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Documento apresentado à Cooperativa de
Assistência a Agricultura Familiar Sustentável do
Piemonte - COFASPI, como produto de nº 1
Contrato de repasse nº 0286234-55/2009
MDA/SDT/CEF.
COFASPI - COOPERATIVA DE ASSISTÊNCIA A AGRICULTURA FAMILIAR
SUSTENTÁVEL DO PIEMONTE
Principais Cadeias Produtivas da Agricultura
Familiar do Território Velho Chico - BA
Técnico: Alexsandro de Souza Teixeira
19/12/2011
3
Objeto:
Consultoria: Para elaboração de 4 (quatro) produtos distintos e
complementares: Produto 1 – Documento contendo informações sobre as
principais cadeias produtivas da agricultura familiar do Território do contratado;
Produto 2 – Mapeamento da comercialização atual e potencial dos produtos da
agricultura familiar do Território contratado para o Programa de Alimentação
Escolar; Produto 3 – Plano de negócio do empreendimento do Território
contratado e; Produto 4 – Plano Territorial de Desenvolvimento da Cadeia
Produtiva do Território Velho Chico - BA.
Entidade Executora
Apoio
Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA/SDT/CEF
Cooperativa de Assistência a Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte - COFASPI
Rua da Aurora, 90, Bairro Leader
CEP – 44.700 - 000 Jacobina – Bahia
www.cofaspi.blogspot.com
Tel. 74 – 3621 7036 / 74 8108 7399
4
Sumário
Apresentação 5
1 Introdução 6
2 Parcerias Firmadas e Apoio 7
3 Formas de Articulação 9
4 Estrutura Agrária 10
4.1 Projetos de Assentamento - Território Velho Chico 11
4.2 Acampamentos - Território Velho Chico 11
4.3 Número de Estabelecimentos Agropecuários - Território Velho Chico 12
5 Estrutura Agropecuária 13
5.1 Culturas Temporárias – 2009 (Território Velho Chico) 14
5.2 Culturas Permanentes – 2009 (Território Velho Chico) 15
5.3 Efetivo dos Rebanhos – 2008 (Território Velho Chico) 16
6 Cadeias Produtivas e a Agricultura Familiar 17
7 Eixo Aglutinador do Fortalecimento da Agricultura Familiar do Território Velho Chico
21
7.1 Apicultura 22
7.2 Artesanato 24
7.3 Bovinocultura de Leite 26
7.4 Caprinocultura 27
7.5 Fruticultura 28
7.6 Mandiocultura 29
7.7 Piscicultura 30
Considerações Finais 31
Referências Bibliográficas 32
5
Apresentação
Este documento tem como objetivo apresentar as principais cadeias
produtivas do Território Velho Chico.
O Território dispõe de grandes áreas de terra, com o Rio São Francisco
que banha dez (10) municípios com água ainda subutilizada, de condições
climáticas favoráveis para o desenvolvimento de atividades agrícolas de
sequeira ou irrigada, pecuária de corte e leite e um grande potencial para
atividades não-agrícolas, como, por exemplo, o artesanato e a exploração de
minerais.
Tal contexto evidencia as condições favoráveis para o desenvolvimento
dos principais atividades socioeconômicos da Apicultura, Artesanato,
Bovinocultura de Carne e Leite, Caprinocultura de Corte, Fruticultura,
Mandiocultura, Piscicultura, Trabalho, Emprego e Renda.
6
1. Introdução
A Agricultura Familiar no Brasil é formada por mais de 4 milhões de
propriedades rurais, onde 80% das unidades produtivas orgânicas pertencem
aos agricultores familiares, ela é responsável por 70% dos alimentos
consumidos no país, e, constantemente, vem contribuindo para manutenção da
diversidade cultural, da biodiversidade e do uso sustentável dos recursos
naturais. Além disso, garante segurança alimentar através da produção de
alimentos de qualidade e da promoção de princípios de Sustentabilidade,
Diversidade, Inclusão e Solidariedade.
O Território Velho Chico, é constituído por 16 (dezesseis) municípios e está
localizado na região econômica do Médio São Francisco, Estado da Bahia.
Está integrado pelos Municípios de Barra, Bom Jesus da Lapa, Brotas de
Macaúbas, Carinhanha, Feira da Mata, Ibotirama, Igaporã, Malhada, Matina,
Morpará, Muquém de São Francisco, Oliveira dos Brejinhos, Paratinga, Riacho
de Santana, Serra do Ramalho e Sítio do Mato. Compreende o trecho entre os
municípios de Carinhanha a Barra, acompanhando o leito do Rio São
Francisco, limitando ao Norte com o Estado do Piauí, ao Leste com os
territórios Irecê e Chapada Diamantina, ao Oeste com o território Bacia do Rio
Corrente e Bacia do Rio Grande, e ao Sul com o Estado de Minas Gerais.
A agricultura, a pecuária, extrativismo e atividades não agrícolas, detém a
maioria da força de trabalho da região, dentre as culturas predominantes
destaca-se mandioca, o feijão e o milho, cana-de-açúcar e, de origem nativa,
adaptada ou permanente, o caju, a manga, banana, o umbu, mangaba, puçá, e
etc. Em destaque o perímetro irrigado de Bom Jesus da Lapa, Sitia do Mato e
Serra do Ramalho, tendo a cultura da banana como atividade primária.
Outro ponto muito forte apesar de ainda não ter informações técnicas, mas
suprido as feiras livres, é, a produtividade que vem das ilhas ou das vazantes
dos rios São Francisco e rio grande com hortaliças, batata doce, aipim,
abóbora e outras e dos brejos da Barra, com destaque para a rapadura.
