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Utilizado nas oficinas de educação ambiental e educomunicação do Projeto de Educação Ambiental e Mobilização Social em Saneamento (PEAMSS), realizado em 2010 em 13 municípios do Estado da Bahia. Parceria EMBASA-UNEB. Coordenação pedagógica: Carolina Machado, Dalvaci Santiago e Débora Menezes
Citation preview
2010
Caderno das oficinas de Educação Ambiental e Educomunicação 1Projeto de Educação Ambiental e
Mobilização Social em Saneamento (PEAMSS)Salvador, junho de 2.010.
Coordenação Geral do PEAMSS
Terezinha Loyola (EMBASA/SEDUR), Rubens Barros, Rogério Saad, Zita Guimarães, Lícia
Andrade
Secretária
Valquíria Lyra
Equipe de educação ambiental/educomunicação – Produção do caderno
Carolina Machado , Dalvaci Santiago e Débora Menezes (coordenação pedagógica), Ana
Paula Alencar, Cristiana Pharaóh Aouad, Isabelle Blengini, Jonatas Santana, Lakshmi
Vallim, Luciana Oliveira, Manoela Freire, Renata Lourenço dos Santos, Sandra Paes , Leo
Brasileiro (diagramação).
Realização:
2
Desenho elaborado por Ana Júlia Santos, de 9 anos, aluna do Centro
Educacional José de Anchieta, em Morro do
Chapéu. Foi feita durante o Seminário de
Abertura do PEAMSS
“A educação é um direito de todos; somos todos aprendizes e educadores.
A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer
tempo ou lugar, em seus modos formal, não-formal e informal, promovendo a
transformação e a construção da sociedade.
A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com
consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e a
soberania das nações.
A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É uma ato político. A educação
ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser
humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar.
A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos
direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e da interação entre as
culturas.”
(Trecho do Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global)
3
TEMAS DO CADERNO
INTRODUÇÃO
Seja bem vindo (a) para conhecer e participar!
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
Pensando a história do mundo
Nós e a educação ambiental
Tratado de Educação Ambiental (anexo)
Política Estadual de Educação Ambiental (anexo)
O NOSSO LUGAR
Espaço, Território e Gestão
O Biomapa
SANEAMENTO
Para refletir sobre saneamento
Cartilha de Saneamento e Plano Municipal de Saneamento (Anexo)
Lei 11.445 (Anexo)
Estudo de caso: Plano Municipal de Saneamento de Alagoinhas (Anexo)
A falta que o saneamento faz
CIDADANIA
Ser cidadão é...
AÇÃO
Participação social e mobilização
Trabalho em rede: o nosso coletivo
COMUNICAÇÃO
Quem não se comunica, se “estrumbica”
Direito de ter voz, direito de saber
Internet: ferramenta de comunicação e de mobilização
Conhecendo os elementos comuns de um jornal
Linguagem visual: enriquecendo o jornal
Planejando o jornal
Dicas para entrevistas
Dicas para pesquisar na internet
Dicas para a produção de textos
Refletindo sobre a mídia – Exercício de análise crítica
GLOSSÁRIO
BIBLIOGRAFIA
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CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
PENSANDO A HISTÓRIA DO MUNDO
O homem, há cerca de 10 mil anos atrás, nos primórdios da civilização, tinha a
imensidão do mundo ao seu dispor. Vastidões de terras, oceanos e água doce ofereciam
recursos que pareciam infinitos. Sempre havia a possibilidade de se mudar para outras
regiões depois que o lugar onde morava já não supria suas necessidades de vida. Assim,
grandes grupos humanos foram mantidos por conta da capacidade de explorar os recursos
que eram vistos como inesgotáveis.
Mais recentemente, a partir de verdadeiras revoluções por que passaram as
sociedades humanas, principalmente relacionadas à exploração e uso dos recursos naturais
e aos avanços na saúde pública, a população mundial pulou de 1 bilhão de pessoas, em 1800,
para quase sete bilhões hoje. Somente nos últimos 50 anos a população mais que duplicou. A
crença que dominou as ações humanas até então esteve baseada no crescimento econômico
e no uso ilimitado dos recursos naturais.
As principais preocupações e discussões globais, logo após a Segunda Guerra mundial,
em torno de 1945, eram a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento justo. As questões
ambientais e ecológicas não eram ainda diretamente relacionadas aos padrões de
desenvolvimento adotados nem às principais demandas humanas. O crescimento econômico
era resposta para todos os problemas pelos quais as sociedades passavam.
A partir de 1960 é que o padrão de desenvolvimento começou a ter os primeiros ruídos
de questionamento. O modo de vida pautado na produção e consumo passou a transparecer
suas fragilidades no momento em que tornava-se claro que o modelo de crescimento
econômico causando prejuízo ao meio ambiente, levaria ao esgotamento dos recursos
naturais, colocando em risco a própria vida humana no planeta.
O ambiente em debate
Em 1972, houve a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, que oficialmente a segurança ecológica passou
a compor o conjunto das preocupações mundiais. Neste encontro foi proferida a Declaração
sobre o Ambiente Humano, que sustentava que “tanto as gerações presentes como as
futuras tenham reconhecidas, como direito fundamental, a vida num ambiente sadio e não
degradado”. Esse momento é considerado um divisor de águas em relação à “consciência
ecológica” mundial.
6
SEJA BEM VINDO (A) PARA CONHECER E PARTICIPAR!
“Tudo o que acontece no mundo, seja no meu país, na minha cidade ou no meu bairro,
acontece comigo. Então, eu preciso participar das decisões que
interferem na minha vida.” Hebert de Souza, o Betinho
Saneamento, ações coletivas, poder público, desenvolvimento sustentável,
comunicação: palavras que fazem parte do dia-a-dia de todos nós, e que precisamos
conhecer cada vez mais para melhorar a realidade de nossas comunidades e do planeta.
O Projeto de Educação Ambiental e Mobilização Social em Saneamento (PEAMSS) quer
trazer essa contribuição: ajudar 13 municípios da Bahia a entenderem as relações entre
meio ambiente e cidadania, para que a população possa cobrar dos órgãos públicos as
melhorias necessárias. Mais ainda: o projeto pretende fortalecer a construção de uma rede
de articulação entre comunidade, governo e sociedade em geral para que, juntos, pensem
em soluções para chegar a estas melhorias – e em ações para consegui-las.
Você pode participar em várias etapas do PEAMSS: fazendo parte do Grupo de
Acompanhamento do projeto – o GAPEAMSS, sugerindo e contribuindo com ações de
mobilização, participando das oficinas, seminários e outras atividades até o encerramento
do projeto, previsto para o final de 2010. E, principalmente, você pode contribuir tornando-
se, também, um educador ambiental, difundindo conhecimento e transmitindo-o para sua
comunidade, seu bairro, sua escola.
Este caderno tem textos, reportagens e outros materiais para ajudar você a construir seu
conhecimento e vontade de participar das mudanças por um planeta melhor. Guarde-o com
carinho pois, no segundo semestre, ele será complementado com outras referências. E
indique a equipe do PEAMSS em seu município, textos, histórias, desenhos, poesias e
fotografias para ampliar ainda mais este material.
Boa leitura – e boa participação! – Equipe PEAMSS
INTRODUÇÃO
5
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
Em 1980 e 1987 foram publicados estudos (Uma estratégia mundial para a
conservação e Nosso futuro comum, respectivamente) que questionavam o modelo de
desenvolvimento adotado pelos países mais industrializados e ainda apontavam a
incompatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e
consumo vigentes. Desenvolvimento sustentável, neste momento, é definido como aquele
que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de suprir suas próprias necessidades”.
No início da década seguinte, dando continuidade às discussões sobre a problemática
ambiental e o desenvolvimento, foi realizada a Conferências das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, que ocorreu em 1992 no Rio de Janeiro (Brasil). Mais
conhecida como Eco 92, essa grande reunião, da qual participaram representantes de 175
países, foi o cenário para a elaboração de um programa global para regulamentar o processo
de desenvolvimento com base nos princípios da sustentabilidade, a famosa Agenda 21.
Na Agenda 21 são tratados diversos temas relacionados ao meio ambiente e à
economia e é dividida em seções que abordam as dimensões sociais e econômicas, a
conservação e gestão dos recursos naturais, o fortalecimento do papel dos grupos sociais e
os meios para sua implementação. A função da Agenda 21 não é normatizar, pois não tem
caráter de obrigação para os países que a assinaram, mas tem papel ético e político. A
implementação da Agenda 21 depende da vontade dos governos e principalmente da
pressão da sociedade, o que torna o interesse e participação das pessoas um aspecto
fundamental para sua concretização.
O que eu tenho a ver com tudo isso?
Nesse momento você pode se perguntar “o que eu tenho haver com essas questões
que são discutidas globalmente, por governantes ou representantes de diversas
instituições? Será que esses problemas globais como aquecimento da atmosfera, poluição,
perda de biodiversidade, contaminação dos solos e da água tem alguma coisa haver com o
que acontece aqui onde moro? Certamente, já que os problemas globais são formados por
muitos problemas locais, e que alguns destes também acontecem no seu município. Que a
degradação do meio ambiente ocorre no cotidiano, fruto de hábitos e costumes adquiridos
ao longo da história, herdados das concepções que nos fizeram acreditar que os recursos
nunca acabam e que nossa felicidade está no consumo.
7
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
Um dos primeiros passos importantes a ser dado é compreender e analisar criticamente o
que vem a ser o termo desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade. Esse termo que
hoje é tão escutado e falado tem sido usado tanto para defender uma real mudança na
forma de funcionamento das sociedades humanas, como também tem servido apenas para
camuflar velhos padrões de exploração dos recursos naturais e do próprio homem.
Escutamos de ambientalistas a donos de grandes empresas, de pesquisadores a políticos
falarem de sustentabilidade, sem que fique claro o suficiente a idéia que está por trás dos
discursos.
Afinal de contas o que mudou desde que o meio ambiente passou a ser preocupação de
todos e o desenvolvimento sustentável defendido por tantos? Quem está nos contando essa
história? Ou melhor, quem participa dessa história?
Esse é um convite a refletir junto a trajetória desse território que podemos chamar de
nosso lugar, seja ele o município ou mesmo o planeta, para que possamos entender o
momento que vivemos e para podermos participar ativamente da construção dos próximos
passos.
NÓS E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
“Quanto menos exercitamos a aprendizagem política e
deixamos de nos comprometer com uma utopia, mais nos
rendemos ao pragmatismo, à alienação, à dominação e à
desesperança. Quanto mais nos comprometemos com a
ação crítica e popular, mais sabemos o que precisa ser posto
em prática para transformar.” Carlos Frederico Loureiro,
2004
Diante do cenário de problemas socioambientais ameaçadores à sobrevivência da vida
na Terra, a educação ambiental surge como uma nova forma de encarar o papel do ser
humano nesse planeta. Na busca de soluções que alteram ou subvertem a ordem vigente, a
educação ambiental propõe novos modelos de relacionamentos mais harmônicos com a
natureza, novos paradigmas e novos valores éticos. Com uma visão sistêmica, é possível
pensar em posturas de integração e participação, onde cada indivíduo é estimulado a
exercitar plenamente sua cidadania. A educação ambiental aparece como um despertar de
uma nova consciência solidária a um todo maior.
8
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
Daí a importância de integrar conhecimentos, valores e capacidades que podem levar a
comportamentos condizentes com este novo pensar. Em um mundo mais ético, todas as
espécies têm direito à vida e as relações humanas são mais justas.
Mas afinal de contas o que significa educação ambiental?
Há muitas maneiras de definir a educação ambiental:
?educação ambiental é a preparação de pessoas para sua vida enquanto
membros da biosfera;
?educação ambiental é o aprendizado para compreender, apreciar, saber lidar
e manter os sistemas ambientais na sua totalidade;
?educação ambiental significa aprender a ver o quadro global que cerca um
problema específico – sua história, seus valores, percepções, fatores econômicos e
tecnológicos, e os processos naturais ou artificiais que o causam e que sugerem ações
para saná-lo;
?educação ambiental é a aprendizagem de como gerenciar e melhorar as
relações entre a sociedade humana e o ambiente, de modo integrado e sustentável;
?educação ambiental significa aprender a empregar novas tecnologias,
aumentar a produtividade, evitar desastres ambientais, minorar os danos existentes,
conhecer e utilizar novas oportunidades e tomar decisões acertadas.
Educação ambiental é fundamentalmente uma educação para a resolução de problemas,
a partir das bases filosóficas da sustentabilidade e do aprimoramento.
E quando surgiu a educação ambiental?
Em relação ao histórico de Educação Ambiental pode-se dizer que os acontecimentos
ligados à temática ambiental não surgiram de um dia para o outro. Numerosos fatos de
âmbito internacional e nacional foram delineando o que conhecemos hoje por Educação
Ambiental.
9
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
Em termos cronológicos, a primeira vez que se adotou o nome Educação Ambiental
(environmental education) foi em 1965, na Grã-Bretanha, na Conferência em Educação
promovida pela Universidade de Keele, no Reino Unido, aonde se chegou a conclusão de que
a Educação Ambiental deveria se tornar parte essencial da educação de todos os cidadãos.
Posteriormente, em 1970, os Estados Unidos aprovaram a primeira lei sobre Educação
Ambiental.
A Conferência das Nações Unidas - ONU sobre Meio Ambiente Humano e
Desenvolvimento (The United Nations Conference on the Human Environment) realizada de
5 a 16 de junho de 1972, em Estocolmo, Suécia, constitui o primeiro pronunciamento solene
sobre a necessidade da Educação Ambiental. Na Conferência foi ressaltada a importância de
se trabalhar a vinculação entre ambiente e educação, pois em ocasiões anteriores, os
organismos internacionais haviam elaborado resoluções sobre aspectos relacionados com o
meio ambiente, mas nelas não costumavam aparecer referências à educação.
Assim, na década de 1970 ocorreram fóruns específicos que permitiram, de um lado,
uma ampla discussão sobre o futuro da humanidade e, de outro, o encontro de chefes de
governo dos diferentes países integrantes da ONU – Organização das Nações Unidas. Dentre
os exemplos mais conhecidos podemos citar o Clube de Roma, criado por especialistas de
várias áreas e que publicou, em 1968, o famoso relatório Os Limites do Crescimento,
também conhecido por Relatório do Clube de Roma
A Constituição Brasileira de 1988 contemplou a Educação Ambiental em seu artigo
225, capítulo V, que trata do meio ambiente:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
(Parág.1) Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
(...) VI. Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente ...”
A década seguinte iniciou-se num clima de valorização das práticas ambientais, o que é
ressaltado com a realização da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
– a Eco 92. Durante o Fórum Global, organizado paralelamente à conferência, ocorreu a I
Jornada de Educação Ambiental, que elaborou o Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis. Como fruto desse trabalho coletivo foi formada a Rede Nacional
de Educação Ambiental.
