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i
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS
SISTEMA AGROFLORESTAL COMO ALTERNATIVA DE USO DA TERRA: UM ESTUDO DE CASO NA UNIDADE DEMONSTRATIVA DE
PERMACULTURA (UDP) DE MANAUS-AM.
BRUNO SCARAZATTI
Manaus, Amazonas
Novembro de 2009
ii
BRUNO SCARAZATTI
SISTEMA AGROFLORESTAL COMO ALTERNATIVA DE USO DA TERRA: UM ESTUDO DE CASO NA UNIDADE DEMONSTRATIVA DE
PERMACULTURA (UDP), MANAUS-AM.
ORIENTADORA: Dra. SONIA SENA ALFAIA
Co-orientadora: Dra. Sandra C. Tapia Coral
Manaus-AM
Novembro de 2009
Dissertação apresentada ao Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia
como parte dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Ciências de
Florestas Tropicais.
iii
S285 Scarazatti, Bruno Sistema agroflorestal como alternativa de uso da terra: um estudo de caso na Unidade Demonstrativa de Permacultura (UDP) de Manaus-AM / Bruno Scarazatti.--- Manaus : [s.n.], 2009. xiii, 148 f. : il. (algumas color. ) Dissertação (mestrado)-- INPA/UFAM, Manaus, 2009 Orientador : Sonia Sena Alfaia Co-orientador : Sandra Celia Tapia-Coral Área de concentração : Sistema Agroflorestal 1. Sistema agroflorestal. 2. Composição e estrutura florística. 3. Nutrientes do Solo e liteira. 4. Macrofauna edáfica. I. Título. CDD 19. ed. 634.9
Sinopse: Indicadores de fertilidade, liteira e macrofauna do solo foram estudados, tendo em vista, o uso da terra por meio do manejo com um sistema agroflorestal multiestratificado, 10 anos após sua implantação. Este sistema foi comparado com uma área de capoeira adjacente, e com uma floresta secundária mais desenvolvida. Palavras-chave: 1. Sistema agroflorestal 2. Composição e estrutura florística 3. Solo 4. Liteira 5. Macrofauna
iv
Aos meus pais, Gilberto
e Ligia, e ao meu irmão
Felipe (in memorian),
dedico.
v
AGRADECIMENTOS:
Agradeço principalmente, aos meus pais e toda a minha família, pelo apoio e incentivo
durante esta jornada cheia de saudades.
Ao INPA, e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais, pela
oportunidade.
A CAPES, pela concessão da bolsa de estudos, e, ao Programa PPI (PRJ 12.51) do INPA, por
financiar parte dos materiais usados durante a pesquisa.
Agradecimentos especiais à minha orientadora Sonia Alfaia; e também à minha co-
orientadora Sandra Tapia-Coral, pela amizade adquirida e por toda a ajuda e disposição, sem
as quais não seria possível chegar a este momento;
Ao IPA e ao CEPEAM, os quais apoiaram a realização do meu estudo dentro de seus
projetos; E, aos professores da EAFM;
A todas as pessoas do LTSP: Tania, Edivaldo, Jonas, Orlando, Raimundo, Luan, Márcio, e
demais;
Aos amigos da sala da Dra Sonia: Katell, Adelaide, Martinha, Eleano, etc;
Aos bolsistas PIBIC: Fabrício, Alexandre e Reyciene;
Às pessoas que também me ajudaram durante as coletas: Jesus, Zé e Helen, e aos estudantes
do IFAM;
Às pessoas do laboratório de entomologia e professores que me apoiaram: Wellington,
Elisabeth Franklin, Juliana, Anne, Jorge, e tantos outros; Ao Marcelinho, do laboratório de
triagem;
Aos amigos lá de casa: Rodrigo e Fernanda;
Aos colegas do CFT: Geise, Priscila, Thaís, Zeca, Juvenal; Claudia, Adamir, Larissa,
Matheus, Marcos, Marciel, e muitos outros;
vi
Agradeço aos meus amigos de Americana: Danilo, Marcelo e Ricardo;
Aos amigos de Pira e Manaus: Léo (Ibama), Fafá, Juça, Thaia, André, Catá, Garga, Riva,
Timtim, Jah, Kimas;
Aos músicos e amigos de batucada (JB, China, Fumaça, Sasci, etc), e capoeira (“família
Quati”, “família Anjo”, Corisco, Cigano, Risadinha, Fernando, Saturnino, entre outros);
Minha especial gratidão à Caroline, minha querida esposa, amiga e companheira.
vii
RESUMO
A conversão das florestas em outros sistemas de uso da terra na Amazônia, geralmente resulta
no abandono de extensas áreas após o esgotamento dos nutrientes do solo. A regeneração
natural tem um importante papel para a recuperação da qualidade do ambiente, entretanto, a
escolha de modelos de sistemas de produção e técnicas de manejo adequadas possibilita o
fornecimento de condições necessárias para o uso agrícola contínuo das áreas já desmatadas.
Em 1998, um sistema agroflorestal multiestratificado foi implantado em uma área com
histórico de uso agrícola intensivo, por meio de um projeto demonstrativo realizado pelo
Instituto de Permacultura da Amazônia (IPA), em parceria com o Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM, 59°56'00.22" W; 3°04'47.94" S). O
presente estudo teve por objetivo, analisar as possíveis contribuições para a qualidade do
ambiente, proporcionadas pelas intervenções feitas no sistema agroflorestal (SAF-10), em
comparação aos resultados observados em uma área de regeneração natural adjacente com a
mesma idade (CAP-10), e outra área com vegetação secundária de 55 anos de idade (FS-55),
localizada no Centro de Projetos e Estudos Ambientais do Amazonas – CEPEAM
(59°54'23.65" W; 3°06'51.68"S). Os tratamentos foram comparados quanto às variáveis de
vegetação (composição e estrutura), solo (macro e micronutrientes e textura), liteira (massa e
macronutrientes) e macrofauna edáfica (densidade, biomassa, distribuição e grupos
funcionais). O experimento foi inteiramente casualizado, com três parcelas de 40x40m em
cada sistema, subdivididas a cada 10m. As coletas de solo, liteira e macrofauna foram
realizadas de acordo com o método TSBF – Biologia e Fertilidade dos Solos Tropicais, entre
o início de abril e final de junho de 2008. As análises da liteira, e as análises químicas do solo
e da liteira, seguiram, respectivamente, as recomendações descritas por Sarruge & Haag
(1974) e EMBRAPA (1997). A riqueza de espécies, famílias e gêneros, foi duas vezes maior
na vegetação do SAF-10 em relação à CAP-10; a distribuição dos componentes foi mais
uniforme, e o crescimento diamétrico foi três vezes superior. Uma análise de componentes
principais (ACP) mostrou diferenças significativas quanto aos teores de nutrientes nos
sistemas (p < 0,001), associando maiores valores de pH, Ca2+, Mg2+, P, Zn e Mn ao SAF-10 e
maiores teores de K+ e Al3+ na CAP-10 e FS-55. Diferenças significativas (p < 0,001) para a
massa e teores de macronutrientes da liteira também foram confirmadas (ACP) entre os
sistemas, sendo a massa da fração de resíduos e os teores de Ca2+, Mg2+, K+ e P relacionados
viii
ao SAF-10. A densidade e a riqueza dos grupos da macrofauna edáfica foram menores no
SAF-10. A predominância significativa (ACP, p < 0,001) dos grupos de macrofauna
decompositoras (isopoda, diplopoda, oligochaeta) foi associada ao SAF-10, enquanto os
grupos sociais (isoptera e formicidae) se destacaram na CAP-10 e FS-55. O histórico de uso
da FS-55 provavelmente favoreceu o retorno de características qualitativamente superiores no
sistema e serviria de justificativa para a conservação desta área, enquanto as contribuições
proporcionadas pelas intervenções no SAF-10, frente à baixa capacidade para o retorno da
qualidade na CAP-10 sugerem a vantagem deste modelo para o aproveitamento produtivo da
área.
ix
ABSTRACT
The forests conversion into other land use systems in the Amazon, often results in large areas
abandonment after the soil nutrients depletion. Natural regeneration has an important role to
restore environmental quality, however, the choice for appropriate production systems and
management techniques models enables necessary conditions to assign a permanent
agricultural use in the deforested areas. In 1998, a multi-strata agroforestry system was
introducted over an intensive land use history site, as a demonstrative project, realized in
partnership between the Instituto de Permacultura da Amazônia (IPA), and the Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM, 59 ° 56'00 .22 "W, 3 °
04'47 .94" S). This study aimed to analyze the possible environmental quality contributions,
provided by the agroforestry (AFS-10) interventions practices, in comparison to the natural
regeneration results observed in an adjacent secondary forest area with same age (SF-10), and
another secondary forest area with 55 years old (SF-55), located at the Centro de Projetos e
Estudos Ambientais do Amazonas - CEPEAM (59 ° 54'23 .65 "W, 3 ° 06'51 .68" S). The
treatments were compared by vegetation parameters (composition and structure), soil (macro
and micronutrients, and texture), litter (mass and nutrients) and macrofauna (density, biomass,
distribution and functional groups). The experiment delineation was completely randomized
design, with three plots of 40x40m in each system, divided into 10m sections. The soil, litter
and macrofauna samples were performed according to the Tropical Soil Biology and Fertility
method (TSBF), from April beginning and June ending in 2008. The litter fisics analysis, and
soil and litter chemical analysis, followed, respectively, the recommendations described by
Sarruge & Haag (1974) and EMBRAPA (1997). The species, genera and families richness
was two times higher in the AFS-10 vegetation in relation to SF-10; the components
distribution was more uniform, and the tree diameter growth was three times higher. A
principal component analysis (PCA) showed significant differences to the systems’ nutrients
levels (p <0.001), where higher values of pH, Ca2+, Mg2+, P, Zn and Mn were associated to
the AFS-10 soil, while higher contents of K+ and Al3+ were related to SF-10 and SF-55 soil.
Significant differences (p <0.001) for litter mass and macronutrient content were also
confirmed (PCA) to the systems, associating the residual mass fraction and the levels of Ca2 +,
Mg2+, K+ and P to AFS-10. The macrofauna groups density and richness were lower in the
AFS-10. The significant predominance (ACP, p <0.001) of decomposer macrofauna groups
x
(Isopoda, Diplopoda, Oligochaeta) was associated with AFS-10, while social groups (Isoptera
and Formicidae) stood out in the SF-10 and SF-55. The SF-55 land use history probably
favored a superior qualitatively return to the system and can justify the conservation use of
this area, while the contributions provided by the AFS-10 interventions, compared to the low
capacity for quality feedback from the SF -10 suggest advantage to this model for the
productive utilization of the area.
xi
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................................. vii
ABSTRACT .......................................................................................................................................... ix
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................................ xiii
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................ xvi
INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................................... 20
OBJETIVO GERAL ........................................................................................................................... 24
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................ 24
CAPÍTULO I: O efeito do uso da terra com sistema agroflorestal sobre os parâmetros de composição e estrutura da vegetação: Um estudo de caso na Unidade Demonstrativa de Permacultura (Manaus). 25
1. Introdução .................................................................................................................................... 25
2. Materiais e métodos .................................................................................................................... 27
3. Resultados e discussão ................................................................................................................ 35
4. Conclusões .................................................................................................................................... 48
CAPÍTULO II: O efeito do uso da terra com sistema agroflorestal sobre parâmetros de fertilidade do solo e contribuição da liteira para o aporte de macronutrientes . .......................................................... 50
1. Introdução .................................................................................................................................... 50
2. Materiais e métodos .................................................................................................................... 52
3. Resultados e discussão ................................................................................................................ 59
4. Conclusões .................................................................................................................................... 86
CAPÍTULO III: O efeito do uso da terra com sistema agroflorestal sobre a distribuição das comunidades da macrofauna edáfica . ................................................................................................... 89
1. Introdução .................................................................................................................................... 89
2. Materiais e métodos .................................................................................................................... 91
3. Resultados e Discussão ................................................................................................................ 95
4. Conclusões .................................................................................................................................. 114
CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................................................. 116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 119
xii
ANEXO I ............................................................................................................................................ 136
ANEXO II .......................................................................................................................................... 141
ANEXO III ......................................................................................................................................... 142
xiii
LISTA DE TABELAS
Capítulo I: O efeito do uso da terra por meio do manejo com sistema agroflorestal sobre os
parâmetros de composição e estrutura da vegetação: Um estudo de caso na Unidade
Demonstrativa de Permacultura (Manaus).
Tabela 1: Fórmula dos parâmetros fitossociológicos utilizados (Felfilli & Rezende, 2003). 34
Tabela 2: Comparação de estudos de levantamentos florísticos feitos em florestas primárias
de terra-firme (FP), florestas secundárias mais novas (CAP), e mais velhas (FS), e, em
sistemas agroflorestais. ............................................................................................................ 36
Tabela 3: Descrição da quantidade de espécies, gêneros e famílias mais representativas da
floresta de 55 anos (FS-55), capoeira de 10 anos (CAP-10) e sistema agroflorestal de 10 anos
(SAF-10). ................................................................................................................................. 38
Tabela 4: Índices de similaridade de Jaccard (SJ) e Sorensen (IS) calculados para comparar
os diferentes sistemas de uso da terra. ..................................................................................... 40
Tabela 5: Lista das espécies de ocorrência comum aos diferentes sistemas de uso da terra. (n=
8 para cada comparação). ........................................................................................................ 41
Tabela 6: Lista “rankeada” com as 5 espécies de maior IVI (%) nos sistemas analisados. ... 43
Capítulo II: O efeito do uso da terra por meio do manejo com sistema agroflorestal sobre
parâmetros de fertilidade do solo, e contribuição da liteira para o aporte de macronutrientes.
Tabela 1: Média da granulometria do solo nas camadas de profundidade de 0-10, 10-20 e 20-
30cm para os diferentes tratamentos analisados (n=3 amostras/tratamento). Os números
seguidos de letras iguais não possuem diferença significativa pelo teste de Tukey à 5%. ..... 60
Tabela 2: Resultados das análises químicas das áreas correspondentes à CAP-10 e ao SAF-
10, realizadas em 1998 e, em 2008. ......................................................................................... 62
Tabela 3: Valores das médias e desvio padrão relativos ao pH (H2O) e quantidade de Al3+
(cmolc.kg-1) encontrados no solo da FS-55, CAP-10 e SAF-10. ............................................. 64
xiv
Tabela 4: Médias e desvio padrão dos teores de macronutrientes (P, K+,Ca2+ e Mg2+)
encontrados nos três sistemas, sob três profundidades do solo (0-10, 10-20 e 20-30cm; n=27).
................................................................................................................................................. 66
Tabela 5: Resultados de fertilidade observada em florestas primárias sobre Latossolo amarelo
na região de Manaus. ............................................................................................................... 67
Tabela 6: Resultado das médias e desvio padrão dos teores de micronutrientes (Fe, Zn e Mn)
nos diferentes sistemas de uso da terra, sob três profundidades do solo (0-10, 10-20 e 20-
30cm; n=27/tratamento). ......................................................................................................... 72
Tabela 7: Média e desvio padrão da massa da liteira (g.kg-1), e porcentagem dos valores
observados nos diferentes tratamentos (FS-55, CAP-10 e SAF-10; n=9 amostras/tratamento).
................................................................................................................................................. 77
Tabela 8: Média e desvio padrão dos teores de Ca2+, Mg2+, K+ e P (g.kg-1) encontradas nos
componentes de material folhoso (MF), material lenhoso (ML) e resíduo (MR) nos três
sistemas estudados (FS-55, CAP-10 e SAF-10). ..................................................................... 80
Tabela 9: Concentração de Ca2+, Mg2+, K+ e P (g.kg-1) em diferentes (agro) ecossistemas e
tipos de solo encontrado por diversos autores. ........................................................................ 81
Tabela 10: Média e desvio padrão dos estoques de macronutrientes (Ca2+, Mg2+, K+ e P) dos
diferentes tratamentos (n=9/tratamento). ................................................................................. 84
Tabela 11: Estoques de macronutrientes da liteira (Ca2+, Mg2+, K+ e P) em diferentes tipos de
solo e sistemas de uso da terra. ................................................................................................ 85
Capítulo III: O efeito do uso da terra por meio do manejo com sistema agroflorestal sobre a
distribuição das comunidades da macrofauna edáfica.
Tabela 1: Classificação dos grupos funcionais dos macro-invertebrados. ............................. 94
Tabela 2: Médias e desvio padrão da densidade (ind.m-2) dos grupos observados na floresta
secundária de 55 anos (FS-55), capoeira de 10 anos (CAP-10) e sistema agroflorestal
multiestratificado de 10 anos (SAF-10). Letras diferentes indicam diferenças ao nível de 5%
pelo teste de Tukey; as siglas “ns” indicam diferenças não significativas. (n=3/tratamento) . 96
Tabela 3: Médias e desvio padrão da biomassa (g.m-2) dos grupos observados na floresta
secundária de 55 anos (FS-55), capoeira de 10 anos (CAP-10) e sistema agroflorestal
xv
multiestratificado de 10 anos (SAF-10). Letras diferentes indicam diferenças ao nível de 5%
pelo teste de Tukey; as siglas “ns” indicam diferenças não significativas. (n=3/tratamento) . 99
Tabela 4: Densidade média e desvio padrão dos grupos funcionais de macrofauna edáfica dos
diferentes sistemas estudados (FS-55, CAP-10 e SAF-10). Números seguidos por letras iguais
não diferem ao nível de 5% de significância (Tukey); As siglas “ns” indicam diferenças não
significativas. (n=3/tratamento) ............................................................................................. 103
Tabela 5: Média e desvio padrão das densidades e biomassa do grupo “engenheiros-do-solo”
(oligochaeta, formicidae e isoptera) nos três sistemas estudados. Números seguidos por letras
iguais não apresentam diferenças significativas. ................................................................... 104
Tabela 6: Resultados das análises de co-inércia (correlação) entre a densidade dos grupos de
macrofauna, com outras variáveis do solo e liteira (n=9/tratamento). Os fatores 1 e 2
correspondem às porcentagens de explicação das variáveis no plano fatorial. O valor de “p”
corresponde à significância das correlações. O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et
al., 1997). ............................................................................................................................... 107
Tabela 7: Resultados das análises de componentes principais (ACP), quanto à variabilidade
das densidades de macrofauna (liteira; liteira e solo), valores de pH e Al3+ do solo, macro (Ca,
Mg, K e P) e micronutrientes (Zn, Fe e Mn) do solo, massa e macronutrientes da liteira, e
granulometria. Os fatores 1 e 2 (% inércia) correspondem à explicação da variância dos
dados. Os sistemas foram analisados quanto à significância de suas diferenças. O software
utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).................................................................... 108
xvi
LISTA DE FIGURAS
Capítulo I: O efeito do uso da terra por meio do manejo com sistema agroflorestal sobre os
parâmetros de composição e estrutura da vegetação: Um estudo de caso na Unidade
Demonstrativa de Permacultura (Manaus).
Figura 1: Localização e distribuição das parcelas para coleta de vegetação. O SAF-10
(vermelho) e CAP-10 (azul) estão localizados dentro da UDP (Escola Agrotécnica Federal de
Manaus), a FS-55 (verde) localiza-se no CEPEAM. As imagens foram registradas pelo
satélite Quickbird em 2005 ...................................................................................................... 32
Figura 2. Gráficos “univariados” (Box plots) com valores de média, mediana, quartil, desvio
padrão e amplitude de variação dos dados de densidade e riqueza de espécies encontrados em
cada subparcela de 10 x 10m na FS-55 (n=48 parcelas), CAP-10 (n=44) e SAF-10 (n=48). Os
gráficos foram realizados com o auxílio do pacote XLSTAT (versão 2009.3.01) – Addinsoft.
................................................................................................................................................. 35
Figura 3: Análise multidimensional não-métrica (NMDS) com dois eixos de ordenamento
dos dados de composição florística de cada subparcela, correspondente aos sistemas de uso da
terra (FS-55: floresta secundária de 55 anos; CAP-10: “capoeira” de 10 anos e, SAF-10:
sistema agroflorestal multiestratificado de 10 anos). Os pontos representam as parcelas, e sua
posição no gráfico é uma representação bidimensional da matriz de similaridade biológica
entre elas, obtida por meio do índice quantitativo de Bray-Curtis. A porcentagem de
explicação do modelo (coeficiente de determinação) é de 48,5%. A análise NMDS foi obtida
com auxílio do software PCORD-4. ........................................................................................ 42
Figura 4: Gráfico “univariado” (Boxplots) para os valores médios da área basal nas
subparcelas de 10 x 10m de cada tratamento (n=48 parcelas na FS-55; n=44 na CAP-10 e,
n=48 no SAF-10). As marcas em vermelho no centro das caixas representam as médias; Os
limites superiores e inferiores das caixas correspondem, respectivamente, ao primeiro e
terceiro quartis; A linha no centro das caixas representa a mediana; As barras externas à caixa
xvii
são os desvios padrões e, os pontos em azul, fora das caixas são os valores máximos e mínimo
em cada tratamento. ................................................................................................................. 45
Figura 5: Distribuição (porcentagem) de indivíduos arbóreos em classes de diâmetro com
intervalo de 5cm cada, por tratamento (n= 636 indivíduos na FS-55; n= 361 na CAP-10 e,
n=328 no SAF-10). .................................................................................................................. 46
Capítulo II: O efeito do uso da terra por meio do manejo com sistema agroflorestal sobre
parâmetros de fertilidade do solo, e contribuição da liteira para o aporte de macronutrientes.
Figura 1: Processos de implantação do SAF na UDP a partir de 1998. A: representa a área
antes da implantação do SAF no final de 1997; B: abertura de aléias com plantas leguminosas
em curva de nível, em janeiro de 1998; C: as aléias um pouco mais desenvolvidas com mudas
frutíferas introduzidas no sistema; D: canal de escoamento de água captada e armazenada em
açude próximo ao SAF; E: SAF estabelecido (2002), parecido com o que existe atualmente.
Fonte: Fotos de João Soares de Araújo (coordenador do IPA). .............................................. 53
Figura 2: Mapa de uso da terra do Pojeto Sítio Urbano, localizado dentro Escola Agrotécnica
Federal de Manaus (EAFM), na Unidade Demonstrativa de Permacultura (UDP-Manaus).
Imagem do satélite Quickbird, 2003........................................................................................ 54
Figura 3: Localização e distribuição das parcelas com respectivos pontos de coleta de solo
em cada sistema estudado. O SAF-10 (vermelho) e CAP-10 (azul) estão localizados dentro da
UDP (Escola Agrotécnica Federal de Manaus); A FS-55 (verde) localiza-se no CEPEAM.
Imagens do satélite Quickbird, em 2003. ................................................................................ 56
Figura 4: Metodologia de coleta de solo e liteira (TSBF) nos pontos de cada parcela. ......... 57
Figura 5 (A e B): Análise de componentes principais (ACP) para associação da variabilidade
dos valores de pH, Al3+, macronutrientes (K+, Ca2+, Mg2+ e P) e micronutrientes (Fe, Zn e
Mn) do solo, em função dos sistemas de uso da terra (SAF-10, CAP-10 e FS-55). Os fatores 1
e 2, explicam respectivamente, 70.93% e 15.94% da variabilidade dos dados. Os sistemas
foram considerados diferentes entre si quanto às variáveis analisadas (p < 0.001). O software
utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997)...................................................................... 63
xviii
Figura 6: Análise de componentes principais (ACP) para associação da massa e
macronutrientes da liteira, em função dos sistemas. Material folhoso: MF; Lenhoso: ML;
Resíduos: MR.. Macronutrientes: K+, Ca2+, Mg2+ e P (kg.ha-1; n=9 amostras por tratamento).
Os fatores 1 e 2 explicam respectivamente, 45,11% e 14,81% da variabilidade dos dados. Os
sistemas foram considerados diferentes entre si quanto às variáveis analisadas (p < 0.001). O
software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997). ...................................................... 75
Figura 7: Massa da liteira (kg.ha-1) e contribuição das frações de material folhoso (MF),
lenhoso (ML) e de resíduos (MR = materiais reprodutivos e fragmentos não identificados), em
porcentagem nos sistemas estudados. (n=9 amostras/tratamento). ......................................... 76
Figura 8: Teores de Ca2+ (A), Mg2+ (B), K+ (C) e P (D) observadas nas frações de material
folhoso, matrial lenhoso e de resíduos das liteiras dos diferentes sistemas (n=9/tratamento). 79
Capítulo III: O efeito do uso da terra por meio do manejo com sistema agroflorestal sobre a
distribuição das comunidades da macrofauna edáfica.
Figura 1: Normais climatológicas para a precipitação mensal (mm) de Manaus, entre 1961 a
1990 (A); Precipitação diária (mm) correspondente ao período de coleta de dados em 2008
(B). Fonte: INMET (2009). ..................................................................................................... 92
Figura 2: Remoção da liteira de dentro dos limites do quadro de madeira de 25 x 25cm (A);
Remoção das camadas de solo de 0-10, 10-20 e 20-30cm de profundidade (B). Foto A: Sandra
Tapia-Coral (2005); Foto B: Bruno Scarazatti (2008)............................................................. 93
Figura 3: Coleta dos macroinvertebrados visíveis a olho (A), armazenados em frascos e
guardados dentro de caixas de isopor (B). ............................................................................... 94
Figura 4: Número de grupos de macro-invertebrados encontrados nas camadas de liteira, e de
solo (0-10, 10-20 e 20-30 cm de profundidade). ................................................................... 100
Figura 5: Porcentagem da densidade (A) e biomassa (B) dos macro-invertebrados ocorridos
nas camadas de liteira, e de solo (0-10, 10-20 e 20-30 cm de profundidade). ...................... 101
Figura 6: Comparação da porcentagem da densidade (A) e biomassa (B) do grupo
“engenheiros-do-solo” e “outros”, nos três sistemas estudados. ........................................... 104
Figura 7: Análise de componentes principais (ACP) para associação da variabilidade das
densidades dos grupos de macrofauna em função dos sistemas estudados (SAF-10, CAP-10 e
xix
FS-55). Os fatores 1 e 2, explicaram respectivamente, 21.54 e 16.31% da variabilidade dos
dados. Os sistemas foram considerados diferentes entre si quanto às variáveis analisadas (p <
0.001). (n=9/tratamento) O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997). ....... 106
Figura 8: Análise de co-inércia entre as médias totais da densidade dos grupos de macrofauna
de cada sistema (n=9), em função dos valores médios de pH e Al3+ (n=9). Os fatores 1 e 2
explicaram, respectivamente, 95.84% e 4.16% das variáveis. Os sistemas foram diferentes
entre si (p < 0.001). Os dados foram gerados por meio do software ADE-4 (Thioulouse et al.,
1997). ..................................................................................................................................... 107
Figura 9: Análise de co-inércia entre as médias da densidade total dos grupos de macrofauna
de cada sistema (n=9), em função dos valores médios de macronutrientes (n=9). Os fatores 1 e
2 explicaram, respectivamente, 82.18% e 13.29% das variáveis. As correlações foram
consideradas significativas (p < 0.001). Os dados foram gerados por meio do software ADE-4
(Thioulouse et al., 1997). ...................................................................................................... 109
Figura 10: Análise de co-inércia entre as médias da densidade total dos grupos de
macrofauna de cada sistema (n=9), em função dos valores médios de micronutrientes (n=9).
Os fatores 1 e 2 explicam, respectivamente, 81.84% e 17.92% das variáveis separadas pelos
eixos 1 e 2. Os sistemas foram diferentes entre si (p < 0.001). Os dados foram gerados por
meio do software ADE-4 (Thioulouse et al., 1997). ............................................................. 110
Figura 11: Análise de co-inércia entre as médias da densidade dos grupos de macrofauna da
liteira (n=9), em função dos valores médios da massa da liteira (MF=fração folhosa;
ML=fração lenhosa e, MR=fração de resíduos), e dos macronutrientes (Ca, Mg, P e K) (n=9).
Os fatores 1 e 2 explicaram, respectivamente, 53.89% e 17.48% das variáveis separadas pelos
eixos 1 e 2. As correlações foram consideradas significativas (p < 0.007). Os dados foram
gerados por meio do software ADE-4 (Thioulouse et al., 1997). ......................................... 111
Figura 12: Análise de co-inércia entre as médias da densidade total dos grupos de
macrofauna (n=9), em função dos valores médios dos teores de areia (ARE), silte (SIL) e
argila (ARG). Os fatores 1 e 2 explicaram, respectivamente, 82.56% e 17.44% das variáveis.
A correlação entre as variáveis foi significativa (p < 0.027). Os dados foram gerados por meio
do software ADE-4 (Thioulouse et al., 1997). ...................................................................... 112
20
INTRODUÇÃO GERAL
A Amazônia abriga a maior floresta tropical do planeta, detém a maior biodiversidade
genética e diversidade de espécies, além de contribuir com quase 20% do volume de água
doce do mundo despejada nos oceanos. Diversos serviços ambientais são fornecidos por este
bioma, e são fundamentais para a manutenção climática, para a conservação da
biodiversidade, estoque de carbono e regulação dos ciclos hidrológicos e biogeoquímicos
(Fearnside, 1997; Nepstad, 2007). No Brasil, a Amazônia representa o bioma mais
conservado, porém, a redução da cobertura florestal já superou 20% da área original (INPE,
2008). Alguns modelos de estimativas de desmatamento prevêem até 2050, reduções que
poderão corresponder entre 50% a 80% da cobertura florestal atual (Soares-Filho et. al., 2005,
2006). Fatores relacionados à economia e à política estão entre as principais causas que
influenciam no desmatamento (Fearnside, 2003; Nepstad et al., 2006). A pecuária e o plantio
de soja prevalecem entre as atividades que mais impulsionam o desmatamento (Alencar et al.,
2004; Nepstad et al., 2006).
No geral, a Amazônia é considerada uma região de baixa aptidão agrícola. É verdade
que a maioria dos solos (75%) possui baixa fertilidade natural e reduzida capacidade de
suporte, sendo susceptíveis ao rápido declínio da produção em razão do empobrecimento após
2 ou 3 anos de uso (Rodrigues, 1996; Demattê, 2000). Por outro lado, os sistemas adotados na
maioria das áreas ocupadas pela agropecuária possuem caráter exploratório, feitos sem adoção
de técnicas conservacionistas, sem levar em consideração as características edafoclimáticas e
os limites do ambiente, até que haja o esgotamento dos recursos ou a inviabilidade para
produção.
Uma técnica comum para a fertilização do solo antes da implantação de uma atividade
agrícola consiste na queima da vegetação da floresta, de forma que a incorporação das cinzas
disponibiliza uma boa quantidade de nutrientes que estavam armazenados na biomassa. Esta é
uma das razões pela qual derrubar novas áreas de florestas é mais barato e vantajoso do que
investir em tecnologias e insumos necessários para renovar ou manter a sustentabilidade da
produção em áreas já desmatadas (Ichihara, 2003). Como resultado, estima-se que cerca de
25% do total das áreas desmatadas até 2003 estejam abandonadas ou subutilizadas, muitas
vezes em estado de degradação (Almeida et. al., 2006; Campanili, 2008).
21
A substituição das florestas para a produção agropecuária em grande escala também
resulta em impactos sócio-ambientais devido à concentração de terras e poder, além do
cometimento de abusos por parte de alguns latifundiários. O Estado do Pará, sozinho,
concentrou entre os anos de 1996 a 2005 quase 50% das denúncias de trabalho escravo no
país, onde a pecuária respondeu por 80% do trabalho forçado (Sakamoto, 2006). Em 2008,
99% dos trabalhadores libertados pelo Ministério do Trabalho e Emprego encontravam-se na
região da Amazônia Legal (Repórter Brasil, 2008).
Sistemas perenes combinados com diferentes técnicas que ofereçam maior proteção
aos recursos do solo e da água são mais indicados na Amazônia (Dubois & Vianna, 1996), e
poderiam ser estratégicos para evitar o desmatamento de novas áreas por meio do
reaproveitamento, ou reabilitação das áreas já desmatadas (Fearnside, 2009; Sabogal et al.,
2009). Os desafios para a consolidação de modelos mais adequados ao meio ambiente e ao
desenvolvimento sócio-econômico, no entanto, passam pelo incentivo de políticas fiscais e de
crédito, organização social e de mercado, apoio técnico e tecnológico, entre outros (Smith et
al., 1995; 1998; Fearnside, 1998; 2009).
Vários tipos de intervenções antrópicas no ecossistema, mesmo resultando em
diferentes modificações, podem apresentar aspectos benéficos, principalmente quanto à
capacidade produtiva do solo. Exemplo disso foi o manejo feito pelas populações nativas pré-
colombianas que deu origem às “terras-pretas”, com solos de características físicas e químicas
melhoradas, favoráveis à produção agrícola (Lehmann et al., 2003; Glaser, 2007). Em quintais
agroflorestais de comunidades indígenas na savana de Roraima, Pinho (2008) verificou que a
interação humana resultou numa melhoria do solo, se comparado as áreas mais distantes das
moradias. Outros exemplos de técnicas de manejo também configuram alternativas viáveis de
recuperação ou uso contínuo da produção no sistema, principalmente por meio do uso de
cobertura vegetal, como na trituração da capoeira (Denich et al., 2004; Ferreira, 2009), cultivo
em aléias, e de plantas adubadoras (Dubois & Vianna, 1996; Souza & Ferraz-Junior; 2004).
Sistemas agroflorestais (SAF) representam alternativas apropriadas ao uso contínuo da
terra na Amazônia, e dependendo do desenho ou da maneira como são manejados, apresentam
vantagens quanto à eficiência do aproveitamento da radiação solar e na utilização de recursos
como a água e nutrientes do solo (Farrell & Altieri, 2002). Em virtude das interações
ecológicas existentes num SAF, vários serviços ambientais podem ser fornecidos, tais como:
22
seqüestro de carbono; proteção e melhoria da estrutura química e biofísica do solo,
incremento ou conservação da biodiversidade, maior eficiência na ciclagem de nutrientes,
manutenção da umidade e do microclima, entre outros (Nair, 1989; Young, 1997; Gama-
Rodrigues, 2004; Fearnside, 2009). Embora a consolidação do termo que designa os SAFs
como um conjunto de técnicas seja relativamente novo, esta atividade tem sido praticada por
comunidades tradicionais há muito tempo (Mercer & Miller, 1998). A agricultura tradicional
da Amazônia (de “corte-e-queima”, ou itinerante) é um exemplo clássico desta região, onde
os sistemas de cultivo são intercalados por períodos de pousio suficientes para que a
regeneração natural da floresta se encarregue da recuperação do sistema (Dubois & Vianna,
1996; Fearnside, 1998). Várias definições foram criadas para a descrição de SAF’s
(Lundgren, 1982; OTS & CATIE, 1986; Nair, 1989), mas podem dizer que de maneira
genérica, um SAF consiste na associação benéfica entre componentes lenhosos (árvores,
arbustos ou palmeiras) com cultivos agrícolas, e/ou animais, em diversos arranjos (complexos
ou simples) no espaço e no tempo.
