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Dossier Promocional Um dos mais pequenos países do mundo enfrenta um momento de transformação. Deixando de ser um país com pouca ambição, Cabo Verde é agora um país de rendimento médio e o mais novo membro do WTO, com grandes planos para tirar partido no século XXI das suas vantagens e localização. Ilhas no centro do Mundo CABO VERDE Março 2010 www.peninsula-press.com

Cabo Verde: Ilhas no centro do Mundo

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Um dos mais pequenos países do mundo enfrenta um momento de transformação. Deixando de ser um país com pouca ambição, Cabo Verde é agora um país de rendimento médio e o mais novo membro do WTO, com grandes planos para tirar partido no século XXI das suas vantagens e localização.

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Um dos mais pequenos países do mundo enfrenta um momento de transformação. Deixando de ser um país com pouca ambição, Cabo Verde é agoraum país de rendimento médio e o mais novo membro do WTO, com grandes planos para tirar partido no século XXI das suas vantagens e localização.

Ilhas no centro do MundoCABO VERDE

Março 2010www.peninsula-press.com

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asta folhear qualquer livro “Como serbem sucedido” e a primeira coisa que leráé sobre a importância de ter um plano.Baseado nesse critério, Cabo Verde está

no bom caminho. Esta pequena nação insularafricana, aparentemente perdida no meio doOceano Atlântico, tem grandes ambições e umaideia muito concreta de como cumpri-las. Menosde duas gerações após a conquista da indepen-dência de Portugal, e duas décadas depois de estabelecer uma democracia multi-partidária,Cabo Verde é frequentemente aclamado comoum país que serve de exemplo num continenteenvolvido em intermináveis formas de mau governo. "Poucos lugares (...) demonstram a esperança em África melhor do que CaboVerde", disse a secretária de Estado americanaHillary Clinton durante a sua visita ao arquipé-lago no ano passado.

“Alguns lugares têm aspectos que podem sercomparáveis. Mas não há nenhum que tenha conseguido juntar todos esses aspectos, como boaadministração, transparência, responsabilidade,Estado de direito, uma democracia que está a traba-lhar para o seu povo, tirando-o da pobreza, e subsequentemente, colocando-o agora numa catego-ria de países de rendimento médio no mundo.”

Será que Cabo Verde tem problemas, apesarda sua maravilhosa paisagem e praias paradisía-cas? É claro que sim. O produto interno bruto dopaís per capita (PIB) é de apenas 3.000 euros, menos do que um décimo do nível dos EstadosUnidos. O desemprego, a pobreza e a desigual-dade são todos consideravelmente elevados. E,para piorar a situação, há poucos recursos natu-rais, a maioria dos terrenos não são bons para aagricultura, sendo mesmo alguns deles pouco melhores que um deserto. Então como é que podemos estar tão optimistas?

"Os cabo-verdianos têm uma perspectivaaberta para o mundo ", disse o primeiro-minis-tro José Maria Neves. "Se os Estados Unidos fazem algo, os cabo-verdianos em breve pergun-tarão por que é que eles não podem fazê-lotambém. Esta determinação obriga qualquer governo a fazer cada vez mais. A atitude de querer fazer mais - é o motor do crescimento paraCabo Verde”.

Muitos cabo-verdianos consideram que essaperspectiva global está enraizada na sua história.As ilhas estavam desabitadas até 1462, ano emque os navegadores portugueses nas suas peque-nas caravelas ao longo do oceano Atlântico encontraram estas ilhas e nelas fundaram a suaprimeira colónia. Rapidamente a posição do arquipélago situado a cerca de 600 quilómetrosda costa Oeste de África ditou um papel central,mas inglório para Cabo Verde na globalização -como um entreposto de escravos na rota para oNovo Mundo.

O futuroA sua localização foi sempre um factor dominantepara Cabo Verde, e continua a ser assim hoje.Actualmente, jovens cabo-verdianos com licenciatu-ras em gestão estão no comando. Usam no seu vocabulário expressões como “good governance”,“leverage” e "public-private partnership”.

Algumas pessoas olham para o mapa e recor-dam que o excelente porto de águas profundas doMindelo costumava ser um importante posto decarvão e um centro para a navegação atlântica noséculo XIX e sugerem que Cabo Verde poderiatornar-se no século XXI num porto de carga comnavios porta-contentores para transbordo de carga ao longo da costa Oeste Africana.Talvez,mas é uma ideia com que o mundo dos transpor-tes marítimos terá que se deparar no futuro.

Líderes de negócios e políticos em Cabo Verde estão a pensar estrategicamente;vêem o futuro do seu país em termos das suas vantagens internacionais. O objectivo é o de encontrar os mercados mais adequados.

Introdução

“A Atitude de Querer Fazer Mais é o Motor do Crescimento”

B

Uma terra de tradição: uma casa na Boavista, um mercado depeixe; salinas; uma avenida principal de Santiago (página 3).

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Omar Camilo

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Outros vêem no século XXI um centro, sim,mas para serviços financeiros offshore. É aqui queum bom governo é mais relevante. Cabo Verdeganhou o elogio do Fundo MonetárioInternacional em 2009 pela sua gestão económi-ca durante a crise. Conseguiu também atingir o médio nível de rendimento, de acordo com astabelas das Nações Unidas, e está presentementeno processo de adesão à World TradeOrganization. Vários anos de gastos estratégicosdo governo permitiram que a média de rendimen-to mais que duplicasse, em termos de dólares, nosúltimos 20 anos, verificando-se também um aumento significativo da expectativa de vida.

Muitos dos problemas que afligem a maioriados países africanos - corrupção, instabilidadepolítica e insegurança institucional - foram amplamente resolvidos. Qual será então o melhor negócio do que dos o serviços financeirosoffshore? Pela sua localização mais próxima doque as ilhas Cayman, este mercado offshore será,com certeza, igualmente atractivo tanto para osafricanos ocidentais como para os investidoresinternacionais que procuram oportunidades de investimento em África. O governo tem inves-tido substancialmente, isto é, para um país de430.000 pessoas - em portos e aeroportos, incluindo um melhoramento no valor de cerca de

28 milhões de euros no aeroporto principal. Mas o objectivo primordial é o de promover o turismo e viagens inter-ilhas, bem como facilitaroperações de importação e exportação.

