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14/02/12 Direito Empresarial Bibliografia: Manual de direito comercial – Fábio Ulhoa. Títulos de crédito Teve início expressivo na Itália, onde utilizavam título de crédito no comércio marítimo, pois a moeda de cada localidade eram diferentes e o comércio marítimo estabeleceu a troca da moeda corrente de qualquer localidade pelo título de crédito. Evitava-se, ainda, ocorrência de roubos e furtos pela região, pois passaram a não andar com o dinheiro em espécie no bolso. A finalidade do título de crédito é circular o dinheiro sem correr risco. Tem sempre que pensar que a alternativa mais certa é facilitar a circulação do dinheiro . 1. Legislação aplicável: Letra de câmbio e nota promissória: Aplica-se o decreto 57663/66. Duplicata: Lei 5474/68. Cheque: Lei 7357/85. OBS: No código civil existe um capítulo apenas tratando de título de crédito, art. 887 do cc. Cuidado, o próprio legislador cuidou do assunto, art. 903 do cc “ salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito dispostos nesse código” Então, aplica-se o código civil aos títulos de crédito apenas quando não houver lei especial tratando do assunto – REGÊNCIA SUPLETIVA. A doutrina critica muito este capítulo dentro do código civil. Não há porque manter a regência supletiva, levando ao aplicador do direito cometer confusões em seu manuseio.

Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

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Page 1: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

14/02/12

Direito Empresarial

Bibliografia: Manual de direito comercial – Fábio Ulhoa.

Títulos de crédito

Teve início expressivo na Itália, onde utilizavam título de crédito no comércio marítimo, pois a moeda de cada localidade eram diferentes e o comércio marítimo estabeleceu a troca da moeda corrente de qualquer localidade pelo título de crédito. Evitava-se, ainda, ocorrência de roubos e furtos pela região, pois passaram a não andar com o dinheiro em espécie no bolso.

A finalidade do título de crédito é circular o dinheiro sem correr risco. Tem sempre que pensar que a alternativa mais certa é facilitar a circulação do dinheiro.

1. Legislação aplicável:

Letra de câmbio e nota promissória: Aplica-se o decreto 57663/66.

Duplicata: Lei 5474/68.

Cheque: Lei 7357/85.

OBS: No código civil existe um capítulo apenas tratando de título de crédito, art. 887 do cc. Cuidado, o próprio legislador cuidou do assunto, art. 903 do cc “ salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito dispostos nesse código” Então, aplica-se o código civil aos títulos de crédito apenas quando não houver lei especial tratando do assunto – REGÊNCIA SUPLETIVA.

A doutrina critica muito este capítulo dentro do código civil. Não há porque manter a regência supletiva, levando ao aplicador do direito cometer confusões em seu manuseio.

OBS: P: Qualquer pessoa poderá criar um título de crédito atípico. Qual regra devemos aplicar? R: Depende. A regra a ser aplicada é o código civil, porém, apenas quando lei especial não tratar do assunto, ou seja, criada a lei especial, deverá esta ser aplicada

Na prática isso não ocorre. Por isso, a doutrina critica a regência supletiva do código civil.

2. Conceito de título de crédito: O mais cobrado é o conceito do jurista italiano Vivante: “Título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo, nele contido, somente produzindo efeitos quando preenchido os requisitos da lei”.

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3. Princípios dos títulos de crédito (Princípios cambiários):

P: Porque é chamado de direito cambiário o ramo que cuida dos títulos de crédito?

R: Justamente por causa do comércio marítimo na Itália, onde realizavam a troca da moeda corrente de determinada localidade Troca = Câmbio.

A -) Princípio da Cartularidade (ou INCORPORAÇÃO): Cartula, vem do latim “chartula” Pequeno papel.

O crédito deve estar materializado (corporificado) em um documento (título).

Para a transferência do crédito é necessário a transferência do título.

Não há que se falar em exigibilidade do crédito sem a apresentação do documento.

P: Basta o endosso para se perfazer o título executivo?

R: Não basta endossar o cheque (assinatura), deve ele ser entregue.

P: Pode se ajuizar uma ação de execução com uma cópia autenticada de um cheque?

R: Não. Apenas ação monitória.

OBS: Quando o título fizer parte de um inquérito ou ação penal, será possível execução apenas com cópia autenticada STF. “é uma exceção esse posicionamento”.

Título de crédito eletrônico: Existe previsão legal autorizado o título de crédito eletrônico, art. 889, p. 3º do cc. “o título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computados ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo”.

EX: Duplicada virtual É um título criado por meio de caracteres eletrônico - Boleto de cobrança. Por esse motivo é que os examinadores não estão mais utilizando o nome Cartularidade, mas sim, INCORPORAÇÃO (pois está incorporado em um documento “papel” ou em um documento “eletrônico”).

OBS:STJ – Informativo, 0467 de março de 2011 Decidiu a respeito da duplicata virtual: Petrobrás quando entrega o combustível ao posto de gasolina emite uma duplicata eletrônica – Ocorre que o posto não pagou e a Petrobrás protestou e executou o título Juntou o comprovante da entrega da mercadoria e não era um caso de documento ilícito o posto de gasolina embargou a execução alegando que não havia como pagar o título, pois a Petrobrás ao invés de emitir a duplicata impressa, enviou por meio eletrônico, comprometendo o princípio da Cartularidade. Apesar de o juiz de primeira instância decidir a favor do posto de gasolina, o TJ do Paraná reformou a decisão e o STJ confirmou a decisão Então, é possível a

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execução de uma duplicata eletrônica, desde que exista o protesto do título e o comprovante da entrega da mercadoria.

B -) Princípio da Literalidade: Pelo princípio da literalidade, só tem validade para o direito cambiário, aquilo que está literalmente escrito no título de crédito.

“O que não está escrito no título de crédito, não tem efeito jurídico para o direito empresarial”.

O princípio da literalidade assegura certeza quanto à natureza, ao conteúdo e a modalidade de prestação prometida ou ordenada. Impede que meros ajustes verbais possam influir no exercício do direito ali mencionado.

EX: Não se pode endossar ou da o aval em um documento a parte.

C -) Princípio da Autonomia: As relações jurídico cambiais são autônomas e independentes entre si.

