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Caderno de Resumo Kierkegaard

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Page 1: Caderno de Resumo Kierkegaard
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COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenador Executivo

Prof. Dr. Jorge Miranda de Almeida

Comitê Organizador

Jaquissom Aguiar Guimarães João Henrique Silva-Pinto Jorge Miranda de Almeida

Comitê Editorial

Danilo Lobo Elton Becker

Elton Salgado Jaquissom Aguiar Guimarães

João Henrique Silva Pinto Jorge Miranda de Almeida

Revisores Técnicos

Joanne Ferreira de Oliveira Cordeiro

SITE E ARTES GRÁFICAS

Concepção, design e criação do Site

Jaquissom Aguiar Guimarães João Henrique Silva-Pinto

Manutenção do site

Jaquissom Aguiar Guimarães João Henrique Silva-Pinto

Artes gráficas

Jaquissom Aguiar Guimarães João Henrique Silva Pinto

REALIZAÇÃO

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB

APOIO

Pró-Reitoria de Pós-Graduação – PPG Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade – PROEX

Projeto Temático Memória, Subjetividade e Subjetivação no Pensamento Contemporâneo do Programa de Pós-Graduação em Memória, Linguagem e Sociedade – PPGMLS/UESB. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/FILOSOFIA/UESB-2014

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PROGRAMAÇÃO GERAL DO I ENCONTRO DO NORDESTE SOBRE KIERKEGAARD – KIERKEGAARD E A QUESTÃO EXISTENCIAL

05/11/2014 (Quarta-Feira)

MINICURSO I

09:00 às 11:00 Local: Auditório do Módulo IV O patético e o dialético no “Pós-Escrito”

Ministrante: Prof. Dr. Álvaro Luiz Montenegro Valls (UNISINOS) MINICURSO II

13:30 às 15:30 Local: Auditório do Módulo IV De quelles subjectivités (au pluriel) parle I’ouvrage “Enten Eller”? Et pourquoi? (De quais subjetividades (no plural) fala a obra “Enten Eller?” E por quê?)

Ministrante: Hèléne de Politis da Universidade Paris I Sorbonne – França INTERVALO

15:30 às 16:00 SEÇÕES DE COMUNICAÇÃO ORAL I

16:00 às 18:30 Mesa I – Psicologia

Local: Auditório do Módulo IV

Título: Apontamentos historiográficos sobre as ideias de Kierkegaard que se estenderam à psicologia Autor(es): Janderson Carneiro de Oliveira e Paulo Coelho Castelo Branco Título: Apontamentos historiográficos sobre as extensões das ideias de Kierkegaard à Psicologia Humanista-Existencial de Rollo May Autor(es): Cândida de Oliveira Carpes e Paulo Coelho Castelo Branco Título: Extensões das ideias de Kierkegaard para a Psicologia de Carl Rogers: apontamentos históricos Autor(es): Laryssa Soares Leite e Paulo Coelho Castelo Branco Título: Subjetividade: entre o conceito e a existência, desafio para a clínica psicológica

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Autor(es): Jaqueline Cristina Salles e Jorge Miranda de Almeida Mesa II – Literatura

Local: Sala 08 do Módulo IV

Título: Com a pena da galhofa e a tinta da ironia lendo Brás-Cubas com Kierkegaard e Cioran Autor(es): Elton Silva Salgado e Jorge Miranda de Almeida Título: Luis da Silva e Paulo Honório: uma abordagem da subjetividade kierkegaardiana na literatura de Graciliano Ramos Autor(es): Joanne Ferreira de Oliveira Cordeiro e Jorge Miranda de Almeida Título: Antígona segundo a interpretação kierkegaardiana Autor(es): Milene Fontes de Menezes Bispo e Roberto Sávio Rosa Título: Kierkegaard e o trágico suportável Autor(es): Roberto Sávio Rosa INTERVALO

18:30 às 19:00 CONFERÊNCIA I

19:00 às 21:00 Local: Auditório do Módulo IV Título: O patético e o dialético no Pós-Escrito Conferencista: Prof. Dr. Álvaro Luiz Montenegro Valls (UNISINOS)

06/11/2014 (Quinta-Feira)

MINICURSO I

09:00 às 11:00 Local: Auditório do Módulo IV O patético e o dialético no “Pós-Escrito”

Ministrante: Prof. Dr. Álvaro Luiz Montenegro Valls (UNISINOS) MINICURSO II

13:30 às 15:30 Local: Auditório do Módulo IV De quelles subjectivités (au pluriel) parle I’ouvrage “Enten Eller”? Et pourquoi? (De quais subjetividades (no plural) fala a obra “Enten Eller?” E por quê?)

Ministrante: Hèléne de Politis da Universidade Paris I Sorbonne – França

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INTERVALO

15:30 às 16:00 SEÇÕES DE COMUNICAÇÃO ORAL I

16:00 às 18:30 Mesa II – Literatura

Local: Sala 08 do Módulo IV

Título: Com a pena da galhofa e a tinta da ironia lendo Brás-Cubas com Kierkegaard e Cioran Autor(es): Elton Silva Salgado e Jorge Miranda de Almeida Título: Luis da Silva e Paulo Honório: uma abordagem da subjetividade kierkegaardiana na literatura de Graciliano Ramos Autor(es): Joanne Ferreira de Oliveira Cordeiro e Jorge Miranda de Almeida Título: Antígona segundo a interpretação kierkegaardiana Autor(es): Milene Fontes de Menezes Bispo e Roberto Sávio Rosa Título: Kierkegaard e o trágico suportável Autor(es): Roberto Sávio Rosa Mesa III – Filosofia

Local: Auditório do Módulo IV

Título: Subjetividade em Kierkegaard e a emergência da subjetividade em Foucault Autor(es): Jorge Miranda de Almeida e Hugo Pires Júnior Título: Kierkegaard e Heidegger: uma relação mal-dita Autor(es): Jorge Miranda de Almeida Título: Kierkegaard e Nietzsche: a verdade como problema existencial Autor(es): Leonardo Araújo Oliveira Título: Pascal e Kierkegaard: críticos do reducionismo da fé à razão Autor(es): José da Cruz Lopes Marques e José Roberto Gomes da Costa Mesa IV – Filosofia II

Local: Sala 08 do Módulo IV Título: Subjetividade e liberdade: um sentimento de perdição Autor(es): Maria Consolata Ferreira de Oliveira

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Título: Notas sobre o patético-dialético a partir do pós-escrito como tonalidade afetiva (stemning): o phatos da existência, a arché do filosofar Autor(es): Marcos Érico de Araújo Silva

Título: A questão da subjetividade em Kierkegaard e São João da Cruz Autor(es): Elton Moreira Quadros e Jorge Miranda de Almeida Título: Saudade como artesania da recordação: a tardança no prelúdio de in Vino Veritas Autor(es): Eduardo da Silveira Campos INTERVALO

18:30 às 19:00 CONFERÊNCIA I

19:00 às 21:00 Local: Auditório do Módulo IV

Título: De quelles subjectivités (au pluriel) parle I’ouvrage “Enten Eller”? Et pourquoi?

(De quais subjetividades (no plural) fala a obra “Enten Eller?” E por quê?)

Conferencista: Hèléne de Politis da Universidade Paris I Sorbonne – França

07/11/2014 (Sexta-Feira)

MINICURSO I

09:00 às 11:00 O patético e o dialético no “Pós-Escrito”

Ministrante: Prof. Dr. Álvaro Luiz Montenegro Valls (UNISINOS) MINICURSO II

13:30 às 15:30 De quelles subjectivités (au pluriel) parle I’ouvrage “Enten Eller”? Et pourquoi? (De quais subjetividades (no plural) fala a obra “Enten Eller?” E por quê?)

