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    Cadernos ENAP

    Normas de condutapara a vida pblica

    Lord Nolan

  • 2Normas de condutapara a vida pblica

    ENAPCadernos ENAP

  • 3Cadernos ENAP uma publicao daFundao Escola Nacional de Administrao Pblica

    EditoraVera Lcia Petrucci

    Coordenador EditorialFlvio Carneiro Guedes Alcoforado

    Projeto GrficoFrancisco Incio Homem de Melo

    Supervisora de Produo GrficaFtima Cristina Arajo

    RevisoMarluce Moreira Salgado

    Editorao eletrnicaMaria Marta da Rocha Vasconcelos

    Traduo:Traduzido pelo Senado Federal, por Isabel Taveira, Istvan Vajda,Patrcia Zimbres, Theresa Catarina e Vanira Taveira

    ENAP, 1997

    NOLAN, Lord.

    N787n Normas de conduta para a vida pblica. Traduo destandards in public life. London: HMSO, 1995.

    152p. (Cadernos ENAP, n. 12) ISSN: 0104-7078

    1. tica Administrao Pblica 2. Vida pblica - normas deconduta. I. Ttulo II. Srie.

    CDD 172.2

    Tiragem: 1.500 exemplares

    Braslia, 1997

    Fundao Escola Nacional de Administrao Pblica ENAPSAIS rea 2-A70610-900 Braslia, DFTelefone: (061) 245 6189Fax: (061) 245 2894

  • 4Cadernos

    Normas de condutapara a vida pblica

    ENAP

    Primeiro relatrio da comissosobre normas de conduta paraa vida pblica da cmara doscomuns do Reino Unido

    Lord Nolan Presidente da Comisso

    Relatrio apresentado ao Parlamento pelo Primeiro-Ministropor Ordem de Sua Majestade, Maio de 1995.Londres: HMSOCm 2850-I

  • 5Termos de referncia

    O Primeiro-Ministro anunciou a criao de uma Comisso sobre Normas deConduta para a Vida Pblica (A Comisso Nolan) na Cmara dos Comuns na tera-feira, 25 de outubro de 1994, com os seguintes termos de referncia:

    Para examinar as preocupaes atuais a respeito dos padres de conduta detodos os ocupantes de cargos pblicos, inclusive procedimentos relacionados comatividades financeiras e comerciais, e para fazer recomendaes com respeito aquaisquer mudanas nos atuais procedimentos que podem ser necessrias paragarantir altos padres de decncia na vida pblica.

    Para isso, a vida pblica dever incluir ministros, servidores pblicos1 e consulto-res, Membros do Parlamento e Membros Britnicos do Parlamento Europeu, mem-bros e servidores graduados de todos os rgos pblicos no vinculados a ministrioe dos rgos do servio nacional de sade, ocupantes de cargos no-ministeriais,membros e outros servidores graduados de outras entidades que executam funescusteadas com dinheiro pblico, e membros eleitos e servidores graduados dospoderes pblicos locais. (Hansard, 25 de outubro de 1994, col. 758)

    O Primeiro-Ministro deixou claro que o mandato da Comisso no se aplica investigao de acusaes de m conduta contra indivduos. A Comisso sobre Pa-dres na Vida Pblica foi criada como uma entidade permanente, com os seus mem-bros nomeados por trs anos.

    Membros da Comisso

    O Rt. Hon. The Lord Nolan Lord of Appeal in Ordinary (Presidente)Sir Clifford Boulton GCB The Rt. Hon.Sir Martin Jacomb The Lord Thomson of Monifieth KT DLProfessor Anthony King Sir William Utting CBThe Rt. Hon. Tom King CH MP Dame Anne Warburton DCVO CMGThe Rt. Hon. Peter Shore MP Diana Warwick

    A Comisso assistida por uma pequena secretaria:Alan Riddell (Secretrio), Martin Le Jeune (Secretrio Assistente), David

    Jeffrey (Secretrio Assistente), Andrew Brewster, Vance Duhaney, Steve Pares, GertrudeBwona, Sue Carr, Jane Mitchell (at 7 de abril), Julie Botley (a partir de 10 de abril),Lucy King (durante audincias orais), Peter Rose (Secretrio de Imprensa).

    Despesas

    As despesas brutas estimadas da Comisso at o final de abril de 1995 sode 317.200. Isso inclui as despesas com pessoal, os custos de impresso e distribui-o (no incio de dezembro de 1994) de 5.000 cpias de um documento explicitandoas principais questes das quais a Comisso iria tratar no seu primeiro relatrio e oscustos com audincias pblicas que foram realizadas no Central Hall Westminster de17 de janeiro de 1995 at 23 de fevereiro de 1995.

  • 6 Sumrio

    Apresentao ....................................................................................... 7

    Carta de Lord Nolan ao Primeiro-Ministro......................................... 9

    Resumo ................................................................................................. 11

    Lista de recomendaes........................................................................ 17

    Captulo 1: Introduo......................................................................... 27

    Captulo 2: Membros do Parlamento................................................... 33

    Captulo 3: O Poder Executivo: ministros e servidores pblicos ......................................................... 67

    Captulo 4: Quangos rgos Pblicos........................................ 91

    Apndice 1Casos de m-conduta ocorridos no Sculo XX eopinio pblica atual .......................................................................... 139

    Apndice 2Glossrio de siglas usadas neste relatrio ....................................... 147

    Notas.................................................................................................. 149

  • 7Apresentao

    O presente texto foi inicialmente publicado na Gr-Bretanha emmaio de 1995. Trata-se de um documento conhecido como RelatrioNolan, de elevada importncia para a discusso dos padres de comporta-mento tico dos servidores pblicos, dos polticos, tanto dos parlamenta-res como dos altos dirigentes de governo. Boa parte de suas recomenda-es foram adotadas e implementadas no Reino Unido e esto sendo ana-lisadas e estudadas por universidades em todo o mundo.

    Este assunto vem sendo discutido pelo Ministrio da AdministraoFederal e Reforma do Estado MARE que, em conjunto com o Conselho daReforma do Estado realizou, em dezembro de 1997, o seminrio internacio-nal Encontro para a promoo da tica no servio pblico.

    O Relatrio Nolan aborda temas como responsabilidade tica, impar-cialidade e corrupo dos funcionrios pblicos. Ainda que voltada para a reali-dade do Reino Unido, a anlise que realiza sobre estes temas permite avaliarrecomendaes e sugestes que, aplicveis ou no, revelam a preocupao emencontrar caminhos para solucionar os problemas existentes.

    Os sete princpios da vida pblica, recomendados pelo Relatrio Nolan,so: interesse pblico, integridade, objetividade, accountability, transparn-cia, honestidade e liderana. Sobre cada um deles so inmeras as refernciase situaes que o texto apresenta, tanto em relao a polticos como a servido-res pblicos.

    O relatrio, que tem o ttulo original Standards in Public Life, estestruturado em quatro captulos. O texto comea com um resumo e uma listade recomendaes. No primeiro captulo introduz o tema; no segundo, tratados parlamentares; no terceiro, dos ministros e servidores. Dedica o quartocaptulo aos quangos(rgos pblicos no-estatais).

    Considerando a importncia e o interesse do tema para a administra-o pblica e para os estudiosos do assunto, a ENAP Escola Nacionalde Administrao Pblica apresenta a publicao do Relatrio Nolan na nte-gra. Agradecemos ao senador Lcio Alcntara, que gentilmente nos cedeu otexto j traduzido pelo Senado Federal.

    Braslia, dezembro de 1997

  • 8De: Honorvel Lord NolanMaio de 1995

    Prezado Primeiro-Ministro,

    Envio, anexo, o primeiro Relatrio da Comisso sobre as Normas deConduta na Vida Pblica, o qual foi aprovado por unanimidade. Meus colegase eu o recomendamos a V. Exa. e ao Parlamento.

    Quando V. Exa. criou a comisso, V. Exa. pediu-nos para preparar umrelatrio em seis meses. No pudemos cobrir toda a rea da vida pblica dentrodeste prazo, e por isso decidimos nos concentrar em trs dos assuntos que apa-rentemente causam maior preocupao por parte do pblico, a saber, as ques-tes relacionadas com membros do Parlamento, ministros e servidores pbli-cos, os Quangos Executivos e os rgos do Servio Nacional de Sade.

    A resposta do pblico nossa escolha de assuntos mostrou que amesma foi acertada. Ns recebemos cerca de 2.000 cartas e comunicaespor escrito, alm dos depoimentos dados a ns por mais de 100 testemunhasdurante as seis semanas de audincias pblicas. Aqueles que nos auxiliaramcom suas sugestes e depoimentos vo desde centenas de pessoas comunsat uma ampla seleo de especialistas, inclusive algumas das pessoas demaior prestgio da nossa esfera pblica.

    Elas deixaram claro que a ansiedade por parte do pblico, que levouV. Exa. a criar a Comisso, era compartilhada por muitos e de forma profun-da. Mas o que descobrimos, era que tais sentimentos eram acompanhados deuma forte determinao de remediar a situao.

    No temos dvidas que isso pode ser feito, se aes firmes foremdesencadeadas agora. Existe a vontade e existem os recursos. No h falta dehomens e mulheres neste pas com as qualidades de integridade e de altrus-mo sobre os quais se baseia a nossa tradio de servio pblico. Mas as mu-danas, que ocorreram ao longo dos anos nos papis e ambiente de trabalhodos polticos e de outros servidores pblicos, criaram confuso sobre o que e o que no um comportamento aceitvel. Isso foi acompanhado de vriosincidentes bem documentados pela imprensa, indicando um certo descuido naobservao e aplicao dos altos padres pelos interessados. Isso ajudou agerar uma suspeita generalizada de que ocorrem muito mais casos de condutaimprpria do que foi revelado ao pblico. Se no forem tomadas medidas

  • 9corretivas imediatamente, h o perigo dessa ansiedade e suspeita dar lugar desiluso e crescente cinismo.

    Por isso, nossas recomendaes so no sentido de manter, e, onde ne-cessrio, restaurar os padres de conduta na vida pblica que o pblico tem odireito de esperar, bem como de promover uma poltica de transparncia, quepermitir ao pblico verificar que as suas expectativas esto sendo atendidas.

    H muito por fazer. Tal era a qualidade e a quantidade dos depoimen-tos que recebemos, que mesmo dentro dos limites dos trs assuntos com osquais trata esse relatrio, ns nos vimos obrigados a limitar-nos s questesprincipais e deixarmos de lado muitas outras questes interessantes que fo-ram levantadas. E, naturalmente, temos ainda de tratar os outros assuntosdentro de nossos termos de referncia. Iniciaremos o trabalho o mais cedopossvel com respeito ao resto da tarefa que V. Exa. nos confiou.

    Alm disso, iremos, naturalmente, manter os resultados de nossasrecomendaes nesse relatrio sob reviso constante, e voltaremos a elas medida em que e quando houver necessidade.

    Esperamos que essas recomendaes forneam uma base slida so-bre a qual ns e aqueles a quem nos dirigimos possam construir.