A causa que deu origem a emissão do título chama-se de causa subjacente ou causa debendi

EX: Compre e venda de um celular é a causa subjacente.

EX2: A nota promissória recebida em razão da venda do celular é repassada a um vizinho No dia do vencimento, o vinho do vendedor é o que irá cobrar a nota promissória do comprador do celular. Porém, independente de o celular ter apresentado defeito ou não, o vizinho deverá receber o crédito da nota promissória, pouco importando as relações jurídicas anteriormente praticadas.

EX3: Cheque de terceiro Voltou por falta de fundos, pode se executar, independente da origem do cheque.

O possuidor de boa-fé exercita um direito próprio, que não pode ser restringido ou destruído pelas relações ocorridas entre possuidores anteriores e o devedor.

É também pelo princípio da autonomia que o vício em uma das relações não compromete as demais.

c.1 -) subprincípio da abstração (desdobramento do princípio da autonomia): É a desvinculação do título de crédito do negócio jurídico que lhe deu origem. Quando se desprende da causa que lhe deu origem, ocorre o fenômeno da abstração.

OBS: A abstração somente ocorre quando há circulação do título.

EX: Nota promissória transferia a um terceiro, se desprende da relação jurídica praticada e passa a ser uma relação jurídica independente.

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c.2 -) subprincípio da inoponibilidade de exceções pessoais a terceiros de boa-fé (desdobramento do princípio da autonomia): Essa inoponibilidade tem caráter processual.

EX: “A” transfere “B” uma nota promissória. O credor “B” poderá executar “C” que emitiu a nota promissória para “A” O título de crédito produz uma relação autônoma da que lhe deu origem a partir do momento em que é colocado em circulação no mercado. Porém, em um primeiro momento, guarda relação com a causa que lhe deu origem.

EXCEÇÃO: Cheque especial Para o banco autorizar a utilização do cheque especial, deverá ser realizado um contrato de abertura de crédito (R$ 20.000,00 – cheque especial). O STJ entende que o contrato de abertura de crédito não constitui título executivo

Súmula 233 do STJ “o contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhada do extrato da conta corrente, não é título executivo”.

Súmula 247 STJ – “o contrato de abertura de crédito em conta corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento de ação monitória”.

OBS: Assinatura de uma nota promissória em branco em relação ao contrato de abertura de crédito Se a dívida for de 50 mil, o banco poderá nesse caso colocar o valor de 50 mil na nota promissória assinada em branco e executar a nota promissória. O devedor poderá se valer dos embargos à execução para afastar juros abusivos por meio de exceção pessoal Nesse caso, para afasta a exceção pessoal, o banco transferia o título à terceiro – ocorria então a autonomia do título de crédito. Surgiu então a súmula 258 do STJ, para afastar essa manobra bancária Trata-se de exceção:

Súmula 258 do STJ: “A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a acompanhou”.

4. Atributos do título de crédito:

OBS: Não confundir princípio com atributo – pegadinhas de provas.

A -) Negociabilidade

B -) Executividade: (art. 585, I do CPC “títulos de crédito são títulos executivos extrajudiciais”)

5. Obrigação “Pro Solvendo” e obrigação “Pro Soluto”

Título “pro solvendo”: É o título para pagamento.

Page 5: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

EX: Compra e venda de imóvel: A tradição (entrega do título) não provoca a quitação. A quitação apenas se dá com o pagamento do título. – Não pagando a nota promissória, a construtora poderá entrar com uma ação de execução ou rescindir o contrato de compra e venda.

O Título “pro solvendo” é para pagamento, e, portanto, a relação causal somente será extinta com o pagamento do título.

OBS: O título “pro solvendo” não provoca a novação, isto é, não provoca a quitação no ato de sua entrega. Neste caso, em uma operação de compra e venda, o credor poderá executar o título ou rescindir o contrato.

Título “pro soluto”: É o título em pagamento (o próprio título).

A entrega do título de crédito provoca a novação.

EX: O contrato de compra e venda foi quitado com a entrega da nota promissória, gerando uma nova obrigação Pagar a nota promissória. No caso, a construtora poderá executar os títulos. Porém, o contrato de compre e venda estará quitado.

O título “pro soluto” quando emitido e entregue ao credor visa a extinção da obrigação que gerou sua criação.

A entrega do título provoca a novação, extinguindo a causa debendi.

Neste caso, o credor somente poderá ajuizar a ação de execução e não terá a opção da rescisão do contrato.

6. Classificação dos títulos de crédito (cai muito):

6.1 Quanto ao modelo: O título pode ser vinculado ou livre.

Título de modelo vinculado: É aquele cuja forma (modelo) está definida em lei.

EX: Cheque e duplicata.

Título de modelo livre: É aquele cuja forma (modelo) não está definido em lei.

EX: Nota promissória, letra de câmbio.

6.2 Quanto as hipóteses de emissão: Pode ser causal e não causal.

Título causal: É aquele que possui uma causa específica para a sua emissão.

EX: Duplicata Prevista na lei de duplicatas Compra e venda mercantil ou prestação de serviços.

Page 6: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

P: Pode cobrar aluguel e emitir duplicata?

R: Não. Apenas para compra e venda mercantil ou prestação de serviços.

Título não causal: Não há necessidade de uma causa específica para a sua emissão.

EX: Cheque Os corintianos acham que não precisa nem ter fundo para emitir cheque.

6.3 Quanto à sua estrutura: O título pode ser uma:

A -) Ordem de pagamento: Ocorre com a DUPLICATA, CHEQUE E LETRA DE CÂMBIO - Existem 03 intervenientes:

1º Quem dá a ordem: EX: Dono do cheque

2º Quem recebe a ordem: EX: Banco

3º Tomador beneficiário (credor): EX: Credor do cheque.

B -) Promessa de pagamento: Ocorre com a NOTA PROMISSÓRIA - Existem 02 intervenientes:

1º Promitente/Subscritor

2º Tomador/Beneficiário

6.4 Quanto à circulação: O título pode ser:

A -) Ao portador: É o título que não tem a identificação do beneficiário.

EX: Cheque

OBS: Desde a lei 8021/90 Não se admite mais título ao portador, salvo em caso de previsão expressa em lei especial. O código civil também abraçou a ideia, art. 907 – “é nulo o título ao portador, sem previsão de lei especial”.

