162
UNIVERSIDADE PAULISTA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SOFTWARE APLICADO COMO FERRAMENTA DE APOIO DIDÁTICO COM BASE NA NORMA ISO 9126 LEO BRUNSTEIN Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Engenharia de Produção – Vice- Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do título de mestre em Engenharia de Produção. Área de Concentração: Gestão da Informação SÃO PAULO 2007

livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

UNIVERSIDADE PAULISTA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SOFTWARE

APLICADO COMO FERRAMENTA DE APOIO

DIDÁTICO COM BASE NA NORMA ISO 9126

LEO BRUNSTEIN

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Engenharia de Produção – Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do título de mestre em Engenharia de Produção. Área de Concentração: Gestão da Informação

SÃO PAULO

2007

Page 2: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

UNIVERSIDADE PAULISTA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SOFTWARE

APLICADO COMO FERRAMENTA DE APOIO

DIDÁTICO COM BASE NA NORMA ISO 9126

LEO BRUNSTEIN

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Engenharia de Produção – Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do título de mestre em Engenharia de Produção. Área de Concentração: Gestão da Informação Orientador: Prof. Dr. Mauro de Mesquita Spinola

SÃO PAULO

2007

Page 4: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

Brunstein, Leo

Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na Norma ISO 9126 / Leo Brunstein. 157p. Dissertação (mestrado) – Universidade Paulista. Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção. São Paulo, 2007. Área de concentração: Gestão da Informação. Orientador: Prof. Dr. Mauro de Mesquita Spinola. 1. Qualidade de software; 2. Norma ISO 9126; 3. Didática; 4. Software didático; 5. Software educativo; 6. Custeio ABC.

Page 5: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

UNIVERSIDADE PAULISTA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SOFTWARE APLICADO COMO FERRAMENTA DE APOIO DIDÁTICO COM BASE NA NORMA ISO 9126

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Engenharia de Produção – Vice-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do título de mestre. Área: Gestão da Informação Orientador: Prof. Dr. Mauro de Mesquita Spinola

LEO BRUNSTEIN

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________/___/___ Prof. Dr. Mauro de Mesquita Spinola

Universidade Paulista - UNIP

_____________________________________/___/___ Prof. Dr. Marcelo Schneck de Paula Pessoa

Universidade Paulista - UNIP

_____________________________________/___/___ Prof. Dr. Nilton Nunes Toledo

Universidade de São Paulo - USP

Page 6: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

DEDICATÓRIA

A meu pai, em especial;

A minha mãe, em particular;

A minha irmã, pelo incentivo;

A meu filho, com satisfação;

A minha esposa, com amor.

Page 7: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

AGRADECIMENTOS

Em especial, à atenção e às críticas a este trabalho e à compreensão nos momentos de dificuldade que me dispensaram os professores Dr. Marcelo Schneck de Paula Pessoa, Dr. Nilton Nunes Toledo, e Dr. Oduvaldo Vendrametto, e em particular ao meu orientador, Dr. Mauro de Mesquita Spinola, pela grande contribuição durante todo o processo, desde a elaboração até a entrega definitiva deste trabalho. À coordenação, demais professores e a todos os funcionários da estrutura administrativa do curso, que sempre foram cordiais e cooperaram muito durante o desenvolvimento deste trabalho. Ao meu pai, por ter-me incentivado na carreira acadêmica, sendo sempre o meu maior referencial nesta escolha, sempre acompanhando e compartilhando os frutos dessa iniciativa, que aqui representa mais um passo de grande importância em minha vida. À dedicação e paciente trabalho de revisão de Lia Ana Trzmielina . À compreensão e ao apoio de familiares, e a todos, que de forma direta ou indireta, acompanharam e incentivaram a realização deste trabalho.

Page 8: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

“A proa e a popa de nossa Didática será investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais;

haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil e, ao contrário, haja mais recolhimento, mais atrativo e mais sólido progresso.” (Comênio, João Amós.

Didáctica Magna; tratado da arte universal de ensinar tudo a todos.)

Calouste Gulberkian, Lisboa, 1966.

Page 9: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

RESUMO

Com a crescente utilização de software como ferramenta de apoio didático nas mais diversas áreas de conhecimento, faz-se necessário atentar para a finalidade didática e a adequação à matéria de ensino em sala de aula. Isto porque, ainda hoje, professores e instituições de ensino utilizam-se de produtos de software desenvolvidos para outras finalidades, adaptando seu uso para a aplicação em sala de aula. Neste caso, ficam algumas questões: Este software atinge os objetivos didáticos em sua aplicação? Os alunos estão satisfeitos com a utilização, facilitação do aprendizado e a exploração do assunto proporcionado pelo software? O software funciona corretamente, é eficiente como ferramenta de apoio ao ensino e atende às questões técnicas específicas para o hardware utilizado? A Norma ISO 9126, destinada à avaliação da qualidade de software, foi escolhida como base fundamental para este trabalho, por permitir responder de forma satisfatória a estas questões, entre tantas outras. Esta Norma é ampla e ao mesmo tempo tão específica quanto se queira. Ela contempla a avaliação da qualidade de software por três pontos de vista: a visão da equipe de desenvolvimento do software, a do usuário e a do gerente. Para este trabalho essas visões foram aplicadas respectivamente para as questões técnicas, de aplicação e didáticas do software, ou seja, a visão da equipe de desenvolvimento sobre o software, a visão dos alunos sobre a aplicação do software em sala de aula e a visão do professor sobre a eficiência didática do software. Assim, a Norma ISO 9126 é utilizada como base para o desenvolvimento da metodologia de avaliação de software aplicado em sala de aula como ferramenta de apoio didático. Esta metodologia resulta em pontuações para cada ponto de vista da avaliação do software, permitindo saber, em cada caso, se o software atinge níveis de pontuações como: Insuficiente, Regular, Bom ou Excelente (orientação da Norma ISO 9126). Com isso, os pontos fortes e fracos do software são indicados, como também, as prioridades de melhorias e correções a serem realizadas (se for o caso). Os resultados apurados auxiliam na decisão final sobre a aceitação ou rejeição do software avaliado ou, ainda, de sua continuidade de uso em sala de aula ou não. Palavras-chave: Qualidade de software; Norma ISO 9126; Didática; Software didático; Software educativo; Custeio ABC.

Page 10: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

ABSTRACT

With the increasing use of software as didactic support tool in the most diversified knowledge areas, it is necessary to consider the didactic objectives and adapt the materials to the classroom setting. This is necessary because, still today, professors and educational institutions utilize software intended for different usages, adapting them for application in the classroom. In this case, some questions arise: Does the software reach the educational objectives in its application? Are the students satisfied with the utilization, simplification in learning and the in-depth study of the subject allowed by the software? Does the software function properly, is it efficient as a teaching support tool and does it attend to the technical issues specific to the hardware utilized? The ISO 9126 Norm, intended to evaluate software quality, was chosen as a fundamental basis for this project, because it allows for satisfactory responses to these questions and others. This Norm is broad and at the same time as specific as one wants. It contemplates the evaluation of software quality through three points of view: the point of the team that produced the software, the user’s point of view, and the manager’s point of view. For this paper, those standpoints were applied, respectively, to the technical questions of application and didactics of the software, the standpoint of the software production team, the standpoint of the students in respect to the application of the software in the classroom, and the standpoint of the teacher, in respect to the educational effectiveness of the software. Thus, the ISO 9126 Norm is utilized as the basis for the development of a methodology for the evaluation of software applied in classroom as an educational tool. This methodology results in scores for each point of view of the evaluation of the software, allowing to know, in each case, if the software reaches levels of scoring such as: insufficient, satisfactory, good, or excellent (ISO 9126 Norm orientation). Being so, the strong and the weak points of the software will be pinpointed, as well as priorities of improvements and corrections to be carried out (if need be). The results will favor in the final decision on the acceptance or rejection of the evaluated software, and also on the continuity or not of its usage in classroom. Keywords: Software quality; ISO 9126 Norm; Didactics; Didactic software; Educational software; ABC Cost.

Page 11: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Áreas de estudo de um software para aplicação didática......................... 27

Figura 2 Áreas de estudo da dissertação................................................................ 28

Figura 3 Esquema didático (adaptado de Mattos, 1960)................. ..................... .. 39

Figura 4 Componentes do processo didático e do processo de ensino

(LIBÂNEO, 2004)...................................................................................................... 39

Figura 5 Método lógico e método didático (adaptado de Mattos, 1960)............... .. 42

Figura 6 Valor medido e nível de pontuação........................................................... 57

Figura 7 Escala para a métrica e exemplo de valor de referência adotado.......... .. 79

Figura 8 Custeio ABC, visão geral da técnica.........................................................104

Figura 9 Modelo de custos ABC adaptado pelo autor........................................... ..105

Figura 10 Tela principal do software................................................ ..................... ..110

Figura 11 Gráfico de vínculos (modelo ABC completo)................... ..................... ..111

Figura 12 Gráfico das atividades (análise dos custos indiretos por atividade)........112

Figura 13 Gráfico de vínculos “parcial” (análise de um departamento)...................113

Page 12: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Apontamentos de Oliveira (2001) sobre software educativo.................. .. 30

Tabela 2 Apontamentos de Mattos (1960) sobre didática..... .................................. 34

Tabela 3 Apontamentos de Nérici (1993) sobre material didático.............. ............. 44

Tabela 4 Características e subcaracterísticas da Norma ISO 9126........... ............. 58

Tabela 5 Avaliador e finalidade da avaliação para cada ponto de vista da Norma. 61

Tabela 6 Subcaracterísticas avaliadas conforme o perfil do avaliador....... ............. 62

Tabela 7 Finalidade da avaliação para cada subcaracterística da Norma

segundo o autor................................................................................ .......... ............. 68

Tabela 8 Modelo para avaliação da aplicação de um software didático pelos

alunos.......... ............................................................................................... ............. 73

Tabela 9 Modelo para totalizar os pontos avaliados pelos alunos... ..................... .. 76

Tabela 10 Média final das avaliações da aplicação de um software didático....... .. 77

Tabela 11 Modelo para a média das avaliações com referência à Norma. ............. 81

Tabela 12 Referências para a definição de relacionamento entre os subitens

avaliados e as subcaracterísticas da Norma.... ....................................................... 82

Tabela 13 Modelo para avaliação da qualidade de um software didático pelos

pontos de vista da equipe de desenvolvimento e dos alunos, com base na

Norma ISO 9126....................................................................................................... 85

Tabela 14 Avaliação dos requisitos básicos de qualidade de um software

didático pelos pontos de vista da equipe de desenvolvimento e dos alunos,

com base na Norma ISO 9126.... ..................................................... .......... ............. 89

Tabela 15 Modelo para avaliação didática de um software didático pela visão

do professor, com base na Norma ISO 9126.............. .......... .................................. 92

Tabela 16 Modelo de avaliação das pontuações finais de um software

didático avaliado pelos três pontos de vista com base na Norma ISO 9126......... .. 98

Tabela 17 Total de pontuações das avaliações dos alunos.. ..................................122

Tabela 18 Média final das avaliações da aplicação do software didático................123

Tabela 19 Relação da avaliação dos alunos com as subcaracterísticas da Norma.125

Tabela 20 Avaliação dos requisitos básicos de qualidade do software didático

pelos pontos de vista da equipe de desenvolvimento e dos alunos, com base na

Norma ISO 9126............................................................................... ..................... ..127

Page 13: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

Tabela 21 Pontuações e observações sobre o software por subcaracterística da

Norma.......... ............................................................................................... .............137

Tabela 22 Modelo para avaliação didática do software didático pela visão do

professor, com base na Norma ISO 9126................................................................ 139

Tabela 23 Avaliação completa das pontuações obtidas do software didático

avaliado.....................................................................................................................143

Page 14: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E OBJETIV OS...................................................... ...................... 13

1.1 Apresentação do tema ..................................................... ...................... 14 1.2 Objetivos.......................................................................... ...................... 15 1.3 Importância....... ............................................................... ...................... 15

1.3.1 Software didático................................................ ...................... 17 1.3.2 Norma ISO 9126....................................................................... 21 1.3.3 Custos ABC........................................................ ...................... 23

1.4 Esclarecimentos............................................................... ...................... 24 1.5 Estruturação..................................................................... ...................... 26

2 SOFTWARE DIDÁTICO .............................................................. ...................... 29 2.1 Software educativo................................................................................. 29 2.2 Didática............................................................................ ...................... 32 2.3 Ensino-aprendizagem...................................................... ...................... 37 2.4 Processo de ensino e processo didático................................................ 38 2.5 Comunicação, linguagem, método e material didático.... ...................... 40 2.6 Avaliação qualitativa e quantitativa .................................. ...................... 46

3 QUALIDADE DE SOFTWARE............................................................................. 48 3.1 Necessidade de se avaliar um software................................................. 48 3.2 Aspectos relevantes para a definição da metodologia de avaliação...... 51 3.3 Sobre a Norma ISO 9126...... .......................................... ...................... 54 3.4 A avaliação segundo a Norma ISO 9126......................... ...................... 56 3.5 Pontos de vista segundo a Norma ISO 9126................... ...................... 58

4 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO....................................................................... 60 4.1 Sobre a metodologia de avaliação................................... ...................... 60

4.1.1 A avaliação e o perfil do avaliador..................... ...................... 61 4.1.2 As subcaracterísticas essencialmente técnicas e da aplicação 64 4.1.3 Os requisitos básicos......................................... ...................... 68 4.1.4 A ordem de aplicação das avaliações................ ...................... 70

4.2 Aplicando a metodologia de avaliação............................ ...................... 70 4.2.1 Determinação dos requisitos básicos................. ...................... 71 4.2.2 Preparação para a avaliação dos alunos........... ...................... 72 4.2.3 Aplicação de testes e a avaliação dos alunos.... ...................... 74 4.2.4 Cálculo das médias das avaliações dos alunos. ...................... 76 4.2.5 Relacionando a avaliação dos alunos com a Norma................ 80 4.2.6 Pontuação das avaliações essencialmente técnicas e da aplicação...... .......................................... ..................... ...................... 83 4.2.7 Avaliação e pontuação pelo ponto de vista didático................. 90 4.2.8 Pontuações finais e nível de pontuação............. ...................... 96 4.2.9 Julgamento das avaliações................................ ...................... 99

5 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO ..................... ......................103 5.1 Conceitos de custos ABC e ABM..... ......................................................103

5.1.1 Modelo de custos ABC proposto pelo autor....... ......................104 5.1.2 Sobre o software...... .......................................... ......................106 5.1.3 Desenvolvimento do software....... ..................... ......................107 5.1.4 Aplicação do software........................................ ......................109

5.2 A aplicação da metodologia de avaliação ..................... ......................114 5.2.1 Determinação dos requisitos básicos................. ......................114

Page 15: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

5.2.2 A avaliação da aplicação do software pelos alunos...................121 5.2.3 Cálculo das médias das avaliações dos alunos. .......................122 5.2.4 Relacionando a avaliação dos alunos com a Norma.................125 5.2.5 Avaliação pela equipe de desenvolvimento....... .......................126 5.2.6 Avaliação técnica e da aplicação com base nos requisitos básicos....................................................... .......................129 5.2.7 Avaliação e pontuação pelo ponto de vista didático..................138 5.2.8 Pontuações finais do software e para os três pontos de vista...142 5.2.9 Julgamento das avaliações................................ .......................144

6 CONCLUSÃO...... .......................................................................... .......................148 6.1 Sobre a dissertação.... ............................................................................148 6.2 Contribuição..... ............................................................... .......................150 6.3 Sobre a metodologia de avaliação e sua aplicação......... .......................151 6.4 Trabalhos futuros........ ..................................................... .......................152

REFERÊNCIAS...... .......................................................................... .......................154 GLOSSÁRIO............................................................................................................157

Page 16: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

13

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A motivação para a pesquisa que gerou este trabalho nasceu da necessidade

de se obter uma metodologia clara e objetiva, que avaliasse de forma eficaz um

software de custos ABC (Activity-Based Costing), desenvolvido e aplicado pelo autor

em vários cursos deste gênero.

A questão principal, além de se avaliar um software específico, seria avaliar a

adequação de um software para a aplicação didática, respondendo à pergunta:

como avaliar a qualidade de um software adotado como ferramenta de apoio

didático?

Assim, é apresentada neste trabalho uma metodologia de avaliação da

qualidade de software utilizado como ferramenta de apoio didático. A Norma ISO

9126 é utilizada como base para esta avaliação, considerando a apreciação dos três

entes fundamentais envolvidos diretamente com software, a saber: a equipe de

desenvolvimento de software (ou a entidade que a represente), os alunos (usuários

finais) e o professor (um especialista ou uma equipe formada pela instituição de

ensino que o represente).

Os resultados gerados determinam as pontuações que indicam a adequação

ou inadequação do software avaliado diante dos objetivos da avaliação.

As avaliações utilizadas neste processo permitem uma análise de pontos

onde o software deva ser melhorado ou mesmo modificado, visando a uma nova

versão, caso tenha sido aceito, ou ainda, para um futuro enquadramento como

“adequado” se rejeitado.

No caso da avaliação ser realizada em mais de um software, aqueles que

forem aprovados quanto à sua adequação poderão ser diferenciados pela pontuação

final e, também, através das pontuações obtidas nas avaliações dos três entes

fundamentais (equipe de desenvolvimento, alunos e professor), determinando qual o

software, entre os selecionados, que é o mais apropriado à aplicação desejada.

Page 17: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

14

1.1 Apresentação do tema

Quando um software é aplicado como ferramenta de apoio didático em sala

de aula, é necessário avaliá-lo considerando o envolvimento da equipe de

desenvolvimento de software, dos alunos e do professor. Cada um apresenta uma

visão e objetivos bem distintos em relação à mesma aplicação; por exemplo: para a

equipe de desenvolvimento, o software deve atender a seus requisitos técnicos

definidos quando de sua elaboração e, ao final, apresentar uma qualidade tal que

permita o seu bom funcionamento. Para o aluno, o software deve ser de fácil

operação, permitindo o melhor aproveitamento de seu tempo para o aprendizado, e

também ser claro e objetivo em relação ao assunto tratado, possibilitando a

verificação prática daquilo que se aprendeu na teoria. Para o professor, o software

deve atender a objetivos didáticos, auxiliar no processo de ensino e servir de apoio

eficaz ao processo de aprendizagem dos alunos.

Desta forma, é fundamental que a avaliação da qualidade de um software e

de sua aplicação seja feita pelos três pontos de vista: equipe de desenvolvimento,

alunos e professor. Assim, é indicada a aplicação de três avaliações, uma para cada

ponto de vista.

Estas avaliações indicam os pontos onde o software deva ser melhorado ou

mesmo adaptado, para que o mesmo venha a atender de forma satisfatória aos

objetivos almejados. Após as avaliações, uma pontuação final é obtida para cada

ponto de vista e, também, para o software como um todo. Com estas pontuações é

possível concluir quanto à adequação ou não deste software para a aplicação

didática.

Page 18: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

15

1.2 Objetivos

O objetivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia de avaliação da

qualidade de software utilizado como ferramenta de apoio didático em sala de aula .

Faz parte dos objetivos desta metodologia de avaliação contemplar:

• Uma avaliação técnica, executada por técnicos, que pontue o software

e as suas questões técnicas, para análise detalhada de seus pontos

fortes e fracos, favorecendo ou não a sua aprovação;

• Uma avaliação da aplicação em sala de aula, executada pelos alunos,

que pontue o software e as questões da aplicação deste software em

sala de aula, para análise detalhada dos pontos fortes e fracos,

favorecendo ou não a sua aprovação;

• Uma avaliação didática, executada pelo professor ou uma equipe que o

represente, que pontue o software e as questões didáticas deste

software, para análise detalhada dos pontos fortes e fracos,

favorecendo ou não a sua aprovação;

• Uma pontuação final para o software, com base nas três pontuações

anteriores, que aponte o software avaliado como aprovado ou

rejeitado, seja para a continuidade de seu desenvolvimento, aquisição

ou continuidade de uso em sala de aula.

Para a validação desta metodologia de avaliação, o autor apresenta uma

aplicação com a utilização de um software de custos ABC, desenvolvido

especificamente para ser aplicado em cursos desta natureza. Com base na Norma

ISO 9126, o software é avaliado pela equipe de desenvolvimento, pelos alunos e

pelo professor.

1.3 Importância

Uma vez que é crescente a utilização de software como ferramenta de apoio

didático nos mais diversos cursos e áreas de ensino, torna-se essencial avaliá-los de

forma ampla e direcionada às questões de qualidade.

Page 19: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

16

Nem todo software aplicado em sala de aula foi desenvolvido para a

finalidade didática. Diferentemente de software utilizado no ensino fundamental, que

normalmente é desenvolvido com finalidade didática, no nível superior o software

aplicado geralmente vem de uma empresa ou é adquirido no comércio. Portanto, é

direcionado a aplicações técnicas, comerciais, empresariais e outras que não as

aplicações didáticas. Este fato faz com que alguns não apresentem, por exemplo,

facilidade no manuseio, simplificação no lançamento das informações, foco no

assunto tratado em sala de aula e recursos específicos dirigidos ao aprendizado.

Vindos de fora do ambiente de ensino, é razoável que eles sejam ricos em

detalhes necessários para a finalidade a que foram desenvolvidos, mas que podem

desviar o foco do assunto abordado em aula. Um software que troque informações

com outro software (integrado) é um exemplo disso: em uma aula sobre fluxo de

caixa, um simples “contas a pagar”, que necessite de lançamentos de dados

contábeis por estar interligado com um sistema de “contabilidade”, interfere no foco

do assunto da aula, pois a visualização de informações sem relação com o que se

está estudando pode desviar a atenção do aluno, gerar dúvidas, causar esforços

desnecessários para se obter a resposta desejada, prejudicar o aprendizado e,

conseqüentemente, o bom andamento da aula.

Assim, a contribuição desejada para este trabalho está em iniciar um largo e

longo caminho a ser percorrido por futuros pesquisadores, no sentido de se criar

uma metodologia de avaliação de software aplicado com finalidade didática em sala

de aula, de forma a se obter:

1. Uma pontuação que determine a adequação ou a inadequação de um

software avaliado diante de questões didáticas;

2. Uma relação do que pode ser melhorado ou modificado em um

software, visando ao seu aprimoramento didático para a próxima

versão, ou, do mesmo modo, o que é necessário para torná-lo

“adequado” em uma ava liação futura (pós-modificações), considerando

as questões de qualidade técnicas do software e de sua aplicação em

Page 20: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

17

sala de aula;

3. Uma análise que permita selecionar um software entre vários que

concorram a uma mesma aplicação, através de suas pontuações finais

e, também, pela análise das pontuações obtidas para cada um dos

pontos de vista (equipe de desenvolvimento, alunos e professor);

4. Uma metodologia de avaliação que seja abrangente o suficiente, de

modo a permitir a análise de qualquer software que venha a ser

aplicado em sala de aula , em qualquer área do conhecimento;

5. Uma mudança de visão no planejamento e na produção de software

voltado à aplicação didática, através da conscientização de

professores, alunos e profissionais da área de desenvolvimento de

software, possibilitando um planejamento mais adequado e um

desenvolvimento do produto final com foco em uma futura avaliação

didática, que venham a contribuir com a renovação e o aprimoramento

da qualidade de ensino e, também, com o aprendizado de um modo

geral.

A contribuição deste trabalho está em desenvolver uma metodologia de

avaliação que contemple todos estes aspectos, permitindo, assim, uma avaliação

ampla e direcionada às questões de qualidade.

1.3.1 Software didático

Atualmente software está presente no ambiente escolar das mais variadas

formas, desde a sua utilização para a simples apresentação de uma aula, até o uso

intensivo pelos alunos em salas com computadores. Por outro lado, é comum

observar a presença de equipamentos portáteis trazidos pelos alunos para as salas

de aula nos cursos de nível superior e, não menos comum, a utilização da Internet

para pesquisas e para a confecção de trabalhos completos em grupo, ainda que

estes grupos não tenham se reunido de forma presencial uma única vez.

Page 21: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

18

Essas constantes transformações que a escola vem sofrendo são fatos

inegáveis e que apontam para a necessidade de se verificar se a escola está

interagindo, na sua finalidade educacional, de forma eficiente com estas novas

tecnologias. A questão primordial é que o aluno está em contato com o mundo e

também com o mercado de trabalho e, quando se dirige à escola, espera encontrar

os mesmos recursos tecnológicos que encontra fora dela. Neste contexto, estaria a

escola hoje sendo eficaz?

Ainda hoje a escola é entendida como um centro detentor e transmissor de

conhecimentos, cujo principal agente é o professor. No relato de Bianchetti (2001),

“A escola está sendo pressionada a assumir efetivamente a função de desafiar e

subsidiar a construção de conhecimento , pois na condição de apenas transmissora

continuará perdendo espaço e justificação histórico-social”. Com as novas

tecnologias de informação e comunicação, os profissionais e as instituições que

permanecem atuando como simples transmissores de conhecimentos, ou

intermediadores, estão cada vez mais perdendo espaço e valor, e tendem a

desaparecer com o tempo. Bianchetti relaciona esta situação, em particular a do

professor-transmissor, com profissionais que passaram ou estão passando por

necessidade de migração em suas atividades, como por exemplo, os datilógrafos,

caixas de banco e telefonistas. No entanto, quanto a isso, Oliveira (2001) cita que, “a

utilização dessas tecnologias não nos autoriza a pensar que nesse novo contexto a

figura do professor venha a se tornar desnecessária”.

Segundo Hilst (1994), “a educação superior deve colocar-se como alavanca

central do desenvolvimento da sociedade e da economia, equilibrando os desafios

tecnológicos com os compromissos educativos”. E complementa: “poderíamos dizer

que precisamos da tecnologia e a tecnologia de que necessitamos não é nada

utópica, é muito real e está bem próxima de nós”. O uso de software para a

aprendizagem é uma realidade que precisa ser avaliada quanto aos objetivos

educacionais a que se propõe. Hoje, esta aprendizagem não se restringe apenas ao

ambiente escolar. “Existe toda uma tecnologia de ponta que a escola pode utilizar

dentro e fora de seu espaço físico” (MASETTO, 1997).

Page 22: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

19

As pesquisas realizadas por Bianchetti (2001), nesse momento de constantes

mudanças, evidenciam questões onde o saber, o ser e o querer mesclam-se

formando o trabalhador ideal para a empresa. O perfil deste trabalhador consiste

num conjunto de atitudes, entre as quais, as mais apreciadas são: sociabilidade,

disponibilidade, capacidade de envolvimento nos problemas e soluções da empresa.

E conclui que:

“as principais críticas e os maiores questionamentos ao sistema formal de ensino não se voltam apenas aos aspectos cognitivos relacionados ao desempenho da função especializada do técnico ou engenheiro. Embora tenham sido feitas referências a defasagens neste sentido, a tônica das críticas e questionamentos volta-se para a (in)capacidade dos trabalhadores em assimilar a nova cultura da empresa no tocante às transformações em processo, especialmente as tecnológicas, que são mais visíveis.” (BIANCHETTI, 2001)

O grande desafio da escola atual está em alinhar as suas diretrizes, seus

recursos e métodos com a realidade com que o aluno se depara em seu dia-a-dia.

Sem este alinhamento, não há uma conexão do mundo real com o ensino, o que faz

com que este se torne entediante. Segundo Masetto (1997), “ao centrar a

construção do conhecimento somente sobre o livro didático, a escola cria um

ambiente de aprendizagem parado no tempo, fora de contexto e desinteressante”.

A escola vem passando por constantes adaptações, em particular quanto às

questões da preparação do trabalhador para o mercado de trabalho. A explicação

disso está no fato de que até a década de 70 a postura generalizada era a de que

escola e empresa pertenciam a mundos diferentes e não conciliáveis. Assim, o ser

do pensamento estava na escola e o ser da produção na empresa. Entretanto, e de

acordo com novas necessidades empresariais, buscou-se formas de aproximar este

saber acadêmico do mundo da produção. A questão seria identificar o saber tácito

dos trabalhadores de forma a gerar um processo pedagógico. Sobre isso, Bianchetti

(2001) complementa, citando o movimento da dupla afirmação e dupla negação, que

é ao mesmo tempo, negar e manter o velho e negar e incorporar o novo, ou seja:

“aprender a aprender” e “aprender a desaprender”. Nesse contexto, enquadra-se a

adaptação dos trabalhadores a uma nova versão do software, ressaltando o autor

que “na medida em que na informática – base da organização da vida/trabalho hoje

– predomina o interesse pela última versão do software e do hardware, estamos

Page 23: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

20

sendo desafiados a conviver com o efêmero”. Portanto, a escola está sendo

desafiada a revisar suas formas de atuação e assumir novas funções. Quanto ao

ensino superior, Bianchetti (2001) ainda comenta que “em relação à universidade,

além da preocupação com a formação para uma determinada profissão, está sendo

requisitada uma preparação para que o egresso assuma, na empresa ou no setor

em que vier a trabalhar, uma postura de empreendedor”. Este fato é comprovado

hoje, pelo recente surgimento e grande crescimento dos cursos de graduação de

curta duração (em torno de dois anos), que são essencialmente voltados à formação

de empreendedores para mercados específicos.

Olhando para o mercado de trabalho atual e as constantes e intensas

mudanças devidas às novas tecnologias, Oliveira (2001) afirma que “este novo

contexto exige do trabalhador características nunca antes pensadas, como as de

raciocínio lógico, responsabilidades para com o processo de produção e iniciativa

para resolução dos problemas emergentes”. A escola não pode e não deve ignorar o

fato de que ao incluir um software como ferramenta de apoio à aprendizagem ela

estará preparando o aluno para o mundo real, aproximando-o desta realidade

através de simulações e recursos outros que facilitem e proporcionem este

aprendizado, de forma objetiva, atual e agradável.

“À luz da Didática moderna, cada professor devidamente habilitado,

partindo de diretrizes metodológicas seguras e atualizadas, pode e deve organizar seu próprio método, empenhando nisso seu saber, sua experiência e sua imaginação criadora. O bom professor é aquele que está na busca constante de um método melhor, mais adequado e eficaz, um método que enquadre realisticamente os princípios, as sugestões e as normas flexíveis da moderna técnica de ensino às realidades concretas e imediatas em que se situa o seu trabalho.” (MATTOS, 1960)

Neste contexto, um software didático deve permitir ao professor uma

flexibilidade tal, de modo que ele possa explorá-lo de diversas formas, realística e

criativamente, segundo seus objetivos.

Masetto (1997) observa que um livro-texto pode ser utilizado como um dos

recursos para a aprendizagem, mas não deve ser esta a única fonte de informações.

Assim como um livro didático, cujo principal objetivo é servir de apoio ao processo

de ensino-aprendizagem, um software didático também deve ser encarado como

Page 24: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

21

meio e não como fim.

“É lamentável observar que uma abordagem mecanicista vem fundamentando a utilização do software educativo pelas instituições de ensino, ratificando a continuidade da prática docente empirista. Essa realidade se coloca na contramão das expectativas geradas quanto à utilização das novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem.” (OLIVEIRA, 2001)

O que se observa é uma grande distância entre o que a sociedade

tecnológica produz e o que a escola utiliza, apesar de se saber que os inventores

destas novas tecnologias saíram de dentro desta mesma escola. Desta forma, é

imprescindível que a escola reveja sua postura, também quanto aos métodos de

ensino até então adotados, pois de outra maneira corre o risco de negar pelo

desuso, ou mau uso, o que ela mesma ajudou a criar.

“É fato que a formação do engenheiro atualmente está envolvendo

não apenas as habilidades técnicas, mas o desenvolvimento de atitudes, posicionamentos éticos e outras habilidades, às quais o conhecimento dos estilos de aprendizagem pode dar grande contribuição, uma vez que o domínio das técnicas (partes) não garante a formação do engenheiro como um todo (sistema). Além disso, esta informação pode ser muito útil aos docentes, no planejamento de atividades alternativas que favoreçam a aprendizagem ativa (jogos e simulações) e a aprendizagem colaborativa por meio, por exemplo, do trabalho em equipe, habilidade valorizada pelo mercado de trabalho. Tal como afirmado por Felder e Silverman (1998), Keirsey e Bates (1984) e Kolb (1984), a diversificação das atividades dentro de sala de aula tem o objetivo de atingir os diferentes estilos de aprendizagem, contribuindo também, para uma formação mais global do futuro engenheiro.” (FREITAS, DORNELLAS e BELHOT, 2006)

Portanto, ter em mãos uma metodologia que permita avaliar um software de

forma clara e objetiva, como uma ferramenta didática apropriada para o uso no

processo de ensino-aprendizagem, em particular no ensino superior, é de

fundamental importância para os dias de hoje.

1.3.2 Norma ISO 9126

A escolha da Norma ISO 9126 deu-se, principalmente, pelo fato de esta

Norma apontar para vários aspectos da qualidade de software, de forma ampla e

com liberdade para se avaliar com a visão e com o nível de detalhamento

desejados, permitindo, ainda, o aprofundamento desta análise tanto quanto se

Page 25: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

22

queira. Segundo Rocha et al. (2001), “Mais recentemente, a norma ISO 9126 surgiu

como uma importante tentativa de consolidar as diferentes visões da qualidade em

um modelo como norma internacional”.

A Norma abrange não somente a questão da qualidade de produto de

software, mas também a qualidade da aplicação, o que a torna essencial para este

trabalho, uma vez que é justamente na aplicação que está o foco principal das

preocupações de professores e alunos em relação à utilização de software em sala

de aula.