Destacamos também a criação de bovinos de corte e de leite, caprinos, ovinos,
aves. Ainda na parte de produção animal, destacamos a apicultura, em alguns
7
apiários do Território Velho Chico, com a principal atividade econômica.
Mostrando o potencial que apicultura tem para região. E por ultimo, o
artesanato, que ao longo dos anos vem sendo desenvolvido e passando de
geração para geração. Entra com atividade de terceira ou quarta atividade de
importância econômica. Mas complementa a redá das famílias rurais e urbanas
da região.
Por tanto, o presente instrumento apresenta informações das principais cadeias
produtivas, com o principal objetivo de organizar as estruturas necessárias para
o fortalecimento da agricultura familiar do Território Velho Chico - BA.
8
2. Parcerias Firmadas e Apoio
CODETER – VC – Conselho de Desenvolvimento do Território Velho Chico;
ASCOOB - Associação das Cooperativas de Apoio à Economia Familiar;
FUNDIFRAN – Fundação de Desenvolvimento Integrado do São Francisco;
ASCONTEC – Cooperativa de Profissionais em Assessoria e Consultoria
Técnica;
ASSOCIAÇÕES/COOPERATIVAS
SASOP - Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais;
IRPAA – Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada;
STTR – Sindicato dos/as Trabalhadores/as Rurais;
SINTRAF – Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar;
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa;
PREFEITURAS DO TERRITÓRIO VELHO CHICO;
SECRETARIAS DE AGRICULTURA;
CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco
EBDA - Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola;
ADAB - Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia;
SUAF – Superintendência da Agricultura Familiar;
CAR – Companhia de Desenvolvimento de Ação Regional;
SDT - Secretaria de Desenvolvimento Territorial;
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário.
9
3. Formas de Articulação
As principais formas de articulação são as Bases de Serviços de Apoio à
Comercialização, a Rede Sabor Natural do Sertão e a Articulação Territorial.
A primeira delas, as Bases de Serviços de Apoio à Comercialização,
são institucionalidades que prestam um ou mais tipos de serviços de apoio à
comercialização, produzidos em unidades familiares e solidárias. Tem como
objetivo principal contribuir para a estruturação, planejamento e
operacionalização do sistema de comercialização dos produtos provenientes
da Agricultura Familiar e Economia Solidária, especialmente com atuação em
Redes.
Já a Rede Sabor Natural do Sertão como objetivo geral promover o
fortalecimento das organizações representativas dos trabalhadores e
trabalhadoras rurais da agricultura familiar e comunidades tradicionais em prol
de seus interesses coletivos.
A Articulação Territorial, por sua vez, tem como finalidades articular,
promover e apoiar as iniciativas da sociedade civil e dos poderes públicos em
beneficio do desenvolvimento sustentável dos territórios rurais, como forma de
reduzir as desigualdades regionais e sociais, integrando-os aos processos de
desenvolvimento nacional e promovendo a melhoria das condições de vida das
populações.
10
4. Estrutura Agrária
O Território apresenta um quadro agrário historicamente difícil e
conflitivo. Há décadas os conflitos de terras estão na ordem do dia. O Velho
Chico é considerado área prioritária de atuação do INCRA, levando em
consideração os critérios de concentração fundiária, número de
acampamentos, número de assentamentos e de agricultores familiares.
Em 1988, foi implantado o 1º assentamento de Reforma Agrária no
Território, localizado no município de Barra. Atualmente, são 54 projetos de
Reforma Agrária que abrangem uma área de 350 mil ha, aproximadamente,
com 9.227 famílias assentadas. Apesar da maioria dos assentamentos estarem
instalados próximos ao Rio São Francisco, o acesso à sua água, por meio do
sistema de abastecimento simples, é restrito. Na maioria dos PA (Projetos de
Assentamentos), o abastecimento de água se dá por meio de poços artesianos,
água sem tratamento e cisternas de captação de água de chuva.
A implantação destes projetos tem uma periodicidade e, associada a ela,
algumas características que ainda estão sendo estudadas, porém já pode se
afirmar que aqueles implantados na primeira fase obedeceram a processos de
regularização fundiária, conseguidos pela pressão das organizações sociais
que atuavam no Território. Posteriormente, vem a fase das ocupações,
principalmente de áreas pertencentes a empresas agropecuárias que se
implantaram na região com o apoio da SUDENE e cujos projetos e terras foram
abandonados.
Conforme dados apontados pelo Projeto GeografAR (2007), dos 52
processos administrativos de desapropriação realizadas no Médio São
Francisco para implantação de projetos de Reforma Agrária, 20
desapropriações foram realizadas em imóveis pertencentes à pessoas
jurídicas.
Atualmente, existem em torno de 27 acampamentos de trabalhadores
sem terra no Território, agrupando 1.334 famílias. Mas, o que se verifica é a
intensificação dos movimentos de luta pela terra e o aparecimento de novos
acampamentos com maior freqüência.
11
4.1 Projetos de Assentamento - Território Velho Chico
Municípios Nº de
Assentamentos
Barra 10
Bom Jesus da Lapa 08
Carinhanha 09
Ibotirama 01
Malhada 02
Muquém do São Francisco 04
Paratinga 04
Serra do Ramalho 03
Sítio do Mato 13
Valores Totais 54
Fonte: INCRA
4.2 Acampamentos - Território Velho Chico
Município Acampamento N° famílias
Barra 01 38
Bom Jesus da Lapa 03 145
Carinhanha 03 200
Feira da Mata 04 152
Ibotirama 05 102
Malhada 02 118
Muquém do São Francisco 04 327
Paratinga 01 81
Sítio do Mato 04 171
TOTAL 27 1.334
Fonte: INCRA, MST, CETA, FETAG e CPT (dados Dezembro 2005)
Além da desapropriação, encontram-se outras formas de acesso à terra
no Território. Uma delas é o Programa Cédula da Terra - PCT (e sua
continuação, o Programa Nacional de Crédito Fundiário - PNCF, embora que
com algumas e importantes modificações), implantado com o apoio do Banco
Mundial. O PCT foi oficialmente lançado no estado da Bahia em novembro de
1997, e o Território já conta com 16 projetos implantados, numa área de
14.273,17 ha envolvendo 521
12
famílias. A média de área por família corresponde a 27,39 hectares, muito
inferior ao módulo rural que é de 65 hectares.
