Caderno de Teoria Geral Do Processo - Felipe Navarro

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Direito USP

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  • 1

    Evoluo Histrica ......................................................................................................................... 4

    Direito Romano ....................................................................................................................... 4

    Primeiros cdigos: ................................................................................................................. 5

    Cdigos de processo na terra do nunca ............................................................................. 5

    Autotutela e autocomposio ........................................................................................................ 5

    Autotutela ................................................................................................................................ 5

    Autocomposio .................................................................................................................... 5

    Evoluo Doutrinria do Direito Processual .................................................................................. 6

    Da doutrina ............................................................................................................................. 6

    Sincretista ............................................................................................................................... 7

    Autonomista ........................................................................................................................... 7

    Instrumentalista ...................................................................................................................... 7

    Teoria dualista vs. Unitria (diviso mais dogmtica) ....................................................... 7

    Jurisdio ...................................................................................................................................... 8

    Definio ................................................................................................................................. 8

    Montesquieu ........................................................................................................................... 8

    1 Cena do filme o processo de Orson Wells.

  • 2

    Caractersticas ........................................................................................................................ 8

    Princpios da jurisdio ....................................................................................................... 10

    Distino de jurisdio ........................................................................................................ 11

    Meios alternativos ................................................................................................................ 12

    Direito e processo ....................................................................................................................... 12

    O que o processo .............................................................................................................. 12

    Direito material x Direito processual .................................................................................. 13

    Processo hoje no pas do avesso ...................................................................................... 13

    Projeto Florena ................................................................................................................... 13

    Processo justo ...................................................................................................................... 14

    Acesso justia e triunvirato ............................................................................................. 14

    Processo e procedimento ................................................................................................... 15

    Objeto da relao processual ............................................................................................. 17

    Pressupostos ........................................................................................................................ 17

    Instrumentalidade do processo ................................................................................................... 20

    Trs formas de ver a instrumentalidade do processo ..................................................... 20

    Escopos................................................................................................................................. 21

    Processo civil do autor vs. Processo civil de resultados. ............................................... 22

    Crises jurdicas e tutela jurisdicional ........................................................................................... 22

    Classificao da ao/tutela/processo .............................................................................. 22

    Tipos de tutela provisria.................................................................................................... 24

    Sentena (subitem de conhecimento) ............................................................................... 24

    Pontes de Miranda ............................................................................................................... 26

    Tutela jurisdicional ............................................................................................................... 27

    Tutela jurisdicional diferenciada ........................................................................................ 28

    Eficcia da lei processual no tempo e no espao ....................................................................... 29

    Existe o Direito Processual adquirido? ............................................................................. 31

    Direito processual constitucional ................................................................................................. 32

    Remdios constitucionais ................................................................................................... 33

    Norma superior sem Direito alternativo ............................................................................. 34

    Tutela constitucional do processo ..................................................................................... 35

    Quem legisla sobre processo ............................................................................................. 35

    Princpios gerais do Direito processual ....................................................................................... 36

    Definio ............................................................................................................................... 36

    Pressupostos/princpios deontolgicos/informativos/lgicos ....................................... 36

    Princpios/pressupostos epistemolgicos ........................................................................ 37

    Ao ............................................................................................................................................ 42

  • 3

    Teorias da ao .................................................................................................................... 42

    Como garantia constitucional ............................................................................................. 43

    Pontes de Miranda ............................................................................................................... 44

    Caractersticas da ao (dentro da teoria mista) .............................................................. 44

    Elementos ............................................................................................................................. 44

    Dicas importantes para sua vida de jurista ....................................................................... 45

    Condies da ao ............................................................................................................... 45

    Defesa ......................................................................................................................................... 47

    Igualdade ............................................................................................................................... 47

    Classificao ........................................................................................................................ 48

    Estrutura judiciria nacional ........................................................................................................ 49

    Mapa geral ............................................................................................................................. 49

    Constituio .......................................................................................................................... 50

    Magistratura r juizos ............................................................................................................ 50

    STF e STJ .............................................................................................................................. 51

    Sistema paralelo ................................................................................................................... 52

    Da constituio e garantias ................................................................................................ 53

    Auxiliares de justia ............................................................................................................. 58

    Funes essenciais (MP, advocacia e a defensoria) ........................................................ 59

    Processo penal vs. Processo civil ............................................................................................... 66

    Existe uma teoria geral do processo? ............................................................................... 66

    Elementos comuns .............................................................................................................. 66

    Detalhes das diferenas ...................................................................................................... 67

    Pontos mais importantes de distino .............................................................................. 68

    Do novo CPC............................................................................................................................... 70

    Da ideia .................................................................................................................................. 70

    Falhou .................................................................................................................................... 70

    Comparaes ........................................................................................................................ 71

    Novidade ............................................................................................................................... 71

    Vai funcionar? ...................................................................................................................... 73

    Dica ........................................................................................................................................ 73

    Comentrios em aula sobre os textos ......................................................................................... 73

    1 Texto do Dinamarco ........................................................................................................ 73

    Conceitos fundamentais de Direito processual ................................................................ 74

    Texto: Questes velhas e novas de Direito processual ................................................... 75

    Texto: Tutela jurisdicional diferenciada ............................................................................ 75

    Resposta ao questionrio um ...................................................................................................... 76

  • 4

    Tabela: crise, tutela e sentena .......................................................................................... 78

    Da segunda prova ....................................................................................................................... 78

    Bibliografia ................................................................................................................................... 78

    Evoluo Histrica

    Direito Romano No perodo de mil anos entre a morte de Justiniano e, bom, hoje ns

    tivemos:

    Com a queda do imprio, a Europa dominada por povos

    germnicos. Esses povos absorvem o Direito romano e misturam com sua

    cultura (da que hoje falamos Direito romano germnico). Esse Direito

    romano foi sistematizado e comentado por glosadores (acadmicos

    medievais que liam e comentavam as compilaes romanas) medievais que

    foram essenciais para a preservao do mesmo.

    Direito Romano

    Ordem dos Juizos privados: primeira fase; ele no tinha um sistema de Direitos, mas sim um sistema de aes. Os juizos eram privados pois as aes eram privadas e

    coordenadas pelo pretor. Com o passar do tempo a justia se publiciza.

    Aes da lei: aqui a primeira fase dessa etapa, na qual os pretores decidiam quando

    ocorreriam aes.

    Processos formularios: o Pretor fazia um formulrio e dizia: quem

    tiver uma situao com tais caractersticas, tem ao.

    Cognio Extraordinaria: Segunda fase, as aes adquirem um

    carater pblico.

  • 5

    Primeiros cdigos: Nas nossas ordenaes, vemos como vivo o Direito romano. No

    caso, se refere s Ordenaes Filipinas (1603-1916), cujo Direito era uma

    porcaria primitivo.

    Cdigos de processo na terra do nunca Em 1939 temos nosso Cdigo de Processo Civil. Ele tentou trazer de

    certo modo o sistema oral (italiano se no me engano). Em 1941temos o

    nosso Cdigo de Processo Penal. Em 1973 temos o Cdigo de Processo

    Civil novo (que era, estranhamente, democrtico e tcnico, no auge da

    ditadura). Agora temos um novo Cdigo de Processo Civil que via

    incorporar posies da doutrina, jurisprudncia, Direito Comparado, etc.

    Nesse momento devemos entender essa criatura que ningum sabe como

    vai funcionar.

    Temos uma critica a esse cdigo:

    Desde a dcada de 90 o legislador brasileiro comeou a modificar o

    Cdigo... At que ele virou uma concha de retalhos e por isso

    decidimos fazer um novo.

    o Existem cdigos no mundo (Francs, Alemo, etc.) que so

    to velhos, ou mais, que o cdigo de 73.

    Autotutela e autocomposio

    Autotutela A autotutela o fazer justia com as prprias mos. Ela se

    caracteriza por um conflito entre partes que sero resolvidos entre partes,

    que no inclua um juiz e a deciso era imposta de uma parte a outra.

    Exemplos: legitima defesa (Direito penal) e direito de greve (Direito

    trabalhista).

    Autocomposio A autocomposio consiste no abrir mo dos interesses de uma ou

    das duas partes no conflito. Ela pode ocorrer por meio da:

  • 6

    1. Desistncia: renncia pretenso. um ato unilateral advindo do

    atacante.

    2. Submisso: abandono da resistncia contra a pretenso. Ato

    unilateral advindo do atacado.

    3. Transao: ambas as partes fazem concesses. Ato bilateral.

    Observao: autocomposio no mbito penal: ela ocorre por

    meio do perdo do ofendido.

    Em ambos os institutos temos situaes em que pode ocorrer a

    dominao do mais fraco. Tanto a autotutela quanto a autocomposio

    fazem parte de um Direito primitivo, Anterior ao Direito Processual.

    Evoluo Doutrinria do Direito Processual O processo a ltima etapa na evoluo dos mtodos de resoluo

    de conflito [...] ele a operao mediante a qual se obtm a justa

    composio da lide (Alvim, 2015, p. 11). Temos diversas teorias sobre a

    autonomia do Direito processual e sua relao com Direito material.

    Da doutrina2

    Alguns marcos doutrinrios centrais na teoria geral do processo:

    1. A obra Teoria das excees processuais e os pressupostos

    processuais de Blow na qual ele define o processo como uma

    relao dinmica de carter pblico envolvendo os particulares e o

    juiz.

    a. Isso leva posteriormente ao desenvolvimento do processo

    como instituto independente do Direito material; sendo objeto

    de analise sistemtica por uma doutrina prpria (autonomia

    cientifica).

