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Certificações ambientais em museus: estudo de caso do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR)
ANAIS do 5º Seminário Internacional Museografia e Arquitetura de Museus Fotografia e Memória 1
Camilla Manzano Costa
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estácio de Sá - UNESA, Rio de Janeiro, Brasil.
Paula de Castro Brasil
Professora dos cursos de Graduação em Arquitetura e Engenharia das Universidades Unilasalle e Unesa.
Resumo
O Museu de Arte do Rio (MAR), inaugurado em 2013, foi o primeiro empreendimento inaugurado
na revitalização portuária do Rio de Janeiro e o museu pioneiro da América Latina a conquistar o selo
Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) no Brasil. Para melhor compreensão dos benefícios
de certificações ambientais na produção de edificações sustentáveis, foi feito o estudo de caso do MAR por
meio de uma avaliação Walkthrough destacando as estratégias adotadas no projeto. A edificação alcançou
57 pontos nos pré-requisitos LEED New Construction – NC, conquistando a categoria LEED Silver. As
certificações para museus demonstram a elevação do padrão técnico do mercado brasileiro voltado para a
construção sustentável. A partir da análise foi possível constatar a efetiva contribuição da certificação para
o processo de projeto. Entretanto, é importante ressaltar que a adoção de certificações ambientais não é
pré-requisito para a produção de edificações sustentáveis.
Palavras-chave: Certificação Ambiental; Museu; Sustentabilidade.
Abstract
The Rio Art Museum (MAR), opened in 2013, was the first facility opened in the port revitalization
of Rio de Janeiro and the pioneer museum in Latin America to achieve Leadership in Energy and
Environmental Design (LEED) label in Brazil. For better understanding of the benefits of environmental
certifications in the production of sustainable buildings, the SEA case study was done by a Walkthrough
evaluation highlighting the strategies adopted in the project. The building reached 57 points in the
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prerequisites LEED New Construction - NC, winning LEED Silver category. Certifications for museums
demonstrate the high technical standard of the Brazilian market focused on sustainable construction. From
the analysis we determined the effective contribution of the certification to the design process. However, it
is important to note that the adoption of environmental certification is not a prerequisite for the
production of sustainable buildings.
Keywords: Environmental Certification; Museum; Sustainability.
Introdução
A construção civil contribui para a degradação do meio ambiente devido a diversos fatores: alto
consumo de recursos naturais; ao grande volume de resíduos gerados da construção e que muitas vezes
são depositados em locais inadequados; a seleção de materiais e a gestão de consumo; aos canteiros de
obras com impactos sonoros, visuais e poluições do ar, solo, água.
Diante da influência de cada etapa da construção civil no meio ambiente, tornam-se necessárias
novas posturas no âmbito do processo de projeto visando a produção sustentável em todo o ciclo de vida
da edificação, e tendo como prioridade a inserção de critérios de sustentabilidade desde a fase de
concepção projetual até o produto final.
Em contraponto, observa-se que algumas iniciativas vêm sendo tomadas para reduzir os impactos
ambientais da construção civil. Países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão, China (Hong Kong) e
alguns europeus têm investido em sistemas de certificação de edifícios, com base em critérios e
indicadores de desempenho ambiental. Segundo Silva (2003), o grande impulso ao desenvolvimento desses
sistemas surgiu a partir da constatação de que, mesmo os países que acreditavam dominar os conceitos de
projeto ecológico, não possuíam meios para verificar quão “verdes” eram de fato seus edifícios.
Com a inexistência de normas e leis no Brasil, que contribuam de forma operacional para a
sustentabilidade, as metodologias de certificação ambiental vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de
mensurar e direcionar projetistas e empreendedores na inserção de estratégias com este foco no ciclo de
vida da edificação (BRASIL, 2014).
