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2 frente 4 PORTUGUÊS Cadeen de aupa © MELISSA KING | DREAMSTIME.COM

Cadeendo de aupa - bfsmedia.com.br A_1o EM AP1 P4.pdf · Unidade 1 – Introdução à ... 4º - Faça inferências e estabeleça relações. Um texto, muitas vezes, apresenta sentidos

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Unidade 1 – Introdução à interpretação de textos

Ler e interpretar um texto exige mais do que decifrar letras e palavras: é necessário mobilizar recur-sos, tomar decisões, adotar estratégias que vão além daquilo que está escrito no papel. A boa leitura é uma arquicompetência, que relaciona todas as áreas do conhecimento. Por isso algumas dicas são importantes:

1º - Leia com atenção ao objetivo de leitura. Estabelecer um objetivo para a leitura é fundamental. Ler um texto por prazer é diferente de lê-lo para buscar determinada informação ou para obter uma noção global do assunto, por exemplo.

2º - Fique por dentro das atualidades. Saber o que acontece no mundo é uma competência exigida em todo processo de leitura. É imprescindível que você leia revistas e jornais para manter-se informado e conhecer diversas forma de expressão escrita.

3° - Observe as informações sobre o texto. Identificar o gênero textual, autor, época e veículo (onde o texto foi disponibilizado) pode propiciar antecipações importantes para a compreensão do texto.

4º - Faça inferências e estabeleça relações. Um texto, muitas vezes, apresenta sentidos que não estão explícitos e que exigem que o leitor relacione o que está no texto com algum conhecimento externo à leitura. Além disso, quando for ler dois ou mais textos, fique atento aos pontos de encontro existentes entre eles.

�Apiianddo idonneeddo�01. (ENEM) Observe a imagem abaixo.

A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso dessa imagem no anúncio tem como princi-pal objetivo

a) mostrar à população que a Mata Atlântica é mais importante para o país do que a ordem e o progresso.

b) criticar a estética da bandeira nacional, que não reflete com exatidão a essência do país que representa.

i) informar à população sobre a alteração que a bandeira oficial do país sofrerá.

d) alertar a população para o desmatamento da Mata Atlântica e fazer um apelo para que as derrubadas acabem.

e) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicas em defesa da Amazônia.

02. (UFRGS)

Responda a questão com base na tira acima.

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Usando uma expressão idiomática, em seu sen-tido consagrado, pode-se dizer que o personagem Dogberto tem a atitude de quem:

a) quer vender o peixe pelo preço que comprou.

b) anda com a pulga atrás da orelha.

i) pretende vender gato por lebre.

d) imagina plantar verde para colher maduro.

e) não tem papas na língua.

�eeenndopnenddo abipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C7-H23)

03. (ENEM)

A publicidade, de uma forma geral, alia elementos verbais e imagéticos na constituição de seus textos. Nessa peça publicitária, cujo tema é a sustentabilidade, o autor procura convencer o leitor a

a) assumir uma atitude reflexiva diante dos fenômenos naturais.

b) evitar o consumo excessivo de produtos reutilizáveis.

i) aderir à onda sustentável, evitando o consumo excessivo.

d) abraçar a campanha, desenvolvendo projetos sustentáveis.

e) consumir produtos de modo responsável e ecológico.

�Eeeiciidoe eEneae�04. (Unifesp) Nem médiido idomAeeende penea de idopega

Nem mesmo os médicos conseguem, muitas vezes, entender o diagnóstico escrito pelos colegas durante o atendimento a pacientes. É isso que mostra uma pes-quisa realizada na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O estudo comparou prontuários médicos e com-provou que a letra ilegível impede que médicos da mesma especialidade cheguem a um diagnóstico igual sobre o quadro clínico do paciente.

A pesquisa foi tese de mestrado do fisioterapeuta Maurício Merino Nunes, do Departamento de Informá-tica em Saúde. Ele avaliou o grau de entendimento de prontuários feitos por médicos ortopedistas do grupo

de joelho do Cete (Centro de Traumatologia do Esporte) da Unifesp.

O prontuário deve ser compreendido por outros profissionais para que seja possível dar continuidade ao tratamento de um paciente. “Se o médico não tem a informação adequada, existe a possibilidade de não fazer o tratamento correto”, afirmou Nunes, autor da tese. A legibilidade dos prontuários médicos é exigida no código de ética da profissão.

A ilegibilidade da letra do médico pode acarretar uma advertência ao profissional. A necessidade de o prontuá-rio ser compreensível faz parte do Código de Ética Médica e de uma resolução do Conselho Federal de Medicina.

(Folha de S.Paulo, 09.07.2005. Adaptado.)

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Para responder à questão, leia o trecho seguinte, associando-o com o texto anterior, do jornal Folha de S.Paulo.

A letra ilegível, que “popularmente” ficou conhe-cida como a letra de médico, é uma tradição antiga. Essa característica marcante advinha da relação de poder, no caso, do médico, em relação ao paciente. Essa tradição foi tão enraizada por esses profissio-nais que, mesmo aqueles que escrevem com letra legí-vel, adotaram esse “modelo” na escrita.

(www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual)

A leitura permite afirmar que o trecho

a) confirma a ideia do jornal, referente à intencionalidade da letra ilegível por parte dos médicos para não serem entendidos pelos pacientes nem por outros médicos.

b) acrescenta à ideia expressa no jornal o fato de que a letra ilegível corresponde a uma forma de identidade profissional, apesar de pôr em risco o tratamento dos pacientes.

i) indica, assim como o jornal, a existência de uma força oculta, que impede os médicos de escreverem de forma legível, apesar dos esforços envidados para isso.

d) apresenta a ilegibilidade com o mesmo significado do jornal, reconhecendo-a como um código da classe médica para manutenção de seus valores, conforme previsto no código de ética da profissão.

e) contesta as informações do jornal, pois, ao contrário deste, defende a ilegibilidade como necessária à instauração e manutenção do poder do médico sobre seus pacientes.

05. (Fuvest - Adaptado) Leia o seguinte texto, para atender ao que se pede:

Cdonneeea de abeip

É abril, me perdoareis. Estou completamente can-sado. Retorno à aldeia depois de três dias de galope de jipe pelas estradas confusas de caminhões e poeira e explosões. Tenho no bolso um caderno de notas. Que-reis que vos descreva essas montanhas e vales, e o que fazem os seres humanos neste tempo de prima-vera? Deixai-me estirar o corpo na cama; depois tiro as botas. Ouvi-me. As montanhas, já vos descreverei as montanhas.

Rubem Braga*

*Rubem Braga foi correspondente de guerra junto à FEB, Força Expedicionária Brasileira, durante a Segunda Guerra Mundial. O fragmento acima per-tence a uma de suas crônicas desse período.

Tendo em vista as informações contidas no excerto, o início do texto – “É abril” – é coerente com o emprego do pronome este, em “neste tempo de prima-vera”? Explique.

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Unidade 2 – Funções da linguagem 1Dependendo de que intenção temos, podemos centrar nossa comunicação em algum dos elementos

que envolvem a produção do discurso. Veja quais são esses elementos:

Referente

Destinador Destinatário

Código

Mensagem

Contato

Função referencial

Função conativa

Função fática

Funçãdo eefeeeniiap – Quando nosso foco é voltado para a mensagem que queremos transmitir, ou seja, o eefeeenne.

Funçãdo idonanina – Quando nosso foco é voltado para o interlocutor a quem nos dirigimos, ou seja, o deeninanáeido de nossa mensagem.

Funçãdo fániia – Quando nosso foco é voltado para suporte material ou sensorial através do qual se dá a comunicação, ou seja, o iódigdo utilizado na comunicação.

�Apiianddo idonneeddo�01. (Enem) A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em uni-dades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma fl oresta, um deserto e até um lago. Um ecos-sistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.

DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Predomina no texto a função da linguagem

a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia.

b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação.

i) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem,

d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor.

e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais.

TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

� Queenãdo é Cdomeçae

Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civi-lização apressada, o “bom dia”, “o boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol. No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar; uma outra forma de conversar.

Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a cer-tos rituais. Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desen-volvimento e um fi m predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escre-ver um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pen-sar em você por perto, espiando o que escrevo. Não me deixe falando sozinho.”

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Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais ape-nas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.

(MARQUES, M. O. Escrever é Pre-ciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).

02. (Pucsp) Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: “Em nossa civilização apressada, o ‘bom dia’, o ‘boa tarde, como vai?’ já não funcionam para enga-tar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.” Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”. Indique a alternativa que explicita essa função.

a) Função emotiva

b) Função referencial

i) Função fática

d) Função conativa

e) Função poética

�eeenndopnenddo abipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C6-H19)

03. (Enem 2011) É água que nãdo aiaba maie

Dados preliminares divulgados por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apontaram o Aquí-fero Alter do Chão como o maior depósito de água potá-vel do planeta. Com volume estimado em 86 000 quilô-metros cúbicos de água doce, a reserva subterrânea está localizada sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá. Essa quantidade de água será suficiente para abaste-cer a população mundial durante 500 anos, diz Milton Matta, geólogo da UFPA. Em termos comparativos, Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água do Aquí-fero Guarani (com 45 000 quilômetros cúbicos). Até então, Guarani era a maior reserva subterrânea do mundo, dis-tribuída por Brasa, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Época. Nº623. 26 abr. 2010.

Essa notícia, publicada em uma revista de grande circulação, apresenta resultados de uma pesquisa cientifica realizada por uma universidade brasileira. Nessa situação específica de comunicação, a função referencial da linguagem predomina, porque o autor do texto prioriza

a) as suas opiniões, baseadas em fatos.

b) os aspectos objetivos e precisos.

i) os elementos de persuasão do leitor.

d) os elementos estéticos na construção do texto.

e) os aspectos subjetivos da mencionada pesquisa.

�Eeeiciidoe eEneae�TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

INSTRUÇÃO: A(s) questão(ões) a seguir toma(m) por base as primeiras quatro estrofes da Canção do Tamoio, do poeta romântico Antônio Gonçalves Dias (1823-1864), um trecho da Oração aos Moços, de Rui Bar-bosa de Oliveira (1849-1923), e o Hino do Deputado, do poeta modernista Murilo Monteiro Mendes (1901-1975).

Cançãdo ddo Tamdoido

I

II

Não chores, meu filho;Não chores, que a vidaÉ luta renhida:Viver é lutar.

A vida é combate,Que os fracos abate,Que os fortes, os bravos,Só pode exaltar.

Um dia vivemos!O homem que é forteNão teme da morte;Só teme fugir;

No arco que entesaTem certa uma presa,Quer seja tapuia,Condor ou tapir.

III

O forte, o cobardeSeus feitos invejaDe o ver na pelejaGarboso e feroz;

E os tímidos velhosNos graves concelhos,Curvadas as frontes,Escutam-lhe a voz!

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IV Não dorme, filho, não dorme,Se você toca a dormir

Outro passa na tua frente,Carrega com a mamadeira.Abre o olho bem aberto,Abre a boca bem aberta,Chore até não poder mais.

(MENDES, Murilo. “História do Brasil, XLIII”. In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1994, p. 177-178.)

04. (Unesp - Adaptado) Nos três textos apresentados identifica-se a presença relevante da função conativa da linguagem.

a) Aponte um aspecto do uso da linguagem presente nos textos que caracterizem essa função.

b) Aponte a diferença existente entre os trechos da “Canção do Tamoio” e da “Oração aos Moços”, no que diz respeito ao destinador e destinatário.

TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

A questão seguinte toma por base o fragmento de uma peça oratória do Padre Antônio Vieira (Lisboa, 1608 Bahia, 1697) - o Sermão da Sexagésima pregado na Capela Real de Lisboa no ano de 1655.

Seemãdo de Vieiea

Será porventura o não fazer fruto hoje a palavra de Deus, pela circunstância da pessoa? Será por que antigamente os pregadores eram santos, eram varões apostólicos e exemplares, e hoje os pregadores são eu, e outros como eu? - Boa razão é esta. A definição do pre-gador é a vida e o exemplo. Por isso Cristo no Evange-lho não o comparou ao semeador, senão ao que semeia. Reparai. Não diz Cristo: saiu a semear o semeador, senão, saiu a semear o que semeia. (...) Entre o semeador e o que semeia há muita diferença: uma coisa é o soldado e outra coisa o que peleja; uma coisa é o governador e outra o que governa. Da mesma maneira, uma coisa é o semeador, e outra o que semeia; uma coisa é o pregador e outra o que prega. O semeador e o pregador é nome; o que semeia e o que prega é ação; e as ações são as que dão o ser ao pregador. Ter nome de pregador, ou ser pre-gador de nome, não importa nada; as ações, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o Mundo.

VIEIRA, Antônio (Pe). Os Sermões. Seleção de Jamil Alman-sur Haddad. São Paulo: Melhoramentos, 1963, p.80.

05. (Unesp) O texto oratório, por sua natureza per-suasiva, realiza em alto grau a função conativa (ou apelativa) da linguagem, ou seja, centra sua mensa-gem explícita e diretamente no público destinatário. Neste fragmento, o orador faz clara referência a seus ouvintes, visando a provocar neles uma reação. Com base neste comentário,

a) aponte a frase em que Vieira se dirige diretamente ao público;

b) indique o modo e a pessoa verbais que revelam a função conativa (ou apelativa) da linguagem.

Domina, se vive;Se morre, descansaDos seus na lembrança,Na voz do porvir.

Não cures da vida!Sê bravo, sê forte!Não fujas da morte,Que a morte há de vir!

(GONÇALVES DIAS, Antônio. Obras Poéticas. Tomo II. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1944, p. 42-43.)

Oeaçãdo adoe Mdoçdoe

Magistrados ou advogados sereis. Suas duas car-reiras quase sagradas, inseparáveis uma da outra, e, tanto uma como a outra, imensas nas dificuldades, responsabilidades e utilidades.

Se cada um de vós meter bem a mão na consciên-cia, certo que tremerá da perspectiva. O tremer pró-prio é dos que se defrontam com as grandes vocações, e são talhados para as desempenhar. O tremer, mas não o descorçoar. O tremer, mas não o renunciar. O tremer, com o ousar. O tremer, com o empreender. O tremer, com o confiar. Confiai, senhores. Ousai. Reagi. E haveis de ser bem sucedidos. Deus, pátria e trabalho. Metei no regaço essas três fés, esses três amores, esses três signos santos. E segui, com o coração puro. Não hajais medo a que a sorte vos ludibrie. [...]

Idealismo? Não: experiência da vida. Não há forças, que mais a senhoreiem, do que essas. Experimentai-o, como eu o tenho experimentado. Poderá ser que resig-neis certas situações, como eu as tenho resignado. Mas meramente para variar de posto, e, em vos sentindo incapazes de uns, buscar outros, onde vos venha ao encontro o dever, que a Providência vos haja reservado.

(BARBOSA, Rui. Oração aos moços [discurso de paraninfo dos formandos da Faculdade de Direito de S. Paulo, em

1920]. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1956, p. 58-59.)

Hindo ddo �eAunaddo

Chora, meu filho, chora.Ai, quem não chora não mama,

Quem não mama fica fraco,Fica sem força pra vida,A vida é luta renhida,Não é sopa, é um buraco.

