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BRUNO PEREIRA DE SOUZA ANDRADE Ferramentas da Redação Empresarial e a atuação do profissional de Secretariado Executivo: Um estudo de caso da Itatiaia Móveis S.A., Ubá - MG MONOGRAFIA Universidade Federal de Viçosa Viçosa – MG Novembro – 2008

Bruno Pereira de Souza Andrade

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Page 1: Bruno Pereira de Souza Andrade

BRUNO PEREIRA DE SOUZA ANDRADE

Ferramentas da Redação Empresarial e a atuação

do profissional de Secretariado Executivo: Um estudo de caso da Itatiaia Móveis S.A., Ubá - MG

MONOGRAFIA

Universidade Federal de Viçosa

Viçosa – MG

Novembro – 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES

Ferramentas da Redação Empresarial e a atuação

do profissional de Secretariado Executivo: Um estudo de caso da Itatiaia Móveis S.A., Ubá - MG

Monografia apresentada ao Departamento de Letras e Artes da

Universidade Federal de Viçosa, como exigência da Disciplina

LET 499 – Monografia – e como requisito para a conclusão do

curso de Secretariado Executivo Trilíngüe, tendo como orientadora

a professora Rosalia Beber de Souza.

Bruno Pereira de Souza Andrade

Viçosa – MG

2008

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A monografia intitulada

Ferramentas da Redação Empresarial e a atuação

do profissional de Secretariado Executivo: Um estudo de caso da Itatiaia Móveis S.A., Ubá - MG

elaborada por

BRUNO PEREIRA DE SOUZA ANDRADE

como parte das exigências da disciplina LET 499 – Monografia – e requisito para a conclusão do curso de Secretariado Executivo Trilíngüe, foi aprovada por todos os membros da Banca Examinadora.

Viçosa, 20 de novembro de 2008.

Profa. Rosalia Beber de Souza (DLA/UFV) Orientadora

Profa. Ana Carolina Gonçalves Reis (DLA/UFV) Examinadora

Profa. Maria Carmen Aires Gomes(DLA/UFV) Examinadora

CONCEITO: ______

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AGRADECIMENTOS

Devo a consecução deste trabalho:

A Deus, por ter me dado energia nos momentos de desânimo.

Aos meus pais, à minha avó Nírcia e à madrinha Lena, que, mesmo à distância,

estiveram comigo durante todo o processo, dando conselhos, cobrando dedicação e

disciplina.

Ao meu avô, que se foi este ano, deixando comigo valiosos ensinamentos que, com o

passar do tempo e com a maturidade, têm encontrado aplicações em minha vida.

Às minhas irmãs, pelo companheirismo e pela compreensão quanto ao uso freqüente

do computador!

A todos os meus amigos, mas principalmente ao Pablo, à Karen, à Daniela, ao Daniel,

à Ana e ao Ruzembergue, que, em Viçosa, Barbacena, Montevallo ou Shangai, fizeram

parte desta conquista, além de terem proporcionado alguns dos melhores dias da minha

vida. Mesmo que nossos projetos nos distanciem no futuro, nossa amizade cuidará de nos

manter unidos e presentes.

À minha orientadora, professora Rosalia Beber, por sua dedicação, sua competência e

sua confiança. Nosso trabalho foi o resultado de muito empenho, muita conversa e de

nossa compatibilidade de personalidades.

À professora Ana Carolina Reis e às suas aulas de Redação Empresarial. Delas vieram

meu interesse e o estímulo para trabalhar com o tema.

À veterana Marina Schetino, por atuar como ponte entre mim e a Itatiaia Móveis. Sua

ajuda foi imprescindível.

Muito obrigado!

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Mudanças ocorridas nos documentos empresariais............................................23

Quadro 2. Estética da carta comercial..................................................................................27

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................9

2. OBJETIVOS ...........................................................................................................12

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................13

3.1. CONTEXTO DA PESQUISA..................................................................................15

4. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................17

4.1. CONCEITO DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL E SEU PAPEL NA CONSTRUÇÃO DA IMAGEM INSTITUCIONAL ...........................................................17

4.2. PADRONIZAÇÃO DA CORRESPONDÊNCIA EMPRESARIAL .......................20

4.2.1. A Correspondência Empresarial Contemporânea ...................................................21

4.2.2. Qualidades do Texto Moderno................................................................................23

4.2.3. Procedimentos e Modelos de Correspondência Empresarial ..................................25

4.3. FERRAMENTAS DA REDAÇÃO EMPRESARIAL E A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO.....................................................30

5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................35

5.1. A LINGUAGEM UTILIZADA NOS TIPOS DOCUMENTAIS ANALISADOS E SUA ADEQUAÇÃO À CORRESPONDÊNCIA EMPRESARIAL MODERNA...............35

5.1.1. Comunicado ............................................................................................................35

5.1.2. Carta (“Ofício”) .......................................................................................................36

5.1.3. Cartão ......................................................................................................................38

5.1.4. Comunicação Interna (Memorando) .......................................................................38

5.1.5. Correio Eletrônico (E-mail) ....................................................................................40

5.1.6. Telegrama................................................................................................................41

5.2. A PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELA REDAÇÃO EMPRESARIAL QUANTO À EFICÁCIA DA COMUNICAÇÃO DO SETOR ...............42

6. CONCLUSÃO.........................................................................................................44

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................47

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8. APÊNDICE .............................................................................................................50

8.1. ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA......................................................................51

9. ANEXOS .................................................................................................................55

9.1. MODELOS DE DOCUMENTOS EMPRESARIAIS ...................................................56

9.1.1. Modelo de Comunicado ..........................................................................................56

9.1.2. Modelo de Carta Comercial ....................................................................................57

9.1.3. Modelo de Ofício ....................................................................................................58

9.1.4. Modelos de Cartão de Contato Profissional............................................................60

9.1.5. Modelo de Cartão Comum ......................................................................................61

9.1.6. Modelo de Comunicação Interna ............................................................................62

9.1.7. Modelos de E-mail ..................................................................................................63

9.1.8. Modelo de Telegrama..............................................................................................64

9.2. DOCUMENTOS ANALISADOS .................................................................................65

9.2.1. “Primeira Mão” – Exemplar 1.................................................................................65

9.2.2. “Primeira Mão” – Exemplar 2.................................................................................66

9.2.3. “Primeira Mão” – Exemplar 3.................................................................................67

9.2.4. Nota de Falecimento................................................................................................68

9.2.5. Carta aos Acionistas ................................................................................................69

9.2.6. “Ofício” - Exemplar 1 .............................................................................................70

9.2.7. “Ofício” - Exemplar 2 .............................................................................................71

9.2.8. Cartão de Contato Profissional................................................................................72

9.2.9. Cartão Comum de Participação – Exemplar 1 ........................................................73

9.2.10. Cartão Comum de Participação – Exemplar 2 ......................................................74

9.2.11. Cartão Comum de Felicitação ...............................................................................75

9.2.12. Comunicação Interna (CI) .....................................................................................76

9.2.13. E-mail Representantes e Gerentes de Venda.........................................................77

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9.2.14. E-mail Subdivisões do Setor de Recursos Humanos ............................................78

9.2.15. E-mail Público Externo (Contato Via Site) ...........................................................79

9.2.16. Contato Via Site ....................................................................................................80

9.2.17. Telegrama..............................................................................................................81

9.2.18. Site Institucional....................................................................................................82

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1. INTRODUÇÃO

Inseridas num contexto capitalista, as empresas buscam, cada vez mais,

consolidarem-se no meio em que atuam. Percebe-se a importância da agilidade e rapidez

na troca de informações para a consecução de atividades diárias e para a comunicação com

clientes, fornecedores, parceiros e colaboradores. Os avanços tecnológicos mostram-se

instrumentos favoráveis e exercem sobre tais organizações uma força indutora à ampliação

de seus negócios na atualidade. Tal ampliação exige a adoção de técnicas eficazes de

comunicação para atingir o público em geral.

Medeiros (2003, p. 163) conceitua comunicação como “um processo de

participação de experiências para que se torne patrimônio comum”. Afirma, ainda, que tal

processo só existe quando há envolvimento e entrosamento entre as pessoas.

Sendo a correspondência um dos principais instrumentos utilizados pelas

organizações na comunicação com seus públicos de interesse (interno e externo), a atenção

às regras de estilo e ao uso correto da linguagem, além da padronização, é crucial para a

eficácia1 das mensagens transmitidas, de acordo com Gold (2007).

Com as constantes transformações econômicas e tecnológicas ocorridas nos últimos

anos faz-se necessária, segundo a autora, a adequação dos modelos de redação às

demandas do mercado, cada vez mais exigente. Rompe-se com a estilística rebuscada da

década de 1970 e incorporam-se técnicas e padrões americanos à escrita comercial.

____________________

1 “A eficácia é medida pela resposta”. GOLD, Miriam. Redação Empresarial: escrevendo com sucesso na

era da globalização. 3 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007, p.5.

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A partir daí, com textos mais claros, objetivos e concisos, a troca de mensagens

corporativas torna-se mais rápida e eficaz. Os leitores, mais motivados, passam a dar mais

atenção ao que estão lendo e evitam a oralidade nas comunicações, o que, de acordo com a

mesma autora, quase sempre gera perda de fidedignidade dos conteúdos e pode causar

problemas para a empresa.

Outro fator que deve ser considerado quando da modernização dos modelos de

correspondência empresarial é a qualidade, exigência cada vez mais freqüente no mundo

atual, de acordo com Medeiros (2003).

A qualidade é uma exigência presente nas relações de consumo do mundo moderno. Exige-se qualidade não só de produtos, como também de serviços. Com relação às mensagens escritas, não é diferente: o leitor sempre deseja informações de qualidade, claras, compreensíveis. (Medeiros, 2003, p. 87)

Para esse autor, as qualidades de um texto estão ligadas a características como:

clareza, concisão, harmonia, coerência, objetividade, unidade entre outras. Tais

características têm mais ou menos importância de acordo com o que se pretende comunicar

(uma instrução relativa à execução de determinada tarefa, por exemplo, exige mais clareza

do que harmonia, uma vez que o mais importante é transmitir a informação de forma

inteligível). Porém todas elas provêm de dois outros elementos, essenciais a qualquer

mensagem: originalidade e precisão.

Tais elementos devem sempre orientar a escrita comercial, já que dela podem

depender novos negócios para a empresa. Além disso, as organizações, segundo Tomasi e

Medeiros (2007), são constantemente observadas pelos vizinhos, clientes, distribuidores,

jornalistas, ONGs. Portanto é preciso, também, que seus colaboradores (funcionários)

conheçam o lugar onde trabalham, pois é através deles que a comunicação atuará na

transmissão da imagem institucional que se almeja. Em outras palavras, todos os

colaboradores, desde os operários até o presidente, são responsáveis pela construção da

imagem da empresa em que atuam.

