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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
UMA MODELAGEM DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL NA ABORDAGEM DO BALANCED SCORECARD: UM ESTUDO COM INSTITUIÇÕES PRIVADAS
RONALD FÁBIO DE PAIVA CAMPOS
NOVEMBRO, 2008
ii
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
C198m Campos, Ronald F. de P.
Uma modelagem de indicadores de desempenho para Instituições
de Ensino Superior no Brasil na abordagem do balanced scorecard: um
estudo com instituições privadas / Ronald Fábio de Paiva Campos.–
Natal, 2008.
70 f.
Orientador: Rubens Eugênio Barreto Ramos
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
1. Avaliação de Desempenho – Dissertação 2. Balanced Scorecard
– Dissertação 3. Educação – Dissertação I. Ramos, Rubens Eugênio
Barreto II. Título.
RN/UF/BCZM- CDU 658.5
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
UMA MODELAGEM DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL NA ABORDAGEM DO
BALANCED SCORECARD: UM ESTUDO COM INSTITUIÇÕES PRIVADAS
por
RONALD FÁBIO DE PAIVA CAMPOS
GRADUADO EM PROCESSAMENTO DE DADOS, UNP, 1992
TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
NOVEMBRO, 2008
© 2008 RONALD FÁBIO DE PAIVA CAMPOS.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
O autor, aqui designado, concede ao Programa de Engenharia de Produção da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir,
comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos
termos da Lei.
Assinatura do Autor: ______________________________________________
APROVADO POR:
______________________________________________________________
Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc. – Orientador, Presidente
______________________________________________________________
Prof. Anatália Saraiva Martins Ramos, D.Sc. – Membro Examinador
______________________________________________________________
Prof. Renato Samuel Barbosa de Araújo, D.Sc. – Membro Examinador Externo
E, PELOS MEMBROS CONVIDADOS DA SOCIEDADE,
______________________________________________________________
Prof. Raymundo Gomes Vieira, FACEX, Diretor Acadêmico
______________________________________________________________
Prof. José Maria Barreto Figueiredo, CIFE/FACEX, Presidente
iii
RESUMO CURRICULAR
Ronald Fábio de Paiva Campos. Graduado em 1992, Curso de Processamento de Dados,
pela UNP – Universidade Potiguar. Especialista em 2004, Curso de Gestão de Recursos
Humanos pela UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sócio Gerente, da
empresa Soft&Dados Informática Ltda., desde 1995. Secretário Geral da FACEX –
Faculdade de Ciências, Cultura e Extensão do RN, desde 1997 aos dias atuais. Membro do
CONSUP – Conselho Superior da FACEX. Membro do CAD – Comissão de Avaliação
Docente da FACEX. Presidente da CIPA/FACEX, período 2004/2005. Presidente da
Comissão Permanente de Vestibular da FACEX. Presidente do PROUNI. Presidente da
Comissão do FIES. Pesquisador Institucional da FACEX, junto ao INEP.
iv
Dedico a Deus, pela vida.
Aos meus pais, Campos e Francisquinha, pelo empenho de criar e educar seis filhos
repassando valores necessários para a vida; respeito, honestidade e integridade.
A meu sogro e minha sogra, Gonzaga e Anailde, pelo apoio incondicional a nossa família.
A minha esposa, Aninha, minha grande amiga e companheira em todos os aspectos da
vida. Juntos caminhamos na academia: fizemos a mesma graduação, a mesma
especialização e o mesmo Mestrado. Pela mãe dedicada que é, sempre vigilante na
educação de nossas filhas e no ensinamento de que os valores necessários para a vida são
os da família. A cada dia me ensinando que a vida não é feita só da razão,
que devemos fazer tudo com amor.
As minhas filhas, Renata e Luciana, que me dão alegria, fonte de toda
a minha inspiração para a vida, para a família e para o trabalho.
v
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Programa de Engenharia de
Produção (PEP) por propiciar um Mestrado de referência no Brasil e contribuir para a
formação de cientistas e pesquisadores.
Ao Prof. Dr. Rubens Eugênio Barreto Ramos, orientador deste trabalho, a quem tenho
muito a agradecer, acima de tudo pela sapiência que demonstra e tão bem repassa a todos.
Um incentivador constante nessa caminhada acadêmica, além dos conselhos, conversas e
estímulos que sempre permeou nosso tempo nas orientações.
Aos Professores do Programa de Engenharia de Produção da UFRN, pelo empenho e
desprendimento em cada disciplina e orientação oferecida.
À Cleide Maria Batista Paiva, secretária do Programa de Engenharia de Produção da
UFRN, pela incansável ajuda a todos os alunos e professores do PEP.
Aos alunos da turma de Mestrado do PEP/2003 pelo compartilhamento de ansiedades e
dificuldades nesta caminhada.
À FACEX por ter oportunizado este convênio para melhoria de titulação de seus
colaboradores.
Ao Prof. José Maria Barreto Figueiredo, Presidente do Centro Integrado para Formação
de Executivos, entidade mantenedora da FACEX, pela confiança depositada em mim.
Ao Prof. Raymundo Gomes Vieira, Diretor Acadêmico da FACEX, pelo apoio
necessário na caminhada acadêmica.
vi
Resumo da Tese apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.
UMA MODELAGEM DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL NA ABORDAGEM DO
BALANCED SCORECARD: UM ESTUDO COM INSTITUIÇÕES PRIVADAS
RONALD FÁBIO DE PAIVA CAMPOS
Novembro/2008
Orientador: Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc.
Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção
Esta Tese investiga de modo exploratório uma modelagem dos indicadores de desempenho
de Instituição de Ensino Superior (IES) privada usando a abordagem do Balanced
Scorecard (BSC). É feita uma revisão dos modelos conceituais de hierarquia das
perspectivas do BSC e proposta uma modelagem com uma nova perspectiva, Governo,
dado o contexto do sistema de ensino superior no Brasil, e uma alteração na hierarquia,
colocando Finanças e Cliente em um mesmo patamar. Usando indicadores do SINAES –
Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior, é feita uma modelagem do BSC e
testadas as relações teóricas de causa-efeito usando o coeficiente de correlação de Pearson.
Da análise resultou um modelo de BSC para IES privadas que contém indicadores básicos
explicativos que podem ser útil para a gestão do desempenho, tanto das IES privadas
quanto do Sistema de Ensino Superior público. Um ponto de melhoria é a criação de
indicadores financeiros mais apropriados.
vii
Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fulfillment of requirements to the
degree of Master of Science in Production Engineering
MODELLING A BALANCED SCORECARD BASED PERFORMANCE
INDICATORS FOR HIGHER EDUCATION INSTITUTION IN BRAZIL – A
STUDY ON PRIVATE INSTITUTIONS
RONALD FÁBIO DE PAIVA CAMPOS
November, 2008
Thesis Supervisor: Professor Rubens Eugênio Barreto Ramos
Program: Master of Sciences in Production Engineering
This Master of Science Thesis deals with a BSC modeling for higher education institution
focusing on private institution in the Brazilian context. It‟s accomplished a literature
review in order to understand the BSC and its application to for profit and non for profit
organizations and as a main result it is proposed a BSC conceptual model with a new
perspective (Government) and a change in the hierarchy of the main BSC perspective
equaling financial to customer/society. Taking the national higher education assessment
system of Education Ministry indicators a model is deployed and the relations between the
indicators are measured with the Pearson correlation coefficient. As a result a model
emerges with sound relations of indicators but a improvement in the financial indicators is
needed.
viii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .............................................................................................. 1
1.2 OBJETIVO ................................................................................................................ 7
1.3 RELEVÂNCIA ........................................................................................................... 7
1.4 ORGANIZAÇÃO DA TESE ......................................................................................... 7
CAPÍTULO 2 BALANCED SCORECARD E INDICADORES DE INSTITUIÇÕES
DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL ............................................................................. 9
2.1 O BALANCED SCOREARD – BSC ............................................................................... 9
2.2 BALANCED SCORECARD EM ORGANIZAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS ....................... 13
2.3 ALGUNS ESTUDOS DE BSC EM ORGANIZAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS NO BRASIL
............................................................................................................................. 15
2.4 ALGUNS ESTUDOS INTERNACIONAIS EM EDUCAÇÃO SUPERIOR ............................ 17
2.5 O ESTUDO DE SILVEIRA (2008) NO BRASIL ........................................................... 20
2.6 O MODELO ADOTADO PARA PESQUISA ................................................................. 23
2.6.1 Modelo Conceitual do BSC ........................................................................... 23
2.6.2 Indicadores do SINAES ................................................................................. 24
2.6.3 Modelo de Relação de Causa-Efeito .............................................................. 25
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DA PESQUISA ...................................................... 27
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA ...................................................................................... 27
3.2 POPULAÇÃO, AMOSTRA E DADOS ......................................................................... 27
3.3 ANÁLISES.............................................................................................................. 31
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................... 32
4.1 INDICADORES APRENDIZAGEM E CRESCIMENTO ................................................... 32
4.1.1 Aprendizagem ................................................................................................ 32
4.1.2 Crescimento ................................................................................................... 34
ix
4.2 INDICADORES DE PROCESSOS INTERNOS ............................................................... 37
4.3 INDICADORES DE CLIENTE .................................................................................... 45
4.4 INDICADORES FINANCEIROS.................................................................................. 47
4.5 SÍNTESE DOS RESULTADOS ................................................................................... 48
CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................ 50
5.1 ANÁLISE CRÍTICA QUANTO AO OBJETIVO .............................................................. 50
5.2 LIMITAÇÕES DA TESE ............................................................................................ 51
5.3 DIREÇÕES DE PESQUISA ........................................................................................ 51
5.4 RECOMENDAÇÕES ................................................................................................. 51
5.5 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 53
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO SÓCIO-ECONÔMICO ............................................... 55
ANEXO 2 – INDICADORES DO SINAES USADOS .................................................... 63
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 – IES, Matrículas e Conclusão de Cursos de Graduação no Brasil, 1991-2005
(BRASIL, 2008) ............................................................................................................. 1
Tabela 2.1 – Indicadores dos Relatórios de Gestão agrupados por Perspectivas do BSC ... 21
Tabela 2.2 – Indicadores dos Relatórios de Gestão agrupados por Perspectivas do BSC ... 24
Tabela 3.1 – IES privadas pesquisadas ................................................................................ 28
Tabela 3.2 – Interpretação do Coeficiente de Correlação .................................................... 31
Tabela 4.1 – Correlação de Pearson de Indicadores de Aprendizagem com Governo ........ 33
Tabela 4.2 – Correlação de Pearson de Indicadores de Aprendizagem com Cliente .......... 34
Tabela 4.3 – Correlação de Pearson de Indicadores de Aprendizagem com Financeira ..... 34
Tabela 4.4 – Correlação de Pearson de Indicadores de Crescimento com Governo ........... 35
Tabela 4.5 – Correlação de Pearson de Indicadores de Crescimento com Cliente .............. 36
Tabela 4.6 – Correlação de Pearson de Indicadores de Crescimento com Financeira ........ 36
Tabela 4.7 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Biblioteca) com
Governo ....................................................................................................................... 37
Tabela 4.8 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (TI) com Governo ........ 38
Tabela 4.9 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Ensino 1) com Governo
..................................................................................................................................... 39
Tabela 4.10 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Ensino 2) com Governo
..................................................................................................................................... 41
Tabela 4.11 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Biblioteca) com Cliente
..................................................................................................................................... 42
Tabela 4.12 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (TI) com Cliente ......... 43
Tabela 4.13 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Ensino 1) com Cliente
..................................................................................................................................... 43
Tabela 4.14 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Ensino 2) com Cliente
..................................................................................................................................... 44
Tabela 4.15 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processo com Financeira ............ 45
xi
Tabela 4.16 – Correlação de Pearson de Indicadores Formação com Governo .................. 46
Tabela 4.17 – Correlação de Pearson de Indicadores de Formação com o Financeiro ....... 47
Tabela 4.18 – Correlação de Pearson de Indicadores de Financeiro com o Governo ......... 47
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 – Evolução das IES públicas e privadas no Brasil, 1991-2005 .......................... 2
Figura 1.2 – Evolução do número de concluintes no Brasil, 1991-2005 ............................. 3
Figura 1.3 – Relação Inscritos/Vagas nas IES privadas, 1991-2005 ................................... 3
Figura 2.1 – Perspectivas do BSC, como em Kaplan e Norton (1992) ............................... 10
Figura 2.2 – Perspectivas do BSC, Kaplan e Norton (1996) ............................................... 10
Figura 2.3 – Hierarquia das Perspectivas do BSC baseado em Kaplan e Norton (1992;
1997) ............................................................................................................................ 11
Figura 2.4 – Mapa Estratégico do BSC, Kaplan e Norton (2000) ....................................... 12
Figura 2.5 – Modelo de BSC para organizações sem fins lucrativos sugerido por Kaplan e
Norton (2000) .............................................................................................................. 13
Figura 2.6 – Modelo do BSC do Conselho Municipal de Charlotte de Kaplan e Norton
(2001; 2004) ................................................................................................................. 14
Figura 2.7 – Mapa Estratégico do Conselho Municipal da Cidade de Charlotte de Kaplan
e Norton (2000; 2001) .................................................................................................. 14
Figura 2.8 – Modelo de BSC para organizações públicas proposto por Bergue(2005) ....... 15
Figura 2.9 – Modelo para organizações públicas proposto por Osório (2003) .................... 16
Figura 2.10 – Modelo de BSC para organizações públicas proposto por Passos (2004) .... 17
Figura 2.11 – Modelo de BSC para organização pública proposto por Martins (2005) ...... 17
Figura 2.12 – Modelo de BSC para IES proposto por Lawrence e Sharma (2002) ............. 18
Figura 2.13 – Modelo de BSC para IES proposto por Chen, Yang e Shian (2006) ............ 19
Figura 2.14 – Modelo de BSC para IES proposto por Umashankar e Dutta (2007) ........... 19
Figura 2.15 – Modelo Conceitual de BSC adotado na pesquisa de Silveira (2008) ............ 20
Figura 2.16 – Modelo da Pesquisa com Perspectivas e Indicadores ................................... 22
Figura 2.17 – Modelo final obtido por Silveira (2008) ........................................................ 23
Figura 2.18 – Modelo Conceitual de BSC adotado na pesquisa .......................................... 23
xiii
Figura 2.19– Modelo da Pesquisa com Perspectivas e Indicadores .................................... 25
Figura 4.1 – Resultado da Análise do Modelo adotado ....................................................... 48
xiv
LISTA DE SIGLAS, NOMES E ACRÔNIMOS
BSC – Balanced Scorecard ou Painel de Indicadores Balanceados (Estratégia de aferição
de desempenho criada por Kaplan & Norton - 1992).
