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CACOS DE PAPEL centro acadêmico de comunicação social UFPR www.cacos.ufpr.br outubro de 2006 Tarcisa fala sobre propostas para o Decom e a TV UFPR Pág. 6 Enade: avaliação proposta privilegia ensino como mercadoria Pág. 7 “Não sei nada”. Essa é a resposta mais comum dos estudantes de Comunicação Social da UFPR quando questionados sobre o que sabem a respeito da TV UFPR. Grande parte deles desconhece a história da TV e seus problemas. Eles entendem que a participação dos alu- nos dentro do Pólo de Comuni- cação é quase nula, mas não sabem por que motivos legais e históricos isso acontece e, quase sempre, desejam inverter esse quadro. Alguns alunos obser- vam que a TV UFPR é útil para divulgação dos projetos da Universidade. Igor Viana Mueller, aluno de Publicidade e Propaganda, afirma que sabe que os “programas são basica- mente ligados à divulgação da pesquisa científica, do traba- lho no qual a universidade está envolvida”. Já Carla Cursino, aluna de Jorna- lismo, acredita que esta característica acaba por transformar o canal em um veículo institucional. Outro ponto de convergência de opiniões é o desejo de que os alunos tenham maior acesso à TV. O secretá- rio do Departamento de Comunicação (Decom), Bruno Rolim, acredita que a TV UFPR deveria ser “um espaço para os próprios alunos colocarem em prática o que aprendem”. O aluno de Jornalismo Cássio Gustavo Busetto vai mais longe e acha que a TV “deveria servir como labora- tório para o aperfeiçoamen- to da formação dos estudan- tes de Comunicação Social”. Considerando esta situa- ção, é difícil encontrar algum aluno que já tenha tido contato com a TV. Os que já entraram lá, muito provavelmente, o fi- zeram por meio dos estágios ofertados. A aluna de Publici- dade e Propaganda Juliane Ra- zini, porém, teve contato com a TV por meio de uma discipli- na do curso. Ela considera que a TV UFPR tem sim abertura para os alunos, mas que a maioria deles não corre atrás dessas oportunidades. Juliane acha também que o comodismo dos professores influencia muito na ques- tão, pois eles não procuram muito associar suas disciplinas com algum trabalho voltado para a TV, o que dificulta ainda mais a inser- ção dos alunos na TV UFPR. Para esclarecer as dúvidas em torno da TV UFPR, o Cacos de Papel preparou uma matéria que expõe a história da televisão e por que há pouco espa- ço para os alunos do Decom no Pólo de Comunicação da Universidade. Confira na página 3 dessa edição. TV UFPR: somente pessoal autorizado

CACOS DE PAPEL - UFPRCACOS DE PAPEL 3DOSSIÊ DA TV UFPR A história de uma TV não tão universitária Mesmo funcionando desde 2001, o canal não tem participação dos universitários

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CACOS DE PAPELcentro acadêmico de comunicação social UFPR

www.cacos.ufpr.br outubro de 2006

Tarcisa fala sobre propostas para o Decom e a TV UFPR

Pág. 6

Enade: avaliação proposta privilegia ensino como mercadoria

Pág. 7

“Não sei nada”. Essa é a resposta mais comum dos estudantes de Comunicação Social da UFPR quando questionados sobre o que sabem a respeito da TV UFPR. Grande parte deles desconhece a história da TV e seus problemas. Eles entendem que a participação dos alu-nos dentro do Pólo de Comuni-cação é quase nula, mas não sabem por que motivos legais e históricos isso acontece e, quase sempre, desejam inverter esse quadro.

Alguns alunos obser-vam que a TV UFPR é útil para divulgação dos projetos da Universidade. Igor Viana Mueller, aluno de Publicidade e Propaganda, afirma que sabe que os “programas são basica-mente ligados à divulgação da pesquisa científica, do traba-lho no qual a universidade está envolvida”. Já Carla Cursino, aluna de Jorna-lismo, acredita que esta característica acaba por transformar o canal em um veículo institucional.