Além disso, esta Norma é amplamente utilizada até os dias de hoje. Como

exemplo, ela é parte integrante do desenvolvimento pelo ITI (Instituto Nacional de

Tecnologia da Informação) do “Guia de Avaliação da Qualidade de Produto de

Software” (GUIA ITI, 2001), que tem por finalidade avaliar produtos de software sob

o ponto de vista de um usuário final. Outro exemplo, é que esta Norma foi aplicada

em uma dissertação de mestrado atual, que se destina à avaliação da qualidade de

software educacional (GLADCHEFF, 2001). Neste trabalho, optamos pela utilização

direta da Norma ISO 9126.

A Norma permite realizar a avaliação sob a visão do usuário, que é a visão do

aluno, portanto, fundamental para um software que é aplicado como ferramenta de

apoio ao aprendizado. Por outro lado, a Norma contempla a visão da equipe de

desenvolvimento, que é uma visão técnica voltada ao produto de software, que deve

atender à qualidade esperada de sua aplicação em sala de aula, facilitando e não

comprometendo o aprendizado. E, finalmente, a Norma também permite a avaliação

sob a visão do gerente, que é uma visão estratégica e que, no caso de um software

voltado à aplicação didática, é a visão do professor quanto aos objetivos didáticos da

aplicação.

Oliveira (2001) observa que:

“no caso de o usuário ser o sistema educacional, seria interessante que o software passasse por comissões avaliadoras, o que viabilizaria a indicação do produto como adequado, ou não, para ser utilizado na rede escolar. É importante também que cada escola proceda à avaliação do software, tendo em vista a apreciação de seus professores, no que se refere

Page 26: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

23

à adequabilidade do uso desse instrumento como ferramenta de apoio ao seu trabalho educacional e considerando o seu próprio projeto pedagógico. Vale a pena ressaltar que essas comissões devem ser constituídas por educadores e especialistas capazes de, num esforço multidisciplinar, avaliar a possibilidade efetiva de contribuição do produto para a prática pedagógica. É importante destacar ainda que a participação de estudantes nessas comissões, com o seu olhar de usuário, pode vir a ser um termômetro da aceitação do software educativo pelo seu público-alvo”.

Uma vez que não é suficiente avaliar um software para aplicação didática por

apenas um destes pontos de vista, e a Norma permite explorar estas questões por

todos estes ângulos diferenciados, decidiu-se aplicá-la como base fundamental para

a definição das avaliações de software neste trabalho. Deste modo, as avaliações

serão realizadas sob o ponto de vista da equipe de desenvolvimento, dos alunos e

do professor.

1.3.3 Custos ABC

Custos ABC é o tema do software apresentado neste trabalho, que apesar de

não ser o foco central desta pesquisa, é um tema atual e de significativa importância

para as empresas. Segundo Martins (2003), “no processo de redução de custos e

despesas o uso do ABC é imbatível”.

Devido ao elevado crescimento dos custos fixos em relação aos custos

variáveis, observados nas últimas décadas, principalmente pelo emprego de novas

tecnologias e, também, pelo aumento da complexidade dos processos produtivos

originados em parte por uma demanda maior de produtos diferenciados, fez-se

necessário desenvolver um novo sistema de custeio que melhor apropriasse os

custos fixos aos objetos de custeio. Neste sentido, na década de 80 surgiu o ABC, e

permanece até hoje como uma metodologia eficaz na apropriação dos custos

indiretos (custos fixos), levando-se em conta as atividades e as complexidades dos

processos que antes eram ignoradas, sendo portanto, um método mais acurado e

apropriado para a maioria dos casos encontrados nas empresas ainda hoje.

O método de custeio baseado em atividades, ou ABC tem sido cada vez mais

utilizado e, por isso, tem-se feito necessário que os cursos de engenharia de

Page 27: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

24

produção transmitam não só os conceitos básicos, mas também a forma correta da

aplicação desta metodologia.

Da mesma forma, tem-se enfocado cada vez mais a gestão em custos ou

ABM (Activity-Based Management). O método de custeio ABC objetiva o cálculo dos

custos propriamente ditos, enquanto o ABM analisa e destaca os valores parciais e

totais apontados pelo ABC, de modo a auxiliarem nas questões gerenciais, sejam de

controle ou para a tomada de decisões. Como exemplo, temos o cálculo de

indicadores do trabalho indireto (administração, serviços, manutenção, controle de

qualidade, entre outros); o que não é comum ser realizado nas empresas, onde os

indicadores se concentram nas questões produtivas e financeiras.

Uma aplicação é apresentada neste trabalho, com base em um software de

custos ABC, desenvolvido e aplicado pelo autor como ferramenta de apoio didático a

cursos desta mesma natureza, em particular para o ensino superior.

1.4 Esclarecimentos

A metodologia de pesquisa é feita com base nos apontamentos de

importantes autores sobre cada tema: Didática, Qualidade de Software, Norma ISO

9126 e Custos ABC (tema da aplicação utilizada nesse trabalho). A partir desse

levantamento é delineada a definição da metodologia de avaliação.

Os autores da área educacional, em geral, denominam um software

desenvolvido e utilizado para aplicação didática como "software educativo". Este

termo é largamente utilizado quando citam um software aplicado no ensino

fundamental. Isto se dá, pois, nesse nível de ensino, um software normalmente é

dirigido ao aprendizado do aluno como em um livro-texto, ou seja, com início, meio e

fim bem determinados, apresentando pouca ou nenhuma flexibilidade quanto à sua

manipulação e a simulações dentro do assunto abordado. Também, são foco de

interesse as questões específicas, como cores, sons, efeitos e o roteiro, por

exemplo.

Page 28: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

25

Nesta pesquisa, utiliza-se amplamente o termo “software didático” – que é um

software educativo – para destacá-lo de um software que seja dirigido com pouca

flexibilidade em sua aplicação, como em casos extremos, nos quais até o professor

não necessite estar presente . A finalidade deste trabalho é avaliar o software como

ferramenta de apoio didático, ou seja, a interação: professor – tema/software –

alunos. Um exemplo está em cursos de nível superior, para os quais um software

deve ter flexibilidade de uso e possibilitar simulações. As questões específicas não

necessariamente são foco deste tipo de software, porém, podem estar presentes.

No decorrer deste trabalho, o termo “professor” é amplamente citado; no

entanto, o autor assim o fez para não citar repetidas vezes esta frase: professor, um

especialista ou sua instituição de ensino. A figura do professor não é

necessariamente a de um único professor, ela é generalizada por poder indicar uma

equipe formada pela instituição de ensino, como por exemplo, a participação direta

ou indireta de vários professores, técnicos, especialistas ou empresas certificadoras.

Este trabalho desenvolve uma metodologia de avaliação de software aplicado

em sala de aula, que seja abrangente e adaptável a aplicações específicas. Um

exemplo de aplicação específica seria a utilização de um software para compor

partituras e executá-las, onde as questões de qualidade dos recursos multimídia são

fundamentais. De outro modo, o mesmo ocorre para situações onde cores, alta

definição, recursos 3D (efeitos tridimensionais), interação eletrônica ou automatizada

são essenciais. Sobre avaliações específicas de software educativo existem vários

estudos, como é o caso da dissertação de Gladcheff (2001) e do livro de Rocha et

al. (2001), entre outros. O “Guia de Avaliação da Qualidade de Produto de Software”

(GUIA ITI, 2001) é bem específico e utiliza-se também da Norma ISO 9126, e reforça

a questão da flexibilidade quando da avaliação pela Norma, quando cita que

“Algumas questões podem ser modificadas, outras eliminadas e/ou novas questões

podem ser acrescentadas de acordo com a especificação do produto de software a

ser avaliado”.

A metodologia aqui apresentada permite que a avaliação seja tão específica

quanto se queira, portanto, dependendo dos objetivos e das necessidades da

avaliação. Em geral, nestas avaliações mais específicas há uma grande

Page 29: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

26

preocupação com vários itens que têm importâncias diferentes, conforme a

aplicação destino, como é o caso já citado da apresentação de cores e sons,

recursos gráficos e de imagem, entre outros. Assim, cabe a quem irá aplicar esta

metodologia definir quão específica deva ser a sua avaliação, no todo ou em alguns

itens em particular.

1.5 Estruturação

O presente capítulo traz uma introdução sobre o tema, os objetivos deste

trabalho, a importância do tema escolhido e algumas considerações sobre a

metodologia de avaliação.

O segundo capítulo apresenta os conceitos da área educacional necessários

para se definir um software como didático, e permitir, ao mesmo tempo, obter

subsídios para a concretização de uma metodologia que venha a avaliá-lo a

contento diante de uma aplicação com finalidade didática.

O terceiro capítulo apresenta as questões sobre qualidade de software,

consideradas para o desenvolvimento desta mesma metodologia de avaliação, com

base na Norma ISO 9126.

O quarto capítulo apresenta a metodologia estruturada para a avaliação da

qualidade de software aplicado em sala de aula , em três avaliações distintas

conforme os três pontos de vista citados na Norma: equipe de desenvolvimento,

usuários e gerente, que nesta metodologia são representados respectivamente pela

equipe de desenvolvimento, alunos e professor.

O quinto capítulo apresenta uma aplicação da metodologia de avaliação para

um software utilizado como ferramenta de apoio didático em um curso de custos

ABC. São apresentados os conceitos de custos ABC, incluindo ABM, o modelo de

custos proposto pelo autor, uma breve descrição sobre o software didático avaliado

e, a apresentação e discussão dos resultados desta aplicação.

Page 30: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

27

Finalmente, o sexto capítulo apresenta as conclusões, com um breve histórico

sobre o desenvolvimento deste trabalho e sugestões para trabalhos futuros.

Figura 1 Áreas de estudo de um software para aplicação didática

A estrutura básica deste trabalho está representada na Figura 1, onde se

observa que a intersecção das três linhas de pesquisa – didática, Norma ISO 9126 e

tema do software – formam o foco desta dissertação. A intersecção entre as linhas

de pesquisa representa a sustentação de uma área na fundamentação do que é

apresentado na outra.

A questão didática auxilia na compreensão do assunto e no apoio à

metodologia quanto a se avaliar um software para aplicação didática. A questão da

qualidade de software permite a avaliação da qualidade, fundamentada na Norma

ISO 9126, diante dos três pontos de vista (equipe de desenvolvimento, alunos e

professor). E, finalmente, a questão do tema do software, que é o assunto específico

da aplicação à qual o software se destina, e que será avaliado quanto à sua

adequação.

Neste trabalho o tema do software avaliado é “custos ABC”. A Figura 2

representa as áreas de pesquisa, considerando-se a aplicação da metodologia de

avaliação descrita no capítulo quinto.

Didática

Norma ISO 9126

Tema do Software

Page 31: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

28

Figura 2 Áreas de estudo da dissertação

Didática

Norma ISO 9126

Custos ABC

Page 32: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

29

2 SOFTWARE DIDÁTICO

Neste capítulo são apresentados os conceitos da área educacional que

contribuem para a elaboração de uma metodologia para a avaliação da aplicação de

um software como ferramenta de apoio didático em sala de aula. Para tanto, reuniu-

se uma série de contribuições de autores que discutem conceitos e idéias

fundamentais do processo educativo. Sem estas contribuições, o termo “software

didático” permaneceria muito abrangente; ao mesmo tempo, poderia ser mantido o

mito de que qualquer software aplicado em sala de aula seja por si só didático.

O autor esclarece que preferiu utilizar o termo “software didático” como

ferramenta de apoio e não de ensino, ao invés de “software educativo”. Nesta

segunda categoria estão incluídos os instrumentos tecnológicos autodidáticos nos

quais se dispensa, muitas vezes, inclusive a presença do professor, e que são

comumente utilizados no nível fundamental. O foco deste trabalho está na avaliação

da interação: professor – tema/software – alunos, o que foge ou é pouco explorado

neste tipo de software. No entanto, é importante ressaltar que um software didático

não deixa de ser um software educativo, por estar inserido em contextos de ensino-

aprendizagem.

A partir das considerações deste capítulo é desenvolvida parte da

metodologia de avaliação para este trabalho.

2.1 Software educativo

Segundo Oliveira (2001):

“o que caracteriza um software como educacional é a sua inserção

em contextos de ensino-aprendizagem. Assim, nessa perspectiva, um determinado programa de computador pode ser considerado um produto educacional se adequadamente utilizado pela escola, mesmo que não tenha sido produzido com a finalidade de uso do sistema escolar”.

O autor adaptou e reuniu vários apontamentos de Oliveira (2001) em uma

única tabela (Tabela 1). O motivo disso está em apresentar algumas questões

Page 33: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

30

básicas sobre software educativo, sua diferenciação em relação a software

aplicativo, sua evolução na utilização em educação e as suas características para o

seu planejamento, desenvolvimento e avaliação.

Tabela 1 Apontamentos de Oliveira (2001) sobre software educativo

Item Apontamentos

Software Educativo ou Programa Educativo

(CourseWare) Finalidade Didática

1º Software

Educacional Software Aplicativo

Finalidade Empresarial (mesmo aplicado no contexto didático,

não é um software educativo)

Ênfase na lógica e no conteúdo: treino em

respostas consideradas corretas

O primeiro tipo de software educativo desenvolvido para se aplicar em

educação foi o CAI – Computer Assisted Instruction (Instrução Assistida por Computador) – na década de 1960

Capacidade de acumulação/utilização

de novas informações:

interação progressiva com o usuário

A partir da década de 1970, os chamados “sistemas inteligentes”

(pesquisas em inteligência artificial) começaram a ser incorporados pela área educacional, mas até hoje não atingiram

o sucesso esperado

2º Evolução do

Software Educativo

Interação com o usuário: perspectiva

construtivista de simulações, desafios e

jogos educativos

Permite um melhor aproveitamento pedagógico. São exemplos o tutorial, a

simulação e os jogos educacionais

Parâmetros a serem considerados para a

definição dos critérios de produção e

avaliação de um software educativo

Conteúdo

Fundamentação Interação aluno, software educativo, Programação professor

Definição e presença de uma fundamentação pedagógica que

permeie todo o seu desenvolvimento Finalidade didática, por levar o aluno/usuário a “construir”

conhecimento relacionado com seu currículo escolar Interação entre aluno/usuário e programa, mediada pelo professor

Facilidade de uso, uma vez que não se deve exigir do aluno conhecimentos computacionais prévios, mas permitir que qualquer usuário, mesmo que em um primeiro contato com a máquina, seja

capaz de desenvolver suas atividades

4º Características de

um Software Educativo

Atualização quanto ao estado da arte

Fonte: Adaptado de Oliveira (2001)

Page 34: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

31

Comentários sobre os itens da Tabela 1:

1º. Software educacional – Um software aplicado em sala de aula

servindo de apoio ao processo de ensino-aprendizagem, não é

necessariamente um software educativo. Software educativo é

aquele que foi desenvolvido para que o aluno construa

determinados conhecimentos sobre a matéria de ensino, ou seja,

com objetivos didáticos. Um software aplicativo pode ser um

software educacional, desde que utilizado em sala de aula com

finalidade didática, mas não é um software educativo, uma vez que

não foi desenvolvido para esse fim. Por exemplo, planilhas

eletrônicas e bancos de dados. Portanto, o software aplicativo não

se enquadra no contexto de software educativo, ainda que possa

ser utilizado em procedimentos didáticos, o que o descaracteriza

para a finalidade de análise e avaliação deste trabalho.

2º. Evolução do software educativo – Atualmente, o software

educativo que é mais utilizado e eficiente para a educação, é o do

tipo de interação com o usuário (tutoriais, simulações e jogos

educativos). Os tutoriais possibilitam o acesso do usuário ao

conteúdo didático e propõem questões às quais ele deve reagir ou

responder. A grande limitação é a interação restritiva com o usuário

pela análise de respostas a questões abertas ou a questões fora

dos limites do que foi programado. A simulação não é novidade na

educação, utilizada principalmente para a compreensão dos

fenômenos e a comprovação de leis (física e biologia, por exemplo);

ela permite ao professor promover ambientes de intensa

interatividade, motivação e produtividade, ao mesmo tempo em que

avalia o processo de ensino-aprendizagem (momento mais rico

para intervenções pedagógicas). Os jogos educacionais, por sua

vez, que têm na sua essência a aprendizagem com prazer e a

criatividade com diversão, objetivam a intensa interatividade com o

usuário, de modo a cativar o interesse dos alunos em temas muitas

vezes difíceis de se abordar pelos recursos tradicionais.

Page 35: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

32

3º. Parâmetros a serem considerados para a definição dos

critérios de produção e avaliação de um software educativo –

No diagrama apresentado nesse item, a fundamentação

pedagógica é o alicerce principal de um software educativo, que

tem como objetivos: especificar o conteúdo a ser contemplado,

definir os requisitos para a programação e atingir a finalidade

didática de disponibilizar satisfatoriamente a interação aluno –

software educativo – professor. Assim, com a devida mediação

do professor, esse software deve ser capaz de ampliar a interação

entre o aluno e o conteúdo.

4º. Características de um software educativo – Estas características

permeiam o estudo desse trabalho, que se destina a software

educativo aplicado em sala de aula como ferramenta de apoio ao

ensino em sala de aula.

2.2 Didática

O que realmente deve ser entendido quando se diz que um software é

didático? Para responder a esta questão, é importante compreender o que a didática

representa. O termo “didática” é amplamente discutido na literatura contemporânea,

conforme as citações a seguir.

Segundo Nérici (1993):

“didática é o estudo do conjunto de recursos técnicos que tem em mira dirigir a aprendizagem do educando, tendo em vista levá-lo a atingir um estado de maturidade que lhe permita encontrar-se com a realidade, de maneira consciente, eficiente e responsável”.

Define, assim, didática como o estudo dos procedimentos destinados a

orientar a aprendizagem do educando de maneira eficiente.

Page 36: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

33

Já para a educadora Candau (2005), a didática pode ser entendida como

“reflexão sistemática e busca de alternativas para os problemas da prática

pedagógica”, ou seja, deve ser flexível e aberta a modificações constantes dadas as

necessidades e condições apresentadas na relação de ensino-aprendizagem. Neste

sentido, um software pode facilitar a apreensão de conceitos e estruturas

complexas, ajudando o docente a concretizar idéias e fenômenos abstratos. Pode,

por exemplo, apresentar simulações da realidade que seriam impraticáveis num

ambiente tradicional de aula, como os efeitos resultantes no clima de diversas

regiões do planeta conforme a variação das condições de temperatura, umidade

relativa do ar e velocidade dos ventos; ou ainda, a simulação dos efeitos no espaço

da aplicação da teoria da relatividade de Einstein.

Etimologicamente, a palavra didática vem do grego didaktiké, e quer dizer a

arte de ensinar. Com o tempo, o significado deixou de ter a conotação de arte, o que

lhe dava uma característica muito subjetiva, dependente, sobretudo, do estilo e da

forma de cada professor conduzir o processo educativo. Evoluiu, assim, à categoria

de ciência, e pesquisas começaram a ser desenvolvidas com a preocupação de

buscar melhores formas de ensinar.

O autor adaptou e reuniu vários apontamentos de Mattos (1960) em uma

única tabela (Tabela 2), com a intenção de apresentar algumas questões básicas de

didática que podem ser relacionadas diretamente com o desenvolvimento de

software para a finalidade de uma aplicação didática.

Page 37: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

34

Tabela 2 Apontamentos de Mattos (1960) sobre didática

Item Apontamentos Didática Tradicional Didática Moderna Resposta

A quem se ensina? Quem aprende? Aluno Quem ensina? Com quem o aluno aprende? Mestre

Para que se ensina? Para que o aluno aprende? Objetivo O que se ensina? O que o aluno aprende? Matéria

1º Comparação entre Didática Tradicional e

Moderna Como se ensina? Como o aluno aprende? Método

Como planejar a marcha dos trabalhos, tornando-os mais rendosos? Como incentivar e motivar os alunos a estudarem com afinco e a aprende-rem eficazmente, modificando sua atitude e aperfeiçoando sua conduta? Como orientar com segurança os alunos na marcha da aprendizagem, garantindo-lhes a compreensão e a assimilação, aplainando-lhes as

dificuldades e abrindo-lhes novas perspectivas culturais? Como organizar um plano eficaz de trabalhos práticos e aplicá-lo com

segurança e proveito?

2º Alguns dos Problemas

Fundamentais da Didática

Como garantir a integração e fixação ou consolidação dos produtos da aprendizagem?

Sincretismo inicial – noções vagas, confusas e errôneas Focalização analítica – cada parte do todo é examinada, identificada nos

seus pormenores e nas suas particularidades Síntese integradora – os pormenores são deixados em segundo plano,

firmam-se as perspectivas da essencialidade, do relacionamento e da importância dos princípios, dados e fatos já analisados, integrando-os

num todo coerente e virtualmente significativo

3º Quatro Etapas

para o Aprendizado

Consolidação ou fixação – por meio de exercícios e repasses interativos, o que foi aprendido analítica e sinteticamente é ex professo reforçado ou fixado, de modo a tornar-se uma aquisição definitiva na

mente do aluno Do mais fácil para o mais difícil

Do mais simples para o mais complexo Do mais próximo e imediato para o mais remoto e mediato

4º Condução da Aprendizagem

dos Alunos Do concreto para o abstrato Análise (que vai do todo para suas partes componentes)

Síntese (que vai das partes para o todo) Indução (que vai do singular ou particular para o universal)

5º Método Lógico

Dedução (que vai do universal para o particular ou singular) Recursos: são os meios materiais de que dispomos para conduzir a

aprendizagem dos alunos; por exemplo: material escolar Técnicas: são maneiras racionais (comprovadas experimentalmente

como sendo eficazes) de conduzir uma ou mais fases da aprendizagem; por exemplo: a técnica da motivação e a técnica dos meios audiovisuais

6º Elementos do

Método Didático Procedimentos: são segmentos ou seqüências de atividade docente em

determinada fase do ensino, por exemplo, o procedimento da demons-tração e o procedimento de organização e aplicação de testes objetivos

Fonte: Adaptado de Mattos (1960)

Page 38: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

35

Comentários sobre os itens da Tabela 2:

1º. Comparação entre Didática Tradicional e Moderna – Na Didática

Tradicional o foco é o ensino; portanto, cada assunto é transmitido

com a preocupação básica de se ensinar bem, de forma dirigida, e

sem a preocupação de vincular a realidade do dia-a-dia do aluno ao

aprendizado. Essa forma de ensinar não é mais adequada nos dias

de hoje, onde o aluno naturalmente traz o seu dia-a-dia para a sala

de aula, e espera adquirir conhecimentos práticos para utilização,

imediata ou futura, no meio profissional onde atua. Na Didática

Moderna o foco é o aluno; portanto, é clara a preocupação de se

trazer a realidade do aluno para a sala de aula, permitindo, assim,

um aprendizado coerente e mais proveitoso. Quanto ao

planejamento de um software didático, é essencial fazê-lo na ótica

da Didática Moderna.

2º. Alguns dos Problemas Fundamentais da Didática – Olhando

para cada apontamento desse item, observa-se que a introdução de

um software como ferramenta de apoio nesse processo pode

auxiliar satisfatoriamente a responder cada uma dessas questões.

Por exemplo, um software didático, aplicado para os alunos

resolverem alguns exercícios em sala de aula, poderá ser um

desafio motivador para todos, pois eles procurarão chegar aos

resultados através do que aprenderam em sala de aula, cativar a

atenção pelo uso e ampliar o interesse, por apresentar recursos

para análises mais complexas e visualizações gráficas muito

próximas à realidade (muitas vezes impraticáveis sem o apoio de

um software). Tais possibilidades permitem ao professor explorar e

aprofundar mais o assunto através de simulações, com posterior

verificação de seus impactos nos resultados.

3º. Quatro Etapas para o Aprendizado – Um software didático pode

contribuir em muito com as etapas de aprendizagem, uma vez que

pode ser utilizado parcial e gradativamente, até que seja utilizado

Page 39: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

36

de forma plena para a consolidação do assunto. Um software

didático é essencialmente parte integrante da quarta etapa de

aprendizagem, a de “consolidação”, uma vez que a sua função

primordial não é a de ensinar, mas a de servir de ferramenta de

apoio a exercícios, a esclarecimentos gerais e principalmente à

fixação do assunto.

4º. Condução da Aprendizagem dos Alunos – Essa dinâmica é

facilmente observada em software de um modo geral, pois que as

condições de simulação da realidade, dos recursos audiovisuais e

de tempo de execução que lhe são natos, ampliam, em muito, as

possibilidades de testes, verificações e análises; que, em alguns

casos, seriam impraticáveis em uma aula sem o uso deles.

5º. Método Lógico – Um software, que por si só é essencialmente um

produto da lógica (estruturado e construído de forma a responder a

programações internas, a seqüências, a comandos e a funções pré-

programadas), evidentemente, pode ser indicado como ferramenta

para apresentação de qualquer método lógico.

6º. Elementos do Método Didático – Conforme os objetivos visados

em cada caso e a natureza específica da matéria de ensino, o

método dará maior ou menor ênfase a um destes três elementos

básicos (recursos, técnicas e procedimentos); nunca, porém,

excluirá totalmente qualquer um deles. Na composição de todo o

método didático eles estarão em proporção variável,

desempenhando funções bem definidas no processamento da

aprendizagem. Um software didático é um recurso utilizado com

técnicas de ensino, dentro de procedimentos pré-estabelecidos

para a aprendizagem. Assim, de acordo com esses três elementos,

um software didático se enquadra como um método didático.

Um software didático, que tem por finalidade ser um instrumental educativo,

tanto em relação ao seu conteúdo (matéria), quanto à sua forma (método), busca

Page 40: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

37

atender a esta questão: como o aluno aprende? Na evolução das teorias

educacionais, da tradicional à moderna, encontra-se a Escola Tecnológica, cuja

preocupação está centrada na organização racional dos meios de ensino em função

da eficiência do produto. Neste contexto, tanto professor como alunos encontram-se

na posição de executores de tarefas. É nesta corrente de idéias que surge a figura

do programador, que é o organizador das estratégias de ensino com base

tecnológica. Deste modo, um software didático se aproxima da teoria da Escola

Tecnológica, já que é essencialmente uma ferramenta para a “execução de tarefas”,

pré-definidas por meio de programação e projetado de forma a possibilitar a devida

análise dos resultados esperados.

2.3 Ensino-aprendizagem

Diferentes modos de ensinar devem ser adequados a diferentes modos de

aprender, uma vez que o ser humano não absorve e nem processa informações de

forma padronizada. Cada indivíduo assimila e processa informações de uma

maneira única e peculiar; sendo assim, diferentes modos de ensinar devem ser

adequados a diferentes modos de aprender.

Nesta lógica, a didática não se restringe a proposições teóricas, já que, como

afirma Masetto (1997):

“...ela aplica os conhecimentos que produz para resolver problemas

e questões que surgem no dia-a-dia da escola e do espaço de aula. As teorias se apresentam válidas enquanto solucionam problemas da prática pedagógica. Caso contrário, a própria realidade questiona a teoria exigindo novos aprofundamentos, pesquisas e estudos”.

Portanto, teoria e prática devem ser consideradas de forma que se atinja o

objetivo final que é a aprendizagem. Um software pode apresentar uma flexibilidade

tal que permita algumas alternativas em seu uso, de forma que, não se adequando

os alunos ao primeiro formato apresentado, outras opções de exposição de

conteúdo podem ser utilizadas de acordo com o perfil e as necessidades dos

participantes. Um exemplo seria a utilização de gráficos como representação visual

dos resultados, contrapondo a apresentação destes valores em tabelas. A presença

Page 41: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

38

do professor no momento da utilização do software fará a mediação necessária para

atingir a aprendizagem pretendida entre todos os alunos.

2.4 Processo de ensino e processo didático

Uma questão pertinente à didática é como preparar bem uma aula, fazendo

com que os alunos se interessem pela matéria, motivando-os a estudarem,

despertando e mantendo suas atenções, com o objetivo de que aprendam. Assim,

um software didático deve se enquadrar como uma ferramenta que possa promover

o interesse geral, despertar, manter a atenção, motivar e facilitar o aprendizado,

servindo de forma eficaz aos obje tivos da aula.

Segundo Mattos (1960):

“temos, portanto, na Didática, dois binômios fundamentais a considerar: primeiro o binômio humano ou personalógico, constituído pela personalidade do mestre e a de seus alunos em ativa e fecunda integração; segundo, o binômio cultural, constituído pela matéria e pelo método, a serviço dos agentes do binômio personalógico, em vista dos objetivos a serem por eles atingidos. Será sempre uma grave deturpação da perspectiva didática atribuir importância ou ênfase exagerada à matéria ou ao método como se fossem os dados únicos ou decisivos da situação; na realidade, os componentes do binômio cultural (matéria e método) desempenham no plano educativo a função necessária mas auxiliar de instrumentalidades educativas”.

Quanto a software didático, que tem por finalidade ser um instrumental

educativo, ele não pode abster-se de estar profundamente envolvido com a matéria

e o método a que se propõe. Instrumento do binômio humano, essencialmente um

software didático é parte do binômio cultural, participando diretamente no alcance

dos objetivos didáticos, referências essas encontradas no esquema didático de

Mattos (Figura 3).

Page 42: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

39

Figura 3 Esquema didático (Adaptado de Mattos, 1960)

Libâneo (2004) comenta que:

“o processo de ensino é impulsionado por fatores ou condições específicas já existentes ou que cabe ao professor criar, a fim de atingir os objetivos escolares, isto é, o domínio pelos alunos de conhecimentos, habilidades e hábitos e o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. O professor planeja, dirige, organiza, controla e avalia o ensino com endereço certo: a aprendizagem ativa do aluno, a relação cognitiva entre o aluno e a matéria de estudo”.

Figura 4 Componentes do processo didático e do processo de ensino (LIBÂNEO, 2004)

OBJETIVOS

ALUNOS

MESTRE

MATÉRIA

MÉTODO

Binômio Humano

Binômio Cultural

condições específicas de aprendizagem

objetivos e conteúdos do sistema escolar

objetivos

conteúdos

condições

métodos e organização ensino aprendizagem

domínio de conhecimentos, habilidades, hábitos e

desenvolvimento das capacidades

inserção e atuação nas diversas esferas da vida social (prática social)

condições específicas de ensino

Page 43: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

40

Os componentes do processo didático e do processo de ensino encontram-se

na Figura 4.

Continuando, Libâneo (2004), cita que:

“técnicas, recursos ou meios de ensino são complementos da

metodologia, colocados à disposição do professor para o enriquecimento do processo de ensino. Atualmente, a expressão ‘tecnologia educacional’ adquiriu um sentido bem mais amplo, englobando técnicas de ensino diversificadas, desde os recursos da informática, dos meios de comunicação e os audiovisuais até os de instrução programada e de estudo individual e em grupos”.

O emprego de software didático não deve se resumir simplesmente à sua

aplicação direta, mas, sim, a uma ampla preocupação com a finalidade e a eficiência

de sua utilização como complemento ao ensino, ou seja, como ferramenta de

estímulo e de facilitação do aprendizado.

2.5 Comunicação, linguagem, método e material didático

Segundo Nérici (1993):

“a linguagem didática se inclui no capítulo da comunicação que,

neste caso, poderia denominar-se comunicação didática. Comunicação, etimologicamente, significa tornar comum. De fato, quando algo é comunicado de uma pessoa para outra, esse algo torna-se comum às duas pessoas”.

Quanto ao processo de comunicação, Nérici destaca que os quatro elementos

fundamentais no caso do ensino são:

• Transmissor (professor ou aparelhagem);

• Receptor (educando);

• Mensagem (conteúdo);

• Meio (som, escrita, desenho, gráfico, gesto, expressão fisionômica

ou outro recurso qualquer simbolizando algo).

Um software didático é um meio de comunicação e, como tal, faz parte da

linguagem didática. Com os recursos audiovisuais próprios do conjunto software e

Page 44: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

41

hardware, é por intermédio do software didático que o conteúdo da matéria de

ensino é transmitido aos alunos, contribuindo, assim, para o efetivo sucesso da

comunicação professor-educando. Segundo Mattos (1960), “Método”

(etimologicamente “metá-hodós”: caminho para atingir a meta) é o contrário da ação

casual, dispersiva e desordenada.”, envolvendo as seguintes questões

fundamentais:

• Qual o objetivo ou resultado a ser atingido?

• Qual a matéria que iremos utilizar?

• Quais os meios ou recursos materiais que poderemos utilizar?

• Quais os procedimentos mais adequados que, dentro das

circunstâncias, poderemos aplicar?

• Qual a ordem ou seqüência mais racional e eficiente na qual

deveremos escalonar os recursos e procedimentos para atingir o

objetivo com segurança, economia e alto rendimento?

• Qual o tempo de que dispomos e qual o ritmo que devemos imprimir

aos nossos trabalhos para atingirmos os objetivos previstos dentro do

tempo desejado?

Estas questões devem ser dirigidas a qualquer software a ser desenvolvido

que tenha finalidade didática e, também, consideradas diante de um software em

desenvolvimento quanto à sua adequação. Assim, podemos concluir que um

software didático faz parte de um método, podendo ser aplicado dentro de uma

metodologia de ensino.

