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Camilo quer autocrítica do PT sobre conduta Jango: ‘Vou me somar aos que lutam contra o retrocesso’ Pág. 6 Márcio diz que vai com força para a vitória: “será o voto da verdade” Agora é unir 67% dos brasileiros para dar o voto contra Bolsonaro TSE prova que vídeo de urna viciada é falso, mas Bolsonaro repete a farsa o primeiro turno das eleições, Bolsonaro con- seguiu votos de 33% do eleitorado. Portanto, 67% dos eleitores vota- ram em outros candida- tos, ou se abstiveram, ou anularam seus votos, ou votaram em branco. Dois terços dos eleitores, então, rejeitaram o candidato da ditadura. No segundo turno, é necessário unir a todos estes contra Bolsonaro. Não se trata de que Haddad vá resolver os problemas do país. Trata-se de que, sob uma democracia (ainda que com defeitos), a luta do povo brasileiro por um país justo e independente, pode ser travada em melhores condições. Página 3 10 e 11 de Outubro de 2018 ANO XXIX - Nº 3.674 Dilma, Suplicy e Lindbergh são derrotados para o Senado Federal Nas bancas toda quarta e sexta-feira 1 REAL BRASIL Witzel ameaça quem o ligar à vandalização da placa Marielle A destruição por dois depu- tados bolsonaristas da placa com o nome da vereadora as- sassinada no Rio de Janeiro se deu no palanque do candidato a governador pelo PSL. Após os resultados, Haddad fala à imprensa. Bolsonaro se recusou a ser entrevistado e circulou vídeo com Guedes “Bolsonaro não terá meu apoio nem meu voto. Olhe meu passado. Sou fundador do PSB, meu único partido na vida”, afirmou Márcio França, que vai disputar com João Dória (PSDB) o 2º turno para o go- verno do Estado de São Paulo. O resultado oficial foi divul- gado ainda no domingo, após França arrancar na reta final e passar Paulo Skaf, do PMDB. “Foi uma virada emocionante e vamos com mais força para a vitória. Aqui tem palavra! São Paulo avança!”, disse. Pág. 2 “Minha história de vida é uma história de vida de defesa da democracia e contra o fas- cismo”, declarou Ciro Gomes, em entrevista no domingo, em sua casa, em Fortaleza. Ciro Gomes: “no segundo turno estarei ao lado da democracia” O ex-governador venceu o primeiro turno das eleições presidenciais no Ceará, votado por 31,5% dos eleitores do Es- tado ou 41% dos votos válidos (1.998.597 votos). Pág. 3 Bolsonarista deu 12 facadas nas costas do compositor e mi- Mestre de capoeira é assassinado em Salvador por criticar Bolsonaro litante da cultura negra mestre Moa do Katendê. Página 4 França: ato defende resgate humanitário de migrantes no mar Atos de repúdio à sabo- tagem ao resgate de imi- grantes no Mediterrâneo reuniram milhares em Paris (foto) e outras 50 cidades francesas. P. 6 Apesar de favorita ao Se- nado em Minas Gerais pelas pesquisas, Dilma Rousseff amargou uma quarta colo- cação, com 15,21% dos vo- tos válidos. Não foi a única do PT. Página 2 AFP Reprodução Marcelo Camargo Reprodução

Camilo quer autocrítica do PT sobre conduta Agora é unir ... · Chamado pelo tucano de “Márcio Taxa”, o candidato do PSB retrucou: “Eu vou cobrar a taxa, João, é de pessoas

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Page 1: Camilo quer autocrítica do PT sobre conduta Agora é unir ... · Chamado pelo tucano de “Márcio Taxa”, o candidato do PSB retrucou: “Eu vou cobrar a taxa, João, é de pessoas

Camilo quer autocrítica do PT sobre conduta

Jango: ‘Vou me somar aos que lutam contra o retrocesso’Pág. 6

Márcio diz que vai com força para a vitória: “será o voto da verdade”

Agora é unir 67% dos brasileiros para dar o voto contra BolsonaroTSE prova que vídeo de urna viciada é falso, mas Bolsonaro repete a farsa

o primeiro turno das eleições, Bolsonaro con-seguiu votos de 33% do eleitorado. Portanto, 67% dos eleitores vota-ram em outros candida-tos, ou se abstiveram,

ou anularam seus votos, ou votaram em branco. Dois terços dos eleitores, então, rejeitaram o candidato da

ditadura. No segundo turno, é necessário unir a todos estes contra Bolsonaro. Não se trata de que Haddad vá resolver os problemas do país. Trata-se de que, sob uma democracia (ainda que com defeitos), a luta do povo brasileiro por um país justo e independente, pode ser travada em melhores condições. Página 3

10 e 11 de Outubro de 2018ANO XXIX - Nº 3.674

Dilma, Suplicy e Lindbergh são derrotados para o Senado Federal

Nas bancas toda quarta e sexta-feira

1REAL

BRASIL

Witzel ameaça quem o ligar à vandalização da placa Marielle

A destruição por dois depu-tados bolsonaristas da placa com o nome da vereadora as-sassinada no Rio de Janeiro se deu no palanque do candidato a governador pelo PSL.

Após os resultados, Haddad fala à imprensa. Bolsonaro se recusou a ser entrevistado e circulou vídeo com Guedes

“Bolsonaro não terá meu apoio nem meu voto. Olhe meu passado. Sou fundador do PSB, meu único partido na vida”, afirmou Márcio França, que vai disputar com João Dória (PSDB) o 2º turno para o go-verno do Estado de São Paulo.

O resultado oficial foi divul-gado ainda no domingo, após França arrancar na reta final e passar Paulo Skaf, do PMDB. “Foi uma virada emocionante e vamos com mais força para a vitória. Aqui tem palavra! São Paulo avança!”, disse. Pág. 2

“Minha história de vida é uma história de vida de defesa da democracia e contra o fas-cismo”, declarou Ciro Gomes, em entrevista no domingo, em sua casa, em Fortaleza.

Ciro Gomes: “no segundo turno estarei ao lado da democracia”

O ex-governador venceu o primeiro turno das eleições presidenciais no Ceará, votado por 31,5% dos eleitores do Es-tado ou 41% dos votos válidos (1.998.597 votos). Pág. 3

Bolsonarista deu 12 facadas nas costas do compositor e mi-

Mestre de capoeira é assassinado em Salvador por criticar Bolsonaro

litante da cultura negra mestre Moa do Katendê. Página 4

França: ato defende resgate humanitário de migrantes no mar

Atos de repúdio à sabo-tagem ao resgate de imi-grantes no Mediterrâneo

reuniram milhares em Paris (foto) e outras 50 cidades francesas. P. 6

Apesar de favorita ao Se-nado em Minas Gerais pelas pesquisas, Dilma Rousseff amargou uma quarta colo-cação, com 15,21% dos vo-tos válidos. Não foi a única do PT. Página 2

AFP

Reprodução

Marcelo Camargo Reprodução

Page 2: Camilo quer autocrítica do PT sobre conduta Agora é unir ... · Chamado pelo tucano de “Márcio Taxa”, o candidato do PSB retrucou: “Eu vou cobrar a taxa, João, é de pessoas

2 POLÍTICA/ECONOMIA 10 E 11 DE OUTUBRO DE 2018HP

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HORA DO POVOé uma publicação doInstituto Nacional de

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“Bolsonaro não terá meu apoio nem meu voto”afirmou o candidato em redes sociais

Propostas de Bolsonaro beneficiariam empresa bilionária de Paulo Guedes

Guedes é um dos sócios de empresa bilionária

Márcio França avança para o segundo turno em São Paulo

Márcio França (PSB) vai disputar com João Dória (PSDB) o primeiro 2º tur-

no para o governo do estado de São Paulo em 16 anos. O resultado oficial foi divulgado na noite de domingo (7) após França arrancar na reta final e passar Paulo Skaf, do PMDB, apontado como favorito na disputa com o ex-prefeito da capital paulista.

A campanha do atual go-vernador do estado ficou confiante com o resultado, que por sua vez não agradou nada Dória que teve 31,7% dos votos e já se preparava para enfrentar o peemede-bista, conhecido como “pato da Fiesp”.

França obteve 21,53% dos votos válidos (4.272.706 milhões) , deixando Skaf para trás com 21,09% (4.202.013). Luiz Marinho, candidato do PT, ficou em um distante terceiro lugar, com 12,6% dos eleitores.

A falta de palavra de Dória - que quando eleito prefeito de São Paulo jurava de pé junto que não abandona-ria o mandato - reforçou a desconfiança da população paulistana. A campanha de França ressaltou diversas ve-zes esse aspecto da trajetória do tucano: a falta de palavra.

“Minha prática é de res-peito às pessoas. Eu cumpro a minha palavra. Não aban-dono as coisas que eu faço e nem os amigos”, afirmou. Ele agradeceu o apoio e a “forte arrancada”. “Fé em Deus. Quem conhece confia. Muito obrigado pelo grande apoio e forte arrancada. Foi uma virada emocionante e vamos com mais força para a vitória. Aqui tem palavra! São Paulo avança!”, disse Márcio França logo após a confirmação do resultado, se referindo ao abandono de Dória do seu mandato como prefeito e também da traição dele ao candidato do seu par-tido ao pleito presidencial, Geraldo Alckimin, a quem preteriu para apoiar o candi-dato do PSL, Jair Bolsonaro.

“BOLSONARO NÃO TERÁ MEU APOIO”

Pela manhã, após ter vo-tado acompanhado da esposa Lucia França, o candidato do PSB afirmou em uma rede social que “Bolsonaro não terá meu apoio nem meu voto. Olhe meu passado. Sou fundador do PSB, meu único partido na vida”.

Dória, ao contrário, nem mesmo esperou o segundo turno para a presidência da República se configurar para declarar seu apoio a Bolsonaro.

“Votarei nele contra o PT, contra a esquerda, contra Fernando Haddad e contra Lula”, disse o tucano há duas semanas. “Não endosso todas as posições dele. Endosso, sim, integralmente, as posi-ções econômicas, sobretudo aquelas fundamentadas no trabalho do Paulo Guedes, que é um profissional de

respeito.” Comemorando o resultado, França aproveitou a oportunidade para criticar a vaidade do seu adversário, que segundo ele trata o go-verno de São Paulo como “um prêmio de consolação”.

“Ele fez as coisas contra-riado, queria ser candidato à Presidência da República. Ele se iludiu com a vitória na Prefeitura. A vitória na Pre-feitura foi uma conjugação de uma série de fatores, mas ele acha que foi porque ele é um gênio e resolveu, dali, disputar a Presidência da República. Como não conse-guiu, ele então foi buscar um prêmio de consolação.”

“Ele acabou não cum-prindo a palavra e repetiu o que ele falava que os po-líticos faziam, que é mentir. Mentiu para mim, para todo mundo. Ele acelerou sem engatar, então o carro ficou só fazendo barulho”, disse depois de conquistar o segundo turno.

“A má notícia, em espe-cial hoje, é para o Dória. Ele não terá mais aquele Rodri-go (Tavares, candidato do PRTB) nos debates. Agora ele vai ter que perguntar direto para mim e ouvir perguntas de mim. Soube até que ele está procurando um marqueteiro. Calma, Dória: vamos ter muito o que discutir sobre o estado de São Paulo”.

No último debate entre os candidatos ao Palácio dos Bandeirantes, o embate entre França e Dória se acirrou. Chamado pelo tucano de “Márcio Taxa”, o candidato do PSB retrucou:

“Eu vou cobrar a taxa, João, é de pessoas como você, que pegou uma rua pública lá em Campos de Jordão e adaptou para a sua propriedade”, afirmou em referência a uma rua que o tucano anexou de maneira irregular em sua proprieda-de na cidade serrana paulis-ta. “Isso sim tem que cobrar taxa. (...) Precisa ter cara de pau para vir aqui fazer isso. Impressionante”.

“Olha, você falou para mim 43 vezes, olhando na mi-nha cara, assim: ‘Márcio, eu prometo a você, eu prometo a você e a todo mundo, pela honra do meu pai, pela honra dos meus filhos, que eu ficarei na Prefeitura durante quatro anos e serei o melhor Prefeito de São Paulo’. Você falou isso. Se você não consegue cum-prir nem com a honra das pessoas que você jura, João, você acha que alguma coisa que você fala eu confio?”, disse França.

SP QUER MUDANÇA

Na visão do ex-prefeito de São Vicente, a síntese do resultado do primeiro turno indicou que o eleitor não quer mais os tucanos que estão há 20 anos governan-do São Paulo.

“O eleitor votou pela mu-dança, por uma novidade. E a última coisa que pode ter mudança em São Paulo é 45”.

JOSÉ AMARO

França superou Skaff e foi ao 2º turno com 4,2 milhões de votos

Acordo com acionistas americanos causa prejuízo de US$ 2,95 bi a Petrobrás

Com 1.072.224 votos (55,49%), Renato Casa-grande (PSB) foi eleito governador do Espírito Santo no primeiro turno. Manato, do PSL, com 525.973 votos (27,22%), ficou em segundo e Ja-ckeline Rocha, do PT, 142.654 votos (7,38%), em terceiro.

Entre os seus proje-tos, Casagrande enfati-zou a obra do Aquaviário como prioritária, com o objetivo de “integrar o Aquaviário ao sistema Transcol nos próximos quatro anos”. Transcol é o sistema metropolitano de transporte coletivo integrado na região me-tropolitana de Vitória.

Casagrande destacou

ainda as seguintes atu-ações de seu governo: agricultura, defesa da mulher, tratamento de lixo, recuperação de ro-dovias, mobilidade ur-bana, previdência social, geração de emprego, saúde e construções de presídios.

Ele prometeu reto-mar o programa “Esta-do Presente”, ligado à segurança pública. Ele defendeu a redução do tempo de espera por uma consulta e mudar a lei de promoção dos militares.

Casagrande afirmou que todas as punições e perseguições ocorridas com os policiais mili-tares grevistas serão

revertidas.A declaração refere-se

aos 23 policiais militares que sofreram punições devido à greve da PM, realizada em fevereiro de 2017. O candidato afirmou que reverterá o que ficou evidente como perseguição política, destacando que a tarefa de um governante é evi-tar injustiça.

Na área da seguran-ça pública, Casagrande pensa em retomar o pro-grama Estado Presente, com a meta de criar uma rede com mais seguran-ça e monitoramento que, em seu governo, tirou os capixabas da lista de estados mais violentos do Brasil.

A diretoria da Petrobrás anunciou no dia 03/10 a conclusão e assinatura de um acordo com representantes de aplicadores americanos em ações da companhia na bolsa de valores de Nova York, reunidos numa tipo de ação coletiva (Class Actions).

Através do acordo a empresa pagará a quantia de US$ 2,95 bilhões, parceladas em três vezes, a serem desembolsadas depois da aprovação do acordo pela Corte de Justiça Federal de Nova York.

A empresa informou ainda que, em ra-zão desse expediente, serão encerradas as investigações do Departamento de Justiça e da Securities Et Exchange Commission (SEC), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de lá. Investigações essas, que estão relacionadas aos controles inter-nos, registros contábeis e demonstrações financeiras da companhia de 2003 a 2012, mas que não expressaram corretamente a situação da empresa.

As comprovações de corrupção feitas pela Lava Jato fizeram o oportunismo de aplicadores americanos buscar reparo a prejuízos na Justiça daquele país, advo-gando pelo capitalismo sem riscos.

Para a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), “causa-nos repulsa constatar que apesar da Petrobrás ser a vítima da corrupção, condição reconhecida pela companhia e pelas instituições com-petentes brasileiras, o Mistério Público e a Justiça, e a atual direção decidam indenizar, bilionária e antecipadamente, os acionistas norte-americanos.”