Nesse sentido, é relevante a atuação dos profissionais de Secretariado Executivo

como uma forma de contribuir para a escrita corporativa. Os secretários executivos são

conhecedores da estrutura das organizações em que atuam, de suas necessidades e

deficiências. Além disso, são profissionais que lidam diariamente com a redação

empresarial, onde quer que atuem.

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Como uma forma de contribuir para o crescimento e o desenvolvimento da área de

correspondência empresarial, uma proposta de pesquisa que analise a prática da redação,

bem como a utilização de novas ferramentas para a escrita (como o correio eletrônico – e-

mail) numa organização como a Itatiaia Móveis S.A., consolidada no mercado moveleiro

mineiro, mostra-se interessante por possibilitar a utilização de conhecimentos de

correspondência comercial por organizações que busquem ampliar o alcance de seus

negócios através de uma comunicação eficaz.

Além de enriquecer as fontes de informação sobre esse campo, tal análise poderá

preencher possíveis lacunas deixadas por outras pesquisas relacionadas ao tema de

investigação, além de oferecer uma alternativa de atuação para os profissionais de

Secretariado Executivo.

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2. OBJETIVOS

De modo geral, este trabalho tem o objetivo de analisar a prática da Redação

Empresarial no departamento de Recursos Humanos (e subdivisões) da Itatiaia Móveis

S.A., de Ubá, Minas Gerais.

Em termos específicos, busca-se:

• Verificar se há padronização dos modelos de correspondência utilizados pelo

Departamento de Recursos Humanos da empresa;

• Analisar o tipo de linguagem utilizado em tais documentos, de acordo com as

categorias concisão, objetividade, clareza e coerência, e se tal linguagem está de

acordo com as propostas dos autores estudados;

• Averiguar a percepção do responsável pela redação e veiculação da correspondência

do setor quanto à eficácia de sua comunicação;

• Propor soluções para eventuais problemas e sugerir melhorias.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A opção pelo estudo de caso para o cumprimento desta análise se justifica pelo fato

de tal procedimento ser o mais apropriado ao investigar-se um fato atual dentro de seu

contexto real, onde a fronteira entre o fato e o contexto não são nitidamente percebidos

(Yin, 2005). Além disso, busca-se abordar de forma ampla o problema de investigação,

identificando possíveis fatores que o influenciam ou são por ele influenciados.

De acordo com Gil (2007), a pesquisa é exploratória: procura-se uma aproximação

com o problema, a fim de tê-lo mais claro ou de criar hipóteses. Seu planejamento foi

flexível, o que permitiu levar em conta diversos aspectos referentes ao fenômeno

analisado. Envolveu levantamento bibliográfico, análise documental e entrevista com

indivíduo que vivenciou o problema estudado.

A análise documental foi feita a partir de modelos de correspondência utilizados

pelo departamento de Recursos Humanos da Itatiaia Móveis S.A., de Ubá, Minas Gerais,

fornecidos pela principal responsável por sua veiculação e redação. Pelo fato de quase toda

a correspondência do setor ser eletrônica (ou digital), foi disponibilizado para o estudo um

número restrito de amostras documentais. Tal análise possibilitou confrontar dados obtidos

no local de estudo com material já elaborado, o que confere mais credibilidade à análise

científica.

Foram examinados, três e-mails, quatro comunicados, três cartas, quatro cartões,

uma comunicação interna e um telegrama, redigidos entre novembro de 2006 e setembro

de 2008. De trinta e quatro modelos, analisaram-se dezesseis, selecionados de acordo com

sua relevância técnica para o estudo.

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Tais exemplares foram fornecidos ao pesquisador no dia 18 de setembro de 2008,

em uma visita à corporação investigada. Foi feita, na mesma data, uma entrevista à

assessora de comunicação da Itatiaia, para se extraírem informações relevantes para o tema

pesquisado – a correspondência empresarial.

A entrevista semi-estruturada contou com um roteiro de oito questões abertas e com

possibilidade de alterações, de acordo com as necessidades da pesquisa. Para Fiúza2

(2007), a principal vantagem deste tipo de entrevista é sua flexibilidade, pois permite que

se adaptem as perguntas caso seja notado algum tipo de pressão social por parte do

entrevistado.

Após a entrevista e a coleta dos documentos, estes foram analisados em seus

aspectos formal (estético), lingüístico e gramatical, confrontando-se tais características

com os parâmetros dos autores tidos como referência.

Ainda foram coletadas informações sobre a empresa estudada em seu site

institucional, na Internet.

A metodologia utilizada é importante na medida em que possibilita ao investigador

confrontar teorias já consolidadas na área pesquisada com a visão da população analisada,

suas práticas e as características do objeto de estudo – modelos de correspondência

utilizados pelo departamento de Recursos Humanos da Itatiaia. Além do mais, pode servir

como diagnóstico para a empresa, numa forma de contribuir com a melhoria das práticas

de escrita comercial do setor citado. Conseqüentemente, com uma redação mais eficaz e de

maior alcance, a organização poderá trocar mensagens com maior agilidade e qualidade.

____________________ 2FIÚZA, Ana Louise de Carvalho. Comparação entre questionário e entrevista. Viçosa: Universidade Federal de

Viçosa, 2007. 2p. (Notas de aula)

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3.1. CONTEXTO DA PESQUISA*

A Itatiaia Móveis S.A. se estabeleceu em Ubá, Minas Gerais, em 1964, contando

com apenas 08 funcionários e tendo a capacidade de produção de 01 armário de aço por

dia.

Seu nome foi uma inspiração de seu fundador, Lincoln Rodrigues Costa, que

vislumbrou o Pico das Agulhas Negras, na divisa entre os estados de Minas Gerais, Rio de

Janeiro e São Paulo, no Parque Nacional de Itatiaia. Seria uma previsão de seu sucesso:

“uma empresa que busca o alto”, de acordo com o site da organização.

Atualmente, a Itatiaia se encontra entre as cinco maiores indústrias moveleiras do

país, empregando mais de 1.000 funcionários e produzindo armários de cozinha em aço e

dormitórios em madeira.

Seu parque industrial, instalado em uma área de mais de 350.000 m², com área total

construída de 60.000 m², tem uma capacidade média de produção de 5.000 armários por

dia, o equivalente a 120 toneladas de aço e 150 dormitórios de madeira/dia.

A Itatiaia é a primeira empresa de móveis de aço para cozinhas e áreas de serviço

do Brasil a obter a certificação da norma NBR ISSO 9001, o que ocorreu no dia 29 de

julho de 2003. Tal certificação contempla a Itatiaia Móveis S.A. e a Itatiaia Transportes

Ltda.

Os méritos alcançados pelo seu trabalho e pela qualidade de seus produtos figuram

no site institucional da Itatiaia em forma de prêmios e referências, como sua indicação,

pela revista Exame, como uma das “Melhores Empresas para se Trabalhar no Brasil”, em

2002, 2003 e 2004.

Em 2008, o grupo foi premiado com as seguintes referências:

• “Prêmio Mérito Lojista Nacional” – categoria Móveis, segmento Cozinha de

Aço;

____________________

* Dados retirados do site institucional da empresa. ITATIAIA Móveis S.A. A Itatiaia. Disponível em: http://www.itatiaiamoveis.com.br/. Acesso em: 24 out. 2008.

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• “Top Móbile 2008” – Marcas mais lembradas – categoria Fabricantes de

Móveis, segmento Cozinhas.

A Itatiaia visa a ser uma empresa moderna, que goze de orgulho de seus

colaboradores e que mereça a confiança total de seus parceiros. Os princípios que norteiam

sua filosofia empresarial são:

• Pró-atividade

• Criatividade

• Ética

• Respeito ao próximo

• Simplicidade

Sua missão, sua visão e seu negócio são, respectivamente:

• Gerar satisfação aos consumidores e contribuir para o desenvolvimento e

satisfação de clientes, comunidade, colaboradores e acionistas;

• Ser empresa líder no mercado de móveis residenciais, com produtividade

operacional crescente;

• Desenvolvimento, produção e comercialização de móveis residenciais.

A escolha do Departamento de Recursos Humanos para objeto de análise se deu devido ao

fato de o mesmo abranger diversas subdivisões, responsáveis pela comunicação com outros

setores e com o público externo. Assim, conta com diferentes modelos de correspondência.

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4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1. CONCEITO DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL E SEU PAPEL NA CONSTRUÇÃO DA IMAGEM INSTITUCIONAL

De acordo com Bueno (2003), o conceito de comunicação empresarial é bastante

recente no Brasil, tendo menos de 25 anos. Durante a década de 70, embora houvesse bons

trabalhos de relacionamento com os meios de comunicação social, com a edição de house-

organs3 reconhecidos e muita criatividade, não existia genuinamente uma “comunicação

empresarial” com o sentido que se tem hoje. O termo era mesmo desconhecido naquele

momento e as atividades relacionadas ao tema eram desenvolvidas separadamente e sem a

participação de profissionais especializados, o que gerava, quase sempre, informações

prolixas e,ou incoerentes.

O contexto histórico em que se inseriam as empresas, e mesmo o Brasil, naquela

época, não favorecia muito as comunicações organizacionais. Em pleno regime militar, as

firmas se encontravam numa posição de coerção com relação às milícias estaduais e não

tinham espaço para se manifestarem de forma a impor sua imagem.

____________________ 3 Denominação dada ao veículo (jornal ou revista) de uma empresa ou entidade. Disponível em http://www.comunicacaoempresarial.com.br/comunicacaoempresarial/conceitos/houseorgan.php. Acesso em 23 set. 2008.

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No entanto esse quadro mudou muito nas últimas décadas. Com a democracia, a

comunicação empresarial brasileira se solidificou e cresceu, evoluindo para um processo

coeso de relacionamento com os públicos de interesse ou stakeholders4. A mudança

aconteceu de forma branda, em harmonia com outras transformações ocorridas, nos

últimos anos, no próprio processo de gestão empresarial.

O mesmo autor afirma que

A Comunicação é o espelho da cultura empresarial e reflete, necessariamente, os valores das organizações. Se elas caminham para valorizar o profissionalismo, a transparência, a responsabilidade social e a participação, a Comunicação se orienta no mesmo sentido (Bueno, 2003,p. 04).

Além disso, nos últimos anos, tem crescido gradativamente o interesse das

organizações em instituir e sustentar uma representação positiva frente aos stakeholders.

Kaspary (1996) assegura que o uso dos instrumentos adequados é essencial à consecução

das metas de uma corporação. Para ele a comunicação é indispensável aos negócios, já que

pode levar o nome e o conceito de uma empresa aos lugares mais distantes.

Nesse sentido, Rego (1986, p. 09) acrescenta que a comunicação “exerce um

extraordinário poder para o equilíbrio, o desenvolvimento e a expansão das empresas”.

Sendo fator indispensável às relações das corporações com seus públicos de interesse

(relações sociopolíticas, econômico-industriais e internas), faz-se necessário um minucioso

estudo antes de sua implementação ou quando da necessidade de se efetuarem mudanças.

Tal estudo deve ter base nas várias facetas da comunicação, pois a eficácia dos

mecanismos de comunicação grupal ou social decorre de atitudes de diálogo intrapessoal,

interpessoal e coletivo.