Os elementos básicos do método didático de Mattos (1960) são:

• A linguagem didática – que é o meio necessário de comunicação,

esclarecimento e orientação de que se utiliza o professor para dirigir os

alunos na sua aprendizagem;

• Os meios auxiliares e o material didático – que são o instrumental de

trabalho que o professor e os alunos precisam utilizar para ilustrar,

demonstrar, concretizar, aplicar e registrar os fatos estudados;

Page 45: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

42

• A ação didática – que é a ativação do estudo pelos trabalhos, exer-

cícios, debates, demonstrações e outras atividades realizadas em aula.

Software didático, uma vez aplicado em aula, faz parte da linguagem didática

como meio de comunicação, esclarecimento e orientação para a aprendizagem; é

um meio auxiliar e também parte integrante do material didático como instrumental

de trabalho; e uma ferramenta para a ação didática, pois motiva a participação dos

alunos através dos exercícios que possibilita realizar. Desta forma, por estar incluído

nos três elementos básicos, um software didático faz parte do método didático.

O método lógico é estabelecido nas leis do pensamento e raciocínio para

descobrir a verdade ou confirmá-la mediante conclusões certas e verdadeiras; por

ser próprio das inteligências como as dos cientistas, pesquisadores, filósofos e

pensadores; é regido por procedimentos rigorosos. A despeito das diferenças, os

métodos didático e lógico são complementares, tendo em vista que o método

didático prepara os alunos para se utilizarem, progressivamente, dos procedimentos

do método lógico, desde o nível básico de aprendizagem, até mesmo ao superior. A

representação abaixo é uma adaptação dessa idéia de Mattos (1960) pelo autor

(Figura 5):

Figura 5 Método lógico e método didático (adaptado de Mattos, 1960)

O material didático é, no ensino, a ligação entre a palavra e a realidade. O

ideal seria que toda aprendizagem se efetuasse em situação real de vida. Não

sendo isso possível, o material didático tem por fim substituir a realidade,

representando-a da melhor forma possível, de maneira a facilitar a sua intuição por

parte do aluno. Neste caso, um software didático passa a ter também a função de

Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior

100%

75%

50%

25%

0%

MÉTODO LÓGICO

MÉTODO DIDÁTICO

Page 46: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

43

material didático.

Com a evolução contínua de hardware e de software, as velocidades e os

recursos de processamento e armazenamento aumentam e a manipulação e

apresentação de recursos audiovisuais são ampliadas e mais sofisticadas. Desse

modo, a princípio, não há restrições da aplicação de um software didático como

parte integrante do material didático.

Nérici (1993) evidencia que

“não é a quantidade de material didático nem a sua sofisticação que devem interessar, e sim o seu uso adequado, de forma provocante, desafiante, com o fio mor de desencadear o funcionamento dos processos mentais, notadamente o da reflexão do educando”.

O autor adaptou e reuniu vários apontamentos de Nérici (1993) em uma única

tabela (Tabela 3). O motivo disso está em apresentar algumas questões sobre

material didático que podem orientar o planejamento e desenvolvimento de software

como ferramenta de apoio didático.

Page 47: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

44

Tabela 3 Apontamentos de Nérici (1993) sobre material didático

Item Apontamentos

Ser adequado ao assunto da aula.

Ser de fácil apreensão e manejo.

Material Didático como auxiliar eficiente do

ensino

Estar em perfeito estado de funcionamento, em se tratando, principalmente, de aparelhos, pois nada mais diverte e dispersa a turma do que os “enguiços” nas demonstrações.

Aprimorar o educando na realidade que se queira ensinar, dando noção mais exata dos fenômenos ou fatos em estudo.

Motivar os trabalhos escolares.

Facilitar a percepção e compreensão dos fatos e conceitos em estudo.

Concretizar e ilustrar o que esteja sendo exposto verbalmente.

Economizar esforços para a compreensão de fatos e conceitos.

Auxiliar a fixação da aprendizagem pela impressão mais viva e sugestiva, através do material didático. Dar oportunidade de manifestação de aptidões e de desenvolvimento de habilidades específicas com o manuseio de aparelhagem e elaboração de materiais outros de ensino por parte do educando.

Despertar e prender a atenção.

Auxiliar a formação da imagem e a sua retenção.

Favorecer o ensino baseado na observação e experimentação.

Facilitar a apreensão sugestiva e ativa de um tema ou de um fato em estudo. Ajudar a formar imagens corretas, uma vez que cada um pode perceber a informação oral ou escrita segundo a sua capacidade de discriminação, discernimento e suas experiências anteriores. Ajudar a melhor compreender as relações das partes, o todo de um tema, objeto ou fenômeno. Auxiliar a formar conceitos exatos, principalmente com referência a temas de difícil observação direta. Tornar o ensino mais ativo e concreto, bem como mais próximo da realidade. Dar oportunidade de melhor análise e interpretação do tema em estudo, visando a um fortalecimento do espírito crítico.

Reduzir o nível de abstração, para apreensão de uma mensagem.

Facilitar a comunicação da escola com a comunidade e melhor conhecimento da sua realidade. Dar sentido mais objetivo e realístico do meio que envolve o educando e a escola, no qual o educando terá de atuar.

2º Objetivos

aparentes do Material Didático

Favorecer a aprendizagem e a sua retenção.

Page 48: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

45

Item Apontamentos

Aprendizagem e retenção que proporcionam

Por meio do paladar – 1% Por meio do tato – 1,5% Por meio do olfato – 3,5% Por meio da audição – 11% Por meio da visão – 83%

Retenção

Se aprende lendo – 10% Se aprende escutando – 20% Se aprende vendo – 30% Se aprende vendo e ouvindo – 50% Se aprende ouvindo, e a seguir, discutindo – 70% Se aprende ouvindo, e a seguir, realizando – 90%

Procedimentos de ensino (retenção

após 3 horas)

Oral – 70% Visual – 72% Audiovisual – 82%

3º Material Didático

e o favorecimento da aprendizagem e de sua retenção

Procedimentos de ensino (retenção

após 3 dias)

Oral – 10% Visual – 20% Audiovisual – 65%

Fonte: Adaptado de Nérici (1993)

Comentários sobre os itens da Tabela 3:

1º. Material Didático como auxiliar eficiente do ensino – Em cada

um dos três apontamentos, pode-se verificar a sua relação direta

com software, que essencialmente deve ser adequado ao assunto

para o qual foi desenvolvido, de fácil operação e manuseio, além de

não apresentar falhas durante as suas aplicações. Dessa forma, um

software didático apresenta-se com a função de um material

didático diante de sua aplicação em sala de aula.

2º. Objetivos aparentes do Material Didático – Pela observação

detalhada em cada apontamento, percebe-se que um software a

ser aplicado como ferramenta de apoio didático em sala de aula

enquadra-se perfeitamente como auxiliar direto para o alcance

desses objetivos. De outro modo, pode-se considerar esses

apontamentos como um roteiro didático essencial para o sucesso

do mesmo.

Page 49: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

46

3º. Material Didático e o favorecimento da aprendizagem e de sua

retenção – Conforme as estatísticas apresentadas, a utilização de

recursos audiovisuais pode proporcionar um ótimo aprendizado e

também uma ótima retenção do assunto. Por similaridade, o mesmo

se dá com software, onde os recursos audiovisuais estão presentes

e podem ser amplamente explorados, facilitando, em muito, a se

atingir os objetivos didáticos esperados.

“As incompatibilidades existentes em sala de aula podem ser, muitas vezes, explicadas pela divergência entre o modo usado pelo professor para ensinar e as diferentes maneiras de aprender dos estudantes. Esse desequilíbrio entre a preferência por ensinar e aprender, normalmente gera situações desagradáveis e comportamentos improdutivos, como alunos desatentos, desinteressados ou demonstrando falta de compromisso e responsabilidade. O que não se percebe é que essa desmotivação é conseqüência da falta de conhecimento, por parte do professor, da existência de diversas formas de aprendizagem dentro da sala de aula. Uns aprendem vendo e ouvindo, outros agindo e refletindo, estabelecendo comparações ou construindo modelos matemáticos. Conforme alertam Felder e Silverman (1988) o aprendizado do aluno depende em parte de sua habilidade inata e preparo prévio e, em parte da compatibilidade entre seu modo preferido de aprender e o modo do professor ensinar.” (FREITAS, DORNELLAS e BELHOT, 2006)

Segundo Oliveira (2001), “é de esperar, portanto, que um software seja capaz

de ampliar as interações entre o aluno e o conteúdo, com a devida mediação do

professor”.

2.6. Avaliação qualitativa e quantitativa

“Enquanto testar e medir se restringem aos aspectos quantitativos, avaliar

envolve a verificação de mudanças qualitativas do comportamento do aluno” (Piletti

apud Martins, 2006). Similarmente, alunos, a equipe de desenvolvimento de

software e professores, podem avaliar qualitativamente um software didático e sua

aplicação. A partir dessas avaliações, pode-se gerar pontuações quantitativas, que

serão determinantes para as decisões posteriores sobre o software e sua aplicação.

Page 50: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

47

No que se refere à avaliação de processos didáticos, Martins (2006) cita que,

“por ser o ensino um processo que tem em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades que impliquem a mudança de comportamento de quem dele participa, encontramos na avaliação um elemento fundamental desse processo. É através da avaliação que se poderá verificar até que ponto o ensino tem alcançado os resultados pretendidos. Ao mesmo tempo, ela oferece subsídios para a alteração do processo, quando os objetivos visados não são alcançados”.

A equipe de desenvolvimento é fundamental na produção de software didático

e, portanto, deverá estar alinhada com os objetivos educacionais dele. Segundo

Oliveira (2001), “a avaliação de um software educativo é um processo que se inicia

antes mesmo da sua criação. No momento em que a equipe produtora do software é

escolhida, os critérios básicos que direcionarão seu desenvolvimento e que servirão

conseqüentemente como parâmetros para a sua avaliação inicial estarão refletidos

no perfil daquele grupo”.

Segundo Masetto (1997), “em termos de sala de aula, a avaliação abrange o

desempenho do aluno, do professor e a adequação do programa”. De forma similar,

avaliando-se um software didático, ele abrange a utilização eficiente pelos alunos, o

apoio didático de seus recursos ao professor e a adequação do assunto que trata

para a sua finalidade.

A avaliação de um software didático, além do que já foi descrito, deve

também contemplar a avaliação de qualidade de software, pois se o mesmo não

funcionar perfeitamente e não for fácil de operar, em menor ou maior escala

prejudicará todo o processo didático a que foi destinado. Da mesma forma, a

avaliação de um software didático pelo professor é fundamental, uma vez que este

software deve atender adequadamente aos objetivos didáticos de sua aplicação.

Uma vez fundamentadas as questões didáticas, a seguir são analisados

aspectos referentes à qualidade de software.

Page 51: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

48

3 QUALIDADE DE SOFTWARE

Este capítulo apresenta uma visão geral das necessidades de avaliação de

software aplicado como ferramenta de apoio em sala de aula , aspectos da Norma

ISO 9126 quanto à avaliação da qualidade de software, e finalmente, as indicações

da Norma de como fazer a avaliação.

3.1 Necessidade de se avaliar um software

Com o desenvolvimento e aplicação de software em vários cursos, tornou-se

necessário avaliá-los sob vários aspectos, de modo a obter uma visão clara e

objetiva de sua eficiência na aplicação e de sua qualidade como produto de

software.

As questões pertinentes a este trabalho envolvem problemas complexos,

como por exemplo: as questões técnicas do software a ser avaliado, as questões de

sua aplicação em sala de aula para os alunos e as questões didáticas necessárias

para a aplicação deste software pelo professor. Segundo Reel (1999), sistemas

baseados em software são excepcionalmente complexos.

É importante conhecer estas complexidades e entender as questões que

envolvem a qualidade de software e de sua aplicação, principalmente na visão de

quem o utiliza, para melhor definir a avaliação. Quando um software é aplicado

como ferramenta didática, espera-se que o mesmo corresponda satisfatoriamente

tanto em seu aspecto funcional quanto à visão do assunto que ele aborda. Software,

por ser uma ferramenta de simulação por excelência, exige um grande poder de

abstração por parte de seus analistas, de forma a traduzir em um ambiente restrito

(hardware + software), uma representação próxima da realidade a que se propõe

construir.

Segundo Matsubara (1996), a missão fundamental da engenharia é controlar

a complexidade. Os sistemas por nós construídos são tão complexos que nós não

podemos esperar compreender toda a sua complexidade de uma só vez. No

Page 52: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

49

entanto, como engenheiros, usamos a abstração e a decomposição, a qual permite-

nos selecionar o foco de nossa atenção, retendo, contudo, uma compreensão

apropriada do sistema como um todo. Mas a abstração e a decomposição são

noções muito gerais, que não dizem explicitamente como decompor e como abstrair.

Mesmo sem saber como abstrair de forma explícita e de como aplicar

coerentemente os resultados desta abstração ao software, a abstração sempre

estará presente, inclusive, em software voltado ao ensino. Não basta que um

software apenas responda aos comandos e apresente resultados esperados; é

preciso que ele incorpore uma ampla visão do assunto, permita uma fácil

assimilação de conceitos e, fundamentalmente, contribua com o aprendizado. A

complexidade do produto de software unida à necessidade de atender às

expectativas do cliente tem sido tema de grande preocupação dos usuários.

Segundo Weidenhaupt et al. (1998), os usuários encaram um cenário significante de

problemas gerenciais ainda não tratados adequadamente pela teoria ou na prática, e

estão exigindo soluções para estes problemas.

Para o usuário, um software é como uma “caixa preta”, na qual ele utiliza as

funções disponibilizadas, sem conhecer o que está por dentro. O que se espera é

que um software atenda satisfatoriamente às suas necessidades e expectativas, o

que nem sempre ocorre. Segundo Matsubara (1996), a questão permanece: como

nós podemos oferecer aos clientes o controle sobre decisões estratégicas de

implementação de uma forma elegante, sem causar mais problemas do que os que

nós estamos tentando resolver?

No caso deste trabalho, o cliente é o aluno (usuário), que utiliza um software

como ferramenta de apoio ao aprendizado. No caso de software aplicado em cursos,

a visão do usuário é de fundamental importância, pois é para ele que o mesmo é

desenvolvido. Conhecendo os problemas complexos que envolvem a elaboração,

produção e implantação de software, e a dificuldade em se entender e corresponder

às necessidades do usuário, é preciso desenvolver um modelo que minimize o

impacto de possíveis falhas advindas deste cenário. Segundo Maiden e Ncube

(1998), a característica mais importante de um modelo é a inclusão das complexas

interdependências entre as interações do usuário, das funções internas do sistema e

Page 53: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

50

de sua arquitetura. Deste modo, um modelo possibilita uma base analítica para a

modelagem de dependências críticas de um produto, a compreensão de como um

produto de software trabalha, e um estudo sobre possíveis mudanças para este

produto.

No entanto, segundo Lawrence (1998), a principal saída é uma compreensão

coletiva do problema do cliente. A especificação é somente uma representação, um

modelo desta compreensão.

Modelar as necessidades não necessariamente corresponde a entender os

problemas do cliente. Assim, ainda que todos os envolvidos com um software

dediquem seus esforços para que não ocorram falhas, provavelmente lacunas ou

novas necessidades serão contempladas durante o seu desenvolvimento ou mesmo

após a sua implantação. Estes fatos costumam surgir diante da dificuldade de

entendimento de alguns clientes quanto às limitações de um produto de software.

Segundo Reel (1999), gerentes, usuários, desenvo lvedores e projetistas devem ter

expectativas muito realísticas. No caso de seus clientes não terem dado atenção,

lembre a eles que no dia-a-dia um sistema não vai resolver todos os seus problemas

e que provavelmente novas necessidades serão criadas.

As dificuldades em se atender com exatidão às expectativas do cliente quanto

aos resultados da aplicação de um software, unidas às falhas habituais em software,

reforçam ainda mais a necessidade de se avaliar a sua qualidade. Segundo Reel

(1999), nós ainda não melhoramos a nossa capacidade de obtermos sucesso, ao

passar de forma consistente uma idéia para um produto. De fato, estudos recentes

documentam que, enquanto a taxa de falha nos esforços de desenvolvimento de

software melhoraram nos últimos anos, o número de projetos que passam por

problemas graves chega a quase 50%.

Uma das causas de ocorrerem tantas falhas em software está relacionada às

dificuldades encontradas pelos desenvolvedores em padronizar os seus processos e

produtos utilizados na produção dos mesmos. Segundo Fenton (1996), a

padronização não será uma surpresa para qualquer um que tenha buscado uma

evidência quantitativa sobre a eficácia de um método ou ferramenta da engenharia

Page 54: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

51

de software. No entanto, o que nos tem preocupado mais é que, geralmente,

padrões da engenharia de software são escritos de uma tal forma que nós nunca

poderemos determinar se eles foram eficazes ou não.

Como usualmente um cliente não tem controle quanto à produção de

software, somente com uma metodologia adequada para avaliação da qualidade de

um produto de software, e a sua aplicação, será possível obter algumas respostas,

como as que permitam a identificação de falhas generalizadas e que também

possibilitem a tomada de decisões por parte do cliente. Uma visão mais clara da

qualidade desta “caixa preta”, que representa um software implantado na

perspectiva do usuário, torna-se essencial. Segundo Kitchenham e Pfleeger (1996),

uma boa definição deve nos levar a medir “qualidade” de uma forma significativa.

Medições nos deixam saber se nossas técnicas realmente melhoram nosso

software, e também como a qualidade do processo afeta a qualidade do produto.

Esta concepção está integrada com a necessidade de uma avaliação que

focalize a necessidade do cliente e o objetivo da aplicação (ferramenta de apoio ao

curso), o que é parte integrante do objetivo deste trabalho.

3.2 Aspectos relevantes para a definição da metodologia de avaliação

No caso de software educaciona l, segundo Rocha et al. (2001), estes devem

ser escolhidos e elaborados de acordo com as teorias de aprendizagem que

diferenciam cada ambiente educacional. Assim, temos ambientes educacionais mais

ou menos interativos, que exigem maior ou menor grau de participação dos

aprendizes e um controle maior ou menor do aluno no processo de construção do

conhecimento. A dificuldade para definir a qualidade de um software educacional

baseia-se no fato de não ser este um conceito peculiar ao software.

Para Pressman (2002), a qualidade de software é uma combinação complexa

de fatores que variarão de acordo com diferentes aplicações e clientes que a

solicitam. Neste trabalho, referem-se à aplicação didática, professores e alunos.

Page 55: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

52

Quanto à metodologia de avaliação, algumas questões precisam ser

respondidas: Como avaliar um produto de software utilizado como ferramenta

didática? Como saber se a sua aplicação é eficaz e adequada aos objetivos do

curso a que foi destinado?

Para responder a estas questões, é preciso partir da definição de um software

(requisitos e objetivos) para, então, ser feita uma confrontação entre o que se definiu

e o que se obteve com a aplicação.

Todo software necessariamente passa por uma fase de elaboração e análise,

que quanto mais refinada for, maior a possibilidade do software atender

corretamente ao objetivo a que foi proposto. Esta elaboração compreende os

requisitos do software que muitas vezes são pobres ou não contemplam a visão dos

usuários finais, motivo de alguns problemas que corriqueiramente encontramos em

software. Assim, os requisitos devem compreender os itens pertinentes ao produto

de software, como também as necessidades do usuário. Segundo Maiden e Ncube

(1998), um pré-requisito para uma seleção eficaz de um produto é a concordância

entre uma ou mais características de cada candidato a produto, com uma ou mais

exigências do cliente. Nesta concordância está, em essência, um relacionamento

entre um problema e uma solução em potencial para aquele problema. Para fazer

isto eficazmente, os engenheiros de requisitos devem moldar não somente as

exigências do cliente, mas também cada produto de software.

Se os requisitos não forem bem definidos, não há como se avaliar se um

produto de software é adequado ou não. Torna-se difícil corrigir rumos durante o

processo de desenvolvimento, porque o caminho conseqüentemente não é claro.

Segundo Reel (1999), um grande problema em gerenciar o desenvolvimento de um

determinado software é apontar onde você está em seu programa. Quanto completo

está um módulo? Quanto tempo ainda vai levar para finalizar os módulos X, Y, e Z?

Estas são questões difíceis de responder, mas elas devem ser respondidas. Se você

não sabe onde você está em relação ao programa, você não pode ajustar e nem

trazer as coisas novamente para o seu rumo.

Neste mesmo raciocínio, segundo Kitchenham e Pfleeger (1996), se você é

Page 56: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

53

um desenvolvedor de software, gerente, ou responsável pela manutenção, a

qualidade está freqüentemente em sua mente. Mas o que realmente você entende

por qualidade de software? A sua definição é adequada? O software que você

produz é melhor ou pior do que você gostaria que ele fosse?

Como manter o desenvolvimento de um software de acordo com o que se

quer atingir? Segundo Clavadetscher (1998), usuários deveriam ter um painel de

controle dos requisitos para poderem preservar a base original de suas exigências.

A proposta de Clavadetscher é que o próprio cliente tenha um

acompanhamento daquilo que encomendou conforme seus requisitos. Nesta mesma

linha de pensamento, segundo Maiden e Ncube (1998), as especificações de

requisitos devem ser suficientes para possibilitar uma seleção eficaz de um produto

mais completo em relação às necessidades do usuário.

Assim, os requisitos devem contemplar a visão do usuário (aluno). Além

disso, é o usuário que deverá avaliar a aplicação do software com mais propriedade.

Segundo Lawrence (1998), os clientes têm a responsabilidade de dizer: “Sim, isto é

o que eu quero” ou “Não, isto não é o que eu quero” quando questionados sobre a

aprovação de um projeto. Esta é a essência da prototipagem: mostrar aos usuários

um exemplo bem próximo do sistema, para que possamos descobrir se estamos

indo pelo caminho certo.

Portanto, além das questões de qualidade no planejamento, no

desenvolvimento e na conclusão de um produto de software, há essencialmente a

questão da visão do usuário diante das suas expectativas em relação à aplicação do

software. A princípio, todo o esforço destinado ao produto de software é realizado no

sentido de atender aos objetivos definidos para o software. Segundo Kitchenham e

Pfleeger (1996), para avaliar ou melhorar a qualidade de software em sua

organização, você deve definir os aspectos de qualidade que lhe interessam, e

então decidir como vai medi-los. Pela descrição de como medir a qualidade, você

torna mais fácil para outras pessoas compreenderem o seu ponto de vista e

relacionarem as suas noções com as delas. Finalmente, a sua noção de qualidade

deve estar relacionada com as metas do negócio. Somente você pode determinar se

Page 57: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

54

um bom software é um bom negócio.

Neste sentido, a metodologia de avaliação de um software deve atender aos

objetivos do negócio (ambiente e finalidade para o qual o software foi desenvolvido),

e não apenas ser uma ferramenta rígida de avaliação que pode determinar vários

aspectos importantes da qualidade de um software, mas não necessariamente

apontar para o objetivo do negócio ao qual o software foi destinado.

Outra questão é a visão de qualidade sob a ótica da equipe de

desenvolvimento. Esta equipe é certamente a mais indicada para avaliar itens

específicos e de nível técnico do produto de software. Segundo Kitchenham e

Pfleeger (1996), enquanto o usuário vê o produto por fora, a visão de qualidade do

produto olha para dentro dele, considerando as características inerentes ao produto.

Segundo Rocha et al. (2001), a Norma ISO 9126 apresenta um conjunto de

características de qualidade aplicável a qualquer produto de software. Entretanto,

produtos em domínios de aplicações específicos e as diferentes tecnologias

utilizadas no desenvolvimento de produtos de software implicam características

específicas que determinam a qualidade desses produtos.

As citações anteriores, confrontadas com as finalidades deste trabalho,

sugerem em primeiro lugar uma definição dos requisitos de um software que se

deseja aplicar em sala de aula, com base na Norma ISO 9126, para, em seguida,

aplicar uma avaliação com a visão do usuário e também com a visão da equipe de

desenvolvimento. Deste modo, analisando e cruzando as informações obtidas, o

software avaliado será julgado quanto à sua aceitação ou não, bem como os pontos

a serem melhorados para uma futura avaliação.

3.3 Sobre a Norma ISO 9126

A Norma ISO 9126 trata especificamente da avaliação da qualidade de

produto de software.

Page 58: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

55

Qualidade de software, segundo Rocha et al. (2001), pode ser vista como um

conjunto de características que devem ser alcançadas em um determinado grau

para que o produto atenda às necessidades de seus usuários. É por meio desse

conjunto de características que a qualidade de um produto de software pode ser

descrita e avaliada.

Esta Norma veio consolidar uma série de modelagens anteriores destinadas à

avaliação da qualidade de produto de software. Ainda segundo Rocha et al. (2001),

os trabalhos mais importantes e pioneiros neste contexto são os de Boehm (1978) e

McCall (1977), cujos modelos apresentam uma hierarquia de características que

contribuem para a qualidade do produto.

A Norma ISO 9126 é adequada ao propósito de avaliação deste trabalho, por

estar voltada também à visão do usuário, sem abandonar a visão do produto de

software. Quanto a isso, segundo Kitchenham e Pfleeger (1996), diferentemente de

recentes modelos americanos, a estrutura da Norma ISO está completamente

hierárquica – cada subcaracterística está relacionada a uma única característica.

Estas subcaracterísticas relacionam aspectos de qualidade que são visíveis para o

usuário, tanto quanto para as propriedades internas do software.

A Norma ISO 9126 não especifica em detalhes os critérios de avaliação, o

que por um lado pode parecer arbitrário; no entanto, é preciso lembrar que o nível de

abstração que envolve a produção de software, e os mais diversos objetivos de

análise que podem existir sobre um mesmo software, necessitam de critérios de

avaliação sem um direcionamento específico. Se assim fosse, algumas avaliações

ficariam comprometidas por um eventual foco que distorcesse a finalidade específica

de sua análise. Segundo Kitchenham e Pfleeger (1996), há a falta de uma decisão

apropriada de qual critério adotar para um fator em particular. Assim, a seleção de

características de qualidade e subcaracterísticas pode parecer arbitrária. Não há

uma descrição de como as métricas para o nível mais baixo (chamado por

‘indicadores’ na Norma ISO 9126) são compostas dentro de uma avaliação global

das características de qualidade de nível mais alto.

Mesmo assim, deve-se procurar realizar esta avaliação de forma acurada e

Page 59: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

56

de modo a obter resultados mais precisos. Quanto à questão da qualidade a ser

avaliada com base na Norma ISO 9126 e pela visão do usuário, comentam

Kitchenham e Pfleeger (1996) que alguns especialistas em qualidade sugerem que

todos os aspectos de qualidade citados pelos usuários precisam ser considerados

durante a definição e a avaliação. Isto corresponde à definição de qualidade da

Norma ISO: ”qualidade é a totalidade das características de uma entidade, que lhe

confere a capacidade de satisfazer necessidades explícitas e implícitas”.

Ainda sob a ótica do usuário, que no caso deste trabalho é parte essencial,

continuam Kitchenham e Pfleeger (1996), enquanto que a visão transcendental é

etérea, a visão do usuário é mais concreta, pois traz a solo firme as características

do produto que apontam para as necessidades do usuário. Esta visão de qualidade

avalia o produto no contexto do trabalho e pode compor uma visão altamente

personalizada. Para uma meta de confiabilidade e desempenho, a visão do usuário

é inerente; a partir daí, métodos “burros” avaliam o comportamento do produto com

respeito a perfis operacionais (isto é, para padrões esperados de uso e

funcionalidade). A usabilidade do produto também está voltada para a visão do

usuário: pesquisas em laboratórios observam como usuários interagem com os

produtos de software.

Por suas características voltadas à avaliação técnica e de aplicação, a

Norma abrange todas as perspectivas necessárias para um produto de software

voltado para aplicação didática. Portanto, a Norma ISO 9126 atende

satisfatoriamente aos objetivos deste trabalho.

3.4 A avaliação segundo a Norma ISO 9126

“Para se avaliar a qualidade de um produto por algum método quantitativo, é necessário um conjunto de características de qualidade que descreva o produto e forme a base para a avaliação. Esta Norma define essas características de qualidade para produtos de software e é dirigida àqueles envolvidos com aquisição, desenvolvimento, uso, suporte, manutenção ou auditoria de software” (Norma ISO 9126).

Page 60: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

57

O procedimento de avaliação, constante da Norma, indica três passos:

medição, pontuação e julgamento. Na medição, as métricas escolhidas são

aplicadas ao software, e apura-se o resultado através de médias ponderadas. Na

pontuação, os resultados (valores medidos), determinam o seu nível, como indica a

Figura 6. No julgamento, um conjunto de níveis pontuados é sintetizado, de forma a

verificar se este resultado atinge o objetivo da análise. O resultado desta síntese irá

apontar para a rejeição ou aceitação, ou para a não-liberação ou liberação do

produto de software.

Figura 6 Valor medido e nível de pontuação

Fonte: Norma ISO 9126

Quanto à pontuação, a norma apresenta um exemplo, onde indica os níveis

de pontuação: Insuficiente, Regular, Bom e Excelente, sendo que o nível insuficiente

é considerado como “insatisfatório”, e os demais como “satisfatórios”; como

apresentado na Figura 6.

“A Norma adota a avaliação de qualidade de software através de seis características e cada uma com suas respectivas subcaracterísticas. Características de qualidade de software é um conjunto de atributos de um produto de software, através do qual sua qualidade é descrita e avaliada. Uma característica de qualidade de software pode ser detalhada em múltiplos níveis de subcaracterísticas” (Norma ISO 9126).

As seis características que descrevem a qualidade de software são:

funcionalidade, confiabilidade, usabilidade, eficiência, manutenibilidade e

portabilidade. As características e suas subcaracterísticas são apresentadas na

Tabela 4, onde o autor, para facilitar as referências a estes itens dentro deste

trabalho, classifica as características com a inicial “C” e as subcaracterísticas com

Insuficiente

Regular

Valor medido

Escala para a métrica Níveis de Pontuação

Insatisfatório

Excelente

Bom Nível pontuado Satisfatório

Page 61: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

58

“S”, sendo que a ordem seqüencial numérica que se segue, obedece à ordem

hierárquica da Norma.

Tabela 4 Características e subcaracterísticas da Norma ISO 9126

Característica Item Subcaracterística S.1.1 Adequação S.1.2 Acurácia S.1.3 Interoperabilidade S.1.4 Conformidade

C.1 Funcionalidade

S.1.5 Segurança de acesso S.2.1 Maturidade S.2.2 Tolerância a falhas C.2

Confiabilidade

S.2.3 Recuperabilidade S.3.1 Inteligibilidade S.3.2 Apreensibilidade C.3

Usabilidade

S.3.3 Operacionalidade S.4.1 Comportamento em relação ao tempo C.4

Eficiência S.4.2 Comportamento em relação aos recursos

S.5.1 Analisabilidade S.5.2 Modificabilidade S.5.3 Estabilidade

C.5 Manutenibilidade

S.5.4 Testabilidade S.6.1 Adaptabilidade S.6.2 Capacidade para ser instalado S.6.3 Conformidade

C.6 Portabilidade

S.6.4 Capacidade para substituir Fonte: Adaptação da Norma ISO 9126

3.5 Pontos de vista segundo a Norma ISO 9126

A avaliação poderá variar dependendo do ponto de vista com o qual se está

avaliando. A Norma prevê isto – “A importância de cada característica de qualidade

também varia dependendo do ponto de vista considerado” (Norma ISO 9126) –, e

apresenta três pontos de vista diferentes: a visão do usuário, a da equipe de

desenvolvimento e a do gerente. Segundo a Norma ISO 9126,

“a visão do usuário em relação à qualidade do produto de software pode incluir questões como: As funções requeridas estão disponíveis no

Page 62: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

59

software? Quão confiável é o software? Quão eficiente é o software? O software é fácil de usar? Quão fácil é transferir o software para outro ambiente? A visão da equipe de desenvolvimento está voltada a verificar as características quanto à aplicação dos requisitos iniciais e também em relação à manutenção. A visão do gerente é geral, mas ele pretende otimizar qualidade dentro das limitações de custo, recursos humanos e prazos”.

Para um software didático, o autor entende que os três pontos de vista são

fundamentais e complementares, pois o que os diferencia é que a visão do gerente é

estratégica e a visão do usuário está voltada à aplicação do software, enquanto que

a visão da equipe de desenvolvimento é essencialmente técnica. Dentro deste

contexto, para um software ser didático, ele deve atender às estratégias do

professor, aos objetivos da aplicação em sala de aula e apresentar qualidade técnica

satisfatória como software. Assim, os resultados destas três avaliações distintas

permitirão uma análise mais específica de um software, de sua aplicação e de sua

finalidade, apontando aspectos que não apareceriam em uma única avaliação,

considerando apenas um dos pontos de vista.

A metodologia de avaliação para um software didático, desenvolvida neste

trabalho, segue estas orientações da Norma quanto às avaliações, às pontuações e

aos pontos de vista, o que é apresentado no capítulo a seguir.

Page 63: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

60

4 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO

Neste capítulo é apresentada a metodologia para a avaliação da qualidade de

software aplicado como ferramenta de apoio didático em sala de aula.

Esta metodologia foi desenvolvida com base na Norma ISO 9126, que é

específica para a avaliação da qualidade de um produto de software, mas que

permite uma avaliação mais ampla voltada à visão da equipe de desenvolvimento,

do usuário e também a do gerente, que neste trabalho são, respectivamente, a visão

da equipe de desenvolvimento, a dos alunos e a do professor.

Assim, a avaliação de um software didático que seja avaliado pelos três

pontos de vista resultará na pontuação de sua qualidade técnica, da qualidade de

sua aplicação e de sua qualidade didática.

