Campos, j. s. o Psicossomático e a Arteterap Ia. Processando a Cura. Go_alquimy Art-fas. 2012

Embed Size (px)

Citation preview

  • FACULDADE DO SERID ALQUIMY ART

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO E PESQUISA

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM ARTETERAPIA

    JANAINA SILVEIRA CAMPOS

    O PSICOSSOMTICO E A ARTETERAPIA: PROCESSANDO A CURA.

    UBERLNDIA - MG 2012

  • JANAINA SILVEIRA CAMPOS

    O PSICOSSOMTICO E A ARTETERAPIA: PROCESSANDO A CURA.

    Artigo Cientfico produzido a ttulo de Trabalho de Concluso de Curso da Especializao lato sensu em Arteterapia apresentado ao Programa de Ps-Graduao e Pesquisa da Faculdade do Serid (FAS) em parceria com o Alquimy Art como requisito obteno do ttulo de Especialista em Arteterapia.

    Orientador: Prof. Flora Elisa Fusi

    UBERLNDIA - MG 2012

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus por todas as oportunidades que sempre esto a ocorrer em

    minha vida.

    Ao meu filho Cristiano, que a razo de meu esforo. Aos meus pais,

    Silvestre e Eunice, e aos meus irmos, Cristian e Danilo, pela pacincia e

    ateno de entender que este curso para o meu crescimento pessoal e

    profissional.

    s minhas colegas pela unio e por seguirem pelo mesmo caminho rumo ao

    sucesso profissional e intelectual. Em especial a minha amiga de correria

    Sorrimeyre A. Oliveira.

    Aos professores.

  • SUMRIO

    RESUMO..................................................................................................................... 4

    ABSTRACT ................................................................................................................. 4

    INTRODUO ............................................................................................................ 5

    1. Etapas de evoluo: conhecendo o eu atravs da Arteterapia ..... 5

    1.1. Minha Infncia ................................................................................................ 5

    1.2. Definindo inconscientemente meu futuro ....................................................... 6

    1.3. A vida mudando o foco ................................................................................... 7

    1.4. Conhecendo a Arteterapia ............................................................................. 8

    2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................ 9

    2.1. Inspiraes da Arteterapia ............................................................................. 9

    2.2. Encontro entre Arteterapia e Medicina Psicossomtica: controle da sade ... 9

    2.3. Arteterapia .................................................................................................... 10

    2.4. Medicina Psicossomtica ............................................................................. 11

    2.5. As doenas e o processo de cura: alguns paradigmas e conceitos ............. 13

    2.6. Refletindo a Prtica de Estgio .................................................................... 15

    3. METODOLOGIA ................................................................................................... 15

    3.1. Tema ............................................................................................................ 16

    3.2. Assunto/ Objeto de Estudo ........................................................................... 16

    3.3. Recursos Humanos / Recursos Materiais .................................................... 16

    3.4. Processo / Oficinas / Avaliao .................................................................... 17

    4. RESULTADOS OBSERVADOS NA INSTITUIO ESPAO SABER

    COMPREENDER-SE ............................................................................................ 18

    4.1. O Processo: Relato de Experincia Oficinas ............................................. 18

    4.2. A Transformao sendo observada de perto ............................................... 20

    4.3. Oficinas ........................................................................................................ 20

    CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................... 27

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 29

    APNDICE ................................................................................................................ 31

  • 4

    O PSICOSSOMTICO E A ARTETERAPIA: PROCESSANDO A CURA.

    JANAINA SILVEIRA CAMPOS

    RESUMO: Este artigo tem como ttulo O Psicossomtico e a Arteterapia: processando a cura, e apresentar o relato da transformao ocorrida aps a descoberta do que acontece s pessoas quando se deparam diante de si na juno da viso psicossomtica e junguiana. Utilizamos diversos recursos artsticos para estimular a criatividade, a fim de trazer do inconsciente o que reflete no corpo, promovendo a mudana nos pensamentos e posteriormente na sade. Durante os mdulos da ps-graduao em Arteterapia e as oficinas, me vi diante de uma questo que inconscientemente me incomodava e que se amenizou com o passar dos meses, pois ao observar as doenas somatizadas que nos afligem a cada dia, e que so nossas criaes devido ao deficiente cuidado com os pensamentos e descobrir que atravs da Arteterapia podemos mudar o foco para uma vida mais saudvel. Apresento ento, as minhas pesquisas referentes ao tema proposto: O psicossomtico: como as doenas surgem e a funcionalidade da Arteterapia, para que este artigo seja concludo com xito.

    Palavras Chaves Psicossomtico, Arteterapia, Reflexo e Cura.

    THE PSYCHOSOMATIC AND ART THERAPY: PROCESSING THE CURE.

    JANAINA SILVEIRA CAMPOS

    ABSTRACT: This article is titled "The Art Therapy and Psychosomatics: suing cure", and present the story of the transformation that took place after the discovery of what happens to people when they run in front of him at the junction of psychosomatic and Jungian vision. We use various resources to stimulate artistic creativity in order to bring the unconscious which reflects in the body, promoting a change in thoughts and later health. During the modules of the graduate art therapy and workshops, I found myself faced with a question that bothered me unconsciously and that eased over the months, because by observing the somatized diseases that plague us every day, and that is our creations due to poor care of the thoughts and discover that through art therapy can change the focus to a healthier life. Present then, my research concerning the proposed topic: "The psychosomatic: how diseases arise and functionality of Art Therapy", so this article is successfully completed.

    Keywords - Psychosomatics, Art Therapy, Healing and Reflection.

  • 5

    INTRODUO

    ETAPAS DE EVOLUO: CONHECENDO O EU ATRAVS DA ARTETERAPIA

    Com o passar dos anos notamos muitas diferenas nas plantas, nos animais e nos objetos que so criados. que todos evoluem... Ns aprendemos muito com o tempo: a saber esperar, a criar, a nos educar em todos os sentidos. No acho que envelhecemos, mas sim evolumos mental, fsico e psicologicamente para podermos superar todos os obstculos que Ele nos impe, sejam quais forem. (CAMPOS. 18/05/1997).

    Ao pensar no tema: O psicossomtico: como as doenas surgem e a

    funcionalidade da Arteterapia., veio uma ideia que a princpio demorou a ser

    concebida, mais esse gestar e algumas reflexes fizeram bem ao meu ego e ao meu

    esprito de artista. Assim relatarei neste estudo, o que a Arteterapia disponibiliza as

    pessoas com doenas somatizadas para tenham sua autoestima elevada e

    possibilidade de cura, pois ao compreender os sentimentos, embora em parte

    inconscientes, promova-se a volta sade. Partindo deste princpio, apresento

    abaixo o relato de minha vida que interagiu com a vivncia da prtica e que trouxe

    muitos sentimentos guardados, segundo Silva (1994) quando falamos em histria

    de vida da pessoa que adoece, estamos nos referindo a dois aspectos principais: a

    natureza de seus conflitos intrapsquicos e sua forma de se adaptar e lidar com

    eles. (p. 99).

    1.1. Minha Infncia

    Minha experincia com artes inicia-se na mais tenra idade. Morei na

    fazenda, onde minha me cuidava dos 3 filhos, Cristian (38), Janaina (35) e Danilo

    (33). Aos 2 anos dava birra para no vestir a

    roupa escolhida, ento ela passou a oferecer

    camisetas velhas e tesoura; eu cortava e montava minhas roupas e das bonecas.

    Oferecia-me papel e muitos lpis, desenhava cavalos, vacas, pessoas... Registrava

    tudo o que conseguia enxergar com meus pequeninos olhos observadores.

    Em 1981 mudamos para Coromandel, lembro que chorava ao ver meu irmo

    indo para a escola, queria ir tambm. Fui para o Jardim Escolar nesta poca.