Para tanto, é importante, segundo o mesmo autor, conhecer bem o local onde a

empresa está inserida, seu público de interesse e a comunidade, já que todos esses fatores

interferem diretamente na forma como a organização fará sua comunicação, nos

instrumentos utilizados, no foco dado a seu trabalho.

____________________ 4 Diversos públicos ou grupos de interesse de uma empresa. LETTIERI, Carla Cristina dos Santos. Quem realmente interessa às empresas? Contribuições analíticas da teoria dos stakeholders ao estudo da responsabilidade corporativa. In: PRÊMIO ETHOS VALOR, 3, 2004, São Paulo. Responsabilidade social

das empresas: a contribuição das universidades. São Paulo: Peirópolis, 2004. p. 17.

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Para Bueno (2003, p. 11), a comunicação empresarial se vê prestes a protagonizar uma

nova fase no cenário organizacional, sendo um componente essencial no processo de

“inteligência empresarial”.

O autor afirma que as novas tecnologias trouxeram mudanças consideráveis para as

empresas e a comunicação se estrutura para atuar, principalmente, na maximização do elo

entre as entidades e a sociedade, incorporando técnicas e filosofia ao “capital intelectual”

das organizações. Vê-se, não muito distante, a chamada comunicação integrada, com uma

grande interação entre profissionais dos vários departamentos de uma empresa, atuando de

forma harmônica no processo de transmissão de informações.

Apesar disso, Bueno (2003) afirma que, na prática, tal conceito é de difícil

aplicabilidade, uma vez que profissionais de áreas divergentes, com culturas e

conhecimentos diferentes, dificilmente abrem mão de suas crenças e se disponibilizam a

trabalhar em equipe.

Com relação à importância da comunicação na construção da imagem das empresas, o

autor afirma que o ritmo acelerado das mudanças, as variações no mundo dos negócios e a

integração dos meios de comunicação têm alterado o perfil das organizações atuais,

fazendo com que a comunicação empresarial abandone seu caráter subsidiário e assuma

um papel estratégico em negociações e no processo de fidelização dos clientes.

Nesse contexto, vale ressaltar que os negócios podem depender de fatos relacionados à

corporação ou mesmo da forma como tais fatos são veiculados pela mídia. É necessário,

portanto, profissionalismo e coerência da parte dos responsáveis pela “conquista” dos

públicos de interesse da empresa.

Para que seja difundida a imagem desejada pelos administradores, deve-se começar

internamente, com os funcionários. Apesar de pequeno, se comparado ao público externo,

o público interno às corporações é exigente e rejeita avisos, jornais e vídeos feitos de

forma amadora, defendem Tomasi e Medeiros (2007).

Os mesmos autores afirmam:

A comunicação interna constitui uma frente de batalha que envolve o desempenho competitivo da empresa e suas constantes mudanças no ambiente empresarial. Um exemplo em que a comunicação empresarial interna se constitui numa ferramenta essencial é a conquista do certificado International Organization for Standardization (ISO). (p. 58-59)

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Segundo Tomasi e Medeiros (2007), uma empresa certificada com ISO goza de maior

confiabilidade no mercado, pois isso é a garantia de que ela oferece produtos de qualidade,

avaliados a partir de padrões mundialmente reconhecidos. Não o ter seria não fazer parte

do mercado internacional. Assim sendo, as empresas devem contar com um bom serviço

de comunicação, que divulgue informações que façam com que os colaboradores se

envolvam na busca pelo certificado.

Porém devem estar atentas ao fato de que a comunicação interna não pode ser apenas

descendente, isto é, transitar do mais alto nível hierárquico da empresa até o mais baixo. A

comunicação, quando baseada apenas em normas a serem obedecidas, está destinada a

criar um ambiente de desunião e de falta de envolvimento das pessoas. Sendo o seu papel o

de integrar as partes – emissor e receptor, deve fundamentar-se no conhecimento mútuo

diário.

De acordo com os autores, o termo comunicação interna vem sendo substituído

atualmente por relações com os funcionários. Trata-se da difusão de informações sobre o

local onde se trabalha entre os colaboradores – a visão, a missão e as estratégias da

corporação. Tais valores, se não disseminados, tornam difícil o estabelecimento de metas

para os funcionários alcançarem, o que impede, por sua vez, a transmissão da imagem

institucional que se almeja à sociedade.

Considerando que as corporações são constantemente observadas pelos seus

stakeholders (vizinhos, clientes, distribuidores, jornalistas, ONGs), seu comprometimento

com esse público é crucial, pois é através dele que a comunicação atuará na transmissão da

imagem institucional. Sendo assim, todos os funcionários, desde os operários até o

presidente, são responsáveis pela construção da imagem da empresa em que trabalham.

4.2. PADRONIZAÇÃO DA CORRESPONDÊNCIA EMPRESARIAL

Marcas indesejáveis no processo de comunicação (erros ortográficos, ambigüidade e

uso de palavras de difícil compreensão, por exemplo) representam o que Medeiros e

Hernandes (2006) chamam de ruído nas comunicações. O principal resultado dos ruídos é

a emissão de textos incompreensíveis para seus leitores.

Outro obstáculo enfrentado pela comunicação são as variantes lingüísticas. Segundo

Medeiros (2003, p. 60-1), embora todos utilizemos a Língua Portuguesa, mesmo em

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diferentes regiões do Brasil, há uma grande diversidade nas formas verbais – orais e

escritas. Estas ocorrem devido a fatores sociológicos (variações determinadas por idade,

sexo, profissão, classe social), geográficos (variações regionais – vocabulário e expressões,

por exemplo) e contextuais (assunto, tipo de interlocutor, local, relações entre emissor e

receptor da mensagem).

A padronização dos modelos de correspondência empresarial se mostra importante na

medida em que ampliam o alcance dos textos, contribuindo para sua clareza e

inteligibilidade, o que viabiliza a transmissão de mensagens que apresentem resultados

positivos e que reflitam uma imagem satisfatória da organização.

Além disso, os leitores levarão menos tempo para interpretarem as informações – mais

objetivas e concisas após a padronização, respondendo, também com rapidez, às

mensagens. Deve-se, ainda, atentar para aspectos como a clareza e a coerência, já que para

Gold (2007, p. xi), “a padronização estética adequada e a apresentação objetiva da

informação, contribuem, junto com a clareza de expressão e a coerência, para uma

comunicação sem equívocos e ambigüidades.”

4.2.1. A Correspondência Empresarial Contemporânea

A correspondência empresarial, de acordo com Gold (2007), representa atualmente

não apenas um meio de comunicação, mas também uma ferramenta de marketing interno e

externo para as organizações, já que, além de ser responsável pela imagem destas ante seu

público de interesse, se introduz no ambiente mercadológico cada vez mais competitivo e

no qual todo e qualquer aspecto comportamental ganha significado.

Tal mudança fez com que os documentos se modificassem tanto em sua forma como

em seu estilo de linguagem, visando a adequarem-se à cultura das empresas modernas.

Deste modo, há uma preocupação maior em tornar a eficiência da mensagem compatível

com sua forma, com variações de uma organização para outra, de acordo com sua cultura

interna, seu fluxograma e seus valores.

Segundo Kaspary (1996, p. 10), depois de verificado o valor da correspondência no

mundo dos negócios, é preciso adequar a redação e a forma como se apresentam os

documentos à “dinâmica do relacionamento comercial”, processo no qual, cada vez mais,

faz-se necessário diminuir distâncias entre emissores e receptores e agilizar ações.

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22

O quadro a seguir mostra as principais mudanças ocorridas nos documentos

empresariais:

Antes Agora

Estilo PROLIXO – uso e abuso de vocabulário mais

sofisticado, clichês, subterfúgios.

OBJETIVO – apresentação

das informações necessárias

com clareza.

Disposição

dos

elementos

DENTEADO – com espaços na margem

esquerda e na abertura de parágrafos.

BLOCO – uma única margem

vertical do lado esquerdo.

Fonte: Adaptado de Gold, 2007, p. 99.

Outro aspecto a ser considerado é o uso cada vez menor do suporte impresso na

correspondência empresarial. Sendo o correio eletrônico o principal meio de veiculação de

mensagens a clientes internos e externos, são necessárias algumas observações sobre seu

uso adequado.

Para Gold (2007), quando são enviadas mensagens a destinatário externo, o uso do

correio eletrônico é uma forma moderna e dinâmica de se transmitir com mais agilidade as

informações. Embora seja uma ferramenta rotineira, é preciso adequar seu conteúdo à

situação comunicacional.

Ao se enviarem cartas através do correio eletrônico, sua estrutura formal e seu padrão

estético devem ser mantidos (com apresentação, desenvolvimento e fecho). A linguagem

utilizada deve ser coerente com o tipo de mensagem que se deseja transmitir e com o

destinatário.

A autora observa que o maior problema notado atualmente nas empresas é o excesso

de informalidade encontrado nas mensagens veiculadas por e-mail, o que faz com que o

assunto seja redigido como uma “fala despreocupada”, com idéias desorganizadas e pouco

claras (p. 102). De acordo com ela, para se evitarem tais problemas, deve-se organizar

cuidadosamente a seqüência de informações que se deseja transmitir e ainda ter o cuidado

de não cometer erros gramaticais, pois, mesmo sendo informais, os textos são documentos

empresariais.

Page 23: Bruno Pereira de Souza Andrade

23

Para Kaspary (1996), nem mesmo as mais recentes inovações enfraqueceram o papel

das cartas no mundo dos negócios. Economicamente, a correspondência liga indivíduos

que, em suas relações comerciais e industriais, têm como objetivo principal a troca de

conceitos e de produtos, a fim de alcançarem os objetivos institucionais.

Ainda segundo o autor,

[...] a correspondência deve ser redigida em linguagem atual, simples e espontânea, despida de artifícios inúteis e de palavras ocas e inexpressivas. Ao mesmo tempo, a serviço de uma redação clara e simples, deve estar uma apresentação impecável, que leve em conta a funcionalidade que impera no mundo dos negócios e que possa preparar o espírito do destinatário a receber com disposição favorável a mensagem que lhe é enviada. (Kaspary, 1996, p. 10)

4.2.2. Qualidades do Texto Moderno

Diferente do que se pensava até poucos anos, o uso de vocabulário sofisticado, com

frases longas e rebuscadas não facilita a compreensão rápida e eficaz de um texto, o que

pode causar no receptor desmotivação continuada e rejeição, às vezes irrefletida, da

mensagem.

Segundo Gold (2007), devido à grande influência dos meios de comunicação de

massa, instaurou-se nas empresas uma cultura que valoriza a velocidade na troca de

informações de fácil absorção, reflexo de um estilo de vida contemporâneo, observado

também na linguagem das correspondências. Assim, evidentemente, quanto menor o

empenho do receptor em interpretar um texto, ou seja, quanto menor seu desgaste

intelectual, melhor ele compreenderá a mensagem.

De acordo com a autora, são características do texto empresarial moderno,

principalmente: a concisão, a objetividade, a clareza e a coerência.