    2. A obra: manual de Direito processual civil alemo de Adolf Wach

    na qual ele define a ao como um direito subjetivo processual de

    2 Segue um resumo do manual do Alvim; se quiserem saber mais, recomendo a leitura das anotaes de

    aula sobre o texto do Dinamarco (mais embaixo no caderno).

  • 7

    natureza pblica (e no s um instrumento de proteo de Direitos

    subjetivos).

    a. A reviso conceitual do processo e da ao [...] ps em

    evidncia a autonomia do Direito Processual como cincia.

    J o triunvirato faz a seguinte diviso em fases do processo:

    Sincretista O processo funcionava de modo dependente do Direito material. O

    processo no era uma cincia, de modo que ele era apenas uma parte, um

    puxadinho do Direito material. Aqui a ao era parte do direito material

    afetado e a relao jurdica processual no era autnoma.

    Autonomista O processo passa a ser vivo como uma cincia cujos institutos

    fundamentais so:

    A. Jurisdio.

    B. Processo.

    C. Ao.

    D. Defesa.

    Essa diviso comea com a obra de um autor em alemo: Oskar Von

    Bulow.

    Instrumentalista O processo uma cincia a parte, mas deve servir ao Direito

    material, sem o qual ele nada. Segundo DINAMARCO, CINTRA e GRINOVER

    a fase instrumentalista observa a realidade externa do processo

    (considerando questes como o acesso justia que dificultado pelo custo

    do processo). Logo ela teria o aspecto crtico no visto na fase autonomista.

    Teoria dualista vs. Unitria (diviso mais dogmtica) A teoria dualista diz que o Direito positivo cria obrigaes e direitos,

    depois vem o Direito processual que visa garantir esses direitos e

    obrigaes. Aqui a ao distinta do direito subjetivo, visando o garantir.

  • 8

    A teoria unitria (Carnelluti) diz que o Direito positivo

    complementado pelo Direito processual. Alis, o processo (atravs das

    sentenas) acaba por criar Direito. Aqui a ao se identifica com o direito

    subjetivo incerto ou insatisfeito que precisa do complemento processual.

    Jurisdio

    Definio A jurisdio atividade mediante a qual os juzes estatais

    examinam as pretenses e resolvem conflitos (VRIOS, 2001, P.23). Por

    meio do processo (instrumento de aplicao das leis e pacificao de

    conflitos), os juzes substituem as partes e aplicam a lei3. O principal

    objetivo da jurisdio a pacificao dos conflitos.

    Ressalta-se que a lei aplicada a lei nacional ou nacionalizada.

    Esta ultima corresponde s leis de Direito aliengena reconhecido pelo

    legislador. Essa frmula de nacionalizao do Direito estrangeiro deve-

    se Savigny (Alvim, 2015, p. 78).

    Ela deve ser considerada por trs pontos de vista: poder (do Estado

    de impor suas decises), funo (encargo do Estado de promover a

    pacificao dos conflitos interindividuais), atividade (complexo de atos do

    juiz que exerce o poder e cumpre sua funo).

    Montesquieu Pai da ideia da tripartio das funes dos poderes, dizia que a

    jurisdio devia prioritariamente se preocupar com a aplicao da lei para a

    pacificao dos conflitos; O juiz no processo exerce a atividade

    jurisdicional com a finalidade de solucionar conflitos. Aqui temos a

    aplicao do Direito e esse juiz no um autmato4.

    Caractersticas A doutrina consagra algumas caractersticas da jurisdio:

    3 Sim, eu estou ciente que a realidade muito mais complexa que isso... 4 Mas Fe, segundo a psicologia... NO; voc sabe o que quis dizer.

  • 9

    1) Substitutividade da atividade jurisdicional: as pessoas no chegaram

    a uma soluo consensual do conflito; aqui o Estado se substitui as

    partes e aplica a lei de modo imparcial (em teoria). Hoje, quando se

    fala aplicao da lei, no quer dizer que o juiz aplica cegamente a lei;

    alis, hoje ns falamos de aplicao do Direito.

    2) Atuao do Direito: deve-se realizar o Direito material.

    3) Lide: ela uma inveno de Francesco Canneluti, ela o conflito de

    interesses caracterizado por uma pretenso resistida. Ela presente

    na maioria dos casos.

    4) Inercia da jurisdio: juiz no age de oficio (isso essencial para o

    Estado democrtico). Quando o juiz age de oficio temos regimes

    autoritrios. Ns temos algumas concesses: juiz pode conceder

    habeas corpus, multas em processo trabalhista, em algumas

    instancias o processo de inventrio pode ser decretado de oficio. Se o

    juiz agisse de oficio ele botaria discrdia onde no existia.

    a. No se sabe se existe uma lide administrativa.

    5) Definitividade: ou imutabilidade: tendencialmente a deciso judicial

    pode se tornar imutvel, isso ocorre com o surgimento da coisa

    julgada.

    Funes/poderesLegislativo: criao de atos normativos primarios.

    Judiciario: aplicar atos normativos nos casos concretos de modo imparcial.

    Executivo: aplica os atos normativos sem precisar nescessariamente ser imparcial (ele parte aplicante). Os atos no tendem a ser definitivos.

  • 10

    Observao: Na atividade administrativa o Estado atua como parte

    em uma situao jurdica e por isso ele no visa substituir s partes.

    Observao: outros rgos praticam atividade jurisdicional (vide CF

    art.52) e o judicirio tambm pode praticar atividade administrativa

    (CF art. 96, que meio grande e por isso no vou p-lo aqui).

    Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

    I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da

    Repblica nos crimes de responsabilidade, bem como os

    Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exrcito e

    da Aeronutica nos crimes da mesma natureza conexos com

    aqueles; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 23, de

    02/09/99).

    Princpios da jurisdio a. Investidura: s exerce a jurisdio quem est investido dessa funo.

    b. Aderncia ao territrio: o juiz s exerce a atividade jurisdicional

    dentro do territrio.

    c. Indelegabilidade: juiz no delega jurisdio. Isso vale tambm para

    carta precatria (instituto por meio do qual um juiz pede auxilio

    para outro de outra comarca visando avanar um caso, interrogar a

    algum, etc.).

    d. Inafastabilidade: nenhuma leso ou ameaa ao Direito podem ser

    excludos de apreciao jurisdicional.

    e. Juiz natural: No se admite julgador de encomenda.

    f. Inercia.

    g. Legalidade estrita: deve-se decidir com base na lei e com (no por)

    equidade.

    h. Inevitabilidade

  • 11

    Distino de jurisdio

    A diferena entre os tipos pode ser resumida na seguinte tabela

    (retirada do manual do Alvim):

    Jurisdio contenciosa Jurisdio voluntria

    Atividade jurisdicional Atividade administrativa, no

    substitutiva.

    Escopo de atuar a lei Escopo constitutivo

    Existncia de partes Existncia de interessados

    Produz coisa julgada No h coisa julgada

    Existe uma lide Existe um dissenso de opinio, mas

    no uma disputa entre partes. No

    h interesses conflitivos.

    Existe uma tese chamada de revisionista para a qual no faz sentido

    separar as jurisdies, j que em ambas as jurisdies existem o

    chamamento do judicirio para tutelar determinado direito, s que em um

    caso existe contraparte (contenciosa) e no outro no (voluntria).

    J o triunvirato alega que a jurisdio voluntria necessita da

    provocao de partes e se exerce segundo formas processuais. Alm disso,

    poderia haver conflito entre partes e declarao pelo juiz de quem tem

    razo... Talvez no haja jurisdio voluntria no fim das contas.

    Jurisdio

    Contensiosa: nescessrio partes com lide.

    Voluntria: atividade jurisdicional sem a

    nescessidade de lide.

    Existencia de simples procedimentos. No h, nescessariamente, lide, partes ou coisa julgada

    Ela precisa ser movimentada pelo MP e tem forma processuas (permite

    contrditrio, provas, etc.).

  • 12

    Meios alternativos Sejamos honestos aqui: o meio de resoluo de conflitos por meio de

    processos custoso e lento (devido ao necessrio formalismo e a

    quantidade absurda dos mesmos). Devido a isso o judicirio no consegue

    atender a todas as demandas e, portanto, busca se meios alternativos

    (informais e com maior liberdade para busca de solues) de resoluo de

    conflitos. Eles so:

    a) Mediao: o mediador aproxima as partes para elas procurarem um

    acordo.

    b) Conciliao: similar mediao, s que o conciliador mais ativo.

    a. O juiz deve buscar a conciliao, seja ela extraprocessual ou

    endoprocessual.

    c) Arbitragem: aqui as partes selecionam um terceiro desinteressado

    para servir de julgador, a deciso dele vincula as partes e no pode

    ser modificada pelo judicirio, que s tem poder de anula-la.

    a. Ela no ocorre para situaes envolvendo direitos

    indisponveis.

    b. Ela vem regulamentada pela lei 9.307 -

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm

    Com exceo da arbitragem (pois o arbitro tem poder jurisdicional)

    esses meios so chamados de equivalentes jurisdicionais, meios pelos

    quais se pode atingir a composio de lide por obra dos prprios litigantes

    [...], ou de um particular desprovido de poder jurisdicional (Alvim, 2015,

    p. 67).

    Direito e processo

    O que o processo O processo evoluiu no Direito de contrato (a relao interliga autor e

    ru no processo como idntica que une as partes contraentes); para como

    quase concreto (j que o processo no se adequaria ao que sobrou das

    fontes romanas); para processo como instituio (o processo uma

    instituio a qual as partes vinculam suas vontades [s que ningum sabe o

  • 13

    que uma instituio]) (Alvim, 2015, p.133 e ss.). Temos por fim o

    processo como relao dinmica entre as partes.