Desta forma, serão apurados os pontos fortes e também os pontos fracos

deste software por todos os aspectos fundamentais de um software a ser aplicado

em sala de aula. Finalmente, esta análise completa resultará na aceitação ou

continuidade de uso deste software didático, ou ainda, na rejeição ou na

descontinuidade de uso do mesmo.

A parte didática desta avaliação também é feita sob a Norma, relacionando as

questões didáticas necessárias para um software didático, seguindo a orientação de

avaliação da qualidade de software apontado pela Norma.

Inicialmente, há a necessidade de se esclarecer alguns aspectos do

desenvolvimento da metodologia de avaliação; em seguida, a partir do tópico 4.2, é

apresentada a metodologia de avaliação propriamente dita.

4.1 Sobre a metodologia de avaliação

Para a finalidade de se avaliar a qualidade de software aplicado como

ferramenta de apoio didático em sala de aula, deve-se definir o objetivo de cada

Page 64: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

61

avaliação diante de cada ponto de vista. Assim, a avaliação do ponto de vista da

equipe de desenvolvimento deve ter por finalidade apresentar uma avaliação técnica

da qualidade deste software, a avaliação do ponto de vista do usuário deve ter por

finalidade apresentar uma avaliação da aplicação deste software, e a avaliação do

ponto de vista do gerente deve ter por finalidade apresentar uma avaliação

estratégica da aplicação deste software, que por ser didático, envolve as questões

didáticas do professor. A Tabela 5 apresenta estes pontos de vista, quem avalia e a

finalidade da avaliação.

Tabela 5 Avaliador e finalidade da avaliação para cada ponto de vista da Norma

Ponto de vista Avaliador Finalidade

Equipe de desenvolvimento Equipe de desenvolvimento Avaliação Técnica

Usuário Alunos Avaliação da Aplicação

Gerente Professor Avaliação Didática

Fonte: Autor

A avaliação pela Norma poderia ser feita integralmente para cada ponto de

vista; no entanto, por se tratar de um software com finalidade didática e existirem

três avaliadores distintos com visões distintas, o autor optou por adotar as três

avaliações com base na Norma ISO 9126, destacando, em cada uma, apenas as

subcaracterísticas que serão avaliadas adequadamente conforme o perfil de seus

avaliadores. Com isso, ainda que avaliadas separadamente em avaliações distintas

e também por avaliadores distintos, todas as características e subcaracterísticas da

Norma acabam sendo avaliadas e pontuadas no final.

4.1.1 A avaliação e o perfil do avaliador

Considerando os avaliadores – equipe de desenvolvimento, alunos e

professor, e seus respectivos pontos de vista – observamos que algumas

subcaracterísticas não podem ou não fazem sentido em ser avaliadas por um ou até

dois destes avaliadores. Por exemplo: ainda que os alunos fossem técnicos em

informática, não teriam acesso às linhas de código de programação do software

Page 65: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

62

aplicado, ou seja, não têm como avaliar questões essencialmente técnicas, como é

o caso de se avaliar, por exemplo, as subcaracterísticas: “interoperabilidade”,

“segurança de acesso” e “modificabilidade”. Assim, os alunos avaliarão somente as

subcaracterísticas que qualquer aluno tenha condições de avaliar (direta ou

indiretamente), inclusive, aqueles que estão tendo contato pela primeira vez com um

computador. O professor por sua vez é quem tem a visão estratégica do software,

independentemente de ter conhecimentos técnicos em informática; no entanto, é ele

quem participa diretamente na elaboração dos requisitos do software didático a ser

avaliado, ou seja, na definição das avaliações da equipe de desenvolvimento e a dos

alunos. Portanto, é ele quem indicará ou será questionado pela equipe de

desenvolvimento sobre algumas questões técnicas necessárias, como, por exemplo,

se o software deverá ser executado em mais de um ambiente. Deste modo, a

avaliação essencialmente técnica fica apenas para a equipe de desenvolvimento,

como era de se esperar. Resta a avaliação didática, que será realizada no final pelo

próprio professor, onde, em seguida, analisará as três avaliações de um software

didático, confrontando-as com seus objetivos.

Assim, as subcaracterísticas da Norma para a avaliação de um software

didático conforme o perfil do avaliador, ficam distribuídas como apresentado na

Tabela 6.

Tabela 6 Subcaracterísticas avaliadas conforme o perfil do avaliador

Avaliador Perfil Subcaracterísticas

Equipe de desenvolvimento Técnico Essencialmente técnicas

Alunos Usuário Voltadas à aplicação

Professor Didático Voltadas à aplicação

Fonte: Autor

As subcaracterísticas voltadas à aplicação de um software didático são

destinadas ao professor e aos alunos, pois, apesar de avaliarem as mesmas

subcaracterísticas, os objetivos das avaliações são diferentes: enquanto o professor

avaliará os objetivos didáticos desta aplicação, os alunos avaliarão a aplicação deste

software em sala de aula para a matéria de estudo lecionada.

Page 66: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

63

O critério adotado pelo autor foi separar as subcaracterísticas essencialmente

técnicas (aquelas a que somente a equipe de desenvolvimento tem acesso e

condições de avaliar), daquelas que são voltadas à aplicação de um software

didático (aquelas a que o professor e os alunos têm acesso e condições de avaliar).

Isto não quer dizer que a avaliação do professor fica restrita e não abrange as

questões técnicas, pois este mesmo professor participa na definição dos requisitos

deste software, inclusive dos requisitos técnicos, como por exemplo, se este

software deve interagir com algum banco de dados disponível em rede.

As subcaracterísticas consideradas essencialmente técnicas para um

software didático, segundo o autor, são:

• As subcaracterísticas: “maturidade”, “tolerância a falhas” e

“recuperabilidade”, pertencentes à característica “confiabilidade”;

• As subcaracterísticas: “comportamento em relação ao tempo” e

“comportamento em relação aos recursos”, pertencentes à

característica “eficiência”;

• As subcaracterísticas: “analisabilidade”, “modificabilidade”,

“estabilidade” e “testabilidade”, pertencentes à característica

“manutenibilidade”;

• As subcaracterísticas: “adaptabilidade”, “capacidade para ser

instalado”, “conformidade” e “capacidade para substituir”, pertencentes

à característica “portabilidade”;

• Isoladamente as subcaracterísticas: “interoperabilidade” e “segurança

de acesso”, pertencentes à característica “funcionalidade”.

As demais subcaracterísticas, segundo o autor, são consideradas somente

para a avaliação da aplicação de um software didático, uma vez que entende que a

avaliação dos alunos para estas subcaracterísticas é a mais adequada como

avaliação de uma aplicação de software em sala de aula. Do mesmo modo, para

essas mesmas subcaracterísticas, cabe somente ao professor avaliar quanto às

questões didáticas. As subcaracterísticas voltadas a aplicação, são:

Page 67: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

64

• As subcaracterísticas: “adequação”, “acurácia” e “conformidade”,

pertencentes à característica “funcionalidade”;

• As subcaracterísticas: “inteligibilidade”, “apreensibilidade” e

“operacionalidade”, pertencentes à característica “usabilidade”.

É importante ressaltar que o enfoque didático foi utilizado nessa seleção entre

as subcaracterísticas, uma vez que, considerando apenas o ponto de vista da

equipe de desenvolvimento para a avaliação de um software, todas as

subcaracterísticas devem ser avaliadas pela equipe de desenvolvimento, o que não

é o caso.

4.1.2 As subcaracterísticas essencialmente técnicas e da aplicação

As justificativas da escolha pelo autor dessas subcaracterísticas como

essencialmente técnicas ou da aplicação são apresentadas a seguir nos grupos de

características e suas respectivas subcaracterísticas de qualidade de software, texto

em negrito; à frente, as breves questões adaptadas pelo autor para o entendimento

de cada ponto de verificação da Norma (questões das subcaracterísticas com base

na Tabela 13), e, por fim, em itálico, o texto referente às justificativas. Para efeito de

simplificação e melhor visualização, os itens relativos às características e

subcaracterísticas estão indicados respectivamente pelas iniciais “C” e “S”; e os

números na seqüência correspondem à sua ordem hierárquica de apresentação,

conforme estão dispostos na Norma.

• C.1. Funcionalidade: O software atende a seu propósito e às necessidades

especificadas? Contém subcaracterísticas com questões essencialmente

técnicas e da aplicação.

• S.1.1. Adequação: O software atende e é apropriado para as tarefas

especificadas? É preferível que os alunos avaliem este item em razão de

suas expectativas quanto à apresentação e à forma como o software

didático trata a matéria de estudo, verificando, assim, pelo uso, a sua

adequação. Portanto, esta é uma questão da aplicação do software em

sala de aula. Quanto ao lado técnico da questão, é indicado que a equipe

Page 68: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

65

de desenvolvimento teste o software junto com o professor, para

providenciar eventuais acertos antes da aplicação do software em sala de

aula.

• S.1.2. Acurácia : O software gera resultados corretamente, efeitos ou

conforme o acordado? Aqui também é preferível que os alunos avaliem,

uma vez que nada mais frustrante que os resultados ou efeitos

apresentados por um software com finalidade didática, não estarem de

acordo com o que se esperava quanto ao assunto tratado. Portanto, esta é

uma questão da aplicação do software em sala de aula. Quanto ao lado

técnico da questão, é indicado também que a equipe de desenvolvimento

teste o software junto com o professor, para providenciar eventuais

acertos antes da aplicação do software em sala de aula.

• S.1.3. Interoperabilidade: O software interage com sistemas

especificados? Questão essencialmente técnica.

• S.1.4. Conformidade: O software está de acordo com as normas,

convenções ou regulamentações previstas em leis e descrições similares,

relacionadas à aplicação? O próprio item informa que a questão é voltada

à aplicação do software.

• S.1.5. Segurança de acesso: O software evita acesso não autorizado,

acidental ou deliberado a programas e dados? Questão essencialmente

técnica.

• C.2. Confiabilidade: O software mantém seu nível de desempenho sob

condições estabelecidas durante um período de tempo estabelecido? Contém

apenas subcaracterísticas com questões essencialmente técnicas.

• S.2.1. Maturidade: Qual a freqüência de falhas por defeitos que o

software apresenta? Questão essencialmente técnica, não cabe ao

usuário fazer medições.

• S.2.2. Tolerância a falhas: O software mantém um nível de desempenho

especificado nos casos de falhas no software ou de violação nas

interfaces especificadas? Questão essencialmente técnica.

• S.2.3. Recuperabilidade: O software restabelece seu nível de

desempenho em caso de falha e recupera os dados diretamente afetados;

em que tempo e com que esforço? Questão essencialmente técnica.

Page 69: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

66

• C.3. Usabilidade: É fácil para o usuário utilizar o software? Contém apenas

subcaracterísticas com questões da aplicação.

• S.3.1. Inteligibilidade: O usuário reconhece com facilidade no software o

conceito lógico e sua aplicabilidade? Questão da aplicação do software em

sala de aula.

• S.3.2. Apreensibilidade: O usuário aprende com facilidade a aplicação do

software? Questão da aplicação do software em sala de aula.

• S.3.3. Operacionalidade: O usuário opera e controla cada operação do

software com facilidade? Questão da aplicação do software em sala de

aula.

• C.4. Eficiência: É satisfatório o relacionamento entre o nível de desempenho

do software e a quantidade de recursos usados em condições estabelecidas?

Contém apenas subcaracterísticas essencialmente técnicas.

• S.4.1. Comportamento em relação ao tempo: É satisfatório o tempo de

resposta do software, o tempo de processamento e velocidade na

execução de suas funções? Questão essencialmente técnica, onde

também é indicado que a equipe de desenvolvimento teste o software

junto com o professor para providenciar eventuais acertos antes da

aplicação do software em sala de aula.

• S.4.2. Comportamento em relação aos recursos: É satisfatória a

quantidade de recursos usados pelo software e a duração de seu uso na

execução de suas funções? Questão essencialmente técnica, onde

também é indicado que a equipe de desenvolvimento teste o software

junto com o professor, para providenciar eventuais acertos antes da

aplicação do software em sala de aula.

• C.5. Manutenibilidade: É fácil fazer modificações específicas no software?

Contém apenas subcaracterísticas com questões essencialmente técnicas.

• S.5.1. Analisabilidade: É fácil de diagnosticar deficiências ou causas de

falhas, ou identificar partes a serem modificadas no software? Questão

essencialmente técnica.

• S.5.2. Modificabilidade: É fácil de modificar o software, remover seus

defeitos ou adaptá-lo a mudanças ambientais? Questão essencialmente

técnica.

Page 70: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

67

• S.5.3. Estabilidade: É baixo o risco de efeitos inesperados ocasionados

por modificações no software? Questão essencialmente técnica.

• S.5.4. Testabilidade: É fácil de se validar o software modificado? Questão

essencialmente técnica.

• C.6. Portabilidade: O software é facilmente transferido de um ambiente para

outro? Contém apenas subcaracterísticas com questões essencialmente

técnicas.

• S.6.1. Adaptabilidade: O software é facilmente adaptado a ambientes

diferentes especificados, sem a necessidade de aplicação de outras ações

ou meios além daqueles fornecidos para essa finalidade pelo software

considerado? Questão essencialmente técnica.

• S.6.2. Capacidade para ser instalado: É fácil de se instalar o software

num ambiente especificado? Questão essencialmente técnica.

• S.6.3. Conformidade: O software está consonante com os padrões ou

convenções relacionados à portabilidade? Questão essencialmente

técnica.

• S.6.4. Capacidade de substituir: O software facilmente substitui outro

software, no ambiente estabelecido por esse outro software? Questão

essencialmente técnica.

Para melhor visualizar esta divisão para a avaliação da Norma, a Tabela 7

apresenta as características e subcaracterísticas da Norma e aponta na coluna

“Avaliação” o termo “Aplicação” para as subcaracterísticas voltadas à aplicação de

um software didático – a serem avaliadas pelos alunos e depois pelo professor – e o

termo “Técnica” para as subcaracterísticas essencialmente técnicas – a serem

avaliadas pela equipe de desenvolvimento.

Page 71: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

68

Tabela 7 Finalidade da avaliação para cada subcaracterística da Norma segundo o autor

Característica Item Subcaracterística Avaliação

S.1.1 Adequação Aplicação

S.1.2 Acurácia Aplicação

S.1.3 Interoperabilidade Técnica

S.1.4 Conformidade Aplicação

C.1 Funcionalidade

S.1.5 Segurança de acesso Técnica

S.2.1 Maturidade Técnica

S.2.2 Tolerância a falhas Técnica C.2 Confiabilidade

S.2.3 Recuperabilidade Técnica

S.3.1 Inteligibilidade Aplicação

S.3.2 Apreensibilidade Aplicação C.3 Usabilidade

S.3.3 Operacionalidade Aplicação

S.4.1 Comportamento em relação ao tempo Técnica C.4 Eficiência

S.4.2 Comportamento em relação aos recursos Técnica

S.5.1 Analisabilidade Técnica

S.5.2 Modificabilidade Técnica

S.5.3 Estabilidade Técnica C.5

Manutenibilidade

S.5.4 Testabilidade Técnica

S.6.1 Adaptabilidade Técnica

S.6.2 Capacidade para ser instalado Técnica

S.6.3 Conformidade Técnica

C.6 Portabilidade

S.6.4 Capacidade para substituir Técnica

Fonte: Autor

4.1.3 Requisitos básicos de um software didático

Para preparar o processo de avaliação de um software didático, primeiro é

necessário definir os requisitos deste software.

Segundo Rocha et al. (2001):

“Entendemos ‘requisitos de software’ como sentenças que expressam as necessidades dos clientes e que condicionam a qualidade do software. A especificação dos requisitos de um produto de software implica a determinação de requisitos não-funcionais, entre os quais incluem-se os requisitos de qualidade que são difíceis de definir. A qualidade de software é multidimensional, sendo assim, os requisitos de qualidade entram em

Page 72: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

69

conflito e os benefícios em atingi-los não são fáceis de medir. Entretanto, essa é uma atividade fundamental para a garantia da qualidade do produto e para a verificação do atendimento dos requisitos do usuário”.

Para Pressman (2002) os requisitos de software são a base a partir da qual a

qualidade é medida, portanto, a falta de conformidade aos requisitos significa falta

de qualidade. Aponta também a relação entre o desenvolvedor e o cliente, onde

ambos têm um papel ativo na definição dos requisitos, o cliente indicando o que quer

(às vezes de forma nebulosa) e o desenvolvedor, agindo como indagador, consultor

e solucionador de problemas.

Em um software didático a ser desenvolvido, os requisitos são parte

integrante de seu desenvolvimento, enquanto que, para um software didático

adquirido ou a ser adquirido, os requisitos servem de referência para a avaliação da

qualidade do produto de software e de sua aplicação. Analisando diretamente cada

subcaracterística da Norma ISO 9126, descrevendo respectivamente para cada uma

delas o que se espera ou se deseja do software didático a ser avaliado, são obtidos

os seus requisitos básicos.

O autor utiliza o termo “requisitos básicos” para diferenciá-los dos requisitos

necessários para o desenvolvimento de qualquer software, que são ricos em

detalhes e envolvem complexidades específicas que existem independentemente da

finalidade do mesmo. No caso deste trabalho, os requisitos básicos podem ser os

mais gerais, porém, sem deixar de apontar as necessidades essenciais da finalidade

do software, uma vez que o objetivo não é “desenvolver o software” e, sim, obter

referências para uma avaliação adequada quanto à aplicação didática.

Apesar de a equipe de desenvolvimento não analisar os requisitos básicos

destinados à avaliação dos alunos (avaliação da aplicação do software em sala de

aula), a mesma pode analisá-los no caso de um processo de desenvolvimento de

um software didático que será avaliado. A finalidade disso é a de melhor direcionar

este desenvolvimento aos objetivos da aplicação, o que pode ser feito por meio de

orientações e testes realizados conjuntamente com o professor.

Page 73: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

70

4.1.4 A ordem de aplicação das avaliações

O autor sugere uma ordem para executar as avaliações, uma vez que esta

mesma ordem foi adotada nesta metodologia de avaliação. Porém, vale ressaltar

que apenas a avaliação pelo ponto de vista do professor precisa ser feita após a

avaliação dos alunos, isto porque, para a avaliação do professor, é fundamental que

a aplicação do software tenha sido acompanhada em detalhes quanto às questões

didáticas. Já as questões técnicas que a equipe de desenvolvimento irá avaliar

podem ser feitas independentemente das outras, em qualquer ordem, uma vez que

estas não dependem da aplicação.

Quanto à ordem sugerida, primeiro, o software é avaliado pelos alunos quanto

da sua aplicação, que deve favorecer, entre outras coisas, o aprendizado do aluno

com a visibilidade do assunto e seus conceitos, além de facilitar as operações, as

consultas e a análise dos resultados. Em seguida, é realizada a avaliação da equipe

de desenvolvimento quanto à qualidade do produto de software, que deve garantir,

entre outras coisas, que ele atenda corretamente aos comandos básicos e às

operações, funcionando bem e apresentando adequadamente o tema para o qual foi

desenvolvido, sem comprometer o bom andamento da aula e nem os resultados

esperados. Por fim, o software é avaliado quanto a “ser didático”, com base no

acompanhamento da aplicação em sala de aula e análise da avaliação dos alunos.

Assim, a união e a análise das avaliações realizadas apontará se este software é

satisfatoriamente adequado como ferramenta de apoio didático ao curso em questão

ou não.

Todos estes fatores devem ser considerados e avaliados, seja para a adoção

e aplicação de um novo software didático, ou ainda, para verificar as condições e as

necessidades de melhoria de um que já esteja sendo aplicado.

4.2 Aplicando a metodologia de avaliação

Esta parte é destinada ao entendimento e a seqüência de aplicação da

metodologia de avaliação.

Page 74: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

71

4.2.1 Determinação dos requisitos básicos

Este passo é referente à determinação pelo professor dos requisitos básicos

de um software didático a ser avaliado como produto de software.

A determinação dos requisitos básicos de um software didático é o primeiro

passo para se iniciar o processo de avaliação, pois são esses requisitos que servirão

de referência sobre o que um software didático a ser avaliado, deve apresentar e

corresponder de forma satisfatória. Quanto aos requisitos básicos, é importante

ressaltar que estes requisitos devem compreender o tema do software para a área

de conhecimento à qual é destinado, no entanto, não deve haver a preocupação de

apontar questões didáticas, pois a própria avaliação didática cuidará disso (tópico

4.2.7). Trata-se portanto, apenas de se determinar os requisitos básicos que sejam

técnicos e também os voltados aos alunos (aplicação em sala de aula).

Para facilitar o entendimento e orientar quanto a determinação dos requisitos

básicos de um software didático como produto de software, é utilizada a Tabela 13,

(apenas como referência e não para preenchimento - ignorar os campos para as

pontuações), que apresenta as subcaracterísticas de qualidade de software da

Norma ISO 9126, seguida de breves questões adaptadas pelo autor para o

entendimento de cada ponto de verificação da Norma (as subcaracterísticas). Estes

requisitos básicos devem ser anotados em uma lista à parte, em um relatório, por

exemplo (como o apresentado no tópico 4.1.2), para serem analisados no passo de

pontuação da avaliação (tópico 4.2.6) servindo de base para a pontuação final de

algumas subcaracterísticas e a análise detalhada de todas.

Feito isso, apesar de a equipe de desenvolvimento já poder avaliar o

software, o autor deixou esta avaliação para ser feita após a avaliação dos alunos,

uma vez que na própria Tabela 13, apresentada mais adiante, compreende as duas

avaliações (equipe de desenvolvimento e alunos). Desta forma, a seqüência

apresentada nesta metodologia de avaliação torna-se mais clara e objetiva.

Page 75: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

72

4.2.2 Preparação para a avaliação dos alunos

Este passo é referente à elaboração pelo professor da avaliação a ser

aplicada para os alunos.

Segundo Nielsen (1997), na aplicação de questionários ao invés de

entrevistas, você deve utilizar perguntas fechadas para que elas sejam fáceis de ser

entendidas e, também, saber antecipadamente quais dados precisa e o que você

planeja fazer com eles. Os questionários são de grande valia para se obter um

retorno da apreciação geral do usuário; você pode repeti-los em intervalos regulares

para medir as mudanças nas atitudes dos usuários.

Para se adotar uma avaliação em forma de um questionário, pode-se fazer o

uso de apontamentos em cada item por alternativas qualitativas, do tipo: Insuficiente,

Regular, Bom e Excelente – esta é uma forma direta, de fácil entendimento e

indicada pela Norma. Assim, sabendo antecipadamente “o que se quer medir” e “por

que este item deve ser medido”, a avaliação terá um conteúdo coerente com a sua

finalidade e os resultados obtidos apontarão para medidas de correção ou tomadas

de decisão mais precisas.

A constante inovação tecnológica e as variadas mudanças nas operações e

processos das empresas, devido especialmente à alta competitividade imposta pelos

mercados, podem levar à obsolescência de um software caso ele não seja

atualizado de forma a acompanhar as novas necessidades do usuário. Assim, é

preciso acompanhar estas mudanças que podem ser sinalizadas por variações

observadas nas avaliações atuais em relação às anteriores.

A avaliação de um software didático pelos alunos (Tabela 8), foi elaborada

pelo autor com o objetivo de se apurar a eficiência da aplicação de um software pelo

ponto de vista dos alunos. Os itens a serem avaliados foram separados em grupos e

subgrupos de análise (itens e subitens respectivamente), de forma estratégica, para

se obter as pontuações sobre vários aspectos do software. A principal preocupação

foi que os alunos identificassem com facilidade os vários itens da avaliação ao terem

utilizado o software por completo.

Page 76: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

73

Tabela 8 Modelo para avaliação da aplicação de um software didático pelos alunos

Item Subitem Insuficiente Regular Bom Excelente

Apresentação Operação

Facilidade de uso

Telas

Cadastros

Gráficos

Relatórios

Visualização

Ajuda (help)

Visão do assunto

Aprendizado

Exemplos

Complemento ao curso

Aplicação prática

Software didático Avaliação geral

Software comercial

Fonte: Autor

O subitem “Software comercial”, contido no item “Avaliação geral”, foi

colocado na avaliação pelo autor apenas para se obter uma apreciação dos alunos

em relação à possibilidade da aplicação deste software em seu ambiente de

trabalho. Não faz parte desta metodologia avaliar se o software pode se transformar

em um produto comercial ou não, de modo que este item não é relacionado a

nenhum outro dentro deste trabalho.

O modelo de avaliação aplicado aos alunos (Tabela 8) foi elaborado pelo

autor; no entanto, cada professor deve optar entre adotar este mesmo modelo,

adaptá-lo ou desenvolver outro que melhor represente a sua necessidade de análise

da aplicação do software em sala de aula perante os alunos. A idéia principal é que

os alunos avaliassem o software sem qualquer referência à Norma. Preocupando-se

com que esta avaliação fosse simples e direta naquilo que pretendia saber sobre o

software avaliado pelos alunos, o autor cuidou que as médias obtidas dos subitens

pudessem ser relacionadas com as subcaracterísticas da Norma, permitindo, assim,

realizar a pontuação da aplicação do software pelo ponto de vista do usuário.

Page 77: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

74

Cada modelo de avaliação deve ser elaborado conforme o objetivo de análise

que se deseja obter com ele, observando-se também se esta avaliação deve ser

mais abrangente ou mais específica. Por exemplo, se o software utiliza recursos

multimídia e se deseja conhecer a apreciação dos alunos quanto a isso, basta criar

uma ou mais questões para que estes itens sejam pontuados, independentemente

de se relacionarem com as subcaracterísticas da Norma ou não (como é o caso do

subitem “Software comercial”, sem nenhuma relação com a Norma). Se houver

necessidade de se alterar o modelo de avaliação da Tabela 8, as alterações

correspondentes devem ser feitas nas Tabelas 9, 10 e 11, a serem apresentadas a

seguir. Ainda nesse caso, se na elaboração do modelo de avaliação se identificar

alguma relação com as subcaracterísticas da Norma, evidentemente esta deve ser

considerada e a Tabela 11 deve ser atualizada quanto a isso, particularmente na

coluna “Subcaracterísticas da Norma que têm relação com o subitem avaliado pelos

alunos”.

Observe que não há, a princípio, qualquer indicação para os alunos de que

este questionário tenha relacionamento com as subcaracterísticas da Norma

voltadas à aplicação. Este relacionamento existe, foi considerado na elaboração

desta avaliação e será apresentado no tópico 4.2.5 .

4.2.3 Aplicação de testes e a avaliação dos alunos

Esta etapa corresponde ao passo de medição do processo de avaliação

citado na Norma ISO 9126 para o ponto de vista dos alunos.

Para obter as avaliações dos alunos é necessário realizar testes de aplicação

deste software em sala de aula. Caso isso não seja possível, pois a avaliação será

feita para um software didático a ser adquirido, portanto, não sendo aplicado em sala

de aula em situação real de uso, o professor ou uma equipe adequada podem testá-

lo e avaliá-lo no lugar dos alunos.

Para o teste, a sala de aula deve estar preparada antecipadamente e o

Page 78: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

75

professor deve determinar se nestes testes o software didático já deverá estar

instalado nos computadores ou se serão instalados pelos próprios alunos. Neste

trabalho, o software já se encontrava instalado para a imediata utilização dos alunos

ao início da aula.

É indicado ao professor que, inicialmente, faça uma explanação sobre o

software didático e que utilize um roteiro comum para que todos acompanhem a

forma de operar o software e o entendimento de como o assunto é tratado por este

software.

Também é importante que os alunos tenham realizado um exercício completo

sem o uso do software e que, nesta aula, o utilizem para trabalharem no mesmo

exercício e chegarem à mesma solução. Fazendo isso, os alunos já estarão a par do

assunto e do exercício, dando maior atenção à operação do software, à fixação do

assunto, aos ensinamentos adicionais e às simulações que o professor apresentar,

além de melhorar o rendimento da aula.

Ao final, um tempo desta aula deve ser destinado à aplicação da avaliação

dos alunos.

Os alunos devem ser orientados a manter em branco os itens que, no

entendimento deles, não foram vistos ou que não haveria como se avaliar naquele

momento. Além disso, eles também devem ser informados que não precisam se

identificar, favorecendo, assim, que as avaliações sejam imparciais.

O modelo de avaliação da aplicação de um software didático (Tabela 8), deve

ser entregue a cada aluno para a sua avaliação em sala de aula.

Terminados os testes e com todas as avaliações em mãos, inclusive as de

outras turmas onde os testes foram realizados, o professor deve agrupá-las para dar

seqüência ao próximo passo.

Page 79: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

76

4.2.4 Cálculo das médias das avaliações dos alunos

Esta etapa dá continuidade ao passo de medição do processo de avaliação

citado na Norma ISO 9126 para o ponto de vista dos alunos.

Com um grupo de avaliações em mãos, há a necessidade de se calcular a

média das avaliações em cada subitem e, conseqüentemente, a média final de cada

item.

Na Tabela 9 devem ser totalizadas as quantidades de pontos atribuídos pelos

alunos por tipo de apreciação a cada subitem (Insuficiente, Regular, Bom e

Excelente), e na coluna “TOTAL”, a soma total destes pontos atribuídos a cada

subitem. Apenas os subitens pontuados devem ser contados e considerados. Assim,

pode ocorrer que um ou mais subitens não totalizem a quantidade de avaliações

distribuídas, justamente por falta da avaliação de alguns subitens por parte dos

alunos.

Tabela 9 Modelo para totalizar os pontos avaliados pelos alunos

Item Subitem Insuficiente Regular Bom Excelente TOTAL

Apresentação Operação

Facilidade de uso

Telas

Cadastros

Gráficos

Relatórios

Visualização

Ajuda (help)

Visão do assunto

Aprendizado

Exemplos

Complemento ao curso

Aplicação prática

Software didático Avaliação geral

Software comercial

Fonte: Autor

Page 80: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

77

Na Tabela 10, devem ser preenchidas as médias ponderadas de cada

subitem na coluna “média final”. Para tanto, os subitens avaliados pelos níveis de

pontuação: Insuficiente, Regular, Bom e Excelente, devem receber respecti vamente

os pesos 1, 2, 3 e 4, portanto, multiplicando-se a quantidade de pontos aplicados a

cada subitem (colunas Insuficiente, Regular, Bom e Excelente da Tabela 9) pelos

pesos de cada nível de pontuação (respectivamente 1, 2, 3 e 4). Em seguida, deve-

se somar estes resultados e dividi-los pela quantidade total de pontuações dos

respectivos subitens (coluna TOTAL da Tabela 9). A Tabela 10 deve ser preenchida

com estas médias calculadas para cada subitem. A média de cada item é a média

simples das médias de seus subitens correspondentes. Para obtê -las, soma-se

todas as médias de seus respectivos subitens e divide-se pelo número de seus

subitens que foram pontuados. Na coluna “item” (Tabela 10) no campo de cada item,

há a indicação para colocar o valor de média obtido.

Tabela 10 Média final das avaliações da aplicação de um software didático

Item Subitem Média final

Apresentação Operação

Média ____ Facilidade de uso

Telas

Cadastros

Gráficos

Relatórios

Visualização

Média ____

Ajuda (help)

Visão do assunto

Aprendizado

Exemplos

Complemento ao curso

Média ____

Aplicação prática

Software didático Avaliação geral

Software comercial

Aplicação do Software

Média Final ____

Fonte: Autor

A média final da aplicação do software é a média simples das médias dos

itens. Por exemplo, se os itens “Operação”, “Visualização” e “Complemento ao

Page 81: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

78

Curso” receberem respectivamente as médias 2, 3 e 2,5, a média final da aplicação

do software é: (2 + 3 + 2,5) / 3 = 2,5.

É importante ressaltar que esta avaliação é específica da aplicação do

software didático em sala de aula, com o modelo de avaliação desenvolvido pelo

professor, ou seja, neste ponto não há qualquer relação aparente com a Norma ISO

9126. Assim, apenas os valores das médias finais obtidas para os subitens serão

considerados na seqüência desta metodologia de avaliação, como será apresentado

no tópico 4.2.5, para a obtenção das pontuações da aplicação. As médias dos itens

e a média final da aplicação do software não são utilizadas além deste ponto nesta

metodologia de avaliação; no entanto, servem para indicar os itens de menores

médias, que contêm os respectivos subitens que causaram essas mesmas médias,

a fim de analisá-los; como também, a média final da aplicação neste ponto da

avaliação para análise.

Para que qualquer item analisado do software e inclusive o próprio software

possa ser considerado como adequado ou inadequado, um valor de referência deve

ser adotado pelo professor. Este valor de referência é como um valor “mínimo para

aceitação” e não deve ser adotado como uma nota de corte, pois ainda que o

software não atinja o valor desejado em sua pontuação final, esta pontuação pode

estar bem próxima do valor de referência e na região indicada como Satisfatório,

segundo a Norma (Figura 6). Na prática, este software pode vir a ser aceito, com a

ressalva das melhorias necessárias para uma nova versão. De outro modo, este

valor de referência reflete o nível de exigência desejado para a qualidade de um

software didático e de todos os seus itens avaliados. Para a determinação desse

valor de referência, a Figura 6 foi tomada como base e uma escala para a métrica foi

adotada pelo autor, com intervalo de medição variando de 0,25 em 0,25 pontos,

iniciando em 1 e terminando em 4 (de Insuficiente a Excelente), como pode ser visto

na Figura 7, além de um exemplo de valor de referência adotado por um professor,

que nesse caso é o valor 3 (três).