Se eu não tivesse choradoNunca teria mamado,Não estava agora cantando,Não teria um automóvel,Estaria caceteado,Assinando promissória,Quem sabe vendendo imóvelA prestação ou sem ela,Ou esperando algum tigreQue talvez desse amanhã,Ou dando um tiro no ouvido,Ou sem olho, sem ouvido,Sem perna, braço, nariz.

Chora, meu filho, chora,Anteontem, ontem, hoje,Depois de amanhã, amanhã.

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Unidade 3 – Funções da linguagem 2Como vimos, dependendo de que intenção temos, podemos centrar nossa comunicação em algum

dos elementos que envolvem a produção do discurso.

Funçãdo emdonina (dou eEAeeeeina) – Quando nosso foco é voltado para quem emite a mensagem, ou seja, o deeninaddoe.

Funçãdo Adoéniia – Quando nosso foco é voltado para a pinguagem, sua seleção e arrumação.

Funçãdo menapinguceniia – Quando nosso foco é voltado para o uso do iódigdo Aaea ee eefeeie a ei meemdo.

Veja as funções da linguagem de acordo com o foco em cada elemento:

�Apiianddo idonneeddo�Pauea Pdoéniia

Sujeito sem predicadosObjetoSem vozPassivoJá meio pretéritoVendedor de artigos indefi nidosProcura por subordinadaQue possua alguns adjetivosNem precisam ser superlativosDesde que não venha precedidaDe relativos e transitivosPara um encontro vocálicoCom vistas a uma conjugação mais quePerfeitaE possível caso genitivo.

(Paulo César de Souza)

01. Assinale a alternativa que usa a mesma função da linguagem do texto acima:

a) “Sou divorciado – 56 anos, desejo conhecer uma mulher desimpedida, que viva só, que precise de alguém muito sério para juntos sermos felizes. 800-0031 (discretamente falar c/ Astrogildo)” - função referencial.

b) “Que é Poesia? Uma ilha cercada de palavras por todos os lados.” (Cassiano Ricardo) – função metalinguística.

i) “Pegue aquele abraço que eu te dei no dia em que ele te deixouJunte com as noites no meu colo, cada gota que

você chorouMisture todo brilho dos meus olhos só de ver você

me procurarVai ter na sua frente tudo que precisa na receita

de amar!” (George Henrique e Rodrigo) – função cona-tiva ou apelativa.

d) “ Oi, sou eu quem você procurava? Por que você não responde?Será que ainda está aí?” – função fática.

Referente

Destinador Destinatário

Código

Mensagem

Contato

Função poética

Função expressiva

Função metalinguística

Função conativaFunção fática

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02. Nas imagens abaixo predomina a mesma função da linguagem, EXCETO:

a) b)

i) d)

ReeAdoena: � – Todas as imagens usam a função metalinguística, exceto a propaganda que usa a função conativa, ou seja, está centrada no interlocutor.

�eeenndopnenddo abipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C6-H19)

03. Quanto às funções da linguagem presentes nas imagens, como podemos relacioná-las?

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�Eeeiciidoe eEneae�TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo

“Olhe, eu podia mesmo contar-lhe a minha vida inteira, em que há outras coisas interessantes, mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel, e eu só tenho papel: o ânimo é frouxo, e o tempo asseme-lha-se à lamparina de madrugada. Não tarda o sol do outro dia, um sol dos diabos, impenetrável como a vida. Adeus, meu caro senhor, leia-me isso e queira-me bem: perdoe-me o que lhe parecer mau, e não mal-trate muito a arruda, se lhe não cheira a rosas. Pediu-me um documento humano e ei-lo aqui. Não me peça também o império do Grão-Mogol, nem a fotogra-fia dos Macabeus, peça, porém, os meus sapatos de defunto e não os dou a ninguém mais.”

(Assis, Machado de. O enfermeiro)

04. (UEPA) O texto apresenta, além de outras fun-ções da linguagem, a funçãdo eEAeeeeina, por, em cer-tos trechos, orientar-se para a:

a) primeira pessoa do discurso.

b) segunda pessoa do discurso.

i) terceira pessoa do discurso.

d) mensagem por ela mesma.

e) explicação da linguagem.

TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo

Esforço-me para não fazer ficção a partir dos acontecimentos que narro neste diário.[...]

Não gosto de imaginar como as pessoas se encon-tram, como as coisas acontecem, gerando enfado ou surpresa; não gosto de imaginar que frases são ditas, que gestos são feitos.

Pego, na minha lembrança, uma cena antiga, construída pelo meu cotidiano, e trabalho-a segundo a minha intenção no romance. Como um bom cozi-nheiro, recheio a personagem com a minha pessoa, antes de assá-la no forno da imaginação poética. Transformo-a em personagem que pode apetecer os mais requintados gostos. Como bom copeiro, ponho a mesa, pratos e talheres para a situação banal do dia-a-dia, enriquecendo-a de detalhes acessórios e significativos.

Gosto que tudo signifique. Até uma vírgula.

SANTIAGO, Silviano. Em liberdade: uma ficção de Sil-viano Santiago.4. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p. 98-99.

05. (UFBA) Leia o fragmento transcrito e expli-que a forma como a função metalinguística nele se manifesta.

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Unidade 4 – O que são gêneros textuais?Os gêneros textuais são um modo de classificar os textos a partir da forma como a língua se organiza

para se manifestar nas mais diversas situações de comunicação. Os textos, tanto orais quanto escritos, que têm o objetivo de estabelecer algum tipo de comunicação, possuem algumas características básicas que fazem com que possamos saber em qual gênero textual o texto se encaixa. Algumas dessas características são: o tipo de assunto abordado, quem está falando, para quem está falando, qual a finalidade do texto, qual o tipo do texto (narrativo, argumentativo, instrucional etc.). São exemplos de gêneros textuais: o romance, o artigo de opinião, o conto, a receita etc. que são gêneros escritos, ou ainda textos orais como a aula, o debate, a palestra etc. Os gêneros textuais são tão numerosos quanto as práticas sociais de produção.

�ieninguinddo

É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é referente aos textos, mas cada uma tem um significado diferente da outra. Veja uma breve descrição do que é um gênero literário e um tipo textual:

•  Gêneedo Lineeáeido – nessa categorização, os textos abordados são apenas os literários, diferente do gênero textual, que abrange todo tipo de texto. O gênero literário é classificado de acordo com a sua forma, podendo ser do gênero lírico, dramático, épico etc.

•  TiAdo neEnuap – aqui, valoriza-se a forma como o texto se apresenta, podendo ser classificado como narrativo, argumentativo, descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma dessas classificações varia de acordo com como o texto se apresenta e quais os elementos que o compõem.

�Apiianddo idonneeddo�01. (ENEM) Como os gêneros são históricos e muitas vezes estão ligados às tecnologias, eles permitem que surjam novidades nesse campo, mas são novidades com algum gosto do conhecido. Observem-se as respectivas tecnologias e alguns de seus gêneros: telegrama; tele-fonema; entrevista televisiva; entrevista radiofônica; roteiro cinematográfico e muitos outros que foram sur-gindo com tecnologias específicas. Neste sentido, é claro que a tecnologia da computação, por oferecer uma nova perspectiva de uso da escrita num meio eletrônico muito maleável, traz mais possibilidades de inovação.

MARCUSCHI, L. A. Disponível em: www.progesp.ufba.br. Acesso em: 23 jul. 2012 (fragmento).

O avanço das tecnologias de comunicação e infor-mação fez, nas últimas décadas, com que surgissem novos gêneros textuais. Esses novos gêneros, con-tudo, não são totalmente originais, pois eles inovam em alguns pontos, mas remetem a outros gêneros textuais preexistentes, como ocorre no seguinte caso:

a) O gênero e-mail mantém características dos gêneros carta e bilhete.

b) O gênero aula virtual mantém características do gênero reunião de grupo.

i) O gênero bate-papo virtual mantém características do gênero conferência.

d) O gênero videoconferência mantém características do gênero aula presencial.

e) O gênero lista de discussão mantém características do gênero palestra.

02. (ENEM) Um geamániido idonnea a geamániia

O gramático Celso Pedro Luft era formado em Letras Clássicas e Vernácula pela PUCRS e fez curso de especialização em Portugal. Foi professor na UFRGS e na Faculdade Porto-Alegrense de Ciências e Letras. Suas obras mais relevantes são: Gramática resumida, Moderna gramática brasileira, Dicionário gramati-cal da língua portuguesa, Novo manual de português, Minidicionário Luft, Língua e liberdade e O romance das palavras. Na obra Língua e liberdade, Luft traz um conjunto de ideias que subverte a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater, de forma veemente, o ensino da gramática em sala de aula.

Nos seis pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla — uma variação sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna.

SCARTON, G. Disponível em: www.portugues.com.br. Acesso em: 26 out. 2011 (fragmento).

Reconhecer os diversos gêneros textuais que cir-culam na sociedade constitui-se uma caracterís-tica fundamental do leitor competente. A análise das características presentes no fragmento de Um gramático contra a gramática, de Gilberto Scarton, revela que o texto em questão pertence ao seguinte gênero textual:

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a) Artigo científico, uma vez que o fragmento contém título, nome completo do autor, além de ter sido redigido em uma linguagem clara e objetiva.

b) Relatório, pois o fragmento em questão apresenta informações sobre o autor, bem como descreve com detalhes o conteúdo da obra original.

i) Resenha, porque além de apresentar características estruturais da obra original, o texto traz ainda o posicionamento crítico do autor do fragmento.

d) Texto publicitário, pois o fragmento apresenta dados essenciais para a promoção da obra original, como informações sobre o autor e o conteúdo.

e) Resumo, visto que, no fragmento, encontram-se informações detalhadas sobre o currículo do autor e sobre o conteúdo da obra original.

�eeenndopnenddo abipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C7-H23)

03. (ENEM) MORUMBI PRÓXIM� �O COL. PIO XII

Linda residência rodeada por maravilhoso jardim com piscina e amplo espaço gourmet.

1 000 m2 construídos em 2 000 m2 de terreno, 6 suí-tes. R$ 3 200 000. Rua tranquila: David Pimentel. Cód. 480067 Morumbi Palácio Tel.: 3740-5000

Folha de São Paulo. Classificados, 27 fev. 2012 (adaptado).

Os gêneros textuais nascem emparelhados a necessidades e atividades da vida sociocultural. Por isso, caracterizam-se por uma função social especí-fica, um contexto de uso, um objetivo comunicativo e por peculiaridades linguísticas e estruturais que lhes conferem determinado formato. Esse classifi-cado procura convencer o leitor a comprar um imóvel e, para isso, utiliza-se

a) da predominância das formas imperativas dos verbos e de abundância de substantivos.

b) de uma riqueza de adjetivos que modificam os substantivos, revelando as qualidades do produto.

i) de uma enumeração de vocábulos, que visam conferir ao texto um efeito de certeza.

d) do emprego de numerais, quantificando as características e aspectos positivos do produto.

e) da exposição de opiniões de corretores de imóveis no que se refere à qualidade do produto.

�Eeeiciidoe eEneae�TeEndoe Aaea a AeóEima queenãdo

T�XTO 1

Lugar sertão se divulga: é onde os pastos care-cem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autori-dade. O Urucuia vem dos montões oestes. Mas, hoje, na beira dele tudo dá – fazendões de fazendas, almar-gem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães é questão de opiniães... O sertão está em toda parte.

ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas.

T�XTO 2

Sertão é palavra nossa, não tem em língua estran-geira. Sertão é sertão. Há quem diga que venha de “dessertão”: miolo de nação onde o mato é grande e a população é pouca. O reverso da cidade, o avesso da civilização. “Nosso mar interior”, para o antropólogo Darcy Ribeiro, área vasta e seca que se estende pelas beiradas do Rio São Francisco, mas nunca encon-tra o oceano. O sertão de Minas é chamado de Cam-pos Gerais – os gerais. Começam acima das cidades de Corinto e Curvelo e se alargam pelo noroeste até se molhar nas águas escuras do rio Carinhanha, até esbarrar nas serras de Goiás, até se debruçar sobre as terras da Bahia.

Revista Terra, 09/05, p. 34

04. (UFF) Os textos 1 e 2 focalizam o sertão valendo-se de gêneros textuais diferentes. Apresente uma diferença de linguagem que caracteriza os gêneros dos textos 1 e 2, exemplificando com, pelo menos, uma passagem de cada texto.

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TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

A questão a seguir toma por base um trecho do artigo “Horror a aprender” (06.01.1957), escrito pelo historiador e crítico literário Afrânio Coutinho (1911-2000), e uma tira do blogue Blogloides.

Hdoeedoe a aAeendee

Se quiséssemos numa fórmula definir a menta-lidade mais ou menos generalizada dos que militam na vida literária brasileira, não lograríamos desco-brir outra que melhor se prestasse do que esta: horror a aprender. Nosso autodidatismo enraizado, nossa falta de hábito universitário, fazem com que apren-der, entre nós, seja motivo de inferioridade intelectual. Ninguém gosta de aprender. Ninguém se quer dar ao trabalho de aprender. Porque já se nasce sabendo. Todos somos mestres antes de ser discípulos. Aprender o quê? Pois já sabemos tudo de nascença! Ignoramos

essa verdade de extrema sabedoria: só os bons discí-pulos dão grandes mestres, e só é bom mestre quem foi um dia bom discípulo e continua com o espírito aberto a um perpétuo aprendizado. Quem sabe apren-der sabe ensinar, e só quem gosta de aprender tem o direito de dar lições. Como pode divulgar e orientar conhecimentos quem mantém o espírito impermeável a qualquer aprendizagem?

Nossos jovens intelectuais, em sua maioria, pri-mam pelo pedantismo, autossuficiência e falta de humildade de espírito. São mestres antes de ter sido discípulos. Saber não os preocupa, estudar, ninguém lhes viu os estudos. É só meter-lhes na mão uma pena e cair-lhes ao alcance uma coluna de jornal, e lá vem doutrinação leviana e prosa de meia-tigela. Não lhes importa verificar se estão arrombando portas abertas ou chovendo no molhado.

(No hospital das letras, 1963.)

05. (Unesp) Considerando a natureza dos respectivos gêneros textuais, estabeleça a diferença entre o artigo e a tira quanto ao modo de manifestarem seus julgamentos críticos.

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Unidade 5 – Textos narrativos literários: contosO conto é uma breve narrativa centrada em algum episódio ocorrido com personagens em algum

lugar por determinado período de tempo.

conflito

clímax

desfecho

SITUAÇÃOINICIAL

SITUAÇÃOFINAL

passagem temporal

Os elementos essenciais que aparecem em uma narra-tiva são:

•  �needdo (situação inicial, conflito, clímax, desfecho e situa-ção final);

•  Peeedonagene (protagonista, antagonista e coadjuvante);

•  Naeeaddoe (narrador-personagem, narrador-observador).

•  TemAdo (cronológico e psicológico);

•  �eAaçdo.

�Apiianddo idonneeddo�TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo.

ZaA

Não faz muito que temos esta nova TV com con-trole remoto, mas devo dizer que se trata agora de um instrumento sem o qual eu não saberia viver. Passo os dias sentado na velha poltrona, mudando de um canal para outro — uma tarefa que antes exigia certa movi-mentação, mas que agora ficou muito fácil. Estou num canal, não gosto — zap, mudo para outro. Não gosto de novo — zap, mudo de novo. Eu gostaria de ganhar em dólar num mês o número de vezes que você troca de canal em uma hora, diz minha mãe. Trata-se de uma pretensão fantasiosa, mas pelo menos indica disposi-ção para o humor, admirável nessa mulher.