10
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
Foi também nessa ocasião que surgiu a Agenda 21, cuja proposta está baseada em
valores como cooperação, solidariedade e parceria. O capítulo 36, denominado
“Promovendo a Conscientização Ambienta”, trata mais especificamente da educação e do
papel a ela reservado na promoção do desenvolvimento sustentável, reafirmando os
princípios e as recomendações da Declaração de Tbilisi.
Mais tarde, já em 1997, foram organizados quatro Fóruns Regionais de Educação
Ambiental que representaram um processo de discussão contínua ao longo daquele ano, e
que culminaram na I Conferência Nacional de Educação Ambiental, realizada em Brasília. O
documento gerado nessa conferência, denominado Declaração de Brasília para a Educação
Ambiental, consolidou as sugestões de diretrizes políticas para a Educação Ambiental no
Brasil, que foram levadas à Thessalônica, na Grécia, em 1997, durante a participação do
Brasil na II Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, organizada pela
Unesco.
Em nível nacional, tais diretrizes e sugestões subsidiaram a elaboração do documento
brasileiro mais recente e importante, do ponto de vista institucional, a Lei no 9.795,
aprovada em abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Essa Lei
foi regulamentada somente em 2002, pelo Decreto número 4.281, que contempla alguns
outros importantes dispositivos. Destacamos, entre estes, a criação de um “Órgão Gestor”
responsável pela coordenação da “Política Nacional de Educação Ambiental”, cuja direção
está a cargo dos Ministérios da Educação e do Meio Ambiente.
Segundo a Lei de Educação Ambiental, em seu capítulo I, parágrafo 1º:
“Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente (...)”.
Destacam-se, a seguir, alguns aspectos da Lei no 9.795, analisando-se o que eles
significam em termos de avanços para a área ambiental no país:
- a Educação Ambiental passou a ter uma definição oficial, institucionalizando-se como
um componente essencial e permanente da educação nacional;
11
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
- a inserção de questões ambientais nas práticas educativas formais (ensino
fundamental, médio e superior) foi regulamentada, estabelecendo-se que a Educação
Ambiental deve ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e
permanente. Ela não deve, contudo, ser implantada como uma disciplina específica do
currículo;
- a Educação Ambiental não-formal foi definida e, assim, houve uma valorização das
ações e práticas educativas voltadas para a sensibilização, a organização e a participação da
coletividade na defesa da qualidade do meio ambiente;
- estabeleceu-se uma Política Nacional de Educação Ambiental que envolve todos os
setores sociais do país em sua esfera de ação. As atividades estabelecidas para essa política
foram a capacitação de recursos humanos; o desenvolvimento de estudos, pesquisas e
experimentações; a produção e a divulgação de material educativo; e o acompanhamento e
a avaliação dessas atividades.
Entretanto, é importante mencionar que os significados sobre aquilo que se institui
como sendo Educação Ambiental não são definidos somente através de tratados e
legislações, pois a Educação Ambiental é um campo contestado e, sendo assim, os
documentos oficiais, por exemplo, não podem ser vistos como os únicos lugares que nos
ensinam sobre o que fazer e como proceder nesta área ainda em consolidação.
Os educadores ambientais vão se vendo e se narrando como educadores ambientais,
através de várias instâncias e práticas sociais, ou seja, através dos cursos que freqüentam,
dos livros que lêem, dos documentários que assistem, das histórias que escutam e narram,
dos movimentos que militam, das organizações a que se filiam, entre outros. Os documentos
oficiais são mais um desses lugares que nos ensinam sobre como estar sendo educador
ambiental. Sem dúvida, tais documentos são muito importantes nessa conformação e, por
isso, são apresentados nesse caderno.
12
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES
SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL
PREÂMBULO
1. Este tratado, assim como a educação, é um processo dinâmico em permanente
construção. Deve portanto propiciar a reflexão, o debate e a sua própria modificação.
2. Nós signatários, pessoas de todas as partes do mundo, comprometidos com a proteção
da vida na Terra, reconhecemos o papel central da educação na formação de valores e na
ação social. Nos comprometemos com o processo educativo transformador, através de
envolvimento pessoal de nossas comunidades e nações para criar sociedades sustentáveis e
eqüitativas. Assim, tentamos trazer novas esperanças e vida para o nosso pequeno,
tumultuado mas, ainda assim, belo planeta.
3. Consideramos que a educação ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um
processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal
educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e
para a preservação ecológica. Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e
ecologicamente equilibradas, que conservam entre si relação de interdependência e
diversidade. Isto requer responsabilidade individual e coletiva a nível local, nacional e
planetário.
4. Consideramos que a preparação para as mudanças necessárias depende da
compreensão coletiva da natureza sistêmica das crises que ameaçam o futuro do planeta. As
causas primárias de problemas como o aumento da pobreza, da degradação, da degradação
humana e ambiental e da violência, podem ser identificadas no modelo de civilização
dominante, que se baseia em superprodução e superconsumo para uns e em sub-consumo e
falta de condições para produzir por parte da grande maioria.
5. Consideramos que são inerentes à crise, a erosão dos valores básicos e a alienação e a
não-participação da quase totalidade dos indivíduos na construção de seu futuro. É
fundamental que as comunidades planejem e implementem suas próprias alternativas às
políticas vigentes.
13
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
6. Dentre essas alternativas está a necessidade de abolição dos programas de
desenvolvimento, ajustes e reformas econômicas que mantêm o atual modelo de
crescimento, com seus terríveis efeitos sobre o ambiente e a diversidade de espécies,
incluindo a humana.
7. Consideramos que a educação ambiental deve gerar, com urgência, mudanças na
qualidade de vida e maior consciência de conduta pessoal, assim como harmonia entre os
seres humanos e destes com outras formas de vida.
PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E
RESPONSABILIDADE GLOBAL
1. A educação é um direito de todos; somos todos aprendizes e educadores.
2. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em
qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não formal e informal, promovendo a
transformação e a construção da sociedade.
3. A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com
consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e a soberania
das nações.
4. A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em
valores para a transformação social.
5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação
entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar.
6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos
direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e interação entre as culturas.
7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e
interrelações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. Aspectos
primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente tais como população,
saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome, degradação da flora e fauna devem ser
abordados dessa maneira.
14
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e eqüitativa nos processos de
decisão, em todos os níveis e etapas.
9. A educação ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, refletir e utilizar a
história indígena e culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, linguística e
ecológica. Isto implica em uma revisão da história dos povos nativos para modificar os
enfoques etnocêntricos, além de estimular a educação bilíngue.
10. A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas
populações, promover oportunidades para as mudanças democráticas de base que
estimulem os setores populares da sociedade. Isto implica que as comunidades devem
retornar a condução de seus próprios destinos.
11. A educação ambiental valoriza as diferentes formas de conhecimento. Este é
diversificado, acumulado e produzido socialmente, não devendo ser patenteado ou
monopolizado.
12. A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem
conflitos de maneira justa e humana.
13. A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e
instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida, baseados às necessidades
básicas de todos, sem distinções étnicas, físicas, de gênero, idade, religião, classe ou
mentais.
14. A educação ambiental requer a democratização dos meios de comunicação de massa
e seu comprometimento com os interesses de todos os setores da sociedade. A comunicação
é um direito inalienável e os meios de comunicação de massa devem ser transformados em
um canal privilegiado de educação, não somente disseminando informações em bases
igualitárias, mas também promovendo intercâmbio de experiências, métodos e valores.
15. A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e
ações. Deve converter cada oportunidade em experiências educativads de sociedades
sustentáveis.
16. A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas
as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e
impor limites à exploração dessa formas de vida pelos seres humanos.
15
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
PLANO DE AÇÃO
As organizações que assinam este Tratado se propõem a implementar as seguintes
diretrizes:
1. Transformar as declarações deste Tratado e dos demais produzidos pela Conferência
da Sociedade Civil durante o processo da Rio 92 em documentos a serem utilizados na rede
formal de ensino e em programas educativos dos movimentos sociais e suas organizações.
2. Trabalhar a dimensão da educação ambiental para sociedades sustentáveis em
conjunto com os grupos que elaboraram os demais Tratados aprovados durante a Rio 92.
3. Realizar estudos comparativos entre os tratados da sociedade civil e os produzidos
pela Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD;
utilizar as conclusões em ações educativas.
4. Trabalhar os princípios deste Tratado a partir das realidades locais, estabelecendo as
devidas conexões com a realidade planetária, objetivando a conscientização para a
transformação.
5. Incentivar a produção de conhecimentos, políticas, metodologias e práticas de
Educação Ambiental em todos os espaços de educação formal, informal e não-formal, para
todas as faixas etárias.
6. Promover e apoiar a capacitação de recursos humanos para preservar, conservar e
gerenciar o ambiente, como parte do exercício da cidadania local e planetária.
7. Estimular posturais individuais e coletivas, bem como políticas institucionais que
revisem permanentemente a coerência entre o que se diz e o que se faz, os valores de nossas
culturas, tradições e história.
8. Fazer circular informações sobre o saber e a memória populares; e sobre iniciativas e
tecnologias apropriadas ao uso dos recursos naturais.
9. Promover a co-responsbilidade dos gêneros feminino e masculino sobre a produção,
reprodução e manutenção da vida.
10. Estimular e apoiar a criação e o fortalecimento de associações de produtores e de
consumidores e redes de comercialização que sejam ecologicamente responsáveis.
16
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
11. Sensibilizar as populações para que constituam Conselhos Populares de Ação
Ecológica e Gestão do Ambiente visando investigar, informar, debater e decidir sobre
problemas e políticas ambientais.
12. Criar condições educativas, jurídicas, organizacionais e políticas para exigir dos
governos que destinem parte significativa de seu orçamento à educação e meio ambiente.
13. Promover relações de parceria e cooperação entre as ONGs e movimentos sociais e as
agências da ONU (UNESCO, PNUMA, FAO, entre outras), a nível nacional, regional e
internacional, a fim de estabelecer em conjunto as prioridades de ação para educação,
meio ambiente e desenvolvimento.
14. Promover a criação e o fortalecimento de redes nacionais, regionais e mundiais para
a realização de ações conjuntas entre organizações do Norte, Sul, Leste e Oeste com
perspectiva planetária (exemplos: dívida externa, direitos humanos, paz, aquecimento
global, população, produtos contaminados).
15. Garantir que os meios de comunicação se transformem em instrumentos
educacionais para a preservação e conservação de recursos naturais, apresentando a
pluralidade de versões com fidedignidade e contextualizando as informações. Estimular
transmissões de programas gerados por comunidades locais.
16. Promover a compreensão das causas dos hábitos consumistas e agir para a
transformação dos sistemas que os sustentam, assim como para a transformação de nossas
próprias práticas.
17. Buscar alternativas de produção autogestionária apropriadas econômica e
ecologicamente, que contribuam para uma melhoria da qualidade de vida.
18. Atuar para erradicar o racismo, o sexismo e outros preconceitos; e contribuir para um
processo de reconhecimento da diversidade cultural, dos direitos territoriais e da
autodeterminação dos povos.
19. Mobilizar instituições formais e não formais de educação superior para o apoio ao
ensino, pesquisa e extensão em educação ambiental e a criação, em cada universidade, de
centros interdisciplinares para o meio ambiente.
20. Fortalecer as organizações e movimentos sociais como espaços privilegiados para o
exercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente.
17
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
21. Assegurar que os grupos de ecologistas popularizem suas atividades e que as
comunidades incorporem em seu cotidiano a questão ecológica.
22. Estabelecer critérios para a aprovação de projetos de educação para sociedades
sustentáveis, discutindo prioridades sociais juntos às agências financiadoras.
SISTEMAS DE COORDENAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO.
Todos que assinam este Tratado concordam em:
1. Difundir e promover em todos os países o Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, através de campanhas individuais e
coletivas promovidas por ONGs, movimentos sociais e outros.
2. Estimular e criar organizações, grupos de ONGs e Movimentos Sociais para implantar,
implementar, acompanhar e avaliar os elementos deste Tratado.
3. Produzir materiais de divulgação deste Tratado e de seus desdobramentos em ações
educativas, sob a forma de textos, cartilhas, cursos, pesquisas, eventos culturais,
programas na mídia, feitas de criatividade popular, correio eletrônico, e outros.
4. Estabelecer um grupo de coordenação internacional para dar continuidade às
propostas deste Tratado.
5. Estimular, criar e desenvolver redes de educadores ambientais.
6. Garantir a realização, nos próximos três anos, do 1º Encontro Planetário de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis.
7. Coordenar ações de apoio aos movimentos sociais em defesa da melhoria da qualidade
de vida, exercendo assim uma efetiva solidariedade internacional.
8. Estimular articulações de ONGs e movimentos sociais para rever suas estratégias e
seus programas relativos ao meio ambiente e educação.
18
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
GRUPOS A SEREM ENVOLVIDOS
Este Tratado é dirigido para:
1. Organizações dos movimentos sociais-ecologistas, mulheres, jovens, grupos étnicos,
artistas, agricultores, sindicalistas, associações de bairro, e outros.
2. ONGs comprometidas com os movimentos sociais de caráter popular.
3. Profissionais de educação interessados em implantar e implementar programas
voltados à questão ambiental, tanto nas redes formais de ensino, como em outros espaços
educacionais.
4. Responsáveis pelos meios de comunicação capazes de aceitar o desafio de um
trabalho transparente e democrático, iniciando uma nova política de comunicação de
massas.
5. Cientistas e instituições científicas com postura ética e sensíveis ao trabalho conjunto
com as organizações dos movimentos sociais.
6. Grupos religiosos interessados em atuar junto às organizações dos movimentos
sociais.
7. Governos locais e nacionais capazes de atuar em sintonia/parceria com as propostas
deste Tratado.
8. Empresários(as) comprometidos(as) em atuar dentro de uma lógica de recuperação e
conservação do meio ambiente e de melhoria da qualidade de vida humana.
9. Comunidades alternativas que experimentam novos estilos de vida condizentes com
os princípios e propostas deste Tratado.
19
CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL
RECURSOS
Todas as organizações que assinam o presente Tratado se comprometem a:
1. Reservar uma parte significativa de seus recursos para o desenvolvimento de
programas educativos relacionados com a melhoria do ambiente e qualidade de vida.
2. Reivindicar dos governos que destinem um percentual significativo do Produto
Nacional Bruto para implantação de programas de Educação Ambiental em todos os setores
da administração pública, com participação direta de ONGs e movimentos sociais.
3. Propor políticas econômicas que estimulem empresas a desenvolverem e aplicarem
tecnologias apropriadas e a criarem programas de educação ambiental parte de
treinamento de pessoal para a comunidade em geral.
4. Incentivar as agências financiadoras a alocarem recursos significativos a projetos
dedicados à educação ambiental parte de treinamento de pessoal e para a comunidade em
geral, além de garantir sua presença em outros projetos a serem aprovados, sempre que
possível.
5. Contribuir para a formação de um sistema bancário planetário das ONGs e
movimentos sociais, cooperativo e descentralizado, que se proponha a destinar uma parte
de seus recursos para programas de educação e seja, ao mesmo tempo. um exercícios
educativo de utilização de recursos financeiros.