    Direito material x Direito processual O primeiro o conjunto de disposies do ordenamento jurdico que

    disciplinam as relaes de direito material envolvendo pessoas e bens. Ele

    estabelece as obrigaes e direitos das pessoas. Aqui falamos do Direito

    constitucional, administrativo, consumidor, etc.

    O segundo o campo do ordenamento jurdico que envolve normas,

    princpios, regras destinadas a regular o mtodo processual de resoluo de

    conflitos. Elas tratam dos procedimentos judiciais e das relaes

    processuais entre as pessoas. Ressalta-se que as normas processuais tem

    carter de Direito pblico.

    Gonalves Correia conceitua Direito material como o ramo da

    cincia jurdica que se ocupa dos procedimentos judiciais e da relao que

    se estabelece entre sujeitos do processo. Para alm dessa distino

    importante ter presente que, no obstante o reconhecimento da autonomia

    do Direito processual, no se pode perder de vista que o Direito processual

    existe em vista do Direito material.

    Processo hoje no pas do avesso O processo uma mer... Insatisfatrio, em grande parte devido

    lentido da justia. Isso se explica com base no contexto social. Hoje temos

    duzentos milhes de habitantes (110 milhes a mais que na dcada de 70);

    somasse a isso a redemocratizao que vai aumentar o rol de Direitos (e a

    busca da concretizao dos mesmos na justia); resultado: temos mais de

    90 milhes de processos na justia.

    Ressalta-se que esse excesso de processos e lentido da justia so

    questes mundiais (por razes tanto estruturais quanto em relao ao

    processo).

    Projeto Florena O Projeto Florena um projeto de pesquisa emprico na qual o

    professor Mauro Cappelliti juntou professores de vrios pases e pediu-lhes

  • 14

    para fazerem relatrios dizendo como funciona o acesso justia nos

    sistemas sociais de suas regies. Ele observou que todos os sistemas

    apresentam mais ou menos as dificuldades do acesso justia:

    1. Alto custo do processo.

    2. Presena de interesses (supra individuais, coletivos em sentido

    amplo, etc.) que no tinham como chegar ao judicirio por meio dos

    mecanismos da poca.

    3. Excessivas formalidades do processo.

    Tudo isso ficou descrito no livro Acesso Justia.

    Processo justo O que justia? Segundo o professor eu vou passar o resto da vida discutindo

    essa ideia e no vou chegar resposta nenhuma a o que isso, a eu vou ficar

    morbidamente infeliz e vou comear a debater com filsofos comunitrios (e o

    equivalente Habermas e Nozick da minha poca) sobre multiculturalismo... Depois

    vou abandonar a ideia de uma teoria da justia e vou montar uma obra politica, no

    metafisica, sobre o liberalismo poltico... Voltando aula...

    O processo justo, para ns, o processo que segue a observncia dos

    princpios e garantias constitucionais do processo, temos aqui uma ideia de

    processo potencialmente justo. Aqui temos a fase instrumentalista do

    processo.

    Acesso justia e triunvirato Para o triunvirato o acesso justia no se confundiria com a mera

    admisso ao processo ou capacidade de ingresso em juzo. Atualmente ele

    consistiria em:

    (a) oferece-se a mais ampla admisso de pessoas e causas ao processo

    (universalidade da jurisdio), depois (b) garante-se a todas elas a observncia das

    regras que consubstanciam o devido processo legal, para que (c) possam participar

    intensamente da formao do convencimento do juiz que ir julgar a causa (princpio do

    contraditrio), podendo exigir (d) efetividade de uma participao em dialogo- com

    tudo isso com vistas a preparar uma soluo que seja justa, seja capaz de eliminar todo

    resduo de insatisfao. (p. 33).

  • 15

    Processo e procedimento Aqui temos a ideia de processo como instrumento estatal para a

    resoluo de conflitos com justia. Ele um instrumento a servio da paz

    social (Diversos, 2000, p. 41). Todavia, antes de tudo, ele uma relao

    jurdica entre pessoas, ou seja, a unio entre partes (autor e ru) por feixes

    de relao.

    Distinto do processo o procedimento, esse o aspecto palpvel do

    processo. Ele : os autos5, o movimento da ao, o contraditrio, etc. tudo

    isso so os atos visveis do processo.

    Para o triunvirato este teria exigncias quanto (2001, p.322 e ss.):

    i) Ao lugar: cumpre-se em juzo os atos processuais

    ii) Tempo: os atos de processo tem termos/prazos entre eles sendo

    que se o ato puder se praticar antes do fim do prazo isso se chama

    dilatrio se houver uma distancia mxima estabelecida, ento o

    prazo aceleratrio; alm disso, os prazos podem ser

    peremptrios (imodificveis pelas partes) ou ordinrios

    (modificados pelas partes); se no observado o prazo temos

    precluso (que no vale para juzes ou MP).

    iii) Modo: aqui temos a anlise do procedimento quanto linguagem,

    atividade e ao rito.

    (1) Questes quanto lngua (portugus) e quanto forma

    (procedimento oral, escrito, etc.).

    (2) Atividade: o impulso do procedimento pode ser atribudo s

    partes (elas podem modificar os prazos do processo, por

    exemplo) ou ao juiz (mais comum).

    (3) Rito: cada tipo de procedimento se desenvolve de uma forma.

    A definio acima boa, mas no basta, aqui temos um italiano (Elio

    Fazzalari) que dizia: o processo uma relao jurdica entre partes, mas a

    caracterstica essencial dessa relao que ela se desenvolve em

    contraditrio.

    5 Os autos so a materialidade dos documentos que corporificam os atos do procedimento.

  • 16

    Isso ainda no basta, vamos para o Dinamarco, para ele o processo

    acima de tudo uma relao entre atos do procedimento que se desenvolve

    em contraditrio entre as partes. Logo ns temos uma relao dinmica.

    No plano do processo tudo se d em torno do desenvolvimento do

    processo e de relaes jurdicas processuais das partes que se do pela

    omisso ou ao delas. Essas relaes jurdicas processuais so: poderes,

    deveres, nus, sujeies e faculdades.

    O poder se resolve em uma atividade que determinar a conduta

    alheia; a faculdade, por sua vez, uma conduta permitida que se exaure na

    prpria vontade do agente. A sujeio a impossibilidade de se evitar uma

    atividade alheia; o dever a exigncia de uma conduta. O nus, por fim, a

    faculdade cujo exerccio necessrio para se realizar um interesse.

    Observao: ru no se exclui do processo; ele tem de aparecer

    mesmo que seja para dizer: https://www.youtube.com/watch?v=4hhlA36Iva8 e

    a outra parte est agindo em litigncia de m f. Se o ru no

    contesta, presume-se (geralmente) que os fatos alegados pela outra

    parte so verdadeiros.

    A parte tem o poder de mover

    a ao. O ru est em posio de sujeio (na qual ele no pode negar

    participar da ao).

    O ru depois tem o onus de contestar os

    fatos contados pelo autor.

    A o juiz deve decidir.

  • 17

    Objeto da relao processual O objeto da relao de parentesco so as obrigaes recprocas de

    auxilio, afeto, etc. entre os parentes. J no processo o objeto a prestao

    do servio jurisdicional. O importante saber que o objeto no o objeto

    do Direito material; aqui o ru tem o poder/nus de se defender e o

    acusador/atacante/etc. ele tem o poder de movimentar o judicirio.

    No confundir objeto da relao processual com o objeto litigioso

    do processo. Aquele a prestao do servio jurisdicional, movido pelo

    autor. O deste a lide, pretenso reduzida do processo pelo autor.

    Pressupostos Os negcios jurdicos se baseiam em certos pressupostos (objeto,

    vontade, etc.) necessrios para sua existncia. Eles tambm possuem

    elementos de validade (objeto lcito, vontade livre, forma prescrita em lei

    quando necessrio etc.). Logo os atos no negcio jurdico tm elementos de

    existncia, validade e eficcia.

    J o processo possui elementos:

    1. Subjetivos

    a. Juiz

    i. Investidura

    Caracterstica da relao jurdica do processo

    Complexidade: ele se d atravs de uma srie de relaes jurdicas passivas e ativas. Inicio da ao, contraditrio, sentena do juiz, recursos, etc.

    Progressividade: a relao processual dinamica (j a relao de Direito material predominantemente esttica [pois as relaes j esto prviamente estabelecidas - como posicionamentos de credor e devedor]).

    Unidade da relao processual: ela tem uma finalidade nica que chegar a um provimento jurisdicional (o Estado deve dar uma resposta ao problema).

    Estrutura triplice: temos juiz, autor e ru.

    Natreza pblica: o processo tem carater pblico, o que limita a liberdade dos rus temos hoje a tendencia da flexibilizao do procedimento, podendo as partes combinar alterao de prazos, nomeao conssensual de peritos, etc.

    Autonomia: objeto e partes na relao processual so distintots da relao jurdica material.

  • 18

    ii. Competncia

    iii. Imparcialidade

    b. Partes

    i. Capacidade de ser parte

    ii. Capacidade de estar em juzo/processual (capacidade de

    estar no processo).

    1. Exemplo: na ao de pedido de alimentos a parte

    o menor, representado pela genitora/tutor. Se

    ele for pbere ele assistido pelo genitor.

    iii. Capacidade postulatria: a capacidade de postular em

    juzo. Essa a capacidade do advogado.

    1. Tem uma exceo para isso em questes dos

    juizados de pequenas causas.

