90
C. Rudolph, The «things of greater importance». Bernard of Clairvaux’s Apologia and the medieval attitude toward art, 1990 Questões para a aula de 5 de novembro de 2015

C. Rudolph, The «things of greater importance». Bernard ...luisurbanoafonso.weebly.com/uploads/2/6/8/6/26862325/perguntas... · –Qual a posição de R. sobre a dicotomia monges

Embed Size (px)

Citation preview

C. Rudolph, The «things of greater importance». Bernard of Clairvaux’s Apologia and the medieval attitude

toward art, 1990

Questões para a aula de 5 de novembro de 2015

Cap. 1. Introdução

• Perguntas: – Qual a base económica dos mosteiros da época? – Qual é a crise de prosperidade que R. refere? – Que novas ordens religiosas ascéticas surgiram? – Qual a posição de R. sobre a dicotomia “monges brancos” /

“monges negros”? – Qual a principal crítica patente na Apologia segundo R.? – A Apologia dá informações sobre o modo como a arte

podia ser percecionada de modo diferente consoante a sua audiência. Como?

– A arte podia ser socialmente controversa (até certo ponto, como nos nossos dias)?

– Quais as críticas que R. faz aos estudos anteriores dedicados à Apologia?

Cap. 2 – As coisas de maior importância

• Perguntas:

– Quais são as “coisas maiores”?

– A Apologia, nos caps. 28 e 29, diferencia o monge do leigo e o espaço da igreja do espaço claustral. Qual o significado dessa diferenciação?

– A arte podia provocar um efeito negativo, causando a distração espiritual dos monges?

Cap. 2 – As coisas de maior importância

• Perguntas:

– O que significa a expressão “arte para atrair doações” e “investimento monástico”?

– O que têm Gauzlin de Fleury e Suger em comum, no que respeita ao investimento monástico em arte?

– Como interpreta o surgimento de registos biográficos e autobiográficos de importantes líderes de instituições religiosas, longe de serem santos, que sublinham o seu papel como administradores? [o caso

do bispo de Coimbra, D. Miguel Salomão]

Cap. 2 – As coisas de maior importância

• Perguntas: – Como interpreta a justificação da “arte em louvor de

Deus” e a “obrigação de gastar”? – Que argumentos e que exemplos foram dados na

época como justificação desta “arte em louvor de Deus”?

– Há algum sentido em falar-se de reciprocidade a respeito destes fatores?

– Alguns setores defenderam uma relação entre a prosperidade material e a prosperidade espiritual. Como foi justificada?

– Análise do índice.

Cap. 3 – A Apologia e a arte das ordens de Cluny e Cister

• Perguntas: – Porque é que Bernardo exemplifica as suas críticas

recorrendo aos capitéis claustrais? – Três categorias iconográficas (animais, monstros e

“wordly pursuits of men”) e catorze exemplos de quê?

• Tópicos: – Os capitéis do claustro do mosteiro beneditino (ramo

clunisino) de Moissac. – As iluminuras do mosteiro beneditino (ramo clunisino)

de S. Marçal de Limoges. – As iluminuras cistercienses anteriores a S. Bernardo,

dois casos.

1. Além disso, nos claustros, diante dos olhos dos irmãos que lêem, o que fazem estas ridículas monstruosidades, uma certa maravilhosa formosidade disforme e uma certa disformidade formosa?

2. Que fazem aí os macacos imundos? 3. Que fazem aí os leões ferozes? 4. Os centauros monstruosos? 5. Os semi-homens? 6. Os tigres manchados? 7. Os militares que lutam? 8. Os caçadores que sopram cornetas? 9. Podes ver uma cabeça com muitos corpos 10. e ainda muitas cabeças num só corpo. 11. Observa-se aí a cauda de uma serpente num quadrúpede, 12. e ali a cabeça de um quadrúpede no corpo de um peixe. 13. Ali, um animal tem a parte da frente de um cavalo e a parte

de trás de uma cabra, 14. aqui um animal cornudo tem a parte de trás de um cavalo.