20
O NOSSO LUGAR
ESPAÇO, TERRITÓRIO E GESTÃO
"Localizar significa mostrar o lugar.
Quer dizer, além disto, reparar no lugar.” (Heidegger)
Durante o nosso curso vamos trabalhar com os conceitos de espaço, território, gestão e
pertencimento, identificando responsabilidades individuais e coletivas em um processo de
mobilização e educação ambiental.
conceitos de espaço são muitos: físico, geográfico, cultural, político. Mas nesse texto
vamos nos ater a pensar no espaço em que percebemos e que ocupamos no mundo. Onde
estamos? Com quem habitamos? O que tem ao nosso redor?
O conceito de território também é diverso, mas sempre citado como um espaço
delimitado e controlado, sobre o qual se exerce um determinado poder, especialmente o de
caráter estatal ou administrativo. Território também pode significar um caráter de
identidade, um lugar de pertencimento.
Bairro, município, estado ou país são exemplos de território habitados. Para entender a
gestão, vamos dar o exemplo de uma casa onde habitam muitas pessoas, algumas destas
possivelmente possuem maiores responsabilidades na administração pelo bem-estar
coletivo: na hora de pagar as contas, de cuidar da limpeza, etc.
Podemos dizer que os mapas geopolíticos delimitam fronteiras entre as localidades,
dando destaque a uma organização administrativa. Normalmente quando pensamos no
mapa do Estado da Bahia, lembramos da divisão dos seus 417 municípios, mas essa idéia de
organização não é a única. Existe uma série de outros territórios delimitados e reconhecidos por outros aspectos. Citando como exemplo, na mesma Bahia temos 26 bacias hidrográficas ou regiões administrativas da gestão das águas (RPGA's).
Os
Se localizar no espaço significa
entender melhor sobre ele e ampliar a idéia de que fazemos parte de uma rede de relações,
sejam estas com seres vivos ou não vivos.
Bacias Hidrográficas da Bahia.
Fonte: Instituto de Gestão das Águas e Clima, INGÁ.
21
O NOSSO LUGAR
As bacias hidrográficas ou bacias de drenagem de um curso de água são definidas como áreas onde ocorrem a captação de água (drenagem)
devido às características do seu relevo e geografia. A divisão de qualquer mapa ou espaço não ocorre por acaso. A divisão das bacias hidrográficas foi definida por uma questão ambiental.
“Território situado, Planejamento situado”.
Existe uma série de outros territórios que vamos trabalhar durante o curso e leis que orientam que a gestão desses espaços (decisões e planejamento), devem acontecer de form participativa, dando poder para que a sociedade possa escolher e propor ações para a melhoria da qualidade de vida.
Sobre a divisão política de responsabilidades vamos buscar entender como as
instituições públicas e privadas, municipais, estaduais e federais estão responsáveis pela
administração de cada território formalmente instituído. Ao passo que melhor
compreendermos os territórios e os seus planejamentos, poderemos melhor avaliar como
está sendo a gestão e quais os espaços de decisão da sociedade. Vamos juntos
Para refletir e discutir:
?Em que lugar do mundo nós habitamos? Partindo das nossas casas, rua, bairro,
município, estado, país.
?Você se sente fazendo parte da história desse lugar?
?Você participa de que forma do planejamento e decisões desses lugare
??Você está satisfeito com a administração política dos espaços em que habita?
de rios menores (afluentes) que desaguam em um rio maior, ou rio principal,
fazer parte
desse exercício de cidadania.
Bacia hidrográfica. Fonte: www.ana.gov.br Foto: Débora Menezes
22
O NOSSO LUGAR
O BIOMAPA
Nos seminários de abertura do projeto, as comunidades participaram da construção do
chamado biomapa, desenhando ou indicando em um mapa um pouco sobre o seu município,
de como é o lugar onde vivem, suas águas, suas instituições políticas. Vamos entender um
pouco mais sobre essa ferramenta de planejamento de ações do projeto. Foram pensados
eixos para o trabalho (saúde, educação, nossos rios, nosso esgoto, nossos resíduos sólidos,
instituições, entre outros). Para melhor compreendermos a realidade a partir do local,
trocar informações e planejar melhor as ações do projeto.Mapa do estado da Bahia
Representação, pois aquilo que desenhamos com a nossa intenção, os objetos e as ações
sugeridas nesses desenhos, não é o mundo real, mas sim uma representação dele. E é assim
que construímos, a partir da nossa memória, dos desejos, das vontades individual e
coletiva, o mundo que pode ser visualizado e interpretado numa representação - o mapa.
Quando nos referimos a um biomapa, estamos falando de um mapa temático, ou seja,
traduzindo ao pé da letra, estamos nos referindo a um mapa que apresente temas,
elementos vivos ou que pelo menos sugira isso na sua representação, na sua intenção de
representar o mundo. Você deve está consciente que dificilmente verá nos desenhos feitos
no mapa vida em movimento. Mas o que é importante é o que cada desenho, cada objeto
significa no mapa, principalmente para as pessoas que o construíram. As pessoas podem não
ver os objetos se moverem nele, mas pode num exercício de abstração e pensamento
entender que os objetos representados nesse mapa podem significar movimento, ou não,
pode ser simplesmente árvores, morros e pedras que não se movem como os animais.
O que é um mapa?
Há muitas formas de se
entender o mundo e de construir o
que existe dentro dele. Esse desejo
de construção do mundo, presente
em nossa memória, a herança dos
nossos antepassados, essa vontade
de representar o que enxergamos e
o que sentimos, quando colocamos
no papel, numa pedra nas cavernas
ou numa árvore, podemos chamar
de expressões gráficas, escritas
de representação do mundo.
23
O NOSSO LUGAR
Nessa linha de raciocínio podemos falar em outros tipos de representação da realidade,
ou mapas temáticos: mapa social, mapa regional, mapa mundi, mapa cognitivo,
etnomapa, mapa do território, etc. Esses nomes, diversos de um modo geral, fazem
referência aos mapas como representação do mundo imaginado e não da realidade em si,
deve-se, portanto, considerar o contexto social nos quais são produzidos esses diferentes
mapas.
Por exemplo, se construímos um mapa numa comunidade indígena com os índios de uma
dada etnia (kayapó, pankararé, etc.), podemos nos referir a esse mapa como um etnomapa
se considerarmos que sua construção foi fruto de num diálogo entre diferentes culturas (a
do conhecimento técnico-científico e a tradicional-popular) com participação efetiva da
população local e dos pesquisadores envolvidos na construção dessa representação. Ou de
outro lado, se construímos um mapa junto ao movimento social de agricultores presente no
Cerrado, podemos chamá-lo de mapa social, pelo fato de estar sendo construído no
contexto social particular, o do movimento social dos agricultores.
O fato é que os mapas, as representações variam de nome dependendo de como são
construídos, do contexto social e histórico da sua produção, da relação que a concepção
desses mapas trazem com a sociedade que ele representa, com os demais interessados
nessa representação. Mapas representam uma realidade que pode ser interessante para
alguns grupos, e para outros não. Os mapas podem representar áreas de mineração, de
ocorrência de petróleo, risco de erosão, de locais contaminados onde não existe
saneamento, ou pode também indicar locais onde existe diversidade de vida, animais,
plantas, de biodiversidade e de recursos hídricos. Por isso os mapas também são
instrumentos políticos.
Os mapas atualmente, com as suas diferentes representações do espaço e do tempo
histórico em que se vive para sua construção, são ferramentas importantes para o
planejamento, auxiliando na tomada de decisões pela sociedade civil e pelo poder público
municipal, estadual, federal e global. Com os avanços tecnológicos foram desenvolvidas
várias formas de produzir mapas que varia desde desenhos feitos em grupos até aqueles que
são produzidos com tecnologia avançadas, sistemas georeferenciados, imagens de satélites
que circulam em órbita na terra, aparelhos sofisticados, como o GPS, um sistema de
posicionamento global.
24
O NOSSO LUGAR
Há formas de construção de mapa que envolvem tecnologias de informação e de
comunicação sofisticadas, e não pretendemos nos aprofundar aqui nessas formas de
construção de mapas.
Mapas mais artesanais, como os produzidos durante o PEAMSS, têm informações
importantes para as comunidades locais. E durante a sua construção é grande a troca de
saberes entre os mais velhos grupo, da comunidade, além da atualização do saber que será
transmitido dos mais velhos para os mais novos, valorizando a memória coletiva dos lugares,
a importância de cada objeto para os membros da comunidade ou sociedade em geral.
Assim, podemos dizer que um biomapa pode ser participativo e valorizar a memória, os
saberes, o conhecimento construído de geração em geração, quando construído dessa
forma, ampliando o diálogo e a participação. Além disso, mapa artesanal feito sem uso de
alta tecnologia possibilita que a comunidade, o grupo social que o construiu reconheça os
lugares de importância histórica, cultural, simbólica para os que vivem nesse espaço.
Essas representações do espaço e do tempo podem também ajudar a verificar se os
mapas feitos com altas tecnologias nas universidades, nos órgãos governamentais de
planejamento que ordenam o uso e ocupação do solo rural e urbano, têm sentido junto à luz
da sociedade local, que permite verificar também se o que os mapas das empresas, desses
órgãos estão corretos ou não, a depender da localização dos objetos nos mapas, que podem
confrontados através de uma conferência comparativa entre o mapeamento da comunidade
e o dos órgãos de planejamento do governo e do setor privado, por exemplo. Em alguns casos
os mapas artesanais podem representam melhor que os mapas oficiais.
Biomapa elaborado pelo município de CoronelJoão Sá, durante seminário de abertura do PEAMSS.Foto: Marcos Vinícus de Souza
A construção dos biomapas
Um diferencial na construção
dos mapas temáticos é que podem
ser construídos de forma
participativa, juntamente com a
sociedade representado suas
intenções, sua memória sobre os
lugares e com uso de pouco
recurso tecnológico, que nem
sempre está acessível a toda
população.
25
O NOSSO LUGAR
Porque construir um mapa?
Os mapas podem auxiliar de diferentes maneiras o desenvolvimento de um espaço, num
determinado tempo. Por exemplo, a ocupação do espaço da comunidade pode ser planejada
através de mapas, em diferentes escalas, visões diferentes do espaço representado.
Um mapa pode representar bem estradas, rios, lagoas, mas pode não representar bem os
tipos de solos férteis e inférteis, os locais adequados para pesca, ou mesmo onde estão
localizados outros recursos naturais de interesse para uma comunidade num lugar, local,
região ou território. Nesse sentido os mapas tem sido necessários para planejar os lugares
dos homens no mundo, onde se vive em sociedade para planejar as ações, onde serão
dispostos os objetos nesse espaço e em qual tempo isso irá ocorrer.
Outra coisa importante é que os mapas podem ser usados para diferentes fins, por
exemplo, indicar áreas que oferecem risco a população devido a presença insetos,
contaminação, lixo, etc. Nesse sentido, os mapas são importantes porque tem sido base do
planejamento para intervenções, construções, conservação de florestas, recursos hídricos
em áreas rurais e urbanas de todo mundo.
Biomapa elaborado pelo município de Ibirapuã. Foto: Débora Menezes
26
SANEAMENTO
PARA REFLETIR SOBRE SANEAMENTO
A princípio, o que vem em sua cabeça a respeito da palavra saneamento? Pela
similaridade das palavras poderíamos logo pensar em saúde, salubridade, que são termos
que estão relacionados com coisas boas, com qualidades que queremos para nossas vidas.
Saneamento tem haver com tudo isso, são aspectos básicos necessários à qualidade de vida
de uma população, são medidas e ações executadas visando à modificação ou manutenção
de condições ambientais com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde. O
saneamento básico envolve os serviços de abastecimento de água potável, coleta,
tratamento e disposição adequados de esgoto e lixo, limpeza urbana e drenagem urbana das
águas pluviais.
A sociedade ao longo da história vem descobrindo a importância do saneamento para
assegurar a qualidade de vida da população e também a qualidade do meio ambiente, pois
nesse ambiente as diferentes culturas reproduzem seus saberes e seus conhecimentos sobre
o mundo em que vivem.
Agora que já temos clareza da
relação entre saneamento e
saúde, podemos também pensar
na saúde do ambiente numa forma
mais abrangente. Assim, quando
fa l amos em saneamento ,
incluímos a saúde das pessoas e
dos lugares, dos ambientes
necessários para a sobrevivência,
locais onde as sociedades se
reproduzem no exercício da vida
social.
Nesse sentido, a noção de saneamento hoje busca não só assegurar condições
saudáveis para as pessoas nas grandes cidades, através dos serviços básicos, mas
também oferecer um ambiente de qualidade nas pequenas cidades e zonas rurais do
Brasil. É por isso que um planejamento e uma gestão adequada dos serviços de
saneamento são imprescindíveis para a valorização, proteção e gestão equilibrada dos
recursos ambientais e tornam-se essenciais para garantir a eficiência desse sistema, em
busca da universalização do atendimento, em harmonia com o desenvolvimento local e
regional.
27
SANEAMENTO
A Lei 11.445, promulgada em 5 de janeiro de 2007, foi denominada Lei de Regulação do
Setor de Saneamento Básico. Ela é considerada o marco regulatório para o setor de
saneamento no Brasil e contém os princípios da universalização do acesso, da integralidade
e intersetorialidade das ações e principalmente da participação social nas políticas
públicas. Assim, o exercício da cidadania é uma condição necessária para que toda a
sociedade seja capaz de ter acesso aos serviços de saneamento básico, para melhorar as
condições do meio ambiente, do seu local de trabalho e da sua comunidade.
A Lei de Saneamento Básico no Brasil também estabelece que os órgãos gestores dos
serviços devam formular uma Política Pública de Saneamento Básico e elaborar os
respectivos Planos Municipais e/ou Regionais de Saneamento Básico, principal instrumento
para o planejamento e a gestão do saneamento em cada município. A elaboração desse
Plano deve ser construída com a participação da população local, que deve ser garantida por
meio de ampla divulgação das informações e das propostas e estudos que as fundamentam,
inclusive com a realização de audiências ou consultas públicas.
O Plano Municipal de Saneamento Básico deve conter no mínimo: um diagnóstico com a
situação do saneamento básico no município, a definição das metas de curto, médio e longo
prazo, propostas de intervenções e estabelecimento de prioridades, a programação física,
financeira e institucional da implantação das intervenções e a programação de revisão e
atualização.
Os níveis de participação da comunidade podem ser dos mais diversos, desde a mera
passividade, em que as pessoas, achando que o poder público, no caso o município, tem que
tomar todas as decisões sem consultar ninguém, e a elas resta apenas o papel de acatar, até
aquela em que a comunidade tem acesso às informações e cobra do município seu espaço
para ser ouvida e poder construir conjuntamente o planejamento e acompanhar todas as
ações.
Sendo assim, o processo de elaboração do Plano deve ter como prioridade a ampla
participação da comunidade, para que este possa consequentemente promover a segurança
hídrica, prevenção de doenças, redução das desigualdades sociais, preservação do meio
ambiente, desenvolvimento econômico do município, ocupação adequada do solo, e a
prevenção e redução de acidentes ambientais e eventos como enchentes, falta de água e
poluição em cada município.