Um texto conciso é aquele que divulga o máximo de informações com o mínimo de

palavras. Busca-se transmitir a mensagem desejada sem o rebuscamento, os rodeios e

clichês que macularam o estilo da escrita brasileira até os anos 70.

Para Medeiros (2003), a concisão é a última das qualidades de um texto que se

aprende. O autor sugere fórmulas para o desenvolvimento da moderação verbal e da

clareza, mas alerta quanto à utilização desmedida destes recursos, já que o exagero na

Page 24: Bruno Pereira de Souza Andrade

24

economia verbal pode levar o redator ao laconismo5, que, por sua vez, acarreta novos

problemas, como a obscuridade e a ambigüidade.

Gold (2007) refere-se ao texto objetivo como aquele que se articula de acordo com as

informações mais importantes, sem apresentar conceitos que possam tirar o foco do

destinatário. Em qualquer tipo de comunicação, há inúmeras idéias que cercam a

informação principal, mas para ser objetivo deve-se ater àquelas relevantes para o receptor

da mensagem.

A autora apresenta três etapas do que ela chama “fórmula mágica”, para adquirir

objetividade: 1) identificar a idéia principal; 2) identificar as idéias secundárias; 3)

identificar quais idéias interessa serem expressas e quais devem ser dispensadas. Ela

acrescenta que não se deve esquecer de que todo texto empresarial tem um destinatário e

de que a correspondência tem um papel muito importante em toda e qualquer atividade

comercial.

O texto claro é aquele que pode facilmente ser entendido pelo destinatário, ou seja, um

texto “inteligível”. A autora ressalta que não se trata de entender um texto por suas

características extra-textuais, isto é, por um contexto como o qual o leitor esteja

familiarizado. Ao contrário, a clareza se torna evidente quando a mensagem é

compreendida por pessoas que não possuem conhecimento prévio do assunto exposto.

Uma das razões pelas quais se torna difícil escrever um texto claro está no fato de a

mensagem já estar suficientemente clara para aquele que deseja transmiti-la. O emissor,

muitas vezes, não tem uma percepção daquilo que escreve, já que as idéias lhe são

familiares. Como resultado, pode-se criar frases ou expressões com sentidos múltiplos, o

que é um empecilho à clareza.

A coerência é, para Medeiros (2003), sinônimo de lógica, de harmonia. Um texto é

coerente quando as idéias expostas estão amarradas de tal maneira que sua conexão fica

clara para o leitor.

____________________

5 “Modo breve, lacônico, de falar ou escrever”. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio século

XXI escolar: o minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 415.

Page 25: Bruno Pereira de Souza Andrade

25

Gold (2007) afirma que esta não é uma característica restrita à correspondência

moderna. Segundo ela, a linguagem escrita exige, em documentos mais formais, certa

perícia. Isso obriga o redator a se expressar de forma harmônica, tanto na relação de

sentido entre as palavras, quanto no elo entre as idéias do texto.

4.2.3. Procedimentos e Modelos de Correspondência Empresarial

A correspondência é, segundo Medeiros (2003, p. 161), “um meio de comunicação

escrita entre pessoas”. Trata-se de corresponder, adequar, narrar, e pode designar o

contrato entre dois indivíduos. É uma comunicação firmada por intermédio de suportes

impressos em geral, cartas ou outras formas escritas. Além disso, seu conteúdo deve ser

sempre relevante para o receptor e, ainda, apresentar novidades, surpresas, pois ela só

motiva o leitor a prosseguir na sua descoberta quando supera suas expectativas.

Para Beltrão e Beltrão (2007), a correspondência é o conjunto de regras que regem as

comunicações escritas entre pessoas ou corporações; direcionam a redação e a veiculação

dos documentos.

Cabe fazer uma breve descrição de alguns dos modelos utilizados mais

freqüentemente pela empresa estudada, de acordo com a assessora de comunicação do

departamento de Recursos Humanos:

a) Comunicado

Medeiros (2003) e Gold (2007) concordam que as principais características deste tipo

documental são a objetividade e a clareza, visto que seu objetivo primordial é transmitir,

de forma rápida e eficiente, informações entre pessoas ou entidades.

Trata-se de um documento que tem a finalidade de tornar públicos, de forma oral ou

escrita, acontecimentos relevantes dentro de uma instituição pública ou privada. Gold

(2007) acrescenta que as características do comunicado variam muito de acordo com sua

origem (empresa particular ou instituição pública). (Ver modelo no anexo 9.1.1., p. 56)

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26

b) Carta

Para Medeiros (2003), a carta comercial (ou empresarial) é um instrumento de

comunicação freqüentemente utilizado nas organizações e tem por objetivo começar,

conservar ou concluir acordos. Trata-se da comunicação escrita e dirigida a uma ou a

várias pessoas.

Pela necessidade de objetividade e de rapidez na troca de informações, as empresas

atuais buscam clareza, coesão6 e vocabulário adequado. Depois de redigido o texto, deve-

se reler seu conteúdo, identificando e retificando possíveis erros, de forma a torná-lo

compreensível para seu receptor.

Segundo Gold (2007), a carta moderna passou por modificações, sendo influenciada

pelos padrões americanos, tanto em seu formato quanto na aparência. Nos anos 60, o

padrão mais utilizado pelos brasileiros era o denteado, chamado assim por apresentar

aberturas nos parágrafos. Com o domínio dos moldes norte-americanos, tal estética passou

por muitas transformações, até chegar, nos anos 80, ao estilo em bloco, como pode ser

visto no quadro:

Fonte: Gold, 2007, p. 102

____________________ 6 “União íntima das partes de um todo; conexão”. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio

século XXI escolar: o minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p.

162.

Page 27: Bruno Pereira de Souza Andrade

27

As partes da carta empresarial constam, de acordo com Kaspary (1996), de cabeçalho

(timbre, índice e número, data, endereço, linha de atenção, referência ou assunto,

vocativo), texto ou corpo da carta (introdução, desenvolvimento e conclusão) e fecho

(despedida, assinatura, iniciais, indicação de anexos, aviso de cópias, pós-escrito e aviso de

segunda folha). (Ver modelo no anexo 9.1.2., p. 57)

c) Cartão

Beltrão e Beltrão (2007, p. 201) definem cartão como um “retângulo de papel bem

incorporado utilizado para nele se imprimirem ou escreverem dizeres.” Segundo eles há

quatro tipos de cartão: de visita, de contato, comercial e comum – de correspondência.

O cartão verbal, os convites e as participações entram na classificação de cartão

comum – não tão importantes quanto às cartas e os ofícios, contudo bastante adequados em

assuntos sociais, podendo ser manuscritos, digitados ou impressos, segundo os autores.

Em relações sociais nas quais se exige mais formalidade; no encontro de pessoas

recém-apresentadas; para mensagens breves e felicitações, por exemplo, usa-se o cartão de

visita – o mais comum e o mais antigo de todos (surgido no século XIV).

O cartão de contato é o mais utilizado por executivos e profissionais liberais. É um

meio-termo entre o cartão de visita e o comercial e deve conter o nome do contato

(pessoa).

O cartão comercial tem por objetivo divulgar os produtos e,ou serviços oferecidos por

uma empresa, tendo em vista a realização de um novo negócio. Neste caso o nome do

contato não aparece. (Ver modelos nos anexos 9.1.4. e 9.1.5., p. 60-61)

d) Comunicação Interna (Memorando)

O memorando é, para Gold (2007), o instrumento utilizado pelas organizações para

mensagens rápidas.

Segundo a autora, há alguns anos, era comum a distinção entre memorando e

comunicação interna (CI), sendo o primeiro utilizado para a comunicação ascendente (da

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28

base até os níveis hierárquicos mais altos da empresa) e a segunda, para a comunicação

descendente (da gerência para os demais funcionários).

Contudo, tal diferenciação não existe mais, sendo ambos utilizados para a transmissão

das mais diversas mensagens. Além disso, na maioria das empresas já predomina o uso do

correio eletrônico para a veiculação deste tipo de mensagem.

O texto deste tipo documental pode começar sem o uso de vocativo, pelo fato de este

já estar inserido no campo destinatário; apesar disso, é muito comum usá-lo. Também não

é preciso utilizar fechos formais. O mais comum (principalmente em mensagens

eletrônicas) é a utilização de termos mais informais. (Ver modelo no anexo 9.1.6., p. 62).

e) Correio Eletrônico (E-mail)

Surgido em outubro de 1971, o e-mail hoje predomina sobre os meios de

comunicação. Seu uso é bastante popular e tornou-se o principal veículo de transmissão de

mensagens na maioria das empresas, substituindo cada vez mais o uso do papel.

Suas principais características são, segundo Beltrão e Beltrão (2007, p. 228):

• Redigir mensagens breves;

• Dar respostas rápidas;

• Organizar textos simples e objetivos.

A utilização de e-mails tem suas vantagens e desvantagens – que serão vistas mais

adiante. Todavia é importante ressaltar que se tratam de documentos, assim como cartas,

avisos e qualquer outra forma de correspondência impressa, podendo servir até como prova

em juízo.

Além disso, é importante que se mantenham características como a coerência e a

clareza, e que se evite o uso de abreviações. Embora seja caracterizado pela rapidez na

redação e na transmissão de informações, o e-mail também carrega consigo a imagem da

empresa e não deve ser tratado com descuido por parte do redator da mensagem. (Ver

modelos no anexo 9.1.7. p. 63)

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29

f) Ofício*

O ofício é, na definição de Beltrão e Beltrão (2007), um meio de comunicação escrita

exclusiva dos órgãos públicos (grifo nosso). Segundo eles, tal documento, mais do que

qualquer outro, deve apresentar sobriedade e clareza. (Ver modelo no anexo 9.1.3, p. 58-

59)

Para assuntos breves e menos pomposos, utilizam-se os memorandos, com os quais se

podem economizar até 50% de material.

g) Telegrama

Beltrão e Beltrão (2007) entendem por telegrama um meio de comunicação utilizado

em casos urgentes ou específicos, e para o envio de mensagens rápidas. Também o

definem como mensagem telegráfica. (Ver modelo no anexo 9.1.8., p. 64)

São características da linguagem telegráfica, segundo Medeiros (2003, p. 243):

• Texto conciso, claro e objetivo;

• Preferência por formas simples a compostas;

• Supressão de expressão de cortesia;

• Eliminação de rasuras, anulações, acréscimos ou outras alterações.

• Não translineação, ou seja, divisão de palavras;

• Grafia em letras maiúsculas;

____________________

* A definição é dada apenas para se fazer uma distinção entre o tipo apresentado e a carta comercial.

