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“CALÍGULA: Não podes compreender. Que importa? Talvez encontre uma saída. Mas sinto que estão a crescer em mim seres sem nome. Que farei contra eles? (volta-se para ela.) Oh! Cesónia, eu sabia que podíamos desesperar, mas ignorava o que essa palavra queria dizer. Acreditava, como toda a gente, que estar desesperado era uma doença da alma. Estava enganado, o corpo é que sofre. Doem- me, os membros, a pele, o peito. Tenho a cabeça vazia e o coração sobressaltado. Mas, o mais horrível é este gosto na boca. Não a sangue, nem a morte, nem a febre, e a tudo isso ao mesmo tempo. Basta que mexa a língua para que tudo se torne negro, para que os seres me repugnem. Como é duro, como é amargo a gente tornar-se um homem!” (Extraído de Calígula, de Albert Camus) Escrita pelo escritor argelino/francês Albert Camus (Prêmio Nobel de Literatura por sua obra em 1957) em 1942, a peça é a história de Gaius Caesar Germanicus, conhecido por Calígula, terceiro imperador romano, reinante entre 37 e 41, que ficou conhecido pela sua natureza extravagante e por vezes cruel. Calígula é o filho mais novo de Germânico e Agripina, bisneto de César Augusto. Ele irrompe em cena após a morte de Drusilla, sua irmã e amante, para expressar seu desejo pelo impossível ("a lua, a felicidade ou a vida eterna"), seu novo programa de vida ("é preciso

CALÍGULA

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“CALÍGULA: Não podes compreender. Que importa? Talvez encontre uma saída. Mas sinto que estão a crescer em mim seres sem nome. Que farei contra eles? (volta-se para ela.) Oh! Cesónia, eu sabia que podíamos desesperar, mas ignorava o que essa palavra queria dizer. Acreditava, como toda a gente, que estar desesperado era uma doença da alma. Estava enganado, o corpo é que sofre. Doem-me, os membros, a pele, o peito. Tenho a cabeça vazia e o coração sobressaltado. Mas, o mais horrível é este gosto na boca. Não a sangue, nem a morte, nem a febre, e a tudo isso ao mesmo tempo. Basta que mexa a língua para que tudo se torne negro, para que os seres me repugnem. Como é duro, como é amargo a gente tornar-se um homem!”

(Extraído de Calígula, de Albert Camus)

Escrita pelo escritor argelino/francês Albert Camus (Prêmio Nobel de Literatura por sua obra em 1957) em 1942, a peça é a história de Gaius Caesar Germanicus, conhecido por Calígula, terceiro imperador romano, reinante entre 37 e 41, que ficou conhecido pela sua natureza extravagante e por vezes cruel. Calígula é o filho mais novo de Germânico e Agripina, bisneto de César Augusto. Ele irrompe em cena após a morte de Drusilla, sua irmã e amante, para expressar seu desejo pelo impossível ("a lua, a felicidade ou a vida eterna"), seu novo programa de vida ("é preciso ser lógico até a qualquer custo") e sua descoberta do que acarretará como sendo a verdade absoluta: os homens morrem e não são felizes.

Calígula constata o absurdo e decide levá-lo às últimas consequências, perdendo os limites do poder, da liberdade, da razão, negando todos os laços que o prendem ao gênero humano. Definida pelo próprio Camus como uma tragédia da inteligência, Calígula traz uma compreensão de que ninguém pode salvar-se sozinho, nem pode ser livre à custa dos outros.

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Albert Camus escreveu sobre sua peça:

Calígula foi escrita em 1938, depois que fiz uma leitura da obra Doze Césares, de Suetônio. Eu destinei esta peça a um pequeno teatro que criei em Argel e a minha intenção, desde o início, com toda simplicidade, era a de atuar eu mesmo no papel de Calígula. Os atores iniciantes têm dessas ingenuidades. E eu já tinha 25 anos, idade em que se duvida de tudo, menos de si próprio. A guerra me forçou à modéstia e Calígula estreou em 1946, no Théâtre Hébertot, em Paris. Calígula é, portanto, uma peça de ator e de diretor, mais do que de autor. Porém, que fique bem entendido: ela se inspira nas inquietações que eu tinha naquela época. A crítica francesa, que recebeu muito bem o espetáculo, freqüentemente escreve, para meu espanto, que se trata de uma peça filosófica. Mas será verdade?

Calígula, príncipe até então relativamente amável, acaba por perceber, com a morte de Drusilla, sua irmã e amante, que o mundo, tal como está, não lhe é satisfatório. A partir daí, obcecado pelo impossível, envenado de maldade e horror, ele tenta exercer, por meio do assassinato e da perversão sistemática de todos os valores, uma liberdade tamanha que não demorará para descobrir que não é uma liberdade boa. Ele recusa a amizade e o amor, a simples solidariedade humana, o bem e o mal. Ele enreda com palavras todos os que estão à sua volta, ele os força a encontrar uma lógica, ele nivela tudo ao seu redor pela força de suas recusas e por uma raiva destruidora. É onde reside sua paixão de viver.