28
CARTILHA DE SANEAMENTO
Instituto Trata Brasil
O QUE É SANEAMENTO BÁSICO?
Saneamento Básico pode ser entendido como o conjunto de medidas que visam
preservar ou modificar condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e
promover a saúde.
O sistema de saneamento básico de um município ou de uma região possui estreita
relação com a comunidade a qual atende, sendo fundamental para a salubridade ambiental
do município e para a qualidade de vida da população.
Sendo assim, um planejamento e uma gestão adequada desse serviço concorrem para
a valorização, proteção e gestão equilibrada dos recursos ambientais e tornam-se essenciais
para garantir a eficiência desse sistema, em busca da universalização do atendimento, em
harmonia com o desenvolvimento local e regional.
Os gráficos a seguir exibem os dados divulgados pelo Ministério das Cidades, através
do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (www.snis.gov.br) e da
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE (www.ibge.gov.br).
SANEAMENTO
29
QUE SERVIÇOS COMPÕEM O SANEAMENTO BÁSICO?
• Abastecimento de água potável São atividades, infraestruturas e instalações necessárias
ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e os
respectivos instrumentos de medição.
• Esgotamento sanitário São atividades, infraestruturas e instalações operacionais de
coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde
ligações prediais até o seu lançamento no meio ambiente.
SANEAMENTO
30
• Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos São atividades, infraestruturas e instalações
operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo
doméstico e do lixo originário de varrição e limpeza de logradouros e vias públicas.Neste
caso, é importante salientar que a Lei 11.445 limita-se a traçar diretrizes aos resíduos
domésticos, pois, em relação aos resíduos provenientes de serviços de saúde, resíduos
industriais e comerciais, a responsabilidade é dos próprios geradores.
• Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas São atividades, infraestruturas e
instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou
retenção, para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das
águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.
O QUE DIZ A LEI DE REGULAÇÃO DO SETOR DE SANEAMENTO BÁSICO
A Lei 11.445, promulgada em 5 de janeiro de 2007, foi denominada Lei de Regulação
do Setor de Saneamento Básico. Ela é considerada o marco regulatório para o setor de
saneamento no Brasil e contém os princípios da universalização do acesso, da integralidade
e intersetorialidade das ações e da participação social.
A Lei define Saneamento Básico como o conjunto de serviços, infraestruturas e
instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário,
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais
urbanas.
Estabelece também que os titulares dos serviços deverão formular a Política Pública
de Saneamento Básico e elaborar os respectivos Planos Municipais e/ ou Regionais de
Saneamento Básico, principal instrumento para o planejamento e a gestão do saneamento
básico em âmbito municipal.
O PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO (PMSB)
O PMSB deve abranger, no mínimo:
(i) diagnóstico da situação do saneamento básico do município, para verificação das
deficiências e necessidades detectadas através de indicadores;
(ii) estudo de comprovação técnica financeira da prestação universal;
(iii) designação da entidade regulatória e de fiscalização;
(iv) estabelecimento de prognóstico e alternativas para universalização
dos serviços, com definição de objetivos e metas de curto, médio e longo prazo;
(v) definição de programas, projetos e ações para emergência e contingência;
(vi) mecanismos e procedimentos de avaliação sistemática. Poderá ser específico para cada
serviço.
SANEAMENTO
31
A participação da sociedade é fundamental no processo de elaboração do PMSB e
deverá ser promovida por meio de ampla divulgação das propostas e dos estudos que as
fundamentam, inclusive com a realização de audiências ou consultas públicas.
O estabelecimento de um sistema municipal de informações sobre saneamento
básico, de forma compatível com o Sistema Nacional de Informações em Saneamento
(SINISA), também é um importante instrumento para a sistematização das informações.
O PMSB deverá interagir e se compatibilizar com os demais instrumentos e planos
setoriais e governamentais existentes, tais como: Política Estadual de Recursos Hídricos,
Plano da Bacia Hidrográfica e Plano Diretor do Município, entre outros. Além disso, o mesmo
deverá ser revisto periodicamente, em período inferior a quatro anos.
Os Planos devem contemplar, também, estudos relativos à regulação dos serviços. O
exercício da função de regulação está previsto nos termos da Lei. 11.445/07, com objetivos
de:
i) estabelecer padrões e normas para a prestação adequada dos serviços e satisfação dos
usuários;
ii) garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas;
iii) prevenir e reprimir o abuso do poder econômico e
iv) definir tarifas que assegurem o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos e a
modicidade tarifária.
O titular poderá criar ou delegar a função regulatória dos serviços públicos de
saneamento básico a qualquer entidade reguladora constituída nos limites do respectivo
Estado.
É muito importante que os Planos sejam elaborados a partir de uma visão holística e
sistêmica, integrando as quatro vertentes do conceito de saneamento básico.
A INTEGRAÇÃO REGIONAL
Ainda sob o mesmo ângulo de visão, as soluções poderão depender das ações de
municípios atuando de forma integrada. Nesse caso, eles poderão se consorciar através de
processos de gestão associada.
Para tanto, deverão ser respeitados os preceitos da Lei 11.107, de 6 de abril de 2005 e
do Decreto 6.017, de 17 de janeiro de 2007, que dispõem sobre a formulação de consórcios
públicos.
Essa articulação entre municípios poderá potencializar a resolução de problemas
comuns, qualificar os resultados e otimizar a aplicação de recursos.
Além disso, o serviço de saneamento básico poderá ser regionalizado e obedecer a
um único Plano de Saneamento Básico, elaborado para o conjunto de municípios atendidos.
SANEAMENTO
32
POR QUE ELABORAR O PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO E QUAIS SEUS BENEFÍCIOS
É um instrumento exigido pela Lei 11.445/07, de regulação do setor de saneamento.
Sua implementação possibilitará planejar as ações do Município na direção da
universalização do atendimento. Pela Resolução Recomendada nº 33 do Conselho das
Cidades, disponível no site do Ministério das Cidades (www.cidades.gov.br), todos os
municípios brasileiros deverão ter concluído sua elaboração até 31 de dezembro de 2010.
Por outro lado, o não cumprimento do prazo poderá trazer consequências desfavoráveis,
como a restrição para obtenção de recursos federais para investimentos no setor.
Através dele poderão ser fornecidas as diretrizes e estudos para viabilização de
recursos, além de definir programas de investimentos e estabelecer cronogramas e metas
de forma organizada, promovendo a redução de incertezas e riscos na condução da Política
Municipal.
Consequentemente, este processo concorrerá para promover a segurança hídrica,
prevenção de doenças, redução das desigualdades sociais, preservação do meio ambiente,
desenvolvimento econômico do município, ocupação adequada do solo, e a prevenção e
redução de acidentes ambientais e eventos como enchentes, falta de água e poluição.
COMO ELABORAR O PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO
• Planejar as ações
As primeiras ações devem ser de planejamento. A decisão de realizar o Plano é uma
premissa sobre a qual não cabe discussão. É exigência legal. Cabe, no entanto, refletir sobre
como realizá-lo.
Neste momento, é preciso ter ideia de quanto poderia custar ao município sua
realização. Decorrente disso cabe refletir sobre os recursos para sua realização: próprios ou
financiado, e neste ultimo caso, quais fontes poderiam ser utilizadas e qual a capacidade de
endividamento do Município.
É hora de consultar. Qualquer dúvida para elaboração do Plano consulte o Instituto
Trata Brasil ([email protected]). Além disso, o endereço eletrônico do
Ministério das Cidades e da Caixa Econômica Federal (www.caixa.gov.br) contêm
informações sobre programas voltados para a área de saneamento.
Ali poderão ser encontradas indicações para obtenção de recursos para elaboração
dos PMSB. Essas informações iniciais auxiliarão o município a adequar a elaboração do
PMSB à sua realidade local.
SANEAMENTO
33
• Elaborar um Termo de Referência
A não ser em casos excepcionais, a necessidade de contar com equipe
técnicacapacitada e especializada devido à abrangência e à complexidade do tema traz
como solução a contratação de profissionais especializados e de empresas de consultoria
para proceder à elaboração do PMSB, fazendo com que a administração e os profissionais a
ela vinculados fiquem responsáveis pela supervisão e gestão do serviço.
Para tanto, é necessário elaborar o pacote técnico para contratação do Plano. A
primeira e mais importante fase para a elaboração do pacote técnico é a elaboração do
Termo de Referência (TR). O TR é um documento orientativo, que deve ser elaborado pela
administração previamente à contratação dos serviços.
Sugere-se consultar o endereço do Instituto Trata Brasil (www.tratabrasil.org.br)
para obter as informações necessárias à sua elaboração que , invariavelmente requer a
utilização dos serviços de profissionais especializados. Esse endereço também disponibiliza
documento que exemplifica, na prática, o TR utilizado para elaboração do PMSB de
Florianópolis .
Esse documento será o instrumento pelo qual a administração municipal poderá
realizar uma análise prévia da situação do município e emitir as diretrizes para a elaboração
do produto em questão.
Apresenta-se, a seguir, o fluxograma com a seqüência de tópicos para realização do TR.
• Contratar a elaboração do Plano
Concluído o Termo de Referência, a opção pela contratação da execução do plano
requer a elaboração do pacote técnico que se constitui do conjunto de normas que deverá
nortear a contratação. É importante que a documentação seja objetiva e transparente, de
acordo com a legislação aplicável e adequada à realidade local. Ela deve incluir em seu
conteúdo o modelo de contrato.
De novo, caso tenha dúvida quanto ao procedimento, consulte o Trata Brasil!
Se a contratação do Plano estiver enquadrada em um processo de financiamento,
todo o processo de elaboração do edital deverá ter passado pelo órgão financeiro para
análise prévia, aprovação e adequação às exigências documentais do financiamento.
As licitações deverão seguir a Lei de Licitações n° 8.666 de 21 de junho de 1993, e
deverão ter divulgação ampla e abrangente, assegurando que a comunicação da mesma
atinja o ambiente das diversas empresas especializadas do setor. O mercado da engenharia
consultiva e dos profissionais que atuam no setor de saneamento dispõe de associações e
sindicatos que poderão ser consultados.
O próximo passo que antecede à execução do Plano é a formalização da contratação
dos serviços.
SANEAMENTO
34
SANEAMENTO
35
COMO PRODUZIR UM PLANO BEM ELABORADO
• Participar ativamente do processo de elaboração
A contratada será responsável pela elaboração do PMSB. Entretanto, a participação
ativa da administração municipal no processo de elaboração é fundamental e se tornará
efetiva quando exercido plenamente o seu papel de contratante.
O acompanhamento dos trabalhos pode variar de acordo com a estrutura de cada
prefeitura, desde a constituição de grupo técnico para acompanhamento do processo,
composto por técnicos das diversas secretarias, concessionárias de serviços, dentre outros
relacionados à temática em questão, até a simples designação de um único técnico que
poderá se assessorar de um consultor contratado.
Essa participação será importante para realizar a interface tanto com a contratada
quanto com as demais partes interessadas da sociedade, realimentando o sistema com as
informações solicitadas pela contratada e acolhendo as demandas e opiniões da sociedade.
Assim, caberá à administração municipal, a disponibilização de pessoal para
acompanhamento das principais unidades do sistema, fornecimento de informações
essenciais, tais como estudos, projetos, plantas, mapas, leis, entre outras,
acompanhamento e a análise dos produtos gerados nas diversas etapas do trabalho e
mobilização da sociedade para participação no processo e audiências públicas.
SANEAMENTO
36
‘ Além disso, a participação de órgãos colegiados do município que tenham relação
com as questões a serem tratadas pelo PMSB deverá ser fomentada visando à
democratização do trabalho e das decisões, através da participação da sociedade local.
• Participar das questões importantes: veja a seqüência das fases essenciais
Um plano pode ser mais ou menos detalhado, dependendo do nível de exigências de
cada contrato. No entanto, não pode deixar de conter os itens essenciais que o
caracterizará como um bom produto para a sociedade.
O fluxograma a seguir mostra de forma esquemática as principais fases para a
elaboração do PMSB e para as quais deverá haver participação ativa dos representantes
municipais.
O documento “Guia para Elaboração de Planos Municipais de Saneamento”,
disponível no endereço eletrônico do Ministério das Cidades, também traz informações que
podem orientar a elaboração do PMSB.
• Articular-se com os municípios vizinhos
Os municípios inseridos numa mesma bacia hidrográfica ou microrregião e que possam ter
interferência com as soluções preconizadas no PMSB deverão ser convidados a acompanhar
o andamento do processo de elaboração e a participar das discussões.
Mesmo que não seja realizado formalmente um consórcio para elaboração de Plano
Regional, como possibilita a Lei 11.445/07, os municípios podem se articular visando à
contratação de serviços comuns e à elaboração de documentos, trazendo benefícios e
melhorando a eficiência do processo como um todo.
SANEAMENTO
37
• Gestão participativa
A Fase 10 do fluxograma prevê a realização de uma audiência pública que não deve
ser um simples ato formal, mas deve representar a reunião das forças representativas do
município e da região. Com isso, as decisões servem para dar consistência ao Plano, tirando-
o do risco de transformar-se em um mero documento formal sem utilidade para o
desenvolvimento do município.
Sugere-se que, entre as Fases 5 e 6 do fluxograma, seja realizada uma audiência
pública intermediária para discutir os diversos cenários apresentados no prognóstico e
principalmente as questões relativas a prazos para a universalização dos serviços e a tarifa
correspondente para cada cenário.
Após a realização da audiência pública, a entrega dos documentos finais relacionados
ao PMSB e a aprovação do produto por parte da administração, o Plano deverá também ser
aprovado na Câmara Municipal, quando deverá ser apresentado o projeto de lei
regulamentando-o. O projeto de lei deverá então ser aprovado pela Câmara em sessão a ser
divulgada para a sociedade.
No caso de soluções compartilhadas, a aprovação pode ser acompanhada de
autorização para o Executivo celebrar consórcio entre os municípios envolvidos, de acordo
com diretrizes do Plano Regional, quando existir.
O documento “Política e Plano Municipal de Saneamento Ambiental: Experiências e
Recomendações”, disponível no endereço eletrônico do Ministério das Cidades, traz um
modelo para elaboração do projeto de lei.
Assim, o processo de elaboração e aprovação do PMSB será finalizado, estando pronto para
ser iniciada a etapa de implantação do mesmo.
SANEAMENTO
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SANEAMENTO
A FALTA QUE O SANEAMENTO FAZ
Agora que já sabemos o que é saneamento básico, poderemos pensar sobre o que acontece
ou o que poderia acontecer com nossas vidas sem o saneamento.