O primeiro-ministro José Maria Neves é licen-ciado em Administração Pública por uma das maisconceituadas universidades do Brasil, e muitos dosimpulsionadores de mudança do país falam prag-maticamente de melhorias em projectos que sãofundamentais para a população em geral.

A força motrizA maioria dos recentes livros descrevem CaboVerde como um país com poucos recursos natu-rais, mas muitos cabo-verdianos falam de um recurso que os livros ignoram: as centenas de milhares de compatriotas que vivem no exterior,principalmente nos Estados Unidos.

Muitos deles têm níveis de educação e experiên-cia profissional que serão inquestionavelmenteinestimáveis para o progresso da sua terra natal.

Um desses compatriotas voltou para as ilhas e ini-ciou uma empresa que que pode ajudar a transformaro país. "Cabo-verdianos não sabem de Cabo Verde,conhecem a ilha onde nasceram, mas não muito maisalém disso,”, disse Andy de Andrade, um dos empre-sários responsáveis pelo “Cabo Verde Fast Ferry.”

"Pode parecer quase irreal para pessoas que

Introdução

Pedro PiresPresidente da República de Cabo Verde

“Um passo de cada vez”

O Presidente Pedro Pires, líder histórico daluta para a independência de Cabo Verdedo governo colonial português, olha comuma certa satisfação relativamente aoprogresso do seu país e reconhecimento internacional. "Eu nãosei se isto é exactamente o que sonhava,mas é, definitivamente, o resultado de um trabalho árduo”.Pedro Pires vê com satisfação o que o seu país conseguiu, relativamente ao desenvolvimento de sólidas baseseconómicas, sociais e institucionaiscruciais para a construção do futuro do país.Mas, quando questionado sobre certassugestões populares de que o seu paíspoderia estar no limiar de uma espécie de "grande salto em frente", Pedro Piresprefere uma abordagem mais cautelosa."Acho que devemos avançar passo a passo.Sou uma pessoa que vê o progresso deforma gradual dar um passo de cada vez é essencial no processo de consolidação do que procuramos conseguir. "De acordo com uma biografia do PresidentePedro Pires, distribuída pelo seu gabinete,uma das suas mais marcantes primeiraslições políticas foi quando viu os seusconcidadãos a serem levados, desesperadose famintos, para trabalhar nos campos deagricultura em São Tomé e Príncipe. Hoje, ele exalta a primeira universidade do seu país. "Temos de criar competêncianacional para levar o país para a frente, para o progresso."

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Vislumbres de Cabo Verde (esquerdapara a direita): porto de Mindelo nailha de São Vicente; frutas tropicais no Mercado Municipal de São Vicente, Ilha do Fogo e centro da cidade dePraia, a capital na ilha de Santiago.Em baixo, a barragem de Poilão queirá melhorar o abastecimento deágua; Ilha do Sal, local favorito paraos europeus amantes do sol.

vivem numa sociedade altamente interligada, mas Andy Andrade acredita que o simples facto de existiruma travessia de barco entre as ilhas pode ajudara mudar quase tudo. Por exemplo, um pescadorde atum numa ilha será capaz de vender o exces-so de captura numa outra ilha.

"Desta forma, ele terá mais dinheiro para educar os seus filhos, para alimentar a sua família, e consequentemente haverá mais dinheiroa circular, o que, por si só, terá um efeito positivona economia em geral, criando menos dependênciasdo governo.” Ligações rápidas entre as várias ilhas

irão ajudar os profissionais de turismo, que actual-mente tendem a concentrar-se em apenas alguns locais, visto não existirem adequados meios detransporte. Por exemplo, os barcos poderão trans-portar visitantes estrangeiros para ilhas remotas quepotencialmente fomentarão o ecoturismo.

Isso é música para os ouvidos do empresárioGualberto do Rosário, que tem grandes investimentos no turismo. Ele tem planos a longoprazo para desenvolver o turismo internacional em

todo o arquipélago. "Penso que cada ilha de CaboVerde pode desenvolver o seu próprio mercado específico. Algumas das ilhas como o Sal, Boavistae Maio podem parecer iguais, mas todas elas têm opotencial de facilmente diferenciar a sua oferta.”

Numa dessas ilhas, existe um projecto paraconstruir um campo de golfe aprovado pelo PGA– Professional Golf Association que poderáatrair passageiros de cruzeiros a ficarem na ilhae praticarem a modalidade. ■

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Durante muitos anos, Cabo Verdecontribuiu para a formação de relações entre o Velho Mundo e oNovo. Inicialmente, fê-lo de formacujas recordações são dolorosas,como um dos principais armazénsde escravatura, e mais tarde de umaforma mais honrosa, como um ponto de paragem para navegaçõestransatlânticas. Hoje, as ilhas

desejam, uma vez mais, influenciaras relações hemisféricas, em parteatravés do aproveitamento da suaposição estratégica mas talvez aindamais ao enfatizar a sua emergênciacomo uma ponte cultural que incluiuma mescla das culturas africana,europeia e americana. Assim, o paísapresenta-se como um ponto inter-médio no meio do oceano. A secre-tária de Estado norte-americanaHillary Clinton fez a sua primeiravisita a Cabo Verde em Agosto, nofinal de uma visita a sete nações africanas. Durante a sua visita,Hillary Clinton mostrou-se muitoimpressionada com o que via.

Conversando com os jornalistassobre as suas reuniões com oDepartamento de Estado antes da

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Relações

visita, Hillary Clinton lembrou quea maior parte das nações Africanastinham “muitos mais problemasque aspectos positivos. “Relativa -mente a Cabo Verde, existiam muito mais aspectos positivos queproblemas.”