MEC – Ministério da Educação.
SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior.
ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes.
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
IES – Instituição de Ensino Superior.
CPA – Comissão Própria de Avaliação.
CONAES – Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior.
CEFETs – Centros Federais de Educação Tecnológica.
ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio.
LDB – Lei das Diretrizes e Base da Educação Nacional.
CENSO – Censo do Ensino Superior.
1
Capítulo 1
Introdução
Versa o estudo sobre os indicadores de desempenho de Instituições de Ensino
Superior privada aplicando a abordagem do Balanced Scorecard para avaliar os
indicadores existentes, decorrentes do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior
(SINAES) do Ministério da Educação.
Este capítulo apresenta a contextualização da pesquisa, o objetivo, a relevância e a
organização da Tese.
1.1 Contextualização
O Ensino Superior no Brasil é uma atribuição constitucional da União, exceto nos
casos onde os Estados atuam (BRASIL, 1988). Assim, compete à União a avaliação e
autorização do funcionamento de cursos e Instituições de Ensino Superior (IES).
No final dos anos 90, o sistema de ensino superior no Brasil teve duas mudanças
importantes. A primeira mudança foi o aumento acentuado da oferta de vagas do setor
privado (Tabela 1.1).
Tabela 1.1 – IES, Matrículas e Conclusão de Cursos de Graduação no Brasil, 1991-
2005
Organização
Administrativa
IES Matrículas Concluintes
1991 2005 1991 2005 1991 2005
Pública 222
25%
231
11%
605.736
39%
1.192.189
27%
81.304
34%
195.554
27%
Privada 671
75%
1.934
89%
959.320
61%
3.260.967
73%
155.106
66%
522.304
73%
Fonte: (BRASIL, 2008)
Percebe-se ainda que o período marcante desta evolução dá-se entre o início da
década de 90 e o ano 2005 conforme figura 1.1, que apresenta um aumento da presença das
2
IES privadas e uma estagnação da educação superior no setor público. Além do
quantitativo de IES demonstrado na figura 1.1, a figura 1.2 evidencia também que o setor
privado de educação superior também vem crescendo de forma bastante relevante no
mesmo período relatado anteriormente e em relação à IES pública, apesar deste último
segmento também ter apresentado algum grau de crescimento. A segunda mudança,
decorrente da primeira, foi o aumento de mecanismos de avaliação de desempenho por
parte do Ministério da Educação, que a partir de 2004 foi denominado SINAES – Sistema
Nacional de Avaliação do Ensino Superior.
Fonte: (BRASIL, 2008)
Figura 1.1 – Evolução das IES públicas e privadas no Brasil, 1991-2005
3
Fonte: (BRASIL, 2008)
Figura 1.2 – Evolução do número de concluintes no Brasil, 1991-2005
Um dos aspectos relacionados a esse aumento da participação da oferta das IES
privadas é o aumento da competição pelos alunos. A Figura 1.3 ilustra a queda da relação
candidatos/vagas nas IES privadas, o que aumenta o risco de insucesso financeiro das
mesmas e assim passa a exigir maior atenção gerencial por parte das mantenedoras.
Fonte: (BRASIL, 2008)
Figura 1.3 – Relação Inscritos / Vagas nas IES privadas, 1991-2005
4
Criado pela Lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004, o Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior (SINAES) é formado por três componentes principais: a avaliação
das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes. O SINAES avalia todos os
aspectos que giram em torno desses três eixos: o ensino, a pesquisa, a extensão. Contanto,
a responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o corpo
docente, as instalações e vários outros indicadores, são elementos componentes do
processo de avaliação nos aspectos supra mencionados (BRASIL, 2008).
O SINAES possui instrumentos complementares: auto-avaliação, avaliação externa,
ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, Avaliação dos cursos de
graduação e instrumentos de informação (Censo e Cadastro Docente). Os resultados das
avaliações possibilitam traçar um panorama da qualidade dos cursos de instituições de
educação superior no País.
Esses instrumentos são um sistema de avaliação global e integrada das atividades
acadêmicas e fundamentam-se na necessidade de promover a melhoria da qualidade da
educação superior, além de orientar a expansão da oferta para este mercado, mensurar o
aumento permanente da eficácia institucional, medir a efetividade acadêmica e social e,
especialmente, remeter a uma reflexão sobre a necessidade do aprofundamento dos
compromissos e responsabilidades sociais das IES.
Esse sistema estabelece as seguintes dimensões para a avaliação:
Dimensão 1: A Missão e o Plano de Desenvolvimento Institucional;
Dimensão 2: Perspectiva científica e pedagógica formadora: políticas, normas e
estímulos para o ensino, a pesquisa e a extensão;
Dimensão 3: Responsabilidade social da IES;
Dimensão 4: Comunicação com a sociedade;
Dimensão 5: Políticas de pessoal, carreira, aperfeiçoamento, condições de
trabalho;
Dimensão 6: Organização e gestão da instituição;
Dimensão 7: Infra-estrutura física e recursos de apoio;
Dimensão 8: Planejamento e avaliação;
5
Dimensão 9: Políticas de atendimento aos estudantes;
Dimensão 10: Sustentabilidade financeira.
As informações obtidas com o SINAES são utilizadas pelas IES, para orientação da
eficácia institucional e efetividade acadêmica e social usadas pelos órgãos governamentais
para orientar políticas públicas e também pelos estudantes, pais de alunos, instituições
acadêmicas e público em geral, orientando as decisões quanto à realidade dos cursos e das
instituições.
A Avaliação Institucional é um dos componentes do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior (SINAES) e está relacionada:
à melhoria da qualidade da educação superior;
à orientação da expansão de sua oferta;
ao aumento permanente da eficácia institucional e da efetividade acadêmica e
social;
ao aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições
de educação superior, por meio da valorização da missão pública, da promoção dos
valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da
autonomia e da identidade institucional.
A Avaliação Institucional divide-se em duas modalidades:
Auto-avaliação - Coordenada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada
instituição e orientada pelas diretrizes e pelo roteiro da auto-avaliação institucional
da CONAES - Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior.
Avaliação externa – Realizada por comissões designadas pelo INEP e tem como
referência os padrões de qualidade para a educação superior, expressos nos
instrumentos de avaliação e nos relatórios das auto-avaliações. O processo de
avaliação externa independente da abordagem se orienta por uma visão
multidimensional que busca integrar naturezas formativas e de regulação numa
perspectiva de globalidade.
O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), que integra o
SINAES, tem o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em
6
relação aos conteúdos programáticos, as habilidades e as competências desenvolvidas
durante o processo de formação.
O ENADE é realizado por amostragem e a participação no Exame consta no
histórico escolar do estudante ou, quando for o caso, a dispensa pelo MEC. O INEP
constitui a amostra dos participantes a partir da inscrição, na própria instituição de ensino
superior, dos alunos habilitados a fazer a prova.
No conjunto, os processos avaliativos acadêmicos devem constituir um sistema que
permita a integração das diversas dimensões da realidade avaliada, assegurando as
coerências conceitual, epistemológica e prática, bem como o alcance dos objetivos dos
diversos instrumentos e modalidades.
No campo da avaliação do desempenho empresarial surgiu nos anos 90 a
proposição do Balanced Scorecard (BSC), formulado por Kaplan e Norton (1992). O BSC
propõe-se a ser um instrumento de medição e avaliação da organização de forma completa,
de modo a gerar informação mais substancial, explorar as relações de causa e efeito, as
correlações entre as atividades realizadas e a missão da organização, de modo a gerar uma
melhor visão da implementação da estratégia da organização.
Segundo Kaplan e Norton (1997), o Balanced Scorecard é um instrumento que
integra as medidas derivadas da estratégia. Sem menosprezar as medidas financeiras do
desempenho passado, essa ferramenta incorpora os vetores do desempenho financeiro
futuro. As medidas financeiras de desempenho indicam se a estratégia de uma empresa,
bem como a implementação e a execução delas, estão contribuindo para a melhoria dos
resultados financeiros.
Todavia, o BSC foi concebido tendo em mente uma organização privada com ações
no mercado de capitais. O contexto da IES privada é misto. De um lado, deve atender os
objetivos de governo, pois a educação superior é uma concessão pública, os quais, por
definição são sem fins lucrativos. Pelo lado da organização mantenedora, a IES privada
não pode ser deficitária e deve gerar determinado resultado financeiro que torne atrativa
sua operação. Assim, a adoção direta de um modelo do BSC privado não seria, a princípio,
adequada. Isso leva a uma investigação de alterações do modelo do BSC em termos de seu
modelo geral.
7
No aspecto das variáveis ou indicadores que compõem o BSC, a maior parte dos
trabalhos de pesquisa acabam ficando em uma discussão genérica e não avançam para essa
definição. Uma exceção é o trabalho de Silveira (2008) que tenta usar os indicadores
existentes na avaliação de CEFETs (Centros Federais de Educação Tecnológica) no Brasil
para modelar um BSC com indicadores e suas relações de causa-efeito.
Nesse contexto insere-se esse trabalho.
1.2 Objetivo
Objetiva avaliar os indicadores utilizados pelo MEC/SINAES numa aplicação para
IES privadas, usando a abordagem do Balanced Scorecard (BSC), proposto por Kaplan e
Norton (1992).
1.3 Relevância
Esta pesquisa contribui para o desenvolvimento dos modelos conceituais de gestão
do desempenho em instituições de Ensino Superior privada, tomando por base a dimensão
do SINAES e os dados coletados pelo ENADE, propondo uma modelagem baseada no
Balanced Scorecard. O trabalho aqui apresentado também é útil por agregar
conhecimentos sobre as contribuições proporcionados pela aplicação do Balanced
Scorecard em instituições de ensino superior.
Do ponto de vista acadêmico, acrescenta mais um estudo à parcela da produção
científica existente sobre a aplicação do modelo BSC em organizações de ensino reguladas
pelo governo federal.
1.4 Organização da Tese
A dissertação está estruturada em cinco capítulos: o primeiro contempla a
Introdução, o segundo, o Referencial Teórico, o terceiro, a Metodologia, o quarto, os
Resultados e Discussão, e o capítulo final contém as Conclusões e Recomendações.
No Capítulo 2, estão contidas as referências teóricas sobre gestão de desempenho e
Instituições de Ensino Superior, contendo Balanced Scorecard, BSC aplicado em
organizações com fins lucrativos, alguns estudos de BSC em organizações sem fins
lucrativos no Brasil, estudos internacionais de BSC em IES, um estudo próximo à idéia
desse trabalho, e o modelo adotado para pesquisa decorrente dessa revisão.
O Capítulo 3, detalha a metodologia utilizada na pesquisa bem como a sua
caracterização, mostrando como é desenvolvida e agrupada nas Tabelas sobre a coleta dos
8
indicadores contidos no SINAES para que fosse definida e caracterizada a amostra a ser
estudada. Consta ainda no capítulo três a forma como são obtidas as informações
complementares para operacionalização do modelo, mostrando como são realizados os
testes das questões de pesquisa e as análises estatísticas dos dados coletados.
A consistência e validação dos dados coletados estão no Capítulo 4, bem como a
análise exploratória dos dados, os testes de questões levantadas, os resultados das análises
estatísticas e sua freqüência na forma como foram levantadas e suas limitações.
O Capítulo 5, finaliza a apresentação do trabalho com amostragem das principais
conclusões obtidas com a pesquisa, sugerindo a sua continuidade através de trabalhos
complementares como forma de aprofundamento no estudo da avaliação dos índices de
desempenho das IES, em razão da existência de limitações na realização de tais estudos.
Nesse capítulo são realizadas, ainda, análises críticas quanto ao objetivo da pesquisa e à
metodologia utilizada na busca de evitar possíveis falhas na aferição do desempenho,
fazendo recomendações para que futuros trabalhos possam incorporar o aprendizado
alcançado com a presente pesquisa.
9
Capítulo 2
Balanced Scorecard e
Indicadores de Instituições de
Ensino Superior no Brasil
Este capítulo tem o objetivo de apresentar a revisão teórica necessária à Tese.
O capítulo está organizado e estruturado nos seguintes tópicos: Balanced
Scorecard, BSC aplicado em organizações com fins lucrativos, alguns estudos de BSC em
organizações sem fins lucrativos no Brasil, estudos internacionais de BSC em IES, um
estudo próximo à idéia desse trabalho e o modelo adotado para pesquisa decorrente dessa
revisão.
