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camarim Uma Publicação da Cooperativa Paulista de Teatro - Ano II - N 9 -junho 99 Cooperativa e Sesc promovem vinda do ator da companhia de Peter Brook

camarim - COOPERATIVA PAULISTA DE TEATRO · que o ator deva ser como um catalisador, toda a informação que é dada nunca é demais. A partir do momento que o ator se predispõe

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camarimUma Publicação da Cooperativa Paulista de Teatro - A no I I - N 9 - ju n h o 99

Cooperativa e Sesc promovem vinda do

ator da companhia de Peter Brook

J l ■ o PÚBLICO *

l DE TEATRO■ig E/TÁ AQUI.io ! ANUNCIE.!

OA Camarim é uma revista destinada a atores,

diretores e produtores de Teatro. Além disto, é distribuída gratuitamente

para jornalistas, entidades e orgãos públicosvoltados à Cultura.

ro É um veículo expressivo e direcionado.Anunciando na Camarim sua empresa estará vinculando

sua marca ao que se produz de mais importante no Teatro em São Paulo.

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A Repercussão das MudançasO número anterior daCatnarim. marcou pelas mudanças editoriais epelo novo formato.Ouvimos críticas e sugestões na busca de tomá-la cada vez melhor.

Telefonemas, cartas, e-mails e conversas comprovaram a necessidade das mudanças editoriais ocorridas na Camarim. Em geral, as críticas foram de tornar cada vez mais claro o pensamento abordado em cada artigo, o que implica em um empenho ainda maior da redação na definição dos assuntos propostos. Sugestões para a parte gráfica como a colocação dos textos em colunas menores e a ampliação da distância entre o texto e as margens das páginas também já resultaram em mudanças.

A vinda de Yoshi Oida é o destaque deste mês. Francisco Medeiros colabora contando a trajetória artística de Yoshi e divulgando as atividades do evento realizado pela Cooperativa em parceria com o Sesc Pompéia.

Dando continuidade à série Cooperativa 20 anos, trazemos a história do Grupo Ponkã. A entrevista com Luís Alberto de Abreu fala sobre o processo de trabalho do dramaturgo voltado para grupos.

A coluna Estética Teatral traz a análise de Regina Galdino sobre a temática no Teatro. A colaboração de José Geraldo Rocha se volta para o Teatro Infantil, a aréa de produção mais carente de políticas específicas. O Perfil de Empresa deste mês apresenta a TG 7, que apoia espetáculos e eventos com seu trabalho de comunicação visual.

A Camarim é o espaço de discussão e reflexão dos artistas da Cooperativa e continua aberto a sugestões, colaborações e críticas de nossos leitores, para que a boa repercussão que obtivemos possa ter continuidade.

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ÍNDICECAPACooperativa e Sesc trazem Yoshi Oida ao Brasil.

DRAMATURGIAO pensamento de Luís Alberto Abreu.

OFICINARIAAtores parúdpam de oâánas integradas.

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TEATRO INFANTILJosé Geraldo Rocha propõe uma nova visão.

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COOPERATIVA 20 ANOSSaiba sobre a História do Ponkã. 11

ESTETICARegina Galdino reflete sobre a liberdade de criação.

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CAMARIM (Ano II - Número 9 - Junho)Uma publicação da Cooperativa Paulista de TeatroRedação: Hugo Possolo (coordenação); Flávio F austinoni; C ristian i Z onzin i e Gabriel G uim ard. Fotos da entrevista e da oficinaria: N ora Prado. Colaboradores: R egina G ald in o ; F rancisco M edeiros e José G era ld o R ocha. Programação visual: A gen tem esm o P ro d u çõ es G ráficas. Diagramação: A lexandre R o it. Fotolito e impressão: E m presa Jo rn a lís tic a JP. Tiragem: 2.000 exem plares. D istribuição gratuita.

Sucesso nas oficinas integradas.

PERGUNTA DO MÊSA questão feita na edição de Maio foi: “O que

deve fazer o ator quando seu processo de elaboração, embora tenha bons resultados dentro deste trabalho específico, é o único no elenco que não corresponde ao que propõe o diretor?”