Os níveis de pontuação da Norma ficam desta forma: Insuficiente para valores

de 1 a 1,74; Regular de 1,75 a 2,49; Bom de 2,5 a 3,24 e Excelente de 3,25 a 4.

Com a escala para a métrica definida dessa forma, obtém-se dentro de cada nível

Page 82: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

79

de pontuação três faixas distintas, que servem como um subnível, indicando para

cada nível de pontuação: menos, médio ou mais (primeira, segunda e terceira faixa,

respectivamente, como apresentado na Figura 7). Por exemplo, a pontuação 1,85

aponta para o nível de pontuação Regular subnível menos (Regular menos), pois

está na primeira faixa do nível de pontuação Regular, que vai de 1,75 a 1,99. No

caso de ser 2,15, por estar na segunda faixa de seu nível de pontuação, pode-se

ignorar o subnível médio e considerar apenas o nível de pontuação como Regular,

ao invés de Regular médio. Com 2,35, na terceira faixa, seria Regular mais.

Figura 7 Escala para a métrica e exemplo de valor de referência

Fonte: Adaptado da Norma ISO 9126

A área superior destacada na Figura 7, a partir do valor de referência, aponta

para a região onde as pontuações obtidas indicam que o item avaliado é adequado,

enquanto que a região abaixo desta indica que o item avaliado é inadequado. Um

item avaliado como inadequado não indica necessariamente que este item não

funcione bem ou prejudique a aplicação do software; este item apenas não atingiu a

pontuação mínima desejada. Outro motivo pode estar na determinação dos

requisitos básicos, já que, apesar do software corresponder a situações atuais, pode

deixar de corresponder a estas em um futuro próximo. Se isso for estipulado nos

requisitos básicos, é certo que a pontuação desses itens serão menores do que se

só fossem consideradas as situações atuais. É o caso, por exemplo, da

subcaracterística adaptabilidade ser pontuada tecnicamente como inadequada,

apesar de atender o que está definido nos requisitos básicos do software, que seria

funcionar em apenas um determinado ambiente; no entanto, é bem provável que em

breve o software venha a ter a necessidade de funcionar em outro ambiente, e que

Insuficiente

Regular

Insatisfatório

Excelente

Bom Satisfatório

4,00

1,75

2,50

3,25

Escala para a métrica Níveis de Pontuação

Adequado Inadequado

Valor de Referência : 3,00

1,00

Faixas: menos, médio, mais

+ - Intervalo:

de 0,25 em 0,25 pontos

Page 83: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

80

isto seja estipulado nos requisitos básicos desse software. Assim, a adequação ou

inadequação resultante dependerá de como os requisitos básicos serão

determinados, ou seja, se serão contemplados cenários futuros, externos ou outros.

Uma aplicação para o valor de referência é a análise individual de cada item

avaliado, incluindo as características e subcaracterísticas, o software para cada

ponto de vista e o software didático como um todo, da seguinte forma: os valores

das médias e pontuações obtidos podem ser usados para priorizar melhorias, ou

seja, ordenando estas médias e pontuações em ordem crescente de valor, os itens

que apresentem os menores valores serão os primeiros a serem analisados, e assim

por diante, até que todos os itens que necessitem de melhorias ou ações corretivas

sejam analisados. Os demais itens com valores iguais ou superiores ao valor de

referência, que estão dentro do nível de pontuação desejado e, a princípio, não

necessitam de uma atenção maior, podem ser analisados para que atinjam um nível

de pontuação ainda maior, objetivando a melhoria contínua do software.

Com a Tabela 10 preenchida com as médias, segue-se para o próximo passo.

4.2.5 Relacionando a avaliação dos alunos com a Norma

Esta etapa dá continuidade ao passo de medição do processo de avaliação

citado na Norma ISO 9126, para o ponto de vista dos alunos.

O modelo da Tabela 11 deve receber as médias finais apuradas na Tabela

10, portanto, estas devem ser transportadas diretamente para a coluna “Média das

avaliações” respectivamente para os seus subitens. A coluna “Subcaracterísticas da

Norma que têm relação com o subitem avaliado pelos alunos” faz a relação direta

das médias finais dos subitens avaliados pelos alunos com as subcaracterísticas da

Norma que têm relação a cada subitem. Cada item pode receber a média simples

das médias das avaliações de seus subitens. Apesar desses valores de média não

serem utilizados nessa metodologia de avaliação, esses mesmos valores podem ser

verificados pelo professor para a finalidade de análise, no caso da avaliação da

aplicação apresentar pontuação abaixo do valor de referência.

Page 84: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

81

Tabela 11 Modelo para a média das avaliações com referência à Norma

Item Subitem Média das avaliações

Subcaracterísticas da Norma que têm relação com o subitem avaliado pelos alunos

Apresentação S.1.1 Adequação, S.3.3 Operacionalidade Operação

Facilidade de uso S.3.3 Operacionalidade

Telas S.1.1 Adequação, S.1.4 Conformidade, S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade

Cadastros S.1.1 Adequação, S.1.4 Conformidade, S.3.1 Inteligibilidade, S.3.3 Operacionalidade

Gráficos S.1.1 Adequação, S.1.2 Acurácia, S.1.4 Conformidade, S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade

Relatórios S.1.1 Adequação, S.1.2 Acurácia, S.1.4 Conformidade, S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade

Visualização

Ajuda (help) S.1.1 Adequação, S.3.2 Apreensibilidade

Visão do assunto S.1.4 Conformidade, S.3.1 Inteligibilidade,

S.3.2 Apreensibilidade

Aprendizado S.3.1 Inteligibilidade

Exemplos S.1.1 Adequação, S.1.2 Acurácia, S.1.4 Conformidade,

S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade, S.3.3 Operacionalidade

Complemento ao curso

Aplicação prática

S.1.1 Adequação, S.1.2 Acurácia, S.1.4 Conformidade, S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade,

S.3.3 Operacionalidade

Software didático

S.1.1 Adequação, S.1.2 Acurácia, S.1.4 Conformidade, S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade,

S.3.3 Operacionalidade Avaliação Geral

Software comercial “Sem efeito”

Fonte: Autor

Para o caso de se incluir ou alterar subitens no modelo de avaliação dos

alunos (Tabela 8), essa relação da tabela 11 necessita ser revisada, pelo menos

para estes itens novos ou alterados. A idéia é que os alunos, ao avaliarem as

questões deste modelo (Tabela 8), indiretamente, sem saber, estarão pontuando

todas as subcaracterísticas da Norma voltadas à aplicação de um software didático

pelo ponto de vista dos alunos. Apenas as subcaracterísticas voltadas à avaliação

da aplicação pelo ponto de vista dos alunos (Tabela 8) foram consideradas para

Page 85: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

82

essa relação com a Norma, por se tratar de uma avaliação voltada à aplicação do

software.

Quanto a essa relação, dos subitens com as subcaracterísticas da Norma, o

autor analisou cada subitem e os relacionou com as subcaracterísticas da Norma a

que a avaliação deste subitem remeteria (Tabela 11). Neste caso, mais de um

subitem pode apontar para uma mesma subcaracterística. Para a definição deste

relacionamento, o autor apresenta na Tabela 12 as referências utilizadas, onde,

através da análise destas referências para cada subitem, o autor apontou as

subcaracterísticas que têm relação a cada um deles.

Tabela 12 Referências para a definição de relacionamento entre os subitens avaliados e as subcaracterísticas da Norma.

Subcaracterísticas voltadas à aplicação Foco Considerando

S.1.1 Adequação: O software atende e é apropriado para as tarefas especificadas?

Software Didático

Se contém as funções para executar o que

é preciso

S.1.2 Acurácia: O software gera resultados corretamente, efeitos ou conforme o acordado?

Software Didático

Se resulta no que se espera de acordo com resultados conhecidos

S.1.4 Conformidade: O software está de acordo com as normas , convenções ou regulamentações previstas em leis e descrições similares, relacionadas à aplicação?

Software Didático

Se está de acordo com conceitos relacionados

ao tema da aplicação

S.3.1 Inteligibilidade: O usuário reconhece com facilidade no software o conceito lógico e sua aplicabilidade?

Usuário (aluno)

Se o aluno reconhece o conceito lógico e sua aplicabilidade

S.3.2 Apreensibilidade: O usuário aprende com facilidade a aplicação do software?

Usuário (aluno)

Se o aluno aprende com facilidade a

aplicação do software

S.3.3 Operacionalidade: O usuário opera e controla cada operação do software com facilidade?

Usuário (aluno)

Se é fácil para o aluno operar e controlar cada operação do software

Fonte: Autor

Com a Tabela 11 preenchida, é dada a seqüência para o próximo passo.

Page 86: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

83

4.2.6 Pontuação das avaliações essencialmente técnica e da aplicação

Esta etapa corresponde ao passo de pontuação do processo de avaliação

citado na Norma ISO 9126, para os pontos de vista da equipe de desenvolvimento e

dos alunos.

As médias das avaliações apontadas por subitem na Tabela 11 devem ser

consideradas para cada subcaracterística relacionada a este subitem, ou seja, nesta

mesma tabela deve-se pegar o valor de cada média calculada para cada subitem

(coluna “Média das Avaliações”), e somar este valor de média uma vez para cada

subcaracterística apontada na coluna ao lado (coluna “Subcaracterísticas da Norma

que têm relação com o subitem avaliado pelos alunos”). Assim, cada

subcaracterística terá um valor acumulado das médias que recebeu de cada subitem

onde estava relacionada. Dividindo-se este valor acumulado pela quantidade de

médias que acumulou, obtém-se a média simples de cada subcaracterística. Estas

médias devem ser transportadas para as correspondentes subcaracterísticas na

Tabela 13, que são as pontuações das subcaracterísticas da aplicação do software

didático pelo ponto de vista dos alunos. Assim, na última coluna desta tabela, no

campo “Pontuação:” de cada uma dessas subcaracterísticas, deve ser colocado o

valor desta pontuação.

As subcaracterísticas essencialmente técnicas devem ser diretamente

pontuadas pela equipe de desenvolvimento na Tabela 13 (ponto de vista da equipe

de desenvolvimento segundo a Norma ISO 9126), pontuando conforme entenderem

ser mais adequado para cada subcaracterística que avaliarem, dentro do critério de

valores 1, 2, 3, 4 ou “NA”, respectivamente, Insuficiente, Regular, Bom, Excelente ou

Não se Aplica. O apontamento “Não se Aplica” (NA), é para o caso de ocorrer, por

qualquer motivo, que alguma subcaracterística não precise ser avaliada, ou ainda,

que seja indiferente esta avaliação para ela. É importante ressaltar que, mesmo

sendo indiferente avaliar alguma subcaracterística em um primeiro momento, no

futuro ela pode vir a ser necessária; como, por exemplo, se a utilização do software

didático tornar-se incompatível para um novo ambiente que venha a ser solicitado.

Assim, é razoável que haja a preocupação em se avaliar as questões mais

Page 87: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

84

prováveis, visando a necessidades futuras, uma vez que a evolução de hardware e

de software é constante.

As características devem receber a média simples de suas subcaracterísticas

pontuadas (Tabela 13), completando assim o preenchimento de toda a Norma com

as respectivas pontuações, contendo a avaliação da equipe de desenvolvimento e a

dos alunos.

Page 88: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

85

Tabela 13 Modelo para avaliação da qualidade de um software didático pelos pontos de vista da

equipe de desenvolvimento e dos alunos, com base na Norma ISO 9126

Características e Subcaracterísticas

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica

C.1 Funcionalidade Pontuação:

S.1.1 Adequação: O software atende e é apropriado para as tarefas especificadas? Pontuação:

S.1.2 Acurácia: O software gera resultados corretamente, efeitos ou conforme o acordado? Pontuação:

1 2 3 4 NA S.1.3 Interoperabilidade: O software interage com sistemas especificados?

S.1.4 Conformidade: O software está de acordo com as normas, convenções ou regulamentações previstas em leis e descrições similares, relacionadas à aplicação?

Pontuação:

1 2 3 4 NA S.1.5 Segurança de acesso O software evita acesso não autorizado, acidental ou deliberado a programas e dados?

C.2 Confiabilidade Pontuação:

1 2 3 4 NA S.2.1 Maturidade: Qual a freqüência de falhas por defeitos que o software apresenta?

1 2 3 4 NA S.2.2 Tolerância a falhas: O software mantém um nível de desempenho especificado nos casos de falhas no software ou de violação nas interfaces especificadas?

1 2 3 4 NA S.2.3 Recuperabilidade: O software restabelece seu nível de desempenho em caso de falha e recupera os dados diretamente afetados, em que tempo e esforço?

C.3 Usabilidade Pontuação:

S.3.1 Inteligibilidade O usuário reconhece com facilidade no software o conceito lógico e sua aplicabilidade?

Pontuação:

S.3.2 Apreensibilidade O usuário aprende com facilidade a aplicação do software? Pontuação:

S.3.3 Operacionalidade O usuário opera e controla cada operação do software com facilidade? Pontuação:

C.4 Eficiência Pontuação:

1 2 3 4 NA S.4.1 Comportamento em relação ao tempo: É satisfatório o tempo de resposta do software, o tempo de processamento e velocidade na execução de suas funções?

1 2 3 4 NA S.4.2 Comportamento em relação aos recursos: É satisfatória a quantidade de recursos usados pelo software e a duração de seu uso na execução de suas funções?

Page 89: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

86

C.5 Manutenibilidade Pontuação:

1 2 3 4 NA S.5.1 Analisabilidade: É fácil de diagnosticar deficiências ou causas de falhas, ou para identificar partes a serem modificadas no software?

1 2 3 4 NA S.5.2 Modificabilidade : É fácil de modificar o software, remover seus defeitos ou adaptá-lo a mudanças ambientais?

1 2 3 4 NA S.5.3 Estabilidade É baixo o risco de efeitos inesperados ocasionados por modificações no software?

1 2 3 4 NA S.5.4 Testabilidade É fácil de se validar o software modificado?

C.6 Portabilidade Pontuação:

1 2 3 4 NA S.6.1 Adaptabilidade: O software é facilmente adaptado a ambientes diferentes especificados, sem a necessidade de aplicação de outras ações ou meios além daqueles fornecidos para essa finalidade pelo software considerado?

1 2 3 4 NA S.6.2 Capacidade para ser instalado: É fácil de se instalar o software num ambiente especificado?

1 2 3 4 NA S.6.3 Conformidade: O software está consonante aos padrões ou convenções relacionados à portabilidade?

1 2 3 4 NA S.6.4 Capacidade para substituir: O software facilmente substitui outro software, no ambiente estabelecido por esse outro software?

Pontuação Final do Software Didático – Avaliação da Aplicação (Média Simples das Subcaracterísticas Voltadas à Aplicação que foram Pontuadas)

Pontuação da Aplicação

Pontuação Final do Software Didático – Avaliação Técnica

(Média Ponderada das Subcaracterísticas Voltadas à parte Técnica que foram Pontuadas)

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

Qtde Total de Pontos:

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação Técnica

Pontuação Final do Software Didático – Avaliação do Produto de Software (Média Simples das Pontuações da Aplicação e Técnica)

Pontuação Produto de Software

Fonte: Autor

Após as pontuações estarem lançadas, será preciso calcular a pontuação da

aplicação (resultante da avaliação feita pelos alunos), a pontuação técnica

(resultante da avaliação da equipe de desenvolvimento) e a pontuação do software

didático como produto de software (considerando os dois pontos de vista anteriores).

Page 90: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

87

Para tanto, existem as indicações nos quadros no final da Tabela 13 que são

destinados a isso.

Para o cálculo da pontuação da aplicação, basta calcular a média simples das

subcaracterísticas voltadas à aplicação que foram pontuadas, e colocar o resultado

no campo “Pontuação da Aplicação”.

Para o cálculo da pontuação técnica, devem ser consideradas apenas as

subcaracterísticas essencialmente técnicas que foram pontuadas. O quadro para o

cálculo da pontuação técnica é mais complexo, pois se trata de uma pontuação que

utiliza média ponderada. Nesse quadro há espaços (campos) para serem

preenchidos com as quantidades referentes às pontuações realizadas para as

subcaracterísticas essencialmente técnicas, e para registrar os valores parciais dos

cálculos até que se chegue na pontuação final. Para os cálculos após a pontuação

de todos os itens de cada subcaracterística essencialmente técnica pela equipe de

desenvolvimento, a seguinte seqüência deve ser executada:

• Para cada subcaracterística essencialmente técnica, soma-se a

quantidade de seus respectivos itens que receberam pontuação com

os valores de 1, 2, 3 ou 4. Os itens que foram pontuados com “NA”

(não se aplica) ou se porventura ficaram sem pontuação, não devem

constar dessa soma. Esta soma deve ser lançada no espaço apontado

como “Quantidade de Itens Pontuados”.

• Após isto, há a indicação para se apontar a quantidade total de pontos

(campo “Qtde Total de Pontos”) e os espaços devem ser preenchidos

com as quantidades de pontuações realizadas para os valores 1, 2, 3 e

4 (Insuficiente, Regular, Bom e Excelente) individualmente, cada um

em sua respectiva coluna. Para uma simples conferência, a soma das

quantidades de cada um deve dar a mesma quantidade total apontada

no campo “Qtde de Itens Pontuados”.

• Na seqüência, no espaço do “Somatório Pontos x Peso”, deve-se

multiplicar a quantidade de pontuações de cada valor de pontuação ao

seu respectivo peso, e estes valores devem ser somados. Se, por

exemplo, as pontuações ocorressem da seguinte forma: 2 como

Page 91: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

88

Insuficiente (valor 1 à Peso 1), 4 como Regular (valor 2 à Peso 2), 5

como Bom (valor 3 à Peso 3) e 1 como Excelente (valor 4 à Peso 4),

o cálculo seria este: 2 x 1 + 4 x 2 + 5 x 3 + 1 x 4 = 29.

• Continuando, o espaço “Somatório Pontos x Peso / Qtde de Itens

Pontuados”, nada mais é que o cálculo da média ponderada das

pontuações. Portanto, o valor obtido no campo “Somatório Pontos x

Peso” deve ser dividido pela quantidade de pontuações que está no

campo “Qtde de Itens Pontuados”. Continuando o exemplo anterior,

bastaria fazer a seguinte conta: 29 / 12 = 2,42. O resultado da soma

dividido pela quantidade de itens. Este seria o valor da pontuação

técnica. Por fim, basta apontá-lo no espaço da coluna final “Pontuação

Técnica:”, que indica para o software avaliado a pontuação técnica de

2,42 pelo ponto de vista da equipe de desenvolvimento, respectivo ao

nível de pontuação Regular mais (Figura 7).

A pontuação do software didático como produto de software é obtida pela

média simples das pontuações da aplicação e técnica. Essa pontuação não é a

pontuação final do software didático, pois falta considerar a avaliação didática, ou

seja, a avaliação pelo de vista do professor (Tabela 15).

As pontuações obtidas para cada subcaracterística na Tabela 13 devem ser

transportadas para a Tabela 14, no campo “Pont.” (abreviação de pontuação), assim

como as pontuações das características, que devem ser colocadas abaixo de sua

descrição, dentro do espaço correspondente.

É importante que o professor junto com a equipe de desenvolvimento faça

anotações que justifiquem todas as pontuações aplicadas a cada subcaracterística

em relação ao que se pede nos requisitos básicos do software. Estas podem ser

detalhadas, em especial para a equipe técnica, e podem apresentar uma

observação sucinta que aponte de modo geral o que se apurou, pois o professor não

necessariamente tem conhecimentos de informática a nível técnico e o mesmo se dá

com outras pessoas ou grupos que venham a discutir sobre os resultados da

avaliação do software. A idéia é que a equipe de desenvolvimento guarde para ela

Page 92: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

89

as observações detalhadas (faz parte de seu serviço), e as observações sucintas

sejam descritas no campo “Observações sobre o software” da Tabela 14.

Tabela 14 Avaliação dos requisitos básicos de qualidade de um software didático pelos pontos de

vista da equipe de desenvolvimento e dos alunos, com base na Norma ISO 9126

Característica Item Subcaracterística Pont. Observações sobre o software

S.1.1 Adequação

S.1.2 Acurácia

S.1.3 Interoperabilidade

S.1.4 Conformidade

C.1 Funcionalidade

Pontuação: ____

S.1.5 Segurança de acesso

S.2.1 Maturidade

S.2.2 Tolerância a falhas

C.2 Confiabilidade

Pontuação: ____

S.2.3 Recuperabilidade

S.3.1 Inteligibilidade

S.3.2 Apreensibilidade

C.3 Usabilidade

Pontuação: ____

S.3.3 Operacionalidade

S.4.1 Comp. em relação ao tempo C.4 Eficiência

Pontuação: ____ S.4.2 Comp. em rel. aos recursos

S.5.1 Analisabilidade

S.5.2 Modificabilidade

S.5.3 Estabilidade

C.5 Manutenibilidade

Pontuação: ____

S.5.4 Testabilidade

S.6.1 Adaptabilidade

S.6.2 Capacidade para ser instalado

S.6.3 Conformidade

C.6 Portabilidade

Pontuação: ____

S.6.4 Capacidade para substituir

Produto de software

____

Fonte: Autor

Estas observações apontadas na Tabela 14, indicarão de forma sucinta qual o

problema encontrado em uma subcaracterística ou o porquê de ela estar de acordo

com os requisitos básicos. O nível de detalhamento obtido até aqui com todas as

Page 93: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

90

informações e análises já feitas, irá contribuir muito quando for preciso verificar

especificamente problemas, condições de melhoria no software e onde é preciso

tomar providências e como, quanto ao desenvolvimento do software para a sua

aplicação em sala de aula.

As pontuações apresentadas por característica mesclam a avaliação técnica

com a da aplicação e não compreendem a avaliação didática. Essas médias das

características são válidas, porém, somente para a avaliação de um software

didático como produto de software e, também, para serem consideradas em uma

análise mais específica do mesmo. Não é separada aqui a média das características

conforme o ponto de vista, o que será feito na Tabela 16. Além disso, falta o ponto

de vista didático e, por conseqüência, a pontuação final do software didático

considerando os três pontos de vista.

Com esses resultados, tem-se a avaliação final da qualidade de um software

didático pelas questões essencialmente técnicas e pelas questões da aplicação em

sala de aula, ou seja, a avaliação de um produto de software. No entanto, essa

avaliação não está totalmente individualizada por ponto de vista, que é o caso de

algumas características como “Funcionalidade”, onde há subcaracterísticas da

aplicação e técnicas. Além da pontuação distinta por ponto de vista (Tabela 16),

resta a avaliação didática desse software, que é apresentada a seguir.

4.2.7 Avaliação e pontuação pelo ponto de vista didático

Esta etapa dá continuidade aos processos de medição e pontuação citadas

na Norma ISO 9126, para o ponto de vista do professor.

A tabela de avaliação didática pelo ponto de vista do professor para um

software didático (Tabela 15), foi definida pelo autor de modo a abranger as

questões didáticas a serem avaliadas para este software.

Para a definição desta tabela em forma de um questionário didático, que

dispusesse as questões didáticas de um software, o autor agrupou vários

Page 94: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

91

apontamentos dos autores citados neste trabalho no capítulo 2 e os adaptou em

questões, para servirem de referência para uma avaliação didática, como também,

elaborou suas próprias questões onde entendeu ser necessário.

Cabe ao professor, pontuar cada questão na Tabela 15. Além das

pontuações: 1, 2, 3 e 4, respectivamente, Insuficiente, Regular, Bom e Excelente, há

um campo intitulado “NA”, que significa “não se aplica”, para o caso de a questão a

ser avaliada não corresponder às necessidades de avaliação do professor ou, ainda,

não ter como ser avaliada para o software didático naquele momento.

Page 95: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

92

Tabela 15 Modelo para avaliação didática de um software didático pela visão do professor, com base na Norma ISO 9126

Subcaracterísticas voltadas à aplicação do software didático

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.1.1. Adequação 1 2 3 4 N A

1 Auxilia o processo de ensino-aprendizagem

2 Faz a ligação entre a teoria e a prática de forma adequada

3 Apresenta uma seqüência de forma racional e eficiente

4 É adequado quanto aos dados da matéria e ao assunto da aula

5 Favorece o ensino baseado na observação e experimentação

6 É atualizado quanto ao estado da arte

7 Faz a ligação de conhecimentos científicos e a realidade do dia-a-dia do aluno

8 Permite ao aluno entrar em contato com situações concretas de sua vida fora da escola

9 Diminui as dificuldades dos alunos e abre novas perspectivas culturais

10 Possibilita atividades que direcionem o aluno à compreensão e assimilação da matéria

11 Permite a aplicação adequada para exercícios do tipo “estudo de caso”

12 Prepara adequadamente o aluno para o mercado de trabalho

13 Prepara adequadamente o aluno como cidadão

14 Faz parte adequadamente das estratégias adotadas pelo professor

15 É adequado à capacidade e limitações reais dos alunos (estabelece exigências e expectativas que os alunos possam cumprir)

16 Promove o interesse geral estimulando o aprendizado

17 Desperta e mantém a atenção

18 Incentiva o aluno a perguntar e apresentar questões que o envolvam

19 É desafiador, suscitando e mobilizando a atividade do aluno

20 Serve de ferramenta de apoio a exercícios, a esclarecimentos gerais e à fixação do assunto

21 Inicia concretamente o estudo de uma unidade que envolva determinadas operações ou processos a serem aprendidos

22 Funciona como recurso de transposição do tema do plano verbal e simbólico para o plano real, da palavra para a realidade da ação

23 Apresenta todas as informações necessárias de forma adequada

24 Possibilita inclusões, alterações e exclusões de dados de forma adequada

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

Qtde Total

de Pontos:

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação:

Page 96: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

93

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.1.2. Acurácia 1 2 3 4 N A

1 Está de acordo com os objetivos de ensino adotados

2 Serve de forma eficaz aos objetivos da aula

3 Realiza satisfatoriamente os procedimentos de demonstração, organização e aplicação de testes objetivos

4 Permite a análise dos resultados de forma adequada

5 Permite ao professor uma flexibilidade tal, de modo a explorá-lo de diversas formas, realística e criativamente, segundo seus objetivos

6 Atinge os objetivos almejados de maneira segura, econômica e eficiente

7 Suplementa a palestra ou explanação verbal do professor, tornando-a mais real e concreta

8 Proporciona a recapitulação e comprovação dos conhecimentos teóricos já adquiridos

9 Os exercícios aplicados apresentam os resultados esperados com exatidão

10 Apresenta a modelagem de forma correta

11 A apresentação da impressão de dados e relatórios estão corretos

12 Possibilita a verificação parcial ou gradativa das informações

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

Qtde Total

de Pontos:

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação:

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.1.4. Conformidade 1 2 3 4 N A

1 Está de acordo com as normas, convenções ou regulamentações previstas em leis e descrições similares, relacionadas à aplicação

2 Fornece o modelo e as normas concretas da ação a executar

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

Qtde Total

de Pontos:

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação:

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.3.1. Inteligibilidade 1 2 3 4 N A

1 Facilita a percepção e compreensão dos fatos e conceitos em estudo

2 Facilita a apreensão sugestiva e ativa de um tema ou de um fato em estudo

3 Ajuda a melhor compreender as relações das partes, o todo de um tema, objeto ou fenômeno

4 Auxilia a formar conceitos exatos, principalmente com referência a temas de difícil observação direta

Page 97: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

94

5 Atende ao desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos

6 Orienta com segurança os alunos para a compreensão e a assimilação

7 Permite ao aluno relacionar o que está aprendendo com os conhecimentos e experiências que já possui

8 O conceito lógico e sua aplicabilidade são facilmente verificados

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

Qtde Total

de Pontos:

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação:

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.3.2. Apreensibilidade 1 2 3 4 N A

1 Propicia a retenção do assunto de forma adequada

2 Propicia ao aluno o domínio de conhecimentos, habilidades e hábitos

3 Possibilita atividades que direcionem o aluno à compreensão e assimilação da matéria

4 Possibilita ao professor estimular, orientar e facilitar o aprendizado dos alunos

5 Facilita o ensino do professor

6 Facilita o aprendizado do aluno

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

Qtde Total

de Pontos:

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação:

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.3.3. Operacionalidade 1 2 3 4 N A

1 O usuário opera e controla cada operação do software com facilidade

2 O esforço do professor para aplicá-lo é adequado

3 O esforço do aluno em utilizá-lo é adequado

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

Qtde Total

de Pontos:

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação:

Pontuação Final do Software Didático – Avaliação Didática (Média Simples de todas as Subcaracterísticas que foram Pontuadas)

Pontuação Didática

Fonte: Autor

Após as pontuações estarem lançadas na Tabela 15, será preciso calcular a

pontuação didática final que o software obteve. Para tanto , existem as indicações

Page 98: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

95

para cálculos em quadros ao final de cada grupo de subcaracterísticas, e o campo

“Pontuação Didática” no final da tabela, para se dar a pontuação da avaliação do

professor.

Para o cálculo final da pontuação didática do software, basta calcular a média

simples das pontuações das subcaracterísticas que foram pontuadas, e colocar o

resultado no campo “Pontuação Didática”.

Diante das avaliações apresentadas, pode surgir a seguinte dúvida: As

questões técnicas, porém usuais em software, como a utilização de recursos

multimídia, cores e a instalação do software, por exemplo, não deveriam estar

presentes para o professor avaliar em sala de aula, ou mesmo os alunos, inclusive

considerando as características e subcaracterísticas técnicas que as comportariam?

A princípio, sim. Mas por ser o ponto de vista do professor um ponto de vista

estratégico, e que nesse caso está relacionado a questões didáticas, não. De outro

modo, além do que já foi relatado sobre isso, pode-se considerar que:

• O professor participa diretamente na determinação dos requisitos

básicos do software, o que faz com que as questões técnicas como as

que foram colocadas façam parte destes requisitos, pois o professor

sabe que necessitará destes recursos.

• A sugestão é que os requisitos básicos sejam determinados junto com

a equipe de desenvolvimento, que por si só irá questionar o professor

sobre os recursos que este software deva contemplar ou não. Por

exemplo, as questões de segurança de acesso e de portabilidade para

outros ambientes.

• A avaliação técnica destes itens é suficiente, pois se os equipamentos

e ambientes em que o software será instalado e utilizado forem os que

estão especificados pela equipe técnica, sobram duas opções caso

ocorram problemas: a equipe de desenvolvimento não foi eficiente na

habilitação destes recursos para o software ou, por motivos mecânicos,

eletrônicos ou outros, a utilização destes recursos foi comprometida.

Neste último caso, não se trata de falha do software ou de sua

aplicação, e sim de cuidados preliminares que se deve ter no local

Page 99: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

96

onde ele está sendo aplicado, como a manutenção correta e periódica

dos equipamentos.

Portanto, o autor entende que o professor, que é o mais envolvido em todo o

processo, pois determina os requisitos básicos (técnicos e da aplicação), desenvolve

o modelo de avaliação dos alunos para a aplicação em sala de aula, realiza a

avaliação didática e participa ou efetivamente faz o julgamento do software didático,

abrange com isso e tem em mãos toda e qualquer informação sobre o software

(desde que as tenha contemplado devidamente segundo seus objetivos).

Neste ponto, as três avaliações foram concluídas, a da equipe de

desenvolvimento, a dos alunos e a do professor. Passou-se então à pontuação geral

do software, considerando as avaliações pelos três pontos de vista.

Com a pontuação de cada subcaracterística pelos pontos de vista da equipe

de desenvolvimento, dos alunos e a do professor, falta calcular as pontuações finais

de vários itens e determinar o nível de pontuação obtido para o software didático

avaliado, como segue.

4.2.8 Pontuações finais e nível de pontuação

Esta etapa dá continuidade ao passo de pontuação do processo de avaliação

citado na Norma ISO 9126, para os três pontos de vista.

Para obter as pontuações finais do software didático avaliado, é preciso

transportar a pontuação de todas as subcaracterísticas pontuadas na Tabela 13

(ponto de vista da equipe de desenvolvimento e dos alunos), como também as

pontuações das subcaracterísticas da Tabela 15 (ponto de vista do professor) para a

Tabela 16. As pontuações das subcaracterísticas a serem transportadas para a

Tabela 16, devem ser lançadas nas colunas correspondentes aos pontos de vista

pelos quais receberam as pontuações. Assim, as pontuações das subcaracterísticas

da Tabela 13, serão lançadas para as mesmas subcaracterísticas na coluna

“Técnica” (para as subcaracterísticas essencialmente técnicas) ou na coluna

Page 100: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

97

“Aplicação” (para as subcaracterísticas voltadas à aplicação), sendo que as

pontuações das subcaracterísticas pontuadas na Tabela 15, serão lançadas

respectivamente na coluna “Didática”.

Uma vez lançadas as pontuações para as subcaracterísticas na Tabela 16,

passa-se a realizar os “Cálculos para as Características”, onde cada característica

deve receber a média simples de suas respectivas subcaracterísticas, pontuadas por

ponto de vista.

Nos “Cálculos para os Pontos de Vista”, cada ponto de vista recebe a média

simples das suas respectivas características pontuadas.

E para o “Cálculo Final para o Software Didático”, este deve receber a média

simples dos três pontos de vista.

Page 101: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

98

Tabela 16 Modelo de avaliação das pontuações finais de um software didático avaliado pelos três pontos de vista com base na Norma ISO 9126.