Outro ponto de convergência de opiniões é o desejo de que os alunos tenham maior acesso à TV. O secretá-rio do Departamento de Comunicação (Decom), Bruno Rolim, acredita que a

TV UFPR deveria ser “um espaço para os próprios alunos colocarem em prática o que aprendem”. O aluno de Jornalismo

Cássio Gustavo Busetto vai mais longe e acha que a TV “deveria servir como labora-tório para o aperfeiçoamen-to da formação dos estudan-

tes de Comunicação Social”. Considerando esta situa-

ção, é difícil encontrar algum aluno que já tenha tido contato com a TV. Os que já entraram lá, muito provavelmente, o fi-zeram por meio dos estágios ofertados. A aluna de Publici-dade e Propaganda Juliane Ra-zini, porém, teve contato com

a TV por meio de uma discipli-na do curso. Ela considera que a

TV UFPR tem sim abertura para os alunos, mas que a maioria deles

não corre atrás dessas oportunidades. Juliane acha também que o comodismo

dos professores influencia muito na ques-tão, pois eles não procuram muito associar suas disciplinas com algum trabalho voltado para a TV, o que dificulta ainda mais a inser-ção dos alunos na TV UFPR.

Para esclarecer as dúvidas em torno da TV UFPR, o Cacos de Papel preparou uma matéria que

expõe a história da televisão e por que há pouco espa-ço para os alunos do Decom no Pólo de Comunicação da

Universidade. Confira na página 3 dessa edição.

TV UFPR: somente pessoal autorizado

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2 CACOS DE PAPEL

Expediente

Editorial

Quando alguém passa em frente ao nosso campus pode observar uma placa que diz: “Universidade Federal do Para-ná: Departamento de Comunicação, TV Universitária, Rádio UFPR e Imprensa Universitária”. Aqueles que não conhecem a nossa realidade talvez logo imaginem que o Pólo da Comu-nicação é o “grande” complexo do curso de Comunicação So-cial, um local de fácil acesso aos alunos e que proporciona a eles uma verdadeira experiência de aprendizado prático den-tro da Universidade. Doce ilusão.

Na situação atual, o mínimo que se pode dizer sobre a TV UFPR é que ela é um corpo estranho dentro do nosso pró-prio campus. Desde a inauguração dos estúdios na Floresta, em 2004, os alunos esperam por uma chance de maior partici-pação na TV. Não apenas através dos poucos estágios oferta-dos, mas principalmente por meio de um vínculo real com o departamento. Enfim, uma TV que realmente colabore com a nossa formação acadêmica e que não seja meramente um veículo de propaganda institucional da Universidade.

Na tentativa de melhorar esta situação e alcançar mudan-ças reais, o Cacos e o Decom elaboraram uma proposta de re-gimento da TV, feita em nome dos alunos. Esta proposta ago-ra está tramitando nas instâncias superiores da Universidade e deve ser submetida à votação. Não é preciso lembrar o quanto a aprovação desse regimento é fundamental. Através dele, nós podemos garantir a nossa participação efetiva na TV e mudar um pouco a realidade precária do nosso curso.

Levando em conta a importância desta discussão, o CA-COS de PAPEL deste mês chega para esclarecer várias das questões que envolvem a TV UFPR, desde o seu confuso sur-gimento até as negociações que estão em andamento. Uma edição para colocar tudo em pratos limpos.

Um grupo de 12 pessoas. Idéias diferentes que precisam ser transformadas, até o ponto em que as opiniões se encontrem, até que se forme um con-senso e a democracia seja posta em prática. Essa é a meta mais difícil de ser alcançada quando se trabalha em grupo. Deixar de lado seus pensamentos iniciais em nome de uma forma de pensar da maioria é muito difícil, mas é preciso. É a maneira encontrada para que os projetos se tornem realidade.

Outra característica necessária para que a convivência seja a melhor possível é uma divisão dos trabalhos. Por isso, existem os cargos dentro da agência – gerência administrativa, de atendimento e de marketing, e as diretorias de Publicidade e Pro-paganda, de Relações Públicas e de Jornalismo. Mas isso não impede que todos os membros participem de todos os projetos. Isso nos possibilita aprender a fazer uma ata, um site, um release, um planejamen-to de comunicação, independentemente do cargo que exercemos. Entramos na Fábrica para aprender além do que é ensinado em sala de aula, e a cada dia os clientes nos dão essa oportunidade.

Para que todos os integrantes da Fábrica de Comunicação fiquem sabendo sobre o andamento dos trabalhos, uma reunião geral é feita toda se-mana, além das que ocorrem em outras ocasiões, quando necessárias. É nesse momento que todos têm oportunidade de dizer o que pensam e de compartilhar idéias com os demais. É também a hora de discutir problemas e encontrar soluções para eles. Para mim, essa é a forma mais eficaz de aprender, pois dessa forma é possível conhecer os detalhes da profissão, as pequenas coisas que nos fazem optar por uma determinada área. É esse co-nhecimento que nos faz ficar ainda mais fascinados pela profissão que escolhemos.

Mariana Skroch Integrante da Fábrica de Comunicação

Pólo da Comunicação: conheça a TV Reitor!