    2. Objetivos

    a. Positivos: devem estar presentes

    i. Demanda

    ii. Citao: para o ru um pressuposto processual; sem

    ela o processo no existe para o ru.

    iii. Regularidade procedimental: existem exigncias

    processuais sem as quais o processo no pode ocorrer

    (custas do mandato judicial, etc.).

    b. Negativos: no podem estar presentes

    i. litispendencia: tem outra ao igual entre as partes

    ii. Coisa julgada: a mesma de cima s que a ao j foi

    julgada.

    iii. Perempo: so as trs tentativas, est fora. A ao est

    perempta aps a terceira ao, todavia ainda se pode

    defender o Direito.

    iv. Conveno arbitrria: as partes fizeram um contrato no

    qual elas decidiram resolver litgios segundo

    convenes arbitrais.

    Esses pressupostos podem ser do tipo de: existncia, sem os quais

    no h processo (demanda; juiz investido da funo jurisdicional [mesmo

    que absolutamente incompetente]); todo resto so requisitos de validade,

    sua inobservncia vai acarretar anulabilidade do processo, que existe.

  • 19

    J Marinoni (2008, p. 467 e s.) classifica os pressupostos da seguinte

    maneira:

    Art. 301. Compete-lhe, porm, antes de discutir o mrito, alegar: (Redao dada

    pela Lei n 5.925, de 1.10.1973)

    I - inexistncia ou nulidade da citao; (Redao dada pela Lei n

    5.925, de 1.10.1973)

    II - incompetncia absoluta; (Redao dada pela Lei n 5.925, de

    1.10.1973)

    III - inpcia da petio inicial; (Redao dada pela Lei n 5.925,

    de 1.10.1973)

    IV - perempo; (Redao dada pela Lei n 5.925, de

    1.10.1973)

    V - litispendncia; (Redao dada pela Lei n 5.925, de

    1.10.1973)

    Vl - coisa julgada; (Redao dada pela Lei n 5.925, de

    1.10.1973)

    VII - conexo; (Redao dada pela Lei n 5.925, de 1.10.1973)

    Vlll - incapacidade da parte, defeito de representao ou falta de

    autorizao; (Redao dada pela Lei n 5.925, de 1.10.1973)

    IX - conveno de arbitragem; (Redao dada pela Lei n 9.307,

    de 23.9.1996)

    X - carncia de ao; (Redao dada pela Lei n 5.925, de

    1.10.1973)

    Xl - falta de cauo ou de outra prestao, que a lei exige como

    preliminar. (Includo pela Lei n 5.925, de 1.10.1973)

    Validade do processo

    Existecia do processo

    Pr requisitos processuais

    Questes preliminares

    Pedido (demanda). Ressalta-se que no pode

    haver litispendencia ou coisa julgada.

    Juiz investidoDeve ser competente e

    imparcial.

    Capacidade postulatria.

    J a parte precisa ter capacidade de estar em

    juizo (art. 7 do CPC antigo).

  • 20

    o 1o Verifica-se a litispendncia ou a coisa julgada, quando se reproduz

    ao anteriormente ajuizada. (Redao dada pela Lei n 5.925, de

    1.10.1973)

    o 2o Uma ao idntica outra quando tem as mesmas partes, a mesma

    causa de pedir e o mesmo pedido. (Redao dada pela Lei n 5.925, de

    1.10.1973)

    o 3o H litispendncia, quando se repete ao, que est em curso; h

    coisa julgada, quando se repete ao que j foi decidida por sentena, de

    que no caiba recurso. (Redao dada pela Lei n 5.925, de 1.10.1973)

    o 4o Com exceo do compromisso arbitral, o juiz conhecer de ofcio

    da matria enumerada neste artigo. (Redao dada pela Lei n 5.925, de

    1.10.1973)

    Instrumentalidade do processo

    Trs formas de ver a instrumentalidade do processo H trs formas de ver a instrumentalidade do processo:

    Instrumentalidade do processo da forma mais ampla significa que o

    processo instrumento de pacificao social ou instrumento de Direito

    material. Ela uma forma de instrumentalidade do processo como modo de

    ver e aplicar a cincia processual.

    Instrumentalidade do processo enquanto tcnica processual significa

    dar valor s formas do processo, mas um valor relativo da

    instrumentalidade das mesmas. Se a garantia constitucional, a quem a

    forma visa preservar, foi alcanada, mesmo com eventuais vcios formais

    do processo, o processo ter alcanado seu objetivo.

    Tambm falamos da instrumentalidade do processo quanto ao acesso

    justia. Nenhuma leso ou ameaa ao Direito ser excluda de apreciao

    judicial. Quando pensamos no processo como instrumento de realizao do

    direito material, a ideia de instrumentalidade do processo a viso do

    processo como instrumento tico (ns passamos a pensar no processo como

    instrumento de realizao da justia6). Aqui falamos de acesso, no a

    6 Falamos aqui da ideia de processo justo, ou seja, aquele realizado segundo os procedimentos e os

    princpios constitucionais que regulamentam o mesmo.

  • 21

    ordem jurdica, mas sim a processo justo (que atinge seus escopos sociais,

    poltico, etc.).

    O triunvirato classifica as instrumentalidades acima,

    respectivamente, pelo aspecto: de instrumento de paz social; negativo (no

    sentido que o processo segue o Direito positivo e para realiza-lo da melhor

    forma ele deve seguir determinadas formas) e positivo.

    necessrio que o sistema processual tenha aptido para

    efetivamente assegurar o direito a quem tem razo. A parte do processo

    deseja que a declarao do direito tenha efetividade (quero que o meu

    direito seja efetivo).

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer

    natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no

    Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade,

    segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder

    Judicirio leso ou ameaa a direito;

    Escopos Se o processo instrumento do Direito material utilizado pelas

    partes, ele deve ter escopos:

    a) Poltico: ele um instrumento de exerccio do poder estatal

    (exerccio de um poder imperativamente aplicado s pessoas

    atravs da jurisdio).

    a. Quando o ru condenado, ele vai para a cadeia queira ou

    no. Esse um exemplo do Estado impondo seu poder

    atravs do processo.

    b) Jurdico: realizao do Direito.

    c) Social: a jurisdio que existe para pacificar os conflitos. Isso no

    quer dizer que todos saem satisfeitos do processo, isso significa que

    o Estado da uma soluo ao conflito e pronto.

    d) Social7: educar as pessoas para o exerccio dos prprios direitos e

    para o respeito aos direitos alheios.

    7 H duas funes sociais

  • 22

    Processo civil do autor vs. Processo civil de resultados.

    Como pode existir o conceito de processo civil de autor junto com a

    presuno de inocncia?

    Isso s possvel no processo civil (quando no houver cunho

    punitivo), todavia, em principio, no posso afirmar que o autor

    da ao tem razo.

    Crises jurdicas e tutela jurisdicional

    Classificao da ao/tutela/processo A primeira maneira de se dividir a tutela, ao, sentena, processo

    (para a questo cautelar) jurisdicionais se d segundo o tipo de provimento

    buscado pela parte no processo (provimento jurisdicional):

    1. Conhecimento: a finalidade da ao a soluo da lide/litigio; busca-

    se a declarao do direito. Aqui parte-se do litigio para se chegar ao

    Direito. Os alemes chamam isso de feststellungsverfahren8.

    2. Execuo: j existe declarao do Direito, s que ele ainda no foi

    executado. Aqui parte-se do Direito para chegar ao fato.

    8 Foi dito em aula...

    Quando se aborda a ideia de processo civil do autor, ns nos referimos a uma viso (no necessariamente declarada) de que o autor est certo e o ru errado. Como se, antes de procurar a justia, o autor tivesse razo. Essa viso vai contra a ideia de instrumentalidade, a qual tenta igualar as partes.

    Por isso o que deve prevalecer o processo civil de resultados. Esse habilita as partes a uma situao de igualdade em que ambas possam defender os seus pontos de vista, podendo atingir um resultado justo.

    Pro

    cess

    o c

    ivil

    do

    au

    tor

    Pro

    cesso civil d

    e resultad

    os

  • 23

    3. Cautelar: aqui temos a ideia de garantir a fruio do direito. So

    medidas de cautela para garantir que o direito declarado l na frente

    seja cumprido.

    a. H situaes em que no necessrio processo de

    conhecimento, na qual podemos ir direto execuo na qual

    se toca na definio do direito (duplicata, nota promissria,

    cheque). Aqui temos a execuo extrajudicial.

    b. Antigamente o processo executivo era autnomo (era

    necessria uma nova ao a partir da sentena condenatria);

    veio uma lei em 2005 (11.232) que reduziu o nmero de aes

    (de reconhecimento e execuo) de duas para uma (feita a

    ao de reconhecimento, executa-se e pronto).

    i. Todavia, porque Direito, h muito debate sobre se a fase

    executiva ainda existiria para aes contra poder

    pblico, por exemplo. H tambm certo debate sobre se

    a execuo valeria apenas para valores pecunirios ou

    para obrigaes de (no) fazer.

    4. Antecipao: deve haver procedimentos de natureza antecipatria,

    que visam prover o usufrimento do direito antecipadamente (aqui ns

    no temos cautela para garantir que a deciso da ao seja cumprida,

    temos uma antecipao do direito; aqui j sai dando o direito!). Por

    exemplo: se algum precisa de uma cirurgia urgente, o judicirio

    simplesmente aplica uma liminar obrigando o plano de sade a pagar

    a cirurgia e depois verificaremos se havia razo ou no.

  • 24

    Tipos de tutela provisria

    Sentena (subitem de conhecimento)9 Quando falo de ao de conhecimento; processo de conhecimento,

    tutela de conhecimento, etc. eu tenho sentena (declarao do direito).

