
Lista de abreviaturas e siglas
ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
AMI – Advanced Metering Infrastructure
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
BC – Banco de Capacitores
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BT – Baixa Tensão
CA – Corrente Alternada
CC – Corrente Contínua
COD – Centro de Operação de Distribuição
DMS – Distribution Management System
EPRI – Electric Power Research Institute
Finep – Financiadora de Estudos e Projetos
FO – Função Objetivo
FP – Fator de Potência
FPO – Fluxo de Potência Ótimo
FV – Fotovoltaico
GD – Geração Distribuída
GIS – Geographic Information System
IED – Intelligent Electronic Device
Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
IVVC – Integrated Volt/Var Control
LDC – Line Drop Compensator
MINLP – Mixed Integer Nonlinear programming
MT – Média Tensão
NLP – Nonlinear Programming
NP – Nível de Penetração
OLTC – On Load Tap Changer
OMS – Outage Management System
PDC – Ponto de Conexão
PR – Ponto de Regulação
PRODIST – Procedimentos de Distribuição
PWM – Pulse Width Modulation
REI – Rede Elétrica Inteligente
RT – Regulador de Tensão
SA – Sistema de Armazenamento
SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition
SE – Subestação
SVC – Static Var Compensator
TC – Transformador de Corrente
TP – Transformador de Potencial
UTR – Unidade Terminal Remota
VVC – Volt/Var Control
VVO – Volt/Var Optimization
Nomenclatura
Conjuntos
Barra (E,R,sh) Conjunto das barras (barras emissoras, receptoras e em
derivação);
f,P Conjunto das fases (a, b, c);
Subconjuntos
NoEx Subconjunto dos nós que apresentam valor 1 no parâmetro
faseEx;
Ramos Subconjunto que compreende os trechos do circuito que
apresentam valor 1 no parâmetro RamoEx;
Cap Subconjunto de NoEx; Válido para os nós e fases que apresentam
valor 1 no parâmetro CapEx.
Trafos Subconjunto de Ramos; Válido para os trechos que apresentam
valor 1 no parâmetro TrafoEx;
Linhas Subconjunto de Ramos; Válido para os trechos que apresentam
valor 1 no parâmetro LinhaEx.
Parâmetros
faseExbarra,f Auxiliar binária que garante a existência de determinado nó em
uma fase;
RamoExE,R,f,p Estabelece a ligação de um nó a outro, considerando o sentido a
jusante, (enfatiza as ligações apenas entre fases iguais);
TrafoExE,R,f,p Auxiliar binária que representa a existência de um transformador
ou regulador de tensão neste trecho;
LinhaExisteE,R,f,p Auxiliar binária que representa a existência de uma linha neste
trecho;
FVExsh,f Auxiliar binária que indica a existência de um painel FV;
CargaExsh,f Estabelece em quais nós e fases há carga. Apenas nós do
subconjunto NoEx;
AuxTapbarra,f Auxiliar usada para indicar os trechos que possuem dispositivo
com mudança de tap;
Pcarga,sh,f Valor em pu da potência ativa monofásica das cargas;
Qcarga,sh,f Valor em pu da potência reativa monofásica das cargas;
PFV,sh,f Valor em pu da potência ativa do sistema FV;
CapExsh,f Parâmetro binário que indica a existência ou não de um capacitor
nesse nó;
Qmaxsh,f Indica a máxima potência reativa que pode ser injetada pelo
capacitor;
G1...G4E,R,f,p Matriz de condutância dos ramos do circuito;
B1...B4E,R,f,p Matriz de susceptância dos ramos do circuito;
Vmaxbarra,f Máxima tensão admitida por nó por fase;
Vminbarra,f Mínima tensão admitida por nó por fase.
Variáveis
Vrbarra,f Componente real da tensão em um nó;
Vimbarra,f Componente imaginária da tensão em um nó;
Ircargash,f Componente real da corrente que circula na carga;
Imcargash,f Componente imaginária da corrente que circula na carga;
IrE,R,f,p Corrente real que sai da barra emissora do ramo;
IimE,R,f,p Corrente imaginária que sai da barra emissora do ramo;
IrR,E,f,p Corrente real que sai da barra receptora do ramo;
IimR,E,f,p Corrente imaginária que sai da barra receptora do ramo;
Ircapb,f Componente real da corrente do capacitor;
Iimcapb,f Componente imaginária da corrente do capacitor;
IrFVsh,f Componente real da corrente fluindo no painel FV;
IimFVsh,f Componente imaginária da corrente fluindo no painel FV;
θ Ângulo do fator de potência para cada painel FV;
αbarra,f Indica a tensão equivalente da posição do tap do regulador;
Qcapsh,f Quantidade de potência reativa injetada pelo capacitor;
Pcapsh,f Quantidade de potência ativa injetada pelo capacitor;
Perdas_r Perdas ativas nas linhas e nos transformadores, por fase;
Perdaramos_r Soma das perdas ativas nas linhas e nos transformadores para as
três fases;
Função objetivo Equação que deve ser otimizada.
Sumário
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 5
Resumo ....................................................................................................................................... 6
Abstract ....................................................................................................................................... 7
Lista de figuras ........................................................................................................................... 8
Lista de tabelas ......................................................................................................................... 12
Lista de abreviaturas e siglas .................................................................................................... 14
Nomenclatura............................................................................................................................ 16
Sumário ..................................................................................................................................... 18
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 21
1.1 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ................................................................... 23
2 CONTROLE VOLT/VAR ................................................................................................ 25
2.1 EQUIPAMENTOS PARA O CONTROLE DE TENSÃO E POTÊNCIA
REATIVA ............................................................................................................................. 27
2.1.1 Transformador com OLTC ....................................................................... 28
2.1.2 Regulador de tensão .................................................................................. 28
2.1.3 Bancos de capacitores (BCs) ..................................................................... 31
2.1.4 Equipamentos modernos ........................................................................... 33
2.2 ARQUITETURAS DE CONTROLE VOLT/VAR ................................................... 33
2.3 MÉTODO DE SOLUÇÃO DO CONTROLE VOLT/VAR INTEGRADO.............. 37
2.4 APLICAÇÃO DO IVVC NOS SISTEMAS MODERNOS DE DISTRIBUIÇÃO ... 40
2.4.1 Cenário internacional ................................................................................ 42
2.4.2 Cenário nacional ....................................................................................... 44
2.5 USO DO CVR: UMA ALTERNATIVA QUE PODE AUXILIAR O IVVC ........... 45
2.6 COMENTÁRIOS FINAIS DO CAPÍTULO ............................................................. 46
3 O CONTROLE VOLT/VAR HIERÁRQUICO PROPOSTO .......................................... 47
3.1 ESTRUTURA DO CONTROLE HIERÁRQUICO .................................................. 47
3.2 FORMULAÇÃO DO MODELO DE OTIMIZAÇÃO .............................................. 50
3.2.1 Modelagem dos componentes do sistema de distribuição ........................ 52
3.2.2 Equacionamento do modelo de otimização .............................................. 56
3.3 DESCRIÇÃO DO CASO BASE ............................................................................... 59
3.4 COMENTÁRIOS FINAIS DO CAPÍTULO ............................................................. 62
4 APLICAÇÃO DO CONTROLE VOLT/VAR HIERÁRQUICO .................................... 64
4.1 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA NO SISTEMA-TESTE
IEEE 123 BARRAS ............................................................................................................. 64
4.1.1 Ajustes do controle local (sistema IEEE 123 barras) ................................ 65
4.1.2 Caso 1: Resultados do controle local (sistema IEEE 123 barras) ............. 66
4.1.3 Caso 2: Resultados do controle hierárquico (sistema IEEE 123 barras) ... 66
4.1.4 Caso 3: Controle hierárquico com alteração da largura de banda (sistema
IEEE 123 barras) .............................................................................................................. 70
4.1.5 Resultados do uso contínuo do controle centralizado (atuação obrigatória a
cada 15 minutos) ............................................................................................................... 72
4.2 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA NO SISTEMA-TESTE
EPRI CKT 5 ......................................................................................................................... 73
4.2.1 Apresentação do sistema EPRI ckt 5 ........................................................ 73
4.2.2 Ajustes do controle local (sistema EPRI ckt 5) ......................................... 75
4.2.3 Caso 1: Resultados do controle local (sistema EPRI ckt 5) ...................... 76
4.2.4 Caso 2: Resultados do controle hierárquico (sistema EPRI ckt 5) ........... 76
4.2.5 Caso 3: Controle hierárquico com alteração da largura de banda (sistema
EPRI ckt 5) 79
4.3 COMENTÁRIOS FINAIS DO CAPÍTULO ............................................................. 80
5 CONTROLE VOLT/VAR HIERÁRQUICO EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO COM
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ............................................................................................. 82
5.1 O PROBLEMA DE REGULAÇÃO DE TENSÃO COM A INCLUSÃO DE GD NA
REDE 82
5.2 INTEGRAÇÃO DO CONTROLE VOLT/VAR COM SISTEMAS FVs – O USO
DOS INVERSORES INTELIGENTES ............................................................................... 84
5.2.1 Funções dos inversores inteligentes .......................................................... 84
5.2.2 Novas funções para os inversores inteligentes .......................................... 90
5.3 APLICAÇÃO DO CONTROLE VOLT/VAR HIERÁRQUICO NO SISTEMA
EPRI M1 ............................................................................................................................... 91
5.3.1 Descrição dos estudos realizados no sistema EPRI m1 ............................ 93
5.4 CASO BASE (SEM SISTEMA FV) ......................................................................... 94
5.4.1 Ajustes do controle local (sistema EPRI m1) ........................................... 94
5.4.2 Resultados do controle local (sistema EPRI m1) ...................................... 95
5.4.3 Resultados do controle hierárquico (sistema EPRI m1) ........................... 95
5.5 ESTUDOS EM REDE DE DISTRIBUIÇÃO COM SISTEMAS FVs OPERANDO
COM FATOR DE POTÊNCIA UNITÁRIO OU VARIÁVEL ........................................... 98
5.5.1 Estudo 1 – Sistemas FVs operando com fator de potência unitário .......... 99
5.5.2 Estudo 2 – Sistemas FVs operando com fator de potência variável ....... 112
5.6 APLICAÇÃO DE CVR NO SISTEMA EPRI M1 .................................................. 116
5.7 COMENTÁRIOS FINAIS DO CAPÍTULO ........................................................... 121
6 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 122
6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 124
6.2 PUBLICAÇÕES ...................................................................................................... 125
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 126
21
1 INTRODUÇÃO
A falta de práticas adequadas de controle de tensão e de potência reativa (Volt/Var) pode
resultar em violações na tensão e em excessivas perdas elétricas. Geralmente, as
concessionárias de distribuição de energia elétrica realizam este tipo de controle utilizando
equipamentos instalados na subestação (SE), como os transformadores com dispositivo de
comutação de tap sob carga (OLTC, do inglês, On Load Tap Changer), e/ou equipamentos
instalados ao longo do alimentador, como os bancos de capacitores e os reguladores de tensão.
Técnicas de controle Volt/Var têm sido adotadas por mais de 30 anos para reduzir as
perdas elétricas (perdas técnicas), regular a tensão do alimentador em diferentes condições de
carregamento e recentemente, também, reduzir o consumo através da manutenção da tensão dos
consumidores em níveis mais baixos [1]. Ainda assim, a abordagem mais utilizada emprega
ações simples de controle local, atuando pontualmente a partir de medições de grandezas
elétricas adquiridas no local em que o equipamento de controle está instalado. Por não contar
com comunicação de dados, o controle local não considera as ações dos diferentes
equipamentos de controle instalados na mesma rede de distribuição [1], [2], o que caracteriza
uma deficiência deste tipo de implementação.
Atualmente, porém, os sistemas modernos de distribuição são caracterizados por
apresentar um eficiente Sistema de Gerenciamento da Distribuição (DMS, do inglês,
Distribution Management System) [3], o qual tem como uma de suas principais funções a
realização de um controle de tensão e potência reativa eficiente e integrado (IVVC, do inglês,
Integrated Volt/Var Control) [4], [5]. Na prática, o uso do IVVC associado ao DMS é possível
devido a presença de equipamentos de medição avançada, comunicação em duas vias e centrais
de processamento e controle. O IVVC é caracterizado por ser um controle centralizado, dado
que a adoção de uma lógica central permite atingir um controle eficiente para um grupo de
equipamentos geograficamente dispersos [1],[6]. Nas centrais de processamento e controle,
diferentes técnicas de solução podem ser empregadas para obter os ajustes dos equipamentos
que compõem o IVVC, como técnicas de otimização [7] e [8]; inteligência artificial [9]; e até
mesmo o uso de regras [10].
Em algumas concessionárias de países desenvolvidos, muitas vezes motivadas pela
crescente penetração de geração distribuída (GD) (especialmente geração solar fotovoltaica –
FV), cuja inclusão pode afetar a regulação de tensão e potência reativa, o IVVC já é uma
realidade. Tal controle é utilizado com o objetivo de melhorar a eficiência da rede, conforme
destacado em [1], em que casos na Luisiana, Oklahoma e Washington são avaliados. Entre os
22
resultados da utilização do controle Volt/Var destacam-se a melhora no perfil de tensão e a
diminuição de aproximadamente 5% na energia consumida em dois alimentadores de Luisiana;
a redução de carregamento de 75 MW (para um período de 8 anos), e a minimização das perdas
elétricas e dos custos operacionais através da otimização Volt/Var (VVO, do inglês, Volt/Var
Optimization) em Oklahoma; e as economias anuais de energia de 53.856 MWh/ano (sendo
11.226 MWh/ano deste valor referente à economia nas perdas elétricas) em Washington [1].
Apesar das vantagens que podem ser obtidas com o uso do controle centralizado, há
também alguns desafios para sua implementação. De forma geral, o uso de um controle
centralizado de tensão e potência reativa depende do envio de um grande volume de dados
provenientes de diferentes pontos do sistema, o que pode ser um obstáculo para uma operação
em tempo real ou quase real. Além disso, devido a esta dependência dos sistemas de
comunicação, caso ocorra alguma falha de comunicação, o controle centralizado pode operar
incorretamente [11].
Desta forma, para evitar os problemas associados ao controle centralizado e superar as
deficiências do controle local, uma solução consiste em manter a estrutura tradicional de
controle local e coordená-la com o controle centralizado, criando uma hierarquia entre eles.
Entre os trabalhos que evidenciam tal coordenação, destacam-se [8], [12] e [13], em que os
autores utilizam otimização em um sistema de gerenciamento, enfatizando o uso do controle
centralizado para operação em tempo quase real. Já em [14], [15] e [16], investiga-se o uso de
um controle hierárquico, mas não são detalhados sua aplicação nem o equacionamento
necessário para a implementação. Em [16], por exemplo, há características semelhantes às
aplicadas neste trabalho, considerando uma estrutura com controle local e controle centralizado.
Contudo, os autores utilizam uma formulação dedicada a sistemas balanceados (formulação
monofásica), além de não apresentarem a aplicação em um sistema de proporções reais. Em
suma, a maioria dos trabalhos concentra-se no algoritmo do controle Volt/Var, e poucos
apresentam detalhes de como integrá-lo aos sistemas de distribuição reais e/ou não apresentam
formulação trifásica, importante para a representação de sistemas típicos de distribuição.
Neste contexto, o foco deste trabalho é apresentar uma análise crítica dos possíveis
benefícios e limitações relacionados à adoção de um controle Volt/Var hierárquico, que atue de
forma a otimizar a operação de sistemas de distribuição modernos, considerando a coordenação
dos controles local e centralizado. O controle local, mais simples e com atuação mais rápida, é
considerado atuante em todos os instantes, com exceção daqueles em que o controle
centralizado é executado. O controle centralizado é executado menos frequentemente e
sobrepõe os comandos do controle local, mantendo a hierarquia objetivada, uma vez que este
23
otimiza o funcionamento do sistema e considera atuações integradas dos equipamentos de
regulação.
Outro aspecto importante deste trabalho consiste na apresentação de uma metodologia
de estudo para o controle proposto que integra um software de otimização clássica, um software
de análises de sistemas de distribuição de energia elétrica e um terceiro software para a
integração dos dois primeiros. Utiliza-se ainda formulação trifásica do problema de fluxo de
potência ótimo aplicada a sistemas-teste de distribuição baseados em sistemas reais. Além
disso, tendo em vista o aspecto de modernização explorado no trabalho, testes do controle
Volt/Var explorando funcionalidades dos inversores inteligentes dos sistemas FVs também são
apresentados.
Os resultados dos estudos realizados demonstram os ganhos associados à
implementação de um controle Volt/Var hierárquico em diferentes sistemas de distribuição.
Sua eficácia é comprovada a partir da melhoria verificada nas medidas de tensão e de perdas
elétricas, que apresentam respectivamente, um perfil de tensão mais próximo de 1 pu, e uma
redução nas perdas das linhas, quando comparados aos resultados fazendo uso do controle de
tensão e potência reativa convencional – feito localmente.
Ressalta-se que para a metodologia proposta, é considerado que o sistema de
distribuição possui uma infraestrutura de comunicação que permite a troca de informações entre
os componentes do sistema, além de medições sem qualquer tipo de erro.
1.1 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Os capítulos desta dissertação estão divididos da seguinte forma.
O Capítulo 2 apresenta os conceitos básicos da aplicação do controle Volt/Var em
sistemas de distribuição de energia. Define-se a aplicação convencional deste controle e uma
nova técnica, o controle Volt/Var integrado – que considera a modernização dos sistemas de
distribuição – é apresentada.
O Capítulo 3 expõe a metodologia adotada neste trabalho. É apresentado desde a
formulação do problema de otimização, essencial na execução do controle centralizado, até o
funcionamento completo da hierarquia proposta.
O Capítulo 4 apresenta os resultados obtidos com a aplicação da metodologia de
controle proposta, considerando os equipamentos tradicionalmente empregados no controle
Volt/Var. São avaliados dois sistemas-teste, um composto apenas pela rede primária de
24
distribuição, e o outro, um alimentador de distribuição completo (com o primário e o
secundário).
O Capítulo 5 apresenta uma análise complementar do uso da metodologia de controle
proposta. Neste capítulo, é apresentado outro sistema de distribuição que possui uma rede
secundária mais detalhada do que o sistema avaliado no Capítulo 4, e no qual são inseridos
sistemas fotovoltaicos. Estes sistemas podem ser instalados com inversores inteligentes, que
também podem ser otimizados através da metodologia desenvolvida. Destaca-se que no início
deste capítulo é apresentada uma breve revisão sobre o impacto da geração FV na tensão do
sistema e sobre as funcionalidades dos inversores inteligentes que podem ser utilizados com
esse tipo de geração.
O Capítulo 6 apresenta as principais conclusões deste trabalho, além de sugestões para
a continuidade do mesmo.
25
2 CONTROLE VOLT/VAR
A diminuição de perdas técnicas e a manutenção da tensão em níveis adequados,
objetivos do VVC, estão entre as principais preocupações das agências reguladoras e das
concessionárias de distribuição de energia elétrica. No Brasil, por exemplo, a Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL) estabelece, no módulo 8 do PRODIST (Procedimentos de
Distribuição) [17], regras que classificam a tensão em adequada, precária e crítica (com limiares
que variam conforme o valor da tensão nominal), além de uma recomendação de fator de
potência mínimo de 0,92 [17]. Assim, é dever das concessionárias garantir que a tensão e a
potência reativa não violem os limites recomendados, garantindo que os sistemas de
distribuição operem de forma eficiente e que as cargas dos consumidores não tenham seu
desempenho e vida útil diminuídos.
Por muitos anos, técnicas de controle de tensão e de potência reativa têm sido adotadas
para este fim e, até hoje, a abordagem mais utilizada emprega o controle local [1], no qual a
partir da medição de uma determinada variável elétrica o equipamento controlável é atuado
conforme uma lógica pré-definida no mesmo – como ilustrado na Figura 2-1. Neste tipo de
controle Volt/Var os equipamentos operam de maneira independente, ou seja, não se
consideram as alterações nos outros equipamentos que participam do mesmo tipo de controle.
Figura 2-1 – Ilustração do funcionamento do controle local. Adaptado de [18].
O controle de tensão (Volt control) usa equipamentos reguladores de tensão para manter
as tensões do sistema dentro dos limites em qualquer condição de carregamento. Já o controle
de potência reativa (Var control) pode ser ilustrado pelo uso de capacitores ou compensadores
estáticos para reduzir o fluxo de potência reativa no alimentador com o intuito de reduzir as
26
perdas elétricas e melhorar o fator de potência da rede [1]. O controle de potência reativa
também impacta na regulação de tensão uma vez que resulta na diminuição da corrente drenada
a partir da subestação e, consequentemente, da queda de tensão ao longo do circuito [4].
Geralmente, um sistema de distribuição apresenta fluxo de potência unidirecional. A
corrente deste tipo de sistema flui a partir da subestação causando sucessivas quedas de tensão,
proporcionais à impedância dos condutores, afetando a tensão final nos consumidores [9].
Adicionalmente, além do efeito da queda de tensão, a corrente fluindo através do circuito
também resulta em perdas elétricas e consequentemente, na diminuição da eficiência do sistema
elétrico.
Através da regulação de tensão e potência reativa é possível diminuir as perdas do
sistema, manter um perfil de tensão adequado e aumentar o limite máximo de carga suportada
pelo alimentador, já que a queda de tensão é um fator limitante de carregamento [4]. A Figura
2-2 ilustra o perfil de tensão em um sistema típico de distribuição com e sem regulação, para
exemplificar o seu efeito sobre o perfil de tensão.
Figura 2-2 – Perfil de tensão para um sistema com regulação (Adaptado de [4]).
Destaca-se que as ações para controlar a tensão ou a potência reativa podem ser
conflitantes entre si, como resultado de uma configuração indevida de determinado dispositivo,
agravando problemas que deveriam ser corrigidos. Assim, é desejável elaborar uma estratégia
27
adequada de controle coordenado-integrado para evitar o conflito na atuação dos equipamentos
controláveis [1].
Para auxiliar a escolha destas estratégias, este capítulo apresenta os principais
equipamentos empregados no controle de tensão e potência reativa, seguidos pela discussão de
possíveis arquiteturas de controle Volt/Var. São também apresentados métodos de solução que
podem ser empregados em um controle Volt/Var integrado e ainda como tal controle vem sendo
aplicado a sistemas modernos de distribuição.
2.1 EQUIPAMENTOS PARA O CONTROLE DE TENSÃO E POTÊNCIA REATIVA
Os equipamentos comumente utilizados para o controle de tensão e potência reativa nos
sistemas de distribuição, exibidos na Figura 2-3 (a)-(c), são o transformador com OLTC, o
regulador de tensão (RT), e o banco de capacitores (BC), respectivamente, sendo que os dois
primeiros se diferem basicamente em aspectos construtivos, atuando de maneira semelhante
[19]. As concessionárias podem instalar estes equipamentos tanto na subestação (SE) quanto
ao longo do alimentador, sendo tal escolha feita principalmente de acordo com a topologia do
alimentador e a filosofia de controle da empresa. Adicionalmente, com o avanço da eletrônica
de potência, novos equipamentos estão sendo considerados, como os reguladores de tensão
estáticos e os compensadores de potência reativa estáticos, que permitem o ajuste contínuo das
grandezas de interesse [3].
(a) Transformador com
OLTC. Extraído de [20].
(b) Regulador de tensão.
Extraído de [21].
(c) Banco de capacitores.
Extraído de [21].
Figura 2-3 – Equipamentos tradicionais para o controle Volt/Var.
28
2.1.1 Transformador com OLTC
Os transformadores de potência localizados na SE são trifásicos, e podem ser equipados
com tap que só pode ser chaveado quando o transformador estiver operando sem carga (No
Load Tap Changer) ou com tap que pode ser alterado sob carga (On Load Tap Changer,
OLTC). O transformador com OLTC é muito utilizado na regulação de tensão e há casos em
que apenas a sua utilização é suficiente para o suporte de tensão necessário em uma rede de
distribuição [19].
Tipicamente, o OLTC do transformador de potência permite uma variação de até ±10%
no valor da tensão regulada, e tal variação ocorre nas três fases simultaneamente, com o
monitoramento de apenas uma delas. Desta forma, assume-se que todas as três fases do sistema
possuem cargas semelhantes, isto é, sejam praticamente balanceadas. Além disso, quando uma
fase do OLTC falha ou precisa de manutenção, todo o transformador deve ser retirado de
serviço. Uma alternativa proposta em [22] é a substituição do transformador com OLTC por
um transformador sem esse mecanismo adicionando-se três reguladores de tensão monofásicos,
melhor explicado ao fim da próxima seção. Esta abordagem, porém, não foi disseminada até o
momento [1].
2.1.2 Regulador de tensão
Para sistemas de distribuição que apresentam valores significativos de queda de tensão
é usual, além de utilizar o transformador com OLTC, usar reguladores de tensão ao longo dos
alimentadores [19]. Dois tipos principais de reguladores de tensão podem ser encontrados na
literatura: o do tipo step e o de indução, que se tornou obsoleto e acabou sendo substituído em
totalidade pelo primeiro tipo [23]. O regulador de tensão do tipo step é um autotransformador
que possui um comutador de tap sob carga e um mecanismo de controle. A atuação conjunta
dos dois mecanismos permite ao regulador alterar o módulo de tensão em até ±10%, divididos
em 32 passos, cada um representando uma variação de 5/8% na tensão [23].