Pontuação por Ponto de Vista Característica Item Subcaracterística

Técnica Aplicação Didática

S.1.1 Adequação

S.1.2 Acurácia

S.1.3 Interoperabilidade

S.1.4 Conformidade

C.1 Funcionalidade

S.1.5 Segurança de acesso

S.2.1 Maturidade

S.2.2 Tolerância a falhas C.2

Confiabilidade

S.2.3 Recuperabilidade

S.3.1 Inteligibilidade

S.3.2 Apreensibilidade C.3

Usabilidade

S.3.3 Operacionalidade

S.4.1 Comp. em relação ao tempo C.4 Eficiência

S.4.2 Comp. em relação aos recursos

S.5.1 Analisabilidade

S.5.2 Modificabilidade

S.5.3 Estabilidade C.5 Manutenibilidade

S.5.4 Testabilidade

S.6.1 Adaptabilidade

S.6.2 Capacidade para ser instalado

S.6.3 Conformidade

C.6 Portabilidade

S.6.4 Capacidade para substituir

Ponto de Vista Cálculos para as Características Item Característica

Técnica Aplicação Didática

C.1 Funcionalidade

C.2 Confiabilidade

C.3 Usabilidade

C.4 Eficiência

C.5 Manutenibilidade

Médias das Pontuações por

Característica e por Ponto de Vista

C.6 Portabilidade

Ponto de Vista Cálculos para os Pontos de Vista

Técnica Aplicação Didática

Pontuações Finais por Ponto de Vista

Cálculo Final para o Software Didático Software Didático

Pontuação Final do Software Didático Avaliado

Fonte: Autor

Page 102: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

99

Uma vez obtidas todas as pontuações de um software didático através da

Tabela 16, passa-se ao julgamento, como segue.

4.2.9 Julgamento das avaliações

Esta etapa corresponde ao passo de julgamento do processo de avaliação

citado na Norma ISO 9126.

O julgamento determinará a rejeição ou a aceitação do software didático e

sua continuidade ou descontinuidade de uso em sala de aula; no entanto, a análise

dos dados obtidos nas avaliações pode indicar as melhorias e correções

necessárias para este software, caso ele seja aceito mesmo com ajustes a serem

feitos. De outra forma, se rejeitado, estes apontamentos indicarão onde concentrar

os esforços para que o software possa vir a ser aceito em uma nova avaliação, se

for o caso.

Somente os valores apontados na Tabela 16 servirão de base para o

julgamento. Aqui cabe um esclarecimento, pois, com tantas avaliações, tabelas e

resultados apurados até se chegar à Tabela 16, poder-se-ia considerar que apenas

a sua avaliação não fosse suficiente para um julgamento. Esta tabela, porém,

apresenta uma visão geral, mas completa, daquilo que é essencial para se avaliar a

qualidade de um software didático, ou seja, a pontuação final de todas as

características e subcaracterísticas para cada ponto de vista, do software didático

para cada um dos pontos de vista e do software didático como um todo.

Além disso, ao se obter pontuações abaixo do valor de referência em alguns

itens da Tabela 16, pode-se analisar as respectivas avaliações desses itens

constantes das tabelas anteriores, a fim de se verificar, em detalhes, qual ou quais

foram as causas mais prováveis e o que poderia ser feito. Se forem obtidas

pontuações iguais ou acima do valor de referência, pode-se fazer o mesmo no

sentido de buscar um aumento de pontuação, visando à melhoria destes itens. De

outro modo, durante a aplicação da metodologia de avaliação, todos estes itens já

Page 103: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

100

estarão destacados pelo próprio processo descrito até agora. Portanto, a Tabela 16

é suficiente para o julgamento, ou seja, para se aceitar ou rejeitar o software didático

avaliado.

O autor definiu cinco etapas para o julgamento de um software didático, que

compreendem quatro análises de apoio para o julgamento – da análise mais geral à

análise mais específica – e o julgamento final, conforme é apresentado:

1. Análise da pontuação de um software didático como um todo. Na

Tabela 16, o item “Pontuação Final do Software Didático Avaliado”

aponta para a pontuação obtida pelo software didático. Se a pontuação

do software didático for igual ou superior ao valor de referência definido

pelo professor, o software didático poderá ser aceito ou continuado seu

uso; senão, poderá ser rejeitado ou descontinuado seu uso. Para a

decisão final de aceitar ou rejeitar um software didático, é preciso

considerar também outras pontuações que são referenciadas nos itens

seguintes (2, 3 e 4), que podem contribuir para a decisão de aceitação

ou de rejeição deste software (item 5). Além das pontuações, há

questões externas a serem consideradas, como: custos, recursos

humanos e prazos (conforme cita a Norma ISO 9126); mas também há

questões quanto à qualidade no atendimento às solicitações de

alterações no software, no atendimento de chamadas urgentes e de

limitações contratuais, por exemplo, entre outras que podem levar à

decisão de se rejeitar um software, ainda que pela pontuação obtida

este software pudesse ser aceito. Pela pontuação recebida, obtém-se o

nível de pontuação do software didático (Figura 7), que também pode

auxiliar no julgamento.

2. Análise das pontuações de cada avaliação de um software

didático por ponto de vista. Na Tabela 16, no item “Pontuações

Finais por Ponto de Vista”, está calculada a pontuação obtida para

cada ponto de vista (técnica, aplicação e didática). Uma vez obtidas as

pontuações para cada ponto de vista, basta compará-las com o valor

de referência. Os pontos de vista que tenham sua pontuação final

Page 104: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

101

iguais ou superiores a este valor podem ser considerados como

adequados, enquanto que os que estiverem abaixo, inadequados.

Porém, pode ocorrer de um ou dois pontos de vista estarem abaixo do

valor de referência, enquanto que o software didático pode vir a ser

“aceito” pela sua pontuação obtida. Neste caso, se aceito, é importante

considerar as correções e melhorias necessárias que devem ser feitas,

de forma a elevar os níveis de pontuação destes pontos de vista, pelo

menos até atingirem o valor de referência em uma próxima versão do

software. O nível de pontuação de cada ponto de vista também pode

auxiliar no julgamento.

3. Análise das características de um software didático por ponto de

vista. Na Tabela 16, no item “Médias das Pontuações por

Característica e por Ponto de Vista”, estão calculadas as pontuações

finais de cada característica para cada ponto de vista (itens de “C.1” a

“C.6”). As características que apresentem pontuações abaixo do valor

de referência em determinados pontos de vista devem ser observadas

em especial, pois podem ser responsáveis pela baixa pontuação do

ponto de vista a que pertencem. Conseqüentemente, também podem

estar resultando na redução da pontuação final do software didático

avaliado.

4. Análise das subcaracterísticas de um software didático por ponto

de vista. Na Tabela 16, nos itens de “S.1.1” a “S.6.4”, que apontam

suas respectivas subcaracterísticas, estão lançadas as pontuações

finais de cada uma para cada ponto de vista. As subcaracterísticas que

apresentem pontuações abaixo do valor de referência devem ser

analisadas, visando à sua melhoria, correção ou adequação; inclusive ,

por esta pontuação indicar um possível problema ou inadequação. Este

nível de análise permite a identificação de problemas ou necessidades

de estudos específicos nestas subcaracterísticas. O autor sugere que

as subcaracterísticas sejam ordenadas em ordem crescente de valor,

de forma que as subcaracterísticas com as menores pontuações sejam

analisadas primeiramente. No aprofundamento desta análise, a coluna

Page 105: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

102

“Observações para o software” da Tabela 14 pode ser utilizada; ou,

mais detalhadamente, os comentários feitos anteriormente a esta

tabela quanto aos requisitos básicos avaliados junto com a equipe de

desenvolvimento.

5. Julgamento de um software didático. Considerando as pontuações

atingidas pelo software didático avaliado, as pontuações das

avaliações de cada ponto de vista, as pontuações das características

para cada ponto de vista e, também, as pontuações das

subcaracterísticas para cada ponto de vista (Tabela 16), e, além disso,

as questões específicas indicadas nos itens anteriores (1, 2, 3 e 4), o

julgamento pode ser realizado. A análise dos resultados pode ser feita

diante desta vasta gama de informações; para tanto, há a possibilidade

de se analisar os resultados de uma forma ampla ou específica,

visando a acertos e melhorias, ou não, considerando os fatores

externos às avaliações ou não, e, assim, decidir por aceitar ou rejeitar

o software didático avaliado, continuar ou descontinuar seu uso.

Para a validação desta metodologia de avaliação, foram realizadas duas

aplicações de um software didático pelo autor, pontuado e avaliado pelos três pontos

de vista que são apresentados no capítulo 5, a seguir.

Page 106: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

103

5 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO

Neste capítulo é apresentada uma aplicação da metodologia de avaliação da

qualidade de software utilizado como ferramenta de apoio didático em sala de aula.

Antes, porém, são conceituados os custos ABC e ABM, que são o tema do software

didático avaliado, onde o autor propõe um novo modelo de custos adaptado dos

modelos originais, que objetiva refletir uma aplicação mais próxima às necessidades

e à forma de visualizar custos por empresários, especialistas e pessoas ligadas à

análise de custos e à tomada de decisões.

5.1 Conceitos de custos ABC e ABM

Segundo Cogan (1994):

“Um dos benefícios obtidos com o ABC é o de permitir uma melhoria

nas decisões gerenciais, uma vez que se deixa de ter produtos subcusteados ou supercusteados, permitindo-se a transparência exigida na tomada de decisão empresarial, que busca, em última análise, otimizar a rentabilidade do negócio”.

Em Martins (2003), encontramos:

“A Segunda versão ou geração do ABC foi concebida de forma a possibilitar a análise de custos sob duas visões: a visão econômica de custeio, que é uma visão vertical, no sentido de que apropria os custos aos objetos de custeio através das atividades realizadas em cada departamento; e a visão de aperfeiçoamento de processos, que é uma visão horizontal, no sentido de que capta os custos dos processos através das atividades realizadas nos vários departamentos funcionais”.

Segundo Brunstein (2001), “Os recursos da empresa são consumidos e

utilizados na condução de um conjunto de atividades, as quais são executadas para

permitir a produção dos produtos entregues aos clientes”. (Figura 8)

Page 107: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

104

Figura 8 Custeio ABC, visão geral da técnica. Fonte: Brunstein e Kliemann (1997).

Horngren et al. (1997) definem “objeto de custo” como qualquer coisa que se

deseja custear; “custos diretos de um objeto de custo”, como os custos relacionados

com esse objeto e que podem ser identificados de uma forma economicamente

viável (custo efetivo); e “custos indiretos de um objeto de custo”, como os custos

relacionados com esse objeto e que não podem ser identificados de uma forma

economicamente viável, e que devem ser alocados através de um método de rateio.

5.1.1 Modelo de custos ABC proposto pelo autor

O modelo ABC costuma adotar apenas três níveis de análises (recursos ou

departamentos, atividades e objetos de custeio), conforme pode ser observado em

Kaplan e Cooper (2000) ou em Cogan (1997). Segundo Ching (2000):

“ABC é um método de rastrear os custos de um negócio ou

departamento para as atividades realizadas e de verificar como estas atividades estão relacionadas para a geração de receitas e consumo dos recursos. O ABC avalia o valor que cada atividade agrega para a performance do negócio ou departamento”.

Conforme Cokins (1996), os “recursos” são os custos indiretos que podem ser

rastreados ou não.

Adaptando os enfoques de Martins (2003), Ching (2000), Cogan (1997) e

Kaplan e Cooper (2000), os “departamentos” utilizados podem ser os próprios

RECURSOS

ATIVIDADES/PROCESSOS

PRODUTOS/SERVIÇOS

CUSTEIO DE PROCESSOS

CUSTEIO DE PRODUTOS

Page 108: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

105

departamentos da empresa, seus centros de custos, centros de atividades ou

processos.

Seguindo Martins (2003), as “atividades” podem ser definidas de forma mais

ampla ou de menor abrangência, sendo que o critério fundamental é a sua

relevância para o estudo e para os objetos de custeio.

Os “produtos ou serviços” constituem os objetos de custeio, que podem ser

também, segundo Ching (2000), clientes, fornecedores, setores do mercado entre

outros. Adotou-se esta nomenclatura por uma questão de simplificação e, também,

pelo fato de que “custear clientes ou mercados” na verdade é uma forma de custear

o “serviço prestado ao cliente” (entregas, vendas, visitas) ou o “serviço prestado ao

mercado” (pedidos, pesquisas, consultas).

Todavia, entendendo que é conveniente separar os recursos dos

departamentos, no modelo desenvolvido foi acrescentado um nível adicional,

conforme apresentado na Figura 9.

A vantagem da utilização deste modelo está em poder adaptá-lo para vários

níveis de estudo e necessidades, uma vez que a maioria das empresas prefere

trabalhar com a visão departamental, como também, no caso de processos, fica fácil

analisá-los em separado. Desta forma, torna-se possível analisar os “recursos” e os

“departamentos” distintamente; sabendo quais são estes recursos, seu valor total e

quanto foi consumido em cada departamento.

Recursos (custos indiretos) Departamentos (departamentos, centro de custos ou de atividades) Atividades (atividades) Produtos ou Serviços (objetos de custeio: produtos, serviços, clientes)

Figura 9 Modelo de custos ABC adaptado pelo autor. Fonte: Autor

Page 109: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

106

5.1.2 Sobre o software

Diante da necessidade de explorar melhor os exercícios aplicados nos cursos

de custos ABC, introduzindo uma nova dinâmica de trabalho em sala de aula,

através de simulações e recursos gráficos apropriados, o autor decidiu desenvolver

um software que atendesse a estas necessidades. A preocupação principal ao se

definir este software foi que ele servisse de ferramenta de apoio ao curso, sem que

necessariamente pudesse ser aplicado comercialmente, o que facilitaria em muito o

seu desenvolvimento, ao mesmo tempo em que atingiria os objetivos almejados.

Diante disso, o software foi elaborado e desenvolvido a contento.

O software desenvolvido pelo autor foi amplamente aplicado na Fundação

Carlos Alberto Vanzolini, em São Paulo, em cursos específicos de custos ABC,

intitulado: “ABC – Activity Based Costing”, destinando quatro horas do tempo total do

curso (16 horas) para a aplicação de exercícios com o apoio do software em

questão. Os alunos o utilizaram de forma intensiva, e ao final, avaliaram o software e

o curso.

Este mesmo software foi aplicado também em outros cursos na própria

Fundação Vanzolini e em empresas, sempre que o tema “custos ABC” era focado

em algumas aulas. Nestes casos, o software era apenas apresentado para facilitar a

visualização do modelo e o entendimento do mesmo, não sendo utilizado de forma

intensiva pelos alunos e, portanto, não sendo avaliado no final.

Além disso, houve um convite para duas apresentações do software em

empresas, com a finalidade de preparar as pessoas envolvidas para uma futura

implantação da metodologia ABC. A primeira empresa, em São Paulo, é uma

indústria farmacêutica de porte médio, a qual pediu para não ser identificada, e a

segunda foi objeto de estudo e citação na tese de doutorado, defendida em abril de

2002, do Dr. Alcir Ribeiro Carneiro de Almeida. Este estudo foi realizado na Eucatex,

em Salto, São Paulo, e a citação em sua tese foi a seguinte:

“A característica fundamental deste software é que ele foi desenvolvido especialmente como ferramenta didática, na obtenção do custo total (indiretos e diretos) de objetos de custeio de uma empresa ou de

Page 110: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

107

processos, acatando o modelo ABC, com facilidade de aplicação prática.” (Almeida, 2002).

5.1.3 Desenvolvimento do software

Segundo Martins (2003), “O ABC é, na realidade, uma ferramenta de gestão

de custos, muito mais do que de custeio de produto”. Esta é uma visão clara do ABM

e decidiu-se que o software deveria atender a algumas análises, tais como: a

participação dos custos indiretos em todos os níveis de custeio, apontamentos de

ociosidade, apontamento das atividades que agregam valor ao cliente (Ching, 2000),

cálculo de preços de venda (apreçamento segundo Nakagawa, 1993) entre outros.

O software desenvolvido pelo autor atende aos conceitos de custos e à visão

de gestão pelo ABM; além disso, foi adotado o modelo de custos ABC proposto

(com um nível a mais).

Os objetivos principais deste software são: o reforço e aplicação dos

conhecimentos adquiridos durante o curso de custos ABC, servir como ferramenta

didática e de apoio a exercícios, a obtenção do custo indireto por objeto de custeio e

do custo total, considerando também os custos diretos, e realizar este custeio

segundo o modelo ABC, que atenda ao ABM, com ampla visão da especificidade da

técnica e de sua aplicação prática.

O software foi desenvolvido para Windows e em linguagem Delphi. O mesmo

pode ser instalado em ambiente operacional Windows 95 ou superior e requer um

PC com processador compatível ao Pentium da Intel.

O software exige um mínimo de conhecimento em Windows para sua

operação; no entanto, para a sua aplicação em sala de aula, é necessário um

conhecimento anterior em custos ABC, como também se faz necessária a leitura da

“ajuda” (help), que apresenta todo o roteiro de utilização, dicas e um exemplo

completo para ser lançado passo a passo. De outro modo, no próprio curso os

alunos são orientados quanto à operação do mesmo.

Page 111: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

108

O software apresenta várias ferramentas de análise que permitem sua

extensão ao atendimento do ABM, permitindo a análise das alocações dos custos

indiretos item a item, sua participação relativa, apontamentos de ociosidade, análise

das atividades que agregam valor ao cliente e outros recursos, tais como o cálculo

de preços de venda, por exemplo.

O software permite que se informe os recursos “não rastreáveis” que

aparecem no modelo, mas não interferem no cálculo.

Com o modelo de custos ABC definido, o software exige a informação dos

itens abaixo para a sua execução:

• Projeto: Cada projeto é único e identificado pela empresa, seu nome e

período de apuração dos dados. (anual, semestral, trimestral, etc.).

• Empresa: Na empresa estão seus dados globais, que devem ser informados

mesmo que apenas para um setor ou processo. Devem ser informados os

nomes dos direcionadores de custos das atividades que serão utilizados, por

exemplo.

• Recursos: Quais os recursos que serão considerados, seus valores totais e

os apontamentos dos direcionadores destes custos para serem passados aos

departamentos.

• Departamentos: Quais os departamentos que devem receber esses recursos

e os apontamentos dos direcionadores destes custos para serem passados

às atividades.

• Atividades: Quais atividades devem receber os recursos dos departamentos

e os apontamentos dos direcionadores destes custos para serem passados

aos produtos ou serviços. Se esta atividade agrega valor ao cliente e

ociosidade (opcionais).

Page 112: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

109

• Produtos ou serviços: Quais produtos ou serviços serão custeados, seus

custos diretos e quantidades para o período apurado. Dados para cálculo do

preço de venda (opcional).

Com relação à apresentação dos resultados obtidos pela utilização do

software, são disponibilizadas as seguintes opções:

• “Relatório de custos” dos recursos, departamentos, atividades e produtos ou

serviços; informativos que facilitam a conferência dos dados lançados em

valor e porcentagem.

• “Relatório de vínculos”, que apresenta todos os custos e o quanto e como foi

passado de cada um, fase a fase, até chegarem aos produtos ou serviços

(em valor e porcentagem).

• “Relatório de resultados”, que apresenta em detalhes o custo total e unitário,

direto e indireto, os apontadores para a formação do preço de venda, o preço

de venda sugerido, sua margem bruta e mark-up.

• “Gráfico de custos” dos recursos, departamentos, atividades e produtos ou

serviços; quanto foi atribuído dos custos indiretos a cada um.

• “Gráfico de vínculos”, com apresentação visual com a seqüência dos custos e

suas ligações no espaço entre recursos, departamentos, atividades e

produtos ou serviços (visualização completa do modelo final).

5.1.4 Aplicação do software

O curso em questão, de custos ABC, razão do desenvolvimento do aplicativo

ora apresentado, além da parte teórica e discussão do assunto, é rico em exercícios

que são resolvidos pelos alunos sem o uso do software.

Page 113: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

110

Na última parte do curso o software é apresentado por completo, utilizando-se

um dos exercícios resolvidos em classe, trazendo, assim, maiores explicações, e

levantando novas discussões sobre a metodologia ABC.

Posteriormente, é proposto que os alunos utilizem o software para resolverem

por completo um exercício. Eles iniciam um projeto novo, sem dados informados,

onde obrigatoriamente passam por todos os itens apresentados anteriormente.

O resultado é conferido e é visualizado o modelo ABC, e são analisadas a

disposição dos custos e seus efeitos, as situações críticas e o ABM.

O software permite que o modelo de custos ABC seja visualizado

graficamente, o que possibilita um entendimento mais amplo e dá um fechamento

excelente ao curso.

Figura 10 Tela principal do software. Fonte: Autor

Page 114: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

111

A Figura 10 apresenta a tela principal do software com um exemplo completo.

Nota-se que é possível visualizar de imediato toda a estrutura de itens para o

modelo. Quando se seleciona um dos itens desta tela (através de um “clique” do

mouse), a mesma tela é reordenada de forma que apenas os itens que tenham

algum vínculo com o item selecionado apareçam. Assim, ao selecionar um

departamento em particular, a tela resultante apresenta apenas os recursos que

enviaram custos a este departamento, as atividades que receberam custos deste

departamento, e conseqüentemente, os produtos ou serviços que receberam custos

destas atividades.

Figura 11 Gráfico de vínculos (modelo ABC completo). Fonte: Autor

A Figura 11 apresenta o modelo de custos completo da empresa de forma

gráfica. Observa-se que acima estão os recursos e seus valores totais; ligados a

eles estão, logo abaixo, os departamentos e os valores dos custos atribuídos a eles.

Abaixo destes, as ligações com suas respectivas atividades e os valores dos custos

direcionados a elas. Finalmente, os produtos e seu custo total (diretos + indiretos)

por unidade. Caso se queira verificar qualquer dos itens individualmente, basta

Page 115: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

112

“clicar” sobre o mesmo e será apresentado um informativo sobre a sua porcentagem

no grupo. Por exemplo, ao se escolher uma atividade, será apresentada a

porcentagem do seu valor em relação a todas as outras atividades. Esta informação

é essencial para o ABM, pois a partir desta apresentação, são observadas as

atividades que mais consomem custos e sua porcentagem em relação às demais

atividades. Desta forma, o passo seguinte é investigar os motivos destes custos, se

estão exagerados ou não, se o processo está adequado e se esta atividade pode ser

melhorada ou mesmo eliminada, uma vez que existe a informação, no cadastro das

atividades, sobre se ela agrega valor ao cliente ou não. Ainda sob esse prisma, a

decisão pode ser estratégica, pois ou se parte para avaliar e buscar corrigir

primeiramente as atividades pelo maior consumo de custos, ou então as que

agregam valor ao cliente. A primeira busca resolver o problema apenas com o

enfoque de redução de custos; a segunda tem o enfoque de satisfazer os clientes e

melhorar a sua imagem diante deles. As duas situações podem servir para esta

decisão ser tomada conjuntamente, atacando as atividades que recebem maior

custo e que também agregam valor ao cliente.

Figura 12 Gráfico das atividades (análise dos custos indiretos por atividade). Fonte: Autor

Page 116: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

113

A Figura 12 apresenta o gráfico das atividades, onde é possível avaliar quais

são as atividades que mais consomem recursos. Este mesmo gráfico pode ser

acionado para recursos, departamentos e produtos ou serviços. Em termos de

gerenciamento (ABM), este gráfico é extremamente útil e significativo, pois se

visualiza facilmente a proporção em que cada atividade consome os custos

indiretos.

Figura 13 Gráfico de vínculos “parcial” (análise de um departamento). Fonte: Autor

A Figura 13 apresenta o modelo parcial de custos, pois anteriormente foi

selecionado o departamento de compras. Repare que ele está com cor de fundo

“cinza” e que apenas aparecem os itens que enviaram ou receberam custos deste

departamento. Os valores apontados também são exatos, e os produtos agora não

apresentam o custo total unitário, mas o custo indireto recebido. Este mesmo estudo

pode ser feito sobre qualquer recurso, departamento, atividade e produto ou serviço.

Por exemplo, é possível selecionar um produto e verificar os valores dos custos a

Page 117: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

114

ele direcionados de cada atividade; por sua vez ficam identificados os custos dos

departamentos direcionados a elas e, por fim, os recursos direcionados a estes

departamentos. Esta visão “parcial” – que pode ser feita ao se selecionar qualquer

recurso, departamento, atividade ou produto – facilita a conferência e a visão parcial

do modelo, sendo um importantíssimo apoio ao gerenciamento da estrutura de

custos informada.

5.2 A aplicação da metodologia de avaliação

A metodologia de avaliação da qualidade de um software didático de custos

ABC é apresentada através da aplicação de um software desenvolvido pelo autor

com a finalidade didática especificamente voltada para cursos de custos ABC. Os

cursos submetidos à avaliação foram ministrados no período de abril a maio de

2001, na Fundação Carlos Alberto Vanzolini em São Paulo, e foram 18 avaliações

de alunos que serviram de base para esta pesquisa.

Os valores de médias e pontuações neste capítulo são apresentados com até

duas casas decimais, uma vez que a escala para a métrica definida pelo autor varia

de 1 a 4, com intervalos de 0,25 pontos (Figura 7). No entanto, os cálculos foram

feitos com os valores reais, considerando todas as casas decimais, pois foram

realizados em um aplicativo do tipo planilha de cálculo. Considerando apenas os

valores como apresentados e refazendo os cálculos, alguns resultados poderão

sofrer variações pelo motivo de serem apresentados com arredondamento na

segunda casa decimal.

5.2.1 Determinação dos requisitos básicos

Na aplicação da metodologia de avaliação, o primeiro passo foi determinar os

requisitos básicos que um software didático deva ter para a sua aplicação

específica.

Os requisitos básicos do software didático de custos ABC foram preenchidos

Page 118: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

115

em cada uma das subcaracterísticas da Norma como se segue, conforme o

procedimento indicado no tópico 4.2.1, as características estão presentes apenas

para o melhor entendimento para cada grupo de subcaracterísticas:

• C.1. Funcionalidade: O software atende a seu propósito e às necessidades

especificadas? O software deve atender satisfatoriamente às

subcaracterísticas de funcionalidade.

• S.1.1. Adequação: O software atende e é apropriado para as tarefas

especificadas? O software deve apresentar o modelo de custos ABC, os

recursos, os departamentos, as atividades e os objetos de custeio com

seus respectivos valores devidamente atribuídos através dos

direcionadores de custos. Os objetos de custeio devem apresentar seu

custo total e o software permitir a análise dos custos e valores

direcionados através de gráficos e relatórios.

• S.1.2. Acurácia : O software gera resultados corretamente, efeitos ou

conforme o acordado? Exercícios anteriormente aplicados em sala de aula

devem ser aplicados ao software e este dar com exatidão os resultados

esperados, tanto em valores, gráficos e relatórios.

• S.1.3. Interoperabilidade: O software interage com sistemas

especificados? A princípio, um software didático de custos ABC só

necessita deste recurso em relação ao ambiente (ou ambientes) para o

qual foi desenvolvido, uma vez que o mesmo não precisa ser desenvolvido

de forma a interagir com outros sistemas. A aplicação de exemplos

completos em sala de aula independentemente de outros sistemas é

suficiente.

• S.1.4. Conformidade: O software está de acordo com as normas,

convenções ou regulamentações previstas em leis e descrições similares,

relacionadas à aplicação? O software deve estar em conformidade com o

modelo de custos ABC previamente adotado e com uma nomenclatura

comumente aceita, uma vez que existem várias definições para o modelo

Page 119: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

116

e também para a nomenclatura utilizada. No entanto, deve-se atentar ao

tratamento dado aos custos indiretos, direcionadores de custos, aos

custos diretos e aos resultados apresentados.

• S.1.5. Segurança de acesso: O software evita acesso não autorizado,

acidental ou deliberado a programas e dados? A princípio o software deve

trabalhar com valores fictícios, por se tratar de exercícios propostos, e não

necessita controlar o acesso a dados; no entanto, deve-se lembrar que os

alunos podem avariar os dados acidentalmente ou deliberadamente,

prejudicando o andamento da aula ou do exercício em questão. Neste

sentido, é favorável a existência de alguma segurança.

• C.2. Confiabilidade: O software mantém seu nível de desempenho sob

condições estabelecidas durante um período de tempo estabelecido? O

software deve atender satisfatoriamente às subcaracterísticas de

confiabilidade.

• S.2.1. Maturidade: Qual a freqüência de falhas por defeitos que o

software apresenta? Além dos testes técnicos completos voltados a estas

medições, o próprio software poderia registrar algumas falhas durante a

aplicação, aquelas que poderiam ser interpretadas de forma lógica pelo

próprio software, como, por exemplo, gravando cada passo iniciado e cada

passo concluído pelo usuário; ou seja, se ao analisar os registros houver

uma descontinuidade entre o início de um passo e seu final esperado, é

que houve uma interrupção que não permitiu que esse passo fosse

completado. Esta informação pode ajudar a equipe de desenvolvimento a

verificar algumas falhas que porventura não ocorreram em seus testes.

• S.2.2. Tolerância a falhas: O software mantém um nível de desempenho

especificado nos casos de falhas no software ou de violação nas

interfaces especificadas? O software deve prever que na ocorrência de

uma falha os dados não podem ficar incompletos pois isso comprometeria

toda a “cadeia de cálculos” (em cascata) que o modelo de custos ABC

exige; como também, não poderia perder os dados já lançados pelo

Page 120: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

117

mesmo motivo. Os dados digitados e os totais dos valores direcionados

devem ter consistência própria, informando de imediato a inconsistência e

dando opções de ação ao usuário. Por se tratar de uma “cadeia de

cálculos”, o software poderia ter uma “verificação global”, que através de

mensagens apontasse falhas e prováveis falhas, como, por exemplo, a

falta de um direcionador de custo ou que o nome do direcionador não

pode ficar em branco. A perda de parte dos dados durante a aplicação dos

exercícios irá prejudicar sua continuidade, causar dúvidas em sua

conclusão e até afetar o bom andamento da aula.

• S.2.3. Recuperabilidade: O software restabelece seu nível de

desempenho em caso de falha e recupera os dados diretamente afetados,

em que tempo e com que esforço? Apesar de não ser essencial, por se

tratar de um software didático, este recurso torna-se importante para o

bom andamento e a continuidade da aula.

• C.3. Usabilidade: É fácil para o usuário utilizar o software? O software deve

atender satisfatoriamente as subcaracterísticas de usabilidade.

• S.3.1. Inteligibilidade: O usuário reconhece com facilidade no software o

conceito lógico e sua aplicabilidade? É fundamental que o software seja

claro e objetivo, apresente amplamente e de forma visual (gráfica) o

modelo de custos ABC e seus conceitos, além das apresentações em

telas e relatórios.

• S.3.2. Apreensibilidade: O usuário aprende com facilidade a aplicação do

software? É fundamental também que o usuário visualize onde e como

informar os dados necessários para a aplicação do exercício em questão,

de forma prática e direta, de modo a não comprometer a assimilação do

que é essencial ao curso, deste modo, podendo dar o foco de sua atenção

ao aprendizado.

• S.3.3. Operacionalidade: O usuário opera e controla cada operação do

Page 121: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

118

software com facilidade? Os comandos devem ser similares ou os mais

próximos possíveis do ambiente em que o software está sendo executado,

permitindo a rápida e fácil utilização destes comandos e suas operações,

enfocando assim o aprendizado no assunto ‘custos ABC’.

• C.4. Eficiência: É satisfatório o relacionamento entre o nível de desempenho

do software e a quantidade de recursos usados em condições estabelecidas?

O software deve atender satisfatoriamente às subcaracterísticas de eficiência.

• S.4.1. Comportamento em relação ao tempo: É satisfatório o tempo de

resposta do software, o tempo de processamento e velocidade na

execução de suas funções? A princípio, estima-se que o cálculo e

apresentação do modelo de custos ABC são as operações que mais

consumam tempo, devendo assim apresentar a melhor performance

possível. Caso este procedimento, amplamente utilizado e repetido nos

cursos, for um procedimento demorado, o mesmo poderá atrasar ou

comprometer a qualidade do próprio curso, que poderia ser mais rico em

detalhes e elucidações, havendo mais tempo para tanto.

• S.4.2. Comportamento em relação aos recursos: É satisfatória a

quantidade de recursos usados pelo software e a duração de seu uso na

execução de suas funções? A princípio, os recursos que mais devam ser

utilizados são os recursos de cálculos, gráficos e impressão, nesta ordem

de importância. Assim, se melhor avaliados e aplicados estes recursos no

desenvolvimento, melhor o resultado final na aplicação do software.

• C.5. Manutenibilidade: É fácil fazer modificações específicas no software? O

software deve atender satisfatoriamente às subcaracterísticas de

manutenibilidade.

• S.5.1. Analisabilidade: É fácil de diagnosticar deficiências ou causas de

falhas, ou identificar partes a serem modificadas no software? É

fundamental uma boa documentação, o desenvolvimento deve ser em

Page 122: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

119

módulos, de forma padronizada, com biblioteca de funções e, se possível,

orientado a objetos, além de recursos inerentes à própria linguagem e ao

ambiente de desenvolvimento, permitindo, assim, a fácil localização de

onde fazer o acerto ou a melhoria necessária.

• S.5.2. Modificabilidade: É fácil de modificar o software, remover seus

defeitos ou adaptá-lo a mudanças ambientais? Uma vez localizado o local

a se acertar ou melhorar, o software deve estar desenvolvido com uma

estrutura tal, que tudo esteja documentado, construído de forma

padronizada, sem redundâncias de operações e funções; sendo fácil de se

corrigir ou de se adaptar, sem que se comprometa o correto

funcionamento de outras partes do software.