EX: Lei 9069/95, art. 69 Permite o cheque ao portador, de valor igual ou inferior à 100 reais. Se for acima de 100 reais, deverá ser nominativo.

OBS: O título ao portador se perfaz apenas com sua tradição (transferência ou entrega).

B -) Nominal: É o título que contém a identificação do beneficiário no próprio título. (antes era chamado de nominativo, mas entrava em conflito com o co código civil – abaixo C--- a doutrina que deu essa nova classificação)

EX: Cheque – Nelson Jr.

OBS: Dependendo do caso, se perfaz da seguinte forma: Quando contém à ordem ou não à ordem.

À ordem Será transferido por endosso + Tradição (entrega do título)

Page 7: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

Não à ordem Será transferido pela cessão civil + Tradição (entrega do título).

OBS1: Endosso Quando uma pessoa da o endosso no título, responderá pelo pagamento do (Solvência).

OBS2: Cessão civil Quando se transfere por cessão civil, não responderá pelo pagamento do título. Ex: Transferência de cheque de terceiro Tem que executar o terceiro, o que emitiu a ordem de pagamento.

Art. 296 do cc “salvo estipulação em contrário o cedente não responde pela solvência do devedor”.

P: Qual é mais vantajoso para o credor, receber por endosso ou por cessão civil?

R: Por endosso.

Há uma presunção de que os títulos nominativos são à ordem, transferíveis por meio de endosso. Apenas quando escrito no título, “NÃO À ORDEM” DE MANEIRA EXPRESSA, ai sim, será por cessão civil.

Por isso é que temos que pensar o que facilitará a circulação do título.

Art. 914 do cc “ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título” Para o código civil, o endosso possui os mesmo efeitos da cessão civil.

P: De acordo com o cc, quem responde pelo pagamento do título, o endossante?

R: Não. De acordo com o código civil não, apenas quando previsto em lei especial.

C -) Nominativo do art. 921 do cc: “É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome do beneficiário conste no registro do emitente ”.

Quem emite esse título, terá um livro de registro do emitente (título da dívida pública) Poderá fazer a circulação por meio de termo ou endosso.

Art. 922 do cc: “transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente”.

Será transferido mediante termo EX: Retira-se o nome de joana, e consta-se o nome de José.

Art. 923 do cc “o título nominativo também pode ser transferido por endosso que contenha o nome do endossatário”.

Lei 10931/04: (cédula de credito bancário) Termo: Art. 45, p. 4º “o certificado poderá ser transferido mediante endosso ou termo de transferência.... averbada no livro da instituição financeira, dando o certificado ao credor” o termo

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de transferência é encaminhado ao banco e o banco emite um novo certificado dizendo ser o novo credor. É aquele cujo nome está no registro do emitente.

17/02/12

Letra de Câmbio

1. Conceito: Letra de câmbio é um título de crédito decorrente de relações de crédito, entre duas ou mais pessoas, pelo qual a designado sacador dá a ordem de pagamento pura e simples, a outrem, denominado sacado, a seu favor ou de terceira pessoa (Tomador/Beneficiário), no valor e nas condições dela constantes.

- Dá a ordem SACADOR (Co-devedor)

- Recebe a ordem. SACADO (Devedor principal) – aceite.

-Tomador/Beneficiário.

Quando alguém cria uma letra de câmbio e entrega a outra pessoa, da um ato cambial, chamado de saque

2. Saque

É o ato de Criação/Emissão Criar e emitir a letra.

EX: Saque, colocar a bola em jogo. Empregador dá a ordem, o empregado recebe a ordem.

EX: João tem um crédito com Renato João (SACADOR) dá uma ordem ao Renato (SACADO) para pagar a quantia (crédito).

OBS: A letra de câmbio é uma relação por meio de um título de crédito entre duas ou mais pessoas.

EX: Gialuca dá uma ordem para que Renato pague R$5.000,00 para Luiz Flávio no dia 30/02/13. (Luiz Flávio será o credor do título de crédito – Letra de Câmbio)

OBS: Pode o sacador e sacado serem a mesma pessoa EX: Gialuca dá uma ordem para ele mesmo entregar o título a Luiz Flávio.

3. Requisitos:

1º -) Denominação – LETRA DE CÂMBIO;

2º -) Ordem incondicional de pagar quantia certa;

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3º -) Nome do sacado;

4º -) Época do pagamento;

5º -) Lugar em que será realizado o pagamento;

6º -) Nome do beneficiário;

7º -) Data da emissão;

8º -) Lugar da emissão;

9º -) Assinatura do emitente (SACADOR).

Os requisitos na ordem não caem em prova, o que cai é:

*Requisitos supríveis/Acidentais/Não-essenciais: Época do pagamento, Lugar do pagamento e o lugar da emissão Faltando esses requisitos, será suprível. Porém, se faltar os demais, não será uma letra de câmbio.

- Faltando a época do pagamento Presume ser à vista a letra de câmbio.

- Faltando o lugar do pagamento Será no domicílio do sacado.

- Faltando lugar de emissão Será o endereço do sacador.

CUIDADO: A data do saque não é suprível.

4. Aceite

EX: Gialuca dá uma ordem para que Renato pague R$5.000,00 para Luiz Flávio no dia 30/02/13. (Luiz Flávio será o credor do título de crédito – Letra de Câmbio) Renato deverá perguntar à Luiz Flávio se ele aceita.

4.1. Conceito: Aceite é o ato de vontade do sacado, concordando com a ordem de pagamento dada pelo sacador, tornando-se o devedor principal da quantia expressa no título de crédito (Quando o sacado dá o aceite, se tornará o devedor principal)

4.2. Quem pode ser o aceitante???

É o ato privativo do sacado o ato do aceite.

4.3. O aceite é facultativo:

P: É obrigatório dar o aceite?

R: Jamais. Na letra de câmbio, o aceite é facultativo.

4.4. Recusa do aceite:

Efeitos da recusa do aceite:

Page 10: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

a) Vencimento antecipado do título, ocorrendo no dia da recusa;b) Tornar o sacador o devedor principal.

4.5. “Cláusula não aceitável”:

Significa que o título não poderá ser apresentado para o aceite, mas sim para pagamento.