Para começar, daremos um exemplo. Sabemos
que o acesso à água de qualidade para suprir as
diversas necessidades humanas é condição essencial
para se ter qualidade de vida. O consumo de água
contaminada, a falta de acesso ao saneamento e as
condições de higiene inadequadas são responsáveis
pelos problemas mais graves de saúde, especialmente
nas populações empobrecidas.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) em 2006, a falta de acesso à água e
saneamento mata no mundo uma criança a cada 19
segundos, em decorrência de diarréia. No total tem-se
uma mortalidade de 1,8 milhão de crianças menores
de 5 anos por ano, ou seja, cerca de 4.900 crianças
morrem de diarréia por dia. Esses dados são
chocantes, mas infelizmente são reais.
Esgoto escorre a céu abertoem Santana, Oeste baiano
Foto: Débora Menezes
Se aumentarmos nosso campo de investigação e pensarmos nas conseqüências que a
falta de saneamento traz para o meio ambiente, veremos o quanto nossas vidas e das demais
espécies que habitam o planeta estão relacionadas com esses serviços. Com a falta de
saneamento, os dejetos e lixo humanos normalmente são jogados diretamente no meio
ambiente, sem tratamento adequado. Os esgotos são lançados diretamente nos rios,
causando a contaminação e poluição das águas que nós e os demais seres vivos precisamos
para viver. A água contaminada além de não servir para nosso uso direto, prejudica os
ecossistemas a ela relacionados, acabando com a vida dos peixes e dos organismos que dela
precisam.
E o lixo?? Você já percebeu a quantidade de lixo que cada pessoa produz diariamente?
Agora multiplique isso pelo número de pessoas que tem na população do seu município e
some esse tanto pelo número de dias que tem em um ano. Se todo esse lixo for jogado em
qualquer lugar, em locais inadequados e sem nenhuma preparação do terreno, estaremos
contaminando os solos e também os rios, nascentes e demais corpos d´água.
47
SANEAMENTO
Quem gostaria de comer verduras que foram plantadas em solo contaminado por lixo
ou que foram irrigadas com água poluída? Dessa forma nos expomos mais ainda às doenças.
Quando o lixo não é coletado e colocado em local adequado, reduzimos a quantidade
e qualidade de recursos naturais que podemos usufruir, assim como prejudicamos a vida dos
demais seres vivos. Isso sem falar de quanto que o lixo, quando separado e tratado
adequadamente, pode dar de retorno financeiro para o município. É isso mesmo! A
reciclagem e a compostagem do lixo podem gerar dinheiro, além de serem práticas
benéficas ao meio ambiente. Mas esses são assuntos para tratarmos mais adiante....
Nas próximas páginas apresentamos textos relacionados às consequências da falta de
saneamento no Brasil e no mundo, assim como um exemplo de solução para assegurar o
abastecimento de água nas regiões mais secas.
Falta de água e esgoto mata uma criança a cada 19 segundos
Mundo tem 1,1 bilhão sem acesso a água e 2,6 bilhões sem saneamento
A falta de acesso a água e saneamento mata uma criança a cada 19 segundos, em
decorrência de diarréia, afirma o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2006,
divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O estudo,
intitulado “Além da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água”, também mostra
que, no ritmo atual, o mundo não conseguirá cumprir a meta dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio que prevê reduzir pela metade, até 2015, a proporção de
pessoas que não desfrutam desses recursos.
As estimativas do relatório apontam que há 1,1 bilhão de pessoas sem acesso a água
limpa, e que, dessas, quase duas em cada três vivem com menos de dois dólares por dia.
Cerca de 2,6 bilhões de habitantes moram em domicílio sem esgoto, dos quais 660
milhões sobrevivem com menos de dois dólares por dia. “A crise da água e do saneamento é,
acima de tudo, uma crise dos pobres”, resume o relatório.
Enquanto um habitante de Moçambique usa, em média, menos de 10 litros de água por dia,
um europeu consome entre 200 e 300, e um norteamericano, 575 (em Phoenix, no Arizona, o
volume ultrapassa 1 mil). Um norte-americano usa mais água em um banho de cinco minutos
do que um morador de favela de país em desenvolvimento usa num dia inteiro”, compara o
relatório.
Fonte: PNUD - http://www.pnud.org.br/arquivos/rdh/rdh2006/rdh2006_crianca.pdf
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SANEAMENTO
Falta de água e esgoto prejudica 150 milhões de alunos
Saneamento ruim provoca 443 milhões de faltas escolares por ano
A falta de água e esgoto tem impacto em uma área vital do desenvolvimento humano,
a educação. Infecções parasitárias transmitidas pela água ou pelas más condições de
saneamento atrasam a aprendizagem de 150 milhões de crianças. Em razão dessas doenças,
são registradas 443 milhões de faltas escolares por ano, informa o Relatório de
Desenvolvimento Humano (RDH) 2006, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD).
“Crianças impossibilitadas de ir à escola por estarem constantemente acometidas
por doenças causadas por água imprópria não podem, de modo algum, desfrutar do direito à
educação”, observa o estudo. Portanto, “a igualdade de oportunidades, uma exigência
fundamental para a justiça social, é reduzida pela falta de água segura”. A carência de água
potável e saneamento é, nesse sentido, um obstáculo ao avanço maior no segundo Objetivo
de Desenvolvimento do Milênio, que prevê a universalização do ensino primário. Segundo o
relatório, 115 milhões de crianças estão fora da escola. A taxa de analfabetismo entre
jovens (15 a 24 anos) é de 12,6% nos países em desenvolvimento — e a proporção é maior no
mundo árabe (14,7%), no Sul da Ásia (24,9%) e na África Subsaariana (28,9%). Na América
Latina, 3,4% das pessoas dessa faixa etária não sabem ler nem escrever.
O grupo mais prejudicado, ressalta o RDH, são as mulheres: a falta de água e
saneamento adequados é um fator que aprofunda ainda mais a desigualdade de gênero e
dificulta a saída do ciclo da pobreza. “As mulheres e as meninas são duplamente afetadas,
já que são elas que sacrificam o seu tempo e a sua educação para recolher água”, afirma o
texto. “Para as jovens, a falta de serviços básicos de água e saneamento se traduz em perda
de oportunidades em educação e em empoderamento”, acrescenta. Das 115 milhões de
crianças fora da escola, 54% (62 milhões) são do sexo feminino.
Fonte: PNUD -
?Para refletir e discutir
?No seu município esses problemas também acontecem? Quais outros problemas você sabe
que ocorrem por causa da falta de saneamento?
?O que você acha que seria necessário fazer para melhorar a qualidade de vida das pessoas
que sofrem pela falta de acesso aos serviços de saneamento básico?
http://www.pnud.org.br/arquivos/rdh/rdh2006/rdh2006_educ.pdf
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CIDADANIA
SER CIDADÃO É...
A origem da palavra cidadania vem do latim “civitas”, que quer dizer cidade. A
palavra cidadania foi usada na Roma antiga para indicar a situação política de uma pessoa e
os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer.
As referências à idéia abstrata de igualdade já estavam presentes em textos
religiosos antigos para os quais todo ser humano tinha status igual diante de Deus. Mas foi na
Antigüidade grega que os conceitos de igualdade e liberdade adquiriram relevância no
contexto da pólis, isto é, da cidade protegida da hostilidade de vizinhos ou estrangeiros,
cujos laços de lealdade e de identidade de seus cidadãos formavam a base da comunidade
voltada para o bem público.
A cidadania instaura-se a partir dos processos de lutas que culminaram na Declaração
dos Direitos Humanos, dos Estados Unidos da América do Norte, e na Revolução Francesa.
Esses dois eventos romperam o princípio de legitimidade que estavam em vigor até então,
baseado nos deveres dos súditos, e passaram a estruturá-lo a partir dos direitos do cidadão.
Desse momento em diante todos os tipos de lutas foram travados para que se
ampliasse o conceito e a prática de cidadania e o mundo ocidental o estendesse para
mulheres, crianças, minorias nacionais, étnicas, sexuais, etárias. Nesse sentido, pode-se
afirmar que, na sua compreensão mais ampla, cidadania é a expressão concreta do
exercício da democracia.
Afinal, o que é ser cidadão?
Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei:
é, em resumo, ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser
votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem
os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o
direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranqüila. Exercer a
cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais. Cidadania não é uma definição
estanque, mas um conceito histórico, o que significa que seu sentido varia no tempo e no
espaço. É muito diferente ser cidadão na Alemanha, nos Estados Unidos ou no Brasil, esses
direitos e deveres distintos caracterizam o cidadão em cada um das nações
contemporâneas..
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CIDADANIA
Quais são seus direitos e deveres?
Fonte: http://rodicascidadania.blogspot.com/2008/08/o-que-cidadania.html
A idéia da cidadania é uma idéia política que não está necessariamente ligada a
valores universais, mas a decisões políticas. Um determinado governo, por exemplo, pode
modificar radicalmente as prioridades no que diz respeito aos deveres e aos direitos do
cidadão; pode modificar, por exemplo, o código penal no sentido de alterar sanções; pode
modificar o código civil no sentido de equiparar direitos entre homens e mulheres, pode
modificar o código de família no que diz respeito aos direitos e deveres dos cônjuges, na
sociedade conjugal, em relação aos filhos, em relação um ao outro.
Tudo isso diz respeito à cidadania. No entanto, em muitos casos, os direitos do
cidadão coincidem com os direitos humanos, que são os mais amplos e abrangentes. Em
sociedades democráticas como a nossa é, geralmente, o que ocorre e, em nenhuma
hipótese, direitos ou deveres do cidadão podem ser invocados para justificar violação de
direitos humanos fundamentais. A concretização desses direitos sociais e políticos,
contudo, depende da existência de quadros institucionais específicos, como assistência
jurídica, garantias constitucionais e serviços sociais.
A participação constitui um pressuposto decisivo para o fortalecimento das
instituições democráticas e das organizações sociais, pois propicia à população
possibilidades de se pronunciar e de ser incluída nos processos políticos. No entanto, torna-
se necessário buscar formas alternativas de participação política, com objetivo de alcançar
uma cidadania ativa e efetiva.
E lembre: o primeiro passo para exercer sua cidadania é conhecer!
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CIDADANIA
?Pense e reflita:
?Quais são as principais instituições sociais e políticas do seu município e como estas
atuam?
?Você já assistiu a alguma sessão na Câmara dos Vereadores, para conhecer o
desempenho de quem elegeu?
?Tem idéia de qual é o orçamento de seu município e como ele está sendo utilizado?
?Conheceu as leis que definem nossos direitos, nossos deveres em relação ao nosso
lugar e ao nosso povo? Sabe com quem falar e de quem cobrar para que essas leis sejam
cumpridas?
?Você participa das reuniões de associações em sua comunidade? Sabe o que os líderes
dessas associações estão levando a outras reuniões, à prefeitura? Você organiza e incentiva
as pessoas da sua comunidade a participarem também?
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AÇÃO
?PARTICIPAÇÃO SOCIAL E MOBILIZAÇÃO
? necessário na dinâmica da vida social democrática. Segundo o dicionário Aurélio,
participar significa comunicar, tomar parte em alguma coisa, compartilhar. Ainda mais, a
participação implica no reconhecimento de que cada um de nós é responsável por pensar,
discutir e decidir sobre a realidade em que vivemos.
?A Democracia é uma ordem social caracterizada pelo fato de suas leis e normas serem
construídas pelos mesmos que as vão cumprir e proteger. A ordem democrática é uma ordem
que pode e deve ser construída pelo povo, contrariando a idéia de que ela se encerra no
direito ao voto. Somente o voto não garante que as vontades e necessidades do povo sejam
atendidas. É preciso ir além, assumir que toda ordem social é criada por nós.
?Agir ou não agir contribui para a formação e consolidação da ordem em que estamos
vivendo. É preciso ocupar os espaços de participação e decisão políticas, acompanhar o
governo, assumir uma prática cidadã, capaz de criar ou transformar, com outros, a ordem
social. E garantir um projeto de desenvolvimento que não seja exclusivamente econômico,
mas que contemple as questões socioambientais.
?O que queremos mudar com a participação?
?Queremos mudar aquilo que é decidido por poucos e é sentido por todos. Segundo um
autor chamado Pedro Jacobi, o objetivo principal da participação é o de facilitar, tornar
mais direto e mais cotidiano o contato entre os cidadãos e as diversas instituições do Estado
e fazer com que o Estado leve mais em conta os interesses e opiniões da população antes de
tomar decisões e executá-las. Assim, a finalidade da participação é articular o Estado com
os sujeitos sociais, por meio de instrumentos de socialização da formulação de políticas
públicasAlguém vai explicar o que é política pública nos textos?.
Por que ainda é tão difícil participar?
Porque nas nossas escolas ainda não nos ensinam a fazer isso e, muitas vezes, nem em
casa aprendemos. Só se aprende a participar, participando. Além disso, muitos políticos,
inclusive que nós elegemos não nos estimulam a participar, para não perderem o controle do
poder.
Quem já mudou de casa, sabe o quanto as mudanças são difíceis e trabalhosas. Até
que se coloque tudo no lugar, as coisas ficam perdidas em caixas e desencontradas. Mas aos
poucos, a ordem vai chegando e a tendência é ficar melhor do que era antes, porque temos a
possibilidade de arrumarmos as coisas do jeito que queremos.
Outra questão que impede a participação é a falta de conhecimento sobre o assunto.
Por isso, a participação deve andar junto com processos educativos. A pessoa precisa se
sentir capaz, informada e apropriada do que se discute e decide, e para isso é necessário
tempo e bons formadores.
53
AÇÃO
?Em que espaços a participação deve ocorrer?
?A participação pode acontecer em todos os espaços que existem.
?
?Em casa, quando os problemas são discutidos na família para que se chegue a uma
solução, estamos participando e compartilhando uma situação. Criamos a oportunidade de
fazer valer nossas vontades e discutindo com outras pessoas podemos chegar a uma
resolução mais proveitosa, sábia e que pode ser melhor para todos. Isto também pode
acontecer na sua comunidade, numa associação de bairro, na igreja, na escola, em sua
cidade, estado e país. Podemos e devemos participar.
?A participação social, aquela que envolve as questões políticas, econômicas, sociais e
ambientais se concretizam em conselhos, audiências, fóruns e também no cotidiano através
de procedimentos e práticas. Muitas vezes é impossível envolver todas as pessoas da
população para uma decisão e assim, surge a necessidade da representação. Porém, para
que a representação seja legítima, é preciso que os interesses de quem está sendo
representado, sejam colocados e atendidos. Por isso, escolher bem quem irá nos
representar é importante, para que o interesse do coletivo seja favorecido.
?
?Existe qualidade na participação?
?Ela depende primeiramente da vontade de participar. O que une as pessoas e as
motivam são propósitos em comum e o respeito pelas diferenças. A mobilização ocorre
quando um grupo de pessoas, uma comunidade, uma sociedade decide e age com um
objetivo comum, buscando, quotidianamente os resultados desejados por todos. Assim,
mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum.
?A força maior da participação é o diálogo. Saber se colocar no lugar do outro para
compreender seu ponto de vista, respeitar a opinião alheia, ceder quando for necessário
para o bem comum, aprender a importância das discussões para que se chegue ao consenso
e compartilhamento das informações, são princípios e valores básicos da participação.