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30

• Supressão dos hífens nos compostos e expressões com pronomes oblíquos;

• Ausência de acentos gráficos;

• Omissão de palavras desnecessárias;

• Números inteiros escritos em algarismos arábicos;

4.3. FERRAMENTAS DA REDAÇÃO EMPRESARIAL E A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

Nunca se escreveu tanto como hoje em dia. O advento dos computadores, em vez de diminuir a relação dos homens com a palavra escrita, como se imaginava, provocou o aumento de seu uso. A informatização elevou a palavra escrita à condição de responsável por um dos mais importantes efeitos da globalização: a comunicação mundial via Internet. (Gold, 2007, p. XI)

Tal efeito da globalização, de acordo com a autora, exige que as organizações saibam

usar adequadamente a linguagem escrita, a fim de evitarem falhas como ambigüidades,

distorções e equívocos em suas comunicações. Outro aspecto importante é a formação de

mercados mundiais (por exemplo, o MERCOSUL), que confere à escrita o papel de

padronizadora, exigindo coerência, clareza e objetividade.

A linguagem rebuscada e as complexas estruturas utilizadas pelas companhias na

redação de suas correspondências e de outros documentos até fins dos anos 70 deram lugar

à tendência americana à concisão, que, por sua vez, modificou completamente padrões

utilizados no dia-a-dia organizacional. Tais padrões foram gradativamente substituídos por

formas simples e objetivas, e até mesmo a ordenação física dos textos nos mais diversos

documentos foi alterada.

Além disso, a possibilidade de se enviarem mensagens que podem ser recebidas

milhares de vezes mais rápido do que correspondências convencionais, através do correio

eletrônico – e-mail, também é um fator bastante relevante para as empresas modernas,

visto que permite que elas agilizem processos e ações, dentro e fora de suas dependências,

o que pode significar maiores lucros e novos negócios.

Nesse contexto, a comunicação adquire, segundo Bueno (2003), um papel totalmente

novo: em vez de atuar lenta e sistematicamente na construção da imagem empresarial, ela

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31

lança, de forma dinâmica, idéias que vão atingir fatalmente novos investidores e clientes.

Desta forma a comunicação deve ser inovadora e não muito racional, de modo a atrair

recursos para a empresa.

Nasce aí uma cultura de volatilidade comercial, em que as organizações “pontocom”,

nas palavras do autor, aliadas à mídia, consideram a velocidade na transmissão de

informações como sendo sinônimo de qualidade. Essa nova forma de economia baseia-se

na relação com os meios de comunicação, que glorificam o processo de globalização,

condenando as táticas e os procedimentos das corporações tradicionais.

Apesar de criticar essa nova configuração de empreendimento, o autor lembra a

importância da mudança de paradigmas para a sobrevivência das firmas no mercado

globalizado. Ele reforça que as estratégias utilizadas pelas companhias “pontocom”, apesar

de não constituírem a melhor maneira de se conquistar a fidelidade dos consumidores,

podem atrair novos clientes, ainda não inseridos no contexto da economia digital (não

acostumados a utilizarem a Internet para fazerem compras, por exemplo).

Com relação aos meios de que se utilizam as empresas citadas na comunicação com

seu público, surgem o correio eletrônico e os sites. De acordo com Medeiros e Hernandes

(2006), a mensagem eletrônica é uma mensagem como qualquer outra, isto é, exige a

mesma atenção com relação à clareza, à simplicidade, à coerência e à precisão. Além desse

cuidado, deve-se estar atento a aspectos relacionados à persuasão, pois, para os autores,

resultados positivos dependem da forma como as mensagens são recebidas pelos grupos de

interesse (tanto o público externo quanto os próprios colaboradores).

Para Bueno (2003), a Internet trouxe certo desconforto ao fazer com que as caixas de

e-mails recebam diariamente diversas mensagens indesejáveis que, além de tirarem a

privacidade do internauta7, tomam seu tempo com ofertas que não condizem com seu

perfil. Porém, a maioria dos usuários tem descartado tais mensagens, o que ajuda as

corporações a refinarem seus critérios, já que é possível mensurar, dessa forma, que tipo de

produtos e ofertas interessam a cada grupo. Dessa maneira, tal comércio atinge um número

maior de pessoas.

____________________ 7 “Usuário da Internet, rede mundial de computadores”. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio século XXI escolar: o minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 397.

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32

Aquino (2004) afirma que o mercado internacional contemporâneo está estruturado em

formato de rede, configurando a nova economia global, que faz com que os países sejam

cada vez mais dependentes uns dos outros. As grandes organizações modernas possuem

sedes nos mais diversos territórios e comandam seus negócios por intermédio desse

sistema. Sendo assim, estar nessa rede permite que elas ampliem o alcance de seus

negócios, integrando o mercado mundial e facilitando a comunicação com parceiros e

fornecedores.

O princípio que rege o mercado globalizado é, segundo a autora, o de que as empresas

devem seguir os avanços tecnológicos, visando a desenvolver-se estrutural e

economicamente para, como resultado, oferecer produtos de melhor qualidade a seus

consumidores. Assim, desde que começaram a compreender a importância dos

computadores e da inclusão digital na atualidade, tais organizações têm se empenhado em

utilizar as máquinas para comunicação interna, principalmente, e tarefas como controle de

estoque e cadastro de pessoal.

Embora tenha mostrado o lado negativo do surgimento das empresas “pontocom”,

Bueno (2003) faz uma interessante análise das vantagens do uso da Internet, oferecendo

algumas recomendações. Para ele, a inserção de novas tecnologias no quotidiano

organizacional tem provocado mudanças admiráveis no processo de gestão e, em peculiar,

nos processos de comunicação.

Os canais de relacionamento com os públicos de interesse devem pautar-se, agora, por agilidade e interatividade, e os comunicadores organizacionais devem ter a capacidade de estabelecer estratégias que levem em conta a potencialidade da Internet. (Bueno, 2003, p. 60-1)

As corporações ainda se deparam com obstáculos à sua adequação aos novos meios de

comunicação social, com formatos e linguagens até então pouco explorados, mas vão, aos

poucos, aprendendo a conviver com eles. As intranets8 se mostram cada vez mais

importantes entre as técnicas de comunicação interna e torna-se mais freqüente a

veiculação de mensagens eletrônicas, principalmente na transmissão de informações

gerenciais.

____________________ 8 “A intranet é um tipo de rede baseado nos mesmos protocolos, equipamentos e serviços que a Internet, mas

os utiliza para incrementar a comunicação e a produtividade dentro de uma empresa”. Disponível em

http://www.comtexto.com.br/convicomartigomariaclarajobst.htm. Acesso em 02 out. 2008.

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33

Os gestores da comunicação corporativa, porém, devem estar sempre atentos aos

riscos de vulnerabilidade trazidos com a rapidez da informação, planejando

cuidadosamente o uso dessas novas ferramentas.

Para tanto, é relevante a atuação dos profissionais de Secretariado Executivo,

conhecedores da estrutura das organizações em que atuam, das suas necessidades e

deficiências, além de lidarem diariamente com a Internet e com a redação empresarial e

oficial, nos locais onde atuam.

A profissão de Secretariado surgiu aproximadamente 300 anos antes de Cristo, na

Macedônia e, de acordo com os autores, era restrita a homens, que serviam a Alexandre

Magno, ora fazendo parte de seus exércitos ora executando os registros escritos, em suas

conquistas territoriais.

Os profissionais de Secretariado tiveram a oportunidade de estarem sempre em contato

com a cultura e com o conhecimento, restritos às grandes massas. Isso se deveu ao fato de

que, para exercerem profissão tão atrelada aos governos, os secretários deviam possuir

domínio da escrita.

A história do Secretariado se firmou naquela forma de sociedade, através dos escribas,

que se tornaram indispensáveis à sua reorganização, por seu domínio da literatura, da

história e do idioma de seu país. Tais atribuições seriam, posteriormente, pertinências

básicas do perfil do Secretário Executivo.

Naquela época, vários nobres contaram com o auxílio de secretários que executavam

funções muito parecidas com as que são atualmente exigências da profissão, como a

redação de documentos, por exemplo. Porém não possuíam recursos tecnológicos de apoio

ao desenvolvimento das mesmas. Grande parte deles dominava inúmeros idiomas,

inclusive o latim, e era indispensável a aquisição de conhecimentos gerais. O grande

diferencial hoje é o fato de a profissão ser dominada pelas mulheres, por sua entrada e

domínio do mercado em meados do século passado, após a demanda das empresas,

causada pela partida dos homens para participação nas Guerras Mundiais.

Com o passar do tempo, já na década de 80, a informática e o foco na qualidade,

trouxeram consigo a chamada administração participativa, que colocou executivos e

secretários num trabalho conjunto.

Nos anos 90, a profissão se despe de suas características antigas e incorpora novos

valores, como excelência na execução de tarefas, competência, flexibilidade, cultura,

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34

domínio de conhecimentos gerais e reciclagem ininterrupta. O secretário passa de simples

executor de tarefas a gestor de processos, chegando ao século XXI como detentor de uma

cultura generalista e atuando de forma flexível nas empresas, integrando Qualidade e

Produtividade.

O Secretariado, devido ao leque de competências que lhe é exigido, tem o privilégio de poder atuar em qualquer segmento do mercado. Mas como é esse mercado? É competitivo e volátil, fazendo com que as empresas busquem oportunidades além de suas fronteiras físicas, envolvendo-a com seus parceiros de negócios através do universo digital (Rocha e Sabino, 2004, p. 99).

Visto que o mercado é competitivo e que a forma como se escreve pode melhorar ou

denegrir, de fato, a imagem de uma empresa, o profissional citado tem competências como

conhecimento da gramática da Língua Portuguesa e de redação de correspondência

comercial, necessárias à realização do trabalho de redação empresarial.

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35

5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Nesta seção, serão apresentados os dados obtidos através da análise dos modelos de

correspondência empresarial, fornecidos pelo setor de Recursos Humanos da Itatiaia

Móveis, e da entrevista feita à assessora de comunicação da empresa, subordinada ao

mesmo setor. Tal análise foi feita a partir dos conceitos apresentados no Referencial

Teórico, confrontando esta teoria com a prática – forma como são escritos os documentos

da organização.

5.1. A LINGUAGEM UTILIZADA NOS TIPOS DOCUMENTAIS ANALISADOS E SUA ADEQUAÇÃO À CORRESPONDÊNCIA EMPRESARIAL MODERNA

5.1.1. Comunicado

De acordo com as características básicas dos comunicados postulados por Gold (2007)

e Medeiros (2003), nem todos os modelos de correspondência analisados estão de acordo

com a redação empresarial moderna.

O primeiro deles, veiculado em forma de informativo – “Primeira Mão” –, é anexado

em um mural que se encontra na entrada do refeitório da empresa, sendo também enviado

por correio eletrônico a todos os funcionários que trabalham conectados à Intranet. Através

deste documento, as gerências compartilham com todos os funcionários notícias sobre

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36

eventos, cursos, treinamentos, visitas, contratação de novos colaboradores, processos

seletivos e outras.

Foram analisados três exemplares do informativo divulgado em mural, além de uma

nota de falecimento, enviada por e-mail aos funcionários. Dos comunicados anexados em

mural, dois estão de acordo com os conceitos apresentados por Gold (2007) – concisão,

objetividade, clareza e coerência. Apresentam texto inteligível e sucinto, sem idéias

desnecessárias.