O diagrama esquemático do regulador de tensão é apresentado na Figura 2-4 (a). De
acordo com este diagrama, é possível observar que os valores do módulo de tensão e corrente
no ponto em que o regulador de tensão está instalado são medidos utilizando-se um
transformador de potencial (TP), e um transformador de corrente (TC), respectivamente.
Para o ajuste do controle é necessária a definição de três parâmetros do regulador de
tensão: a tensão de referência, a largura de banda e o tempo de atraso. A tensão de referência,
29
normalmente definida na base de 120 V, é a tensão que deve ser mantida pelo regulador com
uma margem de variação equivalente ao valor da largura de banda. Já o tempo de atraso consiste
no tempo que a tensão pode permanecer fora dos limites da largura de banda sem que o
regulador atue. São utilizados valores típicos de 2 a 2,5 V para a largura de banda, e 30 a 60 s
para o tempo de atraso [19]. A Figura 2-4 exibe o esquema de atuação do regulador (a) e a
representação dos três parâmetros descritos (b).
(a) Diagrama esquemático do RT.
(Adaptado de [24]).
(b) Parâmetros de controle do RT.
(Adaptado de [19]).
Figura 2-4 – Características do regulador de tensão.
É importante ressaltar que esta temporização também deve levar em conta a presença
de outros reguladores de tensão no alimentador. De acordo com [19], o tempo de atraso deve
ser maior conforme a distância até a SE aumenta. Isso deve ocorrer pois mudanças no tap dos
reguladores localizados ao fim do alimentador não influenciam os valores de tensão a montante
deles, já as mudanças nos reguladores localizados no começo do alimentador afetam a tensão
em todo o trecho a jusante deles. Esta abordagem é a considerada neste trabalho, mas é relevante
destacar que a concessionária pode escolher uma metodologia de temporização diferente,
priorizando por exemplo, uma menor quantidade de chaveamentos do transformador com
OLTC, mesmo ele sendo o equipamento mais a montante, devido ao fato de ele ser um
equipamento mais caro e o excesso de chaveamentos diminuir sua vida útil.
Ademais, o controle do regulador de tensão pode ser aprimorado com a inclusão do
circuito compensador de queda de linha (LDC, do inglês, Line Drop Compensator), exibido na
Figura 2-5. Este circuito permite definir um ponto de regulação (PR) que não seja o próprio
terminal do equipamento, o que pode ser muito útil na regulação remota do sistema. Contudo,
como esta abordagem não é considerada neste trabalho, não serão dados maiores detalhes a
respeito de seu funcionamento [19].
30
Figura 2-5 – Circuito do regulador de tensão com o LDC (Adaptado de [19]).
Por fim, como previamente citado, os reguladores de tensão geralmente são instalados
ao longo do alimentador, sendo unidades monofásicas. Porém, estes equipamentos também
podem ser utilizados na subestação com unidades trifásicas ou monofásicas [20]. Devido à
flexibilidade e confiabilidade de seu uso, muitas concessionárias estão projetando suas
subestações com reguladores de tensão monofásicos ao invés de transformadores trifásicos com
OLTC. Isso apresenta vantagens para casos em que as cargas são desbalanceadas, uma vez que
as correções exigidas por cada fase podem ser diferentes entre si, além de exigir manutenção
apenas na fase que apresentar falhas. Entretanto, uma desvantagem do uso de unidades
independentes por fase é o maior tamanho do equipamento. Do ponto de vista econômico, tal
implementação é mais viável se o transformador for de até 20 MVA [1].
A influência do regulador de tensão e do transformador com OLTC na variação do nível
de tensão pode ser mais bem entendida pela análise do modelo π do transformador, apresentado
na Figura 2-6.
Figura 2-6 – Modelo π do transformador.
Os dois ramos em derivação apresentam características opostas (capacitiva ou indutiva),
de acordo com o valor da relação de transformação a [25]. Caso o valor do parâmetro a seja
igual a 1, ou seja, o tap está localizado na posição zero (nula), o efeito das admitâncias em
derivação é nulo, e apenas a admitância série ykm, expressa em (2-1), é considerada. Sendo gkm
e bkm a condutância e a susceptância do trecho.
kmkmkm jbgy (2-1)
31
Caso o valor do parâmetro a seja maior que 1, o que implica em uma atuação elevadora
por parte do transformador, a derivação da barra k apresenta efeito indutivo, enquanto a da barra
m apresenta efeito capacitivo. Estes efeitos tendem a influenciar o aumento da tensão da barra
m e a diminuição da tensão na barra k. Por outro lado, caso o valor do parâmetro a seja menor
do que 1, implicando em uma atuação abaixadora, a derivação da barra k apresenta efeito
capacitivo, enquanto a da barra m apresenta efeito indutivo. Assim, a tendência é a tensão da
barra k aumentar, e a da barra m diminuir. A Figura 2-7 (a) e (b) exibe as situações dos dois
casos retratados.
(a) a > 1. (b) a < 1.
Figura 2-7 – Representação do modelo π para configuração elevadora e abaixadora.
2.1.3 Bancos de capacitores (BCs)
Bancos de capacitores em derivação são muito utilizados em sistemas de distribuição,
podendo ser do tipo fixo ou chaveado [23]. O tipo fixo provê uma compensação de reativos
constante ao longo do dia (a qual pode não ser muito efetiva devido à variabilidade da carga).
Já o tipo chaveado, mais flexível, supera as deficiências do tipo fixo, contribuindo para a
redução de perdas, para o aumento da capacidade do sistema, e para a regulação de tensão.
Inclusive, devido ao seu custo reduzido e à facilidade de instalação, ele pode ser usado em
maior quantidade do que os reguladores de tensão e os transformadores com OLTC, sendo até
mesmo a opção de algumas concessionárias para fazer a correção de tensão [1], [26].
Os bancos de capacitores são fontes locais de potência reativa, sendo usados
principalmente para reduzir as perdas elétricas, e auxiliar de maneira indireta na regulação de
tensão. O efeito do capacitor é resultado da geração de corrente reativa capacitiva que compensa
a componente indutiva da corrente requerida por um motor (MOT) ou outra carga de
característica indutiva, situação apresentada na Figura 2-8.
32
Figura 2-8 – Efeito do capacitor (Adaptado de [27]).
Com a redução da corrente de linha, Ilinha, além da redução das perdas elétricas, são
reduzidas também as componentes resistiva e reativa (R.Ilinha e XL.Ilinha) das quedas de tensão,
o que melhora a regulação de tensão. Ademais, como resultado da compensação da potência
reativa, o fator de potência também é elevado.
O banco de capacitores normalmente é classificado de acordo com o seu nível de
potência reativa, sendo o acréscimo de tensão ao sistema uma consequência do seu
fornecimento de potência reativa. O aumento de tensão, Vaum, em %, proporcionado pelo banco
de capacitores pode ser considerado praticamente constante [19], como representado por (2-2):
%100V10
XQV
2
l(kV)-l
linha(kvar)cap
aum(%)
(2-2)
em que, Qcap(kvar) é a potência reativa trifásica do banco de capacitores, em kvar; Xlinha é a
impedância de sequência positiva da fonte até o banco de capacitores, em Ω; e Vl-l(kV) é a tensão
de linha da rede, em kV.
Os bancos de capacitores chaveados podem possuir alguns tipos de ajuste lógico que
determina se uma ou mais unidades devem ser conectadas ou desconectadas. As opções de
controle mais comuns são: controle por tempo, tensão, temperatura, potência reativa e fator de
potência [23]. De forma geral, o controle por tensão é o mais apropriado quando o objetivo
principal do banco é regular a tensão, enquanto que o controle de potência reativa é o mais
apropriado para reduzir as perdas [19]. Antigamente, o tipo de controle mais popular era o
baseado em tempo, principalmente devido ao seu custo reduzido de instalação e à
impossibilidade de comunicação remota. Hoje, contudo, este tipo de controle é pouco
empregado, sendo os principais motivos, a falta de previsibilidade da carga, o seu alto custo de
manutenção – devido ao uso de baterias para manter o controle energizado durante interrupções
de energia, e a baixa taxa de confiabilidade [2].
33
A instalação dos bancos de capacitores pode ocorrer tanto na SE quanto ao longo do
alimentador. As concessionárias geralmente instalam os capacitores em postes ao longo da rede
de distribuição, que é a maneira mais econômica, podendo prover de 300 a 3.600 kvar por
instalação [19]. Para uma coordenação apropriada com os outros equipamentos conectados aos
sistemas de distribuição, os capacitores também apresentam um tempo de atraso para sua
atuação, e a coordenação entre eles segue uma abordagem contrária àquela descrita para os
equipamentos reguladores de tensão. A atuação deste tipo de equipamento deve ser iniciada
pelo banco localizado mais a jusante, o qual deve apresentar um menor tempo de atuação [19].
2.1.4 Equipamentos modernos
Com a disseminação dos equipamentos que integram eletrônica de potência, novos
dispositivos estão surgindo, como os reguladores de tensão estáticos e os compensadores de
potência reativa estáticos, cujo uso é mais difundido em sistemas de transmissão [3]. Estes
equipamentos permitem o ajuste contínuo das grandezas de interesse, fornecendo a quantidade
exata de potência reativa necessária ao sistema. Ainda para o suporte de potência reativa e
controle de tensão, inversores instalados junto aos geradores distribuídos também podem ser
utilizados [26], e são abordados com mais detalhes no Capítulo 5. Esta nova tendência de
equipamentos já está sendo considerada nas etapas de modernização das redes de distribuição,
e deve auxiliar no controle de tensão e potência reativa [3].
2.2 ARQUITETURAS DE CONTROLE VOLT/VAR
O controle dos equipamentos de regulação pode ser feito localmente através de ajustes
preestabelecidos, geralmente com ações disparadas pela violação de limiares – conforme
apresentado na seção 2.1 – ou por acionamento remoto através de ajustes periódicos.
Basicamente, o controle de tensão e potência reativa pode empregar uma das seguintes
arquiteturas de automação: o controle local e o centralizado. O controle centralizado pode ser
concentrado na subestação (também chamado de descentralizado) ou em uma central de
controle que seja responsável por alimentadores de várias subestações da mesma
concessionária, conforme representado em [5], [18] e [28].
1) Controle Local: controle simples, não possui infraestrutura de comunicação, e é atuado
manualmente ou automaticamente com base nas medições locais de determinada
34
grandeza elétrica. Neste caso, a inteligência está localizada apenas nos controles locais
dos equipamentos – tendo automação local na forma de IEDs (do inglês, Intelligent
Electronic Devices) isolados. Para a aplicação desta arquitetura de controle Volt/Var
não é necessário um alto nível de modernização do sistema de distribuição.
De acordo com a classificação proposta em [3], o uso do controle local pode
estar vinculado a um Nível 0 de modernização da rede de distribuição, no qual a maioria
dos processos é feita manualmente ou com pouca automação. Composto principalmente
por dispositivos eletromecânicos; não há comunicação de dados; e a maioria das ações
é baseada em medições locais. Monitoramento e controle remotos dos equipamentos do
alimentador não são possíveis neste nível.
2) Controle Centralizado: é mais complexo que o controle local, pode compreender toda
a rede de distribuição de uma concessionária e tem sua lógica implementada em centrais
de processamento dos equipamentos controláveis. Permite interações entre os
equipamentos de regulação e precisa de uma infraestrutura avançada de comunicação
em duas vias. Geralmente apresenta um DMS na central de controle, e está no topo do
nível hierárquico do VVC.
Uma variação de seu uso inclui considerar a estrutura de controle fora do centro
de operação de distribuição (COD), por exemplo em alguma subestação da rede de
distribuição. Tal uso pode ser designado como controle descentralizado ou centralizado
na subestação, no qual a lógica de controle é estabelecida geralmente na própria
subestação. Pode ser considerado como um nível intermediário de controle que atende
as necessidades de uma região mais restrita, possuindo suas próprias vias de
comunicação, além de um sistema DMS exclusivo. Esta arquitetura permite uma troca
de informações mais rápida que a do controle centralizado (que abrange uma área maior)
e quanto mais alimentadores por SE, mais custo-efetiva ela se torna.
O uso de arquiteturas de controle que funcionem de maneira centralizada,
possuindo seu próprio sistema de gerenciamento, é possibilitado pelo avanço no
processo de modernização das concessionárias de distribuição. Tal processo tem sido
notório nos últimos anos, e mesmo sem o interesse de instalar grandes quantidades de
geração distribuída em seus sistemas, o desejo das concessionárias por um maior nível
de automação, que permita melhorar a qualidade e confiabilidade da energia, vem
crescendo gradativamente [11].
Segundo [3], diferentes configurações de automação podem ser consideradas
para aplicação do controle Volt/Var centralizado. Os níveis 1, 2 e 3 aqui descritos são
35
exemplos de como o controle centralizado pode ser incrementado dependendo do nível
de modernização do sistema de distribuição. O Nível 1, por exemplo, destaca o uso do
controle Volt/Var centralizado para uma técnica de controle baseada em regras; já o
Nível 2 permite o uso integrado dos equipamentos controláveis, possibilitando inclusive
a otimização Volt/Var; e o Nível 3, semelhante ao Nível 2 com relação ao controle
Volt/Var, considera a existência de equipamentos mais avançados na rede de
distribuição. Uma descrição mais detalhada destes três níveis é apresentada a seguir.
Nível 1: Controle remoto e automação da subestação – utiliza dispositivos
eletrônicos inteligentes (IEDs) e estrutura de comunicação de dados para atribuir
monitoramento e controle nas subestações, possibilitando a troca de informações
entre os IEDs da subestação e o centro de controle (que geralmente possui um
sistema SCADA – do inglês, Supervisory Control and Data Acquisition). A
existência do sistema SCADA e das estruturas de comunicação deste nível permitem
uma aplicação do VVC baseada em regras, a qual tem sua lógica centralizada e pode
considerar mais de uma subestação, mas que não considera um controle integrado
de todos os equipamentos participantes do Volt/Var. A Figura 2-9 ilustra este nível.
Figura 2-9 – Nível 1 de modernização (Extraído de [3]).
Nível 2: Controle remoto e automação do alimentador – O alimentador apresenta
monitoramento remoto e controle avançado que permitem a coordenação dos
equipamentos de campo. Este nível inclui a instalação de sensores inteligentes em
muitos locais estratégicos ao longo do alimentador, além de infraestruturas de
comunicação de duas vias. O VVC neste nível pode ser implementado de maneira
integrada, ou seja, como IVVC, e a otimização também pode ser realizada com um
controle que funcione de maneira centralizada. A Figura 2-10 ilustra este nível.
36
Figura 2-10 – Nível 2 de modernização (Extraído de [3]).
Nível 3: Integração e controle de GD e armazenamento de energia – Mais alto nível,
inclui armazenamento de energia, fontes estáticas de potência reativa e estruturas de
controle e comunicação avançadas. O controle Volt/Var integrado e centralizado
pode ser aperfeiçoado através do uso dos novos equipamentos baseados em
eletrônica de potência. A Figura 2-11 ilustra este nível com todos os componentes
de uma rede moderna.
Figura 2-11 – Nível 3 de modernização (Extraído de [3]).
Além de influenciar na arquitetura do controle Volt/Var, o nível de modernização do
sistema de distribuição influencia suas estratégias de controle, permitindo – além da
manutenção do perfil de tensão e do fator de potência em limites aceitáveis – o estabelecimento
de novas metas, tais como [29]:
Promover auto monitoramento do sistema;
37
Permitir que o operador sobreponha um comando;
Executar suas ações mesmo com a reconfiguração do alimentador;
Considerar a integração de novos dispositivos (e.g. GD, STATCOM, veículos elétricos,
entre outros);
Prover um controle coordenado ótimo.
Estas metas podem ser atingidas utilizando-se métodos de solução Volt/Var adequados,
conforme os discutidos a seguir, cujo foco é no controle Volt/Var integrado.
2.3 MÉTODO DE SOLUÇÃO DO CONTROLE VOLT/VAR INTEGRADO
O IVVC pode ser considerado como uma função avançada que determina o melhor
conjunto de ações de controle para todos os equipamentos de regulação de tensão e potência
reativa, visando atingir determinados objetivos operacionais sem violar os limites de operação
do sistema [1].
Neste trabalho, o controle Volt/Var hierárquico é composto pelo controle local (de
menor prioridade) e pelo controle centralizado na subestação (cujos ajustes são prioritários). O
controle centralizado utiliza medições provenientes de diversos pontos do sistema, informações
da topologia e das impedâncias do sistema e as aplica em uma lógica (método de solução) para
obter valores de ajuste dos equipamentos controláveis que permitam atender os requisitos de
tensão e potência reativa de forma integrada, caracterizando o IVVC.
Entre os métodos de solução que podem ser empregados, destacam-se os baseados em
otimização; inteligência artificial; e em regras (rule based), conforme apresentado na Figura
2-12. A classe dos métodos de IVVC fundamentados em otimização recebe o nome de
Otimização Volt/Var (VVO).
38
Figura 2-12 – Classificação dos métodos de solução do controle Volt/Var integrado (IVVC) encontrados na
literatura.
Para a solução do problema de VVO, técnicas de otimização clássica ou metaheurísticas
podem ser empregadas. Da otimização clássica, em [30] os resultados das técnicas de Branch-
and-Bound e programação dinâmica são comparados, visando definir o algoritmo mais
adequado para a configuração dos reguladores de tensão e capacitores ao longo de um período
de 24 horas. Em [31] e [32], os autores propõem o uso de programação linear para atingir a
otimização do sistema. [31] destaca seu uso para determinar o fator de potência da GD e os taps
dos reguladores existentes, a fim de maximizar a penetração de GD. Já [32] faz uso de técnicas
de sensibilidade para ajustar as variáveis de controle e minimizar as perdas elétricas.
Nos trabalhos mencionados acima, os autores consideram a implementação de
algoritmos de otimização específicos para a solução do problema de VVO. Contudo, tais
soluções podem ser obtidas também pelo uso de um software de otimização, o qual pode
compreender diferentes solvers para resolução de problemas da otimização clássica. A
aplicação de softwares de otimização é utilizada como ferramenta de solução nos trabalhos de
[8], [33], [12], [34], [35] e [24].
Os autores de [8] e [33] usam o software GAMS para resolver o problema de VVO. Em
[8] o problema é resolvido para duas funções objetivo distintas, uma para minimizar a energia
provinda da SE e a outra para minimizar a quantidade de chaveamentos dos equipamentos
controláveis. Já em [33], a otimização é utilizada durante a fase de planejamento do sistema
com o intuito de minimizar as perdas elétricas e reduzir o consumo de energia em uma rede que
considera a rede secundária como uma carga agregada.
39
Em [12], [34] e [35] o software AIMMS é a escolha dos autores, cuja principal
preocupação é incluir a GD na otimização. [12] minimiza o corte de geração simulando uma
operação diária que considera a intermitência da fonte renovável, enquanto [34] maximiza a
capacidade de GD da rede considerando situações de contingências, e [35] minimiza as perdas
elétricas considerando a acomodação ótima da GD e esquemas de controle de tensão.
Por fim, em [24] o autor explora a minimização das perdas elétricas e dos desvios de
tensão (separadamente), com o uso do software AMPL. Também há adição de GD, e a principal
preocupação do autor é avaliar diferentes técnicas de controle da fonte distribuída para melhorar
a operação do sistema.
Outra abordagem de VVO consiste no uso de metaheurísticas, conforme em [7], [36],
[37] e [38]. Em [7], o autor faz uso do algoritmo genético para resolver o IVVC de maneira
centralizada, objetivando reduzir o consumo de energia através da minimização dos níveis de
tensão na rede (conceito de CVR – Conservation Voltage Reduction). Esta mesma categoria de
algoritmo evolutivo é utilizada pelos autores de [36], que consideram o controle dos
equipamentos de regulação para minimizar as perdas elétricas e os desvios de tensão. Já a
estratégia de [37] aplica a técnica de otimização por enxame de partículas em uma rede de
média tensão composta de várias microrredes. O método de partículas é modificado e combina
estratégias evolucionárias em sua resolução, a qual tem por objetivo minimizar as perdas
elétricas da rede. Por fim, [38] faz uso das técnicas de algoritmo genético e busca Tabu para
desenvolver um controle Volt/Var centralizado que determina as ações de controle dos
equipamentos reguladores, incluindo o compensador estático de potência reativa (SVC),
durante a fase de planejamento da operação. Os autores consideram como função objetivo a
minimização dos desvios de tensão e das perdas elétricas – cada uma ponderada de acordo com
o desejo da concessionária.
Alternativamente à solução do VVO, outros trabalhos resolvem o VVC de maneira
integrada, mas sem considerar um resultado otimizado. Em [9], [39], [40] e [41] os autores
empregam técnicas baseadas em inteligência artificial para a solução do IVVC, enquanto [10]
e [42] escolhem abordagens baseadas em regras para o mesmo fim.
A metodologia de aprendizagem de máquina é aplicada em [9]. O autor desenvolve um
método centralizado para solução do IVVC a partir de abordagens que independem do
conhecimento dos parâmetros elétricos da rede. Com este método de controle a minimização
das perdas elétricas e a melhora nos índices de qualidade da energia elétrica são atingidos.
Objetivos semelhantes são pretendidos pelo trabalho desenvolvido em [39], que decompõe o
40
problema de VVC em dois subproblemas, um ao nível do alimentador e outro ao nível da
subestação, que são resolvidos através do uso de lógica Fuzzy.
Já em [40] e [41], o VVC é resolvido usando redes neurais artificiais com o objetivo de
minimizar as perdas do sistema. Na metodologia de [40] há uma aplicação combinada das
técnicas de redes neurais e algoritmo genético. Enquanto que em [41], algoritmos de retro
propagação sem alimentação são usados na determinação das variáveis de controle do
problema.
Por fim, no contexto de regras, em [42] os autores exploram um esquema de controle
supervisório (com controle local e a partir da SE) e desenvolvem um algoritmo baseado em
regras para implementar o IVVC e garantir a minimização das perdas. E em [10], a técnica
baseada em regras é avaliada em aplicações de um sistema de distribuição real, que apresenta
problemas de tensão verificados pela concessionária local.
Neste trabalho, emprega-se um método clássico de otimização explorando-se o uso do
software de otimização AIMMS na solução do IVVC. Assim como muitos trabalhos da
literatura a metodologia inclui a minimização das perdas elétricas e dos desvios de tensão. Mais
detalhes, que destacam as diferenças da abordagem aqui utilizada, são apresentados no Capítulo
3.
2.4 APLICAÇÃO DO IVVC NOS SISTEMAS MODERNOS DE DISTRIBUIÇÃO
Para que a aplicação do IVVC seja possível nos sistemas de distribuição atuais, uma
série de melhorias tecnológicas são necessárias e vem sendo recentemente implementadas.
Diferentemente dos sistemas de transmissão, que têm sua operação sustentada por
extensivos sistemas de monitoramento e comunicação, além de modelos em quase tempo real
do sistema para realizar estimação de estados, os sistemas de distribuição possuem uma
operação com automação limitada e mínimo monitoramento das condições do sistema [33].
Consequentemente, a infraestrutura atual dos sistemas de distribuição impõe limitações no
gerenciamento de carga, nos sistemas de controle e automação e na inclusão de veículos
elétricos, geradores distribuídos e sistemas de armazenamento. Entre as características do
sistema que levam a tais limitações estão o controle de tensão e potência reativa feitos
localmente, e a falta de sistemas de comunicação e medição adequados [11].
Por outro lado, com o conceito de redes elétricas inteligentes (REIs) cada vez mais
presente nos sistemas elétricos atuais, há um incentivo para uma automatização completa dos
41
sistemas de distribuição que inclua, entre outros atributos, sistemas avançados de medição,
comunicação em duas vias, além de um sistema de gerenciamento da distribuição, o DMS, o
qual permite o uso efetivo do IVVC para melhorar a operação do sistema [3].
O DMS é um sistema de suporte à decisão que deve melhorar a operação do sistema de
distribuição, possibilitando uma maior interação entre os seus diversos componentes. Isto é
obtido através da integração efetiva do monitoramento, da análise da rede e das aplicações de
controle, que permitem que as concessionárias de distribuição gerenciem o sistema durante
condições normais e de emergência eficientemente [5].
De acordo com a Figura 2-13 [5], os principais elementos do DMS são:
Sistema Avançado de Medição (AMI, do inglês Advanced Metering Infrastructure),
que pode fornecer, entre outras informações, medidas de tensão, corrente e potência
consumida ou injetada pelos clientes em tempo quase real;
Sistema de Gerenciamento de Interrupção (OMS, do inglês Outage Management
System), encarregado pelo tratamento das interrupções no fornecimento de energia
e tipicamente composto pelo método de detecção, classificação, e localização do
defeito bem como o método de restauração do sistema;
Sistema de Informação Geográfica (GIS, do inglês Geographic Information System),
que provê informação georreferenciada dos equipamentos do sistema;
Sistema de Controle e Aquisição de Dados (SCADA), que provê monitoramento e
controle em tempo real ou quase real dos equipamentos de toda a rede;
Aplicações avançadas da distribuição, que auxiliam na tomada de decisão para
atingir a otimização do sistema; e a interface para sistemas externos, que permite a
interação com outras ferramentas. Entre as aplicações avançadas destaca-se a
Otimização Volt/Var.