    Agora temos trs tipos de sentenas:

    a) Sentena Declaratria: sentena que envolve a crise de certeza

    (uma duvida objetiva10 [decorre do comportamento humano] a

    cerca de um modo de ser de uma relao jurdica). Aqui se busca

    uma certeza (existe, no existe, ou modo de ser de uma relao

    jurdica), ou seja, o juiz declara o Direito.

    b) Constitutiva: decorre de uma crise da prpria situao jurdica.

    H uma relao jurdica, mas quer desfaze-la/modifica-la/cria-la.

    Aqui o juiz declara e modifica o direito. Exemplo: casamento.

    c) Condenatria: existe uma crise de adimplemento; algum deve e

    no paga, deduz-se uma pretenso condenatria. Aqui existe a

    pretenso que o Estado tome o patrimnio de algum, venda isso

    e pague uma dvida. Aqui o juiz declara o direito e agrega a

    9 Vide o resumo do texto: tutela jurisdicional diferenciada. 10 Dvida subjetiva: aquela que est s na cabea da parte.

    Tutela provisria

    Urgncia: comea-se com um pedido de urgncia.

    Cautelar: ao incidental. Tutela da garantia da

    fruio.

    Antecipada: tutela do direito antes do processo.

    Evidncia: tutela antecipada sem urgencia; prpria tutela do processo

    de conhecimento e execuo.

  • 25

    sano executiva (nome para dizer: o Estado pode exercer atos de

    fora para se realizar o direito).

    a. Mandamental: temos tutela de fazer ou no fazer. Ela no

    depende de penhora, alienao, mas sim de atos coercitivos

    (multa, fora policial), etc. Aqui h coero indireta.

    b. Executiva lato sensu: o Estado toma e penhora suas coisas.

    Aqui h coero direta.

    As duas ltimas acima so espcies de sentenas condenatrias. A

    classificao acima se chama classificao ternria.

    Ateno: sentena declaratria no se executa. Havia uma dvida, o

    juiz a resolveu, problems over. Na sentena constitutiva no h

    execuo, pois simplesmente se resolve o problema. Na sentena

    condenatria a parte no cumpre o dever dela e o Estado toma a fora

    suas coisas.

    Esclarecimento: a classificao entre mandamental e executiva no

    faria mais sentido, afinal, a ao condenatria j permitiria a execuo,

    no sendo necessrio instaurar outro processo executivo.

    As sentenas constitutiva e declaratria so auto satisfativas, eu no

    preciso de um adimplemento no mundo ftico, elas se resolvem por si s no

    mundo jurdico. A sentena executiva condenatria exige aes posteriores

    deciso judicial.

    Como de regra a sentena declarativa e condenatria tem efeito ex

    tunc. Todavia as sentenas de ao de despejo e de contrato por

    inadimplemento tem efeito ex tunc (Vrios, 2001, p.306).

  • 26

    O triunvirato ainda classifica a sentena declaratria em negativa

    (no h o direito e a execuo exigidos).

    Pontes de Miranda Pontes de Miranda decidiu classificar as aes segundo um critrio

    prprio (porque Pontes de Miranda). Para ele havia cinco tipos de sentena,

    subdivididas conforma a respectiva eficcia. Elas so dos tipos: declarativa,

    Ao/tutela/processo civil

    Conhecimento (atividade cognitiva do juiz)

    Sentena declaratria (concesso de habeas

    corpus).

    Sentena constitutiva (como anulao de NJ, de

    casamento).

    Sentena condenatria

    Pr 11.232- servia de ttulo para se iniciar uma ao

    executiva.

    Ps 11.232 - j permite a execuo sem nescessidade de se abrir mais um proceso

    Execuo (aqui ns estamos no pr-lei 11.232 - esta "pode ter tirado o carter independente da

    ao executiva).

    Cautelar

    Antecipativo

  • 27

    constitutiva, condenatria, mandamental e executiva. Logo, para ele, ao

    invs de classificao ternria teramos uma classificao quinaria11.

    Tutela jurisdicional A tutela jurisdicional advm do art. 5 da Constituio federal:

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer

    natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no

    Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade,

    segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito;

    As partes tm direito ao acesso ao judicirio, ao e a tutela

    jurisdicional. Esta consiste na proteo jurdica (proteo ao patrimnio

    jurdico) e as pessoas que titularizam aquele direito. Ela s tutela

    verdadeira se for tempestiva, efetiva e capaz de gerar segurana jurdica.

    a) Tempestiva:

    LXXVIII a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a

    razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade

    de sua tramitao. (Includo pela Emenda Constitucional n 45, de

    2004).

    b) Efetiva: o direito deve ser concretizado.

    c) Segurana jurdica: a deciso deve dar lugar coisa julgada.

    Segundo o triunvirato a coisa julgada pode ser formal

    (imutabilidade da sentena) ou material (imutabilidade dos

    efeitos da sentena) (2001, p.307).

    Segundo o CPC antigo no fazem coisa julgada:

    Art. 469. No fazem coisa julgada:

    I - os motivos, ainda que importantes para determinar o

    alcance da parte dispositiva da sentena;

    Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da

    sentena;

    III - a apreciao da questo prejudicial (questes que podendo por si s constituir objeto de processo

    11 Sobre a classificao de Pontes e sua crtica, vide: BARBOSA, JOS CARLOS. Questes velhas e novas

    em matria de classificao das sentenas, In: Temas e de direito processual. 8 srie.

  • 28

    autnomo, surgem num outro processo como antecedente

    lgico da questo principal, devendo ser decididas antes

    desta por influenciarem sobre seu teor [Vrios, 2015, p.

    309]; se elas forem decididas em outro processo, a deciso

    deste tem carter de coisa julgada), decidida

    incidentemente no processo.

    A sentena faz coisa julgada entre as partes sem prejudicar

    terceiros. Ela opera erga omnes, todavia, para processos envolvendo

    interesses coletivos ou difusos (sem que venha a prejudicar todos

    individualmente, claro) (Vrios, 2001, p.312).

    Tutela jurisdicional diferenciada Os autores que comearam a trabalhar com esse tema associavam a

    tutela jurisdicional atividade cognitiva do processo. Atividade cognitiva

    ocorre quando o juiz examina o material do processo para definir a sua

    deciso.

    No procedimento tpico/ordinrio/comum temos toda amplitude da

    atividade cognitiva do juiz. Levando a situaes como: as partes poderem

    defender-se de fato e de direito, todas as etapas do processo ocorrem, etc.

    S que possvel que o legislador (por opo legislativa) eleja uma

    situao do Direito material que merece de uma tutela mais rpida, dotada

    de efetividade. Aqui a tutela cognitiva limitada para dar uma resposta

    mais rpida/objetiva ao direito; por exemplo: concesso de liminar,

    permitindo que o juiz, s com um exame superficial do processo, possa dar

    uma antecipao de tutela.

    Quando ocorre essa tutela baseada em um exame rpido e superficial

    da situao, temos uma situao de tutela diferenciada (onde a cognio do

    juiz restringida). O mesmo ocorre quando o juiz s observa s partes do

    conflito; por exemplo: em aes possessrias no se discutem questes

    quanto posse, somente ao domnio.

  • 29

    Eficcia da lei processual no tempo e no espao As normas tm limitaes tem limitaes de tempo e de espao (at

    aqui bvio, certo?). S dentro do territrio nacional pode-se aplicar a lei

    nacional (sim, eu sei que mais complexo que isso).

    Em relao s normas processuais impera o principio da

    territorialidade. Do ponto de vista prtico e poltico a aplicao da lei

    estrangeira no territrio nacional no pode ocorrer de maneira simples e

    direta, mas pode influenciar o nosso Direito.

    Todavia quanto lei material o prprio ordenamento permite a

    aplicao de lei estrangeira no territrio nacional; principalmente no plano

    das relaes comerciais:

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer

    natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no

    Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade,

    segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    XXXI - a sucesso de bens de estrangeiros situados no Pas ser regulada pela lei brasileira em benefcio do

    cnjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que no lhes seja

    mais favorvel a lei pessoal do "de cujus";

    Alm disso, vide a lei de introduo s normas do Direito brasileiro.

    No plano do Direito processual o princpio da territorialidade

    quase que absoluto. Tanto verdade que quando temos necessidade de colaborao com rgo estrangeiro, temos necessidade de carta

    rogatria (permite a colaborao entre estados soberanos), s que aqui

    temos o principio da reciprocidade ou de colaborao entre os estados

    soberanos.

    H, todavia, uma questo de reflexo. A sentena arbitral tratada

    como um equivalente jurisdicional, logo ela apresenta uma situao em que

    o poder exercido por particulares com autorizao do Estado; assim sendo

    possvel se distanciar do processo estatal de aplicao da lei, podendo

    aplicar parmetros previstos na lei estrangeira ou prprios. Portanto, o

    principio da territorialidade absoluto no Direito Processual, salvo o

    processo arbitral, que exceo.

  • 30

    Observao: pelas prprias circunstancias polticas da Comunidade

    Europeia, ela cria diretrizes para serem adotadas pelos Estados (que

    aceitaram os pactos da UE), que perdem parte de sua soberania para

    se submeterem aos pactos. Todavia a aplicao das leis internas

    ainda ocorre nos limites dos territrios.

    Quanto limitao temporal ns temos o princpio da irretroatividade

    da lei. S que claro, na prtica, ainda que se respeite essa ideia, quando

    pensamos na eficcia da lei processual temos situaes mais complexas do

    que da lei material:

    a) Afinal a lei material produz contorno dentro das quais as

    situaes agem dentro; o que pode variar so as condies das

    partes, etc. Mas a situao j o ocorreu e os contornos da

    obrigao esto dados.

    a. Quanto ao Direito material temos o problema da vacncia.

    b) J no Direito Processual temos situaes jurdicas dinmicas. O

    ato de um sujeito processual leva a formao de novas relaes,

    que leva formao de novas relaes. Portanto as relaes no

    esto delimitadas ou so estticas, mas so (isso sim) dinmicas.

    a. Aqui alm da vacncia, temos o problema do andamento no

    processo.

