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PT E CNBB, 35 anos de união estável Escrito por Percival Puggina | 25 Fevereiro 2015 Artigos - Governo do PT Quando o PT chegou ao governo, esse mesmo Lula que os amigos leitores conhecem tão bem quanto eu, era apreciado pelos operadores da CNBB como um anjo do Senhor caído em Garanhuns por descuido dos principados celestes. Existem partidos políticos que se especializam em xingamentos. Chutam adversários sem dó nem piedade da canela para cima e da canela para baixo. São indulgentes apenas consigo mesmos. Afagam seus malfeitores e não há culpas que os leve a pedir desculpas. Na maioria, são pequenos partidos radicais, com militantes e dirigentes mal educados, rancorosos, socialmente desajustados. Há, no entanto, um grande partido que corresponde perfeitamente a essa descrição. Com tais métodos, chegou ao poder e governa o país há 12 anos (isso se não contarmos os últimos quatro de FHC durante os quais o PT influenciou fortemente decisões do governo). Pois bem, observe as pautas petistas, suas reivindicações e as postulações dos grupos sociais que o partido comanda no estalar dos dedos e ao megafone. Examine a essência da ideologia da legenda nos textos que produz, no conteúdo de seus sites e nas resoluções de seus congressos. Procure identificar o rumo perseguido pelas proposições legislativas dos parlamentares do partido. Vejam com que tipo de governos e regimes se relacionam. Siga por essas trilhas e perceberá que o PT mantém com a Igreja Católica (que não se confunde com a CNBB) e com sua doutrina religiosa e moral uma relação de irredutível divergência e animosidade. A distância que separa o petismo da Igreja é intransponível.

Campanha Da Fraternidade 2015 e Reforma Política

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O outro lado das campanhas da fraternidade promovidas pelos bispos vermelhos da CNBB

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PT E CNBB, 35 anos de unio estvel

Escrito por Percival Puggina | 25 Fevereiro 2015 Artigos - Governo do PT

Quando o PT chegou ao governo, esse mesmo Lula que os amigos leitores conhecem to bem quanto eu, era apreciado pelos operadores da CNBB como um anjo do Senhor cado em Garanhuns por descuido dos principados celestes.

Existem partidos polticos que se especializam em xingamentos. Chutam adversrios sem d nem piedade da canela para cima e da canela para baixo. So indulgentes apenas consigo mesmos. Afagam seus malfeitores e no h culpas que os leve a pedir desculpas. Na maioria, so pequenos partidos radicais, com militantes e dirigentes mal educados, rancorosos, socialmente desajustados. H, no entanto, um grande partido que corresponde perfeitamente a essa descrio. Com tais mtodos, chegou ao poder e governa o pas h 12 anos (isso se no contarmos os ltimos quatro de FHC durante os quais o PT influenciou fortemente decises do governo).Pois bem, observe as pautas petistas, suas reivindicaes e as postulaes dos grupos sociais que o partido comanda no estalar dos dedos e ao megafone. Examine a essncia da ideologia da legenda nos textos que produz, no contedo de seus sites e nas resolues de seus congressos. Procure identificar o rumo perseguido pelas proposies legislativas dos parlamentares do partido. Vejam com que tipo de governos e regimes se relacionam. Siga por essas trilhas e perceber que o PT mantm com a Igreja Catlica (que no se confunde com a CNBB) e com sua doutrina religiosa e moral uma relao de irredutvel divergncia e animosidade. A distncia que separa o petismo da Igreja intransponvel.No entanto... no entanto..., o Partido dos Trabalhadores e a Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil, h 35 anos, vivem em unio estvel, garantidora no apenas de direitos, mas de afetos, regalias e privilgios. Todas as pastorais ditas sociais da CNBB trabalham ombro a ombro com o partido, de modo militante e diligente. Ao longo dos anos, quando o PT era oposio, os documentos da Conferncia que tratavam de questes polticas e sociais atacavam os governos reproduzindo fielmente o discurso petista. O idioma era e prossegue sendo petista. Estridentes sutilezas que muitas vezes denunciei! Nas reunies de pastoral a que compareci, regional e nacionalmente nos anos 80, falava-se muito mais de Lula e PT do que de Jesus Cristo e Igreja. Quando o PT chegou ao governo, esse mesmo Lula que os amigos leitores conhecem to bem quanto eu, era apreciado pelos operadores da CNBB como um anjo do Senhor cado em Garanhuns por descuido dos principados celestes.Passaram-se 12 anos e as coisas esto como se sabe. A ltima eleio transcorreu como se viu. A presidente enganou o eleitorado tanto quanto se assistiu. O partido e seus associados afundaram l onde o olfato acusa. E a CNBB, na obscura alvorada do segundo mandato de Dilma, inicia a Campanha da Fraternidade de 2015 falando em Igreja e Sociedade, com destaque para os temas da corrupo e Reforma Poltica.timo, mas, corrupo de quem, senhores bispos? Nem um pio. Corrupo com sujeitos ocultos, em instncias no sabidas, a sotto voce como diria o maestro Ricardo Muti. Corrupo to impessoal e neutra quanto a voz passiva. A mesma instituio, primeiro atribua a corrupo infidelidade partidria e se empenhou nisso como se fosse a salvao da moralidade pblica. Em seguida, mobilizou cus e terras por uma lei da ficha limpa (tremendo sucesso, no?). Agora, sem culpados nem fatos a discernir, e sem credenciais que a qualifiquem para propor temas de Direito Constitucional, Teoria do Estado e Sistemas Eleitorais, joga sobre a falta de uma reforma poltica a causa essencial das venalidades nacionais. Para extingui-la, pe na mesa uma proposta de reforma poltica e um oneroso plebiscito que so muito parecidos, mas muito mesmo, com o que o PT tirou da manga em 2013. E, por isso, tem total apoio desse partido.Resumo da mensagem para o mau entendedor: temos corrupo porque a reforma poltica, apesar dos esforos petistas, no sai do papel. Assim, os corruptos e suas legendas emergem das barras dos tribunais e das delaes premiadas e vo comandar o pretendido plebiscito sobre reforma poltica, numa espcie de Teoria Geral da Corrupo. Certamente eu tambm quero uma reforma poltica. Mas ela nunca ser como proponham a CNBB, a OAB e o PT, porque, no fundo, politicamente, tudo a mesma coisa.