Os problemas da Petrobrás começaram a partir da abertura de capital na Bolsa de Valores de Nova York, na virada do século, durante o segundo governo de FHC, como parte do movimento para permitir a explo-ração do petróleo brasileiro pelo monopólio das petroleiras mundiais e uma possível privatização da Petrobrás, cujo novo nome PetroBrax, chegou a ser cogitado.

Um país para exercer, soberanamente, suas decisões relativas à segurança ener-gética, não poderia se submeter a jurisdi-ção do governo americano. Nenhuma das grandes petroleiras estatais do mundo tem ações na bolsa americana.

Além disso, ficamos expostos às ações cíveis que acionistas minoritários movem alegando qualquer coisa. As ações judiciais de minoritários nos EUA são um negócio, montada por fundos abutres e meia dúzia de escritórios de advocacia especializados.

O açodamento com que esse anunciado acordo foi realizado é escandaloso para um governo e uma gestão da empresa no “apagar das luzes”. Isso não seria tipo de corrupção? E ainda sob o manto de normas e leis, a tal da “segurança jurídica”.

Uma complexa determinação de res-ponsabilidades entre União, empresa, corruptores, diretores e outros agentes públicos corruptos, cujo processo está longe de uma conclusão, para qual Ivan Monteiro, presidente da estatal, e sua diretoria fez questão de ignorar, dando aos investidores americanos o direito e uma primazia inaceitável em relação aos acionistas minoritários brasileiros e especialmente ao acionista majoritário, o povo brasileiro.

“Quem vota no Bolso-naro não vota no PSDB e nem no João Doria. Em circunstância nenhuma”, afirmou o Major Olímpio, senador do partido de Bolsonaro que acaba de ser eleito por São Paulo. A afirmação foi divulgada através de um vídeo que o novo senador gravou. Adversário político de Doria, Major Olímpio não perdoou a manobra do tucano. “Me causa in-dignação ver o candidato João Doria e sua equipe propondo e divulgando voto bolsodoria”, afirmou Olímpio.

Ele afirma que Doria não dizia nada disso em suas primeiras entrevis-tas. “Agora, como o can-didato dele à Presidência explodiu, acabou, é um

cadáver político, ele quer se livrar do Alckmin pe-dindo para votarem no Bolsonaro e nele. Isso é uma vergonha”, afirma. Doria vai ter que enfren-tar Márcio França no segundo turno.

O tucano, que se des-gastou por abandonar a prefeitura de São Paulo, também traiu o candidato de seu partido, Geraldo Alckmin e, na tentativa de se viabilizar, passou a declarar apoio Bolsonaro. Olímpio, major da Polícia Militar paulista, é um crítico contumaz das ges-tões tucanas no estado. No vídeo, diz que o PSDB “destruiu a segurança pública em São Paulo” e “desviou dinheiro público no metrô, na CPTM, na merenda”.

O escolhido do can-didato à presidência do PSL, Bolsonaro, para o ministério da Fazenda, e economista Paulo Guedes, seria bastante beneficiado caso fosse eleito. Guedes é sócio e membro do comitê executivo da Bozano In-vestimentos, empresa que administra R$ 2,7 bilhões em capitais e tem partici-pação direta ou indireta em empresas que atuam nos setores de educação e energia.

O candidato a ministro de Bolsonaro é o mesmo “economista” que tam-bém propôs uma alíquota única para o Imposto de Renda (IR), elevando o tributo de quem ganha menos e reduzindo de quem ganha mais.

Em relação à empresa Bozano, a empresa de Guedes concentra investi-mentos em oito empresas na área da educação, que atuam principalmente na educação a distância e o ensino universitário, se-gundo reportagem do Uol. Entre esses grupos estão o grupo Ser Educacional, que tem mais 150 mil alu-nos no ensino superior. Há ainda a Q Mágico, Wide e Passei Direto que atuam no ensino à distância.

Guedes também parti-cipa da administração dos grupos educacionais HSM e Anima.

De acordo com o pro-grama de Bolsonaro, a educação a distância é defendida como “im-portante instrumento” e “alternativa” de ensi-no para “para as áreas rurais onde as grandes distâncias dificultam ou impedem aulas presen-ciais”. Políticas nessas áreas beneficiariam dire-

tamente seus acionistas.A Bozano investe tam-

bém em empresas do setor de energia, como a Equatorial, Energiza, que arrematou a Compa-nhia de Energia do Piauí (Cepisa), distribuidora da Eletrobras privatizada pelo governo em leilão realizado em julho. Além da Energiza, o grupo também tem participa-ções na Companhia de Transmissão de Energia Paulista (CTEP).

Renato Casagrande (PSB) se elege no primeiro turno no Espírito Santo

“Manobra bolsodória” é uma vergonha, diz Major Olímpio

Casagrande obteve 55,49% dos votos e derrotou o candidato do PSL, Manato, que ficou em segundo com 27,22%. Entre suas prioridades está a retomada de uma rede integrada para fortalecer a segurança pública

Causa repulsa, afirmou a AEPET

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3POLÍTICA/ECONOMIA10 E 11 DE OUTUBRO DE 2018 HP

67% rejeitaram votar em Jair Bolsonaro (PSL)

Cortes de R$ 41 bilhões atingem as áreas da Educação, Saúde e pensão das viúvas Paulo Câmara derrota a

“Turma do Temer” já no 1º turno em Pernambuco

Bolsonaro e Paulo Guedes no vídeo do seu pronunciamento após a eleição

Reprodução/DivulgaçãoGovernador foi reeleito pelo PSB

Dilma, Lindbergh, Eunício e Jucá perdem nas urnas

Ela ficou em 4º lugar

Haddad diz que quer “unir os democratas”

Cláusula contra renovação política atinge 16 partidos

Reprodução

Ciro Gomes reafirma liderança no Ceará e diz: “estarei ao lado da democracia no segundo turno”

Vídeo sobre fraude na urna eletrônica é falso, mas Bolsonaro insiste na farsa

“Estarei ao lado da de-mocracia no segundo tur-no”, declarou Ciro Gomes, em entrevista no domingo, em sua casa, em Fortaleza.

“Uma coisa eu posso adiantar logo, como vocês já viram: minha história de vida é uma história de vida de defesa da democracia e contra o fascismo”, disse o ex-governador.

Ciro venceu o primeiro turno das eleições presi-denciais no Ceará, votado por 31,5% dos eleitores do Estado ou 41% dos votos válidos (1.998.597 votos).

Seu irmão, o também ex-governador Cid Go-mes, foi o candidato mais votado para o Senado, com 3.228.533 votos (51%

do eleitorado).A outra vaga senato-

rial do Ceará, ficou com Eduardo Girão, do Pros, que derrotou Eunício Oli-veira (MDB), presidente do Senado.

O candidato de Ciro e Cid ao governo – o atual governador Camilo San-tana – ganhou as eleições com os votos de 55% do eleitorado (80% dos votos válidos).

Em sua entrevista, Ciro agradeceu aos seus eleitores:

“Esse é o sentimento com que eu termino, de profunda gratidão. Estou cheio de gratidão pelos milhões de brasileiros que aceitaram minha mensa-

gem. Estou muito agrade-cido. Assim, especialmente agradecido pelo Ceará, que é o estado que me conhece de perto, sabe dos meus de-feitos, das minhas humani-dades e me deu uma vitória absolutamente extraordi-nária. Esse é o sentimento com que eu termino: grati-dão, profunda gratidão ao povo brasileiro.”

Ciro elogiou o desempe-nho de seu irmão e do go-vernador Camilo Santana nas eleições de domingo.

Na eleição presiden-cial, Ciro teve 13.326.92 votos (9% do eleitorado ou 12,48 %).

A eleição cearense foi a reafirmação da liderança de Ciro no Estado.

O governador Paulo Câmara (PSB) venceu a eleição para o governo de Pernambuco no primeiro turno. Ele obteve 1.918.219 votos, o que corresponde 50,70% dos votos, contra 1.361.588 votos de seu adversário Armando Monteiro (PTB), que ficou com 35,99% dos votos. Câmara liderou a “Frente Popular de Pernambuco”, uma coligação que, além do PSB, tinha o SD, PPL, PMN, PSD, PR, PP, PCdoB, PT, MDB, Patriota e PRP.

Em entrevista coletiva em um hotel na Zona Sul do Recife, o governador exaltou os companheiros de chapa e agradeceu ao povo de Pernambuco. “Agradeço ao povo de Pernambuco pela confiança. Agradeço aos prefeitos e vice-prefeitos pela confiança. Tive muita honra de fazer a chapa junto com Jarbas e Humberto”, disse ele.

Reeleito, Câmara reforçou o papel de Jar-bas Vasconcelos. “Jarbas esteve comigo du-rante todos os dias do governo e em nenhum momento deixou de apoiar”, frisou. “Jarbas e Humberto vão ser fundamentais para serem voz ativa em defesa do nosso povo. Quero também agradecer a Raul Henry, que foi um vice leal, correto e que agora vai me ajudar muito em Brasília como deputado federal”, acrescentou o governador.

Paulo Câmara iniciou a campanha eleito-ral em primeiro lugar nas pesquisas de inten-ção de voto e assim seguiu até este domingo (7). Nas eleições 2014, Câmara também foi eleito governador de Pernambuco no primei-ro turno, com 68,08% dos votos válidos. Ele, que foi escolhido pelo ex-governador Eduardo Campos como postulante ao governo, havia se candidatado pela primeira vez a um cargo eletivo da administração pública. O filho de Eduardo Campos, João Campos (PSB), de apenas 24 anos, foi o deputado federal mais votado do Estado com 460.387 votos.

O presidente nacio-nal do MDB, Romero Jucá (RR), e líder de Temer no Senado não conseguiu se reeleger nesta eleição. O polí-tico também foi líder do governo nas gestões de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Jucá foi ministro da Previdência Social no governo Lula, em 2005. Foi ministro do Planejamento, Desen-volvimento e Gestão do governo Temer, em maio de 2016, perma-necendo à frente da pasta durante apenas uma semana e meia.

Após ser flagrado numa gravação entre ele e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em que dizia que era necessário um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato, foi demitido.

Os dois eleitos por Roraima foram Chico Rodrigues (DEM), com 22,76% dos votos váli-dos, e Mecias de Jesus (PRB), com 17,43%. Jucá terminou na ter-ceira colocação com 17,34%. A diferença entre ele e Mecias foi de apenas 426 votos.

O atual presiden-te do Senado, Eunício

Oliveira (MDB-CE), também foi derrotado na disputa para se re-eleger senador. Ele fez questão de colar sua imagem à de Lula e conseguiu até que o PT retirassem a candida-tura de José Pimentel, que já era senador pelo partido, para que os pe-tistas o apoiassem. Em troca apoiou Haddad.

Eunício teve 16,93% dos votos válidos. As duas vagas ficaram com Cid Gomes (PDT), com 41,62% dos vo-tos, e Eduardo Girão (PROS), com 17,09%. Também no MDB, o se-nador Roberto Requião ficou em terceiro lugar no Paraná.

Apesar de aponta-da como favorita em Minas Gerais, Dilma Rousseff (PT) amargou uma quarta colocação, com 15,21% dos votos válidos. Os eleitos fo-ram Rodrigo Pacheco (DEM) e Carlos Viana (PHS), que obtiveram 20,49% e 20,23%, res-pectivamente.

Mas Dilma não foi a única petista a so-frer uma derrota nessa eleição para o Senado. Lindbergh Farias tam-bém ficou em quarto lugar no Rio de Janeiro com 10,17% dos votos. Perdeu para Flávio Bol-sonaro (PSL), com 32% dos votos, Arolde de Oliveira (PSD), com 16,79%, e Cesar Maia (DEM) – que também não se elegeu – com 16,74%.

Em São Paulo, Edu-ardo Suplicy ficou em terceiro lugar, com 13,32% dos votos, atrás de Major Olímpio (PSL) com 25,80% e Mara Gabrilli (PSDB), com 18, 60% dos votos.

Outro nome derro-tado pelas urnas foi o senador Magno Malta, que teve 17,04% dos votos e não foi reeleito no Espírito Santo. Se-nador desde 2003, é um dos principais aliados de Jair Bolsonaro e che-gou a ser cotado como “vice dos sonhos” pelo candidato a presidente, mas não aceitou para tentar a reeleição.

Foram eleitos os candidatos Fabiano Contarato (Rede), com 31,14% dos votos vá-lidos, e Marcos do Val (PPS), com 24,06% dos votos válidos.

Reprodução

“Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constitui-ção, trancar as portas do Par-lamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio, o cemitério.” (Muito bem! Palmas.)

“A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram.” (Muito bem! Pal-mas prolongadas.)

(ULYSSES GUIMARÃES)

No primeiro turno das eleições para presi-dente da República, no último domingo,

Jair Bolsonaro, do PSL, teve 33% dos votos do eleitorado (49.226.376).

No segundo turno, seu ad-versário será Fernando Ha-ddad, do PT, que teve 21% dos votos no primeiro turno (31.190.620).

Os outros candidatos tive-ram 26.398.379 votos (18% do eleitorado).

A abstenção foi de 20,32% (29.862.169 eleitores).

Os vo tos nu los f o ram 7.188.946 (4,89%) e os votos em branco, 3.102.962 (2,11%).

No eleitorado total do Brasil (147.306.295 eleitores), 67% não votaram em Bolsonaro – e é evidente que não votaram porque são contra o que Bol-sonaro propõe ou representa.

Muitos – 27% dos eleitores, mais de 40 milhões de votos, se somarmos as abstenções, os votos nulos e os votos em branco – não encontraram uma alternativa que os entu-siasmasse a sufragar um nome para presidente.

Nesses, o mais significativo foi, precisamente, que pre-feriram não votar em algum candidato do que votar em Bolsonaro.

Devido a uma deformação da lei eleitoral, são conside-rados, para efeito de eleição, apenas os votos válidos – isto é, os votos dados a algum can-didato ou a alguma legenda.

Daí, as percentagens infla-das – ou inflacionadas – que aparecem em algumas divulga-ções de resultados, repetindo o relatório do Tribunal Superior Eleitoral.

No entanto, é evidente que as abstenções, votos nulos e em branco são opções do elei-tor. Por que elas seriam menos “válidas” do que outras?

No segundo turno, é ver-dade que o programa – o programa real – dos dois candidatos é, no fundamen-tal , assemelhado: “ajuste fiscal”, ataque aos direitos previdenciários dos traba-lhadores, nenhuma inten-ção de aumentar substan-cialmente o valor real dos sa lár ios (a começar pe lo salário mínimo), nenhuma firmeza – pelo contrário – na defesa do interesse nacional (resumidamente: defesa de um Estado Nacional , das riquezas nacionais, de uma indústria nacional e de uma cultura nacional).

Não será a iniciativa nem de um nem de outro que poderá tirar o país da crise em que se encontra.

No entanto, há uma diferen-ça – e uma diferença importan-

te, no caso das atuais eleições, até mesmo decisiva: Bolsonaro não tem nenhum pejo (exceto por ocasional demagogia elei-toral) em pregar que o regime ideal para o Brasil é uma dita-dura militar.

Para que ele quer essa di-tadura?

Também não é um segredo que o objetivo dessa ditadura seria manter e aumentar o mais brutal arrocho salarial, retirar direitos do povo e sub-meter o Brasil, mais ainda do que hoje, ao jugo dos cartéis e monopólios financeiros es-trangeiros, sobretudo norte--americanos.

Nosso país, entretanto, evi-dentemente contra a vontade do povo, já passou por essa experiência – que durou 21 anos, levando nossa economia à mais grave crise até então, ao terrorismo de governo, à quase completa falta de instituições democráticas, com um esque-ma de abafamento dos escân-dalos de corrupção, que acabou por tratar como “subversivos” aqueles que denunciavam essa corrupção.

