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28 a 30 de novembro de 2016 Instituto de Artes e Design (IAD) / UFJF CADERNO DE RESUMOS

CADERNO DE RESUMOSCleber Soares da Silva Preparação de texto Luciana de Oliveira Inhan Caderno de Resumos do III Seminário de Pesquisas em Artes, Cultura e Linguagens. Volume 3,

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  • 1III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    28 a 30 de novembro de 2016Instituto de Artes e Design (IAD) / UFJF

    CADERNO DE

    RESUMOS

  • 2 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

  • 3III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    CADERNO DE

    RESUMOS

  • 4 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    Universidade Federal de Juiz de ForaReitor: Prof Dr Marcus Vinicius DavidVice-reitora: Profª Drª Girlene Alves da Silva

    Pró-reitoria de Pós-graduaçãoPró-reitora de Pós-graduação:

    Profª Drª Mônica Ribeiro de Oliveira

    Instituto de Artes e Design Diretor: Prof Dr Ricardo de Cristófaro Vice-diretor: Prof Dr Luiz Eduardo Castelões Pereira da Silva

    Mestrado em Artes, Cultura e LinguagensCoordenador:

    Prof Dr Luís Alberto Rocha MeloVice-Coordenadora: Profª Drª Maria Cláudia BonadioSecretárias: Lara Lopes VellosoFlaviana Polisseni Soares

    Comissão Organizadora

    Profª Drª Renata ZagoAna Paula Dessupoio Chaves (coordenação)Cleber Soares da Silva (coordenação)Camila Ribeiro de Almeida RezendeJulia Dias MöllerLuciana de Oliveira InhanThamara Venâncio de AlmeidaThaiana Gomes Vieira

    Comitê Científico

    Professores:

    Profª Drª Maria Claudia BonadioProfª Drª Raquel Quinet de Andrade PifanoProfª Drª Alessandra BrumProf Dr Ricardo Cristofaro

    Alunos:

    Andrés Leonardo Caballero PizaAna Paula Dessupoio ChavesCamila Ribeiro de Almeida RezendeCarlos Eduardo Mendes de Araújo CoutoCecília Samel CôrtesDaniel Brandi do CoutoEdmárcia Alves de AndradeFelipe Andrade da RochaGabriela Soares CabralIsadora Marília de Moreira AlmeidaIsis Sena SilvaJulia MöllerLaise Lutz Condé de CastroLuciana de Oliveira InhanPaula Guimarães de OliveiraTammy SenraThamara Venâncio de AlmeidaThaiana Gomes VieiraThales Estefani Pereira

    Projeto Gráfico / Editoração eletrônica

    Cleber Soares da Silva

    Preparação de texto

    Luciana de Oliveira Inhan

    Caderno de Resumos do III Seminário de Pesquisas em Artes, Cultura e Linguagens.Volume 3, Número 3, Novembro de 2016, Juiz de Fora, Minas Gerais:Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens/ Instituto de Artes e Design / Universidade Federal de Juiz de Fora, 2016.

    88 pg.; 21 x 29,7 cm;

    ISSN 2359-0440 Publicação anual

    1. Artes, Cultura e Linguagens 2. Eventos científicos – periódicos 3. Seminário de Pesquisas em Artes, Cultura e Linguagens 4. Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens – Universidade Federal de Juiz de Fora – Minas Gerais. I. Título. II Coletânea de Resumos. III. Programa.

  • 5III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    SUMÁRIO

    7 APRESENTAÇÃO

    9 RESUMOS DE CONFERÊNCIAS E MESA-REDONDA

    13 RESUMOS EIXO TEMÁTICO ARTE, MODA: HISTÓRIA E CULTURA GT Antiguidade e imagem religiosa GT Arte Contemporânea e espaços de fala GT Arte, cultura e sociedade GT Colecionismo e processos artísticos GTFotografia,Imprensaeprocessos GT História da Arte GT Moda, cultura e sociedade GT O Feminino na Moda GT Teoria, Estética e Crítica

    40 RESUMOS EIXO TEMÁTICO CINEMA E AUDIOVISUAL GTCinemaeaafirmaçãodeidentidadesequestõesdegênero GTAudiovisual,recepçãoenovosespaços GT Documentários e novas narrativas

    49 RESUMOS EIXO TEMÁTICO INTERARTES E MÚSICA GT Estudos Interartes GT Literatura e Design GT Memória GT Música e Poética GTTeatralidadeeRepresentação

    66 RESUMOS MINICURSOS

    76 RESUMOS PROPOSTAS ARTÍSTICAS

  • 6 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

  • 7III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    APRESENTAÇÃO

    O Seminário de Pesquisas em Artes, Cultura e Linguagens (SPACL) é um evento organizado anualmentepordiscentesdoProgramadePós-GraduaçãoemArtes,CulturaeLinguagensdaUniver-sidadeFederaldeJuizdeFora.Aterceiraedição,queocorreuentreosdias28a30denovembrode2016,noInstitutodeArteseDesign(IAD),contoucomaapresentaçãodeComunicaçõesOrais,de-rivadasdostrabalhosqueestãosendodesenvolvidosporpesquisadoresemtodoopaís,bemcomoMesas Redondas, Minicursos, Pôsteres e Propostas Artísticas.

    Comoobjetivodecontemplaroshibridismoseoscruzamentospoéticosquecaracterizamocenário artístico contemporâneo, o encontro busca criar um espaço para o compartilhamento detrabalhosdecunhocientífico.Dessamaneira,emumaperspectivainterdisciplinar,oeventotemaintençãodepromoverproveitososdiálogosentreacadêmicosacercadeáreascomoartes,cinema,moda e música

    Comissão Organizadora

  • 8 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

  • 9III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    RESUMOS DE CONFERêNCIAS E MESAS REDONDAS28NOV2016

    CONFERÊNCIA:

    Da aquisição ao descarte das roupas: imigrantes brasileiras profissionalmente qualificadas e suas experiências relacionadas com a “apresentação de si” em Paris

    Solange Riva Mezabarba – Doutora em Antropologia Universidade Federal Fluminense (UFF)

    Amudançanoestilodevidadeumgrupodebrasileiras traz inevitável impactonomodocomogerenciamovestuárioea“apresentaçãodesi”.Umainvestigaçãoqueconsiderasuashistoriasdevidaeasbiografiasdesuasroupasnoslevamàreflexãoacercadossistemasdeclassificaçãoqueregemasescolhas,ouso,armazenamento,conservaçãoedescartedaspeças.

    Aabordagembiográficaaplicadaaosobjetos(Kopytoff,1989)proporcionaalgumaclarezasobreosaspectosculturaisquemovimentamasdinâmicasdecirculaçãodeobjetosemdadassociedades.Especificamente,noqueserefereàcirculaçãodasroupasnassociedadesmodernas,opapeldasprá-ticasdeconsumoécentralnessadinâmica,comosugereSlater(2002).Oprocessodeconsumodasroupasenglobaoscritériosquedefinemescolhaseacessos,osprojetosestéticosindividuaisesuasinfluências,afruição,easpossibilidadesecritériosdedescarte.Entreogrupoestudado,aspectosdavidapráticacomoaconfiguraçãodoespaçodoméstico,osrecursosdisponíveisparaaconservaçãodaspeças,asopçõesdedescarte,asdiferencasclimáticaseadinâmicadomercadopodemserelencadoscomoelementosapesarnomodocomopassaramaconsumirroupas.Noqueserefereàcondiçãodeimigrante,hátambémaspectosrelacionadoscomoesforçoindividualdeintegração,oqueimpactanasubjetividadedasescolhas.A“leitura”doestilodevidalocalasfazreelaborar(ounão)seusprojetosestéticospessoaise“apresentaçãodesi”noespaçopúblico.

    Otrabalhodecampoquedásuporteempíricoaestacomunicaçãofoirealizadoduranteoanode2015nacidadedeParis.Trintamulheresbrasileiras,profissionaisqualificadasquemigraramparaacapi-talfrancesaprotagonizandoseusprópriosprojetosmigratóriosforamentrevistadasevisitadasemseusambientesdomésticos.Elasforamconvidadasarefletirsobreasdiferençaspercebidasentreaspráticas

  • 10 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    envolvendoacirculaçãodassuasroupasemsuascidadesdeorigemecomopassaramalidarcomoves-tuárioe“apresentaçãodesi”nacapitalfrancesa,tambémconhecidacomoa“capitaldamoda”.

    MESA REDONDA:

    O problema da música, incluindo a análise de sua presença no ambiente acadêmico brasileiro e em Juiz de Fora

    Luiz Castelões (org.) – Compositor e Doutor em Composição Musical (Doctor of Musical Arts)Boston University, EUA)

    Marta Castello Branco – Doutora em Música Universität der Künste, Berlin, Alemanha

    Daniel Quaranta – Doutor em Música UNIRIO, Rio de Janeiro

    Paulo Motta – Compositor e Mestre em Ciência da Religião (Etnomusicologia Comparada) Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Amesaseaproveitadeumaambivalênciadapalavra“problema”(queemmeioacadêmicosignifica“questão”masqueextra-murosassumemaiscomumenteosentidode“revés”,“obstáculo”,“dificuldade”)paraindagar“Qualoproblemadamúsica?”,emtrêsníveispreliminares:(1)aMúsicaparaalémdegeogra-fiasespecíficas,(2)aMúsicanoambienteuniversitáriobrasileiro,e(3)aMúsicaemJuizdeFora.Odebateentreosparticipantestentaráavaliar,dentreoutrascoisas,oporquêdeaMúsicaaindaencontrarobstá-culosemmeioacadêmicoadespeitodesuaantiquíssimatradiçãoteórico-prática,asrazõesdeaMúsicaservastamentedesvalorizadacomoáreaprofissionaledepesquisanoBrasileascausasdadificuldadedeestabelecimentodeummeiomusical-criativoprofissionalepujanteemJuizdeFora.

    CONFERÊNCIA:

    Mulheres nas equipes e fotografias brasileiras: primeiros passos

    Marina Cavalcanti Tedesco – Doutora em Comunicação Universidade Federal Fluminense (UFF)

    AdespeitodaexistênciadeAliceGuyBlaché,KatherineRusselBleeckereoutraspioneirasqueatuaram nas duas primeiras décadas do cinema, as funções de operador de câmera, assistente de câmeraediretordefotografiaforam–eaindasão–desempenhadasporhomensnamaiorpartedoscasos.Nãoéàtoaquedurantemuitosanosaúnicapalavraquehaviaeminglêsparadesignarcinegra-fista,equeerarecorrentementeutilizadanoBrasil,foicameraman.

    Todavia,nãoécorretotomaramarcadegênerocontidanotermocomoumsimplesreflexodarealidade.É fácilperceberquetalpalavratambémcontribuiu:1)para invisibilizarascinegrafistase

    29NOV2016

  • 11III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    diretorasdefotografia;e2)paraaconformaçãodafotografiacinematográficacomoumaáreaondeasmulheresclaramentenãoerambem-vindas.

    Apartirdoiníciodosanos1980severificaumincrementosignificativononúmerodecinegrafistasmulheresediretorasdefotografiaempaísesdaEuropaenosEstadosUnidos.NoqueserefereaoBrasil,éprecisamentenomesmoperíodoquetaismudançascomeçamaaparecer.

    Seporumladosãoinegáveisasnovasoportunidadesparamulheresnasequipesdefotografia,osda-doscomprovamqueadesigualdadedegêneropermaneceforte.Constatamos,porexemplo,quedosfilmesproduzidosnoBrasilquefizeramdeummilhãoacincomilhõesdeespectadoresentreosanosde2000a2014nenhumdeleshaviasidofotografadoporumamulher.Cercadedoisterçosdelesatétinhamsuasequipesdecâmeraformadasporhomensemulheres,massemprecomumaproporçãodehomensmaior.

    Ademais,existeumaquestãoquetranscendeoquantitativo.Afinal,omachismonãoimpactadire-tamenteoacesso,mastambémaformaçãoeapermanência.Alémdaspiadasevotaçõesondeseelege“amaisbonita”ou“amaisgostosa”doset–quemuitasvezessãovistascomobrincadeiras(brincadei-rasque,claro,nuncaacontecemcomoshomens)–hárecomendaçõesespecíficasparamulheres.Emumcursodeassistentedecâmeraministradoem2014,osinstrutores“disserampranuncausarcalçalegging em set.Porquearoupaémuitocoladaeaspessoasvãoficarolhandopragenteedeixardefazeroseutrabalho.Quevaiatrapalhar.Alémdepegarmal,vãoacharqueagentequeraparecer”(relatodeumaalunaquenãoquisseidentificar).

    Nestacomunicaçãopretendemosapresentardadospreliminaresdenossoestudo,refletindoso-brealgunsdeseusresultados.