O país recebe largos elogios peloprogresso que tem feito desde que setornou uma democracia multiparti-dária em 1991.

Segundo a Comissão Euro peia,“Temos assistido a um crescimentoeconómico baseado em serviços (emparticular, o turismo) e uma claramelhoria nos critérios de governo,tanto em termos de democracia, direitos humanos e liberdades fundamentais, assim como em termos de governo económico.”

Em 2007, o Conselho Europeuaprovou uma “relação especial”com a ilha-nação. Relações mais estreitas são justificadas, segundo oConselho Europeu, devido ao legado cultural do país, as reformasdemocráticas, bom governo e “vocação natural para servir deponte entre os continentes europeue africano e americano, e, destemodo, como um ponto de trânsitopara pessoas e bens viajando entrea Europa e os outros continentes.”A União Europeia (UE) disponibili-zou 51 milhões de euros para o desenvolvimento económico e estáa cooperar com Cabo Verde nosseus esforços para combater o tráfico de drogas e a imigraçãoilegal. ■

A ajuda do estrangeiro pode fazer milagres, quando cuidadosamente aplicadoe sabiamente gasto. Em 2005, Cabo Verde foi seleccionado como um dos 19 países em desenvolvimento a beneficiar de um apoio colectivo no valor de 6,9 mil milhões de dólares americanos, confiado pelo Congresso norte--americano a uma nova agência intitulada “Corporação Desafio do Milénio”, ou MCC. Como o nome sugere, o objectivo era o de direccionar o apoio para os países pobres dedicados ao bom governo, liberdade económica e investimento nos seus cidadãos. Cabo Verde recebeu 110 milhões de dólaresamericanos para uma parcela de projectos quinquenais para capturar e conservar água da chuva, modernizar a agricultura, construir estradas e pontes de que tanto as famílias que vivem da terra precisam para ter acessoaos mercados, escolas e hospitais, e também para ajudar a reformar a burocracia governamental e fortalecer as instituições micro-financeiras. “O MCA tem sido um factor de transformação, e de profundas mudanças; e tem, sobretudo, vindo a introduzir um controlo rígido e transparência nos assuntos públicos”, declarou um membro dirigente do Governo de CaboVerde, que está agora a pedir a Washington um prolongamento do programa.

Um ponto intermédio no meio do Oceano

The Millenium Challenge Account (MCA):Apoio que acerta no ponto certo

Cabo Verde procura desempenharum papel central no mundoglobalizado de hoje, aproveitando,não só a sua posição estratégica,mas também a sua mistura únicadas culturas africana e europeia –isto é, o know-how de rua, bomgoverno e o Estado de direito.

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Esta reportagem coincide com o início do seu10º ano no cargo. De que modo é que o país temmudado? Creio que o mais relevante é o facto de que oscabo-verdianos se têm tornado muito determina-dos em ver a sua nação crescer e modernizar-se. Narealidade, o que antes era um país extremamentefrágil em termos económicos é agora, digamos, umpaís viável – com um futuro promissor.

E para onde se dirige?Queremos construir um país que se afirme comoum centro de serviços internacionais numa grande variedade de sectores, por exemplo no

turismo, transportes aéreos e marítimos, pesca etecnologias de informação, explorando, simulta-neamente, as riquezas e o potencial dos nossosmares; parece-me que teremos uma economia marítima muito forte. O ponto de partida paratudo isto é a modernização das nossas infra-estru-turas: água, rede de esgotos, telecomunicações,electricidade, portos, aeroportos e auto-estradas.Isto permitirá a unificação do mercado nacionale o aproveitamento da nossa vocação como umpaís que liga os vários continentes. Também permitirá que Cabo Verde se afirme como umaplataforma de negócios para a região da CostaOeste africana. Teremos que investir fortementenas pessoas, para desenvolver o nosso capital humano e fortalecer o sector de negócios, vistoque as empresas privadas são o motor da econo-mia; elas fomentam a competitividade.

Falou com o Presidente norte-americano BarackObama e o Presidente brasileiro Lula da Silva sobre a importância do investimento privado.Quais são as possibilidades?O investimento directo estrangeiro (FDI) é essen-cial, não só por causa dos recursos mas tambémdevido ao know-how e dinamismo económico

que estes investimentos trazem para um paíscomo Cabo Verde. A crise reduziu o investimen-to, particularmente o turismo imobiliário, masestamos a recuperar – o pior já passou.Fomentámos o investimento público de formaconsiderável, de modo a preparar o país para ofinal da crise, e agora o investimento estrangei-ro está a reaparecer. Acho que 2010 vai ser muito positivo, tanto em termos do FDI como decrescimento económico.

O que gostaria que fosse o seu legado?Primeiro, um país mais moderno em todos ossentidos. Em segundo, um país onde há democracia e liberdade, onde todas as pessoas detalento contribuem para o desenvolvimento geral independentemente do partido (político) aque pertencem. Construir um país moderno significa ter um governo que funcione; significaliberdade de expressão; significa pessoas comágua e electricidade.

E a sua mensagem para os nossos leitores?Venham visitar Cabo Verde! Desfrutem do sentido de estar no centro do mundo, onde qualquer coisa pode acontecer. ■

“O centro do mundo, onde qualquer coisa pode acontecer”

Entrevista

A Peninsula Press fala com José Maria Neves, Primeiro-Ministro de Cabo Verde

José Maria Neves, 49 anos, exerce o cargo de primeiro-ministro de Cabo Verde desdeFevereiro de 2001. O primeiro-ministro,Neves cresceu e fez a escolaridade emSantiago, a maior ilha de Cabo Verde. Mais tarde ganhou uma bolsa de estudospara a prestigiada escola de gestão Fundação Getúlio Vargas, no Brasil,concluindo lá a sua licenciatura em administração pública.