Oloron

Souillac

Beaulieu

Trata-se do mais antigo claustro com capitéis historiados (inscrição de

1100). Tem 88 capitéis (vegetalistas ou figurativos) e 10 baixos-relevos

em mármore (ângulos e eixo). Estes elementos foram reaproveitados

quando se criaram as arcadas em arco quebrado no séc. XIII. Notar

alternância entre colunas simples e duplas.

• Os monstros híbridos, macacos, centauros, etc. evocam a curiosidade do monge e distraem-no da meditação interior?

• Ou, pelo contrário, as imagens mentais e materiais de monstros e criaturas disformes podem ser ajudas benéficas para a meditação do monge, na medida em que evocam a luta contra as tentações e a irracionalidade: – As imagens disformes evocam a disformidade espiritual, desejos e fantasmas que

perturbavam o monge e a comunidade. – Estes exemplos de deformidade física podem refletir a batalha espiritual interior dos

monges contras os seus impulsos carnais, os seus fantasmas, imaginação e sonhos. Quando o monge cede, aproxima-se da deformidade das bestas e monstros.

– A música profana era demoníaca, as contorções de malabaristas e as bailarinas eram associadas à prostituição e à luxúria.

– Macacos e homens: monge como um atleta que luta contra os vícios; monge que cede, bestializa-se e aproxima-se, por metamorfose, do macaco; mímica/macaqueação torna superficial o ritual.

– Leões agachados , são mais um sinal da degenerescência do homem a caminhar para a bestialidade animal.

– Homens a serem devorados por monstros, representam o medo de sucumbir à bestialidade dos impulsos animais ou o processo de desintegração corporal no Inferno.

– Sereias, símbolo da luxúria, dificultam a castidade dos monges. – Anxiedades sobre sofrimentos físicos induzidos por demónios materializavam-se em

ataques de aves de rapina, ursos, leões, e outras criaturas que surgiam em sonhos. Por vezes sonhos somatizados.

– Expostas à luz do claustro, aos olhos de todos, as tentações e combates interiores dos monges podiam ser sublimados, e os medos e os fantasmas tornavam-se mais fracos.

Mosteiro beneditino de S. Miguel de Cuxa, Pirinéus

franceses.

Os 63 capitéis que existiam no claustro datam da década de 1130. Cerca de metade dos capitéis e elementos arquitetónicos foi recuperada de habitações privadas (séc. XIX) e remontada in situ na década de 1950. A outra metade dos capitéis está nos Cloisters do Metropolitan, comprada em 1906-7 por um escultor americano que em 1925 vendeu tudo a John Rockefeller Jr. para os doar ao Metropolitan.

DARWIN AO CONTRÁRIO… 4 faces do mesmo capitel. Do homem sem barba ao macaco.

Saltério de Winchester, Arcanjo S. Miguel fechando a Boca do Inferno, Ing., c. 1145. Londres, British Library ms 1846, Cotton Nero C.IV, fol. 39r

Igreja de S. Tiago de Coimbra, séc. XII

Igreja de S. João de Almedina de Coimbra, séc. XII

Igreja de S. Pedro de Coimbra, séc. XII

ILUMINURA CISTERCIENSE

1º estilo (c.1099-c.1120): de inspiração normanda, grande vitalidade dos

entrelaçamentos humanos, animais.; fantasia; trabalho manual; combate

homem/bestas. Exs. Bíblia de Estêvão Harding, Moralia in Job.

2º estilo (c.1120-c.1140): influenciado pelas formas bizantinas, hieratismo,

iluminuras de página inteira. Ex. Comentários de S. Jerónimo sobre Isaías,

Comentários de S. Jerónimo sobre os Profetas

3º estilo (c.1150-c.1220): desaparecimento da figura humana e animal.

Capitulares monocromáticas. Ex. Livro exemplar.

Bíblia de Estêvão Harding.

Cister, 1109-1111.

Estêvão Harding (abade de Citeaux entre 1108 e 1133).

Bíblia de Estêvão Harding, Citeaux, MS 12, f. 2

MS 14, f. 13. David.

MS 14, f. 14v. David dentro de uma torre, rodeado por músicos.

MS 14, f. 13

MS 14, f. 158 (detalhe). Festim de Holofernes

MS 14, f. 158 (detalhe). Judite decapita Holofernes

MS 14, f. 191 (detalhe). Massacre dos 7 irmãos macabeus

MS 15, f. 11v e 29v. Incipt dos Evangelhos de S. Mateus e S. Marcos.

