Upload
ngodung
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Cadeia Produtiva da Moda de Minas Gerais
Delimitação e caracterização
Belo Horizonte
Maio de 2016
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Governador
Fernando Damata Pimentel
SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
Secretário
Helvécio Miranda Magalhães Júnior
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO
Presidente
Roberto do Nascimento Rodrigues
DIRETORIA DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇAS
Diretora
Josiane Vidal Vimieiro
CENTRO DE PESQUISAS APLICADAS MARIA APARECIDA ARRUDA
Diretora
Elisa Maria Pinto Rocha
CENTRO DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES
Diretor
Leonardo Barbosa de Moraes
CENTRO DE ESTUDOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS PAULO CAMILLO DE
OLIVEIRA PENNA
Diretora
Ana Paula Salej Gomes
ESCOLA DE GOVERNO PROFESSOR PAULO NEVES DE CARVALHO
Diretora
Letícia Godinho de Souza
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Assessora
Olívia Bittencourt
EQUIPE TÉCNICA
Coordenação
Caio César Soares Gonçalves
Elaboração
Caio César Soares Gonçalves
Glauber Flaviano Silveira
Helena Teixeira Magalhães Soares
Marilene Cardoso Gontijo
Assessores
Nícia Raies Moreira de Souza
Raimundo de Sousa Leal Filho
Capa
Barbara Andrade Correia da Silva
Revisão e normalização
Ana Paula da Silva
Apoio Administrativo
Alessandra Antônia Rodrigues de Almeida
Claudineia Maria da Cruz
Mauro de Oliveira Pessoa
Olzenir Marriel
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO
CENTRO DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES (CEI)
Alameda das Acácias, 70 – Bairro São Luiz/Pampulha
Caixa Postal 1 200 - CEP: 31275-150 - Belo Horizonte - Minas Gerais
Telefones: (31) 3448-9719 e 3448-9589
Fax: (31) 3448-9477 e 3448-3706
www.fjp.mg.gov.br
e-mail: [email protected]
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 5
2. CADEIA PRODUTIVA DA MODA 8
2.1 Moda 8
2.2 Indústria e cadeia produtiva 9
2.3 Complexo industrial da moda 10
2.3.1 Têxtil e confecções 12
2.3.2 Couros e calçados 13
2.3.3 Joias e bijuterias 15
2.4 Construção de uma Matriz Insumo-Produto 16
2.5 Metodologia para delimitação de cadeia produtiva 20
2.6 Atividades econômicas da cadeia da moda 21
3. CADEIA PRODUTIVA DA MODA NO CENÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL 25
3.1 Cadeia produtiva da moda ou cadeia global 25
3.2 Têxteis e confecções 30
3.3 Couros e calçados 36
3.4 Joias e bijuterias 40
4. PRODUÇÃO NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS 43
4.1 Valor Adicionado da Moda 43
4.2 Moda nos municípios de Minas Gerais 50
4.3 Moda nos territórios de desenvolvimento 55
5. MERCADO DE TRABALHO NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS 60
5.1 Postos de trabalho e estabelecimentos 60
5.2 Remuneração 68
5.3 Níveis de escolaridade 71
5.4 Rotatividade 73
6. COMÉRCIO EXTERIOR NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS 76
6.1 Exportação 81
6.2 Importação e balança comercial 85
6.3 Municípios exportadores 91
7. ORGANIZAÇÕES DA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS 93
7.1 Conselhos, sindicatos e associações 93
7.2 Instituições de ensino superior 96
7.3 Arranjos Produtivos Locais 105
7.4 Grandes empresas 108
8. MATRIZ INSUMO-PRODUTO APLICADA A MODA 111
8.1 Modelo Insumo-Produto 114
8.1.1 Índices de interligação e campo de influência 115
8.1.2 Multiplicadores 120
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 124
REFERÊNCIAS 130
5
1. INTRODUÇÃO
A criatividade se configura como um potencial insumo para a evolução do
conhecimento no mundo contemporâneo. Atos criativos perpassam na história da
humanidade desde os desenhos paleolíticos, descobrimento do fogo, invenção da roda até
os mais recentes como a invenção de impressoras 3D e a acessibilidade da internet. São
ideias capazes de alterar a vida humana e trazer benefícios para a sociedade.
Visto de forma ampla e sem a pretensão de delimitar, a criatividade envolve a
imaginação, a capacidade de gerar ideias originais, as novas maneiras de interpretar o
mundo sejam em texto, som ou imagem, a curiosidade, a vontade de experimentar, as
novas conexões para resolver problemas, as práticas de negócios, a obtenção de vantagens
competitivas (OLIVEIRA; ARAUJO; SILVA, 2013). Dessa forma, a criatividade está
intimamente relacionada à inovação, capaz de trazer progresso para as economias
contribuindo para a geração de renda e empregos.
A economia criativa é o ramo da economia que estuda as atividades, produtos e
serviços que envolvem conhecimento, criatividade ou capital intelectual. Apesar de ser
um conceito em evolução, há em grande medida um consenso de que a economia criativa
possui como núcleo as atividades e processos culturais. Contudo, há ainda áreas em que
se manifeste a criatividade fora do domínio da cultura, de forma que a economia criativa
se estende das artes até a ciência e tecnologia (UNITED NATIONS DEVELOPMENT
PROGRAMME, 2013).
Nesse contexto de várias abordagens sobre economia criativa, Oliveira e Starling
(2012) apontaram suas principais características sendo uma delas a capacidade de gerar
bens e serviços diferenciados, direitos de propriedade intelectual, diretos autorais,
emprego e riqueza. Além da capacidade de concepção para formação de clusters que
podem gerar dinâmicas econômicas como cidades ou distritos criativos.
O termo indústria criativa agrega as atividades industriais que possuem como
insumo de produção a criatividade. Não são apenas o capital, a matéria-prima e a mão-
de-obra vistos como fatores essenciais para a produção de bens, o conteúdo simbólico
também é visualizado como um recurso para a geração de valor.
6
Em um cenário de globalização, em que a competitividade entre as empresas se
acirram, a criatividade ganha papel de um ativo para vencer a competição. Em um mundo
de produtos semelhantes, aqueles que conseguem criar unicidade e diferenciais e, assim,
inovar, possuem mais chances de obter sucesso a longo prazo. (FEDERAÇÃO DAS
INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2014).
São consideradas atividades da indústria criativa de acordo com a Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (2014) que realizou um mapeamento da indústria
criativa no Brasil: publicidade, arquitetura, design, moda, expressões culturais,
patrimônio e artes, música, artes cênicas, editorial, audiovisual, pesquisa e
desenvolvimento, biotecnologia e tecnologias da informação e comunicação.
A moda como parte da indústria criativa atinge proporções muito maiores que vão
além dos desenhos de roupas, calçados e acessórios. A moda é vista como uma forma de
expressão cultural, artística e estética, representando o espírito de uma região. Além da
capacidade econômica de geração de renda e empregos, ou seja, de representação
econômica, a moda também possui uma representação de inclusão social. O que vigora
atualmente é uma moda de todos os estilos, não há unicidade e sim pluralidade no
conceito da moda.
Conforme Jones (2005), o papel atribuído à moda tem se tornado algo cada vez
mais significativo para a sociedade contemporânea, uma vez que seu contexto econômico
não se restringe a uma questão local ou nacional, trata-se de um empreendimento global
com linguagem internacional muito além de fronteiras étnicas de classes.
Com foco sob o campo econômico e aplicando o conceito de moda, pode-se obter
uma cadeia produtiva composta por atividades que produzem produtos finais que
carreguem o valor da moda. Esse conjunto de atividades compõe o que seria o complexo
industrial da moda ou, simplesmente, cadeia produtiva da moda.
Com o objetivo de caracterizar essa cadeia produtiva identificando a importância
desse conjunto de atividades para a economia de Minas Gerais, este trabalho está
segmentado da seguinte forma, além dessa introdução, em mais oito partes. A seção 2
aborda as definições adotadas de cadeia e complexo industrial e o processo de delimitação
de cadeia produtiva da moda. A seção 3 apresenta o panorama internacional e nacional
da cadeia produtiva da moda.
7
A partir da definição de cadeia produtiva da moda, as seções seguintes buscam
produzir, sintetizar e analisar os dados disponíveis acerca da cadeia da moda de Minas
Gerais em grandes grupos temáticos: produção (seção 4), emprego e renda (seção 5),
comércio exterior (seção 6) e organizações (7). A seção 8 apresenta uma aplicação da
matriz insumo-produto para análise da cadeia produtiva da moda e última realiza as
considerações finais.
8
2. CADEIA PRODUTIVA DA MODA
Com o objetivo de delimitar o estudo através de uma definição de cadeia produtiva
da moda, recorre-se primeiramente aos conceitos de cadeia produtiva e complexos
industriais. Dado isso, constrói-se um esboço do que seria a cadeia produtiva da moda
que, por fim, será delimitada pelas ligações intersetoriais apresentadas pela literatura e
confirmadas pela metodologia de delimitação de cadeias produtivas que Matriz Insumo-
Produto (MIP). O resultado é a apresentação da cadeia produtiva da moda com suas
atividades núcleo classificadas de acordo com a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (CNAE) 2.0 e também um conjunto de atividades relacionadas.
2.1 Moda
A palavra moda origina-se do latim modus que significa modo, maneira, costume,
conjunto de opiniões, apreciações críticas, gostos, modo de agir, de sentir, de viver, de
ser aceito por grupos. (HOUAISS, 2001). De forma genérica, a referência de moda está
na expressão de costumes, modo de viver, de ser e de vestir de uma sociedade (FROTA,
2011).
A prática humana de vestir-se surgiu da necessidade humana de se proteger das
alterações climáticas. Outras situações, porém, são citadas na literatura como a utilização
de vestes de animais para que a força dos animais estivesse com os caçadores. Além
dessas crenças, outros rituais religiosos já faziam o uso de lã, linho e seda. O uso de
vestimentas evoluiu com o tempo e se tornou símbolo de distinção social. As pessoas de
classes menos favorecidas usavam poucas ou até mesmo nem utilizavam roupas como os
escravos. Não havia moda em nenhum desses casos citados anteriormente, as roupas eram
apenas uma indumentária, um ato de vestir (FROTA, 2011).
Apenas no final da Idade Média a moda começou a ser reconhecida como um
sistema, passando a se tornar algo muito além do estético e complementar, ganhando força
e assumindo capacidade de remodelar uma sociedade inteira. (LIPOVETSKY, 2009). A
partir do século XVIII, a moda se consolidou em uma cadeia produtiva capaz de
impulsionar o consumo e os interesses capitalistas (SANT’ANNA, 2009).
Da segunda metade do século XIX até os anos 60, a moda se estabeleceu no seu
sentido moderno com a chamada “moda de cem anos”, que basicamente se dividia em
9
duas frentes: alta costura e confecção industrial. A primeira, caracterizada pelo luxo e
feita sob medida e a segunda pela produção em massa realizada em série. Nesse contexto,
era a alta costura que detinha toda inovação e que lançava as tendências de forma que
restava à linha industrial a posição de seguidora das inspirações da alta costura
(LIPOVETSKY, 2009).
Entre os anos de 1950 e 1960, iniciou-se a segunda fase da moda moderna quando
a alta costura deixa de possuir o status de detentora da inovação e ditadora de tendências.
O desenvolvimento do prêt-à-porter (pronto para vestir) foi essencial para o início desse
novo período da moda. A produção industrial passou a produzir roupas acessíveis a todos,
vários tamanhos e modelos, com qualidade e expressão de moda (LIPOVETSKY, 2009).
Apesar da alta moda permanecer como fonte de inspiração, houve uma busca em
oferecer produtos com valor unindo moda e estética em uma era da “super escolha”
democrática em que nada mais é proibido. Conforme Lipovetsky (2009), todos os estilos
possuem direito de cidadania dado que não há uma moda, há modas. Esse é o
entendimento sobre moda adotado nesse estudo, uma moda sem distinções.
2.2 Indústria e cadeia produtiva
“Cadeia produtiva é um conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão
sendo transformados e transferidos os diversos insumos” (KUPFER; HASENCLEVER,
2013, p. 21). Assim, cadeia produtiva é o conjunto de atividades que transforma matérias-
primas básicas em produtos finais nas diferentes etapas de processamento ou montagem
(HAGUENAUER et al, 2001). Ao empregar esse conceito, é possível incorporar diversas
formas de cadeias como as setoriais em que cada etapa é representada por um setor
econômico e o intervalo entre eles é expresso por um mercado que os relacionam.
Além disso, as cadeias podem ser mais ou menos desagregadas. Por exemplo, é
possível estudar a cadeia de calçados ou ser mais específico com um estudo da cadeia de
calçados de couro. Adicionalmente, as cadeias podem ser concorrentes quando seus bens
finais são substitutos no mercado, porém as cadeias em si são independentes. É o caso da
cadeia produtiva de calçados sintéticos e a cadeia produtiva de calçados de couro que
podem competir no mercado com produtos similares, porém o processo produtivo tem
diferentes matérias-primas, máquinas e processos (KUPFER; HASENCLEVER, 2013).
10
Apesar dessa independência, é muito comum ocorrer o entrelaçamento das cadeias
de forma que a presença de determinada cadeia na estrutura econômica não seja uniforme.
Isso dificulta a delimitação de cadeias produtivas no seu sentido mais estrito,
principalmente em economias razoavelmente desenvolvidas. Assim, é interessante
utilizar, em determinados casos, a noção de complexo industrial.
Ao agrupamento de cadeias produtivas, dá-se o nome de blocos, ou ainda,
complexos industriais. Essas cadeias seriam agrupadas por compartilharem uma mesma
origem ou porque convertem para um mesmo grupo de indústria ou mercado (KUPFER;
HASENCLEVER, 2013).
Portanto, ao aplicar esses conceitos, o presente estudo de cadeia produtiva, que
envolve um grupo de atividades produzindo bens finais direcionados ao mercado da
moda, trata-se de um estudo do complexo industrial da moda.
2.3 Complexo industrial da moda
O complexo industrial da moda é formado basicamente por três cadeias
produtivas: têxtil e confecções; couros e calçados; e joias e bijuterias. Essas cadeias
foram, a princípio, identificadas pelos estudos prévios presentes na literatura e também a
partir dos produtos finais produzidos presentes no mercado da moda. Uma lista desses
produtos característicos é apresentada no quadro 2.1.
Quadro 2.1: Produtos característicos da moda
Grupo Produtos
Vestuário
Artigos do vestuário masculino, feminino e infantil como blusas, camisas, camisetas,
vestidos, saias, shorts, calças, jardineiras, ternos, casacos, sobretudos, mantos, ternos,
paletós, tailleurs, blazers, etc.
Roupas íntimas e roupas de dormir para uso masculino, feminino e infantil como
pijamas, sutiãs, calcinhas, cuecas, roupões, camisolas, etc.
Roupas de banho como sungas, biquínis, maiôs e roupas de bebê.
Artigos e
acessórios do
vestuário
Gravatas e lenços para todos os usos, cintos, suspensórios, luvas, leques, xales,
echarpes, lenços, cachecóis, gravatas, chapéus, boinas, bonés, gorros, artigos de peles,
suéteres, pulôveres, meias, etc.
Artigos diversos Bolsas e carteiras
Calçados Calçados masculinos, feminino e infantil como sapatos, tênis, sandálias, botas,
sapatilhas, tamancos, alpargatas, chinelos, etc.
Relojoaria, joias
e bijuterias Relógios, joias e bijuterias como anéis, colares, pulseiras, braceletes, brincos, etc.
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
11
Os produtos da moda, conforme Rech (2006), possuem características que
envolvem criação (design e influências sazonais), qualidade (conceitual e física),
ergonomia (vestibilidade), aparência (apresentação) e preço. Vincent-Ricard (1989)
apresenta os estágios do produto da moda: análise, elaboração, estilo (criação), e
merchandising (difusão). No primeiro estágio representa a análise socioeconômica e
cultural da sociedade em um ponto do tempo. Segue-se para a etapa de elaboração do
produto a partir da visão obtida anteriormente criando ou adaptando métodos de criação
de produtos, o terceiro estágio, que após criado o produto segue para uma etapa de
marketing para difundi-lo. A figura 2.1 apresenta a rosácea do produto da moda
resumindo o processo.
Figura 2.1: Rosácea do produto da moda
Fonte: Vincent-Ricard (1989, p. 234).
Segundo Rech (2006), o ciclo de vida do produto da moda é completo, porém
existe uma brevidade em cada fase. Vincent-Ricard (1989) já havia apresentado sobre o
tempo do produto ficar pronto desde a produção de fibra têxtil até chegar à loja sendo em
torno de dois anos, porém com renovação a cada seis meses bem regulares. Rech (2006)
apresenta a mesma informação bem mais aberta, afirmando que a decisão sobre as cores
acontece de 24 a 30 meses antes da estação começar. Essas decisões são tomadas pelas
12
indústrias químicas, institutos internacionais de fibras e pigmentos e também associações
de acordo com a disponibilidade de matéria-prima e também das metas comercias já
traçadas para os produtos têxteis, seus insumos e outros produtos relacionados. Já os fios
são planejados com 18 meses antes da estação prevista, as feiras internacionais de fios
com 14 meses, os tecidos com 12 meses, as feiras internacionais de tecidos com 10 meses,
criação e produção de coleções de moda com 9 meses antes, o varejo internacional recebe
as coleções com 3 meses antes do lançamento da estação prevista e o consumidor conhece
os produtos da moda no momento exato.
2.3.1 Têxtil e confecções
A cadeia têxtil-vestuário é formada por uma cadeia linear de atividades iniciando
no beneficiamento de fiação de fibras naturais e/ou químicas até a confecção final.
Conforme Haguenauer et al (2001), apesar da linearidade entre as etapas da cadeia, cada
uma delas pode ser realizada tanto em pequenas quanto em grandes quantidades, seja de
forma especializada seja com díspares graus de integração vertical.
Adicionalmente, as diferenças dos níveis tecnológicos presentes nas etapas
raramente trazem problemas de compatibilização ao longo do processo de acordo com
Haguenauer et al (2001). A inexistência de barreiras à entrada ajuda a entender a
heterogeneidade tecnológica da cadeia (inter e intrafirmas) e também a heterogeneidade
de tamanho das firmas, principalmente quando se trata do final da cadeia.
Rech (2006) considerou como cadeia produtiva da moda basicamente as
atividades têxteis e confecção, sendo a cadeia iniciando no segmento fornecedor com a
produção de matéria prima seja de fibras naturais (setor agropecuário) seja fibras
artificiais e sintéticas (setor químico), passa pelo setor manufatureiro têxtil como as etapas
de fiação, tecelagem/malharia, beneficiamento, acabamento, após essa, inicia-se a
confecção de bens acabados e, por fim, mercado.
Dessa forma, a produção de matérias-primas refere-se às fibras que são utilizadas
na etapa da fiação. Essas fibras podem ter origem na produção agrícola (fibras naturais
vegetais), na produção pecuária (fibras naturais animais) e a produção química (fibras
artificiais e sintéticas). Por exemplo, as fibras naturais são o algodão, seda, rami/linho, lã
e juta, as fibras artificiais são a viscose e acetato, as fibras sintéticas (elaboradas a partir
dos derivados de petróleo) são o náilon, poliéster e polipropileno. O elastano é utilizado
13
para a fabricação de fios elásticos, sempre combinado com outras fibras não elásticas, a
lycra® é um exemplo.
A etapa da fiação é basicamente a produção dos fios necessários na tecelagem,
que, por sua vez, é a produção dos tecidos, que podem ser obtidos por diferentes processos
técnicos como a tecelagem de tecidos planos, a malharia de tecidos circulares e retilíneos,
a técnica de tecidos não tecidos (TNT), entre outras.
Após essa etapa, inicia-se o beneficiamento e acabamento que compreende a etapa
pelo qual são realizadas operações para introdução de características específicas do
produto. Podem ser citados, por exemplo, a lavagem, branqueamento, tingimento,
mercerizarão, calandragem, estamparia, tranfer, feltragem, chamuscagem e
desengomagem (RECH, 2006). A confecção vem em seguida com a elaboração de peças
que englobam desde a criação, modelagem, enfesto, corte e costura do produto. A figura
2.2 resume as etapas da cadeia produtiva têxtil-confecções.
Figura 2.2: Cadeia produtiva de têxtil-confecções
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Ressalta-se que há interfaces da cadeia com outras atividades como a indústria
química que fornece insumos químicos para tratamento tanto de fibras, quanto de etapas
intermediárias e de produtos acabados. Também há uma ligação com a indústria de
máquinas e equipamentos em todas as etapas da cadeia. E ainda, existem interfaces com
o setor de embalagens, transporte e comercialização.
2.3.2 Couros e calçados
Uma das principais características da cadeia de couro e calçados é a relativa
simplicidade do processo produtivo também marcado pelo uso de uma tecnologia madura
14
mesmo com traços muitas vezes artesanais. Além disso, destaca-se o uso intensivo de
mão de obra pouco qualificada (CUNHA et al, 2008).
O processo produtivo em si divide-se basicamente em duas grandes etapas. A
primeira etapa compreende a extração, o curtimento e o acabamento do couro. Realizada
pelos curtumes, esses também se encarregam do processamento das peles dos animais
para fornecer o couro acabado destinado para fabricação de diferentes produtos finais,
por exemplo, os calçados. A segunda etapa compreende a fabricação dos calçados, que
inclui as fases de modelagem, corte do material – matéria-prima (natural ou sintética) –,
costura, montagem, acabamento e, por fim, embalagem do produto (CUNHA et al, 2008).
A figura 2.3 apresenta as etapas da cadeia produtiva de couros e calçados
destacando a produção de calçados e artefatos de couro e de outros materiais. Além de
indicar a relação com a indústria química e com a indústria de alimentos (frigoríferos).
Figura 2.3: Cadeia produtiva de couros e calçados
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
A possibilidade do processo de produção fragmentar-se em etapas distintas
contribui para viabilizar o deslocamento geográfico tanto no nível nacional quanto no
internacional. Destaca-se que o produto final da cadeia de calçados apresenta uma grande
diversidade de modelos, estilos, materiais, finalidades de consumo e diferentes
15
consumidores. Por exemplo, um calçado pode utilizar diferentes materiais como couro,
tecidos e/ou materiais sintéticos, pode ser para uso social, esportivo ou casual, pode ser
destinado a um público masculino, feminino ou infantil, entre outras variações (CUNHA
et al, 2008).
Adicionalmente, a própria cadeia de couros e calçados possui outros elos
desconsiderados nesse tópico como a ligação entre os curtumes com a indústria de móveis
e a cadeia automobilística. E mais, os curtumes também se relacionam com a indústria de
vestuário. Há ainda a relação com a indústria de máquinas e equipamentos, embalagem,
transporte, comércio varejista e atacadista e serviços de reparação.
2.3.3 Joias e bijuterias
A cadeia produtiva de joias e bijuterias, encontrada na literatura associada também
a gemas, compreende as atividades de extração mineral, indústria de lapidação, artefatos
de pedras, indústria joalheira e de folheados e bijuterias (LEITE, 2007). A primeira etapa
é representada pela extração ou mineração da matéria-prima. Pode-se citar, por exemplo,
os metais ouro, prata, platina, paládio e os minerais como as gemas (pedras coleção,
gemas maior valor e gemas menor valor) e os minerais industriais. Dessa forma, tratando-
se da atividade extrativa mineral encontram-se as atividades de extração de gemas (pedras
preciosas e semipreciosas), extração de minério de metais preciosos, extração de outros
minerais não metálicos e o beneficiamento de minério de metais preciosos.
Canaan (2013) descreveu como etapa posterior a obtenção da matéria-prima, os
processos primários de fundição, trefilação e laminação no caso dos metais e o
martelamento e serra no caso dos minerais. Sendo a terceira etapa a indústria de joalheria
e bijuteria, propriamente dita, responsável pela transformação contando com a joalheria
artesanal e industrial, bijuteria, artesanato mineral e lapidação originando produtos finais
como joias utilizando metais nobres como ouro, prata, platina e paládio e também dos
folheados e bijuterias de metais comuns. Além disso, inclui-se a fabricação de relógios.
A figura 2.4 agrega e resume o que seria a cadeia de joias e bijuterias.
16
Figura 2.4: Cadeia produtiva de joias e bijuterias
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Outras atividades possuem interface com a cadeia de joias e bijuterias como o
comércio varejista e atacadista dos produtos finais; transporte e serviços de reparação de
joias e relógios; a indústria de maquinário e química.
2.4 Construção de uma Matriz Insumo-Produto
Wassily Leontief 1 desenvolveu, em 1936, o que ficou conhecido como modelo
de insumo-produto. Essa abordagem permite o estudo da interdependência dos setores
produtivos da economia tendo como referência os fluxos entre as diferentes atividades
econômicas e a relação dessas com a demanda final, com a conta de renda e com as
importações.
Esses fluxos são apresentados através da chamada Matriz Insumo-Produto (MIP),
que é uma tabela de transações com dupla entrada sendo que as linhas representam as
vendas da produção corrente de um determinado setor para os outros setores. Já as colunas
representam as compras de um setor pelos produtos produzidos por outros setores.
Uma Matriz Insumo-Produto (MIP) foi construída a partir das informações da
matriz realizada pela Fundação João Pinheiro (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2015)
do ano de 2008 para Minas Gerais com 85 produtos e 40 atividades. Essa nova matriz
realizada especialmente para a análise da cadeia da moda possui a desagregação em 90
produtos e 42 atividades. Sendo que se denomina por produtos a representação de um
conjunto de bens e serviços. Já a classificação de bens e serviços em grupos de produtos
é derivada diretamente da classificação de atividades, que procura manter a
homogeneidade de cada grupamento no que diz respeito à origem (atividade produtora e
procedência, nacional ou importada) e também em relação ao destino (tipo de consumidor
e/ou usos específicos) (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2015).
1
Laureado com o prêmio Nobel de economia em 1973.
17
Nessa configuração foi possível destacar em níveis de produto: beneficiamento e
fiação de algodão e outros têxteis; tecelagem; fabricação de outros produtos têxteis;
artigos de vestuários e acessórios; preparação de couro; fabricação de calçados; e a
lapidação de gemas, joias e bijuterias. Para esse último, foi utilizado uma estimativa para
dissociá-lo do produto “móveis e produtos diversos da indústria” utilizando informações
tanto da Tabela de Recursos e Usos do Brasil de 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015) como aproximação, dado que a do ano de 2008
não apresentou a separação de “moveis” e “produtos diversos da indústria”, quanto da
Pesquisa Industrial Anual (PIA) de 2010 para obter uma estimativa das joias e bijuterias
dentro do total dos produtos diversos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2010).
O quadro 2.2 apresenta os 90 produtos da Matriz Insumo-Produto em sua versão
especial para o estudo da Moda.
Quadro 2.2: Produtos da Matriz Insumo-Produto (versão Moda) (continua)
Código Descrição do produto Código Descrição do produto
10102 Milho em grão 31101 Produtos químicos inorgânicos
10104 Cana-de-açúcar 31102 Produtos químicos orgânicos
10105 Soja em grão 31201 Fabricação de resina e elastômeros
10106 Outros produtos e serviços da
lavoura 31301 Produtos farmacêuticos
10109 Algodão herbáceo 31401 Defensivos agrícolas
10110 Frutas cítricas 31501 Perfumaria, sabões e artigos de limpeza
10111 Café em grão 31601 Tintas, vernizes, esmaltes e lacas
10112 Produtos da exploração florestal e
da silvicultura 31701 Produtos e preparados químicos diversos
10201 Bovinos e outros animais vivos 31801 Artigos de borracha
10202 Leite de vaca e de outros animais 31802 Artigos de plástico
10203 Suínos vivos 31901 Cimento
10204 Aves vivas 32001 Outros produtos de minerais não-metálicos
10205 Ovos de galinha e de outras aves 32101 Gusa e ferro-ligas
20101 Petróleo e gás natural 32102 Semiacabados, laminados planos, longos e
tubos de aço
20201 Minério de ferro 32201 Produtos da metalurgia de metais não-
ferrosos
20301 Carvão mineral 32202 Fundidos de aço
18
(continuação)
Código Descrição do produto Código Descrição do produto
20302 Minerais metálicos não-ferrosos 32301 Produtos de metal - exclusive máquinas e
equipamento
20303 Minerais não-metálicos 32401 Máquinas e equipamentos, inclusive
manutenção e reparos
30101 Abate e preparação de produtos de
carne 32501 Eletrodomésticos
30103 Carne de aves fresca, refrigerada ou
congelada 32601
Máquinas para escritório e equipamentos
de informática
30105 Conservas de frutas, legumes e
outros vegetais 32701 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos
30106 Óleo de soja em bruto e tortas,
bagaços e farelo de soja 32801
Material eletrônico e equipamentos de
comunicações
30107
Margarinas e outras gorduras
vegetais, óleos de origem animal
não comestíveis - exclusive milho
32901 Aparelhos/instrumentos médico-
hospitalar, medida e óptico
30109 Leite resfriado, esterilizado e
pasteurizado 33001 Automóveis, camionetas e utilitários
30110 Produtos do laticínio e sorvetes 33002 Caminhões e ônibus
30111 Arroz beneficiado e produtos
derivados 33201
Peças e acessórios para veículos
automotores
30112 Farinha de trigo e derivados 33301 Outros equipamentos de transporte
30114 Óleos de milho, amidos e féculas
vegetais e rações 33401 Móveis
30115 Produtos das usinas e do refino de
açúcar 33402 Lapidação de gemas, joias e bijuterias
30116 Café torrado, moído e solúvel 33403 Outros produtos das indústrias diversas
30118 Outros produtos alimentares 33404 Sucatas recicladas
30119 Bebidas 40101 Produção e distribuição de eletricidade,
gás, água, esgoto e limpeza urbana
30201 Produtos do fumo 50101 Construção civil
30301 Beneficiamento de algodão e de
outros têxtil e fiação 60101 Comércio
30302 Tecelagem 70101 Transporte e Armazenagem
30303 Fabricação outros produtos Têxteis 80101 Serviços de informação
30401 Artigos do vestuário e acessórios 90101
Intermediação financeira, seguros e
previdência complementar e serviços
relacionados
30501 Preparação do couro e fabricação de
artefatos - exclusive calçados 100101 Aluguel
30502 Fabricação de calçados 110101 Serviços de manutenção e reparação
30601 Produtos de madeira - exclusive
móveis 110201 Serviços de alojamento e alimentação
30701 Celulose e outras pastas para
fabricação de papel 110301 Serviços prestados às empresas
30702 Papel e papelão, embalagens e
artefatos 110401 Educação mercantil e Saúde mercantil
30801 Jornais, revistas, discos e outros
produtos gravados 110601 Serviços prestados às famílias
30906 Outros produtos do refino de
petróleo e coque 110602 Serviços domésticos
31001 Álcool 120101 Administração pública
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
19
Apesar do elevado número de atividades apresentadas da Matriz Insumo-Produto
de Minas Gerais 2008, o nível de detalhamento que se permitiu abertura contemplou as
atividades de têxteis, artigos de vestuário e acessórios e artefatos de couro e calçados,
separadamente. As atividades que envolvem joias e bijuterias são agregadas dentro de
produtos diversos da indústria juntamente com móveis, o que representa um conjunto
muito diversificado e a ausência desse nível de detalhamento de atividade por produto
não permitiu uma abertura mais ampla com a construção de uma atividade “joias e
bijuterias”. O quadro 2.3 apresenta as 42 atividades consideradas na Matriz Insumo-
Produto na versão Moda.