Q&A

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Opinião

Os cabo-verdianos estão a debater activamente como melhor desenvolver o país e posicioná-lo para o sucesso no século XXI. Há um grandesentimento de que o futuro está agora nas suas mãos – já não é para ficarem sentados à espera de apoio estrangeiro – e, definitivamente, não existefalta de ideias criativas. Neste sentido, certos líderes, públicos e privados, discutem as vantagens, os desafios, os planos e as políticas a aplicar.

Cabo Verde: perspectiva

Manuel Inocêncio Sousa Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

José Maria Veiga Ministro do Ambiente, DesenvolvimentoRural e Recursos Marítimos

Chamemos-lhe uma arma secreta. Para os cabo-verdianos, asua ‘diáspora’ – composta principalmente por compatriotasresidentes nos Estados Unidos – pode verificar-se essencial paraa promoção do desenvolvimento do arquipélago. Ninguém sabeexactamente quantos cabo-verdianos vivem nos Estados Unidos;alguns estimam 100.000, outros prevêem um número mais alto.Embora esse valor represente menos de 1% do total dapopulação norte-americana nascida no estrangeiro, equivale acerca de um quarto da população de Cabo Verde. Fátima Veiga,a Embaixadora cabo-verdiana em Washington, diz que todos seencontram bem integrados: “Eles podem continuar adesempenhar um papel importante, não só no desenvolvimentode Cabo Verde, mas também no desenvolvimento de relaçõesentre os dois países.” Os cabo-verdianos que vivem noestrangeiro, não só enviam remessas para casa, como tambémrepresentam um grupo de cidadãos instruídos que o país almejaaliciar de volta para auxiliarem no desenvolvimento nacional.

José Maria Veiga alimenta-se, dormee sonha sobre água. Esta é, afinal, a raiz de muitos dos seus problemas.Estranho, talvez, que uma nação de ilhas no meio do oceano sepreocupe com escassez de água, mas a situação em Cabo Verde é crítica. O governo está a investir na construção de barragens para armazenar as chuvas curtas,fortes e torrenciais que caem,ocasionalmente, sobre as ilhas. Uma ideia ambiciosa é a de bombearágua de uma forma ascendente na

Cabo Verde está a pensar emprojectos de grande escala, mas deum modo inteligente. A ministra dasFinanças, Cristina Duarte, prevê umnicho para o seu país como umtrampolim financeiro internacionalpara África. “Reunimos todas as condições para sermos um centro financeiro regional:instituições credíveis e eficientes,estabilidade política e um quadromacroeconómico bem estabelecido,mesmo após uma crise internacionaltão grave.” Mas a ministra nãopretende competir com os grandescentros económicos mundiais.“Queremos aproveitar a nossaposição geográfica, estabilidade demercado e quadro institucional edizer ao mundo: ‘Podemos ser umaentrada financeira para a região’.”

Governo para as pessoas

“Um papel importanteno desenvolvimentodas relações com os E.U.A.”

“Nunca tivemos uma crisepolítica... aqui, existe umEstado de direito democrático”

“Existeminúmeras coisassustentáveis e alcançáveisque poderiammudartotalmente o nosso destino”

Fátima Veiga Embaixadora de CaboVerde nos E.U.A.

Cristina Duarte Ministra das Finanças

“Uma entrada financeira para a região”

Cabo Verde é umademocracia jovem. Ao

contrário de outras naçõesafricanas, porém, tem um

sector governamental com osolhos virados para o futuro, eque se classifica relativamentebaixo em termos de corrup-ção e que se está a esforçarpara alcançar o desenvol-

vimento económico.

Mesmo para investidores habituados a aventurar-se emmercados emergentes, África sugere, muitas vezes, umgrau de risco adicional. Mas essa perspectiva – correctaou não – não deverá ser, de modo nenhum, aplicada aCabo Verde. “Este país não tem nada que ver com osproblemas que normalmente afugentam os investidoresde África,” declarou Inocêncio Sousa. “Quem conhece o nosso país, sabe que as preocupações que as pessoastêm frequentemente sobre o continente africano nãosão, de modo nenhum, aplicáveis a Cabo Verde. Desde a nossa independência, em 1975, nunca houve uma crisepolítica... aqui, existe um Estado de direito democrático.”

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ilha do Fogo, uma ilha que é poucomais que um vulcão gigante no meiodo oceano e onde 55.000 pessoasvivem. “Chove muito lá, mas a águasimplesmente escorre para o oceano.Poderíamos utilizar fontes de energiarenováveis – eólica, solar, até mesmoa energia do vulcão – para bombeara água de volta da costa para ondeas pessoas moram, para efeitos de irrigação”, diz Veiga. “Existeminúmeras coisas sustentáveis e alcançáveis que poderiam mudartotalmente o nosso destino.”

Hoje em dia, o mundo inteiro está preocupado com a segurançado transporte marítimo. Para Franklim Spencer, o homem quegere os portos de Cabo Verde, isto poderá ser um ponto devenda importante.“Fomos já auditados e aprovados pela Guarda Costeira norte-americana e pelas autoridades marítimas norte-americanas...temos o melhor sistema de segurança da região,” declaraSpencer. E pode vir a melhorar ainda mais. Tem encomendadosaparelhos de digitalização de contentores e dentro de poucosanos receberá um veículo de patrulha rápido de 52 metros.

Jorge Lopes Administrador, Núcleo Operacional da Sociedade de Informação

Cabo Verde depende fortemente do investimento estrangeiro, masessa dinâmica poderá alterar-se muito em breve. “O momentochegará em que Cabo Verde se tornará num país que também investeno estrangeiro,” prevê Gualberto Rosário, que, para além de ser ex-Primeiro-Ministro, é líder de um dos principais grupos de negóciosdo país. Os investimentos da sua empresa residem na transportaçãoaérea, catering nos voos e vários desenvolvimentos turísticos – paranão falar nos projectos turísticos no Brasil, alguns bancos e umaparceria com a Líbia, entre outras. “Parece-nos que 2010 poderá serum pouco difícil, visto que Cabo Verde é ainda afectado pela crisenoutros países, como a Itália, Portugal e o Reino Unido. Mas à medidaque eles recuperarem, o turismo crescerá novamente.”