2.1 O Balanced Scorecard – BSC
Kaplan e Norton (1992) definiram um modelo de medição de desempenho
estratégico de organizações, que denominaram Balanced Scorecard (BSC), a partir de uma
pesquisa (denominada Measuring Performance in the Organization of the Future)
realizada em 12 empresas pelo Instituto Nolan Norton. O BSC é um sistema de medição de
desempenho que proporciona às partes interessadas (stakeholders) uma visão rápida,
porém abrangente, de toda a entidade. O principal aspecto do BSC é o agrupamento de
indicadores de desempenho em quatro perspectivas: „financeira‟, „cliente‟, „interna‟, e
„inovação e aprendizagem‟ (Figura 2.1), esta última posteriormente alterada em Kaplan e
Norton (1996) para a denominação „aprendizagem e crescimento‟ (Figura 2.2).
10
Perspectiva Financeira
Metas Medidas
Perspectiva Interna
Metas Medidas
Perspectiva do Cliente
Metas Medidas
Perspectiva de Inovação e Aprendizagem
Metas Medidas
Como nós parecemos aos acionistas?
Em que devemos ser excelentes?
Como nós continuamos a melhorar e a criar valor?
Como os clientes nos vêem?
Figura 2.1 – Perspectivas do BSC, como em Kaplan e Norton (1992)
Para Kaplan e Norton (1997) medir é importante, pois o que não é medido não é
gerenciado e o sistema de indicadores afeta fortemente o comportamento das pessoas
dentro e fora da organização.
Finanças
Para ter sucesso financeiro, como devemos parecer a nossos acionistas?
Objetivos Medidas Alvos Iniciativas
Aprendizagem e Crescimento
Para realizar nossa visão, como mantemos nossa capacidade de mudar e melhorar?
Objetivos Medidas Alvos Iniciativas
Processos Internos
Para satisfazer nossos acionistas e clientes, em que processos de negócio devemos ser excelentes?
Objetivos Medidas Alvos Iniciativas
Cliente
Para realizar nossa visão como devemos parecer a nossos clientes?
Objetivos Medidas Alvos Iniciativas
Visão e Estratégia
Figura 2.2 – Perspectivas do BSC, Kaplan e Norton (1996)
11
Para Kaplan e Norton (1997) muitas empresas defendem estratégias baseadas no
relacionamento com clientes, competências essenciais e capacidades organizacionais,
enquanto motivam e medem o desempenho apenas com medidas financeiras.
O BSC preserva os indicadores financeiros como a síntese final do desempenho
gerencial e organizacional (ver Figura 2.3), mas incorpora um conjunto de medidas mais
genérico e integrado que vincula o desempenho sob a ótica dos clientes, dos processos
internos, dos funcionários e dos sistemas, ao sucesso financeiro de longo prazo.
Figura 2.3 – Hierarquia das Perspectivas do BSC baseado em Kaplan e Norton (1992;
1997)
Um resumo das perspectivas do BSC é apresentado a seguir.
1. A PERSPECTIVA FINANCEIRA da Organização – levando os objetivos financeiros da
instituição a serem vinculados como estratégia, tornando a perspectiva financeira o foco
para as medidas a serem adotadas em relação às demais perspectivas de modo que qualquer
medida selecionada deve fazer parte da cadeia de causa e efeito que leva à melhoria de
desempenho financeiro da instituição.
2. A PERSPECTIVA DO CLIENTE – consiste em ser a organização “o principal formador
dos seus clientes”. Sendo esse entendimento um motivo para que o foco seja voltado para o
ambiente externo, dando nova ênfase para o que pode ser para uma instituição a frase
“agradar o cliente”, fazendo disso o objeto de todo o processo realizado pela organização.
3. PERSPECTIVA DOS PROCESSOS INTERNOS da Organização – tem base na função
de Desenvolvimento de Produtos e Serviços, que passa pelas necessidades imediatas dos
clientes e a busca de solução para tais necessidades através da melhoria dos processos
internos para contemplar os clientes com os produtos e/ou serviços desejados e oferecidos
12
pela organização, fundamentados em três processos principais que são; Inovação,
Operação e Processo Pós-venda.
4. PERSPECTIVA DE APRENDIZADO E CRESCIMENTO – é a última das quatro
perspectivas do Balanced Scorecard e tem como objetivo a orientação balizada e segura do
aprendizado e do crescimento com o desenvolvimento de objetivos e medidas estratégicas
no sentido de orientar tal aprendizado e o crescimento da Instituição de forma a completar
com o enriquecimento do conjunto de experiências os outros três ciclos como vetores de
resultados excelentes no Painel de Indicadores Balanceados (BSC).
Como dito anteriormente, um aspecto importante do modelo do BSC em empresas
com fins lucrativos é a hierarquia das perspectivas com a síntese final do desempenho da
empresa na perspectiva financeira (Kaplan e Norton, 1997). Além desse aspecto, o BSC
procura estabelecer indicadores e suas relações de causa e efeito, como pode ser ilustrado
pelo mapa estratégico da Mobil Oil apresentado por Kaplan e Norton (2000a) com a
hierarquia das perspectivas e as relações de causa-efeito entre elas, como se pode ver na
Figura 2.4.
Liderança de Produto
√ √Conhecimento do cliente
Melhorar o valor para o acionista
Construir a rede de franquias
Aumentar o valor para os clientes
Melhorar a estrutura de custos
Melhorar o uso dos ativos
Perspectiva
Financeira
Perspectiva
do Cliente
Perspectiva
dos Processos
Internos
Perspectiva da
Aprendizagem
e Crescimento
• Receita de
novas fontes
• Lucratividade
do cliente
• Custo operacional
unitário
• Uso dos ativos
Excelência Operacional
√ √ • Aquisição, retenção e satisfação
de clientes
Construir franquias por inovação
Aumentar o valor para os clientes através da gestão de processos
Alcançar excelência operacional através de processos logísticos
Tornar-se um bom cidadão corporativo através de processos ambientais e regulatórios
Competência dos empregados Tecnologia Cultura corporativa
• Retorno sobre capital empregado• Valor da açãoc
Estratégia de Crescimento de Receita
Estratégia de Produtividade
Figura 2.4 – Mapa Estratégico do BSC, Kaplan e Norton (2000)
13
2.2 Balanced Scorecard em organizações sem fins lucrativos
Em razão deste trabalho tratar de Instituições Ensino Superior (IES) no Brasil, e
como no país o ensino superior é de responsabilidade do Estado, as IES privadas operam
com uma autorização para seu funcionamento dada pelo Governo Federal (ou estadual, em
alguns casos), estando assim em um ambiente mais complexo onde têm que atender aos
interesses das organizações mantenedoras e ao mesmo tempo às exigências do Ministério
da Educação e dos alunos e famílias. Assim, cabe investigar se a perspectiva financeira do
BSC teria a mesma importância final que a da concepção básica do BSC.
O modelo básico do BSC tem por pressuposto uma organização com fins
lucrativos. Nesse sentido, a perspectiva financeira é a última e mais importante para esse
tipo de organização. Esse não é o caso de organizações sem fins lucrativos como ONGs e
Governo ou organizações públicas de serviço.
Kaplan e Norton (2000b, 2001) sugerem que uma organização sem fins lucrativos
coloque em igual importância as perspectivas financeira e do cliente, subordinadas à
missão da organização. A Figura 2.5 apresenta este modelo de perspectivas do BSC.
Figura 2.5 – Modelo de BSC para organizações sem fins lucrativos sugerido por
Kaplan e Norton (2000)
Em outra abordagem, Kaplan e Norton (2000b, 2001) citam o caso do Conselho
Municipal da cidade de Charlotte, que desenvolveu um modelo diferente. Para lidar com
temas estratégicos da cidade foi desenvolvido um modelo de BSC, no qual a perspectiva
do cliente (cidadãos) foi colocada no topo do BSC e a perspectiva financeira tornou-se a
habilitadora da perspectiva do cidadão (Figura 2.6).
14
Figura 2.6 – Modelo do BSC do Conselho Municipal de Charlotte de Kaplan e Norton
( 2001; 2004)
A Figura 2.7 apresenta o desdobramento desse modelo de BSC com o mapa
estratégico da cidade de Charlotte (Kaplan e Norton, 2000, 2001), o qual evidencia os
temas estratégicos e o respectivo BSC com a perspectiva do cidadão colocado no topo.
Aumentar a
percepção de
segurança
Reduzir
crimes
Melhorar a
prestação do
serviço
Fortalecer
vizinhança
Manter taxas
competitivas de
impostos
Promover
oportunidade
econômica
Prover transporte
seguro e
conveniente
Assegurar parceiros
de financiamento e
serviços
Maximizar
benifícios/custos
Aumentar a base
de impostos
Manter
classificação AAA
Perspectiva do cliente (cidadão)
Perspectiva do financeira
Promover a
resolução de problemas
baseada na comunidade
Agilizar
interações com
clientes
Melhorar a
produtividade
Aumentar a
capacidade da
infraestrutura
Aumentar os
contatos
positivos
Perspectiva dos processos internos
Melhorar a
gestão da
informação
Perspectiva de aprendizagem e crescimento
Alcançar clima
positivo com
funcionários
Reduzir as
diferenças de
qualificações
Cidade dentro
da Cidade
Segurança da
Comunidade
Reestruturação
do GovernoTransportes
Desenvolvimento
Econômico
Temas estratégicos
BSC
Figura 2.7 – Mapa Estratégico do Conselho Municipal da Cidade de Charlotte de
Kaplan e Norton (2000; 2001)
A mudança principal aqui é na hierarquia das perspectivas últimas, onde finanças
ou teria igual importância aos cidadãos, ou a perspectiva dos cidadãos e sociedade torna-se
a perspectiva que estabelece o fim último de atuação da organização de governo.
15
2.3 Alguns Estudos de BSC em Organizações Sem Fins Lucrativos no Brasil
Diversos estudos no Brasil têm investigado uma modelagem conceitual de BSC
para organizações de governo ou sem fins lucrativos. Neste trabalho não se faz um estudo
exaustivo, mas apresenta-se um conjunto de estudos que mostram a diversidade dessa
discussão do modelo conceitual geral de um BSC para organizações de governo ou sem
fins lucrativos. Um estudo mais detalhado pode ser encontrado em Costa e Silva (2008).
Bergue (2005) propõe a aplicação do Balanced Scorecard em organizações
públicas com base no seguinte modelo da Figura 2.8.
Usuário(Clientes)
Contribuinte(Financeiro)
Estrutura Processos
Pessoas
Figura 2.8 – Modelo de BSC para organizações públicas proposto por Bergue(2005)
Considerando o seguinte:
O foco do esforço deve estar nos conceitos de planejamento, de controle e
de estratégia;
Observar as diretrizes institucionais já existentes (crítica e adaptação) e as
interações entre as ações;
As dimensões gerenciais propostas no BSC tradicional devem ser tomadas
como uma orientação básica para composição de um modelo (também
geral) para a administração pública, incorporando os devidos
desdobramentos e transformações das dimensões estratégicas originais;
Cada organização deve transformar o modelo e traduzi-lo em sistemas
corporativos aderentes à sua realidade e necessidades gerenciais;
O usuário e o contribuinte assumem posição preponderante na construção
das estratégias de governo. Esses, para fins de estratégia, são os
destinatários finais da ação governamental;
16
As pessoas são o elo entre o aparelho estatal e os destinatários do seu
produto (bens e serviços públicos);
A geração de serviços públicos, no âmbito das organizações públicas com
destaque para setores como a Educação, a Segurança, a Saúde e a Justiça, é
intensiva no fator trabalho (processos);
A estrutura tem papel essencial na Administração Pública, notadamente nos
segmentos antes assinalados.
Osório (2003) propõe a aplicação do BSC no Instituto Municipal de Administração
Pública (IMAP), uma autarquia do município de Curitiba (PR), baseada no seguinte
modelo apresentado na Figura 2.9.
Figura 2.9 – Modelo para organizações públicas proposto por Osório (2003)
Passos (2004) em sua proposta de aplicação do BSC para uma organização pública
apresentou o seguinte modelo da Figura 2.10, no qual a perspectiva do cliente é colocada
como finalística.
Perspectiva dos Clientes/Beneficiários
Perspectiva
Financeira
Perspectiva dos Clientes/Beneficiários
Perspectiva dos Processos Internos
Perspectiva do Desenvolvimento
Institucional
17
Perspectiva
Fiduciária
Perspectiva
Processos
Internos
Perspectiva
Clientes
Perspectiva
Aprendizagem
e Crescimento
Figura 2.10 – Modelo de BSC para organizações públicas proposto por Passos (2004)
Martins (2005) propõe o modelo de BSC para gestão estratégica de uma
organização pública apresentado na Figura 2.11, no qual inclui como perspectiva final os
usuários e coloca a perspectiva financeira como a base da hierarquia.
Usuários
Processos Internos
Inovação
Pessoas
Responsabilidade Financeira
Figura 2.11 – Modelo de BSC para organização pública proposto por Martins (2005)
Esses estudos, como visto, ficam em geral no plano do modelo geral do BSC.
Todavia, nenhum deles parece atender as necessidades existentes em uma IES privada, ou
seja atender a objetivos sem fins lucrativos do governo e ao mesmo tempo gerar resultados
financeiros positivos para a organização mantenedora.
2.4 Alguns Estudos Internacionais em Educação Superior
Os estudos de modelagem de BSC em educação superior não são muito freqüentes.
Apresentam-se três modelagens realizadas por Lawrence e Sharma (2002) no contexto da
18
Nova Zelândia, Chen, Yang e Shian (2006) no caso de Universidades de Taiwan, e
Umanshantar e Dutta (2007) no contexto de uma IES na Índia.