• S.5.3. Estabilidade: É baixo o risco de efeitos inesperados ocasionados

por modificações no software? Fazendo-se uma verificação global a partir

de um exemplo completo e com resultados conhecidos, pode-se avaliar as

conseqüências das modificações. De outro modo, um roteiro básico de

verificações pode ser adotado em complemento à primeira, assegurando,

assim, a exatidão das alterações. O risco neste caso é de ocorrerem

falhas e de não se obter os resultados corretos durante uma apresentação

ou uso em sala de aula.

• S.5.4. Testabilidade: É fácil de se validar o software modificado? O

software poderia se autoverificar em boa parte de suas funções a partir de

um exemplo com resultados conhecidos; para as demais funções, poderia

ser elaborado um roteiro de testes.

• C.6. Portabilidade: O software é facilmente transferido de um ambiente para

outro? O software pode atender às subcaracterísticas de portabilidade, uma

vez que pode ser necessário, em breve, utilizar esse software em outro

ambiente.

• S.6.1. Adaptabilidade: O software é facilmente adaptado a ambientes

Page 123: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

120

diferentes especificados, sem a necessidade de aplicação de outras ações

ou meios além daqueles fornecidos para essa finalidade pelo software

considerado? A princípio, deve-se avaliar em qual linguagem desenvolver

o software, ou em qual linguagem o mesmo está desenvolvido. Nem todas

as linguagens permitem, ou estão preparadas integralmente para serem

executadas em ambientes diferentes, ou mesmo que se possa fazer esta

adaptação por meio de outro software. O ideal é confrontar as linguagens

com os possíveis ambientes ou, no caso de serem conhecidos, avaliar a

linguagem e sua adaptabilidade para outros ambientes. Portanto, deve-se

considerar essa possibilidade para breve.

• S.6.2. Capacidade para ser instalado: É fácil de se instalar o software

num ambiente especificado? Neste caso, existe no mercado mais de um

software que prepara e gera cópias para instalação. Estas cópias facilitam

a instalação para o usuário, pois geralmente seguem um mesmo padrão

de operação de um software comum, sendo auto-explicativo, além de

preparar o ambiente corretamente e de permitir algumas opções, como,

por exemplo, a seleção do diretório a ser instalado. De outro modo, é

preciso que se tenha ou se desenvolva esse processo, o que geralmente

exige muito esforço e vários conhecimentos específicos, como, por

exemplo, do ambiente o qual será instalado e sobre o banco de dados

utilizado. Um software deve ser adquirido para a instalação de forma

satisfatória.

• S.6.3. Conformidade: O software está consonante com os padrões ou

convenções relacionados à portabilidade? É provável que em breve seja

preciso utilizar o software em outros ambientes. Há também de se avaliar

a linguagem de programação e se esta permite alguma solução para

outros ambientes, pois algumas linguagens são específicas para um único

ambiente; outras fornecem versões distintas para uma migração específica

e outras permitem a execução em vários ambientes diferenciados. É

importante que o software esteja pronto para funcionar em outros

ambientes.

Page 124: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

121

• S.6.4. Capacidade de substituir: O software facilmente substitui outro

software, no ambiente estabelecido por esse outro software? A princípio,

por ser um software didático e por possibilitar a aplicação de exemplos

completos sem o uso de outro software, recursos ou banco de dados, ele

facilmente substitui qualquer outro, por funcionar de forma totalmente

independente. Portanto, ainda que funcionasse em outro ambiente, não

seria necessário substituir qualquer software, pois nem haveria a

necessidade de que o outro software fosse desinstalado, podendo

funcionar um ou outro, conforme se deseje. Portanto, não há a

necessidade de se avaliar esta subcaracterística.

Uma vez preenchidos os requisitos básicos, passou-se para as aulas com a

aplicação do software didático de custos ABC e, ao final, com a avaliação dos

alunos sobre a aplicação do software em sala de aula.

5.2.2 A avaliação da aplicação do software pelos alunos

Os alunos receberam o modelo de avaliação individual da Tabela 8, e foram

orientados a manter em branco os itens que, no entendimento deles, não foram

vistos no software ou que não haveria como se avaliar naquele momento. Além

disso, eles também foram avisados de que não precisariam se identificar.

Ao fim do preenchimento da avaliação feita pelos alunos, estas foram

recolhidas e todos os subitens pontuados foram somados e passados para a Tabela

9 nas respectivas colunas: Insuficiente, Regular, Bom e Excelente. A coluna

“TOTAL” recebeu a soma simples da quantidade de pontuações em cada subitem.

Este resultado é apresentado na Tabela 17.

Page 125: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

122

Tabela 17 Total de pontuações das avaliações dos alunos.

Item Subitem Insuficiente Regular Bom Excelente TOTAL

Apresentação 7 8 15 Operação

Facilidade de uso 8 9 17

Telas 12 6 18

Cadastros 1 8 9 18

Gráficos 5 13 18

Relatórios 8 9 17

Visualização

Ajuda (help) 8 7 15

Visão do assunto 4 8 12

Aprendizado 1 5 7 13

Exemplos 7 7 14

Complemento ao curso

Aplicação prática 6 7 13

Software didático 9 8 17 Avaliação geral

Software comercial 1 8 7 16

Fonte: Autor

Com estes valores (Tabela 17), passou-se a calcular as médias ponderadas

de cada subitem e as médias simples de cada item.

5.2.3 Cálculo das médias das avaliações dos alunos

Antes dos cálculos propriamente ditos, o autor adotou o valor de referência 3

(três) para o software avaliado nessa aplicação da metodologia de avaliação,

exatamente como apontado no exemplo da Figura 7. Este valor de referência

corresponde ao nível de pontuação Bom e subnível mais; portanto, representa um

nível de exigência razoavelmente alto (Bom mais) para a pontuação de um software

didático e de todos os itens que o compõem. Isto se deve ao fato de que este

software foi desenvolvido com finalidade didática e já vem sendo aplicado

satisfatoriamente em vários cursos; assim, é natural que se espere que ele

apresente uma pontuação relativamente alta como software didático e também em

todos os seus itens.

Page 126: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

123

Para os cálculos, a coluna “Média Final” da Tabela 10 recebeu as médias

ponderadas das pontuações de cada subitem. Por exemplo, no subitem “Cadastros”,

que recebeu uma pontuação como Regular, oito pontuações como Bom e nove

pontuações como Excelente, em um total de dezoito pontuações, a média

ponderada (considerando os pesos 1, 2, 3 e 4 respectivamente) foi calculada assim:

( 0 x 1 + 1 x 2 + 8 x 3 + 9 x 4 ) / 18 = ( 2 + 24 + 36 ) / 18 = 62 / 18 = 3,44

Os resultados destes cálculos estão presentes na Tabela 18.

Tabela 18 Média final das avaliações da aplicação do software didático

Item Subitem Média final

Apresentação 3,53 Operação

Média 3,53 Facilidade de uso 3,53

Telas 3,33

Cadastros 3,44

Gráficos 3,72

Relatórios 3,53

Visualização

Média 3,5

Ajuda (help) 3,47

Visão do assunto 3,67

Aprendizado 3,46

Exemplos 3,5

Complemento ao curso

Média 3,54

Aplicação prática 3,54

Software didático 3,57 Avaliação geral

Software comercial 3,38

Aplicação do Software

Média Final 3,52

Fonte: Autor

A média de cada item é calculada pela média simples de seus subitens. Por

exemplo, a média do item “Operação” foi calculada assim: (3,53 + 3,53) / 2 = 3,53.

A média final da aplicação do software é a média simples das médias dos três

itens. Neste caso, ela foi calculada assim: (3,53 + 3,5 + 3,54) / 3 = 3,52.

Page 127: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

124

Analisando os resultados apontados na Tabela 18 e comparando com o valor

de referência que é 3 (Bom mais), pode-se observar:

• Que a aplicação do software pela avaliação desenvolvida pelo

professor obteve a média final de 3,52 (Excelente, conforme a Figura

7), sendo superior ao valor de referência, o que indica que o software é

adequado quanto à aplicação nesse ponto da avaliação.

• Que os três itens têm suas médias superiores ao valor de referência, e

de nível de pontuação Excelente; portanto, também são adequados.

• Que todos os subitens têm as suas médias finais superiores ao valor

de referência, o que indica que estes subitens também são adequados.

Suas médias variam desde 3,33 até 3,72, ou seja, foram pontuados

desde Excelente menos até Excelente. Apesar de adequados, estes

subitens podem ser melhorados para uma nova versão do software, se

assim for desejado, melhorando conseqüentemente a média de seus

respectivos itens e a média final da aplicação do software.

• Que não se obteve valores inferiores ao valor de referência em

qualquer das médias, como era esperado para a aplicação deste

software.

É importante lembrar que esta avaliação da aplicação neste ponto é parcial, e

apenas os valores das médias finais obtidas para os subitens serão considerados na

seqüência desta aplicação da metodologia de avaliação. Portanto, dos resultados

obtidos, apenas estes servirão para dar continuidade ao processo de pontuação final

da aplicação do software pelo ponto de vista dos alunos. No entanto, todos os

resultados podem servir para serem avaliados mais profundamente no caso de

buscas de possíveis problemas e melhorias quanto à aplicação avaliada.

Com esses resultados, o próximo passo é relacionar as médias obtidas com

cada subitem às subcaracterísticas da Norma.

Page 128: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

125

5.2.4 Relacionando a avaliação dos alunos com a Norma

A Tabela 18 foi utilizada para o transporte das médias finais dos subitens para a

coluna “Média das avaliações” na tabela 11. Este resultado é apresentado na Tabela 19.

Tabela 19 Relação da avaliação dos alunos com as subcaracterísticas da Norma

Item Subitem Média das avaliações

Subcaracterísticas da Norma que têm relação com o subitem avaliado pelos alunos

Apresentação 3,53 S.1.1 Adequação, S.3.3 Operacionalidade Operação

Facilidade de uso 3,53 S.3.3 Operacionalidade

Telas 3,33 S.1.1 Adequação, S.1.4 Conformidade,

S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade

Cadastros 3,44 S.1.1 Adequação, S.1.4 Conformidade,

S.3.1 Inteligibilidade, S.3.3 Operacionalidade

Gráficos 3,72 S.1.1 Adequação, S.1.2 Acurácia, S.1.4 Conformidade,

S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade

Relatórios 3,53 S.1.1 Adequação, S.1.2 Acurácia, S.1.4 Conformidade,

S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade

Visualização

Ajuda (help) 3,47 S.1.1 Adequação, S.3.2 Apreensibilidade

Visão do assunto 3,67

S.1.4 Conformidade, S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade

Aprendizado 3,46 S.3.1 Inteligibilidade

Exemplos 3,5 S.1.1 Adequação, S.1.2 Acurácia, S.1.4 Conformidade,

S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade, S.3.3 Operacionalidade

Complemento Ao curso

Aplicação prática 3,54

S.1.1 Adequação, S.1.2 Acurácia, S.1.4 Conformidade, S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade,

S.3.3 Operacionalidade

Software didático 3,57

S.1.1 Adequação, S.1.2 Acurácia, S.1.4 Conformidade, S.3.1 Inteligibilidade, S.3.2 Apreensibilidade,

S.3.3 Operacionalidade Avaliação Geral

Software comercial 3,38 “Sem efeito”

Fonte: Autor

Uma vez que a Tabela 19 foi preenchida, cada subcaracterística apontada em

cada um dos subitens da tabela foi acrescida do valor da respectiva média da

avaliação. Assim, todas as subcaracterísticas acumularam os valores das médias

apontadas nos respectivos subitens onde se apresentam. Dividindo-se o valor

Page 129: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

126

acumulado de cada uma pela quantidade de vezes em que recebeu médias dos

subitens (média simples), foram obtidas suas pontuações. Por exemplo, a

subcaracterística “S.1.1 Adequação” aparece apontada em nove subitens, que

acumulam seus valores de médias para esta subcaracterística. Foram recebidas

nove médias (considerando todas as vezes, pois nenhum subitem deixou de receber

valor de média). Assim, o cálculo deu-se da seguinte forma: (3,53 + 3,33 + 3,44 +

3,72 + 3,53 + 3,47 + 3,5 + 3,54 + 3,47) / 9 = 3,5 . Estes valores obtidos devem ser

registrados na Tabela 13, no campo “Pontuação:” da última coluna, referente à

subcaracterística sobre a qual se realizou o cálculo. As subcaracterísticas que foram

preenchidas são exatamente as subcaracterísticas voltadas à aplicação, restando

pontuar as essencialmente técnicas. Na seqüência, a Tabela 20 apresentará seu

preenchimento integral com as pontuações das subcaracterísticas voltadas à

aplicação calculadas aqui, e com as pontuações das subcaracterísticas

essencialmente técnicas a serem pontuadas pela equipe de desenvolvimento.

5.2.5 Avaliação pela equipe de desenvolvimento

Passou-se, então, para a avaliação da equipe de desenvolvimento, por meio

da utilização da Tabela 13 para a pontuação apenas das subcaracterísticas

essencialmente técnicas, que podem ser reconhecidas, observando na última coluna

as subcaracterísticas que pedem a escolha de pontuação, entre: 1, 2, 3, 4 ou NA

(“não se aplica”). As subcaracterísticas que apresentam somente o termo

“Pontuação:” na última coluna, são as da aplicação pontuadas pela avaliação dos alunos.

Portanto, a equipe de desenvolvimento pontuou diretamente cada

subcaracterística essencialmente técnica, com a confrontação entre os requisitos

básicos do software e o que o software didático realmente apresentou em testes

realizados pela própria equipe. Assim, a Tabela 20 está completa quanto às

pontuações das duas avaliações anteriores (avaliação pelos alunos e avaliação da

equipe de desenvolvimento). A seguir, foram calculadas as pontuações por tipo de

avaliação: a avaliação da aplicação pelo ponto de vista dos alunos e a avaliação

técnica pelo ponto de vista da equipe de desenvolvimento. O resultado destas

pontuações é apresentado na Tabela 20.

Page 130: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

127

Tabela 20 Avaliação dos requisitos básicos de qualidade do software didático pelos pontos de vista

da equipe de desenvolvimento e dos alunos, com base na Norma ISO 9126.

Características e Subcaracterísticas

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica

C.1 Funcionalidade Pontuação: 3,12

S.1.1 Adequação: O software atende e é apropriado para as tarefas especificadas? Pontuação: 3,5

S.1.2 Acurácia: O software gera resultados corretamente, efeitos ou conforme o acordado?

Pontuação: 3,55

1 2 3 4 NA S.1.3 Interoperabilidade: O software interage com sistemas especificados? X

S.1.4 Conformidade: O software está de acordo com as normas, convenções ou regulamentações previstas em leis e descrições similares, relacionadas à aplicação?

Pontuação: 3,53

1 2 3 4 NA S.1.5 Segurança de acesso O software evita acesso não autorizado, acidental ou deliberado a programas e dados? X

C.2 Confiabilidade Pontuação: 2

1 2 3 4 NA S.2.1 Maturidade: Qual a freqüência de falhas por defeitos que o software apresenta? X

1 2 3 4 NA S.2.2 Tolerância a falhas: O software mantém um nível de desempenho especificado nos casos de falhas no software ou de violação nas interfaces especificadas? X

1 2 3 4 NA S.2.3 Recuperabilidade: O software restabelece seu nível de desempenho em caso de falha e recupera os dados diretamente afetados, em que tempo e esforço? X

C.3 Usabilidade Pontuação: 3,52

S.3.1 Inteligibilidade O usuário reconhece com facilidade no software o conceito lógico e sua aplicabilidade?

Pontuação: 3,52

S.3.2 Apreensibilidade O usuário aprende com facilidade a aplicação do software? Pontuação: 3,53

S.3.3 Operacionalidade O usuário opera e controla cada operação do software com facilidade? Pontuação: 3,5

C.4 Eficiência Pontuação: 4

1 2 3 4 NA S.4.1 Comportamento em relação ao tempo: É satisfatório o tempo de resposta do software, o tempo de processamento e velocidade na execução de suas funções? X

1 2 3 4 NA S.4.2 Comportamento em relação aos recursos: É satisfatória a quantidade de recursos usados pelo software e a duração de seu uso na execução de suas funções? X

Page 131: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

128

C.5 Manutenibilidade Pontuação: 3

1 2 3 4 NA S.5.1 Analisabilidade: É fácil de diagnosticar deficiências ou causas de falhas, ou para identificar partes a serem modificadas no software? X

1 2 3 4 NA S.5.2 Modificabilidade: É fácil de modificar o software, remover seus defeitos ou adaptá-lo a mudanças ambientais? X

1 2 3 4 NA S.5.3 Estabilidade É baixo o risco de efeitos inesperados ocasionados por modificações no software? X

1 2 3 4 NA S.5.4 Testabilidade É fácil de se validar o software modificado? X

C.6 Portabilidade Pontuação: 1,67

1 2 3 4 NA S.6.1 Adaptabilidade: O software é facilmente adaptado a ambientes diferentes especificados, sem a necessidade de aplicação de outras ações ou meios além daqueles fornecidos para essa finalidade pelo software considerado? X

1 2 3 4 NA S.6.2 Capacidade para ser instalado: É fácil de se instalar o software num ambiente especificado? X

1 2 3 4 NA S.6.3 Conformidade: O software está consonante aos padrões ou convenções relacionados à portabilidade? X

1 2 3 4 NA S.6.4 Capacidade para substituir: O software facilmente substitui outro software, no ambiente estabelecido por esse outro software? X

Pontuação Final do Software Didático – Avaliação da Aplicação (Média Simples das Subcaracterísticas Voltadas à Aplicação que foram Pontuadas)

Pontuação da Aplicação

3,52

Pontuação Final do Software Didático – Avaliação Técnica (Média Ponderada das Subcaracterísticas Voltadas à parte Técnica que foram Pontuadas)

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

14

Qtde Total

de Pontos: 1 6 5 2 36

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação Técnica

2,57

Pontuação Final do Software Didático – Avaliação do Produto de Software (Média Simples das Pontuações da Aplicação e Técnica)

Pontuação Produto de Software

3,05

Fonte: Autor

A pontuação de cada característica foi calculada pela média simples das

pontuações de suas respectivas subcaracterísticas que foram pontuadas, como no

caso da característica “Funcionalidade”: (3,5 + 3,55 + 2 + 3,53 + 3) / 5 = 3,12.

Page 132: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

129

A pontuação da aplicação foi de 3,52, calculada pela média simples das

pontuações das subcaracterísticas voltadas à aplicação (todas foram pontuadas),

desta forma: (3,5 + 3,55 + 3,53 + 3,52 + 3,53 + 3,5) / 6 = 3,52.

A pontuação técnica foi de 2,57, calculada pela média ponderada das

pontuações das subcaracterísticas essencialmente técnicas que receberam

pontuação, desta forma: (1 x 1 + 6 x 2 + 5 x 3 + 2 x 4) / 14 = 36 / 14 = 2,57.

A pontuação como produto de software é obtida pela média simples das

pontuações da aplicação e técnica, desta forma: (3,52 + 2,57) / 2 = 3,05. Essa

pontuação é superior ao valor de referência e aponta para o nível de pontuação Bom

mais, o que indica a adequação desse software como produto de software. No

entanto, a pontuação final a ser calculada para o software didático deve considerar

também a avaliação do ponto de vista do professor (visão didática), o que será feito

e apresentado na Tabela 21.

Assim, analisando cada subcaracterística e sua respectiva pontuação, pode-

se destacar que as que receberam pontuações abaixo de 3 (valor de referência),

precisam ser revistas para se adequarem quanto a uma possível reavaliação de uma

nova versão deste software. Caso o software venha a ser aceito para a aplicação ou

se for aprovada a sua continuidade de uso em sala de aula , mesmo com estas

pontuações abaixo do valor de referência, é indicado providenciar o que for

necessário adaptar ou corrigir, para uma próxima versão deste software.

Com os resultados obtidos até aqui, algumas análises já podem ser feitas.

5.2.6 Avaliação técnica e da aplicação com base nos requisitos básicos

É interessante que o professor, junto com a equipe de desenvolvimento, faça

observações sobre a pontuação obtida para cada subcaracterística em relação ao

que se pede nos requisitos básicos do software. Estas podem ser detalhadas, em

especial para a equipe técnica, e podem apresentar uma observação sucinta que

aponte de modo geral o que se apurou, pois o professor não necessariamente tem

Page 133: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

130

conhecimentos de informática a nível técnico e o mesmo se dá com outras pessoas

ou grupos que venham a discutir sobre os resultados da avaliação do software. A

idéia é que a equipe de desenvolvimento guarde para ela as observações

detalhadas (faz parte de seu serviço), e as observações sucintas sejam descritas no

campo “Observações sobre o software” da Tabela 14, o que foi feito e será

apresentado a seguir na Tabela 21.

Uma vez calculadas as pontuações de cada subcaracterística e de cada

característica (média simples das pontuações de suas respectivas

subcaracterísticas), confrontou-se estas pontuações (Tabela 20) com os requisitos

básicos do software. Desta forma, foram detalhados os problemas e indicadas as

possíveis melhorias e providências gerais necessárias para o software.

A seguir, é apresentado o comentário desta análise por subcaracterística e, a

observação sucinta que está entre aspas sempre no final de cada comentário. Para

os níveis de pontuações indicados ao lado dos valores das pontuações, é importante

ressaltar que apenas para as subcaracterísticas essencialmente técnicas são

indicadas a própria pontuação, que é exatamente 1, 2, 3 ou 4 (respectivamente

Insuficiente, Regular, Bom ou Excelente). Para as subcaracterísticas voltadas à

aplicação e para todas as características, são indicados os níveis de pontuação

conforme a Figura 7.

• C.1 Funcionalidade: Pontuação 3,12 (Bom mais) - média simples de suas

subcaracterísticas.

• S.1.1 Adequação: Pontuação 3,5 (Excelente) da avaliação dos alunos.

Verificou-se uma pequena melhoria nas avaliações do curso de custos

ABC após a introdução do software como ferramenta didática. Além disso,

os alunos passaram a interagir mais com o curso e elogiar a utilização do

software. O software recebeu pontuação 3,57 no item “software didático” e

3,67 no item “visão do assunto”, ambos de nível de pontuação Excelente,

de onde concluímos que a sua proposta foi atendida. Portanto: “É

adequado ao assunto e finalidade”.

Page 134: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

131

• S.1.2 Acurácia: Pontuação 3,55 (Excelente) da avaliação dos alunos. O

software foi amplamente utilizado em diversas aulas e atendeu

satisfatoriamente aos exercícios propostos. Portanto: “Faz corretamente o

que se propõe”.

• S.1.3 Interoperabilidade. Pontuação 2 (Regular) da avaliação da equipe

de desenvolvimento. O software foi desenvolvido para o ambiente

Windows e é executado em computadores compatíveis com o processador

Intel. Este ambiente é amplamente utilizado; e, em especial, nos locais

onde o curso é ministrado. Além disso, o software não necessita de

recursos de outros sistemas. Desta forma, o software não necessita

interagir com outros sistemas no momento , mas poderá precisar em breve

interagir com outros ambientes. Portanto: “Interage com os sistemas

especificados”.

• S.1.4 Conformidade. Pontuação 3,53 (Excelente) da avaliação dos

alunos. Quanto à legislação e às normas, o modelo de custos ABC aplica-

se de forma direta, uma vez que não há restrições ou determinações

legais para seu uso ou aplicação. Isto se dá pelo fato de o modelo de

custos utilizar informações já existentes e que o que será analisado são os

seus aspectos gerenciais (ABM). Os dados utilizados e a sua aplicação

seguem às convenções de custos e à metodologia de custeio ABC.

Portanto: “Está em conformidade com o assunto”.

• S.1.5 Segurança de acesso: Pontuação 3 (Bom) da avaliação da equipe

de desenvolvimento. A instalação do software é segura, pois se dá através

de software de mercado que realiza este processo de forma simples e

direta (auto-explicativo), prepara o ambiente sem interferência do usuário,

permitindo que o mesmo confirme ou redirecione o diretório de instalação.

Esta instalação cuida da adequação de ambiente e acesso ao banco de

dados, eliminando esses passos, caso os usuários venham a instalar o

software, o que não é o caso. Os arquivos de dados estão protegidos com

senha para sua abertura e visualização. O acesso aos dados, pelo

software, não está restrito por senhas de acesso, uma vez que o mesmo é

Page 135: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

132

utilizado para finalidade didática e não necessita que estes dados tenham

restrição para visualização. Portanto: “É seguro para a finalidade didática”.

• C.2 Confiabilidade: Pontuação 2 (Regular) – média simples das suas

subcaracterísticas.

• S.2.1 Maturidade: Pontuação 2 (Regular) da avaliação da equipe de

desenvolvimento. Pela larga utilização do software ao longo de vários

cursos, e pelas atualizações constantes, este não tem apresentado falhas

em nenhuma das suas opções, uma vez que todas são utilizadas na

apresentação e na parte prática com os exercícios pelos alunos. No

entanto, uma falha é observada ao se testar o software isoladamente para

um exemplo mais complexo. O gráfico de vínculos ultrapassa o tamanho

da tela, apresentando problema na impressão. Porém, esta falha não

interrompe a execução do software, mas dificulta a visualização. Portanto:

“Falha na impressão do gráfico de vínculos”.

• S.2.2 Tolerância a falhas: Pontuação 2 (Regular) da avaliação da equipe

de desenvolvimento. Para o caso de falhas no software ou de violação nas

interfaces especificadas, o principal problema está em se perder

informações previamente lançadas pelo usuário, neste caso, apenas as

informações confirmadas quando do lançamento pelo usuário não se

perdem, os lançamentos seguintes à confirmação sim. Isto remete à

subcaracterística S.2.3 a seguir (recuperabilidade). No caso de falhas por

informações incompletas ou erradas na digitação pelo usuário, o software

apresenta o modelo de custos e seus cálculos com as informações que

tem no momento. No entanto, ele permite uma verificação, na qual são

apontados itens sem cadastramento, sem vínculos, sem valores ou em

branco. Outra situação é quando o total informado de vários itens não

confere com o total pré-definido; nestes casos, o software apresenta dois

tipos de mensagens: uma informando da diferença e não aceitando os

novos lançamentos, fazendo com que o usuário os corrija ou desista dos

lançamentos cancelando a operação; e a outra, por causa de diferenças

em casas decimais ou centesimais (resultados de cálculos), que informa

Page 136: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

133

da diferença e pergunta se deseja manter estes lançamentos com a

diferença ou alterar os dados. É permitido ao usuário cancelar esta

operação também. Concluindo, o software trata os erros de lançamentos,

permite alguns campos sem valores ou dados, mas os apresenta e

permite verificar se há informações deste tipo para serem analisadas.

Portanto: “Tem consistências e verificador de erros”.

• S.2.3 Recuperabilidade: Pontuação 2 (Regular) da avaliação da equipe

de desenvolvimento. O software pode não recuperar integralmente os

dados após uma interrupção ocasionada por travamento ou desligamento ;

no entanto, os dados digitados pelo usuário são efetivamente salvos

quando da sua confirmação e aceitação pelo software (após consistência);

assim, se houver interrupção durante os lançamentos de dados, o que

estiver sendo lançado se perde, mas os dados anteriores se mantêm,

permitindo assim a sua integridade. Portanto: “Recupera apenas os dados

confirmados”.

• C.3 Usabilidade: Pontuação 3,52 (Excelente) – média simples das suas

subcaracterísticas.

• S.3.1 Inteligibilidade: Pontuação 3,52 (Excelente) da avaliação dos

alunos. O conceito lógico e a aplicação do software foram reconhecidos

pelos alunos, uma vez que a média da avaliação para o item “visão do

assunto” foi de 3,67 (Excelente). Portanto: “Conceito lógico e aplicação

assimilados”.

• S.3.2 Apreensibilidade: Pontuação 3,53 (Excelente) da avaliação dos

alunos. Em todas as aplicações do software, os alunos resolveram

completamente os exercícios concluindo-os satisfatoriamente, o que

enfatiza o aprendizado de sua aplicação. Portanto: “Fácil assimilação para

aplicar conceitos”.

• S.3.3 Operacionalidade: Pontuação 3,5 (Excelente) da avaliação dos

Page 137: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

134

alunos. Em todas as aplicações do software os alunos não apresentaram

dificuldades em operá-lo, de forma que o tempo destinado a seu

aprendizado e operação não precisou ser estendido. Portanto: “Fácil

assimilação para operar e controlar”.

• C.4 Eficiência: Pontuação 4 (Excelente mais) – média simples das suas

subcaracterísticas.

• S.4.1 Comportamento em relação ao tempo: Pontuação 4 (Excelente)

da avaliação da equipe de desenvolvimento. Durante as várias

apresentações comple tas dos recursos do software e uso prático pelos

alunos em vários tipos de hardware (porém compatíveis), observou-se que

o tempo de resposta dos cálculos, gráficos e relatórios tem sido

satisfatório, uma vez que em nenhuma das aulas houve necessidade de

se estender o curso após sua duração normal ou de se encurtar a

apresentação ou exercícios. Isto é confirmado pelos testes realizados

antes e na aplicação. Portanto: “Responde satisfatoriamente à aplicação”.

• S.4.2 Comportamento em relação aos recursos: Pontuação 4

(Excelente) da avaliação da equipe de desenvolvimento. O desempenho

dos recursos utilizados tem sido satisfatório diante dos testes realizados.

Portanto: “Responde satisfatoriamente à aplicação”.

• C.5 Manutenibilidade: Pontuação 3 (Bom) - média simples das suas

subcaracterísticas.

• S.5.1 Analisabilidade: Pontuação 3 (Bom) da avaliação da equipe de

desenvolvimento. O software foi desenvolvido modularmente com

biblioteca de funções, com documentação associada aos blocos, funções

e linhas de programa, que permitem uma boa análise da programação;

mas, esta documentação pode ser melhorada. Portanto: “É modular,

documentado e com bibliotecas”.

Page 138: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

135

• S.5.2 Modificabilidade: Pontuação 3 (Bom) da avaliação da equipe de

desenvolvimento. É fácil de localizar onde está a alteração a ser feita, pela

própria documentação que é vasta e de vários níveis, ou, se for o caso,

pelo fato de que há uma biblioteca de funções; bastaria mudar esta função

para se alterar este procedimento em todo o software. Por exemplo, se

houver mudança no acesso ao banco de dados, mudando as funções que

o acessam, automaticamente todos os módulos que utilizem o banco de

dados corresponderão a esta mudança. Portanto: “É modular,

documentado e com bibliotecas”.

• S.5.3 Estabilidade: Pontuação 3 (Bom) da avaliação da equipe de

desenvolvimento. O risco de surgirem problemas após modificações é

baixo, pois, por ser modular, é fácil verificar o resultado da modificação

para o módulo alterado. Além disso, testes padronizados são realizados e

permitem a conferência da alteração. Da mesma forma, com resultados já

conhecidos, fica fácil verificar se houve alterações nos mesmos. Portanto:

“É estável. Baixo risco nas alterações”.

• S.5.4 Testabilidade: Pontuação 3 (Bom) da avaliação da equipe de

desenvolvimento. Por ser modular, fica fácil testá-lo módulo a módulo, o

que ocorreu efetivamente durante o seu desenvolvimento, pois o software

foi desenvolvido a partir de exercícios prontos e com resultados

conhecidos. Quanto a testes de utilização o software já foi amplamente

utilizado em todos os seus itens nas aulas em que foi aplicado. Portanto:

“Modular. Facilmente testado com exemplos”.

• C.6 Portabilidade: Pontuação 1,67 (Insuficiente mais) - média simples das

suas subcaracterísticas.

• S.6.1 Adaptabilidade: Pontuação 1 (Insuficiente) da avaliação da equipe

de desenvolvimento. O software não foi planejado para ser adaptado a

outros ambientes, a não ser o Windows, apesar de haver a possibilidade

desta adaptação com esforço significativo. Portanto: “Existe solução para

Page 139: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

136

a linguagem adotada”.

• S.6.2 Capacidade para ser instalado: Pontuação 2 (Regular) da

avaliação da equipe de desenvolvimento. Utiliza software de mercado que

executa completamente e corretamente esta instalação, mas apenas para

um tipo de ambiente. Portanto: “É instalado conforme especificado”.

• S.6.3 Conformidade: Pontuação 2 (Regular) da avaliação da equipe de

desenvolvimento. Não houve a preocupação com portabilidade no início,

porém, a linguagem de programação adotada permite a migração para

outros ambientes com algum esforço adicional. Portanto: “A linguagem

adotada permite migração”.

• S.6.4 Capacidade para substituir: Sem apreciação da equipe de

desenvolvimento. Não há motivo para a substituição de outro software

conforme consta nos requisitos básicos. Portanto: “Item não necessário no

momento”.

As observações sucintas apresentadas foram transcritas para a Tabela 21.

As pontuações apresentadas por característica na Tabela 21 mesclam a

avaliação técnica com a da aplicação e não compreendem a avaliação didática. As

pontuações das características são válidas, porém, somente para a avaliação de um

software didático como produto de software, e não integralmente, onde devem

compreender também o ponto de vista didático. Estas pontuações podem ser

consideradas em uma análise mais específica nas questões técnicas e da aplicação;

no entanto, para este trabalho, importa obter as pontuações de cada característica

para cada ponto de vista avaliado, inclusive para o ponto de vista didático. Assim,

estas pontuações das características, nesse ponto, não fazem parte da metodologia

de avaliação; ficam apenas como referência à análise do produto de software, se for

o caso.