Sofre, minha mãe. Sempre sofreu: infância carente, pai cruel etc. Mas o seu sofrimento aumentou muito quando meu pai a deixou. Já faz tempo; foi logo depois que nasci, e estou agora com treze anos. Uma idade em que se vê muita televisão, e em que se muda de canal constantemente, ainda que minha mãe ache isso um absurdo. Da tela, uma moça sorridente pergunta se o caro telespectador já conhece certo novo sabão em pó. Não conheço nem quero conhecer, de modo que — zap — mudo de canal. “Não me abandone, Mariana, não me abandone!” Abandono, sim. Não tenho o menor remorso, em se tratando de novelas: zap, e agora é um desenho, que eu já vi duzentas vezes, e — zap — um homem falando. Um homem, abraçado à guitarra elé-trica, fala a uma entrevistadora. É um roqueiro. Aliás, é o que está dizendo, que é um roqueiro, que sempre foi e sempre será um roqueiro. Tal veemência se justi-fica, porque ele não parece um roqueiro. É meio velho, tem cabelos grisalhos, rugas, falta-lhe um dente. É o meu pai.

É sobre mim que fala. Você tem um filho, não tem?, pergunta a apresentadora, e ele, meio constrangido — situação pouco admissível para um roqueiro de verdade —, diz que sim, que tem um filho, só que não o vê há muito tempo. Hesita um pouco e acrescenta: você sabe, eu tinha de fazer uma opção, era a família ou o rock. A entrevista-dora, porém, insiste (é chata, ela): mas o seu filho gosta de rock? Que você saiba, seu filho gosta de rock?

Ele se mexe na cadeira; o microfone, preso à desbo-tada camisa, roça-lhe o peito, produzindo um desagra-dável e bem audível rascar. Sua angústia é compreensí-vel; aí está, num programa local e de baixíssima audiên-cia — e ainda tem de passar pelo vexame de uma per-gunta que o embaraça e à qual não sabe responder. E então ele me olha. Vocês dirão que não, que é para a câmera que ele olha; aparentemente é isso, aparente-mente ele está olhando para a câmera, como lhe disse-ram para fazer; mas na realidade é a mim que ele olha, sabe que em algum lugar, diante de uma tevê, estou a fitar seu rosto atormentado, as lágrimas me correndo pelo rosto; e no meu olhar ele procura a resposta à per-gunta da apresentadora: você gosta de rock? Você gosta de mim? Você me perdoa? — mas aí comete um erro, um engano mortal: insensivelmente, automaticamente, seus dedos começam a dedilhar as cordas da guitarra, é o vício do velho roqueiro, do qual ele não pode se livrar nunca, nunca. Seu rosto se ilumina — refletores que se acendem? — e ele vai dizer que sim, que seu filho ama o rock tanto quanto ele, mas nesse momento zap — aciono o controle remoto e ele some. Em seu lugar, uma bela e sorridente jovem que está — à exceção do pequeno relógio que usa no pulso — nua, completamente nua.

Moacyr Scliar

O texto acima, publicado em “Contos Reunidos”, Companhia das Letras — São Paulo, 1995, consta tam-bém do livro “Os cem melhores contos brasileiros do século”, seleção de Italo Moriconi, Editora Objetiva — Rio de Janeiro, 2000, pág. 555.

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01. a) Aponte quem são as personagens e o narrador.

b) Especifique os momentos do conto em que se encontram a situação inicial, o conflito, o clímax e a situação final.

TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo.

Hienóeia eenean a

Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele mesmo chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reco-nhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no par-que quando de repente aproximou-se um homem e... O homem aproxima-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos. Seus olhos se enchem de lágrimas. Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás.

O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando, abor-recido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental!

Luis Fernando VerÍssimo, Comédias para se ler na escola.

02. A estranheza dessa história deve-se, basicamente, ao fato de que nela

a) há superposição de espaços sem que haja superposição de tempos.

b) a memória afetiva faz um quarentão se lembrar de uma cena da infância.

i) a narrativa é conduzida por vários narradores.

d) o tempo é representado como irreversível.

e) tempos distintos convergem e tornam-se simultâneos.

�eeenndopnenddo abipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C5-H16)

03. (Enem) TeEndo I

Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava.

Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos, mole-ques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferen-tes ao vento que circundava o casarão uivando, indife-rentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações...

AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Com-panhia das Letras, 2008 (fragmento).

TeEndo II

À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mer-cado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali os bêba-dos são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do mercado.

TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhi-dos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).

Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos,

a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados.

b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens.

i) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social.

d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão.

e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.

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�Eeeiciidoe eEneae�TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

Os dois clavinotes estavam apontados em direção à estrada. A essa altura, já o sol faiscava nos lajedos, e o ar, embora frio, era reconfortante e seco. Um sabiá veio pousar perto da caverna, mas logo esvoaçou, ao pres-sentir os dois homens. Houve em seguida um rumor de folhas, provocado por uma lagartixa em fuga.

- Já vem bem perto - disse o negro Guido, com o dedo no gatilho da arma.

O tropel fazia-se ouvir cada vez mais próximo. De repente, surgiu no topo do atalho a cabeça de um cavalo. O velho Patuá estava calmo, ao passo que o outro dava visíveis mostras de excitação. À vista da cabeça do cavalo, seus lábios chegaram mesmo a embranquecer, como se uma sede atroz o tivesse assaltado.

- Será ele mesmo? - perguntou.

Foi quando o cavaleiro apareceu. Subia a estrada, descuidado, assobiando. Guido logo reconheceu o fazendeiro Pedro Neves. Então, o que havia de incer-teza no seu espírito transformou-se imediatamente numa sensação de alívio, marcada a um só tempo de medo e crueldade. Apontou a arma, fazendo mira, sempre com o dedo no gatilho. Viu o homem parar de assobiar, enxugar o suor do rosto, com um lenço que de novo guardou no bolso, e acender o cigarro.

Foi quando o velho Patuá comandou:

- Fogo!

O negro procurava fazer um bom alvo, na ponta-ria contra o paletó de brim cáqui, onde havia manchas de suor.

- Fogo! - repetiu o velho Patuá, num tom de irritação.

E, com o clavinote apontado para a nuca do homem, apertou o gatilho. O negro Guido acompanhou-o. Dois tiros estrondaram, ao mesmo tempo que a caverna se enchia de fumaça. Como se uma mão invisível os enxotasse, os pássaros voaram. Um desabrido tropel foi então ouvido: era o cavalo do fazendeiro, que fugia com os arreios vazios. Espantado, corria doidamente estrada abaixo - as caçambas batendo como sinos. Como sinos roucos. Estranhamente roucos.

(Herberto Sales)

04. (Puccamp) A forma de apresentação dos fatos revela a seguinte organização temporal da narrativa:

a) cortes bruscos na sequência cronológica natural.

b) predominância da sequência cronológica natural, com alguns recuos no tempo.

i) alternância entre fatos rememorados e fatos do presente.

d) alternância entre fatos do presente e cenas antecipadas.

e) sequência cronológica natural, rigorosamente respeitada.

05. (Enem) E como manejava bem os cordéis de seus títe-res, ou ele mesmo, títere voluntário e consciente, como entregava o braço, as pernas, a cabeça, o tronco, como se desfazia de suas articulações e de seus reflexos quando achava nisso conveniência. Também ele soubera apode-rar-se dessa arte, mais artifício, toda feita de sutilezas e grosserias, de expectativa e oportunidade, de insônia e submissão, de silêncios e rompantes, de anulação e pre-potência. Conhecia a palavra exata para o momento preciso, a frase picante ou obscena no ambiente ade-quado, o tom humilde diante do superior útil, o grosseiro diante do inferior, o arrogante quando o poderoso em nada o podia prejudicar. Sabia desfazer situações equi-vocadas, e armar intrigas das quais se saía sempre bem, e sabia, por experiência própria, que a fortuna se ganha com uma frase, num dado momento, que este momento único, irrecuperável, irreversível, exige um estado de alerta para sua apropriação.

RAWET, S. O aprendizado. In: Diálogo. Rio de janeiro: GRD, 1963 (fragmentado).

No conto, o autor retrata criticamente a habili-dade do personagem no manejo de discursos diferen-tes segundos a posição do interlocutor na sociedade. A crítica à conduta do personagem está centrada

a) Na imagem do títere ou fantoche em que o personagem acaba por se transformar, acreditando dominar os jogos de poder na linguagem.

b) Na alusão à falta de articulações e reflexos do personagem, dando a entender que ele não possui o manejo dos jogos discursivos em todas as situações.

i) No comentário, feito em tom de censura pelo autor, sobre as frases obscenas que o personagem emite em determinados ambientes sociais.

d) Nas expressões que mostram tons opostos nos discursos empregados aleatoriamente pelo personagem em conversas com interlocutores variados.

e) No falso elogio à originalidade atribuída a esse personagem, responsável por seu sucesso no aprendizado das regras de linguagem da sociedade.

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Unidade 6 – Textos narrativos literários: romanceO romance é uma narrativa mais longa do que o conto, o que permite que haja mais de um núcleo nar-

rativo, ou seja, o enredo pode se desdobrar em várias situações que se conectam.

Vdozee da naeeanina

As falas das personagens podem aparecer de três maneiras nas narrativas:

�ieiueedo dieendo – a própria personagem tem a voz narrativa. Fala é acompanhada de verbos de elocu-ção (dizer, falar, responder etc.). Ex. Pediu-me: “Por favor não diga nada a ninguém”.

�ieiueedo indieendo – a fala da personagem aparece sendo contada pelo narrador. Ex. Ele me pediu que não dissesse nada a ninguém.

�ieiueedo indieendo pinee – não é possível identificar se quem fala é a personagem ou o narrador. Ex. Ela disse: “Por favor não diga nada a ninguém”. Pedir que não dissesse nada resolveria alguma coisa?

�Apiianddo idonneeddo�TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

O melro veio com efeito às três horas. Luísa estava na sala, ao piano.

– Está ali o sujeito do costume – foi dizer Juliana.

Luísa voltou-se corada, escandalizada da expressão:

– Ah! meu primo Basílio? Mande entrar.

E chamando-a:

– Ouça, se vier o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre.

Era o primo! O sujeito, as suas visitas perderam de repente para ela todo o interesse picante. A sua malí-cia cheia, enfunada até aí, caiu, engelhou-se como uma vela a que falta o vento. Ora, adeus! Era o primo!

Subiu à cozinha, devagar, — lograda.

– Temos grande novidade, Sra. Joana! O tal peralta é primo. Diz que é o primo Basílio.

E com um risinho:

– É o Basílio! Ora o Basílio! Sai-nos primo à última hora! O diabo tem graça!

– Então que havia de o homem ser se não parente? – observou Joana.

Juliana não respondeu. Quis saber se estava o ferro pronto, que tinha uma carga de roupa para pas-sar! E sentou-se à janela, esperando. O céu baixo e pardo pesava, carregado de eletricidade; às vezes uma aragem súbita e fina punha nas folhagens dos quin-tais um arrepio trêmulo.

– É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o marido se vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai; e é roupa-branca e mais roupa-branca, e roupão novo, e tipoia para o passeio, e suspiros e olheiras! Boa bêbeda! Tudo fica na família!

Os olhos luziam-lhe. Já se não sentia tão lograda. Havia ali muito “para ver e para escutar”. E o ferro estava pronto?

Mas a campainha, embaixo, tocou.

(Eça de Queirós. O primo Basílio, 1993.)

01. (Unifesp) Observe as passagens do texto:

– Ora, adeus! Era o primo! (7.º parágrafo)

– E o ferro estava pronto? (penúltimo parágrafo)

Nessas passagens, é correto afirmar que se expressa o ponto de vista

a) da personagem Juliana, em discurso direto, independente da voz do narrador.

b) da personagem Juliana, sendo que sua voz mescla-se à voz do narrador.

i) do narrador, em terceira pessoa, distanciado, portanto, do ponto de vista de Juliana.

d) do narrador, em primeira pessoa, próximo, portanto, do ponto de vista de Juliana.

e) da personagem Luísa, em discurso indireto, independente da voz do narrador.

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TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

Mas quando todas as luzes da península se apaga-ram ao mesmo tempo, apagón lhe chamaram depois em Espanha, negrum numa aldeia portuguesa ainda inventora de palavras, quando quinhentos e oitenta e um mil quilómetros quadrados de terras se tornaram invisíveis na face do mundo, então não houve mais dúvidas, o fim de tudo chegara. Valeu a extinção total das luzes não ter durado mais do que quinze minu-tos, até que se completaram as conexões de emergên-cia que punham em acção os recursos energéticos pró-prios, nesta altura do ano escassos, pleno verão, Agosto pleno, seca, míngua das albufeiras, escassez das cen-trais térmicas, as nucleares malditas, mas foi verdadei-ramente o pandemónio peninsular, os diabos à solta, o medo frio, o aquelarre, um terramoto não teria sido pior em efeitos morais. Era noite, o princípio dela, quando a maioria das pessoas já recolheram a casa, estão uns sentados a olhar a televisão, nas cozinhas as mulhe-res preparam o jantar, um pai mais paciente ensina, incerto, o problema de aritmética, parece que a felici-dade não é muita, mas logo se viu quanto afinal valia, este pavor, esta escuridão de breu, este borrão de tinta caído sobre a Ibéria, Não nos retires a luz, Senhor, faz que ela volte, e eu te prometo que até ao fim da minha vida não te farei outro pedido, isto diziam os pecadores arrependidos, que sempre exageram.

(SARAMAGO, José. A jangada de pedra. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p.35-36.)

02. (Uel) Quanto aos tipos de discurso encontrados no texto, considere as afirmativas a seguir.

I. No discurso direto, a personagem apresenta ideias com suas próprias palavras como no trecho “Não nos retires a luz, Senhor, faz que ela volte, e eu te prometo que até ao fim da minha vida não te farei outro pedido [...]”.

II. O trecho “[...] isto diziam os pecadores arrependidos, que sempre exageram.” configura um exemplo de discurso indireto livre, pois não se pode distinguir a voz do narrador da voz da personagem.

III. Em “Valeu a extinção total das luzes não ter durado mais do que quinze minutos [...]”, o narrador transmite uma informação sobre os fatos, o que configura um exemplo de discurso indireto.

IV. O narrador, ao reproduzir a criação vocabular das personagens no trecho “[...] apagón lhe chamaram depois em Espanha, negrum numa aldeia portuguesa [...]”, emprega o discurso direto.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e III são corretas.

b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.

i) Somente as afirmativas II e III são corretas.

d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.

e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

�eeenndopnenddo abipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C5-H16)

TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

Cinzae ddo Ndoene

Trecho de abertura

Li a carta de Mundo num bar do beco das Cance-las, onde encontrei refúgio contra o rebuliço do cen-tro Rio e as discussões sobre o destino do país. Uma carta sem data, escrita numa clínica de Copacabana, aos solavancos e com uma caligrafia miúda e trêmula que revelava a dor de meu amigo.

