Camillo Boito - Seminário

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  • IME - INSTITUTO METROPOLITANO DE ENSINO

    FAMETRO FACULDADE METROPOLITANA DE MANAUS

    ARQUITETURA E URBANISMO NOTURNO

    CONSERVAO, RASTAURO E REESTRUTURAO

    CAMILLO BOITO 1834-1914

    Manaus - AM

    2015

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    IME - INSTITUTO METROPOLITANO DE ENSINO

    FAMETRO FACULDADE METROPOLITANA DE MANAUS

    ARQUITETURA E URBANISMO NOTURNO

    ADNALYZ ABTIBOL

    ANDERLEY VIANA

    KETLEN KAMILA

    MATHEUS CUNHA

    CONSERVAO, RASTAURO E REESTRUTURAO

    CAMILLO BOITO 1834-1914

    Relatrio apresentado para obteno de

    nota parcial N2, solicitado pelo professor

    Humberto Barata Neto, na disciplina de

    conservao, restauro e reestruturao.

    Manaus - AM

    2015

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    INTRODUO

    Grandes personalidades contriburam para o ideal de restauro que hoje

    vivenciamos e no decorrer dos sculos, o processo de formao de conceitos deu-se

    atravs das fundamentaes dos profissionais da arquitetura, arte, filosofia, e dentre

    essas personalidades destaca-se Camillo Boito, figura evidenciada no cenrio cultural

    do sculo XIX, tendo sido arquiteto, historiador, professor e literato. Alm disso, teve

    participao fundamental na transformao da historiografia da arte e na formao de

    uma nova cultura arquitetnica na Itlia, alm de ter lugar consagrado na historiografia

    como restaurador e terico.

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    SUMRIO

    INTRODUO . . . . . . . . . Pg. 03

    CAMILLO BOITO (1834 1914) . . . . . . Pg. 05

    CONTEXTO HISTRICO . . . . . . . Pg. 05

    O PENSAMENTO DE CAMILLO BOITO . . . . . Pg. 08

    PRINCPIOS PARA CONSERVAO . . . . . Pg. 09

    CONCLUSO . . . . . . . . Pg. 10

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS . . . . . . Pg. 11

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    CAMILLO BOITO (1836-1914)

    Personagem de grande destaque no panorama cultural do sculo XIX, Camillo

    Boito (1834-1914) nasceu em Roma no seio de uma famlia que gozou de grande

    prestgio intelectual e artstico. Foi o filho primognito do pintor Silvestro Boito (1802-

    1856) e da condessa polonesa, e, teve como irmo o poeta, libretista e msico Arrigo

    Boito (1842-1918).

    Foi arquiteto, restaurador, crtico, historiador, professor e terico, e teve papel

    fundamental na transformao de uma nova cultura arquitetnica na Itlia. Sua

    contribuio para rea da arquitetura e restaurao foi considerada numa posio

    entre Viollet Le Duc e Ruskin.

    Em 1849 ingressou na Academia de Belas Artes de Veneza, onde comeou

    sua formao como arquiteto. Em seus primeiros estudos adotou o estilo neoclssico

    como tendncia arquitetnica, como j era de caracterstica na Academia. Mas quando

    conheceu o mestre Pietro Selvtico (1803-1880), empenhou-se no estudo da

    arquitetura italiana da Idade Mdia, que apontava o Gtico como a expresso artstica

    do povo italiano.

    Contexto histrico

    Boito estava inserido em uma situao scio-cultural que buscava a unificao

    das provncias italianas e reconhecia a arquitetura medieval como identidade nacional.