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Diretor de Jornalismo: Chico MarésEdição: Carolina LealDiagramação: Renata OrtegaColaboradores: Julia Guedes, Manuela Salazar, Naiady Piva, Ca-mila Chudek, Carla Cursino, Thaíse Mendonça, Yuri Alhanati, Gio-vana Billota, Amanda Audi, Stevan Sehn, Giuliano Biondi, Tiago Cegatta, Ana Carolina Bendlin e Mariana Skroch.

centro acadêmico de comunicação social UFPR

Para mais informações sobre a Floresta e as atividades do Cacos, acesse:

www.cacos.ufpr.br

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DOSSIÊ DA TV UFPR

A história de uma TV não tão universitária

Mesmo funcionando desde 2001, o canal não tem participação dos universitários nem existe legalmente

A história da TV UFPR começa em 1998, quando o diretor do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Car-los Antunes, foi eleito reitor, e a idéia de se criar uma TV da UFPR surgiu. Para isso, foi organizado um grupo de trabalho com professores do Decom, entre eles Rubens Sprada Mazza, Carlos Rocha (Polaco), Osvaldo Santos Lima, alguns docentes do Departamento de Ciências Sociais e Arnoldo Pimentel, do Departamento de Ciências Biológicas. Esse grupo determinou as diretrizes para o processo de implantação da TV. De acordo com Polaco, a idéia original era que a programação fosse vol-tada para ensino, pesquisa e extensão.

A lei nº 8.977 de 1995 rege a transmissão de imagens por cabo. No que diz respeito a canais universitários, esta lei exige que exista apenas um canal para as universidades da mesma área de prestação de serviços de cabo. As três uni-versidades existentes em Curitiba - UFPR, PUC-PR e Tuiuti do Paraná - criaram um conselho gestor para a implantação da TV. Após dois anos de reuniões periódicas, ficou decidido que a geração só poderia ocorrer em um quarto local, uma pequena produtora, e que o orçamento teria que se adaptar à realidade de cada universidade. Mesmo com todas as de-cisões, houve um certo desânimo por parte das outras uni-versidades. Porém, a UFPR tinha grande vontade de levar o projeto adiante.

Sem a verba ideal para a produção e veiculação dos pro-gramas, a UFPR lançou no canal uma listagem dos aprovados do vestibular de 2002, o que seria, segundo o professor Polaco, uma medida provisória para marcar a existência da TV. Para sua sustentação, a TV precisava de apoio cultural, o que só seria possível com a existência de um regimento interno. Já no final da gestão de Carlos Antunes, em 2002, a TV contava com uma proposta efetiva de regimento.

Porém, quando o atual reitor Carlos Moreira Junior assu-miu a reitoria em 2003, a discussão voltou ao seu ponto inicial. Outro problema enfrentado foi a morte do professor Arnoldo Pimentel, que era o responsável pela captação de recursos para a produção dos programas. Para dar continuidade a esse traba-lho, entraram Patrícia Dorfman, assessora de imprensa da Uni-versidade, e o assessor de marketing Plínio Paladino. Devido às péssimas condições das instalações da pequena produtora em que eram feitos os programas, foi necessário mudar os estú-dios para um galpão.

A falta de equipamentos sempre foi um problema para o curso de Comunicação Social. Para suprir essa necessidade, ainda na gestão de Carlos Antunes, o curso entrou para um acordo entre o governo brasileiro e um banco americano, em que cada um entraria com uma determinada parcela do preço

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Estúdio da TV UFPR

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de equipamentos e tecnologia para todas as áreas da universidade, em todas as instituições federais do país. Porém, o governo brasileiro não pagou sua parte e os equipamentos foram devolvidos.

Um novo acordo foi feito, desta vez com uma empresa japonesa. O professor Polaco – na época chefe do Decom (Departamento de Comunicação Social) – recebeu um documen-to do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, que propunha reaver o valor inicial, que era de aproximadamente um milhão de reais, e passou a cem mil. Para recuperar parte da verba inicial, o professor, por meio de acordos políticos com pró-reitores, conseguiu garantir os equipamentos, com a condição de que eles seriam destinados também à TV. Através desse acordo, a TV UFPR foi instalada no novo campus de Comunicação Social.

Essa é a razão, segundo Polaco, de muitos equipamentos que a TV UFPR utiliza perten-cerem, nominalmente, ao Decom. Ele também afirma que o curso tem um estúdio completo que raramente é usado. Luís Carlos dos Santos, técnico do estúdio de TV do Decom, enfatiza que “o mesmo material que eles têm lá, a gente tem aqui”. No entanto, a aluna Ana Bendlin, ex-presidente do Cacos (Centro Acadêmico de Comunicação Social da UFPR), declara que os estúdios não são utilizados por serem mal equipados e por carecerem de mais técnicos.