    Gostava muito de colorir os desenhos que a professora dava. Tive uma infncia

    muito estimulada e sempre participava de cursos de desenhos, pinturas,

    artesanatos.

  • 6

    1.2. Definindo inconscientemente meu futuro

    Entrando na adolescncia decidi ser psicloga, pois tinha

    muitos amigos e gostava de ouvi-los. Estudava, trabalha cuidando

    de crianas, participava de festas de colegas e a maioria delas, em

    minha casa. Tive uma vida bomia. Mudei para Uberlndia em

    1995, morei 6 meses na casa de parentes, isto me doa devido a distncia da

    famlia. Nesta fase dos 17 anos desenhava muitos rostos, era como conseguia fazer

    o tempo passar mais rpido. Minha famlia veio em julho. Em 1996, no passar no

    vestibular foi um grande trauma, passei para o curso Tcnico de Enfermagem

    ESTES/UFU, que no conclui.

    Acredito que fiquei doente aps tantos sofrimentos e mudanas de

    ambientes. A LLA-21, diagnosticada em junho de 1996, tida como uma doena

    psicossomtica que ocorre devido a vrios fatores: a correria, m alimentao,

    intoxicao e estresse da modernidade. Varella a descreve cientificamente,

    (...) Assim como os glbulos vermelhos (cuja funo transportar oxignio para rgos e tecidos), (...) os leuccitos so fabricados dentro da medula ssea a partir de uma clula-tronco e so responsveis por grande parte do nosso sistema imunolgico. Nas leucemias, alm de perder a funo de defesa do organismo, os glbulos brancos doentes produzidos descontroladamente reduzem o espao na medula ssea para a fabricao das outras clulas que compem o sangue e elas caem na corrente sangunea antes de estarem preparadas para exercer suas funes. (VARELLA. 2012).

    Quando o sistema imunolgico funciona aceleradamente, ele no consegue

    distinguir quais clulas so estranhas e quais so do organismo, ento inicia um

    ataque do organismo contra ele mesmo, originando as doenas autoimunes como a

    artrite e o cncer. (PORTAL DA EDUCAO. p. 61).Durante os 3 anos de

    quimioterapia conheci vrias pessoas e perdi algumas. No comeo me sentia fraca e

    debilitada, meus cabelos caram, ento comecei a pirar, mais meus propsitos que

    me elevavam a vontade de viver. Foi uma experincia inexplicvel que une dor e

    alegria por conseguir a cada dia, perceber o que estar viva. Minha famlia me

    ajudou muito com apoio emocional, apesar dos sofrimentos que continham quando

    estavam prximos a mim.

    1 Leucemia Linfide Aguda (ou LLA), um cncer das clulas brancas (leuccitos) do sangue caracterizada pela produo maligna de linfcitos imaturos na medula ssea. Representa aproximadamente 70% dos casos, sendo a mais comum dos trs tipos de leucemia (LLA125-30%, LLA270%, e LLA31-3%). (VARELLA. 2012).

  • 7

    Na 1 fase, minha prima Giselle, trazia vrios materiais de artesanato para

    preencher meu tempo. Li espiritismo e tar. E minutei muitos dirios e registros de

    tudo o que se passava comigo. No dia 28/08/1996, novo desabafo

    Hoje mais uma vez me bateu aquela solido. Apesar de estar rodeada de gente, uma angstia sufoca meu peito. (...) J me acostumei com a ideia da quimio e radioterapia, do meu cabelo cair e at de colocar cateter, mas sabe como . difcil ser totalmente forte e segura numa hora destas. Tento no deixar transparecer, mas meus olhos que ficam meio escuros ao seu redor me denunciam. No quero dar trabalho mais do que j dei no ms de julho2. Tanto sufoco com hospital e remdios. Um horror. Por tudo isso venho desabafar com esta folha que me escuta, s no me aconselha, mais pelo menos me escuta sem criticar. (...). (CAMPOS. 28/08/1996).

    Iniciei terapia e Yoga. O que me elevou novamente a autoestima e a cada

    dia que passava me sentia mais forte internamente. As quimios findaram em

    agosto de 1999, meu organismo j respondia plenamente aos tratamentos e

    estmulos teraputicos e acabava assim a etapa de sofrimento, que me levou a um

    fato surpreendente, a maternidade, nova mudana, aqui a cura era comprovada com

    a gerao de outra vida num corpo so que estava em fim de tratamento.

    1.3. A vida mudando o foco

    Ficar grvida foi apavorante num 1 momento, pois no sabia o que podia

    ainda acontecer comigo e com meu futuro filho, o fato de morrer e de ficar estril

    foram assustadores, mais surpreendente neste instante.

    Em 2000 nasce meu filho Cristiano, hoje com 12 anos.

    Ser me para poucos, algo sem explicao e

    completa dedicao. Como ficamos em casa, voltei a

    pintar, fazer meus artesanatos. E sempre que ele pedia para ajudar, deixava-o criar,

    pintava levemente, assim faz seus desenhos atualmente. Quando ele ia fazer 3

    anos, passei em concurso para Educador Infantil. E iniciei graduao em Normal

    Superior (2003-2005), nesta fase ele aprendeu a escrever seu nome, foi maravilhosa

    a experincia de v-lo conquistar a leitura e escrita juntamente a todos os desenhos,

    podendo ter minha superviso de me em tempo integral.

    2 Fiz a 1 quimioterapia no dia 15/07/96, passei muito mal, vmitos. Internei pesando 49kg e tive alta 6 dias depois com 40kg.

  • 8

    1.4. Conhecendo a Arteterapia

    Em 2007 ao participar do curso O criativo no desenvolvimento da

    conscincia, ministrado por Sandra Mara e Sandra Meire, arteterapeutas formadas

    pela Alquimy Art, curso para educadores oferecido pelo CEMEPE3, surge a

    Arteterapia em minha vida como recurso pessoal e prtico, onde ampliei os

    conhecimentos sobre meus traumas, foi possvel observar a criatividade e

    expressividade, e pude me conhecer melhor atravs do meu inconsciente.

    Com o incio do curso de ps-graduao em Arteterapia, 2010, compreendi

    quais os recursos usar para mudar o foco de problemas para um ser saudvel nos

    nveis espiritual e corporal. Com o passar dos meses e incio da prtica abarquei o

    que realmente precisava ainda vivenciar. Assim diante de minhas aspiraes

    conjuntamente com as inspiraes arteterapeuticas surgidas, advm reflexes para

    que este artigo seja escrito.

    3 Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais Julieta Diniz em parceria com a Prefeitura Municipal.

  • 9

    DESENVOLVIMENTO

    2.1. Inspiraes da Arteterapia

    A pesquisa para a prtica tem como objetivo propiciar aos participantes das

    oficinas de Arteterapia uma melhor compreenso sobre seus sentimentos para que

    assim tenham uma melhora significativa e diminuam as somatizaes que causam

    tantos problemas. Desenvolver a percepo de seu corpo para que compreenda o

    que se passa em seu subconsciente e que atravs da estimulao da capacidade

    criadora perceba seus sentimentos propiciando a melhora de suas dores crnicas.

    Reflete kira Burro em seu artigo

    Minha abordagem junguiana quando uso as imagens simblicas e os conceitos de inconsciente, self e arqutipos. gestltica quando trabalho com os processos criativos, estticos e expressivos dentro de uma viso fenomenolgica e existencialista. (BURRO. s/d).

    No desenvolvimento desta pesquisa sero citados autores que compartilham

    da teoria de Freud como Jung, Marco Aurlio, Rosenkrantz, Filho, e outros, sendo os

    principais deste artigo: Jung e autores psicossomticos. Referente teoria da

    Arteterapia sero citados entre outros: Barbiere, Carvalho, Allessandrini, Siqueira.