EX: Renato chega para Luiz Flávio e apresenta o título para pagar no ato da apresentação.

Finalidade da cláusula não aceitável: Evitar o vencimento antecipado do título.

4.6. Aceite parcial: Existem duas modalidades:

A -) Aceite limitativo: Modifica-se o valor do título.

EX: Concordo em pagar, mas não R$5.000,00. Pago apenas R$4.000,00

B -) Aceite modificativo: Modifica a data do vencimento do título.

OBS: Nas duas hipóteses, ocorre o vencimento antecipado do título, independente da modalidade. O Aceitante se vincula nos termos do aceite Ocorrerá o vencimento antecipado do título de crédito.

Hipóteses:

- Luiz Flávio: Aguardar o vencimento do título e cobrar de Renato ou transferir o título a um terceiro (ENDOSSO)

5. Endosso

Endosso é o ato cambial em que o tomador/beneficiário (credor do título) repassa a letra de câmbio a um terceiro.

5.1. Conceito: É o ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula à ordem transmite o direito ao valor constante do título a outra pessoa, sendo acompanhado da tradição da cártula.

EX: Luiz Flávio (Tomador/Beneficiário) transfere o título de crédito para Marinela.

5.2. Efeitos:

a) Transferência da titularidade do crédito do endossante para o endossatário.

Endossante Transfere.

Endossatário Recebe.

Page 11: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

EX: Luiz Flávio (endossante) e Marinela (endossatária)

b) Tornar o endossante codevedor do título.

EX: Marinela poderá executar Luiz Flávio ou qualquer outro codevedor. Se executar Luiz Flávio, Luiz Flávio terá direito de regresso a todos os outros codevedores anteriores a ele.

OBS1: O primeiro endossante, sempre será o tomador beneficiário.

OBS2: Caso o endossante seja executado, se fizer o pagamento terá direito de regresso contra todos os codevedores anteriores a ele.

5.3. Não há limite de endosso: Pode ocorrer tantos endossos quanto forem necessários ao título de crédito.

EX: Marinela que era a endossatária, endossa o título para Novelino. Então, Novelino será o endossatário e Marinela passará a ser a endossante.

5.4. Como se dá o endosso:

No Verso: Assinatura.

P: É possível o endosso no anverso (na frente) do título?

R: É também, apesar de não ser comum (previsto na lei)

P: Como se dá o endosso no verso ou no anverso?

R: Se dá por meio da assinatura, acompanhada de uma expressão identificadora. EX: Endosso a......., Pague-se a......., Transfiro a........

5.5. Formas de endosso

Existem duas formas de endosso:

Endosso em preto: Ocorre quando se endossa a determinado endossatário.

É aquele que identifica o endossatário.

EX: Endosso a Novelino.

Endosso em branco: Ocorre quando se endossa, mas não se identifica o endossatário.

É aquele que não identifica o endossatário.

EX: Endosso a ..........

5.6. É possível o endosso parcial??? (ESSA PERGUNTA DISPENCA)

Endosso parcial ocorre quando o título de crédito com valor determinado é endossado a um terceiro, mas não com o valor integral, apenas uma parte do valor.

Page 12: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

O endosso parcial é nulo, pois não tem como ocorrer a transferência de parte do título, ou seja, uma das características do título é a transferência e isso não será possível ser realizado de maneira parcial.

P: O que é o endosso póstumo?

R: É o endosso que se dá após o vencimento do título. Porém, é necessário que o título tenha sido protestado ou então tenha expirado o prazo de protesto.

P: Qual a diferença entre endosso e cessão civil?

R: Quem da o endosso, responde pelo pagamento do título. Já na cessão civil, ocorre quando apenas se transfere o título, mas não responde pelo pagamento.

O endosso póstumo tem efeito de cessão civil, ou seja, quem da o endosso póstumo, não responde pelo pagamento do título.

EX: Transfere-se para uma empresa de cobrança por meio de endosso póstumo com o fim de a empresa de cobrança não cobrar do endossante que recebeu uma quantia irrisória em razão do título transferido (tinha trabalho para receber o cheque de 5000 e recebeu 100 pela empresa de cobrança ai ela se vira pra receber).

5.7. Modalidades de endosso

a) Endosso traslativo/comum: Visto acima.

b) Endosso impróprio: Não há transferência da titularidade do crédito.

Finalidade: Legitimar a posse de terceiro.

Tipos de endosso impróprio:

I – Endosso-mandato: É o endosso utilizado para transferir poderes e autorizar um terceiro exercer os direitos de cobrança do título.

EX: Letra de câmbio, duplicata. Porém, o beneficiário não quer ficar indo cobrar. Então, contrata um serviço de cobrança. Ao transferir o título à empresa de cobrança, dá o endosso-mandato da seguinte forma “para cobrança”, “por procuração” O bradesco cobra, mas não é o credor. Apenas cobrará a taxa de cobrança Apenas legitimará a posse do título para exercer os direitos de cobrança.

Endossante mandante.

Endossatário mandatário. (como se fosse uma procuração “por procuração”)

EX: Endossatário mandatário (Bradesco) Caso não seja pago, o bradesco apresenta a letra de câmbio para protesto.

OBS: Se o protesto for indevido (já havia sido pago o título) Danos Morais A ação de dano moral e sustação de protesto deverá ser ajuizada contra o

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endossante-mandante e não contra o endossatário mandatário STJ entende que a ação deve ser proposta contra o credor do título (endossante – mandante).

OBS: SE o endossatário-mandatário extrapolar os poderes conferidos ou agir de maneira negligente Ai sim responderá pelos danos morais e pela sustação de protesto EX: O banco recebeu o valor e por descuido cobrou do endossante ou sacado.

II – Endosso-caução/pignoratício: Consubstancia penhor dos direitos dele decorrentes em garantia de obrigação de natureza contratual contraída pelo portador perante terceiro.

É a forma que se institui um penhor em título de crédito.

Devendo constar a cláusula “em garantia” ou “por penhor” Não transfere o crédito, apenas garante o pagamento (endosso-caução).

OBS: A letra de câmbio é um bem móvel e funciona como tal.

EX: Dar o carro como garantia da obrigação ou dar a letra de câmbio que vencerá em 06 meses como garantia da obrigação.