Governo Dilma: CNBB absolve os pecados? OAB afirma a inocncia?Escrito por Percival Puggina | 28 Fevereiro 2015

CNBB e OAB procuraram tirar a corrupo dos ombros dos corruptos e jog-la em quem no pode ser algemado: o modelo poltico adotado no pas.

As duas entidades lanaram na manh desta quarta-feira um Manifesto em Defesa da Democracia. Por que? Porque segundo ambas, a democracia est em perigo devido s "graves dificuldades poltico-sociais" enfrentadas pelo pas. A nota em que divulgam o evento reafirma a importncia da ordem constitucional e da normalidade democrtica. A sada para a crise passa pelo que denominam uma urgente "Reforma Poltica Democrtica para corrigir tais distores que ameaam a democracia e cerceiam a participao efetiva do povo nas decises importantes para o futuro do pas". Sempre que esse pessoal fala em povo, reitero, esto falando apenas de si mesmos.Bl-bl-bl. O que a CNBB e a OAB pretendem socorrer o governo petista que meteu ps e mos no lodaal da corrupo. Vm em auxlio de quem levou o pas do nanismo diplomtico para o nanismo econmico. Propem-se a ajudar a presidente, a mesma senhora que, falando em tom irnico, como se tivesse descoberto a senha que abre os portes da Papuda, atribuiu os escndalos da Petrobras a supostas omisses de FHC em 1996. Feito! No bela e pura, a Braslia oficial, estrelada, togada, prelada ou engravatada? Tudo se passa como se de 2003 a 2015, o governo petista, inspirado no regime de partilha e nos contratos de explorao do pr-sal, no houvesse institudo um regime paralelo de partilha e abonado contratos de explorao dos recursos da empresa entre os partidos da base e seus prepostos.Nesta quarta-feira, CNBB e OAB procuraram tirar a corrupo dos ombros dos corruptos e jog-la em quem no pode ser algemado: o modelo poltico adotado no pas. A primeira entidade absolver os pecados? A segunda far prova da inexigibilidade de outra conduta? Ou seja, a mensagem resultante a de queos malfeitos ocorrem pela falta de uma reforma poltica e em nome da governabilidade (andaram lendo o Luis Nassif). Ora, senhores, sobre isso eu j escrevi tantas vezes! Com uma diferena essencial: ao afirmar que nosso modelo institucional corrupto e corruptor, ficha suja, eu jamais me vali disso para lavar e enxaguar a ficha individual de quem quer que seja. Uma coisa uma coisa e outra coisa, etc. e tal.E tem mais. A CNBB, ao opinar sobre Reforma Poltica, fala do que no entende nem tem o dever de entender. Mas a OAB tem obrigao de saber que no ser alterando as regrinhas sobre financiamento de campanha e mudando o modo de eleio parlamentar que vamos remover os principais vcios de um modelo poltico que mistura Estado, governo e administrao, transformando as funes pblicas em capital poltico, para render juros e correo monetria aos partidos do poder.www.puggina.org