Com relação ao grau de concentração das terras, o índice de Gini de
66,67% dos municípios é classificado como forte e muito forte. Nos municípios
de Barra, Sítio do Mato e Malhada os índices variam de 0,910 a 0,959. São
municípios localizados nas margens do rio São Francisco, áreas normalmente
disputadas por grandes fazendeiros e altamente valorizadas. Mesmo o
município de Serra do Ramalho, originado do Projeto Especial de Colonização
no qual as terras foram divididas eqüitativamente para abrigar os “removidos”
pela construção da Barragem do Lago de Sobradinho, e que deveria ter, por
isso mesmo, uma classificação de nula a fraca, demonstra uma tendência a
concentração de terras, pois, depois de 10 anos de institucionalização do
município, o índice de Gini está na faixa de 0,410 considerado como fraca a
média.
4.3 Número de Estabelecimentos Agropecuários - Território Velho Chico
UF MUNICÍPIO UNIDADES
BA Barra 3.434
BA Bom Jesus da Lapa 3.130
BA Brotas de Macaúbas 1.592
BA Carinhanha 2.435
BA Feira da Mata 880
BA Ibotirama 1.294
BA Igaporã 1.640
BA Malhada 1.726
BA Matina 1.768
BA Morpará 1.094
BA Muquém do São Francisco 887
BA Oliveira dos Brejinhos 2.867
BA Paratinga 3.934
BA Riacho de Santana 2.942
BA Serra do Ramalho 3.323
BA Sítio do Mato 1.447
BA TOTAL GERAL 35.894
Fonte – IBGE/Cidade
13
5. Estrutura Agropecuária
O Território Velho Chico tem grande potencial econômico nas diversas cadeias
produtivas, das quais a, Apicultura, Bovinocultura, Caprinocultura, Fruticultura,
Mandiocultura e Piscicultura, são as principais. Segundo dados do BNB, outra
atividade promissora é a produção de cachaça artesanal. Os municípios de
Barra, Paratinga, Morpará, Brotas de Macaúbas e Oliveira dos Brejinhos já
contam com diversas associações de produtores que distribuem a cachaça
para outros estados, por exemplo, São Paulo. Todos os municípios do
Território são ricos em artistas que produzem artesanatos em palhas de milho,
palhas de bananeira, couro ou cristais, etc.
No município de Oliveira dos Brejinhos, o beneficiamento de frutas está sendo
alavancado pela agricultura familiar transformado o buriti, a manga, o umbu,
mangaba, tamarindo, maracujá e outras frutas em doces, geléias, sucos,
compotas. Em Bom Jesus da Lapa está em processo de implantação projeto
avícola, o qual pretende instalar unidades de abate de frangos caipiras e de
corte. Já em Morpará os pescadores estão gerindo uma unidade de fabricação
de gelo para o pescado. Nesse mesmo ramo, o município da Barra possui uma
unidade de beneficiamento de peixes.
A maior produção agrícola do Território está relacionada com as culturas
temporárias. A produção de mandioca se sobressai das demais como fonte de
alimentação e de complemento alimentar para os animais. É a cultura geradora
de renda do sertanejo. A cana-de-açúcar e o feijão também são culturas
temporárias de grande relevância na renda dos agricultores.
A maior área plantada ainda é com as culturas tradicionais como o feijão, o
milho e a mandioca. O algodão herbáceo teve um crescimento considerável
nos últimos anos. Identifica-se, ainda, a existência de uma pequena parcela
dedicada à produção de mamona que pode vir a ser uma alternativa de renda
viável com o estímulo que vem sendo dado à produção do biodiesel.
14
5.1 Culturas Temporárias – 2009 (Território Velho Chico)
CULTURAS ÁREA PLANTADA
(HA)
ÁREA COLHIDA
(HA)
QUANTIDADE
PRODUZIDA (T)
VALOR R$
(1000)
ALGODÃO HERBÁCEO (EM CAROÇO)
8.377 8.377 15.906 14.470
AMENDOIM (EM CASCA) 7 7 6 3
ARROZ EM CASCA 87 87 70 38
BATATA DOCE 50 50 250 125
CEBOLA 1 1 6 2
FEIJÃO EM GRÃOS 29.298 29.298 11.519 10.876
FUMO EM FOLHA 53 53 39 204
MAMONA BAGA 4.500 4.500 3.025 1.676
MANDIOCA 10.590 10.590 100.620 17.196
MELANCIA 1.648 1.648 29.985 9.016
MILHO EM GRÃOS 37.593 37.593 35.053 13.530
SOJA EM GRÃOS 2.421 2.421 7.626 5.109
SORGO GRANÍFERO 19.522 19.522 10.542 2.737
TOMATE 5 5 94 66
TOTAL 114.152 114.152 214.741 75.048
Fonte: www.sei.ba.gov.br
Conforme mostra a tabela a seguir, a cultura permanente de maior destaque no
Território é a banana, tendo como maior produtor e pólo de maior atividade
econômica o município de Bom Jesus da Lapa (3° maior produtor do Brasil).