    Quando temos o surgimento de uma nova lei processual surge uma

    paca de problemas quanto ao mesmo; pois alguns atos j foram (e outros

    no) executados. Ento sobra para o legislador definir como lidar com esse

    problema.

    Que fazer?

    No cdigo em vigor temos a regra da eficcia imediata da

    regra processual (tempus regis actum). Logo, quando acaba

    a vacncia, a lei processual entra em vigor.

    O problema que essa regra no lida com todas as

    situaes possveis... E o legislador poderia ter adotados

    outros critrios... Como os abaixo

    Aqui temos de adicionar a ideia do isolamento dos atos

    processuais. Logo a lei entra em vigor imediatamente, mas ela

  • 31

    no afeta os atos processuais que j foram praticados. Assim,

    no se reinicia o processo

    Art. 2o (Cdigo de Processo Penal) A lei processual penal aplicar-se-

    desde logo, sem prejuzo da validade dos atos realizados sob a

    vigncia da lei anterior.

    Outro temperamento que pode ocorre (tambm advindo de

    interpretao doutrinria) a chamada unidade dos atos

    processuais do processo. O legislador pode determinar que a

    lei processual nova s se aplicaria aos processos novos e a lei

    anterior se aplica aos atos processuais anteriores.

    Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade

    empresarial a partir da decretao da falncia e at a sentena que

    extingue suas obrigaes, respeitado o disposto no 1o do art.

    181 desta Lei.

    o Pargrafo nico. Findo o perodo de inabilitao, o falido poder requerer ao juiz da falncia que proceda

    respectiva anotao em seu registro. (Lei 11.101).

    Fases processuais: aqui se divide o processo em fases

    (probatria, decisria, postulatria, recursal e de execuo)

    sendo que a disciplina nova se aplica aos fatos antigos apenas

    quando a instruo no tiver sido iniciada.

    Ultratividade da lei processual: ele determina que a lei

    processual pudesse ser aplicada em determinados casos. Isso

    ocorre quando o cdigo no regulamenta determinados

    institutos processuais.

    Existe o Direito Processual adquirido? Antigamente havia uma resistncia ao Direito processual adquirido (isso

    coisa de Direito material). Todavia possvel evoluir na hiptese de que:

    1. O processo cria relaes jurdicas entre as partes.

    2. E as situaes jurdicas devem ser garantidas (por causa de

    segurana jurdica).

    3. Logo as relaes processuais devem estar protegidas contra nova lei.

    Portanto no existiria direito adquirido no Direito processual, mas

    existem situaes processuais adquiridas.

  • 32

    Por exemplo: a parte tem o Direito de recorrer quando intimada;

    imagine que a lei nova elimine um recu.rso que antes a parte tinha

    o Direito a recorrer (como o embargo infringente [surgi para a

    reviso de votos, quando h votos vencidos], que vai sair com o

    cdigo novo.), e antes do esgotamento do prazo recursal entra o

    cdigo novo. Pode ela recorrer? SIM, pois a parte tem o Direito

    processual adquirido de recorrer.

    E se a lei entra em vigor depois que a parte interps o recurso; ele

    vai ou no... SIM, ele vai ser apreciado.

    E se a lei nova reduz o prazo para a interposio de determinado

    recurso, ela pode recorrer? SIM.

    Se o prazo recursal for esgotado para a parte, e depois entra a lei

    nova que ampliou o prazo; a a parte interpe um recurso, vai ser

    julgado? j que a parte vencedora tem uma situao

    consolidada, ou seja, tem um Direito Processual adquirido; que

    no deve ser afetado.

    Observao: a retroatividade de lei mais benfica (Direito penal), s

    se aplica lei material.

    Direito processual constitucional A constituio leva a um duplo fenmeno: a exploso de Direitos e a

    garantia de uma srie de princpios e procedimentos sobre os processos.

    Aqui surge a ideia (da doutrina) de um Direito Processual Constitucional,

    que levou a um modelo constitucional do processo, sendo que aquele deve

    ser considerado tanto no mbito normativo quanto no mbito processual.

    A condensao metodolgica e sistemtica dos princpios

    constitucionais do processo toma o nome de direito processual

    constitucional (Vrios, 2001, p. 79). Ele um ponto de vista metodolgico

    por meio do qual se estuda o Direito processual.

    Esse Direito abrange a tutela constitucional dos princpios

    fundamentais da organizao judiciria e do processo [...] (e) a jurisdio

    constitucional (Vrios, 2001, p. 79).

  • 33

    Aquela trata dos princpios, regras e garantias da organizao

    judiciria e de seus membros. J a tutela jurisdicional se volta para o

    controle de constitucionalidade das leis mais a jurisdio constitucional das

    liberdades com o uso dos remdios constitucionais (habeas corpus,

    mandato de segurana, mandato de injuno, etc.).

    A constituio fala dos princpios do processo (vide art. 5 e seus 60

    mols de incisos):

    Juiz natural.

    Ampla defesa

    Motivao das decises

    Repdio a provas obtidas ilicitamente

    Inviolabilidade do domicilio

    Proteo do sigilo

    Presuno de inocncia

    A garantia de que ningum ter de fazer identificao em delegacia

    de policia se tiver documentos.

    Garantia de comunicao autoridade competente

    Muitos outros

    Remdios constitucionais Alm disso, temos as aes constitucionais e remdios constitucionais:

    estas so aes voltadas para a defesa de garantias individuais enquanto

    aquelas so aes voltadas para a garantia de controle de

    constitucionalidade (aes diretas de [in] constitucionalidades).

    J outros juristas como Lus Roberto Barroso preferem falar nos

    remdios constitucionais como direito de ao. Esse seria basicamente um

    direito e uma garantia da efetivao das normas constitucionais (quando

    no cumpridas espontaneamente). Ele elenca as seguintes aes

    constitucionais: habeas corpus (art. 5, LXVIII), mandato de segurana

    coletivo (art. 5, LXX), mandato de segurana (art. 5, LXIX), a ao

    popular (art. 5, LXXIII) e a ao civil pblica (art. 129, III)12.

    12 BARROSO, Lus Roberto. Curso de Direito Constitucional contemporneo. 4ed. So Paulo: Saraiva,

    2013. p. 245.

  • 34

    Dando trs exemplos (Silva, 2005, p. 432 e ss.):

    I. Habeas Corpus (art. 5, LXVIII): remdio constitucional que visa

    garantir a liberdade de ir e vir contra violao ou ameaa pelo

    Estado. Ele tem primeira discrio na Magna Carta de 1215.

    II. Direito de petio (art. 5, XXXIV): o direito de indivduo de

    provocar o Estado para obter informao, denunciar determinada

    situao, denunciar violao ou pedir modificao de Direito.

    III. Mandato de injuno (art. 5, LXXI): remdio constitucional que

    permite que o indivduo disfrute de direito ou liberdade, carentes

    de regulamentao, como imediatamente aplicveis.

    Norma superior sem Direito alternativo Lembrando que a constituio a norma superior com base na qual as

    outras normas devem se basear em para que tenham validade. Logo todas

    as normas processuais devem estar de acordo com a mesma. A constituio

    tambm define quais so as principais entidades do Direito processual (MP,

    advocacia, judicirio), suas atribuies e garantias.

    Portanto deve-se observar que, atualmente, se analisa o processo

    moderno, por meio da constituio, como remdio da justia, ou seja,

    como a convivncia social desenvolvida na mais ampla observncia dos

    princpios e garantias ditados pela constituio (Theodoro JR, 2009, p.

    30). Ressalta-se que cabe ao juiz implementar um processo que atenda os

    resultados substanciais de uma justia no caso concreto; isso ele faz

    principalmente pela observncia das 1001 garantias constitucionais do

    processo (principalmente no art.5).

    Ressalta-se que isso no escola de Direito livre ou de Direito

    alternativo. Apesar do processo ser esse instrumento de defesa dos direitos

    fundamentais previstos na constituio (e rigidamente regulamentado por

    esta), isso no significa que se adota algum tipo de direito livre, ou seja, o

    judicirio faz o que bem intende, podendo at ignorar, as leis

    infraconstitucionais na realizao do processo bastando observar o artigo

    5; ora nenhum juiz pode a torto e a direito simplesmente afastar as normas

    infraconstitucionais validas e legtimas (Theodoro JR, 2009, p. 40 e s).

  • 35

    Tutela constitucional do processo Essa envolve a tutela constitucional sobre a ao e o processo. Com a

    constituio este virou um direito de acesso justia; enquanto que o

    direito de ao foi reforado com a previso constitucional dos juizados de

    pequenas causas e pelos princpios de oralidade e concentrao (CF, art.

    98, I) (Vrios, 2001, p. 80).

    Graas constituio tambm se desenvolve a defesa processual dos

    Direitos difusos principalmente pela atuao do MP (art. 5, XXI e LXX,

    art. 8, III; art. 129; etc.).

    Quem legisla sobre processo S legisla sobre processo o legislador federal.

    Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre:

    I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrrio,

    martimo, aeronutico, espacial e do trabalho;

    Todavia sobre procedimentos e matria processual (art. 24 e 22)

    pode legislar os estados. As normas dos estados no podem conflitar com

    aquelas normas processuais.