Lawrence e Sharma (2002) elaboraram uma proposta de modelo de BSC seguindo o
modelo conceitual do BSC orientado para organizações privadas. Estes adotaram uma idéia
que denominaram de “capitalismo acadêmico”, na qual os estudantes são considerados
clientes e a educação um produto. Em sua modelagem, apresentaram sugestões de
indicadores em cada uma das perspectivas, mas sem estabelecer relações entre eles. Esse
modelo é apresentado na Figura 2.12.
Figura 2.12 – Modelo de BSC para IES proposto por Lawrence e Sharma (2002)
Chen, Yang e Shian (2006) desenvolveram um modelo de BSC também baseado no
modelo conceitual tradicional proposto por Kaplan e Norton (1992). Nessa modelagem,
embora sem apresentar evidências empíricas, são propostos indicadores e as relações de
causa-efeito teóricas. A Figura 2.13 apresenta o modelo de Chen, Yang e Shian (2006).
19
Figura 2.13 – Modelo de BSC para IES proposto por Chen, Yang e Shian (2006)
Umashankar e Dutta (2007) formularam um modelo de BSC seguindo a modelagem de
mapa estratégico apresentado por Kaplan e Norton (2001), a qual segue também o modelo
conceitual original voltado para organizações com fins lucrativos. Umashankar e Dutta
(2007) apresentam relações genéricas entre os indicadores e, como no trabalho de Chen,
Yang e Shian (2006), também não apresentam evidências empíricas das relações entre os
mesmos. A Figura 2.14 apresenta este modelo.
Figura 2.14 – Modelo de BSC para IES proposto por Umashankar e Dutta (2007)
20
Esses modelos sugerem indicadores e relações, mas não apresentam evidências das
relações de causa-efeito. No contexto do Brasil, foco desse estudo, o esquema regulatório
do ensino superior sugere que esses modelos não seriam aplicáveis, embora os indicadores
pensados possam ser úteis.
2.5 O estudo de Silveira (2008) no Brasil
Silveira (2008) realizou estudo no campo dos CEFETs. Como modelo geral do
BSC, foi adotado um modelo que inverte a perspectiva financeira e cliente na linha do
modelo adotado pela Prefeitura de Charlote, como Figura 2.15.
Figura 2.15 – Modelo Conceitual de BSC adotado na pesquisa de Silveira (2008)
Os indicadores existentes foram agrupados nesse modelo, além da inclusão dos
resultados do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, usando a Nota Média do
ENEM, acrescentado ao modelo como uma medida da qualidade da formação (Tabela 2.1).
O modelo desenvolvido para pesquisa por Silveira (2008) é apresentado na Figura
2.16, no qual a perspectiva cliente/sociedade está como a mais importante na hierarquia
das perspectivas.
21
Tabela 2.1 – Indicadores dos Relatórios de Gestão agrupados por Perspectivas do
BSC
PERSPECTIVA DO BSC INDICADORES
Perspectiva do Cliente,
Sociedade
ENEM
1) Resposta à Demanda
2) Relação Candidato/Vaga
3) Relação de Concluintes / Alunos
4) Índice de Eficiência Acadêmica – Concluintes
5) Índice de Eficiência Acadêmica – Integração Carga Horária
Perspectiva Financeira,
Orçamentária
6) Gastos correntes por aluno
7) % de gastos com o pessoal
8) % de gastos com pessoal ativo
9) % de gastos com outros custeios
10) % de gastos com custeio básico
11) % de gastos com investimentos / gastos totais
12) % de gastos com / gastos de OCC
13) % de gastos com outras fontes
14) % de gastos com convênios
15) % de gastos com convênios SETEC
Perspectiva de Processos
Internos
16) Relação de Matrículas por Turno
17) Taxa de Integração de Carga Horária / Alunos
18) Índice de Retenção do Fluxo Escolar
19) Índice de Transferências, Perdas
20) Relação Docentes em Tempo Integral
21) Relação Alunos/Docente em Tempo Integral
22) Índice de Docentes em Tempo Integral c/ Afastamento
23) Relação Docente (contrato temporário) em Tempo Integral
24) Relação Alunos / Servidor TA em Tempo Integral
25) Relação Livros (exemplares) / Alunos
26) Relação Livros (títulos) / Alunos
27) Relação Periódicos (títulos) / Alunos
Perspectiva de Aprendizagem
e Crescimento
Aprendizagem
28) Índice de Titulação do Corpo Docente
Crescimento
29) Relação de Vagas Ofertadas por Aluno
30) Relação de Ingressos por Alunos
Fonte: Indicadores FORPLAN/CONCEFET
22
Figura 2.16 – Modelo da Pesquisa com Perspectivas e Indicadores
Usando análise de correlação e coeficiente de Pearson, Silveira (2008) procurou
identificar as relações de causa-efeito mais fortes em seu modelo (Figura 2.17).
23
Figura 2.17 – Modelo final obtido por Silveira (2008)
2.6 O Modelo Adotado para Pesquisa
2.6.1 Modelo Conceitual do BSC
Considerando a literatura pesquisada e o contexto de uma IES privada, adotou-se
um modelo de BSC apresentado na Figura 2.18, o qual parte do modelo proposto por
Kaplan e Norton (2001) e inclui uma quinta perspectiva – Governo, dado o contexto
regulatório do sistema de ensino superior no Brasil.
Figura 2.18 – Modelo Conceitual de BSC adotado na pesquisa
De acordo com o modelo apresentado na figura 2.18 existem relações de
interdependência entre as dimensões que serão estudadas. Contudo, apresenta-se uma
hierarquia entre os relacionamentos propostos onde, o Governo Federal, como agente do
ambiente externo, porém, com o poder de regulador do ensino superior fundamenta todas
as outras dimensões internas, então, a partir das políticas públicas para o segmento, a IES
define suas estratégias financeiras e de relacionamento com o cliente, estas se
posicionando no mesmo nível, devem se manter em um alinhamento estratégico necessário
para amparar as decisões destas dimensões. Neste sentido e com base nas estratégias
financeiras e de cliente, a IES define seus processos internos e, por fim, decide sua
perspectiva em relação à aprendizagem e ao crescimento institucional.
O segundo passo é enquadrar os indicadores do SINAES nesse modelo. É o que se
apresenta a seguir.
24
2.6.2 Indicadores do SINAES
Considerando o modelo conceitual adotado e os indicadores SINAES fez-se uma
classificação dos mesmos em cada perspectiva, apresentado na Tabela 2.2.
Na perspectiva do governo foram incluídos indicadores relacionados à qualidade da
formação, à taxa de sucesso da IES relativa à conclusão versus ingresso, e indicadores de
atendimento à demanda social.
Na perspectiva cliente/sociedade foram incluídos os indicadores relacionados à
formação geral do aluno.
Na perspectiva financeira, na ausência de dados financeiros diretos, foi utilizado
um indicador nível de ocupação como uma aproximação de um indicador de relação
receita/custos.
Na perspectiva processos internos foram incluídos os indicadores relacionados à
infra-estrutura (biblioteca, TI, salas), corpo docente em sua relação com os alunos, e
métodos de ensino e avaliação.
Na perspectiva aprendizagem e crescimento foram classificados os indicadores
relacionados à titulação docente referente à aprendizagem, as vagas ofertadas e ingressos
referente ao crescimento.
Tabela 2.2 – Indicadores dos Relatórios de Gestão agrupados por Perspectivas do
BSC
PERSPECTIVA DO BSC INDICADORES DO SINAES UTILIZADOS
Perspectiva do Governo Objetivo estratégico de Formação
Qualidade: Desempenho no ENADE
Sucesso Institucional: Concluintes / Ingressos(ano-3)
Objetivo estratégico Atendimento à Demanda Social
Resposta à Demanda: candidatos/vaga
Fluxo de Egressos: concluintes / matrículas
Perspectiva do Cliente Formação do aluno em:
- organização e expressão do pensamento
- raciocínio lógico e análise
- capacidade de tomada de decisão
- capacidade de atuação em equipe
Perspectiva Financeira Relação Receita/Custo (retorno médio)
- Mensalidade
Perspectiva de Processos
Internos
Biblioteca
- total de títulos, volumes, títulos/aluno, volumes/aluno, uso da
biblioteca, finalidade de uso
25
Docentes
- relação aluno/docente, disponibilidade dos docentes extra-classe
Qualidade do Ensino
- qualidade dos métodos de ensino e avaliação, nível de exigência,
tamanho das turmas, qualidade das salas, tipo de material didático
adotado (livro, apostila, Xerox)
Tecnologia da Informação
- computadores acadêmicos, administrativos, uso da internet para
pesquisa, acesso aos computadores acadêmicos
Perspectiva de Aprendizagem
e Crescimento
Docentes
- quantidade total e por titulação, proporção de cada titulação
Crescimento
- relação vagas/matrículas, matrículas/docentes, ingressos/docentes
Fonte: Indicadores SINAES (2006)
2.6.3 Modelo de Relação de Causa-Efeito
Considerando o exemplo do caso apresentado por Kaplan e Norton (2000) no mapa
estratégico da empresa Mobil e o estudo de Silveira (2008), desenvolveu-se um modelo de
causa-efeito para a pesquisa apresentado na Figura 2.19.
Figura 2.19– Modelo da Pesquisa com Perspectivas e Indicadores
Mensalidade
Concluintes(ano)
/ingressos(ano-3)
26
A pesquisa de campo tentará validar de modo exploratório esses indicadores a partir
dos dados existentes nos Relatórios disponíveis do SINAES e no Relatório de Cursos do
ENADE.
27
Capítulo 3
Metodologia da Pesquisa
Este capítulo apresenta uma descrição da metodologia aplicada à pesquisa, com as
justificativas correspondentes. Descreve a população e a amostra estudada, bem como o
instrumento de coleta de informações. Mostra ainda as diversas análises estatísticas que
são implementadas ao longo da pesquisa.
O capítulo está organizado de acordo com a seguinte seqüência: tipologia da
pesquisa, população e amostra e análises de dados.
3.1 Tipologia da Pesquisa
A pesquisa é do tipo análise exploratória quantitativa. São testadas de modo
exploratório as relações de causa-efeito apresentadas no modelo da Figura 2.19 para as IES
privadas.
3.2 População, Amostra e Dados
O estudo em tela tomou como diretriz de análise dados extraídos do SINAES, com
base no resultado do ENADE de 2006, publicados no “site” do INEP - Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (BRASIL, 2007). As variáveis
estratificadas dos relatórios consultados correspondem aos indicadores considerados de
maior relevância conforme a abordagem do Balanced Scorecard.
Os dados levantados e analisados referem-se ao curso de Administração de 30
Instituições de Ensino Superior privadas do estado de São Paulo, distribuídas da seguinte
maneira: as 10 melhores avaliadas, as 10 piores avaliadas e as 10 intermediárias, segundo
avaliação do ENADE.
28
O critério de escolha das instituições de ensino superior, diz respeito ao
desempenho discente diante do processo de avaliação de cursos superiores – ENADE, por
tratar-se de um indicador que possibilita uma complexa e rica relação analítica, a partir dos
resultados obtidos por estas IES. De acordo com pressuposto que todas participam do
ENADE nas mesmas condições, objetiva-se com esta pesquisa, analisar minuciosamente e
comparativamente, cada elemento condicionante do processo de ensino-aprendizagem,
bem como seus reflexos no resultado do desempenho discente. E com isso identificar os
fatores de maior relevância para obtenção de resultados positivos no ENADE.