Quadro 2.3: Lista de atividades da Matriz Insumo-Produto (versão Moda)
Código Atividades Código Atividades
101 Agricultura, silvicultura, exploração
florestal 322 Metalurgia de metais não-ferrosos
102 Pecuária e pesca 323 Produtos de metal - exclusive máquinas
e equipamentos
201 Extrativa Mineral 324 Máquinas e equipamentos, inclusive
manutenção e reparos
301 Alimentos e Bebidas 325 Máquinas, equipamentos, aparelhos
eletroeletrônicos e eletrodomésticos
302 Produtos do fumo 330 Fabricação de veículos automotores
303 Têxteis 332 Peças e acessórios para veículos e outros
equipamentos de transporte
304 Artigos do vestuário e acessórios 334 Móveis e produtos das indústrias
diversas
305 Artefatos de couro e calçados 401 Produção e distribuição de eletricidade,
gás, água, esgoto e limpeza urbana
306 Produtos de madeira - exclusive móveis 501 Construção civil
307 Celulose e produtos de papel 601 Comércio
308 Jornais, revistas, discos 701 Transporte, armazenagem e correio
309 Refino de petróleo e coque 801 Serviços de informação
310 Álcool 901
Intermediação financeira, seguros e
previdência complementar e serviços
relacionados
311 Produtos químicos 1001 Atividades imobiliárias e aluguéis
313 Produtos farmacêuticos 1101 Serviços de manutenção e reparação
314 Defensivos agrícolas 1102 Serviços de alojamento e alimentação
315 Perfumaria, higiene e limpeza 1103 Serviços prestados às empresas
318 Artigos de borracha e plástico 1104 Educação mercantil e Saúde mercantil
319 Cimento 1106 Serviços prestados às famílias e
associativas
320 Outros produtos de minerais não-
metálicos 1107 Serviços domésticos
321 Fabricação de aço e derivados 1203 Administração pública
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
20
2.5 Metodologia para delimitação de cadeia produtiva
Para a identificação da cadeia produtiva da moda, utilizou-se a metodologia
tradicional de Haguenauer et al (2001). O método baseia nas transações entre os setores
da economia de forma que identifique os mais significantes elos entre eles. A combinação
de fortes ligações entre grupos de atividades específicas forma o que se denomina de
cadeia produtiva.
Assim, é necessária a construção de uma matriz de transações 𝑇𝑖𝑗 (atividade x
atividade) com coeficientes que representem os volumes de negócios entre as atividades
econômicas. Essa matriz possuirá certas especificidades como a desconsideração do
autoconsumo, dos serviços e os insumos de uso difundido. Bens de capital, por exemplo,
são desconsiderados, já que o consumo desses bens pela indústria é considerado
esporádico e o bem em si não sofre transformação ao longo da cadeia (HAGUENAUER;
PROCHNIK, 2000).
A partir da matriz de transações 𝑇𝑖𝑗, utiliza-se um algoritmo matemático para
definir a cadeias produtivas realizando uma seleção dos setores constitutivos de cada uma.
Esse algoritmo indica uma relação significante entre os setores e também identifica um
ponto de corte entre as cadeias produtivas.
De acordo com Haguenauer e Prochnik (2000), a definição sobre a relação
significativa, já que os setores de uma economia praticamente se relacionam com todos
os demais setores, e o ponto de corte é arbitrária. Dessa forma, há a necessidade de
confirmação através de outras informações como a literatura prévia sobre o assunto e
também, nesse caso específico, o entendimento adotado sobre a moda.
O método possui certa simplicidade dado que se baseia na construção de um
ranking de vendas setoriais com seus principais setores clientes estabelecendo um
percentual das vendas de cada setor em relação ao total. Em paralelo, o mesmo é realizado
para as compras. Aqueles que aparecem como importante dentro do limite pré-
estabelecido tanto para as vendas quanto para as compras, são considerados elos
pertencentes a cadeia. Foram testados os limites de 25%, 50% e 75%, optando por
considerar o nível de 50%.
O resultado obtido no nível de 50% para as vendas apresentou que a atividade
“Têxtil” possui uma relação significativa com “Artigos de vestuários e acessórios”, que
21
por sua vez, possui uma relação significante de compra com a “Têxtil”, evidenciando o
grau de importância que um setor possui com o outro. A esse nível, nenhuma outra relação
significante foi encontrada mutualmente pela venda e compra.
Portanto, a partir da aplicação da metodologia de identificação de cadeia
produtivas com base em Haguenauer e Prochnik (2000) e Haguenauer et al (2001), a
cadeia produtiva da moda seria a junção das atividades “Têxtil”, “Artigos de vestuários e
acessórios” e “Artefatos de couros e calçados”. Ressalta-se que ainda deve ser incluída a
parte referente à “Joias e bijuterias”, não contemplada na metodologia citada
anteriormente.
2.6 Atividades econômicas da cadeia da moda
As características apresentadas pelas três cadeias (têxtil-confecções, calçados-
couros e joias-bijuterias no tópico 2.3) e o resultado obtido pela metodologia de
identificação do tópico 2.5 fomentaram a construção da definição das atividades
econômicas da cadeia produtiva da moda no conceito núcleo apresentado pelo quadro 2.4
em 24 classes em 12 grupos segundo classificação CNAE 2.0.
As atividades resultantes da cadeia têxtil-confecções/vestuário foram a fabricação
de produtos têxteis que inclui atividades desde a preparação e fiação de fibras de algodão,
outras fibras naturais e fiação de fibras artificiais e sintéticas, passando pela fabricação
de linhas para costura, tecelagem, malharia e acabamentos. A fabricação de fibras
artificiais e sintética da indústria química também foi considerado. No campo da
confecção, variadas peças do vestuário foram incluídas. Ressalta-se a exclusão de itens
como artefatos têxteis de uso doméstico, tapeçaria, cordoaria e a confecção de roupas
profissionais.
Quanto a cadeia de couros-calçados considerou-se a etapa de curtimento e outras
preparações do couro, fabricação de artigos e bolsas, calçados tanto de couro quanto de
outros materiais. Em contrapartida excluiu-se a CNAE 15.29-7 de fabricação de artefatos
de couro não especificados anteriormente por não contemplar produtos característicos da
moda.
22
Quadro 2.4: Atividades da cadeia produtiva da moda – núcleo
CNAE 2.0
Divisão/Grupo
CNAE 2.0
Classe Descrição
13 FABRICAÇÃO DE PRODUTOS TÊXTEIS
13.1 Preparação e fiação de fibras têxteis
13.11-1 Preparação e fiação de fibras de algodão
13.12-0 Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto algodão
13.13-8 Fiação de fibras artificiais e sintéticas
13.14-6 Fabricação de linhas para costurar e bordar
13.2 Tecelagem, exceto malha
13.21-9 Tecelagem de fios de algodão
13.22-7 Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão
13.23-5 Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas
13.3 Fabricação de tecidos de malha
13.30-8 Fabricação de tecidos de malha
13.4 Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis
13.40-5 Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis
14 CONFECÇÃO DE ARTIGOS DO VESTUÁRIO E ACESSÓRIOS
14.1 Confecção de artigos do vestuário e acessórios
14.11-8 Confecção de roupas íntimas
14.12-6 Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas
14.14-2 Fabricação de acessórios do vestuário, exceto para segurança e proteção
14.2 Fabricação de artigos de malharia e tricotagem
14.21-5 Fabricação de meias
14.22-3 Fabricação de artigos do vestuário, produzidos em malharias e
tricotagens, exceto meias
15 PREPARAÇÃO DE COUROS E FABRICAÇÃO DE ARTEFATOS
DE COURO, ARTIGOS PARA VIAGEM E CALÇADOS
15.1 Curtimento e outras preparações de couro
15.10-6 Curtimento e outras preparações de couro
15.2 Fabricação de artigos para viagem e de artefatos diversos de couro
15.21-1 Fabricação de artigos para viagem, bolsas e semelhantes de qualquer
material
15.3 Fabricação de calçados
15.31-9 Fabricação de calçados de couro
15.32-7 Fabricação de tênis de qualquer material
15.33-5 Fabricação de calçados de material sintético
15.39-4 Fabricação de calçados de materiais não especificados anteriormente
15.4 Fabricação de partes para calçados, de qualquer material
15.40-8 Fabricação de partes para calçados, de qualquer material
20 FABRICAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS
20.4 Fabricação de fibras artificiais e sintéticas
20.40-1 Fabricação de fibras artificiais e sintéticas
32 FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DIVERSOS
32.1 Fabricação de artigos de joalheria, bijuteria e semelhantes
32.11-6 Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria
32.12-4 Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
23
Por fim, da cadeia de joias-bijuterias, inclui-se a lapidação de gemas e fabricação
de artefatos de ourivesaria e joalheria bem como a fabricação de bijuterias e artefatos
semelhantes.
Cabe observar que nem sempre existe a disponibilidade das informações em
CNAE 2.0 classe (5 dígitos) ou a compatibilização nesse nível de desagregação.
Consequentemente, superestimações desse conceito podem ocorrer dependendo da
variável em que se esteja analisando em níveis superiores da CNAE 2.0 grupo. Por essa
razão destacou-se anteriormente as exclusões realizadas.
Para as atividades relacionadas, além da análise das informações disponíveis das
três cadeias, utilizaram-se os resultados da metodologia de identificação ao nível de 75%
e não necessariamente relações mútuas de importância entre os setores analisando o
consumo e o fornecimento. Os resultados podem ser visualizados na figura 2.5 que agrega
todos os setores analisados.
A agricultura possui uma forte ligação com a indústria têxtil, refere-se à produção
de matérias-primas para fabricação de fibras naturais vegetais, da mesma forma, a
indústria química e petroquímica, com os derivados do petróleo para produção de fibras
artificiais e sintéticas. As fibras naturais animais originam-se na pecuária, que também se
relaciona com a indústria de couros e calçados pelo lado da pecuária de corte com
intermédio da indústria de alimentos. A extrativa mineral e a metalurgia relacionam-se
com a fabricação de joias e bijuterias.
A produção e distribuição de eletricidade, água, gás e outros serviços relacionados
relaciona-se de maneira difundida com todas as atividades econômicas, porém sua relação
com a indústria têxtil e calçados se destacam. A indústria de máquinas e equipamentos é
essencial em todos os elos da cadeia da moda, e assim, também se relacionam os serviços
de manutenção e reparação. A indústria de embalagens também se relaciona com a cadeia
da moda principalmente a relação com a indústria de calçados pelo elo com a indústria de
celulose e papel. Para que os produtos cheguem ao mercado, são necessários os serviços
de transporte e armazenagem, além do comércio atacadista e varejista. Uma gama de
outros serviços técnicos também pode ser citada como os de publicidade e propaganda,
edição, fotografia e marketing e também outros serviços como educação, informação e
comunicação.
24
Figura 2.5: Atividades da cadeia produtiva da moda – relacionadas
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
25
3. CADEIA PRODUTIVA DA MODA NO CENÁRIO NACIONAL E
INTERNACIONAL
Em meio às discussões concernentes aos processos produtivos, uma análise
prospectiva das atuais linhas de produção exige a confirmação teórica entre a realidade e
os apontamentos possíveis, considerando-se o contexto atual. Uma nova morfologia de
cada setor implica em considerar as complexidades que compõem a realidade e
identificação dos principais vetores que podem produzir alterações propositivas aos
agentes centrais envolvidos.
Dessa forma, a identificação dos agentes, o mapeamento dos processos e o estudo
das correlações entre os agentes econômicos que atuam diretamente ou indiretamente em
um ramo ou setor de produção são elementos importantes para o desenvolvimento de
negócios.
No entanto, não se trata de uma compreensão meramente objetiva, mas das
possíveis conotações subjetivas intrínsecas às forças de produção. Essas compõem seu
desdobramento conforme as tendências de mercado e componentes singulares envolvidos
no processo histórico de composição, na cultura, nas legislações, nos negócios, na
matéria-prima e na fidelização do consumidor final.
Neste estudo, dado o seu escopo, tratar-se-á inicialmente do modelo geral de
produção, seja cadeia de valor ou cadeia de produção, e as especificidades que compõem
cada um dos ramos de produção da cadeia produtiva da moda, ambos sob a perspectiva
da globalização.
3.1 Cadeia produtiva da moda ou cadeia global
Entre as décadas de 1980 a 2010, ocorreram mudanças significativas no ambiente
de mercado global com rebatimentos diretos à cadeia de produção da moda. A eliminação
de barreiras comerciais transnacionais e a ampliação do ambiente cibernético que
influenciaram fortemente povos e culturas alteraram as relações comerciais, incluindo o
perfil e a força de trabalho.
No que se refere à cadeia produtiva da moda, faz-se necessário conhecer os
diferentes segmentos que a compõem, nas peculiaridades do processo desde os insumos
gerados até as receitas produzidas, em uma perspectiva da capilaridade real e observada
26
ou na capilaridade projetada a partir da leitura de cenários. Isso pode indicar diferentes
rumos a esses variados setores, principalmente numa magnitude mundial, pois exige-se a
articulação de diversos atores, delineados pelos marcos regulatórios nacionais e com a
forte influência que a cultura enlaça o objeto em questão.
A sociedade moderna sustenta-se na conexão ilimitada de povos e nações, criando
os chamados ciberespaço e cibercultura. Lévy (1999, p. 92) define ciberespaço como
sendo “o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e
das memórias dos computadores”. Essa desterritorialização compreende uma dimensão
política em face de sua influência pela comunicação nos contornos da economia. A
tecnologia ou acesso ao computador tanto permite a difusão da informação e contribui
para o alargamento da democracia bem como é capaz de provocar colisão a um poder
estatal autoritário e centralizador, suscitado pela ausência de territórios ou de suas
demarcações.
A cibercultura, neste contexto, pode ser vista como se “constituem precisamente
a instância em que as mais diferentes produções simbólicas se entrecruzam e é
precisamente o espaço em que a humanidade se situa no momento presente enquanto a
grande rede de memórias informativas” (OLIVEIRA, 2004, p.25). Ou seja, o conteúdo da
informação contribui para a alteração e miscigenação de conceitos e comportamentos que
se fundem à originalidade e tradição de cada povo, desvencilhando nele significâncias.
Daí os subsistemas sociais diversos constituem se em sistemas pluralistas em que
não se isolam em um único modelo de conduta, mas se reconstroem sob influência de
uma cosmovisão compartilhada por todos. Neste interim, recaem sobre as organizações e
seus profissionais a busca incessante pela compreensão dos novos comportamentos e
tradicionais ainda perenes que perfazem o composto do consumo e suas tendências.
Os mercados globalizados, os recursos tecnológicos e as redes de interatividade
compõem o grupo de insumos imprescindíveis à cadeia da moda.
A dispersão cultural também foi ressignificada a partir dos novos arranjos que a
globalização proporcionou à economia dos países a partir da dispersão espacial da
produção. Toma-se um novo modelo de produção denominado Cadeias Globais de
Produção. Segundo Anjos apud Costa (2011, p. 43), “uma cadeia é considerada global
quando as atividades integrantes da cadeia, localizadas em diferentes países, formam uma
27
rede de relações nas quais algumas empresas coordenam as atividades, além de
controlarem aquelas consideradas estratégicas”.
No estudo específico sobre o ramo de produção têxtil e vestuário, Gereffi (1994)
introduzem o conceito de cadeia global de produção baseado em quatro itens: a dimensão
global; o poder das empresas líderes sobre as demais que compõem a cadeia, podendo
alterar as lideranças ao longo do tempo; a coordenação da cadeia, que pode-se tornar uma
vantagem competitiva e a informação, sendo esse determinante para a posição que a
organização ocupa na cadeia.
Ao significado da informação incute-se a significância do saber, do conhecimento.
Ou seja, o posicionamento não se limita à repercussão midiática dos produtos aos
consumidores. Pressupõe anteriormente a capacidade de inovação, de novos produtos, de
novos agentes de insumo, de descobertas. A exemplo, cita-se o empoderamento da
Companhia Dupont na década de 30 do século XX a partir dos investimentos na pesquisa
científica precursada pelo mestre e doutor da Universidade de Illinois e docente da
Universidade de Harvard em 1924, Wallace Hume Carothers, quando havia iniciado seus
estudos sobre as estruturas de polímeros, com apenas 28 anos. Após o segundo insistente
convite dos proprietários da empresa, ingressou no grupo em 1928 e posteriormente Paul
Flory também passou a compor a equipe (FANTONI, 2012). O sucesso da poliamida,
com o nome comercial de Nylon, permanece à frente para uso em produtos têxteis
variados. Tal visão dos gestores voltada para investimentos em pesquisa garantiu o lugar
pioneiro da organização no mercado global. Outrossim, a informação apropriada a partir
do conhecimento altera o fluxo do comando e das forças produtivas.
A partir dessa definição, Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005) condicionará os
modelos de organização a partir da centralidade dos comandos dos processos de
produção. Às organizações transnacionais que se posicionam à frente de todo o processo
de produção na vertente da alta tecnologia denomina-se producer-driven, exigindo-se,
portanto, um montante considerável de capital. Pode-se citar para esse modelo as
empresas de equipamentos tecnológicos de comunicação, das indústrias automobilísticas
e as de aviação.
As organizações que compõem a cadeia produtiva da moda são classificadas a
partir do conceito de buyer-driven. Trata-se do modelo cuja centralidade da produção
converge para o comprador. Como no primeiro, a descentralização do processo de
28
produção ocorre nos diferentes países conforme uma complexidade de fatores, dos
insumos aos custos da mão de obra e legislações tributárias. Uma vez direcionada ao
consumidor, a centralidade desloca-se da produção para o agente mercadológico
enquanto vetor principal de ligação da produção ao consumo. Nesse sentido, as
organizações cujo objeto de atividade se traduz em criação ou desenvolvimento do
produto, ações de marketing e comercialização assumem a centralidade da cadeia
produtiva. Essa nova configuração de produção na qual se encontra a cadeia produtiva da
moda projeta no cenário econômico as grandes organizações de varejo e detentores de
marcas reconhecidas mundialmente que passam a determinar a produção (Gereffi, 1999).
O poder de comando ou governança corporativa é assumido pelos grandes compradores
em face da importância pela comercialização e pela competência estratégica para
colocação dos produtos no mercado.
A governança corporativa pode ser entendida como o sistema de direcionamento
e monitoramento do complexo organizacional que envolve os relacionamentos entre
acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e
conselho fiscal. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), as
práticas de governança corporativa voltam-se ao aumento do valor da organização, a fim
de facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.2 Portanto, o conceito
encontra-se vinculado ao nível de confiança entre todas as partes interessadas. Portanto,
o poder de liderança exige posições estratégicas no mercado em prol da cadeia,
determinantes do escopo de produção e de exigência de resultados.
Essa reconfiguração do processo produtivo instalou à lógica da produção as
condições de viabilidade de custo, qualidade, entrega e prazo, em geral instaladas em
países com economias favoráveis a esta ótica. Às grandes corporações de faturamento de
venda resguardou-se a centralidade dos negócios, determinantes às demais tanto para a
produção quanto para a configuração nesse mercado. A esmo, esse cenário vem
contribuindo para o processo de ‘desindustrialização’ dos setores da cadeia da moda
tradicionais nos países escalados para a produção, a partir do determinante central custo
da mão de obra. A alternativa para sustentabilidade desses produtores direcionou-se para
o segmento de alto valor de consumo e assim de produção como diferencial
2
Disponível em http://www.ibgc.org.br/inter.php?id=18161.
29
mercadológico, incluindo-se o tipo de produto. Trata-se da chamada alta costura,
conciliando o sofisticado à originalidade e, por vezes, a tradição.
Portanto, a compreensão das cadeias produtivas, e neste estudo, a cadeia produtiva
da moda exige o direcionamento para a concepção de sistemas. Segundo Lieber, a
compreensão de sistema se refere a uma lógica, uma forma de apreensão da realidade. A
formulação de sistemas se referência à “descrição ou destaque ‘daqueles’ traços da
realidade, cujo conjunto permite a percepção de uma condição de ordem e a proposição
de uma forma operativa voltada para um dado objetivo” (LIEBER, p.1). Essa
interpretação remete à concepção de Morgan (2007) ao se referir às organizações através
de metáforas, implicadas em um modo de pensar e uma forma de ver, permitem a
compreensão dos fenômenos complexos e paradoxais que as compõem, de múltiplas
maneiras.
As cadeias produtivas, e mais precisamente a cadeia produtiva da moda,
extrapolam a imagem de composição em rede de máquinas desenhadas para cada parte
que se interliga. Não se restringe a cada composição desempenha um papel claramente
definido como parte de um todo, para atingir fins e objetivos previamente determinados,
em detrimento do aspecto humano. A essa imagem, agregam-se a concepção de
organismo enquanto exigência para uma compreensão e administração de necessidades,
a concepção sustentada na importância da informação, aprendizagem e inteligência bem
como os condicionantes culturais translúcidos às normas, crenças, valores e padrões de
significado compartilhados que orientam a vida organizacional. A este espectro, aditam
os conjuntos de interesses e conflitos que perfazem pelos jogos do poder, por vezes
inundados pelas dimensões particularizadas que se transladam às perspectivas
organizacionais, exigindo aderência à mudança organizacional como estratégia para a
convergência de objetivos e reiteração mercadológica.
Em suma, a cadeia produtiva da moda exige, para a compreensão em sua
integridade aproximada à realidade, pensar a possibilidade de desenvolver o potencial
transformador de ideias e análises, considerando as dimensões sócio históricas e
conjunturais que provocam o seu movimento, internamente referendado também pelo
cenário externo pelos seus atores.
No campo dos estudos acadêmicos e do marketing internacional, o Brasil realiza
desde 1996 o São Paulo Fashion Week (SPFW), considerado pelos críticos do setor como
30
o principal evento da moda da América Latina e aproximando-se dos principais eventos
mundiais que ocorrem de maneira similar em Paris, Milão, Nova Iorque e Londres,
anualmente. A partir da iniciativa de Paulo Borges, organizador da SPFW instigou-se a
discussão acadêmica nesta área no Brasil, intensificada pela relação entre a arte e a
arquitetura.
Ambas desenham tendências tratando da poética, retratando o dia a dia, a
cultura, a economia, a sociologia, estudando estruturas, volumes, contrastes de
luz e sombra, cheios e vazios, escolhendo materiais, criando transparências,
cortes e recortes. Na moda, a escala se materializa no corpo resultando no
estigma do comportamento de cada pessoa, na arquitetura a escala ganha força
imprimindo arte na criação de objetos, móveis, edifícios e paisagens urbanas.
(RIBEIRO, 2011, p. 7)
3.2 Têxteis e confecções
Numa primeira imagem de um conjunto de etapas seriadas que permitem a
transformação de insumos ao atendimento às demandas do consumidor, permite-se
visualizar a Cadeia Produtiva de Têxteis e Confecções composta por uma estrutura de
indústrias de fibras e filamentos, fiação, tecelagem, malharia e beneficiamento e as
indústrias de confecções (vestuário).
Simultaneamente, a independência de processos ou etapas não significa ou se
restringe necessariamente a um produto final. Uma organização da cadeia pode-se inteirar
com outros segmentos, inclusive de outras cadeias produtivas, bem como assumir
concomitantemente a participação em um processo de fabricação e a exposição direta ao
mercado de determinado produto final. Portanto, a cadeia produtiva de têxteis e
confecções se caracteriza pela complexidade face às alternativas transversais que atuam
simultaneamente entre os agentes.
Até 2005, o Acordo Multifibras (AMF) formalmente denominado de Acordo
Internacional sobre Comércio Têxtil - Arrangement Regarding Internacional Trade in
Textiles - vigorou no país o sistema de cotas de exportação. Assinado primeiramente em
1974 para o período de 10 anos e renovado posteriormente até 2005 - Acordo de Têxteis
e Vestuário (1995-2004) – o mesmo serviu como estrutura para outros acordos
internacionais bilaterais ou ações unilaterais entre os países membros. No entanto,
31
estabelecia também o limite de cotas para importações através de restrições quantitativas
(sobre os principais mercados consumidores sejam EUA e União Europeia) e a integração
do comércio de produtos têxteis e confeccionados às regras da Organização Mundial do
Comércio (OMC).
Com o fim do acordo, observou-se a redução das exportações dos países no eixo
EUA e União Europeia e o aumento das exportações de países geograficamente mais
distantes, em especial, para países menos desenvolvidos. Isso exigiu das indústrias
têxteis-vestuário investimentos para redesenho de seus produtos e estratégias comerciais.
Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2014, as exportações
de têxtil e confecção no mundo alcançou a cifra de US$ 797 bilhões. O gráfico 3.1
apresenta o total de exportações mundiais desse grupo de produtos entre os anos de 2000
a 2014.
Gráfico 3.1: Exportação mundial de têxteis e confeccionados 2004-2014 (US$ bilhões)
Fonte: Dados básicos: Organização Mundial do Comércio (OMC).
Elaboração própria.
Brasil apareceu em 38º lugar no comércio mundial apenas de produtos têxteis em
2014 representando 0,3% do total do mundo. China, Índia, Alemanha, Estados Unidos e
Itália apareceram nos cinco primeiros lugares sendo nessa ordem do maior para o menor.
A composição das exportações mundiais desses produtos está representada pelo gráfico
3.2 (a). No caso do vestuário, o Brasil ocupou a posição de número 79 com 0,03% do
455 482529
587 614
528
607
713 703764
797
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
US$ bilhões
32
total em 2014, sendo os primeiros lugares ocupados, em ordem decrescente, pela China,
Itália e Bangladesh (GRÁFICO 3.2 (b)).
Gráfico 3.2: Composição das exportações mundiais de têxteis e vestuário - 2014 – maiores países e
Brasil (%)
(a) Têxtil (b) Vestuário
Fonte: Dados básicos: Organização Mundial do Comércio (OMC).
Elaboração própria.
Considerando as exportações e importações brasileiras da cadeia têxtil-confecções
sob o conceito da moda núcleo3, a tabela 3.1 apresenta a pauta exportadora e importadora
por subsetores e também o resultado da balança comercial nesse nível. Em 2014, o Brasil
exportou US$ 2.118 milhões de produtos têxteis-confecções e importou US$ 6.267
milhões gerando um déficit de pouco mais de quatro bilhões de dólares.
As exportações brasileiras da cadeia têxtil-confecções destacaram-se em 2014
pelas exportações de “Preparação e fiação de fibras de algodão” com 64,4%, seguidos da
“Tecelagem de fios de algodão” (7,4%) e da “Confecção de peças de vestuário” (5,4%).
Por outro lado, um terço das importações de 2014 da cadeia referiu-se à “Confecção de
peças de vestuário”, seguidos de produtos relacionados a fibras artificiais e sintéticas
sendo a fiação (22,7%) e a tecelagem (16,3%).
3
A lista de produtos comercializados no exterior divulgada pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX)
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgada em códigos da
Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) foi compatibilizada com a Classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE) 2.0 e avaliada de acordo com o conceito moda núcleo estabelecido na
seção anterior.
China; 35,6
India; 5,8
Alemanha; 4,9Estados Unidos;
4,6Itália; 4,4
Brasil; 0,3
Outros; 44,4
China; 38,6
Itália; 5,1Bangladesh;
5,1
Brasil; 0,03
Outros; 51,1
33
Tabela 3.1: Exportações e importações da cadeia têxtil-confecções – Brasil – 2014 – US$ milhões
Atividades Exportações Importações Balança
comercial
Part.
Exportações
(%)
Part.
Importações
(%)
Têxteis e confecções 2.118 6.267 -4.149 100,0 100,0
Confecção de peças do
vestuário, exceto roupas
íntimas
115 2.084 -1.969 5,4 33,3
Confecção de roupas íntimas 22 151 -129 1,0 2,4
Fabricação de acessórios do
vestuário 49 157 -108 2,3 2,5
Fab. de artigos do vestuário
em malharias e tricotagens 3 158 -155 0,1 2,5
Fab. de calçados de materiais
não especif. anteriormente 4 1 3 0,2 0,0
Fabricação de fibras artificiais
e sintéticas 86 220 -134 4,1 3,5
Fabricação de linhas para
costurar e bordar 12 9 3 0,6 0,1
Fabricação de meias 6 37 -31 0,3 0,6
Fabricação de tecidos de
malha 57 554 -497 2,7 8,8
Fiação de fibras artificiais e
sintéticas 71 1.425 -1.354 3,4 22,7
Preparação e fiação de fibras
de algodão 1.365 141 1.224 64,4 2,2
Preparação e fiação de fibras
têxteis naturais 90 35 55 4,3 0,6
Tecelagem de fios de algodão 156 241 -85 7,4 3,8
Tecelagem de fios de fibras
artificiais e sintéticas 80 1.020 -940 3,8 16,3
Tecelagem de fios de fibras
têxteis naturais 3 31 -28 0,1 0,5
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
Em relação aos países de destino, referente às exportações e países de origens, em
referência às importações, a tabela 3.2 apresenta as participações dos maiores países da
pauta exportadora e importadora de têxteis-confecções conforme o conceito moda núcleo
no ano de 2014. China, Indonésia e Argentina são os principais países que o Brasil
exportou artigos têxteis e confeccionados. Por outro lado, a China é o principal país de
origem dessa classe de produtos representando 54% das importações de têxteis em 2014.
Índia e Indonésia apareceram em segundo e terceiro, respectivamente, no ranking das
importações de artigos têxteis, porém com uma larga diferença do primeiro colocado.
34
Tabela 3.2: Países de destino e origens de têxteis e confeccionados – Brasil – 2014 (%)
Países destino das
exportações % exportações
Países origem das
importações % importações
China 15,9 China 53,8
Indonésia 15,3 Índia 8,3
Argentina 9,0 Indonésia 5,6
Coreia do Sul 7,6 Bangladesh 3,2
Vietnã 6,9 Estados Unidos 3,0
Paraguai 4,3 Taiwan 2,9
Turquia 4,1 Vietnã 2,5
Estados Unidos 3,5 Peru 2,0
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
Em relação ao conjunto de produtos mais exportados pelo Brasil da cadeia
produtiva de têxteis-confecções, “Preparação e fiação de fibras de algodão” destinou-se
24,4% para a China, 23,8% para Indonésia, 11,7% para o Coreia do Sul e 10,4% para o
Vietnã conforme os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior.
A China também se destaca em termos das importações nos principais subsetores.
De acordo com os dados da Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, 59,1% da “Confecção de peças de vestuário” originou-se da China. Além disso,
da fiação de fibras artificiais e sintéticas importadas pelo Brasil em 2014, 20,6% teve a
China como país de origem e 20,3% a Indonésia. Já a importação de tecelagem de fibras
artificiais e sintéticas, 72,1% são chinesas.
Em relação aos estados brasileiros, Mato Grosso do Sul exportou 36,1% de
têxteis-confecções em 2014. O segundo lugar foi ocupado pelo Estado da Bahia com
20,7%, seguido de São Paulo com 14,7%. Rio Grande do Sul e Santa Catarina também se
destacaram com 6,0% e 4,0%, respectivamente. Minas Gerais apareceu nesse ranking em
sexto lugar com 3,2% das exportações.
A importação de têxteis-confecções aconteceu principalmente em Santa Catarina
e São Paulo, responsáveis por 34,1% e 28,8% do total de importados em 2014. Em
terceiro apareceu Espírito Santo com 9,3% e Minas Gerais apenas em sétimo com 2,6%
atrás de Mato Grosso do Sul, Ceará e Rio de Janeiro, de acordo com os dados do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
35
No ranking dos municípios que comercializam com o exterior artigos têxteis
(Classificação DataViva), a cidade mineira de Montes Claros se posicionou em 21º lugar
em relação aos demais municípios brasileiros (TABELA 3.3). Ressalta-se o destaque de
municípios dos Estados do Mato Grosso, Bahia, São Paulo e os estados da região Sul
(Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
Tabela 3.3: Ranking dos municípios brasileiros exportadoras de artigos têxteis segundo participação em
relação ao volume total do Brasil – 2014
Posição Município Estado % exportação
Brasil
Milhões
US$
1º Rondonópolis Mato Grosso 6,7 170,0
2º Barreiras Bahia 5,9 149,0
3º Luiz Eduardo
Magalhães Bahia 5,5 141,0
4º Cuiabá Mato Grosso 5,1 130,0
5º Sapezal Mato Grosso 4,8 121,0
6º São Paulo São Paulo 3,3 84,4
7º Santos São Paulo 3,1 77,9
8º Conceição do Coité Bahia 2,8 70,9
9º São José dos Pinhais Paraná 2,7 67,5
10º Diamantino Mato Grosso 2,5 63,1
11º Santo André São Paulo 2,4 59,9
12º São Desidário Bahia 2,1 53,6
13º Blumenau Santa Catarina 1,8 45,8
14º Gravataí Rio Grande do Sul 1,7 43,5
15º Campo Novo do
Parecis Mato Grosso 1,7 42,8
16º Nova Mutum Mato Grosso 1,6 41,6
17º Paulínia São Paulo 1,3 34,2
18º Londrina Paraná 1,3 33,7
19º Piçarras Santa Catarina 1,3 33,6
20º São Leopoldo Rio Grande do Sul 1,2 31,0
21º Montes Claros Minas Gerais 0,8 20,3
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). DataViva.