Ministrante: Hèléne de Politis da Universidade Paris I Sorbonne – França INTERVALO

15:30 às 16:00

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SEÇÕES DE COMUNICAÇÃO ORAL I

16:00 às 18:30 Mesa V – Interdisciplinar

Local: Auditório do Módulo IV Título: A recepção de Kierkegaard no XVI Congresso Mineiro de Psiquiatria (2014) e no XXXII Congresso brasileiro de Psiquiatria (2014) Autor(es): Ednéa Conceição Correia Santos e Jorge Miranda de Almeida Título: Por essa razão o apóstolo diz “purificai os vossos corações” Autor(es): Victor Manoel Fernandes Título: Educação ético-existencial e linguagem literária - comunicação indireta Autor(es): Vera Lúcia Periassu de Oliveira e Zélia Salles Título: O diabólico, o existencial e o erotismo na música: um estudo em Kierkegaard Autor(es): Ana Monique Moura Mesa VI – Filosofia III

Local: Sala 08 do Módulo IV

Título: Tornar-se o que se é, tornar-se subjetivo, aproximações entre Nietzsche e Kierkegaard Autor(es): Danilo Moraes Lobo e Jorge Miranda de Almeida

Título: Uma leitura kierkegaardiana da subjetividade no conto “O Espelho” de Guimarães Rosa Autor(es): Elton Moreira Quadros

Título: Memória, Existência e Subjetividade Autor(es): Jorge Miranda de Almeida e Hugo Pires INTERVALO

18:30 às 19:00 CONFERÊNCIA III

19:00 às 21:00 Local: Auditório do Módulo IV

Título: Subjetividade e Verdade no Pós-Escrito Conferencista: Jorge Miranda de Almeida (UESB)

09/11/2014 (Sábado)

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CONFRATERNIZAÇÃO DE ENCERRAMENTO

09:00 às 11:00 Local: Auditório do Módulo IV ENTREGA DE CERTIFICADOS

11:00 às 12:00 Local: Auditório do Módulo IV

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SUMÁRIO

APONTAMENTOS HISTORIOGRÁFICOS SOBRE AS EXTENSÕES DAS IDEIAS DE KIERKEGAARD À PSICOLOGIA HUMANISTA-EXISTENCIAL DE ROLLO MAY .................. 12

TORNAR-SE O QUE SE É, TORNAR-SE SUBJETIVO, APROXIMAÇÕES ENTRE NIETZSCHE E KIERKEGAARD ...................................................................................................... 13

SAUDADE COMO ARTESANIA DA RECORDAÇÃO: A TARDANÇA NO PRELÚDIO DE IN

VINO VERITAS ................................................................................................................................... 14

A QUESTÃO DA SUBJETIVIDADE EM KIERKEGAARD E SÃO JOÃO DA CRUZ ............... 15

COM A PENA DA GALHOFA E A TINTA DA IRONIA: LENDO BRÁS-CUBAS COM KIERKEGAARD E CIORAN .............................................................................................................. 16

SUBJETIVIDADE EM KIERKEGAARD E A EMERGÊNCIA DA SUBJETIVIDADE EM FOUCAULT ......................................................................................................................................... 17

APONTAMENTOS HISTORIOGRÁFICOS SOBRE AS IDEIAS DE KIERKEGAARD QUE SE ESTENDERAM À PSICOLOGIA ...................................................................................................... 18

SUBJETIVIDADE: ENTRE O CONCEITO E A EXISTÊNCIA, DESAFIO PARA A CLÍNICA PSICOLÓGICA ................................................................................................................................... 19

LUIS DA SILVA E PAULO HONÓRIO: UMA ABORDAGEM DA SUBJETIVIDADE KIERKEGAARDIANA NA LITERATURA DE GRACILIANO RAMOS ........................................ 20

KIERKEGAARD E HEIDEGGER: UMA RELAÇÃO MAL-DITA .................................................. 21

PASCAL E KIERKEGAARD: CRÍTICOS DO REDUCIONISMO DA FÉ À RAZÃO ................. 22

KIERKEGAARD E NIETZSCHE: A VERDADE COMO PROBLEMA EXISTENCIAL ............. 23

NOTAS SOBRE O PATÉTICO-DIALÉTICO A PARTIR DO PÓS-ESCRITO COMO TONALIDADE AFETIVA (STEMNING): O PHATOS DA EXISTÊNCIA, A ARCHÉ DO FILOSOFAR ........................................................................................................................................ 24

SUBJETIVIDADE E LIBERDADE: UM SENTIMENTO DE PERDIÇÃO .................................... 25

ANTÍGONA SEGUNDO A INTERPRETAÇÃO KIERKEGAARDIANA ....................................... 26

EDUCAÇÃO ÉTICO-EXISTENCIALE LINGUAGEM LITERÁRIA - COMUNICAÇÃO INDIRETA ............................................................................................................................................ 27

POR ESSA RAZÃO O APÓSTOLO DIZ “PURIFICAI OS VOSSOS CORAÇÕE..................... 28

O DIABÓLICO, O EXISTENCIAL E O EROTISMO NA MÚSICA: UM ESTUDO EM KIERKEGAARD .................................................................................................................................. 29

MEMÓRIA, EXISTÊNCIA E SUBJETIVIDADE .............................................................................. 30

UMA LEITURA KIERKEGAARDIANA DA SUBJETIVIDADE NO CONTO “O ESPELHO” DE GUIMARÃES ROSA .......................................................................................................................... 31

KIERKEGAARD E O TRÁGICO SUPORTÁVEL ........................................................................... 32

A RECEPÇÃO DE KIERKEGAARD NO XVI CONGRESSO MINEIRO DE PSIQUIATRIA (2014) E NO XXXII CONGRESSO BRASILEIRO DE PSIQUIATRIA (2014) ........................... 34

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APONTAMENTOS HISTORIOGRÁFICOS SOBRE AS EXTENSÕES DAS IDEIAS

DE KIERKEGAARD À PSICOLOGIA HUMANISTA-EXISTENCIAL DE ROLLO MAY

Cândida de Oliveira Carpes Graduanda em Psicologia, Universidade Federal da Bahia (UFBA). Contato:

[email protected]

Paulo Coelho Castelo Branco Mestre em Psicologia, Docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Contato:

[email protected]

RESUMO: Este trabalho utiliza a lente historiográfica das ideias psicológicas com o intento de analisar o que Rollo May, em sua Psicologia Humanista-Existencial, elabora das ideias de Kierkegaard. A história das ideias psicológicas é uma perspectiva de estudo sobre os saberes e práticas culturais que se relacionam com a Psicologia e são por ela apreendidos pela via histórica. Tais saberes e práticas são pertencentes a um período pré-científico a Psicologia moderna ou a ela se desenvolvem em paralelo. Com efeito, reconhecemos que Kierkegaard lança algumas ideias psicológicas que foram apropriadas pela Psicologia de May. Este entra em contato com o pensamento kierkegaardiano após se deparar com a possibilidade de morrer. O sentido existencial e ontológico da angústia elaborados por Kierkegaard e a experiência de vida dele, induzem May a perceber as questões existenciais como profícuas à Psicologia. Apontamos, destarte, três ideias kierkegaardianas estendidas à proposta clínica de May, a saber, as questões da angústia, da liberdade e da criatividade. O conceito de angústia, para May, define-se como uma reação básica do indivíduo a um perigo que ameaça a sua existência, ou a um valor que ele sustenta como essencial para a sua existência como um eu. Isso se atrela a ideia de liberdade como um posicionamento dotado de responsabilidade. No indivíduo, liberdade implica escolha e capacidade de intervir em seu próprio destino. Essa abertura envolve a criatividade, uma descoberta de novas formas, símbolos e padrões individuais, sobre as quais podem ser constituídas novas relações interpessoais. As ideias aludidas chegam à May como elementos de inspiração para um sentido de interioridade e subjetividade dotada de verdade e conhecimento válido. Tais apropriações não constituem uma Psicologia de base kierkegaardiana e são parciais a Kierkegaard. Contudo, essa relação é fecunda, considerando os elementos que provocam uma psicoterapia que não objetiva o cliente segundo um domínio técnico. Palavras-chave: História das Ideias Psicológicas. Kierkegaard. Rollo May.

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TORNAR-SE O QUE SE É, TORNAR-SE SUBJETIVO, APROXIMAÇÕES ENTRE

NIETZSCHE E KIERKEGAARD

Danilo Moraes Lobo1 Jorge Miranda de Almeida2

RESUMO: A presente comunicação tem por objetivo pensar a questão da subjetividade no pensamento de Kierkegaard articulada ao problema da singularidade na perspectiva de Nietzsche, levando-se em consideração que a reflexão kierkegaardiana exposta especialmente em sua obra Pós-escrito às

migalhas filosóficas (1846), sob o pseudônimo de Johannes Climacus, nos oferece uma compreensão do conhecimento a partir das condições nas quais se encontra o existente, ou seja, uma preocupação com a própria constituição de uma interioridade que não se reduz a enquadramentos objetivos. Nesse sentido, a subjetividade em Kierkergaard comportará sempre uma tensão para o existente, implicada no próprio ato de tornar-se singular e autêntico, afastado de quimeras abstrativas. Por outro lado, observaremos como na filosofia de Nietzsche aparecerá também o problema da subjetividade enquanto possibilidade de autocriação, o que nos direciona para uma compreensão de homem que batalha pela instituição de novos valores, arriscando a constituir-se a si mesmo, afastando-se do rebanho e tendo como guia o próprio corpo no caso, e não uma mera abstração ancorada numa subjetividade idealista. Em Nietzsche, o problema da singularidade ficará evidenciado em própria sua autobiografia intelectual Ecce Homo (1888), na qual o filósofo delineia o seu percurso filosófico que o faz se apresentar como um acontecimento singular em seu próprio tempo. A perspectiva da nossa comunicação assim é estabelecer um diálogo entre os dois pensadores, articulando conceitos que se proponham a refletir sobre a existência por um viés mais próximo de singularização. Palavras-Chave: Subjetividade. Singularidade. Nietzsche. Kierkegaard.