A resposta enviada por André Acioli foi: “Sinto que o ator deva ser como um catalisador, toda a informação que é dada nunca é demais. A partir do momento que o ator se predispõe a trabalhar com determinado diretor ele tem que seguir o que manda o diretor, mas este também tem que estar aberto a experimentar coisas novas”.

Este mês a questão p roposta é: “Q ual é principio que deve nortear um Grupo de Teatro para a escolha de um texto para montar?”

Perguntas e respostas, com no máximo 10 linhas, sobre o processo criativo, interpretação de obras, trabalho de ator, enfim, sobre aspectos artísticos que possam ser debatidos através deste espaço, devem ser encaminhadas à Coopertaiva aos cuidados da redação da Camarim. I

66Ganha um celular pré-

pago quem souber por que o ministro da Cultura,

Francisco Weffort, precisou usar500vezes

os aviões da Força9 Aérea.

Elio Gaspari, em artigo publicado na Folha de São Paulo,

dia 19 de Maio.

♦ ♦ ♦ < J U U U D H

REUNIÃO DE PAUTA

Os associados da Cooperativa, interessados em participar da Camarim, devem comparecer dia 09 de Junho, às 19:00h., na sede, Rua 13 de Maio, 240, I o andar, onde será realizada a reunião de pauta da edição de Julho.

CARTAS PARA CAMARIMCartas sobre a Camarim, Cooperativa

e assuntos ligados ao Teatro devem ser enviadas para a Cooperativa aos cuidados da redação, incluindo remetente e telefone para contato. As cartas podem não ser publicadas na íntegra em função de espaço.

'tAt 'A -COOPERATIVA PAULISTA DE TEATROR. Treze de M aio, 240 - Bela Vista - CEP 01327 - 000 - São Paulo - SP- Fone/Fax: (011) 258 5361 e 258 7457 Diretoria: Presidente - Luiz Araorim; Vice-Presidente-José Geraldo Rocha; Secretário - Neto de Oliveira; Segundo Secretário - Alexandre Roit; Tesoureiro - José Geraldo Petean; Segunda Tesoureira - Débora Dubois; Vogal - Cristiani Zonzini. Conselho Fiscal: Hugo Possolo; Sérgio Santiago e Beto Andretta. Suplentes do Conselho Fiscal: Luciano Draetta; Flávio Faustinoni e Luis André Cherubini.

OFICINARIA RECICLA ATORESPor Flávio Faustinoni e Cristiani Zonzini

AOficinaria, série de oficinas integradas realizada pela Cooperativa no Teatro Caetano de Campos, reciclou atores durante dois meses.

Nos meses de M aio e Jun h o a Cooperativa p ropo rc ionou a seus associados a Oficinaria, um curso intensivo com reconhecidos profissionais da área teatral.

Francisco Medeiros dividiu com Hélio Cícero a parte de interpretação. Ficou a cargo de R enata M ello a preparação corporal. José Antônio de Souza desenvolveu e “especulou” textos à procura de uma ressonância lite­rária para os dias atuais. M adalena Bernardis, por sua vez, mostrou que a voz vai além das cordas vocais, expandindo-se por todo o corpo do ator.

“Os profissio­nais convidados ______d e m o n s t r a r a m Oficinaria: participação muita paciência egenerosidade. São pessoas m uito conscientes de sua função nesta oficina e na vida de teatro”, diz Gisela Millás, uma das participantes.

A intenção da Oficinaria foi a de dar suporte artístico a atores profissionais, sem a pretensão de mostrar um resultado final através de um espetáculo ou formar um grupo. “Vivemos em um m undo de eventos, tudo em nossa vida é eventual. Espero que este p ro jeto tenha continuidade, o que não significa

‘continuísmo’. O importante é desenvolver o treinamento, não necessariamente com os mesmos professores e alunos”, declarou Francisco Medeiros.

R enata M ello com plem enta: “A iniciativa da Cooperativa foi fundamental, mostra que é uma entidade que cumpre bem a função de dar suporte à formação

do ator. O curso foi efi­ciente um a vez que reu­niu profissio­nais com pe­tentes. O gru­po de p arti­cipantes teve um rend i­mento muito interessante. Valeu a pena”.