Fernando Haddad, apesar de seu programa – mais uma vez, frisamos: seu programa real – não tirar o país da crise, não prega uma ditadura, nem pretende que o país volte no tempo mais de 30 anos.

Sob esse aspecto político, a candidatura de Haddad significa continuar no quadro institucional atual. Ainda que ideias de uma fantasmagórica nova Constituinte tenham sido formuladas, o que as caracteri-za é, precisamente, a fantasia, ainda que seja uma fantasia de má qualidade.

O mesmo não se pode dizer de Bolsonaro. Em apenas 45 dias de campanha, consegui-ram sair do esgoto de sua campanha desde a intenção de acabar com o 13º salário e com o adicional de férias, até o achaque aos mais pobres, via impostos, para aliviar ainda mais os ricos, e a privatização de todas as estatais, inclusive a Petrobrás.

Além disso, é evidente que os avanços de um país não são apenas função do governo, mas da luta do povo, que pode ter reflexo mais, ou menos, acen-tuado no governo, na política estatal e nas leis.

Desse ponto de vista, é, evidentemente, mais favorável travar essa luta sob um regime democrático (ainda que seja um regime democrático com imperfeições e restrições que a própria luta do povo terá que enfrentar) do que sob uma ditadura.

Sobretudo quando o modelo de Bolsonaro & cia., declarada-mente, é o governo Médici – e não há inibição quanto a con-siderar a tortura e assassinato de gente indefesa, já presa, como atos de heroísmo.

Entretanto, a maioria do eleitorado não votou em Bol-sonaro.

Pelo contrário, ele foi rejei-tado por 67% dos eleitores.

São esses, agora, que é pre-ciso unir contra Bolsonaro e sua ditadura.

C.L.

“Vou me somar aos que lutam contra o retrocesso político”, afirma João Goulart

João Goulart Filho, candidato a presiden-te do Partido Pátria Livre (PPL), afirmou, no domingo (7), após comparecer à sua seção de votação, em Brasília, que “enquanto hou-ver desigualdade social, enquanto o Brasil for saqueado por bancos e cartéis estrangeiros”, o povo poderá contar com ele. “Nós estaremos jun-tos nessa luta”, disse.

Ele criticou a falta de democracia dessas elei-ções, mas lembrou que Getúlio e seus compa-nheiros, entre eles Bri-zola e seu pai, também enfrentaram eleições desiguais e antidemo-cráticas. “Mas, o pro-grama deles, mais cedo

ou mais tarde, tornou-se a redenção do Brasil”. “O nosso programa atual contra o domínio do sistema financeiro, pelo fortalecimento do salário mínimo e em defesa de nossas riquezas e empresas estratégicas, todos nós sabemos, é o caminho que tornará o Brasil a grande nação que sonhamos”, destacou.

João Goulart reafir-mou que segue na luta contra o retrocesso po-lítico e que se somará a todos os brasileiros que gostam do Brasil e aos 67% dos eleitores que não apoiaram Bolso-naro nas eleições, para impedir que a nossa democracia e a nossa

soberania sejam ata-cadas. O resultado do pleito mostrou que, do total de 140 milhões de eleitores, Bolsonaro obteve apenas 33% dos votos.

“Como eu disse dian-te do túmulo de meu pai, ao visitá-lo na quin-ta-feira, em São Borja: o fim de uma jornada é apenas o começo de ou-tra”, completou o presi-denciável. Ele informou que o PPL decidirá nes-ta terça-feira (9) qual a posição oficial vai ado-tar no segundo turno das eleições. Em vídeo, ele agradeceu o apoio e o carinho recebidos durante a campanha e deu um “até breve”.

SÉRGIO CRUZ

O arremedo de reforma po-lítica, parido pela velha oligar-quia partidária preocupada em manter o foro privilegiado de seus parlamentares, atingiu, segundo as primeiras estima-tivas, dezesseis partidos. Eles montaram um fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão para dividir entre si, reduziram o tempo de campanha e impuseram uma cláusula de barreira draconiana para impedir a renovação par-tidária. Os partidos atingidos foram a REDE, NOVO, PTC, PMN, PRP, PV, Avante, PSTU, PCB, PRTB, DC, PCO, PPL, Patriota, Pros e PMB.

Os dados oficiais serão di-vulgados nos próximos dias, mas alguns partidos que teriam sido prejudicados contestaram a avaliação inicial. São eles PROS, AVANTE e o PV. Apro-

vada em outubro do ano passa-do, a cláusula de barreira che-gará, segundo a intenção das velhas agremiações, à exigência de 2% de votos e 11 deputados eleitos em 2022 e de 2,5% e 13 eleitos em 2026, até alcançar o índice permanente de 3% e 15 eleitos em 2030.

O plano dos partidos opor-tunistas previu também o fim das coligações partidárias nas eleições para deputados e vereadores a partir de 2020. Querem impedir as alianças entre partidos políticos. Até a eleição deste domingo, os par-tidos ainda puderam se unir, fazendo com que as votações das legendas coligadas fossem somadas e consideradas como um grupo único no momento de calcular a distribuição de cadeiras no Legislativo.

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Ge-rais (TRE-MG) investi-gou um vídeo divulgado domingo (7) no twitter de Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo PSL no Rio de Janeiro, veri-ficando que se trata, na verdade, de uma mon-tagem.

No vídeo, um eleitor filmou uma urna supos-tamente com problemas. Quando digita o núme-ro 1, a tela mostra a imagem do candidato à presidência pelo PT, Fer-nando Haddad, número 13. Flávio Bolsonaro declarou, ao chegar no seu local de votação, que estava preocupado.

“Uma enxurrada de gente está reclamando de problema na votação. Não consegue chegar até o presidente, con-clui a votação antes de chegar ao último que é

o presidente. Marquei o TSE porque quero saber se é verdade. Não botei mais porque não quis fazer alarde”, disse o candidato.

Um perito do TRE--MG demonstrou, uti-lizando um programa de edição de imagens, como a montagem foi feita. “Há dois barulhos de cliques [do teclado]. Nesse momento, quando a pessoa está digitando, a imagem não mostra o teclado por completo, sugerindo que uma se-gunda pessoa tenha feito esse segundo clique”, explicou.

Além disso, a imagem com o candidato do PT, Fernando Haddad, foi “plantada” sobre a tela. Há um brilho sobre a tela que não é característico da urna eletrônica, afir-mou o especialista em edição de imagens.

Apesar da fraude já ter sido desmascarada, o candidato a presidente do PSL, Jair Bolsonaro, insistiu na retórica que vem repetindo sobre frau-de nas eleições. Ao fazer um pronunciamento na internet, após a definição do segundo turno da elei-ção, ele disse suspeitar que só não foi eleito no domingo devido a fraudes nas urnas eletrônicas.

“Se tivéssemos con-fiança no voto eletrônico, já teríamos o nome do futuro presidente da República decidido no dia de hoje”, afirmou. Bolsonaro afirmou que iria “exigir soluções” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as “inúmeras reclama-ções” que ouviu sobre funcionamento de urnas. “Lamentavelmente, o sistema derrotou o voto impresso”, disse.

Após a confirmação do segundo turno, o candi-dato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, fez um pronun-ciamento no Hotel Pes-tana, em São Paulo, onde acompanhou a apuração dos votos ao lado de alia-dos. Em sua fala, afirmou que deseja “unir os demo-cratas do Brasil”.

“Nós queremos unir os democratas do Brasil, nós queremos unir as pessoas que têm atenção aos mais pobres desse país tão desigual. Que-remos um projeto amplo para o Brasil, profunda-

mente democrático, mas também que busque de forma incansável justiça social”, declarou.

O petista informou que já havia conversado com três candidatos que fica-ram de fora do segundo turno: Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Gui-lherme Boulos (PSOL).

Haddad agradeceu os votos recebidos, se disse honrado por poder dis-putar a próxima etapa da eleição, “desafiado” pelos números do primeiro turno e afirmou que há “muita coisa em jogo” no pleito deste ano.

“Achamos que há muita coisa em jogo no Brasil em 2018, é uma eleição inco-mum [...] muito diferente de todas as que participa-mos. [...] Essa [eleição] de 2018 coloca muita coisa em jogo, muita coisa em risco, o próprio pacto da Constituinte de 88 está hoje em jogo em função das ame-aças que sofre quase que diariamente”, completou.

Na entrevista que deu ao Jornal Nacional da Globo, Haddad recuou da proposta de convocar uma nova constituinte, mas disse que vai emendar a Constituição de 88.

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4 POLÍTICA/ECONOMIA HP 10 E 11 DE OUTUBRO DE 2018

O advogado Ibaneis (PMDB) venceu o primeiro turno das eleições do Distrito

Federal com 634.008 votos contra 210.510 de seu ad-versário, o atual governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Ibaneis obteve 41,97% dos votos enquanto o governador ficou com 13,9% dos votos válidos. O candidato, que se distanciou da direção nacional do MDB, encabeça a coligação com Avante, PP, PSL e PPL. O vice da chapa é o empresário Paco Britto, presidente regio-nal do Avante.

No primeiro discurso após o resultado, Ibaneis disse que “vai trabalhar como nunca” nos próximos 20 dias, durante a campanha de segundo turno. “Essa vitória de chegar ao se-gundo turno, saindo de 0,7%, é de cada um de vocês que mostrou que o Distrito Federal está querendo mudança. Essa história de sair às ruas e achar que são os donos dos votos das pessoas acabou. Aqui não tem mais voto de Arruda, de A, de B e de C”, declarou.

Em recente entrevista con-cedida ao HP, Ibaneis reforçou sua crítica à reforma traba-lhista. Para ele, “é preciso olhar os dois lados [do traba-lhador e do empresário] para perceber que muitos pontos dela não são bons para ne-nhum deles. Ela não diminuiu o desemprego”.

Segundo o candidato, “essa reforma trabalhista, que foi fei-

ta para tirar direitos trabalhis-tas históricos nesse país, veio para penalizar o trabalhador e já está vigorando aí há quase um ano e não aumentou o nível de emprego, aumentou o nível de desemprego e de desrespei-to com o cidadão”.

Ele também se posicionou contra o congelamento dos salários dos servidores. O emedebista tem se preocupa-do bastante com a qualidade dos serviços públicos que têm sido oferecidos no Distrito Federal. “O nosso projeto está assentado nas políticas pú-blicas e na valorização do ser humano. Isso não aconteceu no atual governo [de Rodrigo Rollemberg, como não ocorreu nos últimos governos”.

Em terceiro lugar ficou o deputado Rogério Rosso (PSD), com 11,24%, seguido do General Paulo Chagas (PRP), com 7,35%, depois veio Eliane Pedrosa (PROS), que chegou a liderar nas pesquisas, mas foi atropelada no final por Ibaneis. O bolso-narista Alberto Fraga (Dem) amargou o quinto lugar com 5,8% dos votos. Fátima Souza do PSOL, Alexandre Guerra (Novo) e Júlio Miragaya (PT) ficaram abaixo dos 4%. Para o senado, foram eleitas Leila do Vôlei, do PSB e o deputado Izalci, do PSDB. A surpresa foi a não eleição do senador Cristovam Buarque (PPS), que ficou em terceiro lugar na disputa.

SÉRGIO CRUZ

Internautas passaram a atacar nordes-tinos e a região Nordeste nas redes sociais após a definição de um segundo turno entre os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) nas eleições de 2018, neste domingo (7).

Foi no Nordeste que Fernando Haddad (PT) teve expressiva vitória sobre Jair Bolsonaro (PSL), o que garantiu o segundo turno, entre os dois. Ciro Gomes foi o mais bem votado no Ceará e o estado ficou em 3º lugar ontem entre os assuntos comentados na internet, também sob o mesmo tipo de ofensa.

“Haddad no segundo turno, vocês tão de sacanagem. Alguém tira o nordeste aí, por favor”, declarou um dos internautas.

“Se o nordestino tivesse a cabeça redonda pensaria melhor”, dizia outra mensagem publicada no Twitter.

Um outro usuário disse que o “povo nor-destino votou em Haddad só por causa do Bolsa Família”. “Ninguém quer trabalhar”, concluiu. “Nordestino vota no PT, mas depois vem pro Sul procurar emprego”, escreveu outro opositor do partido.

“Pelo amor de Deus, vamos separar o nordes-te do resto do Brasil”, postou mais um usuário.

“Nordestino não é gente. Essa eleição foi só mais uma prova disso”, escreveu outro eleitor de Bolsonaro.

Bolsonaro foi o mais bem votado nas outras regiões do país. A grande maioria dos seus votos, 68%, teve origem no Sul e Sudeste.

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do Sudeste e do país, Bolsonaro obteve 53% dos votos. Junto com ele, os paulistas elegeram general, palhaço, príncipe e astro de filme pornô e ainda se sentem intelectualmente superiores aos nordestinos, sendo capazes de questionar o voto daquele povo.

São Paulo elegeu deputado federal o ator Alexandre Frota (PSL), de filmes pornográ-ficos. Ele surfou na onda de Jair Bolsonaro, também de seu partido, e obteve 152 mil votos. Conhecido por se envolver em polêmi-cas, em 2015, foi acusado de fazer apologia ao estupro. Num programa de TV, o “Agora é Tarde”, relatou ter feito sexo com uma mulher desacordada. Depois de fazer cenas com a ex--chacrete Rita Cadilac, afirmou ter sido como “transar com a avó”.

Num vídeo, em tom descontraído, Bol-sonaro chegou a sugerir Frota para mi-nistro da Cultura em seu eventual go-verno. Com a repercussão da declara-ção, ele explicou que isso não acontecerá até porque pretende extinguir a pasta. Mas o problema é o nordeste...

Bolsonaristas expõem ódio aos nordestinos

Ibaneis confirma favoritismo e vence primeiro turno no DF

Segundo turno será realizado em mais treze estados além do Distrito Federal

Candidato que se distanciou da direção nacional do MDB saiu de 0,7% das intenções de voto para chegar a 41,97% dos votos válidos no Distrito Federal

Com o encerramento do pri-meiro turno das eleições no país, treze estados já definiram os seus governadores para os próximos quatro anos. Em outros treze estados e no Distrito Federal, a disputa será resolvida no segun-do turno, dia 28 de outubro.

Esta eleição teve o PT e o PMDB como os grandes derro-tados nos pleitos estaduais. Ao mesmo tempo, partidos como PSL, NOVO e PSC conseguiram emplacar no segundo turno seus candidatos em Estados como Mi-nas, Rio e Santa Catarina.

Em Minas Gerais, no Distrito Federal e no Rio de Janeiro ha-verá segundo turno com can-didatos em primeiro lugar que não apareciam entre os favoritos. No Distrito Federal, Ibaneis, do MDB, que não aparecia nas pesquisas de intenção de votos, foi para a primeira posição, mas o atual governador, Rodrigo Rol-lemberg (PSB), que aparecia em terceiro, conseguiu passar para o segundo turno (ver matéria acima).

Em Minas, o candidato do Novo, Romeu Zema, conquistou o primeiro lugar, desbancando o governador de Minas, o petista Fernando Pimentel, que não conseguiu chegar ao segundo turno, e retirando do tucano Antonio Anastasia o favoritismo. No Rio de Janeiro, o candidato do PSC Wilson Witzel bateu o ex-prefeito Eduardo Paes (MDB) e retirou do segundo turno o senador e ex-jogador de fute-bol Romário (Podemos).

No Pará, até a véspera da elei-ção as pesquisas de intenção de voto indicavam vitória de Helder Barbalho (MDB) em primeiro turno, com 54% dos votos váli-dos. O emedebista, no entanto, fechou em 47,8% e ainda vai en-frentar Marcio Miranda (DEM).