Elaboração própria.
Em relação às cidades brasileiras exportadoras de ‘outros produtos têxteis
confeccionados no Brasil’ (Classificação DataViva), o ranking apresenta Belo Horizonte
em 16º lugar dentre as demais do país em volume de exportação (TABELA 3.4).
36
Tabela 3.4: Ranking dos municípios brasileiros exportadoras de ‘outros produtos têxteis confeccionados’
segundo participação em relação ao volume total do Brasil – 2014
Posição Município Estado % exportação
Brasil
Milhões
US$
1º Valinhos São Paulo 14,0 1.110
2º Rio de Janeiro Rio de Janeiro 11,0 837
3º São José dos Campos São Paulo 10,0 795
4º Sumaré São Paulo 8,2 639
5º Jundiaí São Paulo 9,0 705
6º Mondaí Santa Catarina 6,0 468
7º Nova Odessa São Paulo 4,7 370
8º São Paulo São Paulo 4,5 351
9º Poá São Paulo 3,8 297
10º Itapetininga São Paulo 3,6 279
11º Santos São Paulo 2,2 169
12º Blumenau Santa Catarina 2,0 159
13º Foz do Iguaçu Paraná 1,8 139
14º Esteio Rio Grande do Sul 1,8 138
15º Belo Horizonte Minas Gerais 1,6 126
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). DataViva.
Elaboração própria.
3.3 Couros e calçados
Apesar da ampliação da produção de calçados no Brasil como produto voltado
para a exportação, desconsiderando as intermitências conjunturais mundiais e internas
que provocam oscilações, o Brasil, especificamente sobre calçados vem perdendo
participação no cenário internacional. Segundo os dados do International Trade Centre,
em sua plataforma Trade Map, o Brasil ocupou em 2014 a 18ª posição em exportações
de calçados com participação de 0,9% do total do mercado mundial, sendo que em 2011,
essa taxa era de 1,3%. Nesse mercado, a China exportou 39,9% do total, seguido do
Vietnã com 7,6%. Ressalta-se que esse último país tem crescido nesse segmento.
Em contrapartida, a respeito de couros e suas preparações, o Brasil é o terceiro
maior exportado do mundo com 8,1% do total das exportações de 2014 perdendo para a
Itália (15,3%) e Estados Unidos (10,5%). A participação do Brasil em 2010 era de 6,3&
em 2011, passou para 6,5% em 2012, seguido de 7% em 2013 até alcançar o referido
8,1% em 2014 segundo os dados da Internacional Trade Centre.
O comércio exterior do Brasil da cadeia couros-calçados sob o conceito da moda
núcleo é apresentado pela tabela 3.5 bem como o resultado da balança comercial até
37
mesmo em subsetores. Em 2014, o Brasil exportou US$ 4.189 milhões de couros e
calçados e importou US$ 1.227 milhões. Assim, o resultado apresentou-se superavitário
em quase três bilhões de dólares.
Mais especificamente sobre as exportações brasileiras de couros e calçados,
destacaram-se em 2014 as exportações de “Curtimento e outras preparações de couro”
com 70,2%, seguidos da “Fabricação de calçados de couro” e da “Fabricação de calçados
de material sintético”, ambos com 11,9% de representação. Do lado das importações, a
“Fabricação de artigos para viagem, bolsas e semelhantes de qualquer material”
representou 46,3% das importações de 2014 da cadeia, seguido de “Fabricação de tênis”
(29,1%).
Tabela 3.5: Exportações e importações da cadeia couro-calçados – Brasil – 2014 – US$ milhões
Atividades Exportações Importações Balança
comercial
Part.
Exportações
(%)
Part.
Importações
(%)
Couros-calçados 4.189 1.227 2.963 100,0 100,0
Curtimento e outras
preparações de couro 2.939 24 2.916 70,2 1,9
Fabricação de artigos para
viagem, bolsas e semelhantes
de qualquer material
16 568 -552 0,4 46,3
Fabricação de calçados de
couro 500 104 396 11,9 8,5
Fabricação de calçados de
material sintético 498 98 400 11,9 8,0
Fabricação de partes para
calçados, de qualquer
material
170 75 96 4,1 6,1
Fabricação de tênis de
qualquer material 65 357 -293 1,5 29,1
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
Em relação aos países de destino e origem de couros e calçados, a tabela 3.6
apresenta as participações dos maiores países conforme o conceito moda núcleo. Em
2014, China, Estados Unidos e Itália são os principais países que o Brasil exportou artigos
de couro e calçados. A China também aparece como o principal país de origem
representando 43,2% das importações de couros-calçados em 2014. Vietnã e Indonésia
são os outros países que o Brasil mais comprou produtos de couro e calçados.
38
Tabela 3.6: Países de destino e origens de couros e calçados – Brasil – 2014 (%)
Países destino das exportações % exportações Países origem das importações % importações
China 19,8 China 43,2
Estados Unidos 12,0 Vietnã 28,6
Itália 10,5 Indonésia 10,0
Hong Kong 6,0 Itália 4,3
Alemanha 5,0 Hong Kong 2,9
Vietnã 4,1 Paraguai 2,1
Argentina 3,2 Argentina 1,2
México 2,9 França 1,2
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
Conforme já mencionado, o “Curtimento e outras preparações de couro” é o
principal exportado pelo Brasil e possui como principais destinos China (28,1%), Itália
(14,4) e estados Unidos (10,3). Em relação a “Fabricação de calçados de couro”, os
Estados Unidos é o maior comprador com 32,1%, seguido da França com 9,4%. Já a
“Fabricação de calçados de material sintético” é exportado principalmente para a
Argentina com 12,0% e Angola com 9,8%. Pelo lado das importações, a “Fabricação de
artigos para viagem, bolsas e semelhantes de qualquer material” originou-se em 2014
predominantemente da China (78,5%) e a “Fabricação de tênis” do Vietnã (67%)
conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Em relação aos estados brasileiros, o Rio Grande do Sul é o maior exportador de
produtos de couros e calçados, representaram 26,7% das exportações do país nesse
segmento em 2014. São Paulo (16,7%), Ceará (12,8%) e Goiás (10,2%) também se
destacaram. Minas Gerais apareceu em 8º com 4,2%, atrás também de Paraná, Bahia e
Mato Grosso do Sul. São Paulo foi o responsável por importar 49,8% em 2014 da cadeia
couros-calçados, seguidos de Santa Catarina e Paraíba, ambos com 11,0%.
Em nível municipal, no segmento de produção de calçados de borracha dentro da
cadeia produtiva de couros e calçados, Sobral é o principal município exportador com
40% do total do país. Montes Claros posicionou em 8º lugar nesse ranking apresentado
pela tabela 3.7.
39
Tabela 3.7: Ranking dos municípios brasileiros exportadoras de ‘calçados de borracha’ segundo
participação em relação ao volume total do Brasil – 2014
Posição Município Estado % exportação
Brasil
Milhões
US$
1º Sobral Fortaleza 40,0 198,0
2º Campina Grande Paraíba 18,0 89,2
3º Igrejinha Rio Grande do Sul 5,3 26,3
4º Sapiranga Rio Grande do Sul 3,5 17,7
5º São Paulo São Paulo 3,7 18,3
6º Itapetinga Bahia 2,2 11,0
7º Birigui São Paulo 2,1 10,2
8º Montes Claros Minas Gerais 2,1 10,7
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). DataViva.
Elaboração própria.
Em relação aos calçados de couro, Franca em São Paulo é maior destaque do ano
de 2014 com 16%. Ressalta-se o grande número de municípios do Rio Grande do Sul.
São Sebastião do Paraíso e Dores de Campos são os municípios mineiros que
apresentaram nas primeiras colocações do Estado ocupando a 16ª e 18ª posição,
respectivamente (TABELA 3.8).
Tabela 3.8: Ranking dos municípios brasileiros exportadoras de ‘calçados de couro’ segundo participação
em relação ao volume total do Brasil – 2014
Posição Município Estado % exportação
Brasil
Milhões
US$
1º Franca São Paulo 16,0 80,4
2º Dois Irmãos Rio Grande do Sul 13,0 65,2
3º Uruburetama Ceará 12,0 57,1
4º Novo Hamburgo Rio Grande do Sul 7,2 35,6
5º Sapiranga Rio Grande do Sul 7,0 34,5
6º Porto Alegre Rio Grande do Sul 6,4 31,4
7º Igrejinha Rio Grande do Sul 5,6 27,6
8º Campo Bom Rio Grande do Sul 4,5 22,2
9º Parobé Rio Grande do Sul 3,2 15,9
10º Rolante Rio Grande do Sul 2,9 14,3
11º São Paulo São Paulo 1,5 7,4
12º Nova Hartz Rio Grande do Sul 1,3 6,5
13º Camocim Ceará 1,2 5,7
14º Amargosa Bahia 1,0 5,1
15º Ivoti Rio Grande do Sul 1,0 5,0
16º São Sebastião do Paraíso Minas Gerais 0,8 3,9
17º Cachoeiro de Itapemirim Espírito Santo 0,7 3,2
18º Dores de Campos Minas Gerais 0,4 1,8
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). DataViva.
Elaboração própria.
40
No Nordeste situaram os municípios com maior expressão na exportação de
caçados de materiais têxteis com destaque para Sapiranga em Fortaleza com 28% das
exportações desse segmento em 2014 conforme apresenta a tabela 3.9. O Rio Grande do
Sul também possui presença marcante na exportação de calçados de materiais têxteis. Já
Minas Gerais é representada pelo município de Nova Serrana (8º lugar) com participação
de 2,8% no total das exportações brasileiras de calçados de materiais têxteis.
Tabela 3.9: Ranking dos municípios brasileiros exportadoras de ‘calçados de materiais têxteis’ segundo
participação em relação ao volume total do Brasil – 2014
Posição Município Estado % exportação
Brasil
Milhões
US$
1º Sapiranga Fortaleza 28,0 17,9
2º Sobral Fortaleza 10,0 6,5
3º Santa Rita João Pessoa 6,5 4,2
4º Picada Café Rio Grande do Sul 4,4 2,9
5º Garibaldi Rio Grande do Sul 4,4 2,2
6º Uruburetama Ceará 3,2 2,1
7º Três Coroas Rio Grande do Sul 3,0 2,0
8º Nova Serrana Minas Gerais 2,8 1,8
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). DataViva.
Elaboração própria.
3.4 Joias e bijuterias
No mercado internacional, o Brasil ocupa a 27º em termos da exportação de
produtos do tipo joias e bijuterias. A participação relativa é baixa sendo 0,4% do mercado
mundial. Segundo os dados da International Trade Centre, Suíça e Hong Kong são os
players internacionais mais importantes no ramo, seguido dos Estados Unidos.
As exportações e importações brasileiras da cadeia de joias e bijuterias, sob o
conceito da moda núcleo, são apresentadas pela tabela 3.10, além do resultado da balança
comercial nos dois subsetores. Em 2014, o Brasil exportou US$ 314 milhões de joias e
bijuterias e importou US$ 130 milhões, resultado em um superávit de US$ 184 milhões.
41
Tabela 3.10: Exportações e importações da cadeia joias-bijuterias – Brasil – 2014 – US$ milhões
Atividades Exportações Importações Balança
comercial
Part.
Exportações
(%)
Part.
Importações
(%)
Joias e bijuterias 314 130 184 100,0 100,0
Fabricação de bijuterias e
artefatos semelhantes 14 46 -33 4,3 35,5
Lapidação de gemas e
fabricação de artefatos de
ourivesaria e joalheria
301 84 216 95,7 64,5
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
Ao analisar por subsetores, é possível observar que o superávit de 2014 deveu-se
a “Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria”, responsáveis
por 95,7% das exportações da cadeia. A “Fabricação de bijuterias e artefatos
semelhantes” apresentou-se deficitária em 33 milhões de dólares e representou 35,5% das
importações em 2014.
Em relação aos países de destino e origem de joias e bijuterias, a tabela 3.11
apresenta para o ano de 2014 as participações dos maiores países conforme o conceito
moda núcleo. Estados Unidos, Alemanha e Itália são os principais países que o Brasil
exportou os produtos incluídos na classificação “Joias e bijuterias”. A China posiciona-
se em quarto nas exportações e em primeiro nas importações. Tailândia e Estados Unidos
são os outros países que o Brasil mais importou nessa categoria.
Tabela 3.11: Países de destino e origens de joias e bijuterias – Brasil – 2014 (%)
Países destino das exportações % exportações Países origem das importações % importações
Estados Unidos 22,8 China 32,5
Alemanha 18,8 Tailândia 17,5
Hong Kong 13,8 Estados Unidos 10,6
China 10,7 Itália 9,0
Índia 3,4 Índia 8,3
Israel 2,6 Hong Kong 4,4
Emirados Árabes 2,5 Bélgica 3,3
Taiwan 2,5 Uruguai 2,7
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
42
Em relação aos estados brasileiros, conforme os dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Minas Gerais é o maior exportador de
produtos de joias e bijuterias, representaram 34,8% das exportações do país nesse
segmento em 2014. São Paulo (27,7%) e Rio Grande do Sul (26,8%) também se
destacaram. Acrescentando o Rio de Janeiro com 7,8%, os quatro estados citados
anteriormente foram responsáveis por 97,2% das exportações do país, demostrando certo
grau de concentração nesses locais. São Paulo foi o responsável por importar 47,3% em
2014 da cadeia de joias-bijuterias, seguido do Estado do Amazonas com 20,7%.
43
4. PRODUÇÃO NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS
O Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma, em valores monetários, de todos
os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região durante um período de
tempo. Em uma de suas óticas de cálculo, o produto representa a soma de todos os valores
acrescentados a cada etapa de produção, chamados de Valor Adicionado (VA). Assim,
nas análises por setores, calcula-se o Valor Adicionado das atividades que ao ser agregado
obtém-se o Valor Adicionado da economia que, por sua vez, com o acréscimo dos
impostos origina-se o PIB da economia. Este tópico abordará o Valor Adicionado da
Moda para descrever a produção na cadeia produtiva.
4.1 Valor Adicionado da Moda
O PIB estadual e municipal é divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e pela Fundação João Pinheiro (FJP) com dois anos de defasagem dado
a contabilização de bases de dados mais completas e abrangentes como as pesquisas
anuais realizadas pelo IBGE. Além disso, em recente revisão, o Sistema de Contas
Regionais do Brasil adotou o ano de 2010 como uma nova referência. Essa revisão
incorporou as recomendações mais atuais previstas no Manual de Contas Nacionais
organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), Fundo Monetário Internacional
(FMI), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Banco
Mundial. Além dessas atualizações metodológicas, a nova série apresenta uma
classificação integrada à CNAE 2.0 e incorpora, entre outros, dados do Censo
Agropecuário de 2006 e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008/2009.
A partir dessa última revisão, o detalhamento da conta de produção (Valor Bruto
da Produção, Consumo Intermediário e Valor Adicionado Bruto) é realizado em dezoito
setores de atividade: agricultura; pecuária; produção florestal; indústria extrativa;
indústria de transformação; eletricidade e gás, água, esgoto e saneamento; construção;
comércio (inclusive manutenção e reparação de veículos automotores); transporte,
armazenagem e correio; serviços de alojamento e alimentação; serviços de informação e
comunicação; atividades financeiras; atividades imobiliárias; atividades profissionais,
técnico-científicas e administrativas; administração pública, educação, saúde, pesquisa e
44
desenvolvimento pública, defesa e seguridade social; educação e saúde mercantis; artes,
cultura, esporte e recreação; e serviços domésticos.
Dessa forma, o setor de interesse desse grupo de atividades divulgado pelo IBGE
é a indústria da transformação que engloba uma gama de atividades como: a fabricação
de produtos alimentícios; bebidas; produtos do fumo; produtos têxteis; confecção de
artigos do vestuário e acessórios; fabricação de calçados e artefatos de couro; produtos de
madeira; de celulose, fabricação de papel e produtos de papel; impressão e reprodução de
gravações; refino de petróleo e coque; fabricação de álcool e outros biocombustíveis;
fabricação de produtos químicos; de resina, elastômero, fibras artificiais e sintéticas;
defensivos agrícolas e desinfetante; produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal;
fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e lacas; fabricação de produtos químicos diversos;
de produtos farmoquímicos e farmacêuticos; de produtos de borracha e de material
plástico; de produtos de minerais não metálicos; metalurgia; fabricação de produtos de
metal; de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos; de máquinas,
aparelhos e materiais elétricos; de máquinas e equipamentos; de automóveis, camionetas
e utilitários; de caminhões, ônibus, carrocerias e reboques; de peças e acessórios para
veículos automotores; de outros equipamentos de transporte; fabricação de móveis;
fabricação de produtos diversos; e manutenção, reparação e instalação de máquinas e
equipamentos.
Desse grupo diverso da indústria da transformação, conforme o conceito de cadeia
da moda núcleo definido, focou-se nas atividades de fabricação de produtos têxteis;
confecção de artigos do vestuário e acessórios; fabricação de calçados e artefatos de
couro; fabricação de fibras artificiais e sintéticas e fabricação de produtos diversos
(apenas a parte de lapidação de gemas, joias e bijuterias).
Conforme visualizado, o nível de desagregação necessário a esse estudo não é
divulgado pelos órgãos oficiais, o que gerou a criação de uma metodologia própria para
estimar esse nível de desagregação. Assim, os cálculos aqui apresentados representam
uma aproximação dos setores que compõem a atividade da moda no seu conceito núcleo.
No entanto, para a construção desses dados, utilizou-se dos mesmos procedimentos
utilizados para estimar o PIB de economia e seus setores. Isso garante um maior grau de
confiabilidade das informações, além de respeitar a compatibilização dos dados já
divulgados.
45
O Valor Adicionado (VA) a preços correntes da Moda de Minas Gerais registrou
R$ 3.361 milhões em 2013. Nos anos anteriores, o VA da Moda alcançou a cifra de R$
2.622 milhões de reais em 2010, manteve-se próximo no ano seguinte (R$ 2.862 milhões)
e em 2012 elevou-se para R$ 3.515 milhões. O gráfico 4.1 apresenta o VA da moda para
os anos de 2010 a 2013.
Gráfico 4.1: Valor adicionado da Moda de Minas Gerais – 2010-2013
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Em termos reais, o ano de 2013 apresentou crescimento de 3,6% comparado ao
ano anterior. Nos anos antecedentes, as taxas de crescimento da Moda em Minas Gerais
foram menores, 2,9% em 2012 e -6,8% em 2011. A evolução dos preços apresentou
trajetória oposta do volume sendo o deflator implícito da Moda, em 2011, 17,2% elevando
para 19,3% no ano seguinte e em 2013 registrou queda para -7,7%. O gráfico 4.2 retrata
a evolução do índice de volume e de preços nos anos de 2010 a 2013.
2.6222.862
3.5153.361
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
2010 2011 2012 2013
R$ milhões
46
Gráfico 4.2: Variação anual do índice de volume e do deflator implícito do Valor Adicionado da Moda
de Minas Gerais – 2011-2013
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Apesar do maior ritmo de crescimento do ano de 2013 comparado a 2012, a Moda
registrou a menor participação no VA total do Estado de Minas Gerais (0,79%) com uma
média de 0,84% nos anos de 2010 até 2013. Destaca-se o ano de 2012 que a participação
foi de 0,91%. O gráfico 4.3 apresenta esses resultados.
Gráfico 4.3: Participação da Moda no Valor Adicionado Bruto de Minas Gerais – 2011-2013
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Ressalta-se que a composição do VA de Minas Gerais em 2013 apresentou o setor
de Serviços com 63,69%, sendo que a Administração Pública representou 15,28%
seguido do Comércio com 12,33%. A participação da Indústria total foi de 30,68% do
-6,8
2,9
3,617,2
19,3
-7,7
-10,0
-5,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
-8,0
-6,0
-4,0
-2,0
0,0
2,0
4,0
6,0
2011 2012 2013
% ao ano% ao ano
Índice de volume Deflator implícito
0,86
0,82
0,91
0,79
0,72
0,74
0,76
0,78
0,80
0,82
0,84
0,86
0,88
0,90
0,92
2010 2011 2012 2013
%
47
VA de Minas em 2013 com o maior peso da indústria da transformação (13,50% - sendo
0,79% da moda).
A representatividade da Moda em relação à indústria da transformação e da
indústria total é apresentada pelo gráfico 4.4. Em média, a Moda de Minas Gerais
representa 5,74% da indústria de transformação de Minas Gerais. Em relação à indústria
total esse percentual médio foi de 2,64%. No ano de 2013, a moda representou 5,82% da
indústria de transformação e 2,56% da indústria total do Estado.
Gráfico 4.4: Participação da Moda no Valor Adicionado Bruto da Indústria da Transformação e na
Indústria de Minas Gerais – 2011-2013
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
O baixo peso da Moda na indústria de transformação se deve à presença de outras
grandes indústrias no Estado como a metalurgia, produção de alimentos, produtos de
metal, produtos minerais não metálicos, fabricação de automotores, peças e acessórios
que representam em torno de 65% da indústria da transformação.
A atividade Moda pode ser desagregada em 3 setores: “Têxtil-vestuário”, “Couros
e calçados” e “Joias e bijuterias”. A tabela 6 apresenta os valores correntes desses setores
e as participações em relação ao VA da Moda de Minas Gerais. Destaca-se que o setor
“Têxtil-confecções” representou 73% do VA da Moda em 2010 e essa participação
apresentou trajetória descendente alcançando 64,3% em 2013. Em contrapartida, os
calçados ocuparam o espaço em aberto com acréscimo de 7,7 pontos percentuais de 2010
até 2013, fechando esse último ano com 32,4% conforme tabela 4.1.
5,025,44
6,67
5,82
2,59 2,472,93
2,56
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
2010 2011 2012 2013
% Moda na Indústria da transformação Moda na Indústria (total)
48
Tabela 4.1: Valores correntes e participação dos setores no valor adicionado da Moda de Minas Gerais –
2010-2013
Valores Correntes (R$ 1.000.000)
Especificação / Ano 2010 2011 2012 2013
Moda 2.622 2.862 3.515 3.361
Têxtil-vestuários 1.915 2.033 2.339 2.159
Couros e calçados 648 741 1.105 1.089
Joias e bijuterias 59 89 71 112
Participações (%)
Especificação / Ano 2010 2011 2012 2013
Moda 100,0 100,0 100,0 100,0
Têxtil-vestuários 73,0 71,0 66,5 64,3
Couros e calçados 24,7 25,9 31,4 32,4
Joias e bijuterias 2,3 3,1 2,0 3,3
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Dessa forma, em média, a composição do valor adicionado da Moda de Minas
Gerais possui Têxtil-vestuário com 68,7%, Couros e calçados com 28,6% e Joias e
bijuterias com 2,7%. O gráfico 4.5 apresenta esse resultado.
Gráfico 4.5: Composição média do Valor Adicionado da Moda – 2010-2013 (%)
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Em termos dos crescimentos reais dessas atividades, todos os setores da Moda
apresentaram resultados negativos no ano de 2011, um ano que Moda exibiu resultado
negativo de -6,8% e a indústria de Minas Gerais cresceu 2,6%. No entanto, o quadro
inverteu-se nos anos seguintes, o setor de têxtil e vestuário recuperou-se em 2012
Têxtil-Vestuários;
68,7
Couros e calçados; 28,6
Joias e bijuterias; 2,7
49
(crescimento de 4,4%) e calçados em 2013 (crescimento de 5%) enquanto a indústria
como um todo retraiu -1,5% em 2013. Esses resultados podem ser visualizados na tabela
4.2 que também apresenta o comportamento dos preços desses setores pelo qual se
destaca a irregularidade.
Tabela 4.2: Variação anual do índice de volume do Valor Adicionado das atividades da Moda e Indústria
– 2011-2013
Especificação /
Ano
Índice de Volume Deflator Implícito
2011 2012 2013 2011 2012 2013
Indústria 2,6 -0,04 -1,5 11,6 3,5 11
Moda -6,8 2,9 3,6 17,2 19,3 -7,7
Têxtil-vestuários -7,8 4,4 2,8 15,1 10,3 -10,2
Couros e calçados -2,8 -0,7 5 17,7 50,2 -6,1
Joias e bijuterias ... ... ... ... ... ...
Nota: ... Dado numérico não disponível.
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Para comparação da Moda em termos do que é produzido por suas atividades no
Brasil, estimou-se o Valor Adicionado da Moda no país. Os valores correntes, a
composição da Moda no país e o Peso da Moda de Minas Gerais no Brasil foram
apresentados pela tabela 4.3.
Tabela 4.3: Valores correntes e participação dos setores no Valor Adicionado da Moda do Brasil e o peso
de Minas Gerais – 2010-2013
Valores Correntes (R$ 1.000.000)
Especificação / Ano 2010 2011 2012 2013
Moda 35.900 38.027 41.402 43.447
Têxtil-vestuários 24.829 26.388 27.788 29.171
Couros e calçados 10295 10694 12.342 12.980
Joias e bijuterias 776 946 1272 1295
Participações (%)
Especificação / Ano 2010 2011 2012 2013
Moda 100,0 100,0 100,0 100,0
Têxtil-vestuários 69,2 69,4 67,1 67,1
Couros e calçados 28,7 28,1 29,8 29,9
Joias e bijuterias 2,2 2,5 3,1 3,0
Peso de Minas Gerais no Brasil (%)
Especificação / Ano 2010 2011 2012 2013
Moda 7,3 7,5 8,5 7,7
Têxtil-vestuários 7,7 7,7 8,4 7,4
Couros e calçados 6,3 6,9 9,0 8,4
Joias e bijuterias 7,7 9,4 5,6 8,6
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
50
O Valor Adicionado (VA) a preços correntes da Moda no Brasil registrou R$
43.447 milhões em 2013. O VA da Moda alcançou a cifra de R$ 35.900 milhões de reais
em 2010, elevou-se nos anos seguintes para R$ 38.027 milhões em 2011 e R$ 41.402
milhões em 2012.
A composição do VA da Moda em seus três segmentos é semelhante aos pesos
médios do VA da Moda em Minas Gerais no período de 2010 a 2013. Porém, não foi
visualizada a tendência de queda de participação do setor Têxtil-vestuário em detrimento
da elevação da participação do Couros-calçados.
Por fim, a tabela 3 apresentou o peso da Moda mineira na Moda brasileira. A
Moda em Minas Gerais representou, em 2013, 7,7% da moda no Brasil, sendo que nesse
ano Joias e bijuterias representaram 8,6% desse segmento do Brasil, os calçados
representaram 8,4% e têxtil e vestuário 7,4%.
4.2 Moda nos municípios de Minas Gerais
Para compreender a disposição da Moda dentro de Minas Gerais, foi identificado
a participação da moda dentro do Valor Adicionado da Indústria de cada município
através da metodologia adotada pelo Centro de Estatísticas e Informações da Fundação
João Pinheiro (FJP) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com a
criação de uma estrutura de rateio para distribuição do Valor Adicionado da Moda de
Minas Gerais. Esse procedimento foi realizado para o ano de 2013 – último ano disponível
para os dados do PIB dos municípios –, originando, além da abertura divulgada pelos
órgãos oficiais: Agropecuária, Indústria, Serviços e Administração Pública, um novo
agregado denominado Moda. Assim o Valor Adicionado dos 853 municípios para o ano
de 2013 são apresentados em 5 atividades: Agropecuária, Indústria (sem Moda), Moda
(núcleo), Serviços e Administração Pública.
A figura 4.1 apresenta o mapa do Valor Adicionado da Moda em Minas Gerais
com a graduação mais forte representando os maiores valores classificado através do
desvio padrão.
51
Figura 4.1: Mapa do Valor Adicionado da Moda nos municípios de Minas Gerais – 2013
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Apesar da Moda não representar a principal atividade industrial de Minas Gerais,
a análise por municípios identificou que ela possui um peso considerável em
determinados municípios. A tabela 4.4 apresenta o ranking dos 20 maiores municípios de
acordo com o Valor Adicionado da Moda.
Nova Serrana destacou-se com o maior Valor Adicionado da Moda do Estado em
2013 (R$ 406.141 mil). A Moda no município representou 12,09% da Moda de Minas
Gerais, quase o dobro do segundo maior VA da Moda, Itaúna (R$ 209.429 mil) com
6,23%, seguido de Montes Claros com 6,13% e Belo Horizonte com 6,08%. Os 20
maiores apresentados pela tabela 4.4 representaram 69,69% do VA da Moda de Minas
Gerais.
52
Tabela 4.4: 20 maiores Valor Adicionado da Moda por municípios de Minas Gerais – 2013 – (R$ 1.000)
Ranking Município Moda (núcleo)
1º Nova Serrana 406.141
2º Itaúna 209.429
3º Montes Claros 206.008
4º Belo Horizonte 204.466
5º Pirapora 166.863
6º Uberlândia 139.533
7º Sete Lagoas 112.898
8º Uberaba 107.078
9º Cataguases 106.595
10º Pouso Alegre 99.944
11º Juiz de Fora 84.061
12º Contagem 76.214
13º João Pinheiro 71.617
14º Divinópolis 65.648
15º Alfenas 63.416
16º Santa Juliana 57.904
17º Pará de Minas 47.556
18º Caetanópolis 40.809
19º Paraopeba 39.819
20º São João Nepomuceno 35.839
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
A posição de Nova Serrana deve-se a atividade calçadista no município. Itaúna e
Montes Claros destacam-se pela produção têxtil-vestuário. Belo Horizonte apresenta
destaque em todas as atividades: calçadista (54,81%), têxtil-vestuários (31,83%) e joias e
bijuterias (13,36%). O quadro 4.1 apresenta o ranking dos 10 maiores Valores
Adicionados nos três setores: Têxtil-vestuário, Couros-alçados e Joias e Bijuterias.
Quadro 4.1: 10 maiores Valor Adicionado da Moda por municípios de Minas Gerais por setores – 2013
Ranking Têxtil-vestuário Couros-calçados Joias e bijuterias
1º Montes Claros Nova Serrana Belo Horizonte
2º Pirapora Uberlândia Governador Valadares
3º Itaúna Belo Horizonte Teófilo Otoni
4º Sete Lagoas Pouso Alegre Juiz de Fora
5º Cataguases Juiz de Fora Diamantina
6º Uberaba Divinópolis Uberaba
7º João Pinheiro Itaúna Itajubá
8º Belo Horizonte Astolfo Dutra Lagoa da Prata
9º Alfenas São João Nepomuceno Uberlândia
10º Contagem São Sebastião do Paraíso Bom Despacho
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
53
Para ilustrar a importância da Moda dentro de determinado município, a tabela 19
apresenta o ranking das maiores participações no total da indústria do município. Dores
de Campos, que se destaca pelo segmento calçadista, apresentou 63,8% de sua indústria
atrelada a Moda; Nova Serrana, 60,3%. Outros oitos municípios apresentaram mais de
50% do VA da indústria com Moda.
O peso da Moda de Minas Gerais na indústria total foi de 2,56% em 2013. A
análise municipal identificou que 135 municípios apresentaram participação da Moda na
Indústria superior a 2,56%.
Tabela 4.5: 20 maiores participações da Moda na Indústria total por municípios de Minas Gerais – 2013
Ranking Município/UF
Moda
(núcleo)
(R$ 1.000)
Indústria
total
(R$ 1.000)
Moda na
indústria (%)
1º Dores de Campos 35.833 56.206 63,8
2º Nova Serrana 406.141 673.090 60,3
3º Serra dos Aimorés 14.427 24.215 59,6
4º Claraval 9.499 16.565 57,3
5º Perdigão 18.530 33.251 55,7
6º Caetanópolis 40.809 73.528 55,5
7º Maripá de Minas 5.044 9.156 55,1
8º Araçaí 4.233 7.772 54,5
9º Santa Juliana 57.904 113.098 51,2
10º Borda da Mata 23.750 46.469 51,1
11º São João do Manteninha 3.201 6.409 49,9
12º Inimutaba 6.062 12.146 49,9
13º Mar de Espanha 13.806 27.872 49,5
14º São João Nepomuceno 35.839 72.390 49,5
15º Cachoeira da Prata 3.300 7.169 46,0
16º São Gonçalo do Pará 23.731 51.743 45,9
17º Araújos 15.389 34.139 45,1
18º Inconfidentes 4.680 10.435 44,8
19º Paraguaçu 30.563 68.947 44,3
20º João Pinheiro 71.617 166.696 43,0
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
A mesma análise pode ser feita para verificar o peso da Moda no VA do município
conforme apresentado pela tabela 4.6. No caso de Minas Gerais, esse valor foi de 0,79%
em 2013. 97 municípios apresentaram peso na Moda em seu resultado final de Valor
Adicionado superior a 0,79%. Nova Serrana liderou o ranking com 27,62%, seguido de
Dores de Campos com 24,11% e Caetanópolis, que se destaca pelo segmento têxtil-
vestuário, com 20,11%.