Esqueçam Silicon Valley, pensem Ilhas de Silicon.Cabo Verde construiu um projecto de governoelectrónico tão avançado que foi estudado pelaUniversidade de Harvard e pelo Banco Mundial. Oobjectivo é de fazer tudo online – pagamento de

impostos, verificação da carta de condução e atéverificar a assiduidade dos seus filhos na escola. Etudo com uma única palavra-chave. Segundo JorgeLopes, “O governo electrónico é um instrumentoessencial para oferecer serviços de qualidade.”

Durante cerca de 180 milhõesde anos, aparentemente,ninguém soube da existênciadas lindas ilhas de Cabo Verde.Após a sua descoberta pornavegadores portugueses, as ilhas serviram, duranteséculos, como um posto dearmazenagem vital para osnavios mercantes. Mas hoje,aviões transatlânticos passammuito alto e os voos para dentroe para fora de Cabo Verdedirigem-se essencialmente parao turismo das ilhas. Mário Lopesé um de muitos cabo-verdianosque olha para o mapa e não vêo isolamento, mas a maravilhosalocalização estratégica a cerca

de três horas e meia da Europae do Brasil, suficientementeperto dos Estados Unidos, e mesmo ao lado de África.“O governo cabo-verdiano prevêuma estratégia de construção deum centro para ser a plataformade transporte aéreo entre os continentes”, declarou.“Vejam as vantagens que temos:a nossa posição geográfica;estabilidade económica, políticae social; e bom diálogo com as outras nações.” A ASA,empresa de administração deaeroportos liderada por MárioLopes, investiu fortemente na segurança e modernizaçãoda infra-estrutura.

Mário Paixão Lopes Presidente, Aeroportos e Segurança Aérea (ASA)

Gualberto do Rosário Presidente, GDP-SGPS

A busca de nichosempresariais

“Cabo Verde prevê uma estratégiade construção de um centro para sera plataforma para transportaçãoaérea entre os continentes”

“Governo electrónico é um instrumento essencial para oferecer serviços de qualidade”

Franklim Spencer Presidente, Empresa deAdministração do Porto de CaboVerde, ENAPOR

“Cabo Verde deverá tornar-se num país que tambéminveste no estrangeiro”

Num país queimporta praticamentetudo, o potencial para ocrescimento económico deverá ser enorme. Mas os líderes empresariais deverãodecidir, cuidadosamente, o que pode e não pode ser feito, e procurar aproveitar asvantagens locais.

“Auditadas e aprovados pela Guarda Costeira norte-americana e as autoridadesmarítimas norte-americanas”

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Cabo Verde em Destaque

SANTO ANTÃO Montanhosa, acidentada,espectacular, de tirar o

fôlego... Os turistas elogiam asua beleza, mas a ilha é maisindicada para os caminhantesdo que para os amantes de

praia. Existe alguma produçãoagrícola local, incluindo o

tradicional rum.

Dez ilhas e muitas pedras. Se adicionarmos tudo obtemosuma área apenas ligeiramente maior que Long Island, emNova Iorque, tendo em conta os seus quatro municípios.Mas, enquanto cerca de 7,7 milhões de pessoas vivem emLong Island, Cabo Verde é casa para menos de meio milhão.E quem são? Principalmente os descendentes de navegadoresportugueses, colonos, proprietários de escravos e os própriosescravos. Estão espalhados por todo o arquipélago, mas asilhas estão a um máximo de 200 quilómetros de distânciaumas das outras sendo que muitos dos seus habitantesapenas conhecem a própria ilha onde residem. Se olharmospara a localização de Cabo Verde no mapa, é fácil verificarque as várias ilhas formam dois grupos; a Sul o grupo dasilhas de Sotavento que inclui as ilhas Brava, Fogo, Maio eSantiago, e a Norte o grupo das ilhas Barlavento que incluias ilhas de Boavista, Sal, Santo Antão, Santa Luzia, SãoVicente, e São Nicolau – nomes que relembram osnavegadores portugueses.

FOGOA palavra: "vulcão" assim como "grande"e "periodicamente activo" descrevem a

ilha do Fogo; existem bons terrenos para aagricultura, e a ilha produz excelentequeijo, café e vinho. Apesar da chuva

torrencial, a água escoa-se rapidamentedeixando os terrenos ressequidos, estandoa ser desenvolvido um plano de irrigação

usando energias alternativas por um político cabo-verdiano para

irrigar as encostas com barragens e condutas de água. (ver página 8).

BRAVAA mais pequena ilha habitada de Cabo Verde, Brava costumava ser um prósperocentro de caça à baleia e muitos dos navios europeus e americanos faziam escalanesta ilha. Curiosamente, isso levou a que muitos cabo-verdianos emigrassempara os Estados Unidos, e consequentemente fixassem residência no estado deNew England. Outro pormenor que tornou esta ilha conhecida deve-se ao factode um dos mais famosos poetas cabo-verdianos, Eugénio Tavares (1867-1930),

ter nascido aqui. Talvez o factor-chave acerca da ilha Brava, para além dosfrequentes sismos, é a localização do seu intimidador vizinho: a ilha do Fogo

que está apenas a 10 km de distância e que tem um vulcão activo.

SÃO VICENTECom cerca de 80.000 habitantes, que vivem

principalmente no Mindelo e arredores, melhorporto de Cabo Verde, São Vicente é a segunda ilha

do país, com mais população. Quando o arquipélagoera um centro de transporte marítimo no Atlântico,era no Mindelo que se concentrava. Existe alguma

produção de vestuário, calçado e conservas de peixepara exportação e o governo está presentemente adesenvolver uma zona industrial no Lazareto. A ilhaé ideal para o desporto, principalmente o windsurf,ciclismo, caminhadas, cavalgadas, e golfe, e muito

rica em cultura popular. A mais conhecida cantora deCabo Verde, Cesária Évora é oriunda desta ilha.