A disputa está acirrada em Santa Catarina: Gelson Merísio (PSD) conseguiu 31,12% dos vo-tos válidos e Comandante Moisés

A política do ódio e intolerância já está mostrando suas consequências pelo país. Em Salvador, uma discussão política terminou de forma trágica. O compositor, mestre de capoeira e militante da cultura negra, Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, conhecido como Moa do CKatendê, foi assassinado após uma discussão política na madrugada desta segunda-feira (8), na re-gião do Dique de Tororó, na capital baiana.

Irmão de Moa, Germinio do Amor Di-vino Pereira, 51, também foi atingido com um golpe de faca no braço direito durante a confusão e foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde permanece internado e sedado. Na ocorrência do posto policial do HGE, testemunhas identifica-ram o autor das facadas como Paulo Sergio Ferreira.

Segundo o irmão das vítimas, Reginal-do Rosário, 68, Moa estava bebendo com ele e Germinio, no Bar do João, quando o autor da facada começou a defender ideias do candidato do PSL e ouviu críticas do capoeirista.

Após a discussão que aconteceu em um bar, o capoeirista foi esfaqueado, recebendo 12 golpes, vindo a falecer na hora.

“Moa ponderou que era negro e que o cara ainda era muito jovem e não sabia nada da história. Moa disse ainda que ele tinha consciência do quanto o negro lutou para chegar onde chegou e o quanto Bol-sonaro poderia tirar essas conquistas se chegasse ao poder”, disse Reginaldo.

Ainda de acordo com o irmão das víti-mas, após a discussão acalorada um dos irmãos pediu que Moa ficasse calmo, no en-tanto, após a situação ter sido contornada, o autor da facada teria ido em casa, retornou com uma peixeira e atacou a vítima nas costas. “Foi tudo muito rápido”, disse.

ASSASSINO PRESOA 26ª Companhia Independente de

Polícia Militar (CIPM) prendeu em o autor do homicídio.

Em nota, a PM informou que foi aciona-da pelo Centro Integrado de Comunicações (Cicom), com informações de que dois ho-mens tinham sido atingidos por golpes de faca e deslocou uma equipe para o local. Lá, os policiais receberam a denúncia de que o autor do crime teria fugido para um beco próximo e iniciaram as buscas.

“Os policiais avistaram um rastro de sangue que levava até uma casa e prende-ram em flagrante o homicida escondido no banheiro. Ele já estava com uma mochila com roupas no intuito de fugir”, informou a nota da PM.

A morte do Mestre Moa do Katendê foi lamentada por diversos ativistas culturais. Em nota, a Casa Mestre Ananias – refe-rência na cultura popular em São Paulo, expressou “todo o sentimento aos amigos mais próximos e familiares, bem como se esforçará para transformar a indignação em um movimento de restauração da PAZ”.

Mestre capoeirista é morto a facadas por ser contrário a Bolsonaro

“De 0,7% até este resultado é uma mostra que o Distrito Federal está querendo mudança”

“Vou continuar lutando e defendendo a democracia”, disse o senador

Senador pelo Amapá desde 2011, Randolfe Ro-drigues (Rede) foi reeleito com mais de 260 mil votos, representando 37,96% dos votos válidos do estado. De acordo com ele “agora a responsabilidade triplica”.

Quando eleito pela pri-meira vez, Randolfe foi a liderança mais bem votada da história do estado, com cerca de 200 mil votos. Durante seu mandato, manteve postura exem-plar contra a retirada de direitos dos trabalhadores brasileiros: votou contra a reforma Trabalhista e contra a Lei da Terceiri-zação e tem lutado pela revogação de ambas.

No domingo, logo após a apuração, Rodrigues fez uma transmissão ao vivo agradecendo aos votos. “Eu não tenho palavras para agradecer os ama-paenses que do Oiapoque ao Laranjal do Jarí me receberam em suas casas”. “Eu tenho a responsabili-dade, agora, de lutar ainda mais contra as injustiças, contra o principal pro-blema que existe no meu estado e no Brasil, que é a desigualdade. Cada vez

Randolfe Rodrigues é reeleito ao Senadomais construirei um man-dato a serviço dos traba-lhadores, dos oprimidos”, continuou.

O senador discursou também sobre o segundo turno presidencial que ocorrerá. Para ele, a de-mocracia é um valor uni-versal e que não pode ser ameaçado. “Vou continu-ar lutando e defendendo a democracia. Este direito, de votar, de ter liberdades individuais, de expressão, é um direito que foi con-quistado a duras penas por nós brasileiros. Existiu um tempo em que este direito não existia. A democracia é sempre o melhor dos re-gimes políticos e por isso, em especial neste segun-do turno, eu estarei nas trincheiras defendendo a democracia”.

Para Randolfe, sua ree-leição é o reconhecimento de seu trabalho, visto que a renovação do senado foi altíssima. “Acho que no processo legislativo não tem mudança, tem mudan-ça na configuração política. O povo brasileiro ontem deu um recado claro, a atual legislatura da Câma-ra e do Senado pagou um

preço caro por ter traído a confiança do povo em muitos momentos, por ter tentado inibir a atuação da Operação Lava-Jato, por tentarem aprovar projetos que protegem políticos e acobertam a corrupção, por terem votado uma série de coisas contra os traba-lhadores, como a reforma Trabalhista”, disse em entrevista à TV Senado.

“A minha atuação po-lítica será pautada pelo combate à corrupção, pela luta contra a desigualdade e pela defesa da democra-cia”, concluiu.

A coligação que lançou Randolfe ao Senado elegeu três deputados federais e obteve 25% dos votos válidos para o candidato a governador Davi, mas estes não foram suficientes para que fosse ao segundo tur-no. A candidata mais bem votada do Partido Pátria Livre, que compôs a coliga-ção, foi Anne Marques, que obteve 2.131 votos.

A segunda vaga do se-nado por Amapá foi preen-chida por Lucas Barreto, do PTB, que obteve 128 mil votos, cerca de 18% dos votos válidos.

Rep

rod

ução

(PSL) chegou a 29,72%. Cenário similar ocorre no Amazonas, com Wilson Lima (PSC), que tem 33,9% dos votos válidos, e Amazonino Mendes (PDT), atual governador, com 32,6%.

Em São Paulo, João Doria (PSDB) e Marcio França (PSB) disputarão o segundo turno com 31,77% e 21,48% dos votos, respectivamente. Paulo Skaf do PMDB, ficou de fora do segundo turno com 21,13% dos votos. (ver matéria na página 2)

No Rio Grande do Sul, a disputa de segundo turno para o governo estadual será entre o atual governador José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Lei-te (PSDB). O tucano lidera no primeiro turno com 35,9% e o emedebista aparece com 31,11%.

Wa l d e z ( P D T ) e C a p i (PSB) vão disputar o segundo turno das eleições no Amapá. Waldez obteve 33,55% dos votos e Capi, 30,1%.

Em Sergipe, Belivaldo (PSD) e Valadares Filhos (PSB) dispu-tarão o segundo turno com, res-pectivamente, 40,83% e 21,49% dos votos válidos.

No Rio Grande do Norte, Fá-tima Bezerra (PT), com 46,17% dos votos, disputará o segun-do turno com Carlos Eduardo (PDT), com 32,45%. Ela é a única mulher a disputar segundo turno no país.

Em Roraima, Antônio Dena-rium (PSL) teve 42,26% votos e irá para o segundo turno com Anchieta (PSDB), que obteve 38,74%.

No Mato Grosso do Sul os candidatos Reinaldo Azambuja (PSDB) e Odilon de Oliveira (PDT) vão disputar o segundo turno. O candidato do PSDB teve 44,61%% dos votos, enquanto o candidato do PDT teve 31,67%.

Em Rondônia os candidatos Expedito Junior (PSDB), com 31,59% dos votos, e Coronel Marcos Rocha (PSL), 23,99% vão disputar o segundo turno.

Critica à corrupção é determinante, afirmou Márcio Pacheco, reeleito deputado no Paraná

“Eu não sou um can-didato fruto do fenômeno Bolsonaro, eu sou um can-didato fruto do trabalho, da nossa atuação na As-sembléia”, afirmou Marcio Pacheco (PPL) reeleito de-putado estadual no Paraná com 39.323 votos.

Entre os deputados es-taduais que já estavam no cargo, Marcio Pacheco foi o único a melhorar o desem-penho nas urnas em Cas-cavel. Em 2014, ele havia feito 18.973 votos. Este ano a votação na cidade saltou para 24.044, 26% a mais.

Em entrevista à Rádio CBN de Cascavel, o de-putado criticou a reforma política. Para ele a divisão do fundo eleitoral é anti-democrática e atende aos interesses daqueles que saquearam o país. “O fun-do eleitoral foi um fundo criminoso criado contra a população para beneficiar pouquíssimos políticos des-providos de valores para lutar contra os interesses do povo”, destacou.

Marcio Pacheco ressal-tou que sua postura contra aqueles que se envolveram nos esquemas de propina e lavagem de dinheiro o colocou ao lado do povo e foi determinante na sua reelei-ção. “O resultado nas urnas mostra que estávamos cor-retos quando reprovamos a postura de apoiar alguém, de passar a mão na cabeça

de qualquer um envolvido em escândalos de corrupção, que se apresentaram no Paraná nos últimos tempos. Como esse escândalo do conluio envolvendo as empresas con-cessionárias de pedágio no Paraná, esse crime que se praticou no Paraná”.

As pesquisas não aponta-vam o grande crescimento de Pacheco nas urnas. “A gente precisa repensar as pesquisas no Brasil, pelo amor de Deus, elas são uma farsa. Quem era o senador eleito pelas pes-quisas no Paraná? Em todas as pesquisas era o Requião, em primeiro e Beto Richa em segundo. O que aconteceu? Requião em sexto. Mas, não é de agora, na minha eleição para vereador eu nem aparecia nas pesquisas e fui eleito. Em

2014, pra deputado estadual foi a mesma coisa, pesquisa nunca nem citou meu nome. Agora de novo... diziam que eu não ia fazer legenda, não seria reeleito. Pois bem, fize-mos legenda com sobra e fui reeleito”, apontou.

Pacheco ainda criticou o voto útil produzido pelas pesquisas. “A questão do tal do voto útil, que faz a diferença, muitas vezes a pesquisa não acerta o núme-ro, ela conduz a população para aquele número, coloca o candidato em primei-ro lugar, com fama de ‘já ganhou’ e ai infelizmente muitos pensam ‘ah vou vo-tar porque ele vai ganhar’. Então não é que a pesquisa acertou, ela conduziu pela manipulação”, disse.

Márcio Pacheco (PPL) durante entrevista em Cascavel

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5GERAL10 E 11 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Em eventos comemorativos aos 30 anos da Constituição, entidades da magistratura, do

Ministério Público e de trabalhadores destacam a retirada dos direitos trabalhistas como uma afronta ao seu caráter humanístico e social

Continuação da edição anterior

Ato foi organizado por diversas entidades

Coca-Cola integra “lista suja” do MPT por manter rotina exaustiva de trabalho

Compra da Fibria pela Suzano pode ser anulada pela Justiça - Parte 2

Constituição é exaltada como marco da democracia e garantia de direitos

Petroleiros homenageiam 65 anos da Petrobrás e denunciam desmonte, corrupção e entrega do pré-sal

Sindicatos repudiam ataque da chapa Bolsonaro/Mourão ao 13º salário

“A crise econômica não pode ser justificativa para negar direitos sociais e trabalhistas previstos na Constituição Federal”

Em 2011, quando veio à tona que o gover-no daria ajuda financeira à fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour, através do BNDES, a então ministra da Casa Civil Gleisi Hof-fmann disse que não se tratava de dinheiro público. Para apoiar sua tese, a ministra saiu com uma explicação absurda: “Essa é uma operação enquadrada pelo BNDES. Não é uma operação de crédito do BNDES. Portanto, ela não tem recurso público envol-vido, nem FGTS, nem Tesouro. É uma ação de mercado realizada pelo BNDESPar e não tem nada a ver com decisão de governo”.

A afirmação, equivocada, foi duramente criticada por diversos setores da sociedade, principalmente especialistas da área econô-mica. Isso porque o dinheiro para a fusão entre as duas empresas viria da BNDESPar, que é uma empresa pertencente ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é um banco pertencen-te ao Tesouro Nacional. O BNDES é público e opera única e exclusivamente com dinhei-ro público, inclusive com verbas do FGTS e do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT.

Portanto, a BNDESPar tem como princi-pal fonte de captação o próprio banco que a controla. Este, por sua vez, para se manter capitalizado, tem recorrido seguidamente ao Tesouro Nacional, que tem como fonte única de recursos os impostos pagos pelos cidadãos e as dívidas que assume. Mais dinheiro público que isso impossível.

Para financiar investimentos de longo pra-zo na economia brasileira, o BNDES dispõe de diversas fontes de recursos, detalhadas na página do banco na internet: “Fontes governamentais, como os fundos FAT e PIS-PASEP e o Tesouro Nacional, representam parcela significativa da estrutura de capital do BNDES, respondendo por 80% dos recursos totais ao fim do exercício de 2017.

“Recursos de outros fundos governamen-tais – como o Fundo da Marinha Mercante (FMM), o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do seu fundo de investimento (FI- FGTS); captações no exterior – via orga-nismos multilaterais ou emissão de títulos (bonds); emissão pública de debêntures da BN-DESPAR e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) complementam a estrutura de capital.”

A então ministra foi desmentida pelo pró-prio diretor da BNDESPar na época, Julio Rai-mundo, que afirmou: “Os recursos são públicos até o último fio do cabelo. Toda movimentação de recursos do BNDES é do Tesouro”.

“O dinheiro sempre é público. Um certo mito está sendo criado de que os aportes do Tesouro estão sendo direcionados para esses investimentos. Isso não é verdade. A própria atividade da BNDESPar vai gerando recursos. O que não significa dizer, e não é isso que estamos dizendo, que os recursos da BNDESPar não são públicos. Eles são públi-cos até o último fio do cabelo. Toda movimen-tação de recursos do BNDES é, em última instância, de recursos do Tesouro. O que dizemos é que não é dinheiro subsidiado.”

No entanto, o que vinha acontecendo no governo petista desmente essa afirmação de Julio Raimundo de que o dinheiro não era subsidiado. O BNDES tira seu dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), um fundo público e, como vinha acontecendo nos últimos anos, de endividamento público. O Tesouro lança títulos, fica endividado. O BNDES, então, empresta esse dinheiro a juros menores que os pagos pelo Tesouro. Parte do custo, portanto, é subsídio.

APORTES DO GOVERNO FEDERAL

De 2008 a 2014, o governo do PT colocou mais de R$ 700 bilhões nos cofres do BNDES, retirando dinheiro do FAT, do PIS/PSP e do Tesouro Nacional. Do FAT, PIS/PASEP e FGTS saíram cerca de R$ 243 bilhões para o BNDES. Do Tesouro Nacional, foram repassados R$ 473 bilhões ao banco. Toda essa montanha de di-nheiro não foi utilizada para cumprir o objetivo maior do BNDES, que é o desenvolvimento da economia nacional.

A situação ainda se mostra mais distorcida quando se verifica que esses empréstimos do BNDES foram realizados com juros subsidia-dos pelos contribuintes brasileiros. Durante o governo petista, o BNDES optou por emprestar dinheiro a juros baixos para grandes conglo-merados, alguns em dificuldades financeiras, e para governos duvidosos, em detrimento da opção de financiar a inovação empresarial e a inovação tecnológica, que são fundamentais para o desenvolvimento da economia nacional.