    Minha prtica ocorreu na Instituio: Espao saber compreender-se, com

    3 pessoas com dores, aps algumas oficinas elevada a autoestima, uma das

    convidadas manifesta cncer no pulmo. Neste momento, percebi que ao entrar em

    contato com uma pessoa em sua descoberta da doena, me acometeu ao conflito

    que at ento estava adormecido, que em minha mente consciente pensava t-lo

    resolvido devido aos 12 anos passados. E assim compreendi melhor a situao e

    iniciei sua resoluo ao poder ajudar ao outro atravs da Arteterapia.

    Dentro deste contexto temos ento: problemas x sade, onde preciso estar

    ciente do que se passa a nossa volta, assim tentar no guardar os conflitos externos

    e tendo boa sade para chegar a velhice. Concluo esta etapa partindo do

    pressuposto de um querer ajudar aos outros com minha experincia de vida

    conjuntamente a Arteterapia e algo surpreendente.

    2.2. Encontro entre Arteterapia e Medicina Psicossomtica: controle da sade

    Doena no brincadeira, mas um teste de Deus para com o enfermo. Todas as coisas que vivenciamos no cotidiano um teste que ao passarmos desta para outra ser a carta de entrada ou no. Depende do que mostramos nesta vida. Se somos ricos e no

  • 10

    ajudamos os que necessitam somos reprovados. O mesmo acontece com o pobre. Todos devemos ser humildes de corao e alma, assim seremos beneficiados. (CAMPOS. 26/06/1996).

    Apresento abaixo explanaes referentes a Arteterapia & Medicina

    Psicossomtica e a juno para o resultado final da pesquisa.

    2.3. Arteterapia

    Ao falar em Arteterapia precisamos ressaltar que a Arte integra com a

    Terapia e/ou vice-versa. Oliver (2005) afirma que a Arteterapia uma cincia

    fundamentada em medicina e arte em geral, que estuda e pratica os meios

    adequados para aliviar ou curar os indivduos por meio da expresso da arte,

    trazendo tona uma ideia, trauma, fobia, etc.

    A Arteterapia uma cincia cujo processo teraputico usa a arte como

    ferramenta para a expresso de emoes e sentimentos. fundamentada em uma

    linguagem terica prpria que abrange a interdisciplinariedade, onde as reas mais

    explcitas so: Psicologia, Artes (pintura, desenho, movimentos corporais,

    modelagem, escrita criativa, etc.), de forma livre e sem preocupao com a esttica

    perfeita. Deste modo, facilita de forma ldica e sutil a manifestao do inconsciente,

    permitindo que contedos internos e potencialidades aflorem durante a Oficina

    Criativa, possibilitando a reorganizao de percepes, contribuindo para a

    transformao e desenvolvimento pessoal.

    Os trabalhos produzidos pelas pacientes durante a sesso de Arteterapia

    retratam sentimentos interiorizados que podem ser a soluo para inmeros

    problemas. E Dutra relata que a Arteterapia tem como recurso a autodescoberta, ou

    seja, a busca da individuao, designando um processo atravs do qual um ser

    torna-se um individuum psicolgico, isto , uma unidade autnoma e indivisvel,

    uma totalidade. (JUNG. 1963. p. 355, apud DUTRA. 2006. p. 9).

    A individuao importante do ponto de que cada um consegue resignificar

    sua vida partindo dum ponto identificado. Fica ntido na passagem do Manduka

    Upanishad

    Dois pssaros, companheiros sempre unidos pousam na rvore do eu-mesmo. Dos dois, um come as frutas doces e o outro contempla sem comer. Embora seja a rvore, o Self tambm o pssaro observando as experincias da nossa personalidade. Nossa personalidade comea s vezes o processo de individuao sem preparo suficiente, enquanto conexo com o corpo, a terra, o envolvimento com a nossa vida. (...) Os alquimistas disseram que seu trabalho de transformao exige a pessoa

  • 11

    completa, e o Self cobra o mesmo. (...) Jung enfatiza que o Self pode representar Deus na nossa psique, que a imagem psicolgica de Deus na nossa psique. Mas ele observa que, em termos de experincias concretas, por oposio crena. (DOWNING. 2010. p. 46).

    O mesmo acontece com o inconsciente, pois cada um tem seus

    pensamentos a cerca de algo e fica visvel quando se trabalha com tratamentos

    alternativos como a escrita criativa, que fazemos usualmente em dirios e agendas,

    com relatos da rotina e o que nos incomoda usualmente. Deste modo, Barberi (s/p)

    (2008) relata que a escrita influencia o sistema imunolgico e as dores crnicas, pois

    ao expressar no papel as prprias experincias negativas parece aprimorar a

    percepo da pessoa a respeito de si, tornando a somatizao mais tnue. E que

    ocorre uma reduo nos nveis de cortisol4 nos pacientes que escreveram sobre

    seus traumas. Afirma ainda que os sistemas imunolgico e neuro-endcrino

    desempenham papel decisivo nos sintomas da asma e da artrite reumtica, ou seja,

    nas dores crnicas.

    Downing comenta que a dor e o perigo iminentes ao processo de

    individuao so igualados apenas pela sua necessidade inquestionvel e ganhar

    algo significa sacrifcios. E Jung diz que todo desenvolvimento superior da

    conscincia tremendamente perigoso, ou seja, inclina-se a ideal e desejvel

    desenvolvendo-nos na direo de um estado superior, mas nos esquecemos de que

    isso perigoso porque esse desenvolvimento significa, em geral, sacrifcios.

    (DOWNING. 2010. p. 49).

    A Arteterapia nos conduz para a possvel cura de doenas, aqui falaremos

    das doenas adquiridas atravs dos estados de humor, para tanto discutiremos a

    Medicina Psicossomtica.

    2.4. Medicina Psicossomtica

    De acordo com Plato, o grande erro de nossos dias no tratamento do

    corpo humano que o mdico separa a alma do corpo. (PLATO. p. 12). E ao

    perceber alguns pontos que diferiam em seus pacientes, os mdicos comearam a

    observa-los diferentemente, pois estes tinham doenas relacionadas ao emocional e

    a certas condutas comportamentais. Deste modo outros mdicos comearam a tratar

    seus pacientes como um todo, no mais as partes. Assim Hipcrates, precursor da 4 cortisol hormnio produzido por uma glndula do sistema neuroendcrino, ativado nos momentos de stress.

  • 12

    Medicina Moderna, disse que o corpo humano um todo cujas partes se

    interpenetram. (PORTAL DA EDUCAO. M. II. p. 14).

    Por isso os mdicos holsticos no separam o corpo da mente ao atenderem

    seus pacientes, pois acham importante tratar num todo. O surgimento do termo

    Psicossomtico d-se em 1918, quando Heinroth procurava distinguir os tipos de

    influncia e suas diferentes direes ao estudar as relaes entre mente e corpo,

    criando tambm a expresso somatopsquica relata Rosenkrabtz (1985). Em 1922,

    Felix Deutsch usa o termo medicina psicossomtica ao divulgar seu livro Mudanas

    emocionais e biolgicas: uma pesquisa da literatura sobre inter-relaes

    psicossomticas (1910-1933). (PORTAL DA EDUCAO. M. II. p. 18, 21e 22).

    Melo Filho cita que o sintoma fsico seria sempre um grito de socorro e uma

    tentativa de proclamar seu sofrimento. H quem proponha que, quando algum

    adoece, est adoecendo para algum e por algum. (apud: SILVA. 1994. p. 98). E

    segundo Wertheimer, a Gestalt parte do pressuposto que o organismo no pode ser

    compreendido pelo estudo das suas partes isoladas. Sheyle5 (1950) completa que a

    sndrome do estresse ou sndrome geral de adaptao, a soma de todos os efeitos

    especficos dos fatores que podem atuar sobre o corpo (homeostase). Freud reflete

    como as emoes influenciam o corpo, formao dos sintomas/etiologia. Represso

    e converso (processo em que a excitao era transformada em sintomas histricos,

    ou seja, complacncia somtica), e quando se reprime os instintos.

