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CADERNO DE APRESENTAÇÃO

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CADERNO DE APRESENTAÇÃO

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O que é o Projeto Trilhas

Projeto Trilhas é uma iniciativa do Programa Crer para Ver, da Natura Cosméticos, que envolve um conjunto de materiais elaborados para instrumentalizar e apoiar

o trabalho docente no campo da leitura, escrita e oralidade, com crianças de 4 a 6 anos, com o objetivo de inseri-las em um universo letrado. Os materiais estão divididos em três caixas, sendo:

Caixa 1: “Trilhas para ler e escrever textos”

Caixa 2: “Trilhas para abrir o apetite poético”

Caixa 3: “Trilhas de jogos”

As caixas contêm materiais com fundamentação teórica, de orientação para os diretores e para os professores, livros de literatura infantil e DVDs. O conjunto completo de materiais será entregue em duas etapas, sendo a segunda no semestre posterior à distribuição da primeira, e passará a ser de propriedade da escola pública que o receber. Para cada material, um uso diferente:

• Caderno do diretor, para uso do diretor da escola;

• Cadernos de estudos, Cadernos de orientações, Caderno Trilhas de jogos e Caderno de apresentação, para uso do professor;

• Acervo de livros de literatura infantil, materiais pedagógicos e DVD Trilhas de livros, para uso coletivo dos professores das crianças de 4 a 6 anos da escola;

• DVD Trilhas de formação do leitor, para uso coletivo do diretor e dos professores da escola.

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CADERNO DE ESTUDOS

CADERNO DE APRESENTAÇÃO CADERNO DO DIRETOR

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HISTÓRIASCOM REPETIÇÃO

C A D E R N O D E O R I E N T A Ç Õ E S

O Caderno de apresentação é este material que está em suas mãos. Nele há uma apresentação geral do Trilhas, destacando as intenções, os princípios e as concepções do projeto. Este material será entregue apenas na primeira etapa do projeto.

O Caderno do diretor é direcionado ao diretor da escola. Nele há sugestões para a gestão do trabalho junto aos professores e orientações para a organização e o uso do acervo de livros. Esse material também será entregue apenas na primeira etapa do projeto.

O Acervo de livros é composto de um conjunto de obras da literatura infantil que são apre-sentadas ou utilizadas como referência para as atividades propostas nos Cadernos de orien-tações. Esse acervo deverá permanecer na instituição para que os professores possam utilizá-lo em sala, e será entregue em duas etapas.

Os Cadernos de orientações são direcionados aos professores. Neles há um conjunto de atividades para serem realizadas junto às crianças.

Os Cadernos de orientações serão entregues em duas etapas e estão organizados em caixas, nas quais se agrupam segundo seu conteúdo.

O Caderno Trilha de jogos é para uso do professor. Apresenta um repertório de jogos para favorecer a atenção das crianças para a relação que existe entre o universo oral e o escrito. Esse material será entregue apenas na segunda etapa do projeto.

Os Cadernos de estudos são para uso dos professores e têm a finalidade de aprofundar os conteúdos tratados nos diferentes Cadernos de orientações. Com base nesse material, os professores poderão ganhar maior compreensão e autonomia para a realização das atividades: é um instrumento para estudo, de forma que o professor se aproprie das teorias e conceitos que embasam as atividades propostas. Esse material será entregue em duas etapas.

HISTÓRIASCOM ENGANO

C A D E R N O D E O R I E N T A Ç Õ E S

HISTÓRIASDE ANIMAIS

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O DVD Trilhas de formação do leitor, por meio de uma linguagem diferenciada, faz um convite a todos os interessados para compreender por que é tão importante que um país invista na formação de seus cidadãos como leitores. Nele estão apresentadas algumas das premis-sas e concepções em que o Trilhas está estruturado. Esse material será entregue apenas na primeira etapa e é de uso coletivo. Portanto, deve permanecer na instituição.

Os materiais pedagógicos foram elaborados para a realização de algumas atividades propostas nos Cadernos de orientações e no Caderno Trilhas de jogos. Esse material é de uso coletivo dos professores. Para tanto, deverá permanecer na instituição. Será entregue em duas etapas.