    Art. 24. Compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar

    concorrentemente sobre:

    XI - procedimentos em matria processual;

    o 1 - No mbito da legislao concorrente, a competncia da

    Unio limitar-se- a estabelecer normas gerais.

    o 2 - A competncia da Unio para legislar sobre normas gerais

    no exclui a competncia suplementar dos Estados.

    o 3 - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados

    exercero a competncia legislativa plena, para atender a suas

    peculiaridades.

    o 4 - A supervenincia de lei federal sobre normas gerais

    suspende a eficcia da lei estadual, no que lhe for contrrio.

    bvios que temos problemas como quando SP tentou legislar sobre a

    possibilidade de interrogatrio por videoconferncia; SP entendeu que isso

    era procedimento processual; todavia o STF decidiu que isso era processo e

    que era inconstitucional o que So Paulo fez.

  • 36

    Princpios gerais do Direito processual

    Definio Entenda princpios aqui como: vigas fundamentais em torno das

    quais so construdas as vigas mximas do Direito (Candido) e princpios

    como normas de maior abstrao, generalidade, que no impem

    prescries de conduta (vila). As regras estabelecem condutas

    imperativas; prescries objetivas de condutas13.

    No canto do processo falaremos de princpios, garantias e regras.

    Definidos princpios e regras temos as garantias (asseguram s partes as

    faculdades e poderes processuais e so indispensveis ao correto exerccio

    da jurisdio; elas no servem apenas as partes como direitos pblicos

    subjetivos [poderes/faculdades processuais], mas tambm servem de

    salvaguarda do prprio processo [Vrios, 2001, p. 82]14). O problema que

    uma mesma ideia pode ser trabalhadas trs termos.

    Pressupostos/princpios deontolgicos15/informativos/lgicos Esses princpios alimentam toda a elaborao do ordenamento

    jurdico processual. O triunvirato os chama de normas ideais para o

    melhoramento do processo (2001, p.50) So quatros os pressupostos

    (princpios) deontolgicos:

    i. Lgico: seleo dos meios mais seguros eficazes e cleres para

    construir a dogmtica processual e fornecer elementos para

    construir o ordenamento processual. Aqui temos a ideia de

    racionalidade.

    ii. Jurdico: informar a cincia processual; a questo da

    isonomia. Se pensarmos no processo como meio de realizao

    da justia, essa ideia inseparvel da ideia de isonomia (o

    processo serve ao tratamento igualitrio de todos e na

    resoluo justos de problemas).

    13 Sim, voc ver princpios e regras em todos os meus cadernos. 14 Aqui temos todos os tipos imaginveis de garantias: liberdade provisria (art. 5 LXVI),

    inviolabilidade do domiclio (XI), sigilo das comunicaes geral e de dados (XII), contraditrio e ampla

    defesa (LV). 15 Deontologia estuda os valores ticos do Direito.

  • 37

    iii. Econmico: O processo deve ser acessvel a todos s que ao

    menor custo possvel. Seja o Estado ou o particular quem paga

    esses custos.

    iv. Poltico: so os voltados para a criao de segurana social

    com o mnimo de sacrifcios individuais.

    Princpios/pressupostos epistemolgicos Aqui vamos estudar a norma e sua adequada interpretao e

    aplicao na realidade. Por exemplo: principio do contraditrio e da ampla

    defesa (que so princpios, regras e garantias). Os principais so:

    i. Imparcialidade: busca-se preservar a terzeiet; ela a equidistncia

    do juiz. Somente atravs de um juiz imparcial o processo pode

    representar um instrumento no apenas tcnico, mas tico tambm,

    para soluo dos conflitos interindividuais com justia (Vrios,

    2001, p. 52).

    ii. Juiz natural: juiz competente estabelecido antes do caso.

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza,

    garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade

    do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos

    seguintes:

    LXII - a priso de qualquer pessoa e o local onde se encontre sero comunicados imediatamente ao juiz competente e famlia do preso

    ou pessoa por ele indicada.

    iii. Vedao dos tribunais de exceo

    LIII - ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente;

    iv. Igualdade processual: principio que se apresenta como elemento de

    interpretao, integrao e aplicao no mbito do ordenamento

    processual. O juiz tem uma prescrio de conduta no processo.

    Ressalta-se que busca-se atualmente uma igualdade material entre as

    partes no processo; de modo a igualarmos partes desiguais

    (economicamente, etc).

    a. Por exemplo: prazos diferentes para Ministrio Pblico;

    fazenda pblica. Isso ocorre j que a Fazenda pblica tem uma

    carga de problemas e processos ad infinitum de modo que

    bom que ela tenha um aumento de prazo.

  • 38

    v. Princpio do contraditrio, ou, ampla defesa (podemos dizer que

    tambm so princpios complementares separados):

    a. O contraditrio est presente quando as partes tem cincia do

    que ocorre no processo e podem reagir. Ele se destina no

    apenas s partes, mas ao juiz tambm s partes. Ele

    constitudo por dois elementos: a) informao; b) reao (esta

    meramente possibilitada nos casos de direitos disponveis);

    o contraditrio no admite excees [...] o demandado poder

    desenvolver sucessivamente a atividade processual plena e

    sempre antes que o procedimento se torne definitivo (Vrios,

    2001, p. 57).

    b. Ele exige a participao ativa das partes no processo com suas

    devidas citaes (ato em que se informa algum da instaurao

    de um processo, convocando a pessoa participar) e

    intimaes (atos em que se informa algum dos atos do

    processo, contendo tambm eventual comando de [no] fazer).

    Isso significa tambm que eventuais diferenas econmicas e

    de poder das partes que atrapalhe suas plenas participaes no

    processo devero ser supridas/corrigidas (Marinoni, 2008, p.

    409).

    LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo

    (Aqueles dos quais pode resultar uma sano ou imposio, como a

    condenao a infrao administrativa do servidor pblico), e aos

    acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa,

    com os meios e recursos a ela inerentes (Isso no se

    aplica a aes como comisso

    parlamentar de inqurito, inqurito

    policia, etc. Esses so procedimentos

    aos quais no se aplica

    a ampla defesa ISSO

  • 39

    CAI NA

    PROVA). vi. (Ao) principio inquisitivo e acusatrio16: tpicos de

    regimes autoritrios. Os primeiros se iniciam sem demanda,

    com sigilo e geralmente sem contraditrio; sendo que neles o

    juiz age de ofcio. O segundo o do estado democrtico, que

    exige inrcia do juiz, necessidade de demanda, correlao

    entre demanda e sentena (a parte que diz quem ru, qual o

    pedido a ser apreciado pelo juiz, etc.); aqui algum acusa e o

    juiz s julga.

    a. O triunvirato prefere chamar esses princpios de principio da

    ao que consiste na atribuio parte da iniciativa de

    provocar o exerccio da funo jurisdicional (2001, p.57).

    i. O tipo inquisitivo foi tido como tacitamente abolido

    com a CF de 88; e com uma reforma do cdigo de

    processo.

    ii. S que h excees: h casos como a instaurao do

    processo de inventrio que possvel de ofcio, mas no

    um litgio. O que temos uma tutela jurisdicional de

    interesse privado a que se d certo interesse pblico.

    iii. Outra possibilidade a declarao da ausncia;

    execuo de processo trabalhista, no qual se presume a

    hipossuficincia do trabalhador. Todavia so situaes

    excepcionais.

    vii. Princpio da disponibilidade e indisponibilidade: No processo

    civil o principio que rege o da disponibilidade (colocar ou

    no a ao; finaliza-la ou no; escolha das partes); havendo

    excees em que o MP obrigado a agir. No processo penal o

    que rege a indisponibilidade j que, em regra, o interesse

    16 Esse teria se desenvolvido em Roma e Atenas; nele as partes esto de p de igualdade e haveria um juiz

    imparcial (Vrios, 2001, p. 58).

  • 40

    pblico e protegido, havendo algumas excees como o crime

    contra a honra; ou quando o legislador tenta indiretamente

    descriminalizar a conduta:

    i. Lei dos juizados especiais: o autor do fato pode se

    juntar com o MP e excluir a ao penal; havendo

    suspeno condicional do processo.

    b. Ressalta-se que o principio da indisponibilidade quase to

    absoluto que quando proposta ao penal pblica pelo MP,

    esse no pode encerra-la, tudo que ele pode fazer pedir a

    absolvio do ru (e o juiz mesmo assim pode condena-lo)

    (Vrios, 2001, p.62).

    c. Da indisponibilidade decorreria uma regra de oficialidade.