Com a adoção de práticas agroflorestais apropriadas é possível promover melhorias
qualitativas no ambiente de modo semelhante à sucessão natural ecológica, onde a condução e
a interação dos componentes condicionam a criação gradual de nichos cada vez mais
adequados para suportar espécies mais exigentes (Götsch, 1995; Engel, 1999; Peneireiro,
1999; Peneireiro, 2003). Dentro deste processo a presença de plantas leguminosas combinadas
com técnicas de adubação verde, como o plantio em aléias e uso de cobertura morta, por
exemplo, favorecem a aceleração do desenvolvimento da estrutura da vegetação do sistema. A
melhoria do solo associada ao desenvolvimento da vegetação interage mútuamente com a
fauna edáfica, que por sua vez apresenta diferentes funções dentro dos processos de ciclagem
de nutrientes (Haag, 1985; Luizão & Schubart, 1987; Lavelle et al., 1997; Montagnini &
Jordan, 2005).
Em 1998, o Instituto de Permacultura da Amazônia (IPA) em parceria com a Escola
Agrotécnica Federal de Manaus (EAFM), entre outras instituições, deram início à implantação
da Unidade Demonstrativa de Permacultura (UDP-Manaus, “Projeto Sítio Urbano”). Entre os
principais objetivos, estava a proposta de criar sistemas perenes e sustentáveis de maneira
integrada com a natureza, iniciando com a implantação de um SAF multiestratificado numa
área antes inviabilizada para a agricultura devido ao seu histórico de uso intensivo. O presente
23
trabalho objetivou avaliar este exemplo de uso da terra com o sistema agroflorestal,
comparando-o com uma área de capoeira adjacente de idade semelhante (10 anos), e com
outra área de vegetação secundária mais desenvolvida (com 55 anos de idade). Para tanto,
foram comparados indicadores de composição e estrutura da vegetação entre os sistemas
(Capítulo I), características físicas e químicas do solo e da liteira (Capítulo II), e distribuição
da macrofauna edáfica da liteira e do solo (Capítulo III).
24
OBJETIVO GERAL
Avaliar os efeitos do uso da terra por meio da implantação de um SAF multiestratificado de
10 anos, sobre parâmetros de vegetação, solo e macrofauna edáfica, em comparação com uma
capoeira de regeneração natural adjacente de 10 anos, e com uma floresta secundária mais
desenvolvida de 55 anos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Comparar os parâmetros de composição e estrutura da vegetação entre as áreas de estudo
(Capítulo I);
2) Determinar e comparar a quantidade de macro e micronutrientes (Ca2+, Mg2+, K+, P, Fe+3,
Zn e Mn), pH, Al3+, e textura do solo (Capítulo II);
3) Determinar e comparar as massas da liteira do solo, bem como suas concentrações e
estoques de Ca, Mg, K e P (Capítulo II);
4) Determinar e comparar a densidade (ind.m-2) e a biomassa (g.m-2) dos macroinvertebrados
encontrados na liteira e no solo (Capítulo III);
5) Determinar e comparar a distribuição vertical da macrofauna e a divisão dos grupos
funcionais entre os sistemas (Capítulo III);
6) Verificar as correlações entre a densidade da macrofauna, associada a parâmetros de
fertilidade (pH, Al3+, macro e micronutrientes) e textura do solo, massa e nutrientes da liteira
(Ca, Mg, K e P) (Capítulo III).
25
Capítulo I: O efeito do uso da terra com sistema agroflorestal sobre os parâmetros de
composição e estrutura da vegetação: Um estudo de caso na Unidade Demonstrativa de
Permacultura (Manaus) 1
.
1. Introdução
A qualidade e a capacidade de recuperação de áreas alteradas são influenciadas
diretamente pelo histórico e intensidade de uso das mesmas, onde o desenvolvimento da
vegetação possui um importante papel para o restabelecimento da fertilidade do solo,
biodiversidade e suas respectivas interações ecológicas. O tempo necessário para
recomposição de uma área desmatada depende de como a floresta foi removida, do tipo e
tempo de uso após a remoção, bem como do tamanho da área e sua distância em relação à
floresta primária (Purata, 1986; Buschbacher et al., 1988; Uhl et al., 1988). A variação destes
fatores, portanto, deve influenciar sobremaneira na composição florística e estrutural de uma
determinada área, levando em conta as características da vegetação original.
Da mesma maneira que uma intervenção antrópica é capaz de modificar ou afetar
negativamente um ambiente, o uso de sistemas de produção e técnicas de manejo mais
apropriadas em áreas alteradas pode contribuir para a melhoria ou recuperação destas. A
implantação de sistemas agroflorestais (SAF’s) a partir do emprego de determinadas técnicas
de manejo, pode contribuir para melhorar e acelerar o desenvolvimento da estrutura da
vegetação, na medida em que possibilita combinar o uso de espécies adequadas em cada
estádio sucessional no espaço e no tempo, propiciando um aumento gradual da qualidade
ambiental, da diversidade de seres vivos e suas interações, favorecendo o estabelecimento de
outras espécies mais exigentes (Götsch, 1992; Peneireiro, 1999; Rodrigues, 2005).
Ao longo do processo sucessional ocorrem diversas transformações no ambiente em
função das interações entre os elementos que o compõem, cujas mudanças refletem
mutuamente sobre parâmetros florísticos e estruturais, como: aumento da diversidade e
1 Escrito conforme as normas da revista Acta Amazônica
26
riqueza de espécies, uniformidade de distribuição das mesmas no espaço; formação de
diferentes estratos, bem como, o acúmulo da biomassa, entre outros (Ricklefs, 2003).
Em Manaus, o “Projeto Sítio Urbano” teve início em 1998 através da parceria entre o
Instituto de Permacultura da Amazônia (IPA) e a Escola Agrotécnica Federal de Manaus
(EAFM), com o objetivo de criar sistemas perenes, sustentáveis e ecologicamente integrados
com a natureza de maneira a suprir as necessidades humanas sem degradar o ambiente. Para
tanto foi criada a Unidade Demonstrativa de Permacultura (UDP), com sede dentro da
fazenda da EAFM. O desenho do projeto (“design”) foi elaborado segundo os princípios da
Permacultura, cujos valores incluem: o cuidado com a terra; o cuidado com as pessoas e a
contribuição com o excedente, priorizando um planejamento que integre de maneira eficiente
e harmoniosa os elementos naturais e as pessoas (Mollison & Slay, 1999).
A implantação de um SAF foi uma das primeiras atividades do projeto, realizada sobre
uma área anteriormente inviabilizada para o cultivo agrícola devido ao histórico de uso
intensivo, como o emprego de máquinas, insumos químicos e fogo. O SAF foi implantado
combinando-se técnicas de plantios de leguminosas em aléias, com enriquecimento gradual de
espécies e condução da regeneração natural da vegetação.
Neste capítulo é apresentada uma abordagem comparativa sobre o efeito que o SAF
implantado há 10 anos apresentou sobre os parâmetros de composição e estrutura florística,
comparado a uma capoeira de regeneração natural adjacente com idade semelhante. Nesta
abordagem foi utilizada como referência, uma floresta secundária em estágio avançado de
regeneração com 55 anos de idade, onde os parâmetros comparados serviram como
indicadores. Acredita-se que: i) a intervenção realizada com a implantação do SAF na área
alterada tenha resultado na formação de uma vegetação com composição e estrutura distinta
comparada à área onde não houve intervenção; ii) as diferenças ocasionadas por meio da
implantação e do manejo do SAF tenha resultado em vantagens qualitativas sobre os
parâmetros fitossociológicos da vegetação em relação à área sem intervenção; iii) o processo
de pousio da área de regeneração adjacente ao SAF não foi suficiente para retornar ao
ambiente as mesmas qualidades observadas na vegetação da área de vegetação secundária de
55 anos. A constatação das hipóteses levantadas confirmará se a intervenção com implantação
do SAF foi mais eficiente para recuperar os indicadores de qualidade da vegetação de uma
área alterada, frente ao pousio para regeneração natural.
27
2. Materiais e métodos
2.1. Caracterização física das áreas de estudo
As coletas referentes às áreas de sistema agroflorestal (SAF-10) e capoeira (CAP-10)
foram realizadas na Unidade Demonstrativa de Permacultura de Manaus (UDP – Manaus),
localizada dentro da Escola Agrotécnica Federal de Manaus (EAFM). O acesso ocorre pela
Avenida Alameda Cosme Ferreira, bairro Zumbi Palmeira II (59°56'00.22" W; 3°04'47.94"S).
As coletas referentes à área de floresta secundária de 55 anos (FS-55) foram feitas dentro do
Centro de Projetos e Estudos Ambientais do Amazonas (CEPEAM), com acesso pela Avenida
Desembargador Anísio Jobim, 980, Km 11 no bairro Aleixo (59°54'23.65" W; 3°06'51.68"S).
A distância entre a EAFM e o CEPEAM é de aproximadamente 3,5Km em linha reta.
A área ocupada pelo Projeto Sítio Urbano na UDP é de aproximadamente 11 hectares.
O SAF multiestratificado ocupa uma área de aproximadamente 1,3 hectares e a capoeira 2,64
hectares (incluindo algumas pequenas áreas onde houve enriquecimento de espécies). A área
do CEPEAM ocupa 55 hectares (CEPEAM, 2008), contudo o fragmento de floresta
secundária utilizada neste trabalho compreende cerca de sete hectares (Figura 1).
O clima em Manaus é classificado como “Amw” (Köpen, 1948), com temperatura
média de 26,7°C e regime pluviométrico superior a 2000 mm/ano, com uma curta estação
seca de 1 a 2 meses de precipitação inferior à 60mm/mês (RADAMBRASIL, 1978;
Rodrigues, 1996; Victoria et. al., 2000).
O relevo nos locais de estudo varia de plano (principalmente na FS-55) a suavemente
ondulado (entre 5 a 10% de declividade nas parcelas da UDP). A classificação do solo foi
considerada como Latossolo Amarelo, com textura variável de média a muito argilosa.
28
2.2. Histórico de uso da terra
As informações sobre o histórico de uso das áreas de SAF e capoeira foram obtidas
junto aos professores da Escola Agrotécnica Federal de Manaus e com as pessoas que
idealizaram e ajudaram a implantar o Projeto Sítio Urbano pelo IPA, entre outros parceiros.
No CEPEAM, o histórico da área foi relatado pelo coordenador do centro e por um ex-
funcionário, que trabalhou no local há mais de 55 anos atrás.
O SAF foi implantado na Unidade Demonstrativa de Permacultura a partir de 1998.
Quando o IPA iniciou suas atividades em parceria com a EAFM nesse mesmo período, a área
estava inviabilizada para o cultivo agrícola devido ao excesso de pragas, doenças e pela
compactação do solo, cuja cobertura vegetal limitava-se a presença de gramíneas,
principalmente do capim colonião (Panicum maximum Jacq.).
De 1972 a meados de 1988, era praticada horticultura em parte da área onde existe o
SAF atualmente, que passou a ser utilizada para plantio intercalado de milho e macaxeira até
1997. A partir desta data a área deixou de ser usada. Próximo a área do SAF também foram
cultivadas espécies perenes, como guaraná, fruta-pão, urucum e manga (todas implantadas na
década de 70). Em 1988 também havia plantios de maracujá, consorciado com outros cultivos
anuais até 1997. Os cultivos realizados na área da UDP eram realizados para aulas práticas ou
experimentos das disciplinas ofertadas na EAFM e muitas vezes eram feitos com aplicação de
insumos externos (corretivos de solo, adubos químico, orgânicos e agrotóxicos). O emprego
de implementos agrícolas era comum e freqüente, assim como o uso do fogo.
Nas áreas de capoeira adjacentes ao SAF o histórico é semelhante. Quando o IPA
iniciou o projeto na área, uma parte da capoeira foi utilizada para enriquecimento, onde
existiam espécies frutíferas e arbóreas estabelecidas. Outra parte onde havia apenas capim e
vegetação rala foi deixada para regeneração natural.
No CEPEAM, a área era utilizada para fornecimento de madeira para carvão. As
árvores eram cortadas em secções e o carvão era feito com o uso de “caieiras”, um método
rústico de carbonização da lenha em buracos cavados no chão. A floresta deve ter sido
derrubada por mais de uma vez, porém, é possível sugerir que a diversidade atual, após 55
29
anos da última extração de madeiras, deva ser parecida com a original, uma vez que houve
rebrota de boa parte das espécies presentes na área, e também pelo fato de que não houve
queima da vegetação.
2.3. Histórico da implantação do SAF
A implantação do sistema agroflorestal foi uma das primeiras atividades realizadas
dentro da Unidade Demonstrativa de Permacultura pelo IPA. As intervenções foram
realizadas em várias etapas ao longo do tempo, combinando-se técnicas de plantio em aléias
de espécies de plantas leguminosas (junto de curvas de nível feitas no terreno), sucedido pela
introdução de espécies frutíferas ao longo do tempo (plantio de enriquecimento), e com o
manejo de condução de espécies espontâneas nativas. O plantio em sistemas de aléias foi feito
na maior parte da área, enquanto o enriquecimento e o manejo de espécies espontâneas foram
realizados numa fração menor (Ver figura 2, Capítulo 2).
As aléias foram implantadas entre janeiro e março de 1998. Primeiramente, foi
realizada uma coleta de solo para análise química, em seguida foram construídas curvas de
nível, como medida de conservação, já que o terreno apresenta uma pequena inclinação.
O espaçamento entre as linhas de aléias foi de 5 m. Em cada linha foi feito um plantio
adensado, consorciando espécies leguminosas perenes e temporárias de hábito arbóreo,
arbustivo e lianescente (forrageiro). Como espécies forrageiras, foram plantadas: Pueraria
phaseoloides (Roxb.) Benth. (pueraria), Mucuna pruriens (L.) DC. (mucuna), Dolichos lablab
L. (labe-labe) e Arachis pintoi Krapov. & W.C. Greg. (amendoim-forrageiro). Também foram
plantadas as seguintes espécies arbustivas: Cajanus cajan (L.) Druce (feijão guandu),
Crotalaria Scop. (crotalaria), Desmodium Desv. (desmodium), Flemingia congesta Roxb. ex
W.T. Aiton (flemingia), e Canavalia ensiformis (L.) DC. (feijão-de-porco). Das espécies
arbóreas, destaca-se a introdução da Gliricidia sepium Kunth ex Steud. (gliricídia),
Calliandra Benth. (caliandra), Caesalpinia ferrea Mart. (jucá), Inga sp. (diversas espécies de
Ingá), Schizolobium spp. (paricá e guapuruvu) e, principalmente a Leucaena leucocephala
30
(Lam.) de Wit (Leucena), usada predominantemente para fornecimento de sombra e biomassa
de poda.
As leguminosas formaram nas aléias três estratos diferentes, devido à natureza distinta
entre as espécies forrageiras, arbustivas e arbóreas. Deste modo, com o desenvolvimento dos
indivíduos arbóreos foram criadas condições mais propícias para atender as necessidades
ambientais de outras espécies de interesse que foram introduzidas. Em novembro de 1998,
cerca de 9 meses após a implantação das leguminosas, iniciou-se o plantio de espécies
frutíferas nas entrelinhas das aléias. A biomassa proveniente da poda nas aléias era usada
como cobertura do solo e depositada na base das mudas cultivadas.
Na área do SAF aonde foram realizados plantios de enriquecimento com condução da
regeneração das espécies florestais o processo foi diferente: não foram implantadas curvas de
nível nem realizada calagem no solo. As espécies frutíferas foram introduzidas com o
aproveitamento da sombra fornecida pelos indivíduos arbóreos que nasceram
espontaneamente e foram mantidos durante a prática de capina seletiva. A seleção destes
indivíduos foi feita conforme sua utilidade, valor ecológico ou por apresentarem rápido
crescimento, entre outros critérios. Também foram adicionadas ao longo tempo, árvores de
leguminosas e urucum para reforçar a adição de nitrogênio e potássio no sistema (Ferraz-
Junior, 2004).
A produção das frutíferas plantadas a partir do final de 1998 teve início em 2002, com
destaque para as pupunheiras. As variedades de citrus começaram a produzir em 2005 e,
atualmente todo o sistema encontra-se produtivo, com exceção de algumas espécies que
tiveram mais dificuldades para adaptação, como a lichia, jaboticaba, salaca entre outras. Cabe
mencionar que a produção da maioria das mudas foi feita na própria UDP, num viveiro
construído para sustentar o projeto, e, com composto orgânico oriundo da integração dos
sistemas de produção.
No SAF, a poda é realizada pelo menos uma vez ao ano antes do início do período
chuvoso (inverno). No entanto, as manutenções foram mais intensas no início do
desenvolvimento do sistema, quando a competição entre as espécies eram mais determinantes
para seu estabelecimento. Foi instalada no SAF uma rede de irrigação por aspersão, usada
31
durante os meses de menor precipitação (Julho a Setembro), que era acionada conforme a
necessidade. Atualmente, devido ao porte adquirido pelo SAF é raro o uso de irrigação.
Na UDP, existe uma integração entre os sistemas de produção vegetal e animal.
Sempre que possível, os excedentes produzidos retornam em forma de composto orgânico
(sólido e biofertilizante) para os cultivos agroflorestais, ou como ração para alimentar aves,
gados, caprinos, suínos e peixes. Esporadicamente, as áreas de SAF servem de pasto para
galinhas e caprinos, constituindo uma interação benéfica para o aporte de esterco e controle de
plantas invasoras. A criação de abelhas melíponas (sem ferrão) é feita nas proximidades do
SAF, favorecendo tanto a produção de mel como a polinização das árvores do SAF.
Dentre as finalidades do SAF, podem-se destacar o fornecimento de alimentos
diversificados durante o ano todo, a formação de um estoque de espécies de potencial para
uso medicinal e madeireiro, bem como, controle biológico de pragas (repelentes), adubação
verde, função estrutural, e manutenção da biodiversidade, tais quais, as árvores nativas
deixadas no sistema.
2.4. Delineamento do experimento
O experimento foi considerado inteiramente casualizado (Pimentel-Gomes, 2000). Os
tratamentos corresponderam ao tipo de uso da terra (SAF-10, CAP-10 e FS-55) com três
parcelas (repetições) de 40 x 40m cada. As parcelas foram subdivididas em 16 unidades de 10
x 10m para a realização do censo florístico (Figura 1).
32
Figura 1: Localização e distribuição das parcelas para coleta de vegetação. O SAF-10 (vermelho) e CAP-10 (azul) estão localizados dentro da UDP (Escola Agrotécnica Federal de Manaus), a FS-55 (verde) localiza-se no CEPEAM. As imagens foram registradas pelo satélite Quickbird em 2005
2.5. Método de coleta da vegetação
Foi realizado um inventário florístico por meio de um censo de todos os indivíduos de
árvores e palmeiras. Foram registradas as medidas dos indivíduos com diâmetro à altura do
peito (DAP - a 1,3 m de altura) igual ou maior do que cinco centímetros. Rebrotas e
33
bifurcações foram consideradas como pertencentes a um único indivíduo biológico quando
estas apresentaram DAP ≥ 5 cm.
O inventário foi realizado, tendo-se como referência o número do quadrante
(subparcela de 10 x 10 m) de cada uma das 3 parcelas dos 3 tratamentos. As soma das
parcelas de cada tratamento compreenderam a uma área de 0,48 hectares.
A identificação das espécies foi realizada em campo com o auxílio de um parabotânico
especialista, através da observação de aspectos como morfologia das folhas, forma do tronco,
casca, presença e tipo de exudato, etc. Nos casos de dúvida, amostras de material botânico
(vegetativo na maioria dos casos) foram coletadas com um podão, identificadas conforme a
localização e número correspondentes no campo para posterior comparação das exsicatas no
herbário do INPA. O mesmo parabotânico que colaborou no campo auxiliou nas consultas e
identificações no herbário.
2.6. Análise dos dados
A partir dos dados coletados em campo, e com a identificação dos indivíduos quanto à
família botânica, gênero e nome científico (se possível), foram feitas análises de composição
florística e estrutural da vegetação para os três tratamentos em questão (Tabela 1).
Os seguintes parâmetros fitossociológicos foram observados com base no trabalho de
Felfilli & Rezende (2003): i) Densidade absoluta e relativa; ii) Freqüência absoluta e relativa;
iii) dominância absoluta e relativa; iv) índice de valor de importância; v) índices de
similaridade (Jacard e Sorensen); vi) área basal e; vii) distribuição diamétrica.
As médias da densidade riqueza de espécies e da área basal de cada tratamento foram
comparadas de maneira descritiva (pois constituem variáveis discretas). Os dados de
composição florística foram avaliados através da análise multivariada NMDS (Nom-metric
Multidimensional Scaling), com auxílio do software PC-ORD (McCune & Mefford, 1999).
Para reduzir a influência da densidade dos indivíduos na formação de grupos florísticos, os
dados foram transformados (“relativizados”) dividindo-se a abundância de cada espécie na
34
parcela pela soma das abundâncias totais. O cálculo da matriz de dissimilaridade biológica foi
utilizado por meio da distância de Bray-Curtis, que leva em consideração tanto a
presença/ausência da espécie na unidade amostral quanto sua abundância relativa (Bray &
Curtis, 1957).
Tabela 1: Fórmula dos parâmetros fitossociológicos utilizados (Felfilli & Rezende, 2003).
Variável Equação
Densidade Absoluta (DA) = n / área
Densidade Relativa
(DR) = (n / N) x 100
ni = no de indivíduos amostrados para a espécie i
N = no total de indivíduos amostrados
Freqüência Absoluta
(FA) = (Pi / p) x 100
Pi = número de parcelas com ocorrência da espécies i
p = número total de parcelas
Freqüencia Relativa (FR) = (FAj / FA) x 100
FAj = freqüência absoluta da espécie j
Dominância Absoluta (DoA) = gi* / área
gi = π / 4 x d², onde d = DAP em cm.
Dominância Relativa (DOR) = (gi / G) x 100
G = Somatória das áreas basais individuais (gi)
Índice de diversidade de Shannon (H’)
H’ = - Σ (ni / N) ln (ni / N)
ni = no de indivíduos amostrados para a espécie i
N = no total de indivíduos amostrados
ln = logaritmo nepteriano
Índice de eqüabilidade de Pielou (J)
J = H’ / Ln S
H’ = índice de diversidade de Shannon
S = nº total de espécies
Índice de similaridade de Jaccard (SJ)
SJ = a / (a + b + c)
a = número de espécies comuns em ambas parcelas
b = números de espécies únicas da parcela 1
c = número de espécies únicas da parcela 2
Índice de similaridade de S¢rensen (IS)
IS = 2C / A + B
A = no de espécies da comunidade A
B = no de espécies da comunidade B
C = no de espécies comuns às comunidades
Índice de valor de importância da espécie
(IVI)
IVI = DR + FR + DoR
DR = [no de indivíduos da espécie / no total de indivíduos] x 100.
FR = [no de parcelas em que ocorre a espécie / no total de parcelas] x 100.
DoR = [área basal total da espécie / área basal total de todas as espécies] x 100
35
3. Resultados e discussão
3.1. Composição florística
No censo realizado nas três parcelas de floresta – FS-55 - (0,5ha), foram registrados
636 indivíduos entre árvores e palmeiras, dentre os quais 108 (17%) indivíduos foram
identificados em nível de espécie, 19 somente até o gênero, e dois somente em família. Na
capoeira adjacente ao SAF (CAP-10), foram registrados 361 indivíduos, onde, 15 (4%) foram
identificados em nível de espécie, sete até o gênero, enquanto apenas um ficou indeterminado.
No SAF-10, dos 328 indivíduos registrados, apenas 2 foram identificados somente até o
gênero, os demais (99%) foram identificados até espécie (Anexo 1).
Maiores densidade e riqueza de espécies, gêneros e famílias foram observadas na FS-
55. No SAF-10, a abundância de indivíduos registrados foi aproximadamente 15% menor que
na CAP-10, contudo, o número de famílias foi superior, bem como o número de espécies e
gêneros, que foram quase duas vezes maiores no SAF-10.
A análise dos dados de densidade e riqueza de espécies nas subparcelas de 10 x 10m,
em cada sistema estudado, apresentou maiores amplitudes de variação nas áreas de floresta e
capoeira (Figura 2).
Figura 2. Gráficos “univariados” (Box plots) com valores de média, mediana, quartil, desvio padrão e amplitude de variação dos dados de densidade e riqueza de espécies encontrados em cada subparcela de 10 x 10m na FS-55
36
(n=48 parcelas), CAP-10 (n=44) e SAF-10 (n=48). Os gráficos foram realizados com o auxílio do pacote XLSTAT (versão 2009.3.01) – Addinsoft.
Comparando-se os parâmetros de densidade, número de famílias, gêneros e espécies
deste estudo, com outros levantamentos realizados em ambientes semelhantes a estes na
Amazônia (Tabela 2), é possível observar, que: i) Na FS-55, os parâmetros analisados
possuem valores intermediários aos dados encontrados em florestas primárias (Alencar et al.,
1986) e florestas secundárias em estágio avançado (Alvino et al., 2005); ii) A CAP-10 possui
menor riqueza em relação às florestas primárias e florestas secundárias mais velhas, bem
como, quando comparada a outros estudos feitos em capoeiras nos arredores de Manaus
(Gentry, 1978; Lima et. al., 2007) e; iii) O SAF-10, entre outros SAFs estudados, também é
menos rico em famílias, gênero e espécies, comparado às florestas primárias e secundárias
mais velhas, porém, pode ter maior riqueza que algumas capoeiras da mesma idade.
Tabela 2: Comparação de estudos de levantamentos florísticos feitos em florestas primárias de terra-firme (FP), florestas secundárias mais novas (CAP), e mais velhas (FS), e, em sistemas agroflorestais.
Ecossistema - histórico -
idade Local
Nível inclusão
Área Densidade No
Famílias No
Gêneros No
Espécies Referências
(ha)
FP Reserva
Ducke-AM ≥ 10cm 2,5 624 53 156 392
Alencar (1986)*
FP Rio Uatumã-
AM ≥ 10cm 1 741 46 118 145
Amaral et al. (2000)**
FP ZF-II-AM ≥ 10cm 1 670 48 133 245 Oliveira et al.
(2008)*
FSC-55 CEPEAM-
AM ≥ 5cm 0,5 1325 40 74 129 Este estudo**
FSCQ-40 Bragança-
PA ≥ 5cm 1,5 2934 40 101 154
Carim et al. (2007)*
FSCQ-30 Bragança-
PA ≥ 5cm 1,5 1961 35 74 103
Alvino et al. (2005)**
CAP-10 EAFM ≥ 5cm 0,5 752 17 21 24 Este estudo**
CAPCQ-10 EEST/S-8-
AM ≥ 5cm 0,4 1148 34 ? 53
Lima et al.(2007)**
CAPCQ-? INPA-AM ≥ 2,54cm 0,5 ? 29 ? 74 Gentry
(1978)**
SAF-10 EAFM-AM ≥ 5cm 0,5 638 25 54 65 Este estudo**
SAFs-12 Cametá-PA ≥ 2,33cm 1,75 3009 27 53 61 Santos et al.
(2004)**
SAFs-7 Vale do Rio
Acre-AC ≥ 5cm 0,5 1806 36 68 89
Rodrigues (2005)**
37
SAF-5 Porto Acre-
AC ≥ 3cm 0,75 2250 29 40 45
Rodrigues (2005)**
As siglas “CQ” correspondem ao histórico de uso da terra por meio do corte e queima; A sigla “C” corresponde apenas, à prática de corte da vegetação. Referências com o símbolo * incluíram o levantamento de lianas no inventário; Referências com o símbolo ** consideraram apenas árvores e palmeiras. Os SAFs-12 e SAFs-7 representam, respectivamente, à média de dados coletados em 12 e 7 SAF’s na mesma região. A densidade dos indivíduos encontradas neste trabalho foram estimadas para uma área de um hectare, para permitir a comparação com dados de outros estudos.
As maiores abundâncias encontradas na FS-55 foram concentradas em seis famílias,
que, juntas, correspondem a 51% do total de indivíduos (Tabela 3): Burseraceae, Sapotaceae,
Lecythidaceae, Moraceae e Melastomataceae. Mais da metade da riqueza de espécies (60%)
foram encontrados em 10, das 40 famílias da FS-55, com destaque para a Fabaceae.
Na CAP-10, a família Anacardiaceae concentrou 51% da abundância encontrada,
representada unicamente pela espécie Tapirira guianensis Aubl. (“pau-pombo”). Além da
Anacardiaceae, houve ainda mais nove famílias com densidade acima de 10 árvores/hectare,
que corresponderam a 44% da abundância total. As outras árvores restantes distribuem-se em
mais 7 famílias, que somam apenas 5% do total de indivíduos. Quase metade da riqueza de
espécies registradas na CAP-10 (42%) está concentrada em apenas três famílias: Annonaceae,
Lauraceae e Flacourtiaceae. As demais 14 famílias apresentaram apenas uma espécie cada.
No SAF-10, três famílias concentraram 56% do total de indivíduos encontrados:
Arecaceae; Fabaceae e, Sterculiaceae. A alta densidade destas famílias foi atribuída à
presença de espécies de palmeiras como a pupunha e açaí (Arecaceae), frutíferas como o
cacau e cupuaçú (Sterculiaceae) e árvores leguminosas (Fabaceae), plantadas de maneira
intercalada quando o SAF foi implantado. O restante dos indivíduos divide-se entre 22
famílias, sendo que 13 delas possuem mais de 10 ind/ha. Assim como na FS-55, a família
Fabaceae apresentou o maior número de espécies, e com mais 5 famílias concentrou a maior
parte da riqueza de espécies encontradas (55%).
38
Tabela 3: Descrição da quantidade de espécies, gêneros e famílias mais representativas da floresta de 55 anos (FS-55), capoeira de 10 anos (CAP-10) e sistema agroflorestal de 10 anos (SAF-10).
Sistema N (ha) NS (ha) NF (ha) NG (ha)Famílias de maior
densidade (N/ha)
Famílias com mais
espécies (N/ha)
Burseraceae (242) Fabaceae (14)
Sapotaceae (104) Sapotaceae (13)
Lecythidaceae (104) Burseraceae (9)
Moraceae (83) Lecythidaceae (9)
Melastomataceae (37) Melastomataceae (8)
Annonaceae (5)
Lauraceae (3)
Flacourtiaceae (2)
Fabaceae (13)
Annonaceae (6)
Myrtaceae (5)
Arecaceae (4)
Clusiaceae (4)
Rutaceae (4)
74
CAP-10 752 24 17 21
FS-55 1325 129 40
Anacardiaceae (388)
SAF-10 683 65 25 54
Arecaceae (183)
Fabaceae (108)
Sterculiaceae (90)
N = densidade total por hectare; NS = número de espécies (ha); NF = número de famílias (ha); NG = Número de gêneros (ha). As famílias de maior densidade na FS-55, CAP-10 e SAF-10 corresponderam respectivamente a 51% da densidade total nas duas primeiras e, 56% no SAF-10. As famílias com maior número de espécies corresponderam a 60% do total de encontrado na FS-55, 42% na CAP-10 e 55% no SAF-10.
Na FS-55, as famílias encontradas em maior abundância, tal qual àquelas que
detiveram os maiores números de espécies, são parecidas com aquelas registradas em outros
levantamentos realizados em florestas de terra firme na Amazônia Central (Ribeiro et al.,
1994; Oliveira & Amaral, 2004; Carneiro et al., 2005; Oliveira et al., 2008). A família com
maior número de espécies encontradas, a Fabaceae, é considerada uma das famílias de maior
abundância e riqueza em todos os ecossistemas do Brasil (Gentry, 1988; Souza & Lorenzi,
2005). Segundo Ribeiro et al. (1999) a Fabaceae está entre as famílias mais ricas em espécies
arbóreas encontradas na Reserva Ducke, em Manaus.
Em capoeiras jovens na Amazônia, espécies de Cecropia (Cecropiaceae) e Vismia
(Clusiaceae) estão freqüentemente associadas a um histórico de intervenção associado a
conversão da floresta para implantar atividades agrícolas, geralmente com emprego do fogo
para queima da vegetação (Williamson et al. 1998; Mesquita et al., 2001; Amaral & Matos,
2003). Neste estudo, a Vismia não foi encontrada de maneira expressiva, conforme observado
em outros levantamentos. A concentração da riqueza de espécies nas famílias Annonaceae,
Lauraceae e Flacourtiaceae é confirmada em outros trabalhos em capoeiras (Gentry, 1978;
39
Amaral & Matos, 2003; Lima et al. 2007), sugerindo que o fogo não foi recorrente nos locais
estudados.
A alta incidência de espécies frutíferas como a pupunha, açaí, cacau e cupuaçu no
SAF-10 é justificada pelo fato de serem comumente cultivadas na Amazônia, devido à
procura no mercado e valor econômico que possuem (Browder & Pedlowski, 2000; Alfaia et
al., 2004; Santos et al., 2004; Browder et al., 2005; Vieira et al., 2007).