Cada ilha conta uma história...

Santiago

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SANTA LUZIAEsta pequena ilha situa-se entre São Vicente e SãoNicolau. Era habitada há mais de 200 anos, mas osresidentes arruinaram o solo. A população é agoraoficialmente de zero habitantes, apesar de existiremrumores de que um pastor solitário ainda percorre a ilhacom o seu rebanho de ovelhas.

BOAVISTAA terceira maior ilha do arquipélago, com apenas 6.000 habitantes - a terra é pobre,

na maioria deserto, e a população estava em declínio antes do turismo moderno.Agora, existem vários desenvolvimentos que incluem um hotel internacional de 750

quartos, e ainda mais projectados para o futuro. A maior cidade é “Sal Rei” –literalmente “O Rei do Sal” – que remonta aos dias de glória da ilha como produtor

de sal. É conhecida pelas suas tartarugas marinhas e pela sua música tradicional.

SÃO NICOLAUEsta pequena ilha, um tantoeconomicamente deprimida, é bonita,embora sem grande desenvolvimentoturístico, por enquanto. Óptima para aobservação de pássaros e pesca em alto-mar — o marlin azul é o alvo favorito.É também conhecida pelos seus percursospara caminhadas e ciclismo.

MAIOA mais pobre de todas as ilhas, com grandes planícies de sal, mas comalguns remanescentes florestais, é reconhecida como uma produtora deprodutos agrícolas tradicionais, em especial o queijo. Tem praiasespectaculares e uma paisagem desértica acidentada, com potencial parao ecoturismo. O governo estabeleceu uma agência de promoção doturismo sustentável e novos projectos estão a começar a surgir.

SALProvavelmente a mais conhecida das ilhas de Cabo Verde, pelo menos paraos turistas vindos da Europa gozando de sol, praticamente o ano inteiro.Pouco mais de 20.000 pessoas vivem no Sal, e o turismo é, de longe, aactividade principal. Empreendimentos turísticos modernos abundam,

particularmente na cidade piscatória de Santa Maria. Com pouco mais de mil residentes em 1990, a população local

já atinge actualmente cerca de 20.000 habitantes. Mas a economia da ilha relativamente ao turismo sofreu

uma descida dramática durante a crise mundial.

SANTIAGOA maior e mais populosa das 10 ilhas, com

aproximadamente um quarto da área total deCabo Verde, e metade da população total. Cerca

de 120.000 pessoas, ou seja, metade dapopulação da ilha vive na cidade da Praia, que é

a capital do país. A poucos quilómetros aolongo da costa é a Cidade Velha. Costumava sera capital até que as pessoas se cansaram com os

constantes ataques de piratas. Hoje, a CidadeVelha é considerada como Património da

Humanidade. A citação da UNESCO assinala aCidade Velha como a primeira cidade colonial

construída nos trópicos e marca um passodecisivo na expansão europeia em África e no

Atlântico no final do século XV.

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Preparar para o sucessoNa pesquisa efectuada para este suplemento especial, identificámos seis áreas que parecemser fundamentais para o desenvolvimento económico – além da constante atenção a serdada a uma boa governação, educação, saúde e redução de desigualdades.

Quando o país está dividido entre 10 ilhas, e o seufuturo ligado a visitantes estrangeiros de vários tipos, portos e aeroportos assumem uma impor-tância redobrada. Para Cabo Verde, infra-estrutu-ras adequadas são cruciais. O governo está a inves-tir em grande escala em portos e aeroportos, tanto para ajudar os cabo-verdianos a deslocarem-se no seu próprio país, como para facilitar a chegada e partida de turistas. "Até 2005 tínhamos apenas um aeroporto

internacional, na ilha do Sal, e naturalmente os turistas concentravam-se lá”, disse ManuelInocêncio Sousa. Queremos envolver todas as ilhasno desenvolvimento do turismo e, para isso, já elaborámos um plano de expansão do aeroporto.” O governo também quer melhorar as viagens

entre as várias ilhas, ao estabelecer a travessia embarcos de transporte mais rápidos, oferecendouma alternativa mais económica comparativamen-te com o custo do transporte aéreo, visto que asvárias ilhas se encontram entre 50 e 200 quilóme-tros de distância umas das outras.

Por último, os investimentos irão actualizar osportos do país para navios de cruzeiro e naviosde carga. De acordo com a ministra da Finanças– Cristina Duarte, cerca de 300 milhões de eurosserão investidos nos próximos três anos, pelo queapós este período, o governo irá proceder à privatização da gestão portuária. “Se optássemospor proceder à privatização agora, só teríamos licitantes inferiores”, afirmou a Ministra. “Nós nãoqueremos isso. Queremos escolher entre os melhores e mais credíveis operadores”.

Em termos do século XX, Cabo Verde é um paíspobre e com poucas soluções relativamente àenergia. Não tem carvão, petróleo ou gás, com anecessidade de importar cerca de 2.000 barris pordia de produtos petrolíferos, o que acrescenta umacarga adicional à sua balança de pagamentos. Masse considerarmos a mentalidade referente àenergia do século XXI, as coisas não são assim tãomás. As energias renováveis são a resposta.Graças à localização de Cabo Verde, no Atlântico,o vento raramente é escasso nas ilhas. Como resultado, o governo assinou um acor-

do com a Infraco, uma empresa de infra-estrutu-ras no valor de 65 milhões de euros, financiadoprincipalmente pelo Banco Mundial e governos europeus, para construir quatro parques eólicosque entrarão em funcionamento em 2011. Esteprojecto irá produzir 28 Megawatts (MW) o que fornecerá cerca de um quarto da energia neces-sária para o arquipélago. "Pretendemos reduzir a nossa dependência do

petróleo, e estabelecemos a meta para 2011 paraatingir 25% de penetração das energias renová-veis, e subsequentemente chegar a 50% até2020", disse Abraão Lopes, director geral daIndústria e Energia de Cabo Verde, após a assina-tura do acordo com a Infraco. Abraão Lopes tam-bém afirmou que por cada megawatt produzidonos parques eólicos, o país poderá poupar cercade 400.000 euros por ano em derivados de petró-leo importado. O sol também é abundante em Cabo Verde, do