    Ocorre o desenvolvimento da psicoterapia nos anos 40, na Escola de

    Chicago por Franz Alexander e Thomas French. Foram influenciados pela

    abordagem psicanaltica e da psicologia da Gestalt. Com o surgimento das escolas

    mdicas podemos perceber uma melhor definio e entendimento do

    psicossomtico, o objetivo destes tericos era compreender as patologias

    somticas cuja dinmica no correspondiam ao modelo da converso histrica,

    utilizando o conceito psicanaltico de neurose atual.6 Portanto cada indivduo produz

    uma doena de acordo com o que est vivenciando naquele determinado momento.

    Acredito que sempre que passamos por algum trauma ativamos complexos

    adormecidos no inconsciente que trazem a tona doenas graves, que apenas

    curam-se aps compreender o que ocorreu naquele momento findando o processo.

    5 apud: PORTAL DA EDUCAO. Mdulo II. p. 24-25 6 apud: PORTAL DA EDUCAO. Mdulo II. p. 24-25

  • 13

    2.5. As doenas e o processo de cura: alguns paradigmas e conceitos

    A doena uma chamada para tomada de conscincia MAGALDI

    Dalhke explica que o diagnostico do cncer est nos grupos de clulas.

    Clulas cancergenas diferenciam-se das clulas saudveis por seu crescimento

    desordenado e catico. (...) Ele controla o metabolismo, o crescimento e a diviso.

    (DALHKE. 1992. p. 77). Observemos o CID10 - F69, onde as pessoas glorificam a

    doena, atravs de queixas somticas

    e atribuem todos eventuais fracassos ou limitaes eventuais transtornos orgnicos que os independem de sua sempre presente boa vontade. A somatizao, dissociao e represso so os mecanismos de defesa mais intensamente utilizados por eles. To intensos so estes mecanismos de defesa que reconhecerem seus prprios sentimentos e suas tendncias de personalidade torna-se praticamente impossvel. (CID10 - F69. 2005).

    E quando colocamos para fora nossas angstias e aborrecimentos, seja

    atravs da escrita ou da pintura ou outra expresso artstica, retiramos tambm as

    doenas que somatizamos e que poderiam nos afligir posteriormente.

    Segundo Greer (1979) e Daltore (1980) ocorre em alguns pacientes o que

    eles chamam de esprito de luta, a luta, a garra, a f, cada pessoa pensa de uma

    forma, onde os pacientes permaneciam mais tempo vivos e at superavam o cncer.

    (PORTAL DA EDUCAO. M. II. p. 131).

    Temoshok (1985) trabalhou conceitualmente com as variveis expressivo

    versus repressivo, pois percebeu que os pacientes que desenvolveram cncer

    tinham mais tendncias repressivas. Tem-se tambm, os

    pacientes cooperativos, no assertivos, que procuram anular as emoes negativas de suas vidas (principalmente a raiva) e se subjulgavam autoridade externa, ou seja, exibem um padro de respostas opostas aos pacientes depressivos e cardacos. (PORTAL DA EDUCAO. M. II. p. 66).

    Atravs do esprito de luta pode-se propiciar a cura para vrias pessoas,

    assim como ocorreu comigo, sempre tive um propsito para o futuro e

    consequentemente precisava da cura da doena, LLA2. Tive depresso e com a

    ajuda da famlia e de psiclogos consegui super-la e juntamente com os trabalhos

    manuais, mantinham minha mente ocupada o dia todo.

    As doenas evoluem em certos casos devido a desesperana, que um dos

    aspectos da depresso. Spiegel e Giese-Davis (2003) acreditam que uma depresso

    um fator que est ligado sim a uma alta incidncia de cncer, o que

    a) Dificulta o paciente a lidar com o cncer; b) Atrapalha a aderncia do paciente ao tratamento mdico; c) Afeta as funes endcrinas e imunolgicas que podem interferir na resistncia; d) Afeta as funes

  • 14

    endcrinas e imunolgicas que podem auxiliar na progresso do tumor. (PORTAL DA EDUCAO. M. III. p. 170).

    O emocional est ligado diretamente a sade e a baixo-autoestima produz

    agresses fsicas no organismo, pois quando tem-se depresso o sistema

    imunolgico altera-se e abre-se para um leque de problemas que potencialmente

    viram doenas graves.

    Freud e Jung, os dois curadores de almas com quem mais aprendi, sabiam (...) o que era esse complexo inter-relacionamento entre ferir e curar. Freud fora iniciado em seu profundo entendimento da psique pela morte do pai e pela descoberta subsequente de que nutria desde a infncia um ressentimento assassino e uma rivalidade inesgotvel por um pai a quem tambm sabia ter amado. (...) Sou meu paciente mais difcil. (PORTAL DA EDUCAO. M. III. p. 156).

    Quando aceitamos os problemas inicia-se o processo de cura, pois

    compreend-los torna mais fcil o que fazer para cur-los. Freud, num de seus

    ltimos ensaios, Anlise Terminvel e Interminvel, ele admitiu que, depois de uma

    anlise ininterrupta e prolongada, a pessoa est mudada e, no obstante, continua a

    mesma. Neste contexto, tendo uma terapia eficaz, Jung fala ainda da importncia

    de os curadores se lembrarem que eles tambm foram feridos para se proteger do

    perigo da inflao, do risco de serem seduzidos a uma identificao com o arqutipo

    curador. (PORTAL DA EDUCAO. M. III. p. 157-8).

    Wolf demonstra ao lado que o medo e a angstia podem aumentar as

    doenas, aqui apresenta problemas estomacais. E relata que hoje h uma intensa

    luta do organismo para se adaptar ao seu meio

    social e biolgico, e as reaes de estresse

    fazem parte do cotidiano, e Cooper destaca

    alguns indicadores de estresse que demonstram

    a dinmica psicossomtica.

    COOPER. p. 72. (PORTAL DA EDUCAO. M III. p. 160).

    Atentemo-nos para que atravs dos indicadores mencionados acima

    alvitremos que atravs do trabalho desenvolvido em Oficinas Criativas o sujeito

    capaz de recuperar sua capacidade de aprender consigo e com o mundo. Dentro da

    arte e da expresso tem-se a criao, que possibilita a relao positiva com o

    aprender. O sujeito constri sua rede de conhecimentos atravs de ideias e

    sentimentos, descobre e inventa utilizando a prpria arte, atravs de seus trabalhos

    em pintura, colagem, criao de histrias e textos. (ALLESSANDRINI. 1996. p. 90).

  • 15

    METODOLOGIA 3.1. Refletindo a Prtica de Estgio

    Quando propus trabalhar com doenas psicossomticas com o tema: O

    psicossomtico: como as doenas surgem e a funcionalidade da Arteterapia.

    pensei em propiciar aos participantes das oficinas uma melhor compreenso sobre

    seus sentimentos para que assim conseguissem uma melhora significativa em suas

    vidas pessoais e profissionais consecutivamente e/ou alternadamente.

    Conduzo a METODOLOGIA trazendo a sutil explanao Nem o princpio materno nem o paterno podem existir sem o seu oposto, pois ambos eram um s no incio e tornar-se-o um s no fim. A conscincia s pode existir atravs do permanente reconhecimento e respeito do inconsciente: toda vida tem que passar por muitas mortes. (JUNG. 2002).

    Atravs do tema Psicossomtico e Arteterapia abre-se um leque de

    possibilidades de cura para vrias doenas e a preveno das mesmas, pois ao

    saber como surgem as doenas e como trat-las tem-se as ferramentas para evit-

    las agora para um futuro melhor. Relata Freud, as doenas Psicossomticas tem a

    capacidade psicofsica de transmutar grandes quantidades de excitao em

    inervao somtica (FREUD. 1894b. p. 65).

    Neste projeto temos como objeto de estudo o tema O psicossomtico:

    como as doenas surgem e a funcionalidade da Arteterapia., realizei a cada

    oficina uma conversa informal, em seguida alongamento e/ou relaxamento

    (movimentos corporais expressivos) para visualizar o que lhe conturba a mente

    naquele momento, para que assim faa seu trabalho artstico e que ao final da

    mesma, consiga perceber seus bloqueios que o impedem de ter uma boa sade.

    O estgio foi oferecido para adultos que afastados por licena sade,

    estressados e com doenas somatizadas (bursite, artrose, artrite, dores em geral).

    Durante as oficinas trabalhamos vrias tcnicas artsticas de modo a desenvolver a

    percepo visual e a do inconsciente para atingir os conflitos internos que esto

    arraigados mente e que precisam ser tirados de l, pois atrapalham no montante

    de doenas e discrdias em nosso cerne.

  • 16

    3.2. Tema

    Doenas Psicossomticas tem a Capacidade psicofsica de transmutar

    grandes quantidades de excitao em inervao somtica (FREUD. 1894b. p. 65).

    E atravs do tema Psicossomtico e Arteterapia abri-se inmeras possibilidades de

    cura para vrias doenas e a preveno das mesmas em ambiente saudvel e

    tranquilo para se viver, pois ao saber como surgem as doenas e como trat-las

    temos as ferramentas para evit-las agora para um futuro melhor.

    3.3. Assunto/ Objeto de Estudo

    Neste projeto O Psicossomtico: como as doenas surgem e a

    funcionalidade da Arteterapia para as pessoas, realizamos a cada oficina uma

    conversa informal, em seguida alongamento ou relaxamento (movimentos corporais

    expressivos) para visualizar o que lhe conturbava a mente naquele momento, para

    que assim ao final da mesma, o paciente consiga perceber por si s os bloqueios

    que o impedem de ter uma boa sade.

    Seguimos os seguintes objetivos para tal percepo:

    Trabalhar a superao no ato da conquista e da derrota, sendo o FOCO: a

    autoestima e o psicossomtico (sobre a influncia das emoes nas doenas do

    corpo e da mente), com seguinte questionamento: Qual o sofrimento que voc

    teve, que fez voc sofrer tanto a ponto de desenvolver a doena/problema?, Ou o

    que no ocorreu: acolhimento, afeto, solido? Relatar, posteriormente as oficinas, a

    experincia deste contato com a doena e o que proporcionou a Arteterapia para

    que o processo da cura ocorresse?; Desenvolver a percepo de eu corpo para

    que compreenda o que se passa em seu subconsciente para que ocorra uma

    melhora em sua sade e auto-estima; Estimular a capacidade criadora do paciente

    para que ele consiga superar seus problemas de sade, seus traumas; Exercitar a

    importncia da reflexo na percepo dos seus atos diante de si, seus familiares,

    amigos e colegas de trabalho de acordo com a Oficina Criativa realizada.

    3.4. Recursos Humanos / Recursos Materiais

    A prtica foi oferecida a adultos trabalhadores, ou que estavam afastados

    por licena sade e com doenas somatizadas (bursite, artrose, artrite, cncer,

    enfim, dores em geral). Um espao amplo, arejado, com cadeiras e mesa para a

  • 17

    execuo das atividades. Os materiais oferecidos sero sucatas trazidas pelos

    pacientes para dar mais estmulo e motivao, interao com o que ser falado. Ex:

    A4, A3, papel carto, craft, cola, revistas, tintas, pincis, lpis preto e borracha,

    linhas/ls, tecidos, bandejas de isopor, caixas de diversos tamanhos, etc.

    3.5. Processo / Oficinas / Avaliao

    Durante as oficinas foram trabalhadas vrias tcnicas artsticas de modo a

    desenvolver a percepo visual e a do inconsciente para que consigam atingir os

    conflitos internos que estavam arraigados e que precisavam ser tirados da mente,

    pois nos atrapalhavam no montante de doenas e discrdias em nosso cerne e a

    partir de ento, nestas visualizaes vestgios para possveis solues de seus

    conflitos.

    A Arteterapia em seu papel teraputico, na utilizao de recursos artsticos como facilitadores no processo de descobrimento do ser, auxilia na conscientizao das reais potencialidades do indivduo, proporcionando uma reflexo e uma re-significao de contedos do inconsciente, emergidos no processo de fazer arte. (OLIVEIRA. p. 11)

    A rotina alterada para propsitos de cura, falas serenas e positivas

    trouxeram calmaria a mente que estava conturbada de conflitos. Desta forma

    melhoras significativas foram aparecendo e assim conclumos as oficinas com uma

    tima viso de futuro sem dores e problemas que podem amenizar no decorrer das

    semanas. Aps mudanas de atitudes conseguiram perceber ao seu EU e a

    gravidade de problemas somatizados que influenciavam em seu corpo fsico

    partindo de suas mentes adoecidas.

    A Arteterapia tem a funo de alavancar a fora de cura dentro do processo

    de doena, ou seja, a possibilidade de curar, o retorno sade que as pessoas

    almejam em suas vidas doloridas. Observamos o resgate que a Arteterapia

    proporcionou as pacientes com doenas psicossomticas, aqui falamos de dores

    crnicas e CA.

    Portanto observamos o resgate que a Arteterapia proporcionou as pacientes

    com doenas psicossomticas, adiante falaremos mais especificamente sobre dores

    crnicas e CA, que tem como funo principal alavancar a fora de cura dentro do

    processo de doena, ou seja, a possibilidade de curar, o retorno sade que as

    pessoas almejam em suas vidas at ento doloridas.

  • 18

    RESULTADOS OBSERVADOS NA INSTITUIO ESPAO SABER COMPREENDER-SE

    A proprietria do espao, Dorcas, proporcionou um vnculo carinhoso entre

    as participantes e eu, ela participou de todas as oficinas e fez com que a cada dia a

    nossa expectativa se amenizasse, pois ela queria muito que outras pessoas

    participassem, s que ao final de 3 meses percebemos que seriam apenas 3, todas

    se acalentavam em questo de quem convidavam e no compareciam, ento pude

    desenvolver melhor as oficinas aps este 1 perodo de ansiedade de todas. O local

    silencioso, amplo, arejado e aconchegante.

    4.1. O Processo: Relato de Experincia Oficinas

    A prtica desenvolvida e utilizada neste artigo foi realizada com grupo aberto

    e posteriormente passou para semiaberto e tornou-se fechado, na forma de

    atendimentos grupais, num total de trinta e quatro atendimentos perfazendo

    104:40h., em um espao da casa de Dorcas, com sua autorizao.

    A princpio elaborei planejamentos diversos (vrios para uma nica oficina)

    por no saber como seria a reao dos pacientes ao apresentar a proposta para o

    dia e aps deparamos com uma maior interao entre ns quatro (DA 58 anos, DO

    55 anos, OL - 57 anos, e eu 34 anos). As pacientes afastadas com dores e que

    queriam muito voltar ao trabalho. Ao aceitar o desafio do autoconhecimento para

    vencer as barreiras que temos em ns mesmos e perceber as potencialidades e

    limites, o Dr. Liomar Quinto de Andrade escreve

    Alm de uma funo social, a arte pode ter uma funo teraputica, pois no apenas o artista estrutura seu mundo interior e o expressa por uma simbolizao que a obra, como o pblico participante tem possibilidade de dispor da prpria emoo. (ANDRADE. 1993. p. 7, apud: KIRA. s/d).

    A Arteterapia ajusta aos pacientes grandes possibilidades de se

    relacionarem melhor consigo mesmo e a respeitarem mais o potencial de cada um

    dando-lhe uma nova maneira de olhar, observar e perceber as pessoas. (DUTRA.

    2006). E Andrade (2000) enumera que na dcada de 20, Jung comea a usar a arte

    como processo psicoterpico.

    Passa a pedir a seus clientes que faam desenhos, representaes de imagens de sonhos e de situaes conflitivas, etc. Essas so por ele consideradas uma simbolizao do inconsciente individual ou, muitas vezes do inconsciente coletivo, decorrente da cultura humana nas diversas civilizaes (ANDRADE. 2000. p. 51, apud: DUTRA. 2006).

  • 19

    Cada paciente ao se expor em seus desenhos e falas durante os

    atendimentos trs uma gama de expresses inconscientes que mesmo em

    atendimentos coletivos a individualidade bem visvel. E segundo Dutra (2006) o

    paciente utiliza da sua criatividade para encontrar novas formas de buscar no

    inconsciente

    sua subjetividade e o modo de proceder na comunidade. Jung acreditava que a criatividade ajuda o processo de cura teraputica, observou a forma circular das mandalas, que tinham como objetivo criar uma nova ordem, uma funo de estruturar, ordenar e curar. (JUNG apud CHIESA. 2004. p. 33, apud: DUTRA. 2006).

    Para Kira, o arteterapeuta no interpreta as imagens simblicas do trabalho

    artstico do seu cliente, mas o incentiva a descobrir seus significados nos seus

    trabalhos expressivos focando ateno no processo teraputico. (BURRO. s/d).

    No incio, elas ficaram relutantes a escrever, mais quando perceberam a

    riqueza da Escrita Criativa, e que podiam escrever o que sentiam s para si

    mesmas, e que esse resgate emocional acontece na Arteterapia, quando trs o

    passado adormecido e que as artes visuais completam esse resgate de

    autoconhecimento, foi maravilhoso. Segundo Allessandrini, A expresso artstica

    pode proporcionar ao homem condies para que estabelea uma relao de

    aprendizagem diferenciada com o seu semelhante e com o mundo que o rodeia.

    (ALLESSANDRINI. 2002. p. 28, apud: DUTRA. 2006).

    Desta forma os atendimentos arteterapeuticos trazem aos pacientes uma

    quantidade de expresses que os conduzem a cura inconsciente num primeiro

    instante e que ao tomarem conscincia conseguem andar por suas pernas, contudo

    as oficinas tornam-se um acompanhamento diferenciado para completar a rotina

    semanal de cada uma, aliviando as suas tenses atravs dos trabalhos oferecidos.

    Com o passar dos dias, semanas e meses, elas conseguiram se perceber,

    elevando sua autoestima de modo a poderem realizar seus projetos iniciais

    desejados e ter uma viso melhor de futuro.

    Portanto, apresento abaixo alguns resultados dos questionamentos, pois

    temos vrios conflitos que so somatizados que acabam em doenas, no porque

    queremos, mais inconscientemente, e s percebemos o que ocorre, depois de algum

    tempo, quando nosso inconsciente reage e assim com o passar dos dias com tudo

    somatizado aparecem as doenas em variados nveis que podem ser curadas

    atravs da Arteterapia.

  • 20

    4.2. A transformao sendo observada de perto

    Em todo ato criativo de que participamos, encontramos o Deus interior, que somos ns. Neste sentido limitado, somos Deus. Mas ns, como indivduos, no podemos avaliar o movimento da conscincia permeado por toda a criao atravs de todos os seres sencientes. Neste sentido no somos Deus. E agora, tudo se reduz a um paradoxo: somos e ao mesmo tempo no somos Deus. (...) em um ato criativo, tornamo-nos o eu-quntico, reconhecemos nosso potencial divino por meio da auto-identidade quntica universal. (GOSWANI. p. 63).

    Dentro da viso de que somos deuses e de podermos mudar a direo de

    nossa sade partindo de pensamentos positivos, apresentamos abaixo algumas

    oficinas que se ressaltaram durante o estgio. Sendo que a pesquisa iniciou-se

    rastejando e acabou caminhando a passos largos, pois quando comeamos em

    agosto de 2011, as participantes estavam com um quadro de autoestima baixa, elas

    sentiam muita dor, mas no ltimo encontro, agradeceram por estar melhor.

    Observando os acontecimentos durante as oficinas percebemos que elas

    (pacientes) se continham para fazer os trabalhos, os faziam sutilmente, mais quando

    compreenderam seus objetivos sendo atingidos, foram se abrindo e conseguiram

    retrata-los com clareza. Em outros momentos se fechavam no comeo e depois iam

    abrindo at o trmino da oficina. Em suas falas continham palavras depreciativas de

    si prprias e que se mascaravam para viver, agora conseguem perceber seus

    conflitos e buscam solues para eles atravs de questionamentos positivos.

    Posicionam diante do que lhes oferecido durante as oficinas. E com desenhos

    representativos foram desvendando os sofrimentos ocultos e trazendo calmaria

    diante de solues.

    Atravs das oficinas percebemos os indicadores de mudana das

    participantes e citei as que contiveram maior ndice de insight.

    4.3. Oficinas

    OFICINA N: 5 DATA: 03/09/2011, TEMA: Desenho Livre

    onde trabalhamos Os 3 porquinhos7, DA desenhou a raiva, e

    um fogo que a queima, ela escreveu no celofane, pois disse

    que queria amenizar os traos da raiva, fez vrios riscos sobre

    7 (histria do enfarte do lobo aps excesso de ansiedade e fria na tentativa de pegar os porquinhos - GARNER. James Finn. Contos de fadas politicamente corretos, uma verso adaptada aos nossos tempos. RJ: Ediouro. 1996).

  • 21

    o estampado, contornou e riscou no interior de baixo para cima. Quando terminou

    estava tranquila e satisfeita. Aps esta oficina DA faltou a vrias outras

    seguidamente, no dia em que voltou estava mais serena, cabelos pintados, roupa

    colorida e relatou-nos que agora consegue conter sua raiva, pois antes explodia com

    respostas intempestivas.

    OFICINA. N: 10 DATA: 04/12/2011, TEMA: Fnix, aps leitura do

    Mito: Fnix escreveram o que as incomodavam no cotidiano e

    ento, foram em direo ao caldeiro para queimar a folha. DA

    colocou sua folha em cima da chama, esta comeou a se queimar

    pelo meio e caiu dentro do caldeiro. Ento ela esperou queimar

    tudo e pegou uma colher grande e retirou um pouco de cinzas para usar. Sentou-se

    e com o craft na horizontal, desenhou uma menina alegre com cabelo chanel, olhos

    abertos transparentes, nariz, um risco para a boca sorrindo, braos com mos que

    parecem 2 sis, vestido triangular que cobre o corpo que fez, o pintou de rosa com

    bolinhas amarelas e brancas, as pernas fez 2 riscos para cada uma, como se fosse

    grossa, e pequeninos ps que fixam e quase somem no cho roxo que parece uma

    sombra ou continuao do corpo da menina que interage com o cho que mesclou

    de rosa, branco e as cinzas, verde com cinzas. No canto direito superior pintou de

    branco e fez uma rvore transparente, retirando o branco.

    Escreveu sobre a cabea da menina Vou ficar bem feliz e contente e acima

    do arbusto escreveu Vou mudar meus caminhos por caminhos alegres. E

    escreveu, em duas linhas separando palavra liberdade8 em 2 slabas, lber dade.

    Neste momento nos relatou que foi diagnosticada com cncer no pulmo esquerdo,

    que operaria em janeiro/2012 e ter que fazer quimioterapia. Mesmo com a notcia

    estava com aparncia boa e semblante tranquilo.

    Observando seus desenhos que at ento eram abstratos, fez uma menina

    sorrindo e colorida, com uma sombra pequena roxa apesar de no ter feito sol para

    a sombra, mais nas mos tem 2 sis9. Ela est em busca de seu caminho em

    direo ao que sempre procurou, pois chegando aos 60 anos, est bem centrada e

    disposta tambm a novos conhecimentos e descobertas.