Assim, o objetivo da presente pesquisa foi analisar os benefícios das certificações ambientais na
produção de museus sustentáveis. Para isso, foi realizado um levantamento quantitativo dos museus
certificados e metodologias mais aplicadas no Brasil. A partir do levantamento foi selecionado o estudo de
caso do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), primeiro museu da América Latina a receber uma
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certificação ambiental. Para a melhor compreensão dos critérios ambientais adotados no projeto foi
realizada uma avaliação Walkthrough.
Segundo Rheingantz (2009), a Análise Walkthrough tem como objetivo estabelecer um percurso
dialogado, abrangendo todos os ambientes, e no qual os aspectos físicos servem para articular as
reações dos participantes ao ambiente, o(s) observador(es) com o edificado, o seu estado de
conservação e seus usos, e identificando descritivamente os aspectos negativos e positivos desse
ambiente.
O selo americano Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) foi escolhido por estar
em posição de destaque, em termos quantitativos, diante das demais certificações, e por ser o único que já
certificou museus no Brasil.
Avaliação quantitativa dos museus certificados no Brasil
Para melhor compreensão do quadro das certificações no Brasil, foi realizado um levantamento
das edificações certificadas no Brasil considerados as metodologias de certificação mais usuais no país :
LEED (EUA), AQUA, SELO AZUL DA CAIXA ECONÔMICA e RTQ (PROCEL/ELETROBRAS).
Os quantitativos levaram em consideração os dados fornecidos pelas instituições certificadoras e
foram sistematizados em categorias como: edificação, Estado, cidade, tipologia, tipo de certificação, ano,
mercado e esfera (pública ou privada). Observa-se que no Brasil a certificação LEED ainda é a que apresenta
o maior número de edificações certificadas, o que corresponde atualmente a 1054 edificações (gráfico 1).
Gráfico 1. Quantitativo de certificações ambientais no Brasil. Fonte: Autores, 2016.
De acordo com o levantamento realizado através de dados fornecidos pela instituição
certificadora (Green Building Council), foi constatado que apenas 0,76% das edificações certificadas no
Brasil correspondem a edificações culturais certificadas (Gráfico 2).
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Gráfico 2. Quantitativo de edificações com selo leed por tipologia no Brasil. Fonte: Autores, 2016.
Das edificações classificadas como culturais, 33,3% são museus e em igual distribuição estão os
centros culturais e as bibliotecas. (Gráfico 3).
Gráfico 3. Quantitativo de edificações culturais com selo LEED no Brasil. Fonte: Autores, 2016.
Apesar dos quantitativos serem pequenos em termos de certificações ambientais em museus,
constatou-se pela análise anual que os números têm crescido nos últimos anos, o que demonstra uma
tendência para a produção de edificações do tipo museu tendo a prática de adotar certificações
ambientais. Destaca-se, por exemplo, o crescente processo de certificação ambiental que vem ocorrendo
na cidade do Rio de Janeiro com o Museu de Arte do Rio, o Museu do Amanhã e o Museu da Imagem e do
Som (MIS).
De acordo com o Green Building Council Brasil, o referido crescimento está relacionado com a
tentativa de comprovar/mensurar a diminuição dos impactos ambientais por meio de uma metodologia de
certificação ambiental.
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Observa-se ainda que idealizadores dos museus, além de investirem na maximização da eficiência
e na redução dos impactos causados a natureza, estão investindo também no setor da educação para a
sustentabilidade, criando plataformas interativas com o objetivo de apresentar as práticas sustentáveis
adotadas pelos museus, e mostrando as maneiras de alcançá-las.
Sabe-se que é um grande desafio incorporar melhores estratégias de gerenciamento dos aspectos
de sustentabilidade em edificações históricas. O engajamento do público estratégico é de grande
importância para o sucesso de um projeto de construção com eficiência energética.
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O Museu
O Museu de Arte do Rio foi projetado pelo escritório carioca Bernardes + Jacobsen, de Thiago
Bernardes e Paulo Jacobsen. Durante o retrofit, os dois edifícios interligados ganharam um novo uso e, com
isso, geraram economia, menos impacto para o meio ambiente e a revalorização do seu entorno.