Além da banana, a manga e o mamão são outros dos destaques produtivos da
região.
15
5.2 Culturas Permanentes – 2009 (Território Velho Chico)
Culturas
Área
Plantada
(Ha)
Área Colhida
(Ha)
Quantidade
Produzida Unidade
Valor
(R$ 1000)
BANANA 5.153 5.153 125.500 t 62906
CASTANHA DE CAJÚ 110 110 44 t 40
CANA-DE-AÇÚCAR 2.098 2.098 71.242 t 8657
CAFÉ BENEFICIADO 10 10 6 t 21
COCO-DA-BAÍA 347 347 5.139 1000 Frutos 1.755
GOIABA 48 48 861 t 569
LARANJA 94 94 927 t 283
MAMÃO 322 322 23.930 t 10.057
MANGA 1.016 1.016 10.213 t 4.085
MARACUJÁ 246 246 3.444 t 3.100
UVA 7 7 210 t 411
TOTAL 9.451 9.451 241.516 91.884
Fonte: www.sei.ba.gov.br
Das quase 700 mil cabeças de gado bovino que compõem o rebanho do
Território, o município de Muquém do São Francisco produz 12% com cerca de
80.000 animais. Vale destacar que o rebanho do Município do Muquém do São
Francisco é de origem patronal, dividido basicamente em 5 grandes
pecuaristas.
O Território dispunha apenas de um matadouro no município de Bom Jesus da
Lapa, desativado devido ao seu estado precário de funcionamento e sem a
menor condição de uso, principalmente no tocante à higiene. Além disso, o
Ministério Público, baseado na Portaria 304, proibiu o abate clandestino,
exigindo dos poderes públicos urgência na estruturação de infra - estrutura de
abatedouros de acordo com a lei. Na maioria das vezes, o Território acaba
utilizando frigoríficos privados de Barreiras e Guanambi, encarecendo o
produto final e descapitalizando o pequeno criador. Os derivados da carne
ainda são trabalhados em pequena escala, de forma também artesanal, nos
ambientes domésticos e em pequenos açougues (embutidos, lingüiças, etc).
Subprodutos como ossos, sangria e couro ainda não são beneficiados no
território.
16
Os laticínios e subprodutos do leite (queijo, requeijão, manteiga, doces, iogurte)
são industrializados de forma artesanal, tendo a maior oferta no período das
chuvas.
Não existem meios de resfriamento nas fazendas e as micro-indústrias de
laticínios de Ibotirama, Bom Jesus da Lapa e Serra do Ramalho ainda são
insignificantes para atender a demanda. O desequilíbrio na oferta, aliada à
qualidade da matéria-prima tem inibido a instalação de indústrias
transformadoras na região. Do ponto de vista do rebanho leiteiro, a cadeia
produtiva do leite ainda não esta estruturada e organizada o suficiente para o
atendimento da demanda.
5.3 Efetivos dos Rebanhos – 2008 (Território Velho Chico)
REBANHO (CABEÇAS)
Município Bovinos Suínos Galinhas Eqüinos Asininos Muares Ovinos Caprinos
Barra 34.400 6.900 15.500 1.600 3.269 700 5.300 5.200
Bom Jesus da Lapa 59.127 15.916 38.642 2.078 280 1.493 8.208 10.517
B. de Macaúbas 16.000 1.000 17.000 320 60 132 900 6.900
Carinhanha 45.315 5.780 14.300 1.130 113 500 4.000 1.630
Feira Da Mata 35.569 9.640 16.387 1.111 310 305 996 1.497
Ibotirama 18.618 745 11.750 1.450 54 50 1.100 1.400
Igaporã 22.100 8.898 49.332 1.025 90 298 4.844 1.420
Malhada 47.370 5.100 13.000 1.000 350 650 3.000 1.100
Matina 14.610 5.000 16.000 2.000 180 950 5.000 2.800
Morpará 13.200 580 9.900 500 1.400 130 680 850
Muquém 82.625 1.840 16.000 2.700 700 390 2.500 3.800
O Dos Brejinhos 34.500 5.150 24.900 1.000 1.319 130 13.500 27.200
Paratinga 41.879 13.132 51.958 2.536 2.721 819 8.863 5.828
Riacho de Santana 64.134 13.165 57.504 6.675 1.562 1.409 9.041 5.745
Serra do Ramalho 84.254 7.802 19.315 7.720 3.006 913 5.413 7.907
Sítio do Mato 53.324 8.665 21.793 4.235 3.269 643 2.501 2.214
TOTAL 667.025 109.313 393.281 35.480 15.414 9.512 75.846 80.808
Fonte: www.sei.ba.gov.br
17
6. Cadeias Produtivas e Agricultura Familiar
Na medida em que os agricultores familiares se envolvem com sistemas
produtivos cada vez mais complexos, cresce a necessidade de se organizarem
de maneira mais apropriada. Uma das formas de se atingir esse objetivo
começa em se dividir o processo produtivo em funções, a partir das quais se
possa construir sistemas produtivos equilibrados e eficientes.
Com isso, torna-se necessário apresentar, neste trabalho, uma visão
sistêmica das funções em que se pode estruturar o processo comercial e uma
visão, também sistêmica, dos níveis ou etapas do encadeamento produtivo e
de geração de valor de cada produto, para que essa abordagem possa ser
avaliada à luz de uma visão territorial.
Segundo Ipardes (2002), dois aspectos compreendem um sistema: uma
coleção de elementos e uma rede de relações funcionais, as quais atuam em
conjunto para o alcance de algum propósito determinado. Para o autor, um
sistema não se constitui simplesmente da soma das partes, ou seja,
caracteriza-se pelos padrões de interações das partes e não apenas por sua
agregação. O todo é o produto de partes interativas, cujo conhecimento e
estudo devem acontecer sempre relacionando o funcionamento dessas partes
com o todo.