1 Graduado em História, Graduando em Filosofia e Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade (PPGMLS) pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Membro do grupo de pesquisa: Memória, subjetividade e subjetivação no pensamento contemporâneo, vinculado ao PPGMLS e coordenado pelo Prof. Dr. Jorge Miranda de Almeida. E-mail: [email protected] 2Orientador. Doutor em Filosofia pela Pontificia Università Gregoriana com Pós-doutorado pela Universidade do Vale do Rio do Sinos UNISINOS. Professor Titular da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB); professor permanente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Memória: Linguagem e Sociedade e professor colaborador do Programa de Pós-Graduação Strico Sensu em Linguistica, ambos da UESB-BA. Coordenador do grupo de pesquisa: Memória, subjetividade e subjetivação no pensamento contemporâneo, vinculado ao PPGMLS Email: [email protected]

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SAUDADE COMO ARTESANIA DA RECORDAÇÃO: A TARDANÇA NO PRELÚDIO DE IN VINO VERITAS

Eduardo da Silveira Campos Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

RESUMO: No "Prelúdio" de In Vino Veritas, Kierkegaard, sob a verve de William Afham, tematiza com distinções as noções de memória e recordação. A memória é vista como uma capacidade humana relativa ao registro de dados e fatos objetivos adquiridos imediatamente, sendo experienciada, sobretudo, no período da juventude. Em contrapartida, a recordação (erindring) se dá como uma "lembrança" característica da velhice mediada pelo distanciamento, cuja força é paradoxalmente elevada pela decadência da memória objetiva relativa aos eventos imediatos. Tal distanciamento na velhice agrava o sentido da presença justamente pelo alargamento do fosso da ausência. A imagem da "tarde", que aparece algumas vezes no texto, aponta para esse afastamento que o homem faz da "manhã" (imediatidade, juventude) durante a jornada de sua vida; mas, no distanciar-se, a manhã reverbera sua presença como ausência à tarde. A mediação da tarde, a tardança do homem, é o lugar da filosofia, a estância na qual a "arte da recordação" é doada ao pensamento na forma de saudade -- saudade e velhice. E a artesania da saudade consiste em fazer desaparecer (esquecer) o presente imediato da "manhã" para poder recordar a sua presença como ausência à "tarde". Palavras-chave: Recordação. Memória. Saudade. Tardança.

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A QUESTÃO DA SUBJETIVIDADE EM KIERKEGAARD E SÃO JOÃO DA CRUZ3

Elton Moreira Quadros Doutorando em Memória: linguagem e sociedade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Bolsista Capes. E-mail: [email protected] Jorge Miranda de Almeida

DFCH-UESB, professor do Programa de Pós-graduação em Memória: linguagem e sociedade. E-mail: [email protected]

RESUMO: O tema da subjetividade encontra no pensamento de Kierkegaard um revolucionário desenvolvimento, uma vez que o filósofo dinamarquês trata do Indivíduo em sua singularidade. A individualidade é, portanto, construída no próprio existir que se dá no devir. Para Kierkegaard, a individualidade humana é o fundamento da subjetividade. A partir de sua existência e de como o homem enfrenta a tarefa de criar-se, dá-se a singularidade. A questão da subjetividade enquanto síntese entre o finito e o infinito, entre o exterior e o interior, nos propicia refletir sobre a subjetividade como interioridade e relação. Por outro lado, para Kierkegaard, a subjetividade constitui uma característica distintiva da experiência cristã. Por isso, na obra Postscriptum, Kierkegaard afirma que a verdade é subjetividade. Essa interiorização consiste na verdade entendida aqui como o estar posto frente à realidade existencial. Assim, encontramos o primeiro ponto de convergência do pensamento de Kierkegaard e São João da Cruz, na medida em que o segredo da interioridade e da verdadeira subjetividade, para o autor espanhol, é Deus. O mistério é o próprio Deus que supera toda a capacidade racional humana. Daí o recurso encontrado no discurso cristão é o amor, somente o amor pode nos fazer experienciar, como vida, o mistério que já está no interior do homem. A retomada do pensamento de Kierkegaard, está em profunda conexão com o de São João da Cruz, pois nos ajuda a perceber a possibilidade de pensar a subjetividade como um transformar-se na própria verdade existencialmente compreendida. Essa similitude da apresentação kierkegaardiana da subjetividade com a abordagem de São João da Cruz nos permite refletir fora dos padrões estritos de uma abordagem instrumental da subjetividade, possibilitando assim, experimentar um novo vigor na fundamentação da existência humana. Palavras-chave: Interioridade. Kierkegaard. São João da Cruz. Subjetividade.

3 Trabalho vinculado ao Projeto temático memória subjetividade e subjetivação coordenado pelo Prof. Dr. Jorge Miranda de Almeida do PPG de Memória: Linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

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COM A PENA DA GALHOFA E A TINTA DA IRONIA: LENDO BRÁS-CUBAS COM

KIERKEGAARD E CIORAN

Elton Silva Salgado Jorge Miranda de Almeida

RESUMO: Este trabalho aborda o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, que entendia ser Cubas um autor particular, e, afinal, havia de ser mesmo raro um defunto autor, isto é, um morto que se torna autor-narrador da própria vida que tivera e que a narrativa de suas memórias o faz sentir vivo outra vez, mesmo em sua nova condição lá no outro mundo. Assim, a nossa hipótese é que uma vez que o texto é lavra de um defunto autor, o nosso ilustre finado nos fala de dois pólos: as Memórias Póstumas são, precisamente, o que Brás Cubas era e o que está sendo no instante em que escreve e, ademais, as suas memórias ocorrem entre o assombro do presente e a lembrança do passado. Machado de Assis, mediante Brás Cubas, estabelece na narrativa uma concepção de tempo sem tempo, tempo para além do tempo e tempo que sintetiza as várias modalidades de tempo. Podemos enxergar, neste momento da obra, o exercício da ironia como método de comunicação que provoca no outro uma reação, a qual o entrega a si mesmo e à sua própria sorte. Desta forma, o estágio estético alcança Brás Cubas, que naquele momento encontrava-se esteticamente fundamentado, e o convocou para outras possibilidades de posição na vida, isto é, além da vida. E estes novos posicionamentos do defunto-autor, que nos fala de lá do outro mundo, assemelham-se ao amplo debate que se realizará em torno dos estádios estético, ético e religioso, uma temática bastante cara à filosofia kierkegaardiana. Por outro lado, Brás Cubas, com seu tom irônico e provocador, assemelha-se, na sua recusa de procriar, ao filósofo Emil Cioran. Este último nos fala do mal, da salvação, das vicissitudes da história e, principalmente, da decadência; esta última expressa na recusa de perpetuar-se pela linhagem, sobre o fulcro de que nós, os homens, não temos nada a transmitir e que a procriação é uma aberração, um monstro; e os monstros, prossegue Cioran, não engendram, antes, apavoram e, portanto, um filho lhe parece inconcebível.

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SUBJETIVIDADE EM KIERKEGAARD E A EMERGÊNCIA DA SUBJETIVIDADE

EM FOUCAULT

Jorge Miranda de Almeida Hugo Pires Júnior

RESUMO: Este estudo retoma a discussão a respeito da categoria subjetividade da forma apresentada por Kierkegaard na sua obra clássica, Pós-escrito conclusivo não científico às Migalhas Filosóficas onde o pensador desvela o problema subjetivo e enuncia como a subjetividade deve ser, evidenciando o tornar-se subjetivo como sendo a grande tarefa a ser empreendida pelo ser humano, pois a “verdade é a subjetividade”. Para em seguida identificar a emergência da categoria subjetividade nos escritos finais de Foucault quando deixa visível o deslocamento da sua arqueologia pelo princípio délfico do “conhece-te-a-ti-mesmo” que leva à “morte do homem” enquanto singularidade e prioriza a ideia de um sujeito autossuficiente, para a volta aos gregos a partir da noção socrática do “cuidado de si mesmo” considerando a subjetividade como singularidade, um si mesmo, que se desdobra na relação com o outro, isto equivalendo à noção de individuo e de interioridade em Kierkegaard. O objetivo deste estudo é o de identificar a categoria subjetividade, conforme estabelecida por Kierkegaard e a emergência desta categoria em Foucault na fase derradeira da sua produção onde da mesma forma que em Kierkegaard estabelece uma critica a subjetividade considerada como identidade e representação e volta-se para a subjetividade/verdade. A emergência da subjetividade em Foucault relacionada às noções desveladas por Kierkegaard só pode ser visualizada a partir da consideração de um deslocamento possível e visível empreendido por Foucault quando abandona as relações sujeito/poder e volta-se para a constituição da subjetividade pela noção de cuidado de si mesmo ou do sujeito/verdade. A não consideração a respeito deste deslocamento torna quase impossível enxergar e estabelecer esta relação, ou seja, o deslocamento de Foucault é a condição primeira para analisar a sua aproximação em direção a Kierkegaard e visualizar e emergência da subjetividade em sua hermenêutica. Para o desenvolvimento do estudo serão utilizadas, basicamente, as obras Pós-escrito conclusivo não científico às Migalhas Filosóficas e Ponto de vista explicativo da minha obra como escritor de Kierkegaard e as obras A hermenêutica do sujeito, o O cuidado de si, parte três da trilogia Historia da sexualidade além do Governo de si e dos outros, de Foucault. Palavras-chave: Kierkegaard. Subjetividade. Foucault. Cuidado de si mesmo.