    Respeitosamente,

    Nolan

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    Resumo

    1. Por solicitao do Primeiro-Ministro, esta Comisso levou seismeses examinando as normas de conduta na vida pblica no Reino Unido.Concentramo-nos nos membros do Parlamento, nos ministros e servido-res pblicos, nos Quangos executivos e nos rgos do Servio Nacio-nal de Sade.2. No podemos afirmar com certeza que os padres de comportamen-to na vida pblica pioraram. Podemos dizer que atualmente a conduta na vidapblica examinada com maior rigor do que no passado, que os padres deexigncia do pblico continuam altos, e que a ampla maioria das pessoas navida pblica atende a esses altos padres. H, entretanto, pontos fracos nosprocedimentos para manter e aplicar tais padres. Como conseqncia, aspessoas na vida pblica no so sempre to claras como deveriam ser sobreonde se localizam os limites da conduta aceitvel. Consideramos isto como aprincipal causa para a inquietao por parte do pblico. So necessrias aescorretivas urgentes.3. As nossas concluses encontram-se resumidas abaixo. Elas so se-guidas por uma lista completa de recomendaes, juntamente com uma indi-cao do cronograma em que cada uma deveria ser implementada.

    Recomendaes gerais

    4. Algumas de nossas concluses tm aplicao geral por todo o serviopblico:

    Princpios da vida pblica

    5. Os princpios gerais de conduta que sustentam a vida pblica precisamser reafirmados. Ns fizemos isso. Os sete princpios: interesse pblico, inte-gridade, objetividade, accountability, transparncia, honestidade e lideranaesto detalhados por completo na pgina 25.

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    Cdigos de conduta

    6. Todas as entidade pblicas devem elaborar cdigos de conduta,incorporando esses princpios.

    Fiscalizao independente

    7. Os sistemas internos de manuteno dos padres devem ser subsidiadospor fiscalizao independente.

    Educao

    8. preciso fazer mais para promover e reforar os padres de condutanas entidades pblicas, especialmente mediante orientao e treinamento,inclusive treinamento inicial aos parlamentares recm-eleitos.

    Membros do Parlamento

    9. A queda da confiana por parte do pblico na probidade financeirados membros do Parlamento coincidiu com um aumento no nmero demembros do Parlamento, que atuam como consultores remunerados emreas-fim a sua atividade parlamentar. Cerca de 30% dos membros do Par-lamento, que no possuem cargos especficos, exercem atualmente tais ati-vidades de consultoria.10. A Cmara dos Comuns seria menos eficiente se os membros do Par-lamento fossem polticos profissionais de tempo integral, portanto, estesno devem ser proibidos de ter outros empregos.11. A autoridade do Parlamento fica prejudicada se os membros do Par-lamento venderem seus servios a empresas que fazem lobby em nome declientes. Isso deve ser proibido.12. Outras consultorias por parte de membros do Parlamento e o fato dealguns membros atuarem em mais de uma consultoria tambm preocupa. impossvel assegurar-se que os membros do Parlamento com tais consulto-rias nunca permitem que seus interesses financeiros afetem suas aes noParlamento; entretanto, isso seria claramente irregular.13. A orientao com respeito ao Registro de Interesses dos Membrosdo Parlamento produziu alguma confuso entre estes com respeito a quaiscondutas so aceitveis. Deve ser reafirmada a lei h muito estabelecida aesse respeito no Parlamento.

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    14. Deve ser imediatamente adotada a completa divulgao dos acordos epagamentos referentes a consultorias, bem como acordos de patrocnio e depagamentos por parte de sindicatos. Durante o prximo ano, o Parlamentodever analisar as vantagens de permitir que os membros do Parlamento pres-tem servios de consultoria, levando em conta as implicaes mais amplas daimposio de maiores restries.15. O registro de Interesses deve conter mais informaes. As normassobre declarao de interesses e sobre a preveno de conflito de interessesdevem ser explicitadas em mais detalhes. Um Cdigo de Conduta dos mem-bros do Parlamento deve ser elaborado. Ns apresentamos uma verso preli-minar. O Cdigo dever ser reafirmado no incio de cada legislatura. Um vo-lume maior de orientao, incluindo sesses de treinamento para os recm-chegados, deve ser colocado disposio dos membros do Parlamento.16. O pblico precisa saber que as regras de conduta que regem os inte-resses financeiros dos membros do Parlamento esto sendo aplicadas demaneira firme e justa. Houve pedidos para que essas regras fossem converti-das em leis cuja violao pudesse ser levada justia. Acreditamos que a C-mara dos Comuns dever continuar a ser responsvel pela aplicao de suasprprias regras, mas que so necessrias regras melhores.17. Por analogia com o Controlador e Auditor Geral,2 a Cmara deverianomear um Comissrio Parlamentar de Padres, uma pessoa independente,que assumir a responsabilidade de manter o Registro de Interesses dosMembros do Parlamento, de aconselhar e orient-los em questes de condu-ta, de aconselhar a respeito do Cdigo de Conduta, e de investigar as acusa-es de conduta inapropriada. As concluses do Comissrio sobre tais assun-tos seriam publicadas.18. Quando o Comissrio recomendar aes adicionais, dever haveruma audincia, normalmente pblica, da Comisso de Privilgios, compostade sete membros do Parlamento seniores, capaz de recomendar penalidadesquando adequadas. Os membros do Parlamento que esto sendo ouvidos de-vero ter o direito de se fazer acompanhar por assessores.

    Ministros e servidores pblicos

    19. Espera-se, com razo, que ministros e servidores pblicos tenhampadres de conduta os mais elevados. Embora haja inquietao por parte dopblico, isto diz respeito a uma gama bastante estreita de questes.20. Foi anunciado um cdigo de conduta para servidores pblicos civis.A orientao existente para ministros slida, mas precisa ser unificada numconjunto claro de princpios.

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    21. O interesse do pblico exige que acusaes de conduta inapropriadapor parte de ministros sejam imediatamente investigadas. Normalmente, isto um assunto para o Primeiro-Ministro. Quem dever realizar as investiga-es e se o relatrio dever ser divulgado so decises que variaro de casoa caso, mas em tais casos, os servidores pblicos no devero ser includosnos debates partidrios, e sua orientao dever ser mantida confidencial.22. Tem havido muita preocupao com ministros que, ao deixarem o car-go, assumem funes em empresas com as quais tinham relaes oficiais. Du-rante um prazo de dois anos, aps deixarem o cargo, os servidores pblicosgraduados devem solicitar permisso de uma comisso consultiva independen-te antes de assumirem cargos na iniciativa privada. A mesma necessidade deproteo do interesse pblico surge em relao a ministros e assessores espe-ciais, que devem ser sujeitos a um sistema semelhante de autorizao.23. O sistema dever ser mais aberto fiscalizao por parte do pblicodo que hoje, tanto para ministros como para servidores pblicos.24. H acompanhamento insuficiente da eficcia de procedimentos se-melhantes aplicados a servidores civis de escales inferiores, e isto deverser analisado.25. Aconteceram mudanas muito amplas na administrao e na estruturado servio pblico. O maior volume de delegao e de diversidade significaque so necessrias aes mais positivas para reduzir o risco de incorreo.Em especial, deve ser evitada a interferncia poltica na remunerao e naascenso funcional de indivduos.26. Embora o novo sistema de recurso individual para servidores pbli-cos seja bem-vindo, so necessrios melhores procedimentos dentro dos mi-nistrios para a investigao confidencial a respeito das preocupaes porparte dos seus servidores sobre padres de conduta.27. preciso fazer mais para garantir que todos os servidores pblicosestejam conscientes dos padres de conduta exigidos no setor pblico.28. As normas de aceitao de presentes e de hospitalidade, tanto porparte de ministros como de servidores pblicos, so suficientemente rigoro-sas e no precisam ser alteradas.

    Quangos (NDPBs Executivos e rgos do NHS)

    29. Os rgos Pblicos Executivos no vinculados a Ministrios(NDPBs) e os rgos do Servio Nacional de Sade (NHS) so entidades p-blicas com poderes executivos cujos conselhos de administrao so nomea-dos por ministros. Seus conselhos de administrao tm quase 9 mil mem-bros e gastam cerca de 40 bilhes de libras por ano.

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    30. Existe muita preocupao por parte do pblico acerca das nomeaespara os conselhos de administrao dos Quangos e uma crena difundida de quetais nomeaes nem sempre so feitas com base no mrito. O governo assumiupublicamente o compromisso de fazer todas as nomeaes com base no mrito.31. Embora os cargos individuais devam sempre ser preenchidos combase unicamente no mrito, importante que a composio global dosconselhos represente uma mistura adequada de habilidades e de experinciaspassadas importantes. Essa abrangncia poderia ser clara e publicamenteespecificada na descrio dos cargos.32. Os ministros devem continuar a nomear os membros dos conselhos,mas dever ser nomeado um Comissrio de Nomeaes Pblicas indepen-dente para regular, acompanhar e informar sobre o processo de nomeaespara cargos pblicos.33. O governo j est tomando medidas no sentido de otimizar o pro-cesso de nomeaes e de atrair o maior nmero possvel de candidatos.No futuro, o comissrio dever recomendar qual o melhor processo e osministrios devero justificar quaisquer desvios do mesmo.34. fundamental a avaliao formal e imparcial dos candidatos. Asjuntas consultivas que esto sendo introduzidas no Servio Nacional deSade devem tornar-se universais e devem incluir um elemento indepen-dente. Todos os candidatos, que os ministros estiverem considerando paraquaisquer cargos, devero ter sido aprovados por uma junta consultivaadequada.35. Aps os recentes escndalos, muito tem sido feito para melhorar epadronizar procedimentos para garantir altos padres de conduta nos NDPBs.Esse processo precisa continuar. Todos os NDPBs e rgos do Servio Na-cional de Sade devero ter cdigos de conduta para conselheiros e servidores,compatveis com os princpios que se aplicam a todas as entidades pblicas.36. Continuam existindo diferenas no arcabouo legal que rege os pa-dres de conduta dos NDPBs, rgos do Servio Nacional de Sade e dasautoridades locais. O governo precisa analisar essa rea e verificar a possibi-lidade de obteno de uma maior consistncia.37. So necessrias providncias adicionais para salvaguardar o com-portamento tico, tanto interna como externamente. Internamente, precisorealar as responsabilidades do Contador com respeito tica, bem comoaos assuntos financeiros, e so precisos melhores canais confidenciais parainvestigar as preocupaes dos administradores pblicos com respeito aocomportamento tico.38. Externamente, deve ser ampliado o papel dos auditores em assuntosrelativos a comportamento tico. Os procedimentos de auditoria devem seranalisados para garantir que os procedimentos timos sejam aplicados atodas as entidades.

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    Lista de recomendaes

    Discriminamos abaixo nossas recomendaes especficas sob cadaum dos principais ttulos de nosso relatrio (seguido, em parnteses, pelonmero do pargrafo dentro do captulo).

    Acreditamos que ajudaria a todos aqueles aos quais esse relatrioest sendo dirigido, se fornecssemos uma indicao geral dos prazos emque julgamos que as recomendaes poderiam ser implementadas. Por isso,classificamos nossas recomendaes em uma das trs categorias gerais:

    A) aquelas recomendaes que acreditamos possam ser implemen-tadas dentro de um prazo curtssimo;

    B) aquelas recomendaes que, na nossa opinio, poderiam ser imple-mentadas ou a respeito das quais esperamos avanos considerveis na dire-o da implementao at o final deste ano;

    C) recomendaes que, reconhecemos, precisaro de mais tempo paraserem implementadas, mas cujos avanos na direo da implementao gostara-mos de reexaminar na segunda metade do prximo ano.