“Pensei em reescrever minha vida de trás para frente, de ponta-cabeça, mas não posso, mal consigo rabiscar, as palavras são manchas no papel, e escre-ver é quase um milagre ... Sinto no corpo o suor da ago-nia”, é o que se lê pouco antes do fim. Na margem da última página, estas palavras: “meia-noite e pouco”.

Talvez tenha morrido naquela madrugada, mas eu não quis saber a data nem a hora: detalhes que não me interessam. Uns vinte anos depois, a histó-ria de Mundo me vem à memória com a força de um fogo escondido pela infância e pela juventude. Ainda guardo seu caderno com desenhos e anotações, e os esboços de várias obras inacabadas, feitos no Bra-sil e na Europa, na vida à deriva a que se lançou sem medo, como se quisesse se rasgar por dentro e repe-tisse cada minuto a frase que enviou para mim num cartão-postal de Londres: “Ou a obediência estúpida ou a revolta”.

(Milton Hatoum. Cinzas do Norte)

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03. (Uepg) Assinale o que for correto com relação ao que indicam as aspas, em suas três ocorrências no texto.

01) A mudança de interlocutor.

02) A intervenção do narrador.

04) A construção do discurso direto.

08) A utilização do discurso indireto livre.

16) A alteração do sentido referencial.

�Eeeiciidoe eEneae�04. (Uemg) Em passagens do romance O último conhaque, observa-se o uso do discurso indireto livre, quando a voz narrativa de 3ª. pessoa apresenta ento-nações próprias de uma outra voz, em fluxo interior (ou fluxo de consciência), atribuída à personagem focalizada, conferindo, assim, certa ambiguidade na identificação do locutor que se expressa no texto.

De acordo com esse comentário e (re) lendo as cita-ções das alternativas, a seguir, só é POSSÍVEL afirmar que o discurso indireto livre, revelador de um fluxo interior da personagem, faz-se presente em:

a) “Já escurecia quando Lúcio Santos, após falar duas vezes por telefone com Rodrigo Lima e recomendar a ele muita calma, acabava de dar as últimas instruções para Valdeir, o gerente de sua concessionária, no centro de Ipatinga, onde também era dono de duas sorveterias e uma oficina mecânica.”

b) “Naquele dia, ele não estava bem: amanheceu espirrando, com o corpo doendo e sem ânimo para ir às aulas ou fazer qualquer coisa a não ser ficar na cama, entregue à sonolência e a um torpor que, independentemente de sua vontade, fazia com que sua mente vagasse.”

i) “Enquanto isso, o homem, após descobrir a arma, não fez outra coisa senão ficar assentado na poltrona com ela ao seu lado, acariciando-a, sentindo o frio do metal.”

d) “Porém, os pesadelos, de uns tempos para cá, pararam de atormentá-lo, muito embora a fisionomia de Rodrigo Lima, sempre associada à de seu pai, nunca tenha saído de sua cabeça(...) E é por isso que deseja encontrá-lo, olhar nos seus olhos. Será que terá coragem? E, quem sabe, encarando-o, volte a visualizar, por inteiro, o rosto de seu pai (...)”

TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

T�XTO

(...) ANTES DE CONCLUIR ESTE CAPÍTULO, FUI À JANELA INDAGAR DA NOITE POR QUE RAZÃO OS SONHOS HAVIAM DE SER ASSIM TÃO TÊNUES QUE SE ESGARÇAVAM AO MENOR ABRIR DE OLHOS OU VOLTAR DE CORPO, E NÃO CONTINUAVAM MAIS. A NOITE NÃO ME RESPONDEU LOGO. ESTAVA DELICIO-SAMENTE BELA, OS MORROS PALEJAVAM* DE LUAR E O ESPAÇO MORRIA DE SILÊNCIO. COMO EU INSIS-TISSE, DECLAROU-ME QUE OS SONHOS JÁ NÃO PER-TENCIAM À SUA JURISDIÇÃO. Quando eles moravam na ilha que Luciano** lhes deu, onde ela tinha o seu palá-cio, e donde os fazia sair com as suas caras de vária feição, dar-me-ia explicações possíveis. Mas os tempos mudaram tudo. Os sonhos antigos foram aposentados, e os moder-nos moram no cérebro das pessoas. Estes, ainda que qui-sessem imitar os outros, não poderiam fazê-lo; a ilha dos sonhos, como a dos amores, como todas as ilhas de todos os mares, são agora objeto da ambição e da rivalidade da Europa e dos Estados Unidos.

Era uma alusão às Filipinas. Pois que não amo a política, e ainda menos a política internacional, fechei a janela e vim acabar este capítulo para ir dormir.

(Machado de Assis, Dom Casmurro. Adaptado)

* palejar = tornar-se pálido, empalidecer.

** Luciano= escritor grego, criador do diálogo satírico.

05. (Fgv) Percebe-se, no trecho em destaque, um diá-logo empreendido entre dois interlocutores.

a) Identifique-os.

b) Reconstrua, por meio das regras do discurso direto, o diálogo travado entre os interlocutores.

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Unidade 7 – Textos narrativos orais: cordelA literatura de cordel é uma forma de poesia narrativa popular que é impressa e divulgada em folhe-

tos ilustrados com o processo de xilogravura. Ganhou esse nome porque, em Portugal, os folhetos eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.

Chegou ao Brasil no século XVIII, com os portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar esse tipo de literatura, principalmente na região Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares; têm preço baixo, geral-mente tom humorístico e também retratam fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são festas, política, secas, disputas, brigas, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, milagres, morte de personalidades etc. Em algumas situações, esses poemas são acompa-nhados de violas e recitados em praças com a presença do público. Vários escritores brasileiros foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles, podemos citar João Cabral de Melo, Ariano Suas-suna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.

O Fdoido Naeeanindo

O ponto de vista a partir do qual é feita uma narração pode ser:

Naeeaddoe-Aeeedonagem – quando a narração é feita pelo protagonista ou algum personagem secun-dário (neste caso, um narrador-testemunha).

Naeeaddoe-dobeeenaddoe – quando a narração é em terceira pessoa. O narrador pode ser onisciente (saber tudo) ou ser como uma câmera, ou seja, não tem informações íntimas das personagens.

Naeeaddoe-inneuedo – pode aparecer tanto em primeira quanto em terceira pessoa. É o narrador que faz comentários acerca da narrativa e das personagens.

�Apiianddo idonneeddo�01. (Enem) Hienóeia da máquina que faz do munddo edodae

Cego, aleijado e moleque,

Padre, doutor e soldado,

Inspetor, juiz de direito,

Comandante e delegado,

Tudo, tudo joga o dinheiro

Esperando bom resultado.

Matuto, senhor de engenho,

Praciano e mandioqueiro,

Do agreste ao sertão

Todos jogam seu dinheiro

Se um diz que é mentiroso

Outro diz que é verdadeiro.

Na opinião do povo

Não tem quem possa mandar

Faça ou não faça a máquina

O povo tem que esperar

Por que quem joga dinheiro

Só espera mesmo é ganhar.

Assim é que muitos pensam

Que no abismo não cai

Que quem não for no Juazeiro

Depois de morto ainda vai,

Assim também é crença

Que a dita máquina sai.

Quando um diz: ele não faz,

Já outro fica zangado

Dizendo: assim como Cristo

Morreu e foi ressuscitado

Ele também faz a máquina

E seu dinheiro é lucrado.

CRUZ, A. F. Disponível em: www.jangadabra-sil.org. Acesso em: 5 ago. 2012 (fragmento).

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No fragmento, as escolhas lexicais remetem às ori-gens geográficas e sociais da literatura de cordel.

Exemplifica essa remissão o uso de palavras como

a) cego, aleijado, moleque, soldado, juiz de direito.

b) agreste, sertão, Juazeiro, matuto, senhor de engenho.

i) comandante, delegado, dinheiro, resultado, praciano.

d) mentiroso, verdadeiro, joga, ganhar.

e) morto, crença, zangado, Cristo.

TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

Preste atenção por favorna história que vou contarela explica o que é cordel

grande manifestação popular.Paulo Araújo. Internet: <www.bibceuguarapiranga.blogs.com>.

Manifestação popular caracterizada por poesias escritas em folhetos, a literatura de cordel originou-se na Europa em meados do século XII. Em Portugal, escritores amadores usavam cordões para pendura-rem e divulgarem suas produções em lugares públi-cos. Com a vinda dos portugueses ao Brasil, a tradi-ção de contar histórias disseminou-se pela região Nordeste, tornando-se um dos símbolos da cultura e memória nordestina.

No início, como a maioria das pessoas não sabia ler e escrever, as poesias eram apenas decoradas e recitadas em feiras e praças. Mais tarde, passaram a ser impressas em folhetos, cujas capas eram ilus-tradas em xilogravura, e afirmaram-se como mani-festação artística e popular nas décadas 60 e 70 do século passado.

A importância do cordel não se limita à literatura. O cordel se expande como registro histórico da cul-tura nordestina, reverberando nas manifestações artísticas, tais como teatro, dança, cinema, música e artes visuais.

FIGURA 1 FIGURA 2

02. (Unb) Tendo como referências iniciais o texto e as figuras acima, julgue os itens a seguir.

a) A arte de contar histórias é uma das formas mais antigas de transmissão de conhecimento. Nas histórias, estão presentes crenças, fantasias, bem como aspectos éticos, estéticos e morais de uma cultura. O contador de histórias pode desenvolver, para cada performance, formas singulares de narrativa, utilizando objetos, músicas, sons e movimentos, de modo que suas ações se organizem cenicamente.

b) Forma poética rica em situações dramatúrgicas e linguagem imagética, a literatura de cordel, além de influenciar outras manifestações artísticas, presta-se facilmente a adaptações para teatro, cinema e televisão.

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�eeenndopnenddo abipidadee� (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – C5-H16)03. (Enem) Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: - Zé-Zim. por que é que você não cria galinhas-d’angola, como todo o mundo faz? — Quero criar nada não... - me deu res-posta: — Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar eram todos dessa famí-lia Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.

ROSA. J. G. Grande Sertão Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento).

Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situa-ção decorrente de uma desigualdade social típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre agrega-dos e fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador

a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho.

b) descreve o processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em proprietário de terra.

i) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho da terra.

d) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.

e) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras.

�Eeeiciidoe eEneae�TeEndo Aaea a AeóEima queenãdo:

Crescia naturalmente

Fazendo estripulia,

Malino e muito arguto,

Gostava de zombaria.

A cabeça duma escrava

Quase arrebentei um dia.

E tudo isso porque

Um doce me havia negado,

De cinza no tacho cheio

Inda joguei um punhado,

Daí porque a alcunha

De “Menino Endiabrado”.

Prudêncio era um menino

Da casa, que agora falo.

Botava suas mãos no chão

Pra poder depois montá-lo:

Com um chicote na mão

Fazia dele um cavalo.

(Varneci Nascimento. Memórias póstu-mas de Brás Cubas em cordel.)

04. (Unifesp) A versão modificada, adaptada à ora-lidade – como usualmente se dá na produção da lite-ratura de cordel – apresenta termos semelhantes aos do texto original de Machado de Assis, que podem ser identificados em todas as palavras da alternativa

a) malino, botava, inda, pra.

b) estripulia, malino, inda, pra.

i) estripulia, zombaria, inda, daí.

d) zombaria, botava, inda, pra.

e) malino, botava, zombaria, daí.

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05. (Enem) TeEndo I

O meu nome é Severino,

não tenho outro de pia.

Como há muitos Severinos,

que é santo de romaria,

deram então de me chamar

Severino de Maria;

como há muitos Severinos

com mães chamadas Maria,

fiquei sendo o da Maria,

do finado Zacarias,

mas isso ainda diz pouco:

há muitos na freguesia,

por causa de um coronel

que se chamou Zacarias

e que foi o mais antigo

senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem fala

ora a Vossas Senhorias?

MELO NETO, J. C. Obras completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento)

TeEndo II

João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços bio-gráficos são sempre partilhados por outros homens.

SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento).

Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala/ ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da

a) descrição minuciosa dos traços biográficos personagem-narrador.

b) construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua situação.

i) representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham sua condição.

d) apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta em sua crise existencial.

e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias.

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Gabaeindo

Unidade 1 04. B05. É coerente, tendo em vista o contexto em que o texto foi pro-duzido, esclarecido pela nota explicativa. O pronome ‘este’ fun-ciona como indicador, no con-texto, da estação que ocorre exa-tamente naquele momento. Deve-mos ter em mente que o mês de abril marca a primavera europeia. O autor, dessa forma, expressa que estava na Europa precisamente durante a primavera.

Unidade 2 04. a) Uso do modo ver-bal imperativo.b) Em “Canção do Tamoio” e “Hino do Deputado”, uma personagem aconselha outra a assumir cer-tos comportamentos; em “Oração aos Moços”, o próprio orador faz aconselhamento a seus discípulos. Em “Canção do Tamoio”, o poeta dirige-se ao “meu filho”, por meio da 2a pessoa do singular, como: “Não chores / não cures / sê bravo / sê forte / não fujas”. Em “Oração aos Moços”. Rui Barbosa dirige-se aos formandos em Direito, utili-zando a 2a pessoa do plural, como: “Confiai / ousai / reagi / metei / segui / não hajais”.05. a) A frase é “Reparai” que inter-rompe a argumentação e envolve o leitor.b) A função conativa (ou apela-tiva) da linguagem se faz atra-vés do uso do Imperativo afirma-tivo, na segunda pessoa do plural: “Reparai” (vós).

Unidade 3 04. A05. A função metalinguística tem destaque quando, num texto, se discute o processo de sua consti-tuição, quando se reflete sobre o funcionamento da linguagem. No fragmento transcrito, o narrador--personagem explicita os critérios que utiliza para escrever, usando, inclusive, a metáfora do “bom cozi-nheiro”: “recheio a personagem com minha pessoa, antes de assá-la no forno da imaginação poética”.

Unidade 4 04. Enquanto o primeiro texto emprega um vocabulário e uma estilização de linguagem que o aproximam da literatura regiona-lista e das liberdades lingüísticas modernistas, o segundo mantém-se dentro da norma culta escrita padrão, centrado na informação.�EemApdoe:TeEndo 1: O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães é ques-tão de opiniães... O sertão está em toda parte.TeEndo 2: O sertão de Minas é cha-mado de Campos Gerais – os gerais. Começam acima das cida-des de Corinto e Curvelo e se alar-gam pelo noroeste até se molhar nas águas escuras do rio Carinha-nha, até esbarrar nas serras de Goiás, até se debruçar sobre as ter-ras da Bahia.Obeeenaçãdo: outras passagens dos textos V e VI também identifi-cam a diferença de linguagem (por exemplo, em relação à pontuação;

ao emprego de conotação e deno-tação; sintaxe de colocação etc.)05. Os textos expressam a mesma visão crítica sobre o comporta-mento da sociedade atual relativa-mente ao conhecimento e exposi-ção de assuntos que acrescentem valor ao que já foi investigado e publicado. O primeiro apresenta tese, argumentação e conclu-são, configurando um texto dis-sertativo em linguagem formal. O segundo texto, por se tratar de uma tirinha, portanto texto ver-bal e não verbal, utiliza linguagem coloquial e “gírias”, como “saquei” e “povo cabeça”.