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APONTAMENTOS HISTORIOGRÁFICOS SOBRE AS IDEIAS DE KIERKEGAARD

QUE SE ESTENDERAM À PSICOLOGIA

Janderson Carneiro de Oliveira Graduando em Psicologia, Universidade Federal da Bahia (UFBA). Contato: [email protected]

Paulo Coelho Castelo Branco Mestre em Psicologia, Docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Contato:

[email protected] RESUMO: Norteado pela história das ideias psicológicas (HIP), este trabalho reflete os elementos filosóficos de Kierkegaard que chegaram à Psicologia moderna. Entendem-se ideias psicológicas como toda produção de pensamento anterior à Psicologia científica, ou em paralelo a essa, sob a forma intelectiva de questões psicológicas. A HIP é uma apreensão de conhecimentos e práticas culturais que dizem respeito à Psicologia, mas não são fontes epistêmicas fundantes a ela ou foram historiografadas por ela. Apontam-se três ideias kierkegaardianas estendidas à Psicologia: a necessidade de engajamento e do risco; o primado da subjetividade; e, a experiência da angústia e do desespero. Na primeira, entende-se que a verdade existe para o indivíduo conforme ele próprio a produz. A verdade só existe-emerge conforme alguém se engaja por ela e nela se arrisca. Recusar o risco significa, pois, abdicar a verdade. Na segunda, pondera-se que a objetividade e a certeza não determinam o indivíduo, mas sim uma coerência da verdade com todas as exigências que ele tem. Isso potencializa o que o indivíduo é e deseja ser, possibilitando-lhe a escolha e a definição de um modo de existir no mundo, em uma lógica própria e autêntica. Na terceira, medita-se que a angústia e o desespero definem a existência. A angústia envolve a relação com os outros e o desespero abrange a relação consigo mesmo. Ambos estão ligados à realidade e a possibilidade da falta. O indivíduo é obrigado a escolher, submetendo-se ao risco e vivenciando o desespero e a angústia. Esta é um intermédio entre o possível e o real, o que a caracteriza como um poder de escolha, que é um ato de liberdade. Conclui-se que essas ideias influenciaram algumas abordagens clínicas humanistas e existenciais, seja pela ênfase na subjetividade como lugar de verdade, a despeito de todas as racionalizações feitas sobre o indivíduo, seja pelo acento dado a dimensão da escolha e da responsabilidade pela situação vivida, elaborada de forma autêntica. Palavras-chave: História das Ideias Psicológicas. Kierkegaard.

Page 19: Caderno de Resumo Kierkegaard

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SUBJETIVIDADE: ENTRE O CONCEITO E A EXISTÊNCIA, DESAFIO PARA A

CLÍNICA PSICOLÓGICA

Jaqueline Cristina Salles4 Jorge Miranda de Almeida5

Resumo: Este estudo objetiva discutir a categoria subjetividade no contexto da psicoterapia. Para isso, apresenta o contraponto entre o conceito de subjetividade como objeto de estudo da Psicologia enquanto Ciência Humana e a categoria subjetividade no pensamento e Filosofia Existencial de Soren Kierkegaard. Apresenta a constituição histórica da subjetividade como plano de interioridade e posteriormente objeto de estudo da psicologia moderna. Em contrapartida, demonstra na filosofia de Kierkegaard como a categoria subjetividade apresenta-se como primordial para o existente no percurso de tornar-se, como movimento da existência. Aponta as implicações da proposta kierkegaardiana de subjetividade para a Psicologia na prática da psicoterapia com bases existenciais-humanistas. Compreende-se que a psicoterapia pode apresentar-se como acontecimento singular do apropriar-se de si mesmo, do recolher-se e existir de modo concreto como escolha. A subjetividade como categoria existencial encontra-se como desafio para a prática de uma psicoterapia que considere, sobretudo a compreensão e a relação estabelecida com o outro a partir do encontro, como primordiais para o existir como apropriação e escolha. Escolha singular, mas que vivencia a subjetividade como relação.

Palavras-chave: Subjetividade. História da Psicologia. Clínica Psicológica. Kierkegaard.

4 Psicóloga. Mestranda do programa de Pós-graduação em Memória: Linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). integrante do grupo de pesquisa Memória, Subjetividade e Subjetivação no pensamento contemporâneo. Integrante do grupo de pesquisa Memória, Subjetividade e Subjetivação no pensamento contemporâneo, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Bolsista da CAPES. E-mail: [email protected] 5 Coordenador do grupo de pesquisa Memória, Subjetividade e Subjetivação no pensamento contemporâneo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Professor titular do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (DFCH--UESB). Professor permanente do programa de Pós-graduação (doutorado e mestrado) em Memória: Linguagem e Sociedade da UESB. Professor convidado do Programa de Pós-graduação em Linguística da UESB. E-mail: [email protected]

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LUIS DA SILVA E PAULO HONÓRIO: UMA ABORDAGEM DA SUBJETIVIDADE KIERKEGAARDIANA NA LITERATURA DE GRACILIANO RAMOS6

Joanne Ferreira de Oliveira Cordeiro

Mestranda em Memória, Linguagem e Sociedade Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

[email protected] Jorge Miranda de Almeida

Mestrado e Doutorado em Filosofia Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

[email protected] RESUMO: Este trabalho, com base especialmente na perspectiva kierkegaardiana da existência, objetiva analisar a condição existencial das personagens Luis da Silva, do livro Angústia, e Paulo Honório, do livro São Bernardo, ambos de Graciliano Ramos, escritor literário brasileiro do sec. XX. A subjetividade em Kierkegaard constitui a base da análise da vida desses indivíduos, evidenciando a perseguição que eles vivem no íntimo e de que são vítimas, numa existência perturbada e deteriorada tanto em relação a si mesmos como aos outros. Nessas obras, o autor privilegia a sondagem interior desses seres que são açoitados pela desgraça e destruição das emoções, os quais se tornam um rico material simbólico para uma análise da condição existencial daqueles seres que são oprimidos pela angústia e pelo vazio interior. Paulo Honório admite-se perturbado por “emoções indefiníveis” e Luís da Silva, referindo-se a si mesmo, considera que “todo desarranjo é interior”. Dessa forma, leituras da filosofia de Sören Kierkegaard podem balizar a realização desta pesquisa sobre o tema da angústia, especialmente no que concerne à relação dialética que o ser humano é capaz de estabelecer consigo mesmo, na busca de entender a razão de seus próprios conflitos internos. Para Kierkegaard, buscar entendimento das próprias desordens não atenua o desespero, apesar de ser a única forma de lidar com ele. Assim, este estudo busca compreender a relação que as referidas personagens estabelecem consigo mesmas e localizar os paralelos que podem ser fundados entre a abordagem que a escritura de Graciliano Ramos faz do tema e a subjetividade em Søren Kierkegaard. Nesse aspecto, estas obras de Graciliano, analisadas sob a perspectiva da filosofia da existência do pensador dinamarquês, contribui para ampliar a visão do leitor de Graciliano, além de oferecer um estrado filosófico para a compreensão da existência na contemporaneidade, ainda que as obras literárias tenham sido escritas há mais de setenta anos. Palavras-Chave: Luis da Siva. Paulo Honório. Subjetividade. Kierkegaard.

6 Projeto de Pesquisa CNPQ Memória, Subjetividade e Subjetivação no Pensamento Contemporâneo – Coordenador – Jorge Miranda de Almeida

Page 21: Caderno de Resumo Kierkegaard

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KIERKEGAARD E HEIDEGGER: UMA RELAÇÃO MAL-DITA

Jorge Miranda de Almeida UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Grupo de Pesquisa em Memória, subjetividade e subjetivação CNPq-CAPES PIBID – FILOSOFIA E-mail: [email protected]

RESUMO: Considerando que toda tradução é uma traição, esta comunicação pretende problematizar a relação entre Kierkegaard e Heidegger a partir da leitura das obras de R. Poole The Unknown Kierkegaard: Twentieth-century receptions

(1998), Jean Wahl Historia del existencialismo (1971) e Levinas Totalidade e Infinito

(2000) em que analisam a leitura que o filósofo de Ser e Tempo faz das principais categorias elaboradas pelo autor de O Conceito de Angústia. Nesse contexto pretende-se discutir três questões: a primeira, Heidegger não conhece a obra de Kierkegaard em sua totalidade e não faz uma leitura na língua original em que a obra foi escrita, de forma que dependendo da tradução utilizada em alemão, pode ter interpretado propositadamente ou não determinadas categorias para justificar seu projeto de uma ontologia fundamental, quando, segundo os principais estudiosos de Kierkegaard e os três teóricos utilizados para fundamentar este estudo, o projeto kierkegaardiano era na perspectiva existencial e não metafísica; segunda, a atribuição de Heidegger enquadrando Kierkegaard dentro de um determinado lugar como faz em sua obra Ontologia – Hermenêutica da facticidade definindo o pensador dinamarquês como teólogo, interpretação equivocada, pois o próprio Kierkegaard ao construir sua obra teve o propósito de não ser enquadrado e engessado como filósofo, ou como teólogo, ou como psicólogo, ou como literato. As múltiplas vozes e as ondulações do pensamento kierkegaardiano testemunham o equívoco de Heidegger; terceiro, verificar se, e, em que medidas Heidegger se apropria das categorias de Kierkegaard como sustenta veementemente Poole ou o diálogo que se estabelece entre os dois pensadores contribui para que o pensamento filosófico mantenha-se como problema e como lugar de reflexão. Palavras chave: Kierkegaard. Heidegger. Existência. Ontologia.