A inauguração da TV no novo espaço, em 2004, pegou os alunos de surpresa, segundo Ana Bendlin. Na lista de discussão virtual do Cacos, os alunos começaram a se organizar para protestar, o que gerou, inclusive, um protesto escrito por parte dos formandos. Neste docu-mento, eles mostravam estar descontentes por terem passado todos os quatro anos do curso sem a instalação dos estúdios. O reitor ficou sabendo da movimentação dos alunos e convo-cou uma reunião com a diretoria do Cacos, prometendo várias melhorias para o curso.

No dia da inauguração, Ana fez um discurso no qual protestou contra a precariedade do curso e a instalação da TV nas dependências do Decom. Depois disso, os alunos tentaram conversar novamente com o reitor, mas ele não abriu espaço para diálogo.

Atualmente a TV apresenta uma base de programação de um programa por dia. Esse material é todo produzido por funcionários contratados pela Fundação da Universidade Fe-deral do Paraná (Funpar). Segundo Polaco, “a universidade não gasta um centavo ali. A TV tem que ser auto-sustentável”. A participação dos alunos na TV é restrita a um programa de estágio de apenas um mês.

Vários entrevistados asseguraram que a TV veicula qualquer produção feita pelos alu-nos que tenha um mínimo de qualidade. Patrícia Dorfman, diretora da TV e assessora de imprensa da Reitoria, afirmou que essa parceria depende também dos projetos se adequa-rem à linha editorial do canal.

Patrícia disse ainda que “os alunos querem aprender, e a comunicação da universidade quer usar o trabalho dos estudantes”. Contudo, na prática, os alunos têm um acesso muito restrito à TV e o chamado “Pólo da Comunicação”, onde funciona a TV, é um prédio estra-nho aos estudantes. Além disso, a falta de técnicos e de professores qualificados e interessa-dos prejudica a realização de projetos acadêmicos.

O estabelecimento de um regimento interno da TV continua pendente. A elabora-ção deste documento é muito importante para conseguir apoio cultural para a TV e é es-sencial para que ela exista legalmente, o que, atualmente, não ocorre. Para os estudantes, a criação do regimento é ainda mais importante, pois pode garantir a participação efetiva dos alunos na programação da TV.

Neste semestre, a discussão em torno disso voltou à tona. Em julho deste ano, o pro-fessor Polaco recebeu da Reitoria um prazo de duas semanas para enviar a proposta de regi-mento sugerida pelo departamento. Dentro do prazo estabelecido, a única coisa viável a se fazer era trabalhar em cima de mudanças na proposta original de regimento, elaborada pela Reitoria. Na versão inicial do regimento, o conselho da TV seria formado por nove pessoas, nenhuma necessariamente do Decom. O presidente do conselho gestor seria o reitor. Essa versão também estabelecia que o diretor da TV seria indicado pelo reitor.

No início do semestre, a questão foi levada à plenária departamental do Decom, e uma comissão formada por professores e representantes do Cacos ficou responsável por elaborar a proposta final do Decom.

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DOSSIÊ DA TV UFPR

Entrada no Pólo de Comunicação é restrita a poucos alunos

Equipamentos usados na TV UFPR

“O mesmo material que eles têm lá, a gente tem aqui”, diz Luís, técnico do estú-dio dos alunos

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O Cacos convocou uma reunião geral, em caráter de urgência, para discutir o pro-blema com os alunos. Nessa reunião foram definidos vários posicionamentos. Integrantes do centro acadêmico levaram a versão original do regimento para ser avaliada por dois advogados, que os auxiliaram a encaixar as novas propostas e realizar as mudanças que os estudantes definiram como necessárias. No dia nove de agosto deste ano, o departamento convocou uma reunião extraordinária para discutir a proposta de regimento. Além do que foi proposto pelos alunos, foram feitas outras sugestões de mudanças por parte de professores e técnicos e, no final da reunião, a versão de regimento proposta pelo Decom foi definida.

Essa proposta foi encaminhada à máxima instância deliberativa da Universidade, o Conselho Universitário (COUN), onde será avaliada e submetida à votação. Contudo, sem a aprovação de qualquer regimento, o reitor já indicou alguém para o cargo de diretor da TV: o professor João Somma Neto, do Decom. Atualmente, ele trabalha com a carga horária de 20 horas semanais, sem dedicação exclusiva (D.E.) à Universidade, o que significa a possi-bilidade de vínculo empregatício com outras empresas. No entanto, para assumir o cargo na TV, o professor precisaria alterar o seu regime de trabalho para 40 horas semanais, com dedicação exclusiva.