O DVD Trilhas de livros oferece aos professores, para uso em sala, alguns títulos do acervo de livros no formato digital. Esse modo de apresentar o livro é mais uma contribuição do Trilhas para que o professor possa lançar mão do recurso da leitura compartilhada, proje-tando o livro, convidando as crianças para lerem junto com ele, detendo-se em determinados trechos para explorá-los coletivamente. Esse material será entregue apenas na primeira etapa do projeto e é de uso coletivo dos professores, devendo também permanecer na escola.

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Apresentação do Projeto Trilhas

educação, assim como outras áreas do conhecimento, vive um momento em que se impõem para seus

profissionais novos desafios e maior responsabilidade sobre suas ações. Sabemos que o Brasil é um país que ainda tem muito a avançar no que diz respeito ao acesso e à qualidade da educação. Hoje há inúmeros dados e pesquisas que reve-lam nossa real situação e assim contribuem para o trabalho dos educadores e dos gestores das redes de ensino, indican-do o que tem dado certo e o que precisa ser aperfeiçoado. No campo da formação de leitores, os dados nacionais indicam que ainda não temos uma sociedade de leitores capazes de usar a leitura como fonte de conhecimento, de ampliação do

universo cultural e de prazer pessoal, sem contar que ainda existe um enorme contingente de pessoas analfabetas ou mal alfabetizadas.

Acreditamos que a formação de leitores deva ser uma das prioridades da área de educação e, assim, esse tema precisa ter a atenção de todos, inclusive dos professores que trabalham com crianças em idade pré-escolar. As pesquisas mostram que o período dos 3 aos 6 anos é o mais proveitoso para o desenvolvimento da aprendizagem, uma fase extraordinária para o estímulo intelectual.

Foi considerando o conhecimento acumulado pelas pesquisas, o panorama do nosso país, a responsabilidade de todos na construção de uma sociedade mais igualitária e analisando as informações disponíveis sobre sistemas educacionais que a Natura, por meio do Programa Crer para Ver, decidiu desenvolver uma iniciativa que possa contribuir para fazer a diferença na aprendizagem de crianças dessa faixa etária. Para isso, escolhemos um caminho: colaborar com o trabalho cotidiano do professor em sala.

Foi com essa intenção que nasceu o Projeto Trilhas, um conjunto de diferentes materiais que pretende criar oportunidades para que crianças da pré-escola tenham maior acesso à literatura infantil e, consequentemente, à cultura escrita.

Agora você pode estar se perguntando: por que introduzir livros tão cedo? Por que favorecer a entrada de crianças pequenas na cultura escrita?

A escola tem um papel fundamental na vida dos cidadãos, pois é ela que cria ou não as condições e oportunidades para que as pessoas se tornem leitoras, possam construir cultura e ser usuárias da linguagem escrita. Para aprender, é preciso ter acesso a saberes básicos, mas que levem para além de um conhecimento mecânico. Isso se faz permitindo que, desde mui-to cedo e de acordo com suas possibilidades, as crianças possam ler, escrever e conviver com livros, experimentando, de diversas formas, os modos de pensar por escrito e sobre o escrito. Para isso, é preciso entender que elas são capazes de produzir e aprender desde muito cedo.

A alfabetização é um processo que começa bem antes da instrução formal e não deve ser confundida com a escolarização precoce. As crianças, quando expostas ao contato sistemático com livros e diferentes textos, descobrem muitas informações sobre a linguagem escrita. Sua aprendizagem é sempre resultante daquilo que são capazes de deduzir a partir do que o ambiente lhes oferece. O que pode fazer a diferença é o professor atuar no espaço da sala, criando condições para influir sobre as fontes de informação que serão disponibilizadas e

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propiciando situações-problema que convidem as crianças a dar respostas a partir do que recebem. É assim que se avança, se aprende e se estabelece um vínculo saudável e estimulante com os livros e com o conhecimento. O objetivo nessa fase da escolaridade não é acertar, mas perder o medo de errar e ganhar coragem para arriscar, perguntar e entender.