42
Figura 2-13 – A estrutura do DMS (Adaptado de [5]).
O controle Volt/Var pode ser considerado uma das principais funcionalidades do DMS
– sendo em muitos casos a justificativa para sua implementação –, e apesar dos elevados custos
associados à sua implementação, diversos casos de aplicação podem ser encontrados na
literatura, e alguns deles são expostos na sequência.
2.4.1 Cenário internacional
Muitas concessionárias têm conduzido demonstrações com testes de campo de
aplicações avançadas da distribuição, como o VVO – realizável com a implantação de um
DMS–, e estão percebendo os potenciais benefícios do processo de modernização. Alguns casos
que consideram a inclusão dessas novas aplicações podem ser verificados na análise dos
seguintes projetos:
Green Circuit – Neste projeto, nove concessionárias dos EUA desenvolveram pesquisas
e testes de campo considerando a implementação da otimização do IVVC. Seis circuitos
foram selecionados para análise estendida, circuito A a circuito F, com o objetivo de
definir a abordagem mais custo efetiva para melhorar a eficiência dos sistemas. Dos seis
circuitos analisados, três deles incluíram o VVO nas melhores alternativas para
maximizar sua eficiência, comprovando assim as vantagens de investir nesta opção de
melhoria. A Tabela 2-1 esboça um resumo dos resultados deste projeto [43]. O custo
nivelado, apresentado na terceira coluna da Tabela 2-1, considera o custo total da opção
43
de melhoria nivelado pela economia de energia do sistema em toda sua vida útil. Já a
relação benefício-custo, quarta coluna, considera a relação entre o benefício obtido com
a medida e seu custo total, sendo considerados inclusive o valor da energia economizada
e o valor da redução da demanda de pico durante a vida útil de cada projeto.
Tabela 2-1 – Opções de melhoria para diferentes circuitos de nove concessionárias dos EUA [43].
Circuito Opção de melhoria
Custo
nivelado
(U$$/kWh)
Relação
benefício
-custo
Economia
de energia
(%)
A Balanço de fases + VVO +
recondutoramento 3,5 2,9 3,9
B Balanço de fases + VVO 0,6 17,0 3,6
C Balanço de fases + VVO 2,4 3,8 2,3
D Balanço de fases 2,1 4,7 1,3
E Apenas regulação de tensão 3,9 2,5 1,9
F Apenas regulação de tensão 0,6 16,2 2,6
Ressalta-se que os custos têm relação direta com as características topológicas dos
circuitos, que diferem entre si, e não apenas com o método de melhoria utilizado.
Toronto Hydro Electric – Toronto Hydro Electric System Limited é um conjunto de seis
concessionárias que serve a cidade de Toronto. A empresa tem entre seus objetivos
realizar a automação completa de seus alimentadores em um horizonte de 25 anos no
qual, no período de 3 a 10 anos (a partir de 2013), pretende implementar o IVVC para
a otimização da rede, considerando a minimização de perdas e desenvolvendo o DMS
[44].
BC Hydro – Em 2011 a BC Hydro, concessionária canadense responsável pela região
da British Columbia, começou a implementar o Smart Metering Program, com o
objetivo inicial de substituir os medidores atuais de seus clientes por medidores
eletrônicos inteligentes. A BC Hydro destaca que com o uso dos novos medidores, é
possível utilizar uma infraestrutura de telecomunicação avançada e assim, auxiliar
sistemas de gerenciamento avançados e outras aplicações. Entre as aplicações de
interesse a serem implementadas em seus sistemas de distribuição, destaca-se o VVO
[45].
Smart Grid Investment Grant – Este programa foi criado pelo departamento de energia
dos EUA (U.S. Department of Energy) e envolve 99 projetos relacionados a REIs,
dentre os quais 26 estão implementando um VVO avançado. A concessionária Avista,
responsável pela área que abrange a região dos estados de Washington e Montana nos
EUA, possui um sistema de gerenciamento com a função de VVO já implementada e
44
em fase de testes [46]. O principal objetivo do VVO da Avista é nivelar o perfil de tensão
nos alimentadores a fim de diminuir o consumo de energia. Na configuração deste
projeto, o DMS coleta informação através das unidades terminais remotas (UTRs) em
cada SE, e é conectado ao SCADA através de uma rede de fibra ótica. Uma
representação de sua aplicação é exibida na Figura 2-14.
Figura 2-14 – Configuração da rede modernizada da Avista (Extraído de [46]).
2.4.2 Cenário nacional
A motivação para o desenvolvimento de REIs no Brasil depende da realidade de cada
concessionária, que deve analisar sua real possibilidade de redução de custos com a melhoria
da operação do sistema, provinda da automação de processos internos [47], [48].
Segundo [47], no Brasil, o investimento em REIs foi postergado devido ao ambiente
fortemente regulado e às incertezas regulatórias. Apesar da existência de programas de
incentivo como o Inova Energia, que é uma iniciativa destinada a ações de inovação,
disponibilizada pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), pela ANEEL e pela Finep
(Financiadora de Estudos e Projetos), ainda não há uma política pública que viabilize uma
modernização do sistema elétrico em grande escala. Ainda assim, segundo a Agência Brasileira
de Desenvolvimento Industrial (ABDI), os investimentos das distribuidoras de energia são
destinados com 27% para GD, 20% para automação da distribuição, e 9% para sistemas de
medição inteligente [47].
No Brasil, o principal mecanismo de financiamento de projetos de REIs é o Programa
de Pesquisa & Desenvolvimento da ANEEL, que possibilita o desenvolvimento de projetos que
devem influenciar a modernização do setor elétrico brasileiro. Tais projetos servem para testar
tecnologias e avaliar sua viabilidade econômica, e entre tantos, destacam-se os projetos da
CEMIG, da Ampla/Endesa Brasil, da EDP Bandeirantes, da Light, da AES Eletropaulo, da
Copel, e da CPFL [48].
45
Nos projetos desenvolvidos, diversos subtemas envolvendo REIs podem ser
selecionados. Com relação à implementação do VVO, dois projetos em particular especificam
diretrizes envolvendo esta temática:
CEMIG – O projeto piloto da CEMIG, denominado Cidades do Futuro, encontra-se em
desenvolvimento na cidade de Sete Lagoas/MG. A iniciativa concentra seus esforços na
automação completa da rede, o que requer medição inteligente, redes de comunicação
operacionais, sistemas para operação da SE, gerenciamento e integração de GD, entre
outras funcionalidades. O VVO também está incluído no projeto e deve contemplar
inicialmente a automação de oito BCs na rede de distribuição para otimizar os níveis de
tensão [48].
AES Eletropaulo – Sua principal iniciativa inclui o Projeto Eletropaulo Digital, em
desenvolvimento na cidade de Barueri/SP. Neste projeto, são integradas várias soluções
tecnológicas inovadoras nas áreas de medição, automação e telecomunicação. Com
relação ao VVO, o projeto prevê a implantação de soluções de controle nas subestações
e nos alimentadores, que deve ser feita através do desenvolvimento de um portal e
aplicativos móveis ligados ao SCADA para possibilitar a visualização de informações
em tempo real [48]. Além disso, o projeto também prevê a inclusão do DMS no centro
de operação, com o desenvolvimento de lógicas de VVC centradas na SE [49].
2.5 USO DO CVR: UMA ALTERNATIVA QUE PODE AUXILIAR O IVVC
Uma alternativa de solução que também faz parte das estratégias de Volt/Var é a
aplicação do conceito de CVR (do inglês, Conservation Voltage Reduction), o qual tende a
manter os níveis de tensão em valores mais baixos, proporcionando, entre outros benefícios, a
redução do consumo de energia.
O conceito de CVR é bem difundido em aplicações dos sistemas de distribuição, e
diversos casos práticos podem ser encontrados na literatura, como em [1], [50] e [51]. Em [1],
são apresentados casos para melhorar a eficiência da rede através da otimização do Volt/Var
com CVR, o que de acordo com os autores pode reduzir a demanda de energia em cerca de 0,7-
1,0% para cada 1% de redução na tensão. Em [50] apresenta-se a aplicação prática do controle
Volt/Var otimizado com CVR em 11 alimentadores da rede norte americana de distribuição.
Nos testes de campo verificou-se aproximadamente 3% de redução no consumo de energia com
a estratégia de Volt/Var considerada. Por fim, em [51] é feita uma análise com os possíveis
46
impactos do CVR de acordo com o modelo de carga utilizado. De fato, quanto mais próximas
as cargas forem do modelo de impedância constante, mais eficiente é o CVR, pois a potência
da carga varia com o quadrado da tensão e pode ser decrescida com a redução deste parâmetro.
Para tensões mais baixas, o consumo de energia é reduzido. Assim, nas simulações
considerando o uso do CVR, o modelo de impedância constante deve ser considerado.
2.6 COMENTÁRIOS FINAIS DO CAPÍTULO
Neste capítulo, foram apresentados os principais conceitos referentes ao controle
Volt/Var tradicional e ao controle Volt/Var integrado, abordando inclusive aspectos de
implementação como possíveis arquiteturas e métodos de solução. Conforme informações
encontradas na literatura, os sistemas de distribuição de energia têm evoluído para melhorias
significativas na operação e planejamento provenientes da implementação de uma estrutura de
gerenciamento avançada. Entre as principais funções de gerenciamento destaca-se a otimização
Volt/Var, que é empregada neste trabalho no nível prioritário do controle hierárquico, que será
detalhado no próximo capítulo.
47
3 O CONTROLE VOLT/VAR HIERÁRQUICO PROPOSTO
Este capítulo apresenta a metodologia do controle Volt/Var hierárquico proposto neste
trabalho, que envolve o controle Volt/Var local e o centralizado na subestação (responsável
pela execução do IVVC). Adicionalmente, também são apresentados a formulação do problema
de otimização e os detalhes da modelagem trifásica empregada.
A escolha da estrutura hierárquica empregada neste trabalho é baseada no argumento
exposto em [11], que destaca que o controle centralizado é extremamente dependente do
sistema de comunicação, que pode falhar. Além disso, o controle centralizado dificilmente é
realizado em tempo real devido aos desafios relacionados ao envio simultâneo de uma grande
quantidade de dados a uma central de controle – entre estes desafios, destaca-se a latência do
canal. Portanto, para que o sistema de distribuição não fique sem controle entre atuações
consecutivas do controle centralizado, propõe-se que o controle Volt/Var seja composto da
camada de controle local, que atua a tempo contínuo, mas de forma desintegrada; e a camada
de controle centralizado na subestação, que atua em intervalos de tempo predeterminados e de
forma integrada. A hierarquia consiste na prioridade do controle centralizado sobre o controle
local, ou seja, sempre que o controle centralizado atua, os ajustes obtidos a partir desta lógica
sobrepõem os ajustes do controle local.
Técnicas que consideram o controle Volt/Var hierárquico podem ser verificadas em [14]
e [15]. Em [14], consideram-se os princípios de interação entre os controles local e centralizado
de maneira a coordenar o VVC com a reconfiguração do sistema. Já em [15], é definida uma
estrutura com os controles local e centralizado que mantém o controle local no nível mais baixo
recebendo comandos do controle centralizado, responsável por gerenciar o conjunto total e
obter os ajustes ótimos para todos os equipamentos controláveis. Nos dois trabalhos citados,
porém, poucos detalhes são discutidos sobre a forma de execução da hierarquia e sua aplicação.
Neste trabalho, a ideia é executar o IVVC como parte do DMS, reproduzindo uma
operação em tempo real (ou quase real), através da integração de três softwares distintos: o
AIMMS, o OpenDSS e o MATLAB. Mais informações sobre a estrutura do controle
hierárquico e da formulação adotada nos estudos são apresentadas a seguir.
3.1 ESTRUTURA DO CONTROLE HIERÁRQUICO
A representação da inserção do controle hierárquico na estrutura do DMS pode ser
verificada no esquema da Figura 3-1, na qual estão representados alguns equipamentos de
48
controle, localizados na subestação e no alimentador, bem como a interação entre os dados
provenientes do centro de operação de distribuição (COD), dados de medição e monitoramento,
e o controle Volt/Var. Nesta figura, o controle Volt/Var é representado pelo Fluxo de Potência
Ótimo (FPO) (controle centralizado) e pelos controles locais.
Figura 3-1 – Integração do controle hierárquico no DMS (Adaptado de [3]).
O controle Volt/Var integrado e centralizado na subestação da Figura 3-1 caracteriza
um tipo de VVO, o qual é resolvido pela solução de um FPO. Para obter os ajustes ótimos dos
equipamentos participantes do controle, utiliza-se o software AIMMS [52]. O AIMMS com o
solver IPOPT, apropriado para solução de problemas de programação não-linear (NLP – do
inglês, Nonlinear Programming) de grande porte, são utilizados como ferramentas para a
solução do FPO [53].
Como enfatizado anteriormente, nem sempre é possível executar o controle centralizado
a todo instante (em tempo real), assim, períodos preestabelecidos para sua execução são
considerados. Com relação ao controle local, este pode ser executado em todo instante e deve
ser devidamente coordenado para que as atuações dos equipamentos não sejam conflitantes.
Deste modo, na metodologia de controle proposta, o controle local constitui o nível primário
(ou nível mais básico) da hierarquia, sendo executado em tempo real – neste trabalho, a cada
15 segundos, conforme a discretização da curva de carga empregada –, enquanto o controle
centralizado, que constitui o nível secundário (prioritário), é executado de acordo com a
necessidade de sua atuação, que é verificada a cada período (ciclo) de 15 minutos. Destaca-se
49
que a discretização de 15 segundos é importante para os estudos devido à necessidade de
verificação da atuação dos controles locais – que apresentam tempos de atraso de 30 a
90 segundos.
A cada ciclo de 15 minutos são avaliadas as tensões do sistema (que definem os limites
da zona morta de atuação do controle centralizado), e caso a violação de algum destes limites
seja verificada, o controle centralizado é executado, redefinindo os ajustes dos equipamentos
controláveis através da solução de um FPO e sobrepondo os comandos do controle local naquele
instante. Esta atuação pode ser mais bem entendida pela análise da Figura 3-2.
Figura 3-2 – Fluxograma do controle hierárquico proposto.
De acordo com o fluxograma da Figura 3-2, o processo é iniciado com a leitura dos
dados de entrada, que representam os dados de topologia, carga e impedâncias do sistema
elétrico. Estes dados são empregados na execução do software OpenDSS [54], que é
responsável pela representação do sistema de distribuição real, a partir da execução do fluxo de
potência multifásico, série temporal. A cada ciclo de 15 minutos – período em que o controle
centralizado pode atuar, são verificados os resultados de interesse do fluxo de potência do
OpenDSS, que correspondem à magnitude de tensão e ao estado atual dos equipamentos de
controle (grandezas medidas). Caso haja violações de limites na magnitude de tensão (zona
morta de atuação), o FPO é executado e os ajustes dos equipamentos de controle são alterados
50
de acordo com os resultados da otimização. Neste trabalho, os critérios que caracterizam
violação da magnitude de tensão são definidos de acordo com as características do sistema teste.
Neste processo, um programa desenvolvido em MATLAB [55] é responsável por coordenar a
interação entre o OpenDSS e o AIMMS, mantendo a hierarquia, como se fosse o sistema
SCADA.
É importante ressaltar que, os ajustes obtidos pelo FPO para a configuração atual são
ótimos apenas para aquele instante de tempo, não garantindo otimalidade ou mesmo não
violação das restrições nos tempos subsequentes. Além disso, por se tratar de um problema de
programação não linear, é possível que o solver não encontre uma solução ótima para todas as
situações. Neste caso, o algoritmo de solução desconsidera a atuação do controle centralizado
e mantém os ajustes definidos pelo controle local.
3.2 FORMULAÇÃO DO MODELO DE OTIMIZAÇÃO
De acordo com [56], as técnicas para solução do FPO podem ser classificadas em:
programação não linear, programação quadrática, solução de condições de otimalidade baseada
em Newton, programação linear, versões híbridas e métodos dos pontos interiores. O problema
de FPO é um problema de programação não linear, e assim como muitos outros do tipo é
propenso a mau condicionamento. Uma pequena mudança em determinados parâmetros do
sistema pode ocasionar grandes mudanças nas variáveis desconhecidas, resultando em não
convergência [56], [57]. Em alguns casos, é possível linearizar o problema, assumindo um
maior distanciamento do modelo com o sistema real comparado à formulação não linear.
Entretanto, com o intuito de reproduzir de maneira fiel as equações do fluxo de potência do
sistema de distribuição (que seguem o modelo trifásico), optou-se por fazer uso da programação
não linear.
É importante ressaltar que, tendo em vista o problema de Volt/Var, que apresenta
variáveis de controle discretas associadas aos taps dos equipamentos reguladores e dos bancos
de capacitores chaveados, o problema de programação não linear se torna um problema de
programação não linear inteira mista (MINLP – do inglês, Mixed Integer Nonlinear
Programming), o que dificulta ainda mais sua solução. Dessa forma, assim como implementado
em [8], onde o problema de FPO é convertido de MINLP para NLP através de técnicas de
relaxação que são aplicadas no software de otimização, um processo de conversão é realizado
pós otimização. As variáveis obtidas da otimização, que apresentam valores contínuos, são
51
aproximadas no MATLAB para os valores inteiros mais próximos de maneira a adequar estes
valores para o OpenDSS.
A solução do FPO é feita pelo solver IPOPT no software de otimização AIMMS, como
salientado anteriormente. A vantagem do uso do AIMMS é a disponibilidade de uma interface
gráfica e um servidor COM para comunicação com o MATLAB. O AIMMS também possibilita
que o usuário resolva um problema de otimização sem ter um conhecimento avançado de
otimização para modelar o problema [58]. Apesar de várias vantagens, o AIMMS não permite
o uso de números complexos e, portanto, a formulação deve ser feita com equações baseadas
em coordenadas retangulares [8], [59] e [60]. Neste trabalho, utiliza-se formulação de injeção
de corrente nas barras baseada em coordenadas retangulares. Tal formulação facilita a
modelagem dos transformadores trifásicos.
O modelo de otimização considera como função objetivo (FO) a minimização das somas
dos desvios de tensão em regime permanente (que deve ser mantida o mais próximo de 1 pu) e
das perdas elétricas no alimentador, conforme é mostrado em (3-1) – onde as duas medidas são
obtidas com seus valores em pu. Contudo, a função objetivo pode ser facilmente alterada para
atender outras necessidades da concessionária em uma operação em tempo real.
ramos
Pond
barras cbaf
barra,fPond s_rPerdasramoP||VPFO 2
2
,,
1 )1(
(3-1)
Esta FO baseia-se em [24] e [38], mas considerando o desequilíbrio na formulação do
problema. Em (3-1), Vbarra,f representa o módulo de tensão em cada barra e fase (f) do sistema,
Perdasramos_r expressa as perdas elétricas ativas totais para todos os trechos, e Ppond1 e Ppond2
são as constantes de ponderação referentes a cada parcela da função objetivo, que devem ser
escolhidas de acordo com a prioridade da concessionária. Neste trabalho, os valores de
ponderação são ambos definidos como 0,5, embora testes considerando outros valores de
ponderação para cada termo também foram avaliados. Um detalhe importante é o termo
quadrado na soma dos desvios de tensão, cuja necessidade é justificada pela dificuldade de o
software de otimização resolver problemas com o operador de módulo.
Assim como em [24], optou-se por adotar 1 pu como a tensão de referência para a função
objetivo. Isto é feito com o objetivo de manter as tensões nodais próximas de seus valores
nominais, evitando que elas ultrapassem os limites regulamentados – por questões econômicas,
de segurança, e de desempenho dos equipamentos dos consumidores (visto que tensões fora
dos limites podem danificar os equipamentos e tendem a causar o mau funcionamento destes).
52
As outras partes que compõem o modelo de otimização (restrições e demais equações)
são apresentados na sequência, após uma breve explicação a respeito dos modelos dos
principais elementos do sistema de distribuição.
3.2.1 Modelagem dos componentes do sistema de distribuição
Antes de apresentar as formulações do modelo de otimização, são exibidos nesta seção
os modelos utilizados para os principais componentes do sistema de distribuição: linhas de
distribuição, transformadores e reguladores de tensão, bancos de capacitores e cargas. Estes
modelos são trifásicos e baseados em [61].
3.2.1.1 Linhas
Para o modelo das linhas de distribuição, o elemento de admitância em derivação
geralmente é desconsiderado por apresentar valores desprezíveis. Desta forma, a representação
da linha é composta apenas de uma impedância ZLM, como ilustrado na Figura 3-3.
Figura 3-3 – Representação do modelo da linha de distribuição.
Na formulação trifásica, as linhas são definidas segundo (3-3), sendo que esta
representação inclui uma matriz de ordem 6x6 e o equacionamento baseado na injeção de
correntes é apresentado em (3-4), na qual YLM é a admitância série entre duas barras L e M, IL e
IM são os fasores de corrente por fase (a, b e c) de L para M e de M para L, respectivamente; e
VL e VM são os fasores de tensão, também por fase, na barra L e na barra M, respectivamente.
33
ccLMcbLMcaLM
bcLMbbLMbaLM
acLMabLMaaLM
LM
ZZZ
ZZZ
ZZZ
Z (3-2)
53
66
11
11
66
LMLM
LMLM
LMLM
LMLM
LMZZ
ZZ
YY
YYY
(3-3)
16
66
16
M c
M b
M a
L c
L b
L a
LMLM
LMLM
cM
bM
aM
cL
bL
aL
V
V
V
V
V
V
YY
YY
I
I
I
I
I
I
(3-4)
3.2.1.2 Transformadores
Os transformadores são modelados como unidades monofásicas ou trifásicas, para
diferentes conexões, como, Δ-Yg (delta-estrela com neutro aterrado) e Yg-Yg (estrela com
neutro aterrado-estrela com neutro aterrado) [19].
O equacionamento dos transformadores trifásicos é apresentado em (3-5), em que as
submatrizes Yp, Ys, Yps e Ysp variam de acordo com a conexão do transformador, e podem ser
obtidas a partir das relações apresentadas na Tabela 3-1, na qual os valores são considerados
em pu [62].
66
ssp
psp
Trafo YY
YYY (3-5)
Tabela 3-1 – Atribuições de matrizes admitâncias para os transformadores trifásicos.
Conexão do transformador Admitâncias próprias Admitâncias mútuas
Primário Secundário Yp [3x3] Ys [3x3] Yps [3x3] Ysp [3x3]
Yg Yg YI YI -YI -YI
Yg Y YII YII -YII -YII Yg Δ YI YII YIII YIII
T
Y Yg YII YII -YII -YII Y Y YII YII -YII -YII Y Δ YII YII YIII YIII
T
Δ Yg YII YI YIII YIIIT
Δ Y YII YII YIII YIIIT
Δ Δ YII YII -YII -YII
As submatrizes YI, YII e YIII são exibidas abaixo, sendo o termo yt a admitância de
dispersão do transformador definida em (3-6), em que rt e xt são a resistência e a reatância totais
em pu do equipamento, respectivamente.
54
t
t
t
I
y
y
y
Y
00
00
00
ttt
ttt
ttt
II
yyy
yyy
yyy
Y
2
2
2
3
1
tt
tt
tt
III
yy
yy
yy
Y
0
0
0
3
1
1 ttt jxry (3-6)
Para os equipamentos reguladores de tensão, é necessário incluir o tap nesta modelagem.
Neste trabalho, todos os equipamentos reguladores de tensão trifásicos são considerados como
três unidades com taps individuais, modeladas conforme (3-7), em que a variável α representa
a tensão em pu que deve ser mantida no terminal do regulador de tensão e é obtida de (3-8). Já
tapf é a posição do tap da fase f de um regulador, posicionado entre duas barras L e M, que
proporciona tal tensão. Neste caso o tap é alocado no secundário do equipamento transformador
de tensão.
16
66
2
2
2
16
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
M c
M b
M a
L c
L b
L a
c
t
b
t
a
t
c
t
b
t
a
t
c
t
b
t
a
t
t
t
t
cM
bM
aM
cL
bL
aL
V
V
V
V
V
V
y
y
y
y
y
y
y
y
y
y
y
y
I
I
I
I
I
I
(3-7)
c
b
a
c
b
a
tap,
tap,
tap,
0062501
0062501
0062501
(3-8)
3.2.1.3 Bancos de capacitores
Os capacitores são modelados como cargas de impedância constante, com sua geração
de potência reativa variando com a tensão em seus terminais da forma apresentada em (3-9),
onde Qcap, Qnom, V e Vnom são as potências reativas injetada e nominal, e os módulos das tensões
verificada no capacitor e nominal, respectivamente.
55
2
nom
nomcapV
VQQ
(3-9)
Assim como os equipamentos reguladores de tensão trifásicos, os bancos de capacitores
trifásicos também são considerados com controles independentes entre as fases. Cada banco é
constituído por 3 ou 6 unidades iguais, possibilitando uma geração variável de potência reativa.