    CONFERÊNCIA:

    Mulheres no circuito integrado televisivo: corpos e erotismos na história do audiovisual brasileiro

    Raphael Bispo dos Santos – Doutor em Antropologia Social Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

    AbelardoBarbosa,oChacrinha,foioprimeiroshow manasevalerdorecursodeexibirsensuaisdan-çarinasnatelevisãoafimdefomentaraaudiênciadeseusprogramasnosanos1970.Todavia,apresençademulherescomoumrecursoaudiovisualno“circuitointegrado”(Haraway,2009)queéaTVnãoeraumanovidadenesseperíodo.Sendoassim,aapresentaçãotemosseguintesobjetivos:primeiramente,contribuirparaumahistóriadoaudiovisualbrasileiroapartirdeumapesquisarealizadacomaschacretes,essasauxiliaresdepalcodeChacrinha,personagenshojeconsideradas“secundárias”namemóriamaisoficialdaTV,porém,figurasdegrandeapreçopopularnoperíodoqueestiveramemcena.Emsegundolu-gar,apartirdeumaanálisedasperformancesdegêneroexecutadasporconjuntosvariadosdemulheresqueserviramdeauxiliaresdepalco,refletirsobreamaneiracomocorposeerotismosseentrelaçamnaconsolidaçãodeumalinguagemaudiovisualnosmomentosmaisiniciaisdatelevisãonoBrasil.

    30NOV2016

  • 12 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    CONFERÊNCIA:

    A experiência na pesquisa em arte como arte

    Mário Cesar de Azevedo – Doutor em Teoria, História e Crítica de Arte IA/UFRGS

    Há, sem dúvida, uma espécie de trabalho extraqueosartistasdesenvolvemcomopesquisadores,pensadoreseautores,eporcertoháumateoriaquesedesprendedesuaobra.Maséurgentequesepreserveemestadodeartetodasessasaçõesecomunicações.

    Nosdiasemquevivemoséimpossíveldeixardereconhecerqueaartepedeformasespecíficasde discurso,quecongreguemessasteorizações.Enquantoartistas–eporissomesmo–atravessamosumaalternânciaentresaberenão-saber(emsentidoclássico),quenoscolocamàsvoltascom“códigosqueseinventamàmedidaqueseenunciam,estabelecendoumaideia(vital)dejogo,cujasregrassãoinventadasenquantoeledecorre”,conformeescreveuAnnateresaFabrisemumartigofundamental–“Apesquisaemartesvisuais”(in:PortoArte,n.4,p.17)–aindaem1991.

    Agrandediferençadaatividadeartísticaparaoutrasdoconhecimentohumanoésualiberdadein-trínseca,sejaelaimagem,texto,somououtracoisaqualquer:elacriaasimesma.Ainvençãotranscorrecom uma autonomia natural desde o criador com seus materiais até o espectador. O processo é, muitas vezes,aprópriaobra,poisháumjogomuitointensoemtornodessetrabalho.“Todaobracontémemsimesmaasuadimensãoteórica,eistoimplicaqueaobrapossuiumsentidoalémdoquevemos”edaíque“tododesafiodeumateoriaconsisteemsaberdescolarasquestõesmaispertinentesqueapráticasuscita.”Nestecaso,entendoqueaescritatraçaseuprópriotrajetoetambémserevelacomoprocessodecriação.

    LANÇAMENTO DE LIVRO:

    Por que design é linguagem?

    Autores: Frederico Braida e Vera Lúcia Nojima

    Asabordagensdentrodocampododesignnemsempretêmtratadootermo“linguagem”comocuidadoecomaprecisãorequeridos,ouentão,repetem-seosmodelosquepropõemadaptaçõessimplistas e mecanicistas dos conceitos desenvolvidos dentro do campo da linguística. Parafraseando Garroni(1972,p.55),quandobuscavacompreenderocinemacomolinguagem,oobjetivodestelivroétentaresclareceremquaissentidossãolegítimososusosdotermolinguagem,quandosetratadocampo do design.

    Emrazãodesuaabordagemdidática,olivroéapontadocomoumaferramentaacadêmica,indica-doparaalunosdegraduação,pós-graduaçãoeprofessores.

  • 13III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    RESUMOS EIxO TEMÁTICOARTE,MODA:HISTÓRIAECULTURA

    ANTIGUIDADE E IMAGEM RELIGIOSA

    A emblemática e a iconografia da vanitas

    Andreia de Freitas RodriguesUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

    Apósaediçãode1531doEmblematum Liber,deAndreaAlciato(1492–1550),umcompendioderetratosmoraisdahumanidade,proliferoulargamenteentreosséculosXVIeXVIIumgêneroliterário,combinaçãodetextoeimagem,decaráterprofundamentemoraledidático,aemblemática,instaurandoumrepertórioiconográficodeimpactoequesetornoucomumeexaustivamenteusadocomomodeloparaobrasartísticasemanifestaçõesculturaisdiversasdaquelaépoca,inclusiveemespaçosibero-ame-ricanos.Talsucessoliteráriopodeserexplicadopeloreconhecimentodasaspiraçõesdaquelemomento,comoacriaçãodeuma linguagemuniversal,baseadaemimagens,aomododoshieróglifosegípcios,masexplicadaspelotexto,transmitindoassim,regrasdecondutaúteisparaahumanidade.Apresentecomunicaçãoprocurareunireanalisaralgunsexemplosdeemblemasquecircularamemediçõesdiver-sas como De Pia Desideria(1702),deHermannHugoouEmblemas de Horácio(1608),deOttovanVeenepassaramainstruiracomposiçãodediferentesobras,dogênerovanitas,ummodeloderepresentaçãomoraldesenvolvidonointeriordopensamentoreligiosoefilosófico,nocontextopóstridentino,quandoasprescriçõesestabelecidasoperavamumcontrolerigorosodaproduçãodeimagensnoâmbitocató-lico.Considerandoconceitoscomodesenganooumorte,veremosaqui,queestasimagensapontamdemaneira indelévelparaaefemeridadeeofimderradeirodavida terrena,ummodelopedagógicodeconversãoeficaz,queseutilizoudetópicasmuitasvezesretiradasdetextosbíblicosouquerevisavamaliteratura antiga clássica, como o fugit tempus, memento mori quia pulvis e et in pulverem reverteris, quodie morimur, mors omnia aequat, homo bulla ou o mais famoso deles, vanitas vanitatum et omnia vanitas.

    Palavras-chave: Vanitas;emblemática;iconografia.

  • 14 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    Da gênese até a origem. O percurso de duas anedotas plinianas

    Antônio Leandro Gomes de Souza BarrosUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)

    AhistóriadaartequeseencontranosúltimoslivrosdaHistória Natural, a enciclopédia do mundo antigoescritaporPlínio,oVelho,situa-seemumcampoparadoxalquandoentendidanocontextodamodernadisciplinaacadêmica.Considerandoasuaextensãoeorganização(maisoumenosmetódica),otrabalhodePlíniopublicadoem77a.C.éoremanescenteantigomaisbemacabadoqueconhecemossobrehistóriadaarte.Portanto,trata-sedoancestralmaisremotodestadisciplina–reconhecidamenteoagondecisivoàsformulaçõeshistóricastantodeVasariquantodeWinckelmann.Noentanto,para-doxalmente,justoapartirdestesnotáveisautoreséigualmenteconhecidoodescartedotrabalhodePlíniocomoprincípiodeumadisciplinaacadêmica.OquenospermiteconfiguraroparadoxodePlíniocomoumahistóriadaarteantesdahistóriadaarte.

    Naforçadesseparadoxoafloraumacontradiçãoentreagêneseeaorigem.GeorgesDidi-Hu-berman,porexemplo,concluique“ahistóriadaartesemprecomeçaduasvezes”contrapondoagenea-logiatemporalaopoderorigináriodeformulaçãohistórica.Elesevêlevadoànecessidadedetraçar“li-nhasdivisórias”historiográficasentreostrabalhosdePlínioedeVasaridiscriminandoentreumantigogênerojurídicodaimagoeummodernogêneroartísticododisegno,entreaimpressãotáctildiretaeailusãoópticaimitativa.Nessesentido,otrabalhodeDidi-Hubermanéproveitosoporfazervisívelcertaindependênciaedescontinuidadeentrequestõesgenéticasequestõesorigináriasnahistóriadaarte.Seguindotaisinvestigações,interessaaessacomunicaçãoreencaminharasobservaçõeseelaboraçõesdoteóricofrancêsdevoltaàHistória Natural,masemrelaçãoàsuaprópriahistóriadaarte.Istoé,inte-ressapensaresseparadoxoemtodasuaforçadecontradiçãonocamporestritodaprópriahistóriadaarte de Plínio através de duas de suas anedotas do Livro 35.Essasduasanedotasjuntasestabelecemopercursodesuahistóriadaartedapintura:umadelasnaaberturaeaoutranoencerramentodomesmocânone.Ambasanedotasreferentesàdiferentesquestõesdocomeçodessaarte:seuiníciotemporal(anarrativaabertadosprimórdiosdapinturanoEgitoenaGrécia)eseugestoinaugural(ainvençãodapinturacomoumgestodeamordesesperado).Convém,assim,retraçaroplanoorigináriodotrabalhoplinianoenquanto,simultaneamente,reabre-sesuaquestãogenealógicaatéVasari.

    Palavras-chave: Plínio,oVelho;gênese;origem;anedota.

    Virgens Abrideiras: forma, iconografia, funções e recepção crítica

    Clara Habib de Salles Abreu Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

    OobjetivodessapropostadetrabalhoétrazerparaoBrasilumdebatesobreasVirgensAbri-deiras.TaldebatejátemgrandeexpressãointernacionalmenteedestacocomoreferênciasparaessebreveresumoostrabalhosdaspesquisadorasMelissaKatzeIreneHernando.

    Formalmente,aimagemchamadade“VirgemAbrideira”secaracterizacomoumtipodeesculturaquerepresentaaVirgemMaria,comousemoMeninoJesus,queseabreapartirdocentro,formandoumaespéciedetríptico.Dentroencontram-seoutrasesculturas,baixos-relevose/oupinturasquere-presentamdiversosoutrostemas.AfábricadetalmodelodeimagináriateveseuápicenaBaixaIdadeMédia,porémsobreviveu,emmenorescala,atéaIdadeModerna.Feitasdemarfimoumadeiradourada

  • 15III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    epolicromada,otamanhodasAbrideirasoscilaentre25cme150cm.Asdimensõesdaimagemestãodiretamente relacionadas ao seu uso. As esculturas menores, mais fáceis de serem transportadas e manipuladas,seadaptavamcomfacilidadeaoscultosprivadoseatendiamàsnecessidadespessoaisdofiel.Jáasimagensmaioresestavamcondicionadasàmanipulaçãodossacerdotessendoutilizadassomenteemdeterminadosritos,festaslitúrgicas,procissõesetc.

    Iconograficamente,asVirgensAbrideirasfechadaspodemrepresentaraVirgemMariaseguindoalgunsmodelosiconográficos,comooTronodaSabedoria,aVirgemLactante,aVirgemdaExpecta-çãoouaImaculadaConcepção.EmalgunscasosaVirgemportasímbolosqueindicariasuarealezacomoacoroaeocetro,emoutrosanimaisferozesoualuacrescentesobseuspés.JáostemasqueasVirgensAbrideirasabrigamemseuinteriorsãopassagensdavidadaVirgem,deCristoerepresen-taçõesTrinitárias.

    ArecepçãocríticadasVirgensAbrideirasporvezesfoiumtemapolêmico,vistoqueaVirgemAbrideiradotipoTrinitáriafoicondenadaporteólogoscomo,porexemplo,Gerson,porteóricosdaartecomoMolanus,eatémesmopeloPapaBentoXIV.Ajustificativaparaessacondenaçãoeraquetal representaçãopoderia indicarquetodaSantíssimaTrindadeteriasidoconcebidanoventredaVirgemMaria.

    Concluindo,pretende-secomessetrabalhoexplorar,apartirdaanálisedealgumasesculturas,asformas,aiconografia,asfunçõesearecepçãocríticadomodelodeimagináriaconhecidocomoVirgemAbrideira.

    Palavras-chave: Imaginária;VirgensAbrideiras;ArteSacra.

    Cartografia dos cosmos em Aby Warburg: o conceito de orientação cósmica e o trânsito das imagens astrológicas no Atlas Mnemosyne

    Jefferson de Albuquerque MendesUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

    Estacomunicação investigaoproblemadaorientaçãocósmicanoRenascimentoesua relaçãocomamigraçãodas imagensastrológicasnocontextoartísticoeculturalpartindodaanálisedoAtlas MnemosynedohistoriadorculturalalemãoAbyWarburg.Entende-sepororientaçãocósmicaoprocessodeordenaçãoastrológicaqueretrataoaspectodapolarizaçãoeoscilaçãodoindividuonatentativadeapreensãodoimponderáveledodesconhecido.Nointuitodepensaracontinuidadedoimagináriodasdivindadeseprofeciaspagãsdaantiguidadenostemposmodernos,Warburgempreendeumapesquisaondepretendecircunscreverainfluênciadaastrologianosprocessosdeapreensãodasrepresentaçõesdamanifestaçãohumanacomoaarteeaproduçãodeimagens,oquerevelaomoteaserinvestigadonestapesquisa.

    Aoentenderaimagemcomoumoperadorqueserveparademarcarhistoricamenteacondiçãodosujeitofrenteàalteridade,Warburgareconhececomoprodutodeumtempoedeumespaço,maslembraqueéaprópriaimagemqueajudaafabricar,atravésdeseucarátermediador,arelaçãotempo-espacialdaqualelamesmaéfruto.AbordandoaquestãodosmodosdetransmissãodasdivindadespagãpelaastrologianoRenascimentopartindodapossibilidadequeosnovosmeiosparaotrânsitodasimagensganhamumoutropatamarnoqueconcerneoprocessodeproduçãodasimagensastrológicas.