Um dos primeiros autores a utilizar o termo sistema agroindustrial,
ressaltando sua dimensão histórica, situando o complexo agroindustrial como
uma etapa do desenvolvimento capitalista na qual a agricultura se industrializa,
foi Louis Malassis, da Escola de Montpellier. Ele destacou a importância da
abordagem dos encadeamentos por produto dentro de cada um dos subsetores
do setor agroalimentar. Graziano da Silva (1991), utilizou a noção de filière
agroalimentar como sendo itinerários seguidos por um determinado produto
dentro do sistema de produção-transformação-distribuição e aos diferentes
fluxos que a ele estão ligados.
Batalha (2001), mencionou que o esqueleto da cadeia de produção é
formado pela seqüência de operações de produção associadas à obtenção de
18
determinado produto. Observa, ainda, que de maneira geral, uma cadeia de
produção agroindustrial pode ser dividida em três grandes macrosegmentos:
produção de matérias-primas, transformação e comercialização. A lógica dos
encadeamentos indica que os consumidores são os principais indutores de
mudanças nas cadeias, mesmo considerando que os demais atores atuam
como elementos de mudança.
Com base na discussão acima, pode-se definir de maneira simplificada
uma cadeia produtiva como sendo um conjunto de elementos que
interagem em um processo produtivo para oferta de produtos e/ou
serviços ao mercado consumidor e geração de valor.
O entendimento do conceito de cadeias produtivas possibilita:
1 – visualizar a cadeia de forma integral;
2 – identificar as debilidades e potencialidades;
3 – motivar o estabelecimento de redes de cooperação;
4 – identificar gargalos e elementos faltantes;
5 – certificar os fatores condicionantes de competitividade em cada
segmento;
6 – analisar a composição do valor dos produtos por etapa de produção.
O estudo e a análise de uma cadeia produtiva devem partir do princípio
de que esta compõe um sistema, constituído por diferentes elementos
agrupados em seguimentos, conforme representado na figura 1. Devem ser
estudados os fluxos de capital das transações sócio-econômicas, identificando
a distribuição de benefícios entre os atores do sistema.
Deve-se ter em mente, também, que a constituição das cadeias
produtivas não segue padrões pré-estabelecidos, pois cada arranjo depende de
inúmeras outras variáveis e contextos.
Desta forma, surgem as necessidades de gestão destes processos que
compõem as cadeias, o que envolve o aprimoramento da relação dos seus
elementos de forma a: possibilitar maior cooperação entre os indivíduos da
cadeia; potencializar e otimizar a produção; reduzir os riscos individuais;
proporcionar o
intercâmbio de tecnologias e conhecimentos para aprimorar o desenvolvimento
dos processos da cadeia.
19
As cadeias produtivas têm seu desempenho orientado por um conjunto
de objetivos de desempenho. De uma forma geral, os principais objetivos de
desempenho que podem ser perseguidos pelas cadeias produtivas ou pelos
seus componentes individualmente são a eficiência, qualidade,
competitividade, sustentabilidade e a eqüidade. A metodologia de análise das
cadeias produtivas, para efeito de prospecção tecnológica, deve responder
quais desses objetivos são mais apropriados para a situação em análise, quais
os padrões a atingir e respectivos instrumentos e mecanismos de mensuração.
Cabe ressaltar, entretanto, que as cadeias produtivas são oriundas dos
estudos da economia industrial e da engenharia dos sistemas industriais, com
caráter essencialmente de relações capitalistas. No caso da agricultura familiar,
em sua enorme diversidade de formas de realização, não encontramos,
necessariamente, estas mesmas relações típicas da produção capitalista, o
que pode levar aos equívocos de interpretação e recomendações.
Com o intuito de evitar tais equívocos, foi elaborada pela equipe da
SDT/MDA esta proposta metodológica para elaboração dos Planos Territoriais
de Cadeias Produtivas – PTCP, que visam aproximar a idéia de encadeamento
de processos produtivos e de geração de valor à realidade sócio-produtiva da
agricultura familiar, nos diversos territórios rurais brasileiros.
No entanto, o que se verifica na realidade é que os produtores rurais
familiares exercem papel subalterno aos dos outros agentes que compõem as
principais cadeias produtivas agroalimentares no Brasil, o que bloqueia o seu
acesso a oportunidade de melhoria da renda. Isso ocorre porque, geralmente,
esses agricultores compram (matérias-primas e insumos em geral) a preços
elevados e vendem (produtos finais) a preços aviltados. Muitos grupos de
produtores familiares estão excluídos das cadeias (principalmente aquelas que
apresentam alto grau de integração com empresas privadas, como no caso do
leite e da suinocultura na região Sul) e das políticas de apoio, que acabam
sendo apropriadas pelos grupos de produtores mais consolidados.
Sob tal perspectiva, a intenção deste trabalho (elaboração dos PTCPs) é
estabelecer as bases para garantir aos agricultores familiares e suas
organizações uma maior governança e autonomia nas distintas etapas de
produção, processamento e comercialização nas cadeias produtivas que estão
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inseridos, alcançando uma maior renda e melhores condições de
sobrevivência.
Para isso, busca-se elaborar um diagnóstico e um planejamento de
ações referentes a uma dada cadeia produtiva que sirvam como instrumentos
importantes para balizar as ações dos atores locais envolvidos, fornecendo-
lhes uma visão mais ampla de todas as etapas da cadeia, bem como os
auxiliando na busca por parcerias estratégicas.