Unidade 5 04. E05. A

Unidade 6 04. D05. a) O narrador e a noite.b) Antes de concluir este capítulo, fui à janela e perguntei à (indaguei da) noite:- Por que razão os sonhos hão de ser/devem ser/são assim tão tênues que se esgarçam ao menor abrir de olhos ou voltar de corpo, e não continuam mais?A noite não me respondeu logo. Estava deliciosamente bela, os morros palejavam de luar e o espaço morria de silêncio. Como eu insistisse, declarou-me:- Os sonhos já não pertencem à minha jurisdição.

Unidade 7 04. A05. C

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frente 4

PORTUGUÊSExercícios propostos

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 1

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Unidade 1

01. (ENEM)

Em Touro Indomável , que a cinemateca lança nesta semana nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a dor maior e a violência verdadeira vêm dos demônios de La Motta — que fizeram dele tanto um astro no ringue como um homem fadado à destrui-ção. Dirigida como um senso vertiginoso do destino de seu personagem,essa obra-prima de Martin Scor-cese é daqueles filmes que falam à perfeição de seu tema (o boxe) para então transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos seres humanos apenas isso mesmo, humanos e tremendamente imperfeitos.

Revista Veja. 18 fev. 2009 (adaptado).

Ao escolher este gênero textual, o produtor do texto objetivoua) construir uma apreciação irônica do filme.b) evidenciar argumentos contrários ao filme

de Scorcese.c) elaborar uma narrativa com descrição de

tipos literários.d) apresentar ao leitor um painel da obra e se

posicionar criticamente.e) afirmar que o filme transcende o seu objetivo

inicial e, por isso, perde sua qualidade

A tirinha a seguir serve de base para as questões 2 e 3. Observe-a com atenção:

02. (ENEM) Comparando a fala do primeiro balão com a do último, é CORRETO afirmar que:

a) há uma relação intertextual entre elas, embora haja diferenças de estrutura sintática entre uma e outra.

b) sob o ponto de vista conceitual, a expressão “lei da selva” tem uma extensão mais ampla que “lei da gravidade”, que tem sentido especializado.

c) a forma verbal “Lamento” sugere a relação respeitosa que as personagens estabelecem entre si na tirinha.

d) a conjunção “mas” poderia ser substituída, somente no primeiro quadrinho, por porém ou no entanto.

e) a expressão “lei da gravidade” não pode ser entendida, devido ao contexto sarcástico, como um termo técnico da Física.

03. (ENEM) A imagem no segundo quadrinho

a) comprova que a lei da selva é válida em todas as situações.

b) é incompatível com o que ocorreu no primeiro quadrinho.

c) reforça o lamento do gato no começo da tirinha.d) permite ao rato fazer a observação que está no

último balão.e) mostra a indignação do rato para com a postura

do gato.

04. (ENEM)

“Alô, querida? Esqueça a viagem que a gente ia fazer no réveillon.

Vou ter que ficar de plantão neste final de ano...”

A charge acima, do cartunista Benett, foi publi-cada no jornal Gazeta do Povo em 29/12/2008. Marque a alternativa que a analisa equivocadamente:a) A figura da caveira com a foice na mão representa

o tema da morte.b) Quando a caveira sai de férias, significa que o

contexto é de paz.c) A caveira sempre está de plantão, já que sempre

ocorrem mortes.d) Quando a caveira está de plantão o quadro é

de guerra.e) A charge faz alusão à guerra entre palestinos e

judeus.

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05. (Unifesp)

É correto afirmar que a charge visa a) Apoiar a atitude dos alunos e propor a liberação

geral da frequência às aulas b) Enaltecer a escola brasileira e homenagear o

trabalho docente c) Indicar a deflagração de uma greve e incentivar a

adesão a ela d) Recriminar os alunos e declarar apoio à política

educacional e) Criticar a situação atual do ensino e denunciar a

evasão escolar

Unidade 2

Texto para a próxima questão:

Ele: – Pois é. Ela: – Pois é o quê? Ele: – Eu só disse pois é! Ela: – Mas “pois é” o quê? Ele: – Melhor mudar de conversa porque você não

me entende. Ela: – Entender o quê? Ele: – Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de

assunto e já! Ela: – Falar então de quê? Ele: – Por exemplo, de você. Ela: – Eu?! Ele: – Por que esse espanto? Você não é gente?

Gente fala de gente. LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela.

Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 48.

01. Em uma mesma mensagem verbal pode-se reco-nhecer mais de uma função da linguagem, embora uma seja dominante. No caso do texto:

a) a função fática é predominante, já que a conversa é pontuada por expressões que fazem referência ao próprio código.

b) a função referencial predomina, pois o foco da conversa é o assunto de que tratavam.

c) a função referencial é utilizada como forma de dar ênfase ao desentendimento do casal quanto ao assunto.

d) a função conativa predomina, pois ele tenta convencê-la a mudar de assunto.

e) a função conativa é predominante devido ao fato de o texto ser um diálogo, logo o interlocutor é o foco da enunciação.

Texto para a próxima questão:

COPLAS1

IO GERENTE - Este hotel está na berra2!Coisa é muito natural!Jamais houve nesta terraUm hotel assim mais tal!Toda a gente, meus senhores,Toda a gente ao vê-lo diz:Que os não há superioresNa cidade de Paris!Que belo hotel excepcionalO Grande Hotel da CapitalFederal!CORO - Que belo hotel excepcional, etc...

IIO GERENTE - Nesta casa não é raroProtestar algum freguês:Acha bom, mas acha caroQuando chega o fim do mês.Por ser bom precisamente,Se o freguês é do bom-tomVai dizendo a toda a genteQue isto é caro mas é bom.Que belo hotel excepcional!O Grande Hotel da CapitalFederal!CORO - Que belo hotel excepcional, etc...

O GERENTE (Aos criados) - Vamos! Vamos! Aviem-se! Tomem as malas e encaminhem estes senhores! Mexam-se! Mexam-se!... (Vozerio. Os hóspedes pedem quarto, banhos, etc... Os criados respondem. Tomam as malas, saem todos, uns pela escadaria, outros pela direita.)

CENA II

O GERENTE, depois, FIGUEIREDO

O GERENTE (Só.) - Não há mãos a medir! Pudera! Se nunca houve no Rio de Janeiro um Hotel assim! Serviço elétrico de primeira ordem! Cozinha esplên-dida, música de câmara durante as refeições da mesa redonda! Um relógio pneumático em cada aposento! Banhos frios e quentes, duchas, sala de natação, ginás-tica e massagem! Grande salão com um plafond3 pin-tado pelos nossos primeiros artistas! Enfim, uma ver-dadeira novidade! - Antes de nos estabelecermos aqui, era uma vergonha! Havia hotéis em S. Paulo superio-res aos melhores do Rio de Janeiro! Mas em boa hora foi organizada a Companhia do Grande Hotel da Capital Federal, que dotou esta cidade com um melho-ramento tão reclamado! E o caso é que a empresa está dando ótimos dividendos e as ações andam por empe-nhos! (Figueiredo aparece no topo da escada e começa

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a descer.) Ali vem o Figueiredo. Aquele é o verdadeiro tipo do carioca: nunca está satisfeito. Aposto que vem fazer alguma reclamação.

(AZEVEDO, Arthur. A Capital federal. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1972.)

1espécie de estrofe2estar na moda3teto

02. (Uerj – Adaptado) O texto faz parte de uma peça de teatro, forma de expressão que se destacou na captação das imagens de um Rio de Janeiro que se modernizava no início do século XX. A fala do gerente revela atitudes distintas, quando se dirige aos criados e quando está só. Identifique o modo verbal e a fun-ção da linguagem predominantes na fala dirigida aos criados.

03. Sobre o anúncio acima, pode-se afirmar que nele predomina a mesma função da linguagem que os tre-chos abaixo, EXCETO:

a) “A palavra sustentável tem origem no latim “sustentare”, que significa sustentar, apoiar, conservar”.

b) “Se dinheiro desse em árvore, ninguém desmataria. Preserve suas riquezas”.

c) “Cada um dá a sua contribuição, parceria do planeta sustentável e do CONAR”.

d) “Jogue lixo no lixo”.

Textos para a próxima questão

TEXTO 1Significados de Tergal : 1. Tergal

Tergal é o nome genérico de tecidos produzidos com fios puros ou mistos de poliester de marca Tergal 80% Poliester 20%Viscose.

TEXTO 2

04. a) Ambos os textos tratam do tecido tergal, embora tenham objetivos diferentes. Quais são esses objetivos?

b) Tendo em vista os objetivos apontados, indique que função da linguagem predomina em cada um dos textos.

Textos para a próxima questão

TEXTO 1Sinal FechadoPaulinho da ViolaOlá, como vai ?Eu vou indo e você, tudo bem ?Tudo bem eu vou indo correndoPegar meu lugar no futuro, e você ?Tudo bem, eu vou indo em buscaDe um sono tranquilo, quem sabe ...Quanto tempo... pois é...Quanto tempo...Me perdoe a pressaÉ a alma dos nossos negóciosOh! Não tem de quêEu também só ando a cemQuando é que você telefona ?Precisamos nos ver por aíPra semana, prometo talvez nos vejamosQuem sabe?Quanto tempo... pois é... (pois é... quanto tempo...)Tanta coisa que eu tinha a dizerMas eu sumi na poeira das ruasEu também tenho algo a dizerMas me foge a lembrançaPor favor, telefone, eu precisoBeber alguma coisa, rapidamentePra semanaO sinal ...

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Eu espero vocêVai abrir...Por favor, não esqueça,Adeus...

TEXTO 2Sinal Fechado é um disco gravado por Chico Buar-

que de Holanda em 1974, que levou nome de uma música de Paulinho da Viola.

05. a) Qual a relação entre os dois textos?

b) No texto 1 predomina o uso da função fática. Explique a afirmação utilizando elementos do texto.

Unidade 3

Textos para as próximas questões

TEXTO 1

Eu, um Copo Descartável

“Estava eu, sozinho, a pensar, juntamente com os meus companheiros de fábrica e de produção de copos, que eu conheci quando saímos da fôrma. Em minha pálida solidão e bastante angustiante, a qual-quer momento tudo poderia mudar, claro, vai que chega por aí um humano e me tira do pacote de emba-lagem! – Esperava ainda a minha vez de ficar bem per-tinho da boca do saco e ser entrelaçado pelos dedos humanos e ser beijado por lábios macios e com sede. Eu não tenho uma vida curta, como muitos humanos pensam, só porque sou um simples copo descartável. Eu ainda posso viver e muito no meio ambiente de vocês, humanos. Mesmo quando sou amassado, ras-gado e jogado fora, ainda ficarei anos e anos no seu meio ambiente até eu ser totalmente decomposto. Assim, quando sou jogado no meio da rua, rebolado pelo vento e parando em qualquer canto de calçada, mesmo todo amassado e rasgado, tudo bem, pelo menos, nenhum humano me mordeu entre os dentes só para passar o tempo.

Depois da surra que levei do vento, já passa-ram as 6 horas da noite, agora posso descansar sos-segado. Logo cedo, pela manhã, esperarei o gari com sua pá, e forçadamente, pegarei o meu expresso para o lixão e suas rodas tortas pelo uso. Viajarei por todo o dia, visitando lugares imundos, repugnantes e aperta-dos, pois a cada parada, o expresso ficava mais lotado. Serei jogado fora mais uma vez, nesses locais apro-priados e longe da sociedade que, vocês, humanos, chamam de lixão. Nesse meu pensar histórico, fica-rei aqui, parado, por gerações da sua espécie humana. Alcançarei até a segunda geração de vocês, huma-nos, e daquele que me jogou na rua e me separou dos meus amigos do pacote e assim, vim parar aqui, no lixão. Serei morto (desgastado) aos poucos e vou apre-ciando o seu mundo sendo engolido, devastado pelo lixo e por milhares de parentes meus de plástico. Não que afirme isso por raiva ou fúria de vocês, humanos, mas pelo descaso que vocês mesmos fazem com o lixo. E mais, não tenho culpa se você me criou e depois não inventou uma forma de me reaproveitar.

Depois, pense direitinho... Quem é descartável? (Eu, um copo de plástico) e quem tem uma vida cur-ta?(Eu, um copo de plástico). Vocês humanos quase não chegam aos 100 anos! Eu sim, ultrapasso! – Desta forma, sempre serei uma história viva e um problema eterno para vocês e seu planeta, e serei capaz, junto com meus parentes, fundar uma nação de plástico. Desculpe-me se fui bem verdadeiro, mesmo assim, foi um prazer te conhecer, mas fique sabendo, eu vivo mais do que você”.

Conscientização plástica, o planeta precisa disso!

TEXTO 2

A Reciclagem do Plástico

Os plásticos são materiais obtidos a partir das resinas sintéticas (polímeros), derivadas do petróleo. A palavra plástico vem do grego plastikós, que signi-fica adequado à moldagem. O plástico, como material flexível, facilmente se adapta a ser moldado.

Hoje, o plástico faz parte integrante de nossa vida, estando presente em um número incomensurável de objetos e coisas por nós utilizados: embalagens, saqui-nhos de lixo, objetos de uso pessoal, garrafas de refri-gerantes e uma infinidade de objetos.

Apesar de o primeiro plástico, a celulose, ter sur-gido em 1864, o PVC ou Policloreto de Venilha em 1913, foi durante a II Guerra Mundial, há pouco mais de cinquenta anos, que sua utilização industrial se desenvolveu.

Como sabemos, o petróleo é extraído do subsolo e levado para as refinarias, onde os diferentes deriva-dos são separados. Um destes derivados é a nafta que é fornecida para as indústrias petroquímicas, dando origem aos gases eteno e propeno e a outros monô-meros, que por sua vez são transformados, através de processamento químico especial, nas resinas plásti-cas ou polímeros.

O plástico tem tido sua utilização cada vez mais desenvolvida em todos os setores industriais e por sua versatilidade e propriedades físico-químicas, tem substituído, com vantagens, a madeira, os metais e as ligas metálicas, o vidro e o papel, as fibras vegetais e animais, pois muitos deles já estão escassos na natu-reza ou têm um custo de produção bem mais elevado.

Reciclagem do Plástico Antes de ser implantado um sistema de reciclagem

é necessário que se estude e se desenvolva um projeto detalhando todas as fases de procedimento, desde a coleta do material, sua separação e sua destinação. Alguns aspectos são fundamentais na elaboração desse projeto:

- Viabilidade ExecutivaUm ponto importante a ser considerado na coleta

seletiva é se determinar como será e onde será feita a coleta, devendo os locais escolhidos ter o material que comporte o respectivo trabalho. Outro ponto é quem deverá executar tal coleta.

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Seria uma simples campanha suficiente para o êxito de uma coleta seletiva? A experiência em casos semelhantes tem revelado que não. Em outros países e especialmente na Alemanha existem leis que obri-gam o munícipe a separar previamente os materiais recicláveis do lixo e, aquele que desobedecer é seve-ramente punido através de pesadas multas. Infeliz-mente o povo só entende a linguagem do bolso e, difi-cilmente, sem medidas concretas, em qualquer país do mundo, uma coleta seletiva irá funcionar.

Sabe-se que na cidade de Nova Iorque o custo do plástico reciclado é superior ao dobro do plástico ori-ginalmente fabricado.

Na Alemanha, por falta de mercado dos produtos reciclados do lixo, não se sabe o que fazer com esses resíduos e a grande maioria é encaminhada, após a separação, para os incineradores.

- Viabilidade EconômicaÉ evidente que em alguns casos se justifica um

certo prejuízo na reciclagem dos plásticos, em benefí-cio da maior vida útil dos aterros sanitários, visando a poluição causada por incineradores e a própria prote-ção das áreas aterradas, pois o plástico não se decom-põe, complicando um natural ciclo ecológico.

O certo é que a coleta seletiva seja executada por empresas especializadas no aproveitamento dos diversos materiais recicláveis, mediante autoriza-ção expressa do poder público que deve agir como órgão fiscalizador. Esta é a conclusão colhida face aos problemas existentes em muitas cidades do pri-meiro mundo.

- Viabilidade EcológicaIncentivar a economia privada na execução dos

serviços de coleta seletiva dos plásticos parece a melhor política a ser seguida pelos administradores municipais, com consequências realmente positivas para a proteção do meio ambiente.

- Viabilidade SocialDeve-se levar em conta o caso de uma seleção de

reciclados não causar problemas sociais, tais como o fechamento de empresas e o desemprego.

Fonte: www.corpus.com.br/artigos/reciclagem_plastico.htm

01. Observe as afirmações sobre os textos 1 e 2:

I. No texto 1, ocorre a função poética da linguagem, que pode ser exemplificada pela passagem: “Assim, quando sou jogado no meio da rua, rebolado pelo vento e parando em qualquer canto de calçada”.

II. O texto 1 e 2 tratam do mesmo assunto, mas com predominância de objetivos diferentes.

III. Ambos os textos têm a intenção predominante de conscientizar o leitor.

IV. O texto 2 usa linguagem referencial (informações objetivas) e, ao contrário do ocorre no texto 1, não há marcação explícita de interlocução (referência direta a quem é o leitor e/ou autor).

Estão CORRETAS as afirmativas:a) Todas.b) I e IV.c) I, II e IV.d) I, II e III.

02. Assinale as informações que constam TANTO no texto 1 QUANTO no texto 2:

a) O plástico dura mais que a humanidade, pois nunca se decompõe no lixão.

b) Os garis podem ficar desempregados se não houver plástico para recolher.

c) A reciclagem do lixo é a maneira mais barata de lidar com o lixo.

d) A população não é consciente em relação ao lixo de plástico no planeta.

03. Assinale a alternativa cuja informação NÃO apa-rece no texto 2:

a) Na Alemanha é feita a coleta e seleção do lixo e a população os reutiliza ao comprar produtos recicláveis.

b) O plástico não deve ser levado para os aterros sanitários, pois leva à diminuição do tempo de uso destes.

c) Deve-se levar em conta as pessoas que trabalham recolhendo e separando o lixo para que elas não fiquem desempregadas.

d) Uma boa maneira de lidar com o lixo é que haja empresas especializadas para coletar e selecionar os materiais diversos.

04. (Enem)

Sentimental

Ponho-me a escrever teu nome com letras de macarrão.

No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruça-dos na mesa todos contemplam esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra, uma letra somente para acabar teu nome!

— Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!Eu estava sonhando...E há em todas as consciências este cartaz amarelo:

“Neste país é proibido sonhar.”ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso.

Rio de Janeiro: Record, 1995.

Com base na leitura do poema, a respeito do uso e da predominância das funções da linguagem no texto de Drummond, pode-se afirmar quea) por meio dos versos “Ponho-me a escrever teu

nome” (v.1) e “esse romântico trabalho” (v.5), o poeta faz referências ao seu próprio ofício: o gesto de escrever poemas líricos.

b) a linguagem essencialmente poética que constitui os versos “No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na mesa todos contemplam” (v.3 e 4) confere ao poema uma atmosfera irreal e impede o leitor de reconhecer no texto dados constitutivos de uma cena realista.

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c) na primeira estrofe, o poeta constrói uma linguagem centrada na amada, receptora da mensagem, mas, na segunda, ele deixa de se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente.

d) em “Eu estava sonhando...” (v. 10), o poeta demonstra que está mais preocupado em responder à pergunta feita anteriormente e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus interlocutores do que em expressar algo sobre si mesmo.

e) no verso “Neste país é proibido sonhar.” (v. 12), o poeta abandona a linguagem poética para fazer uso da função referencial, informando sobre o conteúdo do “cartaz amarelo” (v.11) presente no local.

05. (ENEM)

O canto do guerreiro

Aqui na florestaDos ventos batida,Façanhas de bravosNão geram escravos,Que estimem a vidaSem guerra e lidar.— Ouvi-me, Guerreiros,— Ouvi meu cantar.Valente na guerra,Quem há, como eu sou?Quem vibra o tacapeCom mais valentia?Quem golpes dariaFatais, como eu dou?— Guerreiros, ouvi-me;— Quem há, como eu sou?

Gonçalves Dias.

Macunaíma

(Epílogo)Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia

mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um

em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares,

aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros

meios-barrancos,aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do

deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio

Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem

falar da tribo nem contar aqueles casostão pançudos. Quem podia saber do Herói?

Mário de Andrade.

Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se quea) a função da linguagem centrada no receptor

está ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.

b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal.

c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.

d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no segundo, no relato de informações reais.

e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no primeiro.

Unidade 4

01. (Enem) A diva

Vamos ao teatro, Maria José?Quem me dera,desmanchei em rosca quinze kilos de farinha,tou podre. Outro dia a gente vamos.Falou meio triste, culpada,e um pouco alegre por recusar com orgulho.TEATRO! Disse no espelho.TEATRO! Mais alto, desgrenhada.TEATRO! E os cacos voaramsem nenhum aplauso.Perfeita.

PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.

Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais diversas, reconhecidas pelo leitor com base em suas características específicas, bem como na situação comunicativa em que ele é produ-zido. Assim, o texto “A diva” a) narra um fato real vivido por Maria José. b) surpreende o leitor pelo seu efeito poético. c) relata uma experiência teatral profissional. d) descreve uma ação típica de uma mulher

sonhadora. e) defende um ponto de vista relativo ao exercício

teatral.

Texto para a próxima questão: Leia.

OS ANJOS

Renato Russo

Hoje não dá Hoje não dá Não sei mais o que dizer E nem o que pensar

Hoje não dá Hoje não dá A maldade humana agora não tem nome Hoje não dá

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Pegue duas medidas de estupidez Junte trinta e quatro partes de mentira Coloque tudo numa forma Untada previamente Com promessas não cumpridas Adicione a seguir o ódio e a inveja Dez colheres cheias de burrice Mexa tudo e misture bem E não se esqueça antes de levar ao forno temperar Com essência de espírito de porco Duas xícaras de indiferença E um tablete e meio de preguiça Hoje não dá Hoje não dá Está um dia tão bonito lá fora E eu quero brincar

Mas hoje não dá Hoje não dá Vou consertar a minha asa quebrada E descansar.

Gostaria de não saber destes crimes atrozes É todo dia agora e o que vamos fazer? Quero voar p’ra bem longe mas hoje não dá Não sei o que pensar e nem o que dizer Só nos sobrou do amor A falta que ficou.

Disponível em <http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/46964/ >. Acesso em: 7 jul. 2011.

02. (Ufrn) Com relação ao texto, é correto afirmar que

a) sua composição híbrida resulta da mescla de aspectos formais e estilísticos de gêneros textuais diferentes.

b) sua composição híbrida impossibilita caracterizá-lo como um gênero textual específico.

c) sua composição formal e estilística, com verbos no imperativo, é própria do gênero “poema”.

d) sua composição formal e estilística, com uso reiterado de metáforas, caracteriza o gênero “receita culinária”.

03. (Enem) Câncer 21/06 a 21/07

O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo e agir. O corpo indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O que ficou guardado virá à tona para ser transformado, pois este novo ciclo exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em suas ações, já que precisará de energia para se recompor. Há preocupação com a família, e a comunicação entre os irmãos trava.

Lembre-se: palavra preciosa e palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida amorosa, que será testada.

Melhor conter as expectativas e ter calma, ava-liando as próprias carências de modo maduro. Sen-tirá vontade de olhar além das questões materiais – sua confiança virá da intimidade com os assuntos da alma.

Revista Cláudia. N.° 7, ano 48, jul. 2009.

O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função social específica, seu objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se aos conhecimentos construídos socio-culturalmente. A análise dos elementos constitutivos desse texto demonstra que sua função é a) vender um produto anunciado. b) informar sobre astronomia. c) ensinar os cuidados com a saúde. d) expor a opinião de leitores em um jornal. e) conselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.

Texto para a próxima questão:

Mudança no Clima Afeta mais os Pobres, diz Secre-tário da ONU

Após alerta climático da ONU, reunião com minis-tros do Meio Ambiente de cem países pretende estu-dar modificações no comércio global para salvar o planeta

“Agência Reuters”

NAIRÓBI, Quênia - Os pobres do mundo, embora sejam os menos responsáveis pelo aquecimento glo-bal, serão os mais afetados pelo fenômeno, disse na segunda-feira o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, a ministros de Meio Ambiente de vários países. Eles estão reunidos em Nairóbi, capital do Quênia, para estudar modifica-ções no comércio global de modo a salvar o planeta.

“A degradação do ambiente global continua incon-tida, e os efeitos da mudança climática estão sendo sentidos em todo o globo”, disse Ban em nota que ecoa o relatório divulgado na semana passada pela ONU que apontava as atividades humanas como princi-pais causas do aquecimento.

Em um discurso atribuído a Ban no início da reu-nião ministerial de Nairóbi, capital do Quênia, o secre-tário-geral afirmou que todos os países vão sentir os efeitos adversos das mudanças climáticas. “Mas são os pobres, na África e em pequenos Estados insulares, que vão sofrer mais, mesmo que sejam os menos res-ponsáveis pelo aquecimento global”, afirmou.

Especialistas dizem que a África é o continente que menos emite gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, mas que devido à pobreza e à geografia é a região que tem mais a perder. Símbolos disso são a desertificação em torno do Saara e a redução da capa de gelo do monte Kilimanjaro.

Agências ambientais da ONU pressionam Ban a se empenhar na busca por um tratado que suceda ao Protocolo de Kyoto, que prevê a redução nas emissões globais de poluentes, mas expira em 2012.

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Os governos estão sob pressão para agirem à luz das conclusões do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU, que apontou grande probabilidade de que no futuro haja mais tempesta-des, secas, ondas de calor provocadas pela queima de combustíveis fósseis e outras atividades.

Alternativas

Achim Steiner, chefe do Programa Ambiental da ONU, que organiza o encontro de uma semana dos quase cem ministros, disse que a globalização está esgotando os recursos mundiais, sem oferecer os benefícios esperados.

Mas há muitos exemplos de gerenciamento susten-tável, lembrou ele, citando a certificação de recursos como madeira e pesca para evitar a exploração ile-gal e mecanismos “criativos”, como o mercado de car-bono, ou seja, de créditos para a emissão de poluentes, que se amplia rapidamente.

“Precisamos valorizar o poder do consumidor, atender aos apelos por regulamentação internacional para o setor privado e impor padrões e normas realis-tas para os mercados globalizados”, disse Steiner em nota antes da reunião.

Relatório Climático

O encontro ocorre sob o impacto do relatório da ONU, de acordo com o qual há mais de 90% de pro-babilidade de que o aquecimento global tenha como principal causa o fator humano.

Funcionários da ONU esperam que o estudo incen-tive governos - especialmente o dos EUA, maior polui-dor mundial - e empresas a se empenharem mais na

redução dos gases do efeito estufa, emitidos principal-mente por usinas termelétricas, fábricas e carros.

O encontro desta semana do Conselho do Pro-grama Ambiental da ONU no Quênia discutirá tam-bém a crescente ameaça da poluição por mercúrio, a demanda por biocombustíveis e reformas na ONU.

Pela primeira vez, o evento receberá dirigentes de outras agências, como Pascal Lamy, da Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Acredito que a presença (de Lamy) mostra que não há mais um tráfego de mão única a respeito do comércio e meio ambiente”, disse Steiner.

Fonte: “www.estadao.com.br/2007/fev/05/85.htm”

04. (Pucsp) Os enunciados que produzimos, isto é, aquilo que falamos e escrevemos, são organizados de acordo com o objetivo que temos, com o tema pro-posto, com certas regras de composição estrutural, de estilo linguístico e também de acordo com a pró-pria situação de comunicação, que envolve elementos como o interlocutor, o suporte textual, dentre outros.

Observar a regularidade desses aspectos permite-nos classificar os enunciados em gêneros textuais. Tendo em vista o texto anteriormente transcrito, é possível afirmar que ele está adequado aos aspectos característicos do seguinte gênero textual: a) editorial b) crônica c) notícia d) charge e) artigo de opinião

Textos para a próxima questão:

TEXTO I

A articulista Flávia Oliveira associa, no Texto Trinta anos na estrada, a canção Bye Bye Brasil de Chico Buarque e Roberto Menescal às injunções socioeconômicas vividas pelo Brasil e pelo mundo nas últimas três décadas.

No dia em que completa três anos, “Negócio&Cia” pede licença e reverência os mestres Cacá Die-gues, Roberto Menescal e Chico Buarque. De carona na Caravana Rolidei, passeia pelas transfor-mações socioeconômicas expres-sas em “Bye Bye Brasil”, o filme e a canção, que estão fazendo 30 anos neste 2009. Chico não lembra; Cacá, sim. Viu o filme duas vezes antes de por a letra na música de Menescal. Recheou o texto com referências à economia. Estão lá o embrião da globalização e a opção nacional pelo transporte

Trinta anos na estradaUma viagem pelas Referências eco-nômicas de “Bye bye Brasil”, o filme

e canção.

rodoviário; o emprego fácil de baixa qualificação e a telecomu-nicação restrita; a industrializa-ção do Brasil grande e a massifi-cação da TV. Um detalhe: a usina no mar, como muita gente pensa, não era o complexo nuclear de Angra, mas Jarí, no Pará. Chico garante. “Foi um filme muito pre-monitório, que nasceu em 1972, numa viagem a Alagoas”, diz Cacá. Ele voltava de filmagens

em União dos Palmares e avistou uma luza azulada. Parecia um disco voador, mas era uma TV, instalada pelo prefeito em plena praça. “Ali tive o insight de que algo importante estava aconte-cendo no Brasil. Minha motiva-ção foi antropológica, mas hoje percebo que aquilo era o início da globalização. O Brasil passou por uma modernização intensa. Para o bem e para o mal”, completa o cineasta. É prova de que cinema e música dão economia. Ou música e economia é que dão cinema?

Flávia Oliveira. O Globo, Caderno Economia, 22 de agosto de 2009. Adaptação.

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TEXTO II

Bye, Bye Brasil

Oi,coraçãoNão dá pra falar muito nãoEspera passar o aviãoAssim que o inverno passarEu acho que vou te buscarAqui tá fazendo calorDeu pane no ventiladorJá tem fliperama em MacauTomei a costeira em Belém do ParáPuseram uma usina no marTalvez fique ruim pra pescarMeu amor

No TocantinsO chefe dos parintintinsVidrou na minha calça LeeEu vi uns patins pra vocêEu vi um Brasil na tevêCapaz de cair um toróEstou me sentindo tão sóOh, tenha dó de mimPintou uma chance legalUm lance na capitalNem tem que ter ginasialMeu amor

No TabarizO som é que nem os Bee GeesDancei com uma dona infelizQue tem um tufão nos quadrisTem um japonês trás de mimEu vou dar um pulo em ManausAqui tá quarenta e dois grausO sol nunca mais vai se pôrEu tenho saudades da nossa cançãoSaudades de roça e sertãoBom mesmo é ter um caminhãoMeu amor Baby, bye byeAbraços na mãe e no paiEu acho que vou desligarAs fichas já vão terminarEu vou me mandar de trenóPra Rua do Sol , MaceióPeguei uma doença em IlhéusMas já tô quase bomEm março vou pro CearáCom a bênção do meu orixáEu acho bauxita por láMeu amor

Bye bye, BrasilA última ficha caiuEu penso em vocês night and dayExplica que tá tudo okayEu só ando dentro da leiEu quero voltar, podes crerEu vi um Brasil na tevêPeguei uma doença em Belém

Agora já tá tudo bemMas a ligação tá no fimTem um japonês trás de mimAquela aquarela mudou

Na estrada peguei uma corCapaz de cair um toróEstou me sentindo um jilóEu tesão é no marAssim que o inverno passarBateu uma saudade de tiTô afim de encarar um siriCom a bênção de Nosso SenhorO sol nunca mais vai se pôr.

Roberto Menescal e Chico Buarque

05. (Uff) Destacam-se da canção Bye, Bye, Brasil (Texto II) cinco (5) passagens que refletem transfor-mações socioeconômicas ocorridas no Brasil nos últi-mos trinta anos:

1 Já tem fliperama em Macau (v. 8)Vidrou na minha calça Lee (v. 15)

2 Pintou um chance legalUm lance na capitalNem tem que ter ginasial (v. 21-23)

3 As fichas já vão terminar (v. 28)

4 Eu vi um Brasil na tevê (v. 43)

5 Eu tenho saudades da nossa cançãoSaudades de roça e sertãoBom mesmo é ter um caminhão ( v.57-59)

a) Dentre as cinco (5) passagens transcritas acima, escolha duas (2) e comente os aspectos socioeconômico-culturais em cada uma delas retratados.

b) A articulista, Flávia Oliveira, apresenta um tópico explicativo para relacionar as transformações socioeconômicas com as referências construídas nos versos da canção Bye,Bye,Brasil: Puseram uma usina no mar/Talvez fique ruim pra pescar/Meu amor (Texto II, versos 10-12):

A fábrica de celulose e a termelétrica do Projeto Jari (PA), sonho do americano Daniel Ludwig, vieram pelo mar do Japão para a Ama-zônia (foto), em 1978. O complexo exigia forte infraestrutura e era visto como um elefante branco. Em 2000, foi comprado por Sérgio Amo-roso, do Grupo Orsa. Desde então, recebeu aporte de US$ 200 milhões. “Em 70/80 desenvol-vimento era derrubar floresta. Hoje é preservar”, diz o empresário. Ele planeja a segunda fábrica de celulose (1,2 milhão de toneladas), mas tam-bém manejo florestal, cultivo do curauá e gera-ção de créditos de carbono.

Aponte uma (1) característica linguístico-discur-siva que diferencie estes dois gêneros textuais de que se vale a articulista: tópico explicativo e canção.

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Unidade 5

Texto para as próximas questões.

Se não havia ninguém na casa, além dele e Maria... Intrigado, experimentou o trinco: no quarto cor-de-rosa penteadeira oval.

Uma, duas, três bonecas de luxo. E, da cama, senta-dinha, sorria a gorda senhora.

- Entre, seu moço.Dois passos no reino das bonecas: ar adocicado de

incenso, pó-de-arroz, esmalte de unha.– É parenta da Maria?– Não adivinha? – E sorria, faceira, lábio muito

pintado. – É minha filha.– Tão jovem... – Bem a avozinha do Chapeuzinho

Vermelho. – Parece irmã!No canto do espelho alinhavam-se os galãs

de cinema.– Muito gentil. Você quem é?– Amiguinho dela.A gorda afastou o abajur, aninhada na som-

bra misteriosa.Esqueceu no joelho a revista, em gesto pudico

fechou o quimono encarnado.– Aceita um bombom? – e retirou do lençol uma

caixa dourada. – Como escondida...Lambeu o dedinho curto, a tinir o bracelete:– Segredo de nós dois!– De mim ela não vai saber – e beliscava o cacho

loiro da boneca.– O moço não quer sentar?Ao vê-lo correr o olho, encolheu-se no canto:– Lugar para mais um.Respeitoso na beira da cama, apanhou a revista

de fotonovela.– Os dois brigaram?– Sabe como ela é.Aborrecido virava as páginas: dedo peganhento de

chocolate o olhinho gorducho.– É recheado de licor! – e oferecia na ponta da lín-

gua um bocado meio derretido.Era a avozinha ou, no quimono fulgurante de seda,

o próprio lobo?Largou a revista ao pé da cama – voltar à Maria

e pedir mil perdões? Na mesinha o retrato em mol-dura prateada.

– Sou eu.A menina com a cesta de amora.– Já fui bonita.– Ainda é – retrucou alegre –, ainda é.Muito sério ao dar na sombra com o olho arrega-

lado de sapo debaixo da pedra.

– Seu diabinho! – agarrou-lhe o polegar na mão lambuzada e, antes de soltá-lo, um apertão e mais outro.

Nada de avozinha, é mesmo o lobo. Ao mexer a cabeça, girava a parede e, enxugando o suor da testa, voltou-se para ela:

– Tem alguma bebida?Exibiu os dentes alvares de pouco uso:– Sou melhor que bebida.Entre divertido e assustado, descansou o cotovelo

na cama: propunha-se o lobo devorá-lo? Vislumbrou a cara na sombra: balofa, sem sobrancelha, o cabelo ralo. Por cima do quimono apalpou-lhe o peito: apesar de velha, o seio durinho.

– Quer minha perdição? – Meu Deus, a voz dengosa de menina. – Ai, diabinho peralta!

Brincalhona, correu a unha pela nuca. De repente o gemido rouco:

– Feche a porta.(TREVISAN, Dalton. Chapeuzinho Vermelho. In: O Vam-

piro de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 72-74.)

01. (UEL) Leia as correlações estabelecidas entre as frases do conto e suas interpretações.

I. “Bem a avozinha do Chapeuzinho Vermelho”. Esta frase corresponde à impressão inicial do rapaz sobre a mãe da namorada quando ainda desconhece as suas artimanhas.

II. “Era a avozinha ou, no quimono fulgurante de seda, o próprio lobo?”. Esta frase corresponde a um momento em que o rapaz ratifica suas suspeitas anteriores quanto à senhora e se sente emocionalmente fragilizado diante dela.

III. “Nada de avozinha, é mesmo o lobo.” Esta frase corresponde a uma etapa em que o rapaz sai de seu torpor, ressaltando que, a partir dali, ele estaria recuperando o controle da situação.

IV. “Entre divertido e assustado, descansou o cotovelo na cama: propunha-se o lobo devorá-lo?”. Esta frase corresponde à convicção de que a senhora não era uma vítima e ao espírito de análise demonstrado pelo personagem do rapaz.

Estão corretas apenas as afirmativas:a) I e II.b) I e IV.c) III e IV.d) I, II e III.e) II, III e IV.

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02. (UEL) É correto afirmar que esse segmento do conto corresponde:

a) A um encontro marcado entre os dois personagens que ainda não se conheciam até aquela ocasião.

b) Ao momento em que o rapaz, que havia brigado com sua namorada, descobre a presença da mãe na casa, mas depois retorna aos braços da amada, com asco daquela mulher.

c) À descoberta da sexualidade pelo menino, que, após uma briga em seu namoro inocente com a filha daquela senhora, conhece a mãe dela e é por ela seduzido.

d) A uma passagem constrangedora em que o rapaz sente um misto de atração e repulsa, mas se entrega à tentação sem remorso ou grandes conflitos por trair a namorada.

e) A um duelo entre os personagens, do qual o rapaz sai vencedor, pois ele tortura a senhora, fazendo com que ela se apaixone por ele, abandonando-a em seguida, ignorando suas súplicas.

Texto para as próximas questões

O Coveiro

Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profis-são - coveiro - era cavar. Mas, de repente, na distra-ção do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Nin-guém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbrave-jar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado.

A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o cemité-rio estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gri-tou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: O que é que há?

O coveiro então gritou, desesperado: Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível! Mas, coi-tado! - condoeu-se o bêbado - Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho! E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.

Moral: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para quem se apela.

Millôr Fernandes

03. Lendo o texto, você conclui que o coveiro

a) não gostava do que fazia.b) era uma pessoa atenta ao que fazia.c) recebeu ajuda, rapidamente, do bêbado.d) não foi capaz de pedir ajuda.e) não foi bem sucedido no seu ofício.

04. Que afirmativa abaixo expressa a mesma ideia da moral do texto?

a) Deve-se pedir socorro a qualquer pessoa.b) Não importa a quem se pede ajuda.c) Ao precisar de ajuda, deve-se saber a quem pedir.d) Nunca se precisa de ajuda.e) Ao ajudar, não se deve cobrar.

05. a) Identifique o conflito, o clímax e o desfecho.

b) Que ação dá um tom cômico e inesperado ao texto? Explique o porquê.

Unidade 6

01. (Ufpa) O romance Primeira manhã, de Dalcídio Jurandir, publicado pela primeira vez em 1968, tem como protagonista o menino Alfredo. Do entrelaça-mento de diferentes vozes narrativas das quais emer-gem extensos diálogos, monólogos interiores, soliló-quios e discurso indireto livre, surge parte da saga de Alfredo na qual fica evidente o profundo conhe-cimento do autor sobre a cidade de Belém, transfor-mada em matéria ficcional. Daí, a possibilidade de o leitor identificar uma Belém “do passado” que vai sendo construída à medida que diferentes narradores elaboram um espaço ficcional indissociável do tempo histórico, recriado pelo romance.

Dos fragmentos extraídos do romance Primeira manhã, assinale aquele que remete a elementos espa-ciais urbanos característicos da cidade de Belém em meados da década de 1920, período em que se passa a narrativa. a) “Rangiam-lhe as perneiras, peiando-lhe o passo,

primeira marcha a pé da José Pio ao Ginásio, estirão lento. Trazia um cruzado para o bonde, ida e volta, passagem inteira; preferiu ir andando pela São João, cruza o Igarapé das Almas, espia a missa de Santana, ali ao pé da porta, o São Pedro na sua cadeira. O velho porteiro lhe estendia o pé de bronze agora em carne viva de tanto o povo beijar. Alfredo inclinou-se. ‘Abra-me aquela porta e o resto’. O pé, não beijou.” (perneiras: peça de couro do vestuário masculino destinada a proteger as pernas entre o joelho e o pé)

b) “E ao pé do fogão com a d. Amélia, com os ratos do telhado, com os peixes transparentes debaixo da janela nas cheias de março, conversava a respeito de enxofre, potassa e terebentina. Mas aqui, cadê as balanças, as botijas, a noite, mais de mágica, de que falava o pai, onde um velho, para voltar a moço, vende a alma ao Demo.”

c) “É naturalmente melancólica a gente da beira do rio. Face a face, toda a vida com a natureza grandiosa e solene, mas monótona e triste do Amazonas, isolada e distante da agitação social, concentra-se a alma num apático recolhimento, que se traduz externamente pela tristeza do semblante e pela gravidade do gesto. O

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caboclo não ri, sorri apenas; e a sua natureza contemplativa revela-se no olhar fixo e vago...”

d) “O filho ouvia no chalé o pai dizer: Psiu, psiu, aquele meu compadre Capitão Modesto? Salva o Brasil e todo esse velho vale dos homens, emprenhando a urna na própria casa, tempo de eleição, reunindo o eleitorado vivo em torno do toucinho e do foguetório com os votos daquele outro lado, para onde depois vamos.”

e) “De tanto baile foram abaixo os Juruemas. [...] Baile, sim, para fazer crer que era o que já não era. Empenhávamos o derradeiro alfinete, o último anel, as últimas vergonhas para nossa fantasia. Fingir a grandeza. [...] Sim, eu, Abigail Juruema, com aquela casa em pé, aqui não caminhava. Mas já não sou Juruema, não passo de uma Aguiar e ando atrás desse meu pobre sobrenome, por estes buracos.”

Texto para a próxima questão:

Casa de Pensão (fragmento)

Às oito horas, quando entrou em casa tinha já resolvido não ficar ali nem mais um dia. − 1Era fazer as malas e bater quanto antes a bela plumagem!

Mas também, se por um lado não lhe convinha ficar em companhia do Campos; por outro, a ideia de se meter na república do Paiva não o seduzia absolu-tamente. 2Aquela miséria e aquela desordem lhe cau-savam repugnância. 3Queria liberdade, a boêmia, a pândega − sim senhor! tudo isso, porém, com um certo ar, com uma certa distinção aristocrática. Não admi-tia uma cama sem travesseiros, um almoço sem talhe-res e uma alcova sem espelhos. 4Desejava a bela crá-pula, − por Deus que desejava! mas não bebendo pela garrafa e dormindo pelo chão de águas-furtadas! − Que diabo! − não podia ser tão difícil conciliar as duas coisas! ...

Pensando deste modo, subiu ao quarto. 5Sobre a cômoda estava uma carta que lhe era dirigida; abriu-a logo:

Querido Amâncio.Desculpe tratá-lo com esta liberdade; como, porém,

já sou seu amigo, não encontro jeito de lhe falar dou-tro modo. Ontem, quando combinamos no Hotel dos Príncipes a sua visita para domingo, não me passava pela cabeça que hoje era dia santo e que fazíamos melhor em aproveitá-lo; por conseguinte, se o amigo não tem algum compromisso, venha passar a tarde conosco, que nos dará com isso grande prazer. Minha família, depois que lhe falei a seu respeito, está impa-ciente para conhecê-lo e desde já fica à sua espera.”

Assinava “João Coqueiro” e havia o seguinte post-s-criptum: ”Se não puder vir, previna-mo por duas pala-vrinhas; mas venha. Resende n ... “

Amâncio hesitou em se devia ir ou não. O Coqueiro, com a sua figurinha de tísico, o seu rosto chupado e quase verde, os seus olhos pequenos e penetrantes, de uma mobilidade de olho de pássaro, com a sua boca fria, deslabiada, o seu nariz agudo, o seu todo seco egoísta, desenganado da vida, não era das coisas que mais o atraíssem. No entanto, bem podia ser que ali estivesse o que ele procurava, − um cômodo limpo, confortável, um pouquinho de luxo, e plena liberdade. Talvez aceitasse o convite.

− Esta gente onde está? perguntou, indicando o andar de cima a um caixeiro que lhe apareceu no cor-redor, com a sua calça domingueira, cor de alecrim, o charuto ao canto da boca.

−11Foram passear ao Jardim Botânico, respondeu aquele, descendo as escadas.