3.2. Estrutura da vegetação
Os índices fitossociológicos representam formas de caracterização quantativa e
comparativa de diferentes formações vegetais. Entre os índices mais comumente utilizados, a
diversidade florística pode ser empregada como um bom indicador de vegetação. Esta é
baseada nos componentes de riqueza, que é a diversidade de espécies presentes numa área, e
eqüabilidade, que se refere à uniformidade da distribuição das mesmas (Margurran, 1988). O
Índice de Shannon (H’) é usualmente utilizado para expressar a diversidade proporcional de
uma área, enquanto o Índice de Pielou (J) mostra a uniformidade da distribuição das espécies
(Margalef, 1989). Os valores de H’ estão usualmente entre 1,5 e 3,5, e, raramente ultrapassam
o limite de 5,0, quando existe maior igualdade entre o número de espécies. Já os valores de J
ocorrem entre 0,0 e 1,0, onde o valor máximo representa que as espécies são igualmente
abundantes.
O índice de diversidade calculado para a FS-55 foi de 4,2 (nats) e o índice de
equabilidade foi de 0,87. Estes valores podem ser inferiores com relação ao que ocorre numa
floresta primária, pois, conforme resultados obtidos por Oliveira & Amaral (2004) na área da
ZF-II, a diversidade e a uniformidade de distribuição encontrada foram de 5,1 (nats) e 0,92,
respectivamente. Ainda assim, pode-se considerar que os valores encontrados na FS-55 são
relativamente altos, o que é típico de florestas tropicais (Margalef, 1989).
Na CAP-10, os índices de diversidade e uniformidade foram, respectivamente, 1,91
(nats) e 0,60, bem menores em relação à FS-55 pelo fato de existir menor riqueza de espécies
e alta concentração de algumas delas (“pau-pombo” principalmente).
40
No SAF-10, o índice de diversidade correspondeu a 3,43 (nats), e a uniformidade foi
de 0,82. Os valores do SAF-10 sugerem que o tipo de manejo empregado resulta num
“acréscimo” em diversidade, quando comparado à capoeira de regeneração da mesma idade.
Resulta também numa melhor distribuição das espécies no espaço, contribuindo para a
diversidade e melhor aproveitamento dos recursos no sistema.
Os três tratamentos foram avaliados quanto à similaridade florística, por meio dos
índices de Jaccard (Sj) e Sorensen (IS), considerando o número de espécies comuns para cada
dois sistemas de uso da terra em razão da quantidade total de espécies (Tabela 4). Estes
índices baseiam-se na presença ou ausência de espécies (quantitativo e qualitativo) e servem
como uma função que pode ser representada por uma distância, ou medida de comparação
entre unidades amostrais, comunidades, ou diferentes tipos fisionômicos (Barros, 1986;
Felfilli & Rezende, 2003). Valores superiores a 0,5 indicam similaridade elevada entre as
comunidades (Kent & Croker, 1994). Os índices calculados indicaram baixa similaridade
florística entre os tratamentos comparados.
Tabela 4: Índices de similaridade de Jaccard (SJ) e Sorensen (IS) calculados para comparar os diferentes sistemas de uso da terra.
Tratamentos Índices de Similaridade
Jaccard Sorensen
FS-55 x CAP-10 0.06 0.10
FS-55 x SAF-10 0.04 0.08
SAF-10 x CAP-10 0.10 0.18
Algumas espécies foram comuns aos tratamentos, conforme apresentado na Tabela 5,
e puderam ser encontradas na floresta, capoeira e SAF (Cecropia sp, Vismia guianensis e
Tapirira guianensis). As espécies comuns aos sistemas, em geral são pioneiras, ou não-
pioneiras generalistas, de crescimento rápido, típicas de clareiras e de colonização de áreas
abertas.
41
Tabela 5: Lista das espécies de ocorrência comum aos diferentes sistemas de uso da terra. (n= 8 para cada comparação).
Tratamentos Espécies comuns Família
Todos Cecropia sp. Cecropiaceae
Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae
Vismia guianensis (Aubl.) Choisy Clusiaceae
FS-55 x CAP-10
Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E.Fr Annonaceae
Guatteria olivacea R.E.Fr. Annonaceae
Inga sp. Fabaceae
Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don Bignoniaceae
Virola multinervia Ducke Myristicaceae
FS-55 x SAF-10
Couma utilis (Mart.) Müll.Arg. Apocynaceae
Helicostylis tomentosa (Planch. & Endl.) C.C.Berg Moraceae
Inga edulis Mart. Fabaceae
Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don Bignoniaceae
Rollinia insignis R.E.Fr. Annonaceae
CAP-10 x SAF-10
Bactris gasipaes H.B.K. Arecaceae
Byrsonima chrysophylla H.B.K. Malpiguiaceae
Guatteria sp.1 Annonaceae
Siparuna guianensis Aubl. Siparunaceae
Xylopia nitida Duval Annonaceae
Mesmo havendo alguma similaridade, ou, coincidência de algumas espécies entre os
ambientes estudados, a composição florística mostrou-se distinta entre os três usos da terra.
Por meio da análise com o NMDS (Figura 3), constatou-se que as diferenças de composição
florística são visualmente distintas, e, com uma análise de comparação múltipla foi possível
confirmar que estas foram significativas entre os três tratamentos (p ≤ 0.01). Embora haja
alguma sobreposição entre os tratamentos ao longo dos eixos do gráfico, é possível perceber
que se formam três grupos diferentes de conjuntos florísticos.
42
CAP-10
FS-55
SAF-10
Figura 3: Análise multidimensional não-métrica (NMDS) com dois eixos de ordenamento dos dados de composição florística de cada subparcela, correspondente aos sistemas de uso da terra (FS-55: floresta secundária de 55 anos; CAP-10: “capoeira” de 10 anos e, SAF-10: sistema agroflorestal multiestratificado de 10 anos). Os pontos representam as parcelas, e sua posição no gráfico é uma representação bidimensional da matriz de similaridade biológica entre elas, obtida por meio do índice quantitativo de Bray-Curtis. A porcentagem de explicação do modelo (coeficiente de determinação) é de 48,5%. A análise NMDS foi obtida com auxílio do software PCORD-4.
A espécie de maior IVI encontrada na FS-55 foi a Guatteria olivacea R.E.Fr. (Envira-
fofa), da família Annonaceae, com o valor de importância de 20%. Esta espécie também
apresentou uma alta DoR (11%). Entre as cinco espécies com maiores índice de valor de
importância, duas Burseraceae tiveram destaque: O Protium paniculatum Eng. var. nov.
(18%), e o Protium decandrum (Aubl.) March. (11%). A Tapirira guianensis Aubl. foi a
terceira espécie com maior IVI (11%), sendo um pouco mais representativa que o Protium
decandrum (Aubl.) March., devido à maior área basal (DoR). Por último encontramos a
Goupia glabra Aubl. entre as 5 espécies mais representativas (10%).
Assim como constatado na FS-55, algumas espécies do gênero Protium (Burseraceae)
e Ecshweilera (Lecythidaceae) são comumente citadas entre àquelas com maiores IVIs em
florestas primárias nos arredores de Manaus (Amaral et al., 2000; Lima et al., 2007; Oliveira
et al., 2008). No entanto, as demais espécies com alto IVI não foram constatadas em outras
referências em florestas primárias com a mesma expressividade.
Na CAP-10, a Tapirira guianensis Aubl. é a espécie de maior IVI, e corresponde a
mais de 50% da DR e DOR deste sistema. Esta espécie, no entanto, demonstrou uma
tendência em ocorrer em agrupamentos, pois esteve concentrada em apenas 21% dos
43
quadrantes avaliados (FR). As outras 4 espécies com maior IVI foram respectivamente:
Casearia grandiflora Cambess. (34%), Xylopia nitida Duval (30%), Byrsonima chrysophylla
H.B.K. (16%) e, Cecropia sp., com IVI de 15%.
No trabalho de Carim et al. (2007), a Tapirira guianensis se destacou como uma das
espécies encontradas com maior abundância e área basal, numa floresta secundária de 40 anos
no Pará. É interessante notar que, nas três áreas, a Tapirira guianensis demonstrou grande
representatividade, constituindo-se numa das “espécies-chave” na estrutura e
desenvolvimento da vegetação.
No censo realizado nas parcelas de SAF, a espécie Bactris gasipaes (pupunha) foi a de
maior destaque em relação às outras, pois apresentou o maior IVI (58%), com maiores DR,
FR e DoR. A Leucaena leucocephala (leucena), apresentou o segundo maior IVI (32,82%),
ligeiramente maior que a Euterpe oleracea Mart. (açaí; 31,57%), devido à sua FR nas
unidades amostrais avaliadas. Em seguida, o Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K.
Schum. (cupuaçu) apresentou o maior IVI (24%), pois sua alta DR (superior ao açaí),
compensou a baixa DoR, atribuída ao fato de ser uma árvore de pequeno porte. Embora as
primeiras espécies do ranking são árvores plantadas, a quinta do ranking é uma espécie nativa:
a espécie Tapirira guianensis Aubl.apresentou um IVI de 11% no SAF-10 (Tabela 6).
Tabela 6: Lista “rankeada” com as 5 espécies de maior IVI (%) nos sistemas analisados.
ESPÉCIES NOME POPULAR DR FR DoR IVI FS-55
Guatteria olivacea R.E.Fr. Envira-fofa 5 4 11 20
Protium paniculatum Eng. var. nov. Breu 7 5 6 18
Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo 3 3 5 11
Protium decandrum (Aubl.) March. Breu 4 3 4 11
Goupia glabra Aubl. Cupiúba 4 3 3 10
Helicostylis tomentosa (Planch. & Endl.) Rusby Inharé-folha-peluda 4 3 2 10
Eschweilera sp. Mata-matá 3 4 2 9
Eschweilera tessmannii Knuth. Ripeiro-vermelho 2 1 6 8
Miconia sp.1 3 2 2 7
Protium spruceanum (Benth.) Engl. Breu 2 1 4 7
CAP-10
Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo 52 21 57 129
Casearia grandiflora Cambess. 11 14 9 34
44
Xylopia nitida Duval Envira-amarela 9 13 8 30
Byrsonima chrysophylla H.B.K. Murici 5 7 4 16
Cecropia sp. Embaúba 4 7 4 15
Solanum sp. Jurubeba 3 6 2 10
Siparuna guianensis Aubl. Caá-pitiú 3 3 2 9
Guatteria olivacea R.E.Fr. Envira-fofa 1 3 2 7
Inga sp. Ingá 1 3 2 6
Rollinia exsucca (DC. ex Dunal) A. DC. 1 3 1 6
SAF-10
Bactris gasipaes (var.1 + var.2)* Pupunha 13 14 31 58
Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit Leucena 9 9 14 33
Euterpe oleracea Mart. Açaí 11 7 14 32
Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum. Cupuaçú 12 8 4 24
Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo 4 4 3 11
Rollinia mucosa (Jacq.) Baill. Biribá 2 3 3 8
Guatteria sp.1 2 2 3 6
Borojoa patinoi Cuatrec. Borojó 4 1 1 6
Euterpe precatoria Mart. Açaí-solteiro 2 2 1 6
Quararibea cordata (Bonpl.) Vischer Sapota-do-solimões 2 2 1 6 * Considera-se as variedades 1 e 2 da espécie Bactris gasipaes como pupunha com espinho e pupunha sem espinho.
A área basal total encontrada nas áreas de FS-55, CAP-10 e SAF-10, foi
respectivamente, de: 9,7, 2,4 e, 7,15 m2/ha. Para a comparação da área basal entre os
tratamentos foi realizada uma ANOVA, seguida pelo teste de Tukey, onde foi constatada uma
diferença significativa das médias de valores nas sub-parcelas de cada sistema (P < 0,01).
Portanto, os três tratamentos mostraram-se distintos entre si quanto a área basal (Figura 4).
A área basal observada na FS-55 (9,7m2/ha) foi pequena se comparada a uma floresta
primária, cuja soma pode variar entre 20-30m2/ha, dependendo da localidade (Salomão et al.,
1998; Carneiro et al., 2005); Também foi pequena, comparada ao estudo feito numa floresta
secundária de 40 anos no Pará por Carim et al. (2007), onde a área basal encontrada foi de
17,4 ± 7,9m2/ha.
Apesar de serem significativas as diferenças entre área basal dos sistemas, foi possível
notar que os valores do SAF-10 foram muito mais próximos aos da FS-55 que os valores da
CAP-10. Em 10 anos, o SAF teve um incremento em área basal muito maior do que na
45
capoeira, chegando a valores próximos do resultado observado numa floresta secundária de 55
anos.
FS-55 CAP-10 SAF-100
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
Áre
a B
asal
por
sub
-par
cela
de
10x
10m
(m²/
ha)
Box plots: Área Basal (m²/ha)
a
b
c
Figura 4: Gráfico “univariado” (Boxplots) para os valores médios da área basal nas subparcelas de 10 x 10m de cada tratamento (n=48 parcelas na FS-55; n=44 na CAP-10 e, n=48 no SAF-10). As marcas em vermelho no centro das caixas representam as médias; Os limites superiores e inferiores das caixas correspondem, respectivamente, ao primeiro e terceiro quartis; A linha no centro das caixas representa a mediana; As barras externas à caixa são os desvios padrões e, os pontos em azul, fora das caixas são os valores máximos e mínimo em cada tratamento.
Nos três tratamentos, maiores porcentagem de árvores se concentraram nas classes de
menor DAP (Figura 5).
Na FS-55, mais de 50% das árvores possuem DAP entre 5-10 cm, sendo que esta
proporção decresce à medida que o diâmetro aumenta. Este é um comportamento típico do
padrão de exponencial negativa (“J” invertido), que nas florestas tropicais deve-se à dinâmica
de mortalidade e recrutamento de novos indivíduos à comunidade. Porém, é importante
salientar que as maiores árvores na FS-55 não ultrapassaram 50 cm de DAP, enquanto numa
floresta madura algumas árvores podem ultrapassar um metro de diâmetro.
Na CAP-10, mais de 60% dos indivíduos concentram-se na menor classe de diâmetro,
sendo que esta proporção cai para 32% e 5% nas classes subseqüentes, respectivamente. Neste
ambiente, não foram encontrados indivíduos com diâmetro acima de 20 cm.
46
0
10
20
30
40
50
60
70
(5-9.9) (10-14.9) (15-19.9) (20-24.9) (25-29.9) (30-34.9) (35-39.9) (≥40)
Por
cent
agem
de
indi
vídu
os (%
)
Classes de diâmetro (DAP)
Distribuição diamétrica (cm)
FS
CAP
SAF
Figura 5: Distribuição (porcentagem) de indivíduos arbóreos em classes de diâmetro com intervalo de 5cm cada, por tratamento (n= 636 indivíduos na FS-55; n= 361 na CAP-10 e, n=328 no SAF-10).
No SAF-10, a distribuição do número de indivíduos é um pouco mais parecida com a
FS-55, pois existem indivíduos em todas as classes de diâmetro. Contudo, no SAF-10 a
distribuição foi um pouco mais homogênea na medida em que as primeiras 2 classes
concentraram respectivamente, 29 e 27% dos indivíduos, a terceira e quarta classe possuíram
16%, havendo um decréscimo mais acentuado acima de 25 cm de diâmetro. Assim como na
FS-55, as maiores árvores não ultrapassaram um DAP de 50 cm.
Houveram outros trabalhos onde parâmetros de composição e estrutura da vegetação
foram comparados entre SAF e capoeiras adjacentes, como nos estudos de Peneireiro (1999),
realizado no sítio de Götsch (1992), Bahia e, Rodrigues (2005), realizado no projeto de
Assentamento Humaitá, Porto Acre-AC. Nestes, também foi verificado que a composição
florística dos SAFs e capoeiras foram distintas, embora algumas espécies nativas tenham sido
comum em ambos os casos. O manejo através do SAF resultou em números parecidos de
espécies, gêneros e famílias, em relação às capoeiras, porém, com maior diversidade e
uniformidade de distribuição nos SAFs. As espécies com maiores IVIs dos SAFs, assim como
neste trabalho, foram em sua maioria, espécies introduzidas e cultivadas com objetivos de
subsistência e comercialização. Porém, algumas espécies nativas nos SAFs se destacaram em
comum às capoeiras, sendo que, nestas, as espécies de maior IVI foram pioneiras, entre outras
47
generalistas de ambientes em fase inicial de sucessão. A área basal no estudo de Peneireiro
(1999) foi um pouco maior no SAF em relação à capoeira, enquanto no trabalho de Rodrigues
(2005) ocorreu o inverso. Nos dois estudos, foi relatado que o manejo com SAF foi realizado
com técnicas simples, como poda e capina seletiva, através da condução da regeneração
natural e implantação de outras espécies de interesse.
Neste estudo, uma situação semelhante aos trabalhos citados acima foi constatada,
onde o SAF apresentou algumas vantagens em sua composição e estrutura em relação à
capoeira, quando comparados com uma área de floresta secundária mais desenvolvida, cujos
parâmetros vegetacionais são mais equilibrados. Sem um manejo adequado, a capoeira talvez
não volte a recuperar sua fisionomia original, e, desta maneira, o ambiente por si próprio
provavelmente não irá recobrar suas funções ecológicas e qualidades num curto espaço de
tempo. O aproveitamento de áreas como à CAP-10 com a finalidade de produção, segundo os
moldes da agricultura convencional, dependeria da adição permanente de insumos externos,
justificando, portanto, o uso desta área com um propósito de caráter mais sustentável por meio
do SAF, onde seria possível obter maiores ganhos socioambientais com um sistema perene e
viável.
É importante salientar que, neste estudo, o histórico de uso da área possui uma
influência muito grande sobre o desenvolvimento das mesmas. Na CAP-10, por exemplo,
ainda existem manchas de capim colonião que prejudicam a regeneração da vegetação, entre
outros fatores limitantes, como a distância de fontes de propágulos, etc. No SAF-10, foi
preciso tomar medidas mais enérgicas, além da simples condução da regeneração e
enriquecimento de espécies, onde, a implantação de aléias com espécies leguminosas foi
bastante útil para iniciar o sistema e criar condições mais apropriadas para introdução de
espécies mais exigentes.
Do ponto de vista qualitativo sobre o arranjo da composição das espécies leguminosas
no SAF-10, foi possível perceber que, das 13 espécies encontradas, 8 são capazes de nodular e
representam a maioria dos indivíduos da família Fabaceae. A leucena corresponde a 65 das
107 árvores leguminosas. Estimativas apontam que a leucena é capaz de fixar até 300 Kg
N.ha-1/ano (Fortes et al., 2004), constituindo-se num elemento importante para o aporte de
nitrogênio.
48
Outra observação interessante, é que, nos três sistemas a espécie Tapirira guianensis
teve um papel importante de contribuição na estrutura dos ambientes, devido à sua
representatividade em número, e pela sua ocupação do espaço. Esta espécie poderia ser
recomendada como componente potencial para a estrutura de outros SAFs, ou para uso em
projetos de recuperação de áreas degradadas.
4. Conclusões
O histórico de uso da FS-55, caracterizado por um tempo de pousio mais longo (55
anos) e pela extração de madeira sem a queima da biomassa, provavelmente favoreceu a
rebrota e a regeneração da floresta e deve ter resultado numa vegetação com uma composição
floristica e estrutural parecida com a fisionomia original. Por este motivo os parâmetros
fitossociológicos observados na FS-55 apresentaram valores qualitativamente superiores, com
excessão dos valores da área basal, os quais sugeriram uma recuperação naturalmente lenta no
crescimento diamétrico das árvores.
A regeneração natural da vegetação da CAP-10 certamente foi influenciada pelo
histórico de uso da área. O uso intensivo do solo, o uso do fogo para seu preparo e a ausência
de qualquer intervenção favorável para a recuperação da área que corresponde a CAP-10,
entre outros fatores, resultaram numa vegetação significativamente distinta daquela observada
na FS-55. Isto sugere que a regeneração nesta área talvez não seja capaz de retornar à
funcionalidade ecológica do ecossistema. Com exceção da densidade observada na CAP-10,
que foi superior em relação ao SAF-10, os demais parâmetros fitossociológicos comparados
mostraram-se qualitativamente inferiores (menores riqueza de espécies, números de gêneros e
famílias botânicas, índice de diversidade e uniformidade de distribuição, com dominância de
poucas espécies) em relação ao que foi observado no SAF-10.
Apesar da ocorrência de espécies comuns encontradas nos três ambientes, estes
apresentaram diferenças significativas quanto à composição florística, resultando em
fisionomias distintas. As espécies de ocorrência comum entre os sistemas pertenceram
principalmente, ao grupo ecológico das pioneiras, caracterizadas pelo crescimento rápido. A
espécie Tapirira guianensis foi a espécie comum mais abundante, sugerindo um papel
49
importante quanto sua participação na regeneração natural, com destaque de sua presença na
capoeira e no SAF.
A implantação do SAF-10 por meio de técnicas simples de manejo resultou num
ambiente mais diversificado, com melhor distribuição e uniformidade de seus componentes, e,
em maior incremento em área basal em relação à CAP-10. A intervenção para aproveitamento
da área alterada com SAF mostrou-se favorável para o aumento da diversidade florística e
para a recuperação da estrutura da vegetação em relação a regeneração natural sem
intervenção. Se a composição e a estrutura florística de uma área ocupada com SAF tornaram-
se diferente da composição e estrutura originada pela regeneração natural, isto certamente
deve refletir em diversas características e diferenças relacionadas ao funcionamento do
ambiente como um todo (solo, fauna, interações ecológicas, entre outras).
O histórico de uso da área e as práticas de manejo empregadas tiveram importância
simbólica neste estudo de caso, onde o SAF implantado resultou num sistema de cultivo
perene e diversificado. O SAF apresentou-se vantajoso como exemplo de sistema de uso da
terra a ser empregado em áreas alteradas, com baixa resiliência (ou não), sem a necessidade
de empregar o pousio e o fogo para seu reaproveitamento.
50
Capítulo II: O efeito do uso da terra com sistema agroflorestal sobre parâmetros de
fertilidade do solo e contribuição da liteira para o aporte de macronutrientes 2.
1. Introdução
Na Amazônia brasileira, a distribuição predominante das classes de solo correspondem
aos Latossolos e Argissolos que representam cerca de 75% da região (Rodrigues, 1996). Estes
tipos de solos derivam de formações antigas muito intemperizadas e possuem a dominância da
caulinita na fração argilosa, com texturas varáveis entre média a muito argilosa (Sombroeck,
1984; Demattê, 2000). Quimicamente, a baixa fertilidade é característica nestas formações,
havendo baixa saturação de bases (K, Ca e Mg), alto teor de Al, e disponibilidade crítica de P
(Demattê, 2000).
Nas proximidades de Manaus, várias formações de vegetação são influenciadas por
diferentes tipos de solo e relevo. A exemplo é possível encontrar florestas de terra firme nas
partes altas do relevo associadas aos Latossolos Amarelos Álicos, enquanto nas partes mais
baixas podem ocorrer vegetação de campina ou campinarana sobre Podzóis ou Areias
Quartzoza (Higuchi & Higuchi, 2004). Nas áreas de “várzea” (banhadas por rios de águas
brancas, ou barrentas) e “igapó” (floresta inundada por rio de água escura), a fertilidade do
solo apresenta variações em função da quantidade e do tipo de sedimentos depositados por
meio da cheia dos rios (Brinkmann, 1989).
Nos ecossistemas de florestas tropicais que ocorrem em solos pobres, tal qual na
Amazônia, é correto afirmar que grande parte dos nutrientes encontra-se armazenado na
biomassa como resultado dos processos de ciclagem, bem como devido aos mecanismos de
conservação e aproveitamento destes (Haag, 1985). Este fato é comprovado pela prática de
agricultura tradicional (de “corte-e-queima”, ou “itinerante”), onde se utiliza a queima da
vegetação como fonte de nutrientes para o cultivo agrícola temporário, intercalada ao pousio
para recuperação do sistema (Sánchez, 1981).
2 Escrito conforme as normas da revista Acta Amazônica.
51
Os ciclos biogeoquímicos em florestas fazem parte da movimentação global dos
elementos químicos da biosfera, e alguns destes elementos são reconhecidos como nutrientes
que circulam na natureza através de ciclos gasosos e sedimentar (Odum, 1988). Os nutrientes
de uma floresta podem ser distribuídos nos seguintes compartimentos: 1) compartimento
orgânico, constituído pelos organismos vivos e seus restos; 2) compartimento de nutrientes
disponíveis (na solução do solo ou adsorvidos no complexo argila-húmus); 3) o
compartimento de minerais primários (nutrientes não disponíveis) e; 4) o compartimento
atmosférico, formado por gases e partículas em suspensão (Borman & Likens, 1970). A liteira
interage com estes ciclos, e, por sua vez, também pode ser dividida em outros compartimentos
(Poggiani & Schumacher, 2000). A deposição da liteira e a atividade das raízes finas na
floresta constituem um dos mecanismos mais importantes para a conservação e retorno dos
nutrientes no sistema, sendo que a quantidade de liteira depositada e a taxa da sua
decomposição dependem de vários fatores, como: sazonalidade e condições climáticas,
edáficas e biológicas (Jordan, 1982; Haag, 1985; Luizão & Schubart, 1987; Luizão, 1989;
Jordan & Herrera, 1981).
A conversão de florestas tropicais em outros sistemas de uso da terra causa a ruptura
das funções do ecossistema (Tapia-Coral et al., 2005). Nestes novos ambientes, o histórico e
intensidade de uso são determinantes para sua sustentabilidade, ou
recuperação/restabelecimento da vegetação secundária (McGrath et al., 2001).
Sistemas agroflorestais podem constituir alternativas para o manejo sustentável do
ambiente, sendo aproriado para o reaproveitamento de áreas abandonadas, como também para
a recuperação da fertilidade e capacidade produtiva destas em solos amazônicos. Na
Amazônia Central, de maneira geral, o estoque natural de nutrientes no ecossistema é baixo, e
limita a sustentabilidade de seu uso para a produção agrícola sem que se recorra por
alternativas para o incremento de nutrientes no agroecossistema. Por este motivo, o modo de
como é realizado o manejo do sistema é fundamental para que as intervenções sejam capazes
de melhorar diversas características qualitativas, incluindo o solo e a vegetação.
Neste capítulo, um sistema agroflorestal implantado com este propósito em 1998, em
Manaus, foi avaliado quanto às características qualitativas do solo e da liteira, em comparação
a uma capoeira adjacente e outra floresta secundária mais desenvolvida. Acredita-se que o
manejo e as intervenções realizadas no SAF tenham resultado em vantagens sobre as
52
características qualitativas do solo e da liteira em comparação a área adjacente onde não
houve intervenção. Acredita-se ainda, que a regeneração da vegetação da CAP-10 não tenha
sido capaz de devolver ao solo e à liteira, a mesma qualidade nutricional observada na FS-55.
2. Materiais e métodos
2.1. Descrição da área de estudo
As descrições das áreas de estudo são as mesmas apresentadas no Capítulo I (item 2.1,
p. 27).
2.2. Histórico de uso da terra
O histórico de uso da terra é o mesmo apresentado no Capítulo I (item 2.2, p.28).
2.3. Histórico de manejo integrado do solo e dos sistemas de uso da terra na UDP
No Projeto Sítio Urbano, foi feito um zoneamento da área que compreende os
perímetros da UDP com o intuito de planejar e direcionar o uso da terra por meio do
aproveitamento dos recursos existentes. Na permacultura este planejamento chama-se
“design”, ou desenho, constituído de “zonas” (setores) de produção (Molisson & Slay, 1999).
As zonas que exigem maiores esforços e atenção no trabalho diário são localizadas mais
próximas da sede e das infra-estruturas de apoio, para criação de animais de pequeno porte,
para viveiro de peixes, para hortas, entre outras. Por outro lado, os setores de produção que
requerem menor dispêndio de energia para sua manutenção devem ser localizados um pouco
mais distantes (SAF, aléias de produção de alimentos, animais de grande porte, entre outros).
53
Após a definição do planejamento do uso da terra na UDP, o projeto iniciou em 1998
as obras necessárias para implantação do SAF, sendo implantadas curvas de nível na parte
mais íngreme do terreno e canais de escoamento para captação e armazenamento da água da
chuva em tanques construídos nas partes mais baixas do sítio (Figura 1). No mesmo período
foram feitas coletas de solo para análise química. .
De posse da análise química do solo, foi realizada uma calagem com calcário
dolomítico na área onde seria implantado o SAF em 1998. Em seguida foram plantadas aléias
com diversas espécies de leguminosas forrageiras, arbustivas e arbóreas, com espaçamento de
5 metros entre linhas. Em meados de novembro de 1998 as espécies frutíferas começaram a
serem introduzidas no SAF, combinadas às técnicas de cultivo em aléias, plantios de
enriquecimento e condução da regeneração natural de espécies nativas (ver descrição mais
detalhada no Capítulo I, item 2.3, p. 30). O manejo é predominantemente realizado por meio
de técnicas simples, como poda e capina seletiva.
Figura 1: Processos de implantação do SAF na UDP a partir de 1998. A: representa a área antes da implantação do SAF no final de 1997; B: abertura de aléias com plantas leguminosas em curva de nível, em janeiro de 1998; C: as aléias um pouco mais desenvolvidas com mudas frutíferas introduzidas no sistema; D: canal de escoamento de água captada e armazenada em açude próximo ao SAF; E: SAF estabelecido (2002), parecido com o que existe atualmente. Fonte: Fotos de João Soares de Araújo (coordenador do IPA).
A B
E C D
54
A compostagem é uma prática fundamental para o desenvolvimento do projeto na
UDP, pois serve de reciclagem dos resíduos e excedentes orgânicos produzidos, que retornam
aos sistemas de produção como SAF e hortas. Estes por sua vez fornecem alimentos tanto
para os animais (peixes, galinhas, patos, codornas, coelhos, caprinos, suínos entre outros),
quanto para o uso no refeitório do projeto e comercialização. A produção de composto é parte
intermediária de um ciclo contínuo de retroalimentação e produção dos sistemas de maneira
integrada (Figura 2).
Figura 2: Mapa de uso da terra do Pojeto Sítio Urbano, localizado dentro Escola Agrotécnica Federal de Manaus (EAFM), na Unidade Demonstrativa de Permacultura (UDP-Manaus). Imagem do satélite Quickbird, 2003.
No SAF, diversos tipos de compostos foram adicionados ao longo do tempo sob a
forma de cobertura morta (“mulch”), com uso de adubo verde produzido nas aléias do próprio
SAF; ou, a partir de compostos variados, à base de esterco animal e restos vegetais. Foi
relatado que parte dos materiais utilizados para compostagem na UDP muitas vezes são
55
trazidos de fora, como por exemplo, a serragem e as folhas de castanheiras (Bertholetia
excelsa) varridas e descartadas pela EAFM, entre outros materiais.
Um sistema de irrigação por aspersão foi instalado no SAF utilizando a água
reaproveitada na UDP e teve maior serventia durante os meses mais secos (entre Julho e
Setembro) dos primeiros anos de estabelecimento do sistema. Atualmente é raro o uso de
irrigação.
2.4. Delineamento do experimento
O experimento foi considerado inteiramente casualizado (Pimentel-Gomes, 2000). Os
tratamentos corresponderam ao tipo de uso da terra (SAF-10, CAP-10 e FS-55) com três
parcelas de 40 x 40m cada (repetições), alocadas aleatoriamente dentro de cada sistema. As
amostras de solo foram coletadas em 9 pontos localizados dentro de cada parcela, distantes de
10m entre si (Figura 3).
56
Figura 3: Localização e distribuição das parcelas com respectivos pontos de coleta de solo em cada sistema estudado. O SAF-10 (vermelho) e CAP-10 (azul) estão localizados dentro da UDP (Escola Agrotécnica Federal de Manaus); A FS-55 (verde) localiza-se no CEPEAM. Imagens do satélite Quickbird, em 2003.
2.5. Método de coleta e análise química do solo
As coletas de solo foram procedidas segundo o método padrão do programa Tropical
Soil Biology and Fertility - TSBF (Biologia e Fertilidade de Solos Tropicais) - descrito por
Anderson & Ingram (1993). Em cada um dos nove pontos contidos em cada parcela, um
monólito de terra foi removido com auxílio de enxadão e pá reta. Um quadro de madeira com
dimensões de 25 x 25 cm foi usado para demarcar a área do monólito de solo, que foi cavado
até 30 cm de profundidade e removido em três camadas: de 0-10 cm; 10-20 e, 20-30 cm
(Figura 4).
57
Figura 4: Metodologia de coleta de solo e liteira (TSBF) nos pontos de cada parcela.
As amostras foram colocadas em sacos plásticos e identificadas segundo nome da área
(SAF-10, CAP-10 ou FS-55), número da parcela (de 3 parcelas), número do ponto de coleta
(de 9 pontos por parcela), e, quanto à camada de solo correspondente (0-10, 10-20 ou 20-30
cm). Cada amostra coletada constituiu uma amostra única para análise de solo.
Antes de proceder às análises químicas, foram removidos do solo restos ou pedaços de
vegetais. O solo foi seco ao ar (TFSA), triturado e peneirado em peneira de 2 mm, e em
seguida foi encaminhado para análise seguindo as mesmas identificações.
Os macronutrientes (P, K+, Ca2+ e Mg2+), o pH (H2O) e Al3+ trocável foram
determinados de acordo com os métodos descritos pela EMBRAPA (1997).
O Ca2+, Mg2+ e Al3+ trocáveis foram extraídos com solução de KCl 1 Mol L-1. O P e o
K+ disponíveis foram extraídos com solução de Mehlich 1 (H2SO4 0,05 M + HCℓ 0,125 M).
Os teores de Ca2+, Mg2+, K+, e Al3+ trocável foram determinados no espectrofotômetro de
absorção atômica (EAA). O P disponível foi determinado no espectrofotômetro por
colorimetria, utilizando o molibidato de amônio e ácido ascórbico à 3%, e a leitura foi
efetuada por espectrofotometria (660 nm). O pH do solo foi determinado em H2O na
proporção solo: solução de 1:2,5, sendo as leitura das amostras realizadas no potenciômetro.
A granulometria foi determinada para comparar a textura do solo. Havia-se
considerado, no entanto, que o tipo de solo era o mesmo em todas as áreas de estudo. As
amostras foram analisadas quanto às três profundidades coletadas (em nove pontos amostrais)
nas três parcelas de cada tratamento. Para as análises granulométricas, foram preparadas
58
amostras compostas para cada três pontos de coleta, correspondente a cada profundidade, em
cada parcela dos tratamentos (n=9/tratamento).