    Membros do Parlamento

    1. Os membros do Parlamento deveriam permanecer livres para ocuparempregos remunerados, no-relacionados com sua atividade parlamentar.( 2.21)A2. A Cmara dos Comuns deveria reafirmar a resoluo de 1947, queprobe terminantemente que os membros do Parlamento firmem contratos ouacordos, que de alguma forma restrinjam sua liberdade de agir e manifestar-se como lhes parecer apropriado, ou que exijam que atuem no Parlamentocomo representantes de rgos externos. ( 2.59)A3. A Cmara deveria proibir os membros do Parlamento de celebrarquaisquer acordos relacionados com suas funes parlamentares, com o fimde prestar servios para, ou em nome de, organizaes que forneam servi-os parlamentares remunerados a mltiplos clientes, ou de manter quaisquer

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    ligaes diretas ou ativas com empresas, ou partes de empresas maiores, queprestem tais servios parlamentares. ( 2.59)B4. A Cmara deveria examinar, sem demora, de forma mais ampla, omrito das consultorias parlamentares de maneira geral, levando em conta asimplicaes financeiras e de financiamento de campanhas que as mudanaspodero acarretar. ( 2.59)A5. A Cmara deveria:

    exigir a declarao dos acordos e remunerao relativos aos ser-vios parlamentares;

    ampliar a orientao sobre a preveno de conflitos de interesse; adotar um novo Cdigo de Conduta para os membros do Parlamento; nomear um Comissrio Parlamentar de Padres; estabelecer novos procedimentos para investigar e julgar queixas

    dessa natureza sobre membros do Parlamento; ( 2.59)B6. Com respeito declarao de interesses, recomendamos:

    que o Registro deveria continuar aproximadamente na sua formaatual, e deveria ser publicado anualmente. Entretanto, o detalhamento dasinformaes exigidas deve ser aperfeioado para apresentar uma descriomais clara da natureza e da abrangncia dos interesses declarados;

    que a atualizao do Registro deve ser imediata. Dever ser amplia-da a disponibilidade da presente verso atualizada atravs de meio eletrnico;

    que a partir do incio da sesso de 1995/1996 (previsto para no-vembro) dever ser exigido que os membros do Parlamento entreguem aoRegistro a ntegra de quaisquer contratos relativos prestao de servios nasua condio de membros do Parlamento, e tais contratos devero estar dis-ponveis para exame por parte do pblico;

    que a partir da mesma data, dever ser exigido que os membros doParlamento declarem ao Registro a sua remunerao anual, ou uma estimativade sua remunerao anual, relativa a tais acordos. Ser aceitvel que isso sejafeito em faixas: por exemplo, 1.000; 1.000 - 5.000; 5.000 - 10.000;e, aps isso, em incrementos de 5.000. Tambm dever ser feita uma esti-mativa do valor monetrio dos benefcios na forma de bens e servios, inclu-sive servios de apoio;

    que os membros do Parlamento devero ser lembrados mais fre-qentemente de suas obrigaes de registrar e declarar seus interesses, e deque a apresentao das informaes ao Registro no elimina a necessidadede declarao, e dever ser fornecida melhor orientao, especialmente aosrecm-chegados Cmara. ( 2.70)B7. Os membros do Parlamento devero ser orientados, no seu prpriointeresse, a que todos os acordos de trabalho que no precisem ser registradosdevero conter clusulas, ou serem subsidiados por troca de correspondncia

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    que torne claro que os mesmos no tratam de atividades parlamentares de qual-quer tipo. ( 2.71 )B8. As normas e orientaes sobre a preveno de conflitos de interessedevem ser ampliadas, conforme nossas sugestes, para cobrir toda a gama detrabalhos relativos ao Parlamento, com especial ateno s Comisses Per-manentes. ( 2.85)B9. A Cmara dever elaborar um Cdigo de Conduta estabelecendo osprincpios gerais que devem nortear a conduta dos membros do Parlamento,que dever ser reiterado a cada nova legislatura. ( 2.89)B10. O governo deveria tomar medidas agora para tornar mais clara a leirelativa prtica ativa ou passiva de suborno por parte de membro do Parla-mento. ( 2.104)C11. Quanto aos procedimentos formais, recomendamos:

    a Cmara deve nomear uma pessoa independente, que dever terum certo grau de estabilidade e no ser servidor de carreira da Cmara dosComuns, como Comissrio Parlamentar de Padres;

    o Comissrio dever ter a mesma liberdade para divulgar sindicn-cias e concluses da qual gozam o Controlador e Auditor Geral e a ComissoParlamentar de Administrao;

    o Comissrio deve ter autonomia para decidir se uma queixa me-rece ou no uma investigao, ou para iniciar uma investigao;

    o Comissrio dever ter competncia para convocar pessoas, ob-ter documentos e registros, e, portanto, necessitar do apoio, com respeitoaos poderes necessrios, da autoridade de uma Comisso Especial;

    que consideramos que uma subcomisso da Comisso de Privil-gios, composta de at sete membros do Parlamento de grande prestgio, seriao melhor rgo para levar adiante os casos individuais recomendados peloComissrio; recomendamos que tal subcomisso seja criada;

    levando em conta que haveria um caso prima facie para ser in-vestigado, recomendamos que as audincias da subcomisso proposta sejamnormalmente pblicas. Tambm recomendamos que a subcomisso seja ca-paz de solicitar o concurso de consultores especialistas e que o Parlamen-tar, que assim o desejar, possa ser acompanhado perante a subcomisso porconsultores;

    a subcomisso dever ter o poder discricionrio de autorizar queum consultor represente o membro do Parlamento nas audincias;

    como a subcomisso est subordinada Comisso de Privilgios,isso teria o efeito prtico de conceder ao membro do Parlamento o direitode apelar perante a Comisso. Somente os casos mais srios precisaro serdeliberados pelo Plenrio da Cmara. ( 2.104)B

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    O Poder Executivo: ministros eservidores pblicos

    12. O primeiro pargrafo das Questes de Procedimento Formal paraMinistros (QPM) deve ser emendado para ter a seguinte redao: Ficar acritrio de cada ministro individualmente o julgamento de como melhor agirpara manter os altos padres. Caber ao Primeiro-Ministro determinar se osMinistros agiram dessa forma ou no em qualquer circunstncia especfica.( 3.13)A13. O Primeiro-Ministro dever desencadear a produo de um docu-mento, retirando do QPM as normas e os princpios ticos nele contidos,para formar um cdigo de conduta independente ou uma seo separada den-tro de um novo QPM. Se tais diretrizes permanecerem dentro do QPM, reco-mendamos que o QPM passe a ser chamado de Conduta e ProcedimentosFormais para Ministros para indicar a sua abrangncia. ( 3.15)A/B14. Cuidados devem ser tomados para garantir que sejam utilizados osmeios mais adequados na investigao de casos de suposta conduta imprpriarelativos a ministros. Salvo em circunstncias excepcionais, deve ser aplica-da a esses casos a regra geral de que os pareceres de servidores pblicos en-dereados a ministros no devem ser divulgados. ( 3.22)A15. Dever aplicar-se aos ministros um sistema semelhante s normasvigentes no Servio Pblico sobre o exerccio de cargos no setor privado.Esse sistema dever ser de natureza consultiva, e dever ser administrado pe-la Comisso Consultiva sobre Exerccio de Cargos no Setor Privado por par-te de Pessoas Oriundas do Servio Pblico; ( 3.31)A16. Paralelamente aos procedimentos do servio pblico para secret-rios permanentes,3 deve ser aplicado um perodo automtico de carncia paraex-ministros de Gabinete,4 mas no para outros Ministros ou Whips.5 Em ca-sos onde for recomendado um perodo adicional de carncia, o perodo m-ximo de carncia deve ser fixado em dois anos, contados a partir da data dedesligamento do cargo. ( 3.33)A17. A comisso consultiva deve ser capaz de orientar o requerente, sejaum servidor pblico ou ex-ministro, no sentido de que ela considere que orequerimento no tem fundamento e torne pblico esse parecer, caso no se-ja observado. ( 3.34)A18. Ex-ministros, tendo recebido parecer da comisso consultiva, devemter o direito de apelar ao ento Primeiro-Ministro, que ter poderes para re-duzir qualquer perodo de carncia ou relaxar quaisquer condies se a apela-o for adequadamente embasada. ( 3.36)A19. O sistema dever ser o mais aberto possvel, protegendo, ao mesmotempo, a privacidade dos ministros. ( 3.38)A

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    20. O governo dever acompanhar a carga de trabalho da comisso con-sultiva sob as novas normas e tomar providncias de contingncia para o au-mento dos seus quadros para tratar das conseqncias de qualquer mudanana administrao. ( 3.39)B21. Os ministrios, alm de manterem um registro dos presentes recebi-dos, devero manter registros de hospitalidade aceitos por ministros em mis-so oficial e devem dar acesso a tais registros quando solicitados. ( 3.41)A22. As novas providncias para a remunerao dos altos escales do ser-vio pblico de acordo com o desempenho devem ser estruturadas de forma ano prejudicar a imparcialidade poltica. ( 3.48)A23. A verso preliminar do cdigo do servio pblico dever ser revisadapara cobrir situaes nas quais o servidor pblico, embora no esteja pesso-almente envolvido, tenha conhecimento de delito ou de m administrao queesteja ocorrendo. ( 3.51)A24. O funcionamento do sistema de recursos nos termos do Cdigo deveser divulgado da forma mais aberta possvel, e os comissrios devem relatarao Parlamento os casos de recursos bem-sucedidos. ( 3.52)B25. Os ministrios e as agncias devem indicar um ou mais servidoresgraduados, para a tarefa de investigar acusaes feitas de maneira confiden-cial por funcionrios. (3.53)A26. O novo cdigo do servio pblico deve entrar em vigor imediatamen-te, com efeitos imediatos, sem esperar ser transformado em lei. ( 3.55)A27. O Cabinet Office6 dever continuar a pesquisar e disseminar prticastimas sobre a manuteno de padres de conduta para garantir que os princ-pios bsicos de conduta estejam sendo adequadamente observados. ( 3.59)A28. Devero ser realizados levantamentos de rotina nos ministrios e nosrgos a respeito do conhecimento e compreenso por parte dos servidoresdos padres ticos que lhes dizem respeito; se tais levantamentos indicaremreas com problemas, a orientao dever ser adequadamente reforada edisseminada, especialmente na forma de treinamento adicional. (3.61)A29. Quando um servidor pblico assumir um cargo no setor privado, aComisso Consultiva sobre o exerccio de Cargos no Setor Privado por partede Pessoas Oriundas do Servio Pblico dever expor suas razes para suadeciso naquele caso especfico. ( 3.66)A30. O funcionamento, a observncia e os objetivos das normas do servi-o pblico para o exerccio de cargos no setor privado por parte de pessoasoriundas do servio pblico devem ser revistos. ( 3.68)B31. Os assessores especiais devem estar sujeitos s normas do serviopblico para o exerccio de cargos no setor privado por parte de pessoasoriundas do servio pblico. ( 3.70)A32. Cada ministrio ou rgo dever manter um registro central ou lo-cal de convites e ofertas aceitas de hospitalidade. Devero haver normas