Page 140: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

137

Tabela 21 Pontuações e observações sobre o software por subcaracterística da Norma

Característica Item Subcaracterística Pont. Observações sobre o software

S.1.1 Adequação 3,5 É adequado ao assunto e finalidade

S.1.2 Acurácia 3,55 Faz corretamente o que se propõe

S.1.3 Interoperabilidade 2 Interage com os sistemas especificados

S.1.4 Conformidade 3,53 Está em conformidade com o assunto

C.1 Funcionalidade

Pontuação: 3,12

S.1.5 Segurança de acesso 3 É seguro para a finalidade didática

S.2.1 Maturidade 2 Falha na impressão do gráfico de vínculos

S.2.2 Tolerância a falhas 2 Tem consistências e verificador de erros

C.2 Confiabilidade

Pontuação: 2 S.2.3 Recuperabilidade 2 Recupera apenas os dados confirmados

S.3.1 Inteligibilidade 3,52 Conceito lógico e aplicação assimilados

S.3.2 Apreensibilidade 3,53 Fácil assimilação para aplicar conceitos

C.3 Usabilidade

Pontuação: 3,52 S.3.3 Operacionalidade 3,5 Fácil assimilação para operar e controlar

S.4.1 Comp. em relação ao tempo 4 Responde satisfatoriamente à aplicação C.4 Eficiência

Pontuação: 4 S.4.2 Comp. em rel. aos recursos 4 Responde satisfatoriamente à aplicação

S.5.1 Analisabilidade 3 É modular, documentado e c/ bibliotecas

S.5.2 Modificabilidade 3 É modular, documentado e c/ bibliotecas

S.5.3 Estabilidade 3 É estável. Baixo risco nas alterações

C.5 Manutenibilidade

Pontuação: 3

S.5.4 Testabilidade 3 Modular. Facilmente testado c/ exemplos

S.6.1 Adaptabilidade 1 Existe solução para a linguagem adotada

S.6.2 Capacidade p/ ser instalado 2 É instalado como especificado

S.6.3 Conformidade 2 A linguagem adotada permite migração

C.6 Portabilidade

Pontuação: 1,67

S.6.4 Capacidade para substituir - Item não necessário no momento

Produto de software

3,05

Fonte: Autor

Com esses resultados (Tabela 21), tem-se a avaliação final da qualidade do

software didático pelas questões essencialmente técnicas e pelas questões da

aplicação em sala de aula, ou seja, a avaliação de um produto de software. No

entanto, resta a avaliação didática deste software, como será apresentada a seguir.

Page 141: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

138

5.2.7 Avaliação e pontuação pelo ponto de vista didático

Uma vez realizada a aplicação do software em sala de aula e obtida a

avaliação dos alunos e também a da equipe de desenvolvimento, coube ao

professor a análise e o preenchimento da avaliação didática do software através do

questionário didático (Tabela 15). Esta avaliação é apresentada na Tabela 22.

Page 142: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

139

Tabela 22 Modelo para avaliação didática do software didático pela visão do professor, com base na

Norma ISO 9126

Subcaracterísticas voltadas à aplicação do software didático

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.1.1. Adequação 1 2 3 4 N A

1 Auxilia o processo de ensino-aprendizagem X

2 Faz a ligação entre a teoria e a prática de forma adequada X

3 Apresenta uma seqüência de forma racional e eficiente X

4 É adequado quanto aos dados da matéria e ao assunto da aula X

5 Favorece o ensino baseado na observação e experimentação X

6 É atualizado quanto ao estado da arte X

7 Faz a ligação de conhecimentos científicos e a realidade do dia-a-dia do aluno X

8 Permite ao aluno entrar em contato com situações concretas de sua vida fora da escola X

9 Diminui as dificuldades dos alunos e abre novas perspectivas culturais X

10 Possibilita atividades que direcionem o aluno à compreensão e assimilação da matéria X

11 Permite a aplicação adequada para exercícios do tipo “estudo de caso” X

12 Prepara adequadamente o aluno para o mercado de trabalho X

13 Prepara adequadamente o aluno como cidadão X

14 Faz parte adequadamente das estratégias adotadas pelo professor X

15 É adequado à capacidade e limitações reais dos alunos (estabelece exigências e expectativas que os alunos possam cumprir) X

16 Promove o interesse geral estimulando o aprendizado X

17 Desperta e mantém a atenção X

18 Incentiva o aluno a perguntar e apresentar questões que o envolvam X

19 É desafiador, suscitando e mobilizando a atividade do aluno X

20 Serve de ferramenta de apoio a exercícios, a esclarecimentos gerais e à fixação do assunto X

21 Inicia concretamente o estudo de uma unidade que envolva determinadas operações ou processos a serem aprendidos X

22 Funciona como recurso de transposição do tema do plano verbal e simbólico para o plano real, da palavra para a realidade da ação X

23 Apresenta todas as informações necessárias de forma adequada X

24 Possibilita inclusões, alterações e exclusões de dados de forma adequada X

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

23

Qtde Total

de Pontos: 1 7 15 83

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação: 3,61

Page 143: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

140

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.1.2. Acurácia 1 2 3 4 N A

1 Está de acordo com os objetivos de ensino adotados X

2 Serve de forma eficaz aos objetivos da aula X

3 Realiza satisfatoriamente os procedimentos de demonstração, organização e aplicação de testes objetivos X

4 Permite a análise dos resultados de forma adequada X

5 Permite ao professor uma flexibilidade tal, de modo a explorá-lo de diversas formas, realística e criativamente, segundo seus objetivos X

6 Atinge os objetivos almejados de maneira segura, econômica e eficiente X

7 Suplementa a palestra ou explanação verbal do professor, tornando-a mais real e concreta X

8 Proporciona a recapitulação e comprovação dos conhecimentos teóricos já adquiridos X

9 Os exercícios aplicados apresentam os resultados esperados com exatidão X

10 Apresenta a modelagem de forma correta X

11 A apresentação da impressão de dados e relatórios estão corretos X

12 Possibilita a verificação parcial ou gradativa das informações X

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

12

Qtde Total

de Pontos: 1 8 3 38

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação: 3,17

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.1.4. Conformidade 1 2 3 4 N A

1 Está de acordo com as normas, convenções ou regulamentações previstas em leis e descrições similares, relacionadas à aplicação X

2 Fornece o modelo e as normas concretas da ação a executar X

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

2

Qtde Total

de Pontos: 1 1 7

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação: 3,5

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.3.1. Inteligibilidade 1 2 3 4 N A

1 Facilita a percepção e compreensão dos fatos e conceitos em estudo X

2 Facilita a apreensão sugestiva e ativa de um tema ou de um fato em estudo X

3 Ajuda a melhor compreender as relações das partes, o todo de um tema, objeto ou fenômeno X

4 Auxilia a formar conceitos exatos, principalmente com referência a temas de difícil observação direta X

5 Atende ao desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos X

Page 144: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

141

6 Orienta com segurança os alunos para a compreensão e a assimilação X

7 Permite ao aluno relacionar o que está aprendendo com os conhecimentos e experiências que já possui X

8 O conceito lógico e sua aplicabilidade são facilmente verificados X

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

8

Qtde Total

de Pontos: 5 3 27

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação: 3,38

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.3.2. Apreensibilidade 1 2 3 4 N A

1 Propicia a retenção do assunto de forma adequada X

2 Propicia ao aluno o domínio de conhecimentos, habilidades e hábitos X

3 Possibilita atividades que direcionem o aluno à compreensão e assimilação da matéria X

4 Possibilita ao professor estimular, orientar e facilitar o aprendizado dos alunos X

5 Facilita o ensino do professor X

6 Facilita o aprendizado do aluno X

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

5

Qtde Total

de Pontos: 3 2 17

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação: 3,4

1 = Insuficiente 2 = Regular 3 = Bom 4 = Excelente NA = Não se Aplica Pontuação

S.3.3. Operacionalidade 1 2 3 4 N A

1 O usuário opera e controla cada operação do software com facilidade X

2 O esforço do professor para aplicá-lo é adequado X

3 O esforço do aluno em utilizá-lo é adequado X

Qtde de Itens

Pontuados 1 2 3 4

Somatório Pontos x Peso

3

Qtde Total

de Pontos: 3 12

Somatório Pontos x Peso Qtde de Itens

Pontuados

Pontuação: 4

Pontuação Final do Software Didático – Avaliação Didática (Média Simples de todas as Subcaracterísticas que foram Pontuadas)

Pontuação Didática

3,51

Fonte: Autor

O professor fez as pontuações e os respectivos cálculos por média

ponderada, para obter as pontuações finais por subcaracterística e também a

Page 145: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

142

pontuação didática do software avaliado. Como pode ser observado na Tabela 22, a

pontuação didática do software foi de 3,51 (Excelente), enquanto que as

subcaracterísticas voltadas à aplicação receberam pontuações de 3,17 a 4, ou seja,

de Bom mais a Excelente mais. Portanto, tanto o software quanto suas

subcaracterísticas avaliadas pelo ponto de vista didático são adequados.

Neste ponto, as três avaliações foram concluídas, a da equipe de

desenvolvimento, a dos alunos e a do professor. Passou-se então à pontuação geral

do software, considerando as avaliações pelos três pontos de vista.

5.2.8 Pontuações finais do software e para os três pontos de vista.

Para obter as pontuações finais e o nível de pontuação do software didático

avaliado, foi preciso transportar a pontuação de todas as subcaracterísticas

pontuadas na Tabela 20 (ponto de vista da equipe de desenvolvimento e dos

alunos), como também as pontuações das subcaracterísticas da Tabela 22 (ponto

de vista do professor), para a Tabela 23. Cada pontuação em cada subcaracterística

foi lançada na coluna correspondente ao ponto de vista pelo qual recebeu a

pontuação.

Uma vez lançadas as pontuações para as subcaracterísticas, passou-se a

realizar todos os cálculos na Tabela 23, até que fosse integralmente preenchida.

Page 146: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

143

Tabela 23 – Avaliação completa das pontuações obtidas do software didático avaliado.

Pontuação por Ponto de Vista Característica Item Subcaracterística

Técnica Aplicação Didática

S.1.1 Adequação 3,5 3,61

S.1.2 Acurácia 3,55 3,17

S.1.3 Interoperabilidade 2

S.1.4 Conformidade 3,53 3,5

C.1 Funcionalidade

S.1.5 Segurança de acesso 3

S.2.1 Maturidade 2

S.2.2 Tolerância a falhas 2 C.2

Confiabilidade

S.2.3 Recuperabilidade 2

S.3.1 Inteligibilidade 3,52 3,38

S.3.2 Apreensibilidade 3,53 3,4 C.3

Usabilidade

S.3.3 Operacionalidade 3,5 4

S.4.1 Comp. em relação ao tempo 4 C.4 Eficiência

S.4.2 Comp. em relação aos recursos 4

S.5.1 Analisabilidade 3

S.5.2 Modificabilidade 3

S.5.3 Estabilidade 3 C.5 Manutenibilidade

S.5.4 Testabilidade 3

S.6.1 Adaptabilidade 1

S.6.2 Capacidade para ser instalado 2

S.6.3 Conformidade 2

C.6 Portabilidade

S.6.4 Capacidade para substituir

Ponto de Vista Cálculos para as Características Item Característica

Técnica Aplicação Didática

C.1 Funcionalidade 2,5 3,53 3,43

C.2 Confiabilidade 2

C.3 Usabilidade 3,52 3,59

C.4 Eficiência 4

C.5 Manutenibilidade 3

Médias das Pontuações por

Característica e por Ponto de Vista

C.6 Portabilidade 1,67

Ponto de Vista Cálculos para os Pontos de Vista

Técnica Aplicação Didática

Pontuações Finais por Ponto de Vista 2,63 3,52 3,51

Cálculo Final para o Software Didático Software Didático

Pontuação Final do Software Didático Avaliado 3,22

Fonte: Autor

Page 147: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

144

Com as subcaracterísticas pontuadas na Tabela 23, passou-se a realizar os

“Cálculos para as Características”, onde cada característica deve receber a média

simples de suas respectivas subcaracterísticas, pontuadas por ponto de vista. Por

exemplo, para a característica “Usabilidade”:

• Não há subcaracterísticas pontuadas para o ponto de vista técnico;

portanto, o respectivo campo desta característica para o ponto de vista

técnico ficou em branco;

• São três subcaracterísticas pontuadas para o ponto de vista da

aplicação; portanto, o respectivo campo desta característica e do

ponto de vista da aplicação recebeu o valor: (3,52 + 3,53 + 3,5) / 3 =

3,52;

• São três subcaracterísticas pontuadas para o ponto de vista didático;

portanto, o respectivo campo desta característica e do ponto de vista

didático recebeu o valor: (3,38 + 3,4 + 4) / 3 = 3,59.

Nos “Cálculos para os Pontos de Vista”, cada ponto de vista recebeu a média

simples das suas respectivas características pontuadas. Por exemplo, o ponto de

vista didático recebeu a média simples das duas características pontuadas,

“Funcionalidade” e “Usabilidade”, assim: (3,43 + 3,59) / 2 = 3,51.

O “Cálculo Final para o Software Didático” recebeu a média simples das

pontuações dos três pontos de vista , desta forma: (2,63 + 3,52 + 3,51) / 3 = 3,22.

Uma vez obtidas todas as pontuações finais, incluindo a pontuação do

software didático avaliado (Tabela 23), passou-se ao julgamento, como segue.

5.2.9 Julgamento das avaliações

Para o julgamento, o valor de referência 3 (Bom mais), determinado pelo

autor para esta aplicação da metodologia de avaliação, foi utilizado em cada análise

feita sobre os resultados.

Page 148: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

145

Apenas a análise da Tabela 23 foi utilizada neste processo de julgamento,

que é apresentado a seguir:

1. Análise da pontuação do software didático como um todo. Na

Tabela 23, no item “Pontuação Final do Software Didático Avaliado”, a

pontuação obtida pelo software didático foi de 3,22 (Bom mais). Esta

pontuação está acima do valor de referência que é 3 (Bom mais),

portanto, o software didático pode ser aceito ou continuado seu uso.

2. Análise das pontuações de cada avaliação do software didático

por ponto de vista. Na Tabela 23, no item “Pontuações Finais por

Ponto de Vista”, foram apontadas as pontuações para cada ponto de

vista, a saber; 2,63 (Bom menos), para o ponto de vista da equipe de

desenvolvimento (técnica); 3,52 (Excelente) para o ponto de vista dos

alunos (aplicação); e 3,51 (Excelente) para o ponto de vista do

professor (didática). Com essas pontuações por ponto de vista, o

software didático não superou o valor de referência apenas no ponto

de vista da equipe de desenvolvimento ; mesmo assim, tanto o ponto de

vista dos alunos como o do professor superaram o valor de referência

com nível de pontuação Excelente. As exigências quanto a cenários

futuros nos requisitos básicos deste software fizeram com que a parte

técnica ficasse aquém do esperado; no entanto, pela aplicação didática

em sala de aula estar em um nível de excelência, tanto pela visão dos

alunos como pela do professor, isto demonstra que hoje o software

corresponde satisfatoriamente na parte técnica também; senão,

fatalmente, as pontuações voltadas a aplicação seriam mais baixas.

Portanto, o software didático pode ser aceito ou continuado seu uso,

com a ressalva de se melhorar as questões técnicas para uma nova

versão.

3. Análise das características do software didático por ponto de

vista. Na Tabela 23, no item “Médias das Pontuações por

Característica e por Ponto de Vista”, estão calculadas as pontuações

finais de cada característica para cada ponto de vista (respectivamente

Page 149: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

146

de “C.1” a “C.6”). As características que apresentaram pontuações

abaixo da referência (valor 3) foram: “funcionalidade”, “confiabilidade” e

“portabilidade”, respectivamente com as pontuações 2 (Regular), 2,5

(Bom menos) e 1,67 (Insuficiente mais), todas pelo ponto de vista da

equipe de desenvolvimento. As demais características para cada ponto

de vista estão todas acima do valor de referência e atingem o nível de

pontuação “Excelente”. Portanto, quanto à análise técnica do software

para a busca de problemas e ajustes, a prioridade pode ser a seguinte:

verificar primeiro as subcaracterísticas com as menores pontuações da

característica “portabilidade” (menor pontuação das três); em seguida,

as da característica “confiabilidade” (segunda menor pontuação das

três); e, por fim, as da característica “funcionalidade” (por ser a última

das três). Entre as nove características pontuadas, apenas essas três

não alcançam o valor de referência, e ainda assim, apenas na parte

técnica. Portanto, o software didático pode ser aceito ou continuado

seu uso, com a ressalva de se buscar as questões técnicas nas

subcaracterísticas dessas características, a fim de se tomar as

providências necessárias para uma nova versão do software a ser

avaliado.

4. Análise das subcaracterísticas do software didático por ponto de

vista. Na Tabela 23, nos itens de “S.1.1” a “S.6.4”, que são as suas

respectivas subcaracterísticas, estão lançadas as pontuações finais de

cada uma para cada ponto de vista. As subcaracterísticas que

apresentam pontuações abaixo do valor de referência pertencem

apenas ao ponto de vista da equipe de desenvolvimento, e são elas:

“interoperabilidade”, “maturidade”, “tolerância a falhas”, “recupera-

bilidade”, “capacidade para ser instalado”, “capacidade para substituir”,

todas com pontuação 2 (Regular) e “adaptabilidade” com pontuação 1

(Insuficiente). Todas as subcaracterísticas restantes superam o valor

de referência com pontuações de 3 a 4, ou seja, de Bom a Excelente.

Portanto, o software didático pode ser aceito ou continuado seu uso,

com a ressalva de se buscar as questões técnicas nas

subcaracterísticas com pontuações abaixo do valor de referência,

Page 150: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

147

iniciando com a subcaracterística “adaptabilidade”, que obteve a menor

pontuação de todas, a fim de se tomar as providências necessárias

para uma nova versão do software a ser avaliado.

5. Julgamento do software didático. Considerando as pontuações

atingidas pelo software didático avaliado, as pontuações finais das

avaliações de cada ponto de vista, as pontuações finais das

características para cada ponto de vista , a pontuação final de cada

subcaracterística para cada ponto de vista e, além disso, as análises

indicadas nos itens anteriores (1 a 4), o julgamento foi favorável ao

software, considerando-o como adequado quanto a ser um “software

didático”. Portanto, foi aprovado para sua continuidade de uso, por

estar dentro do nível de exigência para aceitação e pelo fato dos itens

que não se enquadraram como adequados não afetarem a aplicação

do software no momento. No entanto, outra versão do software, com os

devidos acertos e ajustes, deverá ser desenvolvida e reavaliada,

buscando o enquadramento de todos os seus itens como adequados.

Uma vez que o software didático foi aceito, o passo seguinte foi a realização

de uma reunião do professor com a equipe de desenvolvimento, onde analisaram e

definiram em detalhes o que deve ser feito e como deve ser feito, visando à próxima

versão do software didático.

Page 151: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

148

6 CONCLUSÃO

Neste capítulo é apresentada uma discussão sobre o processo de

desenvolvimento da dissertação, sua contribuição, a aplicabilidade da metodologia

proposta e, finalmente, as sugestões para trabalhos futuros.

6.1. Sobre a dissertação

A partir da necessidade de se desenvolver e aplicar um software de custos

ABC em cursos de nível superior, ficou claro que o mesmo não poderia ser

desenvolvido sem a preocupação sobre sua eficiência e qualidade técnica, sobre

sua eficiência e qualidade da aplicação em sala de aula, e sobre sua eficiência e

qualidade como ferramenta de apoio didático.

Não bastaria que o software fosse funcionalmente eficaz em todos os

quesitos técnicos, mas, também, seria necessário que atendesse plenamente aos

objetivos do professor quanto à assimilação da matéria, à visão plena do conteúdo,

à visão dinâmica de uma aplicação do assunto no mundo real e, fundamentalmente,

à melhoria na qualidade de ensino e na aprendizagem em sua disciplina.

Além disso, o software deveria ser fácil de operar, simples na apresentação

dos resultados, claro quanto ao enriquecimento do assunto, motivador e um

facilitador à aprendizagem dos alunos.

Desse modo, não haveria como desenvolver um software para aplicação em

sala de aula sem atentar para estas considerações, ou seja, as questões didáticas.

No entanto, observa-se em geral a falta de preocupação da finalidade didática

em software aplicado em sala de aula em cursos de nível superior, uma vez que a

maioria foi gerada para fins comerciais e para aplicações empresariais, entre várias

outras finalidades que não a didática.

Surgiu então uma questão: Como avaliar um software aplicado em sala de

Page 152: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

149

aula de forma a se obter uma resposta quanto à sua eficiência em aplicações de

finalidade didática?

Neste ponto, iniciou-se a pesquisa para a elaboração e desenvolvimento do

presente trabalho.

Como base para o desenvolvimento da metodologia, foi contemplada a

Norma ISO 9126, voltada à avaliação da qualidade de produto de software, que

discorre sobre três pontos de vista para esta avaliação: visão da equipe de

desenvolvimento (visão técnica), visão dos usuários (visão da aplicação) e a visão

do gerente (visão dos objetivos).

Similarmente, para um software didático, os três pontos de vista propostos

seriam: visão da equipe de desenvolvimento (técnica), visão dos alunos (aplicação)

e a visão do professor (objetivos didáticos).

Assim, observando as necessidades didáticas da aplicação de um software

em aula, os três pontos de vista se enquadram nas três necessidades fundamentais

para um software ser didático: ter qualidade satisfatória como produto, ter qualidade

satisfatória para os alunos em sua aplicação e ter qualidade satisfatória em sua

função didática para o professor.

Desta forma, com base na Norma ISO 9126, foram desenvolvidos os

questionários de forma que atendessem aos três pontos de vista citados, buscando-

se enquadrar cada questão dentro das características e subcaracterísticas

peculiares desta Norma.

Se, após a avaliação pelos três pontos de vista, o software for pontuado ao

menos como “satisfatório” em todos eles, o software é considerado como sendo

didático, ainda que não seja aprovado para ser aplicado em sala de aula, por se

esperar que o mesmo fosse pontuado, por exemplo, no mínimo como “Bom” em

todas as avaliações.

Uma pontuação final do software é obtida, o que pode servir, em momento

Page 153: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

150

posterior, como referência para se adotar um valor padrão para a aprovação de um

outro software didático; ou, ainda, para acompanhar a evolução de um software

didático diante das melhorias de novas versões e da continuidade de sua aplicação.

6.2. Contribuição

A primeira contribuição deste trabalho está em apresentar uma visão

abrangente e prática quanto ao que se denomina ser “didática”, possibilitando,

assim, reflexões e correções de rota quanto ao assunto para professores de

qualquer área de ensino. Geralmente, professores que não sejam da área de

Educação entendem didática de uma forma simplista, resumindo-se basicamente ao

professor saber dar uma boa aula, na qual os alunos detenham a atenção e

aprendam. Como foi apresentado no segundo capítulo, observou-se claramente que

a didática é muito mais abrangente e complexa do que isso.

Do mesmo modo, contribui com a área de Educação, uma vez que este

trabalho apresenta uma aplicação específica para o ensino superior, com um

software flexível em seu uso e que permite simulações, diferentemente do que

normalmente acontece com software educativo no ensino fundamental, que

apresenta restrições às simulações, e conseqüentemente à utilização da lógica e da

ampla liberdade de raciocínio e, portanto, não atende às necessidades de

aplicações mais amplas.

Por ser indispensável ou inevitável o contato com computadores nos dias de

hoje, com projeções para a ampliação cada vez maior desse fato, o software

também se torna indispensável ou inevitável da mesma forma, uma vez que

hardware e software operam juntos. Assim, outra contribuição é trazer ao leitor o

conhecimento e um exemplo de aplicação da Norma ISO 9126 destinada a ser

aplicada para avaliar a qualidade de um produto de software, em qualquer área de

conhecimento e, ainda, com os pontos de vista e nível de detalhamento desejados.

Outra contribuição está em apresentar para a área de Engenharia de

Software uma metodologia e um estudo de uma aplicação completa da utilização da

Page 154: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

151

Norma ISO 9126 destinada à avaliação da qualidade didática de um software.

A aplicação da metodologia em um software específico para ensino de custos

ABC deixa também sua contribuição, pois traz à tona o assunto “custos ABC”, atual

e aplicável na maioria das empresas, onde o crescente avanço das tecnologias e

das complexidades na produção – resultantes de maiores exigências de

consumidores, mercados e da necessidade de ser mais competitivo – fazem-se

presentes. Dentro desse contexto, essas empresas arcam com um constante

aumento dos custos fixos e de sua maior participação nos custos totais, o que faz do

custeio ABC o mais indicado a ser aplicado, pois tem como base as atividades, o

que torna o custo mais acurado em relação a outros sistemas tradicionalmente

adotados. O leitor, nesse caso, inteira-se dos conceitos básicos de custos e da

metodologia do custeio ABC, que pode ser muito útil em uma aplicação futura, na

sugestão da aplicação desta metodologia em casos futuros, no acompanhamento,

ou simplesmente no entendimento de uma implantação de custeio ABC em uma

empresa.

6.3 Sobre a metodologia de avaliação e sua aplicabilidade

O estudo demonstrou a aplicabilidade da metodologia, que pode

potencialmente se estender a outras áreas do conhecimento. A aplicação pode ser

realizada tanto para um software em contínua utilização em sala de aula quanto para

um que seja proposto para futura aplicação. Pode, por outro lado, servir de

orientação na elaboração e acompanhamento de um software a ser desenvolvido ou

em desenvolvimento.

A metodologia permite também a avaliação completa ou parcial do software

(avaliar apenas as questões didáticas, por exemplo); e permite que essa avaliação

seja básica ou o mais detalhada quanto se queira, para as necessidades gerais ou

específicas de análise. Portanto, a aplicação da metodologia de avaliação permite

adaptações às necessidades de cada avaliador por ele mesmo, tornando-a

adequada a seus objetivos de análise.

Page 155: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

152

Com a aplicação da metodologia de avaliação, pode-se concluir que a mesma

pode contribuir da seguinte forma:

• Para orientação na elaboração de um software didático;

• Para orientação do acompanhamento de um software didático em

desenvolvimento;

• Para orientação na escolha de um software a ser avaliado para futura

aquisição e aplicação didática;

• Para a avaliação didática de um software que já está sendo aplicado

em sala de aula;

• Para a avaliação didática periódica da aplicação contínua de um

software em sala de aula;

• Para o apontamento de falhas, insuficiências, inadequações,

aprimoramentos e melhorias de um software avaliado, permitindo,

assim, sua condição de adequar-se como didático em nova avaliação,

ou a tomada de providências para uma nova versão mais adequada;

• Para auxiliar – com a experiência da aplicação da metodologia e

respectivamente aos dados históricos – na determinação de notas

mínimas a serem padronizadas em futuras avaliações para considerar

um software como aprovado para aplicação didática.

6.4 Trabalhos futuros

Diante do estudo desenvolvido, abre-se a perspectiva de novos trabalhos de

pesquisa correlatos e/ou complementares:

• Desenvolver novos estudos práticos correlatos, aplicando a

metodologia em sistemas de software didático de outras áreas do

conhecimento;

• Pesquisar novas possibilidades de avaliação, com foco em projeto e

processo de desenvolvimento, para software didático a ser

desenvolvido;

Page 156: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

153

• Pesquisar e adequar questões de outras Normas e modelos que

agreguem valor às avaliações constantes desta metodologia de

avaliação; por exemplo, o modelo CMMI-ACQ (Carnegie Mellon

University, 2007), voltado à aquisição de sistemas;

• Pesquisar a adaptação da metodologia para a avaliação didática de

software aplicado via Internet e em outros meios que não os

convencionais.

Page 157: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

154

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A.C.R. Gerenciamento de custos baseado em atividades: uma proposta para o setor florestal. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 2002. BIANCHETTI, L. Da chave de fenda ao laptop - tecnologia digital e novas qualificações: desafios à educação. 1.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. 254p. BRUNSTEIN, I. ABC – Activity Based Costing. Fundação Carlos Alberto Vanzolini, material interno, 2001. BRUNSTEIN, I.; KLIEMANN Neto, J. F. Novas Técnicas de Controle e Custeio de Processos. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS. 1997. CANDAU, V. M. (Org.). A Didática em Questão. 25.ed. Petrópolis: Vozes, 2005. 128p. CARNEGIE MELLON UNIVERSITY, Software Engineering Institute. Guide to Products and Services, 2007. Disponível em <http://www.sei.cmu.edu/pub/documents/07.reports/06721-psguide.pdf>. Acesso em 26 out. 2007. CHING, H.Y. Gestão baseada em custeio por atividades: activity based management. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2000. 184p. CLAVADETSCHER, C. User involvement, key to success. IEEE Software, mar./abr. 1998. COGAN, S. Activity-based costing (ABC): a poderosa estratégia empresarial. 1.ed. Rio de Janeiro: Pioneira, 1994. 129p. COGAN, S. Modelos de ABC / ABM: inclui modelos resolvidos e metodologia original de reconciliação de dados para o ABC/ABM. 1.ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. 176p. COKINS, G. Activity-based cost management, making it work: a manager’s guide to implementing and sustaining an effective ABC system. 1.ed. McGraw-Hill, 1996. 192p. FENTON, N. Improve Quality?. IEEE Software, jan. 1996. FREITAS, A. A.; DORNELLAS, D. V.; BELHOT, R. V. Requisitos profissionais do estudante de engenharia de produção: uma visão através dos estilos de aprendizagem. GEPROS: Gestão da produção, operação e sistemas, abr. 2006. GLADCHEFF, A. P. Um instrumento de avaliação da qualidade para software educacional de matemática. Tese (Mestrado em Ciência da Computação) – Instituto de Matemática e Estatística, Universidade de São Paulo, 2001.

Page 158: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

155

GUIA ITI – INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. Guia de Avaliação da Qualidade de Produto de Software, 2001. Disponível em: <www.pr.gov.br/abntsoftware/guiaaval.pdf>. Acesso em 10 jun. 2003. HILST, V. L. S. A tecnologia necessária: uma nova pedagogia para os cursos de formação de nível superior. 1.ed. São Paulo: Unimep, 1994. 142p. HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Cost accounting: a managerial emphasis. New Jersey: Prentice hall, 1997. 1012p. ISO 9126 - ABNT - Associação brasileira de normas técnicas - NBR 13596 - Tecnologia da informação. Avaliação de produto de software. Características de qualidade e diretrizes para seu uso. Rio de Janeiro, ABNT, 1996. KAPLAN, R.S.; COOPER, R. Custo e desempenho: administre seus custos para ser mais competitivo, 2.ed. São Paulo: Futura, 2000. 376p. KITCHENHAM, B.; PFLEEGER, S.L. The elusive target. IEEE Software, jan. 1996. LAWRENCE, B. Designers must do the modeling. IEEE Software, mar./abr. 1998. LIBÂNEO, J. C. Didática, 1.ed. São Paulo: Cortez, 2004. 263p. LOUREIRO, F. S. Lições de pedagogia e didática geral, 1.ed. Coimbra: 1950. 206p. MAIDEN, N.A.; NCUBE, C. Acquiring cots software selection requirements. IEEE Software, mar./abr. 1998. MARTINS, E. Contabilidade de custos: incluiu o ABC, 9.ed. São Paulo: Atlas, 2003. 378p. MARTINS, P. L. O. Didática teórica / didática prática: para além do confronto, 8.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006. 184p. MASETTO, M. T. Didática: a aula como centro, 4.ed. São Paulo: FTD, 1997. 112p. MATSUBARA, T. Beyond the black box: open implementation. IEEE Software, jan. 1996. MATTOS, L. A. Sumário de didática geral, 3.ed. Rio de Janeiro: Gráfica Editora Aurora, 1960. NAKAGAWA, M. Gestão estratégica de custos: conceito, sistemas e implementação, 2.ed. São Paulo: Atlas, 1993. 111p. NÉRICI, I. G. Didática: uma introdução, 1.ed. São Paulo: Atlas, 1993 NIELSEN, J. Let’s ask the users. IEEE Software, mai./jun. 1997.

Page 159: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

156

OLIVEIRA, C. C. Ambientes informatizados de aprendizagem: produção e avaliação de software educativo, 4.ed. São Paulo: Papirus, 2001. 144p. PRESSMAN, R. S. Engenharia de software, 5.ed. McGraw-Hill. São Paulo, 2002. 872p. ROCHA, A. R. C.; MALDONADO, J. C.; WEBER, K. C. Qualidade de software: teoria e prática, 1.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2001. 303p. REEL, J.S. Critical success factors in software projects. IEEE Software, mai./jun. 1999. WEIDENHAUPT, K.; POHL, K.; JARKE, M.; HAUMER, P. Scenarios is system development: current practice. IEEE Software, mar./abr. 1998.

Page 160: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

157

GLOSSÁRIO

Software: Programas, procedimentos, regras e qualquer documentação associada,

pertinente à operação de um sistema computacional (Norma ISO 9126).

Produto de software: Uma entidade de software disponível para liberação a um

usuário (Norma ISO 9126).

Page 161: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 162: livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp041887.pdf · Brunstein, Leo Avaliação da Qualidade de Software Aplicado como Ferramenta de Apoio Didático com Base na

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo