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boletim informativo #63 SETEMBRO 2008 ACIDI, I.P. NELSON ÉVORA CAMPEÃO PORTUGUÊS GAIC APOIAR O CONSUMIDOR IMIGRANTE KATTIA HERNANDEZ A IMIGRAÇÃO NA TV

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boletim informativo #63SETEMBRO 2008

ACIDI, I.P.

NELSON ÉVORA

CAMPEÃO PORTUGUÊSGAIC

APOIAR O CONSUMIDOR IMIGRANTEKATTIA HERNANDEZ

A IMIGRAÇÃO NA TV

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BI.SETEMBRO.08#63� 2

# EDITORIAL

Saber Separar o trigo do joio

Rosário Farmhouse

Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural

Neste tempo de Verão têm sido muitos os acontecimentos que têm gerado alguma insegurança e aumentado exponencialmen-te a discriminação, o racismo e a xenofobia, levando a crer que tudo o que acontece de mal no nosso País está ligado às questões da integração de imigrantes ou grupos étnicos.

Na verdade, embora de forma menos visível que os fenómenos negativos, que são sempre mais ampliados, muito se tem feito ao nível da integração, o que tem colocado Portugal em lugar de destaque a nível europeu (2º lugar no índice MIPEX, realizado pelo Migration Policy Group nos finais de 2007).

Para além do aumento de mais de 30 % do valor do apoio às associações de imigrantes (em projectos que visam a integra-ção), contamos ainda com o Programa Escolhas, que está em 121 bairros sócio-economicamente vulneráveis.

Este Programa tem sido a oportunidade para que muitas crianças e jovens (45.100) possam escolher um futuro diferente, rompen-do com o ciclo de pobreza integral que atinge as suas famílias e, assim, construírem uma vida diferente para si e para os seus descendentes. Mas, sendo um Programa que aposta nas crianças e jovens, os seus frutos só iremos colher mais tarde. Há que saber esperar e não desanimar perante as adversidades e perante uma opinião pública influenciada pelos media, onde tudo o que há de negativo na nossa sociedade se deve aos “estrangeiros”.

Num estudo elaborado pelo Observatório da Imigração em 2005 prova-se que os estrangeiros não cometem mais crimes que os portugueses, e que em crimes iguais têm penas superiores.

É por isso importante que Portugal saiba separar o trigo do joio, para que continue a ser um exemplo para os outros países da Europa e a contrariar a tendência que se vive actualmente de fechamento ao outro. Sempre que a Europa se fecha, entra em perda, empobrece, passando ao lado de toda a importante rique-za e diversidade trazida pelas comunidades imigrantes.

Mas o futuro da Europa apenas é imaginável nesta diversidade e com esta possibilidade de acolher novas gentes e novos talentos, que possam contrariar decisivamente o envelhecimento das populações e a falência dos sistemas de protecção social e rea-lizar uma melhor prestação nas competições desportivas mun-diais, como se pode observar durante os jogos olímpicos!

Ao ganhar em Pequim a medalha de ouro olímpica na modali-dade do triplo salto, o atleta Nelson Évora deu uma grande ale-gria ao País inteiro, consagrando-se como Embaixador do Ano Europeu do Diálogo Intercultural.

Um futuro melhor, para todos nós, passa pelo acolhimento e pela integração dos imigrantes. Uma área em que Portugal se tem esforçado, com resultados, por dar o exemplo.

Sempre que A europA Se feChA, entrA em perDA,

empobreCe, pASSAnDo Ao lADo De toDA A ImportAnte

rIquezA e DIverSIDADe trAzIDA pelAS ComunIDADeS

ImIgrAnteS.

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nElSOn�����évORa

“é�BOM�pOdER�daR�ESTa�alEgRIa�aOS�pORTuguESES”

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“É bom poder dar esta alegria aos portugueses”. Foi com esta frase e com a bandeira portuguesa aos ombros que Nélson Évora, o quarto português a con-quistar uma medalha de ouro olímpica, saiu no dia 21 de Agosto da pista de Pequim.Évora conquistou a medalha de ouro no triplo salto, com um salto de 17,67 metros, batendo o britânico Philips Idowu, campeão mundial de pista coberta, e Leevan Sands, das Bahamas. Este atleta do Benfica, nas-cido na Costa Do Marfim, dedicou esta medalha a todos os portugueses e à sua família, prometendo persistir nos seus esforços para alcançar melhores resultados no futuro. O recém-coroado campeão olímpico português, que passa a fazer companhia a Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro, considerou que estar em tal galeria de heróis é um enorme orgulho.

Das brincaDeiras em ODivelas aO OurO OlímpicO

Nelson Évora, filho de cabo-verdianos, nas-ceu na Costa do Marfim a 20 de Abril de 1984, onde o pai trabalhava, e chegou a Portugal

com cinco anos, tendo-se naturalizado por-tuguês aos dezoito. Vive em Odivelas desde os seis anos e foi aí que começou a prati-car atletismo. O desporto escolar na Escola Secundária da Ramada introduziu-o ao atle-

tismo e com dez anos ingressou no Odivelas Futebol Clube, onde conheceu o seu treinador

de sempre, João Ganso. Mais tarde passou para o Sport Lisboa e Benfica, mantendo o treinador,

que o descreve como alguém que está sempre muito bem disposto, é um bom amigo e muito

humilde, esforçando-se sempre por dar tudo pelo desporto

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De 4 a 7 de Fevereiro de 2009 realiza-se na Universidade do Minho o X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, dedicado ao tema “Sociedades Desiguais e Paradigmas em Confronto”. O desafio que se coloca aos participantes será o de, com base em resultados de estudos empíricos e reflexões teóricas, nos mais diversos espaços e modalidades, contri-buir para problematizar, analisar e aprofundar o conhecimento dessas realidades na época actual de globalização, confrontando as diversas mundividências e paradigmas teóricos. Os participantes poderão, numa base pluridisciplinar, contribuir com diagnósticos e propos-tas no sentido de diminuir o fosso no desenvolvimento desigual e minorar os problemas da pobreza no mundo, a fim de que classes e categorias sociais mais desprovidas possam aceder a recursos básicos, e realizar os direitos de cidadania, designadamente nos espaços lusófonos. Os enfoques sobre as diversas formas de desigualdade e exclusão social, nome-adamente territoriais, de classe, de género, geracionais, étnicas, linguísticas, educacionais, culturais e outras, são cruciais e relevantes não só pelos problemas teóricos que levantam, como sobretudo pelas implicações socio-políticas e pelas repercussões práticas na vida quotidiana dos cidadãos.

Mais informações:

www.xconglab.ics.uminho.pt

unIverSIDADe Do mInho

CongreSSo LuSo-afro-braSiLeiro de CiênCiaS SoCiaiS

De 29 de Setembro a 1 de Outubro de 2008, a Associação Portuguesa de Demografia organiza em Lisboa o III Congresso Português de Demografia, nesta edição dedi-cado ao tema “O declínio demográfico: que mudanças?”. O congresso inclui um eixo temático sobre Migrações, Fluxos Internacionais e Integração Social. Imigração e reestrutura-ções demográficas, cenários migratórios e envelhecimen-to demográfico, imigração e dinâmicas regionais, análises prospectivas do envelhecimento demográfico e da imigração de substituição, migrações laborais e cooperação europeia, imigração dos países africanos de expressão portuguesa e serviços de saúde, imigração brasileira em Portugal, jovens descendentes de imigrantes, padrões de casamento entre os imigrantes, fluxos matrimoniais transnacionais entre brasi-leiras e portugueses, padrões de fecundidade e integração de imigrantes, etnicidade e espaço público urbano são algumas das questões em debate.

29, 30 de Setembro e 1 de Outubro de 2008

Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa)

III CongreSSo portuguêS De DemogrAfIA

“o deCLínio demográfiCo:

que mudançaS?”

BREvES

BI.SETEMBRO.08#63� 4

O DECLÍNIO DEMOGRÁFICOQUE MUDANÇAS?

Associação Portuguesa de Demografia

29, 30 de Setembro e 1 de Outubro de 2008

LISBOAFundaçãoCalouste

Gulbenkian

III CONGRESSO

PORTUGUÊS

DE DEMOGRAFIA

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A Rainha Silvia da Suécia e o Ministro das Migrações sueco, Tobias Billstrom, visitaram no dia 6 de Maio o Centro Nacional de Apoio ao Imigrante de Lisboa (CNAI), onde foram recebidos pelo Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, e pela Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural,

Rosário Farmhouse.

CnAI De lISboA BREvESConferênCia ‘’banCa e imigranteS’’ServIçoS bAnCárIoS

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O ACIDI promove, no próximo dia 8 de Setembro, uma conferência subor-dinada ao tema “Banca e Imigrantes”. Como abordam os Bancos o merca-do emergente que representam os imigrantes em Portugal? Que dificulda-des sentem estes ao recorrer aos serviços bancários? Que peso representam as remessas para os paises de origem? De que forma pode estar o crédito ao serviço da integração? Estas são algumas das questões que serão debatidas. O acesso dos imigrantes aos serviços financeiros em condições de efectiva igualdade com os cidadãos nacionais tem uma enorme importância para a sua plena integração. Com esta Conferência, o ACIDI visa aprofundar o conhecimento existente sobre as condições em que os diversos grupos de estrangeiros a residir e a trabalhar em Portugal, acedem aos serviços financeiros, mediante a identificação das barreiras para a equidade no acesso, bem como através da apresentação de boas práticas nesta área. A

Conferência, organizada em parceria pelo ACIDI e pelo Númena, decorrerá no Auditório do Centro de Informação Urbana de Lisboa (Picoas Plaza, Lisboa).

“promover A muDAnçA”

manuaL de diagnóStiCo e pLaneamento eStratégiCo

O ACIDI, através do Gabinete de Apoio Técnico às Associações de Imigrantes (GATAI), pro-

pôs-se testar um dos produtos resultantes do K’CIDADE (Programa de Desenvolvimento Comunitário Urbano, no âmbito da Iniciativa Comunitária EQUAL). O manu-al “Promover a Mudança – Percursos de Orientação para Organizações da Sociedade Civil”, foi concebido com o objectivo de disponibilizar de uma forma clara e sucinta as ferramentas necessárias para aplicar a metodologia de diag-nóstico e planeamento estratégico junto de organizações da sociedade civil.Com o objectivo de reforçar a divulgação e potenciar um maior esclarecimento sobre como participar nesta iniciativa, realizou-se no dia 22 de Julho, no auditório do CNAI Lisboa, uma sessão informativa destinada aos dirigentes e técnicos das Associações de Imigrantes reconhecidas pelo ACIDI, onde estiveram presentes cerca de 35 pessoas. Após uma introdução aos trabalhos realizada pela Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, reali-zou-se uma contextualização e apresentação do produto, da responsabilidade das técnicas do K’CIDADE, Ana Bandeira e Zita Carvalho, seguida de um testemunho por parte do Presidente da Assembleia-Geral da AFRUNIDO, António Sousa, partilhando a experiência da passagem pelo processo de diagnóstico e planeamento estratégico. Finalmente, a Coordenadora do GATAI, Ana Luísa Pimentel, realizou uma apresentação sobre as razões da incorporação deste produto no Gabinete de Apoio Técnico às Associações de Imigrantes.

promover o diáLogo interCuLturaL no Cnai

eSpAço AeDI

O Espaço AEDI, no Centro Nacional de Apoio ao Imigrante, em Lisboa, abre as portas à promoção do diálogo entre as diferentes culturas. Em nome do diálogo intercultural, este ano comemorado em toda a Europa, o ACIDI dedica um espaço à diversidade cultural existente em Portugal. Até finais de Agosto, esteve presente neste Espaço a expo-sição de fotografia de Eduardo Amaro sobre penteados tra-dicionais africanos. Paralelamente, realizaram-se mostras deste género de penteados. Ao longo de Setembro, o Espaço AEDI conta com a exposição “Colorir a Diversidade”, com a participação de cerca de 20 entidades de solidariedade social e alguns Projectos Escolas do Concelho de Loures. O Espaço AEDI está aberto a instituições ou associações que pretendam expor, ao longo de 2008, trabalhos que tenham como temática o diálogo intercultural. Os particulares podem também apresentar as suas obras, sendo apenas necessário contactar a equipa responsável, que se encarregará de selec-cionar os projectos em causa.

Para mais informações:

Equipa do Ano Europeu do Diálogo Intercultural

Rua dos Anjos, 66 – 1º

1150-039 Lisboa

Tel. 21 810 30 67

[email protected]

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projeCto InterCulturACIDADe

preSIDente DA repúblICA

maior partiCipação doS Cabo-verdianoS

BREvES

O Presidente português congratulou-se no dia 21 de Julho com a cooperação entre Portugal e Cabo Verde em matéria de imigração e garantiu tudo fazer para que os cabo-verdia-nos residentes no país tenham uma participação cívica na comunidade. Numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo cabo-verdiano, Pedro Pires, que se encon-trava em visita oficial a Portugal, Cavaco Silva lembrou que Portugal acolhe mais de 60 mil imigrantes de Cabo Verde, que têm dado um contributo significativo para o desenvolvi-mento económico e social. O Presidente da República acres-centou que Cabo Verde tem, neste momento, uma parceria com a UE e dessa parceria faz parte uma cooperação mais intensa, especialmente em matéria de imigração, apelando a que todos os cabo-verdianos que trabalham e vivem em Portugal para que tenham uma participação cívica intensa na sociedade portuguesa. Por seu lado, Pedro Pires considerou que a imigração irre-gular deve ser combatida, mas advertiu que isso requer uma cooperação entre os países de destino e os países de origem. Para o chefe de Estado de Cabo Verde, o facto de este país ter sido escolhido para um projecto piloto de parceria para a mobilidade para a imigração regular é um passo interessante e poderá vir a ser constituído como modelo no futuro.

Tradicional fornecedor de mão-de-obra para diferentes latitudes do mundo ao longo da sua história, Cabo Verde passou a ser, conforme refere em Julho a Revista África 21, não só um ponto de passagem mas também um país de des-tino da imigração. País extremamente apetecível do ponto de vista turístico, na mira dos grandes grupos hoteleiros e imobiliários, Cabo Verde vive actualmente uma grande expansão no sector da construção e grandes obras públicas. Como os cabo-verdianos continuam a emigrar, o mercado de trabalho na área da construção está a ser preenchido por tra-balhadores do continente africano, sobretudo provenientes da Guiné-Bissau e Senegal, mas também do Mali, Serra Leoa, Guiné-Conacri, Gana e Nigéria. Neste contexto, já existem na Praia, associações de imigrantes do Senegal e da Guiné-Bissau. E, como os imigrantes trazem sempre a sua cultura, surgiram em Cabo Verde mesquitas onde se observa o calen-dário religioso muçulmano.A mesma revista refere que não é só nas obras que traba-lham os imigrantes africanos em Cabo Verde, sendo habitual encontrá-los como vigilantes de obras ou guardas noctur-nos. Há ainda vendedores ambulantes, sapateiros de rua e comerciantes de artesanato africano, não se podendo ainda esquecer as sempre presentes lojas da comunidade chinesa presentes nas localidades de maior dimensão, que têm vindo a alterar os hábitos de consumo das populações.

CAbo verDe

um novo paíS de deStino da imigração

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BREvES

projeCto InterCulturACIDADe

A Rainha Silvia da Suécia e o Ministro das Migrações sueco, Tobias Billstrom, visitaram no dia 6 de Maio o Centro Nacional de Apoio ao Imigrante de Lisboa (CNAI), onde foram recebidos pelo Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, e pela Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rosário Farmhouse.

integração profiSSionaL doS médiCoS imigranteSportArIA

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menoreS em SItuAção IrregulAr

governo Lança Campanha de SenSibiLização

Foi publicada a 18 de Agosto, em Diário da República, uma Portaria que aprova o regulamento do programa integração profissional de médicos imigrantes. Esta portaria visa apoiar imigrantes licenciados em medicina, nacionais de Estados membros da União Europeia ou de Estados Terceiros, mas que tenham obtido a licenciatura fora da União Europeia, em países com os quais Portugal não tenha acordos de reconhe-cimento automático de habilitações, com formação realizada nos seus países de origem, e que desejam exercer funções médicas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde Português. A integração profissional destes médicos em estabelecimen-tos de saúde portugueses traduzirá o reconhecimento e a valorização efectivos das suas capacidades. O programa será coordenado pela Fundação Calouste Gulbenkian, executado pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados e financiado pelo Ministério da Saúde, sendo também parcei-ros as Faculdades de Medicina portuguesas e os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna, no sentido de facilitar o processo de integração profissional de cerca de 150 médicos imigrantes.

A Portaria pode ser consultada na Internet em:

www.acidi.gov.pt/docs/Noticias/PortariaIntegracao_medicosImigrantes.pdf

O Governo lançou, no início de Agosto, uma campanha de sensibilização com o objectivo de dar visibilidade ao artigo da lei que permite aos imigran-tes obterem autorizações de residência desde que os seus filhos tenham nascido em Portugal e frequentem o ensino pré-escolar, básico ou secun-dário. Esta campanha surgiu no primeiro aniversário da aplicação da Lei de Estrangeiros, também conhecida por Lei da Imigração, que entrou em vigor a 3 de Agosto de 2007. Segundo o secretário de Estado adjunto e da Administração Interna, José Magalhães, esta campanha vai permitir identificar o número de crianças que frequentam a escola e que estão em situação irregular e tirá-las da clandes-tinidade. Tão importante como esse objectivo, acrescentou, é retirar os pais dessas crianças da situação irregular em que se encontram. O Secretário de Estado sublinhou que o alargamento da concessão de autorização de resi-dência com dispensa de visto a estes menores e aos seu progenitores é mais uma porta de regularização excepcional previsto no novo regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional. A lei abre esta porta de regularização por razões éticas, para evitar que existam menores em situação de irregularidade, explicou o governante. A campanha de sensibilização, articulada pelo ACIDI e pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, tem vindo a ser divulgada através da rádio, televi-são, imprensa e Internet, nomeadamente através do site youtube.com.

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InStItuto nACIonAl De eStAtíStICA

CaSamentoS Com imigranteS dupLiCam em CinCo anoS

unIão europeIA

oS deStinoS doS imigranteS

O número de casamentos onde pelo menos um dos cônjuges é imigrante mais que duplicou em cinco anos, indicam dados revelados no dia 13 de Agosto pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Entre 2001 e 2005, a formalização de uniões envol-vendo estrangeiros a residir em Portugal passou de 3,6 por cento para 8,9 por cento do total de casamentos realizados em Portugal - aumentando de 2.093 para 4.332, uma subida de 107,8 por cento. Contrariamente, o total de matrimónios ao longo daqueles cinco anos baixou 16,6 por cento, de 58.390 para 48.671, indica a Revista de Estudos Demográficos do INE.Estas mudanças ocorrem num período em que o número de imigrantes subiu de 350.898, em 2001, para 414.717, cinco anos depois, mais 18 por cento. Além do aumento significativo dos estrangeiros que procuraram Portugal para viver, outro factor apontado pelos analistas do INE é o facto de quase três quartos terem menos de 40 anos e metade entre os 25 e os 39 anos, idades activas em que as pessoas estão mais predispostas naturalmente para o casamento. Ainda do ponto de vista estatís-tico, em dez anos (1996-2006) os estrangeiros a residir em Portugal aumentaram 137 por cento, de 172.912 para 409.185.O estudo incidiu sobre imigrantes com cinco origens: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Brasil e Ucrânia. Foram tidos em conta dados como as habilitações e a idade.

Em relação à análise realizada por país de origem e por sexo, o estudo refere a existência de estratégias matrimoniais distin-tas entre os grupos de imigrantes correspondentes aos fluxos de imigração mais antigos e os mais recentes. Os casamentos realizados em 2005 que envolveram um imigrante foram 4.332. De entre estes, aqueles em que um dos parceiros tinha origem brasileira foram 2.959. Maioritariamente (57,4%), era o cônjuge feminino que tinha essa nacionalidade. Por seu lado, as portuguesas são menos propensas a casar com um estrangeiro (foram apenas 17,9% das noivas). Nos casamentos com imigrantes, em 51,4% dos casos o cônjuge masculino é português, o que segundo as autoras do estudo poderá indiciar uma integração acentuada na comunidade portuguesa.

Segundo o Jornal de Notícias de 16 de Agosto, que citava núme-ros do INE, Portugal tinha, em 2005, 330 mil imigrantes em situ-ação regular, 3% da sua população. No conjunto dos 27 estados da União Europeia, era o 17º país com mais estrangeiros a viver no seu território. A Alemanha era, à altura, o país da UE com maior número de imigrantes: quase sete milhões e trezentos mil. Os dados referentes ao Panorama das Populações Estrangeiras nos 27 países da UE foram divulgados em Agosto pela revista de Estudos Demográficos do Instituto Nacional de Estatística. Es-panha era o segundo na lista, com quase três milhões e 400 mil imigrantes, seguida de França, Reino Unido e Itália. No fim sur-gia Malta, com 12 mil. Em termos quantitativos, Portugal ocupava o 13º lugar, a meio da tabela. Mas estes números podem ser vistos sob outro prisma: o peso percentual da comunidade imigrante na nacional. Neste

caso, a ordem dos países é totalmente diferente, passando a lista a ser liderada pelo Luxemburgo, com 162.285 imigrantes a constituírem quase 37% da população luxemburguesa. A Letónia e a Estónia eram os outros países com maior peso de estrangeiros: cerca de um quinto da sua população. No caso de Portugal, os 329.898 imigrantes em situação regular repre-sentavam apenas 3,11% da população nacional.

BREvES

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BREvESSemAnA DAS mIgrAçõeS

jovenS migranteS protagoniStaS da eSperança

aS migraçõeS Como uma dádivaO arcebispo da cidade angolana de Lubango, D. Zacarias Kamuenho, que em Agosto presidiu à peregrinação do Migrante e do Refugiado na cidade de Fátima, considerou que a religião deve estar atenta aos fenómenos que provocam as migrações. Na homilia da eucaristia que encerrou a pere-grinação internacional ao Santuário de Fátima, D. Zacarias Kamuenho apontou que na génese do fenómeno estão as alterações climáticas do planeta, a pobreza e a intolerância política. Referindo que a imigração não é um facto rotineiro, o arcebispo lamentou que, muitas vezes, essa situação seja convertida num pesadelo para os homens e mulheres do nosso tempo.Para o arcebispo de Lubango, a maior dificuldade dos migran-

tes é a sensação de pertencer a dois lugares, problema que não encontra apoio nas próprias comunidades nem, por vezes, nas instituições sociais, o que contribui para que os jovens se afastem dos seus valores. D. Zacarias Kamuenho disse ainda que a imigração é uma oportunidade oferecida a quem procura trabalho e uma vida melhor num país que não é o seu, mas também uma oportunidade para o país que acolhe o imigrante ou o refugiado,.O arcebispo recordou a mensagem proferida em Junho durante o Congresso da Pastoral para os Migrantes, no Quénia, quando renovou o pedido aos dirigentes políticos e aos agentes económicos, nacionais e internacionais, para uma maior atenção ao bem comum. Nessa ocasião, apelou para que a noção da justiça social não seja letra morta e se considere o Homem o primeiro património da humanidade, em toda a sua diversidade. Este trabalho, acrescentou, implica uma pedagogia comum, que se inicia na família e continua na escola, por forma a chegar a uma maturidade em que se considere toda a migração como uma dádiva.

ArCebISpo De lubAngo

A Mobilidade Humana é tema da peregrinação internacional de Agosto ao Santuário de Fátima, que teve início no dia 12 Agosto. Este ano, o tema foi “Jovens migrantes protagonistas da esperança”. Milhares de emigrantes portugueses e de estran-geiros a residir no nosso país marcaram presença neste evento, considerado pelos responsáveis da Igreja Católica como a demonstração de que a fé cristã derruba muros, abate frontei-ras e tem uma capacidade de união.O tema escolhido para a Semana Nacional das Migrações vem na sequência do apelo lançado por Bento XVI no Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. No contexto das actuais migra-ções, são os jovens que protagonizam os grandes movimentos na procura de espaço para construir a sua vida com mais dig-

nidade, defendeu o padre Francisco Sales Diniz, director da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), que coordenou o evento. Este responsável lembrou que mais de metade das pessoas que emigram são jovens que levam o sonho de construir uma vida com dignidade. Assim, acrescentou, é fundamental fazer um esforço para não frustrar a esperança destes jovens, que trazem também a possibilidade de renovação de comunidades cristãs que estão muito envelhecidas.Por seu lado, o presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, D. António Vitalino Canas, reconheceu neste encontro existir um aumento dos pedidos de apoio de imigrantes às instituições sócio-caritativas da Igreja Católica, aos quais esta procura dar resposta em parceria com as instituições do Estado, organizações sociais e autarquias.

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remeSSAS De ImIgrAnteS

primeira queda em dez anoS

eStuDo

diverSidade étniCa na eSCoLa promove harmonia

De acordo com o jornal Semanário Económico de 25 de Julho, as remessas dos imigrantes que residem e trabalham em Portugal para os seus países de origem caíram 6,5% entre 2006 e 2007. A quebra contraria a tendência de crescimento que tinha vindo a acontecer desde 1997. De acordo com o investigador Jorge Malheiros, citado no artigo, a quebra de saída de remessas pode ser justificada por diversos facto-res. Verifica-se por um lado, nos últimos anos, a tendência de consolidação das comunidades imigrantes, através do reagrupamento familiar, e, por outro, uma ligeira descida da imigração relacionada com o factor trabalho. Para além disso, refere Malheiros, como os imigrantes trazem a família para Portugal, sentem uma menor disponibilidade e necessi-dade de canalizar verbas para os seus países. Jorge Malheiros recorda, ainda, a diminuição do poder de compra, associada à crise que se vive em alguns sectores habitualmente asso-ciados ao trabalho de estrangeiros. Assim, os imigrantes que pretendem canalizar poupanças para o exterior têm maior dificuldade em fazê-lo. O facto de sair menos dinheiro do País pode, para Jorge Malheiros, ser analisado de duas formas. Por um lado, pode ser um mau sintoma, significando que a riqueza gerada pelos imigrantes diminuiu, assim como o poder de compra. No entanto, o processo de reagrupamento familiar pode consti-tuir um sinal positivo para a economia, já que os salários dos imigrantes, em lugar de serem transformados em remessas, passam a ser investidos internamente em consumo.

A composição étnica das escolas básicas tem um impacto directo nas atitudes das crianças para com etnias diferen-tes e na sua capacidade de se darem bem com os colegas, conclui um estudo britânico divulgado no final de Julho e citado pelo jornal Portugal Diário. A investigação durou um ano, com três séries de entrevistas feitas com seis meses de intervalo em vinte escolas básicas, nas quais participaram também professores. No total, o estudo envolveu 398 crian-ças, das quais 218 pertencentes a minorias étnicas, sendo a maioria de origem indiana e variando a composição étnica das escolas entre 2 e 63 por cento. Sublinhando os desafios enfrentados pelos filhos de imi-grantes, o demonstra que os alunos de escolas com maior diversidade étnica têm menos problemas de relacionamento com os colegas e menos preconceitos dos que os de escolas de composição mais homogénea. As entrevistas dos investigadores das universidades de Sussex e Kent às crianças de grupos étnicos minoritários incidiram sobre as suas atitudes em relação a si próprios, à herança e à cultura, e ao relacionamento com os colegas. Os resulta-dos indicam que a grande maioria dos filhos de famílias de imigrantes quer manter a sua identidade étnica, incluindo a língua e os costumes religiosos, mas está ao mesmo tempo disponível para assimilar as práticas e os valores da socieda-de anfitriã.

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13ª�COnfERênCIa�InTERnaCIOnal�METROpOlIS

AlemAnhA

A 13ª Conferência Internacional Metropolis realizar-se-á em Bona, Alemanha, de 27 a 31 de Outubro, tendo como tema “Mobilidade, Integração e Desenvolvimento num Mundo Globalizado”. Esta conferência pretende explorar as relações entre migrações, inte-gração de imigrantes e desenvolvimen-to, abordando as questões de uma forma integrada por forma a reflectir sobre áreas de investigação e de desenvolvimento de políticas ainda por explorar. O foco prin-cipal irá centrar-se nas estratégias para conseguir que a emigração produza efeitos positivos tanto para os países de origem como para os de destino. A Conferência Metropolis 2008 pretende ainda analisar as relações entre integração e desenvolvimen-to, incluindo os efeitos de uma integração económica bem

sucedida nas remessas para os países de origem e os efeitos da integração social na migração circular. Este aspecto incluirá uma análise específica sobre a forma como as comunidades transnacionais se relacio-nam simultaneamente com as sociedades dos países de destino e dos países de ori-gem, o que ajudará a compreender as rela-ções entre integração social e económica e os seus efeitos no desenvolvimento dos países de origem. Para além destes temas, a conferência irá também debater as crescentes preocupa-ções relativamente à imigração provocada por causas ambientais, assim como ques-tões relacionadas com mobilidade e sobe-rania nacional e perspectivas nacionais

sobre migrações e integração.

Preliminary Programme and Registration Details

13th International Metropolis ConferenceMobility, Integration and Development in a GlobalisedWorld27–31 October 2008, Bonn

O número de Agosto da revista Museum Internacional, em língua espanhola, tem duas vertentes. Em primeiro lugar, dar a conhecer as intenções, as etapas e as componentes do projecto do Centro Nacional de História da Imigração, inaugurado em Paris em Junho de 2007. Para além disso, pre-tende situar este projecto francês no contexto internacional, no que respeita ao trabalho de outros museus da imigração e à imigração no mundo, através de uma série de artigos. Em ambos os casos, pretende-se explorar a noção de património dos imigrantes e avaliar a sua importância. Esta pesquisa parte de uma pergunta simples: será a mul-tiplicação de projectos uma estratégia seguida por diversos países para deslocar a questão do âmbito político para o âmbito cultural? Ou será antes uma prometedora evolução dos museus para as problemáticas sociais e históricas? A constatação dos investigadores aponta para o facto de a diversidade e complexidade das actividades realizadas nos museus sobre as migrações sugerir um movimento destinado a fortalecer a função cívica dos museus. Este movimento é a principal razão do interesse que suscitou o projecto francês a esta revista da UNESCO. Assim, as contribuições neste número da revista apontam para a conclusão de que as ini-ciativas dos museus das migrações deveriam ser apoiadas pelas organizações internacionais, para que possam desem-penhar a sua função social de forma sustentada.

A revista está disponível na Internet em:

www.analitica.com/media/9083666.pdf

revIStA muSeum InternACIonAl

OS�paTRIMónIOS�dOS�MIgRanTES

BREvES

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eStADoS unIDoS

empreSaS dão boLSaS a trabaLhadoreS imigranteS

unIão europeIA

imigração SuStém níveiS popuLaCionaiS

Um grupo de empresas dos Estados Unidos irá oferecer bolsas, cursos gratuitos de inglês e de formação profissional aos seus trabalhadores estrangeiros, para melho-rar as suas opções profissionais, segundo informou a imprensa dos EUA no dia 10 de Agosto. A empresa hoteleira Marriott Internacional, a construtora Miller & Long Concrete Construction e o grupo Northrop Grumman são algumas das empresas que elaboraram estes planos alternativos de integração, conforme referiu o jornal Washington Post. Graças a esta iniciativa, todos os empregados da cadeia de hotéis Marriott que o dese-jem podem frequentar de forma gratuita o programa “Sede de Conhecimentos”, no

qual se simulam conversas práticas em bancos, hospitais, lojas e escolas. Da mesma forma, são encenados diálogos que podem ser úteis no ambiente laboral, como por exemplo na cozinha ou na recepção dos hotéis. Andy Chaves, director de recursos humanos da Marriott, considera que esta é uma missão que compete a todos, porque o facto de os empregados dominarem o idioma e se integrarem na sociedade beneficia as empresas, a comunidade e o indivíduo. Esta iniciativa tem o apoio de um projecto de lei patrocinado pela senadora Clinton e por três congressistas da Califórnia, Florida e Texas. Estes legisladores contribuíram para criar um fundo de 237 milhões de euros destinado a programas de alfabetização de imigrantes, que incluiu planos para reduzir os impostos dos professores e das empresas que participem no projecto.

A imigração é a única forma da população euopeia se manter está-vel e não diminuir, indica um estu-do apresentado no dia 21 de Agosto em Berlim e referente aos 27 países da União Europeia (UE), Noruega, Islândia e Suíça. Sem imigrantes, a população total da UE diminuiria em 52 milhões de pessoas e ficaria

reduzida a 447 milhões em 2050, segundo as contas apre-sentadas no estudo do Instituto Berlinense para a População e o Desenvolvimento, que será publicado em Setembro na revista GEO. Depois dos anos 50, a população da UE apenas conseguiu manter o seu importante lugar entre a população mundial através da entrada de novos Estados-membros. Agora, sugere o estudo, isso só poderia repetir-se através da entrada da Turquia. Tem sido registado nos 27 países da UE um baixo nível de natalidade, mesmo que a situação seja bastante diferente entre regiões e entre Estados-membros. Em países como a Alemanha e Itália, as populações estão em declínio, parti-cularmente nas zonas rurais periféricas. Pelo contrário, nos países com maior dinâmica de natalidade e imigração, como França, Irlanda ou Noruega, a população total tende a cres-cer ou pelo menos a manter-se estável.

fiLme portuguêS Conta hiStóriaS de imigração

“AmérICA!”

“América!”, a primeira longa-metragem do realizador João Nuno Pinto, sobre um triângulo amoroso, começa a ser rodada em Outubro, segundo informou a produtora Filmes Fundo. O filme tem argumento de João Nuno Pinto, da escri-tora Luísa Costa Gomes e da argumentista brasileira Melany Dimantas e conta no elenco com Fernando Luís, Ivo Canelas, Dinarte Branco e a actriz russa Chulpan Khamatova (“Adeus, Lenine!”). Esta será a estreia de João Nuno Pinto no cinema, depois da experiência na realização em publicidade. Segundo a sinopse, “América!” é uma história trágica e iróni-ca, contada em tom de comédia burlesca, protagonizada por Liza, Vítor e Fernanda. A história decorre num Portugal que mudou radicalmente nos últimos dez anos, com a entrada de imigrantes africanos, brasileiros e de Leste, transformando o país numa espécie de “América dos pobres e desfavore-cidos”. O filme é uma co-produção entre Portugal, Brasil, Noruega e Rússia e tem um orçamento de 1,4 milhões de euros, incluindo apoio financeiro do Instituto do Cinema e Audiovisual e do Programa Ibermedia.

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pROgRaMa�dE�apOIO�

aO�aSSOCIaTIvISMO�IMIgRanTE

SeSSão De InformAção

O ACIDI tem vindo a organizar Sessões Informativas especialmente dirigidas às Associações de Imigrantes sobre o recém aprovado Programa de Apoio ao Associativismo Imigrante (PAII). Assim, o mês de Setembro conta com duas sessões, realiza-das em Lisboa no dia 9 e no Porto no dia 10 de Setembro, nos respectivos Centros Nacionais de Apoio aos Imigrantes, com a participação do Director do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, Bernardo Sousa. Os objectivos destas sessões têm passado por efectuar uma apresentação do Programa de Apoio ao Associativismo Imigrante, as suas especificidades, uma breve abordagem dos aspectos legais, assim como as principais inovações inerentes ao processo de candidatura.No Programa de Apoio ao Associativismo Imigrante, documento regulador do apoio financeiro para o ano de 2009, são apre-sentados os diferentes eixos de apoio: Eixo de Apoio à Integração Plena, Eixo de Apoio à Diversidade e Interculturalidade, Eixo de Apoio a Práticas de Reconhecido Mérito e Eixo de Apoio Estrutural, resultantes das quatro linhas prioritárias de intervenção definidas pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural. Este documento pode ser consultado na Internet em:

www.acidi.gov.pt/docs/Associacoes/Doc_PAAI.pdf

Em Portugal, regista-se uma subida do número dos que recorrem ao microcrédito para lançar o seu próprio negócio, refere o Semanário Económico de 8 de Agosto. Aqueles que recorrem ao microcrédito para criar um posto de emprego são sobretudo desempregados e imigrantes, mas também há quem trabalhasse por conta de outrem e quisesse mudar. A condição essencial para se candidatar ao microcrédito é não poder recorrer ao crédito bancário. A ideia vem do Bangladesh, onde o Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus quis combater a pobreza a partir das ideias e do empreendo-rismo dos pobres. Uma das razões que Yunus aponta para o sucesso da sua ideia é, aliás, o facto de os pobres se empe-nharem mais para pagar os seus empréstimos. Em Portugal, o microcrédito foi introduzido há dez anos, mas só em 1999 começou a dar frutos. Os postos de trabalho criados pelos microempresários que recorreram à ANDC (Associação Nacional de Direito ao Crédito) desde 1999 foram 1.341. Em 2008, segundo refere o Semanário Económico, há já 222 empregos criados através deste sistema. Mais informações:

Associação Nacional de Direito ao Crédito

www.microcredito.com.pt

BREvES

Muhammad Yunus, o inventor do microcrédito.

mICroCréDIto

oS imigranteS entre oS prinCipaiS deStinatárioS

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um�novo�patamar�na�integr��ação�dos�imigrantes

Cristina Casas: “Estamos atentos a novas necessidades na integra-ção dos imigrantes”

# ENTREVISTA

No dia 24 de Julho foi inaugurado um novo espaço no Centro Nacional de Apoio ao Imigrante: o Gabinete de Apoio ao Imigrante Consumidor (GAIC), que tem como principal objectivo disponibilizar informação e apoio ao imigrante consumidor através de um atendimento pre-sencial. A iniciativa prende-se com o reconhecimento da importância que o conhecimento das matérias relaciona-das com os direitos e deveres dos consumidores imigrantes assume no seu processo de integração.Na cerimónia, que contou com a presença da Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural e do Director-Geral do Consumidor, foi celebrado um Protocolo de Cooperação entre o ACIDI e a Direcção-Geral do Consumidor. A Directora do Departamento de Acolhimento e Apoio ao Imigrante do ACIDI, Cristina Casas, explica em entrevista o contexto em que surge este Gabinete.

O CNAI já existe há quatro anos. Quais são neste momento os servi-ços que oferece aos imigrantes?Nos CNAI de Lisboa e do Porto, em estreita colaboração, são presta-dos serviços quer por Instituições, quer por Gabinetes especializados, criados pelo ACIDI. No CNAI de Lisboa, encontram-se a funcionar as seguintes instituições: O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Segurança Social (SS), Autorida-de para as Condições de Trabalho (ACT), Conservatória dos Registos Centrais (CRC), Ministério da Educação (ME) e Ministério da Saúde (MS). No CNAI do Porto, encontram-se presentes as mesmas instituições, com excepção do Ministério da Educação e o da Saúde. Estão a ser levadas a cabo negocia-ções para a celebração de um protocolo com o Ministério da Educação para que também esta instituição venha a fazer parte do CNAI do Porto.

Gabinete de Apoio ao Imigrante Consumidor

Para além das instituições, os CNAI contam ainda com os gabinetes especializados, que visam prestar apoio, infor-mação e aconselhamento em áreas tão diversificadas como o Apoio ao Reagrupamento Familiar (GARF), Apoio Jurídico ao Imigrante (GAJI), Apoio Social (GAS), Apoio à Habitação (GAH), o Gabinete de Apoio à Nacionalidade (GAN), o Gabinete de Apoio ao emprego (GAE), onde se encontra

uma UNIVA, e um Núcleo de Apoio ao Empreendedorismo. Por útlimo, temos ainda em funcionamento, no CNAI de Lisboa, o Gabinete de Apoio ao Imigrante Consumidor (GAIC).

O GAIC é um dos serviços mais re-centes... O Gabinete de Apoio ao Imigrante Consumidor surgiu no dia 24 de Julho. À semelhança de outros ser-viços, resulta de uma parceria com outra instituição, a Direcção-Geral do Consumidor, e tem em vista defender e apoiar os imigrantes nas questões relacionadas com todas as problemáticas do consumo.

Porquê um serviço deste tipo diri-gido especificamente aos imigran-tes? O ACIDI não quer substituir, obvia-mente, os serviços que já existem em Portugal dirigidos a todos os ci-dadãos, imigrantes e não imigran-tes. Acontece que os imigrantes têm barreiras de mais difícil transposi-ção no contacto com toda uma série de serviços. Uma delas é a barreira

linguística. Aqui no CNAI, podemos socorrer-nos dos nos-sos tradutores para que o mediador que está a dinamizar o Gabinete possa perceber o problema com que se depara. Por outro lado, a legislação respeitante à defesa do consumidor é muito densa e muito específica, por vezes de difícil aces-so mesmo para os cidadãos nacionais. Portanto, faz todo o sentido ter esse serviço para que seja possível informar me-

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um�novo�patamar�na�integr��ação�dos�imigrantes

# ENTREVISTA

lhor o cidadão imigrante, que enquanto consumidor está especialmente vulnerável.

Como surgiu a ideia deste serviço? Ao longo destes quatro anos de funcionamento do CNAI, já tínhamos sentido alguma procura por parte dos cida-dãos imigrantes, que nos colocavam questões relaciona-das com o consumo, nomeadamente questões bancárias, seguros, determinadas formas de venda, garantias, etc.. Normalmente, estas questões eram tratadas pelo gabinete de apoio jurídico, que apesar de não ser essa a sua especia-lização procurava, na medida do possível, obter respostas junto das instituições competentes. Mesmo assim, como estrutura dinâmica e atenta que somos, começámos a per-ceber que havia necessidade de criar um serviço especiali-zado para responder a este tipo de procura.

Na prática, como funciona o GAIC? A pessoa que pretende um esclarecimento, que precisa de uma ajuda na elaboração de uma reclamação, etc., pode dirigir-se ao CNAI. Depois de passar pela equipa de aco-lhimento e triagem, onde expõe o problema e lhe é criado um processo, é encaminhada para o GAIC, onde tem à sua espera um mediador sócio-cultural com largos anos de ex-periência na área do consumo, que fará a sua análise da situação e informará sobre questões de consumo, prestará apoio na apresentação de reclamações (ajudando na sua re-dacção) e procederá a encaminhamentos para organismos de resolução extrajudicial de conflitos.

Que tipo de solicitações têm surgido no GAIC? Até este momento, as solicitações que mais temos sentido têm sido as relativas a informações sobre serviços públi-cos essenciais (facturação de água, electricidade, gás etc.), as relacionadas com a compra e venda de bens de consu-mo e suas garantias e questões relacionadas com serviços financeiros, nomeadamente créditos e serviços bancários. Têm também surgido algumas questões relacionadas com transporte aéreo, quer na vertente do direito dos passagei-ros, quer nas questões que envolvem bagagem.

Este serviço vai além do atendimento às necessidades bási-cas dos imigrantes. Trata-se de uma nova etapa do CNAI? Sem dúvida. Temos a percepção de que, embora o CNAI

tenha estado nos últimos quatro anos mais vocacionado para atender as áreas mais prementes relacionadas com a imigração, foram e têm de continuar a ser alargadas as suas esferas de actuação a áreas igualmente importantes para a vida dos imigrantes. E nesse sentido, tendo em conta a evolução registada, estamos atentos a outras necessidades que surjam no que respeita à integração dos imigrantes em Portugal. Não há dúvida que esta é uma área importante. São questões do dia-a-dia, com que todos nós nos depara-mos.

De que formas tem sido divulgado este serviço? Existe um folheto de divulgação que está a ser entregue às pessoas que entram no CNAI e que está também a ser en-viado para os CLAII (Centros Locais de Apoio à Integração de Imigrantes). Por outro lado, tem havido divulgação no Jornal do CNAI e foi criado o tema “consumidor” na página do ACIDI, que se encontra em fase de desenvolvimento. Es-tamos também a experimentar uma nova forma de divulga-ção: Enquanto as pessoas estão na sala de espera a aguardar o seu atendimento, são convidadas pela pessoa que está a dinamizar este gabinete para sessões de formação de cinco ou sete minutos sobre diversos temas. Isso tem sido muito eficaz, não só porque as pessoas, num tempo de espera, to-mam conhecimento de informação útil, mas também por-que é uma forma de dar a conhecer o Gabinete. Finalmente, num futuro próximo, tencionamos levar a cabo acções de esclarecimento junto das Associações de Imigrantes.

GAIC:Centro Nacional de Apoio ao Imigrante – LisboaRua Álvaro Coutinho, 141150-025 LISBOAHorário: 2ª a 6ª das 08h30 às 16h30Tel.: 21 810 61 00 Fax: 21 810 61 17E-mail: [email protected] (informações sobre consumo)

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“O que está, aqui, em causa é aproveitar a

riqueza da diversidade de experiências dos projectos EQUAL”

Lutar contra a discriminação étnica no emprego foi um dos objectivos do Programa EQUAL. Este Programa, finan-ciado pelo Fundo Social Europeu, no período 2000-2008, investiu no financiamento de abordagens inovadoras que mobilizassem instituições públicas, empregadores e sociedade civil e pudessem contribuir para pôr termo à discrimi-nação étnica no emprego, problema ao qual a União Europeia dá a maior importância.

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# OPINIÃO

Ana ValeGestora do PIC EQUAL – Portugal

dEz�RECOMEndaçõES�paRa�luTaR�COnTRa�a�dISCRIMInaçãO�éTnICa�nO�EMpREgO

O que está, aqui, em causa é aproveitar a riqueza da diversidade de

experiências dos projectos EQUAL, baseadas em culturas muito

diferentes, e procurar identificar as mais eficazes para promover o

acesso ao mercado de trabalho de pessoas provenientes de mino-

rias étnicas, sem qualquer discriminação, sejam essas pessoas

cidadãos nacionais do Estado-membro ou imigrantes. Foi, assim,

possível na EQUAL confrontar abordagens muito diferentes: umas

que encontraram a sua legitimidade no princípio da igualdade

de tratamento, tomando como referência a Declaração Universal

dos Direitos Humanos, outras cujo enfoque foi a gestão da diver-

sidade tentando demonstrar os benefícios para as empresas da

diversidade dos seus recursos humanos, outras ainda baseadas

na promoção da interculturalidade do mercado de trabalho e,

consequentemente, do acesso à formação e ao emprego de pessoas

provenientes de minorias étnicas.

Para além do apoio dado à realização de

inúmeras experiências, a EQUAL fez um

esforço para partilhar os resultados das

experiências desenvolvidas, a nível euro-

peu, e para, através da reflexão alargada

a um vasto leque de partes interessadas,

sintetizar as principais conclusões dessa

acção-reflexão em recomendações que

pudessem ser úteis aos decisores políticos

e aos agentes e organizações do terreno.

Foi neste contexto que foi criada a “Plataforma Europeia contra

a Discriminação Étnica no Emprego”, liderada pela França, em

colaboração com a Alemanha e a Suécia, apoiada pela Comissão

Europeia e em que Portugal participou. Esta Plataforma reuniu

as melhores práticas dos projectos EQUAL, a nível europeu, e

promoveu 5 seminários de debate e reflexão que culminaram

num evento final, em Novembro de 2007, em Paris, onde foram

aprovadas as 10 Recomendações mais importantes dirigidas a

um conjunto diversificado de destinatários cuja intervenção pode

mudar a situação.

Sintetizam-se, de seguida, as 10 recomendações e respectivos

destinatários.

Aos serviços de emprego e formação

Recomendação 1 – “Integrar competências para lidar com a

discriminação nas práticas de trabalho dos intermediários de

emprego”

Nem sempre é fácil identificar e lidar com práticas de discrimi-

nação no mercado de trabalho, razão por que é necessário dotar

os profissionais dos serviços públicos e privados do emprego e

da formação com as competências necessárias. Para tal, deverão

promover-se e implementar-se em grande escala novos modos

de formação que permitam aos profissionais nos serviços de

emprego e outros actores do mercado de trabalho detectar e lidar

melhor com as práticas discriminatórias com que os imigrantes e

as minorias étnicas se confrontam muitas vezes nos processos de

recrutamento e de colocação.

Recomendação 2 – “Desenvolver novos serviços e novas formas de

cooperação de forma a facilitar a integração das minorias sujei-

tas a discriminação”

Os serviços de emprego e de formação

têm um papel crucial na luta contra a dis-

criminação étnica no emprego, razão por

que devem afirmar o seu empenhamen-

to e adoptar uma estratégia clara para

reforçar a sua capacidade de combater

práticas discriminatórias.

A luta contra a discriminação, que atin-

ge particularmente os imigrantes, não

pode ser ganha sem a sua participação:

reconhecer as vítimas comprovadas e/ou potenciais, bem como

os seus representantes como participantes de pleno direito das

estratégias de mudança da prática profissional, é por isso indis-

pensável.

Por outro lado, a personalização das respostas é condição da sua

eficácia. Essa personalização passa por se ter em consideração

todas as necessidades dos imigrantes (alojamento, estatuto admi-

nistrativo, saúde, etc.), o que exige que as relações de parceria

excedam a esfera do emprego, sobretudo para os técnicos de ser-

viço social e para as redes de assistência.

Às organizações sindicais

Recomendação 3 – “Colocar a luta contra a discriminação étnica

no centro da acção sindical: apelos, negociações colectivas, regu-

lamentos”

As organizações sindicais podem contribuir em muito para trazer

a discriminação racial e étnica para o centro do debate nacional e

europeu no contexto da sua intervenção na negociação colectiva,

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no mercado de trabalho, nas políticas sociais e nas leis.

Actividades de formação e sensibilização dos representantes sin-

dicais, estratégias para assegurar uma melhor representação das

minorias étnicas nos sindicatos, tanto enquanto membros como

enquanto dirigentes, criação de prémios e de serviços de aconse-

lhamento para os representantes sindicais que enfrentam ques-

tões de igualdade e racismo, apoio às delegações sindicais locais

foram algumas das soluções testadas pelos projectos EQUAL e que

provaram ter resultados.

Recomendação 4 – “Desenvolver novos papéis de mediação e ofe-

recer novos serviços sindicais que forneçam assistência específica

a trabalhadores migrantes”

Os sindicatos constituem muitas vezes o primeiro interlocutor em

casos de discriminação no local de trabalho e podem desempe-

nhar um papel essencial, prestando informações sobre os direitos

dos trabalhadores e conselhos relacionados com a situação espe-

cífica dos imigrantes e minorias étnicas.

A criação de novos papéis de mediadores sindicais, actuando no

interior da empresa (mediadores internos) ou como consultores

externos, é uma solução possível para proporcionar assistência

específica aos trabalhadores oriundos da imigração.

Às organizações não governamentais

Recomendação 5 – “Aumentar o nível de cooperação entre organi-

zações sem fins lucrativos, serviços de emprego e empresas, para

uma melhor integração dos migrantes no mercado de trabalho”

As associações de migrantes desempenham um papel importante

na construção de pontes entre os actores do emprego e as comuni-

dades étnicas. A valorização do trabalho realizado por estas asso-

ciações fará avançar a abertura intercultural dos organismos com

os quais elas trabalham, reforçando, além disso, o conhecimento

das dificuldades individuais e colectivas com que se deparam os

imigrantes no mercado de trabalho bem como das potencialida-

des que podem oferecer, e ajudando, portanto, a desenvolver em

conjunto melhores serviços.

Recomendação 6 – “Reconhecer competências e experiências, e

promover o desenvolvimento de novas ocupações”

Enquanto o reconhecimento formal das qualificações dos imi-

grantes de países terceiros é entravada por uma rede complexa de

regulamentações administrativas, as ONG envolvidas na EQUAL

testaram maneiras mais flexíveis de avaliar, traçar perfis e vali-

dar as competências e potencialidades dos imigrantes de países

terceiros, dando maior visibilidade às competências profissionais,

sociais e de comunicação dos imigrantes e beneficiando a sua

integração no mercado de trabalho.

Recomendação 7 – “Combinar a luta contra a discriminação

étnica com o mainstreaming de género”

As mulheres provenientes de minorias étnicas têm de enfrentar

uma dupla discriminação: de género e étnica. As ONG, enquanto

especialistas da discriminação de género, podem contribuir para

sensibilizar os técnicos (da orientação profissional, da formação e

do recrutamento) para os obstáculos que as mulheres enfrentam

de forma a assegurar que todos os aspectos das trajectórias pro-

fissionais das mulheres são considerados numa perspectiva de

género: orientação, acesso ao emprego, carreira, promoção profis-

sional, numa abordagem baseada no empowerment das próprias

mulheres.

Às empresas

Recomendação 8 – “Assegurar que as competências, não as apa-

rências, são os principais critérios nos procedimentos de recru-

tamento”

Os procedimentos de recrutamento devem ser objectivos e base-

ar-se nas competências, tal como a organização do trabalho e a

negociação dos salários. A introdução de métodos de recrutamen-

to objectivos é a melhor maneira de descobrir as competências de

que as empresas necessitam e de as suprir sem discriminação.

Recomendação 9 – “Assegurar a diversidade na mão-de-obra

para uma melhor eficiência económica”

Sublinhar as implicações positivas que a gestão da diversidade na

mão-de-obra tem no desempenho da empresa é uma boa maneira

de questionar a discriminação étnica no emprego.

Às autoridades locais

Recomendação 10 – “Dar prioridade à acção das autoridades

locais, que representam uma escala bem adaptada à acção holís-

tica contra a discriminação”

O valor acrescentado desta abordagem territorial reside numa

lógica de proximidade das soluções, na associação de parcerias

locais que facilitam o acesso ao emprego, na criação de redes de

actores com competências complementares e na criação de “siste-

mas de detecção precoce” destinados a assinalar práticas discri-

minatórias, bem como na criação de uma cultura comum contra a

discriminação a nível local.

Todas estas recomendações estão suportadas pela experimentação

realizada pelas Parcerias de Desenvolvimento EQUAL, através da

Europa. Daí a sua legitimidade. Por outro lado, o “como fazer” para

levar à prática estas Recomendações também está documentado

nos “produtos” realizados, testados e validados no âmbito dos pro-

jectos. Estes produtos estão identificados e acessíveis, quer através

do endereço da Plataforma Europeia (www.equal-europlatform.

eu), quer da Comissão Europeia (http://ec.europa.eu/employment_

social/equal/products/index_en.cfm), quer, no que se refere aos pro-

jectos portugueses, da base de dados de projectos e da base de dados

de produtos da EQUAL (www.equal.pt).

No entanto, todas estas iniciativas continuarão a constituir casos

excepcionais se não forem generalizadas e, por isso, é indispensável

que as entidades interessadas conheçam, se apropriem e utilizem todo

este manancial de conhecimento de forma a promover a inovação das

nossas práticas sociais neste domínio, bem como a sua eficácia, em

prol de um mercado de trabalho mais igualitário e mais justo.

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Quando é possível desenvolver um

projecto interessante, como até agora me tem acontecido, o melhor lugar para

viver é em Portugal.

Kattia Hernandez vive e trabalha actualmente em Portugal, onde é produtora do Programa NÓS, na RTP2. Ao ouvi-la contar o seu percurso, temos a sensação de um rodopio constante, que teve início na Cidade de México, em 1970, passou pela pequena cidade de Chilpancingo e foi a lugares como Miami ou Amsterdão até se estabelecer, por en-quanto, em Lisboa.

BI.SETEMBRO.08#63� 18

# ENTREVISTA

Kattia Hernandez, produtora do Programa NÓS:

“OS�nOSSOS�pROgRaMaS�TêM�InSpIRadO�MuITa�gEnTE”

Como apareceu a televisão na sua vida? Vivi na Cidade de México com a minha família até aos onze anos. Fomos depois para Chilpancingo, perto de Acapulco, a capital do Estado. Era a pior cidade que se pode imagi-nar, uma terra muito pequena onde não havia nada para fazer. Quando cheguei, não existia sequer um cinema. Acapulco era perto, mas nesta cidade, capital do Estado, só havia governo e negócios. Voltámos um ano à cidade de México, mas entretanto o meu pai morreu e regressámos de novo a Chilpancingo. Foi ali que vivi na adolescência. Aos dezasseis anos, como me aborrecia muito, um dia passei pela estação de televisão, para ver como era. E era um meio tão pequeno que o director da estação viu o meu interesse, conseguiu o meu telefone e fui convidada para fazer uma prova! Assim, aos dezasseis anos, já apresentava uma série chamada “Mulheres na História”, feita de peças muito pequenas, de alguns minutos, sobre as mulheres que tinham mudado a história do México. Havia uma guionista e eu era a apresentadora. Para além disso, apresentava os filmes. Eu não sabia nada de cinema, mas começaram a ensinar-me tudo. Foi o meu primeiro director que me ensinou a fazer televisão e me abriu um círculo de amigos feito de gente que tinha estudado noutras cidades e conhecia o mundo. Eram pesso-as muito interessantes, um pouco as ovelhas negras da cidade, que me ensinaram a interessar-me por litera-tura, por cinema, pelo mundo. Depois comecei a fazer rádio, com um pro-grama para jovens, comecei a mexer nos aparelhos, etc.. Por um lado, foi terrível viver num meio tão provinciano mas, ao mesmo tempo, fiz muitas coisas que não poderia ter feito numa grande cidade.

A seguir, voltou a viver na Cidade de México... Depois de Chilpancingo, que foi o meu começo nos meios de comunicação, estudei ainda um ano de Direito na Cidade de México, por teimosia, para seguir o exemplo do meu pai. Mas isso não deu em nada. Então, comecei a estu-dar Comunicação em Cuernavaca, a uma hora da Cidade de México, que é a cidade “da eterna Primavera”, uma cidade lindíssima, com um clima perfeito o ano inteiro. Estudei Comunicação na universidade e continuei a trabalhar sem-

pre na rádio e na televisão. Fiz uma tese sobre comunicação não verbal de apresentadores da MTV Latino, e todas as manhãs fazia quatro horas de rádio, das quais duas ao vivo. À tarde tinha as aulas e no final do dia gravava os progra-mas de televisão. Trabalhava muito durante a semana e, ao sábado, via a correr cinco filmes, para os poder apresentar. A minha mãe preocupava-se muito comigo, mas eu estava feliz!

Também estudou na Holanda... Quando acabei o curso, concorri a uma bolsa de estudo na Holanda, para um curso intensivo de produção de televisão. Na altura, já falava bem inglês, porque tirei vários cursos e a minha mãe teve a visão de me mandar um Verão para o Canadá. Contra todas as expectativas, fui admitida. Na Holanda, encontrei gente de todos os lados: Nepal, Papua Nova Guiné, Turquia, Uganda, Gana, Vietname, Tailândia... Cheguei a uma residência no meio do nada e encontrei todos esses personagens do mundo inteiro. E, apesar de

eu falar inglês, era difícil comunicar com gente que falava o inglês de for-mas que eu nunca tinha imaginado! A primeira coisa que comprei foi um gravador, e gravava todas as aulas, que eram num inglês britânico, o que para mim era novo. Foi uma experi-ência cultural e profissional extraor-dinária. Foi mesmo um grande cho-que cultural, ter de lidar com gente de todas aquelas nacionalidades e com as suas especificidades, que por vezes implicavam uma forma de tra-tar as mulheres um pouco difícil de

aceitar... Uma coisa muito interessante que faziam na Holanda era distribuir um livrinho cor-de-laranja para que os estran-geiros percebessem a cultura dos holandeses: porque é que bebem café, porque é que a pontualidade é importante, por que razão, num autocarro com muitos lugares, não nos devemos sentar junto às pessoas, etc.. Ao ler aquilo, tornava-se mais fácil compreender os holandeses. Não há nada desse tipo em Portugal, e penso que deveria existir um pequeno guia do género, porque é muito importante que os estrangeiros possam apreender rapidamente algumas informações básicas sobre o país que os acolhe.

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1919

O NÓS é um programa que não só tem sobrevivido

como tem conseguido desempenhar um

papel fundamental.

O que seria útil incluir num livro desses sobre Portugal? A primeira coisa, e isso não quer dizer que os portugueses estejam tristes com a vida, é perceber que o queixume é para os portugueses uma forma de comunicação. É assim que muitas vezes se começa uma conversa e, quando não se conhece essa forma de comunicação, não sabemos como reagir... É também importante compreender que o café não vale só por si, é sobretudo um pretexto para socializar. Há também a paixão pela praia, que faz com que as pessoas que não apanharam sol no Verão se sintam quase culpadas! São essas pequenas coisas muito básicas que é importante compreender rapidamente...

Também viveu nos EUA. Como foi ser imigrante mexicana nos Estados Unidos?Depois da Holanda, passei um ano em Boston, com uns amigos, e voltei ao México. Nessa altura, Cuernavaca já era uma cida-de muito pequena. Através de uma amiga, consegui um trabalho como “baby-sitter” em Miami, com um ópti-mo ordenado. Estive cinco meses a tomar conta de três crianças. Foi uma época muito importante, porque foi a minha primeira experiência como imigrante. Conheci outras baby-sit-ters e assisti a essa realidade louca dos americanos, que ganham muito dinheiro e deixam os seus filhos nas mãos de pessoas que não conhecem de todo. É assustador! No parque, éramos só latino-americanas a tomar conta dos miúdos dos americanos, pessoas totalmente sem preparação, enquanto que as mães passavam todo o dia fora a perder as fases mais boni-tas da vida dos seus filhos... Quando estava nos Estados Unidos, consegui um estágio em Nova Iorque na MTV Notícias, onde precisavam de alguém que falasse espanhol. Estive quatro meses naquele mundo fascinante, mas tive de regressar, porque não tinha papeis que me permitissem tra-balhar nos EUA. Voltei à Cidade de México e um mês depois ligaram-me da MTV a convidarem-me para ser a produtora local. Fiz uma prova muito difícil e fiquei. Foram cinco anos de muito trabalho, em que fiz de tudo, desde programas femininos a programas de crianças. E uma dessas tarefas foi fazer parte da equipa que lançou o Disney Channel na América Latina. O último programa que fiz foi para a MTV: era um programa semanal, gravado como se fosse ao vivo, com duzentas pessoas na audiência, uma banda ao vivo, e eu era responsável por tudo o que acontecia no estúdio. Uma loucura.

Como começou a trabalhar no Programa NÓS? A primeira coisa que fiz quando me instalei em Portugal foi ter aulas de português. Estava convencida de que iria ser difícil trabalhar na minha área profissional e que iria trabalhar numa loja, ou qualquer coisa do género. Um dia, fui a uma conferência sobre imigração de Leste, apre-sentada pela actual Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rosário Farmhouse. Em seguida, fui ao Gabinete de Reconhecimento de Habilitações do então ACIME. E, enquanto esperava, comecei a ler um exemplar do Boletim Informativo, onde um anúncio pedia jornalistas para um programa de televisão sobre imigrantes! Entrei como assistente de produção e acabei por ser produtora. Era um projecto para três meses e já lá vão mais de quatro anos!

Como avalia os resultados de um pro-grama de televisão sobre imigração? Não há estudos de mercado nem nada do género, mas é impressionante a forma como as pessoas reconhecem o programa, dão importância às infor-mações e falam das várias rubricas. Junto dos portugueses, sobretudo, o NÓS tem influenciado muito a forma como os imigrantes são vistos. É in-teressante o facto de o NÓS não ser visto como um programa “do ACIDI” ou como um programa “do Governo”, mesmo pelos que conhecem essa liga-ção, mas sim como um programa que mostra outras culturas, que indica res-taurantes diferentes, medicinas alter-nativas, etc.. Acho que os portugueses têm mudado, no sentido de uma visão mais positiva dos imigrantes. E penso que estas histórias que contamos são muito importantes, tenho a certeza que os nossos programas têm inspira-do muita gente. Temos também mos-trado uma nova geração de jornalistas, com as duas actuais apresentadoras do programa. Julie Scheier tem uma imagem linda, brasileira, que a SIC não

soube aproveitar, e que aqui tem um espaço. A Vanessa Sou-sa, que se formou no NÓS, é uma jornalista magnífica.

O que mais aprecia na vida em Portugal? Da tranquilidade, uma tranquilidade que os portugueses nem imaginam! Lisboa pode ter alguns problemas de trânsi-to, mas não tem nada da confusão das grandes megalópoles. Há dias, vi miúdas de seis ou sete anos a andar de bicicleta, sozinhas, num parque. Em que outro país isso poderia acontecer? Essa tranquilidade e segurança não têm preço. Gostava muito de ficar em Portugal. Quando é possível “dar a volta” e desenvolver um projecto interessante, como até agora tem acontecido, o melhor lugar para viver é aqui.

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BI.SETEMBRO.08#63

ACIDI, I.P.Alto Comissariado para a Imigração

e Diálogo Intercultural

O ACIDI, I.P. prossegue atribuições da Presidência do Conselho de Ministros, regulado pelo D.L.

nº. 167/2007, de 3 Maio

LisboaRua Álvaro Coutinho, nº 14-16 1150-025 Lisboa

Tel.: 218 106 100 Fax: 218 106 117

[email protected]

www.acidi.gov.pt

BOLETIM INFORMATIVO

DirecçãoRosário Farmhouse

Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural

Coordenação da ediçãoElisa Luis

RedacçãoJoão van Zeller ([email protected])

DesignJorge Vicente ([email protected])

Colaboraram nesta edição Marta Gonçalves Pereira

Catarina Reis OliveiraMarlene JordãoCarla Vieira

Kattia HernandezSusana Antunes

Fotografia da capaLusa

Pré-impressão e ImpressãoTipografia Peres

Tiragem7.000 Exemplares

Depósito legal23.456/99

# CULTURA

EU E O OUTROC o o r d e n a ç ã o : r o s a b i z a r r o

e d i ç ã o : a r e a l e d i t o r e s

“Eu e o Outro. Estudos Multidisciplinares sobre Identidade(s), Diversidade(s) e Práticas Interculturais�, organizado por Rosa Bizarro, reúne textos apresentados em Outubro de 2006 no Colóquio Internacional “Eu e o Outro”, realizado no âmbito da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). Esta publicação reúne contributos de investigadores de diferentes domínios disciplinares em torno das relações interculturais e processos identitários em diferentes espaços e contextos de actuação. O livro encontra-se estruturado em três partes, sendo a última dedicada ao tema “Linguagens, Língua(s) e Cultura(s) em (Inter)Acção”.

MANAGEMENT INTER-CULTUREL ET STyLES D’APPRENTISSAGEa u t o r : C h r i s t o p h b a r m e y e re d i ç ã o : p u L a v a l ( 2 0 07 )

“Management interculturel et styles d’apprentissage: Etudiants et dirigeants en France, en Allemagne et au Québec” demonstra que o desenvolvimento de competências que transcendam as fronteiras e a faculdade de integração em grupos de trabalho internacionais estão estreitamente ligados ao perfil dos trabalhadores envolvidos. O autor

associa os resultados da sua investigação empírica aos estilos de aprendizagem e a analises sistemáticas sobre o comportamento de gestão e sobre a aplicação de modos de formação interculturais. Os resultados obtidos podem ser transpostos para diversos modelos de configurações interculturais.

MANAGEMENT INTERCULTURELa u t o r : o l i v i e r m e i e r e d i ç ã o : d u n o d ( 2 0 0 8 )

“Management interculturel: Stratégie, organisation, perfor-mance” aborda as caracterís-ticaas da gestão intercultural através do estudo dos estilos de gestão, das formas de organi-zação e das políticas de desen-volvimento das empresas. Entre os principais focos de interesse estão a cultura de empresa e as culturas nacionais, os estilos de gestão e as culturas nacionais, a

diversidade e os conflitos culturais no interior das organizações e a adaptação da organização às suas estruturas. São também analisadas as questões da negociação intercultural e da gestão de uma equipa intercultural. Esta edição inclui ainda um estudo de caso sobre a gestão intercultural, no interior da sociedade ALTIS Semiconductor.

NOUVELLE EUROPE, NOUVELLES MIGRA-TIONS a u t o r : S e r g e W e b e r ( a u t e u r ) e d i ç ã o : e d i t i o n s d u f é l i n ( 2 0 07 )

“Nouvelle Europe, nouvelles migrations: Frontières, intégration, mondialisation” aborda a questão das contradições da Europa contemporânea. Símbolo da globalização e da livre circulação de pessoas no interior das suas fronteiras, criou um sistema de protecções tecnológicas e policiais para se isolar em relação aos que vêm do exterior. Continente dos direitos do homem, vê os imigrantes morrerem nas suas fronteiras e põe em questão o direito de asilo. Contudo, em situação regular ou irregular, os imigrantes, longe de constituírem uma ameaça, são intervenientes indispensáveis contra o desafio do envelhecimento dos europeus e em favor de um novo dinamismo económico.

“NÓS” AOS DOMINGOS, NA RTP2 DOMINGOS: RTP2 àS 9H50SEGUNDA A SExTA: RTP1 àS 8H05

Em Setembro, o NÓS tem dois programas dedicados a imigrantes de origens específicas. No dia 7 será a vez da América Latina, as tantas razões que trazem estes imigrantes e uma entrevista com a coordenadora da Casa da América Latina. No dia 8 de Setembro, o ACIDI promove uma conferência subordinada ao tema “Banca e Imigrantes”, ocasião de debate sobre remessas, poupanças, benefícios para a Segurança Social, etc.. No dia 14, o Programa irá abordar o empreendedorismo, social, uma actividade com cada vez mais expressão em Portugal, de que é exemplo o Núcleo Em-preendedor Lig@rte. Finalmente, no dia 21 de Setembro, o NÓS fala de Cabo Verde e dos cabo-verdianos, trazendo a estúdio a Associação Cabo-Verdiana de Setúbal.

LE DIALOGUE INTERCULTUREL: UNE ACTION VITALEa u t o r e s : j a c q u e l i n e va l a n t i n e o u t r o se d i ç ã o : L’ h a r m a t t a n ( 2 0 0 8 )

O diálogo intercultural é vital para o futuro da humanidade. Não é algo que se decrete, mas sim uma pro-posta de aprendizagem comum. O caminho é difícil, pois exige um empenhamento total do indivíduo, da sua inteligência, sensibilidade, sentimentos, racionalidade e imaginário. Este ensaio colectivo apoia-se na partilha, pelos autores, da convicção de que as relações entre os seres humanos são o prelúdio inevitável de toda e qualquer acção intercultural. O livro convida a questionar certezas adquiridas e propõe utensílios operacionais para renovar a reflexão, os comportamentos e as práticas, por forma a adaptá-las à elaboração das novas parcerias do século XXI.