No terceiro, porém, faltaram objetividade e concisão. O texto, extenso, apresenta uma

repetição desnecessária do trecho: “Eles conhecerão as fábricas de Aço, Madeira,

Injetoras e nosso Showroom acompanhados pelo funcionário Eduardo Vieira

(Comercial) e pelo representante Guarino Coli”. Uma vez que haverá mais de uma

visita com os mesmos propósitos na empresa, poderiam ter listado as mesmas, colocando o

trecho em destaque no fim da mensagem. (Ver anexo 9.2.2, p. 66)

A nota de falecimento preenche todos os requisitos do que Gold (2007) caracteriza

como uma mensagem eficaz. Ela oferece, em apenas quatro linhas, todas as informações

de que o receptor precisa: nome do finado; grau de parentesco com o funcionário e o nome

deste; local onde o corpo será velado; local e horário do sepultamento:

“NOTA DE FALECIMENTO

Comunicamos o falecimento da Sra. Lenir Terezinha, mãe do funcionário Divaldo

Medeiros (Tampos).

O corpo está sendo velado na Capela Mortuária do Cemitério de Guidoval e será sepultado

amanhã, às 8h, no cemitério local.”

Fonte: Dados da pesquisa

5.1.2. Carta (“Ofício”)

Percebeu-se, com a observação dos documentos fornecidos, que o instrumento que a

corporação utiliza para comunicar-se com pessoas ou entidades externas, na maioria das

vezes, recebe o nome de ofício. Tal nomenclatura está em desacordo com o que defendem

os autores estudados.

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37

Beltrão e Beltrão (2007) afirmam que os ofícios representam um meio de comunicação

exclusivo dos órgãos públicos (grifo nosso), sendo utilizados para tratar de assuntos

oficiais.

Embora classificados como ofícios, os documentos analisados apresentam cabeçalho,

corpo e fecho – e seus subitens, apontados por Kaspary (1996) como partes da carta

empresarial. Foram estudadas três cartas, duas delas recebendo o nome de “ofício”,

expedidas para diferentes destinatários. Todas elas apresentaram irregularidades, tanto

formais quanto gramaticais e de linguagem.

O estilo adotado é o em bloco, bastante utilizado desde a década de 80, de acordo com

Gold (2007). Nas três cartas a grafia da data está em desacordo com as normas de estilo

sugeridas pelos autores do referencial teórico – não há ponto final após o ano, e cada uma

delas apresenta um tipo de formatação diferente em seu fecho – não há o nome do

remetente no documento denominado carta pela empresa. Nos outros dois modelos os

nomes aparecem ora em caixa alta, ora em negrito e itálico. O nome da empresa aparece

no fecho de um destes modelos. (Ver anexos 9.2.5. 9.2.6. e 9.2.7., p. 69-71)

Com relação aos aspectos lingüísticos dos documentos, em dois deles faltaram

objetividade e concisão. Há um grande número de palavras e expressões dispensáveis –

algumas delas vagas, como: “realizada nesta empresa, no dia 12 de setembro de 2006”;

“O selo utilizado na ocasião de obliteração foi o do Dia Mundial da Diversidade

Cultural lançado no corrente ano”; “(dia em que Lincoln césar completaria 61

anos)”; “inscrevendo, na história postal brasileira, o nome de uma figura ímpar de

nossa sociedade”.

No final de um dos textos, é introduzido um parágrafo desnecessário ao entendimento

da mensagem pelo receptor:

“É importante informar que esta é uma prática em nossa empresa e, este ano

especificamente, tivemos um número grande de contratados, entre eles muitos jovens

que irão votar pela primeira vez este ano.”

Foi observado o uso de palavras rebuscadas como “obliteração” e “filatélica”, o que

está em desuso desde o fim dos anos 70, segundo Gold (2007).

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38

5.1.3. Cartão

Foram analisados quatro dos cartões utilizados pela empresa, sendo um de contato

profissional e três comuns – dois verbais de participação e um de felicitação.

O cartão de contato profissional está de acordo com as regras propostas por Beltrão e

Beltrão (2007), contendo o timbre e o endereço da empresa, nome e contato da assessora

de comunicação (ver anexo 9.2.8., p. 72).

Nos cartões verbais de participação, a linguagem utilizada é bastante informal,

sugerindo intimidade entre os interlocutores e os receptores. Os principais problemas

encontrados foram erros gramaticais. Apesar disso, a linguagem em todos atende as suas

propostas e ao seu objetivo. As mensagens são claras, concisas, coerentes e objetivas:

apresentam textos sucintos, inteligíveis, contendo somente idéias necessárias ao seu

entendimento.

O quarto cartão, de felicitação, foi o que mais chamou a atenção pelo excesso de

informalidade e a ausência do timbre ou de qualquer outro símbolo que identifique a

empresa. O modelo pode ser facilmente confundido com um bilhete ou uma comunicação

particular. Ele contém o nome do presidente da empresa, porém sem qualquer indicação de

cargo, e dirige-se a um dos funcionários, que acaba de concluir seu curso superior. Pode-se

inferir, a partir dos termos utilizados, que há uma relação de proximidade entre o emissor e

o receptor, sem qualquer conteúdo profissional:

“Caro Eduardo”;

“Receba meu abraço com sinceros votos de felicidade e sucesso.”

5.1.4. Comunicação Interna (Memorando)

A empresa forneceu para a consecução deste trabalho um único modelo de

comunicação interna (CI), estando o mesmo em desacordo com as normas estéticas e

formais exigidas pelo tipo documental, segundo Gold (2007).

Entre o timbre da empresa e o corpo do texto encontra-se o seguinte texto:

Page 39: Bruno Pereira de Souza Andrade

39

“Prezado MARIA CLÁUDIA SILVEIRA DE MELLO,

Comunicação”

Tanto a formatação quanto o vocativo utilizado e o título da mensagem constituem

erros e demonstram o desconhecimento das regras de escrita pelo redator. Há até mesmo

um erro de concordância de gênero no trecho. A ausência da data na parte superior

esquerda e sua presença no final da página, no lugar do termo de cortesia do fecho,

caracterizam outra falha.

Não há objetividade nem concisão. O autor circula em torno do assunto principal – o

desconto, nas folhas de pagamento dos funcionários, de mensalidades relativas à parceria

da Itatiaia com o SESI Clube –, apresentando idéias secundárias, que podem desviar a

atenção de quem está lendo o texto, conforme afirma Gold (2007). O excesso de

informações desnecessárias contribuiu para tornar a mensagem ainda menos objetiva e

mais extensa:

“esta parceria possibilita usufruir de todas as atividades do clube como: quadra

poliesportivas, piscinas, quadra de peteca, área de jogos, etc...”;

“ficando assim pendentes 06 mensalidades”.

A fórmula de cortesia foi eliminada e, da mesma forma, o nome do remetente. A data

encontra-se no canto inferior esquerdo, com formatação inadequada – “Ubá 08/08/2008”,

seguida somente do nome do setor que expediu a CI, sem cargo ou nome da pessoa

responsável pela emissão da mesma: “Recursos Humanos”.

Page 40: Bruno Pereira de Souza Andrade

40

5.1.5. Correio Eletrônico (E-mail)

A maior parte das comunicações do setor de Recursos Humanos da Itatiaia é realizada

com o auxílio do correio eletrônico. Ele é utilizado para troca de mensagens entre os

colabores do setor e também para funcionários de outros setores, além do público externo.

Além dos e-mails enviados a acionistas e parceiros, a empresa se comunica, através de

seu site, com consumidores e com pessoas interessadas em fazer parte de seu quadro de

funcionários. Tal contato é feito a partir do preenchimento de um formulário eletrônico, na

página da empresa na Internet9.

Foram selecionadas para análise três comunicações eletrônicas enviadas pela equipe

do setor para públicos diversos: representantes, gerentes de vendas, subdivisões do

departamento de Recursos Humanos e público externo.

Com base no conceito de Beltrão e Beltrão (2007) sobre as características essenciais

das comunicações eletrônicas (redigir mensagens breves; dar respostas rápidas; organizar

textos simples e objetivos), todos os exemplares de e-mails avaliados estão escritos de

forma correta.

Sua linguagem é simples e inteligível – não há rebuscamento nem excesso de idéias

secundárias. A concisão é notada nas frases curtas e no conteúdo sucinto das mensagens, e

são evitadas as abreviações. Além disso, as três mensagens comportam todas as

informações que os receptores precisam receber. Isso pode gerar respostas positivas,

caracterizando, segundo Gold (2007), a eficácia da comunicação.

Exemplo:

“Prezados, Comunicamos que, devido ao feriado municipal em Ubá, dia 19 de Setembro (são Januário, padroeiro da cidade) – 6ªfeira, não haverá expediente na empresa. Retornaremos ao expediente normal na próxima 2ª-feira, dia 22 de setembro. Atenciosamente” ____________________ 9 http://www.itatiaiamoveis.com.br/

Page 41: Bruno Pereira de Souza Andrade

41

Outro aspecto observado foi o uso de termos de cortesia, presente em todas as

mensagens eletrônicas fornecidas para este estudo. Tal prática torna-se uma importante

ferramenta de marketing para a organização, já que, para Bueno (2003), as comunicações

refletem sua imagem. Além disso, a rapidez na troca de informações, decorrente de

mensagens breves e claras, é outro fator importante para a consecução dos objetivos

organizacionais, segundo o mesmo autor.

5.1.6. Telegrama

O pesquisador teve acesso a apenas um modelo de telegrama emitido pela empresa, o

qual foi considerado inadequado de acordo com as normas exigidas para este tipo de

correspondência, de acordo com Beltrão e Beltrão (2007). (Ver anexo 9.2.17, p. 81)

A grafia do mesmo é feita com letras maiúsculas e minúsculas, além de conter acentos

gráficos em algumas palavras, o que está em desacordo com as regras dos autores – todo

telegrama deve ser grafado em letras maiúsculas e sem qualquer acentuação gráfica.

Outras duas inadequações encontradas foram o uso de hífen num composto e a

presença de palavras dispensáveis, destacadas em trecho do documento, abaixo.

Além disso, o texto não é objetivo nem conciso. Apresenta, além de palavras

desnecessárias, idéias irrelevantes para o leitor da mensagem. O que causa, por sua vez,

desvio de atenção por parte do receptor.

Abaixo, trecho do modelo fornecido pela empresa:

“Impossibilitado comparecer recepção ao Sr. Michel Pébereau, Presidente Mundial do BNP Paribas, devido compromissos previamente agendados, envio boas-vindas caro visitante e votos de boa estadia em nosso país. Meus cumprimentos ao Presidente BNP Brasil, Sr. Bernard Mencier, assim como todos membros da diretoria. Victor Penna Costa”

Page 42: Bruno Pereira de Souza Andrade

42

5.2. A PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELA REDAÇÃO EMPRESARIAL QUANTO À EFICÁCIA DA COMUNICAÇÃO DO SETOR

A partir da entrevista concedida pela assessora de comunicação do setor de Recursos

Humanos, foi possível verificar como é percebida a eficácia da redação empresarial pela

própria organização; qual é a visão do profissional com relação a esse trabalho.