6. Aval

6.1. Conceito: É a declaração cambiária decorrente de uma manifestação unilateral de vontade pela qual a pessoa (natural ou jurídica) estranha à relação cartular, ou que nela já figura, assume obrigação autônoma e incondicional de garantir no vencimento, o pagamento do título nas condições nele estabelecidas.

EX: Marinela transfere o título para Novelino e para garantir (reforçar) a obrigação cambiária, coloca como Avalista a cantora Ivete Sangalo.

OBS: O aval tem por finalidade reforçar o pagamento do título.

Ivete Sangalo Avalista.

Marinela Avalizada.

OBS2: O aval possui a característica da equivalência: O avalista e o avalizado estão em situação de equivalência. EX: Estipulou-se a prescrição de 03 anos para cobrança contra Marinela. Logo, Ivete Sangalo também estará amparada pelo prazo prescricional de 03 anos.

OBS3: Caso o avalista seja executado, será obrigado a efetuar o pagamento, pois assumiu esta obrigação. No entanto, caso pague a quantia cobrada, terá direito de regresso contra o avalizado, bem como contra todos os devedores anteriores a ele Em razão da característica da equivalência.

6.2. Como se dá o Aval:

No anverso: Com uma simples assinatura.

Page 14: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

No verso: Com a assinatura, acompanhada da expressão identificadora.

OBS: É ao contrário do endosso as formas de assinar no verso e anverso.

Expressão: Por aval a......., Avalizo a...........

6.3. Formas de aval:

Aval em preto: É a expressão identificadora do aval, acompanhada da identificação do avalizado.

É aquele que identifica o avalizado.

Aval em branco: É a expressão identificadora do aval, mas não acompanha a identificação do avalizado.

É aquele que não identifica o avalizado.

EX: Se Ivete Sangalo apenas assinar no anverso do título, estará dando aval em branco.

P: No aval em branco, quem está sendo garantido pelo avalista? Quem é o avalizado?

R: No aval em branco, o garantido é o sacador emitente. (art. 31 do Dec. 57663/66)

OBS: No aval em branco o avalizado será o sacador, não é o devedor principal.

6.4. É possível o aval parcial???

Aval parcial ocorre com a garantia de apenas uma parte do valor (art. 30 do Dec. 57663/66) “o aval pode ser total ou parcial”.

CUIDADO: As leis especiais dos títulos de crédito específico admitem o aval parcial. Porém, o CC (art. 897, p. único) “é vedado o aval parcial”.

Aplica-se o código civil, apenas quando a lei especial não tratar do assunto Regência supletiva.

P: O cc admite aval parcial?

R: Não.

P: A letra de câmbio admite o aval?

R: Sim. Pois está previsto em lei especial essa possibilidade.

6.5. Aval posterior ao vencimento:

Seja com protesto ou sem protesto, sempre terá os mesmos efeitos.

Page 15: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

(AVALISTA É O AMIGÃO FAZ AS COISAS PELA FRENTE BASTA APENAS A ASSINATURA NO ANVERSO, porém, se for no verso, deverá conter a expressão identificadora após a assinatura)

6.6. O aval é uma declaração cambiária

Tem que se atentar ao princípio da literalidade O que está escrito no título é o que será garantido.

Súmula 26 do STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo, também responde pelas obrigações pactuada, quando no contrato figurar como devedor solidário.

OBS: Se colocar o avalista como devedor solidário no contrato, ai sim, passa também a ser obrigado pelas obrigações contraídas Ele será devedor solidário do contrato, pois o contrato não admite avalista.

6.7 Aval X fiança:

P: Qual a diferença entre aval e fiança?

R:

Aval FiançaSó pode ser dada em título de crédito. Só pode ser dada em contrato.Autônomo AcessórioNão tem benefício de ordem Possui benefício de ordemOBS: Art. 1647, III do CC – “Nenhum dos cônjuges podem, sem autorização do outro, salvo no caso de regime de separação absoluta Prestar aval ou fiança.”SALVO NO CASO DE REGIME DE SEPARAÇÃO ABSOLUTA.

Então, o avalista estará obrigado mesmo em caso de falência de empresa, morte, etc. O aval é autônomo.

OBS1: Em caso de morte, falência ou incapacidade do avalizado, o avalista continuará responsável, pois o aval é autônomo e não acessório.

OBS2: AVAL NÃO TEM BENEFÍCIO DE ORDEM. JÁ A FIANÇA SIM, APENAS NÃO TERÁ EM CASO DE ESTIPULAÇÃO CONTRATUAL.

EX: Novelino que é o credor do título, poderá escolher entre executar Ivete Sangalo ou Marinela, pois não tem benefício de ordem no aval.

OBS3: Em caso de constarem duas assinaturas no anverso do título (AVAL do AVAL) Chama-se aval sucessivo Pode um avalista avalizar o outro avalista, constando a expressão identificadora “avalizo o avalista” fulano / Em caso de apenas duas assinaturas avalistas simultâneos Os dois avalistas garantirão a obrigação.

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P: Como fica em caso de uma assinatura em cima da outra?

R: Súmula 189 do STF “Avais em branco e superpostos, consideram-se simultâneos e não sucessivos”.

27/02/12

Letra de Câmbio (continuação)

7. Vencimento

A -) à vista: É exigível de imediato.

Quando não ficou definido na letra de câmbio, há uma presunção de ser o título à vista.

B -) Data certa: Quando a data é estipulada no próprio título de crédito, ou seja, a data é fixada no título.

C -) A certo termo de vista: É um número “X” de dias, contados a partir de uma data inicial, “de um marco inicial”.

É contado a partir da data do aceite.

D -) A certo termo de data: É um número “X” de dias, contados a partir de uma data inicial, “de um marco inicial”.

É contado da data da emissão da letra de câmbio.

Na prova, o examinador cruza o a certo termo de vista e de data se conta a partir do aceito ou da emissão.

Nota Promissória

1. Conceito: Nota promissória é título de crédito pelo qual uma pessoa, denominada emitente, faz a outra pessoa, designada beneficiário, uma promessa pura e simples de pagamento de quantia determinada, em seu favor ou a outrem à sua ordem, nas condições nela constantes.