Mais uma vez a Coope­rativa m os­trou que de­seja estar cada vez mais pre­

sente na vida de seus associados, colaborando não só na parte burocrática, como na artística. Para Beto Amorim , outro participante, esta iniciativa foi muito importante “pois propiciou ao ator ser mais participativo na vida da Cooperativa, assim como a Cooperativa tornou-se mais participativa na vida do ator.”

Com saldo positivo, já existe a possibilidade de se realizar uma outra série integrada de oficinas, nos mesmos moldes da Oficinaria, para o próximo semestre.

dos cooperados.

ESPECIALF o to : D iv u lg a ç ã o

Com iniciativa da Cooperativa eparceria com o SescPompéia, São Paulo terá a oportunidade de conhecer várias facetas de uma das personalidades mais marcantes do Teatro contemporâneo: Yoshi Oida.Há trinta anos é um dos mais importantes intérpretes do Centro Internacional de Criação Teatral dirigido por PeterBrooke sediado em Paris.

Yoshi O ida, além de reconhecido internacionalmente como intérprete, tem se destacado também como encenador, escritor e professor.

Ele nasceu em Kobe, no Japão, e formou-se em filosofia. Estudou desde cedo o teatro Nô, o Kiôgen e dança Kabuki.

Junto ao grande mestre Juzo Tsauruzawa desenvolveu estudos de G idayu, a to r/ narrador de Bunraku, tradicional Teatro de Bonecos doJapão.

Durante muitos anos destacou-se em sua terra natal como ator de teatro, cinema e televisão. Em 68, foi convidado a integrar

um grupo de in térpretes de várias nacionalidades que começava a se organizar na França sob a liderança de Peter Brook, já naquela época reconhecido como uma das mais importantes figuras do Teatro europeu. Nos últim os 30 anos, Yoshi participou das mais im portantes montagens deste grupo, desde “Orghast”, primeira produção encenada no Irã, em 71, até “Je Suis un Phénom ène”, de 98, incluindo “Os Iks”, “A Conferência dos Pássaros”, “M ahabharata”, “A Tem­pestade” e muitas outras que repercutiram internacionalmente.

No cinem a atuou em “O Livro de Cabeceira”, de Peter Greenaway e “Les Yeux D’Asie”, de João Maria Grillo.

Com o encenador estreou em 1975 dirigindo “Hannya Shingyo”, de Shogo Ota e Takuro Endo e foi apresentada em Paris, Nova York, Amsterdam e em várias cidades do Canadá. A partir de então, com

seu rico e variado repertório, vem dirigindo em vários países.

Em 93, lançou seu primeiro livro “O Ator Errante” pela editora francesa Actes Sud, um relato vibrante de suas “andanças” e uma reflexão madura e inteligente sobreo ator e o Teatro. Esta obra foi traduzida por Marcelo Gomes e será lançada no Brasil, pela editora Beka, durante sua estada em São Paulo.

A editora Methuen, em 97, lançou seu segundo livro “O Ator Invisível”, coletânea de exercícios e fundam entos da arte de interpretar. Como se não bastasse, Yoshi Oida tem também uma larga experiência como professor em workshops, cursos e oficinas de interpretação na Europa e Estados Unidos.

Nas duas semanas de permanência em São Paulo, Yoshi vai cumprir uma extensa programação, além do lançamento do livro, incluindo apresentações e oficinas.

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t ■' C o S “ L° A b e 'r„ ô forAt0r Er™ " ”Dias 18 e 19 de pcrSuntas e respostas.

21.00 h. - Apresentação do espetáculo “ T Dia 20 ' interrogações”.

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!♦LUIS ALBERTO DE ABREU:

O ARQUITETO DAS AÇÕESPor Hugo Possolo

Um autor que se envolve com o processo de cada grupo com o qual trabalha sem fugir da responsabilidade de ser o arquiteto das ações de um espetáculo. Pronto para a estréia de “Till” no Ruth Escobar,

Luís Alberto de Abreu, aos 47 anos, fala de seus 20 anos de dramaturgia voltada para grupos.

Camarim - Considerando a diferença entre os vários processos, em que se estrutura a sua form a de elaboração quando voltada para um grupo?