Na primeira plenária departamental deste semestre, João Somma entrou com o pedido de mudança de regime, antes da plenária levantar a discussão sobre a TV e formar a comis-são responsável por elaborar a proposta de regimento. No entanto, o docente não comentou nada sobre a indicação para assumir o cargo de diretoria na TV. A aluna Carolina Leal, atual presidente do Cacos, afirma que o professor deveria expor claramente a situação ao depar-tamento e aos alunos, já que, caso realmente assuma o cargo, também assumirá o dever de representar o Decom dentro da TV.

O Professor Somma declarou que a proposta de regimento do Decom é apenas uma sugestão, que não necessariamente será acatada pelo reitor. Ele explica que, além da propos-ta do Decom, existe também a do Núcleo de Comunicação, e que estas devem passar por conselhos deliberativos. Somma afirma que o reitor quer aprovar o regimento o mais rápido possível. Ele diz que ainda não assumiu o cargo de diretor e que ainda não tem projetos para a TV, mas considera que deve haver uma participação mais efetiva do Decom. Ele explicou que fala “como um professor do Decom, da área de TV, que foi indicado pelo reitor, que conhece os programas, mas não o funcionamento da TV”.

Não é possível propor uma TV Universitária gerida apenas por alunos, sem nenhum tipo de direcionamento. No entanto, é fundamental que os estudantes tenham uma participa-ção maior na programação da TV e, principalmente, que essa participação seja garantida em regimento. Atualmente, a TV está totalmente distante da realidade dos graduandos, enquan-to deveria ser um dos pilares da formação acadêmica dos alunos de Comunicação Social.

A TV deve ser mais transparente em suas “negociações”, “acordos” e na escolha do que nela é veiculado. Os alunos, professores e técnicos precisam estar mais próximos de tudo o que acontece dentro do Pólo da Comunicação.

Os estágios que existem atualmente obrigam a TV a ter um aluno do Decom traba-lhando por apenas um mês, com direito a produzir um pequeno programa no fim de sua estadia. Isso parece ser muito pouco para a demanda de alunos e a necessidade que eles têm de aprender mais sobre televisão. O ideal para a inserção dos alunos seria que ela se desse por meio de mais vagas de estágio, pelo vínculo com disciplinas obrigatórias e optativas e por projetos de extensão e grupos de trabalho; ou seja, por medidas que dêem acesso ao espaço físico da TV e à veiculação de qualquer produção realizada pelos alunos, respeitando a sua liberdade de criação. E mais: os estúdios próprios do Decom precisam de mais técnicos e de melhores condições de produção.

Essas reivindicações só poderão ser atendidas se houver participação e interesse dos estudantes e, principalmente, dos professores do Decom. Do contrário, a situação perma-necerá a mesma.

Julia GuedesManuela Salazar

Naiady Piva

DOSSIÊ DA TV UFPR

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Entrada no Pólo de Comunicação é restrita a poucos alunos

Equipamentos usados na TV UFPR

“O mesmo material que eles têm lá, a gente tem aqui”, diz Luís, técnico do estú-dio dos alunos

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“TV não é para amadores”, diz Tarcisa6 CACOS DE PAPEL

Nova diretora do Setor fala sobre propostas para o Decom e para a TV UFPR

A professora Maria Tarcisa Silva Bega, do setor de Ciên-cias Sociais (Deciso), foi eleita, no dia 17 de agosto de 2006, Di-retora do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes (SCHLA). Em entrevista ao Cacos de Papel, Tarcisa comentou os prin-cipais projetos que pretende executar – juntamente com sua vice, Norma da Luz Ferrarini Zandoná – no setor e, principal-mente, no Decom.

As principais propostas para o SCHLA são a excelência e a integração acadêmica entre todos os departamentos. A excelên-cia consiste na implantação de programas de pós-graduação para todos os cursos. Tarcisa é enfática: “Nosso projeto é que nesta gestão todos os cursos tenham pós. Isso é um princípio e não abro mão.” Ela admite a falta de professores competentes, mas, diz que não cabe ao Setor a contra-tação de novos profissionais devidamente capacitados. Já a integração consiste na avaliação dos problemas de cada campus e na promoção de atividades acadêmicas que envolvam professores e alunos. Uma dessas atividades é um jor-nal virtual “onde o que aconteceu ontem não nos interessa, mas sim o que acontecerá, o que tem de previsão dentro do setor”, no qual os estudantes de Comunicação Social, sobretudo os de Jornalismo, poderão estagiar.