    Ao longo deste perodo, Ruskin, terico conservador, que defendia a no restaurao

    dos monumentos antigos, visitava a cidade de Veneza e mantinha contato profissional

    com o mestre Selvtico, cujos argumentos apontavam o Gtico como a expresso

    artstica do povo italiano, e Viollet Le Duc, uma personalidade de grande valor no

    estudo dos conhecimentos da arquitetura medieval, adotava o mtodo de analogia em

    seus projetos de interveno e restaurao, reproduzia o que faltava nos edifcios com

    peas fiis, do prprio edifcio ou de construes semelhantes da mesma regio. Com

    isso, foi apenas questo de tempo para as construes de Boito serem influenciadas

    pelos princpios destes trs homens.

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    Aps sua formatura, Camillo Boito iniciou uma srie de viagens ao longo da

    Itlia para continuar seus estudos sobre a arquitetura medieval. Em 1858 foi

    encarregado da restaurao da Baslica dos Santos Maria e Donato (Figura 1), na

    cidade de Munaro, levando em conta a arquitetura do passado. Deste modo, defendeu

    a preservao da ptina e a demolio dos elementos acrescentados ao longo do

    tempo, que destoava do estilo original da construo, props ainda que os novos

    elementos fossem construdos a espelho da arquitetura pr-existente.

    Ele distanciava-se das influncias de Ruskin e Le Duc em alguns aspectos, do

    primeiro, no aceitava a morte certa dos monumentos, e do segundo no aceitava

    restaurar at o ponto de ele nunca ter existido antes. Boito tomou como o exemplo

    mais paradigmtico da sua concepo de restauro, a restaurao do Arco de Tito,

    desenvolvido inicialmente por Stern (1817-1819) e, depois, por Giuseppe Valadier

    (entre 1819 e 1821). As peas originais reintegraram-se na construo; as lacunas

    refizeram-se com um material ptreo diferente do primitivo, utilizando-se o travertino

    em vez do mrmore. (Figura 2)

    Aps mudar-se para Milo, em 1860, e virar professor, historiador e terico,

    Boito executou a interveno na Porta Ticinese (Figura 3) adotando os princpios

    marcantes de Le Duc. Nela buscou-se alcanar a unidade formal do monumento, a

    partir de um modelo caracterstico baseado em seu estilo original. Segundo KHL

    (2003) ele concebe a restaurao como algo distinto e, s vezes, oposto

    conservao, mas necessrio. Constri sua teoria justamente para estabelecer

    princpios de restaurao mais ponderados (entre Ruskin e Viollet-le-Duc).

  • 7

    Figura. 1 Baslica dos Santos Maria e Donato. Fonte:

    http://www.wondermondo.com/Countries/E/IT/Veneto/Murano_SantaMariaSanDonato.htm.

    Figura 2 Arco de Tito. Fonte:

    http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sommer,_Giorgio_(1834-1914)_-_n._4222_-

    _Arco_di_Tito_(Roma)_-_Cornell_university_website.jpg

    Figura 3 Porta Ticinese. Fonte:

    http://www.settemuse.it/viaggi_italia_lombardia/milano_citta_4.htm

  • 8

    O pensamento de Camillo Boito

    Em seu perodo de maturidade conceitual, Boito defendeu sua tese de forma

    avessa aos princpios anteriormente enunciados por Ruskin e Viollet-le-Duc, pois

    acreditava que os monumentos no poderiam ser relegados runa ou morte, muito

    menos se deveria chegar a uma unidade formal baseada em analogias estilsticas.

    Boito produziu sua obra em um perodo dominado pelo ecletismo, o que ele

    mesmo classificou como uma poca sem estilo prprio, o que possibilitou o estudo, a

    anlise, o entendimento e a apreciao dos estilos do passado.

    De acordo com Boito, os ltimos cinqenta ou sessenta anos gabam-se por

    estimar e por conhecer com imparcialidade tudo o que antes aconteceu em arte e em

    beleza, (desta forma) ns, do bem-aventurado sculo XIX, temos um brao to grande

    que tudo acolhe para si. [...] (e) isso no poderia ser imaginado em nenhuma outra

    poca .