Abreu - Em primeiro lugar, eu tenho que ter uma sintonia muito grande com o grupo, com o trabalho dele, com algum trabalho anterior. A cara do grupo é a linguagem que ele desenvolve. Isto é muito importante. Quero saber também que tipo de Teatro o grupo trabalha. Existem vários Teatros e é preciso saber se é algo de uma investigação formal ou se é mais ligado a tradição popular.

Camarim - A lgum destes tipos de Teatro lhe interessam mais e te motivam a trabalhar com um determinado grupo?

Abreu - Acho interessante quando me propõem desafios. Eu sou m uito bobo, tonto e entro fácil em desafios. (Risos) Sempre que sou desafiado eu aprendo dramaturgia. Quando me propõem algo que eu nunca pensei em fazer, talvez por

isso mesmo, eu entro

^desafio,i Camarim- [Em geral,

como você

se comunica com o grupo neste processo?Abreu - Eu tenho uma ligação muito

forte com o diretor. Acho que é natural que o interlocutor do dramaturgo seja o diretor. Principalmente porque o ator está muito voltado ao fazer e o dramaturgo precisa resolver algumas questões, como a reflexão. A relação entre diretor e dramaturgo é uma relação forte, conturbada, porque Teatro é uma coisa forte. Me interessa quando o objetivo é o espetáculo e a relação que o espetáculo vai ter com o público.

Camarim - Nesta relação, o ator não pode ficar afastado da reflexão?

Abreu - Muitos diretores dizem que o centro do Teatro é o ator. Eu discuto isto. Qual é o papel do dramaturgo então? Qual é o papel do diretor? O diretor não tem um papel que inventaram, é um papel histórico. Desde o Teatro Grego se tem esta figura. Então eu não acho que Teatro seja só o ator. Teatro no final é o espetáculo e o público. N enhum dos elem entos construtores do espetáculo tem que estar com o ônus ou a glória da realização teatral. É um trabalho de equipe mesmo;

Camarim - Uma equipe onde cada um deve ter as suas funções?

Abreu - Eu não diria nem funções, diria responsabilidades. Por exemplo, quando faço um trabalho com um grupo, o ator tem que falar o que pensa, tem que discutir, avaliar a cena que eu escrevo, para que eu possa reavaliar. O mesmo ocorre com o diretor. Tenho de entregar o trabalho pronto para o diretor. Eu não quero que na hora em que vá encenar que ele tenha que

resolver problemas que eu deveria ter resolvido. A minha responsabilidade é aquela. A responsabilidade de fazer a

arquitetura das ações é minha. Disto não posso fugir.

Camarim - Seu in ício de carreira, ligado ao Grupo Mambembe, foi marcado por uma linguagem despojada. Como é que você construiu seu processo de trabalho neste período?

Abreu - O M am bem be foi m uito interessante por duas razões: era um Teatro popular e um Grupo de comédia. Tinha de ser consistente, voltado à cultura. Foram estes elem entos que com eçaram a estruturação do meu trabalho. Era um Grupo que estava interessado no público, na pesquisa, em uma comédia que pudesse ter uma conseqüência.

Muitos diretores dizem que o centro do Teatro é o ator.

Eu diseuto isto.

Camarim - Exigir da comédia que seja conseqüente não desvia o sentido que lhe é inerente e ao mesmo tempo não pode disfarçar suas verdadeiras qualidades?

Abreu - A com édia é um gênero extremamente corrosivo, virulento. É o m elhor gênero para se derrocar uma estrutura já viciada, comportamentos já viciados e retomar, não só para destruir, mas também para propor coisas novas. Q uando ela pega um a instituição, por exemplo, ela está analisando ponto por ponto daquela instituição para fazer a sua derrocada, o que, as vezes, é fundamental para que a instituição evolua ou possa renascer. É destruir para reconstruir.

Camarim - O que você escreveu mais?Abreu - Seguram ente escrevi mais

comédias. Adoro drama, tragédia, mas gosto muito é da comédia. Ela me atrai particularmente, pois é ampla. Dentro dela cabe tudo, inclusive o drama. A comédia dá uma liberdade. Me faz levar a vida menos a sério. N ão tem m uitas verdades. A comédia formula verdades e já destrói ao mesmo tempo.