?Na participação de qualidade, todos devem ser ouvidos e as decisões tomadas pelo
coletivo devem ser validadas em forma de leis, programas, planos etc.
?A qualidade da participação que queremos é aquela que traga a liberdade e
autonomia para que todos se sintam capazes de realizar, se agrupar, formar assembléias,
mutirões.
54
AÇÃO
?Se conhecer para participar é muito importante.
?O conhecimento se inicia na gente, conhecendo nossos limites e nossas
potencialidades, conhecendo nossas vontades, nossos valores, nossos sonhos, nossos
medos. Entender todo o contexto em que estamos inseridos é fundamental para que
possamos saber o que temos, o que queremos e de quem devemos reivindicar aquilo que
queremos.
?Vale questionar: o que esse território me oferece? Quais são os nossos recursos
naturais? Quem é que toma as decisões nesse território? De que forma eu me insiro nele? Isso
é se tornar parte do território.
?Um governo democrático é aquele aberto a participação, aquele que informa
corretamente, ouve cuidadosamente, consulta e informa ativamente a população.
Devemos ter em mente que a informação que o governo detém é pública e, portanto,
pertence ao povo.
?
?E na prática, como acontecem as construções participativas?
?Um exemplo de mobilização e participação que aconteceu recentemente no nosso
Estado, foi a construção da Lei e Programa de Educação Ambiental da Bahia. Ela ocorreu de
forma participativa, como previsto nas diretrizes da Lei Federal de Educação Ambiental.
?O primeiro passo para que isso acontecesse foi a mobilização, ocorrida nos 26
territórios de identidade da Bahia. Essa mobilização foi realizada para explicar do que se
tratava o trabalho que estava por vir e convidar as pessoas a participarem. Logo depois,
foram feitos seminários abertos a toda população, para que fossem recolhidas informações
de cada território e sobre as necessidades de cada local. Questionários também foram
aplicados para que estivessem no papel, todas as vontades.
?Os dados foram se juntando e se somando, para que em Salvador em outros
seminários e oficinas, com representantes de todos os territórios de identidade e
instituições que lidam com o meio ambiente elaborassem, em um único texto, uma lei e
programa que atendesse as demandas de todo nosso estado.
?Após o seminário de aprovação do projeto de Lei, construído passo a passo em cada
um desses encontros, o material elaborado seguiu para adequação legislativa daí então para
a Casa Civil, onde se encontra neste momento, de onde deverá ser encaminhada ao
governador, para que possa ser assinada e entrar em vigor.
?Assim, a Lei e o Programa de Educação Ambiental do Estado, foram uma construção
coletiva, uma construção feita a muitas mãos e de muitas vontades que se irá se concretizar
em diretrizes políticas.
?E a participação na Lei!
55
AÇÃO
?PARA REFLETIR
?“Uma cidade bem próxima, num cotidiano que todo mundo conhece, era uma vez
quatro amigos que se chamavam TODO MUNDO, ALGUÉM, NINGUÉM E QUALQUER UM.
?Havia um problema na cidade que precisava ser resolvido e TODO MUNDO achava que
QUALQUER UM iria resolver. Porém, NINGUÉM resolveu o que QUALQUER UM poderia ter
resolvido e TODO MUNDO reclamou que ALGUÉM deveria ter feito.
?Após muitas discórdias, houve um consenso. TODO MUNDO percebeu que aquilo que é
problema de ALGUÉM, pode ser o problema de TODO MUNDO e que se NINGUÉM fizer nada,
TODO MUNDO sofre.
?Se QUALQUER UM pode fazer, QUALQUER UM também sou eu e nós somos TODO
MUNDO, portanto NINGUÉM pode deixar de participar para que ALGUÉM não seja
responsável sozinho pelos problemas de uma cidade. (adaptado de um conto de domínio
público)
TRABALHO EM REDE: O NOSSO COLETIVO
No nosso dia-a-dia participamos de muitas redes de relações pessoais: família, amigos,
vizinhos. Nas relações sociais de trabalho do mundo atualmente, a hierarquia é algo
comum. Nessas, a posição ou “status” de chefe tornam legítimas as decisões que vem “de
cima pra baixo”. Enquanto alguns decidem, outros obedecem.
Redes sociais podem ser descritas como espaços de articulação e participação, onde pessoas
e instituições se organizam para trocar informações, se comunicar, planejar projetos e
ações, em torno de objetivos comuns, de forma mais colaborativa.
56
AÇÃO
?O ideal de uma rede social é construir um espaço de emancipação política e/ou
econômica* de seus participantes e colaboradores, por meio de conectividade e cooperação
em níveis que partem do local para o global. Compartilhar, colaborar, repartir num
movimento mais horizontal, onde a autoria e os “frutos” do conhecimento, planejamento e
ações passam a acontecer num maior fluxo “de igual para igual”.
?Os problemas socioambientais do nosso século são tão complexos, que as instituições
ou organizações sociais, de forma isolada, não respondem a ponto de resolvê-los. Vocês já
imaginaram, por exemplo, quem poderia resolver sozinho, os problemas relacionados à
falta de saneamento no seu município?
?
?O que une pessoas em trabalho em rede?
?Cada um de nós tem* sonhos, vontade de realizar coisas, sejam elas pessoais ou
profissionais. Quando essas vontades são coletivas e os meios para alcançá-las definidos,
torna-se mais fácil caminhar para concretizar idéias e buscar novos parceiros que
fortaleçam os processos.
?Para entender melhor, eis aqui alguns dos principais fundamentos de uma rede:
?Vontade: Ninguém é obrigado a entrar ou permanecer numa rede. O alicerce da rede
é a vontade.
?Conectividade: Uma rede é uma costura dinâmica de muitos pontos. Só quando estão
ligados uns aos outros é que indivíduos e organizações mantêm uma rede.
?Participação: A cooperação entre os integrantes de uma rede é o que a faz funcionar.
Uma rede só existe quando em movimento. Sem participação, deixa de existir.
?Multiliderança: Uma rede não possui hierarquia nem chefe. A liderança provém de
muitas fontes. As decisões também são compartilhadas.
?Informação: Numa rede, a informação circula livremente, emitida de pontos diversos
e encaminhada de maneira não linear a uma infinidade de outros pontos, que também são
emissores de informação.
?Descentralização: Uma rede não tem centro. Ou melhor, cada ponto da rede é um
centro em potencial.
?Múltiplos níveis: Uma rede pode se desdobrar em múltiplos níveis ou segmentos
autônomos, capazes de operar independentemente do restante da rede, de forma
temporária ou permanente, conforme a demanda ou a circunstância. Sub-redes têm o
mesmo "valor de rede" que a estrutura maior à qual se vinculam.
?Dinamismo: Uma rede é uma estrutura plástica, dinâmica e em movimento, que
ultrapassa fronteiras físicas ou geográficas. Uma rede é multifacetada. Cada retrato da
rede, tirado em momentos diferentes, revelará uma face nova.
?
Fonte: texto extraído do site da RITS - Rede de Informação para o Terceiro Setor - www.rits.org.br
57
AÇÃO
?A rede social PEAMSS - O nosso Coletivo
?
Agora que já sabemos um pouco mais sobre o que é uma rede social, que tal
começarmos a pensar na organização da nossa rede PEAMSS? Para isso vamos relembrar
alguns objetivos gerais do projeto.
?
O que é o PEAMSS? O Programa* de Educação Ambiental e Mobilização Social em
Saneamento tem como objetivo principal formar educadores ambientais para atuar nas
questões de saneamento. O projeto está oferecendo vagas para que 60 pessoas em cada um
dos 13 municípios participantes participem de cursos de Educação Ambiental.
?
O GAPEAMSS – Em cada município foi criado um grupo de acompanhamento do
projeto, chamado de GAPEAMSS. Esses grupos foram formados com representantes de
instituições locais (associações, sindicatos, escolas, poder público, etc), e cabe a este grupo
acompanhar as ações do projeto, participando, avaliando, planejando e propondo ações
para mobilizar pessoas.
?
O Coletivo PEAMSS – Para que as ações não fiquem limitadas ao período dos cursos ou
do projeto, sugerimos a criação de uma rede social, com os 60 participantes dos cursos,
tendo o GAPEAMSS à função de inicial de orientar e coordenar os processos.
?
Durante o nosso curso teremos espaço para uma discussão mais aprofundada sobre a
rede social do projeto, ou o Coletivo PEAMSS. Nesse momento vamos propor a construção
coletiva de objetivos, metas e o plano de ação.
58
COMUNICAÇÃO
?QUEM NÃO SE COMUNICA, “SE ESTRUMBICA”
?
?A frase acima é de José Abelardo Barbosa, Chacrinha, notável comunicador brasileiro
dos anos 70. Trazendo para a atualidade, suas palavras trazem uma reflexão sobre a
comunicação – forma como as pessoas se relacionam, dividem e trocam experências, se
identificam. Todo mundo precisa se comunicar bem, para não se “estrumbicar”.
?Comunicação é diálogo. Internet, telefone, jornal, televisão são meios que
utilizamos para fazer comunicação, assim como bater papo e até tocar o outro, sorrir para
ele, também é se comunicar. E porque a gente “se estrumbica”? Quando um fala, o outro
não escuta, não entende... quando a mensagem de alguém que quis se comunicar não chega
a outras pessoas... e essa falta de comunicação gera conflitos, problemas em toda a nossa
rede de relações.
?Por isso, pensar em comunicação é antes de tudo pensar em o que e como
comunicamos. O que o líder comunitário dialoga com suas comunidades. O que a Prefeitura
dialoga com os moradores. O que o professor dialoga com seus alunos. O que o Estado
dialoga com os municípios, e assim por diante. Os meios que utilizamos para concretizar
essa comunicação são importantes. Mas mais importante ainda é refletir, sempre, sobre se
aquilo que estamos comunicando faz sentido, tem significado, foi entendido pelas pessoas.
?Esse entendimento é importante para que a comunicação contribua não só para a
geração de conhecimento, mas também para a mobilização. Afinal, como é que alguém vai
se sensibilizar com a proteção das matas ciliares, por exemplo, se não sabe qual é a
importância dessa proteção?
?Em nossas oficinas estaremos o tempo todo refletindo sobre como comunicamos e
como as instituições se comunicam conosco. E vamos utilizar um meio para experimentar
uma forma de comunicação com nossas comunidades, que é o jornal impresso. Nosso jornal
será fruto de oficinas que utilizam um jeito de trabalhar que vem da chamada
educomunicação, palavra que junta educação e comunicação.
?Nossa idéia é que, ao construir um jornal e pensar quais são os temas importantes
para que a comunidade leia e aprenda, cada participante da oficina terá a oportunidade de
planejar e fazer um impresso que será distribuído às comunidades. Esse fazer inclui
pesquisar, planejar, escrever, desenhar e fotografar sobre as questões socioambientais do
nosso lugar, e o que temos a ver com todo esse universo de informações.
?Saneamento, mobilização, cultura, participação, cidadania, serão temas que iremos
trabalhar no jornal, ferramenta que irá ajudar no diálogo, na comunicação de nossas
comunidades rumo ao objetivo comum de encontrar soluções para melhorar a nossa
qualidade do ambiente em que vivemos e, consequentemente, de nossas vidas.
59
COMUNICAÇÃO
?Nosso jornal vai falar de coisas nossas, que conhecemos e queremos compartilhar
com mais pessoas, chegando até outros lugares e regiões. Ao contrário dos grandes veículos
de comunicação de massa, nosso jornal vai falar sobre temas que agente convive
diariamente, propondo intervenções de todo público em questões que sejam de interesse
coletivo, principalmente relativas ao meio ambiente e sua conservação.
?
?Também vamos refletir, todo o tempo, em como podemos melhorar o diálogo em
outros canais além do nosso jornal. Como, enquanto cidadãos engajados e reunidos num
coletivo, podemos contribuir para que jornais, rádios e TVs locais tragam temas que
interessam para fortalecer nossa mobilização e produção de conhecimento? Como podemos
democratizar os meios, garantindo que a comunidade tenha acesso a internet, por exemplo?
?
?Portanto estejam todas e todos mais que a vontade nessa missão de espalhar
conhecimento através da comunicação, da educação, e da consciência ambiental. Vamos
juntos entender e mostrar para mais pessoas como a força coletiva de nossas palavras e
ações podem ajudar a melhorar o ambiente em que vivemos, deixando cada vez mais
saudável, para essas e as futuras gerações. Vamos aprender juntos a educar. Vamos
aprender fazendo, pra não correr o risco de mais a frente, se “estrumbicar”!Salve
Chacrinha!
60
COMUNICAÇÃO
?DIREITO DE TER VOZ, DIREITO DE SABER
“Todo homem tem direito a liberdade de opinião e de expressão. Esse direito inclui a
liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras” (artigo 19 –
DUDH)
“É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença”.
?(Constituição Brasileira, artigo 5º)
?
“Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional,
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) ficam obrigados a permitir o
acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de
matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob sua
guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico (...)” (Artigo 2º da Lei 10.650/2003)
?
O direito se se expressar é garantido pelo Artigo 19 da Declaração Universal de
Direitos Humanos (DUDH), um documento que orienta diversos países e inspira a criação de
leis para garantir nossos direitos básicos. A Constituição Federal do Brasil também garante
direito de expressão e acesso a informação.
?
?Como garantir o acesso a saúde, educação e preservação ambiental se não sabemos
dos nossos direitos e deveres e os papéis de cada componente da sociedade? Como saber de
nossos direitos e deveres, e nos mobilizarmos, sem ter acesso a informações? Exerça o seu
direito ao acesso à informação: vá atrás, conheça, entenda – e compartilhe com a sua
comunidade por meio de ferramentas como o jornal. Informar é garantir a participação das
pessoas e influenciar o meio em que vivemos.
61
COMUNICAÇÃO
?INTERNET: FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO
?
Vimos nos capítulos anteriores o quanto é importante formar rede de pessoas com
objetivos comuns de mobilizar para melhorar o planeta. E como é que a internet pode
ajudar nessa tarefa?
?A internet é uma grande rede de computadores interligados pelo mundo inteiro.
Utilizando essa rede conseguimos nos comunicar com pessoas de outras cidades e países,
pesquisar sobre o que está acontecendo, conhecer as instituições e o que elas fazem, ler
notícias, enviar cartas para seu candidato eleito deputado ou senador... mais ainda: você
pode produzir o seu próprio espaço de notícias e divulgar o que é importante para a sua
comunidade.
?Essa “tal” de internet ajuda a aproximar pessoas e indivíduos, que podem formar
redes sociais no mundo dos computadores, o chamado “mundo virtual”.
?Tudo o que vai para a internet circula mundo afora. As comunidades dos mais
precisam compreender que a mobilização social ganha força com as ferramentas que a
internet oferece e pode trocar experiências com muitas outras comunidades e municípios. E
por essas trocas de informações via e-mail (o endereço que uma pessoa cria na internet e
envia cartas pelo computador para outras pessoas), sites (páginas de notícias no mundo
virtual, como se fosse um jornal pelo computador) e espaços de redes sociais, como o Orkut
(uma grande reunião de pessoas do mundo inteiro, que colocam suas fotos e escrevem
recados uns aos outros) é que você realiza essas trocas, conhece o que está acontecendo em
outros lugares parecidos, busca soluções em conjunto e divulga sua cultura, suas idéias.
