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e54 rev port estomatol med dent cir maxilofac. 2013; 54(S1) : e1–e59 excisional da lesão, com laser de CO2. A cicatrizac ¸ão foi por segunda intenc ¸ão. A biopsia da lesão oral mostrou caracte- rísticas morfológicas compatíveis com mucocelo de retenc ¸ ão. O diagnóstico final proposto foi de mucocelo de retenc ¸ ão. Após três semanas da realizac ¸ão da biopsia, a loca cirúrgica apresentava-se cicatrizada. Discussão e conclusões: Estudos atuais referem que a remoc ¸ão cirúrgica da lesão e respectiva glândula envolvida, é o tratamento de eleic ¸ão. O laser de CO2 oferece, nesse sentido, um conjunto de vantagens. Este permite uma excisão rápida do mucocelo, através de uma técnica simples, sem necessi- dade de suturar a lesão no final da operac ¸ão. Os resultados estéticos nas intervenc ¸ ões com laser de CO 2 são notáveis, sem fibrose ou cicatriz. Os danos nos tecidos vizinhos são minimi- zados, com menor sangramento e uma menor contaminac ¸ão da loca cirúrgica. A nível pós-operatório esta técnica permite também mais conforto ao paciente, com menor inflamac ¸ão e dor. O médico dentista deve estar atento para este tipo de lesões, visto que só são detectadas com uma visão global da cavidade oral e uma boa anamnese. A excisão da lesão a laser de CO2 surtiu efeito, num processo rápido, com reduzida dor ou inflamac ¸ão pós - operatória, apresentando um resultado estético assinalável. Até a data não é visível qualquer recor- rência da lesão. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2013.12.122 C-33. Fibroma Ossificante Periférico: A propósito de um caso clínico Maria Godinho , Sofia Macedo, Filipa Bexiga, Tinoco Torres Lopes, Rui Amaral Mendes Universidade Católica Portuguesa (UCP) Introduc ¸ ão: O fibroma ossificante periférico é uma lesão fibro-óssea benigna, caracterizada pela proliferac ¸ão fibro- blástica associada a áreas mineralizadas. Clinicamente é séssil ou pediculada, eritematosa ou normo-coloreada, com tamanho < 2 cm, frequentemente envolvendo a papila inter- dentária. Na maioria dos casos não há envolvimento ósseo subjacente susceptível de ter traduc ¸ão radiográfica. Caso clínico: Doente do sexo feminino, 32 anos, sem ante- cedentes médicos patológicos dignos de registo, apresentava uma lesão exofítica de base séssil localizada na mucosa gengi- val com 6 meses de evoluc ¸ ão. Referia ter tido uma lesão similar no final da gravidez, há dois anos, altura em que a mesma foi excisada, sem avaliac ¸ ão histológica posterior da pec ¸ a ope- ratória. O exame clínico atual revelou uma lesão exofítica envolvendo a papila interdentária do dente 4.3 e 4.4, com cerca de 8 mm, eritematosa, de consistência duro-elástica, dolorosa e sangrante à palpac ¸ão, compatível com um diagnóstico clí- nico provisório de granuloma piogénico, granuloma periférico das células gigantes ou fibroma ossificante periférico. Dados os antecedentes clínicos, optou-se por uma biópsia excisi- onal minimamente invasiva. O exame anatomo-patológico revelou: «Tecido ocupado por proliferac ¸ão densa de célu- las ovais, monomorfos, com pequenos fragmentos de tecido ósseo, dispersos, com osteócitos espac ¸ados e sem atipia, sem osteoblastose nem osteoclastose visíveis», compatível com fibroma ossificante periférico. Foi posteriormente realizada uma segunda intervenc ¸ão uma vez que havia comprometi- mento de um dos bordos cirúrgicos da lesão. O follow-up pós-operatório revelou bom cicatrizac ¸ ão. Discussão e conclusões: O diagnóstico precoce e trata- mento adequado são essenciais na abordagem do fibroma ossificante periférico. A sua elevada taxa de recidiva resulta da incompleta remoc ¸ão da lesão, da falha na eliminac ¸ão de fatores irritantes ou da dificuldade na manipulac ¸ão de tecido devido à sua localizac ¸ão. O tratamento deste tipo de lesões consiste na excisão cirúrgica, sendo importante assegurar a existência bordos cirúrgicos livres de lesão, de forma a minimizar os riscos de recidiva. Todas as lesões exofíticas, incluído aquelas que se enquadram num quadro clínico apa- rentemente menos agressivo deverão ser sujeitas a avaliac ¸ão anatomo-patológico destinada a confirmar o diagnóstico clí- nico. No fibroma ossificante periférico, a sua correta exérese cirúrgica e o subsequente follow-up assumem particular impor- tância no controlo das recidivas. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2013.12.123 C-34. Fenda Orofacial: A propósito de um caso clínico de Cromossomopatia 47,xyy Diana Bastos Aires , Liliana Dias, Daniela Soares, Maria Rosa Couto, Otília Pereira Lopes Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) Introduc ¸ ão: As fendas orofaciais resultam de alterac ¸ões aquando da fusão dos processos nasais da proeminência frontal com o processo maxilar. De acordo com as suas carac- terísticas anatómicas, genéticas e embriológicas, podem ser classificadas em fendas labiais, uni ou bilaterais, e em fen- das lábio-palatinas. Podem ainda ser categorizadas como uma alterac ¸ão isolada ou associada a uma síndrome. Estas fendas constituem um grupo de anomalias congénitas importantes, pois apresentam morbilidade significativa e etiologia com- plexa. Representam a malformac ¸ ão congénita mais frequente na região da cabec ¸a e pescoc ¸o, com uma prevalência de 1:700 nascimentos em todo o mundo. Caso clínico: Este trabalho descreve o caso de um jovem do sexo masculino de 13 anos de idade, com cromossomopatia 47,XYY. A história clínica revelou alterac ¸ões do desenvolvi- mento intelectual e do comportamento, défice de atenc ¸ão e hiperatividade. Ao exame físico observou-se uma alterac ¸ão anatómica no rebordo alveolar na região dos incisivos centrais e no 1/3 anterior do palato duro, compatível com o diagnós- tico de fenda orofacial. O exame clínico permitiu observar inflamac ¸ão gengival e perda de inserc ¸ão e osso alveolar na região ântero-superior; e o exame radiográfico perda óssea extensa nos incisivos. Discussão e conclusões: O caso clínico descrito apresenta características compatíveis com o diagnóstico de fenda oro- facial localizada transversalmente ao foramen incisivo, em posic ¸ão mediana. O plano de tratamento inclui a intervenc ¸ão de várias áreas da medicina dentária: a medicina dentária preventiva, a periodontologia, a dentisteria, a cirurgia e a ortodontia. Numa fase inicial, o controlo e a adoc ¸ão de bons hábitos de higiene oral são fundamentais para instituir os