A estratégia territorial fornece o recorte para a definição das informações
e atividades a serem desenvolvidas. No caso, o território com seu tecido social
diverso, sua cultura característica, sua paisagem natural e suas articulações
institucionais.
O caráter participativo na elaboração destes Planos deve ser ressaltado,
para que o próprio instrumento possa ser mais efetivamente apropriado pelos
atores locais e auxilie no surgimento de novos projetos importantes para a
dinamização econômica dos territórios.
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7. Eixo Aglutinador do Fortalecimento da Agricultura Familiar do
Território Velho Chico
O fortalecimento da Agricultura Familiar no “Território da Cidadania”
Velho Chico está relacionado com a multifuncionalidade da mesma, que além
de produzir alimentos e matérias-primas, gera mais de 80% da ocupação no
setor rural e favorece o emprego de práticas produtivas ecologicamente mais
equilibradas, como a diversificações de cultivos e a busca pela preservação do
patrimônio genético.
No âmbito das políticas públicas, a ação da agricultura familiar tem
gerado impactos na qualidade da produção de alimentos, na gestão das
unidades familiares e comercialização dos produtos, através programas dos
PAA, PNAE e a compra antecipada CONAB, apoiados pelos governos estadual
e federal.
As Cadeias Produtivas da ovinocaprinocultura, aquicultura, apicultura e
mandiocultura e outros como artesanato, bovinocultura e a fruticultura do
Território são apoiadas por um Arranjo Institucional, rede de entidades
importante para o processo organizacional, geração de postos de trabalho e
renda com agregação de valor social aos produtos, envolvendo instituições da
sociedade civil, públicas e privadas.
Com o desenvolvimento das atividades territoriais, as cadeias se
tornaram setores extremamente estratégicos do ponto de vista da produção de
alimentos para o combate à pobreza e inclusão social, com sustentabilidade
ambiental, econômica e social para a população do território.
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7.1. Apicultura
A apicultura foi definida pelo Colegiado do Território Velho Chico e
escolhida pelos diversos parceiros que o compõe como uma das principais
cadeias produtivas por ser ecologicamente correta, socialmente justa e na
região encontrar condições climáticas favoráveis, oferta de floradas, boa
pastagem apícola e um número elevado de apicultores, distribuído em todos os
municípios do território, com base nas ações, atividades, capacitações
realizadas e no desenvolvimento da apicultura nos municípios do território, os
quais detêm um grande número de apicultores desenvolvendo a atividade e
outros a iniciar.
Diante deste potencial, sendo uma das atividades que mais se
sobressai por estar numa região semi-árida, investiu-se em Unidades de
beneficiamento da produção, entreposto hoje administrado pela Cooperativa
dos Apicultores do Médio São Francisco- COOPAMESF, a fim de potencializar
a atividade com a possibilidade de torná-la uma das principais fontes de renda
para os apicultores agricultores familiares e suas famílias.
Plano de Ação para apicultura no Território Velho Chico - Em janeiro
de 2010, a SUAF (Superintendência de Agricultura familiar) da SEAGRI
(Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária) do Governo do Estado da Bahia
apresentou as principais dificuldades encontradas, relativas à apicultura no
território, através de um diagnóstico com a participação do SEBRAE, que trata
da situação atual da apicultura em todo Território da Cidadania Velho Chico.
Com intuito de resolver os entraves na atividade, cria-se o plano de ação
para 2010, também a Câmara Setorial da Apicultura com a participação dos
apicultores representantes de entidades imbuídas nos Arranjos Produtivos
Locais- (APLs) e a contribuição dos parceiros, a fim de potencializar a geração
de trabalho e renda para os apicultores envolvidos e os integrar à atividade.
Constata-se o envolvimento de 400 apicultores, agricultores familiares
em todo território com atividade apícola, e a meta é de se chegar a 500 até o
final de 2011. Para alcançar a meta prevista, algumas ações vêm sendo
implementadas e
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outras devem seguir o mesmo alvo, como capacitação, política de crédito a
juros baixos, política de garantias de preços mínimos para o kg do mel
produzido.
Com o Plano de Ação 2010, algumas atividades já vêm sendo
desenvolvidas como planejamento setorial, em todos os 16 municípios do
território, de fortalecimento da cadeia apícola, construção participativa dos
planos municipais de apicultura e envolvimento dos parceiros, coordenado pela
Câmara Técnica Territorial de Apicultura.
Destacam-se os avanços no potencial produtivo, qualificação da
produção e outros subprodutos da atividade apícola, tais como cera e própolis,
e adaptação de novas tecnologias de manejo produtivo, utilizando-se da
seleção de enxames e manejo de produção de rainhas, além da padronização
de embalagens, SIF, Selo da AF e o comércio em rede, exportação para países
da Europa.
Apicultura em rede - A Rede Sabor Natural do Sertão vem
fortalecendo, de forma integrada, a participação dos apicultores no cenário de
negócios e de produção juta, onde a COOPAMESF se insere como
fomentadora deste processo no território e carrega consigo várias outras
associações de empreendedores que estão produzindo e já ingressaram na
rede. Destaca-se, ao longo de 2010, a criação da ARAPIS- Associação dos
Apicultores de Riacho de Santana/BA, com unidade de beneficiamento
estruturada nos padrões de exigência do MA- Ministério da Agricultura para
recebimento do SIE.
No Território, pelos levantamentos realizados, constata-se a existência
de 16 unidades de beneficiamento de mel sem SIF que, de acordo com os
apicultores e suas famílias, necessitam ser reestruturadas para propiciar o
avanço e as melhorias para o beneficiamento do mel e de tantos outros
produtos que, no período da entre-safra do mel, podem ser processados no
empreendimento associativo, tais como doces, sulcos, dentre outros.