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    claras especificando as circunstncias em que um servidor dever solicitaraconselhamento superior sobre a adequao de aceitar tais convites e ofer-tas. ( 3.72)A

    Quangos(rgos pblicos executivos no vinculados aministrios e rgos do Servio Nacional de Sade)

    Nomeaes

    33. A responsabilidade final pelas nomeaes dever permanecer com osministros. ( 4.29)A34. Todas as nomeaes no servio pblico devem ter como critrio oprincpio maior da nomeao por mrito. ( 4.35)A35. A seleo por mrito dever levar em conta a necessidade de senomear conselhos que incluam um equilbrio de capacidades e de expe-rincias. Devem ser explcitos os critrios de nomeao dos membros,bem como a maneira como se espera que eles se desincumbam de suasatribuies. Deve ser claramente especificada a gama de capacidades e aexperincia desejada. ( 4.46)A36. Todas as nomeaes para cargos executivos dos NDPBs ou rgos doServio Nacional de Sade devero ser feitas aps parecer da junta ou comis-so que inclua um elemento independente. ( 4.48)C37. Cada junta ou comisso dever ter pelo menos um membro indepen-dente, e os membros independentes devero normalmente perfazer pelo me-nos um tero dos membros. ( 4.49)C38. Um novo Comissrio de Nomeaes Pblicas independente dever sernomeado, podendo ser um dos Comissrios do Servio Pblico. ( 4.53)B39. O Comissrio de Nomeaes Pblicas dever acompanhar, regula-mentar e aprovar os procedimentos de nomeao dos ministrios. ( 4.55)C40. O Comissrio de Nomeaes Pblicas dever publicar um relatrioanual sobre a operao do sistema de nomeaes pblicas. ( 4.56)C41. A Unidade de Nomeaes Pblicas deve ser retirada do Cabinet Officee colocada sob o controle do Comissrio de Nomeaes Pblicas. ( 4.57)B42. Todos os ministros de Estado devero apresentar relatrios anuaissobre as nomeaes pblicas feitas por seus ministrios. ( 4.62)B

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    43. Os candidatos a nomeao devero ser obrigados a declarar qualqueratividade poltica importante (inclusive cargos, declaraes pblicas e candi-datura a cargos eletivos) exercida nos ltimos cinco anos. ( 4.68)B44. O Comissrio de Nomeaes Pblicas dever elaborar um cdigo deprticas para os procedimentos de nomeaes pblicas. As razes para des-vios do cdigo com base na proporcionalidade devem ser documentadas epassveis de anlise. ( 4.72)C

    Conduta

    45. O governo dever realizar uma reviso, com o objetivo de produzirum arcabouo legal mais consistente sobre conduta correta e cobrana deresponsabilidade nas entidades pblicas, incluindo os NDPBs executivos, osrgos do Servio Nacional de Sade e os governos locais. Isto dever envol-ver todos os ministrios importantes e ser coordenado pelo Cabinet Office epelo Tesouro. ( 4.81)C46. A adoo de um cdigo de conduta para membros do conselho deveser obrigatria para cada NDPB executivo e rgo do Servio Nacional deSade. ( 4.91)B47. O conselho de cada NDPB executivo e cada rgo do Servio Nacio-nal de Sade dever ser obrigado a adotar um cdigo de conduta para seusfuncionrios. ( 4.91)B48. Os membros do conselho e os servidores de todos os NDPBs executi-vos e dos rgos do Servio Nacional de Sade devem ser obrigados, por ocasioda nomeao, a assumir o compromisso de defender e observar o cdigo emquesto, e tal compromisso dever ser condio para a nomeao. ( 4.95)B49. Os ministrios patrocinadores devero desenvolver procedimentosdisciplinares claros para os membros dos NDPBs executivos e dos rgos doServio Nacional de Sade, com sanes adequadas para a falta de observn-cia dos cdigos de conduta. ( 4.96)C50. As atribuies dos contadores dos NDPBs executivos e do ServioNacional de Sade devem ser redefinidas para enfatizar a sua responsabilida-de formal por todos os aspectos relativos correo de conduta. (4.102)B51. A Comisso de Auditoria deve ser autorizada a publicar, a seu crit-rio, relatrios de interesse pblico sobre os rgos do Servio Nacional deSade. ( 4.105)B52. O Tesouro dever revisar as providncias para a auditoria externa dasentidades pblicas, com o objetivo de aplicar a todos o procedimento timo.( 4.109)C53. Cada NDPB executivo e rgo do Servio Nacional de Sade dever,caso ainda no tenha feito, indicar um servidor ou membro do Conselho com

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    a atribuio de investigar preocupaes apresentadas de maneira confidencialpor parte de servidores, mencionadas confidencialmente, sobre correo deconduta. Os servidores podero apresentar queixas sem ter de passar pelaestrutura administrativa normal, e devem ter garantido o anonimato. Se conti-nuarem insatisfeitos, os servidores tambm devero ter um caminho claropara levantar preocupaes sobre questes de correo com o ministriopatrocinador. ( 4.116)B54. Os NDPBs executivos, apoiados pelos seus ministrios patrocinado-res, devero:

    desenvolver os seus prprios cdigos de transparncia, baseadosno cdigo do governo e desenvolver procedimentos adequados com respeitos recomendaes deste relatrio;

    garantir que o pblico tenha conhecimento das disposies deseus cdigos;

    Os ministrios patrocinadores devero: incentivar as entidades executivas a seguir, os melhores procedi-

    mentos e aumentar a consistncia entre entidades similares, trabalhando nosentido de uniformizar os padres de todos eles no nvel mais elevado;

    O Cabinet Office dever:

    produzir e revisar periodicamente diretrizes sobre boas prticasde transparncia para os NDPBs executivos e os rgos do Servio Nacionalde Sade. ( 4.123)B55. Os novos membros dos conselhos devero, por ocasio da nomeao,assumir o compromisso de realizar um treinamento inicial que inclua cons-cientizao sobre os valores do setor pblico, e padres de probidade e deresponsabilidade. ( 4.125)B

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    Os Sete Princpios da Vida Pblica

    Interesse PblicoOs ocupantes de cargos pblicos devero tomar decises baseadas

    unicamente no interesse pblico. No devero decidir com o objetivo de obterbenefcios financeiros ou materiais para si, sua famlia ou seus amigos.

    Integridade

    Os ocupantes de cargos pblicos no devero colocar-se em situaode obrigao financeira ou de outra ordem para com indivduos ou organizaes

    externas que possa influenci-los no cumprimento deseus deveres oficiais.

    ObjetividadeNo desempenho das atividades pblicas, inclusive nomeaes, conces-

    so de contratos ou recomendao de pessoas para recompensas e benefcios,os ocupantes de cargos pblicos devero decidir apenas com base no mrito.

    Accountability

    Os ocupantes de cargos pblicos so responsveis perante o pblicopor suas decises e aes, e devem submeter-se a qualquer fiscalizao apro-

    priada ao seu cargo.

    Transparncia

    Os ocupantes de cargos pblicos devem conferir a suas decises e aesa maior transparncia possvel. Eles devem justificar suas decises e restringir o

    acesso informao somente se o interesse maior do pblico assim o exigir.

    Honestidade

    Os ocupantes de cargos pblicos tem o dever de declarar quaisquerinteresses particulares que tenham relao com seus deveres pblicos e de to-mar medidas para resolver quaisquer conflitos que possam surgir de forma a

    proteger o interesse pblico.

    Liderana

    Os ocupantes de cargos pblicos devem promover e apoiar estes prin-cpios atravs da liderana e do exemplo.

    ..........................................................................................................

    Esses princpios aplicam-se a todos os aspectos da vida pblica.A Comisso relacionou-os para o uso de todos que de alguma forma

    prestem servio ao pblico.

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    Captulo 1Introduo

    1. Em outubro de 1994, o Primeiro-Ministro pediu a esta Comissoque examinasse a crescente preocupao por parte do pblico a respeito dospadres na vida pblica. A prova de tal preocupao foi refletida nas quase2.000 cartas que recebemos de todos os tipos de pessoas das mais variadasatividades. Tal preocupao foi tambm expressa por muitos dos 100 entre-vistados que depuseram para ns em audincias pblicas durante um perodode seis semanas. Indicaes adicionais de uma preocupao generalizada porparte do pblico sobre a confiabilidade dos polticos foram obtidas de recen-tes pesquisas de opinio, cujos detalhes so apresentados no Apndice 1 des-te relatrio.2. Tambm ficou igualmente claro, a partir de um volume considervelde informaes, que boa parte da ansiedade do pblico sobre padres de con-duta na vida pblica baseia-se em percepes e crenas que no so subsidia-das por fatos. Tomando as evidncias como um todo, acreditamos que a vastamaioria dos homens e mulheres na vida pblica no Reino Unido so honestose trabalhadores, e observam altos padres ticos.3. Existe, e sempre existir, uma minoria que no assim. A corrupodeliberada , sabidamente, difcil de mensurar. Como escreveram nossosantecessores na Comisso Salmon, no existe uma forma objetiva de avaliaro volume real de corrupo que existe atualmente no setor pblico ou verifi-car se tal volume sofreu modificao nas ltimas dcadas.74. igualmente difcil dizer se houve algum declnio nos padres glo-bais da vida pblica. visvel que nos ltimos anos a preocupao por partedo pblico com a conduta de pessoas na vida pblica tem aumentado, masparte da explicao pode ser que agora so maiores as expectativas do pbli-co em relao ao comportamento daqueles que atuam na esfera pblica.8 Cer-tamente aumentou o interesse por parte da imprensa sobre a conduta inapro-priada na vida pblica, especialmente conduta sexual inapropriada. Os polti-cos de geraes anteriores, bem como suas famlias, estavam de maneira ge-ral livres da invaso de privacidade por parte da imprensa, o que agora prti-ca comum. Nos ltimos anos houve pocas em que, a cada perodo de algu-mas semanas, casos de conduta inadequada real ou suposta eram veiculados

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    pelos jornais. No h precedente neste sculo de tantas acusaes de com-portamento errado, sobre tantos assuntos, ou em um espao to curto detempo. Portanto, no causa surpresa que as pesquisas de opinio indiquemque as pessoas acreditam que atualmente h um maior volume de conduta ina-propriada do que no passado.5. Seria reconfortante imaginar que a crena por parte do pblico deque os padres caram deve-se unicamente ao crescimento da atividade daimprensa e de sua intromisso nas vidas particulares de personalidades pbli-cas. Ns, entretanto, no acreditamos que esta seja uma resposta completa.Os jornais podem encorajar ou divulgar assuntos ilcitos, mas, de maneirageral, eles imprimem aquilo que acreditam corresponder aos fatos, e podemser argidos em juzo se o que publicaram for difamatrio ou falso. Uma im-prensa livre, usando tcnicas justas de jornalismo investigativo, um patri-mnio indispensvel de nossa democracia. Preferiramos que a imprensa re-conhecesse que a grande maioria dos servidores pblicos trabalham duro etm altos padres ticos e que o valor dos nossos mecanismos democrticosfosse melhor reconhecido, bem como os perigos de debilit-los. Tambm,que uma menor ateno fosse dada ao comportamento sexual das pessoas.Mas no culpamos a imprensa de nenhuma forma pela divulgao de casosverdadeiros de conduta imprpria. A imprensa tem o dever de inquirir acoplado com o dever de faz-lo com responsabilidade e dessa forma elapode contribuir para a preservao dos padres na vida pblica.