    Comisso,pretende-serelacionarospossíveiscaminhosmetodológicosparaospapéisdasima-gensastrológicasnaordenaçãoeorientaçãodohomemnoRenascimento,deformaarevelarcomo

  • 16 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    esseensejodeorientaçãoproduziuumareviravoltaestilísticaquepodeserconsideradaumprocesso,internacionalmentecondicionado,deconfrontocomasrepresentaçõespreservadasemimagens,queeramprópriasàculturaastrológicapagã.Ouseja,verificarainfluênciadaastrologianosprocessosdamanifestaçãohumanacomoapolíticaeaarteemsetratandodeprocedimentosemodosparapodercompreenderasdiversasformasdeseorientarnomundo.Comisso,ohomemproduziaconhecimentosobreodesconhecidopartindodointercâmbioemigraçõesastrológicas.

    Palavras-chave: AbyWarburg;Atlas Mnemosyne;orientação;astrologia.

    Filippe Nunes e o contexto contrarreformista

    Julia Dias MöllerUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    AIgrejaRomanasevênanecessidadederevisãodeseusdogmasemfaceaosdilemasreformistasquecirculavamnaEuropaHumanista,comorespostaéinstauradooConcíliodeTrentoqueperduroude1545a1563.A25ªsessãodoConcíliodeTrento(1563)tratadeassuntoscomoousoeveneraçãodaimagemreligiosa.JuntamentecomasprescriçõesdoConcíliohouveramteóricosdosséculosXVIeXVII,quefazemcoroaimportânciaefunçãodaimagematravésdetextoscomotratados.ÉnomundoIbéricoqueessasideiasencontrarammaisforça.

    Em1615,foipublicadoemPortugalotratadoArte da Pintura, symmetria e perspectiva. Escrito pelo dominicanoFilippeNunes,otratadocarregaemsuaessênciamuitospontosqueafirmamanobrezadaPintura.  Nunesdeclamasobreoslouvoresdapinturacomotambémdemonstraseucarátermatemáticoatravés de ensinamentos da perspectiva e symmetria.Apresentadotrêspontosprincipaisquesão,afunçãodaimagem,adefiniçãodapinturaeaimportânciadodesenhodafigurahumanaopresenteartigopretendeinvestigar com apontamentos os argumentos escolásticos e contrarreformistas do tratado de Nunes.

    Palavras-chave: Contrarreforma;FilippeNunes;Pintura;Portugal;Tratadística.

    ARTE CONTEMPORâNEA E ESPAÇOS DE FALA

    Trajetórias entre arte e cidade: viver, usar, experimentar, ressignificar

    André LealInstituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ)/Candido Mendes

    Oartigobuscaanalisardiferentespráticasartísticasquedialogamcomapaisagemurbanaouin-dustrialdemodogeral,quenessarelaçãoserevelacomoentrópica,nadefiniçãodeRobertSmithson.Desdeadécadade1970,passadoomomentodas‘neovanguardas’ejáemvogapráticasquepodemcaracterizaraartecontemporânea,muitosartistasvêminvestigandosistematicamenteessasrelações,tirandoaartedagaleriaelevando-aparaanaturezaevice-versa.Buscaremosaquirealizarumabrevegenealogiadessaprodução,chegandoapráticasatuaisdessetrânsitoedaressignificaçãodaprópriaideia de paisagem e de arte.

  • 17III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    RobertSmithsonservecomopontodepartida,comsuaFloating island around Manhattan(1970-2005),naqualumabarcaçanavegaaoredordailhadeManhattanlevandoconsigoumparque.UmparquequeespelhaconceitualmenteoCentralPark,emblemadeumanaturezaartificialecontroladanagrelhanovaiorquina,equenãosecontentacomsuaestaticidade,nemcomsuacondiçãosubli-medenaturezacontemplativaesaiembuscadosgalpõesindustriaisabandonadosdasmargensde Manhattan. Não por acaso a obra foi concebida em conversas com seu amigo e pupilo Gordon Matta-Clark,segundoJaneCrawford.Matta-Clark,porsuavez,fezDay’s End(1975),suaprópriainter-vençãoentrópicaemumgalpãonasmargensdoHudsonbuscandotransformá-loemumparqueparaapopulaçãolocal.Eeramoscortesnasfachadasenopisoqueabriamoespaçoparaoutrosusoseparaa própria natureza circundante.

    Passadasquatrodécadasdesseseventos,aartecontinuapromovendoaberturasdapaisagemurbanaparaexperiênciasmenosamarradaspelalógicafuncionalistaqueregeasociedadeociden-tal.AartistaespanholaLaraAlmárceguibuscaconstantementeressignificarespaçosabandonadosemdiferentescidades,sejapormeiodemapeamentosdeterrenosbaldios“interessantes”,sejanapromoçãoderestaurosefestasemedifícioscondenadosàdemoliçãoempequenaslocalidadeses-panholas.JáemLotes Vagos: ação coletiva de ocupação urbana experimental(2005-2008),osartistasLouiseGanzeBrenoSilvatambémseapropriamdeterrenosbaldiosparanelesproporusoscomuni-táriosqueostiremdesuasestaticidadesenquantodejetourbano,possibilitandonovosconvíviosdapopulaçãocomeles.Trazendoparaodiálogooutrasproduçõeshistóricasecontemporâneas,iremosanalisar comodiferentespráticasartísticasexploramapaisagemurbanadamodernidadeequaissuas potencialidades sociais.

    Palavras-chave:artecontemporânea;cidade;RobertSmithson;entropia.

    Em busca da coexistência: De onde e com quem o artista fala?

    Bruno Gomes de AlmeidaUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

    Apresentepropostadecomunicaçãorefletesobrequestõesacercadaproduçãoartísticacontem-porâneaesuasinterseçõescomavidacotidianaeseusespaçosafetivosecoletivos.Astendênciaseestratégiasartísticascadavezmaisvoltadasparaavivênciaeseuslugaresdepartilha,têmdemarcadoumterritóriodeaçãomaisdelineadoemtermosdeaçõesrelacionais,sociaiseinterpessoais.

    Oartistanacontemporaneidadeseacostumouaterderesponderemseutrabalhoaumapergunta sobresuaorigem:“Deondeeufalo?”Umquestionamentoqueoinduzaperfazernovamenteoscami-nhosqueocasionaramsuaexistência.Comonumexercíciodeinvestigaçãoquedepuresuasraízeseramifica-ções,quelanceluzsobresuaprocedência,sobreseulugarnomundo.Indíciodeuminteressequedeixaclaroasfronteirasoscilantescomavidareal,quetranscorrecadavezmaisnosespaçoscircundantesdaexistência.

    Noentanto,deunstempospracá,nota-seogradualaparecimentodeumaartequenãoapenastentaresponderapergunta“Deondeoartistafala?”,massobretudo,“Comquemoartistafala?”.Nãobastaincorreremsuaproveniênciaelugaresnomundo,mastambém,falarsobreosseuspares,osquelheescutametambémfazemvalersuasvozes.

    Essa demanda pelos interlocutores do artista é uma maneira de aprofundar a primeira pergunta. Afinal,oestabelecimentodeseuslugaresnomundosuscitadeliberações,introjeçõeseendereçamen-tos.Econsiderandoquenossosterritóriosdehabitaçãoestãocadavezmaispovoados,osentornosestão,incondicionalmente,imbricadosemnós.

  • 18 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    Dessaforma,acomunicaçãoapresentatrabalhosdediferentescontextoshistóricos,queperfize-ramessas“trilhasdodesejo”emdireçãoaumaartequeseefetivanocoletivo,nocampodasrelaçõesefluxosafetivosdavidacontemporânea.

    Palavras-chave: artecontemporânea;lugaresdepartilha;sociedade.

    Incerteza as a state of mind

    Luciana Benetti Marques ValioPesquisadora sem vínculo institucional

    Apresentecomunicaçãosurgedainquietaçãoprovocadapelotítulo“South as a state of mind”,daDocumenta14(2017).Talcomoéevidenciadaaintenção,agrandemostradeartepretendepensaroSul“comoumestadodeespírito”.Assim,entendidocomoumaprovocação,instigaàsseguintesques-tões:Qualseriao“estadodeespírito”dosul(donossosul,dosuldaqui,dosuldoBrasil)?Oquesequerdizerquandoumlugargeográficoéconfiguradocomoum“estadodeespírito”,principalmente,noqueserefereaumamostradearte?Natentativaderefletirsobretaisquestões–pensaraprópriacondiçãodeestarnosul,inclusive,consideraroqueseriaesse“estadodeespírito”nocampodaarteaqui–surgeointeresseemanalisareacompanharmaisdepertoa32ªBienaldeSãoPaulo(2016).SeaDocumentaentendeo“sulcomoumestadodeespírito”,aBienaldeSãoPaulopartedapremissada“incertezaviva”.Ouseja,aquinosul,certopareceseraincerteza...Aincertezaéapresentadacomoinerenteaomomentoatual,desdeospossíveisanúnciosdascatástrofesbiológicas, comoascrisespolíticaseeconômicas,passandopelasguerras, fome,emisériahumanas.A intençãode se funda-mentarnasincertezasnãosetratadeumacondiçãonegativa,masdeinstabilidade,depossibilidadedemovimentação.Comisso,otemadaincertezaépropostoparaservivenciadoepotencializado,enãoanulado(“tranquilizado”)embuscadeumaestabilidadeecerteza.Ocuradordamostra,JochenVolz,apostanopotencialdaartecomodesestabilizador,poisconsideraqueaartepossibilitarevelaradesordemdosistemaaqualfazemosparte,demaneiraque,somenteela,une,naturalmente,opensaraofazereareflexãoàação.Caberá,assim,àartecontemporâneapermearosterritóriosdaincerteza,dosdeslocamentosedafluidez,principalmente,quandoagrandemostradoNorteprovocacomseu título desconcertante, “South as a state of mind”,osulgeográficoficaimpreciso.Justamenteporqueesse“estadodeespírito”,emboradesconhecido,jácarregaemsiumaconotação,algumacaracterísticadealgoquelhetornereconhecível.Enfim,pensarno“Sulcomoestadodeespírito”enas“IncertezasVi-vas”abremmuitoscaminhosincertosparaserempercorridos...etalvezaincertezaquesebusqueaquisejaapossibilidadedepersonificar-secomosujeitodesimesmo,comoum“estadodeespírito”dosul.

    Palavras-chave:32ªBienaldeSãoPaulo;Incerteza;artecontemporânea;mostradearte.

    Arte Conceitual e Conceitualismos: a distinção entre duas vertentes artísticas

    Thamara Venâncio de AlmeidaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

  • 19III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    NesteartigopropomosapresentaralgumasdasdefiniçõesdaArteConceitual,ecomelas,algumasdasrazõesqueculminaramnacriaçãodeoutravertente,oConceitualismo.Apontaremosasprincipaiscausasemotivosquelevaramcríticosehistoriadoresdearte,emummomentoderevisãodessapráti-ca, a distinguirem esses dois termos. Muitas práticas, na vertente do Conceitualismo, utilizando novos suportesparacriaçãoartística,setornaramrecorrentesempaísesLatinoAmericanos.Aqui,deexemplo,apresentaremosaVideoarte,experimentadapioneiramenteporartistasdoGrupoFluxus,equeemergenosanos1970noBrasilcomoalicerceparaaexperimentaçãodeartistasconceituaisdoRiodeJaneiro.DesdeomomentoemqueaArteConceitualcomeçouaserpensadaeescrita,houvediscrepânciasemsuadefinição,nuncachegandoaumconsenso.Algunsartistasqueseenvolveramcomessetipodearteaindanadécadade1960,aexemplodeSolLeWitteJosephKosuth,publicaramnocalordomomentosuasideiasarespeitodessaarterecente,chamadade“Conceitual”.Essesdoisartistas,quetinhamcon-tatoediscutiamsobreoassuntonaépoca,tinhamaomenosoconsensodequenãosetratavadeummovimento.Kosuth(1969)aviacomoumatendênciaeLeWitt(1967)entendia-amaiscomoummododefazerarte,dentretantosoutros.Osescritosdessesartistas,vistoscomoquaseummanifesto,serviuparaembasaredarvisibilidadeeimportânciaaessanovaformadeseconceberumaobradearte.Nocontextobrasileiro,otextodeKosuthtevelargarepercussão,quandoapareceutraduzidoem1975,noprimeiro número da revista Malasartes.Oquevemsidorevistodeformarecorrentenasúltimasdéca-das,peloscríticosehistoriadoresdearte,éaquestãodaarteconceitualcomoumprodutoexclusivooriundodeartistasnorte-americanoseeuropeus.Algumastesesdefendemqueaarteconceitualsurgiuconcomitantemente,apartirdeumacrisegeraldaarte,emdiversoslugares,eindicam,queapartirdaexposiçãoGlobal Conceptualism: Points of Origin 1950s-1980s,de1999,realizadanoQueens Museum of ArtdeNovaYork,aquestãoabrangentesobreaarteconceitualtomoumaiordimensão,sendoconsi-deradamarcoparasuareavaliaçãohistoriográfica.