54
Tabela 4.6: 20 maiores participações da Moda no Valor Adicionado total por municípios de Minas Gerais
– 2013
Ranking Município/UF Moda (núcleo)
(R$ 1.000)
VA
(R$ 1.000) Moda no VA
1º Nova Serrana 406.141 1.470.235 27,6
2º Dores de Campos 35.833 148.649 24,1
3º Caetanópolis 40.809 202.917 20,1
4º Astolfo Dutra 35.530 201.381 17,6
5º São Gonçalo do Pará 23.731 139.542 17,0
6º Serra dos Aimorés 14.427 85.458 16,9
7º Perdigão 18.530 111.778 16,6
8º Claraval 9.499 61.943 15,3
9º Pirapora 166.863 1.148.877 14,5
10º Santa Juliana 57.904 405.644 14,3
11º Araçaí 4.233 31.747 13,3
12º São João Nepomuceno 35.839 282.605 12,7
13º Maripá de Minas 5.044 39.881 12,6
14º Mar de Espanha 13.806 116.596 11,8
15º Borda da Mata 23.750 207.423 11,5
16º Paraopeba 39.819 375.909 10,6
17º Itaúna 209.429 2.084.426 10,0
18º Inimutaba 6.062 60.782 10,0
19º Cataguases 106.595 1.101.633 9,7
20º Paraguaçu 30.563 316.615 9,7
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
55
4.3 Moda nos territórios de desenvolvimento
A tabela 4.7 apresenta o VA da Moda segundo os territórios de desenvolvimento
no Estado de Minas Gerais pelo qual se destacam os territórios Oeste, Metropolitano,
Norte, Mata e Sul. Esses cinco territórios representam 75,37% do VA da Moda no Estado.
Tabela 4.7: Valor Adicionado da Moda por territórios de desenvolvimento de Minas Gerais – 2013 – (R$
1.000)
Território de
desenvolvimento/UF
Moda
(núcleo)
(R$ 1.000)
Indústria
(total)
(R$ 1.000)
Valor
Adicionado
(R$ 1.000)
Part.
Moda/Ind.
Part.
Moda/VA
Minas Gerais 3.360.592 131.233.993 427.816.674 2,6 0,8
Oeste 853.502 7.217.551 23.686.870 11,8 3,6
Metropolitano 547.151 66.105.201 179.475.990 0,8 0,3
Norte 406.429 3.119.285 17.210.432 13,0 2,4
Mata 366.811 6.355.655 25.801.126 5,8 1,4
Sul 358.865 9.642.908 40.027.003 3,7 0,9
Triângulo Sul 241.024 7.807.022 22.509.205 3,1 1,1
Triângulo Norte 193.254 9.699.870 34.933.753 2,0 0,6
Sudoeste 105.746 2.136.744 9.875.359 5,0 1,1
Noroeste 100.550 2.801.960 13.552.497 3,6 0,7
Vertentes 61.324 5.533.915 14.446.919 1,1 0,4
Central 34.695 933.791 4.031.486 3,7 0,9
Caparaó 21.106 1.120.986 7.881.737 1,9 0,3
Mucuri 19.423 534.212 4.257.698 3,6 0,5
Vale do Rio Doce 19.204 1.014.094 8.422.757 1,9 0,2
Vale do Aço 18.161 6.581.841 15.780.296 0,3 0,1
Alto Jequitinhonha ... ... ... ... ...
Médio e Baixo Jequitinhonha ... ... ... ... ...
Nota: ... Dado numérico não disponível.
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Nos territórios do Norte e Oeste, são onde as participações relativas da Moda na
Indústria são mais elevadas sendo 13,03% e 11,83%, respectivamente. A figura 4.2
apresenta o mapa do território Oeste onde é possível visualizar a importância de Nova
Serrana, principalmente pela indústria de couros e calçados. Em outros municípios como
Divinópolis, São Gonçalo do Pará, Perdigão, Araújos e Bom Despacho também
prevalecem a produção calçadista. Por outro lado, tem-se Itaúna, Pará de Minas e Bambuí
com a produção de têxtil-vestuário.
56
Figura 4.2: Mapa do VA da moda no território Oeste de Minas Gerais – 2013
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
No território Metropolitano, destacou-se a capital Belo Horizonte em todos os
ramos da Moda, principalmente calçados, joias e bijuterias, sendo o principal município
produtor nesse último setor da Moda. Em segundo lugar, apareceu o município de Sete
Lagoas que se destacou, no território, na produção de têxtil-vestuário. Nesse mesmo setor
da Moda, destacaram-se Contagem, Caetanópolis, Paraopeba e Betim. Tanto esse último
quanto Contagem e Ibirité destacaram-se no setor de couros e calçados.
Figura 4.3: Mapa do VA da moda no território Metropolitano de Minas Gerais – 2013
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
57
No território de desenvolvimento Norte, Montes Claros é o município com o
maior VA da Moda, além de ser o maior na produção têxtil-vestuário. No território, o
município também se destacou na produção de couros e calçados. Pirapora e Jaíba
apresentaram altos índices de VA da Moda no território com destaque para o ramo têxtil-
vestuário. Espinosa e Capitão Enéas se destacaram no ramo de calçados.
Figura 4.4: Mapa do VA da moda no território Norte de Minas Gerais – 2013
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
O território de Mata possui uma produção voltada para o setor de calçados, com
algumas exceções como Cataguases (maior VA da Moda no território e intensivo no ramo
têxtil-vestuário). Juiz de Fora, São João Nepomuceno, Astolfo Dutra, Muriaé, Leopoldina
e Mar de Espanha se destacaram pela produção da indústria coureira-calçadista.
58
Figura 4.5: Mapa do VA da moda no território Mata de Minas Gerais – 2013
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
No caso do território de desenvolvimento Sul, Pouso Alegre (4º na produção
calçadista no Estado em 2013 e 10º no VA da Moda) apresentou o maior VA da Moda no
território. Não há uma predominância nesse território sendo que os mais importantes
como Alfenas, Paraguaçu, Borda da Mata e Cambuí se destacaram pela indústria têxtil-
vestuário, seguidos de Jacutinga, São Gonçalo do Sapucaí, Monte Sião, Itanhandu e Três
Pontas na indústria coureira-calçadista.
59
Figura 4.6: Mapa do VA da moda no território Sul de Minas Gerais – 2013
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
60
5. MERCADO DE TRABALHO NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS
As informações disponíveis sobre o mercado de trabalho presente na Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Previdência Social
(MTE) abordam o emprego formal. São elas de interesse deste trabalho: número de
vínculos ativos, número de estabelecimentos, tamanho dos estabelecimentos,
remuneração média dos trabalhadores, massa salarial, tempo médio de emprego e nível
de escolaridade dos empregados.
5.1 Postos de trabalho e estabelecimentos
A cadeia produtiva da moda em Minas Gerais empregou 127.530 pessoas em
2014, frente a um contingente de 133.163 em 2010, o que representa uma queda de -
4,23% - conforme Tabela 5.1. Pode-se observar que 69,90% da mão de obra da Moda
estão empregadas no setor de Têxteis e Confecções, na sequência encontra-se o setor de
Calçados com (28,77%) e Joias com (1,33%) de participação em Minas Gerais no ano de
2014. Para o Brasil números semelhantes são observados nesse mesmo período, 70,36%
das pessoas empregadas no setor de Têxteis e Confecções, 28,03% em Calçados e 1,62%
em Joias.
Apesar do setor Têxtil-confecções apresentar o maior número de vínculos formais
em Minas Gerais, houve queda na participação relativa desse setor na Moda em
detrimento do setor de Calçados. Em 2010, o Têxtil representou 71,83% dos empregos
dos setores da Moda e os Calçados 26,56%. Essa tendência não é observada de forma
nítida nos dados do Brasil, o que demostra ser uma característica da moda no Estado de
Minas Gerais.
Em relação aos subsetores, prevalece em Minas Gerais a “Confecção de peças do
vestuário” com 44,54% em 2014 e outros com participações em torno do 7,5%
(“Confecção de roupas íntimas”, “Fabricação de calçados não especificados
anteriormente” e “Fabricação de calçados de couro”). O ganho de participação relativa
dos Calçados citado anteriormente deveu-se principalmente as atividades de “Curtimento
e outras preparações de couro”, “Fabricação de tênis de qualquer material” e “Fabricação
de calçados de material sintético”.
61
Tabela 5.1: Quantidade de empregados de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2010-2014
ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014
TOTAL DA ECONOMIA 4.646.891 4.850.976 4.928.225 5.057.080 5.071.906
INDÚSTRIA TOTAL 1.206.738 1.252.990 1.293.190 1.300.043 1.276.213
INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 808.188 831.949 841.694 851.867 838.813
MODA 133.163 129.957 128.798 128.868 127.530
TÊXTEIS – CONFECÇÕES 95.652 93.878 91.457 89.479 89.148
Preparação e fiação de fibras de algodão 3.001 2.723 2.482 2.422 2.499
Preparação e fiação de fibras têxteis naturais,
exceto algodão 348 387 373 346 302
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 353 152 176 152 127
Fabricação de linhas para costurar e bordar 254 217 246 234 230
Tecelagem de fios de algodão 7.434 7.188 7.095 7.151 7.285
Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais,
exceto algodão 139 116 90 48 49
Tecelagem de fios de fibras artificiais e
sintéticas 323 230 195 204 207
Fabricação de tecidos de malha 1.490 1.546 1.177 823 732
Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 3.730 3.889 4.137 4.003 4.025
Confecção de roupas íntimas 10.382 10.513 10.660 10.603 10.075
Confecção de peças do vestuário, exceto roupas
íntimas 60.533 59.766 57.627 57.053 56.796
Fab. de acessórios do vestuário, exceto para seg.
e proteção 1.465 1.432 1.724 1.572 1.476
Fabricação de meias 938 936 820 773 780
Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 4.638 4.563 4.446 3.839 4.300
Fabricação de fibras artificiais e sintéticas 624 220 209 256 265
CALÇADOS 35.373 33.993 35.268 37.510 36.685
Curtimento e outras preparações de couro 2.648 2.646 2.839 2.921 2.606
Fab. de artigos para viagem, bolsas e
semelhantes 1.765 1.405 1.548 1.385 1.450
Fabricação de calçados de couro 10.242 9.969 9.926 9.677 9.448
Fabricação de tênis de qualquer material 5.049 5.701 5.865 6.652 6.273
Fabricação de calçados de material sintético 2.354 2.939 3.606 3.933 4.282
Fab. de calçados de materiais não especificados
ant. 10.413 9.214 8.787 10.378 9.815
Fabricação de partes para calçados, de qualquer
material 2.902 2.119 2.697 2.564 2.811
JOIAS 2.138 2.086 2.073 1.879 1.697
Lapidação de gemas e fab. de artefatos de
ourivesaria e joalheria 1.318 1.327 1.195 1.087 989
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 820 759 878 792 708
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
Em relação a participação na Moda nos agregados Indústria da transformação,
Indústria total e do total de empregos da economia de Minas Gerais, o gráfico 5.1
apresenta os resultados dos anos de 2010 a 2014 que mostram queda de participação com
ligeira recuperação no caso comparado a Indústria da transformação e Indústria total. Em
62
2014, os empregos da cadeia produtiva da Moda corresponderam a 15,20% da Indústria
da transformação, 9,99% em relação ao total da Indústria e 2,51% do total da economia.
Gráfico 5.1: Participação da Moda no total de empregados da Indústria da Transformação, na Indústria e
no total de Minas Gerais – 2010-2014 (%)
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
Os empregos formais da atividade Moda em Minas Gerais representou 10,45%
em relação a Moda no Brasil em 2014, conforme os dados do Ministério do Trabalho e
Previdência Social (2016). Em 2010, essa mesma taxa foi de 10,24%, sendo que a média
entre os anos de 2010 a 2014 apresentou-se em 10,26%.
A Moda como um todo apresentou crescimento de 10,36% em 2010 no número
de empregados, porém decresceu -2,41% no ano seguinte e iniciou uma recuperação,
porém ainda com uma queda de -0,89 seguido de uma taxa positiva em 2013 de apenas
0,05%. Esse comportamento originou-se da recuperação do setor de Calçados que
alcançou um crescimento de 6,36% em 2013. Contudo, em 2014, os postos de trabalho
da Moda em Minas Gerais voltaram a cair e registraram queda de -1,04% (TABELA 5.2).
No Brasil, essa queda alcançou o patamar de -3,14%.
Poucos foram os subsetores da cadeia produtiva da Moda que obtiveram taxas de
crescimento positivas em 2014 em relação ao ano anterior no estado. Dentre eles, podem-
se destacar as atividades expressas no Código Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE): “Fabricação de artigos do vestuário, produzidos em malharias e tricotagens,
16,4815,62 15,30 15,13 15,20
11,0310,37 9,96 9,91 9,99
2,87 2,68 2,61 2,55 2,51
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
2010 2011 2012 2013 2014
% Moda na Indústria da transformação Moda na Indústria (total) Moda no Total MG
63
exceto meias”, crescimento de 12,01%, “Fabricação de partes para calçados, de qualquer
material” 9,63% e “Fabricação de calçados de material sintético” 8,87% (TABELA 5.2).
Tabela 5.2: Taxa de crescimento do número de empregados em atividades selecionadas – Minas Gerais –
2010-2014
ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014
TOTAL DA ECONOMIA 6,80 4,39 1,59 2,61 0,29
INDÚSTRIA TOTAL 8,77 3,83 3,21 0,53 -1,83
INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 7,72 2,94 1,17 1,21 -1,53
MODA 10,36 -2,41 -0,89 0,05 -1,04
TÊXTEIS – CONFECÇÕES 8,20 -1,85 -2,58 -2,16 -0,37
Preparação e fiação de fibras de algodão -11,47 -9,26 -8,85 -2,42 3,18
Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto algodão 0,29 11,21 -3,62 -7,24 -12,72
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 18,46 -56,94 15,79 -13,64 -16,45
Fabricação de linhas para costurar e bordar 0,00 -14,57 13,36 -4,88 -1,71
Tecelagem de fios de algodão 2,06 -3,31 -1,29 0,79 1,87
Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão -9,74 -16,55 -22,41 -46,67 2,08
Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 16,19 -28,79 -15,22 4,62 1,47
Fabricação de tecidos de malha -4,18 3,76 -23,87 -30,08 -11,06
Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 2,14 4,26 6,38 -3,24 0,55
Confecção de roupas íntimas 6,58 1,26 1,40 -0,53 -4,98
Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 10,68 -1,27 -3,58 -1,00 -0,45
Fab. de acessórios do vestuário, exceto para seg. e proteção 4,05 -2,25 20,39 -8,82 -6,11
Fabricação de meias 16,81 -0,21 -12,39 -5,73 0,91
Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 18,02 -1,62 -2,56 -13,65 12,01
Fabricação de fibras artificiais e sintéticas 1,79 -64,74 -5,00 22,49 3,52
CALÇADOS 16,46 -3,90 3,75 6,36 -2,20
Curtimento e outras preparações de couro 20,91 -0,08 7,29 2,89 -10,78
Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 6,01 -20,40 10,18 -10,53 4,69
Fabricação de calçados de couro 11,17 -2,67 -0,43 -2,51 -2,37
Fabricação de tênis de qualquer material 46,39 12,91 2,88 13,42 -5,70
Fabricação de calçados de material sintético 32,99 24,85 22,69 9,07 8,87
Fab. de calçados de materiais não especificados ant. 3,04 -11,51 -4,63 18,11 -5,42
Fabricação de partes para calçados, de qualquer material 46,57 -26,98 27,28 -4,93 9,63
JOIAS 13,42 -2,43 -0,62 -9,36 -9,69
Lapidação de gemas e fab. de artefatos de ourivesaria e joalheria 3,29 0,68 -9,95 -9,04 -9,02
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 34,65 -7,44 15,68 -9,79 -10,61
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
A tabela 5.3 apresenta para o período de 2010 a 2014, o número de
estabelecimentos de atividades selecionadas em Minas Gerais. Em 2014, a cadeia da
Moda era composta por 10.094 estabelecimentos no Estado e no Brasil tem-se 75.070
estabelecimentos, portanto, Minas Gerais possui 13,45% dos estabelecimentos do país. A
64
maior parte dos estabelecimentos do Estado (77,12%) estão no setor de Têxteis e
Confecções, principalmente em função do subsetor de “Confecção de peças do vestuário,
exceto roupas íntimas”. Além disso, análise comparativa do número de estabelecimentos
na cadeia produtiva da Moda pode ser feita com o Total da Economia de Minas Gerais
(2,51%), com a Indústria Total (9,99%) e com a Indústria de Transformação (15,20%).
Tabela 5.3: Quantidade de estabelecimentos de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2010-2014
ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014
TOTAL DA ECONOMIA 454.061 476.365 485.490 501.780 514.085
INDÚSTRIA TOTAL 71.385 75.798 77.666 80.393 82.651
INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 41.565 43.672 44.953 46.360 47.391
MODA 9.913 10.254 10.325 10.199 10.094
TÊXTEIS - CONFECÇÕES 7.651 7.917 8.015 7.899 7.784
Preparação e fiação de fibras de algodão 49 50 47 51 48
Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto
algodão 9 8 10 10 8
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 11 12 15 13 11
Fabricação de linhas para costurar e bordar 5 6 10 8 7
Tecelagem de fios de algodão 82 77 79 73 79
Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto
algodão 11 14 15 11 15
Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 14 15 16 14 17
Fabricação de tecidos de malha 91 93 76 66 58
Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 275 300 313 348 352
Confecção de roupas íntimas 1.022 1.037 1.025 1.021 1.013
Confecção de peças do vestuário, exceto roupas
íntimas 4.927 5.086 5.156 5.097 5.058
Fab. de acessórios do vestuário, exceto para seg. e
proteção 150 154 155 136 125
Fabricação de meias 69 75 71 66 73
Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 932 987 1.024 983 918
Fabricação de fibras artificiais e sintéticas 4 3 3 2 2
CALÇADOS 2.002 2.051 2.014 1.984 2.001
Curtimento e outras preparações de couro 76 73 71 66 64
Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 169 167 148 140 133
Fabricação de calçados de couro 582 607 581 568 554
Fabricação de tênis de qualquer material 212 206 197 191 176
Fabricação de calçados de material sintético 143 168 181 192 204
Fab. de calçados de materiais não especificados ant. 637 609 584 556 549
Fabricação de partes para calçados, de qualquer
material 183 221 252 271 321
JOIAS 260 286 296 316 309
Lapidação de gemas e fab. de artefatos de ourivesaria
e joalheria 184 188 182 183 178
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 76 98 114 133 131
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
65
Conforme se observa na Tabela 5.4, a Moda reduziu o número de
estabelecimentos em 2013 e 2014 principalmente devido aos fechamentos no setor Têxtil-
confecções. O subsetor que mais se destaca positivamente na cadeia produtiva da Moda
em Minas Gerais no ano de 2014 é “Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto
algodão” e negativamente, a própria etapa anterior da cadeia “Preparação e fiação de
fibras têxteis naturais, exceto algodão”.
Tabela 5.4: Taxa de crescimento do número de estabelecimentos em atividades selecionadas – Minas
Gerais – 2010-2014
ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014
TOTAL DA ECONOMIA 5,23 4,91 1,92 3,36 2,45
INDÚSTRIA TOTAL 5,96 6,18 2,46 3,51 2,81
INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 0,78 5,07 2,93 3,13 2,22
MODA 4,47 3,44 0,69 -1,22 -1,03
TÊXTEIS - CONFECÇÕES 4,75 3,48 1,24 -1,45 -1,46
Preparação e fiação de fibras de algodão -14,04 2,04 -6,00 8,51 -5,88
Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto algodão -10,00 -11,11 25,00 0,00 -20,00
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 10,00 9,09 25,00 -13,33 -15,38
Fabricação de linhas para costurar e bordar 0,00 20,00 66,67 -20,00 -12,50
Tecelagem de fios de algodão -3,53 -6,10 2,60 -7,59 8,22
Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão -15,38 27,27 7,14 -26,67 36,36
Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 7,69 7,14 6,67 -12,50 21,43
Fabricação de tecidos de malha -11,65 2,20 -18,28 -13,16 -12,12
Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 5,36 9,09 4,33 11,18 1,15
Confecção de roupas íntimas 3,76 1,47 -1,16 -0,39 -0,78
Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 5,80 3,23 1,38 -1,14 -0,77
Fab. de acessórios do vestuário, exceto para seg. e proteção -5,66 2,67 0,65 -12,26 -8,09
Fabricação de meias 7,81 8,70 -5,33 -7,04 10,61
Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 6,15 5,90 3,75 -4,00 -6,61
Fabricação de fibras artificiais e sintéticas 0,00 -25,00 0,00 -33,33 0,00
CALÇADOS 3,14 2,45 -1,80 -1,49 0,86
Curtimento e outras preparações de couro -1,30 -3,95 -2,74 -7,04 -3,03
Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 4,97 -1,18 -11,38 -5,41 -5,00
Fabricação de calçados de couro -0,17 4,30 -4,28 -2,24 -2,46
Fabricação de tênis de qualquer material 10,99 -2,83 -4,37 -3,05 -7,85
Fabricação de calçados de material sintético 44,44 17,48 7,74 6,08 6,25
Fab. de calçados de materiais não especificados ant. -7,68 -4,40 -4,11 -4,79 -1,26
Fabricação de partes para calçados, de qualquer material 30,71 20,77 14,03 7,54 18,45
JOIAS 6,56 10,00 3,50 6,76 -2,22
Lapidação de gemas e fab. de artefatos de ourivesaria e joalheria -0,54 2,17 -3,19 0,55 -2,73
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 28,81 28,95 16,33 16,67 -1,50
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
Para a cadeia produtiva da Moda, os principais municípios empregadores em 2014
são Nova Serrana (16.707) e Belo Horizonte (8.298), ambos também possuem o maior
66
número de estabelecimentos são Belo Horizonte (1010) e Nova Serrana (997) (TABELA
5.5).
Tabela 5.5: Principais municípios, segundo o número de empregados e de estabelecimentos, na cadeia da
Moda – Minas Gerais – 2010-2014
MUNICÍPIOS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014
EMPREGADOS
Nova Serrana 16.515 15.523 16.410 17.102 16.707
Belo Horizonte 11.160 9.779 9.674 8.965 8.298
Divinópolis 6.635 6.349 6.123 6.079 5.827
Juiz de Fora 5.912 5.068 4.846 4.830 4.584
Muriaé 4.079 3.828 3.719 3.435 3.371
São Joao Nepomuceno 2.319 2.676 2.754 3.073 3.187
Itaúna 2.791 2.694 2.879 3.007 3.006
Montes Claros 937 905 975 2.730 2.943
Uberlândia 2.494 2.598 2.762 2.530 2.519
Cataguases 2.462 2.366 2.128 2.165 2.120
ESTABELECIMENTOS
Belo Horizonte 1.171 1.132 1.108 1.036 1.010
Nova Serrana 893 925 938 940 997
Divinópolis 751 747 753 725 703
Monte Sião 534 588 609 600 591
Juiz de Fora 462 451 429 438 439
Muriaé 298 297 330 324 326
Jacutinga 304 315 334 319 290
Uberlândia 200 209 207 194 192
São Joao Nepomuceno 145 144 142 146 157
Juruaia 117 116 121 142 149
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
A tabela 5.6 apresenta o número de estabelecimentos por porte de atividades
selecionadas, sendo: i) micro: até 19 trabalhadores, ii) pequena: entre 20 e 99
trabalhadores, iii) média: entre 100 e 499 trabalhadores e iv) grande: acima de 500
trabalhadores. Percebe-se que os 85,64% do setor de Moda são formados por micro
estabelecimentos, 12,86% são pequenas, 1,37% médias e 0,13% são grandes. O subsetor
“Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão” possui 100% dos
estabelecimentos de porte micro e a ”Fabricação de artigos de vestuários” 96,74%. Por
outro lado, a “Tecelagem de fios de algodão” possui 5,6% dos seus estabelecimentos são
de grande porte. De forma geral, destaca-se a prevalência de micro e pequenas em todos
os setores da Moda, principalmente tratando-se de Joias e bijuterias.
67
Tabela 5.6: Número de estabelecimentos por porte de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2014
ATIVIDADES ECONÔMICAS / PORTE Micro Pequena Média Grande
TOTAL DA ECONOMIA 481.862 26.686 4.589 948
INDÚSTRIA TOTAL 73.231 7.667 1.448 305
INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 40.955 5.250 981 205
MODA 8.645 1.298 138 13
TÊXTEIS - CONFECÇÕES 6.751 942 82 9
Preparação e fiação de fibras de algodão 33 9 5 1
Preparação e fiação de fibras têxteis nat., exc. algodão 7 0 1 0
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 9 2 0 0
Fabricação de linhas para costurar e bordar 6 0 1 0
Tecelagem de fios de algodão 49 17 9 4
Tecelagem de fios de fibras têxteis nat., exceto algodão 15 0 0 0
Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 14 3 0 0
Fabricação de tecidos de malha 50 7 1 0
Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 312 34 6 0
Confecção de roupas íntimas 887 117 9 0
Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 4.308 702 44 4
Fab. de acess. do vestuário, exceto para seg. e proteção 108 15 2 0
Fabricação de meias 64 8 1 0
Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 888 28 2 0
Fab. de fibras artificiais e sintéticas 1 0 1 0
CALÇADOS 1.604 337 56 4
Curtimento e outras preparações de couro 43 16 4 1
Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 114 16 3 0
Fabricação de calçados de couro 457 82 14 1
Fab. de tênis de qualquer material 106 58 11 1
Fab. de calçados de material sintético 155 36 13 0
Fab. de calçados de materiais não especificados ant. 447 90 11 1
Fab. de partes para calçados, de qualquer material 282 39 0 0
JOIAS 290 19 0 0
Lapidação de gemas e fab. de artefatos de joalheria 166 12 0 0
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 124 7 0 0
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
Considerando os dez municípios com maiores VA da Moda em 2013, a tabela 5.7
apresenta para o ano de 2014 o número de estabelecimentos por porte. Observou-se que
ainda prevalecem estabelecimentos de micro e pequeno porte. Ressalta-se que a Moda
possui 13 estabelecimentos de grande porte, sendo que 6 desses estão presentes nos 10
principais municípios mineiros em termos de VA da Moda.
68
Tabela 5.7: Número de estabelecimentos por porte segundos 10 maiores municípios da Moda – Minas
Gerais – 2014
MUNICÍPIOS / ANO Micro Pequena Média Grande
Nova Serrana 783 185 29 0
Itaúna 44 3 2 2
Montes Claros 86 6 2 1
Belo Horizonte 917 88 5 0
Pirapora 7 1 0 0
Uberlândia 172 18 1 1
Sete Lagoas 36 2 0 0
Uberaba 109 18 0 0
Cataguases 32 4 3 1
Pouso Alegre 37 1 0 1
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
5.2 Remuneração
A tabela 5.8 apresenta a remuneração média dos empregados, em reais, de
atividades selecionadas nos anos de 2010 e 2014 para Minas Gerais. Percebe-se que a
média salarial dos trabalhadores no setor da Moda é de R$ 1.052,22 reais em 2014. Esse
valor é 51,42% maior que o valor observado para o ano de 2010. Mesmo considerando
que esses dados são a preços correntes, ou seja, não se desconsiderando a inflação, os
dados sinalizam um ganho nesse período para os trabalhadores do setor.
69
Tabela 5.8: Remuneração média dos empregados de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2010-2014
(R$)
ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014
TOTAL DA ECONOMIA 1.334 1.466 1.618 1.762 1.913
INDÚSTRIA TOTAL 1.413 1.571 1.743 1.878 2.030
INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 1.291 1.430 1.570 1.702 1.835
MODA 695 780 862 956 1.052
TÊXTEIS - CONFECÇÕES
Preparação e fiação de fibras de algodão 884 963 1.078 1.176 1.238
Preparação e fiação de fibras têxteis nat., exc. algodão 672 743 890 974 1.066
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 800 813 888 974 1.080
Fabricação de linhas para costurar e bordar 732 790 878 962 1.040
Tecelagem de fios de algodão 1.047 1.150 1.287 1.409 1.494
Tecelagem de fios de fibras têxteis nat., exceto algodão 926 1.093 1.272 699 720
Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 916 977 1.112 1.207 1.280
Fabricação de tecidos de malha 833 898 982 1.112 1.176
Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 793 893 1.003 1.060 1.119
Confecção de roupas íntimas 612 667 747 826 889
Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 641 748 794 877 967
Fab. de acess. do vestuário, exceto para seg. e proteção 677 754 899 1.004 1.104
Fabricação de meias 655 725 840 951 1.031
Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 715 795 887 980 1.060
Fab. de fibras artificiais e sintéticas 1.663 2.548 2.847 2.626 2.847
CALÇADOS
Curtimento e outras preparações de couro 885 986 1.088 1.198 1.412
Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 682 736 819 923 1.021
Fabricação de calçados de couro 694 750 855 953 1.042
Fab. de tênis de qualquer material 619 692 845 990 1.100
Fab. de calçados de material sintético 614 665 830 952 1.070
Fab. de calçados de materiais não especificados ant. 628 686 802 919 1.073
Fab. de partes para calçados, de qualquer material 681 748 857 965 1.087
JOIAS
Lapidação de gemas e fab. de artefatos de joalheria 1.002 1.122 1.208 1.354 1.481
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 693 768 859 932 992
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
Quando comparamos a remuneração média dos empregados no setor da Moda
com a Indústria de Transformação, com a Indústria Total e com a economia de Minas
Gerais, constata-se que o salário médio da Moda ainda é inferior ao observado nesses
outros segmentos. Em 2014, os empregados chegaram a receber, em média, 45% a menos
que o salário médio de Minas Gerais.
A massa salarial dos empregados da cadeia da Moda no Estado em 2014 foi de R$
134.189 mil conforme se observa na tabela 5.9. No Brasil, esse dado atingiu R$ 1.541.832
mil. Ainda é possível destacar o fato de 68,52% da massa salarial em Minas Gerais da
70
cadeia produtiva da Moda ser proveniente do setor de Têxteis e Confecções, 29,86% do
setor de Calçados e 1,61% de Joias.
Tabela 5.9: Massa salarial dos empregados de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2010-2014 (R$
1.000)
ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014
TOTAL DA ECONOMIA 6.197.284 7.110.086 7.972.328 8.911.981 9.703.500
INDÚSTRIA TOTAL 1.629.983 1.885.182 2.163.681 2.356.302 2.482.638
INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 1.043.081 1.189.419 1.321.209 1.449.697 1.538.870
MODA 92.537 101.346 123.140 123.140 134.189
TÊXTEIS – CONFECÇÕES 66.900 74.350 84.592 84.592 91.949
Preparação e fiação de fibras de algodão 2.653 2.622 2.848 2.848 3.094
Preparação e fiação de fibras têxteis nat., exc.
algodão 234 288 337 337 322
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 282 124 148 148 137
Fabricação de linhas para costurar e bordar 186 172 225 225 239
Tecelagem de fios de algodão 7.786 8.268 10.076 10.076 10.885
Tecelagem de fios de fibras têxteis nat.,
exceto algodão 129 127 34 34 35
Tecelagem de fios de fibras artificiais e
sintéticas 296 225 246 246 265
Fabricação de tecidos de malha 1.241 1.388 915 915 860
Acabamentos em fios, tecidos e artefatos
têxteis 2.958 3.474 4.243 4.243 4.502
Confecção de roupas íntimas 6.357 7.017 8.762 8.762 8.952
Confecção de peças do vestuário, exceto
roupas íntimas 38.817 44.699 50.009 50.009 54.913
Fab. de acess. do vestuário, exceto para seg. e
proteção 992 1.080 1.579 1.579 1.629
Fabricação de meias 615 679 735 735 804
Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 3.317 3.628 3.762 3.762 4.556
Fab. de fibras artificiais e sintéticas 1.038 561 672 672 754
CALÇADOS 23.748 24.925 36.339 36.339 40.073
Curtimento e outras preparações de couro 2.343 2.608 3.499 3.499 3.679
Fab. de artigos para viagem, bolsas e
semelhantes 1.203 1.035 1.278 1.278 1.481
Fabricação de calçados de couro 7.112 7.476 9.218 9.218 9.843
Fab. de tênis de qualquer material 3.126 3.948 6.587 6.587 6.900
Fab. de calçados de material sintético 1.444 1.954 3.742 3.742 4.584
Fab. de calçados de materiais não
especificados ant. 6.544 6.320 9.540 9.540 10.530
Fab. de partes para calçados, de qualquer
material 1.976 1.586 2.474 2.474 3.056
JOIAS 1.889 2.071 2.210 2.210 2.167
Lapidação de gemas e fab. de artefatos de
joalheria 1.320 1.488 1.471 1.471 1.464
Fabricação de bijuterias e artefatos
semelhantes 568 583 738 738 702
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
71
Outra análise feita a partir da remuneração média e da massa salarial é a
observação desses dados por município. A tabela 5.10 destaca os dez municípios com
maior remuneração média para o período de 2010 a 2014. A maior remuneração média
foi observada no município de Poços de Caldas, cujo valor foi de R$ 1.825,79. Quanto a
massa salarial, a maior é verificada em Nova Serrana, seguida por Belo Horizonte.
Tabela 5.10: Municípios com maior remuneração média e massa salarial na cadeia produtiva da Moda –
Minas Gerais – 2010-2014
MUNICÍPIOS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014
REMUNERAÇÃO MÉDIA (RS)
Poços de Caldas 1.256 1.370 1.579 1.670 1.826
Betim 1.073 1.230 1.385 1.502 1.650
Contagem 953 1.044 1.159 1.320 1.533
Cataguases 1.076 1.201 1.369 1.493 1.527
Lagoa Santa 876 951 1.147 1.087 1.478
Alfenas 1.114 1.163 1.278 1.368 1.468
Ibirité 833 937 1.098 1.203 1.423
Belo Horizonte 855 977 1.109 1.262 1.393
Uberlândia 805 920 1.023 1.161 1.387
Pouso Alegre 671 774 825 968 1.375
MASSA SALARIAL (R$ 1.000)
Nova Serrana 10.300 10.560 13.425 16.211 17.990
Belo Horizonte 9.539 9.549 10.730 11.314 11.559
Divinópolis 4.834 5.064 5.444 6.111 6.361
Juiz De Fora 3.710 3.514 3.742 4.137 4.266
Itaúna 2.730 2.822 3.275 3.810 4.053
Montes Claros 730 753 935 2.812 3.588
Uberlândia 2.007 2.390 2.827 2.936 3.493
Cataguases 2.649 2.842 2.914 3.233 3.237
São Joao Nepomuceno 1.384 1.717 2.163 2.771 3.105
Muriaé 2.468 2.519 2.777 2.816 2.987
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
5.3 Níveis de escolaridade
Os dados de escolaridade são apresentados na tabela 5.11. Percebe-se que a maior
parte dos empregados da cadeia produtiva da Moda (97,96%) possuem até ensino médio
completo, sendo apenas 2,04% com ensino superior no ano de 2013.
72
Tabela 5.11: Número de pessoas por nível de escolaridade de atividades da Moda – Minas Gerais – 2013
MODA 381 71813 54045 2629
TÊXTEIS – CONFECÇÕES 211 48288 39124 1856
Preparação e fiação de fibras de algodão 2 1592 754 74
Preparação e fiação de fibras têxteis nat., exc.
Algodão 0 242 97 7
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 0 74 73 5
Fabricação de linhas para costurar e bordar 0 162 65 7
Tecelagem de fios de algodão 4 4007 2823 317
Tecelagem de fios de fibras têxteis nat., exceto
algodão 1 27 18 2
Tecelagem de fios de fibras artificiais e
sintéticas 1 145 54 4
Fabricação de tecidos de malha 2 473 325 23
Acabamentos em fios, tecidos e artefatos
têxteis 3 2010 1858 132
Confecção de roupas íntimas 23 5315 5113 152
Confecção de peças do vestuário, exceto roupas
íntimas 156 31214 24731 952
Fab. de acess. do vestuário, exceto para seg. e
proteção 8 738 794 32
Fabricação de meias 2 378 374 19
Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 9 1888 1848 94
Fab. de fibras artificiais e sintéticas 0 23 197 36
CALÇADOS 164 22741 13938 667
Curtimento e outras preparações de couro 13 2013 786 109
Fab. de artigos para viagem, bolsas e
semelhantes 10 626 694 55
Fabricação de calçados de couro 24 5872 3615 166
Fab. de tênis de qualquer material 33 4201 2328 90
Fab. de calçados de material sintético 39 2678 1165 51
Fab. de calçados de materiais não especificados
ant. 30 5556 4616 176
Fab. de partes para calçados, de qualquer
material 15 1795 734 20
JOIAS 6 784 983 106
Lapidação de gemas e fab. de artefatos de
joalheria 4 452 555 76
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 2 332 428 30
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
73
A análise por setores revelou que o setor de Joias possui maior proporção de
ensino superior entre seus empregados (5,64%), sem seguida Têxteis-confecções com
2,07% e calçados com 1,78%. A parte da indústria química de fabricação de fibras
artificiais e sintéticas é a grande exceção com 14,06% de empregados com ensino
superior.
A presença de mão de obra qualificada é um fator determinante em atividades que
busquem inovação. A predominância de empregados com escolaridade até o ensino
médio revela a presença maior de trabalho do nível técnico ligado a processos repetitivos,
o que não converge com a ideia de inovação. Esse grupo de profissionais com esse perfil
não deixa de ser importante, tanto que se confirma como maior na indústria de Minas
Gerais e também na Indústria de transformação, porém é fundamental uma maior
proporção de empregados com nível superior.
5.4 Rotatividade
Na tabela 5.12 destaca-se o tempo de emprego médio de emprego, em meses, de
atividades selecionadas para Minas Gerais entre 2010 e 2014. O tempo médio de emprego
na cadeia produtiva da Moda cresceu nesse período, passou de 33 meses em 2010 para
39 meses em 2014. Cabe destacar que o tempo de emprego médio observado na cadeia
produtiva da Moda é inferior ao observado para a Indústria de Transformação, a Indústria
Total e o Total da Economia. Para o Brasil, tem-se que o tempo de emprego médio de
emprego na Moda é de 43 meses, em 2014.
O subsetor em que as pessoas ficaram mais tempo empregadas em 2014 é
“Tecelagem de fios de algodão” (87 meses) e onde existe a maior rotatividade é
“Fabricação de partes para calçados, de qualquer material” (23 meses).
74
Tabela 5.12: Tempo de emprego médio de emprego de atividades selecionadas – Minas Gerais – 2010-
2014 (meses)
ATIVIDADES ECONÔMICAS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014
TOTAL DA ECONOMIA 54 56 56 57 58
INDÚSTRIA TOTAL 48 50 50 52 54
INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 43 44 45 47 49
MODA 33 35 36 37 39
TÊXTEIS – CONFECÇÕES
Preparação e fiação de fibras de algodão 73 82 83 83 82
Preparação e fiação de fibras têxteis nat., exc. algodão 29 31 35 42 49
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 42 42 39 48 53
Fabricação de linhas para costurar e bordar 54 61 59 68 69
Tecelagem de fios de algodão 79 84 85 86 87
Tecelagem de fios de fibras têxteis nat., exceto algodão 67 75 88 50 41
Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas 40 54 61 61 66
Fabricação de tecidos de malha 35 37 45 53 48
Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis 48 45 44 44 45
Confecção de roupas íntimas 29 31 33 34 38
Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 30 31 32 34 36
Fab. de acess. do vestuário, exceto para seg. e proteção 28 30 29 31 36
Fabricação de meias 34 39 43 46 49
Fab. de artigos do vestuário, exceto meias 27 28 32 34 32
Fab. de fibras artificiais e sintéticas 47 34 44 44 52
CALÇADOS
Curtimento e outras preparações de couro 33 36 36 38 43
Fab. de artigos para viagem, bolsas e semelhantes 27 32 32 37 35
Fabricação de calçados de couro 32 35 38 41 42
Fab. de tênis de qualquer material 25 24 25 25 28
Fab. de calçados de material sintético 26 26 25 28 28
Fab. de calçados de materiais não especificados ant. 21 24 24 21 24
Fab. de partes para calçados, de qualquer material 18 19 19 20 23
JOIAS
Lapidação de gemas e fab. de artefatos de joalheria 50 49 51 54 57
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 25 27 27 31 34
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
O município com maior tempo de emprego médio dentre os 10 maiores VA da
Moda em 2014 é Cataguases (100 meses) – esse resultado é mais que o dobro do que o
observado para a cadeia produtiva da Moda (TABELA 5.13). Os municípios de Montes
Claros, Nova Serrana e Pouso Alegre apresentam tempo de emprego médio inferior a
Moda.
75
Tabela 5.13: Municípios com maior tempo de emprego médio dentre os 10 maiores VA da Moda –
Minas Gerais – 2010-2014 (meses)
MUNICÍPIOS / ANO 2010 2011 2012 2013 2014
Nova Serrana 22 24 24 25 27
Itaúna 53 58 55 55 56
Montes Claros 42 46 47 21 27
Belo Horizonte 37 41 41 44 46
Pirapora 74 71 71 81 85
Uberlândia 30 31 33 36 40
Sete Lagoas 32 33 41 42 43
Uberaba 29 33 34 39 42
Cataguases 87 93 98 96 100
Pouso Alegre 23 31 39 40 35
Fonte: Dados básicos: Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTE), Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS).
Elaboração própria.
76
6. COMÉRCIO EXTERIOR NA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS
A compreensão sobre o movimento atual da indústria de transformação de Minas
Gerais em relação ao mercado internacional exige um breve resgate sócio-histórico que
contribuiu para a fundamentação do atual cenário.
Desde o início do século XIX, Minas Gerais participa do cenário brasileiro de
produção têxtil. Sob os benefícios de Decreto nº 1.516 de 2 de maio de 1902, os
empreendimentos à época foram beneficiados com a doação de terrenos para instalação
fabril, isenção de impostos por cinco anos e fornecimento gratuito de energia elétrica por
dez anos. Em 1900, por iniciativa de um imigrante italiano, instalou-se a Companhia
Minas Fabril em Belo Horizonte que atingiu em suas melhores fases a geração de 500
postos de trabalho. O ano de 1906 marca a fundação da Companhia Industrial Belo
Horizonte na produção de tecidos, com ampliação das instalações para a cidade vizinha,
Pedro Leopoldo. Em 1976, essa empresa adquiriu a Fiação Brasileira de Algodão
instalada em Pará de Minas. Outras fábricas do ramo têxtil também se destacaram em
Minas Gerais como a Fábrica de Chapéus de Sol fundada em 1915 também por imigrante
italiano. Outro exemplo foi a fundação em 1937 da Cia. Renascença Industrial para a
fabricação de fios e tecidos finos por iniciativa de empreendedores mineiros.
O ramo de calçados teve seus primórdios de produção em Minas Gerais nos
primeiros anos do século passado com um curtume rudimentar que posteriormente passou
a se chamar Curtume São Geraldo e Curtume Santa Helena, esse a partir de uma separação
de sociedade. Em 1931, aconteceu a fundação da Fábrica de Calçados Jade que atingiu a
marca de produção de 150 sapatos finos por dia com 50 empregados. Em 1950, inaugurou
a Calçados San Marino Ltda, ativa no cenário atual de produção nesse ramo e em 1972 a
Arezzo Indústria e Comércio Ltda.
No ano de 1946, Alexandre Diniz Mascarenhas “fundou a Companhia Industrial
de Estamparia e ingressou no ramo de tecelagem na Cia. Cedro e Cachoeira (...) projetou
e instalou a Usina Pacífico Mascarenhas (...) associou-se a terceiros, adquirindo, em
Diamantina a Cia Industrial São Roberto” (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO
ESTADO DE MINAS GERAIS, 1998, p. 56).
No Brasil, o processo de substituição de importações pode ser entendido como
uma dinâmica que se deu a partir de um desenvolvimento ‘parcial’ e ‘fechado’ em que,
empenhando-se no sentido de adequações às restrições internacionais. Pode-se afirmar
77
que o mesmo ocorreu de forma similar à proposta de industrialização que já havia sido
empregada nos países industrializados em tempos históricos diferentes (GREMAUD,
2013).
Quase dois séculos depois da Europa ter instalado um conjunto de transformações
como a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com uso intensivo de
máquinas, que desdobrou em novas configurações nas relações sociais, o Brasil inseriu-
se definitivamente no processo de produção. A Revolução Industrial significou para o
mundo a alteração nas configurações de mercado e a emergência de novos atores sociais
nos desígnios do processo produtivo, destacando-se os proprietários dos meios de
produção que, articulados e organizados, assumem juntamente à gestão estatal as
diretrizes estratégicas nas relações de produção e comércio.
No Brasil, a crise da agroexportação, que até então delimitava a participação do
país no cenário internacional, reverteu-se em condições para o direcionamento da
produção para o mercado interno. A política econômica governamental no período entre
1933 até o final de 1970 foi fundamental para o fomento da produção e consumo interno.
Com o encerramento dos investimentos previstos do II Plano Nacional de
Desenvolvimento (PND) – configurou-se o Processo de Substituição de Importações
(PSI), que durou cerca de cinco décadas (REGO; MARQUES, 2003).
A teoria dos choques adversos, defendida pela CEPAL4, mais precisamente aos
economistas Celso Furtado e Raúl Prebisch, sustenta-se no argumento central que
reconhece nas crises das atividades exportadoras as condições para o fomento do mercado
interno a partir do reposicionamento do setor industrial. A elevação do custo das
importações e a redução das demandas das exportações impactam diretamente no balanço
da produção, restringindo o acesso a financiamentos.
Nesse caso, a iniciativa governamental direciona se no sentido de desvalorização
da moeda nacional, que, por sua vez, contribui para a elevação dos custos para importação
e, por outro lado, favorece a produção interna.
A dimensão política das crises traduz-se no tensionamento de segmentos sociais,
principalmente o empresariado para a liberação de créditos, o que contribui para a redução
das taxas de juros, desdobrando-se na dimensão econômica em favor da produção
4
CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe que compõe o grupo de cinco Comissões Regionais das Nações Unidas, criada em 1948, com o
objetivo de contribuir para o desenvolvimento da América Latina numa perceptiva de internacionalização das relações com os demais países do mundo.
78
doméstica. Por fim, a elevação de tarifações sobre as importações reforça o cenário em
favor da produção mundial na visão da CEPAL.
Ou seja, à crise estrutural da agroexportação agregou se incondicionalmente as
políticas econômicas favoráveis para o redirecionamento da produção e assim da
economia nacional como um todo.
No caso brasileiro, a associação mercado/estado resignificou a alavanca do
processo industrial por demanda da própria sustentabilidade do segundo. Tal afirmativa
sustenta-se, primeiramente, no ator mercado face ao caráter da produção cafeeira que
demandou, desde o início do século XX, medidas intervencionistas creditícias que
garantissem a lucratividade do setor. Associa-se a esta demanda da sociedade burguesa
ao Estado, o modelo “federalismo fiscal” adotado na mesma época que atrelava as contas
federais à arrecadação pelas importações em detrimento à arrecadação pelas exportações
em favor dos estados, onerando o nível federal.
Em outras palavras, em consonância do pensamento furtadiano, o
impulsionamento da industrialização voltada para o mercado interno a partir de 1930 foi
uma necessidade de sobrevida às crises agudas que se cristalizavam no cenário econômico
brasileiro desde a República Velha. A formação de capital a partir do setor industrial
interno resignificou ou alterou o posicionamento do país na economia global,
oportunizando a ruptura da condição de fornecedor de alimentos e matérias-primas aos
países centrais - o rompimento da Antiga Divisão Internacional do Trabalho (REGO;
MARQUES, 2003).
O ramo de manufaturas têxteis juntamente ao de metalurgia foram pouco pujantes
no Brasil Colônia, apesar da abundância de matérias primas e de mercado interno
relevante, devido ao peso da concorrência inglesa. O setor de indústria têxtil instalou-se
no país a partir da segunda metade do século XIX. No Nordeste, pela caracterização de
alta concentração de propriedade e produção de algodão, principalmente no estado da
Bahia, favoreceu a instalação de plantas têxteis e açucareiras de dimensões grandes e
apresentou a mesma tecnologia utilizada na Inglaterra. Cinco das nove fábricas do país à
época instalaram-se nessa região.
Já nas demais regiões instalou-se o tipo de indústria de pequeno e de médio porte.
Como o ramo de vestuário e calçados havia evoluído menos em relação aos demais
setores da economia no que se refere ao uso de tecnologia, houve uma maior facilidade
79
para a entrada de pequenos capitalistas para empreendimentos de pequeno e médio porte.
(CANO, 2007). Já nas últimas décadas do século XIX, 69% das fábricas têxteis
localizavam se em São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro, sendo que essa última
se tornou, em 1870, o centro da indústria. “Em 1915, haviam 202 fábricas disseminadas
por 17 estados, nas quais trabalhavam 82.247 operários” (TESSARI apud CRUZ-
MOREIRA, 2003, p. 88).
Desde 1930, registra-se que o comércio de produtos têxteis e vestuário esteve
sujeito às regulações definidas por acordos internacionais, atribuindo assim um
tratamento diferenciado em relação a outros produtos manufaturados. À época, firmou-se
o Acordo Geral de Comércio e Tarifas (General Agreement on Trade and Tariffs –
GATT) em função da ameaça aos produtores de algodão frente ao Japão, estabelecendo
cotas e elevação de tarifas. Na década de 50 continuaram tais medidas de restrição junto
aos Estados Unidos e principais países exportadores. Em 1961, os mesmos foram
renovados, garantindo-se a relação de mercado. Em 1974, em substituição a esses
acordos, firmou-se o Acordo Multifibras (Multifiber Agreement – MFA) que estabelecia
quotas de exportação nos períodos de importações crescentes dos produtos para os EUA
e países europeus, O mesmo contemplou também produtos têxteis de lã e fibras sintéticas
(AMARAL, 2008).
Os acordos para abastecimento das forças militares firmados entre o Brasil e os
Aliados na Segunda Guerra Mundial juntamente à possibilidade de exportação para países
africanos e sul-africanos impulsionaram o setor têxtil na década de 40. A chegada dos
imigrantes nos diversos estados brasileiros foi um importante fator de consolidação da
indústria de vestuário, incluindo a diversificação de produtos. As políticas de créditos
destinadas aos parques industriais foram o esteio para a produtividade.
Na década de 60, no Nordeste, a crise econômica atingiu seu parque industrial,
principalmente as indústrias têxteis em função da obsolescência dos equipamentos de
suas tradicionais indústrias, resultando no encerramento de parte considerável e elevado
desemprego, situação esta que seria reerguida somente mais tarde.
Por outro lado, a implantação do Polo Industrial de Manaus impulsionará o
desenvolvimento da produção de vestuário destinado ao mercado interno. Até a década
de 70, a indústria têxtil foi a maior em Valor de Transformação Industrial (VTI) e
empregado (CRUZ-MOREIRA, 2003, p. 91).
80
A restrição à importação de máquinas desde 1979 e a proteção de mercado de
1974 a 1989 contribuíram fortemente para o moderamento tecnológico da indústria têxtil
nacional em relação aos demais processos mundiais. No entanto, a proposição da política
governamental à época em favor da abertura de mercado para as empresas estrangeiras
contribuiu para a retomada da produção e em escala. Empresas estrangeiras licenciaram
marcas para produtos nacionais e o Brasil assumiu a posição de país exportador de tecidos
denin e de jeans.
A abertura de mercado implicará às empresas brasileiras uma reestruturação
radical na década de 90. Os modelos de gestão das corporações transnacionais
característicos desse novo modelo econômico como as cadeias, clusters, redes,
demandará competências imprescindíveis para a manutenção no espaço globalizado
(FLEURY apud CRUZ-MOREIRA, 2003, p.69).
No setor têxtil vestuário, a entrada de produtos asiáticos a preços módicos,
independente da qualidade, gerou grande impacto negativo no setor. Já as empresas de
confecção tiveram um sensível crescimento na produção, não significando
necessariamente no seu valor.
A alternativa das empresas brasileiras como estratégia principal de redução de
custos foi a adesão à desverticalização dos processos, intensificando da adoção de práticas
de subcontratação produtiva, as chamadas facção industrial ou domiciliar, numa
proporção direta de difusão e precarização (CRUZ-MOREIRA, 2003).
Simultaneamente, o processo de reestruturação dos estados brasileiros significará
a oferta de incentivos tributários, créditos, infraestrutura e investimento por parte dos
governos para a instalação de indústrias ocasionando a redistribuição interna da produção.
Estados do sul e sudeste reduziram sua capacidade produtiva com o realocamento das
indústrias para o nordeste.
No entanto, a indústria da moda em função do atrelamento ao mercado
consumidor característico próprio dos grandes centros urbanos, permaneceu concentrada
nos estados do Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio de Janeiro para o melhor
desenvolvimento da logística de desenvolvimento e consumo.
Outrossim, a ampla oferta de incentivos pulverizados associados à importante
condicionante relacionada a grandes investimentos públicos na infraestrutura resultará na
dispersão geográfica dos investimentos têxteis no Nordeste, dificultando a formação de
81
cadeias e grupos de produção e demais vantagens oriundas desses modelos. Somente as
grandes empresas que possuem estruturados os processos de fornecimento e logística se
sustentarão, sem, no entanto, significarem a otimização de empresas locais e
disseminação de tecnologias.
Assim, a região Sudeste, mais precisamente São Paulo, consolidou se como:
[...] centro intelectual e financeiro das cadeias têxtil vestuário brasileiras,
funciona como centro de comercialização e de distribuição de matérias primas e
produtos acabados, o que permite a empresas ali sediadas controle de atividades
produtivas distintas, além do design, marketing, e dos investimentos nos
negócios da moda. (CRUZ-MOREIRA, 2003, p. 75).
Nesta direção, o centro da moda vem se ampliando a partir da retomada do Rio de
Janeiro e da entrada de Belo Horizonte e do próprio Estado de Minas no circuito de
eventos e arranjos produtivos. No Nordeste, Fortaleza tem impulsionado a cadeia
produtiva de moda, seguida de Recife. E no Sul, Porto Alegre também tem sediado
eventos do ramo.
6.1 Exportação
No que se refere à cadeia produtiva da moda, a maior expressão das exportações
brasileiras encontra-se no ramo de Calçados, seguido de Têxteis e confecções e Joias e
bijuterias quando analisado no período entre 2010 e 2014.
No entanto, a cadeia produtiva de Têxteis e confecções apresentou desempenho
crescente, com crescimento nominal de 27,48% no período compreendido entre 2010 e
2014, maior que o setor de Calçados. O ramo de Calçados apresentou um aumento no
volume de vendas para exportação no mesmo período de 23,35% e a exportação de Joias
e bijuterias ampliou em 4,28% o volume de exportações.
82
Tabela 6.1: Volume das exportações – Brasil – 2010-2014 (R$ 1.000.000)
Atividades 2010 2011 2012 2013 2014
Calçados 3.396 3.554 3.371 3.769 4.189
Joias e bijuterias 301 372 337 353 314
Têxteis e confecções 1.662 2.447 2.872 1.923 2.118
Demais 196.556 249.667 235.999 236.134 218.479
TOTAL 201.915 256.040 242.580 242.179 225.101
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
Ao considerar o volume das exportações brasileiras no período compreendido
entre 2010 e 2014, observa-se que os setores da cadeia produtiva da moda possui uma
participação tímida quando comparada às demais atividades econômicas.
Tabela 6.2: Participação das atividades no volume das exportações – Brasil – 2010-2014 (%)
Atividades 2010 2011 2012 2013 2014
Calçados 1,68 1,39 1,39 1,56 1,86
Joias e bijuterias 0,15 0,15 0,14 0,15 0,14
Têxteis e confecções 0,82 0,96 1,18 0,79 0,94
Demais 97,35 97,51 97,29 97,50 97,06
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
No volume total de exportações brasileiras, o ramo de Calçados apresentou uma
tendência de aumento na participação desde 2011, tendo superado o percentual de 2010,
maior apresentado até então, conforme tabela 6.2. O ramo de produção de Joias e
bijuterias manteve-se constante em relação ao percentual quando comparado com o
volume total de exportações. Já a cadeia produtiva de Têxteis e confecções apresentou
movimento oscilante no período em análise.
Em termos da cadeia produtiva da moda do Estado de Minas Gerais, o ramo de
Calçados desponta dentre os grupos que a compõem. Já a cadeia produtiva de Joias e
bijuterias posiciona-se no segundo nível em relação ao volume das exportações nesse
grupo, à frente do ramo de Têxteis e Confecções, diferente da tendência nacional. A tabela
6.3 apresenta o volume das exportações mineiras.
83
Tabela 6.3: Volume das exportações – Minas Gerais – 2010-2014 (R$ 1.000)
Atividades 2010 2011 2012 2013 2014
Calçados 48.126 120.381 128.615 142.915 175.451
Joias e bijuterias 70.507 91.015 97.874 115.823 109.299
Têxteis e confecções 66.590 76.666 75.931 66.403 67.230
Demais 31.039.250 41.104.876 33.126.890 33.111.792 28.968.664
TOTAL 31.224.473 41.392.937 33.429.310 33.436.933 29.320.645
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
Em relação à participação no volume das exportações por setor de atividade da
cadeia produtiva da moda do Estado de Minas Gerais, no período de 2010 a 2014, o ramo
de Calçados apresentou um crescimento mais acentuado (TABELA 6.4).
Tabela 6.4: Participação das atividades no volume das exportações – Brasil – 2010-2014 (%)
Atividades 2010 2011 2012 2013 2014
Calçados 0,15 0,29 0,38 0,43 0,60
Joias e bijuterias 0,23 0,22 0,29 0,35 0,37
Têxteis e confecções 0,21 0,19 0,23 0,20 0,23
Demais 99,41 99,30 99,10 99,03 98,80
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
A partir dos dados referentes ao volume das exportações brasileiras, observa-se
que Minas Gerais apresentou, no período entre 2011 e 2014, uma tendência de queda na
participação em relação ao total do país, significando nesse último ano o percentual de
13,03% em relação ao total das exportações brasileiras (GRÁFICO 6.1).
84
Gráfico 6.1: Participação das exportações de Minas Gerais nas exportações brasileiras – 2010-2014
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
Em relação aos ramos que compõem a cadeia produtiva de moda, o setor de Joias
e bijuterias apresentou maior relevância em termos de participação, tendo sido
responsável por 34,79% do total das exportações nesse ramo em 2014, participação essa
que vem apresentando tendência de crescimento no período analisado.
O ramo de Calçados representou um índice de 4,19% de participação no volume
brasileiro exportado e o ramo de Têxteis e confecções apresentou o percentual de 3,17%
sobre o volume total exportado pelo Brasil em 2014.
E ainda, pode-se afirmar que tanto o ramo de Calçados quanto o ramo de Joias e
bijuterias tiveram significativo crescimento entre o período de 2011 e 2014 no que se
refere à participação no volume de exportações. Já o setor de Têxteis e confecções
apresentou baixa variação, com tendência de queda. Em 2011, esse ramo apresentava um
percentual de 4,01% do total de volume exportado pelo Brasil e em 2014 esse índice
posicionou-se em 3,17% (GRÁFICO 6.1).
As demais atividades econômicas apresentam variação similar ao valor geral ao
percentual de participação de Minas Gerais nas exportações brasileiras face ao montante
acumulado que as mesmas representam em relação aos segmentos da cadeia produtiva de
moda de Minas Gerais no cenário brasileiro.
1,43,4 3,8 3,8 4,2
23,4 24,5
29,0
32,834,8
4,0 3,1 2,6 3,5 3,2
15,8 16,514,0 14,0 13,315,5 16,2
13,8 13,8 13,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
2010 2011 2012 2013 2014
% Calçados Joias e bijuterias Têxteis e confecções Demais Total
85
Em estudo qualitativo realizado em 2012 com especialistas da área de moda por
Sutter apud Galleli et al (2012), obteve se que o mercado internacional prioriza os
seguintes aspectos no processo de comercialização, os quais:
i) design;
ii) qualidade do produto;
iii) suporte e serviços;
iv) identidade da marca visualizada;
v) imagem do país de origem;
vi) inovação e sustentabilidade.
A partir dessa ótica, pensar o reposicionamento da cadeia produtiva da moda
brasileira e mesmo a mineira no cenário internacional com intensificação da exportação
pressupõe investimentos na ordem de logística, mas, sobretudo no capital social, seja em
conhecimento, seja em inovação que possam agregar ao design a identidade e valor
intangível do produto, potencializando a competitividade.
6.2 Importação e balança comercial
A interface entre a criação e o design com a tecnologia, contemplando o
desenvolvimento de fibras e materiais em consonância com a sustentabilidade e meio
ambiente, vem assumindo a centralidade dos negócios na cadeia produtiva global da
moda.
Outrossim, o desenvolvimento de competências de criação e produção de produtos
intensivos em design demandam centralidade nas políticas públicas de formação
profissional.
No caso brasileiro, a contraposição à imagem de uma linha de produção que esgota
a sua mão de obra e que se sustenta historicamente a partir de transcrições de modelos
internacionais constituem certamente desafios para a consolidação de marcas, seja no
mercado interno seja no externo.
A tabela 3.5 apresenta o volume de importações mineras dos setores da moda para
os anos de 2010 a 2014. É possível observar a baixa magnitude da moda em relação ao
86
total importado. As maiores importações em termos da moda originam-se dos Têxteis-
confecções.
Tabela 6.5: Volume das importações – Minas Gerais – 2010-2014 (R$ 1.000.000)
Atividades 2010 2011 2012 2013 2014
Calçados 11 15 16 14 15
Joias e bijuterias 1 1 2 2 3
Têxteis e confecções 175 175 172 184 165
Demais 9.779 12.836 11.864 12.143 10.820
Geral 9.967 13.028 12.055 12.344 11.002
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
No que se referem às importações realizadas pelos ramos que compõem a cadeia
produtiva da Moda nesse estudo, observa-se que o segmento Têxteis e confecções
apresentaram redução do volume importado sobre o total das importações brasileiras no
período entre 2010 e 2014 (TABELA 6.6). Diferentemente do segmento de Joias e
bijuterias que apresentou tendência crescente das importações em relação ao montante
realizado no Brasil no ano de 2014. Para os demais, o volume importado apresentou
queda, ou seja, redução do valor em importação em relação ao total no Brasil.
Tabela 6.6: Participação das importações de Minas Gerais nas importações brasileiras – 2010-2014
Atividades 2010 2011 2012 2013 2014
Calçados 1,34 1,45 1,38 1,16 1,19
Joias e bijuterias 1,91 1,55 1,79 1,63 1,97
Têxteis e confecções 3,98 3,04 2,97 3,11 2,63
Demais 5,54 5,85 5,49 5,23 4,89
Geral 5,48 5,76 5,40 5,15 4,80
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
Dentre as várias subsetores que compõem a cadeia produtva de Têxteis e
confecções, tem-se que no período compreendido entre 2010 e 2014, a “Fiação de fibras
artificiais e sintéticas” e a “Confecção de peças de vestuário, exceto roupas íntimas”
mantiveram-se nas primeiras posições de produtos com maior volume de importação
(TABELA 6.7).
87
Tabela 6.7: Volume das importações dos setores do Têxtil e confecções – Minas Gerais – 2010-2014 (R$
1.000)
Segmentos 2010 2011 2012 2013 2014
Confecção de peças do vestuário, exceto
roupas íntimas 877.644 1.394.222 1.755.798 1.926.952 2.084.279
Confecção de roupas íntimas 43.893 83.462 118.730 130.224 151.121
Fabricação de acessórios do vestuário,
exceto para segurança e proteção 96.856 147.917 158.921 148.475 157.385
Fabricação de artigos do vestuário,
produzidos em malharias e tricotagens,
exceto meias
72.397 112.007 148.954 157.792 158.088
Fabricação de fibras artificiais e
sintéticas 155.855 189.414 182.166 222.161 220.328
Fabricação de linhas para costurar e
bordar 5.238 8.740 8.674 9.795 9.351
Fabricação de meias 19.365 37.439 41.919 39.827 36.930
Fabricação de tecidos de malha 522.912 447.497 482.885 448.278 554.203
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 1.274.485 1.448.198 1.492.469 1.423.372 1.424.995
Preparação e fiação de fibras de algodão 308.739 535.460 95.406 121.502 140.726
Preparação e fiação de fibras têxteis
naturais, exceto algodão 33.790 45.288 38.520 42.340 35.482
Tecelagem de fios de algodão 311.728 437.737 316.026 267.125 240.758
Tecelagem de fios de fibras artificiais e
sintéticas 632.956 829.026 882.357 950.654 1.020.476
Tecelagem de fios de fibras têxteis
naturais, exceto algodão 43.146 48.942 54.050 42.190 30.981
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
A tabela 6.8 apresenta os resultados da balança comercial dos subsetores do setor
Têxtil-confecções no ano de 2014. Pelos dados, observa-se que o Estado de Minas Gerais
importou mais que exportou produtos do setor Têxteis e confecções, com destaque para
a “Confecção de peças do vestuário” e também nos produtos com insumos de fibras
artificiais e sintéticas.
88
Tabela 6.8: Balança comercial dos setores do Têxtil e confecções – Minas Gerais – 2014 (R$)
Segmentos Exportações Importações Balança
comercial
Confecção de peças do vestuário, exceto
roupas íntimas 114.741.248 2.084.278.961 -1.969.537.713
Confecção de roupas íntimas 21.569.742 151.121.383 -129.551.641
Fabricação de acessórios do vestuário, exceto
para segurança e proteção 49.120.971 157.384.748 -108.263.777
Fabricação de artigos do vestuário, produzidos
em malharias e tricotagens, exceto meias 2.912.069 158.088.285 -155.176.216
Fabricação de fibras artificiais e sintéticas 85.918.432 220.327.669 -134.409.237
Fabricação de linhas para costurar e bordar 12.248.432 9.351.346 2.897.086
Fabricação de meias 6.147.423 36.929.618 -30.782.195
Fabricação de tecidos de malha 56.560.124 554.203.079 -497.642.955
Fiação de fibras artificiais e sintéticas 71.022.337 1.424.995.049 -1.353.972.712
Preparação e fiação de fibras de algodão 1.364.889.619 140.725.752 1.224.163.867
Preparação e fiação de fibras têxteis naturais,
exceto algodão 90.299.272 35.482.314 54.816.958
Tecelagem de fios de algodão 155.762.679 240.757.924 -84.995.245
Tecelagem de fios de fibras artificiais e
sintéticas 80.320.664 1.020.476.246 -940.155.582
Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais,
exceto algodão 2.542.250 30.981.278 -28.439.028
Total 2.114.055.262 6.265.103.652 -4.151.048.390
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
No segmento de Calçados, a “Fabricação de artigos para viagem,bolsas e
semelhantes de qualquer material” foi a linha de produção que manteve-se com o maior
montante de valor nas importações de produtos no período entre 2010 e 2014. A
“Fabricação de calçados de material sintético” apresentou-se em segundo lugar de volume
de importação nos anos 2010 e 2011. A partir de 2012, essa posição passou a ser ocupada
pelo segmento de “Fabricação de tênis de qualquer material” (TABELA 6.9).
89
Tabela 6.9: Volume das importações dos setores do Calçados – Minas Gerais – 2010-2014 (R$ 1.000)
Segmentos 2010 2011 2012 2013 2014
Curtimento e outras preparações
de couro 77.569 49.464 27.697 14.253 23.603
Fabricação de artigos para
viagem, bolsas e semelhantes de
qualquer material
379.037 527.977 525.831 554.785 568.358
Fabricação de calçados de couro 88.039 112.099 107.061 117.400 104.247
Fabricação de calçados de
materiais não especificados
anteriormente
5.096 7.151 8.295 4.650 1.414
Fabricação de calçados de
material sintético 116.161 169.182 158.992 136.956 98.197
Fabricação de partes para
calçados, de qualquer material 64.394 65.132 105.163 83.976 74.689
Fabricação de tênis de qualquer
material 95.276 139.324 234.213 313.370 357.426
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
No que se refere aos segmentos da cadeia produtiva da moda – Calçados, o cenário
em 2014 posicionou Minas Gerais em uma situação melhor comparada ao segmento
citado anteriormente da cadeia conforme mostram os dados na tabela 6.10. Os dados
referentes à balança comercial de 2014 revelaram um desempenho positivo no setor de
calçados. Predominantemente, as importações concentraram-se na nos produtos de
calçados tipo tênis e calçados de couro que exigem maior investimento tecnológico.
90
Tabela 6.10: Balança comercial da Cadeia Produtiva de Calçados de Minas Gerais. Ano: 2014
Segmentos Exportações Importações Balança comercial
Curtimento e outras preparações de
couro 2.939.456 23.603 2.915.853
Fabricação de calçados de couro 499.940 104.247 395.693
Fabricação de artigos para viagem,
bolsas e semelhantes de qualquer
material
16.447 568.358 -551.911
Fabricação de calçados de materiais
não especificados anteriormente 4.147 1.414 2.733
Fabricação de calçados de material
sintético 498.479 98.197 400.282
Fabricação de partes para calçados, de
qualquer material 170.354 74.689 95.665
Fabricação de tênis de qualquer
material 64.684 357.426 -292.743
Total 4.193.507 1.227.935 2.965.572
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
No ramo de Joias e Bijuterias, as importações ocorreram com maior intensidade
de volume no produtos do setor “Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de
ourivesaria e joalheria” (TABELA 6.11).
Tabela 6.11: Volume das importações dos setores de Joias e bijuterias– Minas Gerais – 2010-2014 (R$
1.000)
Segmentos 2010 2011 2012 2013 2014
Fabricação de bijuterias e artefatos
semelhantes 36.174 34.331 45.015 51.887 46.279
Lapidação de gemas e fabricação de
artefatos de ourivesaria e joalheria 41.171 55.927 75.575 79.237 84.060
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
Em relação ao resultado da balança comercial de Joias e bijuterias, o resultado
geral foi positivo em 2014 originado da “Lapidação de gemas e fabricação de artefatos
91
de ourivesaria e joalheria” e, no caso, ocorreu um déficit quando se trata de Fabricação
de bijuterias e artefatos semelhantes (TABELA 6.11).
Tabela 6.12: Balança comercial dos setores de Joias e bijuterias – Minas Gerais – 2014 (R$)
Segmentos Exportações Importações Balança
comercial
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 13.663.738 46.278.950 -32.615.212
Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de
ourivesaria e joalheria 300.524.603 84.060.016 216.464.587
Total Geral 314.188.341 130.338.966 183.849.375
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
O cenário de volume de importações descrito revisita as reflexões no que se refere
à relação entre os atores envolvidos, sejam mercado, indústria nacional, recursos
materiais, capital social e governo estabelecem entre si para a satisfação do consumo
interno e manutenção da produção. Todas encontram-se imbricadas em um modelo de
produção adotado que reflete o posicionamento nas relações comerciais internas e
externas entre seus atores, destacadamente os proprietários nacionais, o governo e as
multinacionais.
6.3 Municípios exportadores
A ideia de concentração geográfica de empresas de concorrentes revisita os
estudos do economista Alfred Marshall ao dizer da convergência da atividade produtiva,
do fluxo de informações, notoriedade e reputação local ou regional alcançada frente ao
mercado. Superando o modelo de ‘economias de aglomeração’, o conceito de rede ou
clusters amplia a atribuição das economias externas ao se tornarem vetores provocadores
para a ação conjunta da coletividade local, de forma consciente.
Em Minas Gerais, destacam-se municípios nos quais a articulação produtiva entre
os agentes de produção, as representações empresariais e a gestão pública vem
empreendendo esforços nessa direção. Os Arranjos Produtivos Locais (APL) apresentam-
se como uma proposta de fortalecimento da economia setorizada através da aglutinação
regional dos vários componentes da cadeia produtiva de determinado segmento. A tabela
92
6.13 apresenta os principais municípios de Minas Gerais de acordo com o volume
exportado na Moda. Destacaram-se os municípios de Nova Lima, Ouro Preto, Betim e
Belo Horizonte.
Tabela 6.13: Principais municípios de Minas Gerais exportadores da cadeia produtiva da moda segundo
volume exportado – 2014 e 2015 (US$)
Municípios 2014 2015
Belo Horizonte 990.628.778 934.601.139
Betim 1.214.378.454 1.155.681.211
Bom Despacho 417.566 494.191
Cataguases 21.549.609 14.672.039
Contagem 408.261.723 448.208.613
Curvelo 2.542.186 5.106.935
Divinópolis 68.557.720 74.923.776
Dores de Campos 1.846.264 2.619.476
Governador Valadares 28.835.577 28.357.919
Jacutinga 2.763.732 2.413.050
Juiz de Fora 68.118.036 96.805.237
Lagoa Santa 66.238.378 89.800.832
Machado 3.196.431 4.219.000
Nova Lima 2.757.237.622 1.792.010.006
Nova Serrana 7.086.178 8.968.806
Ouro Preto 2.109.347.444 1.303.893.783
São Gonçalo do Pará 1.446.740 664.036
São Sebastião do Paraíso 48.482.773 25.797.745
Teófilo Otoni 21.204.807 20.479.360
Uberaba 230.905.458 181.874.768
Uberlândia 349.723.790 370.514.125
TOTAL 8.402.769.266 6.562.106.047
Fonte: Dados básicos: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Elaboração própria.
93
7. ORGANIZAÇÕES DA CADEIA DA MODA DE MINAS GERAIS
As alterações de acordos comerciais que vigoraram principalmente no período
pós-guerra, como foi o caso do Acordo Multifibras em 2004, e a emergência dos países
asiáticos nas relações comerciais do mundo com tecnologias inovadoras e preços
concorrenciais, implicaram às empresas brasileiras um novo posicionamento em termos
de processos, produtos e gestão. Essa nova dinâmica exigiu concomitantemente o
redirecionamento da representatividade dos diversos setores da economia, numa revisão
de papéis e relações institucionais. Além disso, a nova era do conhecimento implicou às
organizações uma maior profissionalização dos processos, de forma a aglutinar inovação,
gestão de excelência, criatividade e agilidade no tempo e espaço. Desta forma, a relação
produção e aprendizagem foi intensificada, fomentando a criação de instituições de
ensino dispostas à vocação da área. De maneira paradoxal, os arranjos produtivos locais
também se sujeitam à inclusão desta nova dinâmica. O fortalecimento de processos de
fabricação de produtos específicos em função, principalmente, de uma aglomeração
espacial tem revelado a ampliação do escopo no que se refere à inserção para a
potencialização dos negócios.
7.1 Conselhos, sindicatos e associações
Nesse cenário, inclui-se o setor de moda que exigiu dos sindicatos patronais uma
nova dinâmica iniciada pela qualificação da representatividade para exercício do direito
de defesa da classe junto às instituições, desde a própria federação na qual se encontram
conglomerados até o governo do Estado.
A organização sindical teve origem nas corporações de ofícios como associações
comuns no período mercantilista na Idade Média. Tratou-se de uma primeira forma de
organização que, dialeticamente, revelou a própria deterioração do modelo de produção
à época, no seio de uma sociedade sustentada por relações de domínios feudais e que
excluía a gama dos grupos responsáveis pela sua própria virilidade. As corporações de
ofício constituíam se em uma “forma de agrupamento do capital e do trabalho”
(NASCIMENTO, 2008, p. 66). Com o objetivo central de buscar as égides dos interesses
comuns, mantinham-se o propósito de monopolizar o ofício, restringindo-o ao grupo que
detinha poderes normativos sobre economia, mais especificadamente, sobre a
94
determinação de normas de comércio e preços, e ainda, o exercício nas corporações de
ofício constituía por vezes um canal obrigatório de representação política (BOBBIO;
MATTEUCCI; PASQUINO, 1997, p. 287).
O sindicalismo patronal é entendido como uma necessidade econômica e
institucional da classe patronal para equilibrar as relações entre os segmentos
trabalhadores e o estado. Conforme Nascimento (2008), as associações de artesãos e
mercantes originaram-se nos burgos, ou guildas, como eram conhecidas.
A era industrial marcou o início de um novo período na história da humanidade.
Foi a cisão de uma sociedade sustentada de forma evidente de divisão na produção para
uma nova sociedade de divisão sócio-técnica do trabalho com as novas relações que
passaram a configurá-la em sua totalidade. A burguesia tornou-se manufatureira e
capitalista, caracterizada pelo emprego de recursos e pessoas em regime assalariado para
produção em larga escala, de acordo com Cândido Filho (1982).
O liberalismo econômico do século XVIII significou a ascensão da burguesia ao
poder, declarando-se numa forma de organização classista revelada pelas conquistas
alçadas através da Revolução Francesa. A nova sociedade industrial e, à frente na história,
sociedade capitalista, sustenta-se nas relações sociais que reconfiguram o cotidiano e vida
das pessoas como um todo a partir do modelo central da relação estabelecida entre os
proprietários e trabalhadores, tendo o Estado o papel de agente desse modelo. Institui-se
então a entidade empresarial, iniciada pelos ofícios burgueses que hoje se identifica com
os atuais sindicatos patronais.
No Brasil, as representações de classes foram regulamentadas em 1943 através
das Leis de Consolidação do Trabalho (CLT). Ambíguo pelo momento histórico e forças
sociais à época, o texto representa em si o processo sócio-histórico de constituição dos
grupos sociais coesos no país e que inferem no desenvolvimento do país. Em 1988, com
a nova Constituição, sob os princípios democráticos e a livre associação, o novo
documento estabelece em seu art. 5º, incisos XVII, XVIII, XIX, XX e XXI:
Art. 5ª Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: XVII – é plena a liberdade de associação
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII – a criação de
associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XIX – as
associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter atividades
95
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado; XXI – as entidade associativas, quando expressamente autorizadas,
têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
(BRASIL, 1988).
Conforme o Conselho Nacional da Indústria, as 27 federações de indústrias
abrigam mais de 1.250 sindicatos patronais e 700 mil empresas industriais dos diversos
ramos da economia.
A Cadeia de Produtiva de Têxteis e Confecções atualmente está organizada pela
Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), fundada em 1957 com
o nome de Associação Paulista da Indústria Têxtil, representando 33 mil empresas
instaladas por todo o território nacional5.
O ramo de Calçados compõe-se de mais de oito mil empresas6 em solo brasileiro.
Uma de suas formas organizativas diz da Associação Brasileira das Indústrias de
Calçados – ABICALÇADOS, com sede em Novo Hamburgo (RS), com três décadas de
existência, tendo se iniciado localmente e ampliado para atuação em nível nacional.
Em nível nacional, a Cadeia Produtiva de Moda – ramo Joias e Bijuterias, ligado
também ao sistema de comércio, encontra-se organizada em associações de classe as
quais7:
i) IBGM – Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos;
ii) SNCAPP – Sindicato Nacional do Comércio Atacadista de Pedras Preciosas;
iii) ANORO – Associação Nacional do Ouro e Câmbio;
iv) ABGA – Associação Brasileira dos Gemólogos & Avaliadores de Gemas e Joias;
v) ADESIGN-SE – Associação dos Designers de Joias e Bijuterias dos Estados do
Sudeste;
vi) AMAGOLD – Associação Brasileira dos Fabricantes de Joias de Ouro Certificado
America's Gold Manufacturers Association;
vii) ABGM – Associação Brasileira de Gemologia e Mineralogia.
No Estado de Minas Gerais, as associações apresentam-se os seguintes grupos
associativos:
5
Disponível em http://www.abit.org.br/cont/quemsomos. Acesso em maio/2016. 6
Disponível em http://www.abicalcados.com.br/. Acesso em maio/2016. 7
Disponível em http://www.joiabr.com.br/associacoes.html. Acesso em maio/2016.
96
i) AJOMIG – Associação dos Joalheiros, Empresários de Pedras Preciosas e
Relógios de Minas Gerais;
ii) SINDIJÓIAS GEMAS / MG – Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria,
Lapidação de Pedras Preciosas e Relojoaria de Minas Gerais;
iii) GEA – Gem Export Association;
iv) ACCOMPEDRAS – Associação dos Corretores do Comércio de Pedras Preciosas
de Teófilo Otoni-MG.
No contexto contemporâneo de globalização da economia e estatização das
relações dos atores sociais, seja pelas vias executivas com proventos de políticas sociais,
seja pela via da judicialização, novos papéis têm sido conferidos às organizações
representativas. Os sindicatos tendem a assumir funções de cunho organizacional, ou seja,
atuando em âmbitos de consultoria e assistência, na vertente do aumento da capilaridade
dos negócios junto a outros setores e governo, minimizando a função da negociação
coletiva.
7.2 Instituições de ensino superior
Juntamente às configurações organizacionais em termos de representatividade, a
melhoria da qualidade de produtos encontra-se imbricada com a competência das
indústrias na criação e inovação de seus produtos, além da capacidade organizacional.
Isto diz da formação de profissionais qualificados para a atuação no ramo, com visão
mercadológica e diversificada formação histórico-cultural a fim de conciliar a inovação
com a tradição.
O termo ‘indústria criativa’ surgiu na década de 90 na Austrália, tendo sido
impulsionado na Inglaterra. Os movimentos socioeconômicos em torno da economia
mundial baseada na produção, principalmente, começar a assumir novos
direcionamentos, trazendo o conhecimento para o centro da produção.
“Atividades que tem a sua origem na criatividade, competências e talento
individual, com potencial para a criação de trabalho e riqueza por meio da
geração e exploração de propriedade intelectual (...). As indústrias criativas
têm por base indivíduos com capacidades criativas e artísticas, em aliança com
gestores e profissionais da área tecnológica, que fazem produtos vendáveis e
cujo valor econômicos reside nas propriedades culturais (ou intelectuais).
(UNITED KINGDOM, 1998, p. 5.)
97
No Brasil, após a Lei de Diretrizes de Bases de 1996, mais especificamente em
seu Art. 53, que confere em seu texto a autonomia às instituições de ensino superior,
sejam públicas ou privadas, de criação de cursos e programas de educação superior, bem
como ficar currículos, observa-se a diversificação nos processos formativos, com novas
frentes de trabalho aliadas às novas demandas societárias, dentre elas cursos destinados
mais precisamente à área da moda.
Atualmente, o curso superior de Moda é o 77º em quantidade de estudantes
matriculados, estando concentrados em São Paulo. No Brasil, 86% das instituições de
ensino superior que ofertam esse curso são privadas, sendo 49% sem fins lucrativos com
5,54 mil alunos matriculados e 37% com fins lucrativos em 4,25 mil alunos (TABELA
7.1).
Tabela 7.1: Instituições de ensino superior segundo modalidade com curso de Moda – Brasil – 2013
Modalidade de gestão Número de alunos
matriculados Composição (%)
Privada sem fins lucrativos 5.540 49,0
Privada com fins lucrativos 4.250 37,0
Pública federal 650 5,7
Pública estadual 557 4,9
Pública municipal 373 3,3
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.
A região Sudeste concentra 64% das instituições que oferecem o curso superior
de Moda ou afim e na região Sul encontram-se 28%. Conforme apresentado pela tabela
7.2, Universidade Anhembi Morumbi é a instituição de ensino com o maio número de
alunos matriculados (1.680) em curso de Moda no Brasil. A região Centro-Oeste
apresentava 4,0%, a região Nordeste 3,1% e a Norte apenas 1,0% com 118 alunos
matriculados.
98
Tabela 7.2: Principais instituições de ensino superior do Brasil com oferta do curso de Moda – 2013
Instituições Número de alunos
matriculados
Participação em
relação ao total do
Brasil (%)
Universidade Anhembi Morumbi 1.680 15,0
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas
Unidas 942 8,3
Universidade Feevale 710 6,2
Universidade Veiga de Almeida 668 5,9
Faculdade Santa Marcelina 568 5,0
Centro Universitário Senac 508 4,5
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.
Em Minas Gerais, a instituição de ensino UNA, no campus em Belo Horizonte,
possuía 333 alunos matriculados no curso de Moda em 2013. A Universidade Federal de
Minas Gerais possuía 197 estudantes matriculados nesse curso em 2013, o que
representava 1,7% em relação ao total Brasil.
Adicionalmente, conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (2016), a USP oferta o curso de Bacharelado em Têxtil e Moda com carga
horária de 3.150 horas.
Apesar do aumento expressivo de estudantes em curso superior na área de
Moda/afins, os dados revelaram que o crescimento não se deu de forma contínua. Em
2010, houve uma queda significativa em termos de número de ingressantes e
matriculados. Nesse ano foram 781 alunos matriculados com forte evolução em 2011 cujo
número subiu para 9,63 mil e em 2012 passou para 11,4 mil e se estabilizado. A tabela
7.3 apresenta o número de alunos por situação nos anos de 2009 e 2013.
Tabela 7.3: Evolução do número de alunos do curso superior em Moda e afins – 2009 e 2013 (mil alunos)
Situação dos alunos 2009 2013
Ingressantes 3,00 4,06
Matriculados 8,63 11,40
Concluintes 1,59 1,77
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.
O curso/campo de Desenho de Moda assume a 89ª posição em termos de
quantidade de alunos matriculados no Brasil em 2013. No total, o curso possui 8,64 mil
alunos matriculados em todo o país. A concentração maior de estudantes localiza-se no
99
Estado do Ceará com 681 estudantes. Além disso, o curso superior em Desenho de Moda
é eminentemente ofertado por instituições privadas (92%) e apenas seis universidades
públicas do Brasil ofertam esse curso conforme apresenta tabela 7.4.
Tabela 7.4: Instituições de ensino superior públicas com curso de Desenho de Moda – Brasil – 2013
Instituições Número de alunos
matriculados
Participação em
relação ao total do
Brasil (%)
Universidade Federal do Piauí 260 3.0
Universidade Tecnológica Federal do Paraná 257 3,0
Instituto Federal de Educação, Ciência em Tecnologia
do Sudeste de MG (Juiz de Fora) 100 1,2
Universidade Estadual de Goiás 99 1,1
Instituto Federal de Educação, Ciência em Tecnologia
do Rio Grande do Sul 28 0,3
Universidade Comunitária da Região do Chapecó 6 0,1
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.
A região Sudeste concentra o maior número de estudantes matriculados no curso
de Desenho da Moda com 3,09 mil alunos, seguido do Nordeste com 2,55 mil. O Sul
apresentou 2,28 mil alunos matriculados em 2013. A tabela 7.5 apresenta os principais
municípios que possuem instituições de ensino com a oferta do curso de Desenho de
Moda no ano de 2013.
Tabela 7.5: Principais municípios brasileiros segundo número de alunos matriculados no curso de Desenho
de Moda - 2013
Municípios Número de alunos
matriculados
Participação em
relação ao total do
Brasil (%)
Fortaleza 1.270 15,0
São Paulo 962 11,0
Teresina 447 5,2
Caxias do Sul 338 3,9
Belo Horizonte 329 3,8
Salvador 319 3,7
Apucarana 257 3,0
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.
Belo Horizonte registrou 329 alunos matriculados no curso de Desenho de Moda,
sendo que 64% dos estudantes encontram se matriculados na Faculdade Estácio de Sá. A
100
cidade mineira de Juiz de Fora atende a 2,5% do total de alunos matriculados no curso
superior de Desenho da Moda do Brasil, o que corresponde a 218 alunos em 2013.
Os dados do curso superior de Design representam também a tendência pelo
aumento da procura (TABELA 7.6). Os dados mostram um aumento de 203,51% de
alunos ingressantes entre 2009 e 2013 e 166,66% de aumento de alunos matriculados no
mesmo intervalo. Além disso, em 2013, 76% dos cursos são oferecidos pela rede privada
(com e sem fins lucrativos), 16% são ofertados por instituições públicas de ensino federal,
6% na esfera estadual e 1,9% em instituições de gestão pública municipal.
Tabela 7.6: Evolução do número de alunos do curso superior em Design e afins – 2009 e 2013 (mil alunos)
Situação dos alunos 2009 2013
Ingressantes 5,70 17,30
Matriculados 15,60 41,60
Concluintes 1,74 6,29
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.
No que se refere aos municípios, a maioria das ofertas do curso de Design
encontra-se nas regiões Sudeste e Sul, seguidas da Nordeste (TABELA 7.7).
Tabela 7.7: Principais municípios brasileiros segundo número de alunos matriculados no curso de Design
- 2013
Municípios Número de alunos
matriculados (mil)
Participação em
relação ao total do
Brasil (%)
São Paulo 9,32 22,0
Rio de Janeiro 3,77 9,0
Curitiba 2,39 5,7
Belo Horizonte 2,09 5,0
Manaus 1,09 2,6
Florianópolis 1,08 2,6
Recife 1,07 2,6
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.
Em Minas Gerais, Belo Horizonte se destacou com o registro de 2,09 mil alunos
(2,6%) do total do país para esse curso (TABELA 7.7). Já município de Uberlândia
participou da oferta de ensino superior em Design com 1,3%, o que corresponde a 523
alunos matriculados em 2013. A cidade de Juiz de Fora registrou 193 estudantes
matriculados em 2013, o que equivale a 0,46% da oferta total do país.
101
Em relação ao turno em que os estudantes se encontram matriculados, tem-se que
49,2 mil estão matriculados no turno da noite enquanto que 35,5 mil estudantes no turno
da manhã, em 2013. Os demais se encontravam distribuídos entre o horário integral e o
turno da tarde.
O curso de Engenharia Têxtil no Brasil tem oferta significativa na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, com 218 estudantes do total de 524 estudantes
matriculados no país. Esse curso é ofertado principalmente em instituições públicas nas
quais agregam 90% dos alunos optantes matriculados. A tabela 7.8 apresenta as
universidades públicas que ofertam o curso.
Tabela 7.8: Instituições de ensino superior com curso de Desenho de Moda – Brasil – 2013
Instituições Número de alunos
matriculados
Participação em
relação ao total do
Brasil (%)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 218 42,0
Universidade Estadual de Maringá 133 25,0
Universidade Tecnológica Federal do Paraná 121 23,0
Faculdade Senai – Cetiqt (privada) 52 9,9
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.
A Universidade Federal de Santa Catarina também oferta o curso de Bacharelado
em Engenharia Têxtil, conforme Portaria autorizativa 17 de 21/08/20138.
O curso superior de Produção Têxtil atualmente é ofertado em quatro instituições
de ensino: Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, Centro Universitário
de Brusque, Centro Universitário Católica de Santa Catarina e Faculdade de Tecnologia
Senai Blumenau - CET Blumenau. Pode-se algumas características dessas instituições de
ensino:
i) Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, instituição pública,
através da Faculdade de Tecnologia de Americana – FAREC-AM localizada
em Americana. A carga horária é de 2.800 horas. Essa mesma instituição de
ensino superior oferece o Tecnológico em Tecnologia Têxtil com carga
horária de 2.430 horas e o curso Têxtil e Moda com 2.800 horas;
8
Disponível em http://emec.mec.gov.br/emec/consulta. Acesso em maio/2016.
102
ii) Centro Universitário de Brusque, localizado em Santa Catarina, com carga
horária de 2.410 horas. O curso de Bacharelado em Design de Moda também
é ofertado nesta instituição, sendo em sete semestres e carga horária de 2.410
horas;
iii) Centro Universitário Católica de Santa Catarina em Jaraguá do Sul com carga
horária de 2.565 horas. Essa instituição também oferta o curso de bacharelado
em Moda, sendo que em 2013 ela possuía 133 alunos no referido curso, ou
seja, 1,2% da quantidade de estudantes matriculados no país;
iv) Faculdade de Tecnologia Senai Blumenau - CET Blumenau, com carga
horária de 2.690 horas distribuída em sete semestres. Esta unidade do Senai
oferece também o curso Tecnológico em Produção de Vestuário na mesma
versão do anteriormente citado.
Outro curso superior para a área de produção é Indústria do Vestuário que conta
com 758 estudantes matriculados no país, sendo que 347 deles encontra-se na Faculdade
Senai-Cetiqt, estado do Rio de Janeiro. O curso é ofertado exclusivamente em
universidade privada sem fins lucrativos.
Tabela 7.9: Instituições de ensino superior privadas com curso de Indústria do Vestuário – Brasil – 2013
Instituições Número de alunos
matriculados
Participação em
relação ao total do
Brasil (%)
Faculdade SENAI-Cetiqt (RJ) 347 46,0
Faculdade de Tecnologia SENAI Antoine Skaf (SP) 272 36,0
Faculdade de Tecnologia SENAI Blumenau (SC) 72 9,5
Faculdade de Tecnologia SENAI Jaraguá do Sul (SC) 46 6,1
Faculdade de Tecnologia SENAI Rio do Sul (SC) 12 1,6
Faculdade de Nova Serrana (MG) 9 1,2
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.
A instituição de ensino que oferece o curso de Indústria do Vestuário em Minas
Gerais está localizada em Nova Serrana, porém não faz parte da rede Senai de ensino
profissionalizante.
103
Já o curso superior de Indústria Têxtil no Brasil encontra-se com 690 alunos
matriculados (dados de 2013), com maior concentração em São Paulo sendo ofertado pela
USP – Universidade de São Paulo que obteve o maior número de concluintes – 125
profissionais. A tabela 7.10 apresenta as outras instituições de ensino que possuem o
curso.
Tabela 7.10: Instituições de ensino superior públicas com curso de Indústria Têxtil – Brasil – 2013
Instituições Número de alunos
matriculados
Participação em
relação ao total do
Brasil (%)
Faculdade SENAI-Cetiqt (RJ) 330 48,0
Universidade de São Paulo (SP) 259 38,0
Centro Universitário de Brusque (SC) 77 11,0
Faculdade de Tecnologia SENAI Blumenau (SC) 24 3,5
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). DataViva.
O curso de Modelagem é ofertado no Centro Universitário Senac – SP. Esse curso
possui o nome de Bacharelado em Design de Moda – Modelagem, sendo presencial em
quatro anos de curso e 2.808 horas no total.
Já o curso de Estilismo é ofertado atualmente em quatro instituições de ensino
superior no país, as quais:
i) Universidade Federal do Piauí – UFPI, sendo na modalidade integralização com
duração de nove períodos e carga horária de 2.910 horas, cujo título do
profissional é Bacharel em Moda, Design e Estilismo.
ii) Centro Universitário Senac – SP com o nome de Design de Moda – Estilismo,
sendo que o bacharelado tem duração de quatro anos e carga horária de 3.180
horas;
iii) Universidade Cândido Mendes, nas unidades de Niterói e Rio de Janeiro e carga
horária de 1.980 horas distribuída em quatro semestres;
iv) Centro Universitário Maurício de Nassau – Unissau, localizado na cidade de
Recife em Pernambuco, em estrutura de tecnólogo de quatro semestres e carga
horária de 1.680 horas.
Na Cadeia Produtiva da Moda – ramo Joias e Bijuterias, no Brasil existe somente
um curso profissionalizante em nível superior – Produção Joalheira – que acontece na
104
Faculdade de Tecnologia do Istituto Europeo Di Design, em São Paulo. Pelos dados de
2013, haviam 48 alunos matriculados, sendo que a instituição já liberou 20 profissionais
para o mercado. O curso possui carga horária de 2.400 horas distribuídas em seis
semestres.
No ramo de Calçados, conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (2016), não há registro de oferta de cursos em atividade. A Universidade
do Vale do Itajaí – Univali já ofereceu o Design de Calçados, porém atualmente encontra-
se extinto.
A tecnologia sempre esteve presente a cada tempo da humanidade. Porém, as
atuais condições cibernéticas provocaram uma aceleração neste modo de ser e de pensar.
As múltiplas conexões trouxeram consigo a velocidade no acirramento dos negócios e de
suas caracterizações.
Parafraseando, o fenômeno da celebridade instantânea ultrapassou o mundo dos
artistas e cristalizou-se como um prenúncio nas mais diversas formas de se pensar a
perenidade do modo de existir. A profecia de Andy Warhol, pai do pop rock, na década
de 60 do século passado ao dizer que "um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama"
em uma época de manifestação popular em contestação aos processos produtivos em série
contribuiu para o entendimento a uma perspectiva de que às máquinas e seus resultados
ensejam-se culturas, modo de ser e, principalmente, o próprio movimento da humanidade
em sua complexidade. Organizações buscam constantemente a reinvenção ou mesmo a
inovação para que o anonimato não as esquadrinhe ao mero campo do desejo
imaterializado.