Ter livros de literatura infantil como aliados para essa aventura de entrar no mundo do conhecimento, das histórias, dos textos e da linguagem, com certeza, faz a diferença. Nessa perspectiva, favorecer a entrada na literatura infantil e, consequentemente, na cultura escri-ta, desde a mais tenra idade, respeitando as possibilidades de cada um, contribui para um percurso de aprendizagem em que saber ler e escrever é uma ponte para o desenvolvimento intelectual do indivíduo, uma ferramenta pessoal e social.

Mas o que estamos chamando de cultura escrita?

É comum, ao se falar de cultura escrita, imediatamente pensar na aprendizagem escolar, na leitura como decodificação e na escrita como cópia repetitiva de sinais gráficos. Seria um equívoco entrar em salas de pré-escola movidos por uma visão que restringe o aprendizado da leitura a um processo de tradução de códigos. Esse é o momento em que as crianças estão descobrindo o mundo e são ávidas por conhecer. É hora de dar lugar à efervescência intelectual e ao desejo de aprender que caracteriza essa etapa da vida. É hora de dar lugar para a brincadeira e para os jogos, bem como para a leitura e as histórias.

A cultura escrita refere-se a todas as práticas que foram se estabelecendo historicamente em torno do texto: a leitura em voz alta, a leitura silenciosa e a conversa sobre o texto ou sobre a escrita. Portanto, um conceito amplo, que não se reduz a identificar a relação entre o som e a grafia, mas que engloba os usos sociais que fazemos de materiais escritos. Ler conjunta e cotidianamente é um exemplo de participação na cultura escrita.

A decodificação é, sem dúvida, uma dimensão importante, mas não a única implicada na aprendizagem da leitura, uma vez que de nada serve saber decodificar sem poder ir além da letra do texto. O Trilhas valoriza e cria condições para que as crianças tenham oportunidade de entrar no mundo dos livros, desvendar sua estrutura e conhecer a linguagem que se escreve mesmo antes de ser capaz de ler e escrever autonomamente.

A proposta é colocá-las no lugar de intérpretes antes de serem leitoras. Como? Criando situações em que se leia para elas e com elas. Para aprender a ler e escrever, é preciso ver outras pessoas lerem; ter a chance de tentar ler, podendo experimentar e errar. Participando

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de situações de leitura, as crianças podem entender em que circunstâncias se usa a língua escrita e aprender sobre sua função comunicativa. Mas tudo isso deve ser feito sem perder de vista a leitura como porta de entrada em outros mundos, reais ou imaginários: um momento especial para que as crianças conversem sobre as histórias, falem de seus pontos de vista e compartilhem suas dúvidas e descobertas.

Garantir um momento de troca agradável não impede que, ao conversar sobre as histórias, se possa criar uma ocasião ideal para explorar os textos para além de seu conteúdo. O Trilhas propõe que a leitura seja um momento em que se explorem os questionamentos das crianças sobre as histórias, ao mesmo tempo que se converse sobre a língua e suas características. Uma ocasião para aproveitar e incrementar seus conhecimentos prévios, para que arrisquem, por exemplo, tanto explicações sobre o significado do texto quanto das palavras desconhecidas, ou mesmo para que observem e comentem sobre os sons das palavras.

Por que a escolha por uso de livros de literatura e jogos com a linguagem? A perspectiva deste projeto é, em primeiro lugar, influir sobre os materiais que chegam às mãos das crianças. É por essa razão que as situações de aprendizagem propostas nas Caixas 1 e 2 giram em torno de livros de literatura infantil de qualidade, com um acervo que respeita critérios de seleção e que privilegiam a variedade de gêneros, temas, elementos gráficos e formas de comunicação. Na Caixa 3, que será entregue na segunda etapa do projeto, as situações de aprendizagem propostas giram em torno de jogos com a linguagem, e o acervo de jogos produzidos tam-bém apresenta critérios ricos para favorecer uma diversidade de situações em que as crianças são convidadas a refletir e aprender sobre a língua em um contexto lúdico.