A análise granulométrica foi realizada com o método da pipeta (Embrapa, 1997). Após
a oxidação da MOS por peróxido de H (H2O2), foi adicionado pirofosfato de sódio para
dispersar os agregados, e a solução foi agitada durante 15 minutos no mixer. Em seguida, a
solução foi passada por uma peneira de 0,053 mm, sendo retidas as frações de areia total
(areia grossa + areia fina). As outras frações foram determinadas pelo método da pipeta,
baseado na sedimentação das partículas. Todas as frações foram sêcas em estufas à 110ºC, e
colocadas em um dissecador antes de serem pesadas.
2.6. Método de coleta e análise química da liteira
A liteira fina do solo é constituída pelas folhas, galhos (menores que 2 cm de
diâmetro), e partes reprodutivas (flores, frutos e sementes), depositadas na superfície do solo
(Haag, 1985). A coleta da liteira foi realizada junto com as coletas de solo e macrofauna
(Capítulo III) entre Abril e Junho de 2008.
As amostras de liteira foram coletadas com auxílio de um quadro de madeira de 25 x
25 cm, e cortadas com uma faca dentro dos limites do mesmo, até o contato com o solo. Após
a triagem para coleta da macrofauna, a liteira foi acondicionada em sacos de papel,
identificados segundo a área, parcela e ponto amostral.
Em casa de vegetação no Laboratório Temático de Solos e Plantas do INPA – LTSP,
em Manaus as amostras de liteira foram secas ao ar, limpas com pincéis e separadas em
quatro frações com auxílio de peneiras, sendo: folhas, galhos, e resíduos (partes reprodutivas
e fragmentos não identificados). Em seguida estes componentes foram secos em estufa de
ventilação forçada a 60ºC durante aproximadamente três dias (até peso constante) antes de
serem pesadas. Após a pesagem as frações da liteira foram moídas a 1 mm, para
posteriormente serem efetuadas análises químicas. Cada ponto de amostragem correspondeu a
uma amostra única.
59
Os macronutrientes (Ca2+, Mg2+, K+ e P) da liteira foram determinados utilizando
digestão nitro-perclórica (Sarruge & Haag, 1974). As concentrações de Ca2+, Mg2+ e K+ foram
determinadas por espectrofotometria de absorção atômica. Já o P foi determinado utilizando
molibidato de amônio e ácido ascórbico, e a leitura foi feita por espectrofotometria (725 nm).
2.7. Método de análise dos dados
A partir das análises químicas, as concentrações de Ca2+, Mg2+, K+ e Al3+ do solo
foram determinadas em cmolc. kg-1, em quanto o P, e os micronutrientes (Fe, Zn e Mn) foram
quantificados em mg. kg-1. Os teores de partículas de areia, silte e argila foram apresentados
em porcentagem.
As concentrações de nutrientes da liteira foram apresentadas em g. kg-1, e as
estimativas dos estoques contidas na liteira foram apresentadas em kg. ha-1.
As médias dos nutrientes calculados, tanto para o solo quanto para a liteira foram
comparadas por meio de análises de variância (ANOVA de uma via), seguida pelo teste de
Tukey à 5% de significância, com auxílio do software Systat 10.2 (Wilkinson, 1990).
Análises de componentes principais – ACP – foram realizadas em relação aos
nutrientes e textura do solo nos diferentes sistemas de uso da terra, bem como para as massas
das frações de liteira e suas respectivas concentrações de nutrientes. Para tanto, foi utilizado o
softwear livre ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
3. Resultados e discussão
60
3.1. Textura do solo
A análise granulométrica a partir da relação dos teores de areia (fração de 2,00-
0,05mm), silte (de 0,05-0,002mm) e argila (< 0,002mm) foi comparada entre as camadas de
0-10, 10-20 e 20-30cm de profundidade em cada tratamento por meio de análises de
variância, seguidas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (Tabela 1).
As diferenças foram significativas quanto aos teores de areia (%) e argila (%) do SAF-
10 (p < 0.01) em comparação à CAP-10 e FS-55 em todas as profundidades analisadas. Estas
resultaram num solo de textura média no SAF-10, enquanto na CAP-10 e FS-55 a textura
pôde ser classificada como muito argilosa (Silva, 1996; Tomé, 1997). Os teores de silte (%)
não apresentaram diferenças significativas.
Houve algumas variações entre as o parcelas do SAF-10 e CAP-10, mas as médias de
cada tratamento seguem apresentadas abaixo:
Tabela 1: Média da granulometria do solo nas camadas de profundidade de 0-10, 10-20 e 20-30cm para os diferentes tratamentos analisados (n=3 amostras/tratamento). Os números seguidos de letras iguais não possuem diferença significativa pelo teste de Tukey à 5%.
Sistema Profundidade
(cm)
Areia
(%)
Silte
(%)
Argila
(%) Textura
SAF-10 0-10 68.71a 5.55ns 25.74a Média
CAP-10 0-10 32.84b 1.88ns 65.28b Muito argilosa
FS-55 0-10 17.57b 6.77ns 75.67b Muito argilosa
SAF-10 10-20 63.17a 6.67ns 30.15a Média
CAP-10 10-20 28.63b 6.78ns 64.59b Muito argilosa
FS-55 10-20 15.39b 5.33ns 79.28b Muito argilosa
SAF-10 20-30 59.75a 8.92ns 31.33a Média
CAP-10 20-30 27.68b 7.18ns 65.15b Muito argilosa
FS-55 20-30 14.08b 5.36ns 80.57b Muito argilosa
Segundo Demattê (2000), de maneira geral na região amazônica há predomínio de
latossolos de textura argilosa ou muito argilosa, sendo possível encontrar variações que
ocorrem a partir da textura média (entre 15 a 20% de argila).
61
A textura do solo tem influência sobre características importantes para o manejo,
quanto à susceptibilidade à erosão, capacidade de retenção de água e drenagem, densidade,
compactação e difusão de oxigênio, entre outras (Silva, 1996; Tomé, 1997). Solos mais
argilosos possuem maior capacidade de retenção catiônica em relação aos arenosos, mas a
presença da matéria orgânica faz-se importante, principalmente onde a argila é de baixa
atividade, como nos latossolos comumente encontrados na Amazônia (Fearnside & Leal-
Filho, 2001), constituindo num elemento de contribuição à CTC e ciclagem de nutrientes.
É difícil inferir se o uso intensivo do solo, tal qual era realizado nas áreas de CAP-10 e
em especial no SAF-10 foi impactante a ponto de mudar a textura do solo, principalmente
quando não se dispõe de análises anteriores ao histórico de uso. As diferenças podem ser
justificadas pela ocorrência de “manchas” de solos não necessariamente distintos, mas com
texturas variáveis, o que é comum em áreas com declividade mais acentuada, como nas áreas
do SAF-10 e CAP-10 (declividade entre 5-10%). Um levantamento pedológico mais preciso
poderia certificar se os solos possuem realmente a mesma classificação.
3.2. Apresentação das análises químicas de solo de 1998 das áreas que compreendem o
SAF-10 e CAP-10
As metodologias de coleta de solo para análise química das amostras retiradas dentro
do perímetro que compreende a UDP, em 1998, não foram as mesmas adotadas neste estudo.
Em 1998, o solo foi coletado com coveadeira manual (“boca-de-lobo”) até 20 cm de
profundidade e em seguida foi misturado para formar amostras compostas correspondentes às
“zonas” (de 1 a 5) planejadas para implantação dos sistemas de produção integrados, segundo
os preceitos da permacultura. Portanto, as análises químicas de 1998 não derivam com
exatidão das mesmas áreas analisadas neste estudo, mas servem de panorama sobre as
condições de fertilidade que antecederam e sucederam a implantação do SAF, e a regeneração
da capoeira adjacente.
As análises de solo de 1998 que correspondem às áreas de capoeira e SAF foram
realizadas pela EMBRAPA-Manaus, e seguem apresentadas abaixo (Tabela 2):
62
Tabela 2: Resultados das análises químicas das áreas correspondentes à CAP-10 e ao SAF-10, realizadas em 1998 e, em 2008.
Sistemas Prof. pH Ca
2+ Mg
2+ Al
3+ K
+ P Fe Zn Mn
(cm) (H2O) ------------- cmolckg ------------ --------------mg.kg-------------
CAP - 1998 0-20 4.14 0.26 0.21 1.37 0.03 11 179 0.44 0.89
CAP - 2008 0-20 4.21 0.40 0.07 1.30 0.07 6 157 0.83 1.28
SAF - 1998 0-20 4.72 2.92 0.94 1.05 0.03 34 159 1.25 4.61
SAF - 2008 0-20 5.38 2.22 0.43 0.40 0.04 85 148 6.69 5.10
Estas foram baseadas em amostras compostas de solo na profundidade de 0-20 cm (1998) e nas
médias obtidas neste estudo (n=27 amostras/sistema).
De modo geral, o solo da capoeira era um pouco mais ácido e saturado em Al3+ com
relação ao SAF. Os teores de K+ eram semelhantes nos dois sistemas e com exceção do Fe,
que era mais elevado na capoeira, as quantidades de Ca2+, Mg2+, e principalmente P, Zn e Mn,
se apresentavam maiores na área correspondente ao SAF-10.
Embora não existam registros precisos que descrevam as atividades realizadas nas
duas áreas, as características de fertilidade nos dois sistemas sugerem que as diferentes
atividades de uso da terra tiveram influencia. Possivelmente, maiores adições de fertilizantes
no SAF tenham ocorrido em função de práticas agrícolas mais intensivas nesta área.
3.3. Análise de componentes principais (ACP) das características químicas em função
dos histórico de uso da terra e manejo com SAF.
A análise de componentes principais – ACP, representada na Figura 5 (A e B), mostra
a distribuição das variáveis de nutrientes dos sistemas no plano fatorial, onde os dois
primeiros fatores explicam respectivamente, 70,93% e 15,94% da variância total (juntos
somam 86,87%).
O Fator 1 do círculo de correlações (Figura 5-A), separa o pH do solo e as quantidades
de P, Ca2+, Mg2+, Zn, Mn, dos teores de Al3+ e K+, que por sua vez estão separados pelo Fator
2. A Figura 5-B representa a distribuição dos sistemas em função da quantidade das variáveis
63
representadas na Figura 5-A, onde, maiores valores para o pH do solo, P, Ca2+ e Mg2+, Zn e
Mn estão mais associados ao SAF-10 (cor vermelha), enquanto maiores teores de K+ (cor
azul) e Al3+ (cor verde) estão respectivamente mais associados à CAP-10 e FS-55. Os
sistemas podem ser considerados diferentes entre si quanto às variáveis analisadas (p <
0.001).
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP CAP
CAP
CAP
FTA
FTA
FTA
FTA FTA
FTA FTA
FTA
FTA
FTA
SAF
SAF SAF
SAF
SAF SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
-3.2
3.2-5.3 8.1
pHCa
Mg
Al
K
P
Fe
ZnMn
-1
1-1 1
F2 (15,94%)
F1 (70,93%)
P < 0.001
F1 (70.93%)
F2 (15.94%)
Figura 5 (A e B): Análise de componentes principais (ACP) para associação da variabilidade dos
valores de pH, Al3+, macronutrientes (K+, Ca2+, Mg2+ e P) e micronutrientes (Fe, Zn e Mn) do solo, em função
dos sistemas de uso da terra (SAF-10, CAP-10 e FS-55). Os fatores 1 e 2, explicam respectivamente, 70.93% e
15.94% da variabilidade dos dados. Os sistemas foram considerados diferentes entre si quanto às variáveis
analisadas (p < 0.001). O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
Conforme será discutido adiante, é possível inferir que, os teores mais elevados no
SAF-10, com exceção do Al3+ e K+, atribuem-se mais ao manejo empregado no sistema, como
práticas de calagem, adição de composto orgânico e uso de cobertura morta (“mulch”) por
meio das podas periódicas de plantas leguminosas. Os teores de K+ mais elevados na CAP-10
podem ser explicados pelo histórico de queimas da vegetação da área, indicados pela grande
quantidade de resíduos de carvão observados em campo. Maiores teores de Al3+, na FS-55 são
A
B
64
explicados pelo processo de desenvolivmento do sistema, aonde o acúmulo de Ca2+ na
biomassa vegetal colabora para elevação dos teores de alumínio livre no solo.
3.4. Acidez do solo e Al trocável, em função do histórico de uso da terra e manejo com
SAF.
A acidez do solo observada (pH em H2O) foi menor no SAF-10 em relação à CAP-10
e FS-55 em todas as profundidades analisadas (Tabela 3) e bastante parecida entre os últimos
sistemas mencionados, com um pH um pouco menor na camada de 0-10 da FS-55. Em
virtude da variabilidade do conjunto de dados para o pH (principalmente com relação ao SAF-
10) não foi possível confirmar estatisticamente as diferenças entre as médias. Os valores do
pH e Al3+ foram classificados entre muito baixo (MB), baixo (B), médio/satisfatório (MS),
alto (A) ou muito alto (MA), tendo-se como referência uma tabela de fertilidade de solos
comuns na Amazônia (Cochrane et al., 1985 e Moreira et al., 2005a; Anexo 2).
Segundo Moreira et al. (2005b), Manaus faz parte de uma classe de municípios do
Amazonas onde solos com pH abaixo de 4,3 ocorrem em mais de 60% da área jurisdicional
(na profundidade de 0-20 cm). Em comparação aos valores comumente encontrados no
Amazonas, o pH (H2O) pode ser considerado muito baixo na CAP-10 e na FS-55, e baixo no
SAF-10 (ibid).
Tabela 3: Valores das médias e desvio padrão relativos ao pH (H2O) e quantidade de Al3+ (cmolc.kg-1) encontrados no solo da FS-55, CAP-10 e SAF-10.
Sistema Prof (cm)
pH (H2O) Al3+ (cmol.kg-1)
Valores Classif.* Valores Classif.*
FS-55 0-10 4.08 ± 0.26 MB 3.49 ± 0.75 a MA
CAP-10 0-10 4.22 ± 0.29 MB 1.32 ± 0.62 b A
SAF-10 0-10 5.38 ± 0.56 B 0.32 ± 0.45 c B
FS-55 10-20 4.20 ± 0.13 MB 2.65 ± 0.34 a MA
CAP-10 10-20 4.20 ± 0.22 MB 1.27 ± 0.43 b A
SAF-10 10-20 5.37 ± 0.68 B 0.48 ± 0.60 c B
65
FS-55 20-30 4.21 ± 0.12 MB 2.26 ± 0.28 a MA
CAP-10 20-30 4.21 ± 0.18 MB 1.18 ± 0.35 b A
SAF-10 20-30 5.40 ± 0.61 B 0.51 ± 0.61 c MS Números seguidos por letras distintas (só para o Al3+) foram diferentes ao
nível de 5% de significância pelo teste de Tuckey. (n=27)
Comparando-se as médias de Al3+ (cmolc.kg-1) entre os sistemas estudados, as
concentrações foram significativamente maiores na FS-55 em relação aos demais (ao nível de
5% do teste de Tuckey) para as camadas de 0-10 (F=100,01; p < 0,01), 10-20 (F=57,32; p <
0,01) e 20-30 (F=40,82; p < 0,01). Estas também foram significativamente maiores na CAP-
10 em comparação ao SAF-10 em todas as profundidades. Os teores de Al3+ observados
podem ser classificados entre baixo (camadas de 0-10 e 10-20cm) a médio/satisfatório (20-
30cm) no SAF-10, bem como, muito alto na FS-55 e alto na CAP-10, em todas as
profundidades. Valores abaixo de 0,5 cmolc. kg-1 de Al3+ são mais adequados para o cultivo
agrícola em solos tropicais (Moreira et al., 2005a).
O sistema de uso da terra CAP-10 apresentou pouca diferença em relação aos valores
do pH e Al3+ após um período de 10 anos (Tabela 2). Na área correspondente ao SAF-10, os
valores do pH e Al3+, que eram parecidos em relação aos valores correspondentes à área CAP-
10, foram modificados após o manejo da área. A acidez do solo foi reduzida, assim como os
teores de Al3+, provavelmente devido à realização de uma calagem e pela adição gradual de
compostos orgânicos e de adubação verde.
Alguns estudos em florestas primárias na região de Manaus, sobre latossolo amarelo,
coincidem com os resultados encontrados para o pH e Al3+ na FS-55 (Chauvel, 1981; Alfaia,
1988; McGrath et al. 2001; Moreira et al., 2005a). Segundo McGrath et al. (2001), a
conversão da floresta por meio da queima disponibiliza através das cinzas consideráveis
quantidades de cátions, especialmente o Ca2+, cuja reação eleva o pH e reduz a quantidade de
Al3+ livre. A autora afirma ainda que este efeito é durável por cerca de 10 anos em pastagens,
mas que, com a recuperação da estrutura florestal do sistema, o Ca2+ volta a ser armazenado
na biomassa da vegetação, reduzindo os valores de pH e aumentando o Al3+.
É possível inferir que no SAF-10 a elevação do pH e a neutralização do Al3+,
teoricamente possam permanecer estabilizados nos níveis atuais de médio à longo prazo, pois
66
o sistema encontra-se estabelecido quanto ao porte florestal, fornecendo proteção contra as
intempéries, e favorecendo a dinâmica de ciclagem de nutrientes. Na CAP-10, supõe-se que,
conforme o desenvolvimento da vegetação, ainda seja possível a ocorrência de algumas
modificações na acidez e quantidade de Al3+ do solo, até que haja uma estabilização neste
processo, assim como pode ser observado em florestas primárias ou secundárias mais
desenvolvidas.
A realização da calagem no SAF-10 pode ser considerada como uma das intervenções
mais favoráveis para o desenvolvimento do sistema. Alguns exemplos de SAFs mostram que
a calagem também pode contribuir após o estabelecimento do sistema, tal como foi observado
nos trabalhos de Alfaia et al. (2004) no Projeto RECA em Rondônia, onde a calagem
colaborou para recuperar a disponibilização de nutrientes e aumentar a produtividade das
fruteiras consorciadas.
3.5. Macronutrientes totais (Ca2+e Mg2+, K+ e P) em função do histórico de uso da terra e
manejo com SAF.
Com exceção do potássio, os teores de fósforo, cálcio e magnésio foram mais elevados
no SAF-10 em relação à CAP-10 e FS-55, em todas as profundidades analisadas (Tabela 4).
Não foi possível analisar estatisticamente as diferenças observadas devido à heterogeneidade
dos dados, que foram mais discrepantes com relação ao SAF-10 frente aos demais sistemas.
Contudo, os resultados foram comparados segundo uma classificação de valores que variaram
entre muito baixo, a muito alto (Cochrane et al., 1985; Moreira et al., 2005a – Anexo 2).
Tabela 4: Médias e desvio padrão dos teores de macronutrientes (P, K+,Ca2+ e Mg2+) encontrados nos três sistemas, sob três profundidades do solo (0-10, 10-20 e 20-30cm; n=27).
Sistema Prof. (cm) P (mg.kg) K+ (cmol.kg) Ca2+ (cmol.kg) Mg2+ (cmol.kg)
Valores Classif.* Valores Classif.* Valores Classif.* Valores Classif.*
FS-55 0-10 8.07 ± 2.16 MS 0.06 ± 0.01 B 0.09 ± 0.12 MB 0.05 ± 0.01 MB
CAP-10 0-10 7.26 ± 2.25 MS 0.10 ± 0.04 B 0.66 ± 0.56 B 0.09 ± 0.04 MB
SAF-10 0-10 89.79 ± 83.74 MA 0.06 ± 0.02 B 2.91 ± 1.57 A 0.55 ± 0.41 MS
FS-55 10-20 4.74 ± 0.89 B 0.03 ± 0.01 MB 0.04 ± 0.05 MB 0.03 ± 0.01 MB
67
CAP-10 10-20 4.64 ± 4.82 B 0.05 ± 0.02 B 0.14 ± 0.17 MB 0.04 ± 0.01 MB
SAF-10 10-20 80.91 ± 86.31 MA 0.03 ± 0.01 MB 1.53 ± 1.03 MS 0.31 ± 0.26 B
FS-55 20-30 3.2 ± 0.80 B 0.02 ± 0.01 MB 0.02 ± 0.03 MB 0.03 ± 0.01 MB
CAP-10 20-30 2.65 ± 3.50 MB 0.03 ± 0.02 MB 0.07 ± 0.05 MB 0.03 ± 0.01 MB
SAF-10 20-30 38.76 ± 42.39 MA 0.02 ± 0.01 MB 1.06 ± 0.78 B 0.23 ± 0.20 B
Os valores (Valores) das médias dos elementos em cada sistema foram classificados (Classif.*) como: Muito baixo (MB); Baixo (B); Médio ou satisfatório (MS); Alto (A) e, Muito Alto (MA). Referências: Cochrane et al., 1985 e Moreira et al., 2005a (Anexo 2).
A deficiência em P é considerada uma das limitações nutricionais mais comuns em
90% dos solos da Amazônia, contudo, esta severidade depende do tipo de cultura a ser
implantada (Demattê, 2000). Em latossolos amarelos distróficos da Amazônia somente cerca
de 0,1% do P total encontra-se na solução do solo, enquanto a maior parte fica restrita por
mecanismos de adsorção do mesmo (Falcão & Silva, 2004; Dechen & Nachtigall, 2007;
Novais et al., 2007). A quantidade de P adsorvido, bem como a energia de adsorção são
proporcionalmente maiores em solos com altos teores de argila, Al e Fe (Dechen &
Nachtigall, 2007; Novais et al., 2007).
As quantidades de P observadas nas três profundidades de solo no SAF-10 foram mais
de 10 vezes superiores aos teores encontrados na CAP-10 e FS-55. Segundo Moreira et al.
(2005a; 2005b), estes valores podem ser considerados muito altos em relação aos teores
normalmente encontrados na camada de 0-20 cm na maioria dos solos dos municípios do
Estado do Amazonas. Na FS-55, a quantidade de P foi ligeiramente maior em relação à CAP-
10 nas três profundidades. A quantidade de P observada na CAP-10 e FS-55 foram maiores
que alguns resultados encontrados em outros estudos realizados em florestas primárias sobre o
mesmo tipo de solo na região de Manaus (Tabela 5). Conforme apresentado na Tabela 2, a
quantidade de P disponível já se fazia aproximadamente três vezes maior na área
correspondente ao SAF-10, comparada à quantidade registrada na CAP-10 há 10 anos atrás.
Com o manejo realizado no SAF-10 a quantidade de P aumentou mais que o dobro após 10
anos, enquanto na CAP-10 esta parece ter diminuído pela metade.
Tabela 5: Resultados de fertilidade observada em florestas primárias sobre Latossolo amarelo na região de Manaus.
Local Prof (cm) pH P K+ Ca2+ Mg2+ Al3+ Referência
68
(H2O) (mg.kg-1) --------cmolc.kg--------
Manaus 0-20 4.35 - 0.06 0.12 0.10 1.80 Alfaia (1988)
Manaus 0-10 - 4.50 0.06 0.02 0.07 - Schroth et al. (2000)
Manaus 0-20 - 3.00 0.06 0.06 0.08 - Fearnside & Leal (2001)
Manacapuru 0-20 4.31 9.17 0.03 0.07 0.03 1.05 Falcão & Silva (2004)
Manacapuru 0-20 3.38 2.53 0.05 0.03 0.04 1.10 Falcão & Silva (2004)
Manaus 0-20 4.6 3.20 0.07 0.90 0.50 1.30 Moreira et al. (2005)
A queima da biomassa para conversão da floresta em sistemas agrícolas libera por
meio das cinzas uma grande quantidade de nutrientes para o solo, onde, cátions trocáveis
reagem no sistema aumentando o pH e a CTC, neutralizando os efeitos do Al3+ e do Fe3+, e
favorecendo a disponibilidade de nutrientes (Smyth, 1996). Este processo aumenta
momentaneamente a concentração de P disponível, no entanto, há um rápido declínio
provavelmente atribuído às perdas naturais do sistema, bem como pela transformação do P em
formas menos disponíveis às plantas (Tiessen, 1998; McGrath et al., 2001). Comparando o
efeito de diferentes usos da terra sobre a dinâmica de nutrientes após a queima da vegetação,
McGrath et al. (2001) verificou baixas concentrações de P em pastos abandonados,
semelhantes aos teores encontrados em florestas primárias, enquanto quantidades maiores de
P foram observadas em florestas secundárias e em plantios florestais.
Algumas vantagens em sistemas florestais em relação aos pastos incluem a proteção e
conservação do solo contra perdas por lixiviação (exceto para o P), maior aproveitamento pela
dinâmica de raízes finas, transferência do P lábil para biomassa, acúmulo de matéria orgânica
e aumento da eficiência da ciclagem de nutrientes (Montagnini & Jordan, 2005). As florestas
primárias possuem um equilíbrio dinâmico quanto ao balanço de nutrientes, onde os
processos de perdas e entradas do sistema são compensados com a ciclagem natural (Jordan,
1982). O P mineralizado da matéria orgânica é rapidamente absorvido pelas plantas antes de
entrar em contato com a fase mineral do solo, onde poderia haver uma perda deste elemento
contido na biomassa (Jordan & Herrera, 1981; Novais et al., 2007). Outros estudos
confirmam maiores quantidades de P em sistemas como roças ou capoeiras jovens, em relação
à floresta primária (Schroth et al., 2000; Brocki, 2001), o que deve justificar os valores
encontrados na CAP-10 e FS-55 comparados à florestas primárias.
69
A concentração de K trocável é baixa em solos da Amazônia, onde quantidades
inferiores a 0,15cmolc. kg-1 (0-20 cm) são comuns em mais de 62% de sua área (Smyth,
1996). A maior parte do estoque deste elemento encontra-se na parte estrutural de minerais
primários e secundários, enquanto menores frações são disponibilzadas na forma trocável
(reserva imediata para as plantas) e na solução (Ernani et al., 2007). A liberação do K
estrutural para a solução ocorre de maneira lenta através do processo de lixiviação, que é
favorecido em condições tropicais (Ernani et al., 2007). Em solos ácidos, altos teores de Al3+
podem desfavorecer o desenvolvimento radicular das plantas, prejudicando a absorção do
potássio (ibid). O K+ é um elemento bastante suscetível a perdas por lixiviação, pois, ao
contrário de outros nutrientes, suaa precipitação é pouco expressiva, além de não haver
integração com compostos orgânicos estáveis (ibid). Smyth (1996) verificou que cerca de
87% de K+ encontrado num solo após a queima da vegetação na Amazônia era proveniente da
biomassa. O mesmo autor mencionou um estudo, onde, diferentes sistemas de uso da terra
implantados após a queima de uma vegetação de 12 anos foram capazes de manter os níveis
de Ca e Mg, bem como menor saturação de Al durante algum tempo, enquanto os teores de K
decresceram rapidamente até os valores originais.
Os teores de K+, em todas as profundidades analisadas, foram maiores na CAP-10 e
praticamente equivalentes entre a FS-55 e SAF-10. Entretanto, as quantidades de K+
observadas podem ser consideradas entre baixas a muito baixas, em todos os sistemas, uma
vez que o nível adequado deste elemento deveria estar em torno de 0,3 cmolc.Kg-1 (Moreira et
al., 2005a). Nas áreas correspondentes à CAP-10 e SAF-10, os teores de K+ eram parecidos
há 10 anos atrás, e considerados muitos baixos (Tabela 2). Após esse período, os teores de K+
na CAP-10 aumentaram em dobro, enquanto no SAF-10 não houve muita mudança. A
quantidade de K+ observada na FS-55 foi semelhante aos resultados encontrados em outros
estudos em floresta primária sobre o mesmo solo nesta região (Tabela 5). Uma possível
explicação para um maior aumento do teor de K+ na CAP-10 em relação ao SAF-10 pode
estar relacionada a maiores exportações deste elemento no último sistema, onde uma alta
densidade de espécies exigentes neste nutriente pode estar desfavorecendo seu incremento via
ciclagem de nutrientes. Wandelli et al. (2002) verificou que a exportação de K+ é
relativamente alta em espécies nativas como cupuaçu, pupunha e açaí.
70
Solos ácidos são geralmente pobres em Ca, e a presença deste elemento faz-se
importante para elevar o pH, a CTC e a disponibilidade de outros nutrientes, bem como para o
suprimento de cultivos agrícolas (Mello et al., 1983). O Ca2+ é requerido em grande
quantidade pelas plantas, principalmente nas leguminosas para fixação microbiológica de N2
(Dechen & Nachtigall, 2007). É o elemento de maiores perdas no solo, seja pela lixiviação, ou
exportação agrícola (Mello et al., 1983). Smyth (1996) verificou que os resíduos da queima da
vegetação para implantação de sistemas agrícolas na Amazônia continham cerca de 44% do
Ca2+ encontrado no solo, sendo este, o elemento de maior contribuição pela cinza,
principalmente quando derivada da biomassa de floresta primária, na ordem de 82kg/ha. A
dinâmica deste nutriente após a queima também varia em função do manejo dado ao
ambiente. McGrath et al. (2001), observou que a queima proporciona a elevação de teores de
Ca2+ por períodos de até uma década, porém, com uma vantagem de retenção nos pastos em
relação aos sistemas arbóreos, provavelmente devido à maior demanda das árvores por este
elemento, bem como, devido ao rápido retorno via ciclagem de folhas e raízes das gramíneas.
Assim como observado para o P, em solos sob florestas primárias, apesar da reduzida
quantidade de Ca2+ comumente encontrada, Jordan & Herrera (1981) verificaram um
reaproveitamento de quase 100% deste elemento, que é absorvido pelas raízes e imobilizado
novamente na biomassa.
Neste estudo, as quantidades de Ca2+ observadas foram maiores no SAF-10, sendo
considerada alta na profundidade de 0-10, decrescendo para média/satisfatória e baixa nas
camadas subseqüentes. O teor de Ca2+ foi um pouco mais elevado na CAP-10 em relação à
FS-55, mas pôde ser considerado entre baixo a muito baixo em ambos os sistemas. Para
Moreira et al. (2005a) o nível de Ca2+ seria mais adequado com um valor de
aproximadamente 4,0 cmolc.Kg-1. Na FS-55, as quantidades de Ca2+ observadas são variáveis
em relação a outros resultados encontrados em floresta primária (Tabela 5). Os níveis de Ca2+
nas áreas correspondentes a CAP-10 e ao SAF-10 variaram mais no primeiro sistema após um
período de 10 anos, onde este elemento aumentou em dobro (Tabela 2). No SAF-10, o teor de
Ca2+ era mais elevado em relação à CAP-10 antes de sua implantação, porém, mesmo com a
calagem houve uma pequena redução após 10 anos. Talvez esse decréscimo no SAF-10 possa
ser justificado em função da reação do Ca2+ no solo para redução da acidez e neutralização do
Al trocável, bem como, devido à maiores demandas para o incremento da biomassa neste
sistema em relação à CAP-10.
71
Solos ácidos são também limitantes quanto à abundância do Mg2+, cuja quantidade é
normalmente adsorvida à fração coloidal, numa proporção que varia entre 5-10% do teor total
deste elemento (Mello et al., 1983). A abundância do Mg2+ é naturalmente menor em relação
ao Ca2+, e sua disponibilidade é afetada pela quantidade de K+ (principalmente), NH4+, Ca2+ e
Mn2+, os quais concorrem pela associação às cargas negativas do solo, onde, o excesso de um
prejudica a absorção do outro (Mello et al., 1983; Dechen & Nachtigall, 2007). Smyth (1996)
verificou que 45% dos teores de Mg2+ encontrados no solo após a queima da vegetação eram
provenientes da biomassa, e correspondiam a uma contribuição de 22kg/ha. O Mg2+ é mais
estável e menos suscetível à lixiviação ou exportação, se comparado ao Ca2+, P e K+ (Mello et
al., 1993), no entanto são escassos resultados de estudos que indiquem a dinâmica deste
elemento em função de diferentes tipos de uso da terra.
Quantidades de Mg2+ foram superiores no SAF-10, e um pouco maiores na CAP-10
em relação à FS-55. Com exceção da camada de solo de 0-10cm do SAF-10, cujos teores
podem ser considerados entre médio e satisfatório, a quantidade de Mg2+ foi baixa ou muito
baixa nas demais profundidades do solo em todos os tratamentos, pois estes seriam mais
adequados se estivessem em torno de 3,0 cmolc.Kg-1 (Moreira et al., 2005a). As quantidades
de Mg2+ observadas na FS-55 coincidem com outros estudos em florestas primárias nas
proximidades de Manaus (Tabela 5), salvo os resultados encontrados por Alfaia (1988) e
Moreira et al. (2005). A quantidade de Mg2+ encontrada na área correspondente ao SAF-10
era cerca de 4 vezes superior à área da CAP-10, há 10 anos atrás (Tabela 2). Em ambos os
sistemas, houve um declínio do teor de Mg2+, para cerca de um terço dos níveis anteriores na
CAP-10 e, aproximadamente metade no SAF-10, após 10 anos. Talvez um aumento nas
quantidades de Ca2+, K+ e Mn2+ na CAP-10 tenham influenciado na redução do Mg2+ neste
ambiente, enquanto no SAF-10, a adição de calcário ou aumento do Mn2+ poderia estar
associada a esta conseqüência.
3.6. Micronutrientes em função do histórico do uso da terra e do manejo com SAF (Fe,
Zn e Mn).
72
Em laboratório, foram realizadas análises químicas para determinação do Fe, Zn, Mn e
Cu, entretanto, o último nutriente apresentou-se em quantidades muito reduzidas (com
exceção ao SAF-10) e, portanto não será discutido nos resultados. A heterogeneidade dos
dados impossibilitou a comparação das médias (ANOVA) dos valores de Zn e Mn, apenas
para a profundidade de 0-20cm entre os tratamentos.