    Essa diz que somente os rgos estatais competentes podem

    realizar a persecutio criminis (Vrios, 2001, p.63).

    viii. Princpio dispositivo17: envolve a atividade probatria

    praticada pelas partes no processo. O juiz no pode abandonar

    a sua funo de terceiro; mas ele pode ver a ao de um

    advogado e dizer: quem fez essa porcaria; cad as provas,

    testemunhas, etc. deixa que eu fao isso. Isso s ocorre quando

    esgotada a atividade probatria, caso o juiz tenha alguma

    incerteza quanto ao fato em provao.

    a. H aqui a questo da verdade real e formal. Esta prevaleceria

    no processo civil (no preciso realmente demonstrar a

    verdade), s preciso da verdade material (real) no caso do

    processo penal. Atualmente isso est superado.

    i. O que ocorre uma exigncia quanto ao grau da

    demonstrao das alegaes de fato (grau de exigncia

    de provas).

    ix. Princpio do impulso oficial: segundo este quando o processo

    se inicia cabe ao juiz leva-lo de fase em fase at que ele se

    exaure (Vrios, 2001, p.66).

    x. Princpio da oralidade18: deve-se concentrar tudo no processo

    juiz deve decidir de forma mais prxima das partes e das

    provas. Ela compreende quatro subprincpios:

    17 Nada a ver com a disponibilidade. 18 Alvim o chama de princpios fundamentais do procedimento (2015, p.104).

  • 41

    i. Mediao: contato direto do juiz com as partes e as

    provas.

    ii. Identidade fsica do juiz: o juiz que faz a interao deve

    julgar. O juiz do comeo e fim do processo deve ser o

    mesmo, sendo que hoje o juiz que faz a audincia deve

    ser o mesmo a sentenciar. S que hoje h justias

    estaduais que separam o juiz instrutor do julgador.

    iii. Concentrao: todos os atos processuais devem estar

    concentrados, ou seja, eles devem se realizar em um ou

    pouco mais atos.

    iv. Irrecorribilidade das interlocutrias: S recurso e

    contradio final; isso problemtico, pois poderia

    gerar danos s partes.

    xi. Persuaso racional: no h peso estabelecido para cada tipo de

    prova; o juiz forma a sua convico pela livre apreciao da

    prova. Podemos ter uma testemunha de um lado e dez do

    outro, sendo que essa uma pode ser decisiva deciso.

    i. Podemos ver isso como principio (orienta aplicao e

    interpretao) e regra (conduta a ser seguida pelo juiz).

    xii. Motivao: tpica do Estado de Direito, sendo que as sentenas

    devem ser motivadas. As partes pem essas motivaes a

    controle. Ele est profundamente ligado publicidade e ao

    controle popular das decises.

    i. princpio, garantia (CF art. 93), e regra (exigida pelo

    CPC e CPP) e regra exigida pelos cdigos processuais.

    IX todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade,

    podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias

    partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a

    preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no

    prejudique o interesse pblico informao; (Redao dada pela

    Emenda Constitucional n 45, de 2004).

    xiii. Princpio da lealdade: as partes devem seguir um cdigo de

    conduta tico no processo. O ru deve se defender e o autor

    pode pedir o devido dentro de padres ticos.

    i. principio e regra (os cdigos probem condutas como

    alterarem a veracidade dos fatos).

  • 42

    xiv. Publicidade: principio; regra e garantia. Ele faz com que o

    povo, em ltima instancia, seja juiz dos juzes (Vrios, 2001,

    p.69), assim ele nos permitiria a fiscalizao do judicirio pelo

    povo.

    a. No se deve permitir que a publicidade se transforme ou se

    confunda com sensacionalismo que atente contra a dignidade

    humana (Vrios, 2001, p. 70).

    xv. Economia e instrumentalidade das formas: o processo deve

    funcionar do modo mais eficiente e econmico possvel; as

    formas no so um fim em si mesma (ela deve servir a um

    bem maior).

    xvi. Duplo grau de jurisdio: principio, mas no garantia19, aqui

    est ideia de que se devem assegurar as partes a

    possibilidades de ao menos um recurso que se permita rever a

    deciso.

    Observao: todos os direitos fundamentais (art. 5) so garantias.

    Observao: no processo civil pode ocorrer a reconveno, ou seja, o

    ru pode formular em juzo pedido contra o autor virando autor. O

    ru comea uma nova demanda com pretenso prpria e autnoma

    contra o autor.

    Ao20

    Teorias da ao As teorias da ao so:

    1. Civilistas (Savigny): a ao o direito em sua verso defendida em

    juzo (quase que um direito armado guerra). A ao o direito de

    exigir o que devido (Vrios, 2001, p. 250).

    2. Direito Concreto (Adolf Wach): o direito de ao, alm de autnomo,

    concreto, ou seja, s quem props e ganhou a ao exerceu seu direito

    de ao.

    19 Creio eu que no seja garantia, porque estas so elementos do processo, j o duplo grau de jurisdio se

    volta para a realizao de novo processo; alm disso ele no autorizado para todas s situaes. 20 Um dos temas mais importantes da matria.

  • 43

    2.1. Com exceo da ao declaratria negativa.

    3. Direito potestativo (Chiovenda): influenciado por Wach; s que para

    Chovienda o ru colocado na posio de ru; portanto existe um poder

    do autor de submeter o ru ao debate judicial (que s deixa de ser ru

    quando o juiz diz que no ru).

    4. Direito abstrato: basta recorrer justia; isso j sinnimo de exerccio

    do direito de ao; pouco importando o resultado dessa iniciativa. Se

    algum enviasse uma carta ao juiz que fosse examinada e arquivada ns

    teramos o exerccio do direito de ao.

    4.1. Calamandrei escreveu um artigo chamado La relativit del concetto

    di azione falando das concepes acima; para ele as definies se

    do com base em questes poltico-histricas.

    5. Teoria mista (ecltica): a ao o direito ao julgamento do mrito. Ela

    abstrata em relao ao direito material, mas no necessrio que o autor

    tenha razo (basta o preenchimento de certas condies para que o

    direito seja realizado).

    5.1. Essa a de maior quantidade de adeptos.

    Para o triunvirato a ao um direito ao exerccio da atividade

    jurisdicional (ou poder de exigir esse exerccio) (2001, p. 249). o direito

    de provimento jurisdicional (de natureza abstrata) autnomo e instrumental

    (2001, p.256).

    Como garantia constitucional Como garantia constitucional, o direito de ao significa garantia de

    acesso justia21. Isso significa que o individuo tem a garantia de ter

    acesso aos tribunais (normais ou de pequenas causas), a uma assistncia

    (extra) judicial, etc. (Vrios, 2001, p. 81).

    J Luiz Guilherme Marinoni prefere falar em termos de um Direito

    fundamental de ao. Logo ao invs de garantia de ao, fala-se da mesma

    como um direito fundamental processual que visa justamente garantir a

    21 Isso significa acesso da maior quantidade possvel de causas e pessoas aos tribunais; todos tendo as

    mesmas garantias constitucionais; podendo participar ativamente na formao da vontade do juiz e exigir

    dele um efetivo dialogo (Vrios, 2001, p. 33). Da vem a luta para expandir o acesso s pessoas mais

    economicamente carentes, defesa dos direitos difusos, etc.

  • 44

    efetivao dos outros direitos fundamentais por meio do acesso ao

    judicirio, tutela jurisdicional, etc. (2008, p. 205 e s).

    Pontes de Miranda Tudo isso diz respeito viso processual de ao. Tambm haveria a

    ao substancial/material (Pontes de Miranda) que constitui no agir

    diretamente contra o obrigado para submet-lo vontade prevista em lei22

    (por exemplo: o desforo imediato ou legitima defesa da propriedade o

    proprietrio pode por para correr quem invade propriedade enquanto

    ocorrer ao e no abuse dos meios; se a barraca foi levantada, no h

    mais legitima defesa da propriedade).

    Caractersticas da ao (dentro da teoria mista) 1) A ao ao mesmo tempo direito (temos atravs dela a possibilidade

    de sustentar uma posio jurdica), poder (com ela eu submeto a

    parte contrria ao juiz) e garantia (decorre da garantia constitucional

    [art. 5 XXXV]).

    2) Ela tem caracterstica subjetiva: um direito subjetivo relacionado

    ao indivduo.

    3) Ela pblica.

    4) Autnoma: j que ela independe do direito material genericamente

    considerado.

    5) Abstrata: pois independe do autor ter razo ou no.

    6) Ela um direito instrumental: ela tutela direitos e ela no um fim

    em si mesma.

    XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a

    direito;

    Elementos O juiz no age de oficio, sendo que isso tem a ver com a limitao do

    poder estatal. A delimitao do poder estatal no processo se d pelo autor

    (traz para o juiz o conflito e os sujeitos, delimitando-os;). Por isso o autor

    delimita os elementos da ao, ou melhor, os elementos de identificao da

    22 Isso no mais to comum, j que o Estado engoliu a atividade de levar pessoas a juzo.

  • 45

    ao (Resolvem problemas do dia a dia do processo; delimitam a

    competncia do juiz; etc.) segundo Alvim (2015, p. 130) eles so:

    Dicas importantes para sua vida de jurista

    Se tivermos duas causas com alguns elementos distintos e outros

    semelhantes, temos conexo das causas e no identificao das aes.

    Nada de teses confusas ou no indicar qual a pgina dos documentos

    est informao. Muito menos escrever mil pginas, uma petio inicial

    deve ser escrita de maneira clara e simples para ser apresentada a parte.

    E cuidado com o pedido. Voc pode fazer uma excelente tese, mas se

    o pedido estiver errado o juiz no vai poder de dar razo (ou se importar

    com o pedido).

    Condies da ao23 As condies da ao so as condies para o julgamento do mrito.

    So as condies para que, legitimamente, se possa exigir o provimento

    23 Baseado na doutrina de Liebman, em sual aula magna na Universidade de Turim em 1949.

    Elementos da ao

    Partes

    Autor

    Ru

    Pedido

    Imediato: sentena (declaratria, constitutiva e condenatria)

    Mediato (bem da vida).

    Causade pedir

    Remota (fato constitutivo do direito).

    Prxima(fundamento jurdico).

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    jurisdicional (Vrios, 2001, p. 256), sem as quais no poder existir a ao.

    Para isso deve estar presentes:

    1) Legitimidade das partes: pertinncia subjetiva da ao; pertinncia

    subjetiva da lide (Alvim, 2015, p.122). O triunvirato fala da

    legitimidade ad causam sendo que s o titular da ao a pode por (parte

    ativa) e s aquele titular da obrigao responde (legitimidade passiva)

    (2001, p. 260).

    a) Por exemplo: acidente de transito: o autor prope ao para pedir

    reparao de dano dizendo que o ru dirigia; se for verdade o que o

    autor diz ambos so partes legtimas (se ao fim do processo algo

    diferente ocorreu ns no mais discutimos condio da ao, mas

    sim julgamento do mrito; no ficaram provados os fatos