Mas se sua verdade era se revoltar contra o destino, seu erro foi o de negar o humano. Não se pode a tudo destruir, sem destruir a si próprio. Calígula arrasa com o mundo ao seu redor e, fiel à sua lógica de vida, faz o que pode para voltarem-se contra ele todos os que terminarão por assassiná-lo. Calígula, a peça, é a história de um suicídio superior. É uma história sobre a forma mais humana e mais trágica de errar. Infiel ao homem, por fidelidade a si mesmo, Calígula consente em morrer, por

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haver compreendido que nenhuma criatura pode se salvar sozinha e, ainda, que não se pode ser livre à custa dos outros.

Trata-se, portanto, de uma tragédia da inteligência. É de onde se pode concluir, naturalmente, que o drama de Calígula foi totalmente de cunho intelectual. Pessoalmente, eu acho que conheço bem os defeitos desta obra. Mas procuro em vão a filosofia nesses quatro atos que escrevi. Ou, se ela existir ali, ela se encontra no nível da seguinte afirmação do herói: Os homens morrem e eles não são felizes. É uma ideologia bem modesta, pode-se notar, e eu até tenho a impressão de dividi-la com Monsieur de La Palice (1470-1525) e com a humanidade inteira. Não, minha ambição não era a filosofia, era outra. A paixão pelo impossível é, para o dramaturgo, um objeto de estudo tão valoroso quanto a sede de amar ou o adultério. Mostrar essa paixão em toda a sua fúria, justificando estragos e desencadeando confrontos – eis o que era o meu projeto. E é sobre esse aspecto que deve ser julgada a minha peça.

Uma última palavra. Alguns acham que minha peça é provocante e são os mesmos que, no entanto, consideram natural que Édipo mate o pai para se casar com a mãe ou os mesmos que aceitam fazer ‘ménage à trois’, desde que nos limites, é claro, de quatro sólidas paredes e em alta sociedade. Eu tenho pouca admiração por certo tipo de arte que só escolhe chocar por falta de saber convencer de outra forma. E se, por uma infelicidade, eu me pegasse realmente sendo escandaloso, seria apenas por causa desse gosto desmesurado que os artistas têm pela verdade – e um verdadeiro artista não consegue abrir mão da verdade, porque isso significaria renunciar à sua arte.

Fonte: Albert Camus, no prefácio à edição americana do livro Théâtre (1958), antologia de suas peças pela editora Pléiade (tradução de Dib Carneiro Neto).

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Penso que um aspecto relevante desta peça é confrontar-se com o drama existencial de um homem, em posição de grande poder. Sua ânsia pela liberdade, sua raiva avassaladora, sua paixão insaciável, sua revolta contra o seu destino… “É uma história sobre a forma mais humana e mais trágica de errar. Infiel ao homem, por fidelidade a si mesmo, Calígula consente em morrer, por haver compreendido que nenhuma criatura pode se salvar sozinha e, ainda, que não se pode ser livre à custa dos outros”.

O CALÍGULA DE CAMUS

Por ocasião da montagem da peça Calígula, do escritor franco-argelino Albert Camus, feita pelo diretor Gabriel Villela (ainda em cartaz em São Paulo), tive a oportunidade de ler a tradução do texto original feita pelo jornalista e dramaturgo Dib Carneiro. O texto me surpreendeu pela força e por trazer questões muito necessárias para os dias em que vivemos, uma atualidade que talvez o próprio Camus não pudesse prever ao escrever a peça no final da década de 30 do século passado. Segue, abaixo, um comentário sobre esta provocadora obra.

A leitura de Calígula, de Albert Camus, é uma experiência perturbadora. Ao final do texto, em um primeiro impulso diante do incômodo, fica-se com a vontade de ignorá-lo, de deixá-lo de lado. Mas o impacto persiste e cobra, é necessário se haver com ele. Se a obra perturba é porque questiona certezas que parecem organizadoras. Seria mais fácil se fosse possível enquadrar o personagem Calígula dentro de crenças estabelecidas. Se, de alguma forma, se conseguisse classificá-lo como louco, devasso, tirano, transtornado pela perda do amor, psicopata ou psicótico. Explicá-lo e defini-lo como doente e anormal. Assim, do mesmo modo que se retira um tumor, bastaria eliminar Calígula para que tudo ficasse bem. Aí se poderia ser solidário com os revoltosos que o matam no final da peça. Mas não. Assim como o personagem de Cipião, não se pode deixar de reconhecer que Calígula é sedutor e portador de alguma verdade íntima. O Calígula de Camus não é imoral, mas talvez amoral. É alguém que tenta ser livre, se colocar fora das regras, da moral, além do