    Palavras-chave: ArteConceitual;Conceitualismo;Novossuportes;Videoarte;Brasil.

    ARTE, CULTURA E SOCIEDADE

    Trepanação e a estética da cabeça

    Hamilton de Paulo FerreiraUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Asrepresentaçõesdafigurahumanapossibilitamumainterpretaçãovisualdomomentohistórico,notadamentenasmanifestaçõesartísticas.Acabeça,nessecontexto,éelementodaprópriaidentidadedosujeitoedocorporepresentado,quepodeindicaremsuascaracterísticasumagamadesentimen-tosinterpretadospelasfeiçõesdeseurosto.Dessaforma,podemosmencionar,emprimeiromomento,ascabeçasdassantidadesemimagensreligiosasquesãodestacadasdasdemaisporumhalodourado,queressaltamsuascabeçaseimplicamemseureconhecimento.Nãoobstante,outrosaspectosdein-terpretaçãoreligiosatambémimplicamemumarelaçãoentreosujeitoeacabeça,comopodeserper-cebidonatrepanação,emquecrâniosencontradoscomperfuraçõesmanuaisinstauramesseprocessoamilharesdeanos,masqueatéosdiasatuaisexistemocorrências,sejamemprocedimentosmédicosparadiminuirapressãocraniana,sejamcomoobjetivodetranscendênciaespiritual,comoofazemalgumastribosaborígenes,podemosassimdescreveroabandonodaestéticadacabeçaparatrans-

  • 20 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    cenderoespírito.Podemosarticularesseprocessoasmanifestaçõesartísticasdoséculoxx,emquea subjetividadeseapresentanaarteatéomomentoqueaconsciência–quetomalugardaalma–colocaocorpocomomatériapassivadesermoldada,assimcitamosoartistaStelarcquedescreveocorpocomoobsoleto,podendoserpotencializadopelatecnologia.Oprópriodesenvolvimentotecnológico,implicanumafragmentaçãodocorpoedesuasações,quepodemservistasnasrepresentaçõesartísticasdoséculoemquestãoque,deformageral,apontamparaacabeça,involucrodaconsciência.Osdesenvol-vimentostécnicosabsorvidospelaarteabremnovasformaçõesdiscursivasrelacionadasàcabeça,comoénotadonasaproximaçõesdaarteedaneurociência,dessemodo,podemosdestacaraatuaçãodaartetranshumanistaque,alémdecorroborarcomaobsolescênciadocorpoedacarne,detémsuasatençõesacabeça,objetivandoatransbiomorfose,quesetratadamigraçãodaconsciênciaparaumchipdecom-putador.Asconexõesartísticasetecnológicasquelevamàcabeça,comoeixocentral,podemsernotadascomoumdesdobramentoentrearelaçãodocorpofísicoeastemáticasabordadasnasvanguardasar-tísticas.Oquenospropomosédiscutirodesenvolvimentoartísticotecnológiconoséculoxx,tomandocomoalicerceargumentativoaestéticadacabeçadiscutidaatravésdatrepanação.

    Palavras-chave:Trepanação;Estéticadacabeça;ArteeTecnologia.

    A utilização de redes sociais como o Snapchat e Instagram e o trabalho de artistas mulheres: tema e galerias virtuais

    Isadora Maríllia de Moreira AlmeidaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Ouniversodainternetvivehojeumdosseusmaisgloriososmomentos:odacriação,interaçãoecom-partilhamento;ondesãopoucasasbarreirasparaqueumamensagemsejatransmitidaaoredordomundo.Nãoselimitandoaoacessopelocomputador,cadavezmaispessoasutilizamosserviçosdeinternetmóvelnosseusaparelhoscelulares.Ainternetmóvelpossibilitaqueosaparelhoscelularesmaisnovos,oschama-dos smartphones,tenhamacessoadiferentestiposdeaplicativosprincipalmenteosderedessociais.

    As redes sociais, então, permitemnão só a construçãode umapersona,mas sua exposição einteração.Existemredessociaisparapropósitosdistintos,comoosdepublicaçãodetextosefotos,queserãoosobjetosdeestudonestapesquisa.Osescolhidosforamosaplicativosderedessociais Snapchat e Instagram,quesãovoltadosparaocompartilhamentodeimagens.

    Porseremaplicativosgratuitos,estesabremespaçoparaquepessoascomoartistas,tambémosutilizemcomomaneiradedivulgarseutrabalho.Commaiorfrequênciaartistasseinscrevememapli-cativoscomoestesparaqueexpectadorespossamverquesuasobrasvãoalémdasgaleriasformaisdeexibiçãodearte,criandoumaespéciedegaleriavirtual.Amaioriadosusuáriosdeinternetmóvelsãomulheres,assimcomoosperfisdoInstagram e Snapchat.

    Aanálisedotrabalhodeartistasmulherespodepossibilitaroentendimentodecomooespaçoqueocupamnessesaplicativosfuncionaedecomopodemsertecidasnovasnarrativasapartirdesuaspostagens.Dessamaneira,apresentepesquisatemcomoobjetivotentarentendercomoaplicativosde redes sociais como o Snapchat e o Instagram têm influenciado o trabalho de artistasmulherescontemporâneas,queosutilizamnãosócomomeiodedivulgaçãodeseutrabalho,mascomotemadesuasobras.Analisa-seamaneiracomosãoutilizadososaplicativos,seuspropósitoseexperiênciaspossíveisatravésdomeiodigitalqueestãoinseridoscontemporaneamente.

    Palavras-chave: RedesSociais;MulheresArtistas;Internet;Arte.

  • 21III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    Prática Artística e Pensamento Teórico: a Pós-Graduação como campo de ação – um estudo reflexivo e alargador do conceito de Rede

    Ma. Marcillene LadeiraUniversidade Federal da Bahia (UFBA)

    O artigo objetiva refletir sobre o fato artístico e seu processo na condição de atuação da Pós- GraduaçãoStricto Senso,demodoatecerconsideraçõessobretalterritório,bemcomoefetivarcontribui-çõesparaomesmo.Levantamentosbibliográficosevidenciamumatrasobastantegrandedaárea–25anos–comrelaçãoaosesforçosiniciaisdeoutrasesferasdoconhecimento.Emdadosde1991/1992enquantoaáreadesaúde,amaisconsolidada,possuía213cursosestabelecidos,aproduçãoplásticahaviaapenassete.IstopassaasercompreendidoquandoseverificaqueapesardoCNPqedaCAPESsereminstituídosnoanode1951(Leinº1.310,de15dejaneiroeDecretonº29.741,de11dejulho),aindademoraram23anosparaquesurgisseoprimeirocursodeMestrado(1974)e29anosparaoprimeirocursodedoutorado(1980). JáocredenciamentonoCNPqocorreu33anosapósseusurgimento(1984).Destadataemdianteéquepassamosaumcrescimento,aindaquepequeno,emprincípio.OprimeirogrupodepesquisainstituídoanívelnacionalfoiaAssociaçãoNacionaldePesquisadoresemArtesPlásticas(ANPAP),sendoconsolidadaem1987;anoemquetambémsurgeaFederaçãodeArte/EducadoresdoBrasil(FAEB).

    Emvirtudedesteretardamentoverificam-semuitaslacunaseumadelas,comocolocaStephenWilson(2003),éidentificarqueosparâmetrosqueincluiaarteemâmbitocientíficoaindanãoseremclaros.Énestesentidoqueoartigoemquestão,circunstanciaumadascontribuiçõesescritaspormimnoprojetodeMestrado(Turma2014/2015).Parasermaisexata,dizrespeitoaumestudoreflexivoealargadordoconceitode“Rede”,passando-opara“Teia”.Otermo“Rede”temsidousadoemdiversoscamposdoconhecimento,comonaciênciaenatecnologia,enãosomentenaarte.CecíliaSalles(2006)équemprimeirooempregou,tendooincorporadoapósverificaranecessidadedeumtermoquedessecontadasnovasexigênciasvindasapartirdasmúltiplasconexões,emconstantemobilidade,queinva-diramocampoartístico.Aoconcatená-locomosestudosdofísicoFritjofCapra(2006)traçoummodode pensar e agir em processos criativos, perante seis elementos comuns e necessários a este grande sistemadeformação,sendo:Redes,Ciclos,ParceriaouAliança,Diversidade,EquilíbrioDinâmico,Ener-giaSolar.Chegueiaestaquestãotendoemvistaque“teia”relaciona-secomoconceitode“ecologia”–própriodoassuntopoéticoquearticulo.

    Palavras-chave: Pós-Graduação;PesquisaemArte;MétodoCientífico;PlasticidadedoPensamen-toemCriação.

    COLECIONISMO E PROCESSOS ARTÍSTICOS

    A presença japonesa na coleção de Murilo Mendes

    Felipe Andrade da RochaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    MuriloMendes,consagradopoetadeJuizdeFora,tambémcolecionouarteaolongodasuavida.Aimportânciadesseestudoestánabuscadehipótesesacercadamaneiracomoacoleçãodopoeta

  • 22 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    foiestabelecida,procurandosignificarasuarelevânciadentrodocontextoculturalmodernistaatravésdo diálogo com a maneira singular de Murilo Mendes no papel de colecionador de arte. Atualmente o acervoseencontranomuseudearteMuriloMendes,instituiçãoligadaaUniversidadeFederaldeJuizdeFora,sendoparteimportantenocontextoculturalregional.Emborajáexistammuitosestudosacer-cadaobraliteráriadeMuriloMendes,poucassãoaspesquisasrelacionadascomacoleçãodeartedopoeta.AbuscapormaisinformaçõessepropõeafomentarointeressepeloacervodeartesvisuaisdeMurilo,quecontémaproximadamente200obras,deartistasbrasileirosedediversasoutrasnaciona-lidades.EssacomunicaçãotemcomofocoasobrasdosartistasjaponesesNobuyaAbe,ShuTakahashieTomonoriToyofuku,presentesnacoleçãonaformadegravuras,pinturaseesculturas.Considerandoasobrascomodocumentos,ainvestigaçãosepropõepelaanálisedatrajetóriadasmesmas,buscandoinformaçõessobreoprocessodeaquisição,e tambémsobreseusautores,mas, semdesconsideraro caráter artístico, jáqueéplausível suporqueMuriloMendes sócolecionaasobrasdeartesquedialogassem com os mesmos ideais artísticos dele (Hipótese sustenta pela crítica de arte escrita pelo mesmo).PormeiodeumaapuraçãosobreoperíodoemqueMuriloviveunaItáliaecomosesucedeuoseurelacionamentocomosartistasjaponeses,épresumíveldeterminarcanaisdeinvestigaçãosobreatrajetóriadopoetacomocolecionadordearte,eentendercomosuaredesocialfoidefundamentalimportâncianaconsolidaçãodasuacoleçãodeartesvisuais,permitindoassim,aconstruçãodeumanovanarrativasobreMuriloMendes.

    Palavras-chave: MuriloMendes;Coleção;NobuyaAbe;ShuTakahashi;TomonoriToyofuku.

    Murilo Mendes e Guignard: relação pessoal entre retratante e retratado

    Gabriele Oliveira TeodoroUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Paraohistoriadordaarte,investigaroretratoépercebercomoasformasderepresentarafigurahumanasetransformaramaolongodotempo.

    Noséc.XIXoretratofoirelacionadoàreproduçãoverossímildepessoasepaisagens,comfinsdelegitimaçãosocial.Jánomodernismoessegenêrodeixadeterumcompromissoexpressocomaveros-similhançaecomaposiçãosocialdoretratado.

    AobraRetratodeMuriloMendes,de1930-deGuignard-revelaindíciosdarelaçãodeadmiraçãomútuaentreretratanteeretratado.Oretratoéconsideradoumpontoinicialdeligaçãoentreosdoisartistas. No mesmo período, Guignard e Murilo eram amigos no Rio de Janeiro. O poeta nasceu em Juiz deFora,MinasGeraisem1901.Nadécadade20,MurilosemudouparaoRiodeJaneiroparatrabalharcomoarquivistanaDiretoriadoPatrimônioNacional.Murilotinhaafetopelospintoresqueconheciaeaolongodavidacolecionouobrasdearte.Elenãoeraumcolecionadorconvencionalquecolecionavaporépocaouestilo, colecionavaasobrasqueosamigosopresenteava,eemformadeapreçoereci-procidade, seus livros de poesia possuem poemas dedicados a alguns desses pintores.

    Portanto,apresentecomunicaçãopossuicomoobjetivoinvestigararelaçãodeMuriloMendeseGuignardecomoelapodetercontribuídoparaaformaemqueopoetafoiretratadopelopintor.Ame-todologiadapesquisasedeuatravésdaanálisedaobra,textos,documentoseautoresqueescrevemsobreMuriloMendeseGuignard,citandoLorenzoMammi,ShearerWest,CarlosZílio,MariaLúciaBuenoe Giulio Carlo Argan.

    Palavras-chave: MuriloMendes;Guignard;Retrato;MAMM;ArteBrasileira.

  • 23III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    “Interessa-nos a forma do limão, e não o limão.”

    Luciane Ferreira CostaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Apropostaparaesteartigoéumabrevereflexãosobredoismanifestosartísticosquemarcaram,empaísesdistantes,momentoscruciaisnahistóriadaartemoderna:Il Manifesto del Gruppo Forma, as-sinadopeloartistaromanoAchillePerilli(1927-)eoutrosintegrantesdogrupo,publicadoemmarçode1947narevistaForma 1,aqualoriginouem26deoutubrodomesmoanoaprimeiraeúnicamostradogrupo no Art ClubemRoma;eo“ManifestoRuptura”,fundadoem1952,lideradopeloartistaWaldemarCordeiro(1925-1973),seuporta-vozeprincipalteórico.Estemanifestofoilançadonaocasiãotambémdaprimeiraeúnicaexposiçãodogrupo,inaugurada9dedezembrode1952noMAM-SP.Estabreveanálisepropõeevidenciarapertinênciaeainovaçãodasideiasdeambososmanifestosparaaquelaépoca.Omomentopós-IIGuerratrouxeconsigograndesexpectativasparaumasociedadeesgotadapelo sofrimento decorrente da guerra. A Itália procurava recuperar-se politicamente e socialmente do conflitodeguerra,alémdereinserir-senocontextoartísticoeuropeu.Osjovensencarregaram-sedefomentarodesejopelo“deferente”porumasociedadelivreeomomentoerapropícioparaideiasrevo-lucionáriascomofoiocasodaafirmaçãodaarteabstrataitaliana.Romafoiaporta-vozdaarteconcretaincentivadapelocríticoLionelloVenturi (1885-1961).Dooutro ladodooceano,oBrasilnofinaldadécadade1940encontrava-seemummomentodeefervescênciacultural,alémdoprogressosócio/econômico.MárioPedrosa(1901-1981)críticodearte,comofimdaIIGuerra,1945,voltadoexílioparaBrasil,sendoinicialmentequemmaisdefendeuaarteconcretanopaís,sendoSãoPauloocenáriopro-pício.Operíodoabordadopossuiumaextensafortunacrítica,maslongedeestaresteexaurido.Ambososmanifestosopunham-seàartevinculadaàrepresentaçãorealistadoobjeto,visandorompercomumpúblicohabituadoànecessidadedabelezaedocompreensível.

    Palavras-chave:ManifestoArtístico;GruppoForma;GrupoRuptura;ArteModerna.

    As paisagens urbanas de Oswaldo Goeldi: Um registro de memória da cena carioca

    Tammy Senra Fernandes GenúUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    ORiodeJaneirofoiocernedapoéticadoOswaldoGoeldidesdeomomentoemqueeste se esta-beleceunoBrasilapósanosnaEuropa.Intensificandoostrabalhosarespeitodacidadeapartirde1930.Atravésdestasimagensépossívelreconheceraurbis apartirdavisãodopróprioartista.Suaobras,carre-gadasdesimbolismo,emoção,sentimentoecomumafortecargaexpressionistanosrevelaosubúrbio,osbecos,oslugaresexcluídosdoprocessodemodernizaçãodacidade.OpresenteartigobuscaanalisartaisimagensfeitasporGoeldicomoregistrosdememóriaarespeitodolocalemqueviveu,fazendoemergirnosespectadoresumRiodeJaneiroquesóépossívelconheceratravésdosolhosdeGoeldi.

    OswaldoGoeldiseestabelececomsuafamílianoBrasilapósdezesseisanosnaEuropa,localondeob-tevecontatocomavanguardaexpressionistaqueinfluenciarátodaasuaprodução.Porém,avoltaaoBrasiléconsideradadramáticapelogravador,gerandoumsentimentodeestranhamento,comoseelenuncahouves-seestadonopaís.Talsentimentofezcomquesuasobrasfossempermeadasporestadosdesolidãoevazio.

  • 24 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    Apartirdosanosde1930,principalmente, intensifica-senasimagensurbanascriadaspeloartista,nasquaisháaqueleestadodesolidãoevazio.Nestasimagens,Goeldipeloviésexpressionista,nosapresentaomundodosoprimidosedosrejeitadosdentrodoprocessodemodernizaçãodacidade,indonacontramãodaartepropostapelaacademiaepeloqueeraesperadodeumarepresentaçãodaatualcapitaldopaís.

    Porsugeriremosimbólicoenãoapresentaremumaimagemfidedignadacidade,massimumavisãoqueopróprioartistapossuíaarespeitodoRiodeJaneiro,épossívelconsiderarqueasgravaçõesde Goeldi suscitam a memória a respeito da urbis carioca.

    Paraalgunsautores,atualmentehánacontemporaneidadeumapegoamemória.Istosedáprin-cipalmente devido ao ritmo acelerado da vida. Porém, um ponto em comum entre muitas das teorias arespeitodememóriaéqueestapertenceaopassado.Aoserretransmitidaaopresente,asimagensdememóriaganhamnovassignificaçõesenosfazemreconhecerumpassadohistórico.ApartirdasxilogravurasdeGoeldicomtemas dacidade,percebemosavisãodogravador.Portanto,apartirdelasrememoramos o Rio de Janeiro a época de Goeldi.

    Tais argumentos, adicionados somados ao fato comprovado por cartas e entrevistas do caráter observadordogravador,nosfazemclassificarpartedesuaobracomoregistrosdememória.AosuscitarlembrançasdeumRiodeJaneiroquenãoexistemais,observarasimagensgoeldianasévercomosolhosdoartistaosubúrbiocariocaqueexistiuentreosanos20e60.

    Palavras-chave: OswaldoGoeldi;Xilogravura;RiodeJaneiro;Memória.

    FOTOGRAFIA, IMPRENSA E PROCESSOS

    Assis Horta: o “caçador” de antiguidades de Diamantina

    Cleber Soares da SilvaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Em seu Plano de trabalho para a Divisão de Estudos e Tombamento, feito para a Diretoria do Patri-mônioHistóricoeArtísticoNacional–DPHAN,em1949,LúcioCosta deixouclaraaintençãodecriareformarpequenasequipes,nasedeeemcadaumdosdistritos,queteriamaincumbênciadefazer“batidassistêmicasparaacolheitadematerialdeinventário,nãosomentenasregiõesacessíveis,comotambémeprincipalmentenasdeacessodifícil”.Cadaequipeseria“constituídadeumfotógrafoedeumtécnicoha-bilitado–possivelmenteamesmapessoa,amboscomgostoparaessaespéciedeaventura”.(COSTA,1949)

    Aprincípio,AssisHortaseencaixavaperfeitamentenoperfildefinidoporLúcioCosta,poisem1937játinhaalgumaexperiênciacomofotógrafoepossuíaajuventudeeamotivaçãonecessáriaparaasvia-gensdereconhecimento,pesquisaeinspeçãonosterrenosmaisremotosdaregiãodeDiamantina(MG).

    OcontatodeHortacomalgunsdosintelectuaisqueelaboraramosprincípiosdeproteçãodopa-trimônioartísticonacionalpareceterforjadoapersonalidadeprofissionaldofotógrafo.Éfundamentalapurarasrelações,diretaseindiretas,entreHortaealgunsintelectuaisrepresentantesdopensamentonacionalistamodernistaqueatuaramnoSPHANnesseperíodo.Essapesquisatemafinalidadedeiden-tificarasmotivaçõesquelevaramHortaacriar,alémdoacervofotográficodeDiamantina,oincomumconjuntodefotosdetrabalhadores,feitoemestúdio,entreosanosde1930/40.

    Palavras-chave: Fotografia;Patrimônio;IPHAN;AssisHorta.

  • 25III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    Josephine King: A arte da sobrevivência

    Flávia de Paiva Paula DamatoLuidy NogueiraUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    PropomosumaanálisedaobradaartistainglesaJosephineKing,ativaartisticamente,requisitadapelasgalerias,equeconvivecomumadoençadolorosaeavassaladora,abipolaridade.Paraasusten-taçãoteórica,teremosorespaldododocumentárioJosephine King, de Carmem Maia e Gustavo Rosa deMoura.Neste,aartistaexpõesuavida,aconvivênciacomosofrimentomentalesuarelaçãocomapintura,naqualposicionasuacriaçãoartísticacomorecursoparasuasobrevivência.Dessaformadiscutiremosainterfaceentrearteeloucura,entendendoestacomoumespaçoartístico,oquenospossibilitaolharasobrasnãopelaviadadoençaesimpelapoéticaartísticainstaurada.

    Apinturaacompanhaaartistahá25anos,nestetempopôdeproduziredesenvolvertécnicasnãosódapinturacomotambémdedesenho,foimodeloem3quadrosdaamigaeartistaportuguesaPaulaRego.Aos40anos,depoisdecometermaisumatentativadesuicídio,decidepintarautorretratos,querefletiaoestadocaóticoedolorosodeseuinterior.Nestafase,apinturadaartistaéumreflexodeseussentimentosepensamentos,carregadadecores,comroupas,ocabelobagunçado,comalgunsele-mentoscomoanimaiseoutrosobjetos,nosquaissinalizaomomentoqueJosephineestavavivendo,As pinturas tornaram-se como um diário de mim mesmo (JosephineKing).PaulaRegocitaqueoassuntoabordadopelaartistaéterríveletriste,poisapresentadeformalúdicaeextravagante,todadorevi-venciadadoençaeseuestadopsíquico.

    Aartistadelimitaumnovoespaçonamesmapintura,elacolocamargenscomescritosquetambémrefleteseussentimentos,pinturadessaforma,funcionacomoumdiário,queesvaziaosujeitodesuasan-gústiasesofrimentoseaomesmotempoháoprazereodesejodeservalorizadacomoartistaepessoa.AartepotencializaarelaçãodeJosephinecomomundo,permitetambémtrazeràtonasuasfrustrações,direcionandosuasdoresparaoutroplanoembuscadealívio,naconstruçãodesímbolos,eprincipal-menteparasemanterviva.Josephinepintaparasobreviveràdoença,escapardosuicídioedelamesma.

    Palavras-chave:Subjetividade;História;ProcessoCriativo.

    As sobras das “Sobras”: o percurso criativo de Geraldo de Barros sob a ótica da crítica de processo

    Maíra Vieira de Paula Universidade de São Paulo (USP)

    Nosdoisúltimosanosdesuavida,comoauxíliodeumaassistente,GeraldodeBarrosreelaboroupoeticamenteumarquivofamiliardefotografiasenegativosquehaviamficadoesquecidosemcaixaspordécadas.Talprocessodecunhofortementeexperimentalresultouemdiferentestiposdecolagensbatizadasde“Sobras.Em1997,sessentaeseis[doconjuntototalde249colagensdenegativossobrevidroqueelerealizou]foramampliadas–emumatiragemdeoitoexemplares–porChristopheBran-dt,sobasupervisãodeBarros,nolaboratórioAtelierLaChambreClaire,naSuíça.OAcervoSescdeArteBrasileira,localizadoemSãoPaulo,possuiumconjuntocompletodetaistiragensvintage,quefoi doadopelafamíliadoartista.Maisrecentemente,oInstitutoMoreiraSalles,noRiodeJaneiro,adquiriu,

  • 26 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    sobcomodato,as249colagensdenegativossobrevidro,juntamentecomassobrasdas“Sobras”–ou seja,contatosdosnegativosutilizadosnasérie,pedaçosdescartadosdessesmesmosnegativos,assimcomodemaismateriaisfotográficos,queseencontravamnascaixas.

    Esteartigopropõeumainterpretaçãodetaisampliaçõesfotográficasempapeldegelatinaeprataapartirdasferramentasmetodológicaseconceituaisdacríticadeprocesso–desenvolvidaspelapes-quisadoraCecíliaAlmeidaSallesem“GestoInacabado:processodecriaçãoartística”(1998),“Redesdacriação:Construçãodaobradearte”(2006)e“Arquivosdecriação:arteecuradoria”(2010).Dessafor-ma, por meio do acionamento dos diferentes documentos de processo disponíveis nesses dois acervos, espera-selevantarinformaçõessobreoprocessocriativodeGeraldodeBarrosnãosãopassíveisdese-remdepreendidasapartirdameraobservaçãodasobrasentreguesaopúblico.Juntocomtalmaterial,obrasanteriores, registrosdeentrevistas,cartaseoutrosdocumentosdeprocessosserãoutilizadoscomofontespotenciaisdeinformaçõesquepermitamdesvelaracomplexaredededecisões,desvios,procedimentosediálogosrealizadosporGeraldodeBarrosnacriaçãoda“Sobras”.

    Palavras-chave: GeraldodeBarros;Sobras;Fotografia;CríticadeProcesso.

    HISTÓRIA DA ARTE

    Intersecções entre Moda e Arte: Schiaparelli e Dalí

    Aline Barbosa da Cruz PrudenteUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)

    OpresentetrabalhoanalisaobrasemqueaestilistaElsaSchiaparellieoartistaSalvadorDalítraba-lharamemconjunto,inspiradospelaestéticasurrealista,aqualvalorizaosonho,aalucinaçãoeaaleato-riedade,ouseja,alivreexpressãodoinconsciente.Paraissofoifeitaumarevisãobibliográficadelivrossobreasexposiçõesmodernistas,osurrealismoesobreaobradaestilista.Destaformafoipossívelsabercomouminfluenciavaaobradooutro,alémdeentendercomoocontextogeraldaépocainspirouaes-tilistaapensarnovasformasdecriareapresentarseutrabalho.Assimcomoosartistassurrealistastrans-cenderamopapeleatelaemsuascriações,levandoseusconceitos,entreoutrascoisas,paraoobjetos,ocinema,ocorpoeamoda,Elsatrouxeparaamodaousodenovosmateriais,comotecidossintéticos,novascores,ozípereatéfoiaprimeiraestilistaaapresentarumacoleçãoinspiradaemumtema.