Segundo a funcionária, a empresa não enfrenta nenhum tipo de problema de

comunicação. Cada setor tem autonomia para criar e conduzir sua correspondência, seus

documentos e qualquer outro tipo de informação a ser divulgada. Para ela, mais importante

do que a perícia na redação é o alcance da mensagem. Se um funcionário, mesmo que não

tenha um bom nível de escolaridade, consegue transmitir mensagens inteligíveis, o

objetivo principal foi cumprido.

Contudo não é isso o que preconizam os autores estudados. Rego (1986) e Kaspary

(1996) afirmam que a forma como uma corporação se comunica com seus públicos de

interesse, além dos instrumentos utilizados para tal – por exemplo, a correspondência

empresarial, são essenciais à construção da imagem institucional. Bueno (2003, p. 04)

acrescenta que “a Comunicação é o espelho da cultura empresarial”, refletindo os valores e

a visão da firma.

Nesse sentido, visando à difusão de conceitos positivos sobre a organização, através de

uma escrita adequada, Gold (2007), propõe a padronização da correspondência

empresarial (grifo nosso). Contudo a Itatiaia não segue as normas sugeridas pela autora

em sua correspondência: não há um manual para as comunicações escritas e não existe um

profissional especializado na área.

A partir da análise de diversos tipos documentais do setor, verificou-se que não há

padronização nem com relação aos termos e à linguagem utilizados, nem quanto aos

aspectos formais (estrutura física) dos documentos.

Embora a responsável pela comunicação do setor afirme que há padronização dos

documentos, tal fato não ocorre na empresa. Segundo ela, quando redigem um documento

ou uma correspondência, os funcionários utilizam o “bom senso”. Não há modelos a serem

seguidos.

Page 43: Bruno Pereira de Souza Andrade

43

Nós usamos mais o bom senso, não há modelos. Quando fazemos ofícios, existe um padrão de termos que usamos, que já são mais comuns. E vamos mudando os termos, adequando de acordo com suas necessidades. Não temos modelos deixados por outros funcionários. Temos ofícios catalogados, alguma coisa arquivada, aos quais recorremos sempre que precisamos. Mas normalmente fazemos no dia-a-dia, dependendo da necessidade. (resposta à

questão número 3 da entrevista – Apêndice 8.1., p. 51)

Sendo a correspondência empresarial, para Gold (2007), responsável pela imagem da

organização perante seus diversos públicos, é necessário que esta padronize sua

comunicação escrita e se adéqüe ao dinamismo trazido pela globalização. Contudo,

quaisquer modificações devem levar em consideração o perfil e as necessidades da

empresa, a realidade do seu fluxo de informações e sua cultura interna.

Quando interrogada sobre a possibilidade de contar com um profissional qualificado

para cuidar da redação empresarial do setor, a entrevistada reconheceu a relevância da

atuação do mesmo, porém disse que a contratação de tal funcionário não é uma prioridade

atual da empresa: “Eu acho que um profissional pode até ajudar, mas isso não é prioridade

hoje na empresa.”

Embora tenha dito que a empresa não precisa, atualmente, desse tipo de profissional, a

assessora de comunicação acredita que a forma como a empresa redige sua

correspondência pode interferir em seus resultados e em sua imagem pública. Ela afirma

que a Itatiaia tenta se comunicar da melhor maneira possível e que este é um desafio diário.

Apesar disso, ainda ocorrem alguns erros; escrevem-se textos que podem gerar

ambigüidade – pondera a entrevistada.

Page 44: Bruno Pereira de Souza Andrade

44

6. CONCLUSÃO

Os resultados do processo de globalização, com a conseqüente modernização dos

instrumentos de comunicação empresarial, tiveram seu efeito comprovado na Itatiaia

Móveis. O uso do correio eletrônico e do site institucional, instrumentos imprescindíveis

para a maioria das organizações atuais, tornou-se decisivo também para a empresa.

Tais instrumentos, chamados neste trabalho de “novas ferramentas da redação

empresarial”, possuem um papel importante na comunicação do setor de Recursos

Humanos da firma e, de acordo com os dados desta pesquisa, têm sido utilizados de forma

vantajosa pelos funcionários.

As novas tecnologias deram uma outra dimensão aos conceitos básicos de tempo e espaço. Pode-se dizer, simplificando, que o mundo ficou maior e mais rápido: as fronteiras das empresas se expandiram e sua interação com o mercado e a sociedade ocorre, hoje, de forma vertiginosa e surpreendente. (Bueno, 2003, p. 26)

Observou-se que a empresa está em desvantagem no que diz respeito à

correspondência escrita. Todos os modelos analisados apresentaram falhas e inadequações

de estilo e linguagem, além de erros gramaticais e de formatação. Embora a maioria das

mensagens do setor seja veiculada em forma de e-mails, os textos impressos também

constroem a imagem da empresa. Cartas ambíguas e documentos mal escritos podem

significar perdas de negócios e danos irreparáveis à corporação, segundo Gold (2007).

Outro fator importante para os negócios entre as organizações é a rapidez na troca de

informações. É preciso economizar tempo. Mensagens longas e repetitivas atrasam

processos e diminuem a eficácia das comunicações, segundo os autores. Nesse sentido, a

Page 45: Bruno Pereira de Souza Andrade

45

Itatiaia precisa adequar-se às exigências da correspondência na economia globalizada,

desenvolvendo de forma positiva sua escrita.

A falta de objetividade e de concisão, verificada em muitos dos textos analisados,

caracteriza a linguagem utilizada nos mesmos como inadequada, o que pode gerar falta de

compreensão e retardar ações e processos relevantes para a consecução dos objetivos

organizacionais. Além disso, o fato de não haver padronização, com modelos distintos para

cada situação comunicacional, pode prejudicar a imagem pública da empresa.

O excesso de informalidade apurado na maioria dos textos e comprovado pela própria

entrevistada – “Nós aqui usamos a linguagem informal para assuntos internos” (grifo

nosso), é, para Gold (2007), outro problema muito comum nas comunicações internas.

Segundo ela, isso leva à falta de clareza e à desorganização das idéias. Os emissores

devem, portanto, estar atentos a este aspecto na Itatiaia.

Ainda conclui-se, com o estudo, que a percepção da entrevistada sobre a

correspondência de seu setor é de que suas mensagens são eficazes. Embora não haja

padronização das mesmas, elas atendem as necessidades do departamento no sentido de se

fazerem entender. Apesar disso, o desconhecimento dos redatores sobre normas de redação

empresarial fez com que se inventassem novos documentos, como é o caso dos “ofícios”

que a Itatiaia emite.

Numa forma de contribuir com a melhoria da comunicação, não só do departamento

de Recursos Humanos, mas de toda a empresa, propõe-se a criação de um manual de

redação, contendo todos os modelos de correspondência utilizados pela empresa. Estes

devem estar de acordo com as normas de estilo, linguagem e formato já estabelecidas para

as comunicações modernas. Além disso, o manual deve apresentar uma seção de

normatização gramatical, visto que a correção é um fator imprescindível nos textos, por

tratar-se de documentos empresariais, como afirma Gold (2007).

Outra sugestão é a contratação de um profissional com bons conhecimentos de redação

empresarial e de Língua Portuguesa – o profissional de Secretariado Executivo, por

exemplo. Segundo Rocha e Sabino (2004), este profissional conhece a estrutura da

organização em que atua, além de lidar diariamente com a redação comercial e oficial. Os

secretários executivos são, para os autores, profissionais de formação generalista, com

bons conhecimentos de comunicação, redação empresarial e oficial, sendo os mais

indicados a assumir a responsabilidade de criar e manter atualizado um manual de redação.

Page 46: Bruno Pereira de Souza Andrade

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A correspondência empresarial é, hoje em dia, não só um meio de comunicação. Ela é um instrumento de marketing, pois se insere na realidade de um mercado competitivo em que todas as nuances de comportamento adquirem sentido: a comunicação empresarial é a responsável pela imagem da organização perante seu público, interno ou externo. (Gold, 2007, p. 99)

Através da análise das práticas redacionais do setor de Recursos Humanos da Itatiaia

Móveis S.A. e da entrevista feita à assessora de comunicação da empresa e de sua

comparação com os parâmetros estabelecidos pelos autores tidos como referência,

atingiram-se os objetivos propostos. Além disso, foram feitas sugestões sobre como

melhorar a redação da firma e, conseqüentemente, sua imagem pública.

Page 47: Bruno Pereira de Souza Andrade

47

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AQUINO, Maria Clara Jobst de. Internet e comunicação empresarial. Disponível em: <

http://www.comtexto.com.br/convicomartigomariaclarajobst.htm >. Acesso em: 02 out.

2008.

BELTRÃO, Odacir; BELTRÃO, Mariúsa. Correspondência: linguagem e comunicação –

oficial, empresarial, particular. 23 ed. São Paulo: Atlas, 2007. 379 p.

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação empresarial: teoria e pesquisa. Barueri, SP:

Manole, 2003. 369 p.

COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL ON LINE. Conceitos: house organ. Disponível em:

<http://www.comunicacaoempresarial.com.br/comunicacaoempresarial/conceitos/

houseorgan.php>. Acesso em: 23 set. 2008.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio século XXI escolar: o

minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. 790 p.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007.

171 p.

Page 48: Bruno Pereira de Souza Andrade

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GOLD, Miriam. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. 3

ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 194 p.

ITATIAIA Móveis S.A. A Itatiaia. Disponível em: <http://www.itatiaiamoveis.com.br/>.

Acesso em: 24 out. 2008.

KASPARY, Adalberto J. Correspondência empresarial. 4 ed. Porto Alegre: Edita, 1996.

271 p.

LETTIERI, Carla Cristina dos Santos. Quem realmente interessa às empresas?

Contribuições analíticas da teoria dos stakeholders ao estudo da responsabilidade

corporativa. In: PRÊMIO ETHOS VALOR, 3, 2004, São Paulo. Responsabilidade social

das empresas: a contribuição das universidades. São Paulo: Peirópolis, 2004. p. 17-31.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho

científico. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2008. 225 p.

MEDEIROS, João Bosco. Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 16 ed.

São Paulo: Atlas, 2003. 384 p.

MEDEIROS, João Bosco; HERNANDES, Sonia. Manual da secretária: técnicas de

trabalho. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2006. 373 p.

MENDES, Gilmar Ferreira; FORSTER JÚNIOR, Nestor José. Manual de redação da

presidência da república. 2 ed. Brasília: Presidência da República, 2002. 140 p.

REGO, Francisco Gaudêncio Torquato do. Comunicação empresarial/comunicação

institucional: conceitos, estratégias, sistemas, estrutura, planejamento e técnicas. 6 ed.

São Paulo: Summus Editorial, 1986. 179 p.

ROCHA, Fabio Gomes, SABINO, Rosimeri Ferraz. Secretariado: do escriba ao web

writer. Rio de Janeiro: Brasport, 2004. p. 3-99.