As instituições pesquisadas são apresentadas na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 – IES privadas pesquisadas
Clas. Nome da IES Município Média Enade
I10 FACULDADE DE MIRANDOPOLIS MIRANDOPOLIS 33.0 1
I09 FACULDADE DE CIENCIAS CONTABEIS DE ITAPETININGA ITAPETININGA 31.6 2
I08 CENTRO UNIVERSITARIO LUSIADA SANTOS 32.1 2
I07 FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS MAIRIPORA 32.7 2
I06 FACULDADES INTEGRADAS TERESA MARTIN SAO PAULO 33.0 2
I05 INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DR. ARISTIDES DE CARVALHO SCHLOBAC TAQUARITINGA 33.0 2
I04 FACULDADE DE FILOSOFIA CIENCIAS E LETRAS DE PENAPOLIS PENAPOLIS 33.1 2
I03 FACULDADE DE CIENCIAS GERENCIAIS PARAGUACU PAULISTA 33.3 2
I02 UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SAO PAULO OSASCO 33.6 2
I01
FACULDADE DE FILOSOFIA. CIENCIAS E LETRAS NOSSA
SENHORA APARECIDA SERTAOZINHO 33.7
2
M10 FACULDADES INTEGRADAS IPEP SAO PAULO 39.8 3
M09 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES MOGI DAS CRUZES 39.9 3
M08 FACULDADE DE SERTAOZINHO SERTAOZINHO 39.9 3
M07 FACULDADES INTEGRADAS DE ARARAQUARA ARARAQUARA 40.0 3
M06 UNIVERSIDADE SAO FRANCISCO ITATIBA 40.1 3
M05 PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DE CAMPINAS CAMPINAS 40.2 3
M04 FACULDADE MAX PLANCK INDAIATUBA 40.2 3
M03 CENTRO UNIVERSITARIO AMPARENSE AMPARO 40.3 3
M02 UNIVERSIDADE CIDADE DE SAO PAULO SAO PAULO 40.3 3
M01 UNIVERSIDADE IBIRAPUERA SAO PAULO 40.3 3
S10 FACULDADE DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS DE ATIBAIA ATIBAIA 51.7 4
S09 FACULDADE DE PAULINIA PAULINIA 51.7 4
S08 INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR COC RIBEIRAO PRETO 52.9 4
S07 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE SAO PAULO 52.3 5
S06 ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING SAO PAULO 53.6 5
29
S05 ESCOLA SUPERIOR DE ADMINISTRACAO E GESTAO SANTO ANDRE 54.3 5
S04 CENTRO UNIVERSITARIO ALVARES PENTEADO SAO PAULO 55.0 5
S03 FACULDADE DE ADMINISTRACAO DE EMPRESAS CAMPINAS 55.9 5
S02 FACULDADE IBMEC SAO PAULO SAO PAULO 64.6 5
S01 ESCOLA DE ADMINISTRACAO DE EMPRESAS DE SAO PAULO SAO PAULO 65.6 5
Fonte: Brasil (2007)
Legenda: Ii, Mi, Si, onde i = 01 a 10, 10 IES com menor, mediano, maior desempenho no ENADE
Os dados selecionados foram retirados dos Relatórios de Cursos disponibilizados
pelo INEP, anualmente a cada finalização dos resultados do ENADE. Neste relatório a
pesquisa se ateve ao Questionário Sócio Econômico (Anexo 1), preenchidos pelos
estudantes no ato da realização da prova do ENADE, cujo o objetivo é traçar o perfil dos
estudantes, ingressantes ou concluintes, dos cursos de graduação do país, conhecer a
opinião dos estudantes a respeito do ambiente acadêmico em que realizam a sua formação
e consolidar informações para promover a melhoria das condições de ensino e dos
procedimentos didático pedagógicos. Também foram utilizados os dados do portal
SINAES, os quais oferecem acesso aos dados coletados pelo CENSO (levantamento anual
dos dados institucionais coletados pelo INEP) das instituições de ensino. Como indicadores
utilizados pode-se destacar:
Tabela 3.2. – Indicadores do Censo e do Questionário Socioeconômico do ENADE
Indicadores Informação Fonte Questão
Número de docentes com Doutorado Instituição Censo --
Número de docentes com Mestrado Instituição Censo --
Número de docentes com Especialização Instituição Censo --
Número de docentes com Graduação Instituição Censo --
Total de Docentes Operacionado Censo --
Percentual de Doutores Operacionado Censo --
Percentual de Mestres Operacionado Censo --
Percentual de Especialistas Operacionado Censo --
Percentual de Graduados Operacionado Censo --
Número de Matrículas Instituição Censo --
Número de Ingressantes Instituição Censo --
Número de Matrículas/Docentes Operacionado Censo --
Número de Ingressantes/Docentes Operacionado Censo --
Número de Bibliotecas Instituição Censo --
Números de títulos na biblioteca Instituição Censo --
Número de volumes na biblioteca Instituição Censo --
Número de periódicos nacionais da biblioteca Instituição Censo --
Número de periódicos internacionais da biblioteca Instituição Censo --
Acervo eletrônico Instituição Censo --
30
Computadores acadêmicos Instituição Censo --
Computadores administrativos Instituição Censo --
Número de títulos/matrículas Operacionado Censo --
Número de volumes/matrículas Operacionado Censo --
Número de Periódicos Nacionais/Matrículas Operacionado Censo --
Número de Periódicos Internacionais/Matrícula Operacionado Censo --
Número de Acervo Eletrônico/Alunos Operacionado Censo --
Número de Computadores Acadêmicos/Matrículas Operacionado Censo --
Número de Computadores Administrativos/Matrículas Operacionado Censo --
Número de Vagas Instituição Censo --
Número de Vagas/Candidato Operacionado Censo --
Número de Candidatos/Vaga Operacionado Censo --
ENADE concluintes – Formação Geral Instituição Enade --
ENADE concluintes – Formação Específica Instituição Enade --
ENADE concluintes – Formação Específica Instituição Enade --
ENADE Média Instituição Enade --
ENADE Nota Instituição Enade --
Número de Concluintes Instituição Censo --
Taxa de Ociosidade Operacionado Censo --
Número de Vagas/Matrícula Operacionado Censo --
Número de Concluintes/Matrículas Operacionado Censo --
Número de Concluintes/Ingressante Operacionado Censo --
Usa a biblioteca Aluno Enade 26
Usa a biblioteca frequentemente Aluno Enade 26
Usa a biblioteca para pesquisa Aluno Enade 27
Usa a Internet para pesquisa Aluno Enade 27
Turmas < 31 alunos Aluno Enade 47
Qualidade das salas de aula Aluno Enade 48
Acesso pleno aos computadores Aluno Enade 53
Adota livro texto Aluno Enade 80
Adota cópias de trechos Aluno Enade 80
Utiliza Provas Aluno Enade 83
Trabalhos em Grupo Aluno Enade 83
Provas Discursivas Aluno Enade 83
Testes Objetivos Aluno Enade 83
Provas Práticas Aluno Enade 83
Disponibilidade dos professores Aluno Enade 84
Conhecimento dos professores Aluno Enade 84
Conhecimento dos professores (todos) Aluno Enade 84
Nível de exigência deficiente Aluno Enade 96
Nível de exigência com alguma deficiência Aluno Enade 96
Ensino Médio em Escola Pública Aluno Enade 17
Ensino Médio todo em Escola Privada Aluno Enade 17
Ensino Médio em metade ou + em escola privada Aluno Enade 17
Ingressantes em 2003 Instituição Censo --
31
Concluintes/Ingressantes/2003 Instituição Censo --
Qualidade dos métodos de ensino bastante adequados Aluno Enade 79
Qualidade dos métodos de ensino adequada Aluno Enade 79
Qualidade dos métodos de ensino pouco adequados Aluno Enade 79
Qualidade dos métodos de ensino inadequados Aluno Enade 79
Contribuição do Curso para desenvolvimento mental Aluno Enade 99
Raciocínio Lógico e Análise Aluno Enade 100
Tomada de Decisão Aluno Enade 101
Atuação em Equipe Aluno Enade 102
A tabela 3.2 apresenta os Indicadores do Censo e também os Indicadores do
Questionário Socioeconômico aplicado no ENADE. Estes subsidiaram a construção do
BSC, que por sua vez fomentará toda a análise desta pesquisa.
As fontes de informação desses indicadores foram os relatórios do ENADE
fornecidos pelo INEP as instituições de ensino superior e o CENSO do ensino superior
disponível na página do SINAES. Dentre os indicadores escolhidos, pode-se perceber que
existem três tipos de alimentação da informação, das quais: alguns indicadores dizem
respeito a questões institucionais, outros são atribuídos aos discentes e por fim, os
indicadores tipo “operacionado” que trata-se de um dado calculado com base nos demais
indicadores coletados.
3.3 Análises
As análises realizadas verifica a existência das relações entre os indicadores usando
o teste de correlação de Pearson. Segundo Crespo (2002), esse coeficiente deve indicar o
grau de intensidade da correlação entre duas variáveis, e ainda o sentido dessa correlação,
positivo ou negativo, variando de -1 a +1. Conforme interpretação da Tabela 3.2.
Tabela 3.3 – Interpretação do Coeficiente de Correlação
Valor de p (+ ou -) Interpretação
0,00 a 0,19 Uma correlação bem fraca
0,20 a 0,39 Uma correlação fraca
0,40 a 0,69 Uma correlação moderada
0,70 a 0,89 Uma correlação forte
0,90 a 1,00 Uma correlação muito forte
Fonte: Adaptada de Crespo (2002)
32
Capítulo 4
Resultados e Discussão
O propósito deste capítulo é apresentar e discutir os resultados gerados a partir do
modelo conceitual e de indicadores apresentados no Capítulo 2 e da aplicação da
metodologia de análise dos dados apresentada no Capítulo 3.
Este capítulo apresenta a análise de correlação dos indicadores em cada perspectiva
comparados e ao final uma síntese da análise.
4.1 Indicadores Aprendizagem e Crescimento
4.1.1 Aprendizagem
Efeitos na Perspectiva de Governo
A Tabela 4.1 apresenta os coeficientes de correlação de Pearson entre os
indicadores de Aprendizagem (Titulação do Corpo Docente) e os da Perspectiva de
Governo.
Pode-se compreender que a correlação só teve efeito significativo em relação à
qualidade. Em relação ao Sucesso Institucional, observa-se uma correlação moderada em
relação aos percentuais de especialistas, percebe-se que o elevado número de especialista
nas instituições de ensino tem influenciado negativamente em relação ao número de
concluintes. Os outros indicadores, a saber: resposta a demanda e egressos, não tiveram
efeitos diretos com o indicador: titulação docente. Destaca-se que a quantidade de
doutores, mestres, especialistas ou graduados pouco influenciou no resultado do ENADE,
mas a proporção de doutores teve uma relação positiva, pois influenciou moderadamente o
33
resultado, bem como a proporção de especialistas teve uma relação fortemente negativa.
Nesse contexto, sugere-se que a proporção de doutores nas IES melhora o resultado do
ENADE.
Tabela 4.1 – Correlação de Pearson de Indicadores de Aprendizagem com Governo
Indicadores de Aprendizagem
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores D M E G D/T M/T E/T G/T
Qualidade
ENADE FormGeral 0,20 0,02 -0,32 0,00 0,71* 0,01 -0,71* -0,08
ENADE FormEspec 0,18 0,03 -0,29 0,02 0,73* -0,02 -0,76* -0,03
ENADE Média 0,19 0,03 -0,30 0,01 0,73* -0,02 -0,75* -0,04
ENADE Nota 0,23 0,12 -0,25 0,12 0,65* 0,03 -0,79* 0,02
Sucesso
Institucional Concluintes/Ingresso 0,29 0,17 -0,38 0,19 0,34 0,09 -0,50* 0,02
Resposta à
Demanda Vagas/Candidatos n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a.
Egressos Concluintes/Matrícula n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a.
Legenda:
D = Total de Doutores, M = Total de Mestres, E = Total de Especialistas, G = Total de Graduados
D/T = % Doutores no Corpo Docente, E/T = % Mestres no Corpo Docente, E/T = % de Especialistas no Corpo Docente,
G/T = Proporção de Graduados no Corpo Docente
* coeficiente de Pearson > 0,50 n.a. = não aplicável
Efeitos na Perspectiva do Cliente
A análise da relação dos indicadores de aprendizagem em seus efeitos nos
indicadores de cliente.
Na análise apresentada na tabela 4.2 pode-se destacar que novamente a proporção
de docentes doutores influenciou positivamente a formação dos alunos, mas destaca-se,
também, que a quantidade e a proporção de especialistas teve um reflexo negativo na
formação dos alunos, isto aponta que as instituições, principalmente as faculdades
privadas, têm ainda um número significativo de professores especialistas. A Lei das
Diretrizes e Base da Educação - LDB, em seu artigo 52, trata que as instituições
universitárias devem ter 1/3 de seus docentes com mestrado e doutorado em seus quadros
funcionais. Na amostra das 30 instituições, 20 são instituições não universitárias
(faculdades e institutos) e 10 são instituições universitárias (universidades e centro
universitário).
34
Tabela 4.2 – Correlação de Pearson de Indicadores de Aprendizagem com Cliente
Perspectiva Cliente
Indicadores de Aprendizagem
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores D M E G D/T M/T E/T G/T
Formação
Pensamento -0,16 -0,36 -0,49 -0,28 0,52* -0,10 -0,31 -0,13
Raciocínio -0,20 -0,38 -0,55* -0,34 0,52* 0,01 -0,41 -0,15
Tomada de Decisão -0,11 -0,29 -0,45 -0,19 0,58* -0,12 -0,45 -0,04
Atuar em Equipe -0,09 -0,24 -0,45 -0,23 0,55* 0,00 -0,39 -0,19 Legenda:
D = Total de Doutores, M = Total de Mestres, E = Total de Especialistas, G = Total de Graduados
D/T = % Doutores no Corpo Docente, E/T = % Mestres no Corpo Docente, E/T = % de Especialistas no Corpo Docente,
G/T = Proporção de Graduados no Corpo Docente
* coeficiente de Pearson > 0,50
Efeito na Perspectiva Financeira
Quando se analisa a perspectiva da aprendizagem e crescimento em relação à
perspectiva financeira, percebe-se que a porcentagem de doutores em função a
mensalidade teve uma influência positiva. Contudo, ao observar a porcentagem de
especialista em relação ao mesmo indicador, evidencia-se uma influência negativa em
relação às mensalidades. Dessa forma, ressalta-se que a quantidade em termos
proporcionais de doutores seja um elemento que contribui favoravelmente na escolha do
aluno por uma instituição de ensino, independente da mensalidade praticada.
Tabela 4.3 – Correlação de Pearson de Indicadores de Aprendizagem com Financeira
Perspectiva Financeira
Indicadores de Aprendizagem
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores D M E G D/T M/T E/T G/T
Retorno Mensalidade 0,13 -0,03 -0,23 -0,01 0,69* -0,02 -0,32 -0,12
Legenda:
D = Total de Doutores, M = Total de Mestres, E = Total de Especialistas, G = Total de Graduados
D/T = % Doutores no Corpo Docente, E/T = % Mestres no Corpo Docente, E/T = % de Especialistas no Corpo Docente,
G/T = Proporção de Graduados no Corpo Docente
* coeficiente de Pearson > 0,50
4.1.2 Crescimento
Efeitos na Perspectiva do Governo
Conforme pode ser observado à tabela 4.4 demonstra a correlação entre o indicador
crescimento em relação à perspectiva do governo. Nesta correlação percebe-se que os
indicadores de quantidade de alunos matriculados, alunos por docente, e ingressantes por
docente tem baixa relevância para o alcance da qualidade no desempenho do ENADE.
35
Verifica-se ainda uma leve influência negativa do crescimento da IES em relação à
resposta a demanda. Ressalta-se neste item que todas as IES pesquisadas são instituições
privadas, as quais se caracterizam pelo excesso de oferta de vagas em relação a demanda
de mercado, assim, geralmente, não tendo êxito em preencher todas as vagas disponíveis
por cursos.