O Fe é um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre e normalmente bem
provido em solos tropicais, contudo, alguns fatores podem afetar sua disponibilidade (Mello
et al., 1983; Dechen & Nachtigall, 2007) como: i) pH, onde em condições alcalinas há a
redução e precipitação do mesmo; ii) teor de argila, havendo maior retenção em solos
argilosos; iii) aeração e matéria orgânica, que favorecem a redução e solubilização do Fe; vi)
excesso de metais pesados como Mn, Cu e Zn, pela substituição do Fe ou efeito de
precipitação. Considera-se teores entre 50 e 100mg.kg-1 como adequados à nutrição das
plantas, mas solos com teores totais acima de 50gkg-1 não provocam necessáriamente, efeito
tóxico à maioria dos cultivos (Dechen & Nachtigall, 2007). Alguns autores atribuem à
caulinita uma maior capacidade de retenção de Fe3+ em relação aos cátions K+ e Na+, onde o
fenômeno de “permutabilidade” substitui o Al3+ por este elemento quando ocorre uma
redução do pH em meio ácido (Couceiro & Santana, 1999). De todos os micronutrientes, o Fe
é disponibilizado em maior abundância através da queima da vegetação na Amazônia. Smyth
(1996) observou teores na ordem de 58 kg/ha e 22 Kg/ha respectivamente, disponibilizados
através de resíduos de floresta primária e capoeira de 12 anos.
As concentrações encontradas para o Fe2+ foram consideradas como altas em todos os
sistemas, bem como em todas as profundidades de solo (Tabela 6). Estes foram
significativamente maiores na CAP-10 e no SAF-10 em relação à FS-55, nas camadas de 0-10
(F=13,49; p < 0,001), 10-20 (F=28,97; p < 0,001) e 20-30 (F=19,65; p < 0,001). Os níveis
atuais de Fe2+ apresentaram um leve decréscimo em relação às quantidades encontradas há 10
anos atrás nas áreas correspondentes ao SAF-10 e CAP-10, porém, estas quantias continuaram
semelhantes, e consideradas como altas (Tabela 2).
Tabela 6: Resultado das médias e desvio padrão dos teores de micronutrientes (Fe, Zn e Mn) nos diferentes sistemas de uso da terra, sob três profundidades do solo (0-10, 10-20 e 20-30cm; n=27/tratamento).
Sistema Prof Fe (mg.kg-1) Zn (mg.kg-1) Mn (mg.kg-1)
73
(cm) Valores Classif.* Valores Classif.* Valores Classif.*
FS-55 0-10 99.07 ± 30.38 a A 1.77 ± 0.39 MS 1.69 ± 0.40 B
CAP-10 0-10 155.13 ± 38.59 b A 1.27 ± 0.58 B 1.86 ± 1.39 B
SAF-10 0-10 129.87 ± 39.99 b A 8.18 ± 5.87 A 7.03 ± 4.63 B
FS-55 10-20 85.41 ± 28.08 a A 1.28 ± 0.30 B 1.23 ± 0.24 B
CAP-10 10-20 158.22 ± 33.42 b A 0.39 ± 0.28 B 0.71 ± 0.75 B
SAF-10 10-20 165.17 ± 53.62 b A 5.21 ± 4.64 A 3.17 ± 2.61 B
FS-55 20-30 89.31 ± 27.19 a A 1.14 ± 0.24 B 1.06 ± 0.16 a B
CAP-10 20-30 148.91 ± 38.63 b A 0.28 ± 0.21 B 0.48 ± 0.34 b B
SAF-10 20-30 131.63 ± 55.45 b A 2.29 ± 2.08 A 1.46 ± 1.14 a B
Os valores (Valores) das médias dos elementos em cada sistema (FS-55, CAP-10 e SAF-10) foram classificados (Classif.*) como: Muito baixo (MB); Baixo (B); Médio ou satisfatório (MS); Alto (A) e, Muito Alto (MA). Referências: Cochrane et al., 1985 e Moreira et al., 2005 (Anexo 2).
A quantidade de Zn foi visivelmente maior no SAF-10 em comparação à CAP-10 e
FS-15 em todas as profundidades. No SAF-10, o teor de Zn pôde ser considerado como alto,
enquanto na CAP-10 e FS-55 os valores foram baixos, com exceção da camada de solo de 0-
10 cm da FS-55 (médio/satisfatório). Teores de Zn disponíveis, assim como o Cu, são
favorecidos em condições de acidez elevadas (Dechen & Nachtigall, 2007), mas em média
são encontrados em quantidades abaixo do adequado na maioria dos solos da Amazônia
(Moreira et al., 2005a). A queima da biomassa de florestas primárias e capoeiras de 12 anos
podem contribuir respectivamente, com teores de 0,2 e 0,3 kg/ha ao solo (Smyth, 1996),
contudo, talvez a acidez mais elevada do solo da FS-55 possa justificar o fato de possuir
maiores teores de Zn em relação à CAP-10.
O Mn é outro elemento cuja disponibilização deveria ser favorecida em condições de
maior acidez do solo, entretanto, outros fatores podem ser determinantes para sua
concentração, como as condições de óxirredução, altos teores de matéria orgânica, e equilíbrio
com outros cátions, principalmente Fe, Ca e Mg (Mello et al., 1983; Moreira et al., 2005a;
Dechen & Nachtigall, 2007).
A quantidade de Mn foi considerada como baixa em todos os sistemas, mas foi maior
no SAF-10 em relação aos demais, principalmente nas profundidades de 0-20 cm. Na camada
de solo de 20-30 cm, o Mn não diferiu estatisticamente entre o SAF-10 e FS-55, mas ambos
foram significativamente maiores em relação à CAP-10 (F=10,49; p < 0,001). Smyth (1996)
observou que a contribuição da quantidade de Zn pela queima da vegetação em floresta
74
primária (2,3 kg/ha-1) é superior à contribuição fornecida por uma capoeira de 12 anos (0,3
Kg/ha).
3.7. Análise dos componentes principais (ACP) sobre a massa das frações da liteira e
macronutrientes (Ca2+, Mg2+, K+ e P) nos três sistemas estudados.
A análise de componentes principais – ACP -, representada na Figura 6 (A e B),
mostra a distribuição das variáveis de massa de liteira correspondentes às frações de material
folhoso (MF), lenhoso (ML) e de resíduos (MR), bem como as variáveis que representam os
teores totais de Ca2+, M2+, K+ e P em função dos ambientes estudados (SAF, CAP e FS). Estas
variáveis estão distribuídas no plano fatorial, onde os dois primeiros fatores explicam
respectivamente, 45,11% e 14,81% da variância total (juntos somam 86,87%).
O fator 1 do círculo de correlações (Figura 6-A) separou os componentes de material
folhoso e lenhoso da fração de resíduos. O mesmo não aconteceu com os nutrientes da liteira,
os quais foram apresentados de maneira agrupada. Por sua vez, o fator 2 do círculo de
correlações separou principalmente os componentes de material folhoso e lenhoso. A Figura
6-B representa a distribuição dos sistemas em função da quantidade das variáveis mostradas
na Figura 6-A, sendo possível perceber maior associação do material folhoso com relação à
CAP-10 (cor azul), enquanto o material lenhoso e a fração de resíduos foram associados
respectivamente, à FS-55 (cor verde) e ao SAF (cor vermelha). Todos os nutrientes
mostraram-se mais associados ao SAF-10, indicando maiores concentrações neste ambiente.
Os sistemas puderam ser considerados diferentes entre si quanto às variáveis analisadas (p <
0.001).
75
Figura 6: Análise de componentes principais (ACP) para associação da massa e macronutrientes da liteira, em função dos sistemas. Material folhoso: MF; Lenhoso: ML; Resíduos: MR.. Macronutrientes: K+, Ca2+, Mg2+ e P (kg.ha-1; n=9 amostras por tratamento). Os fatores 1 e 2 explicam respectivamente, 45,11% e 14,81% da variabilidade dos dados. Os sistemas foram considerados diferentes entre si quanto às variáveis analisadas (p < 0.001). O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
A maior quantidade da massa de resíduos na liteira do SAF-10 pode estar relacionada
à qualidade da vegetação deste sistema, caracterizada altas densidades de espécies frutíferas
como palmeiras e árvores, além de espécies leguminosas que produzem grande quantidade de
frutos e sementes (leucena, por exemplo). Na FS-55, o destaque para a fração de material
lenhoso pode estar associada ao porte e estrutura da vegetação, onde foi observado uma
grande quantidade de galhos na liteira. Na CAP-10, o porte baixo da vegetação, por sua vez
predominada por poucas espécies, mostrou maior contribuição para a fração de material
folhoso. Outro fator provavelmente associado à estas diferenças pode estar relacionado à
ciclagem de nutrientes nestes sistemas. Uma ciclagem mais eficiente favorecida pela
qualidade do solo e da vegetação no SAF-10 pode contribuir para uma decomposição rápida
da liteira, sobrando maior quantidade de resíduos. A ciclagem na FS-55 possivelmente seja
mais eficiente em relação à CAP-10, justificando maiores quantidades de materiais folhosos
neste último sistema. A qualidade do solo no SAF-10 também deve ser responsável pelo
F2 (14,81%)
F1 (45,11%)MF
ML
MR
CaMg
K
P
-1
1-1 1
F1 (45,11%)
F2 (14,81%)
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAFSAF
SAF
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
FS
FS
FS
FS
FS
FSFS
FS
FS
FS
-2.4
2.9-4.6 3.5
76
retorno de maiores teores de macronutrientes na liteira, apesar desta apresentar menor massa
em relação aos demais sistemas.
3.8. Variação na produção de massa de liteira nos três sistemas estudados.
Dos três sistemas estudados, a massa de material folhoso (MF) coletado foi maior na
CAP-10, seguida pela FS-55. Já o material lenhoso (ML), apresentou maior massa na FS-55,
seguido pela CAP-10. No SAF-10, apenas a fração de resíduos (MR) apresentou maior massa
em relação aos demais sistemas, porém, com pequena diferença em comparação à FS-55
(Figura 7).
30%40% 30%
63%
56%65%
7%
4%
5%
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
SAF-10 CAP-10 FS-55
Mas
sa d
a lit
eira
(k
g.ha
)
Massa das frações de liteira nos diferentes sistemas (em kg.ha e %)
Resíduos
Materia l Lenhoso
Materia l Folhoso
Figura 7: Massa da liteira (kg.ha-1) e contribuição das frações de material folhoso (MF), lenhoso (ML) e de resíduos (MR = materiais reprodutivos e fragmentos não identificados), em porcentagem nos sistemas estudados. (n=9 amostras/tratamento).
Na CAP-10, uma maior massa de material folhoso pode ser atribuída à abundância de
espécies arbóreas de estágios iniciais de sucessão (Capítulo I), as quais naturalmente
apresentam bons incrementos neste componente, e na produção de galhos mais finos. Na FS-
55, todas as frações apresentaram valores altos, mas o destaque do componente lenhoso da
liteira pode ser justificado devido à maior biomassa das árvores, havendo, um bom
incremento por meio da queda de galhos. No SAF-10, foi observada uma grande quantidade
77
de resíduos, compostos principalmente, por frutos e sementes oriundas de espécies
leguminosas e palmeiras de boa produtividade. Contudo, uma alta proporção de materiais
lenhosos, pode provavelmente estar associada ao período da realização da coleta, que foi
efetuada nos últimos meses de maior precipitação.
As frações de material folhoso e lenhoso não apresentaram diferenças significativas
entre os tratamentos, ao nível de 5% de probabilidade (Tabela 7). O componente de resíduos
não pôde ser analisado em função da falta de homogeneidade dos dados.
Tabela 7: Média e desvio padrão da massa da liteira (g.kg-1), e porcentagem dos valores observados nos diferentes tratamentos (FS-55, CAP-10 e SAF-10; n=9 amostras/tratamento).
Tratamentos Material Folhoso Material Lenhoso Resíduos Total
(kg/ha) (%) (kg/ha) (%) (kg/ha) (%) (kg/ha) (%) FS-55 1697 ± 446 n.s 30 3690 ± 1708 n.s 65 274 ± 150 5 5661 100
CAP-10 1968 ± 686 n.s 40 2711 ± 1608 n.s 56 189 ± 69 4 4868 100 SAF-10 1236 ± 1089 n.s 30 2584 ± 2550 n.s 63 275 ± 127 7 4095 100
As médias ± desvio padrão seguidos por letras diferentes representam diferenças significativa entre tratamentos ao nível de 5% de probabilidade (teste de Tukey). As siglas “n.s.” representam diferenças não significativas.
É curioso notar que, apesar do SAF-10 ter apresentado menores valores para as massas
de material folhoso e lenhoso, a proporção destes componentes, incluindo a fração de resíduos
foi bastante parecida com a porcentagem de distribuição dos mesmos na FS-55. Na CAP-10 a
diferença deve-se ao maior acúmulo na fração de folhas.
Alguns estudos que analisaram os valores de acúmulo da liteira sobre o solo na
Amazônia Central (Manaus), estimaram uma massa que variou de 5,6 a 8,2 t. ha-1 em florestas
primárias de terra firme (Klinge, 1977; Luizão, 1989), bem como, entre 6,3 a 10,3 t. ha-1 em
capoeiras de 10 a 12 anos (Mesquita et al., 1998; Tapia-Coral, 1998; Gallardo-Ordinola,
1999). Maiores produções de material folhoso em liteira de capoeiras e florestas secundárias
mais jovens também foram observadas em comparação a florestas primárias em outros
estudos (Klinge & Rodrigues, 1968; Luizão & Schubart, 1987; Luizão, 1989), devido à alta
produção primária de espécies de estágios iniciais de sucessão nestes ambientes.
78
Geralmente as liteiras amostradas em diferentes florestas tropicais do mundo são
compostas de por 60 a 80% de folhas, 1 a 15% de frutos e, 12 a 15% de ramos (Bray &
Gorham, 1964). A proporção da fração folhosa em florestas secundárias jovens é
normalmente maior. Em ambos os ecossistemas (florestas), a massa de folhas é mais elevada
durante a estação seca, devido à queda na velocidade de decomposição, atribuída à
diminuição da umidade e da atividade biológica (Luizão & Schubart, 1987; Luizão, 1989,
Tapia-Coral et al., 2005).
A coleta da liteira foi realizada apenas uma vez, e esteve restrita apenas a um período
sazonal, não sendo possível caracterizar sua dinâmica ao longo do ano nos sistemas
estudados. A ocorrência de menores proporções de material folhoso em comparação a outros
estudos pode ser justificada pelo fato de que este componente apresenta uma decomposição
mais rápida no período chuvoso, restando em maiores quantidades de materiais lenhosos de
decomposição mais lenta. Em campo, particularmente na FS-55, foi observada uma grande
quantidade de raízes finas na liteira. Este material foi descartado durante a triagem por ser
considerado como parte viva da vegetação. Outra observação pertinente, diz respeito à
composição florística do SAF-10 (Capítulo I; Anexo 1), onde foram registradas quantidades
relativamente altas de árvores leguminosas, como a Leucena leucocephala (Lam) de Wit
(“leucena”), por exemplo, cujos folíolos e frutos são de tamanhos pequenos e, ricos em
nitrogênio, favorecendo uma decomposição mais rápida sobre o solo.
3.9. Teores de macronutrientes (Ca, K, Mg e P) nos diferentes compartimentos da liteira
do solo dos três sistemas estudados.
Na FS-55 e no SAF-10, maiores contribuições para os teores de Ca2+ foram
observadas nas frações lenhosas da liteira, enquanto na CAP-10 este nutriente esteve mais
associado ao material folhoso. Quanto ao K+, maiores concentrações foram observadas nos
materiais folhosos das liteiras do SAF-10 e da CAP-10, enquanto na FS-55 este elemento foi
superior na fração de resíduos. Maiores teores de Mg2+ foram observados no material folhoso
da FS-55 e da CAP-10, enquanto no SAF-10 estes foram mais elevados no componente de
79
resíduos. O P apresentou maiores concentrações nos resíduos da CAP-10 e do SAF-10,
contudo na FS-55 o material folhoso foi mais representativo (Figura 8: A, B, C e D).
33% 50% 37%
37%
29% 47%
30%
21% 16%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
SAF-10 CAP-10 FS-55
Teo
res d
e C
a2+ (g
.kg)
Contribuição das frações da liteira para os teores de Ca2+ no solo nos diferentes
sistemas.
Resíduos
Material Lenhoso
Material Folhoso
35% 56% 52%
28%
24% 32%
38%
20% 16%
0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,5
SAF-10 CAP-10 FS-55T
eore
s de
Mg2+
(g.k
g)
Contribuição das frações da liteira para os teores de Mg2+ no solo nos diferentes
sistemas.
Resíduos
Material Lenhoso
Material Folhoso
68%
39%28%
14%
38%
28%
18%
24%
43%
02468
101214161820
SAF-10 CAP-10 FS-55
Teo
res d
e K
+ (g
.kg)
Contribuição das frações da liteira para os teores de K+ no solo nos diferentes sistemas.
Resíduos
Material Lenhoso
Material Folhoso 19% 38% 36%
30%
20% 32%
51%
42%32%
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
SAF-10 CAP-10 FS-55
Teo
res d
e P
(g.k
g)
Contribuição das frações da liteira para os teores de Pno solo nos diferentes sistemas.
Resíduos
Material Lenhoso
Material Folhoso
Figura 8: Teores de Ca2+ (A), Mg2+ (B), K+ (C) e P (D) observadas nas frações de material folhoso, matrial lenhoso e de resíduos das liteiras dos diferentes sistemas (n=9/tratamento).
Apesar de apresentar menores massas para as frações de materiais folhoso e lenhoso
em relação aos outros sistemas, no SAF-10 foram observadas diferenças significativamente
maiores para a concentração de Ca2+ (F=5,03; p = 0,015), Mg2+ (F=4,40; p = 0,024) e P
(F=14,14; p < 0,001) no primeiro componente, e, somente para o Ca2+ (F=6,21; p = 0,007) no
segundo (Tabela 8).
Com exceção do K+, cuja concentração foi significativamente maior no material
lenhoso da CAP-10 (F=5,14; p=0,014), o SAF-10 mostrou maiores valores em todos os
A
B
C
D
80
nutrientes, em todas as frações da liteira. Não foi possível realizar outras confirmações
estatísticas em função da variabilidade dos dados.
Tabela 8: Média e desvio padrão dos teores de Ca2+, Mg2+, K+ e P (g.kg-1) encontradas nos componentes de material folhoso (MF), material lenhoso (ML) e resíduo (MR) nos três sistemas estudados (FS-55, CAP-10 e SAF-10).
Componentes Tratamentos Ca2+ Mg2+ K+ P
(g.kg-1) (g.kg-1) (g.kg-1) (g.kg-1)
MF SAF-10 11.54 ± 4.52 a 1.41 ± 0.33 a 12.78 ± 2.48 0.640 ± 0.079 a
CAP-10 9.47 ± 2.58 ab 1.1 ± 0.45 ab 4.23 ± 1.98 0.444 ± 0.198 b
FS-55 6.79 ± 1.83 b 0.94 ± 0.17 b 2.12 ± 1.07 0.310 ± 0.086 b
ML SAF-10 13.05 ± 6.61 a 1.14 ± 0.56 2.69 ± 1.39 ab 1.020 ± 1.283
CAP-10 5.63 ± 2.58 b 0.47 ± 0.17 4.12 ± 1.78 b 0.233 ± 0.039
FS-55 8.68 ± 3.09 ab 0.58 ± 0.18 2.12 ± 0.68 a 0.275 ± 0.055
MR SAF-10 10.76 ± 4.63 1.53 ± 0.68 3.32 ± 1.47 1.755 ± 1.697 n.s
CAP-10 4.03 ± 1.28 0.39 ± 0.19 2.59 ± 1.14 0.483 ± 0.191 n.s
FS-55 2.88 ± 1.39 0.29 ± 0.26 3.26 ± 1.66 0.277 ± 0.072 n.s
Totais SAF-10 35.35 4.08 18.79 3.415
CAP-10 19.03 1.96 10.94 1.160
FS-55 18.35 1.81 7.50 0.862 Valores seguidos por letras diferentes representam diferenças significativas (ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey). As siglas “n.s” representam diferenças não significativas (n=9 amostras/tratamento).
A fração composta pelo material folhoso da liteira é geralmente apresentada como a
maior fonte de contribuição do Ca2+, uma vez que este elemento é um constituinte das paredes
celulares das células das folhas, possui baixa mobilidade, sendo, portanto, de alta devolução
ao solo (Haag, 1985).
Tapia-Coral et al. (2005) encontraram maiores concentrações de Ca2+ na fração
folhosa de um SAF multiestratificado em relação à uma capoeira de 10 anos sobre o mesmo
tipo de solo (Tabela 9). Os resultados de Tapia-Coral et al. (2005) também foram superiores
aos encontrados em florestas primárias e secundárias nesta região (Klinge, 1977; Luizão,
1989). Luizão (1989) também relatou maiores concentrações de Ca no componente lenhoso,
assim como observado na FS-55 e no SAF-10. Esses dados, no entanto, escondem a variação
que este elemento possui em função da sazonalidade, onde uma significativa concentração
deve ocorrer no período mais seco, devido ao acúmulo de folhas e pela redução na intensidade
81
da ciclagem de nutrientes. O Ca2+, apesar de ser relativamente estável, tende a sofrer
lixiviação gradativa, ou retornar à biomassa vegetal por meio da rápida absorção pelas raízes
(Jordan & Herrera, 1981). Uma maior massa de folhas na CAP-10 pode explicar a maior
concentração deste elemento neste componente da liteira. Quanto à FS-55 e ao SAF-10, a
decomposição das folhas e a mineralização dos nutrientes podem ter sido mais efetivas,
restando maiores concentrações de Ca2+ no compartimento lenhoso.
Tabela 9: Concentração de Ca2+, Mg2+, K+ e P (g.kg-1) em diferentes (agro) ecossistemas e tipos de solo encontrado por diversos autores.
(Agro)Ecossistemas Tipo / Classe de
solo *Estação
Ca2+ Mg2+ K+ P Referências
---------- (g.kg-1) ---------
Floresta primária Lat. Amarelo C+S 2.5 1.2 0.5 0.2 Klinge (1977)
Floresta primária Lat. Amarelo C+S 3.8 1.8 1.5 0.2 Luizão (1989)
Floresta primária Cambissolo C+S 27.9 2.85 4.4 0.8 Villani et al. (2009) Floresta secundária (20-30 anos)
Cambissolo C + S 26.0 3.2 4.5 1.1 Villani et al. (2009)
Capoeira (12 anos) Lat. Amarelo C + S 6.2 1.6 1.4 0.3 Gallardo-Ordinola (1999)
Capoeira jovem Lat. Amarelo S 6.4 1.3 2.9 10.9 Mackerrow (1992)
CAP (16 anos) Lat. Amarelo C + S 5.9 1.4 1.1 0.1 Tapia-Coral et al. (2005)
CAP (3-7 anos) Cambissolo C + S 27.0 3.1 5.1 1.0 Villani et al. (2009) SAF multiestrato (5 anos)
Lat. Amarelo C + S 8.3 1.9 1.6 0.2 Tapia-Coral et al. (2005)
SAF multiestrato (15-30 anos)
Cambissolo C + S 24.6 3.4 5.1 1.1 Villani et al. (2009)
Roças Cambissolo C + S 23.9 2.9 4.8 1.0 Villani et al. (2009)
Pastagem (≥ 30 anos) Cambissolo C + S 18.2 2.8 4.4 0.9 Villani et al. (2009)
Estação chuvosa (C), s/ou seca (S).
A dinâmica do Mg2+ apresenta uma tendência parecida com o Ca2+, à medida que este
possui concentração elevada no material folhoso da CAP-10 e FS-10, e caracteriza-se como
um elemento de pouca mobilidade, com alta taxa de retorno no sistema (Ewel, 1976; Haag,
1985). O Mg2+ também apresenta perdas devido à lixiviação, ocorrendo maiores acúmulos na
estação seca em relação à chuvosa (Luizão & Schubart, 1987; Tapia-Coral et al., 2005). É
possível observar que o Mg2+ apresentou menor variação em sua concentração entre as
frações estudadas, se comparado aos outros nutrientes. Tapia-Coral et al. (2005) também
encontraram maiores teores de Mg2+ num SAF multiestratificado em comparação à uma
82
capoeira de 10 anos (Tabela 9). Neste estudo, tanto o SAF-10 quanto a CAP-10 apresentaram
maiores teores em relação aos resultados de Tapia-Coral et al. (2005). Os valores da FS-55
mostraram-se menores para o Mg2+, porém semelhantes aos resultados em floresta primária
encontrados por Luizão (1989) e Klinge (1977).
O K+ é reconhecido como um dos elementos mais suscetíveis à lixiviação, havendo
uma redução rápida e significativa com a intensificação da pluviosidade (Jordan & Kline,
1972). As concentrações deste elemento seguiram a mesma ordem, sendo mais elevadas no
SAF-10, seguido pela CAP-10 e FS-55. Em comparação aos outros estudos, realizados por
Tapia-Coral et al. (2005) e Luizão (1989), as concentrações mostraram-se superiores, pois, no
SAF multiestratificado foram observados teores de 1,92g.kg-1, enquanto na capoeira de 10
anos estes foram de 1,06g.kg-1, e, na floresta primária a quantidade de K+ foi de 1,5g.kg-1. No
trabalho de Tapia-Coral et al. (2005), foi verificado que as contribuições de K+ sob material
folhoso derivado de espécies florestais madeireiras, e frutíferas como o cupuaçu e palmeiras
(pupunha e açaí) foram altas (2.73, 2.43 e 1.93g.kg-1/ano, respectivamente), mesmo em
relação à capoeira de 10 anos dominada por espécies pioneiras (1.55g.kg-1/ano). Estes
resultados colaboram com a justificativa das concentrações de K+ no material folhoso do
SAF-10, reforçados pela presença de árvores leguminosas nesta área. Luizão (1989) observou
maiores contribuições de K+ a partir dos componentes de materiais reprodutivos e resíduos,
semelhante ao encontrado na FS-55.
O P é considerado um dos nutrientes mais críticos e limitantes para a produtividade
em florestas tropicais, contudo, uma série de mecanismos naturais ajudam a compensar essa
deficiência, por meio da otimização do seu aproveitamento, principalmente pela atividade das
raízes finas na floresta, evitando a adsorção do P em contato com o solo (Jordan & Herrera,
1981, Haag, 1985). Segundo Jordan (1982), o balanço de entradas e perdas deste elemento em
florestas primárias tropicais é praticamente nulo ao longo do ano. Tapia-Coral et al. (2005),
observaram concentrações de P duas vezes maior no material folhoso num SAF
multiestratificado(0,21 g.kg-1), em comparação à capoeira de 10 anos. Em floresta primária,
Klinge (1977) e Luizão (1989) também observaram valores parecidos, entre 0,16 e 0,20 g.kg-
1. O segundo autor observou maiores contribuições por meio das frações reprodutivas e de
resíduos da liteira, tal como observado na FS-55.
83
As concentrações de P no SAF-10 foram entre três a quatro vezes mais elevadas em
relação às concentrações da CAP-10 e FS-55, respectivamente. Conforme observado por
Tapia-Coral et al. (2005), contribuições quase duas vezes maiores de P (entre 0,14 e 0,16g.kg-
1) puderam ser atribuídas à ocorrência de espécies como o cupuaçu, e palmeiras (pupunha e
açaí) no SAF multiestratificado, em comparação a contribuição por espécies pioneiras típicas
de capoeiras (0,09g.kg-1). A prática de podas, e adição de cobertura morta com o uso de
leguminosas foi descrita como uma das vantagens para a contribuição nutricional da liteira no
SAF (Tapia-Coral et al., 2005).
Em solos mais férteis, maiores concentrações de nutrientes são observadas na liteira
(Tabela 9). Porém, alguns padrões de comportamento da dinâmica dos nutrientes são
parecidos em diferentes solos, conforme o tipo de uso da terra. O K+, por exemplo, tende a ser
mais elevado em capoeiras recentes, ou em roças e pastagens seguidas pela queima da
biomassa. Já o Ca2+ tende a ser mais elevado em pastagens e roçados, devido a menores
concentrações arbóreas responsáveis pela transferência deste elemento à biomassa. O Mg2+
não apresenta tanta variação, contudo aparenta ser mais elevado em capoeiras mais
desenvolvidas, e nas florestas primárias. Assim como para o Mg2+, este comportamento
também aparenta ser mais evidente para o P. Contudo, o SAF aparece como uma alternativa
eficiente em relação à contribuição de concentrações mais elevadas em relação aos outros
sistemas de uso da terra, em diferentes tipos de solo (Tabelas 8 e 9).
3.10. Estoque de nutrientes da liteira nos três sistemas estudados.
As médias dos estoques de nutrientes (kg.ha-1) foram estimadas a partir da totalidade
de suas concentrações em função da necromassa de liteira nos três sistemas (Tabela 10).
Com exceção do Ca2+, cuja quantidade foi ligeiramente maior na FS-55 em
comparação ao SAF-10, o último sistema apresentou maiores estoques de Mg2+, K+, e P. O
estoque de P no SAF-10 foi maior do que o dobro, em relação aos demais sistemas. A CAP-
10 apresentou os menores estoques de nutrientes em comparação aos outros sistemas, exceto
quanto ao K+, que foi superior somente em relação à FS-55. Não foram constatadas diferenças
84
significativas quanto aos estoques de Ca2+, Mg2+ e K+ para as médias dos três ambientes (ao
nível de 5% de probabilidade). A falta de homogeneidade dos dados, contudo, deve ter
prejudicado as análises, assim como impossibilitou a comparação entre os estoques de P.
Tabela 10: Média e desvio padrão dos estoques de macronutrientes (Ca2+, Mg2+, K+ e P) dos diferentes tratamentos (n=9/tratamento).
Sistemas Ca2+ Mg2+ K+ P
-------------------------- (kg.ha-1) -------------------------
FS-55 42.32 ± 17.21 n.s. 3.72 ± 1.34 n.s. 12.16 ± 4.98 n.s. 1.59 ± 0.55 CAP-10 34.56 ± 10.29 n.s. 3.45 ± 1.11 n.s. 19.21 ± 7.37 n.s. 1.52 ± 0.47 SAF-10 41.53 ± 23.86 n.s. 4.4 ± 2.41 n.s. 21.27 ± 11.91 n.s. 3.38 ± 2.74
As quantidades dos estoques dos nutrientes apresentados referem-se apenas a uma
coleta. Devido à flutuação que estas contribuições representam ao longo do ano, é possível
afirmar que os estoques estão subestimados para um balanço anual.
Em comparação a outros estudos realizados em florestas primárias sobre Latossolos
Amarelos na região de Manaus, percebe-se que os estoques de Ca2+ foram mais elevados no
SAF-10, CAP-10 e FS-55 (Tabela 11). Entretanto, os estoques de Ca2+ observados neste
estudo foram menores em comparação à capoeira de 16 anos e ao SAF multiestratificado
analisados por Tapia-Coral et al. (2005).
Tapia-Coral et al. (2005) também observaram maiores estoques de Mg2+ na capoeira
em relação ao SAF, sendo ambos mais ricos neste elemento em comparação aos estudos com
floresta primária em Manaus (Luizão, 1989; Klinge & Rodrigues, 1968). Neste estudo, os
estoques de Mg2+ mostraram-se inferiores aos casos acima, talvez devido à ausência de dados
relativos ao verão (período mais seco), onde as contribuições deste elemento poderiam ser
entre duas a três vezes maiores (Tapia-Coral et. al., 2005).
O estoque de K+ observado na FS-55 foi mais parecido com os valores encontrados
em floresta primária por Klinge & Rodrigues (1968), porém, inferior em relação às
quantidades observadas numa capoeira de 16 anos e SAF multiestratificado por Tapia-Coral
et al. (2005). Os estoques deste elemento foram maiores no SAF-10, seguido pela CAP-10 em
85
relação aos estudos citados, e poderiam ser ainda maiores se fossem computados durante um
período maior, incluindo a FS-55.
Os estoques de P encontrados no SAF multiestratificado por Tapia-Coral et al. (2005)
foram maiores em comparação à capoeira, contudo, ambos foram inferiores em relação aos
estudos com floresta primária (Klinge & Rodrigues, 1968). Os estoques de P na FS-55 e
CAP-10 foram maiores em relação à capoeira estudada por Tapia-Coral et al. (2005), e mais
parecidos ao SAF multiestratificado. O estoque observado no SAF-10 foi superior em relação
a todos os sistemas mencionados, incluindo os valores encontrados em floresta primária. Para
o P, o cômputo da contribuição anual também poderia elevar os valores encontrados neste
estudo.
Tabela 11: Estoques de macronutrientes da liteira (Ca2+, Mg2+, K+ e P) em diferentes tipos de solo e sistemas de uso da terra.
(Agro)Ecossistemas Tipo /
Classe de solo
Estação Ca2+ Mg2+ K+ P
Referências ----------- (kg.ha-1) ------------
Floresta Primária* Lat. Amarelo
C + S 36.7 13.8 15.0 3.1 Luizão (1989)
Floresta Primária Lat. Amarelo
C + S 18.4 12.6 12.7 2.2 Klinge & Rodrigues (1968)
Floresta Primária Oxissol C + S 8.0 4.0 6.0 0.8 Montagnini & Jordan (2005)
Floresta Primária Cambissolo C + S 59.0 5.9 89.4 14.9 Villani et al. (2009) Floresta secundária (20-30 anos)
Cambissolo C + S 62.3 7.6 110.4 23.4 Villani et al. (2009)
CAP (16 anos) Lat. Amarelo
C + S 76.3 17.4 14.9 1.1 Tapia-Coral et al. (2005)
CAP (3-7 anos) Cambissolo C + S 58.5 6.5 110.1 18.7 Villani et al. (2009) SAF multiestrato (5 anos)
Lat. Amarelo
C + S 71.3 16.3 13.1 1.6 Tapia-Coral et al. (2005)
SAF multiestrato (15-30 anos)
Cambissolo C + S 74.2 10.3 153.5 27.9 Villani et al. (2009)
Roças Cambissolo C + S 59.5 7.3 124.0 21.0 Villani et al. (2009) Pastagem (≥ 30 anos)
Cambissolo C + S 32.6 4.4 64.1 11.5 Villani et al. (2009)
*Estação chuvosa (C), s/ou seca (S).
O estoque de nutrientes contido na liteira é proporcional à fertilidade do solo,
ocorrendo maiores concentrações em liteiras sobre solos mais ricos (Montagnini & Jordan,
2005). Este fato pode ser confirmado pela comparação na tabela acima (Tabela 11), dos
86
sistemas localizados sobre Latossolo amarelo (Manaus-AM) com os sistemas sobre
Cambissolos (Benjamim Constant-AM). Com exceção do Mg2+ é possível observar maiores
estoques de nutrientes em sistemas com mesmo tipo de uso da terra nas áreas de Cambissolo
em relação às de Latossolo. Por este mesmo raciocínio, é possível confirmar a limitação
relativa ao P nos latossolos.