MS 15, f. 41 e 56v. Incipt dos Evangelhos de S. Lucas e S. João

MS 15, f. 41 (detalhe). Evangelho de S. Lucas

MS 15, f. 56v.

MS 15, f. 125. Incipt do Apocalipse

Moralia in Job.

Cister, 1111-12.

(Estêvão Harding?)

Frontispício e inicial da Carta a Leandro. Moralia in Job. Cister,

1111-12 (Estêvão Harding?)

Iniciais dos livros 8 e 9 dos Moralia in Job. Cister, 1111-12 (Estêvão Harding?)

Iniciais dos Livros 23 e 28 dos Moralia in Job. Cister, 1111-12 (Estêvão Harding?)

Iniciais dos Livros 30 e 21 dos Moralia in Job. Cister, 1111-12 (Estêvão Harding?)

Iniciais dos Livros 19 e 35 dos Moralia in Job. Cister, 1111-12 (Estêvão Harding?)

3º ESTILO

Dijon - BM - ms. 0114, f. 001v e 002. Breviário, Missal, Martirológio, Regra e costumes de Cister. Entre 1173-91.

Dijon - BM - ms. 0114, f. 002. Breviário, Missal, Martirológio, Regra e costumes de Cister

Dijon - BM - ms. 0114, f. 002. Breviário, Missal, Martirológio, Regra e costumes de Cister

Dijon - BM - ms. 0114, f. 136. Breviário, Missal, Martirológio, Regra e costumes de Cister

ALCOBAÇA

Moralia in Job, 3 vols. (ALC. 349-351)

c.1175-1200 (ALC. 350, f. 2)

Produção local. Recupera os austeros modelos de iluminação em vigor na época de S. Bernardo.

ALCOBAÇA

Comentário ao Génesis e ao Êxodo (ALC. 404) f. 1

1º quartel séc. XIII

Realizado fora do mosteiro (França?, Pen. Ib.?)

Gradual, inícios séc. XIII (ANTT Lorvão 15 f. 50). Inicial «R». 395x260mm. Apesar de pertencer ao mosteiro do Lorvão deverá ter sido realizado em Alcobaça.

Antifonário, inícios séc. XIII (Museu de Arouca, f. 68). Inicial «Q». 90x265mm. Apesar do MS pertencer ao mosteiro de Arouca, deverá ter sido realizado em Alcobaça.

• Apesar das variações regionais, a arquitectura cisterciense tem um ar de

família (desornamentação, sobriedade e qualidade dos materiais).

• Na perspectiva cisterciense nada deveria desviar o espírito do

pensamento em Deus. Os cistercienses acreditavam que os objectos

belos, ao acentuarem o deleite perante as formas, desviavam o crente da

contemplação de Deus. Por isso, não deveriam existir ornamentos,

esculturas, tabernáculos ou vitrais coloridos.

• A simplicidade de linhas, a pureza da luz branca e a ausência de

decorações são o reflexo do ideal de simplicidade e austeridade.

• Ao contrário da arte das catedrais góticas, a estética cisterciense promove

o predomínio de uma luz branca e suave que destaca e permite ver a

arquitectura.

CISTERCIENSES

Fontenay (1139-47)

Fontenay

Semelhante a Tarouca. Naves laterais abobadadas transversalmente e nave central cega. Igreja muito baixa.

Dormitório

FONTFROIDE

FONTFROIDE

dormitório

Sala do Capítulo

FONTFROIDE

FONTFROIDE

• Pontigny. Abadia fundada em 1114, Pontigny I, com cabeceira recta. A nave actual corresponde a Pontigny II (substituída entre c.1140-60). A cabeceira foi reformulada entre 1180-1206 (corresponde a Pontigny III).

• Exemplifica a crescente complexidade das igrejas cistercienses no séc. XII, com rede de nervuras na cabeceira. Tem deambulatório com capelas radiantes, nave central rectangular com abóbada de cruzaria de nervuras, iluminação directa, alçado de 2 registos, possui arcobotantes, transepto saliente e uma proporção de 2:1 (nave central/laterais).

Pontigny