?
?O PEAMSS e a internet
?Na internet é possível buscar exemplos de casos de sucesso na luta por questões que
afligem minha comunidade. O envolvimento do município em redes sociais fortalece tanto
as causas defendidas por ele, quanto as dos demais municípios que compõem a suas redes,
ou seja, a articulação em redes fortalece as próprias redes.
?O Peamss aposta no poder dessas comunidades. Esse programa crer que a internet é
fundamental para a proporcionar as trocas de experiências e construir uma base para ajudar
as comunidades no enfrentamento de seus problemas.
?Para facilitar o trabalho de mobilização do projeto, a equipe do PEAMSS criou vários
espaços na internet para informar, trocar idéias, divulgar ações e ainda planejar ações
coletivas. Cada município participante do PEAMSS tem um blog – que é como um diário na
internet – e todos esses blogs estão reunidos em , dentro
de um espaço chamado Municípios Participantes. Quem participa do projeto e quiser
colaborar com notícias, dicas, fotografias, desenhos e outros textos, pode procurar o
escritório PEAMSS local para contribuir com esta construção. Queremos que cada blog seja
um espaço de troca, de memória da comunidade, de conversas sobre educação ambiental e
saneamento.
www.peamssbahia.blogspot.com
62
COMUNICAÇÃO
?Outro espaço que o PEAMSS utiliza para reunir os participantes dos 13 municípios é a
Rede NING Água Para Todos. Funciona muito parecido com o ORKUT: você acessa o endereço
e se inscreve; a partir daqui, você passa a ser um
membro dessa rede social no mundo virtual.
?
Inclusão Digital: o que você tem a ver com isso?
?Para ampliarmos cada vez a nossa rede precisamos fazer valer o nosso direito de
acesso à comunicação e à democratização da internet. Sim: isso é um direito garantido por
lei! Por isso, procure saber se o seu município tem um telecentro ou outro espaço para
acesso gratuito a internet, e aprenda a entrar no mundo virtual.
?Se o seu município ou escola ainda não têm acesso a internet e computradores, você
pode incluir na agenda de ações coletivas a bandeira da luta pelo acesso a internet.
?Confiram algumas dicas para a concretização dessas ações, peça ajuda das redes e
coletivos que já existem em seu município – e vá atrás!
?Por meio do programa Computadores para Inclusão, do Governo Federal, é possível
conseguir computadores para a comunidade. Maiores informações sobre este projeto vocês
podem encontrar na seguinte página eletrônica:
? . Por meio do programa ID Brasil,
também é possível solicitar telecentros geridos pelas comunidades:
, tel. 0800-702 3125.
?No Estado da Bahia existe o programa Cidadania Digital da Secretaria de Ciência e
Tecnologia, que fundou o primeiro Centro de Recondicionamento de Computadores do
Nordeste, instalado em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador. Esta iniciativa
faz parte do Projeto Computadores para a Inclusão do Governo Federal, e atende no
endereço Rua Leonardo B. da Silva, lote 8, Fábrica da Cidadania, Lauro de Freitas-Ba.
Telefone: (71) 3379-7326. O contato eletrônico é .
?Esses programas podem trazer computadores com acesso a internet e orientação
sobre o uso/treinamento junto a sua comunidade. Para conseguir esse acesso, é necessário
fazer solicitações por meio de instituições como centros comunitários e associações,
escolas, igrejas.
?É necessário também, procurar órgãos das prefeituras, responsáveis pela
administração das questões ligadas as tecnologias nos municípios, afim de que esses deem
suas contribuições para manutenção dos telecentros. Os projetos a cima citados não
preveem orçamento para recursos humanos, aluguel de espaço e materiais para os
telecentros, serão por meio das prefeituras que esses recursos deverão negociados.
www.aguaparatodospeamss.ning.com
http://www.computadoresparainclusao.gov.br/
http://www.idbrasil.gov.br
63
COMUNICAÇÃO
?Experiências de comunidades na internet
?Confira alguns endereços interessantes para saber o que comunidades do Brasil estão
fazendo em relação ao meio ambiente:
? – Site da Rede de Juventude Pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade,
que reúne informações sobre o trabalho de jovens engajados no movimento socioambiental.
Qualquer um pode se cadastrar no site e enviar notícias.
? – Sete nações indígenas, incluindo os Tupinambá e os Pataxó, da
Bahia, escrevem e fotografam para este site, contam como é a vida em suas aldeias e
organizam-se como movimentos sociais. Você também pode descobrir como apoiar a causa
indígena na luta por seus direitos.
? - Avaaz significa voz em algumas línguas asiáticas, e esse site
se propõe a dar voz a ua rede de mobilização por causas nobres em todo o mundo. O espaço
virtual organiza campanhas e recolhe assinaturas via internet para reencaminhar às
instituições responsáveis por aquele assunto.
www.rejuma.org.br
www.indiosonline.org.br
https://secure.avaaz.org/po
Imagem da rede social do PEAMSS – www.aguaparatodospeamss.ning.com
64
COMUNICAÇÃO
?CONHECENDO OS ELEMENTOS COMUNS DE UM JORNAL
?
Como iremos utilizar o jornal como ferramenta de comunicação e mobilização,
vamos conhecer alguns elementos que compõem esse material impresso - textos, fotos e
desenhos para informar e envolver o leitor.
?
?A notícia é o gênero-base dos jornais que circulam diariamente: relato de fatos
importantes, ou de acontecimentos. Deve ser bem objetiva e responder basicamente às
perguntas: o que é o fato, quem está envolvido, como é ou foi, onde é ou foi, quando foi ou
será, e por que. Comunicar eventos e reuniões, por exemplo, pode ser feito por meio de
notícias no jornal.
?
?A evolução da notícia é o gênero reportagem, que aprofunda a notícia com
entrevistas (conversas) junto a especialistas nos assuntos abordados, dados e estatísticas
(números), para que o leitor reflita sobre aquele assunto. Quando a entrevista é com alguém
importante para a comunidade, ela pode ser publicada com destaque, em um texto que liste
perguntas para o entrevistado e as respostas que ele deu.
?
?Expressar opiniões também é comum em vários gêneros de um jornal: o artigo é um
texto onde o autor fala de um tema sob seu ponto de vista, por exemplo. Na resenha, o autor
apresenta um filme, um livro, e faz uma análise para o leitor.
?
?Todos esses elementos podem ou não entrar em um jornal impresso, dependendo dos
objetivos que você quer passar ao leitor. Na hora de organizar e até mesmo criar elementos,
o importante é pensar no tipo de jornal que você quer oferecer a sua comunidade.
?
?Confira na próxima página alguns desses elementos no jornal O Comunicador,
produzido por repórteres comunitários que vivem às margens do Rio Solimões, no Estado do
Amazonas.
65
COMUNICAÇÃO
66
COMUNICAÇÃO
?LINGUAGEM VISUAL: ENRIQUECENDO O JORNAL
?
?Linguagem é o uso da língua como forma de expressão e de comunicação entre as
pessoas, mas não é só a palavra escrita e falada que vale como recurso de linguagem. Gestos
como um sorriso ou um olhar, sinais, cores, desenhos, e sons também expressam, às vezes,
até mais que as palavras.
?No caso de um jornal, não são apenas textos que comunicam algo. Vale a pena utilizar
fotografias, ilustrações, histórias em quadrinhos, charges – a charge, por exemplo, é um
desenho que faz uma brincadeira com alguém, ou sobre alguma coisa que aconteceu - e é
uma maneira divertida de fazer uma crítica social, por exemplo.
Fonte: www.chargeonline.com.br e www.educomverde.blogspot.com
67
COMUNICAÇÃO
?PLANEJANDO O JORNAL
?Divulgar informação para ajudar as
pessoas a melhorarem seu ambiente. A
pensarem sobre o que é possível fazer pela
comunidade. A entender melhor o seu espaço,
saber o que acontece na cidade.
?Um jornal comunitário serve pra
resgatar a memória, abrir o debate, estimular
as pessoas a pensarem, expôr problemas e
mostrar opções para solucioná-los.
?Para organizar esse jornal é preciso colocar no papel a etapa do PLANEJAR no
coletivo, pensando: o que eu escrever vai fazer diferença? O que vou acrescentar aos
leitores do jornal? O que eles irão aprender? O que lhes falta, que é preciso melhorar? O que
não aparece nos jornais e programas de rádio, que você quer mostrar para a sua
comunidade? Isso tudo é a base para o projeto do jornal comunitário.
?O que é importante pensar na hora de planejar o impresso vale também para
qualquer planejamento de comunicação e ação. Quando você for pensar em um spot de
rádio, em um jornal mural, um video, uma faixa, tente ao máximo refletir sobre as
perguntas abaixo, adaptando ao produto ou processo que você imagina:
?O que/porque – O que queremos comunicar por meio do jornal? Qual será a missão
dele?
?Para quem – Qual é o público do jornal?
?Como – Como podemos atrair esse público? Como vamos produzir o jornal? Que
recursos de linguagem e gêneros vamos utilizar? Como será a pauta (veja na próxima
página)? E mais: como as pessoas terão acesso (como será a distribuição)?
?Quando – Planejamento do jornal: quando serão feitas as reportagens, quando o
jornal será impresso, quando será distribuído.
?Quem – Quais são os talentos do grupo e como será a divisão de tarefas?
?Quem sabe desenhar, fotografar, escrever?
?
Repórteres comunitários da comunidadede Riacho das Ostras, em Prado (BA). Foto: Débora Menezes
68
COMUNICAÇÃO
?A pauta: o que entra no jornal
?Qualquer veículo de comunicação tem como ponto de partida a pauta, que sinaliza os
temas e o desenvolvimento deles para a produção de notícias, reportagens, fotografias.
?Temas não faltarão a sua comunidade. Mas a forma como eles serão organizados faz toda a
diferença na hora de pesquisar e escrever sobre esses temas. Listar várias fontes para serem
ouvidas enriquece o que você vai escrever e ajuda a garantir que todos os envolvidos na
questão tiveram sua visão incluída.
?A pauta dá foco a produção da reportagem, dos gêneros que você vai trabalhar em um
jornal. Ela é composta de tema (sobre o que você quer escrever, fotografar, desenhar), os
objetivos (a descrição e o que você quer atingir com essa reportagem), as fontes (pessoas
que você quer entrevistar para realizar a reportagem, e elementos de pesquisa para sua
produção, como livros, sites na internet, entre outros).
?A pauta ainda pode conter: desenvolvimento (passos para a produção da reportagem:
como e quando pretendem entrevistar alguém, o que é necessário para a realização dessas
entrevistas), divisão de tarefas (quem vai fotografar, quem vai entrevistar, quem irá
escrever, entre outros).
DICAS PARA ENTREVISTAS
• Caderno ou bloco de anotações com caneta são indispensáveis.
• Seja ao telefone ou pessoalmente, apresente-se com respeito ao entrevistado – do
morador da comunidade a autoridade municipal, vale o mesmo comportamento. Ao abordar
pessoas na rua, por exemplo, peça permissão para entrevistas e fotografias.
• Instituições públicas normalmente necessitam de um ofício solicitando autorização
para entrevistas. Lembre-se de perguntar ao entrevistado sobre isso, quando iniciar o
contato. No ofício você deve escrever de onde é, qual o objetivo de seu jornal, e quais os
objetivos da entrevista que está solicitando.
• Pesquise sobre o tema de sua reportagem antes da entrevista, para se preparar
levando um roteiro de perguntas.
• Pessoalmente, apresente-se como repórter comunitário e explique sobre o seu
trabalho, onde o jornal vai circular, etc. Faça propaganda!
• Menores de idade só podem ser entrevistados e fotografados com autorização dos
pais. Fotos em geral, também só com permissão.
• Use um gravador, se possível, no caso de entrevistas longas e de registros de memória
– causos, contos de moradores antigos. Assim, ao passar para o papel você poderá escrever
do jeito que a pessoa falou. E, sempre que possível, passe o texto para a pessoa que falou
sobre sua memória ler antes de divulgá-lo ou publicá-lo, para que ela corrija, acrescente, e
participe.
• Não tenha medo de tirar suas dúvidas para o entrevistado.
69
COMUNICAÇÃO
Anote o nome completo, idade, profissão e telefone das pessoas. Se forem ligadas a
alguma instituição, escreva a sigla e o que ela significa. Por exemplo: SME – Secretaria
Municipal de Educação.
DICAS PARA PESQUISAR NA INTERNET
?
Um mar de informações: assim é a internet, rede virtual que permite a comunicação
eletrônica e traz um universo de sites, blogs – como são chamados os espaços de conteúdo
nessa rede – que podem contribuir para a produção de reportagens no jornal comunitário.
?Toda instituição da região mantém uma página na internet com explicações básicas.
Jornais, revistas, bibliotecas inteiras podem ser acessadas na rede. Porém, há muito
conteúdo fraco ou de pouca importância para a sua pesquisa. Como encontrar os melhores
sites? O segredo é saber como pesquisar.
?Para realizar uma boa pesquisa existem sites chamados buscadores, como o Google, o
mais conhecido deles. Eles não funcionam sozinhos, Você precisa saber com clareza o
objetivo de sua pesquisa, para colocar uma palavra-chave no buscador. Não adianta digitar
“pesca”, por exemplo, pois o resultado serão milhares de páginas. Experimente fechar mais
o seu tema: “pesca artesanal no sul da Bahia”.
?Sites de instituições como universidades e serviços de governo, prefeituras, e
grandes portais temáticos são fontes mais confiáveis, e possuem sistemas de busca próprios.
A ong Instituto Socioambiental (ISA), por exemplo, mantém o site Povos Indígenas do Brasil
(pib.socioambiental.org), com informações sobre praticamente todas as etnias indígenas
brasileiras.
?Mas há também sites alternativos, como blogs – que são páginas da internet com
menos recursos. Muitos desses blogs funcionam como um espaço de notícias de um
determinado tema – caso do blog www.bahiapesca.com.br – e contribuem para a sua
pesquisa.
?É importante destacar: não copie e cole o que encontrou na internet e adicione a sua
reportagem ou notícia como se fosse você o autor. Cheque a informação e cite a fonte,
sempre que possível. A pesquisa na internet serve mais como base para a produção de pautas
e o planejamento de entrevistas.
70
COMUNICAÇÃO
DICAS PARA A PRODUÇÃO DE TEXTOS
• Escreva de forma clara, objetiva e simples. Pense no público que vai ler o jornal: será
que ele vai entender o que você escreveu? Ler em voz alta depois de escrever seu texto
ajuda a saber sobre isso.
• Ao escrever textos de opinião – um editorial, um artigo, esclareça sobre o tema para
que o leitor entenda o seu ponto de vista. Muito cuidado com a ética do jornalismo: evite
publicar informações que não foram comprovadas.