    ArelaçãoentreSchiaparellieDalísedeuprincipalmentenoanode1938,noqualaconteceuaExposiçãoInternacionalSurrealistaeolançamentodaColeçãoCircusdaestilista.Estaexposiçãotam-bémmarcouumanovaformadeexpor,deixandodeladoumasalaneutraparaexposiçãodeobras,paratornaresseespaço“ideológico”.Entreessesespaços,destacamosaRuadosManequins,noqualsãoexpostos16manequinsfemininosadornadosporartistas.EntreestesestavaomanequimdeDalícomumapeçadeSchiaparelli.Nomesmoano,aestilistalançaumacoleçãocomduaspeçasfeitasemcolaboraçãocomoartista:oSkeleton Dress,comvolumesqueformamodesenhodeossos,eoTears Dress, com estampas de trompe d’oleilfazendocomoqueovestidoparecerasgado.Emtodasasobrasanalisadasvemosatransmutaçãonocorpo,característicacomumnomodernismo,segundoMORAES,porserumaépocamarcadapelohorrordaguerra.

    Palavras-chave:Moda;Arte;Corpo;Surrealismo.

  • 27III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    Estudo comparativo entre as seguintes obras: O Teatro da Crueldade (1946), de Antonin Artaud, e O Triunfo da Morte (c. 1562), de Pieter Bruegel, o Velho

    Caroline Pires TingUniversidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

    PieterBruegel,oVelho (Breec.1525–1569Bruxelas)eAntoninArtaud (Marseille1896–1948Paris)sãodoisartistasafetadosporguerras:nocasodeBruegel,aguerradaRepúblicaUnidadosPa-ísesBaixoscontraaEspanha;nocasodeArtaud,aSegundaGuerraMundial.Atravessandotemposeterrenos,umdiálogoseoperaentreestesdoisartistas.Artistasestesqueserelacionam,ambos,comainsanidade–comojánotaraFoucault,emsuateseHistória da Loucura. Cada um, de maneira particular, convidaoespectadorareversuacompreensãododesvario;cadaumdistancia-sedastendênciasartís-ticasdesuaépoca,explorandometáforasbíblicasparacondenarmoralmenteseuscontemporâneos.

    Apesardosquatroséculosqueosdistanciam,umarelaçãoíntimaentreostrabalhosdeBruegeleosdeArtaudseestabelece.Porvezes,estarelaçãoseexpressanosescritospessoaisdeArtaud,assimcomonassimilaridadesentreseudesenhocoloridoO Teatro da Crueldade(1946)eascomposiçõesdapinturadeBruegelO Triunfo da Morte (c.1562).Opropósitodestacomunicaçãoéodetraçarumestudocomparativodestasobrasafimdetornarexplícitasasanalogiasentreosquadros.

    ComoAntoninArtaudbuscainspiraçãoemBruegel,bemcomonoutrospintores?Defato,Artaudsempreforainfluenciadoporoutrosartistas,tantoporseusprecedentes,quantoporseuscontempo-râneos.Apresentaremosaquiseusdesenhos,destacandoasreferênciasqueele,Artaud,apreendeetraduzemsuapráticaartísticapessoal–sejaelavisual,literáriaoucênica.

    Naprimeiraparte,analisaremososprimeirostrabalhosdeArtaud,aindasobainfluênciadopintornorueguêsEdvardMunch.EstacomparaçãonosserviráparaaanálisedoprocessodeintertextualidadequeacompanhaaobradeArtaud,quandoesteobservaoutrospintores,algoqueseiniciaprecoce-menteemsuavida.Emseguida,notaremoscomoCharlesBaudelaire–poetaaoqualArtaudprestavagrandeadmiração–refere-seaPieterBruegel,oVelho.Finalmente,focaremosemdetalhesdoTriunfo da Morte,deBruegel,queinspiramArtaudnarealizaçãodeseusdesenhose,posteriormente,tambémna de suas teorias de teatro.

    Palavras-chave:Intertextualidade;Iconografiareligiosa;Teatro;Pintura.

    Os murais de Antonio Nardi na capela do Seminário Nossa Senhora de Lourdes em Eugenópolis (MG)

    Dirceu Ferreira BarbutoUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    AntonioMariaNardi(1897-1973)foipintoredecorador.ProcedentedaItália,estudounaAca-demiadeBelasArtesdaUniversidadedeBolonha,daqualfoiprofessor.Muda-separaoBrasilem1949apósuma importanteexposiçãode suasobrasnoMinistérioda EducaçãoeCulturadoRiodeJaneiro.Acompanhadodesuafamília,fixa-seemNiterói (RJ)eaquipermanecedurantequinzeanos, realizando inúmeros trabalhos artísticosem   templos católicos, destacandopinturasmurais,retábulos,quadrosevitrais.Entresuasobras,destacam-seadecoraçãodaMatrizdeNossaSenhora

  • 28 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    doPerpétuoSocorrodoGrajaú(RJ),doSantuáriodasAlmasemNiterói(RJ),daIgrejaParoquialdaSerraNegra(SP)edorefeitóriodoSeminárioSalesianodeBrasília(DF).Muralistacomtraçosneoclás-sicosecomaadoçãodasformasgeométricasessenciaisdomodernismobrasileiro,seus desenhosvalorizamvolumesedestacamocolorido.Em1957 realizanacapeladoSeminárioAssuncionistaNossaSenhoradeLourdes,nacidademineiradeEugenópolis(ZonadaMata),aobraDipinti Murali Madonna, Gesù e Santi,pinturaóleos/alvenaria,compostapordoispainéis:opaineldafrenteéde-nominado de Gesù e Santiemede7metrosdealturapor9metrosdelarguraeopaineldefundoédenominadodeMadonnaemede3metrosdealturapor5metrosdelargura.Nota-senareferidaobra, aspectos cubistase abstratosemmeioa recursosdapintura tradicional, criandoumpainelecléticocomfigurasgeométricaseformatridimensional.ApresenteComunicaçãotemporobjetivoapresentareanalisarosreferidosmurais,contribuindoparaaHistóriadoMuralismoSacronoBrasil.AComunicaçãopretendedemonstrartambémaimportânciaconferidaaNardicomomuralistasacroemoderno,seusignificadosimbólicoereligioso.Ametodologiautilizadaparaatingirnossosresulta-dosfoibaseadanaabordagemculturalistapropostaporRogerChartier,queentendeaculturacomosendosocialmenteconstruídaatravésdaescolhadedeterminadossímboloserepresentaçõesparaexplicaravisãodemundo,osvalores, a realidadedeumdeterminadopovosituadonoespaçoetempo.Utilizamostambémdetestemunhosorais.OsmuraisdeAntonioNardiforamrestauradosnoanode2013,trazendonovamenteasuacomposição.Apesardeextensa,aobradeNardicontinuaemgrandepartedesconhecidaemnossopaís. 

    Palavras-chave:artesacra;pinturamural;modernismo;históriacultural.

    A moda das grotescas no brasil colonial e seus remanescentes em frontões de altar e fontes lavabos

    Francislei Lima da SilvaUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)

    GiuseppePenone,noafãpor fazerdesuasobrasarquiteturaspossíveisapartirdesua imagi-naçãore-criadora,vêetocaanatureza,retirandodela:árvores,pedraserios,elementosnecessáriosparaconstruirsuasestruturasimprováveissustentadasporcoisasdeummundomaravilhoso.Comona “foglie di pietra”(2013),umaestruturadegalhossustentapesadoscapitéisdemármoredecoradoscomfolhasdeacantoamarradosaeles.Modelaresaparentementefrágeis,masquesesustentamcomoumaarquiteturapossível.

    Suapoéticanospermiteacessarmuitasoutrasestruturas imagináriasdeorganismoshumanos,animaisevegetais,combinadosedispostoscaprichosamentesobrefrontõesdealtarousobreumafontecomoornamentoparasuasbicas. 

    Dessaforma,buscamosanalisarediscriminarumasériedeornamentosusadosparaadecoraçãodemobiliárionostemplosdoperíodocolonialnomundoluso-brasileiro.Sãoportas,painéis,armáriose,especialmente,frontõesdealtarparaencantaroolhardosfiéisnascelebraçõesfestivasaolongodoanolitúrgicoefontes-lavabosparaousoritualnasabluçõesdosacerdote.OslavabosforamdecoradoscomelementosfantasiososeoníricosaolongodetodooséculoXVIIIatéaprimeirametadedoséculoXIX,noperíodocolonial–figurasfantásticas,quesesustentamumasàsoutras.

    Quandoasgrotescasre-aparecem,ummundodecoisasimpossíveisseuneàspossíveis.GiorgioVasari,porexemplo,jáadvertiaquantoàmodadarepresentaçãodeummundoàsavessasnadecora-

  • 29III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    çãomuraldepaláciosnarenascença,considerando-alicenciosaeridícula,e,portanto,fantasiosaemdemasiado.Dessaforma,aquelesqueviamessascoisasfalsaserradamentesedeleitavam,nãoimpor-tandoseelasexistissemounão.Sendonessesentidoqueafonte-lavabotambémsetornaesseespaçodedeleite,porexcelência.Aolavarasmãos,aocumprirorito,portanto,relacionava-secomumespaçometamorfoseadopelapresençaestranhaecativantedeexemplaresremanescentesdeummundoma-ravilhosoaindaemplenoséculoXVIII,povoadoporcriaturasmonstruosas.

    Nossointeressepelasformasgrotescasesereshíbridosnãosedácomoumregressoouretornofetichistaenostálgicoaousodeornamentosemotivosdecorativosdopassado,massimdeumaapro-ximaçãoeumacercamentoaalgunsdeles,natentativadecompreenderoquepodehaverdeprodutivoparaoestudodosremanescentesdegrotescasnomundoluso-brasileiro.

    Palavras-chave:artecolonialluso-brasileira;grotescas;imagináriocolonial.

    Boemia, ser ou não ser?

    João Victor Rossetti BrancatoUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Opresenteresumoapresentacomopropostaanalisaralgunsaspectosdaimagemdoartistabrasi-leironaPrimeiraRepública.PartindodateladeHeliosSeelinger,“Bohemia”,expostanoSalãodeBelasArtesde1903,equeatualmenteseencontranoacervodoMuseuNacionaldeBelasArtes,RJ,esta-beleceremosrelaçõescomoutrossuportes,fotográficosetextuais,afimdetentarcompreenderpor quaiscaminhospassavaa ideiadeserartistanessemomento.Abordaremos, sobretudo,ocontextocarioca,campofértildepossibilidadesejáamplamenteestudado,aexemplodahistoriadoraMonicaVellosoem“ModernismonoRiodeJaneiro:turunasequixotes”.

    Estapesquisa,queempartevemsendodesenvolvidaduranteomestrado,buscacomplexificarahistoriografiasobreomodernonocampodahistóriadaarte,que,porumlado,elevouosartistaspaulistasdaSemanadeArteModernade1922àcondiçãodemitosdaartebrasileirae“verdadei-ros”portadoresdosignodomoderno.Poroutrolado,trabalhoscomoodeVelloso,quejábuscamdescontruiressavisão,atêm-seaumavisãodemodernidadecariocasemprerelacionadaaohumoreàboemia,oquenemsempreéverdade.Éocasodoartista,professorecríticodearteAdalbertoPintodeMattos(1888-1966),queatuandoemrevistasdoRiodeJaneirocomoO Malho, Para Todos e Illustração Brasileiraaolongodadécadade20construiuoutraimagemdeartista,conflituosaatémesmocomoidealde“artistaboêmio”.Dessaforma,suaproduçãoterádestaquenessetrabalho,mas relacionaremos tambémcomoutrosescritosdaépoca,comoasentrevistasdeJoãoAngyoneCosta,reunidasnolivro“Ainquietaçãodasabelhas”,de1927,assimcomoainfluênciaestrangeira,comHenryMürgereCharlesBaudelaire.

    Outrostrabalhosquevêmdiscutindotaisquestõestambémserãodegranderelevânciaparaesse,comoodeCamilaDazzi,quesepreocupaempensaraimagemdeartistasmodernosnofinaldoséculoXIX,edeArthurValle,aoabrircaminhosparaaspossibilidadesdesedesenvolverosstudio studies no Brasil.Essapesquisaé,dealgumaforma,somentepossívelapartirdessesreferenciaisteóricos.

    Palavras-chave:studiostudies;artebrasileira;AdalbertoMattos;modernidade.