Nosso objetivo é colaborar para desenvolver a competência linguística das crianças tanto oral quanto escrita. Por exemplo, ao estimular a leitura de narrativas, convidando-as a desvendar seus elementos: o tempo, os personagens e as relações entre eles, os aspectos psicológicos, as questões gráficas, as ilustrações, o vocabulário, a gramática e a sonoridade da língua. Ou criar atividades com o objetivo de, ao mesmo tempo, “entrar na história” que está sendo contada e explorar a forma como o texto constrói a narrativa.

Com o apoio de um bom acervo de livros e de jogos com a linguagem, é possível trabalhar a leitura e a língua em um contexto de realidade. Isso porque, mesmo antes de as crianças serem capazes de ler e escrever por conta própria, elas estão aptas a ouvir, a pensar sobre o texto e sobre o sistema de escrita.

Ao conversar sobre os livros com as crianças, abrimos uma porta para que elas se familiarizem com os textos e, pouco a pouco, ganhem liberdade no universo da leitura e da literatura. Por outro lado, ao propor situações em que as crianças joguem com a linguagem, contribui-se para que elas pensem sobre a escrita das palavras, considerando sua grafia e sua sonoridade, e possam refletir sobre a dimensão fonológica da língua.

Esses conhecimentos ajudam a construir a compreensão da escrita alfabética, a ampliar o vocabulário e a perceber o modo como as crianças examinam as palavras dentro das situações de interação verbal. A oferta de situações desse tipo não deve ser confundida com alfabe-tização precoce, mas sim entendida como a garantia de oportunidades de experimentação e reflexão equivalentes às que crianças inseridas em contextos de famílias letradas fazem informalmente, desde muito cedo.

O mesmo podemos considerar em relação aos livros de literatura infantil. Muitas vezes questiona-se a adequação de livros na educação de crianças pequenas, admitindo-se apenas

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que se contem oralmente as histórias. Mas, efetivamente, o que acaba ocorrendo é que, nas famílias em que o livro infantil é um objeto presente, as crianças passam a explorá-lo. Por-tanto, a defesa aqui é a de que, se o material for bem selecionado e usado de maneira lúdica e adequada, favorecerá que as crianças sejam leitoras antes de saber ler. E que ao mesmo tempo desenvolvam o prazer pela leitura e a intimidade com esse universo.

Desvendando a linguagem

Os números que contam a história da educação em nosso país, mais precisamente da alfa-betização, mostram que muitas crianças vão sendo distanciadas do mundo dos livros e não avançam em sua escolaridade justamente porque não se criam condições para que elas se apropriem da linguagem escrita e compreendam seu funcionamento. As crianças que avançam, de uma maneira ou de outra, em geral são aquelas que desenvolvem a capacidade de uso e análise da linguagem. Isso parece óbvio, mas não é. O que propomos aqui é trabalhar inten-cionalmente esse aspecto e não deixar a cargo das crianças essa compreensão, pois o risco de que muitas não consigam é alto.

A linguagem é o único sistema que pode se referir a si mesmo (isto é o que chamamos de metalinguagem). Ao ensinar a ler e escrever, nos referimos, necessariamente, a uma termi-nologia que fala sobre a própria linguagem. Termos como palavra, frase, sílaba, letra etc. são difíceis porque carregam um conceito dentro deles. Muitas vezes isso é banalizado. Se temos essa consciência, podemos criar atividades que ajudem as crianças a compreender essa dimensão da linguagem. Por isso, é preciso garantir para todas elas a possibilidade de conversar sobre a escrita, de desvendar a linguagem. Complicado? Um pouquinho, mas importante.

Você pode estar pensando que nunca se preocupou com essas questões e nunca teve pro-blemas para ensinar. É verdade, é possível aprender sem um ensino sistemático e preocupado com essas dimensões. No entanto, aquelas crianças com menos oportunidades de acesso à informação e que dependem do contexto escolar para avançar serão, justamente, aquelas que,

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possivelmente, ficarão à margem. O mundo de uma maneira geral é informador, o contato com a língua está dado no cotidiano, e algumas crianças têm a chance de receber ajuda fora da escola, ou mesmo ser tão atentas a ponto de desvendar o universo da leitura e da escrita. O desafio que está posto é ajudar também aquelas que não vão por conta própria. O Trilhas parte do pressuposto de que é possível juntar os processos, trabalhando intencionalmente letramento e decodificação, ao mesmo tempo, dando assim oportunidade para que mais crianças sejam bem-sucedidas em sua aprendizagem. Propiciar o processo de reflexão sobre o sistema e estimular a participação em atividades letradas são objetivos complementares, e não sucessivos nem alternativos, pois um não é pré-requisito do outro.