Concedidos desde 2009, esses empréstimos do Tesouro servem como fonte de recursos para a concessão de crédito pelo banco às empresas com taxas mais baratas. Os aportes, no entanto, aumentam o custo da dívida pública e são mo-tivo de duras críticas de economistas e políticos da oposição, além de preocupação crescente das agências internacionais de classificação de risco.

Os empréstimos são corrigidos pela Taxa de Juros de Longo prazo (TJLP), bem mais baixa que a taxa Selic, que serve de base para o finan-ciamento do Tesouro junto ao mercado. Essa diferença entre as taxas é bancada pelo Tesouro na forma de subsídios. Em 2015, por exemplo, foi de R$ 30 bilhões o custo com os subsídios dos empréstimos já concedidos desde 2009.

Os repasses de dinheiro do Tesouro ao BN-DES, feitos por meio de títulos públicos, têm ajudado indiretamente a reforçar o lucro do banco e, consequentemente, os dividendos. O banco ga-nha com a rentabilidade dos títulos no período de manutenção dos papéis em carteira. Os papéis do governo rendem ao banco mais do que as opera-ções de crédito, por causa do diferencial de taxas.

A dívida do BNDES com o Tesouro somava, em 2014, R$ 451,1 bilhões, o equivalente a 8,9% do PIB. Os empréstimos não têm impacto na dívida líquida do setor público, mas são respon-sáveis pelo aumento da dívida bruta do governo.

Continua na próxima edição

O MPT (Ministério Pú-blico do Trabalho) divul-gou uma “lista suja” do trabalho análogo à escravi-dão de grandes empresas e marcas, entre elas a fabri-cante de Coca-Cola, a Spal Indústria Brasileira de Bebidas, que integra o gru-po Femsa, e mantinha seus funcionários sobre regime de trabalho exaustivo.

O grupo femsa, fundado no México e presente em 11 países, é considerado o maior engarrafador de Coca-Cola do mundo. No Brasil, são 10 unidades para engarrafamento e 43 centros de distribuição.

Os caminhoneiros e aju-dantes de entrega da Coca-Cola realizavam, em média, 80 horas extras por mês. Situações extremas chega-vam a 140 horas extras por mês. Além de dias inteiros

de trabalho ininterrupto na mesma semana em que o funcionário já acumulava o cansaço por fazer jornadas de 12 e 14 horas.

As jornadas eram tão exaustivas que muitas vezes terminavam em afas-tamento do empregado por atestado médico.

Um dos motoristas re-latou que após encerrar o trabalho às 0h30 chegou em casa 2h com a obriga-ção de retornar ao trabalho às 6h30. Ele contou aos auditores do MPT que tomou banho, jantou e ficou vendo televisão. “Se dormisse não conseguiria levantar no horário de trabalho”, informou em seu depoimento aos fiscais. “Sabia que, se não fosse trabalhar, receberia adver-tência no outro dia”, disse à fiscalização.

Em comemoração aos 65 anos da Petrobrás, en-tidades realizaram ato, na quarta feira (03), contra o sucateamento da estatal e denunciaram a tentativa dos sucessivos governos ne-oliberais de entregar nosso petróleo para as multina-cionais. O ato foi organizado por diversas entidades, en-tre eles FNP, SINDIPETRO-RJ, FIST, CSP-CONLUTAS e SEPE-RJ, em frente a sede da Petrobrás (EDISE), no centro do Rio de Janeiro.

O ato exigia uma mu-dança na política de pre-ços dos derivados e uma política para a estatal que tenha como horizonte aten-der os interesses do povo brasileiro, garantindo o desenvolvimento nacional, e não uma política que tem como perspectiva garantir os lucros dos acionistas, em especial os de Wall- street, em detrimento do povo.

“Hoje muitos colegas nas mídias, em suas respectivas redes sociais, lembraram o orgulho de trabalhar na Petro-brás. Infelizmente, neste mo-mento, a empresa passa por um momento de desmonte e privatização, uma companhia que poderia ser o símbolo de desenvolvimento do Brasil. Há décadas a Petrobrás vem sendo atacada por sucessivos governos, sendo fruto da cobi-ça internacional e dos corrup-tos de plantão. Mas estamos aqui celebrando e defendendo

a Petrobrás”, disse o coordena-dor da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) Eduardo Henrique.

Desde 2013 onde o gover-no Dilma entregou parte do campo de Libra, o maior até então, para as multinacio-nais Shell, Total, além de duas empresas chinesas, a lógica de privatização conti-nuou com Temer entregan-do mais campos a preço de banana, além de conceder outras regalias, afrouxando a exigência de materiais nacionais da indústria do petróleo para beneficiar BP e Shell, especialmente.

Os petroleiros usaram um bolo para simbolizar a retomada das reservas de petróleo, cobrindo de verde e amarelo as bandeiras dos EUA e da China, que hoje do-minam maior fatia do pré-sal. “Precisamos primeiro suprir as necessidades do povo que possibilite o desenvolvimento do país. Por isso, devemos lutar pela reversão da quebra

da partilha e contra esses leilões que entregam áreas com reservas gigantes às multinacionais petroleiras”, disse a geóloga e diretora do Sindicato dos Petroleiros do RJ, Patrícia Laier,

Pela manhã cerca de 20 aposentados integrantes da Comissão de Base dos Aposentados do sistema Petrobrás realizaram um ato na Assistência Multidis-ciplinar de Saúde (AMS) no saguão do Edise.

"Em homenagem aos 65 anos da Petrobrás, o nos-so grupo de aposentados realizou um ato no saguão contra os leilões e desmonte do sistema, e o Plano de Equacionamento do Déficit da Petros, o PED. O RH da empresa em uma atitude di-tatorial bloqueou os crachás dos petroleiros para acesso ao Edise, nos proibindo de usar o megafone e faixas, re-sistimos e conseguimos fazer o ato”,diz Roberto Ribeiro, diretor do Sindipetro-RJ.

O movimento sindical respondeu aos ataques da chapa Bolsonaro/Mourão ao 13° salário, colocando em risco o pagamento aos trabalhadores. Em vigor desde 1962, só no ano pas-sado injetou R$ 200 bilhões na economia (3,2% do PIB), por meio do pagamento a mais de 83,3 milhões de brasileiros, segundo o De-partamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos.

Mourão é reincidente nos ataques ao 13º salário e ao abono de férias. No Dia 26 de setembro, em palestra a dirigentes lojistas de Uru-guaiana, Rio Grande do Sul afirmou: “Temos algumas jabuticabas que a gente sabe que são uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Se a gente arrecada 12, como é que nós pagamos 13? É complicado. E é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais. A legislação que está aí é sempre aquela visão dita social, mas com o chapéu dos outros, não é com o chapéu do governo.”

No dia 2, ao desembarcar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o general vol-

tou a criticar os benefícios.Em nota, o Sindicato dos

Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes questiona: "Vamos entregar o comando do País para essa dupla an-ti-social, sem noção alguma sobre o que é realmente im-portante para a retomada do desenvolvimento?".

As declarações do Vice de Bolsonaro atacando o 13º geraram indigna-ção nos Metalúrgicos de Guarulhos. Em nota da entidade, assinada pelo presidente José Pereira dos Santos, o sindicato afirma que, “o fim do 13º salário seria uma tragédia nacio-nal”, retomando as lutas sindicais que culminaram na garantia do direito e alerta sobre a retração do mercado interno, “que já é um flagelo social”.

O presidente do Sin-dicato dos Economistas do Estado de São Paulo, Pedro Afonso Gomes, em entrevista a Agência Sindi-cal, comenta que “a rigor, o 13º salário não é um custo adicional para a empresa, porque já está incluído no orçamento. A empresa se programa no início do ano pra esse pagamento”.

Ele alerta também que

“o 13º é o sustentáculo das vendas do final de ano. Mui-tas vezes o trabalhador já consumiu parte dele com o crédito. Mas ele usa, exata-mente, pra voltar a ter poder de compra”. “As vendas do Natal representam 20% do total do volume anual. O 13º é parte integrante das vendas. Além do que gera emprego, no comércio e também na indústria”, completa Pedro.

Walter dos Santos, pre-sidente do Sindicato dos Comerciários de Guaru-lhos, também ressalta a importância do 13°para a economia com as vendas de fim de ano e para o tra-balhador como motivação: "O 13º salário é a injeção de ânimo para o trabalhador e também para o comerciante. O trabalhador paga dívidas e volta a consumir. O comer-ciante aumenta as vendas".

“O benefício também faz crescer a oferta de em-pregos porque, se as ven-das aumentam, o comércio contrata”. E completa: “Assim é a roda positiva da economia. Se cortar salá-rios e direitos, o trabalha-dor não gasta, não compra, não consome. Quem perde primeiro é o comércio".

Segundo o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Mau-rício Godinho Delgado,

“a crise econômica não pode ser justificativa para negar direitos sociais e trabalhistas previstos na Constituição Federal”. O magistrado falou em evento comemorativo dos 30 anos da Constituição de 1988, realizado na sema-na passada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), se referindo à reforma tra-balhista de Michel Temer aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado.

Alem de símbolo do proces-so de redemocratização do país, após 21 anos do regime militar, a Constituição garantiu diver-sos direitos aos trabalhadores, como a licença maternidade, a licença paternidade, a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias e 44 horas semanais, além de direito à greve, liberdade sindical, abono de férias de um terço do salário, entre outros.

O procurador regional do MPT, Helder Santos Amorim, e vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), criticou de forma veemente as mudanças na legislação trabalhista. Para Amorim, “a Constituição foi a tradução de direitos sociais construídos ao logo da histó-ria. Ela rompeu paradigmas elitizados. As pessoas passa-ram a ser valorizadas por sua simples condição humana e o trabalho se tornou meca-nismo de integração social”, disse o procurador, afirmando ainda que, “como defensor dos fundamentos do regime democrático, o MPT terá que resistir”, para restabelecer o pacto de convivência civiliza-da entre o capital e o trabalho.

Na avaliação do presiden-te da Anamatra, Guilherme Feliciano, a Constituição de 1988 foi um marco na defesa da cidadania e na efetivação dos direitos humanos funda-mentais na história do Bra-sil. “Gestada em ambiente amplamente democrático, no qual foram ouvidos todos os segmentos relevantes da sociedade brasileira, a Cons-tituição de 1988 soube ser ga-rantista na tutela dos direitos civis e políticos e progressista na promoção dos direitos so-ciais, culturais e ambientais, como na própria realização do Estado social. Para mais, a Carta foi indiscutivelmente plural no seu estofo socioló-gico”, afirmou Feliciano em um seminário realizado pela Anamatra.

De acordo com o Sindicato dos auditores Fiscais do Tra-balho (SINAIT), o texto da Constituição de 88, “deu aos servidores públicos o direito de se organizarem em sindi-catos”. A Entidade destacou ainda o SINAIT, que pauta

sua atuação para combater as investidas contra a CF, que colocam em risco direitos con-quistados democraticamente. “Atualmente, [SINAIT] en-campa a luta para elaboração do Estatuto do Trabalho que visa combater a reforma trabalhista e a terceirização irrestrita aprovadas pelo atu-al governo”.

A Associação Nacional do Auditores Fiscais da Receita Federal (ANFIP) destacou que a entidade contribuiu para a construção de princípios constitucionais no que diz respeito à Seguridade Social e aos servidores públicos, com a elaboração constante de emen-das, durante a Assembleia Constituinte. “A Constituição fornece a direção correta para que a sociedade brasileira se afirme, para que seja tole-rante e conviva com as suas diferenças ideológicas, de raça, de gênero e de renda. A Cons-tituição oferece mecanismos para que possamos resolver nossos problemas preservando sobretudo os direitos sociais e fundamentais”, disse Álvaro Sólon de França, ex-presidente da entidade.

O presidente do Sindicato dos Hoteleiros de São Paulo (Sinthoresp), Francisco Ca-lasans Lacerda lembrou em entrevista no programa de TV do Sindicato as palavras de Ulysses Guimarães: “trair a Constituição é o mesmo que trair a Pátria”. Calasans Lacerda ressaltou ainda que o Artigo 3º, que diz que sobre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: Construir uma socie-dade livre, justa e solidária; Garantir o desenvolvimento nacional; Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais... “Se o Brasil se-guisse o salário instituído por Getúlio, ele estaria hoje em R$ 3,6 mil, segundo calcula o Dieese. Portanto, pagar R$ 954,00 a um trabalhador é desrespeitar a Constituição”, lembra o sindicalista.

O Sindicato dos Metalúr-gicos de Osasco e Região tam-bém lembra que “a Constitui-ção é responsável por assegu-rar direitos fundamentais aos brasileiros, como a liberdade de expressão, o acesso à edu-cação, e por nortear políticas públicas em áreas sociais, como o SUS (Sistema Único de Saúde) e a Previdência Social, hoje ameaçada por uma reforma que busca adiar, se não impedir os brasileiros de se aposentarem. Também garantiu direitos essenciais para os trabalhadores, ao incluir e ampliar o que estava previsto pela CLT, de 1943, como o 13º salário e o aviso prévio. A jornada de trabalho passou de 48 para 44 horas semanais, e o salário-mínimo foi unificado em todo o país” .

ANTÔNIO ROSA

Page 6: Camilo quer autocrítica do PT sobre conduta Agora é unir ... · Chamado pelo tucano de “Márcio Taxa”, o candidato do PSB retrucou: “Eu vou cobrar a taxa, João, é de pessoas

INTERNACIONAL 10 E 11 DE OUTUBRO DE 2018HP6

Imenitas nas ruas desafiam EUA e Arábia Saudita: não nos submeterão pela fome

Lee Myung-bak aceitou propina da Samsung

Turquia suspeita que mataram jornalista dissidente, Kashoggi, no consulado saudita em Istambul

México: produção de combustíveis caiu 50% em seis anos enquanto a importação cresceu 63%

O barco Aquarius, agora sem bandeira para navegar, já salvou 29.500 imigrantes

Ex-presidente da Coreia do Sul é condenado a 15 anos de prisão por suborno e desvio de fundos

Samiah: “vamos libertar o nosso país”

AP

Cortes orçamentários atingem estatais que fomentam ciência e tecnologia na Argentina

Macri acata imposição do FMI e entrega a americanos campos de petróleo argentino

Argentinos confrontam a devastação macrista

Milhares de manifestantes exigem dos governos europeus apoio ao navio Aquarius em suas açoes de salvamento de imigrantes africanos

Atos exigem que a Europa pare de sabotar resgates no Mediterrâneo

“Não há nada mais silencioso que um homem que se afoga. Nosso objetivo é fazer

barulho”, enfatizou Lise Valette, coordenadora da associação SOS Mediterrâ-neo, agradecendo o massivo apoio recebido em defesa das ações do navio de salvamento Aquarius.

Convocados com o apoio da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) e vestidos de laranja - cor dos coletes salva-vidas -, os manifestan-tes condenaram a “inação criminosa” dos governos europeus e exigiram uma “bandeira” para que a em-barcação possa navegar li-vremente a fim de socorrer os afogados, em vez de aban-doná-los à sua própria sorte. Desde fevereiro de 2016, o Aquarius já salvou a vida de 29.500 imigrantes, em cerca de duas centenas de opera-ções. As atividades de apoio à embarcação mobilizaram mais de 50 cidades francesas, e também Madri, Bruxelas, Berlim e Palermo.

Conforme os organizado-res, “a marcha trouxe uma mensagem universal de humanidade, solidariedade, respeito à vida, à dignidade humana e ao direito maríti-mo internacional”.