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7.2 Artesanato
Para se chegar ao chamado desenvolvimento sustentável é necessário
uma visão holística de todos os atores sociais envolvidos no processo, e,
dentro dessa visão, considerar as necessidades de gênero, raça, etnia e de
geração, respeitando as diversidades e especificidades, incorporando homens
e mulheres que compõem o contexto das comunidades tradicionais,
agricultores familiares, assentamentos, indígenas, ribeirinhos, pescadores e
população urbana, respeitando seus saberes, trabalhos e fazeres.
As mulheres são protagonistas da produção agrícola e não-agrícola. Em
se tratando da agricultora familiar, são responsáveis pela criação de pequenos
animais, hortas, beneficiamento de frutas, leite, artesanatos e são guardiãs da
herança cultural de seus agrupamentos sociais e de origem.
O reconhecimento da agricultora como agente produtivo e reprodutivo
dos saberes é fundamental para o combate à exclusão e discriminação de
gênero, etnia e de combate à fome no campo e na cidade. Embora as mulheres
tenham conquistado grandes avanços nos direitos civis, sociais e políticos, há
muitos desafios a serem superados, principalmente quando se trata das
mulheres afro-descendentes, do campo e das periferias das cidades. O acesso
à educação, saúde da mulher, aos créditos de produção, à posse da terra e
dos imóveis é muito difícil. E se não bastasse, ainda são vítimas de violência
doméstica e social.
É na busca por superação desses desafios que o Plano de
Desenvolvimento Territorial visa, também, priorizar programas e ações que
possibilitem o empoderamento das mulheres e a valorização do trabalho
produtivo. A Cadeia Produtiva do artesanato é entendida pelo território como
um instrumento de geração de renda e preservação do patrimônio cultural.
A grande diversidade de povos que constitui a população do território é
um patrimônio ainda inexplorado, há mais de mil possibilidades de transformar
matérias-primas em artesanato: com inspiração indígena - barro, palha e fibras;
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portuguesa - bordados, renda, talhas; italiana - esculturas em pedra, gesso;
africana - a arte do fuxico, palhas e fibras; européia e americana - a tradição
das bonecas de pano.
No território, encontram-se artistas individuais e grupos que
desenvolvem o artesanato em palha e fibra de bananeira (Serra do Ramalho),
palha de milho (Muquém do São Francisco), barro e couro (Barra, Muquém do
São Francisco, Serra do Ramalho), artesanato em tecido (Morpará, Ibotirama,
Oliveira dos Brejinhos), arte em madeira (Ibotirama, Bom Jesus da Lapa,
Carinhanha), bijuterias indígenas (Muquém, Ibotirama e Serra do Ramalho) e
artesanato em pedras semipreciosa (Brotas de Macaúbas e Oliveira dos
Brejinhos).
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7.3 Bovinocultura de Leite
A bovinocultura de leite é entendida pelo Colegiado Territorial como uma
das cadeias que detém grande potencial para o desenvolvimento econômico do
território, pois vários municípios têm na agropecuária seu principal sustento
econômico e a pecuária de leite faz parte de um contexto que auxilia no padrão
social e contribui para a fixação do homem e da mulher no campo, ou seja,
permite que o agricultor familiar tenha condições de sobreviver com geração de
renda e novas oportunidades de desenvolvimento de suas propriedades.
Em análise realizada pelo CODETER, foi constatado que há no território
uma expansão dessa atividade nos últimos anos, algo que já vem se tornando
destaque em produtividade e, também, pelo emprego de novas técnicas de
armazenamento de forragens no manejo alimentar dos animais, bem como a
eficiência do manejo sanitário e a melhoria da qualidade genética dos
rebanhos.
Com esse avanço, percebe-se a importância da revitalização das bacias
leiteiras, as quais podem ser destacadas em dois regionais: Bom Jesus da
Lapa e Serra do Ramalho e o segundo, Ibotirama, Muquém do São Francisco e
Barra, que têm grande concentração da bovinocultura regional. Outro fator
importante é a utilização do leite e seus subprodutos na alimentação escolar,
pelas escolas e entidades afins, por meio das compras institucionais pelos
programas de aquisição de alimento PAA e PNAE.
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7.4 Caprinocultura
No Território Velho Chico, segundo dados do censo agropecuário feito
pelo IBGE (ano 2008), existe um rebanho estimado num total de 156.654
cabeças, com maior incidência na região das Comunidades de Fundos de
Pastos, que compreende os municípios de Oliveira dos Brejinhos-BA e Brotas
de Macaúbas-BA (área geográfica de 5.930,2 Km²), onde o sistema de criação
está pautado no uso comum da terra e na solta dos animais, expressando um
modo de vida peculiar de convivência com o semi-árido.
O potencial produtivo da caprinovinocultura no Território está muito
acima da média no Estado, levando o Colegiado do Território a aprová-la como
cadeia produtiva prioritária a ser trabalhada. O Plano de Produção de Cadeia
propõe qualificar a produção e agregar valores aos produtos para que tenham
acesso ao mercado, buscando a eficiência e eficácia nos aspectos produtivos e
gerencial.
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7.5 Fruticultura
A Cadeia Produtiva de Beneficiamento de Frutas é priorizada no
território por possibilitar a geração de renda com sustentabilidade ambiental e
por proporcionar a segurança alimentar.
O Território Velho Chico, devido à sua extensão territorial, abundância
de recursos hídricos e por ter os ecossistemas de caatinga e zona de transição
de cerrado, possui uma flora bastante diversificada, não só no que se refere às
frutas nativas (umbu, buriti, mangaba), mas, também, às exóticas (manga,
acerola, banana) com um potencial ainda não mensurado. Já há algumas
iniciativas no sentido do beneficiamento dessas frutas, como, por exemplo,
geléias, doces de corte, sucos, compotas e concentrados, que vem sendo
desenvolvidas por grupos de mulheres.