O museu está localizado na Praça Mauá, centro da cidade do Rio de Janeiro e foi o primeiro
empreendimento inaugurado durante a revitalização de sua zona portuária. Ele é resultado da conjugação
de três construções preexistentes: o Palacete D. João VI, edifício em estilo eclético de 1910 que encontrava-
se em desuso e visivelmente deteriorado; a estrutura tombada da marquise que atendia ao terminal
rodoviário Mariano Procópio construído em 1950 e uma edificação modernista onde funcionava o Hospital
da Polícia Civil José da Costa Moreira (Figura 1).
No MAR, os edifícios independentes abrigam escola e museu, porém são interligados por uma
cobertura que revela o sentido de um único objeto conjugado. A cobertura em forma de ondas atua como
marco de projeto e está inserida na paisagem como referencial de uma nova Praça Mauá. De acordo com o
arquiteto Jacobsen, a cobertura foi desenhada de forma que pudesse ser vista de locais estratégicos do
entorno como um marco singular para um novo olhar sobre o espaço.
Para estabelecer um sistema de fluxo para integrar a escola e o museu, foi criada uma praça
suspensa na cobertura do prédio da polícia, onde estão reunidos todos os acessos e também abriga o bar e
uma área para eventos culturais e de lazer. Desta forma, a visitação é feita de cima para baixo com fluxo
induzido. A ligação e circulação dos visitantes entre as duas edificações, acontecem através de uma
passarela suspensa (Figura 2).
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Figura 1. Fachada principal do Museu de Arte do Rio. Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2012.
Figura 2. Esquema de setorização do Museu de Arte do Rio. Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2012.
Devido ao alto pé-direito do Palacete, foram abrigadas as salas de exposição do Museu e o prédio
da polícia abriga a nova Escola do Olhar, o auditório, as salas de exposição multimídia e a área
administrativa. O pilotis tornou-se um grande foyer de todo o empreendimento. Nele estão localizadas as
áreas de exposições e esculturas.
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Para equilibrar a altura dos dois prédios, a atual Escola do Olhar foi suspensa. Houve também uma
substituição das vedações em alvenaria das fachadas por perfis de vidro translúcido, tornando visível o
sistema estrutural de colunas recuadas.
Avaliação Walkthrought: ênfase nos critérios da certificação LEED NC
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema internacional de certificação
e orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países, e possui o intuito de incentivar a
transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre com foco na sustentabilidade de suas
atuações. (GBC Brasil, 2014).
Cada tipologia possui 7 dimensões a serem avaliadas nas edificações e todas elas possuem pré-
requisitos e créditos. Ou seja, quando as recomendações são atendidas, garantem pontos a edificação.
De acordo com a GBC Brasil (2014), as 7 dimensões exigidas na tipologia LEED NC são:
1. Sustainable sites (Espaço Sustentável) – Encoraja estratégias que minimizam o impacto no
ecossistema durante a implantação da edificação e aborda questões fundamentais de grandes
centros urbanos, como redução do uso do carro e das ilhas de calor.
2. Water efficiency (Eficiência do uso da água) – Promove inovações para o uso racional da água, com
foco na redução do consumo da água potável e alternativas de tratamento e reuso dos
recursos.
3. Energy & atmosphere (Energia e Atmosfera) – Promove eficiência energética nas edificações por
meio de estratégias simples e inovadoras, como por exemplo, simulações energéticas,
medições, comissionamento de sistemas e utilização de equipamentos e sistemas eficientes.
4. Materials & resources (Materiais e Recursos) - Encoraja o uso de materiais de baixo impacto
ambiental (reciclados, regionais, recicláveis, de reuso, etc.) e reduz a geração de resíduos,
além de promover o descarte consciente, desviando o volume de resíduos gerados dos
aterros sanitários.