    No final do sculo XIX, reformulou as prticas de restaurao criando uma

    vertente classificada como restauro filolgico (dava nfase ao valor documental da

    obra, destacando o valor primordial das edificaes enquanto testemunho e

    documento histrico).

    Boito contribuiu de forma direta para a formulao dos princpios modernos de

    restaurao, na medida em que defendia o respeito matria original da pr-

    existncia, a reversibilidade e a distino das intervenes, o interesse por aspectos

    conservativos e de mnima interveno, a manuteno de acrscimos de pocas

    passadas entendendo-as como parte da histria da edificao, assim como

    harmonizar as arquiteturas do passado e do presente a partir da distino de sua

    materialidade.

    Ele defendeu suas teorias de restaurao em arquitetura utilizando a pintura e

    escultura como exemplo concreto das particularidades de cada rea, de forma que

    admitissem a mesma importncia. Alertou que mesmo o restaurador possuindo

    conhecimento pleno dos estilos da arte e da arquitetura, ele deveria buscar nos

    documentos originais da obra, as fontes primrias para sua proposta de interveno,

    infringindo o mnimo possvel de aes.

  • 9

    Concluiu sua tese defendendo que as intervenes deveriam conservar nos

    monumentos o seu velho aspecto artstico e pitoresco entendendo isso como respeito

    materialidade do objeto. E a partir de seus pensamentos foi feita a distino precisa

    entre o significado de restaurar e conservar. Chamando ateno que conservao

    peridica seria instrumento eficaz de preservao, e que a restaurao s deveriam

    ser feitas quando necessrias. E que os complementos feitos a obra, quando

    necessrios, deveriam demonstrar ser contempornea diferenciando-se do material

    original.

    Princpios para conservao.

    Segundo BOITO (1884), as conceituaes gerais sobre restaurao

    baseavam-se em sete princpios:

    1. Os monumentos antigos deveriam ser preferencialmente consolidados a

    reparados e reparados a restaurados;

    2. Evitar acrscimos e renovaes, e se fossem necessrios, deveriam ter carter

    diverso do original, mas sem destoar do conjunto;

    3. Os complementos de partes deterioradas ou faltantes mesmo se seguissem a

    forma primitiva, ser de material diverso;

    4. Obras de consolidao deveriam limitar-se ao estritamento necessrio,

    evitando a perda dos elementos caractersticos;

    5. Respeitar as vrias fases do monumento, sendo a remoo de elementos

    somente admitida se tivesse qualidades artsticas manifestantes inferiores do

    edifcio;

    6. Registrar as obras apontando-se a utilidade da fotografia para documentar a

    fase antes, durante e depois da interveno, devendo ser acompanhado de

    justificativa;

    7. Colocar uma lpide com inscries para apontar a data e as obras de restauro

    realizadas.

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    CONCLUSO

    As teorias de Camillo Boito foram o norte para campo da restaurao em um

    ensejo de maturao para se firmar como ao cultural, bem como suas concepes

    mesclam entre a teoria de Ruskin e a necessidade do restauro. Seu embasamento

    prev o restauro como alicerce histrico para a conservao. Entre outros pontos, sua

    fundamentao considera, a consolidao das partes existentes de uma edio e no

    sua reconstruo. Considera tambm que as partes incorporadas em restauraes

    anteriores no devam ser removidas ou substitudas, mesmo quando esto em estilo

    diferente do original, por tratar da autenticidade histrica da edificao.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BOITO, Camillo, Os Restauradores (Coleo Artes & Ofcios). Trad. Paulo Mugayar

    Khl e Beatriz Mugayar Khl. Editora: Ateli Editorial - Portugus - 2002, 64 p.

    SITES:

    http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/08.086/3049, acessado em

    06/05/12 s 22h.

    http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/04.043/3154, acessado em

    06/05/12 s 22h.

    http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/150/museu-rodin-em-salvador-

    debrasil-arquitetura-29212-1.asp, acessado em 08/05/12 s 19h.