Obteremos melhores resultados se aproveitarmos a ocasião da leitura para, junto às crianças, esclarecer e desvendar a língua enquanto sistema. Isso quer dizer dar especial atenção à me-talinguagem, como nos referimos anteriormente, mas também à metacognição, realizando atividades que ajudem as crianças a refletir sobre suas ações e seus pensamentos. Essa pa-lavra difícil nada mais é do que dar lugar para que as crianças pensem sobre o seu processo de aprendizagem. Diante disso, é importante planejar a melhor maneira de apre-sentar uma atividade e levantar questões durante o seu desenvolvimento. O desafio está em fazê-las pensar sobre as decisões que vão tomando para realizar as propostas e convidá-las a justificar suas escolhas. Enfim, investir para que as atividades se configurem como situações-problema, que respeitem as possibilidades de cada grupo de crianças, mas que sempre as estimulem a ir além. Nessa tarefa, o professor é peça-chave, pois cabe a ele ajustar permanen-temente o nível de desafio nas propostas.

A escrita, além de ser uma ferramenta social e de comunicação, é um poderoso instrumento de desenvolvimento intelectual. Ao terem oportunidade de participar de espaços estimulantes é que as crianças desenvolvem seu pensamento (ampliam suas capacidades cognitivas). Isso é diferente de apenas ter a chance de receber informação e conteúdo. Existem diversas maneiras de saber ler e escrever. O Trilhas tem o compromisso de colaborar para que um número maior de crianças tenha a oportunidade de se desenvolver plenamente, para além do domínio instrumental da leitura e da escrita.

Mas isso quer dizer que estamos propondo antecipar a escolaridade? De jeito nenhum. Tudo o que está proposto aqui é para ser feito respeitando o direito das crianças a brincar, mas sem negar que se desenvolvam e tenham acesso a conhecimentos. Brincar não deve ser exclu-dente de aprender. Partimos do pressuposto de que um trabalho bem-sucedido por parte do professor é aquele que de forma adequada cria um campo favorável à aprendizagem e à circulação da informação.

Muito ousado? Mas contamos com o seu entusiasmo e ousadia também. Sonho bom é aquele que a gente sonha junto. Imagine que você está colaborando para que, em cada sala de pré-escola que este material chegar, se ampliem as oportunidades de as crianças irem mais longe e superarem suas condições iniciais. Isso pode mudar um país.

Bastam um professor bem orientado e um bom livro?

Certamente, é mais de meio caminho andado, mas a tarefa de criar condições para a apren-dizagem não está restrita à ação só do professor. É preciso envolvimento institucional para de fato oferecer as condições necessárias ao ensino. Essas condições vão desde a definição de políticas educacionais sob a responsabilidade dos gestores públicos até a criação de um espaço escolar adequado e estimulante, e de uma sala dinâmica em que a língua escrita tenha lugar. Portanto, um bom livro deve ser lido em um contexto próprio para a aprendizagem.

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A sala de atividade: um ambiente informador

A sala deve ser um espaço que use as paredes tanto para oferecer informação quanto para registrar o processo de aprendizagem das crianças, por meio da exibição dos produtos de seus trabalhos. Uma micro-organização social em que os usos da escrita se dão de forma semelhante ao que ocorre na vida real. E em que as crianças se sintam participantes dessa construção.

Uma organização rica em situações funcionais requer que o espaço das salas seja pensado e pla-nejado para que as crianças tenham oportunidade para escutar, falar, ler e escrever. Considerar a distribuição das diferentes atividades das quais a criança participa implica uma visão pedagógica.