É uma promessa de pagamento e só possui dois intervenientes:

- Emitente/promitente/subscritor: É o que faz a promessa “pagarei por esta nota promissória a”

- Tomador/beneficiário: Quem receberá o valor prometido, sendo este o credor da nota promissória.

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2. Requisitos de uma nota promissória: Deve conter na nota promissória:

A -) Denominação nota promissória;

B -) Promessa pura e simples de pagar quantia determinada;

C -) Época de pagamento;

D -) Indicação do lugar de pagamento “praça”;

EX: Pagável em São Paulo

E -) Nome do beneficiário;

F -) Indicação da data e do lugar em que foi passada a nota promissória;

G -) Assinatura do emitente.

3. Regime jurídico da nota promissória: É tratada no mesmo diploma legal da letra de câmbio.

Decreto 57.663/66 (Art’s 75 a 78) – Aplica-se as disposições relativas à letra de câmbio (aula passada)

P: Qual o regime jurídico da nota promissória? (cai assim)

R: As mesmas regras da letra de câmbio são aplicáveis na nota promissória, como o endosso, aval, vencimento, pagamento, direito de ação, prescrição, etc., quanto a constituição e exigibilidade do crédito “tributário”, desde que observadas as especificidades da nota promissória.

Devemos aplicar às notas promissórias as mesmas regras da letra de câmbio, observadas as suas especificidades.

Veremos agora as peculiaridades da nota promissória

4. Aceite: Na nota promissória não existe a possibilidade do aceite, mas sim, a promessa de pagamento.

Nota promissória não admite a figura do aceite.

Temos o emitente e o tomador.

5. O devedor principal será o emitente da nota promissória.

É promessa de pagamento, não tem aceite e o devedor principal será o emitente da nota promissória, o que promete pagar.

Page 18: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

6. Endosso

Ao endosso são aplicadas as mesmas regras da letra de câmbio.

7. Aval

Ao aval são aplicadas as mesmas regras da letra de câmbio.

OBS: Quando falamos do aval em branco, vimos que quem da o aval (garante o título) mas não diz quem é o avalizado, na letra de câmbio o avalizado seria o sacador. Na nota promissória, o avalizado (garantido) será o emitente da nota promissória.

8. Espécies de vencimento da nota promissória

A -) À vista: Igual

B -) Data certa: Igual

C -) Certo termo de vista: Apesar de não ter o aceite na nota promissória, existe previsão legal e é contado de outra forma. (art. 78)

Conta-se da data do visto dado pelo subscritor Quando o beneficiário retorna ao emitente e entrega a ele para dar o visto da nota promissória e pagar na data estipulada a partir do visto. Então a data inicial será a data do visto (início da contagem do vencimento da nota promissória).

D -) Certo termo de data: Conta-se da data da emissão.

Cheque

Lei 7.357/85

1. Conceito: Cheque é uma ordem de pagamento à vista, emitida contra uma instituição bancaria em razão de provisão que o emitente possui junto ao sacado, proveniente essa de contrato de depósito bancário ou de abertura de crédito.

Lembre-se apenas de que o cheque é uma ordem de pagamento à vista, as bancas exigem apenas isso.

2. Requisitos do cheque

A -) Denominação “cheque”;

B -) Ordem incondicional de pagar quantia certa;

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C -) Nome do sacado (banco sacado);

D -) Data do saque;

E -) Lugar do saque;

F -) Lugar de pagamento;

G -) Assinatura do emitente.

OBS: Se faltar um dos requisitos, o título não valerá como cheque. Porém, existem dois requisitos supríveis: Lugar do saque e Lugar de pagamento, pois a lei trata do assunto.

Se não foi definido o lugar do saque, será considerado como lugar do saque o do domicílio do emitente.

Lugar de pagamento No local da agência do emitente Local onde foi emitido o título de crédito.

Então, não se pode protestar um cheque sem assinatura, pois é um requisito essencial do título de crédito.

3. Pessoas envolvidas

A -) Sacador: É o emitente do cheque, o correntista É o que da a ordem de pagamento ao sacado.

B -) Sacado: É o banco.C -) Tomador/Beneficiário: É o credor do cheque.OBS: Diferentemente da letra de câmbio, o sacado não pode concordar ou

não em pagar. 3.1. Art. 6º Cheque não admite a figura do aceite: Tendo a ordem de

pagamento, o sacado tem que pagar.“o cheque não admite o aceite, considerando-se não escrito qualquer

declaração nesse sentido”Por não ter o aceite, o devedor principal é o sacador “emitente” do

cheque.

4. O devedor principal será o sacador/emitente.

5. Cheque pós-datado ou pré-datado

Art. 32 ”cheque é uma ordem de pagamento à vista e considera-se não escrita qualquer menção em contrário”.

Então, qualquer menção, “bom para” é considerado como não escrito.P: O “bom para” é considerado nulo ou anulável?R: Não. É considerado como não escrito

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Súmula 387 do STF: “a cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto”.

OBS: Quando se dá um cheque pré-datado, a expectativa do sacador/emitente é de que seja apresentado para pagamento na data aprazada. Então, mesmo o banco tendo que pagar o cheque apresentado, o STJ entende violar a boa-fé objetiva, caracterizando dano moral.

Súmula 370 do STJ: “caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado” Não há necessidade de prova do dano.

OBS: Se o lojista grampear um papel no cheque estipulando o bom para e retirar esse papel e apresentar ao banco, não haverá a previsão do “bom para” no título. Se o cheque for transferido a um terceiro de boa-fé e este apresentar à instituição bancária, não caracterizará dano moral (STJ). Entretanto, o terceiro deverá provar que estava de boa-fé, por isso que apresentou antecipadamente (endossatário) Tem que fazer prova da boa-fé (desconhecimento) – para não gerar dano moral.

6. EndossoArt’s. 17 e seguintes: *Tem o mesmo efeito que o da letra de câmbio, ou seja, transferência da

titularidade do crédito do endossante para o endossatário.*Torna o endossante codevedor do título.6.1. Endosso parcial:O endosso parcial é NULO.6.2. Endosso sem data: Presume-se ser dado antes do prazo de

apresentação e do protesto.6.3. Limite de endosso:Motivo 36: O cheque era devolvido quando o cheque possuía mais de

um endosso Existia a lei 9.311/96, art. 17, impedia mais de um endosso Essa lei era atrelada ao pagamento da CPMF Recolhimento de CPMF – essa regra tinha sido criada para evitar o circulamento do cheque e não se ter o pagamento do imposto.