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1 CONSTRUIR PARA MAIS TARDE PRIVATIZAR

ENERGIA: VAMOSEXCLUIR OS BARRIS

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Cabo Verde 13

Com apenas 4.000 quilómetros quadrados, CaboVerde é realmente muito pequeno. Grande par-te dos terrenos são semi-áridos, e apenas 10%desta área é boa para a agricultura. As frequen-tes secas tornam as colheitas destes terrenos pou-co compensadoras, o que não é exactamente umareceita para o sucesso. Na verdade, mais de 40%dos cabo-verdianos vivem da terra, mas geramapenas 6% do PIB do país. "Eu acho que, que com algum investimento

poderão chegar até aos 10% ou 15% do PIB", disse José Maria Veiga, o ministro responsávelpela Agricultura. O espaço de manobra é severa-mente limitado pela falta de água, mas Veiga feza observação que, com os existentes sistemas de irrigação, já conseguiram aumentar a área deprodução de 50 hectares existentes no ano2000 para os actuais 350 hectares. O país tem estado a trabalhar com o

Millennium Challenge Corporation. (ver página 6)No sentido de construir infra-estruturas hidráuli-

cas que visam a diminuição do consumo de água,mas ainda há muito a ser feito. Estimular a quantidade e a qualidade da pro-

dução agrícola do país, teria várias vantagens. Emprimeiro lugar, veríamos um aumento do rendi-mento rural, ajudando assim a reduzir a desigual-dade. Além disso, teria um impacto importantesobre a balança comercial, uma vez que CaboVerde importa aproximadamente 80% a 90% detudo que consome. Mas o objectivo final dos visio-nários é a integração do sector agrícola com o turismo; visto que actualmente, os turistas estran-geiros - tanto os visitantes de curta duração comoaqueles que compram casas de férias nas ilhas –tendem a consumir a maior parte dos produtosimportados. "O turismo nos últimos três ou quatro anos

tem sido um motor de crescimento da economia,mas não tivemos sucesso na sua ligação com outros sectores", disse a ministra das Finanças, recordando o caso de um excelente agricultor de manga na Ilha do Fogo, que por falta de infra--estruturas não lhe foi possível fazer chegar osseus produtos aos melhores mercados. A minis-tra afirma que, a curto prazo, a construção desse tipo de ligações era mais importante do queinvestir em mega projectos. Cabo Verde tem enviado proprietários de pequenas herdades paraestudar a experiência brasileira na área da agricultura, piscicultura, bem como a forma deagregar valor aos seus produtos agrícolas.

qual milhares de turistas europeus desfrutam todosos anos. Por essa razão, o país contratou 7,5 MW depotência solar a instalar em duas propriedades rurais. Mas as opções de energias alternativas para

Cabo Verde não param por aqui.Apenas 10% dos terrenos das ilhas são bons

para a agricultura normal, mas muita parte dos res-tantes terrenos são surpreendentemente bons paraa cultura de jathropha (pinhão manso), um arbus-to resistente, que é um dos favoritos para a produ-ção do biodiesel. Na verdade, o pinhão-manso emCabo Verde tornou-se tão resiliente ao longo dos séculos, que hoje é considerado de estirpe nobre. E enquanto algumas pessoas se opõem ao

petróleo como fonte de energia do século XXI, essaopção pode muito bem figurar nos planos de CaboVerde para o futuro. Alguns pensam que vale a penaver se haverá reservas de petróleo nas águas circundantes a Cabo Verde. Conversações já foraminiciadas entre o governo de Cabo Verde e aPetrobras do Brasil, líder mundial na exploração e produção de petróleo, para determinar a possibi -lidade de exploração nesta zona.

3 AGRICULTURA: CULTIVAR TUDO

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14 Cabo Verde

Dossier Promocional

Se os Romanos tivessem ocupado Cabo Verde,o país poderia ter um maravilhoso sistemade aquedutos. Mas a história tomou umrumo diferente... As chuvas caem principalmente de Agosto aOutubro, sendo o resto do ano bastante seco.Assim, barragens, sistemas de armazenamento, e canaisde distribuição são necessários em todo o país. Tendo em conta que Cabo Verde estádividido em 10 ilhas, o processo de construção destas infra-estruturas é bastante difí-cil, uma vez que cada ilha terá que ter o seu próprio sistema. O país está a receber aju-da internacional para este projecto, em especial dos Estados Unidos.

6 TUDO COMEÇA COM A ÁGUA

À procura de nichos de mercado para umapequena nação-ilha, com belas praias, ins-tituições confiáveis, e um enorme mercadono horizonte? Poderá Cabo Verde evoluirpara uma plataforma de serviços financei-ros internacionais e estabelecer-se comoporta de entrada para África? "Temos um sistema financeiro forte, e

isso é um bom começo", disse a ministra dasFinanças , ela própria uma ex-vice-presiden-te do Citibank. Presentemente, os bancos de Cabo

Verde são bastante pequenos e têm-se con-centrado mais em hipotecas e financiamen-

to ao consumidor local, perdendo oportuni-dades em operações de maior envergadu-ra ao nível empresarial. Empreendimentosturísticos nas ilhas têm sido financiados porbancos do Reino Unido, Irlanda, Espanha eoutros países europeus. O primeiro requisito é que os bancos

locais aumentem os seus balanços monetá-rios para poderem lidar com grandes pro-jectos locais. Depois, os seus oficiais pode-riam focar os seus objectivos no mercado degestão de activos em outros países africanosde expressão portuguesa, como Angola,Moçambique e, talvez, São Tomé e Príncipe.

