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CAMETÁ-PARÁ RAIMUNDO NONATO BACHA LOPES

CAMETÁ-PARÁ RAIMUNDO NONATO BACHA LOPES. JUSTIFICATIVA A temática a ser abordada constituiu uma reflexão a cerca do assunto objetivando sintetizar os

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CAMETÁ-PARÁ

RAIMUNDO NONATO BACHA LOPES

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JUSTIFICATIVA A temática a ser abordada constituiu uma reflexão a cerca do assunto objetivando sintetizar os fatos através da história que nos ajude a entender de que forma se dava a educação nos anos 60 no município de Cametá e contribuir de modo significativo com a reconstituição da história educacional cametaense. Não se pretende com esta pesquisa esgotar os questionamentos emergidos durante o seu processo de elaboração e tampouco resolver os problemas decorrentes que a política educacional consolidou, mas refletir as práticas perversas e desumanas implementadas pelos políticos cametaenses.

REFLEXÕES EM TORNO DO PENSAMENTO POLÍTICO BRASILEIRO NA DÉCADA DE 60 E SEUS REFLEXOS NO CONTEXTO EDUCACIONAL NO MUNICÍPIO DE

CAMETÁ-PARÁ

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Dentro da conjuntura nacional, encontra-se o município de Cametá, marcado pelas políticas públicas autoritárias, talvez vinculadas aos interesses econômicos, com um centralismo formal legal dentro de uma ordem pré-estabelecida, opressora que levou o povo cametaense ao “silêncio”, alienação e provavelmente o retrocesso na construção de novos conhecimentos no campo educacional. Assim sendo, procura-se desvelar os seguintes questionamentos: Qual o papel do professor no contexto educacional na década de 60? De que forma os conteúdos das disciplinas eram trabalhados? Qual a posição do professor diante das normas pré-estabelecidas durante o Regime Militar?

PROBLEMÁTICA

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Reconstituir a história educacional cametaense a partir de relatos de antigos (as) professores (as) e alunos (as) dos anos 60;Entender os reflexos da política educacional nacional brasileira no Pará e suas implicações no contexto da educação em Cametá;Identificar mecanismos de repressão utilizados, durante o período militar dos anos 60, no município de Cametá no campo educacional;Analisar os fatos educacionais na realidade cametaense, tendo em vista as políticas educacionais materializadas no espaço escolar dos anos 60.

OBJETIVOS

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(...) Apesar da constante valorização da educação escolar, no nível do discurso, o Estado esbarra em primeiro lugar, num limite de ordem material: a escassez de verbas para a educação pública. Isso acontece porque, (...) o Estado emprega o montante de recursos sob a sua responsabilidade em setores diretamente vinculados à acumulação de capital. Esta é a sua prioridade real, a qual, por sua vez, aponta no sentido da privatização do ensino. Em segundo lugar, apesar desse limite de ordem estrutural, material, o Estado brasileiro não se desinteressou pela educação. O seu interesse se manifesta, primeiramente, através da repressão a professores e alunos “indesejáveis” ao Regime através do controle político e ideológico do ensino, visando à eliminação do exercício da crítica social e política, para obter a adesão de segmentos sociais cada vez mais amplos para o seu projeto de dominação. A atuação do Estado na área da educação - coerente com a ideologia da Segurança Nacional - reveste-se assim de um anticomunismo exacerbado, de um antiintelectualismo que conduzia à misologia, ou seja, à negação da razão, e mesmo ao terrorismo cultural (...).

(GERMANO, 1994, p. 104 - 105)

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(...) De fato, a classe dominante vinha agindo no sentido de tornar a escola uma entidade à parte ou à margem do processo histórico - sua função era a de mero apêndice ideológico do Estado, era a de, docilmente, à semelhança de uma empresa ou indústria, formar a mão-de-obra alienada, necessária ao cumprimento dos princípios desenvolvimentistas, que perfaziam o acordo MEC - USAID, selado em 1966. Nesse sentido, por encontrar-se acastelada e altamente controlada, não era função da escola questionar a estrutura social e nem refletir sobre os problemas concretos do povo brasileiro. Utilizando-se de mecanismos repressivos, despriorizando as verbas para a educação e controlando o aparelho escolar através da tecnoburocracia, a ditadura logrou um razoável êxito no seu intento - daí o exílio e/ou aposentadoria forçada de muitos educadores orgânicos e o feixe de misérias que cercou as nossas escolas públicas.

(SILVA, 2000, p. 67)

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O desenvolvimento do trabalho teve como metodologia a história oral. A história oral é uma metodologia de pesquisa no campo das ciências humanas que busca registrar os acontecimentos da história que não estão registrados pela história oficial. Neste sentido, utilizamos como técnica a entrevista com professores e alunos, afim, de colhermos informações que possibilitem reflexões sob as políticas militares dos anos 60 brasileiro e os reflexos implícitos no município de Cametá. A nossa análise fundamenta-se em alguns teóricos que fazem uma analogia dos movimentos revolucionários mostrando os passos que antecederam a “revolução”, e como os discursos ideológicos dos militares políticos consolidaram em uma política autoritária e de controle do comportamento humano.

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TÓPICOS:TÓPICOS:Situação sócio-político-econômico, educacional e ideológico do município de Cametá no período anterior ao golpe militar de 64;Quais os reflexos da implantação do Regime Militar nos aspectos sócio-político, educacional e ideológico?Houve o controle intelectual e artístico, evidenciando uma cultura do silêncio?Houve Repercussões no município de Cametá, em decorrência da implantação do Ato Institucional Nº 5 - De 13 de Dezembro de 1968?Existiam lideranças cametaenses (adversárias declaradas do regime opressor), que foram perseguidas, presas, torturadas e cassadas em seus direitos políticos?.