    8 liber s.m. Tecido vegetal que assegura por seus vasos crivados a conduo da seiva elaborada e se encontra na parte profunda do tronco e dos ramos; dade s. m. entre os antigos atenienses, festa em que se celebrava o nascimento de algum deus. F. gr. Dadis. 9 SOL smbolo da ressurreio e de imortalidade

  • 22

    Demos um intervalo devido as quimioterapias da DA, pois as outras queriam

    esperar pela sua recuperao para voltar aos encontros.

    OFICINA. N: 12 DATA: 30/03/2012, TEMA: Desenho-

    famlia-estria de Walter Trinca, OBJETIVO: Detectar

    contedos conscientes e inconscientes relacionados aos

    objetos internos e externos que dizem respeito dinmica

    da famlia, e transmitir atravs do desenho uma mensagem em si mesma indivisa.

    Nesta of. quem se manifestou em seu insight foi DO.

    DO fez com caneta e bem rpido o desenho do lado esquerdo superior e

    escreveu muito no verso da folha, 1 desenho desenhou 5 pessoas sem

    expresses (olhos, boca, nariz), mais todos de mos dadas como se estivessem

    felizes. Depois de sugerido colorir, comeou com grama verde (riscos verticais) e 4

    flores vermelhas somente. Escreveu: DesCaminhos. O que mais marcou no 3

    desenho foi o anovelado de cores (preto, vermelho) na parte superior da folha. Com

    raios vermelhos, marrom e preto. Escreveu logo abaixo preenchendo o restante da

    folha,

    Quando algum adoece em uma famlia todos adoecem juntos, (...) mas basta um nico movimento (...) para que todos se contaminem e se reestruture. Final Feliz....

    E o desenho que refletiu mesmo seu insight foi o 4 desenho, pois ela

    relatou que sua me estava grvida dela, semblante srio no desenho, uma menina

    (irm) de cabelos cacheados sorrindo, abaixo um menino (irmo) jogando bola

    (colorida: azul, vermelho, roxo e verde) e no centro da folha um homem (pai) bbado

    de chapu, olhos estrbica e boca triste.

    Relatou ser sua famlia, ento perguntei como sabia sobre o sofrimento da

    me e o pai naquela situao, no soube falar rapidamente, pensou um pouco, mais

    disse que o pai s vezes bebia e brigava com a me, mais ela j era maior.

    Passavam muita dificuldade financeira, porque o pai era pintor e sua me somente

    cuidava dos filhos.

    O que percebi em suas falas sobre a dificuldade de relacionamento entre a famlia e

    o possvel rancor existente neste relacionamento da infncia at a adolescncia,

    que mesmo aps o falecimento dos pais ainda ocorre, mas ela diz que j perdoou os

    pais e se emociona brevemente, disse que mesmo o pai bebendo era carinhoso e a

    me era rspida para educar os filhos, praticamente sozinha. Disse tambm que no

  • 23

    gosta de falar do passado e que se possvel no ter que fazer mais nada do

    passado, pois no gosta de remoer o que passou.

    OFICINA. N: 26 DATA: 24/07/2012, TEMA: Conscincia, OBJETIVO: Trazer

    conscincia o que quer para sua vida atravs de pontuar o que pretende para o

    futuro (6 meses). OL fez uma paisagem praiana, ao colorir trouxe mais elementos.

    Acima do porto fez uma mulher, em marrom pulando e bem colorida: blusa rosa

    beb, saia azul claro, sapatos pink e cabelos laranja; com sorriso enorme, olhos

    como se desse uma piscadela; gritou: Yhoooo!!!!. Penso que seja uma vontade sair

    deste mundo ilusrio, ou da dor e ir para o mundo real, ou saudvel; pois deixou a

    parte de fora do muro sem cor, apenas o coqueiro tem folhas verdes. Prximo ao

    porto fez uma pessoa (s contorno) de cabea para baixo com relao aos outros

    desenhos, em marrom, segurando a fechadura, seu corpo sobrepe o caminho.

    Escreveu na 2 folha na parte superior at o meio e colocou a palavra final ocupando

    quase a parte inferior toda, em letra de forma enorme:

    O obstculo que me impede de ser eu mesma: Preciso me olhar mais pra dentro de mim mesma e descobrir quem realmente sou. Sou insegura... as vezes qdo estou bem comigo mesma, feliz, e despreocupada me solto e me sinto eu mesma. Refazendo o desenho: abri a porta e vi o mundo novo l fora, a gua azul do mar, o sol brilhando e pessoas rindo e se divertindo... O que antes era escuro e sem graa se transformou em colorido e cheio de vida... E assim preciso aprender a me mostrar mais como realmente sou...

    Neste momento ela relatou somente Deus pode realizar coisas boas e junto

    com a Arteterapia aprendeu a compreender melhor seus sentimentos para melhorar

    e dar valor a coisas que nem percebia existir devido ao sofrimento pelo qual

    passava.

    OFICINA. N: 28 DATA: 31/07/2012, TEMA: Caixa Mgica inconsciente, tem

    como OBJETIVOS: Buscar situaes inconscientes para solucionar problemas, pois

    s ao perceb-los que ento partiremos em direo cura. Oportunizar o bem-

    estar para liberar cerotonina que aumenta a imunidade. Compreender a

    personalidade humana na sua polaridade persona e sombra. Observar os smbolos

    que aparecem. E por fim, decorar a caixa primeiramente por fora e posteriormente

    por dentro.

    Aps a finalizao da colagem da caixa, DA disse que sua caixa no ficou

    bonita, e quando disse que teria que furar, ela disse que no queria, perguntei o

    porqu, mais ela apenas sorriu. Furou com um sorriso enorme no rosto e disse que

    poderia ser furos pequenos para no estragar os desenhos. Respondi que tinham

  • 24

    que ser furos que dessem para ver l dentro. Furou: a frente, a lateral esquerda da

    blusa xadrez.

    OFICINA. N: 29 DATA: 07/08/2012, TEMA: Olho de deus, cujos OBJETIVOS

    so: Perceber-se enquanto Ser capaz de poder mudar seu prprio destino, partindo

    do pressuposto que fomos criados a imagem e semelhana de Deus e, portanto

    somos semi-deus e podemos ento autocurar os nossos problemas/doenas que

    nos afligem atravs de nossos pensamentos. Favorecer o autoconhecimento e a

    sociabilizao com a confeco dos olhos de deus. Proporcionar o resgate e

    ressignificao de relaes afetivas importantes, bem como o estmulo criatividade

    bloqueada.

    Elas se descontraram e falaram de sua infncia e adolescncia divertida,

    com interaes e descobertas da vida. Tiveram dificuldade no comeo do tranar,

    mais depois pegaram o jeito de deslancharam. DO j fez ficar perto e percebeu as

    alteraes a cada vez que mudava o sentido da linha. Assim comeou a fazer tudo

    pro mesmo lado. Escreveu: O processo de criar o olho de Deus inicialmente foi

    difcil, aos poucos foi ficando bom de fazer, talvez seja porque no entendi

    inicialmente, mas por fim gostei mto. Foi relaxante!

    DA pegou l e deu vrias voltas no mesmo lado, o que fez com que

    ficassem bem espaadas as linhas. Escreveu: Foi interessante, diferente, foi um

    pouco difcil, mas foi bom fazer este trabalho, pois gosto de ver coisas diferentes. E

    aprender tambm, estimula a calma, pacincia.

    OL comeou longe, depois foi diminuindo as voltas para ficar mais perto.

    Desenhou uma flor enorme quase na folha toda com cho e ao lado direito fez riscos

    verticais com bolinhas nas pontas. E escreveu:

    O processo de criao foi muito bom. Fiquei concentrada no enrolar das linhas, no tamanho e na troca de cores. A medida que foi terminando foi ficando cada vez mais bonito, e gratificante trabalhar.