C-33. Fibroma Ossificante Periférico: A propósito de um caso clínico

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e54 r e v p o r t e s t o m a t o l m e d d e n t c i r m a x i l o f a c . 2 0 1 3;54(S1):e1–e59

excisional da lesão, com laser de CO2. A cicatrizacão foi porsegunda intencão. A biopsia da lesão oral mostrou caracte-rísticas morfológicas compatíveis com mucocelo de retencão.O diagnóstico final proposto foi de mucocelo de retencão.Após três semanas da realizacão da biopsia, a loca cirúrgicaapresentava-se cicatrizada.

Discussão e conclusões: Estudos atuais referem que aremocão cirúrgica da lesão e respectiva glândula envolvida, éo tratamento de eleicão. O laser de CO2 oferece, nesse sentido,um conjunto de vantagens. Este permite uma excisão rápidado mucocelo, através de uma técnica simples, sem necessi-dade de suturar a lesão no final da operacão. Os resultadosestéticos nas intervencões com laser de CO2 são notáveis, semfibrose ou cicatriz. Os danos nos tecidos vizinhos são minimi-zados, com menor sangramento e uma menor contaminacãoda loca cirúrgica. A nível pós-operatório esta técnica permitetambém mais conforto ao paciente, com menor inflamacãoe dor. O médico dentista deve estar atento para este tipo delesões, visto que só são detectadas com uma visão global dacavidade oral e uma boa anamnese. A excisão da lesão a laserde CO2 surtiu efeito, num processo rápido, com reduzida dorou inflamacão pós - operatória, apresentando um resultadoestético assinalável. Até a data não é visível qualquer recor-rência da lesão.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2013.12.122

C-33. Fibroma Ossificante Periférico: Apropósito de um caso clínico

Maria Godinho ∗, Sofia Macedo, Filipa Bexiga,Tinoco Torres Lopes, Rui Amaral Mendes

Universidade Católica Portuguesa (UCP)

Introducão: O fibroma ossificante periférico é uma lesãofibro-óssea benigna, caracterizada pela proliferacão fibro-blástica associada a áreas mineralizadas. Clinicamente éséssil ou pediculada, eritematosa ou normo-coloreada, comtamanho < 2 cm, frequentemente envolvendo a papila inter-dentária. Na maioria dos casos não há envolvimento ósseosubjacente susceptível de ter traducão radiográfica.