Camarim - Qual sua análise sobre a situação atual da dramaturgia no Brasil?

Abreu - Sempre digo que o Teatro é indestrutível porque ele tem uma grande história. História de elencos, de diretores, de dramaturgos... As vezes, aparecem uns babacas por aí falando que o Teatro morreu, que acabou. Quem tem a estrutura intelectual e artística de falar que o Teatro não tem importância? A tradição do Teatro é m uito forte e indestrutível. Por outro lado, existe a fraqueza do Teatro que, por causa deste lastro todo, tende a reproduzir modelos. O Teatro nem sempre está com o pulso contemporâneo. Isto me preocupa m uito . M uitas vezes não estam os sintonizados com o público.

Camarim - Mas a tentativa de sermos contemporâneos em função do público não pode nos levar a alguns modismos?

Abreu - Óbvio, mas contemporâneo é aquilo que é mais eficiente no processo de comunicação. Teatro é comunicação. O processo mais com plicado na arte é a comunicação. E não é com unicar para minha mãe, para a mídia ou para os críticos. Tenho de me comunicar com o número mais amplo de pessoas que for possível. Neste sentido de contemporaneidade não há como ter modismos, porque você vai fazer uma obra que pretensam ente vai atingir os mais variados tipos de pessoas. Esse é o grande desafio.

Quem tem a estrutura Intelectual e artística de falar que o Teatro

não tem importância?

Camarim - E o que é contemporâneo?Abreu - Não é o que a mídia vai dizer

que é contemporâneo. A arte fixa valores e estamos precisando m uito de novos valores no mundo de hoje. Contemporânea é a arte enquanto aquilo que, no sentido filosófico, se relaciona com o mundo. Para isso é preciso ter uma relação que é com o público e que não é com a mídia. E a poesia, a literatura, o Teatro, o cinema, a novela, que antropologicamente fixam os novos valores se quisermos um convívio decente nos anos futuros.

O Apoio Cu furaI da TG 7Por Cristiani Zonzini

Empresa de comunicação visual apoia Teatro visando retomo institucional.

Investindo há dois anos em cultura, a TG 7, que também responde pela empresa “Nyx Com unicação Visual”, cria e desenvolve banners, faixas, cartazes, brindes e produtos similares para empresas como Coca-Cola, 89 FM e Rádio Transamérica,

entre outras.Entre os espetáculos apoiados pela

TG 7 estão “A Falecida” da Cia. Fábrica São Paulo; “M uito Român­tico”; da Cia. M egam ini e “Besta Fêmea”, do Grupo Os Estradivarius, além do longa metragem “Bocage, O Triunfo do A m or” e os eventos

“C am inhada Pela Paz” e”MTV Video Music Brasil”.

Flávia Moreira, relações públicas da empresa e reponsável pela escolha dos projetos, diz: “investimos e apoiam os cu ltura porque temos o interesse ins­titucional de marcar e divulgar o nome da empresa.Também, porque é uma ação muito bem aceita por nossos clientes e nos proporciona uma boa imagem no mercado. Não esperamos a procura de clientes para concretizar vendas através do apoio, esperamos atingir o objetivo de marketing.”

Existe tam bém um a preocupação cultural uma vez que a importância do apoio é o aumento de público nos espetáculos. Para isso, fornece às produções o m aterial de divulgação perm itindo que o trabalho da com panhia ganhe maior visibilidade.

A TG 7 não tem um a verba estabelecida para o apoio cultural, costuma apoiar um evento por mês e a seleção é feita através da apre­sentação de projetos. “Analisamos o projeto e costumamos apoiar parcial ou integralmente, depen­dendo da quantidade de material solicitado pela produção. C on­sideram os im portan te a apre­sentação de um projeto por escrito, mas é na conversa com a produção que tomamos a decisão final. A credibilidade do projeto é analisada durante a reunião”, complementa Flávia Moreira.

Cia. Megamini: apoio cultural.