3.2.1.4 Cargas
As cargas no sistema de distribuição podem ser conectadas em estrela ou delta e
modeladas como cargas trifásicas ou monofásicas de potência constante, corrente constante ou
impedância constante [61]. Neste trabalho, a menos que especificado, as cargas são modeladas
como potência constante, ou seja, independentemente do valor da tensão a demanda de potência
ativa e reativa da carga continua a mesma. Este tipo de modelo enquadra-se em uma
classificação mais abrangente denominada modelo exponencial, e é bastante utilizado nos
problemas de fluxo de potência em sistemas de distribuição. Sua representação matemática
pode ser obtida de (3-10) e (3-11) com a substituição dos parâmetros np e nq por 0. Em (3-10)
e (3-11), Pcarga, Qcarga, Pnom e Qnom são as potências ativa e reativa demandadas pela carga e seus
valores nominais, enquanto V e Vnom são os valores do módulo de tensão verificados no terminal
da carga e o nominal, respectivamente.
np
nom
nomacV
VPP
arg
(3-10)
nq
nom
nomacV
VQQ
arg
(3-11)
Para os modelos de corrente constante e impedância constante os parâmetros np e nq
recebem os valores de 1 e 2, respectivamente, aumentando a influência da tensão no valor de
potência ativa e reativa demandados pela carga. Um estudo a respeito de tal influência também
é importante para avaliar o impacto da regulação de tensão otimizada no sistema. Desta forma,
no Capítulo 5, é apresentada uma seção com análises adicionais considerando um destes dois
tipos de modelo de carga.
56
3.2.2 Equacionamento do modelo de otimização
Nesta seção são apresentadas as equações que compõem o modelo de otimização
utilizado. A nomenclatura geral dos conjuntos, parâmetros e variáveis que são representados no
equacionamento é definida na seção de Nomenclatura, no início deste trabalho.
A vantagem desta formulação é o fato de que as equações de corrente são baseadas em
matrizes de admitância de ordem 6x6, permitindo a modelagem de transformadores trifásicos
de diferentes conexões, como as conexões Δ-Yg ou Yg-Δ, comumente empregadas nos sistemas
de distribuição. Esta matriz admitância pode ser representada por um conjunto de 4 submatrizes,
como exibido em (3-12), e compõe (3-13), que é a base para o equacionamento do modelo.
43
21
43
21
43
21
BB
BBj.
GG
GG
YY
YYY (3-12)
VYI (3-13)
Considerando a limitação do AIMMS na resolução de equações envolvendo números
complexos, a equação (3-13) é rearranjada da forma exibida em (3-14) e (3-15) onde G e B são
as matrizes de condutância e susceptância da linha respectivamente, Vr e Vim são as componentes
real e imaginária do fasor de tensão, e Ir e Iim são as componentes real e imaginária do fasor de
corrente.
imrr VBVGI (3-14)
rimim VBVGI (3-15)
Considerando as matrizes de ordem 6x6 utilizadas, o equacionamento final das
componentes real e imaginária dos fasores de corrente, fluindo entre duas barras L e M, pode
ser verificado em (3-16) e (3-17).
16
6643
21
16
6643
21
16
M c
M b
M a
L c
L b
L a
M c
M b
M a
L c
L b
L a
cM
bM
aM
cL
bL
aL
V
V
V
V
V
V
imagBB
BB
V
V
V
V
V
V
realGG
GG
I
I
I
I
I
I
real (3-16)
57
16
6643
21
16
6643
21
16
M c
M b
M a
L c
L b
L a
M c
M b
M a
L c
L b
L a
cM
bM
aM
cL
bL
aL
V
V
V
V
V
V
realBB
BB
V
V
V
V
V
V
imagGG
GG
I
I
I
I
I
I
imag (3-17)
Com a definição da modelagem dos principais equipamentos do sistema, a formulação
completa é apresentada na sequência. Destaca-se que a inserção de GD já é incluída na
modelagem, nos elementos acompanhados pelo subscrito “FV”, referente ao sistema
fotovoltaico. As barras emissora e receptora são referenciadas como E e R, respectivamente.
Elementos em derivação (ou shunt) são acompanhados pelo subscrito sh. O subscrito p, assim
como f, representa a fase (a, b ou c) considerada.
Função Objetivo: minimizar (FO)
Sujeito a:
cb,a,f
22
,11
pf,R,E,Ir
R,f
R,fE,R,f,pR,fE,R,f,p
fEE,R,f,pE,fE,R,f,p
VimBVrGVimBVrG
(3-18)
cb,a,f2
44,3,3
pf,E,R,Ir
R,f
R,fE,R,f,pR,fE,R,f,p
R,f
E,ff,p E,RE,ff,pE,RVimBVrGVimBVrG
(3-19)
cb,a,f
22
11
pf,R,E,Iim
R,f
R,fE,R,f,pR,fE,R,f,p
E,fE,R,f,pE,fE,R,f,p
VrBVimGVrBVimG
(3-20)
cb,a,f2
,4,4,3,3
pf,E,R,Iim
R,f
R,ff,pE,RR,ff,pE,R
R,f
E,ff,pE,RE,ff,pE,RVrBVimGVrBVimG
(3-21)
22
cargacarga
fsh,cargaIrsh,fsh,f
sh,fsh,fsh,fsh,f
VimVr
VimQVrP (3-22)
58
22
cargacarga
fsh,cargaIimsh,fsh,f
sh,fsh,fsh,fsh,f
VimVr
VimPVrQ (3-23)
22fsh,FV
tanIr
sh,fsh,f
sh,fsh,fFVsh,fsh,fFV
VimVr
VimθPVrP (3-24)
22fsh,FV
tanIim
sh,fsh,f
sh,fsh,fFVsh,fsh,fFV
VimVr
VimPVrθP (3-25)
R,E,f,pR,fR,E,f,pR,fE,R,f,pE,fE,R,f,pE,f IimVimIrVrIimVimIrVr
pf,R,E,Perdas_r (3-26)
Ramos cb,a,f
RE, Perdas_rs_rPerdasramo E.R.f.p (3-27)
sh,fcapsh,fsh,fcapsh,f IrVimIimVr
fsh,capQ (3-28)
sh,fcapsh,fsh,fcapsh,f IimVimIrVr
fsh,capP (3-29)
As equações acima compõem as definições impostas ao software de otimização para o
cálculo das variáveis de controle. De (3-18) a (3-21) são definidas as componentes real e
imaginária das correntes fluindo em um ramo; (3-22) e (3-23) representam o cálculo das
correntes das cargas (considerando o modelo de potência constante) enquanto (3-24) e (3-25)
representam o cálculo da injeção de corrente pelo sistema FV (a tecnologia de GD considerada
neste trabalho); já (3-26) e (3-27) explicitam o cálculo para obtenção das perdas elétricas ativas
fluindo em todos os ramos do sistema (linhas e transformadores); e por fim, (3-28) e (3-29)
expõem os valores de potência ativa e reativa que devem ser injetados pelo capacitor.
Na sequência, para finalizar a definição deste modelo de otimização, são apresentadas
as equações definidas explicitamente no AIMMS como restrições do problema, as quais
incluem o equacionamento da lei das correntes, em (3-30) e (3-31), e os limites máximos e
mínimos da tensão em regime permanente (3-32), da tensão do tap do regulador (3-33), e da
potência ativa e reativa do capacitor (3-34) e (3-35).
59
Restrições:
R,f
R
sh,R,f,pR,sh,f,psh,fsh,fcapsh.ffshFV
sh,fsh,f
Ir IrIr
...Ir
RamoExCapExFVEx
CargaExIr
,
cargapf,E,sh,
(3-30)
R,f
R
sh,R,f,pR,sh,f,psh,fsh,fcapsh.fsh.fFV
sh,fsh,f
Iim IimIim
...Iim
RamoExCapExFVEx
CargaExIim cargapf,E,sh,
(3-31)
barra,fbarra,fbarra,f VVV maxmin (3-32)
barra,fbarra,fbarra,f maxmin (3-33)
2
,max0 fshsh,fcapsh,fcap VQQ (3-34)
0sh,fcapP (3-35)
3.3 DESCRIÇÃO DO CASO BASE
A metodologia de controle Volt/Var integrado implementada neste trabalho é aplicada
em três sistemas de distribuição:
Sistema IEEE 123 barras [63];
Sistema EPRI ckt 5 [64];
Sistema EPRI m1 [65];
As simulações são realizadas utilizando-se as versões 7.6.4.79 do OpenDSS, 4.1 do
AIMMS e R2014a do MATLAB. O solver utilizado na solução do problema de otimização é o
IPOPT versão 3.11.
O modelo de otimização é utilizado nos três sistemas-teste citados, um deles (Sistema
IEEE 123 barras) é um sistema mais simples, composto apenas pela rede de média tensão (MT),
enquanto os outros dois contemplam a rede de MT e elementos da rede de baixa tensão (BT),
conectados por transformadores de distribuição monofásicos.
A principal diferença entre o sistema EPRI ckt 5 e o sistema EPRI m1 se dá nos dados
da rede de BT. No ckt 5 as cargas da rede secundária são acumuladas e conectadas em sua
totalidade no secundário dos transformadores de distribuição. Já o circuito m1 apresenta rede
60
secundária mais detalhada, possibilitando uma análise com sistemas FVs de maneira mais
realista.
Para as análises apresentadas neste trabalho, todos os capacitores, reguladores de tensão,
e transformadores com OLTC são considerados equipamentos controláveis. O primeiro sistema
possui 15 destes equipamentos; o segundo, 18; e o terceiro, 12 (sendo que os inversores usados
no controle não são considerados nesta contagem). O número de tais equipamentos considera a
quantidade de unidades controláveis individuais, ou seja, um transformador trifásico
constituído de três controles, um para cada fase, é considerado como três equipamentos
distintos. A Tabela 3-2 exibe detalhes dos equipamentos presentes em cada sistema-teste.
Destaca-se que os transformadores com OLTC são representados por reguladores de tensão
monofásicos alocados na SE.
Tabela 3-2 – Equipamentos controláveis dos sistemas-teste.
IEEE 123 barras
Equipamento Barra Fase Equipamento Barra Fase
Banco de
capacitores
83 A-B-C
Regulador de
tensão
150 (SE) A-B-C
88 A 160 A-B-C
90 B 25 A-C
92 C 9 A
Ckt 5
Equipamento Barra Fase Equipamento Barra Fase
Banco de
capacitores
28285 A-B-C
Regulador de
tensão
sourcebus
(SE) A-B-C
63707 A-B-C
74433 A-B-C 28220 A-B-C
8081 A-B-C
m1
Equipamento Barra Fase Equipamento Barra Fase
Banco de
capacitores
0x008c6578 A-B-C Regulador de
tensão
sourcebus
(SE) A-B-C 0x008ed880 A-B-C
0x008dbe00 A-B-C
Para os três sistemas em estudo o controle local dos equipamentos controláveis segue
um mesmo padrão: tanto os equipamentos reguladores de tensão (incluindo o transformador
com OLTC) como os bancos de capacitores são controlados de acordo com a medida de tensão
em suas barras terminais, a qual precisa estar dentro dos limites configurados no equipamento.
Para cada caso de estudo, diferentes configurações são utilizadas e mais detalhes são
apresentados nas seções específicas de cada circuito.
Com a finalidade de comparação, nos estudos realizados, diferentes abordagens de
arquiteturas e configurações dos equipamentos são consideradas, conforme apresentado a seguir:
Caso 1 – apenas controle local: exibe o comportamento de um sistema que não possui
comunicação e a coordenação das ações de controle dá-se pelo ajuste dos tempos de atraso
61
em cada equipamento. As configurações definidas nos equipamentos são fixas,
independente da condição de carga ao longo do dia.
Caso 2 – controle hierárquico: exibe o comportamento do sistema descrito em 3.1. A
tensão de referência dos equipamentos controláveis pode ser alterada de acordo com a
solução da otimização, e os capacitores podem ser chaveados mesmo em situações em que
o controle local (baseado em tensão) não atuaria.
Caso 3 – controle hierárquico com possível aumento da largura de banda de alguns
equipamentos reguladores: semelhante ao Caso 2, mas com a possibilidade de alteração
da largura de banda dos equipamentos reguladores. Ressalta-se que a largura de banda é
modificada a partir dos resultados do Caso 2, de acordo com a escolha do usuário, o
controle centralizado não modifica as configurações ajustadas inicialmente para este
parâmetro.
A avaliação dos parâmetros que compõem a função objetivo (desvios de tensão e perdas
elétricas) para os três casos citados permite verificar o desempenho de cada tipo de controle.
Adicionalmente, alguns estudos complementares são realizados para o Sistema EPRI m1
(considerando a inclusão de sistemas FVs), mas a metodologia de avaliação do controle
hierárquico é a mesma, sendo feita a partir das comparações entre os resultados do controle local
e do controle hierárquico.
Também, para simular uma operação diária a curva de carga ilustrada na Figura 3-4,
com discretização de 15 segundos é utilizada. Ela é atribuída a cada barra de carga, assumindo-
se que, para cada carga, o valor de base é a respectiva potência nominal.
Figura 3-4 – Curva de carga utilizada nas simulações.
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 220.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Horas
De
ma
nd
a (
pu
)
62
Ressalta-se que, como as simulações incluem um período completo de 24 horas,
discretizadas a cada 15 segundos, os resultados apresentados para os parâmetros de desvio de
tensão e perdas elétricas são considerados como nas equações (3-36) e (3-37):
46024
1
1maxT barra
barra,ffacu ||VΔV (3-36)
46024
1
RE,240
1s_rPerdasramo
T Ramos
perdΔE (3-37)
em que cada incremento de T corresponde a um intervalo de 15 segundos, que equivale a (1/240)
de hora, para o qual se tem as medições do sistema. A função maxf obtém o valor máximo do
desvio de tensão (em módulo) entre as fases existentes em cada barra, e ΔVacu e ΔEperd
representam o desvio de tensão acumulado (expressado em pu) e a perda de energia acumulada
(energia na forma de perdas, expressada em kWh), respectivamente.
Os pontos destacados nesta seção incluem as considerações feitas para os três sistemas
de distribuição analisados. Detalhes específicos considerados para cada circuito são expostos
nos próximos capítulos. No capítulo 4, são apresentadas as análises para os sistemas IEEE 123
barras e EPRI ckt 5, e a ideia é avaliar como o controle hierárquico se comporta em dois sistemas
com diferentes características (um de MT e outro de MT e BT). Já no capítulo 5 são
apresentadas as análises para o circuito m1. Seus resultados são apresentados separadamente
devido à inclusão dos sistemas FVs que possibilitam o uso de funções Volt/Var adicionais
devido ao emprego de inversores inteligentes. Por fim, muitas das figuras apresentadas nos
próximos capítulos foram obtidas através do uso da toolbox GridPV1 [66], [67].
3.4 COMENTÁRIOS FINAIS DO CAPÍTULO
Neste capítulo foram apresentados os conceitos utilizados no desenvolvimento da
metodologia de controle Volt/Var hierárquico. O funcionamento da hierarquia, seus
componentes, e a formulação da solução do problema de FPO são detalhados para que o leitor
possa reproduzir a metodologia adotada neste trabalho. A formulação do problema considera a
topologia trifásica dos sistemas de distribuição, incluindo modelos de transformadores com e
sem OLTC, reguladores de tensão, bancos de capacitores, geradores distribuídos, linhas e
1 Desenvolvida por Sandia National Laboratories.
63
cargas. No próximo capítulo tal metodologia é aplicada em dois sistemas de distribuição
distintos a fim de verificar a eficácia do controle proposto.
64
4 APLICAÇÃO DO CONTROLE VOLT/VAR HIERÁRQUICO
Neste capítulo, são apresentadas as análises feitas com o uso do controle hierárquico
proposto considerando o uso dos equipamentos convencionais de VVC: o transformador com
OLTC, os reguladores de tensão (RTs) do tipo step, e os BCs chaveados. Dois sistemas-teste
são apresentados: o primeiro representando uma rede de distribuição de MT, e o segundo
representando as redes de MT e BT. A inclusão de GD não é considerada neste capítulo.
4.1 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA NO SISTEMA-TESTE
IEEE 123 BARRAS
A primeira avaliação da metodologia de controle proposta é feita no sistema IEEE 123
barras de 4,16 kV. Este sistema possui trechos monofásicos, bifásicos e trifásicos – totalizando
274 nós –, 91 cargas monofásicas e 8 equipamentos controláveis, ilustrados na Figura 4-1, onde
a cor preta representa os alimentadores trifásicos e o significado das outras cores é identificado
na legenda da figura.
Figura 4-1 – Topologia do sistema IEEE 123 barras.
Neste sistema, existem 4 bancos de capacitores, sendo um deles trifásico, de 600 kvar,
localizado na barra 83, e os outros monofásicos de 100 kvar, localizados nas barras 88 (fase a),
90 (fase b) e 92 (fase c). Há também 3 reguladores de tensão (um trifásico, um bifásico e um
monofásico, nas barras 160, 25 e 9 respectivamente), e um transformador trifásico com OLTC
65
– denominado regulador de tensão da SE, localizado na barra 150. A contabilização dos
equipamentos controláveis usados pelo IVVC totaliza 15 controles distintos, pois para cada fase
um controle próprio e independente é utilizado.
Destaca-se que, no sistema original os capacitores são fixos e, neste trabalho, optou-se
por utilizar bancos de capacitores chaveados de três unidades (totalizando o valor nominal do
banco), que são conectadas ou desconectadas de acordo com os valores de tensão em suas barras
terminais. Além disso, os capacitores monofásicos, com potência nominal original de 50 kvar,
são substituídos por BCs de 100 kvar e o banco de capacitores trifásico é considerado como três
elementos monofásicos – também com três unidades chaveáveis cada. Estas alterações são
realizadas com o intuito de prover uma maior contribuição para a regulação de tensão e para a
redução de perdas.
4.1.1 Ajustes do controle local (sistema IEEE 123 barras)
Os ajustes dos equipamentos que participam do controle local são apresentados na
Tabela 4-1, em que os valores de tensão são na base de 120 V.
Tabela 4-1 – Configurações dos equipamentos no caso base – Sistema IEEE 123 barras.
Equipamento Tempo de
atraso (s)
Tensão de
referência (V)
Largura de
banda (V)
Bancos de capacitores 30 120 ±3
Reguladores de tensão 90 120 ±1
Transformador com OLTC 60 120 ±1
O controle do transformador com OLTC e dos reguladores de tensão funciona da maneira
ilustrada nas seções 2.1.1 e 2.1.2, respectivamente. Ele atua alterando a posição do tap do
equipamento enquanto a tensão medida exibir um valor fora dos limites estipulados pela tensão
de referência e pela largura de banda (LB). Quanto aos bancos de capacitores, também são
configurados para operar com controle de tensão. Caso a tensão em seus terminais (no
secundário do transformador de potencial) seja menor do que o valor limite inferior (1203 V)
por um período de tempo maior que o tempo de atraso configurado, uma unidade do banco é
conectada à rede, caso contrário, se tal valor é maior do que o valor limite superior (120 + 3 V)
por um período de tempo maior que o tempo de atraso configurado, uma unidade é desconectada
da rede.
Com relação ao tempo de atraso, conforme sugerido em [19], optou-se por coordenar os
equipamentos de forma a atribuir um menor tempo de atraso aos BCs, atuando na sequência os
66
equipamentos reguladores de tensão conforme sua distância da SE (a atuação deve ser feita
primeiro nos equipamentos mais a montante do alimentador).
4.1.2 Caso 1: Resultados do controle local (sistema IEEE 123 barras)
As simulações deste caso consideram apenas o controle local, e, portanto, não estão
sujeitas ao processo de otimização. Os resultados mostram que o desvio de tensão acumulado,
calculado conforme (3-36), apresenta um valor de 8.150,7 pu (na base de 2,4 kV), considerando
5.760 instantes do dia analisados e todas as barras. Este resultado pode parecer elevado, mas isto
é devido à formulação adotada para a avaliação dos resultados. Uma solução alternativa consiste
na obtenção de um valor médio (por barra) ao longo do dia, que resulta em um desvio de
0,011 pu.
A perda de energia acumulada ao longo do dia, obtida conforme (3-37), equivale a
487,68 kWh, o que corresponde a 1,6% da energia total consumida pela rede durante as 24 horas
analisadas.
No total, os equipamentos reguladores (incluindo o transformador com OLTC) operam
73 vezes. A maior parcela destes chaveamentos (59%) é verificada no regulador de tensão
localizado mais próximo aos capacitores (na barra 160). Isto pode explicar a razão da não
atuação dos capacitores ao longo do dia, o que significa que as tensões em suas barras terminais
são mantidas entre 0,975 pu e 1,025 pu durante todo o período.
4.1.3 Caso 2: Resultados do controle hierárquico (sistema IEEE 123 barras)
As simulações deste caso empregam o algoritmo apresentado na Figura 3-2.
Inicialmente, todas as configurações dos equipamentos controláveis são mantidas iguais
àquelas definidas no controle local. Contudo, o controle centralizado tem a capacidade de
alterar a configuração da tensão de referência dos reguladores, fazendo com que tensões
diferentes de 1 pu sejam mantidas nos terminais destes equipamentos.
O controle centralizado pode ser executado a cada 15 minutos, sendo ignorada a sua
atuação para o caso em que violações de tensão (as quais caracterizam a zona morta de atuação
deste controle) no sistema não são observadas. São consideradas violações os eventos em que
a tensão ultrapassa os limites inferior e superior de 0,98 pu e 1,02 pu, respectivamente. Estes
valores específicos são escolhidos após a realização de alguns testes com o intuito de se obter
67
uma solução de compromisso entre manter as tensões o mais próximo de 1,0 pu e evitar
atuações excessivas do controle.
Ao longo do dia, das 96 possíveis atuações do controle centralizado (1 vez a cada 15
minutos), 26 são verificadas. Os resultados obtidos, incluindo uma comparação com o caso 1,
são apresentados na Tabela 4-2
Tabela 4-2 – Resultados dos controles local e hierárquico para o sistema IEEE 123 barras.
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Local Hierárquico Desvio (%)
Desvio de tensão acumulado (pu) 8.150,7 4.523,5 -44,50
Perda de energia acumulada (kWh) 487,7 399,6 -18,06
Energia total injetada na SE (kWh) 30.401,5 30.314,8 -0,28
Como pode ser observado na Tabela 4-2, os resultados obtidos com o controle
hierárquico são expressivamente melhores do que os do controle local quando são analisados
os desvios de tensão e as perdas elétricas do sistema, resultado da otimização executada pelo
controle centralizado. Além disso, também são apresentados na tabela os resultados para a
energia total injetada na SE a fim de se verificar o impacto que o controle hierárquico pode ter
no consumo de energia. Para este sistema – devido ao modelo de carga empregado –, o consumo
é reduzido apenas na parcela referente às perdas elétricas.
De fato, como discutido anteriormente, os resultados dos desvios de tensão podem
confundir o leitor devido à sua grande magnitude, por isso, apresenta-se, em complementação
à Tabela 4-2, a Figura 4-2, a Figura 4-3 e a Figura 4-4 que exibem graficamente a melhoria no
comportamento da tensão com o uso do controle hierárquico.
Figura 4-2 – Comparação dos histogramas de desvio de tensão para o sistema IEEE 123 barras.
A Figura 4-2 exibe um histograma contendo todos os valores de desvio de tensão obtidos
nas 24 horas de simulações. Tal desvio é estabelecido como a diferença do valor analisado até
-8% -6% -4% -2% 0% 2% 4% 6% 8%0
2
4
6
8
10x 10
5
h(i)
h(i)
Desvio de 1pu
Núm
ero
de o
corr
ência
s
Local
Hierárquico
68
o valor de 1 pu. É verificado, pelo histograma, que o controle local apresenta para algumas
barras um desvio de tensão considerável (de quase 10%), enquanto o controle hierárquico se
mantém em uma faixa mais estreita de variação – com a maioria de seus valores permanecendo
na região um pouco acima de 1 pu.
A Figura 4-3 exibe o comportamento do valor médio da tensão para os dois casos
analisados. Em (a) são apresentados os valores médios por período e em (b) os valores médios
por barra. Como era de se esperar, pelo uso da função objetivo escolhida, as tensões obtidas
com o uso da hierarquia proposta estão mais próximas de 1 pu. Já a Figura 4-4 exibe o perfil de
tensão durante o pico de carga para os casos 1 (a) e 2 (b). Novamente, percebe-se que as tensões
do caso 2 (b) estão centradas nas redondezas de 1 pu, ao passo que as tensões do caso 1 (a)
apresentam uma alta queda de tensão, inclusive infringindo o limite mínimo de 0,93 pu
recomendado pela ANEEL para as tensões da MT.
(a) Média por período. (b) Média por barra.
Figura 4-3 – Comparação dos valores médios de tensão para o sistema IEEE 123 barras.
(a) Perfil de tensão – Caso 1. (b) Perfil de tensão – Caso 2.