4 SOL, MAR E ... SERVIÇOS FINANCEIROS? 5Nada melhor que uma crise para nos poder-mos concentrar. A indústria do turismo deCabo Verde, composta principalmente porvisitantes de Portugal, Reino Unido, Itália eAlemanha, sofreu um decréscimo durante acrise. A procura de quartos de hotel caiu ligei-ramente, mas o mercado de residências de fériasfoi o mais afectado. Na verdade, o investimentoestrangeiro no sector caiu mais de um terço relativamente a anos anteriores. Segundo Olavo Correia, presidente da Associação de Promotores de Imobiliário de Turismo de CaboVerde, esse é o grande mercado do futuro. Olavo Correia acredita que as actuais infra-estruturas de 10.000 camas poderiam aumentar para cerca de 30.000, o que iria impulsio-nar o presente nível de 300.000 visitantes por ano para cercade 1 milhão. E acrescenta: "Esse é o nível em que podemoscomeçar a falar de uma verdadeira indústria do turismo.”Olavo Correia defende, “as ilhas devem escolher com cui-

dado e não se concentrarem no mercado das massas. O turis-mo residencial é fundamental. Eu acho que é de cerca de 70%,o que significa que esse sector do turismo cria sete de cada 10camas disponíveis.” A crise deixou uma série de projectos de casas de férias

suspensos. No futuro, Olavo Correia prevê que o mercado sejamais difícil e, sobretudo, mais competitivo, o que implica menores vantagens financeiras.

TURISMO: DIGA NÃO AO MERCADO DAS MASSAS

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Cabo Verde 15

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Editor Stella KlauhsDirector de Produção Rafael MuñozDirector Projecto Greg KunstlerCoordenador do Projecto Marie LucasRedacção Brian NicholsonTradução Palmira Santos

Director Criativo Marta ConceiçãoIlustração Henrique MonteiroFotografia Omar Camilo, Eneias Rodrigues, MCA, iStockphoto, SXC,Agradecemos ao "Pestana Trópico Hotel" na cidade da Praia pela sua hospitalidade.

BANCO TRADICIONAL QUE VÊ GRANDE POTENCIAL NUM FUTURO PRÓXIMO

EMPRESA DE PESCAS ESPANHOLA;CRIADORA DE EMPREGOS.

Se quisermos pensar em projectos de grande escala, teremos primeiro que pensarem projectos com menor dimensão. Essa é a estratégia de Emanuel Miranda, oeconomista que dirige a Caixa Económica, o segundo maior banco de Cabo Verde.A Caixa Económica é a mais antiga instituição financeira do país, originalmente umbanco do Estado criado em 1928, que foi posteriormente privatizado, mas quepermanece com substancial capital estatal. Neste momento, encontra-se

novamente sob controlo estatal indirecto, com apenas 27% das suas acções sob a alçada da Geocapital, umacompanhia de títulos e acções sediada em Macau. Emanuel Miranda encontra-se, presentemente, a ampliar e a modernizar as operações da Caixa Económica. Noentanto, o seu grande desafio reside em criar um novo banco que estará sob o controlo do Estado, e em que aCaixa será um dos seus cinco accionistas. A designar-se como Novo Banco, terá como objectivo concentrar as suasoperações nos 50% da população e na economia de Cabo Verde, actualmente fora do sector bancário tradicional. "Nós temos como exemplo o sucesso de algumas das economias emergentes - Brasil, Bangladesh e algunspaíses africanos - que este sector é muito importante para a expansão das instituições financeiras e, emborapresentemente, os bancos tradicionais de Cabo Verde não estejam preparados para lidar com esse segmento,o potencial é enorme ", diz Emanuel Miranda.

Sendo um arquipélago no meio do oceano, Cabo Verde deve terum grande sector da pesca, mas há um sentimento generalizadode que o seu potencial ainda não foi plenamente realizado. Estasituação pode estar agora a mudar, devido ao acordo assinadoem 2008 entre o governo e a Frescomar, uma companhiaprocessadora de peixe espanhola, que emprega cerca de 480

pessoas na ilha de São Vicente e que contribui substancialmente para a economia local. Sob este acordo, a Frescomar investiu em novos armazéns frigoríficos, máquinas novas e outrasactualizações para aumentar sua produção de conservas de cavala, melva, e atum. Pelo seulado, o governo assumiu o compromisso de investir em infra-estruturas adequadas para esteprojecto. "A indústria da pesca em Cabo Verde pode tornar-se num dos pilares do desenvolvimentoeconómico do país", disse Andrés Espinosa, presidente da Frescomar “mas isto só acontecerácom o investimento público em novas instalações, assim como o investimento privado quepermitirá modernizar as embarcações de pesca, equipando-os com mais tecnologia. Nósestamos a estabelecer as bases para que isso aconteça.”

Emanuel Miranda CEO da Caixa Económica

QUAIS AS VANTAGENS PARA OS CABO-VERDIANOS?

Andrés Espinosa Presidente, Frescomar

Page 16: Cabo Verde: Ilhas no centro do Mundo

garantiagarantiade crescimento, de crescimento, eficácia eficácia e segurançae segurança

Há mais de um quarto de século, que a ASA (Empresa Nacional de Aeroportos e Segurança Aérea, SA), empresa de segurança aérea dos aeroportos nacionais, presta o melhor serviço possível para a indústria de transportes aéreos, tanto em terra como no ar. Estamos empenhados em desenvolver uma companhia do mais alto nível de serviços públicos, e ao mesmo tempo apoiamos o progresso da aviação civil e garantimos os mais elevados padrões de gestão de tráfego aéreo que serão aplicáveis a toda a rede de aeroportos domésticos e internacionais do país.A nossa dedicação à segurança e ao conforto dos nossos passageiros, e o nosso objectivo de maximizar a eficácia em todas as nossas operações, incluindo transporte, terminais de carga e Sal Oceanic Flight Information Region (FIR) estão definitivamente a contribuir para que Cabo Verde se torne num importante centro de transportes na ligação dos quatros continentes.

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