Professor Catedrático de Economia da Universidade de Coimbra, Boaventura de
Sousa Santos9 ao sustentar em seu ‘Discurso sobre as Ciências’ sobre a crise do
paradigma dominante da ciência, reafirma que todo trabalho científico deve se voltar à
sociedade.
[...] a ciência pós-moderna, ao sensocomunizar-se, não despreza o
conhecimento que produz tecnologia, mas entende que, tal como o
conhecimento se deve traduzir em autoconhecimento, o desenvolvimento
tecnológico deve traduzir-se em sabedoria de vida” (SANTOS, 1988).
9
Disponível em http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/4204/uma_breve_analise_do_discurso_sobre_as_ciencias_de_boaventura_de_sousa_santos. Acesso em
maio/2016.
105
O conhecimento é compreendido, então, como um bem a serviço da sociedade,
que possibilita ao capital humano associado às inovações tecnológicas que gera como os
possíveis caminhos para suscitarem políticas de desenvolvimento, seja em nível regional
ou global.
No estudo da Cadeia Produtiva da Moda, com base nos dados levantados
referentes à formação de mão de obra especializada, observa-se que o Estado de Minas
Gerais se apresenta de forma tímida. Da mesma se encontra a oferta de cursos na área de
moda, sendo que esses se concentram na capital do Estado. Juiz de Fora e Uberlândia são
outros municípios citados dentre aqueles que abrigam instituições de ensino superior.
Nessas mesmas cidades os processos de produção articulam-se num esforço
certamente planejado para que o modelo puramente concorrencial seja suplantado pela
possibilidade de fortalecimento do setor e maior competência competitiva para o mercado
globalizado.
7.3 Arranjos Produtivos Locais
À solidariedade mecânica pela qual se fez jus anos afim as organizações em seus
primórdios, sucumbida pelas demandas societárias para uma ruptura endógena do esteio
singular, pendenciou-se à solidariedade orgânica pela qual pressupõe a articulação do
todo. A exigência de funções mais especializadas e de relações interpessoais amplia a
divisão social do trabalho, exigindo-se o estabelecimento da chamada solidariedade
orgânica, à luz dos teóricos durkhenianos. Isto resignifica as relações com a criação de
espaços para o desenvolvimento, sem necessariamente estabelecer-se consenso ou
coletividade, mas em função da interdependência dos processos. Os Arranjos Produtivos
Locais (APL) são compreendidos como a convergência de ideias e ações de atividades
produtivas correlatas e inovativas de forma integrada em relação ao espaço e às vantagens
competitivas. Esse modelo, em princípio, sugere a minimização do aspecto concorrencial
individual para o modelo de aglomeração num intuito de possibilidades que aperfeiçoam
esforços e marketing da região em cenário global.
Nas últimas décadas, os cenários macro e microeconômico mundial vêm sofrendo
transformações significativas com o acelerado processo de globalização acompanhado
por revoluções tecnológicas e quebra de barreiras e o livre comércio. Isso tem
106
influenciado nos rumos da economia, tornando cada vez maior a competitividade e a
concorrência entre as empresas.
De acordo com Crocco et al (2003) e Lastres e Cassiolato (2003), o processo de
globalização vem acelerando e tornando cada vez maior a dinâmica da inovação, fazendo
com que, tanto os indivíduos, quanto as organizações, necessitem, renovar
frequentemente, suas competências, como qualidade, velocidade de resposta e
flexibilização.
A discussão sobre Arranjos Produtivos Locais (APL’s) e clusters vem adquirindo
crescente importância no mundo, em função da mudança do ambiente competitivo das
empresas. Tais modificações ocorreram simultaneamente à emergência de um novo
paradigma tecnológico, que impôs um processo produtivo mais intensivo baseado no
conhecimento contínuo, de acordo com Santos, Crocco e Lemos (2002).
Essa forma de organização tem provado ser bastante eficiente, tendo, ao longo dos
anos, contribuído para o sucesso industrial de diversas regiões, essencialmente, pelo
dinamismo das unidades produtivas, pela capacidade de inovação e maneira de
sobrevivência das médias e pequenas empresas que dela fazem parte, alem de ser um
promissor instrumento de política econômica, mostrando que APL são importantes
ferramentas de ordenamento territorial e integração regional.
Os estudos sobre os efeitos dos APL relacionam sua importância com o
desenvolvimento regional e a mobilização de economias locais ocorrendo tanto em
industrias tradicionais como a pesca no Chile, têxtil na Itália, moveleira na Dinamarca e
de confecções na Tailândia e Taiwan, quanto em indústrias modernas como da
microeletrônica no Silicon Valey nos Estados Unidos (CROCCO et al, 2003). Segundo
Dalla Vecchia (2006), vários países reconhecem o potencial das micro e pequenas
empresas que englobam os arranjos e suas capacidades de gerar emprego e renda e até
mesmo reduzir desequilíbrios regionais.
Sobressaem na literatura dois exemplos de sucesso em que o APL provocou
melhoras no desenvolvimento econômico local. São os casos da “Terceira Itália” e do
Vale do Silício, nos EUA (CASSIOLATO; LASTRES, 2003). Essas regiões cresceram a
taxas superiores à média dos seus continentes com elevada renda per capita e altos índices
de geração de empregos,
107
Com características essenciais como cooperação, inovação, democracia e
envolvimento do setor público, os distritos industriais italianos elevaram as exportações
e intensificaram o processo de inovação na Itália nas décadas de 80 e 90. Com o alto
número de externalidades positivas, o caso da “Terceira Itália” é utilizado como base nos
estudos de arranjos produtivos locais. (DALLA VECCHIA; 2006).
Um arranjo produtivo pode envolver mais de um tipo de produto bem como
diferentes setores e cadeias produtivas, a exemplo do que acontece com a moda que possui
diversas atividades direta e indiretamente relacionadas.
A compreensão desse tipo de organização espacial também deve ser considerada
ao se discutir a implantação ou implementação de políticas de desenvolvimento
industrial/regional/nacional. Há de se considerar na análise os arranjos existentes nas
áreas geográficas, bem como possíveis potenciais que significam prováveis novos
arranjos.
Em Minas Gerais, no ramo da cadeia produtiva de moda, os arranjos produtivos
locais do ramo têxtil-confecções estão concentrados principalmente nas cidades listadas:
i) Alfenas;
ii) Borda da Mata;
iii) Divinópolis;
iv) Guaranésia;
v) Inconfidentes;
vi) Itaúna;
vii) Jacutinga;
viii) Juiz de fora;
ix) Monte Sião;
x) Montes Claros;
xi) Muriaé;
xii) Ouro Fino;
xiii) São Lourenço.
O Estado vem apresentando cenários de desenvolvimento industrial por
microrregiões como é o caso das cidades de Ubá e Campo Belo.
No ramo da cadeia produtiva de modas – calçados e couros, prioritariamente
destaca-se a cidade de Nova Serrana. No local, as empresas de micro e menor portes
108
fortaleceram-se através do sistema de parcerias, tornando a cidade e região um nicho de
mercado na área. Como característica essencial dos arranjos, a cooperação restringe-se ao
processo de produção final. No que se refere aos maquinários, produção tecnológica e
mesmo conhecimento, não há referência expressiva local.
Belo Horizonte assume destaque nesse ramo como região de produção de calçados
e bolsas, incluindo a destinação à exportação.
O ramo de joias e bijuterias da cadeia produtiva de moda de Minas Gerais é
representado principalmente pelos arranjos produtivos locais nos municípios de Nova
Lima e Teófilo Otoni, sendo que esse último também apresenta produção de artefatos em
pedraria desse ramo. A produção de gemas também se concentra em Araçuaí e região.
Para o fortalecimento dessa modalidade de organização espacial da produção,
observa-se a forte presença de políticas de incentivo estadual, bem como entidades de
representação do setor que atuam como organismos na coordenação, intensificadas em
Minas Gerais a partir da década de 90. Em geral, não se evidencia uma direção local com
características que convergem a produção ao mercado, com investimentos em pesquisa e
perfis de consumo, o que pode, em princípio, representar um dos limites para o relativo
crescimento no cenário mundial.
7.4 Grandes empresas
A cadeia produtiva da Moda é composta por doze grupos CNAE conforme o
conceito núcleo estipulado por este trabalho. Do faturamento total observado em 2015, o
grupo que mais se destaca é ‘Fabricação de calçados’ que representa 28,11% (TABELA
7.11) – apesar desse destaque, a divisão de Calçados (formadas pelos grupos: 15.1, 15.2,
15.3 e 15.4) representa 39,17% do faturamento da Moda. A divisão de maior
representação (59,12%) é Têxteis e Confecções (grupos: 13,1, 13.2, 13.3, 13.4, 14.1, 14.2
e 20.4). Por fim, tem-se a divisão de Joias e Bijuterias (1,71%).
109
Tabela 7.1: Maiores contribuintes e participação no setor da Moda – Minas Gerais – 2015
Grupo
CNAE Descrição CNAE
Maiores contribuintes Participação
no
faturamento
total
Número de
empresas
Participação
percentual
13.1 Preparação e fiação de fibras têxteis 25 99,60 6,46
13.2 Tecelagem, exceto malha 25 99,81 14,88
13.3 Fabricação de tecidos de malha 16 100,00 1,58
13.4 Acabam. em fios, tecidos e artefatos têxteis 21 100,00 5,47
14.1 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 25 56,95 27,79
14.2 Fab. de artigos de malharia e tricotagem 25 90,25 1,34
20.4 Fab. de fibras artificiais e sintéticas ... ... 1,59
15.1 Curtimento e outras preparações de couro 25 99,99 9,09
15.2 Fab. de artigos para viagem e de artefatos de
couro 25 99,74 1,12
15.3 Fabricação de calçados 25 50,34 28,11
15.4 Fab. de partes para calçados, de qualquer
material 25 97,34 0,84
32.1 Fab. de artigos de joalheria, bijuteria e
semelhantes 20 100,00 1,71
Nota: ... Dado numérico não disponível.
Fonte: Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEFAZ).
Na análise por grupo ainda pode-se destacar positivamente a ‘Confecção de
artigos do vestuário e acessórios’ (27,79%) e negativamente o grupo de ‘Fabricação de
partes para calçados, de qualquer material’ (0,84%). A Tabela 7.11 também destaca o
número de empresas e sua participação no faturamento do grupo – por exemplo, o grupo
‘Fabricação de artigos de malharia e tricotagem’ possui 25 empresas, que juntas
respondem por 90,25% do faturamento desse grupo em 2015 no Estado de Minas Gerais.
Ressalta-se ainda que o reduzido número de empresas contribuintes no subsetor de
“Fabricação de fibras artificiais e sintéticas”.
A Tabela 2 destaca as dez principais empresas da ‘Indústria de Transformação -
têxtil, vestuário e outros’ para Minas Gerais em 2014, segundo o ranking do
MercadoComum. A maior receita operacional líquida foi obtida pela Coteminas S.A. –
empresa situada no município de Montes Claros e que se destaca pela fabricação de
artefatos têxteis. Vale destacar que a receita operacional líquida dessa empresa é mais do
que o dobro do que a segunda colocada no ranking – Cia Tecidos Santanense.
110
Tabela 7.2: Principais empresas – classificação por setor – Minas Gerais – 2014
Indústria da Transformação - têxtil, vestuário e outros Receita Operacional Líquida
em 2014 (R$ mil)
Coteminas S.A. 1.103.399
Cia Tecidos Santanense 406.434
Cia de Fiação e Tecidos Cedro e Cachoeira 388.417
Cia de Fiação e Tecidos Santo Antônio 327.833
Cia Industrial Cataguases 189.534
Estamparia S.A. 73.890
Luíza Barcelos Calçados S.A. 57.550
Cia Fabril Mascarenhas 44.555
Cia Manufatora de Tecidos de Algodão 43.353
S.A. Fábrica de Tecidos São João Evangelista 23.897
Fonte: Mercado Comum (2015).
111
8. MATRIZ INSUMO-PRODUTO APLICADA A MODA
A Matriz Insumo-Produto (MIP) construída especialmente para a análise da cadeia
da moda ampliou o nível de desagregação da matriz apresentada pela Fundação João
Pinheiro (2015) para o ano de 2008 contemplando 90 produtos e 42 atividades conforme
apresentado no capítulo 2 pelo qual foi empregada para delimitação da cadeia produtiva
da Moda de Minas Gerais.
Parte-se agora para uma análise dessa matriz com foco nos produtos:
beneficiamento de algodão e de outros têxteis e fiação, tecelagem, fabricação de outros
produtos têxteis, artigos do vestuário e acessórios, preparação de couro e fabricação de
calçados, fabricação de calçados e lapidação de gemas, fabricação de joias e bijuterias.
As atividades: têxteis, artigos e vestuário e acessórios, artefatos de couro e calçados.
A tabela 8.1 apresenta a decomposição das vendas setoriais da cadeia da moda.
Tabela 8.1: Decomposição da demanda da cadeia da moda – Minas Gerais – 2008 (%)
Setores Demanda
Intermediária
Demanda Final
Exportação
Internacional
de Bens
Exportação
de Bens
Interestadual
Consumo
das
Famílias
Outras
demandas
finais
Total
Demanda
Final
Moda 15,48 4,62 47,58 31,52 0,80 84,52
Têxtil-vestuário 15,32 3,72 50,00 30,17 0,78 84,68
Beneficiamento de
algodão e de outros
têxteis e fiação
43,77 5,76 51,65 0,10 -1,27 56,23
Tecelagem 37,10 6,42 54,89 0,00 1,59 62,90
Fabricação outros
produtos Têxteis 2,85 6,36 88,44 2,26 0,09 97,15
Artigos do
vestuário e
acessórios
4,12 0,37 26,65 67,92 0,95 95,88
Calçados 16,22 8,12 37,58 37,38 0,70 83,78
Preparação do
couro e fabricação
de artefatos -
exclusive calçados
37,73 17,16 22,64 21,30 1,17 62,27
Fabricação de
calçados 2,81 2,49 46,90 47,40 0,40 97,19
Joias e bijuterias 12,87 4,88 58,10 20,43 3,72 87,13
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
A decomposição da demanda da tabela 8.1 foi dividida em cinco categorias:
exportações internacionais, exportações interestaduais, consumo das famílias e outras
112
demandas (consumo do governo, formação bruta de capital fixo e variação de estoques).
A demanda intermediária representa o consumo de todos os setores produtivos da
economia.
O segmento de beneficiamento de algodão e fiação exportou para outros estados
brasileiros 54,65% da sua produção e forneceram 43,77% para outros setores da
economia. A tecelagem apresentou comportamento similar ao setor de beneficiamento e
fiação, dado a característica desses setores de preparação e transformações iniciais da
matéria-prima para uso em outras etapas de produção. Diferentemente da fabricação de
produtos têxteis que possui apenas 2,85% da demanda total destinada a outros setores da
economia e apresentando uma característica de forte exportação para outros estados
brasileiros, pois a demanda desse setor de exportações interestaduais foi de 88,44%.
A fabricação de vestuário e acessórios, em si, é voltada majoritariamente para o
consumo interno com 67,92% para as famílias ante 26,65% para outros estados e apenas
0,37% destinado a outros países. Assim, resultou-se que o setor têxtil-vestuário apresenta
pouca representatividade externa com ligeiros 3,72% das vendas finais destinadas a
consumidores estrangeiros. Dessa forma, conforme sugere para sob perspectiva brasileira
Lemos et al (2009), a adoção de uma estratégia que fortaleça e integre a cadeia têxtil-
vestuário precisa trabalhar na representatividade externa do setor, principalmente tratando
da fabricação de vestuário, já que esse possui o maior contato com os consumidores finais
e, assim, consegue sinalizar para toda cadeia quais as mudanças dos padrões de consumo
e as novas tendências da moda.
No caso da cadeia de couros e calçados, a preparação do couro apresentou-se
diluída em termos de destinação de sua proporção com 37,73% de demanda intermediária,
22,64% para outros países, 21,30% para consumo interno e 17,16% para outros países. A
fabricação de calçados possui 47,40% de suas vendas finais destinadas ao consumo das
famílias e 46,90% exportado para outros estados brasileiros. A exportação de outros
países representou 2,49%. A cadeia de couros e calçados como um todo resultou em
37,58% exportações para outros estados, 37,38% para consumo interno, 16,22% de
demanda intermediária, 8,12% para outros países e 0,7% de outras demandas. Por fim, o
setor de joias e bijuterias volta-se, em grande parte, para exportação destinadas a outros
estados e para o consumo interno.
113
A tabela 8.2 mostra a composição das compras intermediárias de três setores da
moda por produtos comprados. É possível visualizar a diferenciação nos encadeamentos,
dado que os três setores possuem características diferentes e também as realizações de
compras intra-cadeia.
Tabela 8.2: Compras intermediárias da cadeia da Moda – Minas Gerais – 2008 (R$ 1.000.000)
Descrição do produto Têxteis
Artigos do
vestuário e
acessórios
Artefatos
de couro e
calçados
Outros produtos e serviços da lavoura 2,30 0,00 0,00
Algodão herbáceo 6,97 0,00 0,00
Abate e preparação de produtos de carne 0,00 0,14 14,23
Beneficiamento de algodão e de outros têxteis e fiação 12,35 4,11 0,14
Tecelagem 7,48 44,67 0,71
Fabricação outros produtos Têxteis 0,65 1,88 0,17
Artigos do vestuário e acessórios 0,00 0,64 0,00
Preparação do couro e fabricação de artefatos - exclusive
calçados 0,00 0,55 34,75
Fabricação de calçados 0,00 0,00 4,13
Outros produtos do refino de petróleo e coque 7,67 0,33 0,45
Produtos químicos inorgânicos 1,91 0,12 2,80
Produtos químicos orgânicos 2,25 0,25 3,33
Fabricação de resina e elastômeros 4,07 0,10 0,84
Produtos de metal - exclusive máquinas e equipamento 0,00 0,00 1,50
Máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos 2,31 0,56 0,43
Produção e distribuição de eletricidade, gás, água, outros 13,11 5,33 4,43
Comércio 19,83 22,70 13,13
Transporte e Armazenagem 5,52 3,97 5,23
Intermediação financeira 0,45 0,70 0,25
Aluguel 1,33 2,87 1,29
Serviços prestados às empresas 7,37 9,28 4,89
Outros setores 4,43 1,82 7,29
Total 100,00 100,00 100,00
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
No caso dos têxteis, os produtos da produção e distribuição de eletricidade, gás e
outros possui um peso próximo ao beneficiamento de algodão e fiação, que fornecem
matéria-prima básica, o primeiro 13,11% e o segundo 12,35%. O comércio interage com
todos os setores citados, dado que os produtos finais são direcionados para o mercado
consumidor. A tecelagem possui uma participação de 44,67% das compras do setor de
artigos de vestuário e acessórios. Além de uma relação forte de compras dentro do próprio
114
setor de couros e calçados (34,75%), a relação de compra e venda desse setor com a
indústria de alimentos correspondeu 14,23%.
8.1 Modelo Insumo-Produto
Para a obtenção dos índices setoriais e os multiplicadores derivados da Matriz
Insumo-Produto, conforme Miller e Blair (1985), é válido ressalta que, o modelo insumo-
produto pode ser representado por um sistema com a seguinte forma matricial:
𝐴𝑋 + 𝑌 = 𝑋 (1)
sendo 𝐴 é a matriz de coeficientes diretos, que indica a quantidade de insumo de um setor
𝑖 necessária para produzir uma unidade de produto final do setor 𝑗, ou seja, é calculada
através da razão 𝑎𝑖𝑗 = 𝑥𝑖𝑗 𝑥𝑗⁄ ; 𝑋 é o vetor com os valores da produção total por setor 𝑖; e
𝑌 é a demanda final por setor 𝑖.
Dessa forma é possível estabelecer qual a produção total necessária para atender
a demanda final ao isolar a variável X:
𝑋 = (𝐼 − 𝐴)−1 𝑌 (2)
𝑋 = 𝐵𝑌 (3)
onde 𝐵 = (𝐼 − 𝐴)−1 é a matriz de coeficientes técnicos diretos e indiretos, também
chamada de matriz de Leontief. Os elementos dessa matriz podem ser interpretados como
a produção total do setor 𝑖 necessária para produzir uma unidade de demanda final do
setor 𝑗.
A tabela 8.3 apresenta os multiplicadores simples de produção das atividades da
moda. Esses multiplicadores revelam o impacto potencial sobre a produção da economia
brasileira decorrente de uma elevação da produção (ou da demanda) do setor. Os
resultados apresentados revelam que caso ocorra um aumento de 1% na demanda de
produtos têxteis, o crescimento da produção de todos os setores para que essa demanda
adicional seja atendida deve ser de 1,28%, sendo que dessa variação 0,26% representa
115
aumento no próprio setor (multiplicados direto), e 1,03% de aumento da produção dos
demais setores (multiplicador indireto). O setor de artigos de vestuários e acessórios
possui um efeito de repercussão ainda maior dado que 99% do multiplicador total
originam-se dos demais setores. No caso dos calçados, o aumento da demanda de calçados
em 1% deve ser acompanhado do aumento de 1,17% da produção de todos os setores,
sendo 0,12% no próprio setor e 1,02% no demais.
Tabela 8.3: Multiplicadores simples de produção – 2008
Setores
Multiplicador Simples de Produção Participação no
multiplicador (%)
Total (A+B) Direto (A) Indireto (B) Direto
(A/Total)
Indireto
(B/Total)
Têxteis 1,28 0,26 1,03 0,20 0,80
Artigos do vestuário e
acessórios 1,02 0,01 1,01 0,01 0,99
Artefatos de couro e calçados 1,17 0,14 1,02 0,12 0,88
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Analisando a cadeia da moda como um todo, o setor têxtil possui maior efeito
multiplicador, seguido da indústria-couro-calçados e sempre com preponderância dos
efeitos indiretos.
8.1.1 Índices de interligação e campo de influência
Os índices de interligação de Rasmussem-Hirschman medem os encadeamentos
para trás (índice de poder de dispersão) e para frente (índice de sensibilidade à dispersão).
Para obter os índices de interligação, considera-se o sistema de equações
representado em (1) e 𝐵 a matriz inversa de Leontief, definindo 𝑏𝑖𝑗 como seus elementos
e 𝐵∗ como a média de todos os elementos de 𝐵. 𝐵.𝑗 é a soma dos elementos da coluna 𝑗 e
representa o efeito de encadeamento para trás e 𝐵𝑖. é a soma dos elementos da linha i. e
evidencia o encadeamento para frente. Para retirar os efeitos da unidade de medida desses
índices faz-se uma normalização e obtém-se o índice de poder de dispersão
(encadeamento para trás):
116
𝑈𝑗 =(𝐵.𝑗 𝑛⁄ )
𝐵∗ 𝑗 = 1,2, … , 𝑛 (4)
Como 𝑈𝑗 mede os encadeamentos para trás, seu valor representa o incremento
total na produção da economia para cada aumento de uma unidade na demanda final do
setor 𝑗. Dessa forma, se 𝑈𝑗 > 1, isso significa que a capacidade do setor em gerar efeitos
para trás está acima da média do sistema. Caso 𝑈𝑗 < 1 a capacidade do setor em gerar
efeitos para trás está abaixo da média do sistema, ou seja, o setor não é um importante
demandante de insumos.
O índice de sensibilidade à dispersão (encadeamento para frente) é dado por:
𝑈𝑖 =(𝐵𝑖. 𝑛⁄ )
𝐵∗ 𝑖 = 1,2, … , 𝑛 (5)
Se 𝑈𝑖 > 1 a importância do setor enquanto fornecedor de insumos intermediários
é superior à média dos demais setores, o que significa um poder de encadeamento para
frente significativo. Se 𝑈𝑖 < 1, a importância do setor enquanto fornecedor de insumos
intermediários é inferior à média dos demais setores – sendo assim menos sensível que
aqueles em relação a mudanças no sistema produtivo –, com poder de encadeamento para
frente pouco significativo.
Os setores que possuem 𝑈𝑖 < 1 e 𝑈𝑗 < 1 são denominados independentes, pois
não possuem relações fortes com os demais setores.
Um setor será considerado chave para o crescimento da economia se ambos os
índices forem superiores a um. No entanto, como os valores desses índices se baseiam em
médias e essas são muito sensíveis a extremos, utilizam-se conjuntamente com esses
índices as medidas de variabilidade propostas por Rasmussen:
𝑣.𝑗 =
√ 1𝑛 − 1
∑ [𝑏𝑖𝑗 −1𝑛
∑ 𝑏𝑖𝑗𝑛𝑖=1 ]
2𝑛𝑖=1
1𝑛
∑ 𝑏𝑖𝑗𝑛𝑖=1
, 𝑖, 𝑗 = 1,2, … , 𝑛 (6)
117
𝑣𝑖. =
√ 1𝑛 − 1
∑ [𝑏𝑖𝑗 −1𝑛
∑ 𝑏𝑖𝑗𝑛𝑗=1 ]
2𝑛𝑗=1
1𝑛
∑ 𝑏𝑖𝑗𝑛𝑗=1
, 𝑖, 𝑗 = 1,2, … , 𝑛 (7)
Essas medidas de variabilidade possibilitam verificar se o setor se relaciona
significativamente com poucos ou muitos setores. Se a variabilidade for baixa significa
que o setor tem um vínculo homogêneo ao sistema. Por outro lado, se a variabilidade for
alta o setor possui vínculo forte com poucos setores.
Um setor é considerado chave quando possui os índices de dispersão e de
sensibilidade à dispersão superiores a um e baixos valores de v.j e vi..
A tabela 8.4 indica os resultados dos índices de interligação de Rasmussem-
Hirschman. Foi possível identificar os setores têxteis e de artigo do vestuário e acessórios
são independentes (Ui.<1, U.j<1) e que o setor de artefatos de couros e calçados apresentou
apenas efeito de dispersão (Ui.<1, U.j>1), Nenhum dos setores analisados foram
considerados setores-chave da economia (Ui.>1, U.j>1).
Tabela 8.4: Índices de interligação de Rasmussem-Hirschman – setores da Moda – 2008
Atividade U.j v.j Ui. vi.
Têxteis 0,99 4,81 0,89 5,46
Artigos do vestuário e acessórios 0,98 4,60 0,70 6,48
Artefatos de couro e calçados 1,07 4,85 0,81 6,50
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Para complementar a análise dos índices de interligação, Sonis e Hewings (1989)
desenvolveram uma forma de mensurar os efeitos sinérgicos das alterações dos
coeficientes da matriz de forma a destacar as relações entre os setores mais influentes.
Denominou-se essa abordagem de campos de influência.
A análise de campos de influência permite observar como mudanças nos
coeficientes diretos se distribuem no sistema econômico, sendo possível determinar quais
as relações entre os setores que seriam mais influentes dentro do processo produtivo
(GUILHOTO et al, 1994).
Para o cálculo dos campos de influência, consideram-se as seguintes matrizes:
𝐴 = [𝑎𝑖𝑗] = matriz dos coeficientes diretos e 𝑎𝑖𝑗 seus elementos;
118
𝐸 = [𝜀𝑖𝑗] = matriz de mudanças incrementais nos coeficientes diretos de
insumos e 𝜀𝑖𝑗 seus elementos;
𝐵 = (𝐼 − 𝐴)−1 = [𝑏𝑖𝑗] = matriz inversa de Leontief e 𝑏𝑖𝑗 seus elementos;
𝐵(𝜀) = (𝐼 − 𝐴 − 𝐸)−1 = [𝑏𝑖𝑗(𝜀)] = matriz inversa de Leontief após as
mudanças e 𝑏𝑖𝑗(𝜀) seus elementos.
O campo de influência será aproximado pela diferença dos coeficientes da matriz
de Leontief após e antes do choque, levando em consideração o incremento adicionado
(𝜀). A seguinte expressão representa a alteração:
𝐹(𝜀𝑖𝑗) =[𝐵(𝜀𝑖𝑗) − 𝐵]
𝜀 (8)
𝐹(𝜀𝑖𝑗) é uma matriz 𝑛 𝑥 𝑛 do campo de influência do coeficiente 𝑎𝑖𝑗. E assim,
para comparar quais os setores com maior campo de influência, determina-se uma matriz
𝑅𝑖𝑗 dada por:
𝑅𝑖𝑗 = ∑ ∑[𝐹𝑘𝑙(𝜀𝑖𝑗)]2
𝑛
𝑙=1
𝑛
𝑘=1
(9)
Os maiores valores de 𝑅𝑖𝑗 apontam os setores que possuem maior campo de
influência no sistema econômico. Assim, é possível identificar as relações setoriais com
maiores impactos na economia, bem como se esses impactos são concentrados em poucos
setores ou se são difundidos pela economia.
O objetivo dos campos de influência é identificar os setores que possuem as mais
importantes relações com os demais setores. Para isso, definiu-se um incremento 𝜀 =
0,001 nos coeficientes técnicos diretos e verificou a alteração nos demais setores
calculando uma medida síntese que representa em termos numéricos a mudança ocorrida
em toda a economia (matriz 𝑅𝑖𝑗).
A tabela 8.5 apresenta a quantidade de relações intersetoriais mais influentes da
cadeia da moda dentro do processo produtivo da economia mineira para o ano de 2008.
Para elencar os principais elos intersetoriais utilizaram-se como critério os 10% maiores
valores da matriz 𝑅𝑖𝑗. Do total de 1764 elementos, os 176 primeiros foram considerados
119
mais influentes. O setor de “Artefatos de couro e calçados” registrou o maior destaque
com efeito propagador sobre 12 setores referentes à compra de insumos e 12 setores
referentes às vendas, seguido dos Têxteis com 4 em relação a compras e 2 em relação a
vendas.
Tabela 8.5: Número de relações setoriais do campo de influência por vendas e compras
Atividade Compras Vendas
Têxteis 4 2
Artigos do vestuário e acessórios 0 1
Artefatos de couro e calçados 12 12
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Em comparação com ou demais setores da economia, um ranking de acordo com
o número de interações revelou que o setor de couros e calçados é o quinto com o maior.
A tabela 8.6 apresenta os resultados.
Tabela 8.6: Ranking das atividades do campo de influência
Ranking Atividades Venda Compra
1º Produtos químicos 29 36
2º Alimentos e Bebidas 18 22
3º Serviços de informação 16 18
4º Produção e distribuição de eletricidade, gás, água,
esgoto e limpeza urbana 12 14
5º Artefatos de couro e calçados 12 12
6º Serviços prestados às empresas 9 8
7º Produtos de madeira exclusive móveis 7 5
8º Agricultura, silvicultura, exploração florestal 1 10
9º Intermediação financeira, seguros e previdência
complementar e serviços relacionados 6 5
10º Defensivos agrícolas 7 2
11º Peças e acessórios para veículos e outros equipamentos
de transporte 5 4
12º Extrativa Mineral 4 4
13º Pecuária e pesca 4 3
14º Fabricação de aço e derivados 3 4
15º Têxteis 2 4
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
120
No estudo de Souza, Gonçalves e Franco (2015), esse resultado não havia sido
identificado, dado que o setor de couros e calçados estava agregado com o setor de
vestuário e acessórios. Essa dissociação revelou a possibilidade do setor de couros e
calçados se despontar como um dos cinco setores chaves da economia de Minas Gerais
conforme o método dos campos de influência.
8.1.2 Multiplicadores
Os multiplicadores de impacto permitem estimar, a partir de um aumento da
demanda final, o impacto direto e indireto de cada setor da economia sobre a renda, o
emprego, o valor adicionado, dentre outros. Os multiplicadores incorporam informações
novas à análise de insumo-produto ao introduzir componentes do valor adicionado na
equação básica do modelo (FEIJÓ; RAMOS, 2013).
O multiplicador pode ser decomposto em direto, indireto e total: multiplicador
direto – mede o impacto da variação da demanda final do setor 𝑗, considerando as
atividades que fornecem insumos diretos para esse setor; já o multiplicador indireto
considera apenas as atividades que fornecem insumos indiretos para esse setor; o
multiplicador total considera todos os setores fornecedores.