No Decom, Tarcisa pretende fazer um diagnóstico real do curso em suas três habilitações, e exigir do colegiado um projeto pedagógico. Ela acredita que é dever do colegiado definir o perfil profissional do curso, ou seja, decidir se uma

habilitação deve ser priorizada ou se todas são igualmente im-portantes, tendo em vista os recursos financeiros, materiais e humanos disponíveis. Ela reconhece também a precariedade dos laboratórios e os problemas trazidos pelo isolamento do campus – como, por exemplo, a falta de uma biblioteca. No entanto, não aponta nenhuma solução para estes problemas e ainda afirma que “não é o diretor que assume o controle, mas sim o colegiado, que possui uma grande autonomia”.

A TV UFPR promete ser uma das grandes discussões de sua gestão. Tarcisa é categórica e relem-bra uma passagem do seu debate: “no de-bate, eu disse que a TV não é coisa para amadores, e não é!” Ela também defende uma TV que seja, ao mesmo tempo, ins-titucional (para a divulgação dos projetos da UFPR) e acadêmica (para os alunos de Comunicação Social). Diz ainda que o De-com reivindica maior autonomia quanto ao uso da TV, mas indaga: “Será que o Decom tem estrutura para, por si, tocar a

TV universitária? Ele tem estrutura de pessoal, tem capacida-de, tem volume de alunos e de produção para tocar uma TV?” Questionada quanto à possibilidade de disciplinas obrigatórias ministradas na TV, ela diz que “se o projeto pedagógico for esse, o jeito é negociar”.

Tarcisa finaliza dizendo que seu maior medo ao gerir o SCHLA é não conseguir o apoio e o envolvimento necessário à integração acadêmica.

Camila Chudek e Carla Cursino

Será que o Decom tem estrutura de

pessoal, capacidade e volume de alunos e

produção para tocar a TV universitária?

Quadrinhos... por Giuliano Biondi

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Enade: vestibular para o mercadoO circo está montado: o Inep (órgão do MEC) divulgou

os convocados e, de repente, o Enade entra na pauta dos estu-dantes de Comunicação e outros 13 cursos, no Brasil todo. O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes é o substitu-to do “Provão” no sistema de avaliação do ensino superior (Si-naes) implantado em 2004 pelo MEC. A avaliação consiste em uma prova trienal, unitária para os cursos de todo o país, que visa caracterizar o perfil dos estudantes, sem nenhuma adapta-ção para diferentes contextos e características dos cursos.

A prova, a ser realizada no dia 12 de novembro, é obriga-tória para todas as instituições federais e escolas que se inscre-verem espontaneamente. O estudante convocado é obrigado a comparecer à prova, sob pena de ter seu diploma retido por três anos. As reitorias, no entanto, têm autonomia para gradu-ar o aluno caso julgue que o caso é justo (procedimento que foi, inclusive, utilizado na UFPR, no ano de 2005).

As notas do exame são atribuídas com conceitos de um a cinco (uma inovação ante o Provão, que era de A a E). Esses conceitos são relativos, sendo cinco a maior pontuação obti-da, e não acertar a prova toda (“gabaritar”). Esse tipo de nota dá menor credibilidade à prova; segundo a Professora Neusa Moro, pró-reitora de graduação, em debate sobre a reforma curricular na Floresta, “não temos como saber se cinco é A ou se cinco é D”.

O resultado da avaliação é exclusivo e será entregue no-minalmente para o aluno, não podendo ser divulgado nem exigido publicamente. Na lista de resultados divulgada pelo Inep vão apenas com as notas das instituições, estabelecendo um ranking de qualidade das escolas, baseado no gabarito das provas. Esse tipo de ranking é muito positivo, do ponto de vista

comercial, pois torna mais fácil ter uma “mercadoria” concei-tuada, para os empresários da educação.

Assim como era com o Provão, muitos estudantes e pro-fessores defendem o boicote ao Enade. O principal argumento é a defesa de uma “avaliação de verdade”, na qual o desempe-nho dos estudantes não pode ser analisado por uma prova nos moldes do vestibular. A Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos) preparou um modelo de avalia-ção para cursos de comunicação, para não ficar no “ser con-tra por ser contra”. O coordenador nacional da Enecos Breno Mendes, da UFPA, acredita que a defesa de uma avaliação justa é crucial para a defesa de uma formação de qualidade.

