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Conforme se demonstrará a seguir, a concessionaria, prestadora de serviços de energia elétrica, imprime flagrante desrespeito aos direitos consumeristas: Da inexigibilidade do débito O débito pleiteado pela concessionária é inexigível, porque foi unilateral o desligamento da energia elétrica da residência do Autor, em razão da ausência de perícia para constatar concretamente a ligação clandestina, e da inobservância do contraditório e da ampla defesa em procedimento administrativo que culminou no corte de energia. Assim, o corte de fornecimento de energia ocorreu em meio a um procedimento administrativo unilateral para apuração de ligação clandestina de energia, em flagrante inobservância aos artigos 5º, inciso. .......... O STJ já firmou entendimento sobre o tema, conforme exemplo ementa do acordão abaixo: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. ENERGIAELÉTRICA. APURAÇÃO UNILATERAL DE FRAUDE NO MEDIDOR. SUSPENSÃO DOFORNECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. DÉBITO PRETÉRITO. 1. "Este Tribunal considera legítima a interrupção de fornecimentode energia elétrica, desde que considerados certos requisitos, emsituação de emergência ou após aviso prévio, nos casos previstos noart. 6º, § 3º, da Lei 8.987/95, a saber: a) em virtude de inadimplência do usuário; e b) por razões de ordem técnica ou desegurança das instalações."(REsp 1194150/RS, Rel. Ministro HERMANBENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 14/09/2010). 2. A jurisprudência desta Corte firmou o entendimento de serilegítima a suspensão do fornecimento de energia elétrica quando o débito decorrer de suposta fraude no medidor de consumo de energia apurada unilateralmente pela concessionária. 3. Ademais, este Tribunal possui jurisprudência no sentido de que não é lícito à concessionária interromper o fornecimento de energia elétrica por dívida pretérita, a título de recuperação de consumo,em face da existência de outros meios legítimos de cobrança dedébitos antigos não pagos. 4. Recurso especial provido.

Cabivel Ação de Inegibilidade de Débito

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fundamentos.

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Conforme se demonstrar a seguir, a concessionaria, prestadora de servios de energia eltrica, imprime flagrante desrespeito aos direitos consumeristas:Da inexigibilidade do dbitoO dbito pleiteado pela concessionria inexigvel, porque foi unilateral o desligamento da energia eltrica da residncia do Autor, em razo da ausncia de percia para constatar concretamente a ligao clandestina, e da inobservncia do contraditrio e da ampla defesa em procedimento administrativo que culminou no corte de energia.Assim, o corte de fornecimento de energia ocorreu em meio a um procedimento administrativo unilateral para apurao de ligao clandestina de energia, em flagrante inobservncia aos artigos 5, inciso. .......... O STJ j firmou entendimento sobre o tema, conforme exemplo ementa do acordo abaixo:PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. ENERGIAELTRICA. APURAO UNILATERAL DE FRAUDE NO MEDIDOR. SUSPENSO DOFORNECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. DBITO PRETRITO. 1. "Este Tribunal considera legtima a interrupo de fornecimentode energia eltrica, desde que considerados certos requisitos, emsituao de emergncia ou aps aviso prvio, nos casos previstos noart. 6, 3, da Lei 8.987/95, a saber: a) em virtude de inadimplncia do usurio; e b) por razes de ordem tcnica ou desegurana das instalaes."(REsp 1194150/RS, Rel. Ministro HERMANBENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 14/09/2010). 2. A jurisprudncia desta Corte firmou o entendimento de serilegtima a suspenso do fornecimento de energia eltrica quando o dbito decorrer de suposta fraude no medidor de consumo de energia apurada unilateralmente pela concessionria. 3. Ademais, este Tribunal possui jurisprudncia no sentido de que no lcito concessionria interromper o fornecimento de energia eltrica por dvida pretrita, a ttulo de recuperao de consumo,em face da existncia de outros meios legtimos de cobrana dedbitos antigos no pagos. 4. Recurso especial provido.(STJ - REsp: 1298735 RS 2011/0303769-6, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 01/03/2012, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicao: DJe 09/03/2012)Sem prova concreta da fraude do medidor de energia e de prvio precedimento admistrativo, no deveria ter sido feito o imediato desligamento. Cabe a quem alega provar fato constitutivo de seu direito (art. 333 do CPC). De qualquer modo, no presente caso, a regra do art. 6, VII, do CDC impe a realizao da prova da fraude do medidor pela concessionaria, em razo da hipossuficincia tcnica do consumidor autor.No presente caso, o que se percebe, na verdade, que o imediato desligamento de energia, sem provas concretas ou procedimento administrativo com contraditorio, constitui num instrumento voltado a pressionar o Autor a pagar imediatamente os dbito antigos, condio esta para restabelecimento da energia eltrica.Tal conduta viola o artigo 42 do CDC, que probe no ato da cobrana de debito, submeter o consumidor inadimplente a qualquer tipo de constrangimento.Alm disso, o acrdo do STJ colacionado citra, traz entendimento da Corte de que ilcito concessionria interromper o fornecimento de energia eltrica por dvida pretrita.Em razo disso, deve ser reconhecida a inexigilidade do dbito cobrado pela concessionria, devendo ser realizada imediata restabelecimento da energia eltrica na residncia do Autor, visto que ilegal.

Da reviso de cobrana dos dbitosOs valores a titulo de dbito cobrados pela concessionria no devem ser mantidos pelas seguintes razes: ....

Do dano moralO fornecimento de energia eltrica um servio publico que deve ser prestado de forma continua, nos termos do art. 22 do CDC, sendo at mesmo assegurado, como direito do consumidor, o seu adequado fornecimento e eficcia, que se mal prestado e ocasionar danos ao consumidor, a este assegurado pleitear reparao material e moral.No presente caso, o corte do fornecimento energia eltrica por meio de procedimento administrativo unilateral para apurao de fraude no medidor eltrico restou demonstrado ilcito. Tal conduta da concessionaria deixou o autor e sua famlia desprovida do abastecimento de energia eltrica em sua residncia, que j dura dez dias.Evidente que a falta de energia eltrica afeta o cotidiano que de uma famlia, principalmente em sua residncia. No se tratando de mero aborrecimento, mas sim de verdadeiro transtorno e sofrimento, o que caracteriza o dano moral.Em consonncia com esse raciocnio, pacificou o STJ seguinte entendimento:....Em razo disso tudo, deve ser indexada a titulo de danos morais pela concessionaria.Da tutela antecipadaNos termos do art. 273 do CPC, sempre que uma pretenso pleiteada em juzo aparentar verossimilhana, vir acompanhada de prova inequvoca, bem como correr o risco de se tornar inclume caso seja concedida to somente a poca da prolatao da sentena, tem direito o requerente de pedir que seja concedida antecipadamente.No presente caso, restou demonstrado cabalmente que o corte de energia foi unilateral, visto que se deu forma imediata, somente com a lavratura de um termo de ocorrncia, sem observncia procedimento administrativo pautado no contraditorio. Igualmente, demonstrou-se a o risco de dano irreparvel, porque a famlia est h dez dias sem fornecimento de energia eltrica, o que lhe tem causado transtornos e sofrimento.Em razo disso, deve ser concedida tutela antecipada quanto ao pedido reestabelecimento de fornecimento de energia pela concessionaria, sob pena de multa, segundo regra do art. 461, ... do CPC.