5. Indoor environmental quality (Qualidade ambiental interna) – Promove a qualidade ambiental
interna do ar, essencial para ambientes com alta permanência de pessoas, com foco na
escolha de materiais com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis, de sistemas,
conforto térmico e priorização de espaços com vista externa e luz natural.
6. Innovation in design or innovation in operations (Inovação e Processos) – Incentiva a busca de
conhecimento sobre Green Buildings, assim como, a criação de medidas projetuais não
descritas nas categorias do LEED. Pontos de desempenho exemplar estão habilitados para
esta categoria.
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7. Regional priority credits (Créditos de Prioridade Regional) – Incentiva os créditos definidos como
prioridade regional para cada país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e
econômicas existentes em cada local. Quatro pontos estão disponíveis para esta categoria.
Os benefícios da certificação são econômicos, sociais e ambientais. A certificação LEED confere o
certificado de acordo com o somatório de pontos obtidos no edifício, podendo variar de 40 a 110 pontos.
Assim as categorias podem variar entre Green, Silver, Gold e Platinum.
O estudo de caso do MAR teve como objetivo observar a estratégias sustentáveis adotadas no
projeto, o efeito sobre o usuário, e identificar possíveis problemas específicos no sistema através da
metodologia de avaliação Walkthrought.
A avaliação foi dividida em 2 etapas:
• Etapa 01- Análise do museu: local, documentos e projetos (arquitetura, instalações, etc); Registro
iconográfico.
• Etapa 02- Análise dos critérios de sustentabilidade adotados segundo o cheklist LEED- NC.
Critérios de Sustentabilidade adotados segundo o Checklist LEED NC
O MAR alcançou 57 pontos nos pré-requisitos LEED NC conquistando a categoria LEED Silver. A
tipologia New Construction & Major Renovation (NC) é destinada a edificações novas ou que passarão por
reformas que incluirão o sistema de ar condicionado, envoltória e realocação.
Na avaliação in loco, foram observadas e listadas abaixo algumas das estratégias adotadas no
projeto para que conquistasse os 57 pontos recebendo a categoria Silver.
Dimensão Estratégias adotadas para obter a pontuação
1. Espaço Sustentável
-Prevenção da poluição na atividade da construção;
- Conexão com a comunidade (valorização do entorno);
- Transporte alternativo (acesso ao transporte público, bicicletário e vestiário para os ocupantes e ausência de estacionamento- figura 03);
-Maximização dos espaços abertos (foyer e exposição ao ar livre- figura 04);
-Projeto para águas pluviais (utilizada para descargas e plantas);
-Redução das ilhas de calor (substituição da fachada em alvenarias por placas em vidro que permitem a ventilação e filtram o calor dos raios solares na Escola do Olhar, piso de pedra portuguesa branca que reflete a luz solar e absorve menos calor- imagem 05);
-Redução da poluição luminosa (iluminação automatizada).
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2. Uso Racional da Água
-Uso eficiente de água no paisagismo (captação de águas pluviais para irrigação de jardins, plantas que necessitam de muita água são irrigadas com água não potável);
-Redução do consumo de água (captação de águas pluviais para descarga e irrigação de plantas, torneiras dos pavimentos expositivos possuem arejadores de água);
-Consumo de até 40% de economia de água (apenas para o consumo humano).
3. Energia e Atmosfera
-Redução do consumo de energia (iluminação automatizada, e sistema de ar condicionado eficaz);
-Filtros de ar condicionado de alta capacidade (renovam constantemente o ar melhorando a sua qualidade);
-Gás do ar condicionado é ecológico (não agride o meio ambiente).
4. Materiais e Recursos
- Coleta seletiva de lixo;
-Incentivo à coleta seletiva (conscientização ambiental de visitantes e colaboradores);
-Uso de materiais recicláveis (piso de resina da escola e madeira certificada);
-Uso de madeira certificada;
-Cuidados durante a obra (gestão de resíduos e separação de materiais recicláveis).