Figura 4-4 – Comparação dos perfis de tensão durante o pico de carga para o sistema IEEE 123 barras.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
Local
Hierárquico
0 20 40 60 80 100 120
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
Distribuição das barras
Magnitu
de d
a tensão [pu]
Local
Hierárquico
0 1 2 3 4 5 6
0.92
0.94
0.96
0.98
1
1.02
1.04
Tensão d
a b
arr
a [pu]
Distância da subestação [km]
Fase A
Fase B
Fase C
0 1 2 3 4 5 6
0.92
0.94
0.96
0.98
1
1.02
1.04
Distância da subestação [km]
Tensão d
a b
arr
a [pu]
Fase A
Fase B
Fase C
69
Por fim, o comportamento das perdas elétricas ao longo do dia é ilustrado na Figura 4-5.
A maior redução deste parâmetro é verificada para o período de carga pesada, durante o qual o
controle centralizado atua mais frequentemente. Com o controle hierárquico proposto uma
economia de energia de quase 100 kWh é obtida ao longo do dia.
Figura 4-5 – Perfil de perdas elétricas do sistema IEEE 123 barras.
A melhoria obtida nos parâmetros de tensão e perdas elétricas apresenta um inconivente
que resultou na concepção do caso 3. A Figura 4-6 mostra que a minimização dos desvios de
tensão e perdas é obtida em detrimento do aumento no número de chaveamentos dos BCs e RTs.
Percebe-se que o número de chaveamentos é maior no caso hierárquico, o que é esperado, uma
vez que o software de otimização exige a reconfiguração dos equipamentos a fim de garantir a
minimização das funções objetivo. Entretanto, uma avaliação individual dos chaveamentos de
cada regulador em cada fase mostra que nas fases a e c do regulador de tensão localizado na
barra 160 há um aumento mais expressivo na quantidade de chaveamentos, o que pode resultar
na redução da vida útil do equipamento. Desta forma, o caso 3, descrito a seguir, é incluído nas
análises.
0 4:00 8:00 12:00 16:00 20:000
20
40
60
80
100
120
Horas
Perd
as e
létr
icas [kW
]
Controle local
Controle hierárquico
70
Figura 4-6 – N˚ de chaveamentos dos equipamentos controláveis para os casos 1 e 2 (IEEE 123 barras).
4.1.4 Caso 3: Controle hierárquico com alteração da largura de banda (sistema
IEEE 123 barras)
Neste caso, a LB dos controles das fases a e c do regulador de tensão da barra 160 é
aumentada de 2 V para 3 V. Como os outros reguladores não apresentam quantidade elevada
de chaveamentos, seus ajustes de LB não são alterados. A quantidade de chaveamentos de cada
BC e de cada RT, para os casos 2 e 3 é apresentada na Figura 4-7.
Figura 4-7 – N˚ de chaveamentos dos equipamentos controláveis para os casos 2 e 3 (IEEE 123 barras).
CAP83a CAP83b CAP83c CAP88a CAP90B CAP92C0
5
10
15
# D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
IDENTIFICAÇÃO DOS CAPACITORES
Local
Hierárquico
RTSEa RTSEb RTSEc RT9a RT25a RT25c RT160a RT160b RT160c0
10
20
30
# D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
IDENTIFICAÇÃO DOS REGULADORES
Local
Hierárquico
CAP83a CAP83b CAP83c CAP88a CAP90B CAP92C0
5
10
15
# D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
IDENTIFICAÇÃO DOS CAPACITORES
Caso 2
Caso 3
RTSEa RTSEb RTSEc RT9a RT25a RT25c RT160aRT160b RT160c0
10
20
30
# D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
IDENTIFICAÇÃO DOS REGULADORES
Caso 2
Caso 3
71
Na Figura 4-7, os casos que apresentam maior alteração na quantidade de chaveamentos
são destacados, e uma redução significativa na quantidade de chaveamentos do regulador da
barra 160 é verificada. Observa-se um aumento de duas operações no banco de capacitores
CAP83c (de 8 para 10), enquanto o número de alterações nos taps das fases a e c do regulador
de tensão da barra 160 (RT160a e RT160c) diminui de 27 para 19 e de 21 para 7,
respectivamente. A variação na quantidade de atuações deste equipamento ao longo do dia,
incluindo os resultados da fase b que apresenta um pequeno aumento, pode ser verificada na
Figura 4-8.
(a) Caso 2. (b) Caso 3.
Figura 4-8 – Chaveamentos do RT da barra 160 para os casos 2 e 3 do sistema IEEE 123 barras.
A influência da alteração dos valores de LB nos resultados dos parâmetros que
compõem a função objetivo é avaliada e apresentada na Tabela 4-3. Verifica-se que esta nova
configuração apresenta valores próximos aos exibidos na Tabela 4-2.
Tabela 4-3 – Comparação dos resultados dos casos 2 e 3 para o sistema IEEE 123 barras.
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Caso 2 Caso 3 Desvio (%)
Desvio de tensão acumulado (pu) 4.523,5 5.063,8 +11,94
Perda de energia acumulada (kWh) 399,6 399,7 +0,03
Energia total injetada na SE (kWh) 30.314,8 30.315,8 +0,00
A maior variação entre os casos 2 e 3 é verificada no desvio de tensão. Contudo,
analisando o valor médio das tensões para todo o dia através da Figura 4-9, verifica-se que, em
geral, os dois casos apresentam comportamentos semelhantes, com o desvio de 11,9% não
representando uma variação crítica entre os dois casos.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
-2
-1
0
1
2
3
4
5
Horas
Posiç
ão d
o tap
RT160a
RT160b
RT160c
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
-2
-1
0
1
2
3
4
5
Horas
Posiç
ão d
o tap
RT160a
RT160b
RT160c
72
Figura 4-9 – Comparação dos valores médios de tensão para os casos 2 e 3 do sistema IEEE 123 barras.
4.1.5 Resultados do uso contínuo do controle centralizado (atuação obrigatória a
cada 15 minutos)
A análise deste conjunto de resultados visa justificar a ideia da zona morta para a atuação
do controle centralizado. Neste caso, todas as 96 atuações do controle centralizado são
executadas – desconsiderando uma zona de atuação para este controle, proporcionando os
resultados observados na Tabela 4-4 .
Tabela 4-4 – Resultados do uso do controle hierárquico com e sem zona morta para o sistema IEEE 123 barras.
Parâmetro avaliado
Comparações dos controles hierárquicos
Com zona
morta
Sem zona
morta
Desvio (%)
Desvio de tensão acumulado (pu) 5.063,8 4.860,5 -4,01
Perda de energia acumulada (kWh) 399,7 397,4 -0,57
Energia total injetada na SE (kWh) 30.315,8 30.312,2 -0,01
Os resultados verificados na tabela acima se assemelham aos obtidos originalmente com
a existência da restrição para a atuação do controle centralizado. Isto implica que o aumento do
tempo computacional e da transferência de dados provenientes desta segunda simulação pode
não ser justificado pela melhoria inexpressiva dos parâmetros analisados (desvios de tensão e
perda de energia acumulada). Além disso, outro fator que deprecia os resultados aqui analisados
é o aumento na quantidade total de chaveamentos dos equipamentos controláveis – ilustrado na
Figura 4-10.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.985
0.99
0.995
1
1.005
1.01
1.015
Distribuição das barras
Magnitu
de d
a tensão [pu]
Caso 2
Caso 3
73
Figura 4-10 – N˚ de chaveamentos dos equipamentos controláveis considerando a atuação do controle
centralizado contínua ou dependente de uma zona morta de atuação.
Ainda que tal acréscimo não tenha sido tão expressivo (tendo em vista a quantidade de
vezes que o controle centralizado atua), é um aumento que não é justificado pela melhoria
significativa dos parâmetros operacionais do sistema, resultando em uma depreciação
desnecessária dos equipamentos – o aumento de chaveamentos tende a reduzir a vida útil. Desta
forma, acredita-se que a definição de uma faixa de atuação para a execução do controle
centralizado é benéfica para uma operação mais eficaz do sistema.
4.2 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA NO SISTEMA-TESTE
EPRI CKT 5
Nesta seção são apresentados estudos semelhantes aos realizados com o sistema IEEE
123 barras. A principal diferença está no fato de que a metodologia é aplicada a um sistema
maior e mais complexo, possibilitando verificar sua eficácia e aplicabilidade.
4.2.1 Apresentação do sistema EPRI ckt 5
Desta vez a metodologia de controle hierárquico é aplicada ao sistema ckt 5 de 12,47 kV
(MT) e 240 V (BT) do EPRI. Este sistema possui 2.999 barras, sendo 1.043 delas localizadas
na rede primária e 1.956 na rede secundária – totalizando 3.440 nós distribuídos por trechos
monofásicos, bifásicos e trifásicos. Todas as 1.379 cargas são modeladas como potência
constante e estão conectadas na rede secundária através de 591 transformadores de distribuição
monofásicos com potências nominais variando de 5 kVA a 75 kVA.
No sistema original não existem equipamentos reguladores, apenas capacitores
trifásicos com opções de controle por tempo, tensão e potência reativa. Com o intuito de
Banco de capacitores Reguladores de tensão0
20
40
60
80
100
#D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
Com zona de atuação
Atuação contínua
21,4%
44,7%
74
melhorar a implementação do IVVC e sua otimização, são inseridos dois equipamentos
reguladores de tensão no circuito original: um transformador com OLTC na SE e um regulador
de tensão trifásico a aproximadamente 1,5 km da SE. Como este circuito possui alimentadores
longos, com a barra mais distante da subestação (barra 74436 identificada na Figura 4-11)
localizada a 5,2 km de distância, considera-se que a inclusão destes equipamentos reguladores
é útil para melhorar o perfil de tensão decrescente do sistema. As representações da topologia
do circuito por fases, pela distância da SE, e pela disposição dos transformadores de distribuição
são exibidas na Figura 4-11 e na Figura 4-12 (a) e (b), respectivamente, incluindo a identificação
dos equipamentos controláveis.
Figura 4-11 – Topologia do sistema EPRI ckt 5 com a distinção por fase dos trechos.
(a) Distribuição pela distância. (b) Disposição dos transformadores de distribuição.
Figura 4-12 – Características adicionais do sistema EPRI ckt 5.
Fase A
Fase B
Fase C
Fase AB
Fase AC
Fase BC
Subestação
Reg. de Tensão
BC chaveado
74436
74433
6370728285
8081
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5Subestação
Reg. de Tensão
BC chaveado
Subestação
Trafo de distribuição
Reg. de Tensão
BC chaveado
75
A respeito do regulador de tensão adicionado fora da subestação, é importante
mencionar que diversas localidades foram avaliadas para sua instalação, e a escolha da posição
exibida nas figuras acima é devido aos melhores resultados que ela proporciona, além da não
redundância de comandos com o regulador da SE (que pode ocorrer com equipamentos
próximos). Esta localidade também é justificada com base na distribuição de tensão do circuito,
considerando apenas o uso do regulador da SE e dos capacitores no controle local. Esta
distribuição pode ser visualizada na Figura 4-13, que exibe em destaque a região mais crítica
do circuito.
Figura 4-13 – Tensões do circuito com apenas um regulador de tensão durante o pico de carga.
4.2.2 Ajustes do controle local (sistema EPRI ckt 5)
Os ajustes dos equipamentos que participam do controle local neste circuito de
distribuição são apresentados na Tabela 4-5, na qual os valores de tensão estão na base de
120 V.
Tabela 4-5 – Configurações dos equipamentos no caso base – Sistema EPRI ckt 5.
Equipamento Tempo de
atraso (s)
Tensão de
referência (V)
Largura de
banda (V)
Bancos de capacitores 30 120 ±3
Regulador de tensão 90 120 ±1
Transformador com OLTC 60 120 ±1
Assim como no sistema IEEE 123 barras, os capacitores são modelados como BCs
chaveados, controlados por tensão, constituindo unidades monofásicas que possuem de 3 a 6
divisões, que somadas totalizam a potência nominal do equipamento. Na Tabela 4-6 são
apresentadas as potências nominais dos bancos e quantas divisões cada um possui.
Voltage (pu)
0.93
0.94
0.95
0.96
0.97
0.98
0.99Subestação
BC chaveado
76
Tabela 4-6 – Relações dos bancos de capacitores – Sistema EPRI ckt 5.
Banco de
capacitores
Nº de
fases
Nº de unidades
por fase
Nº total de
unidades
Potência
nominal (kvar)
Cap28285 3 6 18 600
Cap63707 3 3 9 300
Cap8081 3 3 9 450
Cap74433 3 6 18 600
4.2.3 Caso 1: Resultados do controle local (sistema EPRI ckt 5)
As simulações do caso 1 consideram apenas o controle local. Com relação aos resultados
para os desvios de tensão acumulados os valores obtidos são de 170.547,4 pu (que equivale a
um desvio médio por barra e período de 0,010 pu), nas bases de 7,2 kV e 240 V, que são as
tensões de fase nominal da média e baixa tensão do sistema.
Já para a perda de energia acumulada, ao longo do dia obtém-se um valor total de 3.145,4
kWh, que equivale a 3,3% da energia total injetada pela rede.
No total, os equipamentos reguladores atuam 58 vezes, enquanto os BCs atuam 42
vezes. A quantidade de chaveamentos dos reguladores é equilibrada, sendo a menor quantidade
verificada na fase c do regulador próximo ao meio do circuito. Já os BCs apresentam maior
diversificação na quantidade de atuações, sendo os equipamentos localizados nas barras 28285
e 74433 (mais a jusante) os mais atuantes – com 18 chaveamentos cada, e o localizado na barra
63707 (mais próximo do RT) o menos atuante, indicando uma adequada atuação (e consequente
manutenção de tensão) provinda daquele equipamento regulador.
4.2.4 Caso 2: Resultados do controle hierárquico (sistema EPRI ckt 5)
As simulações deste caso seguem as mesmas considerações expostas na seção 4.1.3. São
considerados limites para a violação de tensão os valores de 0,98 pu e 1,02 pu. Outros valores
foram avaliados, mas estes são os que apresentaram os melhores resultados, proporcionando o
máximo proveito da hierarquia de controle proposta.
Das 96 possíveis atuações do controle centralizado, 34 são verificadas, e assim como no
caso do sistema IEEE 123 barras, para este circuito elas também se concentram no período de
carga pesada. A Figura 4-14 exibe uma representação da atuação do controle centralizado ao
longo do dia por meio de pontos circulares posicionados no instante de atuação deste controle.
77
Figura 4-14 – Instantes de atuação do controle centralizado (Sistema EPRI ckt 5).
A concentração de atuações pode ser justificada a partir da análise da curva de carga
ilustrada na Figura 3-4, na qual verifica-se que a partir das 16 horas até aproximadamente 23
horas há uma variação considerável na demanda de carga, o que implica em novas
configurações ótimas a cada mudança significativa.
Os resultados obtidos para este caso, incluindo a comparação com o uso do controle
local, são apresentados na Tabela 4-7.
Tabela 4-7 – Resultados dos controles local e hierárquico para o sistema EPRI ckt 5.
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Local Hierárquico Desvio (%)
Desvio de tensão acumulado (pu) 170.547,4 96.371,9 -43,49
Perda de energia acumulada (kWh) 3.145,4 3.051,7 -2,98
Energia total injetada na SE (kWh) 94.865,8 94.772,1 -0,10
Os resultados do controle hierárquico são melhores do que os do controle local, com
destaque novamente para o parâmetro de desvio de tensão. Mais uma vez, para um maior
entendimento a respeito da melhoria na tensão do sistema, são apresentadas, em
complementação à Tabela 4-7, a Figura 4-15 e a Figura 4-16, que exibem, respectivamente, os
histogramas de desvio de tensão para todos os instantes avaliados e os perfis de tensão durante
o período de carga pesada, com os dois controles avaliados.
Figura 4-15 – Comparação dos histogramas de desvio de tensão para o sistema EPRI ckt 5.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00Horas
Atu
ação
-10% -8% -6% -4% -2% 0% 2% 4% 6% 8% 10%0
2
4
6
8
10
12
14x 10
6
h(i)
Desvio de 1pu
Núm
ero
de o
corr
ência
s
h(i)
Local
Hierárquico
78
(a) Perfil de tensão – Caso 1. (b) Perfil de tensão – Caso 2.
Figura 4-16 – Comparação dos perfis de tensão durante o pico de carga para o sistema EPRI ckt 5.
Verifica-se, a partir das figuras acima, que o uso do controle hierárquico possibilita uma
manutenção dos valores de tensões nas redondezas de 1 pu, não permitindo que durante o
período de máximo consumo ocorram violações de tensão (como observado na Figura 4-16(a)
para o controle local). Ademais, a Figura 4-17 retrata graficamente o comportamento da tensão
para um caso sem controle – com todos os capacitores mantidos ligados –, um caso com controle
local e outro com o controle hierárquico. Os valores médios de tensão observados são
0,9892 pu, 0,9909 pu, e 1,0015 pu respectivamente.
Figura 4-17 – Comparação dos valores médios de tensão por período para o sistema EPRI ckt 5.
Adicionalmente, como era previsto, para este circuito também há um aumento
significativo na quantidade de chaveamentos dos equipamentos controláveis quando o controle
hierárquico é utilizado – como mostra a Figura 4-18.
0 1 2 3 4 5
0.9
0.95
1
1.05
Distância da subestação [km]
Tensão d
a b
arr
a [pu]
Fase A
Fase B
Fase C
0 1 2 3 4 5
0.9
0.95
1
1.05
Distância da subestação [km]
Tensão d
a b
arr
a [pu]
Fase A
Fase B
Fase C
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.92
0.94
0.96
0.98
1
1.02
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
Local
Hierárquico
Sem controle
Média caso local
Média caso hierárquico
Média caso sem controle
79
Figura 4-18 – N˚ de chaveamentos dos equipamentos controláveis para os casos 1 e 2 (EPRI ckt 5).
Para reduzir tal quantidade, o caso 3 é novamente explorado, e seus resultados são
apresentados na sequência.
4.2.5 Caso 3: Controle hierárquico com alteração da largura de banda (sistema
EPRI ckt 5)
Para este sistema-teste, todos os equipamentos reguladores apresentam um aumento
expressivo na quantidade de chaveamentos, não há dois ou três específicos que se sobressaem,
como é observado nas análises do sistema IEEE 123 barras. Desta forma, todos os RTs têm sua
LB aumentada de 2 V para 2,5 V. A quantidade de chaveamentos de cada equipamento
resultante desta alteração, comparada ao caso 2 é apresentada na Figura 4-19. Com relação aos
capacitores, diferentemente dos resultados dos casos 1 e 2, nos quais se percebe um melhor
aproveitamento do uso dos capacitores com o controle otimizado – com um aumento de quase
110% na quantidade de chaveamentos –, para o caso 3 não são verificadas alterações na
quantidade de chaveamentos. Tal fato pode ser justificado pelos valores da tensão de referência
e da largura de banda escolhidos para este tipo de equipamento. Ressalta-se que, apesar de
nenhuma alteração de configuração ser feita nos BCs, é possível variar suas faixas de atuação
e tensões de referência assim como é feito com os RTs. Tal implementação, porém, não é
exposta neste trabalho.
C28285a C28285b C28285c C63707aC63707b C63707c C74433a C74433bC74433c C8081a C8081b C8081c0
5
10
15
# D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
IDENTIFICAÇÃO DOS CAPACITORES
Local
Hierárquico
RTSEa RTSEb RTSEc RTa RTb RTc0
10
20
30
# D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
IDENTIFICAÇÃO DOS REGULADORES
Local
Hierárquico
80
Figura 4-19 – N˚ de chaveamentos dos equipamentos controláveis para os casos 2 e 3 (EPRI ckt 5).
Os resultados da Figura 4-19 demonstram que o equipamento regulador localizado fora
da SE é o mais influenciado pela mudança da largura de banda, exibindo uma redução de 12
operações (≈ 20%) nas três fases durante todo o dia. O regulador da SE apresenta uma menor
redução, de aproximadamente 8%, que pode ser aumentada com uma nova alteração de sua
largura de banda.
Ademais, a variação nos resultados dos parâmetros que compõem a FO é exibida na
Tabela 4-8. Os valores entre os casos 2 e 3 novamente apresentam grande similaridade, com
pequeno acréscimo nos três parâmetros.
Tabela 4-8 – Comparação dos resultados dos casos 2 e 3 para o sistema EPRI ckt 5.
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Caso 2 Caso 3 Desvio (%)
Desvio de tensão acumulado (pu) 96.371,9 97.456,0 +1,12
Perda de energia acumulada (kWh) 3.051,7 3.052,2 +0,02
Energia total injetada na SE (kWh) 94.772,1 94.772,6 0,00
4.3 COMENTÁRIOS FINAIS DO CAPÍTULO
Neste capítulo foram apresentados os resultados da aplicação da metodologia de
controle hierárquico proposta em dois sistemas-teste distintos. O primeiro sistema apresentou
resultados mais expressivos – que podem ser justificados pela maior quantidade de
equipamentos de regulação de tensão nele inseridos –, mas os resultados do segundo sistema
também foram considerados satisfatórios, inclusive considerando a eficácia do controle
C28285a C28285bC28285c C63707a C63707bC63707c C74433aC74433b C74433c C8081a C8081b C8081c0
5
10
15
# D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
IDENTIFICAÇÃO DOS CAPACITORES
Caso 2
Caso 3
RTSEa RTSEb RTSEc RTa RTb RTc0
10
20
30
# D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
IDENTIFICAÇÃO DOS REGULADORES
Caso2
Caso3
81
hierárquico em um sistema de grande porte. Na sequência, são introduzidos alguns conceitos
sobre a aplicação do controle Volt/Var na presença de geração FV, e um novo sistema teste é
avaliado.
82
5 CONTROLE VOLT/VAR HIERÁRQUICO EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO
COM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
Neste capítulo é avaliado o uso do controle Volt/Var hierárquico na presença de sistemas
FVs. Os resultados iniciais consideram o uso dos equipamentos convencionais, assim como
abordado no Capítulo 4, e posteriormente é avaliada a utilização de uma das técnicas de controle
possibilitadas pelo uso dos inversores inteligentes. Adicionalmente, são apresentadas também
análises da dimensão do impacto causado na tensão e nas perdas elétricas da rede de acordo
com vários fatores, tais como a quantidade, potência, e localização dos sistemas FVs na rede.
5.1 O PROBLEMA DE REGULAÇÃO DE TENSÃO COM A INCLUSÃO DE GD NA
REDE
O crescimento da penetração de GD, principalmente as intermitentes – como é o caso
dos sistemas FVs – aumenta significativamente a importância da regulação de tensão e de um
controle centralizado, visto que um dos fatores limitantes para a inclusão de GD em um
alimentador é o impacto destes geradores na tensão [68].
As práticas convencionais de VVC usadas pelas concessionárias geralmente assumem
que a potência é suprida apenas a partir da SE, exibindo um fluxo unidirecional a partir dela até
o fim dos alimentadores. Conforme a GD é adicionada, a premissa original do comportamento
do sistema – a tensão decresce ao longo do alimentador conforme a distância da SE aumenta –
não pode mais ser considerada como uma certeza, criando assim novos desafios para a
regulação de tensão e potência reativa. A Figura 5-1 exemplifica o comportamento do perfil de
tensão na presença de uma fonte de GD (no caso, sistemas FVs) injetando potência [11].
Figura 5-1 – Perfil de tensão com a presença de alta penetração de GD (Extraído de [11]).
83
A inserção de GD faz com que a rede elétrica original passe de um sistema passivo para
um ativo, apresentando um fluxo bidirecional de potência, que pode afetar diretamente os
equipamentos de regulação. Dependendo do nível de penetração e das ações de controle
Volt/Var tomadas, a rede pode apresentar sobretensão, aumentando no ponto de conexão da
GD, ou subtensão, caindo abaixo de seu limite inferior quando a GD é desconectada ou tem sua
geração interrompida (por exemplo, quando há passagens de nuvens).
Quando a geração proveniente das fontes distribuídas é significativa, três problemas
principais de regulação de tensão podem surgir [11]:
1) Interações indesejáveis com o regulador de tensão do tipo Line Drop Compensator
(LDC). O LDC pode operar erroneamente na presença da GD, que quando significativa,
pode influenciar nos valores de corrente de linha medidos, causando uma compensação
de tensão incorreta.
2) Tensão acima do limite desejado. O circuito apresentado na Figura 5-2 pode ser usado
para ilustrar o caso de sobretensão. Nele, PFV é a potência ativa fornecida pelo sistema
FV, P e Q são as potências requeridas da carga, respectivamente, e R e X são a resistência
e a reatância da linha, respectivamente.
Figura 5-2 – Representação de um sistema com geração distribuída FV.
Quando a potência do painel supera a potência da carga, há injeção de potência ativa na
rede. Nessa condição, a GD opera com uma tensão terminal maior do que a da barra a
sua montante. O desvio de tensão ∆V resultante pode ser aproximado por (5-1) [69]:
FV
FVtV
QXPRVVΔV
ˆˆ (5-1)
em que ∆P = Pcarga - PFV e ∆Q = Qcarga - QFV (com QFV negativo no caso de absorção).