Outro forte defeito do Sinaes, apontado pelos defensores do seu boicote, é seu direcionamento exclusivo para o mer-cado. Este sistema peca na análise da relação da universidade com seu contexto e a comunidade, porém tem um caráter for-te de análise da educação como uma mercadoria. Apesar das regras do mercado não impossibilitarem que a educação seja “produção e reprodução de conhecimento”, não há interesse em conhecimento que não gera lucro, por mais benéfico que seja para a sociedade.

Na UFPR o boicote é liderado por um grupo de estudan-tes (“coletivo”) que independe de entidade estudantil, aberto a quaisquer estudantes que estejam interessados na discussão.

Para expandir o debate a toda a comunidade acadêmica, nesse mês de outubro e em novembro serão realizadas discus-sões sobre o tema em vários campi da universidade. Na Flores-ta, o debate será na quarta-feira dia 25, às 10h30.

Naiady Piva

JUCS movimenta estudantes de ComunicaçãoFalta pouco para a primeira edição do JUCS, que ocor-

rerá entre os dias dois e cinco de novembro, na cidade de Apucarana. Organizado pelo Cacos e pelo Cacom (PUC-PR), com o apoio do Cappu (Unicenp), Capeta (UTP) e pelo Centro Acadêmico de Comunicação Social da Unibrasil, o JUCS surgiu como um projeto de extensão, cujo objetivo é incentivar a prática esportiva no meio universitário e a con-gregação dos alunos de comunicação de todo o estado com a comunidade da cidade sede do evento.

Os jogos serão organizados de acordo com a partici-pação dos atletas nas seguintes modalidades: atletismo, bas-quete, natação, tênis de mesa, futsal, handebol, vôlei e tênis – e julgados e arbitrados por profissionais de educação físi-ca de Apucarana. Atividades culturais e recreativas estarão acontecendo paralelamente aos jogos e serão coordenadas pelos próprios estudantes, junto à população da cidade. A previsão é de que aproximadamente 500 pessoas participem do JUCS – um grande começo para um evento promissor.

Equipes de várias modalidades estão sendo montadas na Floresta e muitas já estão até treinando. Quem tem in-teresse em participar como atleta deve procurar os respon-sáveis pelas equipes o quanto antes para conseguir entrar em algum time. Mas o JUCS não é apenas para atletas; o evento serve como um grande encontro de estudantes de todo o Paraná, com festas e outras atividades paralelas aos jogos em si.

As inscrições estão abertas até o dia 27 de outubro, e serão organizadas por modalidade. A inscrição custará R$ 30 por equipe e R$ 5 para as modalidades individuais. O Cacos oferece pacotes para alunos da Federal interessados em par-ticipar como atletas ou torcedores, com alojamento, alimen-tação, transporte e festa.

Para maiores informações sobre o evento, acesse:www.jucspr.com, ou entre em contato com o Cacos.

Chico Marés e Tiago Cegatta

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ajuda a melhorar esse quadro. É verdade que a opinião não é um mal necessário, aliás, tomar um posicionamento é inevitá-vel, mas quando as vozes da imprensa cantam em uníssono, estamos em um terreno perigoso. Os poucos veículos que vão contra a corrente anti-Lula têm alcance pequeno, são restritos a pequenos nichos de mercado – como, por exemplo, a Carta Capital, com uma tiragem infinitamente inferior à dos veículos das grandes editoras. Logo, a população, especialmente aquela que lê e confia nos jornais e revistas de grande circulação no Brasil, é exposta apenas ao ponto de vista daqueles que defen-dem o grupo de Alckmin.

Como se isso não bastasse, esse claro posicionamento da imprensa não se refere às propostas de governo dos dois candi-datos – até porque, como já disse, elas não diferem substancial-mente uma da outra. Está mais para uma torcida organizada do que para uma opinião comum. É simples constatar isso: basta analisar como os meios de comunicação trataram assuntos simi-lares na era FHC e na era Lula. Enquanto a estratégia de poupar o presidente dos escândalos de corrupção, e foram muitos em oito anos – compra de votos na reeleição, processos de privati-zação feitos à escura, etc –, era largamente utilizada no governo do primeiro, ligar o presidente aos escândalos é a ordem do dia na Veja, na Folha, e em todos os outros. A cobertura para esses escândalos da era FHC nunca chegou a ser tão grande quanto a vasta cobertura dada ao escândalo do mensalão. Aliás, inclusive na cobertura do mensalão, pouco se falou sobre o envolvimento de políticos do PSDB no esquema, como o mineiro Eduardo Azeredo, mas qualquer petista que desse bom-dia ao carequinha Marcos Valério já valia uma capa de revista.