Maiores informações: TG 7 - Tel.: 6946 1646

SÉRIE COOPERATIVA 20 ANOS'A " 'A"

O SABOR DOPONKAPor Gabriel Guimard

A fruta mestiça Ponkã, avzamento da mexerica com a laranja a partir de técnica de enxerto japonês, deu nome a um dos mais significativos Grupos de Teatro da década de 80. Sua intensa participação na Cooperativa ajudou a construire fortalecera entidade. Seme Lutf e Paulo Yutaka em “Pássaro do Poente” .

O Ponkã surgiu no cenário teatral paulistano no início dos anos 80, projeto inciado por Paulo Yutaka, Celso Saiki e Carlos Barreto. O prim eiro espetáculo realizado pelo grupo foi “Tempestade em Copo D’água” que era composto de cenas independentes em constante processo de transform ação. Foi d irig ido por Luís Roberto Galizia, que trazia sua experiência com Bob Wilson para o Brasil.

O Ponkã veio para miscigenar técnicas artísticas do oriente e ocidente. A síntese das culturas, a pesquisa do oriente a partir do ângulo da cultura brasileira, permitiu uma visão tão heterogênea quan to inovadora. Os integrantes do grupo beberam nos mais diversos recursos, como circo, música e dança, que se fundiam a outras linguagens artísticas como o teatro Nô, o Kiôguen e os Hai-kais. O Ponkã construiu características próprias, que transformou o grupo em referência teatral de vanguarda nos anos 80.

A partir de 89, Celina Fuji e Paulinho Morais seguiram levando avante o “ideal Ponkã” por meio da realização de espetáculos e concentrando grande parte do acervo do grupo. O Ponkã destacou-se

também enquanto um grupo de pesquisa e de auto-gestão. Ju n to a outras companhias do início dos anos 80 ajudou fortalecer o cooperativismo e a própria Cooperativa Paulista de Teatro.

O espetáculo “Pássaro do Poente”, dirigido por Márcio Aurélio, em 87, foi o grande sucesso do grupo. Ficou em cartaz por três anos. Fez por volta de 1.000 apresentações. Na tem porada em São Paulo chegou a fazer três espetáculos por noite tanta era a demanda do público. Foi também o espetáculo mais premiado do teatro paulista.

Para Márcio Aurélio, cuja dissertação de mestrado na ECA-USP se intula Anatomia de um Espetáculo: Pássaro do Poente, “o que sempre marcou todos os espetáculos do Ponkã foi a busca das misturas estéticas e temáticas, sempre à procura de novos sabores.”

Infelizm ente foi tam bém o ú ltim o espetáculo do multi-artista Paulo Yutaka, em que representou m agistralm ente o pássaro. O derradeiro vôo o pássaro do poente deixa suas marcas de poesia. Hoje, Paulinho alça vôo na imortalidade que só um artista de sua qualidade alcança.

mina cu ltu ra l

TEATRO INFANTIL: UMA NOMENCLATURA SEM DEFINIÇÃOPor José Geraldo Rocha

Quem sabe o mais correto seria Teatro para todas as Idades ou simplesmente Teatro, sem nenhum a preocupação de conceituação ou nomenclatura, evitando cair numa armadilha que separe crianças, jovens, adultos ou idosos em compartimentos lacrados e isolados como conceito absoluto.

Um dos grandes equívocos do mundo moderno tem sido classificar, dividir e catalogar tudo dentro de um m odelo mecanicista e cartesiano. Felizmente este m odelo está sendo substitu ído gradativam ente por um a m udança de paradigmas e valores. Uma visão de todo interligado e em conexão, onde não se pode separar Cultura, Educação, Lazer e Saúde. São ingredientes de um a mesma a l q u i m i a , in d isp e n sá v e is para m elhorar a qualidade de vida das pessoas.

O cham ado “Teatro Infantil” sofre um pre­conceito e uma discriminação que vem de várias direções: por par­te da mídia, esco­lares, produtores culturais e tam ­bém por parte dos próprios artistas que muitas vezes

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não lutam para mudar um estado de coisas que vem de décadas.