− Todos? ainda interrogou Amâncio.− Sim, disse o outro entre os dentes, sem voltar o

rosto. E saiu.− Está resolvido! pensou o estudante. − Vou à casa

do Coqueiro. Ao menos estarei entretido durante esse tempo!

E voltando ao quarto:− Não! É que tudo ali em casa do Campos já lhe

cheirava mal!... Olhassem para o ar impertinente com que aquele galeguinho lhe havia falado! ... E tudo mais era pelo mesmo teor. − Uma súcia d’asnos!

Começou a vestir-se de mau humor, arremessando a roupa, atirando com as gavetas. O jarro vazio cau-sou-lhe febre, sentiu venetas de arrojá-lo pela janela; ao tomar uma toalha do cabide, porque ela se não des-prendesse logo, deu-lhe tal empuxão que a fez em tiras.

− Um horror! resmungava, a vestir-se furioso, sem saber de quê.

− Um horror!E, quando passou pela porta da rua, teve ímpe-

tos de esbordoar o caixeiro, que nesse dia estava de plantão.

AZEVEDO, Aluísio. Casa de Pensão. São Paulo: Ática, 2009, p.59-60.

02. (Ufpb) No fragmento “– Era fazer as malas e bater quanto antes a bela plumagem!” (ref.1), o narrador faz uso do discurso indireto livre. Julgue as afirmativas a seguir em que ocorre essa mesma forma de discurso:

)( “Aquela miséria e aquela desordem lhe causavam repugnância.”(ref.2)

)( “Queria liberdade, a boêmia, a pândega — sim senhor! tudo isso, porém, com um certo ar, com uma certa distinção aristocrática.” (ref.3)

)( “ Desejava a bela crápula, — por Deus que dese-java! mas não bebendo pela garrafa e dormindo pelo chão de águas-furtadas!” (ref.4)

)( “Sobre a cômoda estava uma carta que lhe era dirigida; [...] ” (ref.5)

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)( “— Foram passear ao jardim Botânico, respon-deu aquele, descendo as escadas.” (ref.11)

Texto para a próxima questão:

A Estrela Sobe

Vai um dia, uma semana, um mês. Vai o inverno, o verão. As mesmas festas, os mesmos clubes, os mes-mos cinemas. Os amiguinhos é que mudam. Não suportava uma semana a mesma cara, a mesma voz, os mesmos beijos. Vem o carnaval, fantasiou-se de camponesa russa - que loucura!

Para as noites de casa tem os romances empresta-dos, as revistas, os jornais dos hóspedes. Tem o rádio do vizinho também. É desgraçado de fanhoso, mas é rádio. Tem Seu Alberto sempre amigo, sempre de vio-lão, animando-a:

- Que linda voz!- Pelo senhor eu já estava no rádio, não é,

Seu Alberto?- Por que não? Há muitas piores que lá estão.Leniza confundia-o:- Está ouvindo, mamãe? Piores.Dona Manuela ria, ele ria também:- É uma maneira de dizer.- Eu sei!...Dona Manuela achava que era preciso muito pis-

tolão. Seu Alberto achava que seria bom ela tentar. Ir a uma estação, cantar para eles ouvirem... Voz tinha. Graça também. Quem sabe? Ia falando, falando... - a voz mole, arrastada, quase feminina. Dona Manuela insensivelmente dando corda: - É, não é... - Leniza não ouve - sonha. Ela cantando. Ela ouvida pela mãe, por Seu Alberto, pelo vizinho, por todo mundo. Ela ganhando dinheiro, muito dinheiro, ela se vestindo bem, cotada à beça, com retrato nos jornais todos os dias. Seu Alberto só chama Leniza de senhora, de dona:

- A senhora também não acha, Dona Leniza? Leniza acorda:- O quê?- Que não há outra como a Carmem Miranda.- Que dúvida!Dona Manuela não acha. Gosta dela sim, mas gosta

mais de Araci Cortes. Acha-a mais mimosa. Tinha-a visto no teatro, há muito tempo, poucos dias antes do marido cair entrevado, coitado. Muito mimosa. Seu Alberto ria:

- Qual, Dona Manuela, a senhora está muito atra-sada. A Araci é material da Monarquia.

(REBELO, Marques. A estrela sobe. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.)

03. (Uerj) A existência de um narrador e de persona-gens em um texto narrativo possibilita a ocorrência dos três tipos fundamentais de discurso: direto, indi-reto e indireto livre.

a) Considere o seguinte trecho que está em discurso direto:

“- Que linda voz!- Pelo senhor eu já estava no rádio, não é,

Seu Alberto?”Reescreva-o utilizando discurso indireto.

b) No primeiro parágrafo do texto, o narrador recorreu ao discurso indireto livre.Caracterize este recurso narrativo e cite uma frase

do referido parágrafo como exemplo.

Texto para a próxima questão

A incapacidade de ser verdadeiro

Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da inde-pendência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.

A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem a sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.

Quando o menino voltou falando que todas as bor-boletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transpor-tá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:

- Não há o que fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. O sorvete e outras histórias. São Paulo: Ática, 1993)

04. (Insper) No texto ocorre o discurso direto. Trans-posto adequadamente para o discurso indireto, teríamos

a) Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça e disse a Dona Coló que não havia o que fazer, pois aquele menino era mesmo um caso de poesia.

b) Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça dizendo que Dona Coló não há o que fazer, sendo o menino um caso mesmo de poesia.

c) Como não haveria o que fazer, após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça olhando para Dona Coló. Esse menino é mesmo um caso de poesia.

d) Disse o Dr. Epaminondas, após o exame, que Dona Coló não há o que fazer e que este menino é mesmo um caso de poesia.

e) Após o exame, o Dr. Epaminondas lamentou que o menino fosse mesmo um caso de poesia. Dona Coló nada poderia fazer.

05. (Fuvest) Leia o trecho a seguir, extraído de um conto, e responda ao que se pede.

“eu estava ali deitado olhando através da vidraça as roseiras no jardim fustigadas pelo vento que zunia lá fora e nas venezianas de meu quarto e de repente ces-sava e tudo ficava tão quieto tão triste e de repente reco-meçava e as roseiras frágeis e assustadas irrompiam na vidraça e eu estava ali o tempo todo olhando estava em minha cama com minha blusa de lã as mãos enfiadas nos bolsos os braços colados ao corpo as pernas juntas

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estava de sapatos Mamãe não gostava que eu deitasse de sapatos deixe de preguiça menino! mas dessa vez eu estava deitado de sapatos e ela viu e não falou nada ela sentou-se na beirada da cama e pousou a mão em meu joelho e falou você não quer mesmo almoçar?”

Luiz Vilela. “Eu estava ali deitado”.

a) O texto procura representar um “fluxo de consciência”, ou seja, a livre-associação de ideias do narrador-personagem. Aponte dois recursos expressivos, presentes no texto, que foram empregados com essa finalidade.

b) Cite, do texto, um exemplo de emprego do discurso direto.

Unidade 7

01. (Enem) O cordelista por ele mesmo

Aos doze anos eu eraforte, esperto e nutrido.Vinha do Sítio de Pirocamuito alegre e divertidovender cestos e balaiosque eu mesmo havia tecido.

Passava o dia na feirae à tarde regressavalevando umas panelasque minha mãe compravae bebendo água salgadanas cacimbas onde passava.

BORGES, J. F. Dicionário dos sonhos e outras histó-rias de cordel. Porto Alegre: LP&M, 2003 (fragmento).

Literatura de cordel é uma criação popular em verso, cuja linguagem privilegia, tematicamente, his-tórias de cunho regional, lendas, fatos ocorridos para firmar certas crenças e ações destacadas nas socieda-des locais. A respeito do uso das formas variantes da linguagem no Brasil, o verso do fragmento que per-mite reconhecer uma região brasileira é a) “muito alegre e divertido”. b) “Passava o dia na feira”. c) “levando umas panelas”. d) “que minha mãe comprava”. e) “nas cacimbas onde passava”.

Textos para a próxima questão:

Texto IAgora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que

o segurava era a família. Vivia preso como um novi-lho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitó-ria dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guarda-riam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23ª ed., 1969, p. 75.

Texto IIPara Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmá-

tico, impermeável. Não há solução fácil para uma tenta-tiva de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma lin-guagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acon-tece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pen-samentos demasiadamente complexos. O que “Vidas Secas” faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.

Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, nº 2, 2001, p. 254.

02. (Enem) No texto II, verifica-se que o autor utiliza

a) linguagem predominantemente formal, para problematizar, na composição de “Vidas Secas”, a relação entre o escritor e o personagem popular.

b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.

c) linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma história que apresenta o roceiro pobre de forma pitoresca.

d) linguagem formal com recursos retóricos próprios do texto literário em prosa, para analisar determinado momento da literatura brasileira.

e) linguagem regionalista, para transmitir informações sobre literatura, valendo-se de coloquialismo, para facilitar o entendimento do texto.

03. (Enem) Miguilim

“De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou, pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era de óculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo.

- Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?- Miguilim. Eu sou irmão do Dito.- E o seu irmão Dito é o dono daqui?- Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era

zelado, manteúdo, formoso como nenhum outro.Redizia:- Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda...

Mas que é que há, Miguilim?Miguilim queria ver se o homem estava mesmo

sorrindo para ele, por isso é que o encarava.- Por que você aperta os olhos assim? Você não

é limpo de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua casa?

- É Mãe, e os meninos...

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Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele, era um camarada. O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: - ‘Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está enxergando? E agora?”

(ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Migui-lim. 9a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.)

Esta história, com narrador observador em ter-ceira pessoa, apresenta os acontecimentos da pers-pectiva de Miguilim. O fato de o ponto de vista do nar-rador ter Miguilim como referência, inclusive espa-cial, fica explicitado em: a) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto.” b) “Ele era de óculos, corado, alto (...)” c) “O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...)” d) “Miguilim queria ver se o homem estava mesmo

sorrindo para ele, (...)” e) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos”

Texto para as próximas questões

Lampião & Lancelote (Fernando Vilela)

Agora eu lhes apresentoUm grande cangaceiroNascido em nosso paísLeal e bom companheiroPara uns foi criminosoPara outros justiceiro

Criado nas terras secasVaqueiro trabalhadorCuidava de um ralo gadoCom coragem e com valorSeu nome era VirgulinoMas um dia veio a dor

Ao ver seu pai baleadoEle partiu pra vingançaÀ frente dos cangaceirosSe pôs logo em liderançaBando de cabras armadosAo inimigo com ganância!

Cajarana JurityCaixa de Foço CoriscoQuinta-Feira Ponto FinoHomens sem temor de riscoVolta-Seca MergulhãoLuiz Pedro o mais arisco

Para um homem uma mulherPortuguês e sua CristinaDadá Maria PancadaInácia Maria JovinaLampião com sua MariaBonita fiel divina

Com este bando temidoAtirava igual canhãoCom seu rifle poderosoTornava a noite um clarãoPor isso todo orgulhosoSe chamou de Lampião

Montado no seu jumentoCruzava todo o sertãoLeitor agora eu lhe faloPreste muita atençãoEste homem foi guerreiroQue inventou rebelião

Invoco este personagemDe nosso seco NordesteDesça logo neste livroVenha cá Cabra da PesteMostre o que tem de melhorVem chegando e desembeste

04. Da primeira estrofe, retire versos que revelem:

a) a opinião que o eu lírico tem de Lampião.b) a opinião que outros têm do mesmo personagem.

05. a) Que características do cordel você observa no texto lido?

b) Nesse cordel, notamos que também há uma invocação, uma chamada ao leitor, estratégia comum desse gênero. Transcreva o(s) verso(s) em que isso acontece.

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Gabarito

Unidade 101. D02. B03. D04. C05. E

Unidade 201. A02. Modo imperativo e fun-ção conativa.03. A04. a) O primeiro texto tem obje-tivo informativo, explicando o sig-nificado da palavra; já o segundo tem o objetivo de convencer o lei-tor a usar o tecido tergal.b) Referencial e conativa, respectivamente.05. a) O segundo texto é predomi-nantemente referencial, pois faz uma explicação cujo assunto (refe-rente) é o primeiro texto.b) Trechos como “olá, como vai?”, “pois é”, “quem sabe” não têm fun-ção informativa, servem apenas para manter a comunicação, ou seja, são focados no sinal enviado ao interlocutor.

Unidade 301. C02. D03. A04. A05. C

Unidade 401. B 02. A 03. E04. C05. a) COMENTÁRIO DA PASSA-GEM NÚMERO: 1A globalização criou novos proce-dimentos de importação e expor-tação de produtos, criando novos hábitos de consumo até então

impensáveis (fliperama, calça Lee, patins, sandálias havaianas).COMENTÁRIO DA PASSAGEM NÚMERO: 2Observa-se, nesse segmento, parafraseando Flávia Oliveira, a ideologia do “emprego fácil de baixa qualificação”.COMENTÁRIO DA PASSAGEM NÚMERO: 3 O setor de comunicação de telefo-nia sofreu profundas alterações desde o processo de privatização até a adoção da telefonia móvel. Hoje, a ficha telefônica parece ser um objeto do passado.COMENTÁRIO DA PASSAGEM NÚMERO: 4Percebe-se no fragmento uma visão das diferenças regionais do Brasil, reunificadas, agora pela mídia, antecipando um processo de massificação.COMENTÁRIO DA PASSAGEM NÚMERO: 5Percebem-se, no fragmento, movi-mentos migratórios caracteriza-dos pelo transporte rodoviário, descaracterizando, de certa forma, os habitos rurais.b) A matéria publicada em O Globo se vale de dois gêneros textuais diferentes: o tópico explicativo e a canção Bye Bye, Brasil. O tópico explicativo se constrói com carac-terísticas da narração, destacando a transformação socioeconômica em um texto informativo, com base em dados, cifras e datas; já a canção se limita a citar um fato e sua consequência utilizando-se de recursos poéticos como versos, rima e ritmo.

Unidade 501. B02. D03. E04. C

05. a) Conflito: o coveiro não consegue sair da cova; clímax: o coveiro finalmente ouve passos de alguém para pedir ajuda; desfecho: o homem bêbado a quem pede ajuda pensa que ele está morto e começa a cobri-lo de terra.b) O fato de o bêbado achar que ele estava com frio porque não estava enterrado. É inesperado, pois se espera que o bêbado vá compreen-der que o coveiro tinha ficado preso na cova e essa expectativa é quebrada.

Unidade 601. A 02. V – V – V – F – F. 03. a) Seu Alberto disse que a voz de Leniza era linda, e ela comentou que, por ele, ela já estaria no rádio.b) Os pensamentos, as falas, as ideias dos personagens já são incorporados ao discurso do narrador.Ex.: “que loucura” 04. A05. a) A ausência de pontuação e a repetição vocabular. b) Há discurso direto em: “deixe de preguiça menino” e “você não quer mesmo almoçar?”.

Unidade 701. E02. A03. A04. a) “Um grande cangaceiro”, “Leal e bom companheiro”.b) “Para uns foi criminoso / Para outros justiceiro”.05. a) O texto é escrito em ver-sos estruturados em sextilhas e repletos de marcas da oralidade e expressões regionais. As rimas acontecem nos versos pares, e estes tratam de um tema comum em cordéis: os cangaceiros.b) “Agora eu lhes apresento” e “Lei-tor agora eu lhe falo”.