Os meios de comunicação não estavam errados ao cobrir e evidenciar os escândalos – muito pelo contrário. No entanto, ao agir em uníssono ao adotar um posicionamento claramen-te diferente para analisar casos parecidos, vemos que há algo errado na imprensa nacional. Um comportamento típico de países de terceiro mundo, com índices absurdos de concentra-ção de renda, onde qualquer um que possa representar alguma ameaça ao status quo dos bem nutridos e bem vestidos é exe-crado pela imprensa, que se porta como serviçal dos opresso-res. Aliás, um cenário bem parecido com o Chile de 73, com a diferença de que a “ameaça” é, ao menos nesse momento, apenas simbólica – infelizmente.

Os que preferem manter seu preconceito velado tentam argumentar de que o voto do pobre é o voto do mal informado, afinal, sem acesso à escola, à imprensa, à Internet, como pode-ria um cidadão de baixa renda ter uma visão clara do que seria melhor para o Brasil? Oras, quando se lê a realidade através dos filtros da Veja e da Folha de São Paulo, tudo pode ficar ainda mais turvo. A verdade é que a idéia arcaica de que a classe tra-balhadora é incapaz de escolher um governante continua forte na mente de muitos. Um preconceito perigoso, capaz de levan-tar monstros que ainda assombram a democracia na América Latina – como aquele vilão do filme, o tal do Pinochet.

OPINIÃO

8 CACOS DE PAPEL

por Chico Marés

Apesar das evidentes diferenças contextuais, a movimen-tação a respeito das eleições presidenciais desse ano tem me lembrado constantemente de Machuca, excelente filme chile-no dirigido por Andrés Wood. Nele, a conturbada situação po-lítica do Chile às vésperas do golpe militar de 11 de setembro serve de pano de fundo para uma bela, porém tensa, relação de amizade entre dois garotos: um deles, filho de uma perua de classe média-alta; o outro, um indígena habitante da periferia de Santiago. O embate político entre os socialistas, liderados pelo presidente Salvador Allende, e a direita ultraconservado-ra, do general golpista Augusto Pinochet, se manifesta na vida da população chilena como uma intensa luta de classes, e serve como pretexto para a exacerbação dos mais temíveis sintomas do preconceito social e racial.

Na terra do samba e do carnaval, o embate político é ou-tro. Lula foi visto por muitos como um possível Salvador Al-lende tupiniquim, capaz de promover uma verdadeira revolu-ção social pelo voto, mas, desde o primeiro momento, provou estar muito aquém disso. Ao contrário do chileno, o governo petista foi comportado e continuista; mudou um ou outro as-pecto da administração tucana, mas manteve seus alicerces in-tactos. Alckmin, também, não é nenhum Pinochet. Está mais para um administrador público de centro-direita tentando, de acordo com as regras do jogo, tornar-se presidente.

Enquanto os chilenos apresentavam uma idéia de nação absolutamente distinta, não vejo muita diferença nos discursos atuais de Lula e Alckmin. Os poucos projetos de governo são parecidos, de uma posição centrista, sem sal – tentativas fracas de agradar gregos e troianos. Ainda assim, uma eleição morna acabou servindo para explicitar um profundo preconceito social e racial, que hibernava no interior de muita gente.

Em uma cena emblemática de Machuca, o menino rico se vira para seu amigo e grita “seu favelado de merda”; o que ve-mos aqui é essencialmente a mesma coisa, mas de uma manei-ra mais sutil, discreta, indireta e dolorosa. Um popular adesivo para carros, utilizado por eleitores mais exaltados de Geraldo Alckmin, ilustra a mão de Lula, com o mindinho decepado, sob uma faixa indicando “proibição”. No entanto, esse adesivo diz muito mais do que a aversão pessoal a Lula; o dedo decepado sempre foi um símbolo de sua ligação com a classe trabalhado-ra, sua origem popular. Esse símbolo afirma, de forma sublimi-nar, a aversão de muita gente pelos trabalhadores.

Outras manifestações ainda piores e mais claras foram vistas nesses dias de eleição. Na fila da seção onde fui mesá-rio, uma senhora afirmava, em alto e bom som, que “era uma pena que esse povão votava errado”, como se a opinião dos que têm dinheiro fosse a única a ser considerada. Tive de ouvir gente afirmando que o sul do Brasil salvou o país, e até mesmo manifestações do tipo “bando de cabeça chata imbecil”.

O comportamento da grande imprensa infelizmente não

Preconceito eleitoral