Quanto ao tipo de uso da terra, mesmo em diferentes tipos de solo, o SAF aparece
como uma boa alternativa para o incremento do retorno dos nutrientes ao solo em relação às
capoeiras, roças e pastagens, mesmo em comparação às florestas primárias, que teoricamente
apresentam certo equilíbrio na dinâmica de ciclagem.
4. Conclusões
Alguns fatores associados a metodologia deste estudo, assim como as diferenças
relacionadas ao histórico de uso das áreas comparadas limitaram a procedência de uma análise
segura sobre os efeitos que a implantação do SAF resultou sobre os parâmetros qualitativos
do solo e da liteira. O fato de o estudo ter sido realizado numa área sem as delimitações
adequadas para um delineamento apropriado comprometeu parte das análises estatísticas.
Algumas diferenças físicas já existiam: o solo do SAF-10 apresenta textura diferente (textura
média) com relação aos solos das áreas da CAP-10 e FS-55 (muito argilosos), além disso,
antes mesmo de ser implantado, o SAF-10 já apresentava diferenças de fertilidade do solo (pH
mais elevado, e maiores teores de Ca2+, Mg2+, P, Zn e Mn) em relação à CAP-10.
O manejo empregado no SAF-10 entre 1998 até 2008, resultou na elevação do pH por
meio da neutralização (redução dos teores) do Al3+. A calagem, a adição de composto
orgânico, assim como a pratica de podas para uso de cobertura morta certamente contribuíram
para o aumento dos teores de K+, P, Zn e Mn. Em resposta aos efeitos da regeneração da
vegetação e da ciclagem de nutrientes na CAP-10, aparentemente houve um ligeiro aumento
do pH e dos teores de nutrientes pelo aporte de Ca2+, K+, Zn e Mn.
Melhores resultados relacionados à acidez do solo e para os teores de macro e
micronutrientes, com exceção do K+, foram associados ao SAF-10. Maiores teores de K+
87
foram associados a CAP-10, provavelmente em virtude do efeito residual da cinza originada
pela queima da vegetação. Maiores teores de Al3+ foram associados à FS-55, possivelmente
em resposta ao desenvolvimento da estrutura florestal, onde o retorno do Ca2+ na biomassa
resultou na redução do pH e aumento do Al3+ livre no solo. Com exceção da pequena
diferença dos teores de Al3+ e K+, o pH do solo e os teores de macro e micronutrientes
obsevados na CAP-10 e na FS-55 foram muito parecidos, o que leva a crer que após 10 anos
de pousio a regeneração da vegetação da CAP-10, entre outros fatores, resultou em
características químicas semelhantes ao processo resultado pela recuperação de uma floresta
secundária mais desenvolvida como a FS-55.
As diferenças dos teores de macronutrientes observadas nos três ambientes foram
proporcionais as diferenças dos teores encontrados na liteira coletada nestas áreas. Portanto a
liteira coletada no SAF-10 apresentou maiores teores de Ca2+, Mg2+, P e K+.
As diferenças sobre a massa total da liteira, bem como, sobre a massa das frações
classificadas em material folhoso, material lenhoso e de resíduos foi diretamente influenciada
pelo tipo e estrutura da vegetação. A massa total e a massa de material lenhoso foram
superiores na FS-55 devido à estrutura da floresta, com maior quantidade de resíduos de
galhos caídos das árvores. A massa de material folhoso foi superior na CAP-10 devido a uma
grande densidade de árvores de pequeno porte, cujas folhas depositadas provavelmente
acumulam-se em grande quantidade em resposta a uma ciclagem de nutrientes menos
eficiente nesta área. No SAF-10, a grande quantidade de árvores e palmeiras plantadas para
obtenção de frutos e fixação de nitrogênio foi responsável pela deposição de uma massa de
resíduos superior, rica em restos de sementes, flores e frutos.
A qualidade nutricional da liteira, além de ser influenciada pelas características
inerentes aos diferentes tipos de vegetação dos três ambientes, também foi determinada pela
qualidade nutricional do solo, pois, no SAF-10, as somas das frações da liteira apresentaram
maiores concentrações de macronutrientes em relação à CAP-10 e FS-55. A maior
concentração dos nutrientes observados na liteira do SAF-10 proporciona neste sistema, um
maior estoque de macronutrientes por meio da deposição destes materiais. A liteira da CAP-
10 mostrou maior capacidade em contribuir para o aporte de K+ (principalmente através do
material lenhoso) em relação à FS-55, contudo o estoque dos outros macronutrientes é maior
88
na FS-55, evidenciando um processo de ciclagem mais eficiente na floresta mais
desenvolvida.
O manejo empregado no SAF-10 demonstra claramente que as vantagens sobre a
qualidade nutricional do solo e da liteira neste sistema, estiveram mais associadas à adição de
nutrientes e ao uso de práticas favoráveis para o incremento e disponibilização dos mesmos. A
regeneração da vegetação da CAP-10 sugere que a qualidade nutricional do solo pode ser
recuperada, diante da comparação com o solo da FS-55. Contudo, a qualidade nutricional
superior da liteira na FS-55, assim como sua maior capacidade em contribuir para o estoque
de nutrientes indicam que a fertilidade do sistema é gradualmente acumulada na biomassa, e
não no solo. Desta maneira a recuperação da CAP-10 sem as interferências realizadas no
SAF-10, seria por si, incapaz de resultar num ambiente com os mesmos parâmetros gerados
no SAF. As vantagens do SAF-10 sobre a qualidade do solo e da liteira demonstrou a
importância que o manejo e a adição de fontes externas de nutrientes representou para seu
estabelecimento, da mesma maneira como o será para sustentar sua qualidade produtiva.
89
Capítulo III: O efeito do uso da terra com sistema agroflorestal sobre a distribuição das
comunidades da macrofauna edáfica 3.
1. Introdução
Na Amazônia, a biodiversidade e a densidade dos macro-invertebrados do solo em
florestas naturais são consideradas elevadas, e a conversão destes ecossistemas em outras
formas de uso da terra pode ocasionar mudanças severas sobre estas populações (Lavelle &
Pashanasi, 1989; Lavelle et al., 1995). O tipo de uso da terra, a intensidade, e a forma de
manejo empregado no sistema são determinantes para a composição e estrutura biológica do
solo (Barros et al., 2008).
Os macroinvertebrados do solo podem ser classificados de muitas maneiras, sendo um
dos critérios mais comuns, a classificação segundo o tamanho das formas de vida:
Microfauna, Mesofauna e Macrofauna (Brown, 1978). A macrofauna edáfica compreende aos
animais geralmente maiores que dois milímetros de diâmetro, visíveis à olho nu, e que passam
uma ou mais fases de sua vida no solo (Swift et al., 1979). Estes possuem o corpo
suficientemente grande para romper estruturas dos horizontes minerais e orgânicos do solo
durante sua alimentação (Anderson, 1988). Os organismos também chamados “engenheiros-
do-solo”, (cupins, formigas e minhocas) influenciam direta ou indiretamente na
disponibilidade de recursos para outros grupos, pela escavação, ingestão, ou transporte de
materiais orgânicos do solo, e pelas estruturas construídas como resultados dessas atividades,
incluindo galerias, bolotas fecais, montículos e ninhos, que modificam o ambiente físico e
químico do solo (Lavelle, 1997).
Os macro-invertebrados do solo são capazes de prover diferentes serviços ao
ecossistema mediante sua atividade, tais como: regulação da decomposição e dos processos de
ciclagem de nutrientes; manutenção das propriedades físicas do solo favoráveis às plantas;
modular a taxa de mineralização da matéria orgânica por meio da ativação seletiva de vários
3 Escrito conforme as normas da revista acta Amazônica.
90
grupos funcionais da microflora, entre outros (Correia & Oliveira, 2005; Lavelle et al., 2006;
Velazquez et al., 2007; Barros et al., 2008).
Além das condições naturais que determinam a fauna solo, fatores abióticos como
umidade excessiva ou seca, temperaturas do solo muito elevadas ou baixas, incidência de luz,
distúrbios freqüentes como aração, capina e queimada entre outras intervenções, também
influenciam diretamente na quantidade e qualidade das formas de vida do ambiente
(Primavesi, 2002). Por outro lado, a disponibilidade e qualidade do alimento ofertado no
ambiente são imprescindíveis à presença e seleção dos grupos mais favoráveis (Lavelle et al.,
1995; Tapia-Coral et al., 1999 Primavesi, 2002). Portanto, a transformação ambiental pode
resultar em modificações na cobertura da vegetação, no microclima local (insolação,
temperatura, umidade), nas propriedades físicas e químicas do solo, entre outras, relacionadas
à composição e estrutura da fauna edáfica.
A macrofauna é mais sensível às mudanças ambientais desfavoráveis, em comparação
à tolerância da mesofauna e microfauna (Lavelle et al., 1995). Por este motivo, a abundância e
diversidade destes macro-invertebrados podem ser consideradas indicadoras de diversos
aspectos qualitativos do solo (Aquino, 2005; Velasquez et al., 2007).
O uso da terra por meio dos sistemas agroflorestais pode proporcionar vantagens para
a recuperação da composição e estrutura da vegetação, e para diversas propriedades do solo.
Contudo, a diversidade, a densidade, assim como as atividades da macrofauna em resposta
aoutros tipos de usos da terra podem resultar em grandes diferenças. Neste capítulo a
distribuição da macrofauna edáfica foi comparada em uma área reaproveitada por meio da
implantação de um sistema agroflorestal multiestratificado de 10 anos com uma área de
regeneração natural adjacente, e com outra floresta secundária mais desenvolvida. . Acredita-
se que a implantação do SAF-10, assim como o manejo empregado, devam ter resultado em
diferenças sobre a estrutura e a composição da macrofauna edáfica deste sistema, em
comparação aos ambientes onde não houve intervenções (CAP-10 e FS-55). Acredita-se
ainda, que as diferenças relacionadas a estrutura e composição da macrofauna no SAF-10
estejam mais associadas às características do solo, do que com a vegetação.
91
2. Materiais e métodos
2.1. Descrição das áreas de estudo
As descrições das áreas de estudo são as mesmas apresentadas no Capítulo I (item 2.1,
p. 27)
2.2 Históricos de uso da terra, e das práticas de manejo empregadas para a implantação
do SAF na UDP
O histórico de uso da terra é o mesmo apresentado no Capítulo I (item 2.2, p.28).
Uma descrição detalhada sobre as práticas, das metodologias, e espécies utilizadas
para a implantação da vegetação do SAF foi apresentada no Capítulo I (item 2.3, p.29).
A descrição das práticas e metodologias adotadas para o preparo e manejo do solo foi
apresentada no Capítulo II (item, 2.3; p. 53).
2.3. Delineamento do experimento
O experimento foi considerado inteiramente casualizado (Pimentel-Gomes, 2000). Os
tratamentos corresponderam ao tipo de uso da terra (SAF-10, CAP-10 e FS-55) com três
parcelas (repetições) de 40 x 40m cada, alocadas aleatoriamente dentro de cada sistema. As
amostras de solo foram coletadas em nove pontos localizados dentro de cada parcela,
distantes de 10m entre si (Ver Figura 3, do Capítulo II)
92
2.4. Métodos de coleta dos dados
A coleta da macrofauna foi realizada entre os meses de abril a junho de 2008 (Figura
1), quando a atividade biológica do solo é mais intensa, seguindo-se as recomendações do
método do programa Tropical Soil Biology and Fertility, IUBS/UNESCO - TSBF (Biologia e
Fertilidade de Solos Tropicais), descrito por Anderson & Ingram (1993).
Uma única coleta foi realizada em cada um dos nove pontos de amostragem de cada
sistema, começando pelo SAF-10, seguido pela CAP-10 e FS-55. O intervalo entre as coletas
não foram regulares, pois, nos dias com alta pluviosidade as coletas tinham que ser suspensas
em virtude da dificuldade de se retirar as amostras e de realizar a triagem em campo.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Março Abril Maio Junho Julho
Pre
cipi
taçã
o di
ária
(mm
)
Meses (2008)
Início das coletas
Término das coletas
Figura 1: Normais climatológicas para a precipitação mensal (mm) de Manaus, entre 1961 a 1990 (A); Precipitação diária (mm) correspondente ao período de coleta de dados em 2008 (B). Fonte: INMET (2009).
Os macro-invertebrados (> 2mm de diâmetro) foram coletados na liteira e nas
camadas de solo, em nove pontos de cada parcela dos tratamentos, entre 0 a 30cm de
profundidade (Ver Figura 4, Capítulo 2, p. 58).
Primeiramente, um quadro de madeira de 25 x 25cm foi colocado em cada ponto de
coleta. Com auxílio de uma faca de serra, a liteira foi cortada dentro dos limites do quadro e,
em seguida, transferida para uma bandeja de plástico branca para coleta manual dos macro-
invertebrados visíveis a olho nu.
A B
93
Após a remoção da liteira, um buraco em forma de “L” foi cavado ao redor dos limites
do quadro para facilitar a remoção das camadas de solo, que foram orientadas com o uso de
uma régua, e retiradas com auxílio de uma pá reta e pá de “jardinagem” (Figura 2- A e B). Os
solos de cada camada foram armazenados separadamente em sacos plásticos grandes, e, aos
poucos, transferidos para bandejas plásticas para a realização da coleta da macrofauna.
Figura 2: Remoção da liteira de dentro dos limites do quadro de madeira de 25 x 25cm (A); Remoção das camadas de solo de 0-10, 10-20 e 20-30cm de profundidade (B). Foto A: Sandra Tapia-Coral (2005); Foto B: Bruno Scarazatti (2008).
Os macro-invertebrados foram coletados em campo, com ajuda de pinças e pincéis
(Figura 3-A). Em seguida estes foram guardados em frascos com álcool à 70% e 4% de
formol, devidamente etiquetados quanto às áreas de coleta, número da parcela, ponto de
coleta e profundidade de solo ou liteira. Os frascos foram transportados dentro de caixas de
poliestireno expandido até o laboratório (Figura 3-B).
Os animais coletados em campo foram identificados em laboratório no INPA, com
auxílio de uma lupa e por meio do uso de vidrarias e materiais adequados, onde foram
classificados enquanto grupo (ordem) (Barnes, 1984). Houve contagem para estimativa da
densidade (ind.m-2) e pesagem para obtenção da biomassa fresca em álcool (g.m-2) com
auxílio de balança analítica. As formas imaturas dos animais visíveis a olho nu seguiram o
mesmo procedimento, sendo agrupadas como larva. Algumas ordens de formas adultas de
macro-invertebrados foram classificadas em grupos funcionais como (Tabela 1):
A B
94
“Decompositores”; “Predadores”; “Herbívoros” e “outros” (Beck & Gasparotto, 2000). Foram
incluídos também nesta classificação, os “Engenheiros-do-solo”, constituídos pelos grupos:
Oligochaeta, Isoptera e Formicidae (Lavelle, 1997).
Figura 3: Coleta dos macroinvertebrados visíveis a olho (A), armazenados em frascos e guardados dentro de caixas de isopor (B).
Tabela 1: Classificação dos grupos funcionais dos macro-invertebrados.
Decompositores Predadores Herbívoros Outros Engenheiros-
do-solo
Oligochaeta Arachnida Orthoptera Blattaria Oligochaeta Isopoda Opilionida Hemiptera Diptera Isoptera
Diplopoda Scorpionida Homoptera Coleoptera Hymenoptera Pseudoscorpionida Gastropoda (Formicidae) Chilopoda Larvas Dermaptera
2.5. Métodos de análise dos dados
Foram realizadas análises de variância (ANOVA) para verificar as diferenças entre as
médias dos tratamentos, seguidas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância.
A B
95
Também foram feitas análises de componentes principais (ACP), com o intuito de
identificar as associações entre as variáveis com fatores determinantes para ocorrência da
macrofauna nos ambientes estudados. Análises de co-inércia foram usadas para testar a
significância das correlações entre grupos de dados previamente analisados pela ACP. O
software utilizado para as análises multivariadas foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
3. Resultados e Discussão
3.1. Densidade e diversidade dos macro-invertebrados do solo
A CAP-10 foi o sistema com maior diversidade de grupos de macrofauna, com um
total de 22 grupos. Esta também apresentou a maior média de densidade de indivíduos por
metro quadrado (1845 ind.m-2), seguida pela FS-55, onde foram observados 20 grupos com
uma densidade total de 1212 ind.m-2. No SAF-10 foram encontrados 18 grupos de
macrofauna, com uma densidade total de 1074 ind.m-2. As diferenças foram analisadas por
meio de ANOVA seguida pelo teste de Tukey, porém, não foram significativas entre os
tratamentos (Tabela 2).
Os grupos mais representativos na FS-55 e na CAP-10 foram isoptera (cupins) e
formicidae (formigas), os quais apresentaram as maiores densidades nestas áreas. Pelo
contrário, estes grupos tiveram menor representatividade no SAF-10, onde os isopoda
(“tatuzinhos”) e oligochaeta (minhocas) tiveram maiores densidades. Apesar das diferenças
visíveis entre as médias de densidade nestas áreas, estas não foram significativas (ao nível de
5%), o que pode ser explicado pelos altos valores de desvio padrão.
Grupos como arachnida (F = 8.53; p < 0.02), Chilopoda (F = 10.33; p < 0.01) e
coleóptera (F = 9.82; p < 0.01) foram significativamente mais representativos na FS-55,
principalmente com relação ao primeiro em comparação à CAP-10 e SAF-10, enquanto os
outros grupos foram significativamente maiores, apenas em relação ao SAF-10. Os grupos
blattodeae e orthoptera também apresentaram maiores densidades na FS-55. Na CAP-10, além
dos isopteras e formicidae, também apresentaram maiores densidades os grupos de hemíptera,
96
homóptera, larvas e outros, enquanto no SAF-10 (além dos destaques para a densidade dos
isopodas e oligochaeta) os diplopoda também foram mais representativos.
Tabela 2: Médias e desvio padrão da densidade (ind.m-2) dos grupos observados na floresta secundária de 55 anos (FS-55), capoeira de 10 anos (CAP-10) e sistema agroflorestal multiestratificado de 10 anos (SAF-10). Letras diferentes indicam diferenças ao nível de 5% pelo teste de Tukey; as siglas “ns” indicam diferenças não significativas. (n=3/tratamento)
Ordens FS-55 CAP-10 SAF-10
Arachnida 142 ± 25 a 121 ± 29 a 39 ± 41 b
Blattodea 22 ± 14 ns 17 ± 10 ns 4 ± 7 ns
Coleóptera 90 ± 29 a 51 ± 21 ab 15 ± 5 b
Chilopoda 60 ± 21 a 41 ± 8 ab 11 ± 6 b
Diplopoda 39 ± 7 110 ± 67 220 ± 179
Hemiptera 3 ± 4 ns 17 ± 12 ns 5 ± 8 ns
Formicidae 230 ± 61 ns 305 ± 220 ns 45 ± 35 ns
Homoptera 2 ± 3 ns 24 ± 21 ns 9 ± 7 ns
Isopoda 22 ± 11 ns 262 ± 241 ns 401 ± 192 ns
Isoptera 487 ± 607 ns 532 ± 152 ns 25 ± 34 ns
Larvas 25 ± 11 45 ± 17 24 ± 13
Oligochaeta 84 ± 6 ns 259 ± 185 ns 267 ± 58 ns
Orthoptera 4 ± 5 ns 1 ± 11 ns 1 ± 4 ns
Outros 2 ± 2 61 ± 55 7 ± 3
Total 1212 ± 511 ns 1845 ± 727 ns 1074 ± 282 ns
A relação das ordens agrupadas na classe arachnida, bem como aos demais
classificados como “outros” (Tabela 1), encontram-se listadas em anexo (Anexo 3 - A).
A densidade total da macrofauna observada na floresta secundária mais desenvolvida
neste trabalho (FS-55) foi um pouco mais elevada do que os resultados observados em
floresta primária sobre solo argiloso em Manaus, na estação chuvosa (1127 ind.m2), por
Bandeira & Harada (1998). Porém, em diferentes localidades da Amazônia brasileira, Barros
et al. (2008) encontraram uma média de 3300 indivíduos por metro quadrado em florestas
primárias. Na Amazônia peruana, em Jenaro Herrera, Tapia-Coral (2004) também encontrou
maior densidade na floresta primária, comparado às florestas secundárias deste estudo durante
as estações seca e chuvosa (2482 ind.m2).
Em plantios de espécies florestais, assim como em florestas secundárias, a densidade
da macrofauna pode ser parecida em comparação a florestas primárias, havendo em ambos os
97
casos, uma predominância de grupos sociais, como cupins e formigas, correspondente a mais
da metade da densidade dos outros grupos (Bandeira & Harada, 1998; Tapia-Coral, 2004;
Barros et al., 2008). Este fato foi observado em relação à capoeira de 10 anos, onde, tanto a
densidade quanto à riqueza de grupos foram maiores em relação à floresta secundária de 55
anos, assim como em relação ao sistema agroflorestal. A densidade de macrofauna tende a ser
menor em sistemas simplificados, como pastagens, monoculturas anuais (arroz e milho), bem
como em áreas degradadas (Velasquez et al. 2007; Barros et al. 2008). Brown et al. (2006),
mencionaram que a riqueza de grupos tende a ser maior em florestas perturbadas em relação à
plantios agroflorestais, e principalmente em pastagens, entre outros tipos de cultivos
simplificados. O tipo de cobertura vegetal, e o manejo empregado em agroecossistemas são
determinantes quanto à riqueza de espécies de macrofauna edáfica. Um estudo realizado por
Mathieu et al. (2004), no Estado do Pará, mostrou que a riqueza de morfoespécies foi duas
vezes maior numa área coberta sob a tufa de gramíneas (9-10 espécies por monólito) em
comparação às áreas descobertas no entorno (4-5 morfoespécies), sendo este efeito estendido
para a densidade total (de 768 ind.m2 no primeiro caso, e 274 no segundo).
Apesar da maior riqueza de grupos observadas na capoeira de 10 anos, é provável que
a diversidade de espécies seja maior na floresta secundária de 55 anos. Durante as coletas de
campo este fato pôde ser constatado visualmente, contudo, uma classificação taxonômica
mais aprofundada seria necessária.
As densidades de isoptera nos sistemas deste estudo foram inferiores aos resultados
encontrados em outros sistemas analisados por outros autores (Tapia-Coral, 2004; Barros et
al. 2008). Uma possível explicação pode ser a justificativa utilizada por Bandeira & Harada
(1998), onde o método recomendado por Anderson & Ingram (1993) mostrou-se dificultoso
para coleta de cupins, especialmente para espécies menores (entre 1-2mm) e de pouca
mobilidade, as quais são encontradas em grandes quantidades, e são difíceis de ser enxergadas
em meio ao material de triagem no campo. Tapia-Coral et al. (1999) também relataram
dificuldades quanto ao método TSBF para triagem de formigas, que em grande parte escapam
durante a coleta manual em campo. Neste estudo também houveram dificuldades para captura
de outros animais de maior mobilidade, como alguns insetos voadores (baratas), e saltadores
(gafanhotos, aranhas e grilos) por exemplo.
98
Menores densidades de cupins foram observadas em outros sistemas agroflorestais
comparados à capoeira adjacente por Tapia-Coral et al. (1999). Assim como neste estudo,
maior dominância de myriapodes (isopodas e diplopodas) e oligochaeta foram encontrados no
primeiro tipo de sistema pelos autores, e podem estar relacionadas ao tipo de material vegetal
que compõe à liteira, principalmente “cupuaçu” e “palmeiras” (pupunha e açaí). Segundo
Tapia-Coral et al. (1999), estas espécies fornecem refúgios preferenciais aos grupos de
macrofauna citados, especialmente durante à estação menos chuvosa.
3.2. Biomassa dos macro-invertebrados
Apesar de ter apresentado densidade total de indivíduos inferior em comparação aos
demais sistemas, o SAF-10 teve uma biomassa de macro-invertebrados significativamente
maior (F = 22.03; p < 0.02).
Dos grupos de macro-invertebrados mais representativos nos sistemas estudados, o
oligochaeta apresentou maiores valores de biomassa, principalmente no SAF-10, onde foi
significativamente maior em relação à CAP-10 (F = 34.04; p < 0.04). Na FS-55, o grupo
isoptera apresentou biomassa um pouco maior que o oligochaeta, e foi superior também em
relação aos demais sistemas. A heterogeneidade dos dados dificultou a análise estatística de
boa parte dos grupos analisados, resultando em diferenças não significativas em sua maioria.
Na FS-55, depois dos cupins e minhocas, os grupos de coleóptera, arachnida,
orthoptera e chilopoda, demonstraram maior biomassa em relação aos outros sistemas,
principalmente quanto ao chilopoda (F = 27.49; p < 0.01). Na CAP-10, além do grupo
oligochaeta, as biomassas dos grupos blattodea, hemíptera, formicidae, larvas e outros foram
maiores. Durante o período da coleta dos dados na CAP-10, foi observada uma grande
quantidade de larvas de lepidóptera (principalmente na liteira) desfolhando uma espécie
arbórea dominante, a Tapirira guianensis, sendo este fenômeno provavelmente comum no
ciclo destes animais nas condições ambientais deste sistema. No SAF-10, além das minhocas,
os grupos diplopoda, homóptera e isopoda apresentaram destaque em sua biomassa em
relação aos outros sistemas (Tabela 3).
99
Tabela 3: Médias e desvio padrão da biomassa (g.m-2) dos grupos observados na floresta secundária de 55 anos (FS-55), capoeira de 10 anos (CAP-10) e sistema agroflorestal multiestratificado de 10 anos (SAF-10). Letras diferentes indicam diferenças ao nível de 5% pelo teste de Tukey; as siglas “ns” indicam diferenças não significativas. (n=3/tratamento)
Ordens FS-55 CAP-10 SAF-10
Arachnida 0.496 ± 0.123 0.435 ± 0.110 0.254 ± 0.223
Blattodea 0.395 ± 0.427 0.678 ± 0.910 0.006 ± 0.011
Coleóptera 0.540 ± 0.188 ns 0.179 ± 0.068 ns 0.510 ± 0.651 ns
Chilopoda 1.061 ± 1.937 a 0.469 ± 0.090 b 0.457 ± 0.126 b
Diplopoda 1.748 ± 0.146 2.744 ± 1.671 ns 12.416 ± 8.301 ns
Hemiptera 0.009 ± 0.015 0.087 ± 0.071 0.018 ± 0.019
Formicidae 0.470 ± 0.320 ns 0.585 ± 0.469 ns 0.166 ± 0.131 ns
Homoptera 0.018 ± 0.022 0.326 ± 0.442 4.041 ± 3.606
Isopoda 0.036 ± 0.035 ns 3.579 ± 3.285 ns 3.732 ± 0.829 ns
Isoptera 6.533 ± 10.890 2.144 ± 1.290 0.084 ± 0.132
Larvas 0.249 ± 0.110 3.678 ± 5.441 0.298 ± 0.211
Oligochaeta 6.247 ± 0.374 9.414 ± 5.841 a 47.335 ± 9.624 b
Orthoptera 0.069 ± 0.068 ns 0.008 ± 0.009 ns 0.045 ± 0.078
Outros 0.001 ± 0.002 1.827 ± 1.326 1.080 ± 1.405
Total 18 ± 10.5 a 26 ± 10.0 a 70 ± 10.5 b
A biomassa total observada na época chuvosa no SAF-10 foi superior a alguns
resultados encontrados, tanto em florestas (36 g.m-2), quanto nas pastagens e capoeiras (entre
6-7 e, 3,5 g.m-2 respectivamente) na Amazônia oriental brasileira (Desjardins et al. 2004). O
SAF-10 também apresentou maior biomassa, tanto em comparação a florestas primárias na
Amazônia central (53 g.m-2), quanto em relação a outros sistemas agrflorestais observados por
Barros et al. (2003), próximos à Manaus. Entretanto, Tapia-Coral et al. (2007) encontrou
maiores valores em dois sistemas agroflorestais de 15 anos em J. Herrera (Peru), onde a
biomassa total, e a biomassa das minhocas foram superiores em relação ao registrado neste
trabalho.
Geralmente, maiores valores da biomassa da macrofauna encontrados em sistemas
menos complexos como pastagens e capoeiras, devem-se à presença de minhocas, ou
coleóptera (larvas), cuja massa corporal é comparativamente maior que a de outros animais de
maior densidade como cupins e formigas, por exemplo. Isto pôde ser observado em outros
estudos (Tapia-Coral, 2004; Barros et al., 2008). Neste estudo, a contribuição dos grupos
100
isopoda e diplopoda foi grande para a média total no SAF-10, onde foram encontrados
principalmente na liteira.
3.3. Distribuição vertical da macrofauna
A diversidade de grupos da macrofauna foi maior na liteira do solo, e seguiu uma
tendência de decréscimo conforme o aumento da profundidade abaixo da superfície (Figura
4).
0
5
10
15
20
25
FS-55 CAP-10 SAF-10
Núm
ero
de g
rup
os
Diversidade de grupos
Liteira
0-10
10-20
20-30
Figura 4: Número de grupos de macro-invertebrados encontrados nas camadas de liteira, e de solo (0-10, 10-20 e 20-30 cm de profundidade).
A densidade dos macro-invertebrados do solo foi predominante na camada de liteira
dos três sistemas estudados, onde esta correspondeu entre 46 e 58% do total de indivíduos
observados (Figura 5-A). Houve um decréscimo na quantidade dos animais encontrados em
função da profundidade, passando de 22 a 42% nas camadas de 0-10 cm do solo, para 4 e 8%
na camada de 10 a 20 cm, e 1-19% na última camada.
101
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
FS-55 CAP-10 SAF-10
Densidade (%)
Liteira
0-10
10-20
20-30
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
FS-55 CAP-10 SAF-10
Biomassa (%)
Liteira
0-10
10-20
20-30
Figura 5: Porcentagem da densidade (A) e biomassa (B) dos macro-invertebrados ocorridos nas camadas de liteira, e de solo (0-10, 10-20 e 20-30 cm de profundidade).
Na FS-55, o destaque da densidade correspondeu à predominância de cupins na liteira
(espécies de superfície), e na camada de 20-30 cm de profundidade do solo (espécies do solo),
enquanto entre as camadas de 0-20 cm, houve o predomínio de formigas e minhocas (Anexo
3). Na CAP-10, maior densidade de isopoda foi observada na liteira, assim como ocorrido no
SAF-10. Contudo, enquanto as camadas entre 0 a 30 cm de profundidade do solo da CAP-10
foram dominadas por isoptera, no SAF-10 houve um predomínio na densidade de oligochaeta
(Anexo 3).
Em todos os sistemas, maiores biomassas da macrofauna estiveram concentrada na
camada de 0-10cm de profundidade do solo (Figura 5-B), principalmente devido ao grupo
oligochaeta (Anexo 4). Os cupins de solo encontrados na FS-55 e CAP-10 concentraram
maior parte da biomassa na camada de 20-30 cm de profundidade, ao passo que, no SAF-10, o
grupo homóptera (“cigarras”) foi mais representativo. Na liteira da CAP-10 e do SAF-10 os
grupos isopoda e diplopoda foram, respectivamente, responsáveis pelas maiores biomassas
encontradas.
A existência de maiores densidades e diversidade de grupos de macro-invertebrados
na liteira sobre o solo é reconhecida em virtude da presença de matéria orgânica e detritos
vegetais variados, que funcionam como fonte de energia e alimento para toda uma cadeia
trófica dela dependente (Anderson & Swift, 1983). O tipo e qualidade do material (relação
C/N, concentrações de polifenóis, lignina, entre outros) influenciam e determinam a presença
A B
102
das comunidades na liteira por intermédio da palatabilidade dos animais (Bandeira & Harada
1998; Tapia-Coral, 1999, Primavesi, 2002; Aquino, 2005).
Tapia-Coral et al. (1999) constataram maiores densidades e biomassas dos grupos
diplópoda e isópoda sobre a liteira de SAFs na Amazônia Central, comparado à capoeiras
adjacentes, que por sua vez apresentaram maiores valores para os isopteras, principalmente no
período chuvoso. Bandeira & Harada (1998) também verificaram vantagens em sistemas de
plantios silviculturais em relação à floresta para os primeiros grupos mencionados.
3.4. Grupos funcionais
Excetuando-se os grupos sociais (isoptera e formicidae), algumas diferenças entre as
densidades dos macro-invertebrados do solo classificados em grupos funcionais foram
observadas entre as diferentes áreas (Tabela 4): No SAF-10 a quantidade de “decompositores”
(isopoda, diplopoda e oligochaeta) foi significativamente maior em relação à FS-55 (F =
11.94; p < 0.008); o grupo de “predadores” (arachnida, opilionida, scorpionida,
pseudoscorpionida, chilopoda e dermaptera), por outro lado, foi significativamente maior na
FS-55 e na CAP-10 em relação ao SAF-10 (F = 10.37; p < 0.01); O grupo de “herbívoros”
(orthoptera e homóptera) não apresentou diferenças significativas quanto à densidade,
contudo foi mais representativo na CAP-10, seguida pelo SAF-10; o grupo classificado como
“outros” (blattodea, díptera, coleóptera, gasteropoda e larvas) também foi mais elevado na
CAP-10, seguido pela FS-55, com diferenças não significativas entre os tratamentos. Foi
possível perceber que as concentrações destes grupos funcionais na CAP-10 foram
intermediárias entre os valores do SAF-10 e FS-55.