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PASCAL E KIERKEGAARD: CRÍTICOS DO REDUCIONISMO DA FÉ À RAZÃO

José da Cruz Lopes Marques José Roberto Gomes da Costa

RESUMO: No contexto de surgimento da filosofia moderna são bem conhecidas as críticas feitas por Blaise Pascal à tentativa cartesiana de submeter a fé ao exercício do cogito. Segundo Pascal (2005) “As provas metafísicas de Deus acham-se tão afastadas do raciocínio dos homens que pesam pouco; e, mesmo que isso servisse para alguns, serviria apenas durante o instante em que vissem essa demonstração; mas, uma hora depois, receariam ter-se enganado”. Em outro trecho de seus Pensamentos, o pensador jansenista dirá que Deus só é sensível ao coração e não à razão. Em um contexto igualmente marcado pelo racionalismo, Kierkegaard também protesta contra o reducionismo da fé à razão. A crítica kierkegaardiana é vista, sobretudo, em denunciar a preensão de se estabelecer provas racionais para a existência, a exemplo do que haviam feito os pensadores escolásticos e os racionalistas a partir de Descartes. Uma vez que a relação entre o existente e Deus é marcada pela subjetividade, a objetividade das demonstrações e provas metafísicas são de pouco valor. Para recorrermos a Johannes Climacus no texto das Migalhas, toda discussão acerca de Deus, começa com um pressuposto: o pressuposto de que ele existe. A rigor, não se prova que Deus existe, no máximo, pode-se provar que algo que existe é Deus, do mesmo modo que não se prova que uma pedra existe, prova-se apenas que algo que existe é uma pedra (KIERKEGAARD, 2005). A razão do fracasso das provas racionais para a existência de Deus reside exatamente na distância ontológica entre o homem e Deus. Climacus percebe que essa distância impossibilita as chamadas provas teístas. Por isso, declara nas Migalhas filosóficas em tom bastante irônico: “Mas, a partir de um tal estado de coisas, não tentarei provar a existência de Deus, e mesmo que eu começasse jamais chegaria ao fim, e, além disso, teria que viver eternamente in

suspenso, temendo que de repente alguma coisa tão terrível acontecesse que viesse a demolir minha pequena prova (KIERKEGAARD, 2005, p. 65). A presente comunicação buscar articular e aproximar as críticas tecidas por Pascal e Kierkegaard contra o reducionismo da fé a razão. Modo específico, a rejeição dos dois filósofos em relação às provas metafísicas da existência de Deus.

Palavras-chave: Fé. Razão. Pascal. Kierkegaard.

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KIERKEGAARD E NIETZSCHE: A VERDADE COMO PROBLEMA EXISTENCIAL

Leonardo Araújo Oliveira1 Mestrando em Filosofia

Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” - UNESP

RESUMO: Tem-se como principal objetivo investigar o problema da relação entre existência e verdade nas filosofias de Søren Kierkegaard (1813-1855) e Friedrich Nietzsche (1844-1900), passando pelos seguintes procedimentos: expor a oposição de Kierkegaard e Nietzsche às promessas de filosofias sistemáticas; opor a categoria de existência e o conceito de vontade de poder à definição de verdade pressuposta na adequação entre pensamento e ser e ao conhecimento científico-objetivo; por fim, esboçar uma abordagem que trate do estilo nesses dois autores, em consonância com o problema da comunicação da verdade. Com isso, buscamos demonstrar que os textos de ambos os pensadores testemunham em favor dos seguintes pontos em comum: configuram-se como filósofos anti-sistemáticos; apontam limites na concepção científica de verdade, transformando a verdade em um problema existencial; suas posturas anti-sistemáticas e anti-dogmáticas se relacionam intrinsecamente com a riqueza estilística de suas produções intelectuais e de suas próprias reflexões em torno de seus textos e de suas práticas enquanto filósofos e escritores. Palavras-chave: Existência. Friedrich Nietzsche. Søren Kierkegaard. Verdade.

1Bolsista CAPES.

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NOTAS SOBRE O PATÉTICO-DIALÉTICO A PARTIR DO PÓS-ESCRITO COMO

TONALIDADE AFETIVA (STEMNING): O PHATOS DA EXISTÊNCIA, A ARCHÉ DO

FILOSOFAR

Marcos Érico de Araújo Silva Doutorando em Filosofia (UFPB-UFRN-UFPE)

Bolsista CAPES

RESUMO: O presente trabalho se propõe a perseguir a edificação de uma hipótese de leitura acerca do patético-dialético como tonalidade afetiva (Stemning) na perspectiva, melhor, no inter-esse de ser, em Kierkegaard, o phatos da existência, a arqué do filosofar. Se essa hipótese de leitura se mostrar consistente, ou, ao menos, razoável de ser sustentada, mostrar-se-á como uma chave de leitura hermenêutica possível para adentrar no phatos, quer dizer, na arqué do pensamento filosófico de Kierkegaard. Interessa-nos olhar para a origem, o tutano, no qual e a partir do qual viceja e impera o vigor filosófico do pensamento de Kierkegaard, sem, com isso, nadificar outras possibilidades de leituras do grande dinamarquês. Os aspectos ou dimensões teológicas, poéticas, musicais, políticas (!?) não são marginalizadas, mas são pensadas, reconduzidas e experimentadas desde seu fundamento. Este elemento originário não seriam as tonalidades afetivas? E isso não é precisamente essa dimensão ou âmbito patético-dialético no qual Kierkegaard entende todo problema de existência? Ora, toda a filosofia de Kierkegaard não é um ocupar-se e um pré-ocupar-se com a existência numa apropriação (Tilegnelsen) existencial, quer dizer, a análise da passagem (Uebergang) ou devir existencial do tornar-se cristão, tornar-se subjetivo, enfim, tornar-se um si-mesmo? Logo, parece que a filosofia de Kierkegaard é patético-dialético graças as tonalidades afetivas. O edificante, o conceito de edificação (op-bygge) não quer traduzir precisamente isso? O amor, em As obras do amor, não responde enquanto fundo do fundamento mistérico da estrutura trinitária do si-mesmo desenvolvido em A doença para a morte? Vigilius Haufniensis não denuncia que a história da filosofia carece das “determinações intermediárias” (Mellembestemmelser), como a angústia? Não é por sentir essa carência nos escritos filosóficos que o pseudônimo Victor Eremita assume uma disposição herética na filosofia procurando por si mesmo investigar e preencher essa lacuna? A partir de vestígios no Pós-escrito acerca dessa questão sobre o phatos estético e o phatos existencial, como chave de leitura hermenêutica, in-vestigaremos em outras obras o movimento (Bevaegelse) existencial, isto é, patético-dialético como tonalidade afetiva que fundamenta a Teoria dos Estádios. Palavras-chave: Phatos estético. Phatos existencial. Tonalidade afetiva. Arqué

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SUBJETIVIDADE E LIBERDADE: UM SENTIMENTO DE PERDIÇÃO

Maria Consolata Ferreira de Oliveira Psicóloga, [email protected]

RESUMO: Kierkegaard, filósofo dinamarquês, pensa a edificação da subjetividade como uma tarefa para todo e qualquer indivíduo que queira um encontro com a verdade. Para ele, essa verdade se coloca à disposição do indivíduo que busca ser o si mesmo, processo que exige uma decisão comprometida com a existência concreta, permeada de escolhas. A verdade aqui, não diz respeito a uma proposição, mas sim a um desvelamento, uma abertura de possibilidades que permitirão o reconhecimento de si enquanto individuo capaz de ser ele mesmo e não o outro. Entretanto, para ele, essa edificação só pode ocorrer se o existente se põe numa relação entre eternidade e temporalidade, liberdade e necessidade, instante em que se dá uma síntese entre o corpóreo e o espiritual. Essa apropriação de si mesmo dá-se numa dinâmica onde o existente pensador angustia-se para ter a liberdade de se edificar. Nesse movimento, rompe com o eu universal, o inautêntico, as exigências de sua época para a edificação de uma subjetividade singular. O pensador dinamarquês ainda postula que aquele que ousa ser singular deve afastar- se da multidão. Afirma que do ponto de vista ético, ético-religioso, a multidão é a mentira, e é uma mentira querer agir e fazer do número a instância da verdade. Para ele, todo homem que se refugia na multidão foge covardemente da condição de indivíduo e perde a verdade da existência singular. A multidão não quer se angustiar, antes propõe o engano, a representação, a inautenticidade. Palavras-Chave: Subjetividade. Verdade. Angústia. Existência.