Atualmente, com a extinção da CPMF, não há mais limite de endosso no cheque.

7. AvalArt. 29: “o pagamento do cheque pode ser garantido no todo ou em

parte, por aval, prestado por terceiro, exceto o sacado, ou mesmo por signatário do título”.

Pode ser aval total ou parcial O avalista garante a obrigação de pagar a totalidade ou parte dela.

O aval é um ato tipicamente cambialO cheque é um título executivo extrajudicial e que possui prazo

prescricional de 06 meses.

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Súmula 299 do STJ: “é cabível ação monitória em cheque prescrito”.Pode-se executar o avalista. Entretanto, não se pode entrar com ação

monitória contra o avalista (entendimento do STJ – Inf. 430 – Resp. 896.543/MG) Estando o título prescrito, acaba a obrigação do avalista em garantir o título de crédito.

8. Apresentação e pagamento do cheque 8.1. Prazo de apresentação para pagamento: É de 30 dias se o cheque for

da mesma praça ou de 60 dias se for de praça diferente.EX: O cheque é da agência de Campinas e foi colocado Campinas, dia X de

abril de 2012 O prazo será de 30 dias.EX2: O cheque é da agência de campinas e foi colocado santos, dias X de

abril de 2012 O prazo será de 60 dias.P: Se apresentado depois de 120 dias, o banco pagará da mesma forma?R: Sim, pagará Ver finalidade do prazo de apresentação:

8.2. Finalidade do prazo de apresentaçãoA -) Dar início ao prazo prescricional;B -) Art. 47, II Só é possível a execução do endossante do cheque, se o

cheque for apresentado dentro do prazo legal. Porém, o emitente do cheque poderá ser executado.

Súmula 600 do STF: “Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária”.

C -) Art. 47, p. 3º: O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponível durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável

EX: Plano color (época em que tinha ocorrido o confisco das contas correntes).

OBS: Essa regra não se aplica em caso de assalto em caixa eletrônico (STJ).

8.3. Apresentação do cheque para pagamento

P: É possível o pagamento parcial do cheque?R: Art. 38, p. único “O portador não pode recusar o pagamento parcial do

cheque”.EX: Quando o sacador não tem a totalidade na conta.OBS: Se houver o depósito de 02 cheques simultâneos Art. 40

“apresentação de dois ou mais cheques simultâneos, deve-se pagar o cheque de data de emissão mais antiga”.

Se dois ou mais cheques são apresentados simultaneamente para pagamento e não houver fundos disponíveis para pagamento de todos eles, o banco deverá pagar o cheque de emissão mais antiga.

P: E se a data de emissão for a mesma?

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R: Nesse caso, deverá ser pago o cheque de número inferior (número constante no título de crédito) – Cuidado.

Súmula 388 do STJ: “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral”.

8.4. Sustação: A sustação pode ser tanto gênero quanto espécie, ou seja, existem duas modalidades:

A -) Revogação/Contraordem (art. 35): O emitente do cheque pode dar a revogação ou contraordem, só produzindo efeito após expirado o prazo de apresentação.

Então, nesse caso, o emitente deverá entregar um novo cheque, caso ultrapassado o prazo de apresentação.

B -) Oposição/Sustação (art. 36): O portador legitimado pode pedir a sustação do cheque.

EX: Contrato de compra e venda constando que o pagamento foi por meio do cheque. Caso o cheque seja roubado, o portador poderá pedir a sustação. OBS: Mesmo durante o prazo de apresentação é possível a oposição ou sustação.

OBS: É indispensável a apresentação do boletim de ocorrência em caso de furto, roubo ou extravio.

9. Cheque administrativo e cheque visado

Cheque administrativo: É o cheque emitido pelo banco sacado para liquidação por uma de suas agências. Nele emitente e sacado são a mesma pessoa, ou seja, o próprio banco da a ordem de pagamento contra ele mesmo.

EX: Compra de um imóvel O vendedor exige um cheque administrativo para que o banco seja o responsável pelo pagamento nesse caso, será executado o banco.

P: Sacador e sacado podem ser a mesma pessoa?R: Sim, quando se tratar de cheque administrativo.P: Tem prazo de apresentação?R: Sim. Porém, independente do prazo, quem irá pagar é o banco.Cheque visado: O sacador é o correntista, só que o banco visa o cheque.O banco restringe o valor durante o prazo de apresentação, carimbando o

cheque no verso “visa”.EX: Cheque de 12.000,00. – O banco apenas restringe o valor constante na

conta para que seja realizado o pagamento daquele título, durante o prazo de apresentação.

Duplicata

1. Conceito: Duplicata é um título de crédito formal, causal, à ordem, extraído por vendedor ou prestador de serviço, que visa documentar o saque fundado sobre crédito decorrente de compra e venda mercantil ou prestação de serviços e que tem como seu pressuposto a extração da fatura.

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É uma ordem de pagamento decorrente de uma compra e venda mercantil ou de uma prestação de serviços.

OBS: Toda vez que tiver uma compra e venda ou prestação de serviço É obrigatória a emissão de fatura ou de nota fiscal fatura O crédito decorrente dessa fatura, é possível a emissão de duplicata (Não é obrigatório emitir)

1.1. Pessoas envolvidasLei 5.475/68Sacador, Sacado e Tomador.- Sacador Vendedor que da uma ordem ao comprador pagar a ele

mesmo.- Sacado Comprador- Tomador/beneficiário Vendedor

2. RequisitosA -) Denominação “duplicata”;B -) Número da fatura;C -) Data do vencimento;D -) Nome e domicílio do comprador e vendedor;E -) Importância a pagar;F -) Praça de pagamento;G -) Cláusula à ordem;H -) Aceite;I -) Assinatura do emitente.

OBS: O aceite é um requisito pois: o devedor tem que concordar com a ordem de pagamento.