103
Tabela 4: Densidade média e desvio padrão dos grupos funcionais de macrofauna edáfica dos diferentes sistemas estudados (FS-55, CAP-10 e SAF-10). Números seguidos por letras iguais não diferem ao nível de 5% de significância (Tukey); As siglas “ns” indicam diferenças não significativas. (n=3/tratamento)
Grupos Funcionais FS-55 CAP-10 SAF-10
Decompositores 144 ± 22 a 631 ± 267 b 888 ± 190 b
Predadores 202 ± 46 a 162 ± 36 a 50 ± 45 b
Herbívoros 9 ± 3 ns 41 ± 33 ns 15 ± 13 ns
Outros 139 ± 51 ns 172 ± 66 ns 51 ± 17 ns
Em campo, na FS-55, foi observada uma diversidade grande de predadores,
especialmente arachnídeos e chilopodas, na liteira e nas galerias do solo. Estes valores na FS-
55 foram maiores do que a densidade de predadores encontrados por Tapia-Coral, (2004)
numa floresta primária no Peru. A densidade do grupo dos “herbívoros” seria ainda maior na
CAP-10, caso as larvas de lepidóptera fossem somadas ao mesmo, uma vez que foram
encontradas em grande quantidade desfolhando as árvores deste sistema. O grupo gasteropoda
também foi observado em maior quantidade na CAP-10, onde foram contados em sua maioria
pela presença de conchas (exoesqueleto). No SAF-10, o destaque do grupo de decompositores
deveu-se à alta densidade dos grupos diplopoda, isopoda e oligochaeta, provavelmente
atribuídos à melhor qualidade da liteira e características favoráveis do solo. No Peru, a
densidade de decompositores encontrados na floresta primária foram maiores do que os
valores observados na FS-55, porém, foram inferiores aos valores observados na CAP-10 e no
SAF-10.
3.5. Engenheiros-do-solo
A densidade do grupo “engenheiros-do-solo” (oligochaeta, isoptera e formicidae) foi
mais elevada na FS-55 (1096 ind.m-2), seguida pela CAP-10 (800 ind.m-2), e menor no SAF-
10 (337 ind.m-2). Apesar da discrepância entre as médias deste grupo (Tabela 5), as diferenças
não foram consideradas significativas por meio da ANOVA, provavelmente, devido à
variabilidade dos dados.
Apesar da menor densidade dos engenheiros-do-solo no SAF-10, sua biomassa foi
significativamente maior (F = 14.25; p < 0.005), em função da quantidade de minhocas.
104
Tabela 5: Média e desvio padrão das densidades e biomassa do grupo “engenheiros-do-solo” (oligochaeta, formicidae e isoptera) nos três sistemas estudados. Números seguidos por letras iguais não apresentam diferenças significativas.
Sistema Densidade
(ind.m-2
)
Biomassa
(g.m-2
)
FS-55 800 ± 615 ns 13 ± 11 a
CAP-10 1096 ± 460 ns 12 ± 7 a
SAF-10 337 ± 25 ns 48 ± 10 b
As densidades dos engenheiros-do-solo, comparadas à densidade dos outros grupos
(demais grupos de macro-invertebrados observados), foram maiores na FS-55 e na CAP-10,
enquanto o contrário ocorreu no SAF-10 (Figura 6 - A). Já as biomassas dos engenheiros do
solo, comparadas com as biomassas dos demais grupos, foram mais elevadas em todos os
sistemas, sendo a diferença um pouco mais equilibrada na FS-55 (Figura 6 - B).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
FS-55 CAP-10 SAF-10
Den
sida
de (
%)
Densidade (%): "Eng. Solos" x "Outros"
Eng Solos
Outros
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
FS-55 CAP-10 SAF-10
Bio
mas
sa (
%)
Biomassa (%): "Eng. Solos" x "Outros"
Eng Solos
Outros
Figura 6: Comparação da porcentagem da densidade (A) e biomassa (B) do grupo “engenheiros-do-solo” e “outros”, nos três sistemas estudados.
Luizão & Schubart (1987) estimaram que cerca de 40% ou mais da perda da massa da
liteira durante a estação chuvosa esteve atribuída à atividade dos cupins numa floresta
primária. A atividade dos cupins provavelmente interfere de maneira significativa na
dinâmica de nutrientes por meio da movimentação de detritos orgânicos levados para as
A B
105
galerias subterrâneas, e de solo trazido para a superfície (o que interfere principalmente na
quantidade de Fe e Al).
Segundo Lavelle et al. (1995), os engenheiros do solo são capazes de modificar
algumas propriedades químicas do solo, como o pH principalmente, através da neutralização
da acidez em função do caráter básico dos excrementos expelidos por minhocas, bem como,
por meio da incorporação do húmus em função da atividade física destes (formigas e cupins).
É possível que toda a camada arável do solo passe através do intestino das minhocas a cada
três anos (Primavesi, 2002). Além das minhocas, outros animais como, alguns tipos de larvas,
miriápodes, entre outros, possuem glândulas calcíferas que contribuem para a neutralização
do ambiente (ibid).
3.6. Análise de componentes principais (ACP) da macrofauna em função dos sistemas
estudados
A análise de componentes principais – ACP - representada na Figura 7 (A e B), mostra
a distribuição das médias totais da densidade dos grupos de macrofauna dos sistemas
estudados no plano fatorial, onde, os fatores 1 e 2 explicam respectivamente, 21.54 e 16.31%
(soma de 37,85%) da variabilidade dos dados. O fator 1 do círculo de correlações (Figura 7-
A) separou principalmente, os grupos diplopoda, isopoda e oligochaeta (vermelho) dos
demais (ver matriz de correlações, Anexo 3-C). O fator 2 separou com maior destaque, os
grupos aranea, chilopoda e coleóptera (verde). A Figura 7-B mostra a distribuição dos
sistemas em função das variáveis (Figura 7-A), onde maiores densidades dos grupos
diplopoda, isopoda e oligochaeta estão relacionadas ao SAF-10, separado dos demais sistemas
pelo fator 1. O fator 2 separou a FS-55 da CAP-10, relacionando os dois conjuntos de grupos
da macrofauna aos respectivos sistemas. As análises discriminantes mostraram que estas áreas
puderam ser consideradas diferentes entre si quanto às variáveis analisadas (p < 0.001).
106
CAP
CAPCAP
CAPCAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
FTA
FTAFTA
FTA
FTAFTA
FTA
FTA
FTA
FTA
SAF
SAF
SAFSAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
-4.7
3.5-3.4 4
ARAN
BLAT
COLECHIL
DIPT
DIPLD
GAST
HEMIP
VESP
FORM
HOMO
ISOPD
ISOPT
LCOLE
LDIPT
LLEPIOLIG
OPIL
ORTHO
PSEUD
SCHIZ
RICIN
-1
1-1 1
F1 (21,54 %)
F2 (16,31 %)
F1 (21,54 %)
F2 (16,31 %)
P < 0.001
Figura 7: Análise de componentes principais (ACP) para associação da variabilidade das densidades dos grupos de macrofauna em função dos sistemas estudados (SAF-10, CAP-10 e FS-55). Os fatores 1 e 2, explicaram respectivamente, 21.54 e 16.31% da variabilidade dos dados. Os sistemas foram considerados diferentes entre si quanto às variáveis analisadas (p < 0.001). (n=9/tratamento) O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
4.6. Relações entre as médias totais das densidades dos grupos de macrofauna com
algumas características ambientais dos sistemas: Análises de co-inércia entre análises de
componentes principais (ACP)
As análises de co-inércia foram realizadas para testar a significância da correlação
entre os seguintes grupos de dados relacionados à densidade média total da macrofauna entre
os sistemas (Tabela 6): i) médias dos valores de pH e dos teores de Al3+ do solo; ii) médias
dos teores de macronutrientes do solo (Ca2+, Mg2+, P e K+); iii) médias dos teores de
micronutrientes (Fe, Zn e Mn); iv) médias da massa da liteira (fração folhosa, lenhosa e de
resíduos) e dos teores de macronutrientes (Ca2+, Mg2+, P e K+) e; v) médias dos teores de
areia, silte e argila (textura do solo).
107
Tabela 6: Resultados das análises de co-inércia (correlação) entre a densidade dos grupos de macrofauna, com outras variáveis do solo e liteira (n=9/tratamento). Os fatores 1 e 2 correspondem às porcentagens de explicação das variáveis no plano fatorial. O valor de “p” corresponde à significância das correlações. O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
Variáveis (Co-inércia) Fatores (inércia)
Significância estatística Fator 1 Fator 2 Soma (F1+F2)
Macrofauna x pH e Al 95.84 4.16 100 p < 0.001
Macrofauna x Macronutrientes 82.18 13.29 95.47 p < 0.001
Macrofauna x Micronutrientes 81.84 17.92 99.76 p < 0.001 Macrofauna x Massa e macronutrientes da liteira
53.89 17.48 71.37 p < 0.007
Macrofauna x Granulometria 82.56 17.44 100 p < 0.027
As análises entre a macrofauna (da liteira e do solo) com os valores de pH e Al3+,
demonstraram correlações significativas em relação aos sistemas (p < 0.001). Houve uma
separação bastante nítida da distribuição dos sistemas entre os eixos do gráfico. O fator 1
correspondeu quase à totalidade das variações (95.84%), separando principalmente, as
parcelas do SAF-10 em relação à FS-55 (Figura 8, A e B).
pH
Al
-0.9
-0.55-0.9 0.9
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAPCAP
CAP
FTA
FTA
FTA
FTAFTAFTA
FTA
FTA
FTA SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
-2.3
2.3-2.3 2.3
ARAN
BLATCOLE
CHIL
DIPT
DIPLD
GASTHEMIP
VESP
FORM
HOMO ISOPD
ISOPTLCOLE
LDIPT
LLEPI
OLIG
OPIL
ORTHO
PSEUD
SCHIZRICIN
-0.55
0.55-0.5 0.5
F1 (95,84%)
F2 (4,16%)
F1 (95,84%)
F2 (4,16%)
P < 0.001
Figura 8: Análise de co-inércia entre as médias totais da densidade dos grupos de macrofauna de cada sistema (n=9), em função dos valores médios de pH e Al3+ (n=9). Os fatores 1 e 2 explicaram, respectivamente, 95.84% e 4.16% das variáveis. Os sistemas foram diferentes entre si (p < 0.001). Os dados foram gerados por meio do software ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
A
B
108
É possível perceber que os grupos diplopoda (principalmente), isopoda e oligochaeta,
entre outros, foram mais correlacionados com maiores valores de pH (no SAF-10, ver Cap.2),
enquanto os grupos aranea, chilopoda e coleóptera, estiveram mais associados à maiores
concentrações de Al3+ (e baixo pH). Tanto a análise de componentes principais realizada para
os grupos de macrofauna em função dos sistemas, quanto à ACP feita apenas para o pH e Al
do solo (Anexos 3, D e E), confirmaram estas tendências de maneira signifcativa (p < 0.001).
Entretanto, o resultado para pH e Al, apresentou maiores valores para os fatores 1 e 2 (Tabela
7), que, juntos corresponderam a 100% das explicações por meio da distribuição dos dados no
plano fatorial, enquanto esta soma foi menor entre os fatores da ACP da macrofauna (38%).
Tabela 7: Resultados das análises de componentes principais (ACP), quanto à variabilidade das densidades de macrofauna (liteira; liteira e solo), valores de pH e Al3+ do solo, macro (Ca, Mg, K e P) e micronutrientes (Zn, Fe e Mn) do solo, massa e macronutrientes da liteira, e granulometria. Os fatores 1 e 2 (% inércia) correspondem à explicação da variância dos dados. Os sistemas foram analisados quanto à significância de suas diferenças. O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
Variáveis (ACP) Fatores (% inércia)
Significância estatística Fator 1 Fator 2 Soma (F1+F2)
macrofauna (liteira) 18.17 14.63 33 p < 0.001
macrofauna (liteira + solo) 21.54 16.31 38 p < 0.001
pH e Al3+ do solo 89.66 10.34 100 p < 0.001
macronutrientes do solo 72.83 20.68 94 p < 0.001
micronutrientes do solo 70.16 29.31 99 p < 0.001
massa e macronutrientes da liteira 45.11 14.89 60 p < 0.001
granulometria 68.53 31.47 100 p < 0.001
A análise de co-inércia entre as variáveis de macrofauna com os macronutrientes do
solo também apresentou correlações significativas entre os sistemas (Tabela 6). Os fatores 1 e
2 apresentaram alta porcentagem de explicação da variabilidade dos dados (82.18 e 13.29%
respectivamente). A separação das parcelas dos sistemas foi nítida na Figura 9-B. Novamente,
o fator 1 separou as parcelas do sistema SAF-10 da FS-55 e CAP-10, correlacionando maiores
densidades dos grupos diplopoda, oligochaeta e isopoda com maiores teores de Ca2+, P e
Mg2+ (Figura 9-A). A ACP da variabilidade destes nutrientes também demonstrou diferenças
significativas (Tabela 7). Nesta, o fator 1 e 2 também apresentaram altos valores de inércia
(72.23 e 20.68%), relacionando maiores valores de Ca2+, P e Mg2+ com o SAF-10, ao passo
que, maiores quantidades de K foram atribuídas à CAP-10 (Anexos 3, F e G).
109
Ca
Mg
K
P
0.05
2-0.8 0.8
ARAN
BLAT
COLECHIL
DIPT
DIPLD
GAST
HEMIP
VESP
FORM
HOMO
ISOPD
ISOPT
LCOLE
LDIPT
LLEPI
OLIG
OPIL
ORTHO
PSEUD
SCHIZ
RICIN
-0.5
0.6-0.45 0.45
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAPCAPCAP
FTA
FTAFTAFTAFTAFTAFTAFTA
FTA
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
-2
3-3 2.5
F1 (82,18%)
F1 (82,18%)
F2 (13,29%)
F2 (13,29%)
p < 0.001
Figura 9: Análise de co-inércia entre as médias da densidade total dos grupos de macrofauna de cada sistema (n=9), em função dos valores médios de macronutrientes (n=9). Os fatores 1 e 2 explicaram, respectivamente, 82.18% e 13.29% das variáveis. As correlações foram consideradas significativas (p < 0.001). Os dados foram gerados por meio do software ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
A co-inércia entre macrofauna e micronutrientes também apresentou correlação
significativa quanto estas variáveis nos sistemas (Tabela 6). Os fatores 1 e 2 apresentaram
altas porcentagens, onde o primeiro separou a maior parte das parcelas do SAF-10 da FS-55 e
CAP-10, correlacionando principalmente, maiores densidades de diplopodas (entre outros) em
função de teores mais elevados Mn no SAF-10 (Figuras 10, A e B). O fator 2 separou o SAF-
10 e a FS-55 da CAP-10, bem como os elementos Zn e Mn do Fe. A ACP feita para os
micronutrientes do solo confirmam esta tendência de maneira significativa, apresentando altos
valores para os fatores 1 e 2 (Tabela 7 e Anexos 3, H e I).
A
B
110
Fe
Zn Mn
-1.1
1.20.52 0.62
ARAN
BLATCOLE
CHIL
DIPTDIPLD
GAST
HEMIP
VESP
FORMHOMO ISOPD
ISOPT
LCOLELDIPT
LLEPI
OLIG
OPIL
ORTHO
PSEUD
SCHIZ
RICIN
-0.6
0.6-0.7 0.7
CAPCAP
CAP
CAPCAPCAP
CAP
CAP
CAP
FTA
FTA
FTA
FTA
FTAFTAFTA
FTA
FTA
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAFSAF
-2.8
2.8-3.6 3.6
F1 (81,84%)
F1 (81,84%)
F2 (17,92%)
F2 (17,92%)
P < 0.001
Figura 10: Análise de co-inércia entre as médias da densidade total dos grupos de macrofauna de cada sistema (n=9), em função dos valores médios de micronutrientes (n=9). Os fatores 1 e 2 explicam, respectivamente, 81.84% e 17.92% das variáveis separadas pelos eixos 1 e 2. Os sistemas foram diferentes entre si (p < 0.001). Os dados foram gerados por meio do software ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
As análises entre a média da densidade da macrofauna da liteira, com as variáveis
relacionadas à massa da liteira (frações de material folhoso, lenhoso e resíduo), bem como,
com os macronutrientes contidos na mesma (Ca, Mg, P e K), também demonstraram
correlações significativas (Tabela 6). No entanto, os fatores 1 e 2 apresentaram porcentagens
comparativamente menores, apesar da boa representatividade explicativa (71.37%). O fator 1
separou os sistemas SAF-10 e FS-55 da CAP-10 (Figura 11-B), bem como o grupo
oligochaeta, mais associado aos dois primeiros sistemas. O fator 2 separou parte das parcelas
de SAF-10 e FS-55, onde, no primeiro sistema, a massa de resíduos foi mais relacionada à
quantidade de diplopodas (Figura 11-A). O fator 2 também separou o elemento K dos demais
macronutrientes. A ACP feita para estas variáveis da liteira confirmaram também condizem
com as associações de massa e nutrientes da liteira (Tabela 7). Os valores dos fatores 1 e 2
também foram comparativamente menores, no entanto, atribuíram à liteira do SAF-10
maiores concentrações de nutrientes (Anexos 3, J e K).
111
MF
ML
MR
CaMg
K
P
-1
1-0.8 0.8
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
FTA
FTA
FTAFTA
FTA FTA
FTAFTA
FTASAF
SAF
SAF
SAF
SAFSAF
SAF
SAF
SAF
-2.6
2.6-2.6 2.6
ARAN
BLATCOLE
CHIL
DIPT
DIPLD
GAST
HEMIP
VESP
FORM
HOMO
ISOPD
ISOPT
LCOLE
LDIPTLLEPI
OLIG
OPIL
ORTHO
PSEUD
SCHIZ
RICIN
-0.5
0.5-0.6 0.6
F1 (53,89%)
F1 (53,89%)
F2 (17,48%)
F2 (17,48%)
P < 0.007
Figura 11: Análise de co-inércia entre as médias da densidade dos grupos de macrofauna da liteira (n=9), em função dos valores médios da massa da liteira (MF=fração folhosa; ML=fração lenhosa e, MR=fração de resíduos), e dos macronutrientes (Ca, Mg, P e K) (n=9). Os fatores 1 e 2 explicaram, respectivamente, 53.89% e 17.48% das variáveis separadas pelos eixos 1 e 2. As correlações foram consideradas significativas (p < 0.007). Os dados foram gerados por meio do software ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
Quanto à análise de co-inércia entre a textura do solo com a macrofauna, a correlação
entre estas variáveis foi menor em relação aos outros testes (p < 0.03), mesmo assim puderam
ser consideradas como significativas. O fator 1 correspondeu à maior parte da variabilidade
dos dados, separando principalmente, os teores de argila e areia (Figura 12-A), bem como o
SAF-10 da CAP-10 (Figura 12-B). O fator 2 mostra uma tendência para concentração dos
diplopodas no SAF-10. Todavia, a relação das densidades dos grupos de macrofauna com os
diferentes sistemas seguem as mesmas tendências já descritas. A ACP da granulometria
demonstrou boa representatividade pelos fatores 1 e 2, apresentando diferenças significativas
entre os sistemas (Tabela 7; Anexos 10, A e B).
112
ARAN
BLATCOLE
CHIL
DIPT
DIPLD
GAST
HEMIP
VESPFORM
HOMO
ISOPDISOPT
LCOLE
LDIPTLLEPI
OLIG
OPIL
ORTHOPSEUD
SCHIZ
RICIN
-0.9
0.9-0.5 0.5
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
FTA
FTA
FTA
FTA
FTA
FTA
FTAFTA
FTA
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
-4
3.5-2.1 2.1
F1 (82,56%)
F1 (82,56%)
F2 (17,44%)
F2 (17,44%)
p < 0,027
ARE
SIL
ARG
-1.2
1.2-0.8 0.8
Figura 12: Análise de co-inércia entre as médias da densidade total dos grupos de macrofauna (n=9), em função dos valores médios dos teores de areia (ARE), silte (SIL) e argila (ARG). Os fatores 1 e 2 explicaram, respectivamente, 82.56% e 17.44% das variáveis. A correlação entre as variáveis foi significativa (p < 0.027). Os dados foram gerados por meio do software ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
Dentre os conjuntos de análises realizadas, a densidade dos grupos de macrofauna
apresentaram correlações mais significativas com as variáveis de pH e Al3+ do solo, assim
como, com relação aos teores de macro e micronutrientes. Tanto as correlações associadas às
quantidades de massa e macronutrientes da liteira, como para a granulometria do solo
apresentaram menores valores de significância. No caso das associações com a liteira, houve
também menores porcentagens de inércia dos fatores, assim como ocorrera na análise de
componentes principais destas variáveis.
Certamente existem muitas variáveis ambientais que determinam a densidade e a
diversidade de grupos ou espécies de macro-invertebrados num ecossistema. Por outro lado,
fatores relacionados ao tipo de uso da terra, histórico, intensidade e práticas de manejo
também são capazes de interferir sobremaneira na biologia do solo.
Na Amazônia, a umidade do solo é uma variável que exerce influência sobre as
variações na composição de grupos e espécies da macrofauna, que é mais abundante durante a
estação chuvosa, quando ocorre uma atividade biológica mais intensa, em decorrência do
113
aumento nas taxas de decomposição, ciclagem de nutrientes e dinâmica de raízes (Dantas,
1979; Luizão & Schubart, 1987). Bandeira & Harada (1998) encontraram maiores densidades
de macrofauna durante a estação chuvosa, em relação à seca. Tapia-Coral et al. (1999), assim
como Bandeira & Harada (1998), verificaram maiores densidades de cupins na estação seca
em sistemas agroflorestais e floresta primária na Amazônia Central. Tapia-Coral et al. (1999)
também observaram reduções acentuadas na densidade de diplópodos durante a seca, os quais
procuraram por refúgios em nichos mais adequados, como na liteira de cupuaçu e palmeiras
nos SAFs.
Segundo Lavelle et al. (1995), baixos valores de pH do solo podem influenciar a
presença de alguns grupos da macrofauna. O mesmo autor menciona que os cupins são mais
tolerantes às condições de acidez, enquanto outros grupos devem ser favorecidos com pH
mais elevado, como coleóptera (larvas) e oligochaeta (algumas espécies). Em geral, há maior
tolerância à acidez pelas espécies tropicais, o que justifica a alta diversidade e abundância
destas (Lavelle et al., 1995). Mesmo em solos com pH baixo, tanto as propriedades químicas
e físicas do solo, quanto, principalmente, a qualidade da matéria orgânica no sistema devem
ser determinantes para as variações locais (Lavelle et al., 1995; Primavesi, 2002; Brown,
2006).
Nos sistemas FS-55 e CAP-10, a acidez elevada do solo deve ocasionar uma
decomposição mais lenta da matéria orgânica, resultando num maior acúmulo da liteira,
principalmente, de materiais lenhosos ou lignificados, colaborando para maiores densidades
de cupins e formigas. No SAF-10, o solo menos ácido deve favorecer a decomposição da
matéria orgânica, assim como a liteira, que possui melhor qualidade em função da abundância
de espécies leguminosas, as quais também apresentam maiores contribuições para o aporte de
macronutrientes (Cap.2). Segundo Primavesi (2002), a quantidade e atividade das enzimas do
solo são maiores com o pH entre 5,0 e 6,0. No SAF-10 também são realizadas práticas de
manejo como adubação verde (“mulch”), poda e capina seletiva e adição de compostos
orgânicos. Estas características no SAF justificam maiores densidades de grupos
decompositores, beneficiados pela da oferta de alimentos e condições preferenciais aos
mesmos. Pelos mesmos motivos, no SAF-10 também houve maiores teores de macro e
micronutrientes, por sua vez associados aos grupos de maior destaque.
114
Os sistemas de uso da terra resultaram em diferentes composições de grupos da
macrofauna, sendo: provavelmente mais diversificada e estruturalmente complexa na FS-55;
estruturalmente parecida, porém menos diversificada na CAP-10 em relação à FS-55, e;
menos diversificada e estruturalmente distinta no SAF-10.
4. Conclusões
O uso da terra com sistema agroflorestal multiestratificado, resultou numa composição
e estrutura de grupos de macro-invertebrados diferente com relação a uma área de capoeira de
regeneração natural adjacente. A capoeira mostrou uma recuperação rápida dos principais
grupos da macrofauna, tornando-se semelhante à floresta secundária de 55 anos quanto à
composição e estrutura dos macro-invertebrados do solo.
Apesar de ter apresentado menor densidade total, e menor número de grupos de
macrofauna em relação à CAP-10, a FS-55 certamente deve apresentar maior diversidade
dentro de cada grupo, assim como maior complexidade de interações entre os mesmos. Esta
diversidade foi observada em campo, e pode ser justificada pelas maiores densidades de
grupos predadores na FS-55.
Maiores densidades de macrofauna na CAP-10 e FS-55 em relação ao SAF-10,
justificam-se, em grande parte, à abundância de cupins e formigas nestes sistemas, onde
constituíram os grupos de maior representatividade. No SAF-10 a densidade de isoptera e
formicida foram baixas, enquanto os grupos isopoda, oligochaeta e diplopoda foram os mais
representativos. O grupo oligochaeta foi responsável pela alta biomassa total,
significativamente maior no SAF-10
Altas densidades de cupins e formigas são comuns em florestas e capoeiras. Na FS-55
e CAP-10, a densidade de cupins e formigas deve ter sido favorecida por fatores como: maior
massa de material folhoso e lenhoso depositados com a liteira, resultando na oferta de
alimentos para estes animais; menor quantidade de nutrientes na liteira e acidez elevada do
solo, resultando numa decomposição mais lenta e no acúmulo de material orgânico. No SAF-
10, uma melhor qualidade nutricional da liteira, associada a melhores características químicas
115
do solo atribuídas às práticas de manejo do sistema, favoreceram a presença de animais
decompositores (diplopoda, isopoda e oligochaeta) por meio da oferta alimentos e nichos
preferenciais.
Essa composição determinou uma maior densidade de “engenheiros-do-solo”
(isoptera, formicida e oligochaeta) na CAP-10 e na FS-55, enquanto os decompositores
predominaram no SAF-10. Ambos os grupos atuam positivamente para a melhoria do solo,
através de diferentes atividades. A alta densidade de minhocas no SAF-10 deve ter
proporcionado maiores benefícios ao sistema.
O SAF-10 apresentou menor riqueza de grupos, e possivelmente menor diversidade,
talvez, devido à presença humana freqüente no sistema, tanto como pelas intervenções
periódicas para o manejo (capina, poda, adubação-verde, entre outras).
116
CONCLUSÕES GERAIS
Primeiramente, é preciso considerar que as diferenças observadas sobre a qualidade
dos parâmetros analisados nos três ambientes, foram mais atribuídas em resposta aos
diferentes históricos de uso das áreas do que pelo efeito do uso da terra isoladamente. Os tipos
de intervenções que caracterizaram o histórico de uso foram determinantes para modificar a
qualidade dos ambientes, e influenciaram tanto na capacidade de recuperação natural (CAP-
10 e FS-55), como por meio do manejo (SAF-10). Alguns fatores limitaram a realização de
análises para uma comparação mais segura entre as áreas, e estiveram relacionados à: i)
diferenças sobre as propriedades físicas e químicas do solo (a textura do solo foi menos
argilosa no SAF-10 e o histórico de uso favoreceu algumas propriedades químicas em relação
à área de regeneração natural adjacente); ii) ausência de repetições verdadeiras (este erro foi
favorecido pelo aproveitamento de uma unidade demonstrativa implantada sem um
delineamento prévio); iii) diferenças sobre o histórico de uso e ausência de registros precisos.
As vantagens sobre a qualidade da recuperação dos parâmetros proporcionadas pelo processo
de regeneração natural foram mais evidenciadas pelo efeito do histórico de uso da terra,
enquanto as vantagens e diferenças com a implantação do SAF foram mais evidenciadas pelos
efeitos das práticas de manejo utilizadas.
No primeiro capítulo, o manejo empregado no SAF-10 resultou em uma diferente
composição florística em comparação aos ambientes de vegetação secundária. As
intervenções realizadas no SAF-10 proporcionaram vantagens em relação à CAP-10, na
medida em que contribuíram para uma recuperação mais rápida e de melhor qualidade dos
parâmetros da vegetação. O planejamento do sistema, a introdução de novas espécies, e a
condução de algumas árvores da regeneração natural deixadas na área, entre outros fatores,
proporcionou uma distribuição mais uniforme dos componentes do sistema e resultou numa
riqueza de espécies duas vezes superior em comparação à CAP-10. Práticas de manejo do solo
e do sistema colaboraram para o desenvolvimento da vegetação no SAF-10 e, portanto, para
uma recuperação mais rápida de sua estrutura, principalmente quanto ao desenvolvimento em
área basal, a qual se mostrou três vezes maior em comparação a CAP-10. Na CAP-10, o
histórico de uso da área caracterizado pela queima da vegetação e pelo uso intensivo do solo
desfavoreceu a recuperação da vegetação, cujos parâmetros foram qualitativamente inferiores.
117
Na FS-55, a extração de madeira sem o uso do fogo e o tempo mais longo do pousio, entre
outros fatores, colaborou para o processo de recuperação da área, onde o retorno da qualidade
foi superior para todos os parâmetros observados.
No segundo capítulo, os melhores parâmetros de qualidade química do solo e da
liteira, e as maiores contribuições da liteira para o retorno do nutriente no sistema foram
verificados na área do SAF-10. O solo na área correspondente ao SAF-10 já apresentava
melhores propriedades químicas em relação à capoeira adjacente, contudo, algumas melhorias
após a implantação do SAF-10 justificam-se, principalmente, pela realização de práticas de
manejo do solo (calagem e adição de composto orgânico) e do sistema (uso de cobertura
morta por meio da poda periódica de plantas leguminosas). Na CAP-10, a comparação entre
os resultados das análises químicas do solo, antes e após dez anos de pousio, sugere que o
processo de recuperação do ambiente pouco contribuiu para a melhoria destas propriedades.
As características físicas e químicas dos solos da CAP-10 e da FS-55 foram parecidas;
Contudo, a queima da vegetação justifica maiores teores de K+ na CAP-10, enquanto o
processo de acúmulo de Ca2+ e de retorno dos nutrientes na biomassa da FS-55 explica a
maior acidez e maiores teores de Al3+ livre no solo. O acúmulo de nutrientes na biomassa da
FS-55 resultou em maiores teores nutricionais e maiores contribuições por meio da deposição
da liteira comparado à CAP-10. Isto sugere que o processo de recuperação do ambiente na
CAP-10 não foi suficiente para retornar estas qualidades no sistema. As intervenções
realizadas no SAF-10 foram vantajosas para proporcionar as melhorias observadas e
certamente foram de grande importância para assegurar o desenvolvimento inicial e a
sustentabilidade do sistema, visto que a recuperação da qualidade do solo e da liteira sem as
intervenções seriam incapazes de garantir as mesmas vantagens.
No terceiro capítulo, as diferenças sobre a composição e estrutura da macrofauna
edáfica no SAF-10 foram atribuídas em função do efeito das intervenções realizadas no solo e
na vegetação. As características mais significativas para a explicação das diferenças no SAF-
10 foram associadas respectivamente aos seguintes fatores (em ordem de importância): ao pH
mais elevado, à textura menos argilosa e aos teores mais elevados de macro e micronutrientes.
As características de qualidade do solo e da vegetação no SAF-10, entre outros fatores
associados, foram determinantes para a qualidade do alimento ofertado para a macrofauna
(oferta de material em decomposição rico em nutrientes) e influenciaram de maneira seletiva
118
para a predominância de grupos de animais decompositores, como: diplopoda, isópoda e
oligochaeta. A diversidade de grupos de macrofauna foi menor no SAF-10, talvez em virtude
do impacto causado pela freqüente presença humana na área, ou ainda, devido às
modificações do ambiente. As características da qualidade do alimento, condicionadas pelas
características do solo e da vegetação na CAP-10 e na FS-55, resultaram em uma distribuição
parecida dos grupos da macrofauna edáfica, com predominancia dos grupos denominados
“engenheiros do solo”, representados por altas densidades de cupins, formigas e minhocas
(isoptera, formicida e oligochaeta). Isto sugere que o processo ocorrido durante o período de
pousio na CAP-10 foi favorável para retornar à área, os grupos funcionais da macrofauna
edáfica. Os predomínios dos grupos dos decompositores e dos engenheiros do solo
representam respostas diretamente relacionadas às características qualitativas do ambiente; ao
mesmo tempo indicam diferentes colaborações destes organismos para o funcionamento e
melhoria do sistema.
Neste estudo de caso, a importância ecológica adquirida pela qualidade da recuperação
do ambiente na FS-55, seria um argumento válido para justificar sua preservação. Ao
contrário, a baixa eficiência para a recuperação da qualidade dos parâmetros observados na
CAP-10, frente às vantagens constatadas por meio do manejo empregado no SAF-10,
justificou o uso deste sistema para o aproveitamento produtivo da área. As vantagens
observadas, no entanto, indicaram que o tipo/modelo do sistema agroflorestal implantado,
assim como as práticas de manejo adotadas, constituiram elementos importantes para o
desenvolvimento do SAF-10.
119
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135
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Young, A. 1997. Agroforestry for Soil Management. 2a ed. CAB International, and
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136
ANEXO I
Anexo 1: Censo por ordem crescente de IVI, das espécies encontradas na FS-55, CAP-10 e SAF-10.