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TÓPICOS:TÓPICOS: Quais os rituais cotidianos; os arranjos físicos do tempo (como era organizado, planejado, controlado, transgredido) e do espaço escolares (permissões e proibições); a arquitetura escolar; as suspensões do cotidiano através das festas, solenidades; relações de poder;Os uniformes de professores (as)/ alunos(as);Dispositivos como: exames públicos; premiações, classificações;As normas, regras, símbolos, doutrinas, disciplina exigida;Atitudes de “aceitação” e rebeldia;Os conhecimentos trabalhados: as ênfases, disciplinas (ressaltando aquelas da “formação específica” para o magistério; disciplinas diversificadas para os sexos; outras como canto orfeônico; ginástica/educação física; puericultura, catecismo; higiene escolar; teatro), atividades, os livros didáticos e outros;As relações de professores (as)/ alunos(as);As relações com os (as) demais colegas (homens/mulheres);Formas de controle da vida e da ação docente (provavelmente sob a autoridade do Estado); o que se dizia sobre eles/elas? O que se escrevia sobre eles/elas?Entidades que congregavam professores (as)/ alunos(as)/ congregam ex-professores(as)/alunos(as) (associações beneficentes...).

 

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Concluo a partir das análises, entrevistas, referências consultadas que: A História da cidade de Cametá é marcada pela perseguição política e descaso dos governantes que procurando fazer uma política do apadrinhamento acabaram por comprometer o sistema educacional tornando-o mero palco de manipulação e repasse das ideologias da classe dominante. Infelizmente vivemos em uma sociedade que ainda sufoca e amedronta psicologicamente o professor através de mecanismo de vigilância e delatação de professores. Tal realidade é percebida na figura de alguns elementos que fazem parte do quadro educacional como supervisores e diretores, que buscando preservar seu apadrinhamento buscam através das delatações justificar as deficiências e incompetências de seus trabalhos.

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“A história educacional cametaense era baseada nos interesses políticos, que viam na educação um modo de ascensão social de uma pequena classe média, que tinha poder aquisitivo econômico e acesso a escola. As escolas eram poucas e as vagas também, posto que no início dos anos 60, Cametá contava apenas com duas escolas públicas ensino primário, grupo escolar D. Romualdo de Seixas e D. Romualdo Coelho e o INSA (Instituto Nossa Senhora Auxiliadora) de caráter particular de ensino primário e ginásio”.

(entrevistada B, p. 55).

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“A revolução consolidou por oportunismo político e não pelas ideologias revolucionárias, ou seja, não ouve revolução em Cametá, o que aconteceu foram os aprimoramentos de forma de governo, com base no autoritarismo político, reflexo advindos de outros estados do Brasil e principalmente do estado do Pará, onde políticos cametaense acabar absorvendo as arbitrariedades como: violência, repressão dos governos militares sendo portanto, materializados pelos prefeitos de Cametá”

(entrevistado C, p. 56)

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(...)“Então a gente percebe que essa política da rivalidade e da perseguição é constante em Cametá, se a gente for buscar a história desde os primórdios da história de Cametá isso é comum acontecer. Cametá sempre viveu sobre os tetos da ditadura. Ditaduras de famílias, onde o poder político, social e econômico das famílias manipulavam as pessoas. Então isso vem desde muito tempo (...). Eles manipulam o poder e tratam seus adversários como inimigos ferrenhos e até (...) mortais”.

(entrevistado D, p. 70) 

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O trabalho contribuiu para minha formação acadêmica, pessoal e profissional, aproximando-me da realidade do ensino. Como também as possíveis mudanças que vieram no transcorrer de atividades quando refletia-se, discutia-se, analisava-se os problemas educacionais brasileiro e seus reflexos no contexto educacional no município de Cametá, na década de 60. Espera-se que de modo concreto possa por em prática o que aprendi, contribuindo para o crescimento, desenvolvimento do ensino de nosso município, uma vez que, o ensino depende em grande parte da disponibilidade do professor e de seus conhecimentos. Diante do desencanto pela escola é necessário que o professor esteja consciente de que não existe uma solução miraculosa que irá salvar os (des) caminhos que tomam o sistema educacional. Mas acreditar na esperança da ação para a transformação e o olhar atento aos pequenos detalhes do cotidiano.

 

 

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Convida-se, hoje, os educadores cametaenses a levantar a bandeira. Não a bandeira que durante a ditadura os professores eram obrigados a levantar para receber os políticos militares. Mas a bandeira da luta, denunciando o sufoco da exploração, opressão e arbitrariedade cometidas pelo sistema político que busca tornar a escola palco politiqueiro de alienação e deturpações de mentes.O educador deve superar as lamúrias que o diminuem frente a seus próprios alunos, pois se não bastassem as migalhas que ganha, dizemos migalhas, pelo fato de o professor ser desvalorizado no seu próprio trabalho, ainda tem que ser obrigado a assumir diferentes papéis no âmbito educacional. Enfim, educadores deve-se superar as lamúrias que muitas vezes tornam-se estratégicas políticas em épocas de campanhas eleitorais. Promessas e mais promessas são ditas, o trabalho do professor é posto em evidência, mas na prática não passam de juras ao pé do altar.

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"Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para que o melhor

fosse feito. Não somos o que deveríamos ser, mas somos o que

iremos ser, mas, graças a Deus, não somos o que éramos“

Martim Luther king