    ...Estamos em uma poca que eu penso no seja to ruim como o perodoeduardiano e o perodo georgiano inicial, mas, apesar disso, uma poca quecausa bastante desconforto. Lord Blake (entrevistado)

    Os princpios de honestidade, sinceridade e integridade foram degradadosnos mais altos nveis da sociedade, por pessoas que nas suas vidas pessoais eprivadas deveriam ser um exemplo para as pessoas comuns. Mavis Evans(correspondente)

    O padro de comportamento pblico dos polticos deste pas comparvelao de outros pases semelhantes ao nosso. Ivor Crewe (entrevistado)

    A maioria das pessoas que se tornam membros da Cmara dos Comunsesto to entusiasmadas com a idia de servio pblico como h 50 anos. LordCallaghan (entrevistado)

    Na condio de pai de dois adolescentes e professor de jovens de 11 a 16anos de idade, estou profundamente desapontado que figuras pblicas pareamescapar de punio por prtica de aes e atitudes que do mau exemplo nos-sa juventude. David Powell (correspondente)

    6. Freqentemente no nosso trabalho ouvimos a expresso rea cin-zenta usada como uma racionalizao para o comportamento moralmenteduvidoso. A apario constante dessa frase, e a implicao de que algunsno tm mais certeza da diferena entre o certo e o errado na vida pblica,

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    preocupa-nos. Quando as pessoas na vida pblica tm dvidas sobre se umadeterminada ao est de acordo com os padres que se espera delas, anica conduta adequada no pratic-la.7. A eroso da confiana por parte do pblico nos ocupantes de cargospblicos uma questo sria. Um de nossos objetivos neste relatrio res-taurar essa confiana do pblico. O outro objetivo procurar restaurar algu-ma clareza e orientao nas situaes que foram contaminadas com incertezamoral. medida em que se desenvolveu uma cultura de incerteza moral, umacultura de vulgaridade, ns buscamos acabar com ela. Um nvel de austeri-dade, de respeito pela tradies de comportamento decente na vida pblicabritnica no apenas desejvel, mas essencial.8. Recomendamos procedimentos e instituies que iro desencorajare detectar a conduta imprpria. Desejamos restaurar o respeito pelos valoresticos inerentes idia de servio pblico. Os procedimentos formais tm oseu papel, mas no fundo o que conta a conscincia das pessoas.9. Isso importante por dois motivos. Em primeiro lugar, ns, noReino Unido, sempre nos orgulhamos, com razo, dos padres de condutada grande maioria dos nossos servidores pblicos; esse orgulho precisa serrestaurado. Em segundo lugar, as experincias de outras partes alertam que,se os padres mais rigorosos no forem mantidos, e onde necessrio, res-taurados, a corrupo e as prticas irregulares podem tornar-se parte domodo de vida. A ameaa, no momento, no grande, e devem ser tomadasprovidncias antes que venha a ser.10. As mudanas no setor pblico tm aumentado a necessidade de quemedidas sejam tomadas. A descentralizao e a terceirizao tm alteradoo formato das organizaes prestadoras de servios pblicos. H maisintercmbio entre os diversos setores. H mais contratos de curto prazo.H ceticismo com respeito a instituies tradicionais. Dado esse pano defundo, no possvel supor que todos no servio pblico assimilaro umacultura de servio pblico, salvo se lhes for dito o que se espera deles, ese a mensagem for sistematicamente reforada. Os princpios inerentes tica do servio pblico precisam ser novamente estabelecidos. Tal foifeito na pgina 25.11. Para analisar que lies podem vir a ser aprendidas de experinciasem outros pases, obtivemos informaes (tanto por escrito, como atravs deconversas com visitantes que entendem do assunto) sobre procedimentosexistentes ou em estudo em vrios outros pases da Unio Europia, doCommonwealth e nos Estados Unidos. Encontramos analogias mais prximasonde o modelo constitucional era baseado no modelo de Westminster. Em-bora tenhamos observado, nos ltimos anos, uma tendncia de reforar nor-mas de conduta com direito legislado, tambm observamos uma corrente deopinio no Canad e em outros lugares de que h vantagens em ter cdigos de

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    conduta mais flexveis, no-legislados. Conclumos que para as circunstn-cias do Reino Unido era adequado moldarmos nossas recomendaes se-melhana de nossos mecanismos basicamente consuetudinrios.12. A nossa incumbncia cobre toda a vida pblica. Para tornar nossa ta-refa mais administrvel, decidimos concentrar-nos neste primeiro relatrioem trs das reas que pareciam ser as causas mais imediatas de preocupaopor parte do pblico: a Cmara dos Comuns, o governo central (ministros eservidores pblicos) e os quangos executivos, incluindo os rgos do Servi-o Nacional de Sade. Eles representam uma larga faixa da vida pblica, e sotratados nos trs prximos captulos de nosso relatrio. Acreditamos que ossete princpios apresentados na pg. 25 se aplicam a todos eles, e s partes daatividade pblica das quais trataremos posteriormente.

    Temas usuais

    13. Tambm examinamos os mecanismos que necessitam ser providen-ciados para garantir que nossos princpios sejam compreendidos.

    Cdigos de conduta

    14. Acreditamos que os princpios enunciados acima devem formar abase dos cdigos de conduta em todo o setor pblico. Recentemente, osministros aceitaram um novo cdigo para o servio pblico. A maioria dosquangos mencionados nesse relatrio, j possui cdigos prprios. Maisadiante nesse relatrio tecemos comentrios sobre os mesmos, e tambmrecomendamos cdigos para ministros e membros do Parlamento.15. Esses cdigos devem ser redigidos dentro de cada organizao emquesto, de forma a serem apropriados s caractersticas da mesma e paraque possam ser incorporados sua cultura. Mas todos eles devem basear-senos princpios apresentados acima. Alm dos princpios e dos cdigos, doisoutros elementos em comum sero encontrados ao longo deste relatrio.

    Fiscalizao independente

    16. Em primeiro lugar, sempre que houver espao para comportamen-tos abaixo de nveis ideais, os sistemas internos devem ser subsidiadospor acompanhamento e fiscalizao independente. Parte disso ser execu-tada de forma rotineira por auditores, mas em certas circunstncias, umaentidade independente para supervisionar o arcabouo dentro do qual as

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    aes so tomadas e para acompanhar o atendimento aos padres pode seruma importante salvaguarda adicional para a manuteno da confiana porparte do pblico.

    Orientao e educao

    17. Em segundo lugar, em razo da velocidade das mudanas, impor-tante que seja feito mais do que considerado adequado no passado para incul-car altos padres ticos atravs de orientao, educao e treinamento, espe-cialmente treinamento para os novatos. Nesse contexto, orientao significaa promoo e o reforo planejados em todas as entidades pblicas dos pa-dres ticos; isso exige que aqueles em posies superiores dem o exem-plo, e exige que as organizaes acompanhem o nvel de conscientizaoquanto queles padres e que tomem aes corretivas quando necessrio.

    Concluso

    18. Herdamos um legado de enorme valor daqueles que estabeleceramas bases de um servio pblico no sculo passado e neste, servio pblico noqual as pessoas podiam confiar e do qual podiam sentir-se orgulhosos. Comonos disse Robert Sheldon, MP, Presidente da Comisso de Contas Pblicas:

    Temos muita sorte h algo como 148 pases nas Naes Unidas. O n-mero deles que tm padres prximos aos nossos so poucos. Somos uma raraexceo e cabe a ns garantir a manuteno desses padres. Uma vez que taispadres so perdidos, temo que seja extraordinariamente difcil recuper-los.

    19. As recomendaes, que fazemos neste relatrio, tm o objetivo deassegurar que a vida pblica na Gr-Bretanha mantenha os mais altos padres.

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    Captulo 2Membros do Parlamento

    Principais concluses

    Os membros do Parlamento devem permanecer livres para terem in-teresses externos remunerados, no relacionados com sua atividade parla-mentar. O trabalho remunerado como consultores parlamentares de assuntosgerais, trabalhando para vrios clientes, deve ser proibido. A Cmara dosComuns deveria rever a lei do Parlamento com respeito a outras consultoriasparlamentares. No prazo de um ano, retomaremos a anlise da situao.

    Os acordos e remunerao com respeito a consultorias e patrocniospermitidos aos membros do Parlamento devem ser integralmente declarados.Outras informaes no Registro de Interesses dos membros do Parlamentodevem identificar claramente a natureza do interesse.

    A Resoluo de 1947 da Cmara sobre interesses externos remunera-dos deve ser reafirmada. Deve ser providenciada orientao mais clara e maisdetalhada sobre a declarao de interesse e sobre aes, para evitar o conflitode interesse.

    Deve ser elaborado um Cdigo de Conduta para Membros do Parla-mento.

    A Cmara deve nomear uma pessoa independente como ComissrioParlamentar de Padres, que se encarregaria do Registro de Interesses, acon-selharia sobre o Cdigo de Conduta, forneceria orientao e conselho sobreassuntos relativos conduta e interesses, e investigaria e relataria queixas arespeito da conduta de membros do Parlamento.

    Quando, em uma questo relativa a conduta, o Comissrio entenderque h um caso sobre o qual o membro do Parlamento deve responder, isto de-ve ser ouvido por uma subcomisso da Comisso de Privilgios, atravs de umprocedimento que combine, de forma mais eficaz, as normas da justia naturalcom os procedimentos estabelecidos da Cmara.

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    A percepo do pblico

    1. A Cmara dos Comuns o corao de nossa democracia. Os padresde conduta de seus membros so de importncia fundamental para o bem-estar poltico da nao. Esses padres sempre foram auto-impostos e auto-regulados, porque o Parlamento a nossa instituio mxima.2. vital para a qualidade de nosso governo, para a fiscalizao eficazdo governo e para o processo democrtico, que os membros do Parlamentomantenham os mais altos padres de correo no desempenho de suas obri-gaes com relao ao pblico que os elegeu. tambm fundamental para aconfiana do pblico que eles sejam vistos como assim procedendo.3. Nos ltimos anos, houve um vertiginoso declnio da confiana nospolticos por parte do pblico. Nosso primeiro entrevistado, o professor IvorCrewe, nos disse que:

    Sempre que as pesquisas pediram s pessoas para comparar vrias profissescom respeito a honestidade ou confiabilidade ou exemplo moral, os membros doParlamento estavam, na ltima ou prximos da ltima posio, competindo comcorretores de imveis e jornalistas para no ficar na lanterna.