Depois de longo tem po, na falta de esperança de como lidar com a ausência de uma política cultural imposta pelo governo, eis que surge um grupo de artistas redigindo o m anifesto “Arte contra a Barbárie”. Um docum ento expressivo, contundente e oportuno, lido e analisado na presença de mais de 300 pessoas que lotaram o Teatro Aliança Francesa, dia 10 de M aio, para tentarm os revitalizar a discussão de Cultura, Arte e Educação de maneira integrada. Um fórum permanente para pensar, refletir e agir sobre o projeto cultural que pretendemos para o País.

Talvez este seja o m om ento também para m udança de velhos conceitos, preconceitos e no ­m enclaturas para sairmos de uma si­tuação desigual e in ferio rizada para que possamos cuidar m elhor do nosso fazer teatral, colo­cando o Teatro aci­ma de idades, fron­teiras ou qualquer tipo de preconceito e classificação.

Pasárgada: contra o preconceito.

_________ ____________________NOTÍCIAS^ -*T ” ""w ..

RECADASTRAMENTO URGENTEComo parte do processo de reestruturação administrativa da entidade, a Cooperativa

estará realizando um recadastramento de todos os cooperados. De 10 de Junho a 10 de Julho, todos devem comparecer na sede, à Rua Treze de Maio, 240 - l â andar, com cópias de seu RG, CIC, DRT, comprovante de endereço e uma foto.

Após a data lim ite, os valores que o cooperado tiver para receber através da Cooperativa ficarão bloqueados, podendo até ocorrer a sua exclusão do quadro de associados ou mesmo a desfiliação de seu Núcleo. O fortalecimento da instituição depende das ações e do comprometimento de cada cooperado.

II Mostra Terá Citlo de Debates

A II M ostra B rasileira de Teatro de Grupo, em Julho, além dos espetáculos, contará com um ciclo de debates. Na abertura, o Encontro H istó rico reun irá grupos da década de 70/80. Com mediação de A lberto G uzik, estão entre os convidados: Antunes F ilho, Cacá Rosset, Hamilton Vaz Pereira, Eduardo Tolentino e Márcio Aurélio. O Ator no Grupo, segundo debate, com m ediação de Sebastião M ilaré será com Luís M ello, Denise W einberg, Bola, Wanderjey Piras e Paschoal da Conceição. Outros debates são sebre os 20 anos da Cooperativa e sobre Política Cultural.

On-lineA Apetesp vêm m antendo

através da Internet, o Informe Apetesp. Rapidamente obtêm-se in form ações sobre editais, oficinas e w orkshops, lançamentos de livros, enfim tudo que faz parte do dia-a-dia do Teatro em São Paulo, e-mail: [email protected]

Site da CooperativaA p artir de 8 de Ju n h o

começa a funcionar o Web-Site da Cooperativa. O www.cooperatro.art.br contará com informações sobre nossas atividades. Precisam os da colaboração de todos. Q uanto mais informações, mais completo será o nosso Site.

Informações Sobre a Lei Rouanet

A Delegacia R egional do Ministério da Cultura do Estado de São Paulo, está d isp o n ib ilizan d o um serviço gratuito à população que consiste em in fo rm ar com o elaborar projetos culturais e esclarecer dúvidas específicas sobre a Lei Rouanet.

C om apenas 15 vagas disponíveis, pequenos Seminários serão realizados na Delegacia do M inistério, localizada no Largo Senador Raul Cardoso, 133, na Vila Clementino.

Para poder participar forneça à Cooperativa o seu nome, RG e área de interesse do projeto que pretende realizar.

-a- Ar ^ 3 K 3 C 3 E 3 C 3 ITEATRO PRALER

MEMÓRIA E INVENÇÃO

Silvia Fernandes reuniu em seu livro “Gerald Thomas em Cena” uma vasta pesquisa sobre o trabalho do diretor, abordando as concepções e os temas desenvolvidos. Para quem gosta da obra do diretor, o livro é recheado de fotos de seus espetáculos, depoimentos de críticos e do próprio Gerald Thomas.Memória e Invenção:Gerald Thomas em Cena - R$ 28,00 Editora Perspectiva - Tel.: 885 8388