Caso clínico: Doente do sexo feminino, 32 anos, sem ante-cedentes médicos patológicos dignos de registo, apresentavauma lesão exofítica de base séssil localizada na mucosa gengi-val com 6 meses de evolucão. Referia ter tido uma lesão similarno final da gravidez, há dois anos, altura em que a mesmafoi excisada, sem avaliacão histológica posterior da peca ope-ratória. O exame clínico atual revelou uma lesão exofíticaenvolvendo a papila interdentária do dente 4.3 e 4.4, com cercade 8 mm, eritematosa, de consistência duro-elástica, dolorosae sangrante à palpacão, compatível com um diagnóstico clí-nico provisório de granuloma piogénico, granuloma periféricodas células gigantes ou fibroma ossificante periférico. Dadosos antecedentes clínicos, optou-se por uma biópsia excisi-onal minimamente invasiva. O exame anatomo-patológicorevelou: «Tecido ocupado por proliferacão densa de célu-las ovais, monomorfos, com pequenos fragmentos de tecidoósseo, dispersos, com osteócitos espacados e sem atipia, semosteoblastose nem osteoclastose visíveis», compatível comfibroma ossificante periférico. Foi posteriormente realizada

uma segunda intervencão uma vez que havia comprometi-mento de um dos bordos cirúrgicos da lesão. O follow-uppós-operatório revelou bom cicatrizacão.

Discussão e conclusões: O diagnóstico precoce e trata-mento adequado são essenciais na abordagem do fibromaossificante periférico. A sua elevada taxa de recidiva resultada incompleta remocão da lesão, da falha na eliminacão defatores irritantes ou da dificuldade na manipulacão de tecidodevido à sua localizacão. O tratamento deste tipo de lesõesconsiste na excisão cirúrgica, sendo importante assegurara existência bordos cirúrgicos livres de lesão, de forma aminimizar os riscos de recidiva. Todas as lesões exofíticas,incluído aquelas que se enquadram num quadro clínico apa-rentemente menos agressivo deverão ser sujeitas a avaliacãoanatomo-patológico destinada a confirmar o diagnóstico clí-nico. No fibroma ossificante periférico, a sua correta exéresecirúrgica e o subsequente follow-up assumem particular impor-tância no controlo das recidivas.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2013.12.123

C-34. Fenda Orofacial: A propósito de umcaso clínico de Cromossomopatia 47,xyy

Diana Bastos Aires ∗, Liliana Dias, DanielaSoares, Maria Rosa Couto, Otília Pereira Lopes

Faculdade de Medicina Dentária da Universidadedo Porto (FMDUP)

Introducão: As fendas orofaciais resultam de alteracõesaquando da fusão dos processos nasais da proeminênciafrontal com o processo maxilar. De acordo com as suas carac-terísticas anatómicas, genéticas e embriológicas, podem serclassificadas em fendas labiais, uni ou bilaterais, e em fen-das lábio-palatinas. Podem ainda ser categorizadas como umaalteracão isolada ou associada a uma síndrome. Estas fendasconstituem um grupo de anomalias congénitas importantes,pois apresentam morbilidade significativa e etiologia com-plexa. Representam a malformacão congénita mais frequentena região da cabeca e pescoco, com uma prevalência de 1:700nascimentos em todo o mundo.

Caso clínico: Este trabalho descreve o caso de um jovem dosexo masculino de 13 anos de idade, com cromossomopatia47,XYY. A história clínica revelou alteracões do desenvolvi-mento intelectual e do comportamento, défice de atencão ehiperatividade. Ao exame físico observou-se uma alteracãoanatómica no rebordo alveolar na região dos incisivos centraise no 1/3 anterior do palato duro, compatível com o diagnós-tico de fenda orofacial. O exame clínico permitiu observarinflamacão gengival e perda de insercão e osso alveolar naregião ântero-superior; e o exame radiográfico perda ósseaextensa nos incisivos.

Discussão e conclusões: O caso clínico descrito apresentacaracterísticas compatíveis com o diagnóstico de fenda oro-facial localizada transversalmente ao foramen incisivo, emposicão mediana. O plano de tratamento inclui a intervencãode várias áreas da medicina dentária: a medicina dentáriapreventiva, a periodontologia, a dentisteria, a cirurgia e aortodontia. Numa fase inicial, o controlo e a adocão de bonshábitos de higiene oral são fundamentais para instituir os