3) Condições de fuga do comutador de tap devido ao fluxo reverso. O fluxo reverso pode
resultar na má operação do controle do regulador, que normalmente é configurado para
controlar o lado carga. Assim, o regulador tenta regular o trecho do alimentador mais
próximo da subestação que, por ser uma fonte forte, impossibilita a obtenção de uma
solução adequada. Como o equipamento tenta forçar uma solução inatingível, ele
simplesmente é direcionado para uma de suas posições limites, nunca atingindo uma
84
solução. Ao mesmo tempo, no lado da carga, a tensão é deteriorada a cada movimento
do comutador [11].
Para evitar os problemas de tensão ocasionados pela inclusão de GD no sistema de
distribuição, é recomendável implementar uma estrutura avançada de VVC, que permita a
interação entre os equipamentos reguladores de tensão, capacitores, e outras fontes de GD [11].
5.2 INTEGRAÇÃO DO CONTROLE VOLT/VAR COM SISTEMAS FVs – O USO
DOS INVERSORES INTELIGENTES
A conexão de GD pode alterar a operação da rede de distribuição criando diversos
impactos, dentre os quais o aumento de tensão é o mais preocupante. Contudo, embora
tradicionalmente os sistemas FVs operem com fator de potência fixo unitário, tais sistemas
possuem inversores, que apresentam elevada capacidade de realização de ações de controle, e
podem eventualmente ser empregados no controle Volt/Var dos sistemas de distribuição,
minimizando os impactos sobre a tensão e as perdas. Estes inversores são chamados “inversores
inteligentes” [70].
Em [71], afirma-se que o emprego destes inversores pode contribuir de maneira mais
significativa quando o nível de penetração dos sistemas FVs é superior a 15%, tornando-se
essenciais quando este valor atinge 30%. Atualmente, o setor das concessionárias está engajado
em conhecer as novas funcionalidades destes inversores, e como elas podem ser aplicadas [72].
Assim, nas próximas seções é apresentada uma breve revisão sobre o assunto, de maneira a
auxiliar o entendimento de como deve ocorrer sua inclusão no controle IVVC proposto neste
trabalho.
5.2.1 Funções dos inversores inteligentes
Além do papel de converter a energia em CC para CA, os inversores podem prover
outros benefícios à rede, como por exemplo, auxílio no suporte de tensão e potência reativa.
Tais equipamentos geralmente possuem capacidade de memória, processamento e
comunicação, e estão aumentando em quantidade e complexidade. Os inversores modernos são
unidades PWM (do inglês, Pulse Width Modulation), compostas de fontes chaveadas, que
permitem vários modos de operação, considerando quatro quadrantes de potência, conforme
apresentado na Figura 5-3 [11]. Ressalta-se que diferentemente das máquinas rotativas, os
85
inversores inteligentes não possuem inércia, nem circuitos magnéticos significativos, e podem
responder instantaneamente às condições da rede [73].
Figura 5-3 – Quatro quadrantes de operação do inversor (Extraído de [11]).
Esta variabilidade de operação permite que o inversor gere e consuma potência ativa e
reativa, sendo que para absorver potência ativa é necessário também um sistema de
armazenamento. Embora o inversor permita operar nos quatro quadrantes, geralmente ele opera
de forma a fornecer a máxima potência ativa com fator de potência (FP) unitário. Contudo, esta
prática está em fase de transição, uma vez que a tendência é que seja requisitado que os
inversores atuem ativamente no suporte à operação da rede, auxiliando sua operação nas
seguintes atividades [70], [71], [72]:
i) Suportabilidade durante perturbações no sistema: O inversor deve se manter
conectado à rede elétrica durante ocorrências de desvios anormais de tensão e
frequência, ajustando sua geração;
ii) Suporte de tensão: Auxilia na regulação de tensão através do ajuste das potências
ativa e reativa, com as funções conhecidas como Voltage-Watt, Voltage-Var, e
controle de fator de potência;
iii) Suporte de frequência: Varia a potência ativa de acordo com a frequência (função
Watt-Frequency);
iv) Interação com o operador: Permite uma interface com o operador da rede,
possibilitando um melhor monitoramento da rede e ajustes dinâmicos de
configurações via comandos remotos.
86
A seguir, algumas funções mencionadas acima são mais bem discutidas.
5.2.1.1 Suportabilidade para afundamento de tensão e frequência
Em condições anormais de operação, a rede elétrica apresenta desvios de módulo de
tensão e frequência que podem ser atenuados com a atuação dos inversores. Assim, esta função
permite que o inversor fique conectado à rede e proporcione suporte durante breves períodos
de tempo, sem a necessidade de comandos remotos do operador [71].
O EPRI propõe uma curva de operação para esta função apresentada na Figura 5-4 [74].
Na proposta, consideram-se três condições de operação para o inversor: (1) condição em que o
GD deve permanecer conectado (em vermelho); (2) condição em que deve permanecer
desconectado (em azul); e (3) região em que a conexão é opcional (em branco). Destaca-se que,
para a operação completa representada na Figura 5-4, tanto um sistema de geração (sistema FV)
como um de armazenamento devem estar disponíveis. Considerando apenas o sistema FV, a
curva é resumida à sua parte inferior, que considera apenas os distúrbios de subtensão e
subfrequência.
Figura 5-4 – Operação do inversor durante afundamento de tensão ou frequência (Adaptado de [74]).
87
5.2.1.2 Voltage-Watt
Esta função é ilustrada na Figura 5-5 e permite que o inversor varie sua potência ativa
quando o módulo de tensão excede limites predefinidos. Os valores apresentados na Figura 5-5
são ajustáveis. Como pode ser verificado na ilustração, o aumento excessivo na tensão resulta
em uma redução na geração de potência ativa.
Figura 5-5 – Curva de configuração para a função Voltage-Watt (Adaptado de [74]).
5.2.1.3 Voltage-Var
Quando mudanças repentinas ocorrem na geração de potência ativa, o inversor pode
injetar potência reativa para obter uma compensação que mitigue flutuações de tensão e reduza
a quantidade de atuações dos reguladores de tensão convencionais [3]. Esta função segue o
mesmo princípio da função Voltage-Watt, mas com variação da potência reativa. Estas curvas
são configuráveis e podem ser consideradas para a obtenção de uma compensação reativa
capacitiva ou indutiva, representadas na Figura 5-6. Contudo, é importante destacar que tal
compensação pode ser limitada pela potência aparente nominal do inversor e a potência ativa
gerada.
Figura 5-6 – Curva de configuração para a função Voltage-Var (Adaptado de [3]).
88
É possível usar a função Voltage-Var em conjunto com a função Voltage-Watt para
reduzir a geração de potência ativa e permitir maior compensação de potência reativa para
auxiliar na regulação de tensão. Isto é proposto e explorado em [74]. Contudo, nos casos em
que esta redução é permitida, pode ser necessário compensar o proprietário do sistema FV.
Adicionalmente, o uso de inversores sobredimensionados também pode ser uma alternativa
para aumentar a aplicabilidade desta função, que pode ser feita de maneira autônoma ou por
comandos do operador.
5.2.1.4 Watt-Frequency
Além do uso para regulação da magnitude da tensão, a variação da potência ativa pode
ser considerada para corrigir variações na frequência. Esta função pode suspender por completo
a geração ou de maneira gradual, como exemplificado na Figura 5-7.
Figura 5-7 – Função Watt-Frequency com Histerese (Adaptado de [74]).
Uma característica particular, que é apresentada na figura, é o comportamento de
histerese (uma curva de ascensão diferente da curva de decaimento). O comportamento de
aumento de potência ativa além do limite máximo de geração do sistema FV só pode ser
considerado quando há sistemas de armazenamento.
5.2.1.5 Controle de fator de potência
Esta função implica na possibilidade de um sistema FV ajustar seu fator de potência em
um valor predefinido, que pode ou não ser igual a 1. Com o estabelecimento de um valor fixo
é possível compensar o sistema para diferentes tipos de carga, permitindo que os circuitos
mantenham um fator de potência unitário, que é o mais econômico [75]. É importante destacar
89
que atualmente, diferentes alternativas de controle de FP estão sendo consideradas, resultando
em pelo menos três opções convencionais de uso: fator de potência fixo unitário, fator de
potência fixo e fator de potência variável (no qual o valor do parâmetro é obtido como uma
função dos desvios de potência ativa e da relação X/R do trecho considerado) [76].
5.2.1.6 Monitoramento da rede e capacidades de comunicação
Os inversores inteligentes também podem servir como sensores e pontos de
monitoramento. De acordo com [73], a informação medida pelo inversor e enviada
remotamente via comunicação pode ser classificada em três categorias: medições básicas,
avançadas, e indicações de estado, incluindo os parâmetros apresentados na Tabela 5-1.
Tabela 5-1 – Tipos de parâmetros medidos e enviados dos inversores inteligentes (Adaptado de [73]).
Medições básicas Medições avançadas Indicações de estado
Tensão CA RMS (V)
Corrente CA RMS (A)
Potência CA RMS (W)
Energia ativa CA RMS (Wh)
Tensão CC (V)
Corrente CC (A)
Potência reativa CA RMS (var)
Energia reativa CA RMS (varh)
Fator de potência
Frequência (Hz)
Harmônicos
Temperatura
Estado (On/Off)
Erros
Registro de eventos e
do histórico
Segundo [73], uma pesquisa realizada em 2010 com 23 fabricantes de inversores, indica
que a maioria dos inversores de alta potência (≥ 30 kW) está apta a fornecer os três tipos de
informação. Adicionalmente, a pesquisa também apresenta o tipo de parâmetro que poderia ser
ajustado no inversor através de configuração remota, e o resultado, exibido na Figura 5-8,
comprova a grande capacidade de operação remota deste tipo de equipamento.
Figura 5-8 – Distribuição dos parâmetros possíveis de ajuste remoto (Adaptado de [73]).
90
5.2.2 Novas funções para os inversores inteligentes
Desde 2009, o EPRI e outros órgãos americanos vêm desenvolvendo novas funções e
protocolos de comunicação para melhor integrar os sistemas fotovoltaicos e de armazenamento
de energia na rede. A Tabela 5-2 apresenta funções propostas pelo EPRI com um breve resumo
de uso e aplicação, não adicionando as funções que já foram apresentadas na seção anterior. A
maioria destas novas funções devem ser usadas quando melhores padrões regulatórios e
infraestruturas de comunicação estiverem disponíveis. Algumas das funções apresentadas
(destacadas em verde) necessitam de um sistema de armazenamento (SA), enquanto as demais
podem ser usadas tanto para sistemas FVs como para SAs (de forma isolada ou não).
Tabela 5-2 – Novas funcionalidades para os inversores inteligentes (Adaptado de [77]).
Função Descrição Aplicação
Conecta/Desconecta Controle da concessionária para conectar ou não FV/SA
Limite máximo de geração Reduz a máxima geração da fonte de GD FV/SA
Gestão de carrega/descarrega Gerencia o carregamento SA
Watt-Fator de potência Controle do fator de potência baseado na potência
ativa FV/SA
Corrente reativa dinâmica Resposta rápida a mudanças repentinas de tensão FV/SA
Suavização da potência ativa Controle da geração para reduzir as flutuações de
potência SA
Voltage-Watt dinâmico Resposta rápida a mudanças repentinas de tensão SA
Segue carga/geração Despacho de geração compatível com alguma carga ou
outra geração SA
FV – sistema fotovoltaico; SA – sistema de armazenamento
Em complementação à proposta destas novas funções, em [77], o EPRI apresenta um
relatório no qual as funções são identificadas e modeladas de forma a possibilitar uma avaliação
de sua eficácia e do potencial impacto nos sistemas de distribuição. Tais funções são
prioritariamente usadas para reduzir o impacto dos sistemas FVs nos sistemas de distribuição,
sendo modeladas no software OpenDSS (considerado para solução do fluxo de carga neste
trabalho). Destaca-se que na medida em que a quantidade de sistemas FVs conectados aos
sistemas de distribuição e o uso destas funções avançadas aumentam, a necessidade de um
controle que considere a interação entre os vários equipamentos do sistema de maneira
coordenada torna-se mais importante [26].
91
5.3 APLICAÇÃO DO CONTROLE VOLT/VAR HIERÁRQUICO NO SISTEMA
EPRI M1
Neste capítulo, as simulações são realizadas no sistema EPRI m1 que, assim como o
sistema ckt5 usado anteriormente, também é um sistema de distribuição teste do EPRI, e que,
segundo [65], tem como principal vantagem o fato de seus sistemas secundários serem
modelados de maneira detalhada. Esta rede de 12,47 kV, predominantemente residencial,
possui 2.596 barras, sendo 490 localizadas na MT e 2.106 na BT, distribuídas ao longo de
trechos trifásicos e monofásicos, totalizando 3.156 nós. A predominância de carga residencial
é importante para avaliar o uso de sistemas FVs em BT, que são geralmente instalados nos
telhados dos consumidores.
A rede secundária possui 1.469 cargas: 1.463 monofásicas (1.460 de 240 V e 3 de
120 V), e 6 trifásicas (4 de 208 V e 2 de 480 V), conectadas ao sistema de distribuição através
de 159 transformadores de distribuição, dos quais 155 são monofásicos e 4 são trifásicos.
Adicionalmente, existe uma carga agregada trifásica de 9,7 MW na MT. As cargas são
inicialmente modeladas como potência constante, mas testes considerando o modelo de
impedância constante também são exibidos neste capítulo, na seção 5.6.
No sistema original existem 4 equipamentos trifásicos controláveis: 3 capacitores de
1.200 kvar, e 1 transformador com OLTC na SE, com conexão Δ-Yg. Representações deste
sistema podem ser visualizadas na Figura 5-9 e na Figura 5-10 (a) e (b), que apresentam as
principais características topológicas da rede. A Figura 5-9 apresenta todos os trechos trifásicos
e monofásicos do circuito, além da localização e identificação dos três BCs. Já a Figura 5-10(a)
ilustra a distribuição dos alimentadores de acordo com a distância até a SE, e a Figura 5-10(b)
ilustra a disposição dos transformadores de distribuição por toda a rede.
92
Figura 5-9 – Topologia do sistema EPRI m1 com a distinção por fase dos trechos.
(a) Distribuição pela distância (em km). (b) Disposição dos transformadores (trafos) de
distribuição.
Figura 5-10 – Características adicionais do sistema EPRI m1.
Como ressaltado previamente, uma vantagem deste circuito está no fato de sua rede
secundária ser modelada de forma detalhada, permitindo a modelagem de sistemas FVs na BT.
No sistema original, as quedas de tensão são significativas e, desta forma, o uso do controle
Volt/Var é desejável para uma melhor regulação de tensão e potência reativa.
Circuit Plot by Phase
Fase A
Fase B
Fase C
Subestação
BC chaveado
Cap 2
0x008ED880
Cap 3
0x008DBE00
Cap 1
0x008C6578
0.5
1
1.5
2
2.5
3Subestação
BC chaveado
Subestação
Trafo de distribuição
BC chaveado
93
5.3.1 Descrição dos estudos realizados no sistema EPRI m1
Os seguintes estudos são considerados para o sistema de distribuição EPRI m1:
i) Caso base. Este estudo consiste em simular o controle local e o controle hierárquico
no sistema m1 sem a inclusão de sistemas FVs;
ii) Estudos com inclusão de sistemas FVs. Nestes estudos, são investigadas diferentes
configurações de penetração de geração FV e diferentes localidades para sua
instalação a fim de avaliar a eficiência do controle hierárquico para os sistemas FVs
operando com fator de potência unitário (Q=0). O caso mais crítico observado com
o uso do FP unitário é reavaliado com os sistemas FVs operando com FP variável
(FP de ±0,95 e ±0,92) – representando uma das funções possibilitadas pelo uso dos
inversores inteligentes. Destaca-se que apenas esta função é considerada pois é a
que mais tem chances de ser aplicada na prática atualmente – a regulamentação
existente na maior parte do mundo tipicamente proíbe o uso de inversores para a
regulação de tensão.
iii) Estudos da aplicação do CVR no controle Volt/Var: Este último estudo considera a
aplicação do conceito de CVR no controle hierárquico proposto com o objetivo de
tentar reduzir as perdas elétricas e o consumo de energia quando comparado ao caso
original, que objetiva a manutenção das tensões em torno de 1 pu. Nestes estudos o
modelo de carga é alterado para o modelo de impedância constante.
Para todos os estudos que consideram a inclusão de sistemas FVs, a curva de geração
ilustrada na Figura 5-11 é utilizada. Esta curva, assim como a curva de carga representada na
Figura 3-4, possui discretização de 15 s, e seu pico ocorre por volta das 13 horas. Neste trabalho,
não são considerados casos com intermitência.
Figura 5-11 – Curva de geração FV.
4:00 8:00 12:00 16:00 20:000
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Horas
Potê
ncia
ativ
a in
jeta
da
pelo
sis
tem
a F
V [pu]
94
Todos os sistemas FVs considerados para este sistema de distribuição possuem potência
nominal de 5 kWp e são modelados como injeção de potência. O nível de penetração (NP), neste
trabalho, é definido como a razão entre a potência ativa máxima da geração FV (PFV) –
considerando valores nominais – e a potência ativa total demandada do sistema (Pdem) durante
o horário de pico de carga – sem a presença de geradores FVs –, como exibido em (5-2):
dem
FV
P
PNP
(5-2)
5.4 CASO BASE (SEM SISTEMA FV)
Nesta seção são exibidos os resultados do uso do controle hierárquico no sistema
original, sem inclusão de geração FV. Devido à semelhança no processo de avaliação da
metodologia (explorada no Capítulo 4), os resultados são apresentados sem muitos dos detalhes
de execução, já bem salientados no capítulo anterior (seção 4.1 e seção 4.2).
5.4.1 Ajustes do controle local (sistema EPRI m1)
Os ajustes dos equipamentos que participam do controle local neste circuito de
distribuição são apresentados na Tabela 5-3.
Tabela 5-3 – Configurações dos equipamentos no caso base – Sistema EPRI m1.
Equipamento Tempo de
atraso (s)
Tensão de
referência (V)
Largura de
banda (V)
Bancos de capacitores 30 120 ±3
Transformador com OLTC 60 120 ±1
Todos os equipamentos controláveis trifásicos são modelados como dispositivos
monofásicos, assim como foi feito nos sistemas IEEE 123 barras e EPRI ckt5. Os capacitores
são modelados como bancos monofásicos chaveados, constituídos por 6 divisões de 66,67 kvar
cada e controlados por tensão. Da mesma forma, o equipamento regulador da SE é representado
considerando três transformadores reguladores monofásicos, de modo a permitir que os
controles de taps sejam independentes para cada fase.
95
5.4.2 Resultados do controle local (sistema EPRI m1)
As simulações deste caso consideram apenas o controle local. O valor dos desvios de
tensão acumulados é de 187.478,9 pu. Já para a perda de energia acumulada ao longo do dia,
obtém-se um valor total de 2.175,2 kWh, que equivale a 1,1% da energia total injetada na SE. O
equipamento regulador apresenta chaveamentos, atuando 21 vezes ao longo do dia (6, 7, e 8
atuações para as fases a, b, e c, respectivamente). Já entre os bancos de capacitores, apenas o
equipamento da fase b do banco localizado na barra 0x008ED880, Cap 2 da Figura 5-9, atua (6
vezes no total).
5.4.3 Resultados do controle hierárquico (sistema EPRI m1)
Em geral as simulações deste caso para o sistema EPRI m1 seguem as mesmas
considerações usadas nos outros sistemas-teste. Apenas os valores definidos como limitantes
para a atuação do controle centralizado são alterados de 0,98 a 1,02 pu para 0,975 a 1,025 pu –
valores estes que apresentam melhores resultados com relação à quantidade de chaveamentos
dos equipamentos, que é menor para esta faixa de atuação.
O controle centralizado atua 19 vezes ao longo do dia conforme mostra a Figura 5-12.
Novamente, a maioria das atuações é verificada durante o horário de carga pesada.
Figura 5-12 – Instantes de atuação do controle centralizado (Sistema EPRI m1).
A Tabela 5-4 exibe os resultados obtidos deste caso em comparação aos obtidos com o
uso do controle local.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00Horas
Atu
ação
96
Tabela 5-4 – Resultados dos controles local e hierárquico para o sistema EPRI m1.
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Local Hierárquico Desvio %
Desvio de tensão acumulado (pu) 187.478,9 126.184,7 -32,69
Perda de energia acumulada (kWh) 2.175,2 2.082,7 -4,25
Energia total injetada na SE (kWh) 201.066,8 200.974,2 -0,05
Os resultados obtidos com o uso do controle hierárquico são melhores do que os do
controle local, com destaque para o parâmetro de desvio de tensão. Para complementar os
resultados numéricos deste parâmetro, a Figura 5-13 exibe o histograma dos desvios de tensão
para todo o período de 24 horas, a Figura 5-14 ilustra os valores médios de tensão para todo o
dia – evidenciando a manutenção das tensões nas proximidades de 1 pu com o uso do controle
hierárquico –, e a Figura 5-15 (a) e (b) exibe o perfil de tensão durante o pico de carga.
Figura 5-13 – Comparação dos histogramas de desvio de tensão para o sistema EPRI m1.
Figura 5-14 – Comparação dos valores médios de tensão por período para o sistema EPRI m1.
-8% -6% -4% -2% 0% 2% 4% 6% 8%0
2
4
6
8
10x 10
6
h(i)h(i)
Desvio de 1pu
Núm
ero
de o
corr
ência
s
Local
Hierárquico
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.95
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
Local
Hierárquico
97
(a) Perfil de tensão – Caso 1. (b) Perfil de tensão – Caso 2.
Figura 5-15 – Comparação dos perfis de tensão durante o pico de carga para o sistema EPRI m1.
As representações do comportamento da tensão ilustram a concentração de seus valores
na região de 1 pu, obtida com o uso da otimização do controle hierárquico. É importante
destacar, porém, que a ausência de mais equipamentos reguladores inseridos no circuito impede
que o perfil de tensão apresente menor decaimento ao longo do sistema. De fato, para este
sistema, há uma grande queda de tensão nos ramos da BT (como pode ser verificado na Figura
5-15), e a atuação do controle hierárquico para sua correção é limitada. A Figura 5-16 reforça
esta afirmação, exibindo os perfis de tensão durante o período de pico de carga apenas para a
rede primária de distribuição. Comparando esta figura com a Figura 5-15, nota-se que o maior
problema na regulação de tensão é verificado na rede secundária.
(a) Perfil de tensão – Caso 1. (b) Perfil de tensão – Caso 2.
Figura 5-16 – Comparação dos perfis de tensão da MT durante o pico de carga para o sistema EPRI m1.
Com relação ao caso 3, tendo em vista que não são verificados (para os RTs) valores
elevados de chaveamento por unidade, conforme mostra a Figura 5-17, não há necessidade
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
0.92
0.94
0.96
0.98
1
1.02
Distância da subestação [km]
Tensão d
a b
arr
a [pu]
Fase A
Fase B
Fase C
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
0.92
0.94
0.96
0.98
1
1.02
Distância da subestação [km]
Tensão d
a b
arr
a [pu]
Fase A
Fase B
Fase C
0 0.5 1 1.5 2 2.5 30.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Distância da subestação [km]
Tensão d
a b
arr
a [pu]
Fase A
Fase B
Fase C
0 0.5 1 1.5 2 2.5 30.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Distância da subestação [km]
Tensão d
a b
arr
a [pu]
Fase A
Fase B
Fase C
98
deste caso ser avaliado. Destaca-se que na Figura 5-17 a identificação dos capacitores é feita
pelo sufixo do nome de suas barras, e o equipamento que mais atua é o que está mais próximo
dos transformadores de distribuição trifásicos – um ajuste de suas configurações possivelmente
pode reduzir sua quantidade de atuações.
Figura 5-17 – Número de chaveamentos dos equipamentos controláveis para os casos 1 e 2 (EPRI m1).
5.5 ESTUDOS EM REDE DE DISTRIBUIÇÃO COM SISTEMAS FVs OPERANDO
COM FATOR DE POTÊNCIA UNITÁRIO OU VARIÁVEL
Para os estudos desta seção, são adicionados na rede secundária do sistema EPRI m1
sistemas FVs operando de acordo com os dois seguintes casos:
Estudo 1 – Fator de potência unitário. Assume-se que são conectados sistemas FVs de 5 kWp
com fator de potência unitário em barras da rede de BT, as quais totalizam 1.953
barras, e variam-se a quantidade e a localização destes sistemas. São testadas
penetrações de 5%, 10%, 15% e 30%, e a localização é variada de acordo com os
valores de distância e resistência acumulada (R) entre a SE e o ponto de conexão
(PDC) do sistema FV. Ressalta-se que estes fatores de variação foram escolhidos
após estudos do efeito de diversos parâmetros na alteração da tensão do sistema.
Estudo 2 – Fator de potência variável. De acordo com os resultados observados no primeiro
estudo, seleciona-se o caso mais crítico e avalia-se a opção de operar os sistemas FVs
com fator de potência variável (entre ±0,95 e entre ±0,92).