CAMINHOS PARA O ATOR

Uma análise sobre a condição do ator, que nada tem a ver com os manuais de técnicas e nem com as avaliações acadêmicas, o livro “O Ator Criador - Um Caminho”, de Reinaldo Maia, é a reflexão de quem tem a prática do fazer teatral. O dramaturgo do Grupo Folias DAxte, passa por Jung, Stanislavski, Brook e Brecht em busca da recuperação do sentido humano inerente, porém perdido, do próprio Teatro.Ator Criador - Um Caminho - R$ 15,00 Folias D ’Arte Produções Artísticas e Culturais - Tel/Fax: 220 7316

ESTÉTICA

Neste período de ditadura econômica, temos que estar atentos ao alicerce que nos sustenta como artistas: a liberdade de pensamento e criação.

Quando fazemos um projeto porque queremos, porque nos interessa, porque traz à tona um tema que consideramos atual e necessário para nossa sociedade acabam os te n ta n d o encaixá-lo em com em orações e eventos, buscando datas de nascimento e ou morte do autor, é preciso chamar a atenção para as armadilhas que a mídia, o marketing cultural, os patrocinadores e os produtores acabam instalando no precioso terreno do pensamento do artista.

O teatro é a arte do “aqui e agora”, onde atores e público encontram-se para um ritual artesanal. Nenhuma platéia é igual a outra, nenhum espetáculo é igual a ou tro e é esta especificidade que nos alimenta: o desafio constante, diário, da repetição renovada.

A boa literatura dramática pode extrapolar sua época, mas nenhum registro, em áudio ou vídeo, tem a possibilidade de transmitir com exatidão a força de um espetáculo teatral. A tores, d ram aturgos e diretores teatrais não podem resignar-se a ser coadjuvantes de datas com em orativas, com o estudantes que precisam entregar trabalhos no final do semestre. Como artistas de nosso tempo, temos como função criar o Teatro vigoroso, polêmico, atual, ligado a idéias. O Teatro que discuta temas vitais como a ética, a religião, a falta de memória cultural e política do Brasil, a utopia, a exclusão social e a guerra civil instalada pela miséria econômica, a natureza hum ana, o poder, a poesia, o fim do milênio, etc.

O Teatro de grupo sobrevive com dificuldades e tem um a função fo rm adora de o p in ião , ca ta lisadora de reflexões, que o teatro com

compromissos mais comerciais não pode preencher. O Teatro de pesquisa m antém vivo o fogo criativo do Teatro.

Focos estéticos experim en tais p o n tu a m positivamente a cena paulista. Porém, o Teatro, como arte coletiva que é, precisa de vários grupos para se fortalecer. O Teatro, que há 30 anos ditava moda, g ritava, incom odava, d iscu tia e incendiava a sociedade, agora não possui a mesma força.

É preciso que nós, artistas de teatro, retomemos a discussão estética de nossa a arte. Com franqueza e generosidade devemos abrir sistem aticam ente nossos processos para que através de críticas positivas de outros artistas, possamos aprofundar nossa pesquisa, respe itando a p lu ra lid ad e e priorizando a qualidade artística. Devemos abrir nossos processos com d isp o n ib ilid a d e para mudanças, tendo a coragem para ouvir críticas para, de forma madura, recolocarmos o Teatro no lugar que lhe é de direito.

Cada espetáculo ruim que um a platéia assiste é o Teatro que perde. Uma boa tem porada motiva o espectador e cativa o público não habitual.

Utopia das utopias, poderemos chegar a ampliar nossos horizontes e trocar nossas experiências estéticas com músicos, escritores, artistas plásticos, bailarinos e intelectuais. Mas, para que isso aconteça, nós, artistas de Teatro, precisamos retomar as rédeas de nossa criação invertendo com habilidade a lógica perversa que se criou: artistas trabalhando em função da mídia, de eventos, de temas comemorativos. A falta de uma política cultural pública nos empurra para os valores estéticos do mercado. Só nosso p ensam en to livre, nossas in tu ições, nossos sentimentos, nossas sensações e o diálogo franco podem dar um basta criativo para que o Teatro volte a ser acontecimento memorável.

Por Regina Galdino

liberdade de Pensamento e Criação

Grupo As Graças em “ Itinerário de Pasárgada”, direção de Regina Galdino.

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