Em Marsella (sudeste), sede da SOS Mediterrâneo, cidade em que o “Aquarius” continua atracado, 3.500 pessoas se concentraram no Porto Velho, segundo a polícia. Uma multidão tomou as ruas de Paris e mesmo em Calais (norte), onde a prefei-tura proibiu a realização do ato, os manifestantes não arredaram pé e fizeram “um chamado à cidadania” para que não silencie frente a go-vernos que estão cruzando os braços enquanto as mortes se multiplicam.

Neste momento, denun-ciam as entidades, se está retirando a nacionalidade pa-namenha da embarcação, o que evidencia “a vontade dos Estados europeus de crimina-lizar o trabalho das Organi-zações Não-Governamentais (ONGs)” no Mediterrâneo, justamente quando os imigran-tes mais necessitam de apoio. Com esta mobilização, enfati-zou Sophe Rahal, porta-voz da associação, “estamos demons-trando que nossa legitimidade vem da sociedade civil”.

Infelizmente, explicou, “a quantidade de navega-ções pelo mar baixou, mas a taxa de mortalidade aumen-tou: “em 2017, se afogava uma pessoa entre 42 e, neste verão europeu - entre junho e setembro - foi uma pessoa entre 18”. Os números da tragédia são confirmados pelo mais recente relatório

da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) que aponta que, somente neste ano, até setembro, mais de 1.600 pessoas morreram ou desapareceram no Me-diterrâneo com destino à Europa.

“Os refugiados e a imi-gração são um dos grandes desafios que a União Euro-peia (UE) precisa resolver e isso não pode ser feito de forma individual”, acrescen-tou Patricia Lara, estudante de filosofia, acompanhando o ato na praça Cibeles de Madrid.

SOCORRO ÀS VÍTIMASA tarefa humanitária é

assumida pelo conjunto dos ativistas da embarcação, que enfrentam a insensibi-lidade e a dura animosidade de governos que se utilizam de todo tipo de obstáculo burocrático para dificultar ao máximo o socorro às ví-timas. Em junho deste ano, por exemplo, a embarcação precisou ficar parada a noite inteira nas águas entre a Itália e Malta, aguardando uma disputa diplomática, esperando “instruções” so-bre onde e quando atracar.

Horas antes de o governo espanhol anunciar que iria acolher os 629 imigrantes a bordo do Aquarius, resgatados entre sábado e domingo, a situação no navio era de apre-ensão, pois a comida começava a acabar. Para piorar, lembrou Aloys Vimard, coordenador do MSF, “alguns resgatados estavam doentes, com feri-mentos de bala de sua passa-gem pela Líbia ou ferimentos da viagem, muitos com sarna, alguns febre... Todos exaus-tos e muitos traumatizados pela dura travessia e tudo o que a antecedeu”. Entre eles havia sete mulheres grávidas e 123 menores que viajaram sozinhos.

Do ponto de vista da xe-nofobia e da covardia prati-cadas por autoridades contra indivíduos indefesos, parece que se ultrapassou todos os limites. Vale lembrar o ocorrido em agosto de 2015, quando pescadores turcos socorreram 47 imigrantes sírios e iraquianos que via-javam em um bote, após policiais da guarda costeira grega furarem a embarca-ção com a ponta de uma lança para que afundasse. Filmado e divulgado pelos pescadores, o vídeo do crime viralisou na internet.

Como tem dito e repetido Vimard, o fato é que, “agora, mais do que nunca, se neces-sita de ajuda humanitária, e resgatar a quem se encontra em perigo de afogar-se segue sendo uma obrigação legal e moral”.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) im-pôs - e Maurício Macri aceitou - a entrega de campos de petróleo sob o mar argentino, como uma das condições para que a Argentina se endividasse mais ainda, perante o fun-do. Depois de aumentar o valor do acordo assinado em junho, que passou de US$ 50 bilhões para US$ 57,1 bilhões, ele se comprometeu a atingir déficit fiscal zero em 2019, com um orçamento que prevê drásticos cortes de investimentos nas ques-tões centrais para o país como educação, saúde, transportes e segurança.

Um dos poços que o go-verno entregou é a Bacia Malvinas Oeste, ao lado das Ilhas Malvinas, crucial na disputa pela soberania das mesmas. São 38 áreas localizadas em três bacias no Mar Argentino, num

total de 200.841 quilô-metros quadrados, o que equivale a 3,1% da Plata-forma Continental, um ta-manho equivalente a 65% da superfície da província de Buenos Aires, que é a maior e mais populosa das 23 províncias da Argen-tina, com uma extensão territorial de 307.571 km², ou aproximadamente o tamanho da Itália.

Agora, com publicação no Boletim Oficial, convo-

ca-se empresas a Concur-so Público Internacional para sua exploração.

O ministro de Energia, Javier Iguacel, sem ne-nhum constrangimento, declarou que priorizou a indústria petroleira dos Estados Unidos na convo-catória ao Concurso para a atividade de prospecção, perfuração e exploração petrolífera ao largo da costa argentina.

S.L.

Desde que o neoliberal de Macri assumiu o gover-no argentino em dezembro de 2015 foram realizados progressivos cortes no or-çamento de todas as áreas relacionadas com a Ciência e a Tecnologia, levando ao desmantelamento das empresas estatais de tec-nologia nuclear, espacial, agrária, industrial, entre outras, substituindo o co-nhecimento estratégico soberano por contratos com empresas norte-a-mericanas e israelenses, segundo informações do Observatório de Ciência e Tecnologia, associado ao Centro Latino-americano de Análise Estratégica (CLAE-FILA).

Entre as empresas es-tatais de tecnologia mais afetadas está a INVAP

S.E. (Investigação Aplica-da, Sociedade do Estado), dedicada à programação e construção de fábricas, equipamentos e dispositi-vos em áreas de alta com-plexidade como energia nuclear, tecnologia espa-cial, tecnologia industrial e equipamento médico e científico.

Ainda há a ARSAT (Ar-gentina Satelital), que fornece serviços de tele-comunicações através de infraestruturas terres-tres, aéreas e espaciais; a YPF (Jazidas Petrolíferas Fiscais), Aerolíneas Ar-gentinas; Usina de Água Pesada de Arroyito, que faz moderação e refrigeração de reatores; a NASA (Nu-cleoelétrica Argentina), operadora das centrais nucleares do país e o Es-

taleiro Rio Santiago, um dos maiores da região, cujos trabalhadores foram duramente reprimidos e criminalizados.

Segundo o Observató-rio pode-se somar ainda, ao desmonte, as institui-ções com dependência di-reta do Estado que serão sucateadas: a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE), a Co-missão Nacional de Ener-gia Atômica (CNEA), o Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI), o Instituto Nacio-nal de Tecnologia Agrária (INTA), a Comissão Na-cional de Investigações Científicas e Tecnoló-gicas (Conicet) ), sendo atingido também o con-junto das 56 Universida-des Públicas Nacionais.

A produção de combus-tíveis no México diminuiu 50% nos últimos seis anos, enquanto que as importa-ções aumentaram 63%, de acordo com dados oficiais.

O Sexto Informe de Go-verno de Enrique Peña Nieto, presidente em fim de mandato, assinala que o sistema de refino nacional passou de produzir 437 mil barris diários em 2013 para 217 mil na primeira metade deste ano. Já as im-portações de combustíveis subiram de 347 mil barris diários em 2013 para 567 mil em junho passado.

A alta dependência que o país desenvolveu do com-bustível importado, princi-palmente dos Estados Uni-dos, torna impossível que o governo mexicano possa ter controle dos preços sem mudar essa situação, concordaram especialistas da Universidade Nacio-nal Autônoma do México (UNAM).

O presidente eleito, An-

drés Manuel López Obra-dor (AMLO), que assume em 1º de dezembro, decla-rou que priorizará a revi-são da chamada ‘Reforma Energética’ através da qual Peña Nieto sucateou a estatal Petróleos Mexi-canos, PEMEX. “Em um mês vamos ter o plano de quando e onde vai ser iniciada a construção de novas refinarias e a reabi-litação das seis que existem atualmente e estão aban-donadas e que requerem reconfiguração e moder-nização para processar mais petróleo cru”, disse Obrador.

Para David Bonilla Var-gas, do Instituto de In-vestigações Econômicas da UNAM, enquanto se mantiver o quadro, o novo governo, para manter está-veis os preços a curto pra-zo, deverá seguir aplicando subsídios mediante a dimi-nuição na carga impositiva que se cobra por cada litro de gasolina vendido em

território nacional.“Não podemos só ex-

portar o petróleo cru e comprar de fora o refi-nado. E além disso, está caindo a produção de petróleo; e não se pode refinar se não se tem o petróleo”, disse AMLO que se opôs abertamente à reforma energética ‘cons-titucional’ que pôs fim ao monopólio da indústria petroleira que durou oito décadas e foi a base do desenvolvimento do país.

Ele indicou que o Sis-tema Nacional de Refino (SNR), integrado por seis refinarias, opera unica-mente com 40% de sua capacidade, quando há apenas dez anos, em 2008, estava operando acima de 90% da capacidade. Enquanto isso, o Méxi-co é atualmente o maior mercado das refinarias dos Estados Unidos e suas compras de gasolina e die-sel cresceram rapidamen-te nos últimos anos.

O ex-presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, o conservador e pró-americano antecessor da também pre-sidiária ex-presidente Park Geun-hye, foi condenado na sexta-feira (5) por um tribunal de Seul a 15 anos de prisão por suborno, abuso de poder e desvio de fundos.

A pena inclui, ainda, uma multa de 13 bilhões de wons, equivalente a US$ 11,5 mi-lhões. A promotoria pedia 20 anos de cadeia para o corrup-to, por 16 crimes diferentes. Lee governou de 2008 a 2012.

Os juizes condenaram Lee

por aceitar uma propina de US$ 5,85 milhões da Samsung para perdoar a pena de prisão contra o presidente do maior grupo empresarial sul-coreano, Lee kun-hee, por fraude fiscal.

Em julgamento televisio-nado ao vivo, o tribunal deci-diu ainda que ele é o proprie-tário de fato da fabricante de autopeças DAS, formalmente em nome do seu irmão, contra a qual pesava denúncia de fraude, e considerou provado desvio de fundos com obje-tivos políticos e pessoais no valor de 24 bilhões de wons (US$ 21,2 milhões).

Jamal Khashoggi, jornalista saudita que escreve para o jornal Washington Post, está desaparecido desde o dia 2 de outubro. Ele entrou no consulado da Arábia Saudita naquela terça-feira, às 13:00 h, e desde então não foi mais visto. Autoridades turcas supeitam de que ele teria sido assassinado no interior do consulado, em Istambul.

É o que apontam jornalistas das agências Reuters, AP e do portal Middle East Eye, referindo-se a fontes de dentro da polícia turca. No dia de seu suposto assassinato, 15 sauditas desembarcaram em Istambul a bordo de dois aviões de carreira. Eles estavam no consulado no mesmo dia em que o jornalista foi ao prédio. Logo depois, no mesmo dia, deixaram o país.

Kashoggi era próximo da família real saudita mas, desde que a monarquia foi assumida por Bin Salman, começou a apresentar divergências. Teria dito que “as autoridades sauditas podiam e com razão ficar nervosas com Donald Trump na presidência”.

Foi o suficiente para que ele começasse a ser ameaçado e proibido de escrever a qual-quer mídia, inclusive de tuitar. Sentindo-se sufocado e acuado saiu do país em 2017. Em seus artigos, Kashoggi, entre outras denúncias, se posicionava contra a agressão da Arábia Saudita ao Iêmen.

Depois de passar pelos Estados Unidos, estava na Turquia e organizava seu segun-do casamento. Pelas leis turcas, para casar novamente era preciso a certidão de divór-cio e foi isto o que Kashoggi procurava. Ele manifestou receio e pediu que a sua noiva avisasse às autoridades turcas caso ele não retornasse. A noiva esperou por 11 horas antes de informar do desaparecimento às autoridades turcas.

Apesar dos sauditas terem dito que Kashoggi entrou e saiu do prédio, isso não é corroborado pelas câmeras que existem em torno do edifício.

Yasin Atkay, ex-deputado e agora asses-sor do presidente turco, Erdogan, disse que o crime não ficará sem solução. “Enganam-se os que pensam que estamos na Turquia de 50 anos atrás”.

O Washington Post chamou a atenção para o desaparecimento de Kashoggi afir-mando que se sua morte for confirmada, “isso marcaria uma alarmante escalada no esforço saudita de calar dissidência”.

O diretor da página editorial do jornal norte-americano, Fred Hiatt, declarou que “se as informações sobre o assassinato de Jamal forem verdadeiras, estamos diante de um ato monstruoso e incomensurável”.

Centenas de mi-lhares de iemenitas tomaram as ruas das grandes cidades na sexta, para protestar contra o prolongado e desumano bloqueio imposto em conjunto pelos Estados Unidos e Arábia Saudita, que está disseminando doenças e fome por todo o país.

Na capital San’a, ocorreu a maior das marchas com os ie-menitas carregando cartazes e bandeiras do país e entoando palavras de ordem condenando o blo-queio e a guerra eco-nômica e destruição econômica que tem causado problemas para a moeda local.

O mais intensa-mente aplaudido, Mohammed Ali al Houthi, líder do Co-mitê Revolucionário Supremo, exigiu o fim do bloqueio e liberação das contas do banco nacional iemenita no exterior.

Ele alertou que “se o bloqueio continua causando estes da-nos, vamos mobilizar milhares de comba-tentes aos campos de batalha”.

“Estamos prontos para fazer a paz, mas uma paz honrrosa e o povo do Iêmen vai se colocar do lado de quem quer que quei-ra parar a agressão”, declarou, por outro

lado, o líder iemenita.Na quinta-feira, o

parlamento europeu aprovou uma reso-lução que chama ao fim da guerra e pede o banimento urgente de armas para os pa-íses que atuam sob o comando saudita no ataque ao Iêmen.

Samiah Ubadi, en-tre os manifestantes, declarou: “eu não vou deixar de protestar até que tenhamos pos-to um fim ao nosso sofrimento e tenha-mos recapturado nos-so país das mãos dos invasores”.

Na cidade portu-ária de Aden, Jamal Abdu, declarou ao jornaista Ahmed Ab-dulKareem, agência imenita MintPress: “As gangues saudi-tas levam o nosso di-nheiro, o alimento de nossas crianças, e a receita do sul ocupado para acumular em seu tesouro”.

A o r g a n i z a ç ã o “Salve as Crianças” alerta que há 5,2 mi-lhões de crianças que passam fome. A orga-nização perviu que, de agora ao final do ano, 36.000 crianças terão morrido de inanição.

Há 18 milhões, (da população to-tal de 29 milhões de imenitas), já na con-dição de insegurança alimentar de acordo com as estimativas da ONU.

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INTERNACIONAL10 E 11 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Juiz que apadrinhou a tortura com W. Bush assume na Suprema Corte

ANTONIO PIMENTA

Manifestação junto à Suprema Corte na posse de Brett Kavanaugh: “Kava, não!”

Premiê Narendra Modi recebe Putin em Nova Delhi

Pequim rechaça “difamação” do vice Mike Pence em discurso contra a China

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Getty

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Índia formaliza compra dos S-400 da Rússia

Chinês Meng Hongwei

Suicídios de imigrantes presos nos EUA: uma epidemia em alta

Interpol diz que seu presidenteHongwei demitiu-se por carta

Kim e Pompeo reúnem-se na RPDC e acordam nova Cúpula

Trump: “Arábia Saudita não dura 2 semanas sem os EUA”

As tentativas de suicídio de imigrantes detidos em diferentes prisões nos EUA tor-naram-se um sério problema em alta, ante o desespero daqueles que se sentem abandona-dos à sua própria sorte ou encurralados por um sistema que não lhes oferece uma saída.