Aponta-se também na tabela 4.4 uma leve influência negativa do crescimento
institucional em relação ao egresso. Neste quesito pode-se constatar que o número de
ingressantes por docente influencia diretamente no número de concluintes por matrícula.
Isto significa que ao longo do processo de formação acadêmica/profissional,
especialmente, nos anos iniciais, a quantidade de docentes para atender o corpo discente de
uma forma mais direcionada, influencia na permanência do educando na IES. Este fato
pode ser resultante das fragilidades apresentadas pelos estudantes quanto a sua formação
básica, o que remete a uma limitação na autonomia de aprendizagem deste indivíduo. Para
suprir esta lacuna as IES têm que atentar para o número de docentes voltados para atender
e suprir esta necessidade, e assim imprimir uma política de manutenção e
acompanhamento do educando desde a entrada até a inserção no mercado de trabalho.
Além disto, as dificuldades financeiras evidenciadas durante a formação, também é um
fator relevante na evasão do ensino superior privado.
Tabela 4.4 – Correlação de Pearson de Indicadores de Crescimento com Governo
Perspectiva Governo
Indicadores de Crescimento
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores V/M M/D I/D
Qualidade
ENADE FormGeral -0,09 0,31 0,22
ENADE FormEspec -0,02 0,31 0,21
ENADE Média -0,04 0,31 0,21
ENADE Nota -0,03 0,35 0,24
Sucesso
Institucional Concluintes/Ingresso -0,15 0,14 0,04
Resposta à
Demanda Vagas/Candidatos -0,42 0,04 -0,03
Egressos Concluintes/Matrícula 0,28 -0,33 -0,41
Legenda:
V/M = Vagas / Matrículas, M/D Matrículas por Docente, I/D Ingressos/Docentes
* coeficiente de Pearson > 0,50
36
Efeitos na Perspectiva do Cliente
Verifica-se na tabela 4.5 que o número de ingressantes, matriculados e concluintes
não teve nenhuma contribuição significativa para a formação do aluno. Isso sugere que não
é o número de alunos, mas a qualidade do ensino que contribui para a formação do corpo
discente.
Tabela 4.5 – Correlação de Pearson de Indicadores de Crescimento com Cliente
Perspectiva Cliente
Indicadores de Crescimento
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores V/M M/D I/D
Formação
Pensamento 0,05 0,21 0,09
Raciocínio 0,00 0,33 0,24
Tomada de Decisão 0,14 0,22 0,10
Atuar em Equipe 0,07 0,25 0,12
Legenda:
V/M = Vagas / Matrículas, M/D Matrículas por Docente, I/D Ingressos/Docentes
* coeficiente de Pearson > 0,50
Efeitos na Perspectiva Financeira
A tabela 4.6 não apresenta referência entre os indicadores de crescimento e a
perspectiva financeira. Neste sentido pode-se afirmar que os valores das mensalidades não
influenciam a proporção de vagas por matrícula, matrícula por docente e
ingressante/docente. É importante ressaltar que as IES privadas durante o processo de
construção do Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI devem tomar como base,
parâmetros rigorosos de desenvolvimento local e regional. Isto se deve a necessidade de
entendimento do perfil do seu público alvo, assim como as suas perspectivas em relação a
formação profissional. Por outra, é importante que as IES reflitam sobre alternativas de
atuação no mercado, podendo ampliar suas ações na área de Extensão Acadêmica, como
fonte de fomento das necessidades locais e regionais. Além desta, caracteriza-se como
fonte de receita alternativa, podendo gerar um ponto de equilíbrio financeiro para a IES.
Todavia, a melhor indicação é planejar bem, para poder aplicar e gerenciar os recursos
financeiros com sustentabilidade.
Tabela 4.6 – Correlação de Pearson de Indicadores de Crescimento com Financeira
Perspectiva Financeira
Indicadores de Crescimento
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores V/M M/D I/D
Retorno Mensalidade -0,18 0,30 0,18
Legenda:
37
V/M = Vagas / Matrículas, M/D Matrículas por Docente, I/D Ingressos/Docentes
* coeficiente de Pearson > 0,50
4.2 Indicadores de Processos Internos
Efeitos na Perspectiva do Governo
Ao comparar o indicador Biblioteca da perspectiva dos processos internos com a
perspectiva do governo, tabela 4.7, percebe-se que a proporção da quantidade de títulos,
livros, periódicos nacionais, periódicos internacionais e o acervo eletrônico por aluno não
teve nenhuma influência nas quatro dimensões da perspectiva do governo (qualidade,
sucesso institucional, resposta a demanda e egressos). Estes dados levam a pensar que, por
se tratar de instituições privadas do estado de São Paulo, estado de um bom poder
aquisitivo, os alunos adquiram seus livros em vez de utilizá-los os da biblioteca.
Entretanto, verifica-se uma moderada contribuição positiva em relação ao uso da
biblioteca e o uso da biblioteca para pesquisa. Assim, sugere-se que o estímulo ao uso da
biblioteca são fatores preponderantes para a melhoria da qualidade do ensino, pois além do
aluno ter a bibliografia básica pode consultar outras bibliografias de interesse seu e do
curso.
Tabela 4.7 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Biblioteca) com
Governo
Perspectiva Governo
Indicadores de Processos – Biblioteca
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores T/A L/A PN/A PI/A AE/A Uso Freq Pesq
Qualidade
ENADE FormGeral -0,34 -0,35 -0,22 -0,23 -0,24 0,45 0,34 0,48
ENADE FormEspec -0,30 -0,31 -0,18 -0,15 -0,22 0,42 0,37 0,41
ENADE Média -0,31 -0,32 -0,19 -0,17 -0,23 0,43 0,36 0,43
ENADE Nota -0,29 -0,30 -0,20 -0,19 -0,20 0,37 0,34 0,41
Sucesso
Institucional Concluintes/Ingresso -0,23 -0,25 -0,12 -0,19 -0,28 0,47 0,16 0,44
Resposta à
Demanda Vagas/Candidatos -0,09 -0,10 -0,13 0,16 -0,11 n.a. n.a. n.a.
Egressos Concluintes/Matrícula 0,28 0,33 0,10 0,05 0,10 -0,18 -0,24 -0,28
Legenda:
T/A = Títulos por Aluno, L/A = Livros por Aluno,
PN/A = Periódicos Nacionais por Aluno, PI/A = Periódicos Internacionais por Aluno
AE/A = Acervo Eletrônico por Aluno
Uso = Uso da Biblioteca, Freq = Freqüência de Uso da Biblioteca,
Pesq = Uso da Biblioteca para Pesquisa
* coeficiente de Pearson > 0,50 n.a. = não aplicável
38
Quando compara-se o uso da TI com a dimensão perspectiva do governo, tabela
4.8, demonstra-se que tanto a quantidade de computadores acadêmicos, quanto a relação de
computadores acadêmicos e administrativos por aluno não apresentaram nenhuma relação
entre os indicadores de qualidade, sucesso institucional e egressos. Dessa maneira, destaca-
se que a quantidade de computadores administrativos teve uma relação positiva quando
verifica-se a resposta à demanda (vagas/candidato), assim pode-se observar que os alunos
visualizam a quantidade de computadores administrativos em uma ideia de porte da
instituição, visto que, quanto mais computadores na parte administrativa, mais organizada
e mais rápido os serviços sejam ofertados. Ainda nesta perspectiva ressalta-se que uso da
internet para pesquisa teve uma influência moderadamente negativa. A partir desse dado,
aponta-se que a facilidade da cópia de trabalhos e pesquisas, especialmente pela
acessibilidade a internet, pode ser um elemento contributivo ao resultado apresentado.
Por outro lado, verifica-se que o acesso aos computadores teve um forte efeito
positivo na nota do ENADE, assim, sugere-se que uma instituição não deve ter três, quatro
ou cinco laboratórios de informática, mas ter três, quatro ou cinco laboratórios disponíveis
para os alunos terem acesso aos serviços inerentes ao processo de formação educacional.
Tabela 4.8 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (TI) com Governo
Perspectiva Governo
Indicadores de Processos – TI
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores Acad Admin Ac/A Ad/A Inte Acesso
Qualidade
ENADE FormGeral 0,22 0,31 0,16 0,26 -0,43 0,72*
ENADE FormEspec 0,21 0,28 0,17 0,25 -0,38 0,76*
ENADE Média 0,22 0,29 0,17 0,26 -0,40 0,75*
ENADE Nota 0,26 0,33 0,10 0,18 -0,36 0,72*
Sucesso
Institucional Concluintes/Ingresso 0,23 0,36 -0,08 0,05 -0,38 0,38
Resposta à
Demanda Candidatos/Vaga 0,33 0,56* 0,10 0,35 n.a. n.a.
Egressos Concluintes/Matrícula -0,07 -0,01 0,12 0,19 0,26 -0,14
Legenda:
Acad = Quantidade de computadores para fins acadêmicos
Admin = Quantidade de computadores para fins administrativos
Ac/A = Computadores Acadêmicos por aluno
Ad/A = Computadores Administrativos por aluno
Inte = Uso da Internet para Pesquisa
Acesso = Acesso pleno aos computadores pelos alunos
* coeficiente de Pearson > 0,50
n.a. = não aplicável
Quando correlacionados com a qualidade do ensino, indicador da perspectiva dos
processos internos com a perspectiva do governo, tabela 4.9, aponta-se que em relação à
39
resposta a demanda e aos egressos não percebe-se nenhuma alteração significativa. Mas,
em relação à qualidade pode-se afirmar que a qualidade dos métodos de ensino influenciou
positivamente a qualidade, isto quer dizer que a metodologia adequada, os equipamentos
necessários e o material didático apresentado influenciaram positivamente na obtenção da
nota do ENADE. Quando, relacionou-se a metodologia inadequada do curso ao resultado
obtido no ENADE, observou-se efeito moderadamente negativo. Verifica-se ainda que,
quando o nível de exigência do curso foi fácil ou brando, o resultado da correlação
demonstra um efeito negativo na nota do ENADE, então, pode-se afirmar que quanto mais
exigente no nível de ensino, melhor a qualidade da nota do ENADE.
A pesquisa sugere que o tamanho da turma não tem referência direta com a nota do
ENADE, mas a qualidade da sala tem uma forte referência positiva na nota obtida na
avaliação de desempenho do estudante. Desta forma, sugere-se que conforto,
luminosidade, tamanho adequado da sala, ventilação e climatização, são fatores mínimos
para a qualidade do ensino prestado.
Constata-se também que a adoção do livro texto mostra um efeito positivo em
relação à qualidade e ao sucesso institucional, significa indiretamente que as IES
pesquisadas estão estimulando o uso da biblioteca. E ao contrário, o uso de apostilas teve
uma forte referência negativa em relação à qualidade e ao sucesso institucional, o que
sugere que as IES que preocupam-se com a qualidade da formação do corpo discente, deve
evitar a utilização de apostilas, cópias, entre outros meios que não estimulem os discente a
buscarem livros textos como fonte de fundamentação do processo de aprendizagem.
Tabela 4.9 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Ensino 1) com
Governo
Perspectiva Governo
Indicadores de Processos – Ensino 1
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores MetS MetA MetD Exig Turm Sala LvTxt Xrx Apost
Qualidade
ENADE FormGeral 0,59* -0,22 -0,42 -0,56* -0,19 0,62* 0,78* -0,30 -0,68*
ENADE FormEspec 0,63* -0,23 -0,45 -0,62* -0,19 0,60* 0,80* -0,33 -0,68*
ENADE Média 0,62* -0,23 -0,44 -0,61* -0,19 0,61* 0,80* -0,32 -0,69*
ENADE Nota 0,57* -0,22 -0,40 -0,59* -0,21 0,52* 0,76* -0,29 -0,67*
Sucesso
Institucional Concluintes/Ingresso 0,19 0,06 -0,22 -0,31 -0,36 0,38 0,54* -0,28 -0,42
Resposta à
Demanda Vagas/Candidatos 0,36 -0,21 -0,21 -0,33 -0,34 0,37 n.a. n.a. n.a.
Egressos Concluintes/Matrícula -0,05 0,05 -0,01 0,25 -0,02 0,02 0,01 0,05 0,00*
Legenda:
MetS/A/D = Qualidade dos Métodos de Ensino Superior / Adequada / Deficiente
Exig = Nível de Exigência Deficiente (Nível de Facilidade)
Turma = Proporção de turmas menores que 31 alunos
40
Sala = Qualidade da Sala de Aula
LvTxt = Adota Livro Texto
Xerox = Adota Cópias Xerox de Trechos
Apost = Adota Apostila e Resumos
* coeficiente de Pearson > 0,50 n.a. = não aplicável
A tabela 4.10, evidencia ainda a comparação entre a qualidade do ensino, indicador
da perspectiva dos processos internos, com a perspectiva do governo. Nesta tabela pode-se
perceber que a didática com aulas expositivas e participação dos alunos teve uma
influência positiva em relação à formação geral do ENADE. Nesta perspectiva, pode-se
destacar que a formação geral trata de temas do cotidiano e temas emergentes, que são
sempre fruto de análise de discussão em sala de aula. Pode-se ainda sinalizar que o
trabalho em grupo teve uma influência negativa em relação a todas as notas do ENADE.
Este fator reflete, por vezes, a falta do amadurecimento do alunado, em relação ao trabalho
em equipe, onde é comum que esta prática seja efetivamente desenvolvida por poucos ou
apenas um dos membros componentes do grupo.