  • 30 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    MODA, CULTURA E SOCIEDADE

    Revista ilustrada O Cruzeiro: análise das colunas Elegancia e Belleza e Graça, Saude e Belleza

    Ana Paula Dessupoio ChavesUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Apesquisavisaanalisarascolunas“EleganciaeBelleza”e“Graça,SaudeeBelleza”,ambasestãoinseridas na revista ilustrada O Cruzeiro.Orecorteseráde1928à1943,comfoconostextosquetra-zemocontextodapraia.Comtomdeaconselhamento,aseção“ElegânciaeBelleza”,assinadaporElzaMarzullo foivoltadaparaquestõesdehigiene,dicasdebelezaeprofilaxiadedoenças.Conselhosepadrõesdecondutatambémsãoveiculadosmostrandoasqualidadesdaboasociedade.Emconjunto,estesartifícioscontribuíamparaaconstituiçãodefeminilidadesemdiferentesestágiosdavidadasmu-lheres,sendoelasjovensouadultas. Alémdisso,traziatambémconselhosdebelezaparaamulher,quevariavamdedietaseexercíciosparatonificarocorpoaconselhosdemaquiagensevestimentas.Comoumaformadeinteração,arevistacolocavadentrodessacolunadúvidasdosleitores,chamadade“Cor-respondencia”,quealiáseraalgorecorrentenaimprensafeminina.Nestaseção,aleitoraganhaespaçoparasugestão,elogios,dúvidasereclamações.Issopossibilitavaainteração,reforçandoumarelaçãodeintimidadecomoveículo.Demodogeral,quemmaisenviavacartasparaoperiódicoeramasmulheres.Umdosassuntospresentesnascartaserajustamentesobrepraia,oquepodeserjustificadoporserumambientecadavezmaisvisitado.Alémdisso,afunçãodelazerdestelocaltinhasidohápoucotempoimplantadae,dessaforma,surgiamváriasdúvidaspelosbanhistasquequeriamseatualizaraosnovoshábitos.Assimcomonacoluna“EleganciaeBelleza”,naseção“Graça,SaudeeBelleza”tambémrecebiadúvidasenviadospelosleitores.EscritaporSylviaAccioly,elaensinavadiversasatividadesfísicasquepodiamserrealizadasprincipalmentenapraia.  Nacoluna,aautora,queera“directoradoInstitutoFe-mininodeCulturaphysica”,respondiaàsleitorassobresolicitaçõesdepalavrasdeestímulosdedicadasàculturafísica.Osexofemininoeratratadoaindacomofrágilequeprecisavaseexercitarparaficarpróximodaforçadoshomens.Seguirosconselhoseraumamaneiradeelevaramoraldasmulhereseassimelaspoderiamservistapordentrodosideiasdaboasociedade.O Cruzeiro apresentava a ideia deuma“novamulher”,comcaracterísticasmodernaseatualizadascomastendências.Operiódicode-senhaumaimagemrelacionadaàsmudançasdeumpaísqueestavaabertoarecebernovasinfluênciaseasmulheresacompanhamessatendênciaatravésdosensinamentostrazidospelascolunas.

    Palavras-chave: O Cruzeiro;moda;praia;comportamento;mulher.

    Look do dia: uma análise da trajetória da blogueira Thassia Naves

    Carolina Feitoza Doria CardosoUniversidade Federal Fluminense (UFF)

    OtrabalhoseapresentacomopartedoprojetoemandamentonoMestradoemMídiaeCotidianodaUniversidadeFederalFluminenseevisacompreenderatrajetóriadablogueiraThassiaNaves.

    Aplataforma,criadaemUberlândiaem2009,foradocircuitodesemanasdemoda,figuraentreos blogsmaislidosdopaísetemabrangêncianacionaleinternacional.Suaautoraéconvidadaparades-

  • 31III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    filesconcorridoseexercepublicidadeparamarcaspremiumedeluxo,especialmentenossetoresdemodaebeleza.

    Em2013,oblogenvolveu-seempolêmicaaosernotificadopeloCONAR.Em2014,ablogueiracomemorouoseuaniversárioemumafestapatrocinadapormarcasbrasileiraseestrangeiras.Osdiasqueantecederamacomemoraçãoeafestaemsirenderamextensomaterialescritoeaudiovisualpu-blicadosnoblog.Em2016,ThassiaNavescobriuoFestivaldeCannesaconvitedaRevistaGlamour.

    Estesrelatosilustramaimportânciadesteblognaindústriadamoda,bemcomoparaosmilharesdese-guidores.Sendoassim,oobjetivodestetrabalhoécompreendercomoajovemsemenvolvimentocomprofis-sionais,marcasoumeiosdecomunicaçãodemodaconstruiusuafiguracomoumíconeformadordeopinião.

    Trabalha-secomahipótesedequeablogueirapercorreuumcaminhodeexigênciassociaisnamedidaemquecompreendeuosatributosnecessáriosparasualegitimaçãocomoumapersonalidadeimportante.

    Realiza-se um trabalho descritivo-comparativo desta trajetória abordando linguagem verbal eimagéticaemtrêsmomentos:oprimeiroanodeexistênciadoblog,em2009;oano2012,quandopercebe-seumapreocupaçãocomaprofissionalizaçãodafiguradablogueiraenquantoprofissão;eoanoatual,2016.Alémdisso,utilizam-seferramentasdeavaliaçãodealcancedoscanaisdablogueiraepublicaçõesrelacionadasaestilodevidaemoda.

    Aquestãoéabordadaapartirdetrêspilares:opapeldoconsumonasociedadecontemporânea,opapeldastendênciasnaatualidadeearelaçãodestescomacomunicação.Paraisto,utilizam-sefontesdaAntropologia,comoMarcelMausseMaryDouglas;daSociologia,comoLipovetskieNorbertElias; edaComunicação,comoMartin-BarberoePierreLevy.

    Palavras-chave:Cotidiano;mídia;construçãodaidentidade;blog;ThassiaNaves.

    Moda na Terceira Idade – Ações Sustentáveis

    Consuelo Salvaterra MagalhãesUniversidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

    Otrabalhoaquipropostotrata-sedeumafaseposterioràpesquisarealizadacomogrupodaTer-ceiraIdadedeSeropédica/RJsobotítulo:Moda na Terceira Idade – uma visão sustentável.Apesquisaabordouaimportânciadamodanaterceiraidadenumavisãosustentávelnaqualforamtrabalhadososconceitosdeconsumoesustentabilidadeemdiferentesesferas,mascomfoconamodadovestuáriopessoal.Existeatualmenteumcomportamentodeconsumoquegera,namaioriadasvezes,odescarteprecoce de peças do vestuário tornando-se responsável pelo desperdício, comprometendo o meio am-bienteeestimulandoacompranãoplanejada.Nosdiasdehoje,adinâmicadamodatendeapropiciarodescarteprecocedeitensdevestuários,acessóriosetc.Afrequênciadelançamentosdenovascoleções,asreleiturasdetendências,entreoutrasações,levamitenspoucousadosaodescarte.Oestabelecimen-todeumcicloprecocededescartetem-setornadoumaquestãoecológicaaserconsiderada,demaneiraquearepaginaçãoartesanaldeitensparanovosusosdeixadeterumcaráterestritamentedeescolhapessoalepassaatercertafunçãosustentável.Assimsendo,oprojetodeextensãoModa na Terceira Idade: ações sustentáveisorigináriodoprojetodepesquisaacimacitadoobjetivouprocedercomopartepráticadosconceitosdesustentabilidadetrabalhadosnareferidapesquisa.Este trabalhotevecomo objetivogeralformar multiplicadores de ações sustentáveis atinentes à moda do vestuário e seus acessó-rios, moda casa e decoração do lar.Oprojetoconstituiu-sepor2cursoscom10oficinas,quaissejam:Quando customizar é repaginar,5oficinaseEstampando com sucatas e vegetais,5oficinas.Cadauma

  • 32 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    dessasoficinasteveaduraçãode4horaseforamoferecidassemanalmente.Apartirdasprimeirasofici-nasjáfoipossívelperceberresultadospositivospostoque,umaparticipantedogrupoinformoujáhaverrecebidoencomendadeumdosprodutosaprendidosapartirdeoficinasdesteprojeto,assimcomodeprojetosanterioresoferecidospelaÁreadeVestuárioeTêxteisdoDepartamentodeEconomiaDomés-ticaeHotelaria,alémdaelevaçãodaautoestimaesatisfaçãodosparticipantescomaoportunidadeepossibilidadedevislumbrarnovoshorizontescomseutrabalhoartesanal.Osparticipantesdoprojetodeextensãoforamtodososqueresponderamnossoinstrumentodeinvestigação,porocasiãodapesquisa.Naquelemomentonospropusemosaofereceroficinasparatodososrespondentes.

    Palavras-chave: Sustentabilidade;Idoso;Customização.

    A moda das butiques de Ipanema: uma metamorfose nos trajes dos anos de 1960 e 1970

    Isis Sena SilvaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Duranteasdécadasde1950e1960, foipossívelobservar,deformageral,naEuropa,EstadosUnidos,mastambémnoBrasil,melhoriasnasituaçãoeconômicaeumsignificativoavançoindustrial.Cenárioestequepossibilitouàscamadasmédiasdasociedadeoacessoabensdeconsumoqueante-riormentemostravam-seexclusivosdasclassesmaisaltas.Essastransformaçõeseconômicasetambémculturais tiveramconsequências importantesna culturaenoestilodevidadessaselites.Assim,osmoldesclássicosdamodavistosemboapartedoséculoXXpassaramaseramplamentecontestadospor jovenscostureiros.AcidadedoRiodeJaneiroseguiuessepadrão internacionalatéosanosde1950,ondemodadestacava-secomoumaocupaçãodosateliêsemesmoassenhorasdeclassemédia possuíamalgumvestidoparisiense.Percebe-seassimqueoestiloclássicoquedominouamaiorpartedoséculoXXaindaditavaasregras.NoBrasil,mulheresdeduasgeraçõesdividiramambososestilos,oque,decertaforma,propiciaramaexpansãodamoda.Durantemuitotempoessemercadoesteveligadoaomodelodaalta-costuraeàelitesocioeconômica,masapartirdosanosde1960,umamudan-çaradicalnamodaseapresentou:esseuniversopassouagiraremtornodajuventude.Diantedessecenárioamodaassumiunovoscontornos,ligando-seaosfatosmaisrelevantesdomundo.Apublici-dadetambémteveumpapelessencialnessemomento,abrindoespaçoparaamodaemperiódicosedestacandotambémasvitrinesdepequenaslojascheiasdecharme,asbutiques.

    Palavras-chave:Butiques;Ipanema;1960;1970.

    Desenhos de figurinos de Alexandra Exter para Romeu e Julieta

    Priscyla Kelly Vieira AbreuUniversidade Federal de Uberlândia (UFU)

    AbordaremososdesenhosdefigurinosdaartistarussaAlexandraExterparaapeçaRomeu e Julie-ta, dirigidaporAlexanderTairov,em1921.Pretende-semostrarqueostrajescriadosporExterrevelamtantoasobrevivênciadecaracterísticasconservadorasemsuamodelagemquantoousoinovadorde

  • 33III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    formasecoresvanguardistas.Alémdisso,apontaremosareincidênciadeoutroselementosvisuaisquefazemalusãoaoamoremperdição,comoasespiraiseasformasemredemoinho,asugeriraanteci-paçãoaodesenlacetrágicodahistória.ApropostaéapresentaranálisescomparativasdosdesenhosdeExtereimagenscomabordagemtemáticasemelhante,principalmentedepersonagensfemininos.

    Entreoutrosassuntos,observaremosquetradicionalismodostrajesdesenhadosporExteréate-nuadopelotoquedevanguardadaartista,ascoresenérgicaseageometriadasformas.ParaJulieta,Exterdesenhouumfigurinodistintodasdemaisrepresentações.Aposedapersonagemsugereummo-vimentodedançae,aocontráriodeoutrosfigurinosfemininosprojetadospelaartista,asaiadovestidodeJulietaécurtaeasmangassãoajustadasaosbraços,amostraraspernaseosombros,excepcionalàsrepresentaçõesrecorrentesdapersonagem.

    Pormeiodeanálises iconográficas,apontaremosqueosdesenhosdeExtercontêmelementoscomumenterepresentadosnasfigurasdospersonagens,areforçaroquãomarcanteéaimagemque seconstruiudestes.Aomesmotempo,observaremosque,mesmocomtantoselementostradicionais,osdesenhospossuemcaráterforteemarcante.Asformasrítmicaseavivacidadedascoresdasvesti-mentasconferemaospersonagenscertadistinção,principalmentenodesenhodapersonagemprin-cipal,quedestemidaemsuapose,afrontacomseugestodançanteoutrasrepresentaçõesdeJulietaslamuriosas ou em sono profundo.

    Palavras-chave:Arte;Roupa;Vanguarda.