• Quando incluir depoimentos e entrevistas, escreva o nome completo da pessoa,
profissão, bairro ou comunidade onde ela mora. Se forem ligadas a alguma instituição,
escreva a sigla e o que ela significa. Por exemplo: SME – Secretaria Municipal de Educação.
• Você pode usar uma entrevista reproduzindo apenas um trecho ou usando tudo na
forma de pergunta ou resposta: o importante é manter-se fiel ao que o entrevistado disse e
checar dúvidas sobre datas, locais, horários e tudo o que for necessário.
• Revisão: importante durante todo o processo de produção do jornal e no final. Evite
erros de ortografia e cuide para não escrever os nomes das pessoas, bairros, cidade, de
forma errada.
• Ajude as pessoas a “se localizarem” sempre que possível. Quando produzir um texto,
por exemplo, sobre as farinheiras do bairro da Pontinha, explique onde esse bairro fica, a
quantos quilômetros do centro da cidade, etc.
• Explique as palavras difíceis que não forem possíveis de serem substituídas. E evite as
expressões estrangeiras, sempre que possível.
• Ao escrever textos de opinião – um editorial, um artigo, esclareça sobre o tema para
que o leitor entenda o seu ponto de vista. Muito cuidado com a ética do jornalismo: evite
publicar informações que não foram comprovadas.
• Chamar alguém de ladrão ou corrupto é calúnia e pode render até um processo por
danos morais. Cuidado com o modo que for escrever e as palavras que for usar.
• Evite reproduzir desenhos sem autorização dos autores. E no caso de divulgação de
informações como gráficos e números, divulgue a fonte.
• As reportagens devem refletir as várias entrevistas que você fez. Uma fonte única
não é garantia de informações reais, dependendo do tema.
• Quando uma fonte não quis se manifestar sobre o assunto de sua reportagem, mesmo
você insistindo, cite no texto que a pessoa ou instituição não quis dar declarações. Só tome
cuidado caso você simplesmente não tenha conseguido encontrar a pessoa durante o
período de produção da reportagem.
• Ao usar textos de sites, livros ou outras publicações, cite-os também como fontes,
escrevendo de onde vem a informação.
• Fotos devem ter crédito de quem fotografou, assim como os textos devem ter os
autores.
• Lembre-se: uma importante função do jornal é garantir o acesso à informação para
que as pessoas se mobilizem!
71
COMUNICAÇÃO
REFLETINDO SOBRE A MÍDIA – EXERCÍCIO DE ANÁLISE CRÍTICA
Mídia significa meio por onde informações são difundidas, por onde a comunicação é
realizada. O rádio, o cinema, a televisão, o jornal, o computador e até o telefone são
exemplos de mídias, por onde a palavra escrita, o som e a imagem são difundidos.
Como vamos trabalhar nesse módulo a mídia jornal, após conhecer alguns elementos
comuns aos jornais, vamos fazer um exercício de análise crítica de mídia, escolhendo um
impresso e preenchendo a ficha abaixo, em grupo.
Refletir sobre os veículos de comunicação ajuda a pensar e planejar a maneira de fazer o seu
próprio jornal comunitário. E a pensar no como você pode contribuir para a qualidade das
mídias presentes na região onde você vive. Então, mãos a obra!
Nome do veículo analisado:
_______________________________________________
Quem (ou que grupo) é responsável pelo jornal (associação, empresa, outros):
______________________________________________________________________
Data de publicação do veículo analisado: ___________________________________
Regiões/cidades por onde o veículo circula:
______________________________________________________________________
Como é a apresentação visual do veículo?
( ) clara
( ) confusa
( ) feia
( ) bonita
Justifique a sua resposta:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Quais os temas que mais aparecem no veículo?
(...) meio ambiente
( ) política
( ) esporte
( ) policial
( ) cultura
( ) outros. Quais?
____________________________________________________________________________
________________________________________________________________
72
COMUNICAÇÃO
O que você encontrou na leitura (confira alguns elementos :
( ) Seção de cartas
( ) Editorial
( ) Expediente
( ) Opinião
( ) Notícias
( ) Entrevista
( ) Charge ou ilustrações
( ) Outros. O que?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Escolha um texto do jornal, e faça um breve resumo sobre do que se trata:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________
Como essa matéria foi apresentada visualmente? Tem foto? Tem ilustração?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
O texto informa bem sobre o assunto?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Alguma informação não ficou clara, ou parece ter sido omitida?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Várias fontes (pessoas, instituições que são consultadas para a produção de um texto na
mídia) foram ouvidas sobre o assunto abordado?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
73
COMUNICAÇÃO
Está em destaque no jornal? Na primeira página? Ou nas páginas internas?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
________________________________________________________________
Qual a impressão que o texto escolhido causou ao grupo? É fácil entender o que o texto quer
dizer? O que acrescentou de informações ao grupo?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
No geral, quais são os pontos positivos do jornal que o grupo analisou?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
No geral, quais os pontos negativos do jornal que o grupo analisou?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________
O que você sugere para que esta publicação analisada possa atender às expectativas de
necessidade de informação da sua comunidade?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
________________________________________________________________
74
GLOSSÁRIO
Coletivo Educador
É a união de instituições e/ou pessoas que atuam com processos formativos e que
juntas planejam implementam e avaliam processos continuados de formação de
educadores ambientais populares que intervenham em sua realidade socioambiental,
potencializando capacidades de pessoas e instituições de um determinado território.
Desenvolvimento Sustentável
Segundo o Relatório Brundtland, publicado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente
e Desenvolvimento da ONU, em 1987, é aquele que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades.
Foram dois conceitos novos, dentro desse conceito: 1 - reunir economia, meio ambiente e a
questão social, e 2 - reconhecer a responsabilidade de garantir o ambiente “inteiro” para as
gerações futuras.
Educador ambiental popular
Atores principais da educação ambiental na base da sociedade, do enraizamento de
reflexões e práticas libertárias, emancipatórias e transformadoras. A formação e apoio
permanente a esses sujeitos é objetivo e função de todo Coletivo Educador na busca pela
sustentabilidade do território. A estas pessoas cabe mobilizar, animar e subsidiar grupos de
ação-reflexão junto às suas bases. São educadores e lideranças que muitas vezes já atuam,
estão em formação, mobilizam grupos de base em suas escolas, universidades, bairros,
fábricas, clubes, comunidades, sindicatos. A formação como educadores ambientais
populares exige a oferta de opções de conteúdos da educação ambiental e popular, apoio no
fortalecimento da metodologia, orientação para a ação e reflexão de seus grupos e na
articulação de objetivos em uma estratégia educadora e ambiental para a sustentabilidade.
75
GLOSSÁRIO
Gestão Ambiental
É o ato ou o efeito de gerir, administrar ou gerenciar atividades e/ou empreendimentos
humanos, públicos ou privados, tendo como referência o controle e a minimização do
impacto socioambiental por eles produzidos. Se as diretrizes da gestão ambiental forem
conduzidas por estratégias participativas de planejamento, implementação e avaliação,
chama-se gestão ambiental participativa.
Impacto ambiental
Segundo a Resolução 001/86, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), é a
alteração das propriedades físico-químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetam a
saúde, segurança, bem-estar da população, atividades sociais e econômicas, biota,
condições estéticas e sanitárias e qualidade dos recursos ambientais. Pode ser positivo,
quando ajuda a regenerar áreas e/ou funções naturais, ou negativo, quando o efeito é a
degradação.
Política Pública
Entende-se por Políticas Públicas “o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia
dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa dar conta de
determinada demanda, em diversas áreas.” (Guareschi, Comunello, Nardini & Hoenisch,
2004, pág180..
76
BIBLIOGRAFIA
PUBLICAÇÕES UTILIZADAS PARA A CONSTRUÇÃO DESSE CADERNO
Almanaque Brasil Socioambiental, Instituto Socioambiental, 2008.
A construção do público: cidadania, democracia e participação. Bernardo Toro, 2005.
Aqui é onde eu moro, aqui nós vivemos. Brasília: MMA.005.
A questão do território no Brasil. Manuel Correia Andrade, 1995.
Avaliação de Programas: concepções e práticas.Blaine Worthen James Sanders ,Jody
Fitzpatrick, 2004.
Biomapa, território e espaço. Planejamento e gestão de território, Francisco Mafra e J.
Amado da Silva. 2004.
Caderno Metodológico Para Ações de Educação Ambiental e Mobilização Social em
Saneamento, Ministério das Cidades, 2009.
Caderno Metodológico das Oficinas de Educomunicação do Parque Nacional do
Descobrimento e Reserva Extrativista Marinha do Corumbau, Débora Menezes, 2009.
Caminhos da Educação Ambiental. Mauro Guimaraes, 2006.
Cartas entre Amigos. Fábio de Melo, Gabrie Chalita, 2009.
Cidadania no Brasil. J. M Carvalho, J. M. 2001.
Comunidades Aprendentes. Carlos Rodrigues Brandão 2005.
Como Usar o Jornal na Sala de Aula – Livro de Maria Alice Faria, Editora Contexto, 1996.
Comunicação, Educação Ambiental e Políticas Públicas. Silvia Chapski 2009.
77
BIBLIOGRAFIA
Como Usar o Jornal na Sala de Aula – Livro de Maria Alice Faria, 1996.
Desenvolvendo a cultura da avaliação em organizações da Sociedade Civil.Thomaz
Chianca, Eduardo Marino, Laura Chiesari, 2001.
Democratizar a Democracia: os caminhos da democracia participativa. Boaventura de
Sousa, 2002.
Desafios das redes . Viviane Amaral, 2005.
Diálogos entre esferas global e local. Harry Born, 2002.
Dicionário Socioambiental/Idéias, Definições e Conceitos, Eda Tassara, Faarte Editora,
2008.
Educação Ambiental. Michele Sato,Rima, 2002.
Educação Ambiental. Uma metodologia participativa de formação. Naná M. Medina, e
Elizabeth da C Santos, 1999.
Elaboração de Plano Municipal de Saneamento básico. Secretária Nacional de
Saneamento Ambiental(org) ReCESA. 2008.
Encontros e Caminhos, Formação de Educadoras (ES) Ambientais e Coletivos
educadores, Ministério do Maio Ambiente (MMA), 2005.
Encontros e Caminhos. Carlos Rodrigues Brandão 2008.
Encontro e Caminhos. Formação de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores.
MMA. Luiz Antonio Ferraro Júnior, 2005.
Introdução. Para ampliar o cânone democrático. Boaventura de Sousa , 2002
Limites para um planeta sustentável. J Foley, 2010.
78
BIBLIOGRAFIA
Mapeamentos, diagnósticos e intervenções participativos no socioambiente. Eda
Tassara, Luiz Antonio Ferraro e Omar Ardans, 2007.
Mobilização Social. Um modo de construir a democracia e a participação Ministério do
Meio Ambiente (MMA), 1997.
Mobilização, cidadania, participação O que é cidadania. Coleção primeiros passos Maria
de Lourdes Manzini Covre, 1998.
Movimentos sociais e participação. Mascos Sorrentino, 2002.
O espaço do cidadão. Milton Santos, 1987.
O que é participação? J. E. D Bordenave, 1994.
Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia, organização de Fernando
Alcoforado-2003.
Os diferentes matizes da Educação Ambiental no Brasil. Brasília: MMA, 2008.
Orgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental. Programa de Educomunicação
Socio Ambiental. Brasilia: MMA/MEC, 2005.
Orientação para Educação Ambiental.2005.
Participação e representatividade e Legitimidade na Construção de Políticas Públicas,
Caroline Azevedo, 2008.
Pedagogia da autonomia; saberes necessários a prática educativa, Paulo Freire,1996.
Pensado em coletivos pensado no coletivo: do ônibus as redes sociais Patricia Mousinho,
GUIMARÃES, Lilá Guimraes,2007.
Proeza e Desenvolvimento local. Augusto de Franco, 2008.
79
BIBLIOGRAFIA
Programa Nacional de Educação Ambiental. ProNEA. 3ed. Brasília: MMA. 2005.
Revista Brasileira de Educação Ambiental, Brasília - 2 ed - 2007. Edelis Paixão, 2007
Saber cuidar, ética do humano, compaixão pela Terra. Leonardo Boff, 1999.
Saber Ambiental, Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade Enrique Leff, 2001.
Sistema Nacional de Educação Ambiental. Brasilia, MMA. 2007.
SITES UTILIZADOS PARA A CONSTRUÇÃO DESSE CADERNO
– Mantido pela Agência Nacional de Águas, que regulariza o setor no
Brasil, contém mapas e informações relacionadas a gestão das águas no Brasil.
– Site de uma ong que trabalha com direito a comunicação e
acesso a informação. Há vários artigos que trazem reflexões que podem ser
utilizadas nos debates coletivos.
– Portal mantido pela Fundação Telefônica, com várias dicas
para utilizar a internet com foco educativo.
Formando Com-Vida – Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola
( ) - Caderno criado pelo
Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação, que propõe a mobilização da
comunidade escolar pelas questões socioambientais.
Jornalismo Cidadão – Você Faz a Notícia ( ) – Livro digital
de Ana Carmen Foschini e Roberto Romano Taddei, publicado em 2008, com dicas sobre
o ofício da reportagem.
– Mantido pelo Núcleo de Comunicação e Educação
da Universidade de São Paulo (NCE-USP), com apostilas sobre a produção de jornais,
rádio, TV, video e blog comunitários.
www.ana.gov.br
www.artigo19.org.br
www.educarede.org.br
http://portal.mec.gov.br/secad/CNIJMA/arquivos/com_vida.pdf
http://rrtaddei.wordpress.com
www.midiaseducacao.blogspot.com
80
BIBLIOGRAFIA
www.jornalescolar.org.br
www.inga.ba.gov.br
www.embasa.gov.br
– Site da ong Comunicação e Cultura, de Fortaleza (CE) que
ensina o uso do jornal em escolas públicas.
- Instituto de Gestão das Águas e Clima, Bahia.
P r o g r a m a d e E d u c o m u n i c a ç ã o S o c i o a m b i e n t a l .
(
) – Documento elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, que orienta sobre o
uso das ferramentas de comunicação na educação ambiental.
- Site do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, que mantém uma área com notícias voltadas para o saneamento.
– Organização que trata do tema saneamente e disponibiliza
diversas informações, estudos e notícias de fácil acesso.
Site da Rede de Informação Para o Terceiro Setor, com notícias sobre mobilização, meio
ambiente e cidadania.
- Site do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, que mantém uma área com notícias voltadas para o saneamento.
– Organização que trata do tema saneamente e disponibiliza
diversas informações, estudos e notícias de fácil acesso. Site da Rede de Informação
Para o Terceiro Setor, com notícias sobre mobilização, meio ambiente e cidadania.
– O Instituto de Gestão das Águas e do Clima, órgão do governo
estadual, tem informações sobre rios, bacias e legislação.
– No botão Legislação há as principais leis sobre saneamento, e na
área Educação Ambiental vários materiais de fácil acesso às escolas sobre temas
diversos – saneamento e saúde, economia de água, entre outros.
www.inga.gov.br
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