Acreditamos que o Trilhas pode contribuir para o trabalho em sala, e você, professor, pode, sim, fazer a diferença. Mas, certamente, seu trabalho renderá muito se houver ajuda para montar uma sala adequada — em que as crianças tenham diferentes cantos e materiais disponíveis para usar a escrita, possam ler um livro usando uma minibiblioteca com autonomia, brincar de ler e escrever livremente, bem como usar esses recursos dentro de seus jogos (casinha, supermercado, médico etc.).

A organização do tempo e a aprendizagem

Como distribuir o tempo em sala e o tempo em outros espaços? Qual o melhor equilíbrio entre as propostas ao longo de um dia? Quanto tempo dedicar a cada uma delas? Como pensar a rotina ao longo de um dia e de uma semana? Essas são tarefas que dependem de tomadas de decisão compartilhadas e que envolvem os outros atores do processo educativo (equipe técnica da secretaria, supervisor, diretor e funcionários). Você, professor, dará sentido ao espaço e fará com que as atividades ocorram da melhor maneira possível com base em um planejamento e boas intervenções. Mas o seu trabalho cotidiano está dentro de uma rotina institucional. Então, o ideal é que haja instâncias coletivas de discussão juntamente com outros professores e o diretor de sua escola.

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A organização e a interação entre as crianças

Da mesma forma que o cuidado com a organização espacial e o uso do tempo em sala podem potencializar o trabalho, a maneira de organizar as crianças também pode influir positi-vamente no resultado final. Criar condições para que elas trabalhem individualmente em alguns momentos, mas também tenham ocasião para trabalhar em duplas, pequenos grupos ou mesmo com crianças de outras salas, é extremamente enriquecedor para o processo de aprendizagem. Organizar intercâmbio com outras salas, ensinando os menores ou apresen-tando o resultado do trabalho para os mais velhos, coloca a criança no lugar de produtora de conhecimento e gera um efeito interessante no seu desenvolvimento. Outra estratégia poderosa é convidar os pais a participar de atividades, ler um livro para a sala, contar uma história, fazer uma entrevista ou ainda assistir aos filhos expondo algum trabalho.

Uma instituição que estrutura seu funcionamento nessas bases, em que a troca de informa-ções e conhecimentos tem lugar, estará certamente dando um apoio ao trabalho pedagógico. A aprendizagem estará, de fato, sendo vista como um evento que concerne a todo um sistema, onde você, professor, é o protagonista principal.

Bom trabalho e sucesso com o resultado da aprendizagem de suas crianças!

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Créditos institucionais

TRILHAS

Iniciativa:Natura Cosméticos

Realização:Programa Crer para Ver, Natura Cosméticos

Desenvolvimento: Cedac

Ficha Técnica

Programa Crer para Ver, Natura CosméticosCoordenação:Maria Lucia Guardia e Lilia Asuca Sumiya

CedacCoordenação:Beatriz Cardoso e Tereza Perez

Concepção do conteúdo e supervisão:Ana Teberosky

Direção editorial: Beatriz Cardoso e Beatriz Ferraz

Consultoria literária:Maria José Nóbrega

Equipe de redação:Ângela Carvalho, Beatriz Cardoso, Beatriz Ferraz, Debora Samori, Maria Grembecki, Milou Sequerra, Patrícia Diaz

Equipe da Gerência de Educação e Sociedade, Natura Cosméticos:Maria Lucia Guardia, Lilia Asuca Sumiya, Fabiana Shiroma, Eliane Santos, Isabel Ferreira, Luara Maranhão, Gabriela Santos

Edição de texto:Marco Antonio Araujo

Coordenação de produção:Fátima Assumpção

Projeto gráfico: SM&A Design

Ilustrações: Vicente Mendonça

Revisão: Ali Onaissi

“ESTE CADERNO TEM OS DIREITOS RESERVADOS E NÃO PODE SER COPIADO OU REPRODUZIDO, PARCIAL OU TOTALMENTE, SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA E EXPRESSA DO PROGRAMA CRER PARA VER, DA NATURA COSMÉTICOS, E DO CEDAC.”

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