A avaliação de aprendizagem é um tema bastante discutido, atualmente, nas
instituições de ensino. Os desafios diante desta perspectivas são reflexões presentes quando
da discussão do processo de ensino-aprendizagem, algumas indagações são presentes, a
saber: Como avaliar? Quando avaliar? o que avaliar? E de que forma?
Freitas (1995) apresenta o resultado de algumas pesquisas feitas sobre avaliação
com dados que devem levar a algumas reflexões:
a) Os professores apontaram como finalidade de avaliação: verificar se o aluno
aprendeu o conteúdo, verificar os pontos fortes e fracos para atuar/mudar
método, avaliar nível de desempenho dos alunos, promover o desenvolvimento
do aluno, verificar se o aluno atingiu os objetivos, verificar se o aluno tem os
pré- requisitos, cumprir formalidades e conceituar o aluno.
b) As técnicas mais usadas pelos professores para avaliar: trabalhos (em classe e
fora dela), observação de desempenho, provas escritas, participação e interesse
do aluno.
A pesquisa de Freitas (1995) retrata que 80% dos professores não elaboram
critérios para correção das avaliações antes de efetuá-las, 75% dos professores não
comunicam aos alunos os critérios de avaliações, 58% admitem promover ou não seus
alunos com base em juízo geral (presença de componente informal).
41
De acordo com a tabela 4.10, aponta-se que as provas discursivas têm um efeito
positivo direto nas notas do ENADE, vale ressaltar que as provas do ENADE, desde o
início, ainda com o PROVÃO, tratam da interdisciplinaridade na formulação dos
conteúdos das questões da prova, correlação entre os conteúdos para contextualizar um
determinado assunto apresenta-se como uma dificuldade dos alunos em compreender e
responder as questões do ENADE.
O uso das avaliações de prova prática teve um efeito negativo na nota do ENADE,
esse dado tem reflexo direto no resultado demonstrado, pois o ENADE vem resgatar
conteúdos abrangentes estabelecidos nas Diretrizes Curriculares de cada curso. E as provas
práticas não evidenciam, de forma clara e objetiva, a mensuração destes conteúdos,
outrossim, pode-se afirmar que as provas do ENADE são tradicionais e conteudistas,
relacionando saberes transversais e interdisciplinares, dificultando a relação entre o que
está sendo cobrado da Prova e o que foi visto nas atividades práticas.
Tabela 4.10 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Ensino 2) com
Governo
Perspectiva Governo
Indicadores de Processos – Ensino 2
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores DAE DTG APD APP ATG PDisp PCT PCM A/D
Qualidade
ENADE FormGeral 0,53* -0,72* 0,48 -0,65* -0,33 0,56* 0,39 0,40 0,31
ENADE FormEspec 0,51* -0,71* 0,42 -0,74* -0,25 0,57* 0,43 0,39 0,31
ENADE Média 0,52* -0,71* 0,44 -0,72* -0,26 0,57* 0,42 0,39 0,31
ENADE Nota 0,48 -0,69* 0,37 -0,74* -0,21 0,54* 0,37 0,38 0,35
Sucesso
Institucional Concluintes/Ingresso 0,39 -0,38 0,28 -0,50* -0,19 0,38 0,15 0,22 0,14
Resposta à
Demanda Vagas/Candidatos n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a.
Egressos Concluintes/Matrícula 0,01 0,19 0,07 0,07 -0,11 0,00 0,01 -0,20 -0,33
Legenda:
DAE = Didática predominante de aulas expositivas com participação dos alunos
DTG = Didática predominante de trabalhos em grupo em sala de aula
APD = Uso predominante de avaliação com provas discursivas
APP = Uso predominante de avaliação com provas práticas
ATG = Uso predominante de avaliação com trabalhos de grupo
PDisp = Proporção da disponibilidade da maioria ou todos os professores em atender os alunos extra-classe
PCT = Proporção dos alunos que percebem que todos professores têm domínio atualizado do assunto que lecionam
PCM = Proporção dos alunos que percebem que a maioria dos professores têm domínio atualizado do assunto que
lecionam
A/D = Alunos por Docente
* coeficiente de Pearson > 0,50 n.a. = não aplicável
Um ponto relevante desta pesquisa foi em relação à proporção de professores
disponíveis para os alunos fora da sala de aula, onde aponta um efeito positivo em relação
42
à qualidade. Este dado ressalta a relevância da existência de professores integrais e
parciais, que as instituições hoje são obrigadas pelo MEC, a disponibilizarem para
atendimentos aos alunos. Recentemente, o MEC/INEP(2008) aprovou um manual de
orientação para autorização de cursos superiores, e em relação à quantidade de professores
em tempo integral e parcial, estipulou que o percentual mínimo seja de 20% do total de
docentes do curso. A pesquisa mostra que, quanto mais professor em atendimento a aluno
fora de sala disponível para o aluno, melhor o desempenho no ENADE.
A pesquisa ainda aponta a confiança dos alunos em perceber que os professores tem
domínio atualizado do assunto que ministram, esta relação de confiança mostra que
melhora positivamente a nota da qualidade.
Efeitos na Perspectiva do Cliente
Nesta perspectiva novamente evidenciamos de maneira pouco moderada, mas
positivamente, uma relação entre a freqüência de uso da biblioteca com a formação do
aluno. Esta tendência também foi evidenciada quando comparamos com o indicador
qualidade da perspectiva do governo.
Tabela 4.11 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Biblioteca) com
Cliente
Perspectiva Cliente
Indicadores de Processos – Biblioteca
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores T/A L/A PN/A PI/A AE/A Uso Freq Pesq
Formação
Pensamento -0,08 -0,12 -0,02 -0,16 0,20 0,33 0,38 0,18
Raciocínio -0,24 -0,26 -0,10 -0,18 0,00 0,43 0,44 0,29
Tomada de Decisão -0,17 -0,17 -0,09 -0,09 0,09 0,38 0,46 0,28
Atuar em Equipe -0,18 -0,21 -0,11 -0,17 -0,03 0,39 0,45 0,27 Legenda:
T/A = Títulos por Aluno, L/A = Livros por Aluno,
PN/A = Periódicos Nacionais por Aluno, PI/A = Periódicos Internacionais por Aluno
AE/A = Acervo Eletrônico por Aluno
Uso = Uso da Biblioteca, Freq = Freqüência de Uso da Biblioteca,
Pesq = Uso da Biblioteca para Pesquisa
* coeficiente de Pearson > 0,50
No caso da infraestrutura de TI verifica-se também que é o uso dos recursos que
influencia o desempenho, assim é o acesso aos computadores e não sua quantidade o
indicador que afeta os indicadores de cliente, como se vê na Tabela 4.12.
43
Tabela 4.12 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (TI) com Cliente
Perspectiva Cliente
Indicadores de Processos – TI
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores Acad Admin Ac/A Ad/A Inet Acesso
Formação
Pensamento -0,11 -0,09 0,39 0,32 -0,23 0,74*
Raciocínio -0,14 -0,11 0,30 0,22 -0,33 0,85*
Tomada de Decisão -0,05 -0,02 0,37 0,33 -0,33 0,84*
Atuar em Equipe -0,06 0,00 0,22 0,18 -0,28 0,80* Legenda:
Acad = Quantidade de computadores para fins acadêmicos
Admin = Quantidade de computadores para fins administrativos
Ac/A = Computadores Acadêmicos por aluno
Ad/A = Computadores Administrativos por aluno
Inet = Uso da Internet para Pesquisa
Acesso = Acesso pleno aos computadores pelos alunos
* coeficiente de Pearson > 0,50
Verifica-se na tabela 4.13, que a Qualidade do Ensino em relação à formação
aponta resultados parecidos quando comparamos a qualidade do ensino com a qualidade na
formação. Pode-se notar que a metodologia no ensino teve uma influência positiva forte
em relação à formação, bem como a qualidade da sala. A adoção de livros textos teve
influência de moderada para forte em relação à formação.
Tabela 4.13 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Ensino 1) com
Cliente
Perspectiva Cliente
Indicadores de Processos – Ensino 1
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores MetS MetA MetD Exig Turm Sala LvTxt Xrx Apost
Formação
Pensamento 0,80* 0,08 -0,81* -0,73* 0,24 0,63* 0,56* -0,31 -0,43
Raciocínio 0,86* 0,04 -0,84* -0,77* 0,15 0,70* 0,62* -0,32 -0,53*
Tomada de Decisão 0,84* 0,05 -0,83* -0,80* 0,14 0,71* 0,68* -0,45 -0,49
Atuar em Equipe 0,80* -0,13 -0,67* -0,68* 0,13 0,75* 0,60* -0,36 -0,48 Legenda:
MetS/A/D = Qualidade dos Métodos de Ensino Superior / Adequada / Deficiente
Exig = Nível de Exigência Deficiente (Nível de Facilidade)
Turma = Proporção de turmas menores que 31 alunos
Sala = Qualidade da Sala de Aula
LvTxt = Adota Livro Texto
Xrx = Adota Cópias Xerox de Trechos
Apost = Adota Apostila e Resumos
* coeficiente de Pearson > 0,50
Verifica-se ainda na tabela 4.13 que a metodologia deficiente e o baixo nível de
exigência são fatores fortemente negativos na formação do aluno. O uso de apostilas ao
invés de livros textos são fatores negativos moderados na formação do aluno. Os fatores
apresentados estão ligados a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, uma vez que
são fontes primárias deste. A metodologia trata-se do caminho que cada docente utiliza
para facilitar a compreensão do alunado em relação aos conceitos, conteúdos, técnicas e
44
ferramentas a serem adotadas diante da matéria ministrada. Portanto, requer que o docente
tenha segurança e visão ampliada sobre tal disciplina; requer que este teste vários métodos,
tentado verificar qual o mais adequado a determinado conteúdo ou turma, carga horária,
etc. Assim, pressupõe a necessidade de uma fundamentação teórico-prática, planejamento,
flexibilidade, compromisso, controle e avaliação. O nível de exigência é conseqüência do
primeiro item, culmina no processo de avaliação da matéria.
Em relação ao uso da apostila, é evidente que o resultado é negativo, pois a visão
do aluno fica restrita a um único pensamento já dimensionado.
Na tabela 4.14, verifica-se em quase todos os vetores, excluindo a proporção de
alunos/docentes, há influência positiva e negativa na formação do indivíduo, podendo-se
destacar como relação positiva os seguintes vetores:
Didáticas predominante nas aulas expositivas com participação do aluno – as
aulas expositivas propiciam a discussão a respeito dos conteúdos ministrados;
Uso predominante de avaliação com provas discursivas – favorece a
compreensão dos conteúdos interdisciplinares. O ENADE evidencia estes tipos
de questões;
Proporção da disponibilidade da maioria ou todos os professores em atender os
alunos extra-classe – quanto mais professores contratados em tempo integral
facilita o contato pessoal dos alunos com os professores, favorecendo uma
relação individual de aprendizado;
Proporção dos alunos que percebem a maioria ou que todos professores têm
domínio atualizado do assunto que lecionam – se os alunos acham que os
professores tem domínio do assunto gera uma relação de confiança de ensino-
aprendizado;
Tabela 4.14 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processos (Ensino 2) com
Cliente
Perspectiva Cliente
Indicadores de Processos – Ensino 2
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores DAE DTG APD APP ATG PDisp PCT PCM A/D
Formação
Pensamento 0,62* -0,68* 0,60* -0,35 -0,45 0,71* 0,80* 0,70* 0,21
Raciocínio 0,72* -0,75* 0,71* -0,41 -0,51* 0,79* 0,80* 0,69* 0,33
Tomada de Decisão 0,73* -0,78* 0,60* -0,52* -0,38 0,79* 0,79* 0,68* 0,22
Atuar em Equipe 0,55* -0,67* 0,61* -0,58* -0,42 0,74* 0,80* 0,51* 0,25 Legenda:
DAE = Didática predominante de aulas expositivas com participação dos alunos
DTG = Didática predominante de trabalhos em grupo em sala de aula
APD = Uso predominante de avaliação com provas discursivas
45
APP = Uso predominante de avaliação com provas práticas
ATG = Uso predominante de avaliação com trabalhos de grupo
PDisp = Proporção da disponibilidade da maioria ou todos os professores em atender os alunos extra-classe
PCT = Proporção dos alunos que percebem que todos professores têm domínio atualizado do assunto que lecionam
PCM = Proporção dos alunos que percebem que a maioria dos professores têm domínio atualizado do assunto que
lecionam
A/D = Alunos por Docente
Ainda em relação à contribuição negativa desta relação destacam-se os seguintes
vetores:
Didática predominante de trabalhos em grupo em sala de aula e o uso
predominante de avaliação com trabalhos de grupo – como já foi visto neste
trabalho o uso de trabalhos em grupo, favorece apenas a quem faz o trabalho, os
demais componentes do grupo são apenas assinantes do trabalho.
Ana melhorar este parágrafo.
Uso predominante de avaliação com provas práticas – o predomínio de provas
teóricas no curso de administração tenha influenciado neste resultado.
Efeitos na Perspectiva Financeira
Na tabela 4.15, pode-se verificar que o a proporção de doutores teve uma influência
positiva em relação ao retorno. Sugere-se que o alto percentual de doutores aumenta os
custos das IES e em consequência majora os valores das mensalidades Nos demais
indicadores não percebe-se nenhum tipo de correlação que mereça destaque.