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ANTÍGONA SEGUNDO A INTERPRETAÇÃO KIERKEGAARDIANA

Milene Fontes de Menezes Bispo7 Roberto Sávio Rosa8

RESUMO: O presente trabalho possui o intuito de investigar a releitura kierkegaardiana da heroína trágica Antígona, do dramaturgo grego Sófocles. A interpretação do filósofo dinamarquês revela características do trágico moderno, as quais demonstram a influência da tradição judaico-cristã na personagem, mas que carregam particularidades do trágico antigo. O distanciamento temporal entre a Antígona sofocliana e a heroína de Kierkegaard são observados nas consequências do processo de subjetivação do indivíduo. Mediante o contraste entre os trágicos antigo e moderno, o que nos permite identificar a insuficiência do indivíduo, que o direciona ao isolamento. Palavras Chaves: Antígona. Trágico. Subjetivação. Isolamento.

7 Discente do Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC/BA; Bolsista Iniciação Científica do programa FAPESB Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, vinculada ao Projeto de pesquisa registrada na PROPP: 00220.1700.1337 - Trágico

ou espetáculo monstruoso? Considerações aristotélicas em Adonias Filho; orientanda. email: [email protected]. 8 Professor Adjunto do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas DFCH – UESC; Projeto de pesquisa registrada na PROPP: 00220.1700.1337 - Trágico ou espetáculo monstruoso?

Considerações aristotélicas em Adonias Filho; Orientador. E-mail: [email protected]

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EDUCAÇÃO ÉTICO-EXISTENCIALE LINGUAGEM LITERÁRIA - COMUNICAÇÃO

INDIRETA

Vera Lúcia Periassu de Oliveira9 Zélia Salles10

RESUMO: Este artigo objetiva alargar a compreensão a respeito da proposta de uma Educação Ético-Existencial, fundamentada no pensamento de Kierkegaard e apresentada na obra “A Educação em Kierkegaard e Paulo Freire: por uma educação ético-existencial”, de autoria de Almeida (2013). Pretende-se, também, relacionar a referida proposta com a Comunicação Indireta, por meio da linguagem literária, recurso estratégico muito utilizado por Kierkegaard em seus escritos, como por exemplo, na obra “Diário de um Sedutor (1843), A repetição (1843), Etapas no

caminho diante da vida” (1845). Para Kierkegaard, o método da comunicação indireta é eminentemente pedagógico, pois permite que, indiretamente, sem a rigidez dos métodos tradicionais, a comunicação da Educação aconteça. Neste sentido, seu pensamento está muito próximo da comunicação dialógica em Paulo Freire. Este estudo problematiza a Educação como tarefa na construção da existência centrada na singularidade, pois de acordo com Kierkegaard, a virtude deve ser ensinada, mas não à maneira conceitual porque ela não é uma doutrina; é um poder, um executar, um existir, uma transformação existencial. (ALMEIDA, 2013, p.115). Assim sendo, a Educação faz parte de um processo, de um trabalho de interioridade que acontece na subjetividade, favorecendo a relação com o outro, de forma que esse outro possa ser encontrado como “espelho” em linguagem literária, considerada uma estratégia de comunicação indireta, presente na obra de Kierkegaard e também em autores brasileiros como Machado de Assis, Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e tantos outros da Literatura Brasileira.

9 OLIVEIRA, Vera Lúcia Periassu de. Mestre em Língua Portuguesa, pela Universidade Federal da Paraíba/UFPB, 1994, Graduação em Letras. Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), 1981. Especialista em Língua Portuguesa, Universidade Federal da Paraíba/UFPB, 1990. . É membro do Grupo de Pesquisa CNPQ intitulado Memória, subjetividade e subjetivação no pensamento contemporâneo Professora de Língua Portuguesa, Rede Estadual da Paraíba, 1978 a 1990; Professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, Campus III da UFPB, Bananeiras, PB; 1991 a 2009. Educadora do Projeto Educação não Formal junto a comunidades populares menos favorecidas, na região amazônica e nordeste do Brasil, 2009 até hoje. Professora convidada do Programa Brasil Alfabetizado, Município de Bananeiras,/ PB. 2013 [email protected] 10 SALLES, Zélia. Psicóloga/Teóloga. Mestre em Teologia (com pesquisa em Teologia Moral e pesquisa em Psicologia) pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, PUC/SP 2002. Graduação em Psicologia e Curso de Habilitação para Psicólogo, PUCCAMP/Campinas, SP, 1980. Graduação em Teologia pela PUC/RJ, Rio de Janeiro, 1991. Estudos em Espiritualidade pelas Faculdades Integradas Claretianas, São Paulo, SP. 1999. Capacitação em Espiritualidade pelo Centro de Espiritualidade Inaciana (CEI) Indaiatuba, SP, 2000. É membro do Grupo de Pesquisa CNPQ intitulado Memória, subjetividade e subjetivação no pensamento

contemporâneo. Atua na área da Psicologia, Ética, Teologia, Espiritualidade e Educação. Educadora no Projeto de Educação não Formal junto a comunidades populares menos favorecidas, na região amazônica e Nordeste do Brasil, 2009 até hoje. É membro associado da Associação Pierre Bonhomme cuja proposta sócio-educativa está centrada na libertação e promoção da vida digna ao povo menos favorecido (associação civil, de natureza confessional e beneficente, sem fins econômicos e lucrativos de caráter educacional e de assistência social). [email protected].

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POR ESSA RAZÃO O APÓSTOLO DIZ “PURIFICAI OS VOSSOS CORAÇÕES”11

Victor Manoel Fernandes Graduando em Filosofia – Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

[email protected] Resumo: O trabalho é uma amostra do esforço de tradução, a partir da língua inglesa, e interpretação que venho realizando sob a orientação do Professor Álvaro Valls, tendo em perspectiva o plano do orientador de traduzir as três obras que compõem os Discursos Edificantes em Diversos Espíritos, de 1847, que são: Pureza

do coração é querer uma só coisa, O que aprendemos dos lírios do campo e das

aves do céu, e Evangelho dos sofrimentos. Neste trabalho, em especial, será abordado apenas o primeiro desses Discursos – Pureza do coração é querer uma só

coisa – onde serão desenvolvidos os seguintes temas: “Subjetividade”, “Os dois guias”, “Purifiquem o coração” e, por fim, uma reflexão sobre a atualidade das palavras de Kierkegaard. O objetivo de minha tarefa é fazer uma pequena introdução a esse texto, que por muitos brasileiros ainda é desconhecido, pois não traduzido à nossa língua, e apresentar, de forma sucinta, alguns conceitos básicos que Kierkegaard vai se utilizar durante o desenvolvimento de suas páginas, tais como: Arrependimento e Remorso. Palavras-Chave: Introdução. Pureza de Coração. Arrependimento.

11 Bolsa de Iniciação Científica: UNIBIC-UNISINOS. Orientador: Álvaro Luiz Montenegro Valls. Projeto de Pesquisa: S. KIERKEGAARD: SUBJETIVIDADE, SOFRIMENTO E ALEGRIA. (CNPq)

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O DIABÓLICO, O EXISTENCIAL E O EROTISMO NA MÚSICA: UM ESTUDO EM

KIERKEGAARD

Ana Monique Moura Doutoranda do Programa de Integrado de Doutorado em Filosofia (UFPE-UFPB-UFRN).

Pesquisadora bolsista pela CAPES. Contato: [email protected]

RESUMO: Os “Estudos Estéticos”, primeira parte da obra “Enten-Eller” de Kierkegaard, traz como um de seus textos “O erotismo musical”, no qual o tema do donjuanismo pensado a partir da obra de Mozart é posto como um dos grandes motes. O segundo capítulo desta obra aborda o que o filósofo concebe por “Estados

imediatos da música”, no qual ele trata com mais detalhe o tema. Contudo, nossa tentativa é recuar e trazer uma compreensão mais detalhada do conceito de erotismo musical a partir de uma explicitação do tema mediante três principais tomadas: 1. Música & Linguagem; 2.Música & Espírito; 3. Música & Ciência. Com este panorama, proposta pelo próprio Kierkegaard, o objetivo é definir o que ele trata sobre o indivíduo e a genialidade sensual na música como as pedras angulares de sua estética musical. Dentro disso, veremos que o tema existencial entra com mais força na medida em que Kierkegaard faz referência ao diabólico face à música e defende no espírito musical o caráter cristão ao detectar a origem do erotismo musical no seio do Cristianismo. Nossa tentativa será explicar, finalmente, o processo pelo qual nosso filósofo pensa tais relações e mostraremos como o erotismo musical e o Cristianismo, frente ao diabólico, implicam na discussão, por parte de Kierkegaard, sobre a própria realidade da música e sobre as condições existenciais do indivíduo com ela. Palavras-Chave: Diabólico. Erotismo. Existencialismo. Música.