    4. Ele mencionou uma recente pesquisa do Gallup, segundo a qual 64%do pblico concordaram que a maioria dos membros do Parlamento ganhamuito dinheiro usando o seu cargo pblico de maneira imprpria, um per-centual que h nove anos era de 46%. A mesma pesquisa concluiu que 77%das pessoas acreditavam que os membros do Parlamento se preocupam maiscom interesses especiais do que com pessoas como eles, enquanto apenas28% concordaram que a maioria dos membros do Parlamento tem um cdi-go moral pessoal de alto nvel.5. Esses nmeros devem ser tratados com cautela. Sobre a sugesto deque a maioria dos membros do Parlamento ganha muito dinheiro usando seucargo pblico de forma imprpria, o professor Crewe nos disse Eu mesmono acredito nem um pouco nisso. Crewe tambm nos disse que os eleito-res normalmente teriam um ponto de vista diferente com respeito ao seuprprio membro do Parlamento. Iain Ducan-Smith, MP, entre outros, con-cordou. Ele disse:

    Como polticos, o pblico geralmente tem uma opinio bastante ruim a nossorespeito, [mas] freqentemente verifica-se que o respeito com relao a ummembro do Parlamento especfico alto na percepo dos eleitores daqueledistrito em particular.

    6. Tambm no h provas do aumento da corrupo. Quando pergunta-mos se a Polcia Metropolitana acreditava que no se configurava a corrup-o no sentido legal quanto aos problemas relativos a membros do Parla-

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    mento que aceitam pagamento por servios de lobby, qualquer que fossemtais problemas, o Comissrio Assistente David Veness respondeu No mo-mento isso verdade.7. Tanto John Witherow, Editor do The Sunday Times, como PeterPreston, Editor-Chefe do The Guardian, nos disseram que no concordamcom a opinio de que a maioria dos membros do Parlamento est nisso pordinheiro, mas que, apesar disso, o cinismo pblico criava um problema real.Como era de se esperar, eles opinaram que isso era culpa do prprio Parla-mento, e no da imprensa. Vem ao caso um comentrio de Lord Callaghan.Perguntado se a Cmara dos Comuns tinha voltado as costas para a aborda-gem rgida dos anos anteriores, ele disse:

    Creio que mais do que tomar uma deciso deliberada sobre o assunto, nsresvalamos para uma flexibilizao destes tipos de procedimentos, e nossos pr-prios padres, acredito eu, caram em desuso, de certa forma.

    8. Os prprios membros do Parlamento esto conscientes desta perda deconfiana, que em certa medida reflete tendncias similares que afetam insti-tuies democrticas em outros pases. Emma Nicholson, MP, disse-nos:

    Penso que a tristeza que os membros do Parlamento sentem que essesgrandes esforos que eles fazem para ajudar outras pessoas no so mais reco-nhecidos e respeitados como tais.

    Enquanto Dale Campbell-Savours, MP, colocou a questo de formasucinta:

    Ao final das contas, o que quer o pblico? O pblico quer que lhe assegu-rem que os padres de correo estejam sendo mantidos isto tudo.

    Interesses financeiros dos membros do Parlamento

    9. As razes para a diminuio da confiana do pblico na probidadefinanceira dos membros do Parlamento no so difceis de identificar. O p-blico l na imprensa extensas reportagens sobre casos em que membros doParlamento aceitaram dinheiro para fazer Perguntas Parlamentares, so de-nunciados por se hospedarem em hotis caros s expensas de outrem, semdeclarar seu interesse, e so contratados por firmas de lobby de clientelamltipla, atitude que se tornou conhecida como Membros do Parlamento dealuguel. A confiana do pblico nos padres gerais de conduta dos membrosdo Parlamento foi ainda mais corroda por um fluxo regular de revelaessexuais envolvendo polticos.

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    10. difcil precisar exatamente se tem havido um declnio real da pro-bidade financeira dos membros do Parlamento. Seria surpreendente em umcorpo com cerca de 650 homens e mulheres se todos tivessem padres quefossem uniformemente impecveis. No passado, houve escndalos finan-ceiros. Lord Blake, historiador poltico, comparou a era atual com a eraeduardiana, quando predominava uma mentalidade fique rico rapidamente,e sugeriu que se os problemas eram piores naquele tempo, a situao atualprovocou bastante desconforto.11. Sem dvida, esse desconforto tem muito a ver com o crescimento daatividade do lobby profissional no Parlamento e com o prprio aumentosubstancial do nmero de membros do Parlamento empregados como consul-tores e assessores de empresas, associaes comerciais e assemelhados.Pessoas com longa experincia no Parlamento mencionaram o crescimentoda atividade do lobby e os problemas que ela apresenta. Por exemplo, ChrisMoncrieff, veterano jornalista especializado em lobby, disse-nos:

    Nos ltimos quatro ou cinco anos, tem havido um aumento macio do influ-xo da atividade comercial lobista na Cmara dos Comuns, e creio que os mem-bros do Parlamento esto muito mais vulnerveis agora s presses externas ecomerciais do que jamais estiveram.

    12. Alguns entrevistados apontaram uma outra razo possvel para o au-mento da presso comercial sobre os membros do Parlamento. o declniorelativo da remunerao dos membros do Parlamento e dos ministros ao lon-go dos ltimos anos, e o aumento da carga de trabalho, que torna mais prov-vel que os membros do Parlamento aceitem ajuda externa. Diz Alex Carlile,membro do Parlamento:

    ... uma grande honra e um grande privilgio ser membro do Parlamento,mas isso no alimenta, educa ou veste a esposa ou o marido ou os filhos de al-gum.

    Sir Terence Higgins, membro do Parlamento, falou da carga de traba-lho, e tambm nos disse que, em termos reais, as rendas mdias na Gr-Bre-tanha eram agora 80% mais elevadas que quando ele ingressou na Cmara em1964, enquanto a remunerao dos membros do Parlamento era a mesma e ados ministros tinha declinado em cerca de 50 a 60%. Peter Thurnham, MP,fazendo observao semelhante, escreveu sobre at que ponto ele subsidiavapessoalmente seu escritrio na base eleitoral:

    Descobri que a poltica muito mais exigente do que eu supunha, com umcompromisso de mais de 100 horas de trabalho por semana necessrias paradefender uma cadeira altamente marginal em trs eleies gerais. ... Desde oincio decidi formar um escritrio na base eleitoral que fosse bem assessorado ebem equipado. ... Ao longo dos anos, esse escritrio tem me custado uma somabastante substancial acima das verbas oficiais.

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    13. Qualquer que seja a razo, tem havido um aumento significativo donmero de membros do Parlamento que se dedicam a consultorias ou a ou-tras formas de acordo que poderiam razoavelmente vir a influenciar sua con-duta parlamentar. Uma anlise do Registro dos Interesses dos Membros doParlamento, de 1995, sugere que 26 Membros do Parlamento tm acordos deconsultoria com firmas de relaes pblicas ou de lobby, e outros 142 for-necem consultoria a outros tipos de empresa ou a associaes comerciais.Esses 168 membros do Parlamento contam entre si 356 consultorias. Se osministros e o Presidente forem excludos, h 566 membros do Parlamento.Portanto, quase 30% dos membros do Parlamento qualificados detm acor-dos de consultoria desses tipos.14. Uma relao semelhante, embora de forma alguma idntica, que evi-dentemente existe h muitos anos, a de acordos de patrocnio entre Mem-bros do Parlamento e sindicatos. As origens do patrocnio por parte dos sin-dicatos so muito mais antigas na histria do Parlamento do que as origensda moderna consultoria. No passado, quando os membros do Parlamento noeram remunerados, a eleio para a Cmara sem tal patrocnio teria sido fi-nanceiramente impossvel para muitos deles. A importncia do vnculo finan-ceiro para o membro do Parlamento em questo pode ser inferior ao que era.O apoio financeiro geralmente limitado ao pagamento de um percentual dasdespesas com o escritrio da base eleitoral e com a eleio. No h qualquerremunerao pessoal para o membro do Parlamento. Contudo, natural queisto d margem a sentimentos de obrigao que tm o potencial de influen-ciar a conduta do membro do Parlamento na Cmara. Segundo o Registro de1995, um total de 184 membros do Parlamento (mais de 30% dos membrosdo Parlamento, excluindo os Ministros) mantm acordos de patrocnio comsindicatos. Alm disso, 27 membros do Parlamento prestam consultoria re-munerada a sindicatos. Outros 10% recebem outros tipos de ajuda financeirados sindicatos.15. Se a falta de detalhes no Registro torna difcil a anlise precisa, pode-se ver, de outras maneiras, que 389 dos 566 Membros do Parlamento qualifica-dos quase 70% tm relaes financeiras com rgos externos direta-mente relacionados com o fato de eles serem membros da Cmara. Portanto,no surpreende que a questo financeira que provoca a maior preocupao dopblico seja o emprego externo remunerado dos membros do Parlamento.16. As questes especficas so estas. Devem ser colocadas novas res-tries liberdade dos membros do Parlamento de aceitar empregos exter-nos? Se algum emprego externo for permitido, at que ponto a transparn-cia poder proteger o interesse pblico? Existem circunstncias em que oconflito de interesse precisa ser resolvido mediante a exigncia de que omembro do Parlamento se retire das atividades parlamentares? Os membros

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    do Parlamento precisam de orientaes adicionais? O pblico pode estarcerto de que as regras a respeito dos interesses dos membros do Parlamen-to esto sendo aplicadas de maneira firme e justa? Examinaremos cada umadestas questes a seguir.

    Emprego externo remunerado

    17. Uma parcela significativa das opinies defende que, como ocorre emdeterminados outros pases, os membros do Parlamento no deveriam terquaisquer interesses externos remunerados, e que sua nica renda percebidadeveria ser seus salrios de membros do Parlamento. A maioria das pessoasque nos escreveu apoiou esta opinio, como fez o membro do ParlamentoHarry Barnes, que prestou depoimento oral.18. Entretanto, a maioria dos membros do Parlamento, jornalistas e ho-mens de negcios por ns ouvidos, manifestaram opinio diferente. IvorCrewe novamente nos disse que:

    ...uma pesquisa recente sugere que o pblico aceita que os membros doParlamento deveriam ter a possibilidade de ganhar renda adicional provenientede interesses externos, desde que tais interesses sejam declarados.

    enquanto o Membro do Parlamento Tony Newton, lder da Cmara dos Co-muns disse:

    Nenhum de ns sairia ganhando com uma Cmara dos Comuns compostade 651 pessoas completamente alijadas do restante da vida, exceto com baseem representaes que eles recebessem, e no na experincia de contatos queeles continuassem a ter nas diversas reas.

    19. Acreditamos que aqueles membros do Parlamento que desejam s-loem tempo integral deveriam ser livres para faz-lo, e que no se deve exercerpresso sobre eles para que adquiram interesses externos. Porm, tambmconsideramos desejvel que a Cmara dos Comuns contenha membros doParlamento com uma grande variedade de interesses externos continuados.Se no fosse assim, o Parlamento seria menos bem-informado e eficaz doque agora, e poderia muito bem ser mais dependente dos lobistas. Um Par-lamento composto inteiramente de polticos profissionais em tempo integralno iria atender aos grandes interesses da nao. A Cmara precisa, se pos-svel, contar com pessoas com uma ampla gama de experincias atuais, quepossam contribuir para o incremento das suas capacidades.20. Da mesma forma como a Cmara dos Comuns deve ter membros doParlamento com interesses externos continuados, importante que ela con-tinue a contar com membros deste provenientes de uma ampla variedade de

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    ambientes. Deveramos nos preocupar com a possibilidade de um estreitamentodo leque de homens e mulheres capacitados que seriam atrados a responder peloParlamento se os membros dele fossem impedidos de ter quaisquer interessesexternos remunerados. Acreditamos que muitas pessoas capacitadas no iriamdesejar entrar para o Parlamento se elas no apenas tivessem de sofrer uma que-da substancial de rendimentos para se tornarem membros do Parlamento, comotambm corressem o risco de verem sua fonte de rendimentos desaparecer com-pletamente se viessem a perder suas cadeiras. Diversos dos nossos entrevistadoslamentam a tendncia no sentido de os membros do Parlamento se originarem,com freqncia cada vez maior, de grupos que no tiveram qualquer experinciaprofissional fora da rea poltica.21. A marcha ascendente do poltico profissional pode ser uma caracte-rstica irresistvel da vida moderna, mas cremos que nada deveria ser feitopor meio de medidas institucionais que acelerassem essa marcha.