5. Qualidade Ambiental Interna
-Desempenho da qualidade do ar interno e sistema de ar condicionado eficaz;
- Filtros de ar condicionado de alta capacidade (renovam constantemente o ar melhorando a sua qualidade);
- substituição da fachada em alvenarias por placas em vidro permeáveis que permitem a ventilação;
-Fachadas em vidro e corredores longitudinais que auxiliam na iluminação natural;
-Iluminação automatizada;
- Piso de pedra portuguesa branca que reflete a luz solar e absorve menos calor;
-Vista privilegiada para o porto, praça e píer Mauá.
-Iluminação em trilhos das áreas de exposição (evita um excesso de iluminação distribuindo apenas a quantidade de pontos necessária para cada exposição).
6. Inovação e Processo do
Projeto
-Plataformas interativas que expõem as estratégias de sustentabilidade adotadas no museu (incentivo da sustentabilidade ao usuário);
-Escola do Olhar, que é um espaço de produção que provoca experiências coletivas e pessoais com foco na formação acadêmica de educadores da rede pública de ensino. Foi construído em colaboração com universidades.
7. Créditos Regionais Não foram observados.
Quadro 1. Avaliação Walkthrought do MAR baseada na metodologia LEED-NC. Fonte: Autores, 2016.
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Figura 3. Bicicletário. Fonte: Autores, 2016.
Figura 4. Foyer. Fonte: Autores, 2016.
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Figura 5. Fachadas de vidro permeáveis. Fonte: Autores, 2016.
Durante o retrofit, os edifícios do MAR ganharam um novo uso e com isso, geraram economia,
menos impacto para o meio ambiente e a revalorização do seu entorno. As estratégias sustentáveis
destacadas no quadro 01 retratam benefícios no uso da metodologia de certificação como diretriz para o
processo de projeto visando a sustentabilidade.
Entretanto, ao analisar a funcionalidade do sistema sustentável e técnicas incorporadas ao MAR
para obter pontuação necessária para atingir o selo LEED Silver, nota-se que as estratégias repetem-se em
mais de uma dimensão, ou seja, com a mesma técnica, o museu pontuou mais de uma vez nos pré-
requisitos do checklist. Destaca-se, por exemplo, a incorporação das fachadas de vidro que, por serem
translúcidas, pontuaram na dimensão 5 referente a qualidade ambiental interna e, por serem permeáveis,
pontuaram também na dimensão 1 referente ao espaço sustentável, visto que permitem a ventilação
natural e, consequentemente, reduzem o consumo de energia com ar condicionado. Outro exemplo foi o
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sistema de captação de águas pluviais, que pontuou na dimensão 1 por reduzir o consumo de água e na
dimensão 2 por fazer um uso racional da água.
Outra questão observada é que no atual quadro das certificações brasileiras, nem todas
conseguem atingir a sustentabilidade, pois muitas vezes as ações não são alinhadas às características de
onde o edifício está inserido, e isto se torna um problema, visto que o entorno da edificação atuará de
forma permanente durante a vida útil da construção. O LEED apresenta iniciativas para adaptação de
algumas particularidades na construção brasileira.
Conclusão
As certificações para museus demonstram a tentativa de mudanças no padrão técnico do mercado
brasileiro voltado para a construção sustentável.
O processo de projeto utilizando a certificação LEED-NC na arquitetura do MAR contribuiu para a
adoção de práticas sustentáveis na edificação. Destaca-se também que as práticas adotadas podem ser
observadas de forma clara na edificação por meio físico, e pelos vídeos que são transmitidos a fim de
estimular o usuário a práticas com este foco.
Entretanto, é importante ressaltar que a adoção de certificações ambientais não é pré-requisito
para a produção de edificações sustentáveis.
Observou-se ainda a fragilidade da certificação LEED, por tratar-se de somatório de pontos no
formato checklist, no que tange a mensuração da sustentabilidade em edificações, visto que as estratégias
sustentáveis permitiram pontuações repetidas.
Agradecimentos
Ao CNPQ e a UNESA pelo incentivo à pesquisa.
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