Assim, para os cálculos, tem-se primeiramente a razão entre a variável de estudo
no setor com o valor de produção de mesmo setor. No caso do emprego, por exemplo, o
efeito inicial é dado pelo total de pessoal ocupado por unidade de produto para cada setor
da economia:
𝑒𝑗 =𝐸𝑗
𝑋𝑗 (10)
onde: 𝐸𝑗 = total de pessoal ocupado no setor 𝑗;
𝑋𝑗 = valor da produção do setor 𝑗.
O multiplicador direto, conforme Feijó e Ramos (2013), é dado por:
𝑒𝐷 = 𝑒𝐴 (11)
121
onde: 𝐴 = matriz de coeficientes técnicos diretos;
𝑒 = vetor dos efeitos iniciais.
O multiplicador direto e indireto é obtido pela multiplicação do vetor de efeito
inicial pela matriz de impacto intersetorial do modelo aberto de Leontief representado
pela seguinte expressão:
𝑒𝐷𝐼 = 𝑒(𝐼 − 𝐴)−1 (12)
onde: 𝑒𝐷𝐼 = vetor do multiplicador direto e indireto do emprego;
𝑒 = vetor dos efeitos iniciais;
(𝐼 − 𝐴)−1 = matriz dos coeficientes técnicos do modelo aberto de Leontief.
O multiplicador indireto é a diferença do multiplicador total pelo multiplicador
direto e o efeito inicial. Conforme equação (20):
𝑒𝐼 = 𝑒𝐷𝐼 − 𝑒𝐷 (13)
onde: 𝑒𝐼 = vetor do multiplicador indireto do emprego;
𝑒𝐷𝐼 = vetor do multiplicador direto e indireto do emprego;
𝑒𝐷 = vetor do multiplicador direto do emprego.
Ressalta-se que as mesmas funções podem ser utilizadas para calcular os
multiplicadores para qualquer outra variável que compõe o valor adicionado. Nesse
estudo serão calculados os multiplicadores para salários e empregos.
Para essa análise, a tabela 8.7 apresenta primeiramente o valor adicionado para os
três setores da moda selecionados. A tabela mostra que o VA da Moda de Minas Gerais,
obtido pela soma dos VA de têxteis, artigos de vestuário e acessórios, couros e calçados
alcançou R$ 2.806 milhões em 2008.
122
Tabela 8.7: Valor adicionado – Minas Gerais – 2008 (R$ 1.000.000)
Operações Têxteis
Artigos do
vestuário e
acessórios
Artefatos
de couro e
calçados
Moda Total do
produto
Valor adicionado bruto (PIB) 1.081 1.200 525 2.806 245.325
Remunerações 657 514 345 1.516 114.554
Salários 518 437 278 1.233 90.755
Outras remunerações 139 77 66 282 23.799
Excedente operacional bruto e
rendimento misto bruto 402 659 158 1.219 126.890
Outros líquidos de subsídios líquidos
sobre a Produção 21 27 23 71 3.881
Valor da produção 3.707 2.865 1.700 8.272 500.918
Fator trabalho (ocupações) 147.159 230.579 60.997 438.735 9.786.014
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Os multiplicadores representam, em cada setor, a capacidade de geração e
propagação de empregos na economia decorrente da expansão da produção (ou demanda)
dos seus produtos. Assim, os multiplicadores indicam quais setores possuem maior
capacidade de geração de emprego ou massa salarial, no caso da variável salários. A
tabela 8.8 apresenta os resultados.
Tabela 8.8: Multiplicadores dos salários e do emprego por atividades da moda – Minas Gerais – 2008 (R$
1.000.000)
Multiplicadores Têxteis
Artigos do
vestuário e
acessórios
Artefatos de
couro e
calçados
Salários
Razão salários/Valor da produção 139.736 152.531 163.529
Direto 53.034 56.762 58.578
Indireto 157.210 171.825 193.873
Direto e Indireto 210.244 228.587 252.452
Emprego
Razão Ocupações/Valor da produção 40 80 36
Direto 8 10 9
Indireto 42 83 40
Direto e Indireto 50 93 49
Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
123
O aumento de um milhão de reais na demanda final do setor de artefatos de couros
e calçados gera um impacto sobre os salários pagos das atividades que fornecem insumos
diretos para esse setor de R$ 58.578. No caso, artigos de vestuário e acessórios esse
impacto direto é de R$ 56.762 e têxteis em R$ 53.034. Destaca-se que o efeito sobre os
salários pagos pelas atividades diretamente e indiretamente encadeadas é na ordem de R$
252.452 para os artefatos de couros, maior resultado encontrado entre os setores da moda
considerados. O impacto sobre a própria atividade que atende à elevação da demanda
final é dado pela razão salários/valor da produção, sendo esse também mais elevado para
o setor de couros e calçados.
No caso do emprego, o aumento de um milhão de reais na demanda final da
respectiva atividade elevado no próprio setor têxtil em 40 o número de ocupações, 80
para artigos de vestuário e acessórios e em 36 no setor de couros e calçados. Mais
especificamente sobre o setor de vestuário e acessórios que possui maior capacidade de
geração de empregos, o impacto sobre o número de pessoas diretamente é na ordem de
10 ocupações, indiretamente eleva-se para 83, totalizando 93 novos postos de trabalho.
124
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o objetivo de caracterizar a cadeia produtiva da moda de Minas Gerais, este
trabalhou delimitou ao processo que a compõe numa dimensão restrita às atividades
industriais; descreveu o panorama nacional e internacional; produziu, sintetizou e
analisou aspectos específicos relacionados a cadeia produtiva da moda do Estado de
Minas Gerais como produção, mercado de trabalho, comércio exterior e aspectos
organizacionais. Além disso, analisou informações da Matriz Insumo-Produto (MIP) de
Minas Gerais 2008 em uma versão ampliada especialmente para esse estudo.
A concepção de moda adotado nesse trabalho perpassa pelo caminho da
pluralidade, em que não há estilos específicos que determinam quais produtos se
classificariam como da moda ou não. Assim, diversos produtos desde peças do vestuário,
acessórios até os mais variados tipos de calçados, joias e bijuterias integram os produtos
característicos da moda.
Em consonância com esses produtos, as indústrias responsáveis por sua produção
foram identificadas pelo tradicional método de delimitação de cadeias produtivas de
Haguenauer et al (2001), confirmadas pela literatura e listadas segundo a Classificação
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0) em que se denominou de conceito
núcleo. Encontram-se nessa definição as atividades têxteis, de confecção, parte da
indústria química de fabricação de fibras artificiais e sintéticas, preparação do couro,
fabricação de calçados, joias e bijuterias.
As interações da moda com outros setores da economia foram levantadas
nomeando as atividades relacionadas, as quais: agropecuária, indústria de alimentos,
química e petroquímica, extrativa mineral, metalurgia, produção e distribuição de
eletricidade, água e gás, máquinas e equipamentos, serviços e manutenção e reparação,
indústria de embalagens, transporte e armazenagem, serviços profissionais, comércio
varejista e atacadista.
Em termos do cenário internacional e nacional, destacou-se que o rompimento de
barreiras comerciais e o crescimento do ambiente cibernético influenciaram nas últimas
décadas no consumo, nos aspectos culturais e nas formas de produção. Essa influência
continua em vigor e, no contexto da formação de ciberculturas, é possível visualizar ainda
indícios de um processo de dependência cultural no Brasil em relação à produção
internacional.
125
A cadeia produtiva da moda, em geral, é tida, quase que exclusivamente, como
buyer-driver em que a centralidade da produção converge para o comprador. Dessa
forma, é de suma importância manter canais de informação ao longo da cadeia ativos para
que as expressões dos consumidores cheguem até à produção. Nesse sentido, o poder de
comando é assumido pelos grandes compradores dado a ligação mais próxima com o
comércio e a colocação de produtos no mercado, num alinhamento a partir da informação
com inovação. Porém, isso não impede que a linha de produção introduza inovações
fornecendo novos produtos que os consumidores não tinham desejado. Principalmente
porque inovar é uma forma de manter-se em um mercado cada vez mais competitivo.
A China possui grande parte do mercado mundial dos produtos da moda e o Brasil
tem com esse país relações comerciais que o mantem como principal parceiro tanto em
exportações quanto em importações. Isso sugere a participação brasileira em elos da
cadeia produtiva da moda chinesa. O exemplo mais concreto disso é a exportação para a
China de fios de fibra de algodão (24,4% desse produto destinou-se ao mercado da China
em 2014) e, em contrapartida, a compra realizada pelo Brasil de peças de vestuário
confeccionadas que em 2014 registraram 59,1% de origem chinesa.
O Brasil se destaca em ramos específicos no cenário internacional, como as
exportações de “Preparação e fiação de fibras de algodão” e “Curtimento e preparações
do couro”. Por outro lado, importa significativamente “Confecções de peças de
vestuário”, “Fiação de fibras artificiais e sintéticas” e a “Tecelagem de fibras artificiais e
sintéticas”.
Minas Gerais apresenta-se na mesma linha com “Curtimento e preparações do
couro” em primeiro lugar e “Preparação e fiação de fibras de algodão” em segundo. No
lado das importações, “Confecções de peças de vestuário”, “Fiação de fibras artificiais e
sintéticas” e a “Tecelagem de fibras artificiais e sintéticas”, posicionam-se em sequência
decrescente em termos de volume. Há de se ressaltar a projeção que Minas Gerais
apresenta no Brasil em se tratando de exportações de “Lapidação de gemas e fabricação
de artefatos de ourivesaria e joalheria” (Joias e bijuterias respondeu por 34,8% desses
produtos exportados pelo Brasil em 2014).
Para quantificar a produção da moda no Estado, calculou-se o Valor Adicionado
(VA) da Moda e seus três setores (Têxtil-confecções, Couros e calçados e Joias e
bijuterias) nos anos de 2010 a 2013. Nesse último ano, a Moda alcançou 3,4 bilhões de
126
reais, registrando crescimento real de 3,6% em relação ao ano anterior. O setor iniciou,
em contraposição ao movimento de retração da indústria no Estado, uma trajetória de
recuperação após uma queda de -6,8% em 2011 comparado a 2010.
Em termos dos setores da Moda, distribuem-se, em média do período 2010-2013,
68,7% o setor Têxtil-vestuário, em seguida com 28,6% Couros-calçados e 2,7% Joias e
bijuterias. Ressalta-se a perda de espaço do setor Têxtil-confecções em detrimento do
Couros-calçados no período analisado
A Moda, nesse mesmo período, representou em média 0,8% do VA de Minas
Gerais. Em relação a indústria da transformação, a Moda foi responsável por 5,8% em
2013. Já em comparação com a Moda no Brasil (R$ 43,4 bilhões em 2013), a Moda de
Minas representou 7,7%.
Apesar do baixo percentual em termos de representatividade da economia
mineira, o cálculo do VA da Moda no ano de 2013 para os municípios do Estado
evidenciaram, primeiramente, que a atividade Moda possui grande peso na indústria local
como o caso de Dores do Campo que possui 63,8% de sua produção industrial vinculada
com a esse setor. Em segundo, Nova Serrana é o principal município em termos do VA
da Moda registrando R$ 406.141 mil (12% do VA total), destacando-se no ramo de
Couros e calçados, 60,3% da sua indústria é Moda e essa 27,6% do VA do município. Em
terceiro, existe uma concentração em termos absolutos de municípios e também
geográfico dado que 20 municípios detiveram 69,7% da Moda de Minas Gerais e apenas
cinco territórios de desenvolvimento ativeram 75,4% do VA da Moda no Estado,
respectivamente.
A moda em Minas Gerais empregou 127.530 pessoas em 2014, frente a um
contingente de 133.163 em 2010, o que representa uma queda de -4,2%. Apesar de uma
leve recuperação em 2013 comparado a 2012, os empregos na Moda voltaram a cair em
2014. Além disso, a Moda é responsável por 15,2% do emprego da indústria de
transformação.
Mais uma vez foi percebido a queda de participação do setor Têxtil-confecções
compensando pelo aumento de Couros-calçados. Em relação aos subsetores, há uma
predominância na “Confecção de peças do vestuário” com 44,5% (dados de número de
empregados em 2014), porém, apresenta queda de participação ao longo dos anos. Em
compensação, o “Curtimento e outras preparações de couro”, “Fabricação de tênis de
127
qualquer material” e “Fabricação de calçados de material sintético” ganham espaço no
cenário mineiro da moda.
A Matriz Insumo-Produto (MIP) adaptada para o estudo da moda revelou que a
fabricação de artigos de vestuário e acessórios está voltada para o consumo interno das
famílias de Minas Gerais, sendo que as outras etapas da cadeia têxtil-confecções como a
fiação e tecelagem estão voltadas para a demanda intermediária e para exportação. No
caso dos calçados, destaca-se a exportação da preparação de couro. Além disso, observou-
se que entre os setores da moda, o aumento na demanda final de couros e calçados impacta
mais na renda do trabalho e no setor de confecções de vestuário e acessórios possui uma
capacidade maior de impactar o emprego.
Outras informações foram identificadas na análise do mercado de trabalho como
a prevalência de estabelecimentos de micro e pequeno porte (98,5%) e o pagamento de
salários médios no setor da Moda abaixo da média da indústria da transformação,
indústria total e de Minas Gerais como um todo. Observa-se que 68,52% da massa salarial
em Minas Gerais em 2014 da cadeia produtiva da Moda foi proveniente do setor de
Têxteis e Confecções, 29,86% do setor de Calçados e 1,61% de Joias Apesar de ter
aumentado nos últimos anos o tempo de emprego médio nos setores da Moda, esse ainda
é inferior à média da indústria de transformação, indústria geral e o total da economia de
Minas Gerais e, por fim, os empregados nos setores da moda, em termos de escolaridade
são composto pela grande maioria de ensino médio completo, sendo apenas em torno de
2% o número de empregados com nível superior.
As articulações dos gestores das indústrias que compõem a cadeia da moda em
termos de representatividade revelam-se ainda incipientes no Estado de Minas Gerais.
Observa-se que a mobilização à convergência dos interesses vem realizando de maneira
pontual em cidades/regiões de maior expressão no cenário nacional como São Paulo ou
que almejam a inserção no cenário como no Nordeste, mais precisamente o Estado do
Ceará.
Assim, traçou-se que a cadeia produtiva da moda de Minas Gerais possui desafios
de competitividade em um cenário no qual o setor de confecções (principal empregador
na cadeia estadual da moda) é também o que recebe mais produtos de origem estrangeira.
Em compensação, o elo de couros e calçados vem ganhando espaço com a crescente
projeção do curtimento, fabricação de tênis e calçados sintéticos em Minas Gerais.
128
Ao longo do estudo, evidenciou-se, através dos dados elaborados e fontes
secundárias especificamente selecionadas, a globalização do processo de produção
industrial. Pode-se dizer da revisão do conceito de cadeia produtiva para cadeia global da
moda, tanto em dimensão desterritorializada bem como no que se refere à capacidade de
perenidade. No caso do Brasil e, mais especificamente em Minas Gerais, foco deste
estudo, a permanente correlação econômica do setor junto ao Estado certamente
contribuiu para que o esteio gerado, validando assim um posicionamento pouco
expressivo na direção global dos negócios. A ampliação da produção da cadeia de moda
de Minas Gerais, com destaque a alguns segmentos, não representou necessariamente um
reposicionamento expressivo do setor da Moda para o Estado, bem como para o país.
Além disso, permanece a concentração comercial de produtos com menores exigências
tecnológicas e in natura. E, na contraposição, o aumento do consumo de produtos com
maior tecnologia. Em outras palavras, Minas Gerais possui reservas de alto valor
potencial produtivo, porém evidencia-se um processamento relativamente baixo.
Esse cenário, com semelhança de outros tempos históricos, instiga à busca por
alternativas. A obviedade se faz em relação à necessidade de investimentos tecnológicos
a fim de intensificação e ampliação da capacidade produtiva para uma disponibilização
de produtos acessíveis diretamente ao mercado de consumo. Máquinas, equipamentos,
processamentos químicos, dentre outros, compõem parte deste escopo.
No entanto, o próprio domínio dos processos exige mais do que um parque de
maquinários de última geração. A cadeia produtiva da moda, em seu caráter global, exige
competências que superam o tecnicismo dos processos. A vantagem competitiva de
segmentos despontados na cadeia assenta-se em dois ícones principais: a informação e a
criatividade.
A informação adquiri significado categórico que extrapola o poder e ações de
marketing e propaganda. Diz da condição de reunir diferenciais no que se refere ao perfil
dos consumidores, garantir especificidades culturais e disponibilizá-las de forma a
irradiar aos demais segmentos da cadeia, bem como, e principalmente, ao consumidor
final. Como parte da indústria criativa, a moda deve possuir como cerne a capacidade
inovativa para o mercado, de forma que essas se tornem um aspecto estratégico para
manter-se no cenário competitivo.
129
O estimulo à criatividade nas economias está intimamente ligado à educação. O
ensino superior fornece grupos de indivíduos pensantes com maiores habilidades mais
propícias às oportunidades de inovação. O conhecimento em nível técnico não deixa de
ser importante, porém gera uma tendência à repetição de processo e produtos e pode
contribuir para o agravamento da aludida dependência cultural do Brasil e de Minas
Gerais.
A produção do conhecimento, incluindo a área de pesquisa, e sua respectiva
democratização implicam em interesses e esforços conjuntos daqueles atores sociais que
percebem os desdobramentos de alcance social do capital humano. O desenvolvimento
de um setor exige a conexão entre recursos tecnológicos e uma formação educacional que
tenha em seu bojo a perspectiva do desenvolvimento de competências que visem
materializar o empreendedorismo e a inovação direcionados ao alcance mundial. É
preciso desvencilhar-se de processos concorrenciais internos, ainda restritos a um modelo
de articulação geográfica e de linha de produção, para uma real potencialização e
otimização da riqueza dos insumos disponíveis através de conhecimento produzido e
acessível a toda a cadeia produtiva da moda. E esse conhecimento, à semelhança das
grandes organizações e do próprio movimento mundial, demanda permanente
investimento a prazos largos, a fim de superação da cultura da dependência produtiva e
cultural para um posicionamento real que explicite o grande potencial que Minas Gerais
reserva.
130
REFERÊNCIAS
AMARAL, Daniel Furlan. Efeitos do fim do Acordo Multifibras sobre a produção e
o emprego dos setores têxtil e de vestuário no Brasil. 2008. Dissertação (Mestrado em
Economia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade
de São Paulo, Piracicaba, 2008. Disponível em:
<file:///C:/Users/m05466438/Downloads/danielfurlan.pdf > . Acesso em: maio 2016.
BENDASSOLI, Pedro F. et al. Indústrias criativas: definição, limites e possibilidades.
Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 49, n. 1, 2009. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rae/article/view/36013/34801>. Acesso
em: maio 2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da
União, Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 30
mai. 2016.
BOBBIO, Norberto; NICOLA, Matteuci; GIANFRANCO, Pasquino. Dicionário de
política. Tradução de Carmem C. Varriale et al. 9. ed. Brasília: Editora da Universidade
de Brasília, 1997.
CANAAN, R. P. Gemas e joias: a gestão pelo design aplicada à cadeia de valor de
arranjos produtivos locais. 2013. Dissertação (Mestrado em Design) - Universidade do
Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
CÂNDIDO FILHO, J. O movimento operário: o sindicato e o partido. Petrópolis: Vozes,
1982.
CANO, Wilson. Desequilíbrios regionais e concentração industrial no Brasil 1030-
1070. 3. ed. São Paulo: UNESP, 2007.
CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H.M.M. O foco em arranjos produtivos e inovativos
locais de micro e pequenas empresas. In: CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H.M. M.;
MACIEL M. L.(Org.) Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Rio de
Janeiro: Relume Dumará, 2003. p.1-10. Disponível em:
<http://www.ie.ufrj.br/redesist/P3/NTF2/Cassiolato%20e%20Lastres.pdf>. Acesso em:
21 set. 2014
COSTA, Maria Izabel. Política de design para o fomento da inovação na cadeia de
valor têxtil/ confecção de moda de Santa Catarina. 2011. Tese (Doutorado em Design)
- Departamento de Artes e Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2011.
CROCCO, M. et al. Industrialização descentralizada: sistemas industriais locais – o
arranjo produtivo calçadista de Nova Serrana (MG). Revista Parcerias Estratégicas,
131
Brasília-DF, n. 17, set. 2003. Disponível em:
<http://www.cgee.org.br/arquivos/pe_17.pdf>. Acesso em: 26, maio 2015.
CRUZ-MOREIRA, Juan Ricardo. Industrial Upgrading nas Cadeias Produtivas Globais:
reflexões a partir das indústrias têxtil e do vestuário de Honduras e do Brasil. (Doutorado
em Engenharia de Produção) Universidade de São Paulo. São Paulo: 2003
CUNHA, A. M. et al. Relatório de acompanhamento setorial: couro e calçados.
Campinas, São Paulo: ABDI, UNICAMP, 2008. v. 1.
DALLA VECCHIA, R. V. R. Arranjos produtivos locais como estratégia de
desenvolvimento regional e local. Revista Capital Científico do Setor de Ciências
Sociais Aplicadas, Guarapuava, v.4, n.1, p. 31-50, 2006. Disponível em:
<http://www.aedb.br/faculdades/eco/ano4/ArranjosProdutivosLocaiscomoEstrategiade
DesenvolvimentoRegionaleLocal.pdf>. Acesso em: 27, ago. 2014.
DATAVIVA. Disponível em:< http://dataviva.info/pt/>. Acesso em: 30 mai. 2015.
DINIZ, C. C. Desenvolvimento poligonal no Brasil: nem desconcentração nem contínua
polarização. Revista Nova Economia, Belo Horizonte, v.3, n. 1, 1993. Disponível em:
<http://www.face.ufmg.br/novaeconomia/sumarios/v3n1/030103.pdf?origin=publicatio
n_detail>. Acesso em: 27, maio 2014.
FANTONI, Roberto Filippini. Como a poliamida substituiu a seda: uma história da
descoberta da poliamida 66. Polímeros, São Carlos, v.22, n.1,
2012. Print version ISSN 0104-1428. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-14282012000100003>.
Acesso em: maio 2016.
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 100 anos da
indústria em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Fiemg/SESI, 1998.
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Perfil
industrial do setor de calçados e bolsas da região metropolitana de Belo Horizonte –
2011. Belo Horizonte: FIEMG/ IEL/ SINDIBOLSAS/ SINDICALCADOS, 2011.
Disponível em:
<http://www5.fiemg.com.br/admin/BibliotecaDeArquivos/Image.aspx?ImgId=30443&
TabId=13669>. Acesso em: 27, maio 2014.
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Mapeamento da indústria criativa no Brasil. Rio de Janeiro, 2014.
FEIJÓ, C.A.; RAMOS, R.L.O. (Org.). Contabilidade social: a nova referência das contas
nacionais do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2013. v. 1. 391p.
FONSECA, Pedro Cesar Dutra. O processo de substituição de importações. In: REGO,
José Márcio. MARQUES, Rosa Maria. Formação Econômica do Brasil. São Paulo:
Saraiva, 2003.
132
FROTA, G. S. L. A cadeia produtiva da moda: o design como agregação de valor no
segmento do jeanswear. 2011. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade
Estadual do Ceará, Fortaleza, 2011.
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Centro de Estatística e Informações. Tabela de
Recursos e Usos e Matriz Insumo-Produto de Minas Gerais 2008. Belo Horizonte,
2015. Disponível em: <http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/docman/cei/578-relatorio-
metodologico-2008/file>. Acesso em: 25, maio 2016.
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 15. ed. São Paulo: Nacional, 1977.
GALLELI, Bárbara et al. Sustentabilidade na moda brasileira: oportunidades e desafios
no mercado internacional. XVI ENGEMA (Encontro Internacional sobre Gestão
Empresarial e Meio Ambiente) Inovação e sustentabilidade: um desafio para enfrentar as
mudanças climáticas e seus impactos planetários. São Paulo, 01 a 03 de dezembro de
2014 Disponível em <http://www.engema.org.br/XVIENGEMA/195.pdf>. Acesso em:
24, maio 2016.
GEREFFI, G. The organization of buyer-driven global commodity chains: how U.S.
retailers shape overseas production networks. In GEREFFI and M. KORZENIEWICZ
(eds): Commodity chains and global capitalism. Westport, CT: Praeger, 1994.
GEREFFI, Gary, John Humphrey and Timothy Sturgeon. The governance of global value
chains. Review of International Political Economy, v.12, n.1, p.78-104, february 2005.
GEREFFI, Gary. International trade and industrial upgrading in the apparel commodity
chain. Journal of International Economics, n. 48, 1999.
GEREFFI, G.; KORZENIEWICZ, M.(Ed.). Commodity chains and global capitalism.
Westport, CT : Praeger, 1994.
GREMAUD. Amaury Patrick. Economia Brasileira 1. Disponível em: <
http://igepp.com.br/uploads/arquivos/igepp_-
_bacen_economia_brasileira_igepp__bacen_1_2013_amaury_gremaud_020813.pdf>.
Acesso em 28 abr. 2016.
GUILHOTO, J. M. M. et al. Índices de ligações e setores-chave na economia brasileira:
1959/80. Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 24, n.2, p. 287-314, 1994.
HAGUENAUER, Lia et al. Evolução das cadeias produtivas brasileiras na década
de 90. Brasília: IPEA, 2001. (Textos para discussão, n. 786).
HAGUENAUER, L.; PROCHNIK, V. A delimitação de cadeias produtivas na economia
do nordeste. In: ______. Identificação de cadeias produtivas e oportunidades de
investimento no nordeste do Brasil. Fortaleza: Banco do Nordeste, 2000. Cap. 2.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua
portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
133
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Coordenação de
contas nacionais. Sistemas de contas nacionais: Brasil: 2010-2013. Rio de Janeiro,
2015. (Contas nacionais, 46). Disponível em:
<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94942.pdf>. Acesso em: 25, maio
2016.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Industrial
2010, Rio de Janeiro, v. 29, n. 1, 2010. Disponível em:
<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/1719/pia_2010_v29_n1_empresa.
pdf>. Acesso em: 25, maio 2016.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS.
Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/>. Acesso em: 30 mai. 2016.
INTERNACIONAL TRADE CENTRE. Trade Map. Disponível em:
<http://www.trademap.org/Country_SelProduct_TS.aspx>. Acesso em 30 mai. 2015.
JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. Tradução de Iara Biderman.
São Paulo: Cosac Naify, 2005.
KUPFER, D.; HASENCLEVER, L. (Org.). Economia industrial: fundamentos teóricos
e práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2013.
LASTRES, H. M. M; CASSIOLATO, J. E. Glossário de arranjos e sistemas produtivos
e inovativos locais. Rio de Janeiro: Rede de pesquisa em sistemas produtivos e inovativos
locais, 2003. Disponível em:
<http://www.cronologia.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1289323549.pdf>.
Acesso em: 27, maio 2014.
LEITE, R. V. Plano de desenvolvimento preliminar (PDP) do APL de gemas e joias
do Distrito Federal. [Brasília, DF], 2007. Disponível em:
<http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1248268231.pdf> . Acesso em: 20
maio 2016.
LEMOS, M. B. et al. Indústria têxtil e de vestuário. Belo Horizonte: ABDI, 2009.
(Estudos setoriais de inovação).
LÈVY, P.. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. 260 p.
LIEBER, Renato Rocha. Teoria de sistemas. Disponível em: <
http://www.inf.ufpr.br/urban/2016-1-TS/LeiturasRecomendadas/TeoriaDeSistemas/TS-
RenatoRochaLieber.pdf>. Acesso em: 20 maio 2016.
LIEBER, Renato Rocha. Teoria de sistemas. Disponível em: <
http://www.inf.ufpr.br/urban/2016-1-TS/LeiturasRecomendadas/TeoriaDeSistemas/TS-
RenatoRochaLieber.pdf>. Acesso em: 20 maio 2016.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades
modernas. Tradução de Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia de Bolso, 2009.
134
MERCADO COMUM. XIX Ranking Mercado Comum de Empresas Mineiras. Jul. 2015.
Disponível em:
<http://www.mercadocomum.com/site/artigo/detalhar/xix_ranking_mercadocomum_de
_empresas_mineiras/materias-publicadas>. Acesso em: 30 mai. 2016.
MILLER, R. E.; BLAIR, P. D. Input-output analysis: fundations and regional. New
Jersey: Prentice-Hall, 1985.
MOREIRA, Walter. Os colégios virtuais e a nova configuração da comunicação
científica. Ciência da Informação, Brasília, v.4, n.1, p.57-63, jan./abr. 2005. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v34n1/a07v34n1.pdf>. Acesso em: maio 2016
MORGAN, Gareth. Imagens da organização. Tradução de Cecília Whitaker Berganini
e Roberto Coda. São Paulo: Atlas, 2007.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 5. ed. São Paulo:
Ltr, 2008.
OLIVEIRA, J. M.; ARAÚJO, B. C.; SILVA, L. V. Panorama da economia criativa no
Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 2013. (Texto para discussão, n. 1880).
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Ética hoje. In: Revista Praia Vermelha, Rio de
Janeiro, n. 11, 2º semestre 2004.
OLIVEIRA, M. P.; STARLING, M. B. L. A economia criativa como política de
desenvolvimento: cultura, criatividade e inovação. In: STARLING, M. B. L.;
OLIVEIRA, M. P.; QUADROS FILHO, N.A. (Org.). Economia criativa: um conceito
em discussão. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 2012. p. 69-113.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. Disponível em:
<http://stat.wto.org/StatisticalProgram/WSDBStatProgramHome.aspx?Language=E>.
Acesso em: 30 mai. 2016.
RECH, Sandra Regina. Cadeia produtiva da moda: um modelo conceitual de análise da
competitividade no elo confecção. 2006. 282 f. Tese (Doutorado em Engenharia de
Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. Disponível
em: <https://repositorio.
ufsc.br/bitstream/handle/123456789/88623/235597.pdf?sequence=1>. Acesso em: 12
mar. 2016.
RIBEIRO, André Luiz. Estudo e projeto: escola de moda e artes. 2011. Projeto de TFG
– Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho”, Bauru, 2011. Disponível em:
<http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/120750/ribeiro_al_tcc_bauru.pdf?se
quence=1&isAllowed=y>. Acesso em: maio 2016.
SANT’ANNA, P. Diagnóstico do Segmento Cultural de Moda – plano nacional de
135
cultura. Brasília: Ministério da Cultura, 2006.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências na transição para uma
ciência pós-moderna. Estudos Avançados. versão On-line ISSN 1806-9592.
v.2 n.2 São Paulo: maio/ago. 1988. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40141988000200007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#back1. Acesso em: 23, maio.2016
SANTOS, F.; CROCCO, M.; LEMOS, M. B. Arranjos e sistemas produtivos locais em
'espaços industriais' periféricos: estudo comparativo de dois casos brasileiros. Revista de
Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, p. 147-180, jul./dez. 2002.
Disponível em:
<http://www.ie.ufrj.br/images/pesquisa/publicacoes/rec/REC%206/REC_6.2_06_Arranj
os_e_sistemas_produtivos_locais_em_espacos_industriais_perifericos.pdf>. Acesso em:
27, maio. 2016.
SONIS, M.; HEWINGS, G.J.D. Error and sensitivity input-output analysis: a new
approach. In: MILLER, R.E.; POLENSKE, K.R.; ROSE, A.Z. (Ed.). Frontiers of input-
output analysis. New York: Oxford University Press, 1989.
SOUZA, C. C. A.; GONÇALVES, C.C.S.; FRANCO, M. P.V. Aplicações do modelo de
Insumo-Produto para a economia de Minas Gerais. In: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO.
Tabela de Recursos e Usos de Matriz Insumo-Produto de Minas Gerais 2008. 2015.
Disponível em: < http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/docman/cei/578-relatorio-
metodologico-2008/file>. Acesso em: 31 mai. 2016.
UNITED KINGDOM. Department for Culture, Media and Sport. Creative industries
mapping documents. Disponível em:
<https://www.gov.uk/government/publications/creative-industries-mapping-documents-
1998>. Acesso em: maio 2016.
UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME; UNITED NATIONS
EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. Creative
economy report 2013: widening local development pathways. New York, Paris: 2013.
VINCENT-RICARD, F. As espirais da moda. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.