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MEMÓRIA, EXISTÊNCIA E SUBJETIVIDADE

Jorge Miranda de Almeida Hugo Pires Júnior

RESUMO: In vino veritas é a primeira parte da obra pseudonímica de Kierkegaard publicada em 1845, intitulada os Estádios no caminho da vida e constitui-se em uma das escritas indiretas do autor da sua fase estética. Esta escrita é, conforme o autor avisa no subtítulo, uma “recordação” parte da narrativa de William Afham, autor pseudônimo. Nas páginas do Prelúdio Kierkegaard brinda o leitor com uma recordação antecipada, que antecede ao texto e nela discorre sobre as categorias “memória” e “recordação” fazendo uma distinção entre as duas categorias. Para Kierkegaard estas duas categorias apesar de apresentarem diferenças marcantes são, no mais das vezes confundidas, mas é esta confusão, na vida dos homens, que oportuniza “estudar a profundidade do indivíduo”. Enquanto a recordação é da área da idealidade evocando esforços e responsabilidades a memória apresenta-se indiferente ao conteúdo. O autor chama a atenção para a recordação como sendo a mola propulsora para a “continuidade da vida”, aquela que assegura que a existência terrena do homem mantenha-se em marcha contínua “de um só fôlego, dizível de uma só vez”. A recordação não pode assim, ser esquecida, pois tudo aquilo que relegamos ao esquecimento volta sem que precisemos chamar, e a recordação assim o faz, pois possui uma nostalgia inerente, ela é gestada, incubada, “escondida e secreta”. Enquanto a recordação é refletida, a memória vem diretamente, sem mediação. Esta forma de pensar a memória e a recordação conforme Kierkegaard no Prelúdio da recordação de William Afham precisa ser deslindada. Assim neste estudo procurar-se-á evidenciar as categorias “memória” e “recordação”, como aparecem em Kierkegaard e seus movimentos que deverão evidenciar a presença do pensamento do dinamarquês na constituição da área de conhecimento definida como memória. Muito mais do que um teórico da memória Kierkegaard poderá pontuar como mais um pensador que estabelece movimentos significativos aos ditos da memória, ampliando seu espectro de abrangência da forma como feita por Bergson, Freud e outros, reconhecidos como teóricos da memória. Neste intento será analisado o texto Prelúdio da obra In vino veritas e a obra Repetição, ambas relacionadas ao período estético de Kierkegaard. Espera-se que os resultados deste estudo demonstre a afinidade de Kierkegaard com a área da memória estabelecendo-o como mais um pensador importante para o desenvolvimento desta área de pensar. Além de, deixar visível a universalidade da sua obra e da sua existência. Palavras-Chave: Kierkegaard. Memória. Recordação. Repetição.

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UMA LEITURA KIERKEGAARDIANA DA SUBJETIVIDADE NO CONTO “O

ESPELHO” DE GUIMARÃES ROSA

Elton Moreira Quadros Doutorando em Memória: linguagem e sociedade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Bolsista

Capes. E-mail: [email protected] RESUMO: O tema da subjetividade encontra no pensamento de Kierkegaard uma revolucionária compreensão, uma vez que o filósofo a desloca do eu-consciência-autoreflessiva para a subjetividade que se transforma em singularidade relacional. A individualidade é, portanto, construída no próprio existir que se dá a partir da concretização das possibilidades (devir) no interior das contradições em que o existente está localizado. Para Kierkegaard, não há uma preponderância do coletivo em relação ao Indivíduo, uma vez que nenhuma categoria abstrata supera o indivíduo concreto, existente e singular, por outro lado, não existe o indivíduo desconectado do coletivo.. Ao mesmo tempo, esse Indivíduo encontra-se sempre em relação. É na existência que o homem se constitui, ao homem cabe a tarefa de edificar-se a si mesmo. O caminho da liberdade necessita ser assumido pelo Indivíduo em sua inteireza, com todos os riscos, dores e delícias exigidas. João Guimarães Rosa no conto “O Espelho”, um dos vinte e um contos presentes no livro Primeiras Estórias publicado em 1962, apresenta uma curiosa história em que um espelho possibilita, em momentos distintos, que a personagem-narrador do conto experimente o estranhamento sobre si mesmo até desaparecer completamente quando frente ao espelho. Esse acontecimento possibilita uma reflexão sobre a subjetividade a partir das categorias kierkegaardianas na perspectiva de que somente após uma experiência de sofrimento, a personagem consegue recuperar aos poucos a sua imagem no espelho e, somente após a experiência de amor, consegue tornar a ver-se no espelho e, enfim, reconhecer-se. No Eu compreendido como relação, portanto, ao invés da estabilidade, permanência, solidez, fechamento de uma concepção do eu-unidade, o Eu como relação pressupõe a instabilidade, variabilidade, a ambiguidade, a inconclusividade e, até mesmo, fragilidade. No presente trabalho pretendemos refletir à luz do conto rosiano sobre a subjetividade estabelecendo um diálogo entre Kierkegaard e Guimarães Rosa.

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KIERKEGAARD E O TRÁGICO SUPORTÁVEL12

Roberto Sávio Rosa

Doutor. Curso de Filosofia. Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC/BA [email protected]

RESUMO: A tragédia clássica representa as contradições da humana condição. Se os conflitos sugeridos estão reféns do destino (inelutáveis) então resta ampliado o distanciamento entre o trágico e a culpa. A interpretação kierkegaardiana parece insinuar que há uma diferença entre o trágico antigo e o trágico moderno e que esta reside na reflexão acerca da culpa do herói trágico. Mas como é possível seguir os passos determinantes dessa diferença? Para o filósofo dinamarquês a peculiaridade da desproporção pode ser atribuída ao modo como são concebidas as relações entre o castigo e o sofrimento. Palavras-Chave: Trágico. Culpa. Castigo. Sofrimento.

12 Projeto de pesquisa financiado pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC/BA, intitulado “Leitura hermenêutica a respeito do conceito de culpa e suas relações com as interpretações de S. Kierkegaard e K. Jaspers”. Coordenador: Roberto Sávio Rosa. O Projeto conta com participação de dois bolsistas de iniciação científica (FAPESB/CNPQ).

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EXTENSÕES DAS IDEIAS DE KIERKEGAARD PARA A PSICOLOGIA DE CARL ROGERS: APONTAMENTOS HISTÓRICOS

Laryssa Soares Leite Graduando em Psicologia, Universidade Federal da Bahia (UFBA). Contato:

[email protected] Paulo Coelho Castelo Branco

Mestre em Psicologia, Docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Contato: [email protected]

RESUMO: Norteado pela História das Ideias Psicológicas, objetiva-se refletir as ideias psicológicas de Kierkegaard que se estendem à Psicologia de Carl Rogers. A mencionada perspectiva histórica é uma linha de pesquisa a qual pressupõe que algumas ideias psicológicas, oriundas de produções culturais anteriores ou paralelas à assunção da ciência moderna, afetam a Psicologia, compondo-a em certos elementos intelectivos não necessariamente epistemológicos. No que concerne às ideias de Kierkegaard que chegam a Rogers, é válido salientar que ambos convergem em relação à visão de pessoa como um processo de tornar-se o que se é, de um modo autêntico e apropriado. Apontam-se, destarte, algumas ideias rogerianas desdobradas dessa visão, a saber: (1) a noção de que o conhecimento se dá a partir de uma interação direta com a experiência; (2) a não dualidade entre sujeito e objeto; e, (3) a produção do conhecimento como algo individual e singular, de modo que as inteligibilidades produzidas a partir da relação estabelecida com a experiência são fontes válidas e verdadeiras. A despeito disso, Rogers adverte que o Kierkegaard não é fundamento de sua Psicologia clínica, dado que o seu contato com as obras kierkegaardianas foram ulteriores ao seu construto teórico e prático de intervenção e pesquisa em psicoterapia. Rogers admite, todavia, que certas ideias kierkegaardianas se assemelham às suas e confirmam sua visão de pessoa segundo outra perspectiva (filosófica). Esta oferece, pois, amparo a uma visada que subjetiva a pessoa na clínica e contrasta com as objetivações científicas que se possam fazer dela. Portanto, é patente a inspiração e influência das ideias de Kierkegaard para a Psicologia moderna; contudo, as apropriações que essa faz de seus pensamentos são parciais a alguns elementos, não havendo, pois, a fundação e fundamentação de uma Psicologia de base kierkegaardiana – o que não implica que tal projeto não possa ser desenvolvido. Palavras-Chave: Psicologia. Kierkegaard. Carl Rogers.