    Recomendamos que os Membros do Parlamento permaneam livrespara ocuparem emprego remunerado no relacionado com sua atividade par-lamentar.

    Consultorias parlamentares

    22. Surge, ento, uma questo mais especfica quanto a se alguns inte-resses externos remunerados so menos aceitveis que outros. Como men-cionamos antes, a maior preocupao atual a respeito da independncia daCmara surge quando as organizaes buscam os servios de um membrodo Parlamento especificamente como assessor ou consultor parlamentar.23. A necessidade de proteger a Cmara contra influncias indevidas sobreos membros do Parlamento h muito reconhecida. H uma proibio legalde que os membros do Parlamento exeram diversos cargos remunerados pelaCoroa, inclusive funes no servio pblico e em conselhos de administraode indstrias estatais. A posio legal reflete a histria do conflito entre amonarquia e o Parlamento, e o temor de que o clientelismo pudesse ser usadopela Coroa para comprar votos. Isso no tem muita relevncia para a situaomoderna.

    Antecedentes histricos

    24. Embora a mesma proibio legal que se aplica ao emprego pblicono tenha sido estendida aos interesses financeiros, no recente a preocu-pao com a influncia das presses financeiras externas sobre os membros

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    do Parlamento, e a necessidade de preservar sua independncia. Em 1695,aps a expulso do Presidente da Cmara, Sir John Trevor, por aceitar um su-borno de 1.000 guinus da Cidade de Londres com respeito Lei dos rfos,a Cmara resolveu que a oferta de dinheiro, ou outra vantagem, a qualquermembro do Parlamento para a promoo de qualquer matria que seja, pen-dente ou a tramitar no Parlamento, um crime gravssimo e conduz subver-so da constituio inglesa.25. Em 1858, a Cmara resolveu que contrrio ao uso e degradantepara a dignidade da Cmara que qualquer de seus membros apresente, promo-va ou defenda na Cmara qualquer procedimento ou medida em que tenhaagido ou trabalhado, ou em que tenha recebido algum honorrio ou compen-sao pecuniria. Esta regra visava especificamente os advogados.26. Por volta de 1947, a posio no havia se modificado muito. Naqueleano a Cmara declarou que:

    ... incompatvel com a dignidade da Cmara, com os deveres de um mem-bro do Parlamento para com seus eleitores, e com a manuteno do privilgio daliberdade de expresso, que qualquer membro da Cmara faa acordo contratualcom rgo externo, que controle ou limite a completa independncia e liberdadede ao dos membros no Parlamento, ou estipule que o Membro dever agir dedeterminada maneira como representante de tal rgo externo com respeito aquaisquer matrias a tramitarem no Parlamento; visto que o dever do Membro doParlamento para com seu eleitorado e para com o pas como um todo, e nopara algum setor em particular.

    27. Em 1969, a Comisso Especial sobre Interesses dos membros do Par-lamento (Declarao), conhecida como a Comisso Strauss, analisou as nor-mas sobre a declarao dos Interesses dos membros do Parlamento. Emborarejeitasse naquele momento o conceito de um Registro de Interesses, ela pro-ps um novo cdigo de conduta para os membros. Um brao desse cdigo erauma norma muito mais estrita sobre a declarao de interesses. O outro braoteria estabelecido restries considerveis liberdade de ao dos membrosdo Parlamento na Cmara em situaes em que eles tivessem interesses finan-ceiros. A Comisso props que a Cmara adotasse esta resoluo:

    Que contrrio ao uso e dignidade da Cmara que um membro do Parla-mento apresente mediante discurso ou pergunta, ou defenda nesta Cmara ouentre seus pares qualquer projeto, moo, matria ou causa, mediante hono-rrio, pagamento, compensao ou recompensa, diretas ou indiretas, que tenharecebido, esteja recebendo ou espere receber.

    28. O relatrio da Comisso Strauss nunca foi debatido pela Cmara, esua resoluo no foi adotada. Em 1971, o ento Lder da Cmara (Rt. Hon.William Whitelaw), claramente falando sobre as consultorias atravs doscanais usuais, disse:

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    ... em seguida ao Relatrio, examinou-se cuidadosamente a idia de se asResolues propostas seriam adequadas ou se, em certas circunstncias, seriammuito mais restritivas do que seria aconselhvel. Concluiu-se que elas seriamexcessivamente restritivas.

    ... h apoio generalizado na Cmara para a idia de que correto confiar nobom senso geral dos membros do Parlamento e no em normas formalizadas.Esta certamente a opinio da Oposio oficial.

    A resoluo de 1947 e as normas da Cmara

    29. Portanto, o relatrio Strauss no modificou a posio formal. Emprincpio, isto permaneceu imutvel por 50 anos, e talvez mesmo por 300anos. A resoluo de 1947 permanece obrigatria para os membros do Parla-mento, e a declarao mais detalhada da Lei do Parlamento sobre esse as-sunto. Entretanto, essa resoluo, que parece clara e inequvoca primeiravista, contm em si mesma as sementes do problema atual.30. A resoluo de 1947 foi elaborada em resposta s preocupaes arespeito de um rgo externo um sindicato, como acontece que tentavainstruir um membro do Parlamento. Ela probe claramente quaisquer contra-tos que de alguma forma limitem a liberdade de ao do membro do Parla-mento na Cmara. Assim, ela probe que um membro faa acordo de consul-toria que imponha, mediante pagamento, uma obrigao coerciva de falar,fazer lobby ou votar de acordo com as instrues do cliente, ou de agircomo representante do cliente no Parlamento.31. Embora a resoluo proba, portanto, que um membro faa algum ti-po de acordo que exija ao em nome de um rgo externo com respeito aquaisquer matrias a tramitarem no Parlamento, ela no probe uma obriga-o coerciva no sentido de aconselhar o cliente sobre questes parlamen-tares. O membro do Parlamento permanece livre para fazer acordo com ofim de funcionar como assessor ou consultor sobre questes parlamentares.Assim sendo, portanto, esta resoluo poderia parecer traar uma linha claraentre a consultoria remunerada e a defesa remunerada que muitas pessoas, noParlamento e fora dele, nos disseram que seria apropriado.32. Entretanto, a resoluo no probe os membros do Parlamento defalar, fazer lobby ou votar voluntariamente em defesa dos interesses deseus clientes se os membros considerarem correto faz-lo, e se essa atitu-de for compatvel com os seus deveres para com seus eleitores e para como pblico.33. A natureza voluntria de qualquer ao do membro do Parlamento importante. Nenhum rgo externo seria capaz de usar qualquer procedi-mento financeiro com um Membro para buscar assegurar qualquer ao es-pecfica no Parlamento sem cometer um desacato ao Parlamento, passvel

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    de punio. A Comisso de Privilgios de 1946/47, em um trecho que temsido a base de relatrios de Comisses de Privilgios subseqentes, disse:

    ... se um rgo externo pode, de maneira apropriada, entrar em relaescontratuais com, e fazer pagamentos a um Membro do Parlamento como tal,esse rgo deve, em geral, ter o direito de encerrar essa relao se for legal-mente possvel, quando considerar necessrio para seus prprios interessesfaz-lo. O que, por outro lado, um rgo externo certamente no pode fazer usar o acordo ou o pagamento como um instrumento mediante o qual ele con-trola ou busca controlar a conduta de um Membro do Parlamento ou puni-lo porsua atuao como Membro do Parlamento.

    34. As normas da Cmara, portanto, conforme estabelecidas ao longo demuitos anos, enfatizam bastante a manuteno dos privilgios e da liberdadede ao dos membros do Parlamento, de forma que eles no possam sercompelidos por rgos externos a agir de determinada forma no Parlamento.35. Contudo, as normas so muito menos explcitas no que diz respeitoa restringir a liberdade dos membros do Parlamento de se colocarem em si-tuaes em que estejam sujeitos a serem influenciados de forma irregular.36. Est claramente estabelecido que crime contra a lei do Parlamentoum membro aceitar suborno. Para delitos menos graves, no entanto, as nor-mas so muito menos claras. No recente caso dinheiro por perguntas, a Co-misso de Privilgios recomendou ao contra os membros do Parlamentoenvolvidos, com base em que sua conduta estava abaixo dos padres que aCmara tem o direito de esperar de seus membros. Em seu memorando pu-blicado no Volume II do Relatrio da Comisso de Privilgios, o ento Se-cretrio da Cmara (agora membro dessa comisso) declarou:

    A Cmara nunca tentou tratar de forma abrangente dos potenciais conflitosde interesse que podem surgir quando os interesses comerciais e profissionaisdos membros do Parlamento atingem seus deveres e responsabilidades comomembros ... a Cmara tem preferido tratar pragmaticamente de casos espec-ficos de conflito quando as dificuldades surgem.

    37. Esta posio totalmente compatvel com a declarao de 1971 doento lder da Cmara, mencionada no pargrafo 28 acima, de que corretoconfiar no bom senso geral dos membros do Parlamento.

    Evoluo recente

    38. Duas grandes mudanas ao longo dos ltimos 50 anos se combinarampara concentrar a ateno nesta ltima rea do comportamento dos membrosdo Parlamento, e para colocar em relevo as ambigidades deixadas pela le-gislao atual do Parlamento.39. Em primeiro lugar, vem ocorrendo uma mudana radical na naturezado emprego externo dos membros do Parlamento. At recentemente, os

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    membros com emprego externo remunerado geralmente seguiam carreirase ocupaes que, com a possvel exceo do jornalismo ou do direito,guardavam pouca relao com o Parlamento. Geralmente, eram as mesmasocupaes que tinham praticado antes de entrarem para o Parlamento. So-mente uns poucos membros do Parlamento eram remunerados em conexocom seus deveres parlamentares. Essa posio foi agora, entretanto, radi-calmente transformada. A proporo de membros do Parlamento seguindocarreiras pouco relacionadas com o Parlamento, tais como a agricultura,vem diminuindo, enquanto como mostram os nmeros no pargrafo 13acima a proporo cujo emprego externo deriva diretamente do fato deserem membros do Parlamento atingiu um nvel significativo.40. Em segundo lugar, a introduo do Registro de Interesses dos mem-bros do Parlamento, idealizado para promover o conceito inteiramente admi-rvel da revelao de interesses, tende a criar uma falsa impresso de quequalquer interesse aceitvel desde que tenha sido registrado, e assim au-menta a confuso que se criou.41. Parte desta confuso pode derivar do propsito intrnseco do Re-gistro, conforme estabelecido no Primeiro Relatrio da Comisso Especialsobre os Interesses dos Membros do Parlamento de 1991/1992. Esse prop-sito o de fornecer informaes sobre quaisquer interesses pecunirios ououtros benefcios materiais que o membro do Parlamento recebe, que possarazoavelmente ser considerado como um fator de influncia sobre suasaes, discursos ou votos no Parlamento, ou iniciativas tomadas em sua qua-lidade de membro do Parlamento.42. Na edio de 1995 do Registro de Interesses dos Membros do Parla-mento, os acordos de consultoria so encontrados na terceira das categoriaslistadas de interesses registrveis. Sob o ttulo clientes, ela determina queos membros do Parlamento devem revelar os nomes dos clientes a quemfornecem servios que dependem essencialmente ou derivam do fato de se-rem membros da Cmara; por exemplo, patrocinar eventos em edifcios doParlamento, fazer gestes junto aos ministrios do Governo ou fornecer as-sessoria a respeito de assuntos parlamentares ou pblicos.43. A posio , portanto, a de que a resoluo de 1947 impede o membrodo Parlamento de concordar em agir pelo cliente no Parlamento, mas as nor-mas que regem o Registro de Interesses dos Membros do Parlamento admitemexpressamente que o membro pode ter recebido benefcios materiais que po-deriam ser considerados como fator de influncia sobre suas aes, discursosou votos no Parlamento e que, no caso de acordos de consultoria, podem en-volver membros do Parlamento que estejam sendo pagos para fazer gestesjunto a ministrios do governo sobre questes que inevitavelmente iro nor-malmente estar relacionadas com matrias a tramitarem no Parlamento.