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que é certo ou errado, do bem e do mal. Ele quer igualar as coisas, acabar com as diferenças ilusórias, mostrar o vazio essencial que nivela tudo. Uma força anárquica que zomba, questiona toda lei e ordem sobre as quais se tenta estruturar o mundo. Ele desnuda hipocrisias. Faz da moral uma máscara e não um rosto, uma realidade concreta. Os enganadores (ou quem sabe cegos) são os seus justiceiros que querem o retorno da razão, da ordem, de seus lugares imaginários de poder. Como Calígula aponta em um trecho do texto, o teatro tem este mesmo lugar de desconserto. Se um ator pode interpretar vários personagens, vestir várias máscaras sem se identificar com nenhuma delas, se todos podem ser deuses no palco, então não existe uma imagem definitiva, acabada. Mas a liberdade perseguida por Calígula, a quebra de certezas e de limites, assusta. A atualidade da obra de Camus talvez seja esta. A humanidade vive um época de liberdade sem igual na sua história. As crenças e as autoridades, tudo que organizava a sociedade perdeu ou está perdendo a consistência.Vive-se uma época de incertezas. Até a economia, o capital, que parecia o centro do mundo (como debocha Calígula), tem os seus dogmas abalados. As morais tradicionais faliram. As pessoas estão livres mas com medo. Calígula está mais vivo do que nunca, como é profetizado no final da peça. E não é mais possível ignorá-lo ou eliminá-lo com punhaladas. O que fazer: todos se tornarão loucos ou assassinos sem limites? É melhor viver na hipocrisia ou em um cinismo moralista e não querer saber do desejo do impossível que está dentro de cada um? O texto de Camus pode indicar uma alternativa. Há um personagem e uma condição que estão o tempo todo presentes, mesmo que através da ausência: a lua e a impossibilidade de tê-la. E talvez esta impossibilidade seja hoje a única verdade e chance de organização quando não dá mais para esconder Calígula debaixo de uma moral qualquer. A peça apresenta dois homens que lidam de maneiras diferentes com o impossível e com o desejo de reinventar o mundo. Os dois são senhores das coisas. Um é imperador, senhor dos corpos. O outro, Cipião, poeta, senhor das palavras. O escritor, o poeta, na sua ficção, guia o destino de seus personagens, pode fazê-los morrer se for este o seu capricho. Mas o imperador, por mais tirano que seja, se depara com a impossibilidade real de conquistar o mundo. Os corpos são sempre rebeldes a qualquer

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tentativa de dominá-los. Este corpo celeste, a lua, prova isto. E é com esta insatisfação que Calígula se depara no final. Mas é possível que o poeta tenha uma sorte melhor. Na ficção, na fantasia, se pode ter a lua, se pode dormir com ela. A única maneira de se ter a lua é poeticamente e não enquanto realidade concreta. Uma forma de ter o impossível e ao mesmo tempo manter o impossível.

Calígula foi concluída em 1938, mas só sete anos depois subiu ao palco no teatro Hebertot de Paris. Conforme definição do próprio autor no prefácio da obra, trata-se de uma "tragédia da inteligência". Seu protagonista, o imperador romano, filho de Nero, irrompe em cena após a morte de Drusila, sua irmã e amante, para expressar seu desejo do impossível — "a lua, ou a felicidade, ou a vida eterna" —, seu novo programa de vida — "é preciso ser lógico até o fim, a todo custo" — e sua descoberta do que acatará como sendo a verdade absoluta — "os homens morrem e não são felizes".

Calígula constata o absurdo e decide levá-lo às últimas conseqüências, perdendo os limites do poder, da liberdade, da razão, negando todos os laços que o prendem ao gênero humano. As metáforas são abolidas de sua linguagem: a um cortesão que se declara capaz de dar a vida por ele, Calígula manda imediatamente matar, não sem antes agradecer-lhe por tamanha dedicação. Decididos a colocar um termo na carreira assassina do imperador, o patrício Cherea e o poeta Cipião engendram uma conspiração para matá-lo. "Suicida superior", Calígula nada faz para deter os conspiradores, e "aceita a morte, porque compreendeu que ninguém pode salvar-se sozinho, nem pode ser livre às custas dos outros".

O próprio Camus pretendia representar Calígula, em Argel, mas a deflagração da guerra adiou a estréia da peça, e foi Gérard Philippe (1922-1959) quem acabou vivendo o imperador romano na encenação parisiense de 1945.