3. Na duplicata o aceite é obrigatórioOBS: Hipóteses legais de recusa do aceite (quando que o sacado poderá

recusar o aceite) – São Três:1º Em caso de avaria/não recebimento da mercadoria/não prestação dos

serviços.2º Divergências quanto a prazo, preço e condições de pagamento.3º Vício/defeito de quantidade ou qualidade do produto ou serviço.

3.1. Tipos de aceite:A -) Aceite ordinário: É a assinatura concordando com a ordem de

pagamento.B -) Aceite presumido: O sacado não da o aceite escrito, porém, recebe a

mercadoria ou prestação do serviço.Então, aceitando a mercadoria ou prestação do serviço sem a devida

recusa, presume-se o aceite.EX: Duplicata virtual – Ao receber a mercadoria, presume-se o aceite.

Page 24: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

4. Processamento da duplicataQuando se emite uma duplicata, o sacador que criou a duplicata, terá 30

dias para realizar a remessa da duplicata para o sacado. Quando o sacado recebe a duplicata, terá 10 dias para realizar a devolução da duplicata.

A devolução é devolvida com o aceite ou com as razões da recusa.

5. Tipos de protesto da duplicata (art. 13)O protesto pode ser realizado por:A -) Falta de aceite;B -) Falte de devolução;C -) Falta de pagamento.

6. EndossoAs mesmas regras da letra de câmbio. (art. 25)

7. AvalAs mesmas regras da letra de câmbio (art. 25)

8. Prazo prescricional dos títulos

Devedor principal e avalista

Codevedor e avalista

Direito de regresso

Letra de Câmbio e Nota promissória

03 anos contados do vencimento

01 ano contado do protesto

06 meses – do pagamento ou de quando demandado.

Duplicata 03 anos contados do vencimento

01 ano contado do protesto

01 ano – do pagamento ou de quando demandado.

Cheque 06 meses, contados do fim do prazo de apresentação. Não é da data da emissão. (esse é o que mais cai)

06 meses do protesto ou declaração do banco sacado ou declaração da câmara de compensação.

06 meses – do pagamento ou de quando demandado.

Ver aula de 15 minutos on-line sobre protesto (colocar depois dessa aula)

02/07/12

Protesto (aula on-line) títulos de créditoO protesto dos títulos de créditos está definido na lei 9.492/97

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1. Conceito: Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida.

É um ato formal por que quem irá realizar o protesto é o tabelião de protesto e apenas nos casos previstos em lei.

2. Finalidades do protesto: Busca-se realizar:

A -) Prova: Da inadimplência ou descumprimento de obrigação constante em um título de crédito ou documento de dívida.

B -) Pressuposto processual: Quando se tratar de ação de execução contra codevedor.

EX: Endossante Para se executar um endossante é necessário realizar o protesto. Caso contrário, não será possível.

OBS: Para executar o devedor principal, não é necessário realizar o protesto.

C -) Constrangimento legal do devedor

D -) A súmula 153 do STF não é mais aplicada, pois dizia que o protesto não interrompia o prazo prescricional. Atualmente, o art. 202, III do CC determina que o protesto interrompe o prazo prescricional.

3. Classificação do protestoExiste o protesto necessário e o protesto facultativo.

- Protesto necessário: É o protesto que serve como meio de prova e como pressuposto processual.

Quando se pretender executar um endossante, por exemplo, ou para ajuizar uma ação de falência (art. 94, I, da lei 11.101/05).

- Protesto facultativo: Quando não é pressuposto processual (quando for executar um devedor principal)

EX: Quando se pretende executar o emitente de um cheque, de uma nota promissória, o sacado de uma duplicata.

4. Documentos protestáveis

- Títulos de créditoEX: Duplicata, cheque, nota promissória.

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- Documentos que comprovem uma dívida: Devendo estar revestidos de certeza, exigibilidade e liquidez.

EX: Um contrato de leasing, confissão de dívida, contrato de alienação fiduciária, sentença condenatória transitada em julgado.

P: Pode se protestar um contrato de locação?R: Antigamente era admitido. Entretanto, de acordo com o novo

posicionamento do STJ, não é admissível o protesto, pois não está revestido de certeza, liquidez e exigibilidade (Resp. 750.805/RS {2011}).

5. Competência funcionalA competência funcional está definida na lei de protesto (lei federal)

Somente o tabelião de protesto é quem pode realizar o protesto.

6. Competência territorial- Regra geral: Terá de ser realizado pelo tabelião de protesto do lugar do

pagamento do título ou documento de dívida.- Via de regra: Na omissão do local do pagamento, aplica-se a regra do

domicílio do devedor, ou seja, este será o local do tabelionato de protesto competente.

CUIDADO: Cheque: Art. 6º da lei de protesto: Será no local do pagamento ou no local do domicílio do emitente.

EX: Cheque voltou por falta de fundo O Banco é obrigado a fornecer o endereço do domicílio do emitente, pois trata-se de competência territorial.

7. Realização do protestoQuando o tabelião recebe o título, apenas irá observar as formalidades,

mas não irá observar se ele está prescrito ou se ocorreu a decadência O cartório não é juiz.

- A recepção do título é na forma do art. 9º O tabelião irá realizar a analise das formalidades do título ou do documento que comprove a dívida. Entretanto, não cabe ao tabelião investigar sobre prescrição ou caducidade do título.

- Intimação: Após o título ser recepcionado (protocolizado), o tabelião irá providenciar a intimação do devedor.

OBS: Art. 12 O protesto será registrado dentro de 03 dias úteis contados da data da protocolização. (o dia da protocolização não conta, mas apenas o dia do vencimento (TRÍDUO) No tríduo é o prazo para realizar o protesto.

O protesto ocorrerá se não houve pagamento ou medida de sustação.EX: Passou os 03 dias da protocolização e não houve o pagamento, será

realizado o protesto.Após a realização do protesto, a intimação ocorrerá em 03 dias.OBS: Se o devedor for intimado no último dia, terá mais um dia útil para

realizar o pagamento ou entrar com pedido de sustação.CUIDADO: A cautelar ou tutela antecipada judicial para pedir a sustação

deverá ocorrer antes de ser lavrado o protesto. Depois do protesto registrado, não

Page 27: Caderno - Empresarial -Títulos de Crédito

caberá mais a sustação do protesto, ou seja, somente haverá o cancelamento do protesto O juiz apenas poderá realizar o cancelamento do protesto.