Tabela 4.15 – Correlação de Pearson de Indicadores de Processo com Financeira
Perspectiva Financeira
Indicadores de Processos Selecionados
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores DD DT D/T T L PI TIAc TIAd
Retorno Mensalidade 0.13 -0,02 0,69* 0,01 -0,02 -0,05 0,20 0,28
Legenda:
DD = Total de Docentes com Doutorado, DT = Total de Docentes, D/T = Proporção de Doutores no Corpo Docente
T = Total de Títulos de Livros na Biblioteca
L = Total de Volumes de Livros na Biblioteca
PI = Total de Periódicos Internacionais
TIAc = Total de Computadores para fins Acadêmicos
TIAd = Total de Computadores para fins Administrativos
* coeficiente de Pearson > 0,50
4.3 Indicadores do Cliente
Efeitos na Perspectiva do Governo
Quando correlaciona-se os indicadores do cliente em relação à perspectiva do
governo, evidencia-se que todos indicadores de cliente tiveram forte relação positiva com a
46
qualidade da formação. Este resultado é algo lógico, pois alunos que tem oportunidade de
ter qualidade na formação básica chegam ao ensino superior com perspectivas mais
sustentadas de desenvolver competências profissionais. Assim, as IES que tem ingressantes
com este perfil, conseguem trabalhar com matrizes curriculares mais voltadas para o
desenvolvimento de competências e habilidades requeridas pela profissão.
Já as IES que tem no seu perfil de ingressantes alunos com fragilidade e
deficiências na sua formação básica, tem que estar atentas para resgatar competências
básicas necessárias à formação profissional. Este fator interfere na composição da matriz,
que por sua vez resulta negativamente no resultado da formação profissional requerida pelo
aluno.
Tabela 4.16 – Correlação de Pearson de Indicadores Formação com Governo
Perspectiva Governo
Indicadores de Formação
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores Pensamento Raciocínio Decisão Equipe
Qualidade
ENADE FormGeral 0,57* 0,72* 0,70* 0,72*
ENADE FormEspec 0,58* 0,73* 0,75* 0,76*
ENADE Média 0,58* 0,73* 0,74* 0,75*
ENADE Nota 0,51* 0,63* 0,67* 0,72*
Sucesso
Institucional Concluintes/Ingresso 0,33 0,38 0,38 0,34
Resposta à
Demanda Vagas/Candidatos n.a. n.a. n.a. n.a.
Egressos Concluintes/Matrícula 0,00 -0,11 0,01 -0,12
Legenda:
Pensamento = Capacidade de organização e expressão do pensamento
Raciocínio = Raciocínio Lógico e Análise
Decisão = Tomada de Decisão
Equipe = Atuar em Equipe
* coeficiente de Pearson > 0,50
n.a. = não se aplica
Efeitos na Perspectiva Financeira
Os fatores apresentados na Tabela 4.17 representam uma relação moderada no
indicador Pensamento e Equipe. E no indicador Raciocínio e Decisão uma forte correlação.
Pode-se destacar que os indicadores de formação: pensamento, raciocínio, decisão e
equipe, sugere que os alunos tenham uma boa base do Ensino Médio, portanto o valor da
mensalidade será um diferenciador na escolha da instituição, pois o aluno irá pensar o
custo benefício da mensalidade.
47
Tabela 4.17 – Correlação de Pearson de Indicadores de Formação com o Financeiro
Indicadores de Formação
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores Pensamento Raciocínio Decisão Equipe
Retorno Mensalidades 0,65* 0,70* 0,70* 0,67*
Legenda:
Pensamento = Capacidade de organização e expressão do pensamento
Raciocínio = Raciocínio Lógico e Análise
Decisão = Tomada de Decisão
Equipe = Atuar em Equipe
* coeficiente de Pearson > 0,50
4.4 Indicadores Financeiros
Efeitos na Perspectiva do Governo
Na perspectiva financeira foi utilizado um indicador para análise, mensalidade. Ao
correlacionar este com a perspectiva do governo, verificou-se um desempenho fortemente
positivo em relação aos itens Qualidade e Resposta à Demanda. Ao tratar à qualidade
pode-se observar a relação custo/benefício que a instituição ofereceu em função à
mensalidade. Para tanto, são observados os serviços ofertados, a qualidade desses serviços,
as condições da infraestrutura, a capacidade de atendimento das expectativas demandadas
pelos discentes, entre outros aspectos acadêmicos e administrativos. Em relação à resposta
a demanda a mensalidade é um fator diretamente proporcional ao número de
candidatos/vaga, pois para o aluno não é só oferecer bons serviços, mas é, sobretudo
oferecer bons serviços com um preço justo.
Tabela 4.18 – Correlação de Pearson de Indicadores de Financeiro com o Governo
Perspectiva Governo
Indicador Financeiro
Coeficiente de correlação de Pearson
Objetivo Indicadores Mensalidade
Qualidade
ENADE FormGeral 0,83*
ENADE FormEspec 0,83*
ENADE Média 0,83*
ENADE Nota 0,78*
Sucesso
Institucional Concluintes/Ingresso -0,05
Resposta à
Demanda Candidatos/vaga 0,71*
Egressos Concluintes/Matrícula -0,13
Legenda:
* coeficiente de Pearson > 0,50
48
4.5 Síntese dos Resultados
A Figura 4.1 apresenta uma ilustração do resultado da análise.
Figura 4.1 – Resultado da Análise do Modelo adotado
De um modo geral, o modelo e os indicadores utilizados alcançaram uma melhor
explicação que o modelo de Silveira (2008) e complementaram os achados encontrados
anteriormente desde Kaplan e Norton (2000b, 2001). Esse resultado sugere que alguns dos
indicadores do SINAES podem ser um bom ponto de partida para uma aplicação do BSC
para as IES privadas, e que a adoção de uma medição do desempenho apropriada pode ser
útil para as IES e o Governo.
A adoção da abordagem do BSC ajuda a entender as relações de causa-efeito e a
definir melhor os indicadores. Verifica-se que quase todas as perspectivas tiveram relações
positivas ou negativas, pode-se destacar as seguintes:
• Dos indicadores de aprendizagem (titulação docente), a proporção de doutores
tem uma forte influência no indicador Governo (qualidade) e Cliente
(formação) ao contrário do indicador de crescimento que possui pouca
influência em relação aos mesmos indicadores;
Mensalidade
49
• O indicador de crescimento (vagas/matrícula) tem uma forte influência negativa
em relação ao indicador financeiro (nível de ocupação);
• Dos Indicadores de processos internos usados, o da biblioteca tem efeito em
relação à qualidade e ao sucesso institucional na perspectiva do governo.
Enquanto os indicadores de TI, têm relação forte com o indicador Governo
(qualidade) e Cliente (formação), quando verificada a variável acesso aos
computadores.
• Ainda nos indicadores de processos, pode-se apontar que as variáveis de
qualidade do ensino têm influências significativas, tanto negativas como
positivas em relação à qualidade na perspectiva governo e de cliente.
• A perspectiva cliente, no indicador formação, todas as variáveis tiveram forte
relação com o indicador qualidade na perspectiva governo e de cliente
(formação).
• A perspectiva Financeira (mensalidade) teve muita influência em relação à
qualidade e em relação à resposta a demanda, ambas da perspectiva do governo.
Mensalidade
50
Capítulo 5
Conclusões e Recomendações
Este capítulo apresenta uma síntese geral dos resultados obtidos na pesquisa com
suas principais conclusões e recomendações.
Inicialmente se apresenta uma análise crítica quanto ao objetivo da pesquisa bem
como quanto à metodologia aplicada. Em seguida se apontam as limitações e direções de
pesquisa. Ao final, propõem-se algumas recomendações e se faz uma conclusão final do
trabalho.
5.1 Análise crítica quanto ao objetivo
Os resultados obtidos na pesquisa teórica e de campo permitem dizer que o objetivo
foi alcançado, pois:
a) se investigou o modelo conceitual do BSC e se propôs uma modelagem conceitual
distinta para uso nas instituições de ensino superior;
b) foram selecionados e classificados indicadores em número reduzido tomando por
referência os indicadores definidos no SINAES, para todas as perspectivas – Governo,
cliente, financeira, processos internos, aprendizagem e crescimento;
c) os dados dos indicadores foram avaliados nessa abordagem, apresentando resultados
interessantes seja na direção de apontar relação causa-efeito, seja em que indicadores
considerados importantes não apresentaram essa relação.
Pelo exposto, o trabalho atingiu seu objetivo e contribui no avanço de
conhecimento para aplicação de BSC em instituições de ensino superior.
51
5.2 Limitações da tese
As principais limitações do trabalho dizem respeito à amostra dos dados e aos
indicadores. A amostra analisada restringiu a apenas um estado da federação, e apenas um
Curso pesquisado. Não foram utilizados outros indicadores financeiros, pela dificuldade de
conseguir estas informações nos relatórios do CENSO e SINAES.
5.3 Direções de pesquisa
Algumas direções surgem desse trabalho:
a) Ampliar o universo dos dados para outros cursos e em outros estados.
b) Aplicar a pesquisa em uma instituição de ensino que tenha mais de dez
cursos;
c) Realizar pesquisa longitudinal, ao longo dos anos, para verificar a evolução
das relações;
d) Conceber indicadores de variação, em vez de valores absolutos, tais como
taxa de aumento de vagas/aluno, taxa de aumento de investimento, taxa de
mudança na nota do ENADE.
5.4 Recomendações
Em função dos resultados obtidos e da experiência acumulada com a presente
pesquisa, recomendam-se as seguintes ações as instituições de ensino superior;
a) Considerar a adoção de um modelo BSC nos moldes aqui apresentados;
b) Definir indicadores de avaliação administrativa e pedagógica;
c) Aplicar continuamente avaliação dos indicadores administrativos e
pedagógicos a fim de corrigir e realinhar práticas e processos;
d) Aumentar o envolvimento do professor e do discente na participação do
processo de avaliação institucional;
e) Aumentar o envolvimento do corpo administrativo na avaliação
institucional;
f) Planejar e redirecionar as diretrizes institucionais, a partir dos resultados
obtidos nas avaliações;
52
g) Provisionar recursos para aplicar na correção/realinhamento de práticas e
processos;
h) Adotar medidas corretivas de maneira institucionalizada;
i) Aprimorar a formulação de indicadores que possuam capacidade de explicar
efeitos finais desejados;
j) Acrescentar indicadores colhidos na Avaliação Institucional interna;
k) Acrescentar indicadores financeiros;
5.5 Conclusão
Este trabalho procura contribuir na discussão do BSC em instituição educacional,
regulamentada pelo governo federal, o que é diferente da organização empresarial típica
considerada para desenvolvimento do BSC.
A modelagem conceitual invertendo a hierarquia do BSC para aplicação nas
instituições mantidas pelo sistema federal de ensino superior e a classificação dos
indicadores atuais em todas as perspectivas do BSC proposto aponta para que há um bom
ponto de partida para adoção de uma medição estratégica nos moldes do BSC.
A adoção de um modelo conceitual de medição do desempenho como apresentado
neste trabalho e a avaliação dos indicadores existentes sugere melhorias no processo atual
de medição do desempenho que podem ser muito úteis para a melhor gestão das IES,
fortalecendo instrumentos avaliativos do MEC, como SINAES e ENADE.
53
Referências
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organizações públicas. Análise: revista acadêmica da FACE, PUCRS, Porto Alegre, v.16,
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63
Anexo 2– Indicadores do SINAES
Usados
IES
Do
uto
rad
o
Mes
trad
o
Esp
ecia
lizaç
ão
Gra
du
ação
Tota
l
D/T
M/T
E/T
G/T
Mat
rícu
las
/ D
oce
nte
s
Ingr
esso
s /
Do
cen
tes
I01 222 252 130 24 628 0,35 0,40 0,21 0,04 2,72 0,72
I02 139 331 205 122 797 0,17 0,42 0,26 0,15 2,29 1,08
I03 2 4 12 12 30 0,07 0,13 0,40 0,40 7,23 1,67
I04 3 35 12 0 50 0,06 0,70 0,24 0,00 4,48 1,26
I05 12 25 17 3 57 0,21 0,44 0,30 0,05 4,19 1,68
I06 3 35 12 0 50 0,06 0,70 0,24 0,00 4,48 1,26
I07 9 41 23 6 79 0,11 0,52 0,29 0,08 3,39 1,13
I08 55 90 99 7 251 0,22 0,36 0,39 0,03 0,39 0,23
I09 1 16 18 5 40 0,03 0,40 0,45 0,13 4,48 2,38
I10 1 9 13 1 24 0,04 0,38 0,54 0,04 5,46 1,75
M01 137 330 110 41 618 0,22 0,53 0,18 0,07 4,89 1,53
M02 92 164 95 30 381 0,24 0,43 0,25 0,08 2,78 1,08
M03 7 36 19 1 63 0,11 0,57 0,30 0,02 3,98 1,06
M04 2 15 5 5 27 0,07 0,56 0,19 0,19 19,22 10,19
M05 315 330 122 179 946 0,33 0,35 0,13 0,19 3,02 0,81
M06 168 223 175 63 629 0,27 0,35 0,28 0,10 2,54 0,80
M07 7 31 14 9 61 0,11 0,51 0,23 0,15 2,30 0,70
M08 4 31 14 5 54 0,07 0,57 0,26 0,09 5,89 1,63
M09 123 244 182 127 676 0,18 0,36 0,27 0,19 2,60 1,25
M10 2 5 36 144 187 0,01 0,03 0,19 0,77 8,37 1,93
S01 187 95 7 23 312 0,60 0,30 0,02 0,07 5,21 1,28
S02 38 27 1 2 68 0,56 0,40 0,01 0,03 6,18 2,93
S03 3 11 1 0 15 0,20 0,73 0,07 0,00 23,47 6,67
S04 37 84 11 15 147 0,25 0,57 0,07 0,10 12,10 3,40
S05 11 9 5 2 27 0,41 0,33 0,19 0,07 5,89 2,70
S06 34 68 40 59 201 0,17 0,34 0,20 0,29 5,73 1,38
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64
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69
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