O Escritório do Inspetor-Geral do Depar-tamento de Segurança Nacional emitiu um relatório altamente crítico depois de visitar a instalação privada na cidade de Adelanto em maio, de acordo com o jornal Los Angeles Times.

Como exemplo, citaram que inspetores federais encontraram forcas feitas de lençóis pendurados em celas em um centro de deten-ção de imigrantes no sul da Califórnia.

O informe diz que os inspetores encon-traram forcas em 15 das 20 celas e que os guardas lhes disseram que removê-las não era uma prioridade.

Alguns detentos disseram que usaram os lençóis trançados como cordas para pendurar roupas ou as penduravam abertas desde o teto para ter alguma privacidade.

Um prisioneiro disse aos inspetores que havia visto detentos usando lençóis para tentativas de suicídio e que “os guardas riem deles e os chamam de ‘suicidas fracassados’ quando retornam da enfermaria”.

A instalação administrada pelo GEO Group tem capacidade para cerca de 1.940 detentos. Pablo Paez, porta-voz da GEO, enca-minhou as perguntas sobre o relatório para o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). Lori Haley, porta-voz do ICE, disse que a agência leva a sério as conclusões do relatório e fará uma revisão imediata do centro de detenção.

“O ICE reconhece que isso pode apresentar uma perigosa vulnerabilidade de segurança e intensificará seus esforços para resolver o problema”, disse ele.

“Mas muitos não podem voltar para a morte certa em El Salvador, Honduras ou México. Por isso, alguns deles que estão encarcerados há mais de um ano se suicidam e não apenas pen-duram lençóis, mas também tomam pílulas ou param de comer até morrerem”, disse Mensing.

Há muito tempo os imigrantes reclamam das condições do centro de detenção, que fica em uma remota comunidade no deserto, a cerca de 113 quilômetros a nordeste de Los Angeles.

Houve pelo menos sete suicídios na insta-lação entre dezembro de 2016 e outubro de 2017 e, em março de 2017, um homem de 32 anos se enforcou, aponta o relatório. O cen-tro abriga os detidos à espera de deportação. Entre os detidos estão os solicitantes de asilo que chegaram recentemente ao país em busca de proteção humanitária e imigrantes trans-feridos para lá depois de cumprir sentenças.

O relatório também disse que os detidos relataram ter que aguardar meses para ver um médico e que eles foram colocados em listas de espera de meses ou anos para ver o dentista, o que em alguns casos resultou em perda de dentes e extrações desnecessárias.

Um dentista do centro disse aos inspetores que não tinha tempo para realizar limpezas ou obturações dentárias e sugeriu que os detentos usassem o cordão de suas meias como fio dental.

Defensores dos direitos dos imigrantes, in-cluindo a American Civil Liberties Union, do sul da Califórnia, reclamam há muito tempo da qualidade dos cuidados médicos no centro.

Kim Jong Un, o máximo líder da Re-pública Popular De-mocrática da Coreia – RPDC, reuniu-se em Pyongyang neste do-mingo (7) com Mark Pompeo, secretário de Estado dos EUA.

Ao acolher cordial-mente o visitante na Casa de Hóspedes do Estado Paekhwawon os dois dirigentes ti-raram fotos e o vi-sitante recebeu as saudações de boas vindas dos anfitriões e o pedido de que Pom-peo transmitisse sau-dações ao presidente Donald Trump.

Em Pyongyang Kim Jong Um e Mark Pom-peo acordaram fazer uma segunda cúpula entre os líderes dos EUA e da RPDC num futuro próximo. E anunciaram seu com-promisso para adiantar o encontro, segundo informou a agência de notícias KCNA. “Hou-ve um acordo quanto à sustentação da reali-zação do encontro EUA-RPDC o quanto antes, quanto às fórmulas a serem adotadas e os procedimentos de preparação”, aponta a KCNA que avalia que as conversas entre Kim Jong Un e Mark Pom-peu foram excelentes.

Kim afirmou que “as conversações fo-ram produtivas e que se avançou na imple-mentação da decla-ração de 12 de Junho firmada na primeira cúpula realizada en-tre EUA e RPDC em Cingapura. O líder da RPDC expressou sua gratidão a Donald Trump pelos sinceros esforços feitos para chegar a esse ponto.”

De Pyongyong, onde Kim Jong Un ofereceu um almoço especial,

Mark Pompeu foi para Seul onde encontrou-se com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in.

As duas partes no-mearam equipes de trabalho para as ne-gociações quanto à desnuclearização e o calendário da cúpula Kim – Trump. Pom-peo conversou duran-te quatro horas com Kim Jong Un durante duas reuniões e um almoço onde conver-saram por uma hora e meia. Em seguida às despedidas de Kim, o secretário de Estado dos EUA declarou em seu twiter ao sair de Pyongyang para Seul que “o objetivo era destravar o processo e assegurar-se de que os dois países seguem na mesma direção. A visita a Pyongyang foi uma ótima viagem, seguimos fazendo pro-gressos”, disse otimis-ta. O sentimento de otimismo se estendia também ao resto da equipe de diplomatas americanos que acom-panhavam Pompeo em seu giro pela Ásia: “A visita foi melhor que a da última vez”, afir-mou um dos membros sem identificar-se.

“Tivemos uma ma-nhã cheia de êxitos”, disse o enviado norte-americano ao finalizar sua quarta visita à capital da RPDC.

No dia seguinte, de Seul Mark Pompeu que já tinha passado por Tóquio no sábado, viajou para Pequim onde encontrou nesta segunda-feira (8) o ministro de Relações Exteriores da China. Em pauta as tensões mais graves nas rela-ções bilaterais e co-merciais entre a China e os EUA. R. C.

Sob protestos de ma-nifestantes e da principal entidade de direitos civis dos

EUA, a ACLU, tomou posse na Suprema Corte o juiz Brett Kavanaugh, cujo processo de apro-vação foi transformado num verdadeiro show de horrores, sintomático da degradação da democracia nos EUA, e que aprofunda o hiato entre a sociedade e o establishment decaden-te. Apesar de que quase na totalidade a oposição a seu nome decorreu das acusações de violação con-tra mulheres, ao estilo # MeToo, outro aspecto re-pugnante da carreira dele - sua condição de virtual padrinho dos Memorandos da Tortura do governo de W. Bush, como conselheiro jurídico da Casa Branca – foi praticamente ignorado.

A própria ACLU não se referiu a essa questão ao deliberar - o que só fizera três vezes antes em um sé-culo – pela rejeição do nome dele à Suprema Corte, por considerar que havia inter-rogações suficientes sobre uma nomeação que ocorre “uma vez em uma vida” e pode mudar os rumos das decisões sobre direi-tos e constitucionalidade por muitos anos à frente. Contestação que não fez ao outro indicado do presi-dente Trump, e igualmente reacionário, Neil Gorsuch.

ESTRANHO SILÊNCIOHá um silêncio gritante

de parte de democratas e republicanos sobre a evi-dente inaptidão para o car-go de mais alto magistrado da nação norte-americana de alguém ligado aos Me-morandos da Tortura, que oficializaram em 2002 o es-pancamento até à morte, o waterboarding (simulação de afogamento) e outras atrocidades que a CIA e Hollywood glamourizaram como feitos maiores da Guerra ao Terror. Pode-se discutir se o pai dos Memo-randos da Tortura foi Dick Cheney, e a mãe, Alberto Gonzales, ou vice-versa, mas não há como esconder Kavanaugh, que continuou na Casa Branca até 2006 e era tido como braço direito de Gonzales, o secretário de Justiça de W. Bush.

Se os Memorandos da Tortura fossem considera-dos, absurdamente, insu-ficientes para sua rejeição, ainda haveria sua contribui-ção para o atentado à Consti-tuição dos EUA, cinicamente chamado de Ato Patriótico.

Compreende-se a dispo-sição de Trump para ter Kavanaugh na Suprema Corte, com tanta gente com gana de ver seu impeach-ment. Afinal, o jurista pau pra todo obra já mostrou sua serventia redigindo as passagens mais escabrosas do relatório Kenneth Starr, sobre o relacionamento de Bill Clinton com uma esta-giária. E também na equipe que arrancou da Suprema Corte a bênção ao descarado roubo da eleição a presiden-te de Al Gore, em favor de W. Bush, na Flórida.

Outra motivação para sua rejeição é que está comprometido com tudo que não presta, e defendeu publicamente o grampe-amento em massa come-tido pela NSA, elogiando sua “constitucionalidade”. Também não esconde sua repulsa aos direitos dos trabalhadores ou o viés em favor das corporações.

Correntes de opinião nos EUA temem que ele rever-ta a decisão da Suprema Corte que descriminalizou o aborto. Assim, acredita-se que a mais alta instância de justiça nos EUA poderá se mover, ainda mais, para a direita, porque nos temas identitários a correlação de forças teria passado para 5 a 4 em favor dessa gente. Nada tão surpreendente para uma Corte que ousou revogar a Era Lincoln e impor as leis racistas Jim Crow, até o movimento dos direitos civis, encabeçado por Martin Luther King, Malcom X e outros grandes, ter posto no chão o odiento apartheid no sul do país nos anos 1960.

Antigamente, costu-mava-se dizer que não bastava a mulher de César “ser virtuosa”, ela também tinha que “parecer virtuo-sa”. Com seu extenso cur-rículo, falta quase tudo a Kavanaugh para ao menos parecer virtuoso. O que ficou patente em seu depri-mente depoimento no Se-nado, televisionado, diante da acusadora, Christine Blasey Ford. Após o FMI encenar uma “investigação” que evitou ouvir qualquer um que pusesse em risco a nomeação – outras duas mulheres o acusavam -, votação no Senado o apro-vou por 50 a 48, com uma dissensão de cada lado – a margem mais estreita de confirmação para qualquer juiz da Suprema Corte em 137 anos. Os protestos vão continuar: “Kava-Nope”.

A Interpol anunciou no domingo (7) que recebeu carta de renúncia de Meng Hongwei, seu chefe chinês, que era considerado desapa-recido desde 25 de setembro, e cuja detenção, por cor-rupção, foi confirmada por Pequim. Meng era também vice-secretário de Segurança Pública da China.

A agência policial interna-cional, que tem sede em Lyon, na França, informou que seu vice-sênior, Kim Yong Yang, um sul-coreano, se tornou presidente interinamente. O substituto será eleito em novembro, na assembleia geral que ocorrerá de 18 a 21, em Dubai, para os dois anos restantes de mandato.

Comunicado do governo chinês informou que Meng “está atualmente sob in-vestigação por suspeita de violar a lei”. Ele está detido “sob o monitoramento e in-vestigação” da nova unidade de combate à corrupção, a Comissão Nacional de Su-pervisão, por suspeita de violações graves da lei esta-tal e por “receber subornos”.

Nota do Ministério de Segurança Pública chinês

assinalou que a investiga-ção sobre Meng demonstra que “não há privilégios nem exceções frente à lei e que quem quer que a viole deve ser severamente punido”.

Desde que assumiu a pre-sidência, Xi Jinping desen-cadeou uma dura campanha contra a corrupção e os favorecimentos ilícitos, que já puniu um grande número de acusados, entre eles, o ex-ministro da Segurança Pública, Zhou Yongkang, condenado em 2015 à prisão perpétua.

O discurso enfadonho do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, re-cheado das mais delirantes reclamações contra o gover-no chinês, foi rebatido de imediato por Pequim, que condenou a “difamação” e a “estigmatização” com que estava impregnado.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying disse que os EUA “lançaram acusa-ções sem qualquer base contra a política interna e externa da China e caluniou-a, garantin-do que a China interferisse nos assuntos internos e nas eleições dos EUA”. “Isso nada mais é do que falar sobre boa-tos, confundir o certo com o er-rado e inventar algo do nada”, afirmou Hua, frisando que “é muito ridículo que os Estados

Unidos estigmatizem seus in-tercâmbios e sua cooperação normal com a China como uma interferência chinesa em seus assuntos internos”.

Mike Pence não somente reiterou as suposições feitas recentemente por Donald Trump na ONU - de que a China tentou interferir na “democracia” americana -, como acusou Pequim de utilizar o comércio interna-cional, a expansão de seu exército e a pressão diplomá-tica para tentar aumentar sua influência às custas de Washington. Ao vivo e a co-res uma repetição da mesma surrada cantilena usada an-teriormente contra a Rússia.

Completamente desco-lado da realidade, Pence disse que a China planeja o roubo “à grande escala da

tecnologia dos EUA”. “Um alto funcionário de nossos serviços de inteligência me disse nesta semana que o que a Rússia está fazendo não se compara ao que a China está fazendo em todo o nosso território”, surtou.

As diatribes de Pence foram lançadas em meio a relatos de que, por meio de exercícios de suas tropas durante uma semana no Mar da China Meri-dional e no Estreito de Taiwan, o Pentágono vai fazer “uma demonstração global de força como um alerta para a China e demonstrar que os EUA estão preparados para deter e combater suas ações militares”.

Na semana passada, um navio de guerra chinês quase abalroou um navio de guerra norte-americano que folgou demais.

A Índia formalizou a com-pra dos avançados sistemas antiaéreos russos S-400 du-rante a visita de dois dias a Nova Delhi do presidente Vladimir Putin, em que a parceria estratégica dos dois grandes países foi reafir-mada, apesar das pressões diretas de Washington, que decretou sanções contra a compra de armas russas.

“A associação estratégica particularmente privilegiada entre a Índia e a Rússia é im-portante não só para nossos dois países, mas também é de grande importância para o mundo multipolar”, afirmou o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, ao recepcio-nar Putin. “Os governos e os povos da Rússia e da Índia sempre estiveram ligados por fortes ligações de amizade, respeito mútuo e simpatia”, afirmou Putin. A visita ocor-reu nos dias 5 e 6.

Foi assinado um contrato de fornecimento de cinco sistemas S-400, com entregas previstas para começar em 2020, no valor de US$ 5,4 bilhões. Nova Delhi receberá cinco batalhões do sistema, com um batalhão normalmente consistindo de oito lançadores, 112 mísseis – de alcance até 400 km – e os veículos de comando e suporte, mais os radares.

O chefe do Estado-Maior do Exército indiano, general Bipin Rawat, ao retornar de uma visita de seis dias a Moscou assinalou que seu país sabe das sanções “que

podem ser aplicadas contra nós [por Washington], mas estamos buscando uma po-lítica independente”.

A cooperação indo-russa também se aprofundará na energia nuclear para fins pacíficos, com a estatal Rosatom construindo seis novos reatores nucleares no país. Outra área em que se avançou foi na cooperação na esfera do cosmo, com a corporação espacial russa Roscosmos auxiliando no desenvolvimento de um programa espacial indiano tripulado e de sistemas de navegação. “A parte indiana nos contatou com uma so-licitação sobre a implemen-tação de seu próprio projeto para garantir o lançamento de um cosmonauta indiano ao espaço em 2022”, assina-lou o vice-primeiro-minis-

tro russo, Yuri Borisov.Os dois países também

anunciaram a disposição de triplicar o volume de comércio entre a Rússia e a Índia até 2025 – hoje em US$ 10 bi -, segundo o mi-nistro do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Mak-sim Oreshkin. Também o presidente do segundo maior banco russo, VTB (estatal), Andrei Kostin, apontou que os bancos russos estão pron-tos para negociar com Nova Delhi em moedas nacionais, rublos e rúpias. Empresas indianas também podem vir a participar dos novos proje-tos russos de gás natural li-quefeito no Extremo Oriente e no Ártico. “Agradecemos o interesse das companhias de energia indianas em expan-dir seus negócios na Rússia”, declarou Putin.