CENSO FLORÍSTICO NA FS-55:
FAMÍLIA ESPÉCIE NOME
POPULAR Ni DR FR DoR IVI
Annonaceae Guatteria olivacea R.E.Fr. Envira-fofa 43 4.9 4.2 10.64 20
Burseraceae Protium paniculatum Eng. var. nov. Breu 31 6.8 4.6 6.46 18
Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo 26 3.0 2.6 5.49 11
Burseraceae Protium decandrum (Aubl.) March. Breu 25 3.6 3.4 3.57 11
Celastraceae Goupia glabra Aubl. Cupiúba 23 3.9 3.2 3.33 10
Moraceae Helicostylis tomentosa (Planch. & Endl.) Rusby Inharé-folha-peluda 21 4.1 3.2 2.40 10
Lecythidaceae Eschweilera sp. 19 3.3 3.8 1.72 9
Lecythidaceae Eschweilera tessmannii Knuth. Ripeiro-vermelho 18 1.6 1.2 5.55 8
Melastomataceae Miconia sp.1 18 2.8 2.2 2.07 7
Burseraceae Protium spruceanum (Benth.) Engl. Breu 18 1.9 1.4 3.76 7
Apocynaceae Couma sp. 17 2.0 1.6 3.35 7
Arecaceae Oenocarpus bacaba Mart. Bacaba 15 2.2 2.4 2.34 7
Burseraceae Protium hebetatum Daly Breu 14 2.0 1.6 3.20 7
Violaceae Rinorea racemosa (Mart.) Kuntze Canela-de-velho 13 2.8 2.4 1.03 6
Sapindaceae Talisia sp. Pitomba-do-mato 13 2.8 2.4 0.93 6
Sapotaceae Pouteria sp.2 13 2.7 2.6 0.82 6
Burseraceae Protium aracouchini (Aubl.) March. Breu 12 1.9 2.0 1.63 6
Burseraceae Trattinnickia rhoifolia Willd. 12 1.6 1.8 2.00 5
Apocynaceae Couma utilis (Mart.) Müll.Arg. Sorvinha 10 2.4 2.2 0.56 5
Ebenaceae Diospyros guianensis (Aubl.) Guerke 10 2.0 2.2 0.52 5
Anacardiaceae Thyrsodium spruceanum Benth. Breu-de-leite 10 1.6 1.6 1.42 5
Lecythidaceae Eschweilera truncata A.C.Sm. Matamatá 10 0.9 1.0 2.19 4
Lauraceae Ocotea sp.1 Louro 9 1.4 1.8 0.59 4
Chrysobalanaceae Couepia bracteosa Benth. Marirana 9 1.1 1.2 1.40 4
Melastomataceae Miconia splendens (Sw.) Griseb 7 1.6 1.4 0.65 4
Violaceae Rinorea macrocarpa (Mart. ex Eichler) Kuntze 7 1.4 1.4 0.34 3
Sapotaceae Chrysophyllum sanguinolentum (Pierre) Baehni ssp. spurium (Ducke)
7 1.1 1.4 0.53 3
Fabaceae Dialium guianense Steud. 7 0.8 1.0 1.18 3
Fabaceae Dimorphandra parviflora Spruce ex Benth. 6 0.6 0.8 1.48 3
Chrysobalanaceae Couepia canomensis (Mart.) Benth. ex Hook. f. 6 1.1 1.4 0.27 3
Lecythidaceae Lecythis prancei S.A. Mori Castanha-jarana 5 0.8 1.0 0.97 3
Myrtaceae Myrcia magnoliifolia DC. 5 0.8 0.6 1.33 3
Fabaceae Batesia floribunda Spruce ex Benth. Tento-miúdo 5 0.3 0.4 1.99 3
Humiriaceae Vantanea guianensis (Aubl.) Ducke Uchirana 5 0.6 0.6 1.42 3
Moraceae Pseudolmedia laevis (Ruiz & Pav.) Macbr. Inharé-folha-miúda 5 1.1 1.2 0.30 3
Sapotaceae Micropholis guyanensis (A.DC.) Pierre ssp. guyanensis Balata-brava 5 0.6 0.6 1.36 3
Melastomataceae Miconia poepigii Triana 5 0.6 0.8 1.13 3
Rhizophoraceae Sterigmapetalum obovatum Kuhlm. 5 0.6 0.8 0.87 2
Chrysobalanaceae Couepia robusta Huber Pajurá 4 0.8 0.8 0.61 2
Simaroubaceae Simaba polyphylla (Cavalcante) W. Thomas Marupá 4 0.8 1.0 0.39 2
Sapotaceae Chrysophyllum sanguinolentum (Pierre) Baehni 4 0.9 1.0 0.20 2
137
Sapindaceae Cupania hispida Radkl. 4 0.8 1.0 0.35 2
Lecythidaceae Eschweilera coriacea (Dc.) Mart. Ex Berg. Matamatá-verdadeira
4 0.2 0.2 1.70 2
Lauraceae Licaria pachycarpa (meissn.) Kosterm. Louro-preto 4 0.6 0.8 0.53 2
Rubiaceae Indet 4 0.6 0.8 0.51 2
Myristicaceae Virola mollissima (Poepp. ex A. DC.) Warb. 4 0.8 0.6 0.49 2
Fabaceae Swartzia ingifolia Ducke Acapú-amarelo 4 0.2 0.2 1.49 2
Hugoniaceae Hebepetalum humiriifolium (Planch.) Benth. 3 0.5 0.6 0.75 2
Moraceae Pseudolmedia laevigata Trécul 3 0.8 0.8 0.18 2
Nyctagenaceae Guapira sp. 3 0.5 0.6 0.47 2
Sapotaceae Pouteria sp.1 3 0.6 0.6 0.12 1
Fabaceae Hymenolobium modestum Ducke Angelim-pedra 3 0.2 0.2 0.99 1
Olacaceae Dulacia guianensis (Engl.) Kuntze 2 0.3 0.4 0.57 1
Fabaceae Inga alba (Sw) Willd. Ingaí 2 0.3 0.4 0.57 1
Fabaceae Bocoa viridiflora (Ducke) R.S.Cowan Muirajibóia-preta 2 0.5 0.6 0.19 1
Fabaceae Inga edulis Mart. Ingá-de-metro 2 0.5 0.6 0.18 1
Sapotaceae Micropholis venulosa (Mart & Eichler) Pierre 2 0.5 0.6 0.14 1
Rubiaceae Psychotria sp. 2 0.6 0.4 0.16 1
Meliaceae Guarea silvatica C.DC. 2 0.2 0.2 0.66 1
Apocynaceae Couma guianensis Aubl. Sorvão 2 0.2 0.2 0.58 1
Fabaceae Dipteryx magnifica Ducke Cumaru 2 0.3 0.4 0.21 1
Fabaceae Inga umbratica Poepp. & Endl. Ingá 2 0.3 0.4 0.20 1
Violaceae Paypayrola grandiflora Tul. 2 0.3 0.4 0.20 1
Burseraceae Trattinnickia glaziovii Swart 2 0.2 0.2 0.55 1
Quiinaceae Lacunaria jenmanii (Oliv.) Ducke 2 0.3 0.4 0.19 1
Myrtaceae Eugenia sp. 2 0.3 0.4 0.15 1
Sapotaceae Chrysophyllum colombianum (Aubrév.) T.D. Penn. 2 0.3 0.4 0.15 1
Arecaceae Attalea maripa (Aubl.) Mart. Inajaí 2 0.2 0.2 0.49 1
Fabaceae Swartzia corrugata Benth. Coração-de-negro 2 0.3 0.4 0.09 1
Ebenaceae Diospyros cavalcantei Sothers 2 0.2 0.2 0.45 1
Cecropiaceae Pourouma sp. 2 0.3 0.4 0.08 1
Sterculiaceae Theobroma sylvestre Mart. Cacauí 1 0.3 0.4 0.07 1
Lecythidaceae Eschweilera atropetiolata S.A. Mori Castanha-vermelha 1 0.3 0.4 0.07 1
Chrysobalanaceae Licania elata (Pilg.) Pilg. ex L. Williams 1 0.3 0.4 0.05 1
Sapotaceae Pouteria hispida Eyma Abiurana-braba 1 0.3 0.4 0.04 1
Rubiaceae Amaioua corymbosa H.B.K. 1 0.3 0.4 0.04 1
Lecythidaceae Eschweilera grandiflora (Aubl.) Sandwith Matamatá-rósea 1 0.3 0.2 0.20 1
Annonaceae Rollinia insignis R.E.Fr. Biribá-bravo 1 0.2 0.2 0.32 1
Burseraceae Protium paniculatum Engl. var. riedelianum (Engl.) Breu 1 0.2 0.2 0.29 1
Apocynaceae Couma macrocarpa Barb. Rodr. 1 0.2 0.2 0.25 1
Clusiaceae Vismia cayennensis (Jacq.) Pers. Lacre 1 0.2 0.2 0.23 1
Lecythidaceae Lecythis sp. 1 0.2 0.2 0.23 1
Lecythidaceae Eschweilera bracteosa (Poepp. & Endl.) Miers Matamatá-amarela 1 0.3 0.2 0.06 1
Combretaceae Buchenavia grandis Ducke Tanimbuca 1 0.2 0.2 0.21 1
Lauraceae Ocotea sp.3 Louro 1 0.2 0.2 0.21 1
Verbenaceae Vitex triflora Vahl 1 0.3 0.2 0.04 1
Moraceae Brosimum acutifolium Huber ssp. Interjectum C.C.Berg Mururé 1 0.2 0.2 0.16 1
Melastomataceae Mouriri nigra (DC.) Morley 1 0.2 0.2 0.12 0
Myristicaceae Virola multinervia Ducke Ucuuba-vermelha 1 0.2 0.2 0.12 0
Sapotaceae Pouteria durlandii (Standl.) Baehni 1 0.2 0.2 0.11 0
138
Moraceae Brosimum rubescens Taub. Pau-rainha 1 0.2 0.2 0.11 0
Lauraceae Ocotea sp. Louro 1 0.2 0.2 0.11 0
Olacaceae Dulacia candida (Poepp.) Kuntze 1 0.2 0.2 0.11 0
Lauraceae Ocotea sp.2 Louro 1 0.2 0.2 0.10 0
Rhabdodeandraceae Rhabdodendron amazonicum (Spruce & Benth.) Huber Batiputá 1 0.2 0.2 0.09 0
Cecropiaceae Cecropia sciadophylla Mart. Embaúba 1 0.2 0.2 0.09 0
Melastomataceae Miconia pyrifolia Naudin 1 0.2 0.2 0.08 0
Sapotaceae Pouteria cladantha Sandwith Abiurana-seca 1 0.2 0.2 0.08 0
Euphorbiaceae Phyllanthus manausensis W.A.Rodrigues 1 0.2 0.2 0.07 0
Boraginaceae Cordia nodosa Lam. 1 0.2 0.2 0.06 0
Olacaceae Chaunochiton kappleri (Sagot ex Engl.) Ducke 1 0.2 0.2 0.05 0
Burseraceae Protium apiculatum Swart Breu 1 0.2 0.2 0.05 0
Melastomataceae Loreya spruceana Benth. Ex Triana 1 0.2 0.2 0.05 0
Rubiaceae Faramea torquata Müll.Arg. 1 0.2 0.2 0.05 0
Annonaceae Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E.Fr. Envira-preta 1 0.2 0.2 0.04 0
Myristicaceae Virola venosa (Benth.) Warb. 1 0.2 0.2 0.04 0
Fabaceae Diplotropis purpurea (Rich.) Amshoff 1 0.2 0.2 0.04 0
Melastomataceae Miconia gratissima Benth. ex Triana 1 0.2 0.2 0.04 0
Meliaceae Trichilia pallida Sw. 1 0.2 0.2 0.04 0
Myristicaceae Virola sp. 1 0.2 0.2 0.04 0
Olacaceae Minquartia guianensis Aubl. Acariquara 1 0.2 0.2 0.04 0
Bignoniaceae Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don Para-pará 1 0.2 0.2 0.03 0
Cecropiaceae Cecropia sp. Embaúba 1 0.2 0.2 0.03 0
Chrysobalanaceae Licania bracteata Prance Cariperana 1 0.2 0.2 0.03 0
Fabaceae Inga sp. Inga 1 0.2 0.2 0.03 0
Araliaceae Schefflera morototoni (Aubl.) Frodin Morototó 1 0.2 0.2 0.03 0
Sapotaceae Pouteria sp.3 1 0.2 0.2 0.03 0
Annonaceae Ephedranthus amazonicus R.E.Fr. Envira-taia 1 0.2 0.2 0.02 0
Cecropiaceae Cecropia latiloba Miq. Embaúba 1 0.2 0.2 0.02 0
Myrsinaceae Stylogyne micrantha (H.B.K.) Mez. 1 0.2 0.2 0.02 0
Sapotaceae Chrysophyllum balata (Ducke) Baehni Coquirana 1 0.2 0.2 0.02 0
Violaceae Rinorea guianensis Aubl. 1 0.2 0.2 0.02 0
Apocynaceae Indet. 1 0.2 0.2 0.02 0
Boraginaceae Cordia naidophylla Johnston 1 0.2 0.2 0.02 0
Elaeocarpaceae Sloanea sp. A 1 0.2 0.2 0.02 0
Hippocrateaceae Salacia guianensis Klotzsch Chichuá 1 0.2 0.2 0.02 0
Melastomataceae Miconia dispar Benth. 1 0.2 0.2 0.02 0
Sapotaceae Pouteria macrophylla (Lam.) Eyma. 1 0.2 0.2 0.02 0
Fabaceae Inga cordatoalata Ducke Inga 1 0.2 0.2 0.02 0
40 129 636 100 100 100 300
CENSO FLORÍSTICO NA CAP-10:
FAMÍLIA ESPÉCIE NOME
POPULAR Ni DR FR DoR IVI
Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo 186.0 52 21 57 129
Flacourtiaceae Casearia grandiflora Cambess. 1.0 11 14 9 34
Annonaceae Xylopia nitida Duval Envira-amarela 5.0 9 13 8 30
Malpiguiaceae Byrsonima chrysophylla H.B.K. Murici 1.0 5 7 4 16
Cecropiaceae Cecropia sp. Embaúba 5.0 4 7 4 15
Solanaceae Solanum sp. Jurubeba 34.0 3 6 2 10
Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl. Caá-pitiú 2.0 3 3 2 9
Annonaceae Guatteria olivacea R.E.Fr. Envira-fofa 3.0 1 3 2 7
Fabaceae Inga sp. Ingá 13.0 1 3 2 6
139
Annonaceae Rollinia exsucca (DC. ex Dunal) A. DC. 3.0 1 3 1 6
Rubiaceae Genipa americana sp. Genipapo 2.0 1 1 3 5
Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. Tamanqueira 5.0 1 3 1 5
Lauraceae Ocotea sp.2 Louro-fofo 41.0 1 1 2 4
Clusiaceae Vismia guianensis (Aubl.) Choisy Lacre 2.0 1 2 0 3
Lauraceae Ocotea sp.1 3.0 1 2 0 3
Bignoniaceae Jacarada copaia (Aubl.) D.Don Pará-pará 1.0 1 2 0 3
Arecaceae Bactris gasipaes H.B.K. Pupunha 3.0 1 1 1 3
Euphorbiaceae Aparisthmium cordatum Baill. Morocototó 19.0 1 1 0 2
Flacourtiaceae Lindackeria sp. 1.0 1 1 0 2
Annonaceae Guatteria sp.1 4.0 0 1 0 1
Myristicaceae Virola multinervia Ducke Virola 5.0 0 1 0 1
INDET INDET 11.0 0 1 0 1
Annonaceae Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E.Fr Envira-preta 10.0 0 1 0 1
Lauraceae Ocotea guianensis Aubl. Louro-seda 1.0 0 1 0 1
16 23 361 100 100 100 300
CENSO FLORÍSTICO NO SAF-10:
FAMÍLIA ESPÉCIE NOME
POPULAR Ni DR FR DoR IVI
Arecaceae Bactris gasipaes var.1 Pupunha 39 11.3 11.3 25.84 48
Fabaceae Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit Leucena 37 9.5 9.1 14.24 33
Arecaceae Euterpe oleracea Mart. Açaí 35 10.7 7.4 13.51 32
Sterculiaceae Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum. Cupuaçú 31 11.9 7.8 4.38 24
Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo 14 4.3 4.3 2.78 11
Arecaceae Bactris gasipaes var.2 Pupunha sem espinho
14 2.1 3.0 4.60 10
Annonaceae Rollinia mucosa (Jacq.) Baill. Biribá 8 2.1 3.0 2.64 8
Annonaceae Guatteria sp.1 8 1.5 2.2 2.65 6
Rubiaceae Borojoa patinoi Cuatrec. Borojó 7 4.3 1.3 0.68 6
Arecaceae Euterpe precatoria Mart. Açaí-solteiro 7 2.4 2.2 1.48 6
Bombacaceae Quararibea cordata (Bonpl.) Vischer Sapota-do-solimões 7 2.4 2.2 0.98 6
Clusiaceae Rheedia macrophylla (Mart.) Planch. & Triana Bacuri ou Bacupari 6 2.1 2.2 1.19 6
Fabaceae Inga edulis Mart. Ingá 5 0.9 0.9 3.43 5
Sapindaceae Nephelium lappaceum L. Rambutan 5 1.8 2.2 0.55 5
Bixaceae Bixa orellana L. Urucum 5 1.5 2.2 0.66 4
Euphorbiaceae Alchornea discolor Klotzsch Supiarana 5 1.5 1.7 0.95 4
Myrtaceae Eugenia stipitata McVaugh Araçá-boi 5 1.5 2.2 0.33 4
Annonaceae Xylopia nitida Duval Envira-amarela 4 1.2 1.7 0.94 4
Annonaceae Rollinia insignis R.E.Fr. Biribá-bravo 4 1.2 1.7 0.90 4
Sterculiaceae Theobroma cacao L. Cacau 4 1 2 1 4
Meliaceae Carapa guianensis Aubl. Andiroba 4 0.9 1.3 1.38 4
Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl. Caá-pitiú 4 1.5 1.7 0.22 3
Fabaceae Gliricidia sepium Kunth ex Steud. Gliricídia 4 1.2 1.3 0.46 3
Fabaceae Clitoria fairchildiana R.A. Howard Palheteira 3 0.3 0.4 2.24 3
Sapindaceae Litchi chinensis Sonn. Lichia 3 0.9 1.3 0.76 3
Myrtaceae Eugenia victoriana Cuatrec. Guayabilla 3 1.2 1.3 0.37 3
Bignoniaceae Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don Pará-pará 3 0.9 1.3 0.55 3
Meliaceae Lansium domesticum Corrêa Langsat 3 1.2 1.3 0.19 3
Bignoniaceae Tabebuia serratifolia (Vahl) Nichols Pau-d'arco 3 0.9 0.9 0.55 2
Fabaceae Schizolobium parahyba (Vell.) S.F. Blake Guapuruvu 3 0.3 0.4 1.57 2
Fabaceae Hymenaea courbaril L. Jatobá 2 0.6 0.4 1.18 2
Fabaceae Schizolobium amazonicum Huber ex Ducke Paricá 2 0.6 0.9 0.64 2
140
Rubiaceae Coffea arabica L. Café 2 0.9 0.9 0.29 2
Rutaceae Citrus aurantifolia var. tahiti Limão-tahiti 2 0.6 0.9 0.41 2
Fabaceae Inga heterophylla Willd. Ingá-de-sapo 2 0.6 0.9 0.29 2
Lauraceae Persea americana Mill. Abacate 2 0.6 0.9 0.22 2
Clusiaceae Mammea americana L. Abricó-do-pará 2 0.6 0.9 0.14 2
Rutaceae Citrus medica L. Cidra 2 0.9 0.4 0.21 2
Fabaceae Caesalpinia ferrea Mart. Jucá 2 0.6 0.4 0.26 1
Sapotaceae Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. Abiu 1 0.6 0.4 0.25 1
Annonaceae Rollinia deliciosa Saff. Rollinia 1 0.3 0.4 0.50 1
Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. Tamanqueira 1 0.3 0.4 0.48 1
Myrtaceae Psidium guajava L. Goiaba 1 0.6 0.4 0.15 1
Oxalidaceae Averrhoa carambola L. Carambola 1 0.3 0.4 0.40 1
Myrtaceae Syzygium jambos (L.) Alston Jambo 1 0.3 0.4 0.39 1
Fabaceae Parkia pendula (Willd.) Benth. Ex Walp Visgueiro 1 0.3 0.4 0.30 1
Apocynaceae Couma utilis (Mart.) Müll.Arg. Sorva 1 0.3 0.4 0.25 1
Sapotaceae Pouteria torta (Mart.) Radlk. Abiu-açú 1 0.3 0.4 0.22 1
Annonaceae Annona muricata Vell. Graviola 1 0.3 0.4 0.21 1
Cecropiaceae Cecropia sp. Embaúba 1 0.3 0.4 0.20 1
Clusiaceae Vismia guianensis (Aubl.) Choisy Lacre 1 0.3 0.4 0.19 1
Rutaceae Citrus limonia sp. Limão-cravo 1 0.3 0.4 0.18 1
Fabaceae Tachigali myrmecophila (Ducke) Ducke Taxi 1 0.3 0.4 0.15 1
Arecaceae Euterpe edulis Mart. Jussara 1 0.3 0.4 0.11 1
Myrtaceae Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg Jaboticaba 1 0.3 0.4 0.11 1
Moraceae Helicostylis tomentosa (Planch. & Endl.) C.C.Berg Inharé-folha-peluda 1 0.3 0.4 0.09 1
Sapindaceae Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk. Pitomba 1 0.3 0.4 0.06 1
Caricaceae Carica papaya Mamão 1 0.3 0.4 0.05 1
Fabaceae Abarema piresii Barneby & J.W.Grimes Angico-branco 1 0.3 0.4 0.05 1
Sapotaceae Achras sapota sp. Sapoti 1 0.3 0.4 0.05 1
Anacardiaceae Spondias mombin ssp. Mombin Taperebá 1 0.3 0.4 0.04 1
Malpiguiaceae Byrsonima chrysophylla H.B.K. Murici 1 0.3 0.4 0.04 1
Anacardiaceae Mangifera indica sp. Manga 1 0.3 0.4 0.04 1
Caryocaraceae Caryocar villosum (Aubl.) Pers. Pequiá 1 0.3 0.4 0.03 1
Clusiaceae Platonia insignis Mart. Bacuri de folha larga
1 0.3 0.4 0.03 1
Fabaceae Calliandra Benth. Caliandra 1 0.3 0.4 0.03 1
25 65 328 100 100 100 300
141
ANEXO II
Anexo 2: Tabela de classificação da fertilidade dos solos comuns à Amazônia, entre
0-20 cm de profundidade.
Elementos Muito Baixo1
Baixo1,2 Médio1,2 /
Satisfatório2 Alto1,2
Muito Alto2
pH (H2O)1,2 < 4,5 4,5 - 5,4 5,5 - 6,0 6,1 - 7,0 > 7,0
MO (g kg-1)2 - < 15 15 - 45 > 45 -
Fósforo (mg kg-1)1,2 < 2,8 2,8 - 5,4 5,5 - 8,0 8,1 - 12,0 > 12,0
Potássio (cmolc kg-1)1,2 < 0.04 0,04 - 0,10 0,10 - 0,18 0,18 - 0,31 > 0,31
Cálcio (cmolc kg-1)1,2 < 0,41 0,41 - 1,16 1,17 - 2,32 2,33 - 4,06 > 4,06
Magnésio (cmolc kg-1)1,2 < 0,16 0,16 - 0,45 0,46 - 0,90 0,91 - 1,50 > 1,50
Alumínio (cmolc kg-1)1,2 < 0,20 0,21 - 0,50 0,51 - 1,00 1,01 - 2,00 > 2,00
Ferro (mg kg-1)2 - < 10 10 - 80 > 80 -
Zinco (mg kg-1)2 - < 1,5 > 1,5 - -
Manganês (mg kg-1)2 - < 8 8 - 35 - -
Cobre (mg kg-1)2 - < 0,15 > 0,15 - - Referência 1: Moreira et al., 2005; Referência 2: Cochrane et al., 1985.
142
ANEXO III
Anexo 3-A: Tabela de densidade média (n=27/tratamento) dos grupos de macro-invertebrados do solo
distribuídos nas camadas de liteira, e de solo (0-30cm de profundidade) observados na floresta secundária de 55
anos (FS-55), capoeira de 10 anos (CAP-10) e sistema-agroflorestal multiestratificado de 10 anos (SAF-10).
GRUPOS FS-55 (ind.m-2) CAP-10 (ind.m-2) SAF-10 (ind.m-2)
Liteira 0 10 10 20 20 30 Liteira 0 10 10 20 20 30 Liteira 0 10 10 20 20 30
Aranea 70 21 5 1 45 1 2 1 4 0 0 0
Blattodea 16 4 0 2 14 2 1 0 4 0 0 0
Coleoptera 38 41 8 2 39 10 1 1 12 3 1 0
Chilopoda 15 27 11 7 11 25 5 0 2 7 1 1
Diplopoda 17 19 1 1 68 40 1 1 132 81 7 0
Diptera 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Gasteropoda 0 0 0 0 51 7 0 0 6 1 0 0
Hemiptera 2 1 0 0 13 4 0 0 5 0 0 0
Hym. Vespa 1 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0
Hym. Formicidae 99 46 20 65 120 146 12 27 34 7 5 0
Homoptera 0 2 0 1 2 21 1 0 2 4 2 1
Isopoda 17 4 1 0 235 21 6 1 367 30 3 1
Isoptera 312 22 13 140 148 266 68 50 1 21 2 1
Larva Coleoptera 8 6 4 4 8 11 4 1 7 7 0 1
Larva Diptera 0 2 1 1 7 1 1 1 5 1 0 0
Larva Lepidoptera 0 0 0 0 7 2 2 0 1 1 1 1
Oligochaeta 10 46 20 7 2 216 36 5 13 224 27 4
Opilionida 8 17 5 1 54 4 1 0 30 4 0 0
Orthoptera 1 1 2 0 1 0 0 1 1 0 0 0
Pseudoscorpionida 7 1 1 0 12 0 0 0 2 0 0 0
Schizomida 2 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0
Ricinulei 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
Totais 626 262 92 231 840 777 141 87 626 391 47 9
143
Anexo 3-B: Tabela de biomassa média (n=27/tratamento) dos grupos de macro-invertebrados do solo
distribuídos nas camadas de liteira, e de solo (0-30cm de profundidade) observados na floresta secundária de 55
anos (FS-55), capoeira de 10 anos (CAP-10) e sistema-agroflorestal multiestratificado de 10 anos (SAF-10).
GRUPOS FS-55 (g.m-2) CAP-10 (g.m-2) SAF-10 (g.m-2)
Liteira 0 10 10 20 20 30 Liteira 0 10 10 20 20 30 Liteira 0 10 10 20 20 30
Aranea 0.182 0.159 0.028 0.003 0.071 0.000 0.008 0.003 0.017 0.000 0.000 0.000
Blattodea 0.057 0.086 0.000 0.251 0.634 0.042 0.001 0.000 0.006 0.000 0.000 0.000
Coleoptera 0.064 0.412 0.056 0.009 0.144 0.032 0.002 0.001 0.439 0.055 0.017 0.000
Chilopoda 0.657 0.695 0.178 0.097 0.056 0.322 0.091 0.000 0.009 0.058 0.008 0.001
Diplopoda 0.790 0.856 0.035 0.067 1.704 0.950 0.047 0.044 8.674 3.461 0.281 0.000
Diptera 0.001 0.000 0.000 0.000 0.002 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000
Gasteropoda 0.000 0.000 0.000 0.000 1.710 0.108 0.000 0.000 0.849 0.230 0.000 0.000
Hemiptera 0.009 0.000 0.000 0.000 0.040 0.046 0.000 0.000 0.011 0.000 0.000 0.000
Hym. Vespa 0.000 0.000 0.000 0.000 0.001 0.005 0.000 0.001 0.000 0.000 0.000 0.000
Hym. Formicidae 0.139 0.050 0.100 0.181 0.157 0.295 0.059 0.073 0.083 0.038 0.045 0.000
Homoptera 0.000 0.015 0.000 0.003 0.007 0.308 0.011 0.000 0.003 2.222 1.362 0.454
Isopoda 0.026 0.002 0.008 0.000 3.143 0.220 0.172 0.044 3.328 0.302 0.075 0.028
Isoptera 0.235 1.222 0.543 4.534 0.181 0.437 0.915 0.611 0.001 0.046 0.003 0.033
Larva Coleoptera 0.120 0.025 0.060 0.026 0.039 0.243 0.064 0.008 0.050 0.109 0.000 0.011
Larva Diptera 0.000 0.010 0.005 0.005 0.020 0.011 0.045 0.002 0.034 0.004 0.000 0.000
Larva Lepidoptera 0.000 0.000 0.000 0.000 2.786 0.296 0.165 0.000 0.016 0.023 0.049 0.003
Oligochaeta 0.875 3.437 1.457 0.478 0.047 7.924 1.317 0.126 0.357 43.605 3.089 0.284
Opilionida 0.015 0.057 0.021 0.003 0.311 0.022 0.003 0.000 0.219 0.017 0.000 0.000
Orthoptera 0.014 0.039 0.016 0.000 0.006 0.000 0.000 0.002 0.045 0.000 0.000 0.000
Pseudoscorpionida 0.003 0.000 0.000 0.000 0.007 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000
Schizomida 0.002 0.002 0.000 0.000 0.001 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000
Ricinulei 0.022 0.000 0.000 0.000 0.008 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000
Totais 3.21 7.07 2.51 5.65 11.07 11.26 2.90 0.92 14.14 50.17 4.93 0.82
144
Anexo 3-C: Matriz de correlações entre as médias totais da densidade da macrofauna (n=9/tratamento).
ARAN
ARAN 1000 BLAT
BLAT 775 1000 COLE
COLE 803 669 1000 CHIL
CHIL 675 420 616 1000 DIPT
DIPT 232 77 287 485 1000 DIPLD
DIPLD -409 5 -194 -244 -198 1000 GAST
GAST -149 -59 -59 -28 9 82 1000 HEMIP
HEMIP 35 229 -10 13 52 97 721 1000 VESP
VESP -40 -78 102 40 338 -62 156 20 1000 FORM
FORM 277 189 280 382 288 -54 331 320 501 1000 HOMO
HOMO 132 414 -81 -164 -129 23 315 629 -23 28 1000 ISOPD
ISOPD -482 -197 -417 -341 -316 356 -82 54 34 0 80 1000 ISOPT
ISOPT 258 153 375 83 -83 -126 62 84 102 223 176 -151 1000 LCOLE
LCOLE 187 257 149 171 103 -60 -19 7 106 33 -51 -242 20 1000 LDIPT
LDIPT 87 65 -161 29 -137 -2 -8 -18 -100 258 -11 231 -158 136 1000 LLEPI
LLEPI -58 160 95 -29 -219 229 202 267 345 430 423 467 133 -119 139 1000 OLIG
OLIG -540 -351 -490 -336 70 262 687 501 116 111 199 130 -59 117 -7 47 1000 OPIL
OPIL 16 232 69 172 5 380 61 338 55 98 10 232 -18 93 37 -29 -85 1000 ORTHO
ORTHO 276 -77 113 350 238 -242 16 -148 13 261 -167 -92 66 -263 113 -175 -129 -57 1000 PSEUD
PSEUD 426 470 302 271 144 -111 289 569 383 732 489 46 237 -14 62 497 106 80 40 1000 SCHIZ
SCHIZ 320 47 349 158 383 -176 -110 -135 456 219 -125 -139 169 -172 68 -2 -328 181 443 152 1000 RICIN
RICIN 392 402 638 314 70 -59 -129 -120 264 184 -172 0 4 222 -92 345 -362 -22 -304 156 57 1000
145
pHAl
-1.1
1.1-1.1 1.1
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP CAP
CAP
CAP
FTA
FTA
FTA
FTA FTA
FTA
FTA
FTA
FTA
FTA
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF SAF
-0.8
1-1.8 2.7
F1 (89,66%)
F1 (89,66%)
F2 (10,34%)
F2 (10,34%)
p < 0.001
Anexo 3-D: Análise de componentes principais (ACP) para as médias totais (n=9/tratamento) de pH e Al nas
camadas de solo entre 0-30cm de profundidade nos sistemas estudados. Os fatores 1 e 2 explicam
respectivamente, 89,66 e 10,34% da variabilidade dos dados. Os sistemas foram considerados diferentes entre si
(p < 0.001). O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
Anexo 3-E: Matriz de Correlações entre valores totais médios de pH e Al entre os sistemas estudados:
pH Al
pH 1000
Al -793 1000
146
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP CAP CAP
CAP
FTA
FTA FTA FTA FTA FTA FTA FTA
FTA
FTA
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
-2
2.5-5.1 3.3
CaMg
K
P
-1
1-1 1
F1 (72,83%)
F1 (72,83%)
F2 (20,68%)
F2 (20,68%)
p < 0.001
Anexo 3-F: Análise de componentes principais (ACP) para as médias totais (n=9/tratamento) de Ca2+, Mg2+, P e
K+ das camadas de solo de 0-30cm de profundidade nos sistemas estudados. Os fatores 1 e 2 explicam
respectivamente, 72,83 e 20,68% da variabilidade dos dados. Os sistemas foram considerados diferentes entre si
(p < 0.001). O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
Anexo 3-G: Matriz de Correlações dos macronutrientes:
Ca2+ Mg2+ K+ P
Ca2+ 1000
Mg2+ 955 1000
K+ -332 -316 1000
P 846 804 -356 1000
147
CAP CAP
CAP
CAP CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
FTA
FTA
FTA
FTA
FTA FTA FTA
FTA
FTA
FTA
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF SAF
SAF
SAF
SAF
-2.5
2.5-5.6 5.6
Fe
Zn
Mn
-1
1-1 1
F1 (70,16%)
F1 (70,16%)
F2 (29,31%)
F2 (29,31%)
p < 0.001
Anexo 3-H: Análise de componentes principais (ACP) para as médias totais (n=9/tratamento) de Fe, Mn e Zn
das camadas de solo de 0-30cm de profundidade nos sistemas estudados. Os fatores 1 e 2 explicam
respectivamente, 70,16 e 29,31% da variabilidade dos dados. Os sistemas foram considerados diferentes entre si
(p < 0.001). O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
Anexo 3-I: Matriz de correlações para os micronutrientes do solo:
Fe Zn Mn
Fe 1000
Zn 251 1000
Mn 265 984 1000
148
F1 (68.53%)
F2 (31.47%)
P < 0.001
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
SAF
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAP
CAPCAP
CAP
CAP
FS
FS
FS
FS
FS
FS
FS
FS
FS
FS
-3.1
3.1-2.5 2.5
ARE
SIL
ARG
-1
1-1 1
F2 (31.47%)
F1 (68.53%)
Anexo 3-J: Análise de componentes principais (ACP) para as médias totais (n=9/tratamento) dos teores de silte,
areia e argila (%) do solo, nas camadas de 0-30cm de profundidade nos sistemas estudados. Os fatores 1 e 2
explicam respectivamente, 68,53% e 31,47% da variabilidade dos dados. Os sistemas foram considerados
diferentes entre si (p < 0.001). O software utilizado foi o ADE-4 (Thioulouse et al., 1997).
Anexo3-K: Matriz de correlações dos teores de areia, silte e argila (%).
AREIA SILTE ARGILA
AREIA 1000
SILTE 108 1000
ARGILA -985 -278 1000