    O FEMININO NA MODA

    Wearing Their National Costumes... Traje Nacional: Latinidade e Beleza no Miss Universo

    Andrés Leonardo Caballero PizaUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Desde1952oconcursodoMissUniverso temsido realizadoemdiferentespaísesdomundo,principalmentenosEstadosUnidos,sendounsdosconcursos internacionaisdebelezamais impor-tantesetradicionaisdoglobo.Noconcursoparticipamcandidatasdemaisde80paíseseterritóriosindependentes,sendoessasmulheres“embaixadorasdabeleza”desuasnações.Diferenteselementosvisuaisesimbólicosacabamconstruindorepresentaçõesdoslugaresqueestasmulheresrepresentam,surgindoaperguntadecomonoconcursodebeleza,nestecasooMissUniverso,emprega-seafigurafemininacomomeioderepresentaçãodesímbolosnacionaisparaacriaçãoeinvençãodeidentidades,ondeanualmenteseelegeumaMissUniversoquerepresentaráabelezadeseulugardeorigem,ser-vindo este como plataforma para avançar em suas carreiras como atrizes, apresentadoras ou modelos. Trata-sedaapresentaçãodeumprojetodepesquisaqueprocuraentendercomodesdeesteeventoseconsegueavisibilidadedeumterritóriopormeiodeelementosprópriosdoconcursocomoousodeumafaixacomonomedanaçãoquerepresentaamiss,assimcomoodesfiledotrajenacionalqueasuavezexpõeasriquezas,culturasetradiçõesdoterritóriorepresentado.Poroutroladotambéméimportanteanalisaroperfildasmisses,paraistoserãoanalisadasasentrevistas,perguntaserespostasquesão feitasàsmissesparaassimcompreenderqualéo tipodepersonalidadequeestãoprocu-randoestemodelodemulher,oqualtambémestáligadoaquestõesde“honra”e“moral”damulher

  • 34 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    contemporâneadecadacertâmenequepodemrepresentarànaçãoeexpressarseupapelnasocie-dade.Finalmente,tambémserãoanalisadasalgumasfotografiasdosúltimosconcursosquedealgumamaneirapadronizameobjetificamamulher-missemrelaçãoaoconsumodaimagemfemininaesuascaracterísticasfisiológicas.

    Palavras-chave:Concursodebeleza;missuniverso;mulher;identidade;trajenacional.

    A imagem como texto: as fotografias de Eliane Lage como reforço para seu padrão de comportamento

    Gabriela Soares CabralUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    ACompanhiaCinematográficaVeraCruz(1949-1954)tentoutrazerparaoBrasilumapropos-tadecinemaemescalaindustrialseguindoosmoldesdojáconsolidadocinemanorte-americano. Nesteperíodo,Hollywoodesuacinematografiadominavamomercado internacionalbaseando-sestar system,basedaestruturabem-sucedidadeseumododeproduçãoedifusão.Estesistemarepro-duzosgrandesatoreseatrizescomooprincipalprodutoparaavendadosfilmes,transformando-os,assim,emgrandesastrosfabricadoscomoprodutosaseremconsumidospelosespectadores.Por-tanto,paraexecutarestaambição,aVeraCruzbuscouimplantarumsistemadedivulgaçãobaseadonesteestrelismohollywoodiano,difundindoatravésdemateriaisefotografiasparaaimprensaespe-cializadarealizadaporseuDepartamentodeImprensa,estrelasparaumpúblicojáacostumadocomos ícones do cinema internacional.

    Nestecontexto,aimprensacumpriuumpapelmediadorentreainfluênciacinematográficaeseusespectadores,atravésdeimpressosespecializadosemcinema,tambémconhecidoscomorevistasdefãs.Marcadospelocultoàsestrelas,estaspublicaçõestraziamentrevistas,reportagens,fofocas e foto-grafiassobreseusastroseosbastidoresdesuasproduções,comoformadefortaleceradifusãomodode vida norte-americano. Alémdisso,estesveículos foram responsáveispordisseminarpadrõesdeaparênciaecondutafemininos,construídospelosestúdios,parasuasleitoras.

    NestesistemaestrelarnacionalpropostopelaVeraCruz,algunsnomessedestacaram,dentreelesElianeLage(1928-),lançadapeloestúdiocomoprincipalrostodeseuelencofeminino.Assim,confor-meapresentadoporMaciel(2008),aatriztevesuaimagemcultivadapararepresentarumamulhersim-plesedespojada,marcadapelopapeldeesposaemãezelosa.Alémdisso,apresentavaumaposturadedesinteressepelopostodefigurapública,negandosuavocaçãodeatriz.Portanto, este artigo pretende entender,atravésdaanálisedefotografiasdeElianeLagepublicadaspelarevistaA Scena Muda, como asrevistasdefãseoDepartamentodeImprensadaVeraCruzutilizavamimagensparareforçarestepapelrepresentadopelaatriz.Paraarealizaçãodoexamedestasfotos,seráutilizadoométodohistóri-co-semióticosugeridoporAnaMariaMauad(2005).

    Palavras-chave:Estrelismo;feminilidade;ElianeLage.

  • 35III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    Vestuário e feminismo: a roupa como resistência na luta pela igualdade de direitos

    Laise Lutz Condé de CastroUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Opresentetrabalhobuscainvestigar,aindaqueemfaseinicial,comosesucederamasmudançasnosideaisdosmovimentosfeministasedequeformaovestuárioeocomportamentodasmulheresrefletemessas transformações.Serádadaênfasenocenáriobrasileirocompreendidoentreosanos1960,quandoseiniciouachamada“SegundaOnda”domovimentofeministaatéomomentocontem-porâneo,ondeseráassimdenominadocomouma“TerceiraOnda”aindarecenteepoucoinvestigada.

    O feminismo está em voga atualmente e se tornou assunto presente em rodas de conversas informais, nosmeiosdecomunicaçãoeatémesmonaspautaspolíticas.Oquejáeraconsideradoestagnadoeatémesmo“enterrado”poralgunsestudiosos,“ressurge”comnovosdiscursosevertentes.Éimportanteres-saltarqueofeminismoageemondasequesegundoMichellePerrot(1972),possuiintervalos,pontuaemdeterminadosperíodos,éinstávelepossuiproblemáticasinconstantes.Aocontráriodeoutrosmovimentoscontemporâneos,ofeminismonãosebaseiaemorganizaçõesestáveiscapazesdecapitalizá-lonemempartidospolíticos,apesardealgumastentativasfrustradas,apoiando-seempersonalidades,associaçõesmaisfrágeisegrupos/coletivosefêmeros.Apartirdessapremissa,podemosconsiderarqueomovimentoressurgiuemumanovaondacontemporâneacomnovasproblemáticasdistintasdasprimeirasquejáforamobjetodediscussãonomeioacadêmico,comonoséculoXIXeiníciodoXXenosanos1960/70.

    Deve-seobservartambémqueovestuáriosemprefoipautaconstantenosdebatestantoatuais,quantopassadosdomovimento,devidoàimportânciadeseupapelnaconstruçãosocialdaidentida-de,sendoassim,alvodecríticaspelasfeministasdevidoàsdiversasrestriçõeseimposiçãodepadrõesaosquaisamulherésubmetidaparaaaceitaçãosocial.Destaforma,omovimentofeministasemprebuscoumaneirasdeutilizarovestuáriocomoformaderesistêncianão-verbal,criandonovaspossibili-dadesdetrajes,adaptandooutrosepropagandoseusideaisdelutaatravésdasroupas.

    Palavras-chave:Feminismo;vestuáriofeminista;resistêncianão-verbal.

    A moda feminina nas leis suntuárias de Valladolid do século XIV

    Thaiana Gomes VieiraUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    OpresentetrabalhoéelaboradosobaorientaçãodaProfessoraMariaClaudiaBonadio,daUni-versidadeFederaldeJuizdeFora.Otrabalhorefere-seaumadasetapasdasreflexõesdaminhapes-quisaindividual,comafinalidadederedigiradissertaçãodomestradoemArtes,culturaelinguagens,nalinhadepesquisa“ModaeArte:HistóriaeCultura”.Oobjetivonãoérealizarumadescriçãolinearsobreahistóriadamoda,maspensaramodacomoobjetorepresentativodahistória,poissearticulaadiversos fenômenos sociais.

    NessacomunicaçãovamostratardamodafemininanaBaixaIdadeMédia,especificamentedoséculoXIV,momentoemque consideramoso surgimentodamoda, emValladolid.Opropósito épensarautilizaçãodepeçasdemodacomoexpressãodacondiçãosocial,econômicaepolíticadossujeitosinseridosnessaregião.

  • 36 III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    Osdocumentosqueanalisaremosnãosãoasindumentáriasemsi,masleisquepretendemman-teros consumosadequadosàshierarquiasda sociedade, impedindoouminimizandoamobilidadesocial,oupelomenos,avisibilidadedessamobilidade.Emresumo,buscamosverificarcomoas leiscontrolamasvestimentas,sejamdascamadasascendentes,dosgrupossociaismarginalizados(comoporexemplo,judeus,mourosouprostitutas),asrestriçõesdosadornos,coresetecidos,eanalisarpor-queeramestabelecidas.

    Paraisso,pesquisamosasAtasdascortesdeValladolidde1351e1385.Analisamosoquealeioutorgaeporqueamesmaforacriada.Para indagaras leisutilizamosaanáliseretórica,emquesedestaca afigura retóricautilizadanos textoseé adequadopara textos jurídicos. Para investigar as circunstânciasdeproduçãodo texto,oemissoreque lugarsocialepolíticoeleocupa,a regiãode criação,ascondiçõeseconômicasdeelaboraçãodasfontes,aaçãodeeditoresnasmesmas,entreou-tros,utilizamosaanálisedahistoriografiasobreotema.

    Asconclusõesestãoabertas,masasreflexõesapontamparaconsequênciaseconômicasesociaisapartirdaelaboraçãodasleis. IndicamValladolidcomoregiãoexpressivanocontextodaPenínsulaIbéricanessemomentoecomumacamadaaltasignificativaepreocupadacomossujeitosqueestãoascendendosocialmente.Alémdeumainquietaçãocomaaparênciafeminina.

    Palavras-chave:Leissuntuárias;Moda;IdadeMédia;Valladolid;PenínsulaIbérica.

    TEORIA, ESTéTICA E CRÍTICA

    A questão da reprodutibilidade técnica na produção artística de Andy Warhol

    Cecília Samel Côrtes FernandesUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    WalterBenjamindesenvolveusua teoriasobreaperdadaauradaobradearteem1935, teo-ria querefleteamudançadarelaçãodoespectadorcomaobradearte.Comoadventodafotografia,areproduçãodeobrasdeartesetornoumuitomaisfácil,oquegerouadifusãodeobrasatéentãoinacessíveisaograndepúblico.Entretanto,essefatotomaumaspectonegativonotextodeBenjamin,queafirmaqueasobrasoriginaisacabaramsendodesconsideradas,havendoumapriorizaçãodare-produçãofotográfica.Issoresultadaperdadaauradessasobrasoriginaisedabanalizaçãodousodafotografia.SegundoBenjamin,afotografiatinhaumgrandepotencialartístico,contudoelefoiperdidodevidoàautomaçãodoseuusoeprocesso.AndyWarhol,umadasprincipaisfigurasdapopart,preten-diaaproximaraculturademassascomaculturaeruditatrazendoimagensdoseucotidianoparasuasobras.Em1962,oartistacomeçouausarométododeserigrafia,queéummétododeimpressãoquepermiteumareproduçãofácileprecisadeimagensefotografias.Atécnicaauxiliouaexpressarmelhorareproduçãoemmassadasfábricas,assimcomoosprodutosesimulacrosdaculturadeconsumoqueWarholretratava,comoaslatasdesopaCampbelleacélebresériedeimagensdeMarilynMonroe.Comessesconceitoseinformaçõesemmente,épossívelfazerumaleituradeWarholapartirdaperspectivadeBenjamin.Devidoaocaráterpessimistadofilósofoemrelaçãoàeradareprodutibilidadetécnica,épossívelpensarnousodaserigrafiacomooápicedaperdadaaura.Omotivoparaissoéousoemmas-saebanalizadodareproduçãodeimagenseaintegraçãopraticamentecompletadosmeiosindustriais

  • 37III SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ARTE CULTURA E LINGUAGENS

    àarte.Contudo,restamasquestões:eseaserigrafiafosseencaradacomoumaexpressãodopotencialartísticodafotografia?Nãoseriatalvezumatentativadecríticaveladaàculturadeconsumoutilizandoseusprópriosmeios,mesmocomaatitudesuperficialedistantedeWarhol?Seriatodaapersona artís-tica warholianaeseuprocessocriativoummeiodecriticarasuperficialidadedasociedade?

    Palavras-chave:Reprodutibilidadetécnica;Serigrafia;AndyWarhol;WalterBenjamin.

    A crise do design e da cidade no pensamento de Argan

    Edmárcia Alves de AndradeUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    Opresenteartigotratadasanálisesqueohistoriadordearteitaliano,GiulioCarloArgan,elaborouarespeitodacrisedodesign,dacrisedacidadeedacrisedaartecomociênciaeuropeia.Arganapre-sentaumasériedeconsideraçõessobreasociedadeocidentalqueseestruturouapartirdopodereco-nômico,fundamentadonolucro,semterhavidoumprojetodedesenvolvimentodemocrático,oqualoautordenominadesign. Arganfaz,também,umaanálisedascidadesenquantoobjetopensadopelosujeitoeidentificaacrisedacidadeàausênciadaapresentaçãodeummodelorevolucionárioàquelevigente,tratando-acomoumdosfenômenosmaisperigososdomundo.Esteartigomostraasreflexõesdoautorsobreaspectosdasociedadequeforamc