Num comício no Missis-sipi, o presidente Donald Trump resolveu fazer um comercial de que os países ocupados têm que pagar mais aos EUA pela “prote-ção”, e pegou pesado com os feudais da Arábia Saudita. “Eu amo o rei Salman, mas eu disse: ‘Rei, estamos pro-tegendo você, você não pode ficar lá por duas semanas sem nós. Você tem pagar pelos militares, você tem que pagar”. Antes Trump reclamara dos “nossos acor-dos militares em que prote-gemos as nações ricas e não

somos reembolsados”.O príncipe herdeiro

saudita, Mohammad bin Salman, conhecido no Oci-dente por MBS, respondeu no sábado (6) dizendo tam-bém “amar trabalhar com Trump e os EUA”, mas asseverou que a Arábia Saudita poderia “sobrevi-ver 2 mil anos” sem a ajuda dos EUA e não enfrentar uma guerra civil como a América e, que além disso era um país que existia há mais tempo.

“Nós não vamos pagar nada em troca de nossa

segurança, nós pagamos por todo o armamento que os EUA nos forneceram, não foi de graça”, disse o príncipe. Ele acrescentou que, quando se trata de pensar em exemplo de ge-renciamento de sucesso na mudança social, ele é decididamente “a América por último” e lembrou a guerra civil para dar fim à escravidão, em entrevista à Bloomberg. “Aqui estamos tentando nos livrar do ex-tremismo e do terrorismo sem uma guerra civil e sem impedir que o país cresça”.

A aprovação de Kavanaugh à Suprema Corte nos EUA provocou muitos protestos. Além de ajudar a oficializar a tortura, também apoiou o cínico ataque à Constituição, o chamado Ato Patriótico

AFP

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O caminho até a Constituinte: a oposição derrota a ditadura em 1974 - (parte 1)

ESPECIAL

ALENCAR FURTADO

As eleições de 1974, realizadas no dia 15 de novembro daquele ano, foram uma virada na situação política do país. Pela primeira vez, a ditadura – isto é, o seu partido, a Arena – foi derrotada, nas urnas, de Norte a Sul do país.

Nas eleições, em 22 Estados, para o Senado, a oposição venceu em 16: São Paulo, Guanabara, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Ce-ará, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Paraná, Rio de Ja-neiro, Sergipe, Acre, Santa Catarina, Amazonas e Rio Grande do Norte.

Na Câmara, a bancada da opo-sição passou de 87 deputados para 160.

E, mais, a oposição fez maioria nas Assembleias Legislativas de seis Estados: São Paulo, Guanaba-ra, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Amazonas e Acre.

A ditadura conseguira manter os governos desses Estados – com exceção de um: o Estado da Guanabara, antiga capital federal, isto é, a cidade do Rio de Janeiro –

O repúdio do povo ao regime jamais ficara tão claro desde as passeatas de 1968 – ano que terminou com a decretação do Ato Institucional nº 5, a 13 de dezembro, inclusive com o fe-chamento do Congresso.

Seguiu uma intensa e sangui-nária repressão – ao mesmo tem-po em que a propaganda oficial alardeava o mal chamado “milagre brasileiro”, baseado na concentra-ção de renda, no arrocho salarial, no privilégio às multinacionais, na deformação da economia, tendo como setor principal da indústria a produção de bens de consumo duráveis (sobretudo automóveis), dominado por grandes monopó-lios estrangeiros.

O desaguadouro dessa situ-ação foi o par tido da oposição à ditadura – o MDB, que, natu-

ralmente, nada tem a ver com uma sigla semelhante, que hoje assombra os corredores do Con-gresso e do Planalto.

Dentro deste partido, formou-se o grupo dos “autênticos”, reunindo os parlamentares mais decididos na luta contra a ditadura. Os “au-tênticos” reuniam homens como Alencar Fur tado, Marcos Freire, Lysâneas Maciel, Francisco Pin-to, Marcondes Gadelha, J. G. de Araújo Jorge, Freitas Nobre, Alceu Colares, Pais de Andrade.

No dia 3 de dezembro de 1974, um dos mais eminentes “autênti-cos”, Alencar Fur tado, que depois seria líder da oposição na Câmara – e ficaria na História, também, por ser o últ imo parlamentar cassado pela ditadura, depois de denunciar, pela TV, a tor tura nos órgãos de repressão do regime – subiu à tribuna da Câmara para apresentar sua avaliação, que era comum aos demais “autênticos”, do resultado das eleições.

É este o discurso que hoje publi-camos, notável, entre outras razões, por denunciar a ligação direta do regime ditatorial com o domínio do capital estrangeiro no Brasil.

Resta dizer que, naquele mesmo ano, com o país em crise – o “mila-gre” durou muito pouco – Geisel iria implementar o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND).

A oposição não ignorava essa mudança, que é mencionada expli-citamente por Alencar Furtado.

De certa forma, podemos dizer que a vitória nas eleições de 1974 foi o primeiro resultado de uma nova tática na luta contra a ditadura, que iria desembocar em sua derrubada, na Constituinte – na qual Alencar Furtado, e outros seus companhei-ros do antigo grupo “autêntico”, teriam relevante participação – e na Constituição de 1988.

C.L.

O povo lota a Esplanada dos Ministérios na instalação da

Constituinte, no dia 1ºde fevereiro de 1987

s comportas do civismo nacional se abriram nesse 15 de novembro que passou. Na ma-nifestação das urnas há um complexo de reações populares me-recedoras de profundas reflexões. Bem por isto,

o momento político eleitoral que vivemos merece não somente uma análise de colorido parti-dário, porém é o mais propício a uma identidade de comporta-mento, a fim de que possamos chegar a estuários comuns de brasilidade.

O Brasil precisa de todos nós. O instante nacional re-quer, sobretudo, patriotismo. O patriota civil e o patriota fardado são homens comuns, e o patriotismo de um não difere do patriotismo de outro.

Urge uma ação comum para alcançarmos os objetivos nacionais, simbolizados pela autodeterminação, justiça social, liberdade, democracia e desenvolvimento.

A nacionalidade não se cons-trói na grandeza dos sonhos dos seus filhos, com o país crescendo para o desenvolvimento es-trangeiro. Um enriquecimento setorial não é brasílico, quando vemos, de um lado, milhões desempregados, esfaimados e doentes, constituindo-se em le-giões imensas de desesperados, e, de outro, o enriquecimento, de braços com o progresso eco-nômico de minorias agraciadas.

Agrava-se ainda o quadro bosquejado quando se vê a liberdade arrebatada, como fórmula profícua e eficaz de ação permanente para manutenção de bastardos privilégios. Ontem, em nome da liberdade se negava o pão; hoje, em nome do pão se nega a liberdade. Mas a História ensina que os que prometem pão para só depois conceder a liberdade, têm negado ao povo liberdade e pão – num dizer de um líder civil da Revolução.

Há os que, a pretexto de Se-gurança, sacrificam a Liberdade, mas Segurança e Liberdade sustentam-se ambivalentemen-te. Toda vez que a Liberdade

é atingida, a Segurança está ameaçada; como sempre que a Segurança é afetada, a Liber-dade é atingida. Segurança e Liberdade irmanizam-se numa coexistência necessária. Pátria sem Segurança, baderniza-se; Pátria sem liberdade, vira cadeia.

Não se prestigia a Nação, conduzindo-a por teses conde-nadas. Assim é que o estímulo irracional ao capital estrangeiro torna-se nocivo, e de tal forma tem sido abrangente que, se não for bridado, afetará até mesmo, a Segurança Nacional.

A cumplicidade dos interes-ses dominantes com o capita-lismo alimenta um controle po-lítico cada vez mais autoritário para que o desenvolvimento seja excludente, grupal e antirracio-nal, no que diz respeito à forma de organização econômica.

Esquecem, no seu fisiologis-mo absorvente e exclusivista, a figura do homem e o peso das estruturas sociais, que jamais suportarão os encargos totais do desenvolvimento, nem se subme-terão à tutela permanente dos seus insaciáveis manipuladores.

APÁTRIDA

A nossa ação política investe contra a divisão internacional do trabalho, condena as ditaduras envilecedoras, bem como as suas distorções que imoralizam. Combate o paternalismo do livre-cambismo, o subdesenvolvimen-to econômico, o imperialismo apátrida e prepotente e a rapi-nagem dos trustes que se erigem em superpotências dentro dos países, dominando-os política, econômica e militarmente.

O crescimento do PNB [Pro-duto Nacional Bruto] não retra-ta o desenvolvimento do povo quando este se apresenta pau-pérrimo em várias regiões e com verticais desníveis de renda; quando a política oferece uma falsa imagem de estabilidade, vez que permanentemente in-timidada por atos excepcionais que teriam de ser provisórios por serem eventuais; quando a justiça social não tem império, para que a convivência entre

o capital e o trabalho seja exal-tada, não apenas no aumento da produtividade, mas no bani-mento da espoliação do homem que emprega as suas energias criando a riqueza nacional.

O Brasil é fadado a ter uma liderança plasmada em bases mais justas, pela sua posição geográfica, pelas suas potencia-lidades ou pelo seu crescimento, mas, principalmente, se o Ho-mem, “medida de todas as coi-sas”, no dizer de Pitágoras, for o objeto principal do Governo, inspirado numa filosofia nacio-nalista de constante alcance so-cial, sem repúdio à Democracia e aos princípios éticos da vida.

Nacionalismo é razão, símbo-lo, mística e filosofia que oferece a coesão política mais sã. É a mística da lealdade nacional e a filosofia de um Governo que, se tem a Nação simbolizada na maior projeção da vida, tem no homem a razão de ser da Pátria.

Ser nacionalista é sobrepor os interesses do Brasil acima de quaisquer outros, mesmo os de caráter sentimentais, ideo-lógicos ou materiais. Traduz-se num ideário de sólido lastro para a consecução dos objetivos nacionais permanentes.

O malogrado Presidente John Kennedy dirigiu aos seus concidadãos este apelo:

“Não pergunteis à vossa pátria o que pode ela fazer por vós; perguntai a vós mesmos o que podeis fazer por ela.”

E entre nós, muitos anos antes de Kennedy, o General Manuel Rabelo, com o mesmo pensamento dirigia-se assim aos seus camaradas de armas:

“Quando fordes designados para uma missão não perguntais que vantagens tereis; perguntais que deveres vos incumbe.”

Temos missão e deveres a cumprir.

Os resultados do pleito de novembro pedem análise e meditação. Constituiu-se no episódio cívico mais edificante em termos de manifestação popular e numa grande lição ao Governo, para que, ao invés de reprimir as aspirações popula-res, as convoque sempre para as tarefas de construção nacional.

PORTA-VOZ

O MDB foi porta-voz do tra-balhador que, desenvolvendo o Brasil, vive desintegrado do desenvolvimento; do estudante que, oferecendo idealismo e cul-tura, vive quatro-setesseteado; do mutuário agiotado pelo BNH, abandonando a casa dos seus sonhos ou sendo dela despejado; da pequena e média empresas, absorvidas ou esm--agadas na jungle da competitividade; do assalariado que carrega nas costas este País e, num clamor surdo de injustiçado, vive enri-quecendo quem já é rico, embora permaneça doente e subnutrido e dessindicalizado, não podendo nem reivindicar; do comércio e da indústria, recordistas em concordatas e falências; dos que percebem salários, vencimentos e soldos erodidos pela inflação que importamos, que expor-tamos e que fabricamos; do lavrador flagelado pelas pragas e fatores climáticos, e pela ação ministerial comprometedora que avilta o preço da sua pro-dução e favorece grupos econô-micos que ganharam bilhões à sua custa; dos que desfizeram orçamentos familiares inves-tindo na Bolsa de Valores sob estímulos do Governo.

E ainda: a correção monetá-ria galopando com a desvalori-zação da moeda que, este ano, em onze meses, foi dez vezes desvalorizada.

A corrupção, campeando fagueira, numa sem-cerimônia sem tamanho e implantada em organismos oficiais, em compras no exterior, em pontes famosas em trechos pavimentados ou em operações diversas malbarata-doras do dinheiro público.

O descompasso no desenvol-vimento entre o Norte e o Sul do País, acentuando progressi-vamente os desníveis regionais.

A censura desinformando o povo, para que a verdade não seja conhecida; a repressão desvairada empolgando setores de responsabilidade pública, afrontando a intangibilidade dos direitos da pessoa humana, erguendo desnecessárias barrei-ras de ódio, numa Pátria que só tem irmãos.

A necessidade transforman-do virgens em prostitutas e a miséria virando criminalidade.

A liberdade, vigiada demais, e o arbítrio, plenipotenciário.

Homens públicos gangre-nando de servidão e desamor às instituições, e os magnatas do poder, impondo e dispondo, con-trapondo-se e sobrepondo-se às lideranças legítimas e à vontade do povo, num repasto autocráti-co e egoístico abominável.

E aos açoites dessa tormenta social, econômica e política, o povo compareceu às urnas, la-vrando a sentença condenatória inapelável que o voto transfor-mou no grande veredictum.

O SR. MARCONDES GA-DELHA: Nobre Deputado Alencar Furtado, ou muito me engano ou estamos diante de um dos grandes momentos da vida política nacional. De um lado, o povo desmontou um mito carinhosamente elaborado pelos bem-pensantes de todas as épocas: o de que o povo pobre é incapaz de sustentar os valores democráticos. De outro, o Go-verno aceita, assegura e garante o resultado adverso, no mesmo passo em que a Oposição, pela sua palavra altaneira, segura, elevada e principalmente sere-na, mostra-se digna e merece-dora dos resultados auferidos. Creio que este é o marco zero, o toque véspera! Do novo modelo político com que sempre sonha-mos, plasmando uma sociedade democrática, pluralista e aberta, à altura das mais vivas tradições de nosso povo. E V. Exa. me torna, neste instante, orgulho-so de ser seu companheiro de bancada e seu irmão de pensa-mento político. Mostra V. Exa. que não somos mais “apenas a meia dúzia de enfants enragés que tudo reclama, que tudo contesta”; que não somos os “revanchistas”, como alguns se acostumaram a nos apodar, mas

que somos definitivamente um Partido político profundamente identificado com as necessidades do povo brasileiro e preocupado com o futuro da Nação, à altura, portanto, de participar deci-sivamente na consecução dos objetivos nacionais. Tem V. Exa. os meus parabéns, e gostaria que acrescentasse às inúmeras explicações para a vitória da Oposição este pequeno subsídio, não à guisa, naturalmente, de explicação, mas talvez como um dos fatores da nossa vitória: é que o MDB, sendo um Partido que basicamente reclama o pluralismo, se comportou como se aceitasse, antes do seu con-corrente, a realidade nacional do bipartidarismo, porque procu-rou arrimar toda a sua linha de campanha basicamente naquilo que é essencial ao bipartida-rismo – a opção programática. Defendemos teses, defendemos princípios, pontos de vista, ao passo que o nosso concorrente insistiu em alinhar o eleitorado em torno de lideranças mais ou menos carismáticas, mais ou menos ultrapassadas, não sen-tindo a avalanche renovadora do nosso tempo. Muito obrigado.

O SR. ALENCAR FURTA-DO: Eu que agradeço a V. Exa. o aparte, recolhendo-o como subsídio valioso à minha oração, até porque na irmandade do nosso pensamento, o instante nacional exige envergadura de comportamento em termos de responsabilidade. Sei que todos os pares do nosso colegiado eme-debista sentem, neste nível, sua responsabilidade maior frente à República.

E foi por isto que a Nação, sofrida e represada nos seus anseios, apoiou aqueles que por ela falavam, identificados com a democracia social, o nacionalis-mo e a liberdade.

Mas o Governo imprescinde do apoio popular, que neste plei-to não recebeu, para enfrentar os gigantescos problemas que atormentam o País.

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