C6578a C6578b C6578c DBE00a DBE00b DBE00c ED880a ED880b ED880c0
10
20
30
# D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
IDENTIFICAÇÃO DOS CAPACITORES
Local
Hierárquico
RTSEa RTSEb RTSEc0
5
10
15
20
# D
E C
HA
VE
AM
EN
TO
S
IDENTIFICAÇÃO DOS REGULADORES
Local
Hierárquico
99
5.5.1 Estudo 1 – Sistemas FVs operando com fator de potência unitário
Para este primeiro estudo são consideradas 16 simulações, caracterizadas pelas
combinações de quatro valores de nível de penetração de sistemas FVs e quatro critérios de
alocação dos sistemas FVs: menor e maior resistência acumulada da SE até o PDC da geração
FV, e menor e maior distância desde a SE até o PDC.
Os parâmetros de resistência e de distância foram selecionados a partir de uma análise
de sensibilidade de tensão. Durante esta análise, um sistema FV era alocado em uma das barras
da BT (com exceção das barras dos transformadores) e a variação de tensão no PDC e em todo
o sistema era avaliada – cada simulação considerava a alocação em uma única barra por vez. A
partir disso observou-se que o aumento de tensão no PDC é maior conforme o valor da
resistência equivalente até o ponto aumenta (o que condiz com a relação estabelecida em (5-1)
quando nenhuma potência reativa é gerada ou absorvida), e a soma dos desvios de tensão (para
todas as barras do sistema) era mais significativa quanto mais longe da subestação a alocação
era feita. Ressalta-se que outros fatores, como a relação da reatância pela resistência (X/R) e a
impedância equivalente (Zeq) até o PDC também foram analisados, contudo, não exibiram uma
relação direta com a variação dos níveis de tensão.
A partir dos resultados das análises de sensibilidade de tensão, presume-se que os casos
com os maiores valores de distância e resistência acumulada apresentam os resultados mais
críticos para a tensão em regime permanente. Destaca-se que a faixa de variação da resistência
é de 0,0017 Ω, a 0,0507 Ω e da distância é de 1,03 km a 3,50 km. Estas medidas de resistência
incluem os valores acumulados do primário (vistos do terminal secundário dos transformadores
de distribuição) adicionados aos valores acumulados do secundário (incluindo a impedância
própria dos transformadores).
Todos os sistemas FVs possuem a mesma potência nominal de 5 kWp, e dessa forma,
para os níveis de penetração (NPs) de 5%, 10%, 15% e 30% são alocados, na rede de
distribuição de BT, 231, 463, 695 e 1.390 sistemas FVs de 5 kWp, respectivamente. A Figura
5-18 (a)-(d) ilustra a localização dos sistemas FVs, para o NP de 5% (231 sistemas FVs), nas
situações extremas de resistência e distância.
100
(a) Menores valores de resistência. (b) Maiores valores de resistência.
(c) Menores valores de distância. (d) Maiores valores de distância.
Figura 5-18 – Representação topológica da localização dos sistemas FVs de acordo com seu transformador de
distribuição para o nível de penetração de 5%.
5.5.1.1 Alocação considerando os menores valores de resistência (Rmin)
Este caso considera a alocação dos sistemas FVs nas barras da rede de BT que exibem
os menores valores de resistência acumulada. Dessa forma, espera-se que o aumento de tensão
em seus PDCs não seja tão significativo.
Para cada um dos quatro níveis de penetração espera-se que, conforme a geração FV é
acrescida, o fluxo reverso e os níveis de tensão do sistema aumentem. A Figura 5-19 mostra o
fluxo de potência ativa convencional (sentido a jusante), em verde, e o fluxo de potência
reverso, em vermelho, para exemplificar tais condições de penetração durante o período de
máxima geração FV (próximo das 13 horas).
0 5 10 15 20 25 300
5
10
15
20
25
30
Subestação
Sistema FV
BC chaveado
0 5 10 15 20 25 300
5
10
15
20
25
30
Subestação
Sistema FV
BC chaveado
Subestação
Sistema FV
BC chaveado
Subestação
Sistema FV
BC chaveado
101
Figura 5-19 – Fluxo de potência ativa para os quatro níveis de penetração (alocação por Rmin).
É importante destacar que, um aumento significativo no NP dos sistemas FVs pode
afetar, além dos níveis de tensão, as perdas elétricas do sistema. A Figura 5-20, por exemplo,
ilustra como as perdas elétricas sofrem alterações de acordo com o nível de penetração
considerado. Tais perdas são obtidas considerando a atuação do controle local no sistema.
Figura 5-20 – Comportamento das perdas elétricas conforme o NP fotovoltaico aumenta.
Conforme o NP aumenta as perdas elétricas diminuem durante o pico de carga, pois há
bastante demanda e a geração FV auxilia na redução das correntes fluindo pelo circuito – e
consequentemente nas perdas. Porém, durante a máxima geração FV, que ocorre perto das 13
horas, não há muita demanda de carga no sistema, e o excesso de geração FV faz com que as
perdas elétricas aumentem consideravelmente para o caso com NP de 30%.
-4000
-2000
0
2000
4000
-4000
-2000
0
2000
4000
-4000
-2000
0
2000
4000
-4000
-2000
0
2000
4000NP de 5% NP de 10%
NP de 30%NP de 15%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:000
100
200
300
400
Horas
Perd
as e
létr
icas [kW
]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
102
Assim, com o intuito de melhorar a condição operativa, o controle hierárquico proposto
neste trabalho é executado. A Tabela 5-5 exibe os resultados para os quatro valores de NP
considerados. Destaca-se que o número de atuações do controle hierárquico ao longo do dia é
de 19, 21, 20 e 19 respectivamente para os NPs de 5%, 10% ,15% e 30%.
Tabela 5-5 – Resultados dos controles local e hierárquico (alocação por Rmin) para o caso em que os sistemas
FVs são operados com fator de potência unitário.
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Local Hierárquico Desvio (%)
Nível de penetração de 5%
Desvio de tensão acumulado (pu) 173.572,5 138.542,1 -20,18
Perda de energia acumulada (kWh) 2.051,3 1.963,7 -4,27
Energia total injetada na SE (kWh) 192.161,8 192.074,2 -0,04
Nível de penetração de 10%
Desvio de tensão acumulado (pu) 162.892,1 121.711,5 -25,28
Perda de energia acumulada (kWh) 1.952,0 1.863,6 -4,53
Energia total injetada na SE (kWh) 183.243,4 183.154,9 -0,05
Nível de penetração de 15%
Desvio de tensão acumulado (pu) 158.272,7 121.144,8 -23,46
Perda de energia acumulada (kWh) 1.938,4 1.849,6 -4,58
Energia total injetada na SE (kWh) 174.410,7 174.321,8 -0,05
Nível de penetração de 30%
Desvio de tensão acumulado (pu) 167.443,7 120.473,2 -28,05
Perda de energia acumulada (kWh) 2.049,7 1.961,9 -4,28
Energia total injetada na SE (kWh) 148.102,6 148.014,7 -0,06
O uso do controle hierárquico possibilita melhorar os resultados para as perdas elétricas
do sistema e para os desvios de tensão nas quatro condições analisadas. Conforme o NP é
aumentado, a redução nas perdas é verificada tanto no caso local como no hierárquico para três
dos quatro valores de NP, sendo que a redução mais significativa é observada para o controle
hierárquico.
Para os desvios de tensão, considerando o uso do controle local, conforme o NP é
aumentado, há uma redução no desvio de tensão acumulado até o NP de 30%, no qual há um
acréscimo deste parâmetro. A Figura 5-21(a) exibe os valores médios e a Figura 5-21(b) exibe
os valores máximos da magnitude de tensão em todas as barras para cada instante analisado. A
Figura 5-21(a) ilustra o maior afastamento de 1 pu das tensões para as penetrações de 5% e 30%
(verificado nos resultados tabelados).
103
(a) Valores médios da tensão. (b) Valores máximos da tensão.
Figura 5-21 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP com atuação do
controle local (alocação por Rmin).
Já com o uso do controle hierárquico o parâmetro de desvio é decrescente para os quatro
valores de NP avaliados. Isto é observado pois o objetivo do controle hierárquico é manter as
tensões mais próximas de 1 pu. Quando o aumento de tensão ocasionado pela injeção de
geração FV resulta em muitas barras com valores de tensão superiores a 1 pu, resultando no
valor médio maior que 1 pu – como é observado através da Figura 5-22, o controle otimizado
atua para reduzir as tensões do sistema. Do mesmo modo, quando as tensões ficam muito abaixo
de 1 pu, o controle também é atuado.
(a) Valores médios da tensão. (b) Valores máximos da tensão.
Figura 5-22 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP com atuação do
controle hierárquico (alocação por Rmin).
A atuação do controle hierárquico pode ser identificada pela mudança brusca nos
comportamentos das tensões da Figura 5-22. Verifica-se que a tendência do controle otimizado
é manter a média de todas as tensões o mais próximo possível de 1 pu, mesmo que algumas
barras do sistema apresentem níveis mais altos de tensão (como verificado nitidamente na
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
104
Figura 5-22 (b)) Adicionalmente, a Figura 5-23 (a) e (b) exibe a atuação dos taps nas condições
extremas de 5% e 30% de nível de penetração, que resultam na manutenção da tensão em
valores mais próximos de 1 pu.
(a) NP de 5%. (b) NP de 30%.
Figura 5-23 – Posicionamento dos taps durante a atuação do controle hierárquico (alocação por Rmin).
Nos dois casos a quantidade de chaveamentos é semelhante, sendo 30 para o NP de 5%
e 34 para o NP de 30%. No primeiro caso as tensões não atingem valores tão altos durante o
pico de geração FV, o que justifica a manutenção dos taps nas posições 2 e 3. Entretanto, para
o NP de 30% a atuação do controle hierárquico – mantendo os taps na posição nula –, é essencial
para evitar sobretensões durante o período de máxima geração FV.
5.5.1.2 Alocação considerando os maiores valores de resistência (Rmax)
Este caso considera a alocação dos sistemas FVs nas barras da rede de BT que exibem
os maiores valores de resistência acumulada. Espera-se que o aumento de tensão nos PDCs dos
sistemas FVs seja mais expressivo do que aquele observado na seção 5.5.1.1, resultando em
uma condição mais crítica para a tensão.
Novamente são analisados os quatro valores de NP, e conforme a geração FV é
acrescida, espera-se que o fluxo reverso e os níveis de tensão do sistema aumentem. Ademais,
como verificado anteriormente, para penetrações muito altas as perdas elétricas também
aumentam, ocasionando um problema adicional.
Os resultados obtidos com o uso do controle hierárquico, que atua 20 vezes no NP de
5%, e 19 vezes nos outros quatro valores de NP são apresentados na Tabela 5-6.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Horas
Posiç
ão d
o tap
RTSEa
RTSEb
RTSEc
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Horas
Posiç
ão d
o tap
RTSEa
RTSEb
RTSEc
105
Tabela 5-6 – Resultados dos controles local e hierárquico (alocação por Rmax) para o caso em que os sistemas
FVs são operados com fator de potência unitário.
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Local Hierárquico Desvio (%)
Nível de penetração de 5%
Desvio de tensão acumulado (pu) 170.271,8 120.753,8 -29,08
Perda de energia acumulada (kWh) 2.039,6 1.950,7 -4,36
Energia total injetada na SE (kWh) 192.150,1 192.061,1 -0,05
Nível de penetração de 10%
Desvio de tensão acumulado (pu) 161.681,9 119.141,8 -26,31
Perda de energia acumulada (kWh) 1.955,5 1.865,8 -4,59
Energia total injetada na SE (kWh) 183.246,8 183.157,1 -0,05
Nível de penetração de 15%
Desvio de tensão acumulado (pu) 156.150,1 116.340,2 -25,49
Perda de energia acumulada (kWh) 1.927,3 1.840,8 -4,49
Energia total injetada na SE (kWh) 174.399,6 174.312,9 -0,05
Nível de penetração de 30%
Desvio de tensão acumulado (pu) 173.326,8 116.669,7 -32,69
Perda de energia acumulada (kWh) 2.093,5 2.003,8 -4,28
Energia total injetada na SE (kWh) 148.146,4 148.056,7 -0,06
O comportamento das perdas elétricas e dos desvios de tensão são similares aos
observados na Seção 5.5.1.1. Novamente o controle hierárquico apresenta uma redução de
quase 5% nas perdas e seu resultado mais significativo para o desvio de tensão é o do NP igual
a 30% (que é o melhor resultado em comparação ao controle local).
Para auxiliar o entendimento dos dados tabelados, a Figura 5-24 (a) e (b) ilustra o
comportamento das tensões (médias e máximas) com o uso do controle local, e a Figura 5-25
(a) e (b) ilustra o mesmo comportamento com o uso do controle hierárquico.
(a) Valores médios da tensão. (b) Valores máximos da tensão.
Figura 5-24 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP com atuação do
controle local (alocação por Rmax).
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
106
(a) Valores médios da tensão. (b) Valores máximos da tensão.
Figura 5-25 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP com atuação do
controle hierárquico (alocação por Rmax).
Diferentemente do que foi observado na Figura 5-22, no caso de Rmin, desta vez o
controle hierárquico tem sua atuação evidente também no NP de 5% – proporcionando uma
acentuada queda na tensão próximo às 12 horas. Mais uma vez, para auxiliar na análise da
Figura 5-25, são exibidas, na Figura 5-26 (a) e (b), as posições dos taps dos reguladores nas
condições de 5% e 30% de penetração.
(a) NP de 5%. (b) NP de 30%.
Figura 5-26 – Posicionamento dos taps durante a atuação do controle hierárquico (alocação por Rmax).
Por fim, como indicado pela análise de sensibilidade, o comportamento de tensão
observado na Figura 5-24 sofre um aumento comparado ao comportamento observado na Figura
5-21, validando a relação entre o valor da resistência do PDC e o aumento de tensão no mesmo
ponto. A Figura 5-27 exibe em detalhes os valores máximos de tensão verificados em cada
período do dia, considerando os quatro valores de NP e os parâmetros Rmin e Rmax, de maneira
a comprovar tal afirmação.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Horas
Posiç
ão d
o tap
RTSEa
RTSEb
RTSEc
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Horas
Posiç
ão d
o tap
RTSEa
RTSEb
RTSEc
107
Figura 5-27 – Valores máximos das tensões por período considerando os extremos do parâmetro de resistência.
Destaca-se que a comparação é feita utilizando-se os resultados do controle local pois
tal controle afeta o sistema de maneira mais constante – o controle hierárquico apresenta
atuações distintas para cada NP e tipo de alocação considerado.
5.5.1.3 Alocação considerando os menores valores de distância (Dmin)
Após avaliação do parâmetro de resistência, são avaliados nesta seção e na Seção 5.5.1.4
a influência de instalar os sistemas FVs mais próximos ou mais distantes da SE. Aqui são
consideradas as alocações nas barras da rede de BT que estão mais próximas da SE (menor
distância). De acordo com as análises de sensibilidade, espera-se que o parâmetro de distância
influencie em um aumento generalizado das tensões do sistema. Considerando os menores
valores de distância, presume-se que o impacto não seja tão significativo.
Assim como constatado para os casos de resistência, quanto maior o NP do sistema,
maiores devem ser o fluxo reverso de potência e os níveis de tensão do circuito, sendo que em
casos extremos as perdas elétricas também podem aumentar.
Os resultados obtidos com o uso do controle hierárquico, que atua 23 vezes nos NPs de
5% e 10%, 20 vezes no NP de 15%, e 22 vezes no NP de 30%, são apresentados na Tabela 5-7,
na qual os valores de perdas elétricas com o uso do controle local e hierárquico, são superiores
aos dois primeiros casos analisados (Rmin e Rmax) – indicando uma condição pior resultante da
alocação por distância.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
1
1.005
1.01
1.015
1.02
1.025
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5% Rmin
NP de 10% Rmin
NP de 15% Rmin
NP de 30% Rmin
NP de 5% Rmax
NP de 10% Rmax
NP de 15% Rmax
NP de 30% Rmax
108
Tabela 5-7 – Resultados dos controles local e hierárquico (alocação por Dmin) para o caso em que os sistemas
FVs são operados com fator de potência unitário.
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Local Hierárquico Desvio (%)
Nível de penetração de 5%
Desvio de tensão acumulado (pu) 175.227,8 117.063,1 -33,19
Perda de energia acumulada (kWh) 2.132,5 2.038,6 -4,40
Energia total injetada na SE (kWh) 192.243,0 192.149,0 -0,05
Nível de penetração de 10%
Desvio de tensão acumulado (pu) 174.143,0 121.619,6 -30,16
Perda de energia acumulada (kWh) 2.105,9 2.015,5 -4,29
Energia total injetada na SE (kWh) 183.397,3 183.306,8 -0,05
Nível de penetração de 15%
Desvio de tensão acumulado (pu) 174.489,0 125.091,7 -28,31
Perda de energia acumulada (kWh) 2.105,3 2.016,5 -4,22
Energia total injetada na SE (kWh) 174.577,5 174.488,7 -0,05
Nível de penetração de 30%
Desvio de tensão acumulado (pu) 172.247,8 118.148,5 -31,41
Perda de energia acumulada (kWh) 2.151,1 2.062,1 -4,14
Energia total injetada na SE (kWh) 148.204,0 148.115,0 -0,06
Como já citado, para este caso de alocação as perdas apresentam valores maiores do que
aqueles verificados nas seções anteriores – com os valores mais altos verificados no NP de 30%
–, mas ainda assim novamente o controle hierárquico reduz tais perdas em quase 5%.
Com relação aos desvios de tensão acumulados, os melhores resultados são observados
no NP de 30% com o uso do controle local, e no NP de 5% com o uso do controle hierárquico
(condição esta que também apresenta a maior melhora do controle hierárquico com relação ao
controle local – desvio de quase 35%). Para auxiliar no entendimento dos dados numéricos de
desvio de tensão são apresentados os valores médios e máximos desta variável elétrica na Figura
5-28(a) e (b) e na Figura 5-29 (a) e (b), considerando o uso do controle local e hierárquico.
(a) Valores médios da tensão. (b) Valores máximos da tensão.
Figura 5-28 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP com atuação do
controle local (alocação por Dmin).
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
109
(a) Valores médios da tensão. (b) Valores máximos da tensão.
Figura 5-29 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP com atuação do
controle hierárquico (alocação por Dmin).
Assim como observado nos resultados de Rmax, o controle hierárquico atua de maneira
evidente nos quatro valores de NP. Verifica-se, pela Figura 5-29, que próximo das 10 horas da
manhã (quando a geração FV começa a ter valores mais significativos) há mudanças bruscas
no comportamento de tensão para todas as penetrações analisadas. A Figura 5-30 (a) e (b), que
exibe novamente as posições dos reguladores para as duas situações extremas de penetração,
ilustra a atuação do controle hierárquico nos horários mais críticos.
(a) NP de 5%. (b) NP de 30%.
Figura 5-30 – Posicionamento dos taps durante a atuação do controle hierárquico (Dmin).
Observa-se que a quantidade de chaveamentos para o NP de 30% é menor do que a
quantidade para o NP de 5%, com a manutenção dos taps em posições mais baixas –
principalmente durante o período de maior geração FV. Com isso, os valores máximos de tensão
verificados nesse NP mais alto são menores do que aqueles observados nas outras condições de
penetração (como pode ser conferido na Figura 5-29 (b)).
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Horas
Posiç
ão d
o tap
RTSEa
RTSEb
RTSEc
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Horas
Posiç
ão d
o tap
RTSEa
RTSEb
RTSEc
110
5.5.1.4 Alocação considerando os maiores valores de distância (Dmax)
Por fim, esta seção considera a alocação dos sistemas FVs nas barras da rede de BT que
estão mais longe da SE (maior distância). Espera-se que os resultados desta seção apresentem
um impacto maior na tensão do que os verificados na seção 5.5.1.3.
Os resultados obtidos com o uso dos controles local e hierárquico são apresentados na
Tabela 5-8. O controle hierárquico atua 23, 20, 22 e 22 vezes respectivamente para os NPs de
5%, 10% ,15% e 30%.
Tabela 5-8 – Resultados dos controles local e hierárquico (alocação por Dmax) para o caso em que os sistemas
FVs são operados com fator de potência unitário.
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Local Hierárquico Desvio (%)
Nível de penetração de 5%
Desvio de tensão acumulado (pu) 171.164,0 118.726,6 -30,64
Perda de energia acumulada (kWh) 2.090,4 1.998,9 -4,38
Energia total injetada na SE (kWh) 192.200,9 192.109,3 -0,05
Nível de penetração de 10%
Desvio de tensão acumulado (pu) 169.521,5 116.251,7 -31,42
Perda de energia acumulada (kWh) 2.089,7 1.996,9 -4,44
Energia total injetada na SE (kWh) 183.381,1 183.288,2 -0,05
Nível de penetração de 15%
Desvio de tensão acumulado (pu) 165.703,3 121.055,7 -26,94
Perda de energia acumulada (kWh) 2.086,6 1.997,6 -4,26
Energia total injetada na SE (kWh) 174.558,9 174.469,8 -0,05
Nível de penetração de 30%
Desvio de tensão acumulado (pu) 176.260,7 120.611,0 -31,57
Perda de energia acumulada (kWh) 2.243,2 2.158,5 -3,77
Energia total injetada na SE (kWh) 148.296,0 148.211,3 -0,06
Para os resultados do controle local tanto o desvio de tensão acumulado como a perda
de energia acumulada apresentam comportamento decrescente até o NP de 15%, sofrendo um
aumento considerável para o NP de 30%. Para o controle hierárquico o aumento dos dois
parâmetros já é observado a partir do NP de 15%, com o desvio de tensão sofrendo uma nova
redução no NP de 30%. Os melhores resultados do controle hierárquico são observados no NP
de 30% – considerando o parâmetro de desvio de tensão, e no NP de 10% – considerando o
parâmetro de perdas. Em complementação aos resultados da Tabela 5-8, são exibidos na Figura
5-31 (a) e (b) e na Figura 5-32 (a) e (b), os comportamentos dos valores médios e máximos de
tensão para todo o período do dia
111
(a) Valores médios da tensão. (b) Valores máximos da tensão.
Figura 5-31 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP com atuação do
controle local (alocação por Dmax).
(a) Valores médios da tensão. (b) Valores máximos da tensão.
Figura 5-32 – Valores médios e máximos das tensões por período para os quatro valores de NP com atuação do
controle hierárquico (alocação por Dmax).
Comparando-se os resultados para Dmax com os resultados para Dmin, apresentados na
Figura 5-28 e na Figura 5-29, verificam-se semelhanças que não permitem constatar a maior
gravidade deste segundo caso (esperada pela análise de sensibilidade com relação ao aumento
de tensão generalizado no sistema). Dessa forma, é apresentado na Figura 5-33 o
comportamento das tensões médias com o uso do controle local para todos os NPs nas duas
condições extremas de alocação por distância. Diferentemente da comparação feita para o
parâmetro de resistência (na qual é considerada a comparação entre os valores máximos de
tensão observados), para este parâmetro utiliza-se a comparação entre os valores médios de
tensão.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
1.02
1.03
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5%
NP de 10%
NP de 15%
NP de 30%
112
Figura 5-33 – Valores médios das tensões por período considerando os extremos do parâmetro de distância.
Com a representação dos comportamentos de tensão, constata-se que o parâmetro de
maior distância (Dmax) é mais crítico para as tensões do sistema (pois apresenta maior aumento
de seus valores). De fato, apesar de os resultados da Tabela 5-7 e da Tabela 5-8 mostrarem que,
com exceção dos resultados para NP igual a 30%, os desvios de tensão do controle local são
maiores no caso de Dmin, isto apenas implica que no geral suas tensões estão mais próximas de
1 pu (não necessariamente mais críticas). Ainda assim, dentre todos os resultados das duas
tabelas o de Dmax para NP igual a 30% é o que apresenta maiores valores para os desvios de
tensão e para as perdas elétricas. Além disso, como verificado na Figura 5-33, a alocação pela
maior distância é a que resulta em maior crescimento das tensões médias de todo o sistema, e
apesar de os limites de tensão não terem sido violados (devido ao elevado nível de curto-circuito
deste sistema de distribuição), a sua criticidade em aumentar os níveis de tensão do sistema não
deve ser desconsiderada.
5.5.2 Estudo 2 – Sistemas FVs operando com fator de potência variável
A partir dos resultados obtidos na Seção 5.5.1, verificou-se que o parâmetro que mais
afeta a tensão em regime permanente de todo o sistema (para o sistema teste analisado) é a
distância, quanto maior a distância até os PDCs dos sistemas FVs maior o impacto sobre a
tensão. Além disso, para todos os NPs avaliados, o de 30% foi o que impactou mais a tensão e
as perdas elétricas do sistema.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:000.95
0.96
0.97
0.98
0.99
1
1.01
Horas
Magnitu
de d
a tensão [pu]
NP de 5% Dmin
NP de 10% Dmin
NP de 15% Dmin
NP de 30% Dmin
NP de 5% Dmax
NP de 10% Dmax
NP de 15% Dmax
NP de 30% Dmax
113
Assim, nesta seção é considerado o uso de um controle de fator de potência variável no
sistema EPRI m1, sujeito a alocação de 1.390 sistemas FVs de 5 kWp (representando o NP de
30%) nos locais mais distantes da subestação.