A articulação dos empreendimentos, através das Bases de Serviços de
Comercialização e com a Rede Sabor Natural do Sertão, tem buscado
capacitar os agricultores no sentido de buscar uma melhor qualidade,
padronização e apresentação dos produtos, com o objetivo principal de garantir
o acesso à comercialização institucional, via PAA e PNAE, e ao mercado local.
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7.6 Mandiocultura
Cultivada em todas as comunidades do Território Velho Chico, o qual,
segundo dados do IBGE (ano 2008), possui uma área plantada de 14.860
hectares, é a principal atividade econômica da Agricultura Familiar da região,
tendo um importante papel para as populações, tanto do campo quanto das
cidades, possibilitando, ao longo dos anos, a oferta de alimentos de baixo
custo. É produzida, principalmente, por agricultores familiares, com pouco ou
nenhum tipo de tecnologia, apresentando resultados econômicos ainda baixos
em relação ao seu potencial, apesar de se apresentar como uma das mais
presentes na composição da renda das famílias e o símbolo das culturas do
semi-árido.
O processo produtivo avançou bastante com a adaptação de novas
tecnologias de cultivos, qualificação e padronização dos produtos originados da
mesma. Contudo, há a necessidade de ampliação da produção no setor
investimentos que, por sua vez, representará o grande impacto para a
produção de alimentos e atendimento aos programas PAA, PNAE que vêm
melhorando a qualidade de vida dos Agricultores Familiares, sua alimentação,
com geração de oportunidades de trabalho e renda, além das estruturações
das organizações como associações, cooperativas e outros grupos informais.
Ademais, servirá de estímulo à revitalização da cultura nas comunidades que
tem maior potencial dentro do território.
Daí a necessidade da intervenção para melhorar o aproveitamento da
planta integralmente, estimulando a aprendizagem, através da capacitação do
agricultor familiar para a confecção de novos produtos, derivados e
subprodutos, implantação de unidades de beneficiamento da matéria-prima e
adequação tecnológica, estruturação dos empreendimentos para não só
transformar a matéria-prima em fécula, farinha e polvilho, mas verticalizar a
produção com a finalidade de assegurar retorno financeiro à mandiocultura e
comunidades rurais do território.
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7.7 Piscicultura
A piscicultura é um importante sistema de produção de alimentos
humanos e animais. Por seu valor social, ambiental e econômico, se apresenta
como excelente alternativa de geração de renda e emprego para as
comunidades ribeirinhas e outras categorias profissionais direta ou
indiretamente ligadas à cadeia produtiva. É, sem sombra de dúvida, a grande
força motriz das comunidades ribeirinhas, as quais formam a grande massa da
população territorial, concentradas às margens do rio São Francisco e de seus
afluentes.
O cultivo de peixes em tanques rede é uma modalidade de aquicultura
que vem, ao longo dos anos, intensificando sua participação entre os diversos
sistemas de criação utilizados no território, com o apoio dos seguimentos que
priorizam a atividade pelo envolvimento de um número elevado de famílias. Já
foram implantados 330 tanques e estão previstos a implantação de mais 520
tanques, além de unidades de beneficiamento do pescado e fábricas de gelo, o
que, consequentemente, tem contribuído para a geração de renda e a criação
de postos de trabalhos para os piscicultores dos municípios do território.
Diante dos avanços, tornam-se necessários novos programas e projetos
a fim de consolidar, de forma sustentável, essa atividade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As informações sobre as principais cadeias produtivas da agricultura
familiar do Território Velho Chico são resultado de um trabalho que se iniciou
depois do recorte territorial, partindo do princípio de identificação e identidade,
permitindo a troca de experiências acumuladas ao longo dos anos pelos
saberes populares e validados pelos estudos acadêmicos.
A partir das oficinas construídas e estudos realizados com a finalidade
de definição dos principais arranjos produtivos partindo do acúmulo existente é
que se chegou ao consenso e afirmação, pelos atores da sociedade civil e do
poder público, que as principais cadeias produtivas do Território são uma das
engrenagens de movimentação e dinamização para o fortalecimento e
promoção do desenvolvimento do Território Velho Chico.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONAB - COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Disponível em <http://www.conab.>. Acesso em: 2011
GEOGRAFAR/UFBA, Acesso a Terra e Desenvolvimento Territorial no Médio São Francisco, GeografAR/UFBA, Salvador, 2006. IBGE/CIDADES/2008. Disponível em <http://www.ibge.>. Acesso em: 01 ago. 2011. MDA - MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, Orientação para elaboração de Projetos nos Territórios Rurais em 2004. p. 1-9. Articulando Políticas Públicas e Demandas Sociais. Brasília, 2005. Disponível em <http://www.mda.gov.br>. Acesso em: 01 ago. 2011. PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO VELHO CHICO. 2. ed. Novembro, 2010. REGIMENTO INTERNO. Território Velho Chico. SDT / MDA – Proposta metodológica para elaboração dos Planos Territoriais de Cadeias Produtivas – PTCP, Brasília, 2008. SDT / MDA. Guia para o Planejamento – Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável. SDT/MDA, Brasília, 2005. SEI - SUPERINTENDENCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Agropecuária 2008 SEI – SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Dinâmico sócio demográfica da Bahia: 1980:2000. Série Estudos e Pesquisas nº 60, Salvador, SEI, 2003. Análise Territorial da Bahia Rural. Série estudos e pesquisas nº 71, Salvador, SEI, 2004.