Page 34: Caderno de Resumo Kierkegaard

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A RECEPÇÃO DE KIERKEGAARD NO XVI CONGRESSO MINEIRO DE

PSIQUIATRIA (2014) E NO XXXII CONGRESSO BRASILEIRO DE PSIQUIATRIA

(2014)

Ednéa Conceição Correia Santos13 Jorge Miranda de Almeida14

RESUMO: O objetivo principal da comunicação é propiciar e aprofundar o diálogo entre Kierkegaard e a Psiquiatria a partir da recepção que pudemos notar nos dois últimos congressos de Psiquiatria onde apresentamos comunicações envolvendo as principalmente as categorias da subjetividade, angústia, desespero, salto e dor a partir da concepção do filósofo dinamarquês com o contexto de pacientes acometidos de uma doença psíquica. O deslocamento na concepção de subjetividade a partir de Kierkegaard ainda provoca muito estranhamento no meio da Psiquiatria, uma vez que esta ciência ainda está impregnada da concepção cartesiana que predomina no universo das faculdades de medicina que reduz a pessoa à dimensão de consciência. O corte a partir da subjetividade como sendo a constituição e constituída pela pessoa em seu processo de deixar de ser para tornar-se, modifica completamente a concepção de doença, de saúde e de tratamento, pois a pessoa não é reduzida a uma doença, mas, passa a estar acometida por uma doença e ter um tratamento para o mal que a comete não tendo todo o seu ser comprometido com o tratamento convencional operado pelos psiquiatras. A recepção observada nos dois congressos foi de curiosidade, pois para a maioria, Kierkegaard é um estranho e as citações de Jaspers em sua obra Psicopatologia sobre Kierkegaard passaram desapercebidas, pois este manual é estudado nas faculdades de psiquiatria. O que é possível desdobrar nessa comunicação é a relação entre as categorias supracitadas no início do resumo com situações reais vivenciadas na prática psiquiatra no Hospital Afrânio Peixoto, em Vitória da Conquista, BA, que demonstram a pertinência e a qualidade do filósofo na área em que estamos abordando. Palavras Chave: Kierkegaard. Subjetividade. Psiquiatria. Dor.

13 Doutoranda pelo PPGMLS com a abordagem subjetividade e dor. Psiquiatra e médica. 14 Prof. do Programa Permanente do PPGMLS. E-mail: [email protected]

Page 35: Caderno de Resumo Kierkegaard

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RESUMOS POR ORDEM ALFABÉTICA

A

Ana Monique Moura O DIABÓLICO, O EXISTENCIAL E O EROTISMO NA MÚSICA

UM ESTUDO EM KIERKEGAARD ..................................................................... 30

C

Cândida de Oliveira Carpes APONTAMENTOS HISTORIOGRÁFICOS SOBRE AS EXTENSÕES DAS IDEIAS

DE KIERKEGAARD À PSICOLOGIA HUMANISTA-EXISTENCIAL DE ROLLO MAY .................................................................................................................... 13

D

Danilo Moraes Lobo TORNAR-SE O QUE SE É, TORNAR-SE SUBJETIVO, APROXIMAÇÕES ENTRE

NIETZSCHE E KIERKEGAARD ......................................................................... 14

E

Ednéa Conceição Correia Santos A RECEPÇÃO DE KIERKEGAARD NO XVI CONGRESSO MINEIRO DE

PSIQUIATRIA (2014) E NO XXXII CONGRESSO BRASILEIRO DE PSIQUIATRIA (2014) .......................................................................................... 35

Eduardo da Silveira Campos SAUDADE COMO ARTESANIA DA RECORDAÇÃO

A TARDANÇA NO PRELÚDIO DE IN VINO VERITAS ...................................... 15 Elton Moreira Quadros

A QUESTÃO DA SUBJETIVIDADE EM KIERKEGAARD E SÃO JOÃO DA CRUZ ............................................................................................................................ 16

UMA LEITURA KIERKEGAARDIANA DA SUBJETIVIDADE NO CONTO “O ESPELHO” DE GUIMARÃES ROSA .................................................................. 32

Elton Silva Salgado COM A PENA DA GALHOFA E A TINTA DA IRONIA

LENDO BRÁS-CUBAS COM KIERKEGAARD E CIORAN ................................. 17

H

Hugo Pires Júnio SUBJETIVIDADE EM KIERKEGAARD E A EMERGÊNCIA DA SUBJETIVIDADE

EM FOUCAULT .................................................................................................. 18 Hugo Pires Júnior

MEMÓRIA, EXISTÊNCIA E SUBJETIVIDADE ...................................................... 31

Page 36: Caderno de Resumo Kierkegaard

36

J

Janderson Carneiro de Oliveira APONTAMENTOS HISTORIOGRÁFICOS SOBRE AS IDEIAS DE KIERKEGAARD

QUE SE ESTENDERAM À PSICOLOGIA .......................................................... 19 Jaqueline Cristina Salles

SUBJETIVIDADE ENTRE O CONCEITO E A EXISTÊNCIA, DESAFIO PARA A CLÍNICA

PSICOLÓGICA ................................................................................................ 20 Joanne Ferreira de Oliveira Cordeiro

LUIS DA SILVA E PAULO HONÓRIO UMA ABORDAGEM DA SUBJETIVIDADE KIERKEGAARDIANA NA

LITERATURA DE GRACILIANO RAMOS ....................................................... 21 Jorge Miranda de Almeida

A QUESTÃO DA SUBJETIVIDADE EM KIERKEGAARD E SÃO JOÃO DA CRUZ ............................................................................................................................ 16

A RECEPÇÃO DE KIERKEGAARD NO XVI CONGRESSO MINEIRO DE PSIQUIATRIA (2014) E NO XXXII CONGRESSO BRASILEIRO DE PSIQUIATRIA (2014) .......................................................................................... 35

COM A PENA DA GALHOFA E A TINTA DA IRONIA LENDO BRÁS-CUBAS COM KIERKEGAARD E CIORAN ................................. 17

KIERKEGAARD E HEIDEGGER UMA RELAÇÃO MAL-DITA ................................................................................ 22

LUIS DA SILVA E PAULO HONÓRIO UMA ABORDAGEM DA SUBJETIVIDADE KIERKEGAARDIANA NA

LITERATURA DE GRACILIANO RAMOS ....................................................... 21 MEMÓRIA, EXISTÊNCIA E SUBJETIVIDADE ...................................................... 31 SUBJETIVIDADE

ENTRE O CONCEITO E A EXISTÊNCIA, DESAFIO PARA A CLÍNICA PSICOLÓGICA ................................................................................................ 20

SUBJETIVIDADE EM KIERKEGAARD E A EMERGÊNCIA DA SUBJETIVIDADE EM FOUCAULT .................................................................................................. 18

TORNAR-SE O QUE SE É, TORNAR-SE SUBJETIVO, APROXIMAÇÕES ENTRE NIETZSCHE E KIERKEGAARD ......................................................................... 14

José da Cruz Lopes Marques PASCAL E KIERKEGAARD

CRÍTICOS DO REDUCIONISMO DA FÉ À RAZÃO ........................................... 23 José Roberto Gomes da Costa

PASCAL E KIERKEGAARD CRÍTICOS DO REDUCIONISMO DA FÉ À RAZÃO ........................................... 23

L

Laryssa Soares Leite EXTENSÕES DAS IDEIAS DE KIERKEGAARD PARA A PSICOLOGIA DE CARL

ROGERS

Page 37: Caderno de Resumo Kierkegaard

37

APONTAMENTOS HISTÓRICOS ...................................................................... 34 Leonardo Araújo Oliveira

KIERKEGAARD E NIETZSCHE A VERDADE COMO PROBLEMA EXISTENCIAL .............................................. 24

M

Marcos Érico de Araújo Silva NOTAS SOBRE O PATÉTICO-DIALÉTICO A PARTIR DO PÓS-ESCRITO COMO

TONALIDADE AFETIVA (STEMNING) O PHATOS DA EXISTÊNCIA, A ARCHÉ DO FILOSOFAR ................................ 25

Maria Consolata Ferreira de Oliveira SUBJETIVIDADE E LIBERDADE

UM SENTIMENTO DE PERDIÇÃO .................................................................... 26 Milene Fontes de Menezes Bispo

ANTÍGONA SEGUNDO A INTERPRETAÇÃO KIERKEGAARDIANA ................... 27

P

Paulo Coelho Castelo Branco APONTAMENTOS HISTORIOGRÁFICOS SOBRE AS IDEIAS DE KIERKEGAARD

QUE SE ESTENDERAM À PSICOLOGIA .......................................................... 19 EXTENSÕES DAS IDEIAS DE KIERKEGAARD PARA A PSICOLOGIA DE CARL

ROGERS APONTAMENTOS HISTÓRICOS ...................................................................... 34

R

Roberto Sávio Rosa ANTÍGONA SEGUNDO A INTERPRETAÇÃO KIERKEGAARDIANA ................... 27 KIERKEGAARD E O TRÁGICO SUPORTÁVEL .................................................... 33

V

Vera Lúcia Periassu de Oliveira EDUCAÇÃO ÉTICO-EXISTENCIALE LINGUAGEM LITERÁRIA - COMUNICAÇÃO

INDIRETA ........................................................................................................... 28 Victor Manoel Fernandes

POR ESSA RAZÃO O APÓSTOLO DIZ “PURIFICAI OS VOSSOS CORAÇÕES . 29

Z

Zélia Salles EDUCAÇÃO ÉTICO-EXISTENCIALE LINGUAGEM LITERÁRIA - COMUNICAÇÃO

INDIRETA ........................................................................................................... 28