O Mal-Entendido foi escrito no ano de 1943, nas montanhas do centro da França, onde Camus se encontrava por motivos de saúde. "Essa situação histórica e geográfica", diz ele, "bastaria para explicar a espécie de

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claustrofobia de que eu sofria então c que se reflete na peça." O tema dessa obra sombria e pessimista encontra-se já mencionado em O Estrangeiro, por Meursault, que lê num jornal a notícia: "Um homem partira de uma aldeia para fazer fortuna. Ao fim de 25 anos, rico, regressara casado e com um filho. A mãe dele, juntamente com a irmã, tinha uma estalagem na aldeia. Para lhes fazer uma surpresa, deixara a mulher e o filho numa outra estalagem e fora visitar a mãe, que não o reconheceu. Por brincadeira, tivera a idéia de se instalar num quarto, como hóspede. Mostrara o dinheiro que trazia. De noite, a mãe e a irmã tinham-no assassinado a marteladas e atirado seu corpo no rio. No dia seguinte de manhã, a mulher do desgraçado viera à estalagem e revelara, sem saber, a identidade do viajante. A mãe enforcara-se. A irmã atirara-se a um poço." Ao terminar de ler o relato, Meursault comenta: "Devo ter lido essa história milhares de vezes. Por um lado, era inverossímil. Por ou-tro, era natural".

A peça é dividida em três atos: o primeiro mostra a volta do filho pródigo, Jan; o segundo focaliza o crime; o terceiro elucida a verdade. Por várias vezes essa verdade parece prestes a se revelar, como no momento em que Jan estende o passaporte a Marta, sua irmã, e ela se recusa a abri-lo.

Consumado o crime, através de um chá envenenado, Marta recebe a cunhada com hostilidade e conta-lhe que Jan tivera a mesma sorte de muitos outros viajantes que por ali passaram. A finalidade de tantos homicídios era obter um dinheiro que lhe permitisse abandonar aquela aldeia cinzenta e ir viver num lugar ensolarado, perto do mar. "Você sabia que ele era seu irmão quando fez isso?", pergunta a viúva. "Se precisa saber", responde a outra, "foi um mal-entendido. E se você tem alguma experiência do mundo, não se surpreenderá."

Representada pela primeira vez em 1944, no teatro dos Mathurins, a peça só se manteve em cartaz durante quarenta representações. Os poucos que a aplaudiram exaltavam a qualidade dos diálogos e a escolha do tema. Os que a recusaram apontavam a improbabilidade dos fatos — perguntavam-se, por exemplo, se ninguém jamais notara o

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desaparecimento das outras vítimas —, e consideravam-na inconvincente como demonstração do absurdo. O próprio Camus acha O Mal-Entendido enfadonha e sombria. Sua intenção era criar uma "tragédia moderna", "pôr a linguagem da tragédia na boca de personagens contemporâneas. Nada, realmente, é mais difícil, pois é preciso encontrar uma linguagem natural o bastante para ser falada pelos contemporâneos e ainda suficientemente incomum para sugerir o tom trágico".

Mais bem sucedida foi Os Justos, que estreou no teatro Hebertot de Paris no dia 15 de dezembro de 1949. O autor assegura que a peça foi rigorosamente baseada em fatos históricos — inclusive a surpreendente entrevista da grã-duquesa com o matador de seu marido. Os "justos" são os revolucionários russos de 1905, os quais, segundo Camus, viveram "o destino do homem revoltado em todas as suas contradições". Esses "assassinos delicados", como os chama, defrontaram-se com o problema mais cruciante da revolta, que constitui o núcleo de O Homem Revoltado: existe alguma coisa que se possa fazer para melhorar este mundo de injustiça e sofrimento e que, ao mesmo tempo, não aumente a injustiça e o sofrimento?

Para Kaliayev, um dos "justos", a resposta é negativa, e o assassinato só é permitido se o criminoso morrer também. Encarregado de matar o grão-duque Sérgio, ele falha numa primeira tentativa porque havia crianças presentes, e "matar crianças é um ato contrário à honra de um homem". Procurando defendê-lo perante os outros, que lhe criticam essa fraqueza, sua amada Dora expressa uma posição fundamental de Camus: "Mesmo na destruição há o certo e o errado — há limites". Numa segunda opor-tunidade, Kaliayev mata o grão-duque e, fiel a si mesmo, faz questão de morrer também. A revolta não é a busca da liberdade absoluta, como acreditava Calígula, mas um protesto contra um excesso de sofrimento e injustiça — e todo sofrimento provocado nesse protesto, toda injustiça cometida em nome dessa revolta devem, necessariamente, ser expiados.

Pomposa, grandiloqüente, Os Justos obteve enorme sucesso, apesar de ter sido ferozmente criticada por alguns que a interpretaram como um convite à inação política. Na verdade, Camus desejava mostrar à esquerda da época como estava distante dos ideais defendidos pelos

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revolucionários de 1905. Queria também denunciar um estado de violência que, apesar da inexistência de rebeliões e de guerras, ainda vigorava na Europa ao terminar a década de 40.