Page 49: Bruno Pereira de Souza Andrade

49

TOMASI, Carolina; MEDEIROS, João Bosco. Comunicação empresarial. São Paulo:

Atlas, 2007. 443 p.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3 ed. Porto Alegre: Bookman,

2005. 212 p.

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50

8. APÊNDICE

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8.1. ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

1. Qual a sua formação?

R – Eu sou formada em Comunicação Social e especializada em Jornalismo pela

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

2. Possui quanto tempo de experiência neste setor?

R – Aqui na Itatiaia tenho 2 anos e 1 mês. Anteriormente trabalhei com redação em

rádio e em jornal impresso.

3. Como e por quem foram criados os modelos de documentos e de correspondências

utilizados neste departamento?

R – Nós usamos mais o bom senso, não há modelos. Quando fazemos ofícios, existe

um padrão de termos que usamos, que já são mais comuns. E vamos mudando os termos,

adequando de acordo com suas necessidades. Não temos modelos deixados por outros

funcionários. Temos ofícios catalogados, alguma coisa arquivada, aos quais recorremos

sempre que precisamos. Mas normalmente fazemos no dia-a-dia, dependendo da

necessidade.

4. Há algum tipo de padronização dos modelos utilizados?

R – Sim, há uma certa padronização. Por exemplo, em notas de falecimento seguimos

um padrão, falando que comunicamos com pesar o falecimento do funcionário tal ou do

pai do funcionário. Comunicamos sempre quando é pai, mãe ou irmão/irmã de funcionário.

Filho de funcionário também nós comunicamos. Sempre é uma coisa bem rápida, sem

muito sobe e desce, sem muita variação. Só mesmo damos a notícia. Temos o objetivo de

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tratar a notícia sempre com clareza, transparência e de forma rápida. Sem muito vai-e-vem,

sem muita “encheção” de lingüiça.

5. Em sua opinião, a forma como são redigidos os documentos do departamento traz

bons resultados para a empresa? A comunicação é eficaz?

R – Nós não temos muitos problemas em relação a isso, não. Os setores, eles têm

autonomia. Não há centralização, não há um setor responsável pela comunicação de

assuntos dos próprios setores, não. Se o setor de RH precisa passar uma informação

importante pra alguém de algum outro setor, comunicar a realização de um treinamento ou

de um curso, ou de uma campanha, ele tem autonomia. O gerente dá essa autonomia para o

funcionário que vai tratar desse assunto pra passar.

Agora o meu caso, que sou a responsável pela comunicação interna, eu redijo o

informativo interno que a empresa possui, que é o “Primeira Mão”, um informativo que

não tem uma periodicidade fixa, ele é veiculado de acordo com a necessidade. Às vezes ele

vai cinco vezes por semana, às vezes ele vai uma, duas, três ou quatro. Mas ele vai tanto

via online quanto vai para os quadros de aviso. E é uma informação rápida, sem muito

rodeio, com cores.

Nós utilizamos figuras, fotos, cores, fontes variadas, cores variadas, tentando chamar a

atenção dos funcionários, pois a maioria deles possui um grau inferior de escolaridade, são

funcionários de fábrica, operários. Então nós tentamos comunicar de forma clara, porque

eles não têm muito tempo para ler, eles lêem no quadro de avisos, de pé. Então tentamos

agilizar.

Fazemos também um jornal interno, e eu faço também mensagens que são para todo

mundo da empresa. Às vezes, tais mensagens são “a voz da empresa”. Mensagens que a

Diretoria determina, faz uma reunião para ver como aquilo será comunicado. Eu também

sou responsável por isso. Agora, informações às vezes gerais, de uma ou outra Diretoria,

não. Os setores, as gerências comunicam, têm essa liberdade de comunicar.

6. Que tipo de linguagem é utilizado na correspondência da Itatiaia: formal ou

informal? Você acha que isso faz alguma diferença para o receptor da mensagem?

R – Faz sim. Nós aqui usamos a linguagem informal para assuntos internos. Claro que

não utilizamos gírias; quando utilizamos siglas nós as desmembramos, tentamos explicar o

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que é aquela sigla. Não usamos, obviamente, palavrões, mas tentamos usar palavras bem

familiares, não tentar empolar. Se tem uma palavra que é mais complicada, tentamos usar

um sinônimo mais comum, mais compreensível, que é para o nosso nível maior de

funcionários. Agora, há documentos e há informações que são mais formais. Aí temos que

usar um certo padrão. Para ofícios, às vezes pra fazer solicitações à prefeitura, essas coisas.

Mas usamos coisas mais formais. Mas no geral, não.

7. O que você acharia de poder contar com um profissional especializado em redação

empresarial para auxiliá-lo na criação dos modelos que utiliza em seu departamento?

R – Seria interessante e tudo, mas no nosso dia-a-dia, na nossa agilidade, nós não

temos muito tempo para isso. Nós acabamos delegando. Tem que delegar. Não pode ficar

centralizando muito, esperando muito uma coisa acontecer. Então as pessoas têm uma

certa autonomia pra poder fazer os documentos, comunicar. Por mais que não seja formada

em Comunicação, não seja formada em Pedagogia ou em Letras (às vezes há erros

gramaticais), isso não desautoriza a pessoa a comunicar. Nós damos essa liberdade. Agora,

informações que são passadas por mim, nós tentamos errar o menos possível.

Às vezes um encarregado da fábrica tem que passar uma informação, mas ele não tem

um bom nível de escolaridade. Ele passa assim mesmo. Não nos preocupamos se o

português está correto ou não; se ele está empregando a crase de forma adequada ou não.

Não há essa obrigatoriedade.

Eu acho que um profissional pode até ajudar, mas isso não é prioridade hoje na

empresa.

8.Você acha que a forma como a empresa redige sua correspondência (interna e externa)

pode interferir em seus resultados e em sua imagem pública?

R – Sim, claro. E esse é um trabalho que nós fazemos cotidianamente: tentar informar

da melhor forma possível; passar as informações que temos, esclarecendo, para poder

comunicar de forma clara, transparente, sem subterfúgios. Nós vamos tentando adequar,

melhorar. Mas é um desafio.

Nem sempre acertamos. Às vezes escrevemos alguma coisa que gera dupla

interpretação, por mais que tentemos não errar. Mas sempre tentamos fazer de forma

correta. A Itatiaia é uma empresa que está sempre muito em vista. Na cidade de Ubá,

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ela é uma das principais. Então tentamos, quando temos que fazer uma matéria pública,

paga ou não... Paga, não! Nós não pagamos! ...Numa matéria na qual façamos alguma

divulgação, tentamos adequar, alinhar, ver se é aquilo mesmo. Eu, como assessora de

comunicação, tenho que tomar uma opinião com a minha gerente, com as pessoas que são

responsáveis por aquele assunto. E então, é nesse sentido que nós tentamos adequar para a

imagem da empresa ficar fortalecida, consolidada; para não mancharmos a imagem da

empresa.

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9. ANEXOS

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9.1. MODELOS DE DOCUMENTOS EMPRESARIAIS

9.1.1. Modelo de Comunicado

Timbre da Instituição

COMUNICADO

Texto

Viçosa, 31 de outubro de 2008.

....................................(nome)

.....................................(cargo)

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9.1.2. Modelo de Carta Comercial

Fonte: Medeiros, 2003, p. 37.

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9.1.3. Modelo de Ofício

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Fonte: Mendes e Forster Júnior, 2002, p. 15-16.

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9.1.4. Modelos de Cartão de Contato Profissional

Fonte: Beltrão e Beltrão, 2007, p. 203.

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9.1.5. Modelo de Cartão Comum

Fonte: Beltrão e Beltrão, 2007, p. 205.

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9.1.6. Modelo de Comunicação Interna

Fonte: Gold, 2007, p.108-109.

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9.1.7. Modelos de E-mail

Fonte: Gold, 2007, p. 101.

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9.1.8. Modelo de Telegrama

Fonte: Medeiros, 2003, p. 245.

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9.2. DOCUMENTOS ANALISADOS

9.2.1. “Primeira Mão” – Exemplar 1

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9.2.2. “Primeira Mão” – Exemplar 2

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9.2.3. “Primeira Mão” – Exemplar 3

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9.2.4. Nota de Falecimento

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9.2.5. Carta aos Acionistas

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9.2.6. “Ofício” - Exemplar 1

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9.2.7. “Ofício” - Exemplar 2

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9.2.8. Cartão de Contato Profissional

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9.2.9. Cartão Comum de Participação – Exemplar 1

(i) Ubá, 13 de agosto de 2008

Prezado Sr. Sebastião,

Para a Itatiaia é motivo de muita satisfação recebê-lo em nossa cidade e mais ainda em nossa empresa. Esperamos que esta visita seja bastante agradável e que reforce cada vez mais a parceria e a amizade entre a Itatiaia Móveis e a Estrela Distribuidora.

Quinta-feira – 13.08.08 9h- Visita às fábricas - aço e madeira - e Show Room;

a) Por medida de segurança, solicitamos a utilização de calçado fechado na visita à fábrica.

Desejamos uma boa estadia entre nós.

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9.2.10. Cartão Comum de Participação – Exemplar 2

Caro Juracy,

Para a equipe Itatiaia foi um enorme prazer recebê-lo em nossas dependências.

Esperamos que tenha sido proveitoso o fato de ter conhecido um pouco mais nosso processo produtivo e nossos produtos.

Receba nosso agradecimento pela visita e o sincero abraço de admiração extensivos a todos da equipe GR Eletro, de Cuiabá.

Obrigado pela parceria e colaboração.

ITATIAIA MÓVEIS

Ubá, novembro/2006

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9.2.11. Cartão Comum de Felicitação

Ubá, agosto de 2007

Caro Eduardo,

A formatura celebra uma etapa que se completa. É mais uma luz que se acende. Parabéns pela sua dedicação, pelo seu esforço e empenho para concluir o Curso Superior de Administração de Empresas.

Receba meu abraço com sinceros votos de felicidade e sucesso.

Victor Penna Costa

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9.2.12. Comunicação Interna (CI)

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9.2.13. E-mail Representantes e Gerentes de Venda

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9.2.14. E-mail Subdivisões do Setor de Recursos Humanos

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79

9.2.15. E-mail Público Externo (Contato Via Site)

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9.2.16. Contato Via Site

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9.2.17. Telegrama

Impossibilitado comparecer recepção ao Sr. Michel Pébereau, Presidente

Mundial do BNP Paribas, devido compromissos previamente agendados,

envio boas-vindas caro visitante e votos de boa estadia em nosso país.

Meus cumprimentos ao Presidente BNP Brasil, Sr. Bernard Mencier, assim

como todos membros da diretoria.

Victor Penna Costa

Destinatário:

Remetente: Victor Penna Costa - ITATIAIA MÓVEIS

Avenida Padre Arnaldo Jansen, 1325

Santana

CEP 36.500-000 Ubá-MG

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9.2.18. Site Institucional