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    44. O contraste entre a Resoluo de 1947 e as normas que regem o Re-gistro , em nossa opinio, totalmente insatisfatrio. No de surpreenderque isto tenha causado confuso na mente dos prprios membros do Parla-mento. Concordamos com o comentrio da Senhora Presidente, em 12 dejulho de 1994 (Relatrio Oficial col 829), de que h uma necessidade urgen-te de esclarecer a legislao do Parlamento nesta rea.45. Embora no seja ampla, a resoluo de 1947 uma declaraoinequvoca de princpios inteiramente corretos. Como primeiro passo,portanto, acreditamos que se a Cmara renovasse essa declarao em umfuturo prximo, isto esclareceria a posio e reforaria o impacto dessaresoluo.

    As questes relacionadas s consultorias remuneradas

    46. O principal argumento apresentado em favor de se permitir que osmembros do Parlamento defendam as opinies de seus clientes de consulto-ria no Parlamento o de que muitas organizaes inteiramente respeitveis,e em alguns casos altamente merecedoras, podem por este meio ganhar umcanal nos assuntos da nao que no lhes estaria aberto por meio da mquinaeleitoral normal. Como resultado, argumenta-se, a Cmara como um todoest melhor informada e mais capacitada a debater os assuntos em questo.Alm disso afirma-se evitado dessa forma um desequilbrio entre asempresas, profisses e ocupaes cujos membros por acaso sejam tambmmembros do Parlamento, e assim possam falar com autoridade sobre assun-tos importantes, e as organizaes tais como as associaes comerciais, ouinstituies filantrpicas, ou a Federao da Polcia, que podem ser incapa-zes de obter uma tal representao direta.

    Se sua Comisso viesse a concluir que determinadas atividades porexemplo, a defesa remunerada de rgos externos so incompatveis com omandato parlamentar, eu consideraria isso inteiramente til tanto para os mem-bros do Parlamento como para quem, como o Encarregado do Registro, tem deaconselh-los. Sir Geoffrey Johnson Smith, MP.

    Na minha opinio, um membro do Parlamento ser lobista remunerado umaafronta, e estou espantado, por assim dizer, que seus pares tenham toleradoisso... Simon Jenkins.

    ... recentemente, no tivemos qualquer problema para decidir, logo que nosestabelecemos, que uma das primeiras regras seria a de que nossos membrosno iriam receber nenhum tipo de pagamento. Andrew Gifford, Presidentee fundador da Associao de Consultores Polticos Profissionais.

    ... no podemos ter uma situao em que uma pessoa diz algo somenteporque paga para tal, mas tambm no podemos ter uma situao em que

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    algum no diz alguma coisa mesmo sabendo mais sobre o assunto do quequalquer pessoa. Ann Taylor, MP.

    Na minha opinio, h uma distino entre os defensores e os assessores emgeral. Mas eu penso nos defensores, o lobista de longe o exemplo mais claro emais forte. Sir Norman Fowler, MP.

    A prpria palavra lobby implica a promoo de uma causa. Parece-me seruma relao muito difcil de encarar com entusiasmo. Lord Howe.

    H algumas pessoas que dizem que no querem uma Cmara dos Comunscheia de polticos profissionais. Bem, eu no quero uma Cmara dos Comunscheia de advogados londrinos, jornalistas londrinos, cirurgies cardiologistaslondrinos, financistas da City ou gerentes de loja do West End, todos de tempoparcial. Jeff Rooker, MP.

    47. Por outro lado, a conseqncia do enorme crescimento da consul-toria remunerada tem sido a de criar uma questo real a partir da distinoentre conselho remunerado e defesa remunerada. Onde anteriormente teriatido menos importncia o fato de algum membro do Parlamento, que fosseassessor remunerado, falar em defesa do interesse do cliente no Parlamen-to, isto vem se tornando uma questo de significativa preocupao pblica.48. Se o membro do Parlamento se dedica a assessorar um cliente emmatrias parlamentares que afetam esse cliente, e ao mesmo tempo livrepara discursar, fazer lobby e votar a respeito dessas mesmas matrias naCmara, no apenas possvel, mas tambm altamente provvel que o mem-bro do Parlamento v usar as oportunidades parlamentares de maneiracoerente com essa assessoria.49. mais provvel que os membros do Parlamento que fazem acordosde consultoria iro faz-lo com clientes cujas posies lhes sejam simp-ticas, embora os membros do Parlamento, que mantm tais acordos, tenhamse esforado em nos afianar que no hesitariam em deixar claro para seusclientes os pontos em que suas opinies diferem, e tambm em expressaropinies na Cmara no compartilhadas por seus clientes. Entretanto, fcilter-se a impresso de que, no importa quo injusto isso possa ser em casosindividuais, o cliente tem comprado no s assessoria mas tambm defesa.As informaes que j recebemos deixam pouca dvida de que esta aimpresso que muitas pessoas tm. uma das fontes mais poderosas de sus-peita por parte do pblico quanto verdadeira motivao dos membros doParlamento. Nos ltimos anos, os membros do Parlamento vm se dedicandoa consultorias remuneradas em grande escala. No mesmo perodo, tem cres-cido fortemente o ceticismo por parte do pblico a respeito da motivaofinanceira dos membros do Parlamento. Deve ser muito provvel que estasduas tendncias estejam relacionadas, mas em qualquer caso sua combinaos pode tender a fragilizar a dignidade do Parlamento como um todo.

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    50. Consideraramos inteiramente insatisfatrio, at mesmo um desacatoao Parlamento, que um membro do Parlamento, mesmo quando no estrita-mente obrigado por um acordo com um cliente a promover um determinadointeresse no Parlamento, promovesse tal interesse somente ou principalmen-te em virtude de pagamento, em dinheiro ou em bens. O membro do Parla-mento, que acredita em uma causa, deve estar preparado para promov-la sempagamento; da mesma forma, o membro do Parlamento no deve promoveruma causa com mais vigor do que seria usual em virtude de interesse finan-ceiro. Acreditamos que tal ao violaria o esprito, se no a letra, da resolu-o de 1947, e no podemos estar certos de que todos os membros do Parla-mento sejam to escrupulosos a este respeito quanto alguns alegam ser.51. Com esses fatores em mente, refletimos cuidadosamente se devera-mos recomendar uma proibio imediata e total de todas as formas de defesana Cmara por parte de membros do Parlamento que promovessem os inte-resses daqueles com quem tm contratos de consultoria ou patrocnio. Oefeito disso seria o de impedir que os membros do Parlamento com tais inte-resses discursassem, e talvez votassem, a respeito de assunto relevante queestivesse sendo examinado. Temos quase certeza de que uma proibio destetipo receberia o apoio generalizado do pblico e tambm dos membros doParlamento. Um certo nmero de membros que nos prestaram depoimentoendossaram o princpio de que a assessoria remunerada aceitvel, mas adefesa paga no o . H ainda um importante conjunto de opinies segundo oqual errado, em princpio, que os membros do Parlamento aceitem dinheiropor quaisquer servios, mesmo servios puramente caracterizados como as-sessoria, prestados na qualidade de membros do Parlamento.52. Conclumos, entretanto, que seria impraticvel uma proibio imedi-ata nestes moldes especficos. Isso significaria pedir a trs quintos dosMembros da Cmara e a seus clientes ou patrocinadores que alterassem, comefeito imediato, acertos que foram feitos de forma perfeitamente legal e quefreqentemente vm de longa data. Visto que so tantos os membros do Par-lamento com tais interesses, e que, portanto, seriam excludos de determina-dos trabalhos, haveria uma perturbao temporria das atividades da Cmara.O impacto sobre a renda de muitos membros do Parlamento teria implica-es que no poderiam ser ignoradas. E os problemas que isso provocaria noequilbrio do financiamento poltico dos partidos s poderiam ser tratadosmediante um reexame fundamental da questo.53. Tambm conclumos que se faz necessrio um exame mais aprofun-dado antes que se tome uma deciso firme a respeito da propriedade de uma talproibio e das conseqncias de uma deciso de adotar tal proibio. O pr-prio Parlamento precisa discutir mais amplamente como deve ser a Lei do Par-lamento nesta rea. O Parlamento tambm precisa examinar as implicaes de

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    problemas tais como a perda de renda e o financiamento de partidos, que estofora de nossos termos de referncia. Acima de tudo, ele precisa determinar osfatos. Neste contexto, so de importncia crucial nossas recomendaes a se-guir, no sentido de que os acordos e a remunerao relativos a consultoriasparlamentares devam ser integralmente explicitados. No h informaes sufi-cientes no momento para permitir um julgamento correto sobre se os benefci-os indubitveis de se ter membros do Parlamento remunerados e bem-informa-dos perdem importncia diante do risco de que clientes ricos comprem umainfluncia indevida no Parlamento.54. Se, por um lado, o exame posterior aqui sugerido precisar ser feitocom uma certa profundidade, e as mudanas poderiam levar tempo para se-rem implementadas, a necessidade de se tomar medidas urgente. A Cmarapoder, portanto, considerar bom realizar um debate proximamente, com vis-tas a formar uma comisso para o trabalho futuro que propomos. Ns mes-mos voltaremos ao assunto daqui a um ano para analisar a situao. Enquantoisso, cada membro do Parlamento poder desejar examinar se, ao se dedicara consultorias parlamentares, ele no se colocou inadvertidamente na obriga-o de defender causas especficas no Parlamento de maneira contrria aoesprito, se no necessariamente letra, da Resoluo de 1947.

    Consultorias sobre assuntos gerais

    55. H uma rea em que no temos qualquer dvida de que a ao imedia-ta pode e deve ser iniciada. Quaisquer que sejam os argumentos a favor dosmembros do Parlamento que so contratados como consultores por organiza-es externas agindo como principais em seu prprio direito, no vemosqualquer justificativa para os contratos de consultoria entre membros do Par-lamento e empresas de