Com este segundo estudo pretende-se verificar a aplicabilidade do uso de um controle
remoto (comandos do COD) dos inversores inteligentes com a função de fator de potência
variável. Destaca-se que entre todas as funções expostas na Seção 5.2.1, decidiu-se exemplificar
um caso apenas com esta função devido à sua maior aplicabilidade.
É considerado que todos os sistemas FVs possuem inversores inteligentes que permitem
a variação de seu fator de potência durante a atuação do controle centralizado. Desta forma, a
cada 15 minutos, quando o controle centralizado atuar, o sistema FV pode operar com um novo
FP – que é determinado pela solução do FPO.
Duas faixas de variação são consideradas para o FP: ±0,95 e ±0,92, e durante a atuação
do controle local, os FPs obtidos com a otimização não são variados – dessa forma, simula-se
uma operação real em que apenas o COD tem a capacidade de variar a operação dos inversores
de seus clientes, tendo assim maior controle sobre o sistema. Além disso, para este trabalho
considera-se que a potência do inversor é maior do que a do sistema FV por um valor que
permita a geração de potência reativa para o FP desejado. Assim, quando potência reativa é
gerada ou absorvida pelo sistema FV (resultante da variação do FP) não é necessário que a
quantidade de potência ativa gerada seja reduzida.
Como a variação do FP é realizada apenas pelo controle centralizado, os resultados do
sistema considerando apenas o uso do controle local são idênticos aos apresentados na Tabela
5-8 para o NP de 30%. Com isto, a comparação desta vez é feita entre os resultados obtidos
com o uso do controle hierárquico (FP fixo unitário versus FP variável). Para facilitar a
comparação dos resultados obtidos neste novo estudo com àqueles considerando o fator de
potência unitário, o trecho da Tabela 5-8, que exibe os resultados para a penetração de 30%, é
reapresentado na Tabela 5-9.
Os resultados obtidos com o uso do controle hierárquico que permite a variação do FP
dos sistemas FVs, são exibidos na Tabela 5-10. Para a obtenção destes resultados o controle
centralizado atua 18 e 16 vezes respectivamente, para os fatores de potência de ±0,95 e ±0,92.
A faixa de atuação do controle centralizado é a mesma considerada em todo o capítulo – de
0,975 a 1,025 pu.
114
Tabela 5-9 – Resultados dos controles local e hierárquico com fator de potência unitário
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Local Hierárquico Desvio (%)
Desvio de tensão acumulado (pu) 176.260,7 120.611,0 -31,57
Perda de energia acumulada (kWh) 2.243,2 2.158,5 -3,77
Energia total injetada na SE (kWh) 148.296,0 148.211,3 -0,06
Tabela 5-10 – Comparação entre os resultados com o uso do controle hierárquico com FP unitário e variável.
Parâmetro avaliado
Comparações entre os controles hierárquicos
Hierárquico
FP ±0,95
Desvio (%) Hierárquico
FP ±0,92
Desvio (%)
Desvio de tensão acumulado (pu) 116.535,8 -3,38 125.184,5 +3,79
Perda de energia acumulada (kWh) 2.121,1 -1,73 2.115,2 -2,01
Energia total injetada na SE (kWh) 148.173,9 -0,02 148.167,9 -0,03
Os resultados da Tabela 5-10 são em sua maioria melhores do que aqueles verificados
com o uso apenas do fator de potência unitário (exibidos na Tabela 5-9). Apenas o parâmetro
de desvio de tensão para o FP de ±0,92 sofre um pequeno aumento, mas que é compensado com
o aumento na redução dos outros dois parâmetros. Com relação à quantidade de atuações dos
equipamentos controláveis (transformador com OLTC, RTs e BCs), seus resultados
apresentaram resultados semelhantes aos observados com o uso do FP unitário, não indicando
grande influência do uso dos inversores inteligentes, na geração/absorção de potência reativa,
nas comutações.
Durante todo o período de simulação diferentes ajustes de FP são feitos pelo controle
centralizado para tentar minimizar ao máximo os valores da FO. A fim de exemplificar os
diferentes ajustes, a Figura 5-34 e a Figura 5-36 ilustram, para cada caso de variação do FP
(±0,95 e ±0,92), três comportamentos extremos verificados em três sistemas FVs distintos – um
representando a máxima geração de potência reativa verificada (FP mais capacitivo), outro a
máxima absorção verificada (FP mais indutivo), e um terceiro que quase não contribui na
geração ou absorção de potência reativa (mantendo-se com FP unitário durante o período de
maior geração FV). Adicionalmente, a Figura 5-35 (a) - (c), e a Figura 5-37 (a) - (c) exibem as
variações nos valores de FP que resultaram nas gerações de potência reativa citadas. Destaca-
se que, os períodos que sofrem maior influência das mudanças de FP são aqueles de maior
geração FV – entre 11h. e 16h. (Nas figuras as linhas pontilhadas indicam os valores de 0,95 e
0,92 para cada caso).
115
Figura 5-34 – Comportamento das potências ativa e reativa para três casos extremos de variação do FP entre
±0,95.
(a) FP mais indutivo. (b) FP mais capacitivo. (c) FP mais unitário.
Figura 5-35 – Variações nos ajustes de fator de potência para os três casos extremos (FP ±0,95).
Figura 5-36 – Comportamento das potências ativa e reativa para três casos extremos de variação do FP entre
±0,92.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5
Potê
ncia
reativ
a n
os s
iste
mas F
Vs [kvar]
Horas
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
Potê
ncia
ativ
a n
os s
iste
mas F
Vs [kW
]
PFV
QFV com FP mais indutivo
QFV com FP mais capacitivo
QFV com FP mais perto de 1
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5
Potê
ncia
reativ
a n
os s
iste
mas F
Vs [kvar]
Horas
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
Potê
ncia
ativ
a n
os s
iste
mas F
Vs [kW
]
PFV
QFV com FP mais indutivo
QFV com FP mais capacitivo
QFV com FP mais perto de 1
116
(a) FP mais indutivo. (b) FP mais capacitivo. (c) FP mais unitário.
Figura 5-37 – Variações nos ajustes de fator de potência para três casos extremos (FP ±0,92).
Os três sistemas FVs que apresentam os comportamentos considerados mais extremos
são os mesmos para os dois casos de variação de FP. Seus resultados indicam que a maior
influência da variação do FP ocorre durante o período de máxima geração FV (no qual pode-se
gerar ou absorver mais potência reativa).
Com a análise dos resultados finalizada, destaca-se que como o ajuste do melhor fator
de potência é feito apenas quando o controle centralizado é executado, tal ajuste pode não ser
o mais adequado para os períodos seguintes no qual não é aplicada a otimização. De fato, quanto
mais atuações do controle centralizado, maior a chance de os ajustes de geração de potência
ativa e reativa do sistema FV serem adequados por um período maior de tempo. Assim, uma
variação da faixa de atuação do controle centralizado, que resulte em uma maior quantidade de
atuações, pode melhorar os resultados obtidos com o FP variável. Além disso, outra solução
que também pode ser considerada é a possibilidade de variação do FP pelo controle local. Dessa
forma, a cada alteração de tensão ou corrente (por exemplo) o FP poderia ser ajustado pelo
inversor localmente. Esta solução, porém, não é explorada neste trabalho e é sugerida para
trabalhos futuros.
5.6 APLICAÇÃO DE CVR NO SISTEMA EPRI M1
Os resultados do sistema EPRI m1 para altas penetrações de sistemas FVs (30%) em
localidades críticas (alocadas por Dmax) indicam que a tensão em regime permanente (que não
atinge valores muito elevados) não é um problema grave para este sistema de distribuição na
presença de GD. Por outro lado, as perdas elétricas – que aumentam consideravelmente quando
117
o NP é variado de 15% para 30% (como pode ser verificado na (Tabela 5-8)), são fatores mais
preocupantes para este sistema.
Assim, uma alternativa de solução que pode ser considerada para tentar diminuir as
perdas elétricas do sistema – e também a energia injetada na SE (que apresenta valores de
melhora bem inexpressivos)–, é a aplicação do conceito de CVR, o qual tende a manter os níveis
de tensão em valores mais baixos, próximos de seu limite inferior, sendo uma alternativa para
o aumento de tensão ocasionado pela geração FV e proporcionando, entre outros fatores, a
redução do consumo de energia – que decresce pouco com o uso do controle hierárquico.
Nas simulações do CVR, o modelo de potência constante – utilizado até então –, é
substituído pelo modelo de impedância constante, que é mais afetado pela variação de tensão.
Além disso, os sistemas fotovoltaicos são mantidos, representando um nível de penetração de
30%, alocados de acordo com a distância máxima e operando com FP unitário.
Para a tensão de referência da FO resolvida pelo FPO são considerados os valores de
0,96 pu e 0,95 pu, e o controle local é ajustado para manter tensões mais próximas destes
valores (ao invés de 1 pu). A Tabela 5-11 apresenta os ajustes dos equipamentos para o controle
local considerando os dois valores de referência da FO. Tais valores podem ser considerados
um pouco elevados, mas são utilizados para evitar que ocorram violações de tensão ao fim do
alimentador quando a geração FV é menos expressiva (não causando elevação considerável de
tensão). Ajustes menores foram testados e resultaram em violações do limite inferior da tensão
(devido à alta queda de tensão verificada neste sistema de distribuição).
Tabela 5-11 – Configuração dos equipamentos para manter as tensões da FO em 0,96 e 0,95 pu.
V = 0,96 pu V = 0,95 pu
Equipamento Tensão de
referência (V)
Largura de
banda (V)
Tensão de
referência (V)
Largura de
banda (V)
Bancos de capacitores 117 ±3 116 ±3
Transformador com OLTC 117 ±1 116 ±1
Diversas simulações foram realizadas nas quais variou-se a faixa de atuação do controle
centralizado (limites da zona morta). De acordo com o procedimento utilizado neste trabalho,
como faixa de atuação entende-se que a cada intervalo de tempo preestabelecido, caso alguma
tensão do sistema esteja fora da faixa de atuação, o controle centralizado atua. As faixas que
apresentaram melhores resultados foram 0,95 - 1,00 pu (para a tensão de referência de 0,96 pu)
e 0,94 - 1,00 pu (para a tensão de referência de 0,95 pu), as quais proporcionaram 48 e 53
atuações, respectivamente, do controle centralizado. As comparações dos resultados com o uso
118
dos controles local e hierárquico para cada uma das tensões de referência são apresentadas na
Tabela 5-12 e na Tabela 5-13.
Tabela 5-12 – Resultados dos controles local e hierárquico para o sistema EPRI m1 (tensão ajustada no CVR
igual a 0,96 pu).
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Local Hierárquico Desvio %
Desvio de tensão acumulado (pu) 201.108,2 119.850,2 -40,4
Perda de energia acumulada (kWh) 2.081,4 2.044,9 -1,75
Energia total injetada na SE (kWh) 136.669,8 134.796,7 -1,39
Tabela 5-13 – Resultados dos controles local e hierárquico para o sistema EPRI m1 (tensão ajustada no CVR
igual a 0,95 pu).
Parâmetro avaliado Comparações dos controles
Local Hierárquico Desvio %
Desvio de tensão acumulado (pu) 243.689,5 128.235,4 -47,38
Perda de energia acumulada (kWh) 2.058,1 2.035,2 -1,11
Energia total injetada na SE (kWh) 133.751,6 131.108,2 -1,98
O uso do controle hierárquico proporciona melhora nos resultados dos dois casos de
tensão (de referência) analisados, com destaque para os resultados da energia total injetada na
SE, que é mais expressiva para o segundo caso pois para níveis de tensão mais baixos o
consumo de energia (considerando o modelo de impedância constante utilizado) é menor. O
parâmetro de desvio de tensão também apresenta bons resultados, indicando a eficiência do
controle hierárquico em manter um nível de tensão desejado. De fato, é importante salientar
que a economia de energia proporcionada com a redução dos níveis de tensão do sistema pode
ser resultado de subtensões na rede secundária de BT – onde está localizada a maioria das
cargas. Para averiguar tal ocorrência, são apresentados os histogramas de tensão e os perfil de
tensão durante o pico de carga para os casos de tensão de referência de 0,96 pu (na Figura 5-38
e na Figura 5-39) e 0,95 pu (na Figura 5-40 e na Figura 5-41).
Figura 5-38 – Histogramas de desvio de tensão para o sistema EPRI m1 (CVR de 0,96 pu).
-4% -3% -2% -1% 0% 1% 2% 3% 4%0
1
2
3
4
5
6
7
x 106
Desvio de 0.96 pu
Núm
ero
de o
corr
ência
s
Local
Hierárquico
119
(a) Perfil de tensão – Local. (b) Perfil de tensão – Hierárquico.
Figura 5-39 – Comparação dos perfis de tensão durante o pico de carga para o sistema EPRI m1 (CVR 0,96 pu).
Figura 5-40 – Histogramas de desvio de tensão para o sistema EPRI m1 (CVR de 0,95 pu).
(a) Perfil de tensão – Local. (b) Perfil de tensão – Hierárquico.
Figura 5-41 – Comparação dos perfis de tensão durante o pico de carga para o sistema EPRI m1 (CVR 0,95 pu).
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50.92
0.93
0.94
0.95
0.96
0.97
0.98
0.99
1
Distância da subestação [km]
Te
nsã
o d
a b
arr
a [p
u]
Fase A
Fase B
Fase C
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50.92
0.93
0.94
0.95
0.96
0.97
0.98
0.99
1
Distância da subestação [km]
Te
nsã
o d
a b
arr
a [p
u]
Fase A
Fase B
Fase C
-5% -4% -3% -2% -1% 0% 1% 2% 3% 4% 5%0
1
2
3
4
5
6
7
x 106
h(i)
Desvio de 0.95 pu
Núm
ero
de o
corr
ência
s
h(i)
Local
Hierárquico
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
0.92
0.94
0.96
0.98
1
Distância da subestação [km]
Tensão d
a b
arr
a [pu]
Fase A
Fase B
Fase C
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
0.92
0.94
0.96
0.98
1
Distância da subestação [km]
Te
nsã
o d
a b
arr
a [p
u]
Fase A
Fase B
Fase C
120
Observando os comportamentos de tensão mostrados nas figuras, verifica-se que para o
caso de tensão de referência de 0,96 pu, as tensões ficam no limite de 0,92 pu – preestabelecido
pela ANEEL para a rede de BT – com o uso do controle local e quase 1% acima disso com o
uso do controle hierárquico. Já para o caso de tensão de referência de 0,95 pu há algumas
ocorrências de tensões violando o limite de 0,92 pu. Com o uso do controle hierárquico há uma
atenuação da quantidade de infrações – ao menos durante o pico de carga (como observado na
Figura 5-41), mas ainda há algumas barras com subtensão. Assim, mesmo com a redução
significativa da energia provinda da SE proporcionada pelo caso de 0,95 pu, este caso pode ser
considerado inadequado devido às suas violações de tensão se a violação durar mais tempo do
que o limite estipulado no PRODIST [17].
Por fim, considerando o resultado para as perdas elétricas deste caso, verifica-se que a
melhora comparada com o uso do controle local é menor do que os resultados observados ao
longo do capítulo para este sistema de distribuição (resultados próximos de 5%). Porém,
comparando-se as perdas elétricas obtidas com o uso do controle hierárquico mantendo as
tensões em 0,96 pu e 0,95 pu com aquelas provenientes do caso base (manutenção das tensões
em 1 pu e uso do modelo de impedância constante para as cargas), verificam-se melhoras de
4,9% e 5,3% para este parâmetro. A Figura 5-42 ilustra o comportamento das perdas
consideradas.
Figura 5-42 – Comportamento das perdas elétricas para os diferentes níveis de tensão mantidos no sistema EPRI
m1.
Observa-se a partir da Figura 5-42, que os casos de 0,96 pu e 0,95 pu apresentam uma
redução significativa nas perdas elétricas durante o período de pico de carga, durante o qual há
o máximo consumo, que é reduzido de acordo com a redução dos valores de tensão – como
pode ser verificado na Figura 5-43, que ilustra a redução na geração para os menores níveis de
tensão.
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:000
50
100
150
200
250
Horas
Perd
as E
létr
icas [kW
]
V mantida em 1 pu
V mantida em 0,96 pu
V mantida em 0,95 pu
121
Figura 5-43 – Comportamento da energia injetada na SE (geração) para os diferentes níveis de tensão mantidos
no sistema EPRI m1.
Por outro lado, por se tratar de um sistema contendo sistemas FVs, durante o pico de
geração ocorre situação inversa, com os menores níveis de tensão apresentando as maiores
perdas. Isto acontece pois com menores níveis de tensão, há um menor consumo de carga, e
consequentemente o excedente proveniente da geração FV incrementa o fluxo reverso do
sistema e também as perdas pelos condutores.
Assim, o uso do CVR pode ser considerado útil para aplicação no Volt/Var, mas uma
análise do modelo das cargas, do comportamento de queda de tensão ao longo do circuito e da
presença ou não de GD deve ser cuidadosamente realizada.
5.7 COMENTÁRIOS FINAIS DO CAPÍTULO
Neste capítulo foram apresentadas análises complementares do uso do controle
hierárquico proposto em uma rede de distribuição com sistemas fotovoltaicos. Verificou-se a
influência da quantidade e localização destes sistemas nas medidas de tensão e perdas elétricas,
e como o controle hierárquico pode melhorar o ajuste de tensão e diminuir as perdas dos
sistemas de distribuição sob tais condições. Também foram apresentados dois estudos
adicionais: um considerando o uso do controle centralizado para variar o fator de potência dos
sistemas FVs (por meio dos inversores inteligentes); e o outro considerando o uso do conceito
de CVR para manter as tensões do sistema de distribuição analisado em níveis mais baixos
(para reduzir o consumo de energia).
0:00 4:00 8:00 12:00 16:00 20:00-0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5x 10
4
Horas
Energ
ia in
jeta
da n
a S
E [kW
]
V mantida em 1 pu
V mantida em 0,96 pu
V mantida em 0,95 pu
122
6 CONCLUSÕES
O controle de tensão e potência reativa é importante para a operação adequada dos
sistemas de distribuição, e por anos sua atuação tem sido baseada no uso de técnicas de controle
locais e não coordenadas. Tal estratégia era adequada para os sistemas sem monitoramento e
automatização, contudo, com o advento das redes elétricas inteligentes, que tendem a
automatizar todo o alimentador da distribuição, incluindo mais equipamentos controláveis que
devem operar de maneira coordenada, novas estratégias de controle Volt/Var podem ser
implementadas. Uma opção que vem sendo aplicada em projetos-piloto é a implementação de
um controle Volt/Var integrado, que funciona por meio de uma arquitetura de controle
centralizada. De fato, a exploração do controle centralizado vem se tornando uma tendência das
concessionárias e este trabalho investigou a utilização de uma nova metodologia de controle
Volt/Var. Tal metodologia integra os controles local e centralizado de forma hierárquica, de
maneira a otimizar a operação do sistema.
A implementação da metodologia de controle Volt/Var proposta foi realizada
utilizando-se três softwares distintos: um de otimização para resolução do fluxo de potência
ótimo (AIMMS), um para a solução do fluxo de potência em tempo real (OpenDSS), e um para
fazer a interação entre os dois primeiros, funcionando de maneira equivalente a um sistema
SCADA (MATLAB). O problema de FPO foi formulado considerando-se o sistema trifásico,
ou seja, representando-se os desequilíbrios topológicos típicos de sistemas de distribuição. Tal
formulação é apresentada na Seção 3.2 e apresentou resultados satisfatórios (validados com
resultados do OpenDSS) para a representação fiel dos elementos do sistema de distribuição.
Com o esquema de controle hierárquico funcionando adequadamente, três sistemas-
teste, com diferentes características, foram selecionados para verificar a eficácia de sua
aplicação. Para os três sistemas-teste avaliados, os resultados mostraram que a metodologia de
controle hierárquico proposta pode proporcionar uma redução significativa dos desvios de
tensão e das perdas do sistema em comparação ao controle tipicamente empregado (local).
Entre os dois primeiros sistemas-teste, os quais consideravam apenas o uso dos
equipamentos de controle Volt/Var convencionais, o IEEE 123 barras apresentou os melhores
resultados (aproximadamente 45% e 20% de redução respectivamente, para os desvios de
tensão e para a perda de energia acumulada), mas que podem ser atribuídos à maior quantidade
de equipamentos reguladores presente em seu circuito. Ademais, na ocorrência de uma
quantidade considerada alta de chaveamentos para os equipamentos controláveis, a mudança
123
de sua largura de banda reduziu tal quantidade, não impactando consideravelmente nos
resultados do controle hierárquico.
Para o terceiro sistema avaliado (sistema EPRI m1), a eficiência do controle hierárquico
foi novamente verificada mesmo na presença de sistemas FVs. De fato, a inclusão de sistemas
FVs foi considerada neste trabalho como uma análise adicional, com o intuito de verificar como
esta geração distribuída poderia impactar no funcionamento do controle hierárquico proposto.
Além das simulações realizadas para os sistemas IEEE 123 barras e EPRI ckt 5, para este
sistema em particular também foram avaliadas outras duas análises com o controle hierárquico:
o uso do controle hierárquico com a possibilidade de variar os fatores de potência dos sistemas
FVs; e o uso do controle hierárquico com o conceito de CVR.
Com o uso do fator de potência variável verificou-se que a operação remota dos
inversores inteligentes para alterar o FP dos sistemas FVs pode ser uma boa opção para reduzir
as perdas ativas do sistema ao longo do dia. Os resultados com o uso do controle hierárquico
podem ser melhorados se o controlador possibilitar uma quantidade maior de atuações do
controle centralizado ou mesmo a atuação dos sistemas FVs no controle local.
Já com o uso do CVR verificou-se, além da melhora dos parâmetros de energia (perdida
e gerada na SE), a aplicabilidade do controle hierárquico para um modelo de carga diferente do
usado até então no trabalho. Os resultados para os dois casos avaliados (manutenção de tensão
em 0,96 pu e 0,95 pu) foram significativamente melhores quando considerados os parâmetros
de perdas e energia injetada na SE, porém, a custo de violações de tensão durante o período de
pico de carga – período no qual já não há tanta geração FV. Tal problema de violação é
verificado devido à grande queda de tensão que este circuito apresenta na BT. Uma alternativa
que talvez possa melhorar o uso do CVR para este sistema é a aplicação do controle com FP
variável analisada anteriormente – com seu uso é possível que haja alguma melhora nas
violações de tensão.
No geral, os resultados para os três sistemas de distribuição analisados comprovam a
eficiência da metodologia de controle Volt/Var integrado funcionando dentro de uma
hierarquia. De fato, a aplicação em sistemas de grande porte, como o EPRI ckt 5 e o EPRI m1,
demonstra que tal metodologia pode ser viável em aplicações práticas se adequadamente
implementada (com configurações apropriadas para a atuação do controle hierárquico, e
definições da FO no software de otimização compatíveis com o desejo de melhoria da
concessionária e com as particularidades de cada sistema – sistemas com cargas de modelo
impedância constante podem prover melhores resultados com a implementação do CVR para a
otimização Volt/Var).
124
Por fim, é importante salientar que um fator adicional que pode influenciar a
implementação da metodologia de controle hierárquico proposta é a questão financeira: quanto
será gasto para aplicação dos componentes necessários para sua execução e qual seu provável
retorno. No que diz respeito ao retorno financeiro, por exemplo, a economia obtida com a
redução das perdas elétricas de um alimentador representa um valor aproximado de
R$14.170,00 em um ano para o sistema EPRI m1 – sem geração FV (considerando a redução
de quase 5% ou 92,5 kWh/dia e um valor de 0,4196 R$/kWh2), que pode ou não ser expressivo
para a concessionária, dependendo de seu nível atual de modernização, e quanto de sua rede
terá de ser melhorada para proporcionar um controle centralizado e infraestruturas modernas de
medição e comunicação. Há ainda a avaliação de economia proveniente dos melhores níveis de
tensão proporcionados à rede, mas uma análise de custos mais criteriosa deve ser feita para
avaliar tal ganho.
6.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Como sugestões para trabalhos futuros que possam dar continuidade a este trabalho, é
possível citar:
Uso do controle local com fator de potência dos sistemas FVs ajustável;
Avaliação da utilização das outras funções dos inversores inteligentes na
metodologia de controle hierárquico proposto;
Avaliação de modelos de carga mais realistas, com diferentes curvas de carga
para diferentes grupos de consumidores;
Análise financeira da implementação deste tipo de controle;
Aprimoramento do modelo de otimização utilizado neste trabalho, de forma a
poder resolver o problema de programação não linear inteira mista (MINLP) de
forma precisa (e não aproximada como foi aqui abordado).
2 Valor de 2015 sem ICMS da CPFL paulista para classe residencial B1(bandeira tarifária verde) [78].
125
6.2 PUBLICAÇÕES
A metodologia apresentada neste trabalho foi descrita em um artigo aceito e apresentado
no Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos (SBSE) 2016 denominado: “Uma Proposta de
Controle Volt/Var Hierárquico para Sistemas Modernos de Distribuição de Energia Elétrica”.
126
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