    OFICINA. N: 30 DATA: 09/08/2012, TEMA: Tramas, desenvolvendo o

    OBJETIVO de perceber diante das falas de Jung, a individuao o processo pelo

    qual o individuo adquire a totalidade psquica. E atravs deste processo, que o

    indivduo alcance a sua integridade, torne-se si mesmo, inteiro, indivisvel e distinto

    dos outros.

    Trazer luz o despertar dos sentidos pela via da audio, tato, olfato, espao e paladar, atravs do uso das linhas e fitas coloridas; potencializar o trabalho teraputico de forma singular, criativa, de alto valor curativo desde os primrdios tempos da humanidade at os dias atuais. (SOUZA. 2011).

  • 25

    Resgatar o processo criativo atravs do uso das mos para despertar os

    sentidos. DA limpou a ponta dos dedos no canto direito do tecido, pois algumas

    vezes usava a mo no lugar do pincel. Escreveu: Foi bom, desperta-me para fazer

    pintura em tecido. At em fazer um curso. O que me contrariou eu no ter moldes

    vazado e bastidores. Lembrou de quando eu pintava panos de prato e tela. Terapia

    em tecido com tintas.

    DO comeou pintando com verde, depois colocou vermelho fazendo a flor

    (tulipa), acima fez uma folha com a ponta para baixo, e no canto esquerdo inferior

    fez um semicrculo laranja. Depois ficou procurando olhos, pois sempre apareciam,

    ficou satisfeita por no ter nenhum e escreveu: Foi divertido, fcil, descontrado de

    trabalhar com cores e o tecido, me lembrei do tempo do colgio, qdo conseguia

    copiar e pintar o que desejasse, foi um sentimento bom.

    Ao final da oficina estavam tranquilas e nem se lembraram sobre a prxima

    oficina. As pinturas foram bem significativas, partindo do ponto que DA fez flor,

    boto com caule em Y.

    OFICINA. N: 33 DATA: 21/08/2012, TEMA: Caixa acolhedora, OBJETIVOS:

    Perceber-se, para conseguir passar por crises momentneas, dificuldades; Ver em

    que crise voc se encontra... O que voc no aguenta mais... O que mudou e o que

    ainda quer mudar. Coloquei a Msica do CD: As

    mais belas Histrias: A Bela Adormecida. DO se

    incomodou com a msica 17 Batalha contra os

    Poderes do Mal. DO comeou a dobrar o craft e

    para fazer o envelope, ento falou: hoje o dia mais

    importante!, perguntei o por qu?, ela respondeu

    respondeu: tem cara de fim, eu lhes disse que no a ltima, ainda teremos muito

    a trabalhar, pois temos emoes a todo momento, e s nos conhecendo ficaremos

    bem. E que a transformao constante e que seja pra melhor.

    OL fez o envelope primeiro. Estava inquieta, disse que estava com sono,

    pois havia feito 2h de fisioterapia pela manh. Estava folheando devagar as revistas

    e ento disse: Nossa! Estou atrasada. Disse que todas j haviam escolhido as

    gravuras e ela no. Comeou cortando com a tesoura suas inmeras folhas e

    continuou rasgando com a mo. Eu lhe disse que estava no mesmo momento das

    outras.

  • 26

    DA fez calma, bem devagar. Fechou as laterais do envelope. Escolheu

    poucas gravuras. Comeou colando nas laterais. Ao final disse que estava cansada

    devido ao tempo seco. DA no quis se manifestar e disse que no estou muito

    bem e escreveu: No fui muito bem hoje, mais executar um trabalho que eu nunca

    vi foi legal. OL lhe disse que a quantidade de revistas e a diferena, dava pra

    escolher muitas coisas e que voc pare de falar coisas ruins de seus trabalhos.

    Olha que lindo.

    OFICINA. N: 34 DATA: 31/08/2012, TEMA: A cor da transformao, onde o

    OBJETIVO foi compreender o processo de desenvolvimento como transformao e

    amadurecimento, salientando as caractersticas fundamentais dos diferentes

    momentos de vida. DA relatou estar bem e que quer continuar o atendimento, pois

    neste 1 ano conseguiu fazer amizades com os vizinhos que antes nem

    cumprimentava, diz estar bem com relao ao tratamento, sua aparncia

    constante sorriso e cabelos pintados e arrumados, roupa colorida. Sua fala quase

    no contm pessimismo, e sim palavras suaves e claras sobre ela e seus trabalhos.

    Consegue ter uma viso de futuro, sua individualidade est revigorada partindo do

    ponto que consegue enxergar as suas pretenses e aspiraes atravs de trabalhos

    manuais e uma possibilidade de voltar a trabalhar.

    Sobre minhas percepes a respeito de DA, ela disse que todas se

    encaixam partindo do ponto que agora consegue perceb-las. Agradeceu por esta

    oportunidade e que quer continuar a fazer, pois melhor do que as terapias de

    grupo em que participa, relatei a ela que precisa continuar com a terapia tambm

    para compreender melhor o que conversamos nas oficinas. Ela concluiu: Faa

    Psicologia! e sorriu.

    A Arteterapia quando trabalhada em oficinas de grupo trs uma bagagem de

    informaes, pois os pacientes so nicos e se diferem em suas rotinas, o que faz

    com que seja um reforo para o outro, pois a experincia de um serve para orientar

    e completar o outro diante de sua dificuldade, afim de resolv-la mais rapidamente.

    E diante do exposto acima, concluo afirmando que a Arteterapia valoriza o que o

    paciente consegue informar diante de seus desenhos e de suas falas, fluindo o que

    foi proposto para que a cura acontea integralmente. Ainda continuaremos com as

    oficinas porque penso ser importante devido ao que me foi trazido e que elas ainda

    precisam deste apoio arteterapeutico.

  • 27

    CONSIDERAES FINAIS

    No presente artigo percebemos que como afirma Silva a doena uma

    perturbao no resolvida no equilbrio interior do ser vivo e em sua interao com o

    ambiente que a cerca. (SILVA. 1994. p. 89).

    Hoje penso na vida com todas as suas nuances e tento viver cada momento

    completo, pra no sofrer tanto quanto sofri durante o tratamento em que no se sabe

    o dia de amanh, mesmo saudvel no o sabemos. Sofrer com uma doena

    complicado, pois no se pode saber realmente como ficar o fsico e o espiritual

    aps sua cura, e se ter a vida parecida com a de antes, esta volta sade

    diferente devido ao crescimento interno que se tem com a experincia conflitante de

    doena X sade.

    Vivenciar as oficinas trouxe um resgate a minha autoestima, pois ao

    conseguir ajudar uma pessoa que conhecia pouco, e perceber que a Arteterapia

    proporciona esta integrao, superei algumas barreiras que ainda hibernavam em

    minha mente inconsciente. E partindo deste pressuposto, percebi que ao observar

    cada ser que nico, sendo sua histria de vida relevante para que se faa um bom

    diagnstico para desenvolver as oficinas.

    A Arteterapia proporcionou um trabalho maravilhoso, por no ser um simples

    gesto de usar materiais e sim interagi-los com a expressividade, possibilitando a

    individualidade de cada um de acordo com suas necessidades. E que ao perceber

    atravs dos desenhos que a vida muda e que nos transformamos a cada dia dentro

    da perspectiva do tempo, no de nossas ansiedades, por isso temos doenas

    imunes e tidas incurveis curadas que foram observadas na Medicina

    Psicossomtica.

    Ao unir Arteterapia e Medicina Psicossomtica tem-se a expanso do

    inconsciente para o consciente, o que facilita o desenvolvimento do criativo atravs

    dos desenhos, das pinturas e escritas; e o Psicossomtico relata que o conflito

    decorrente de algum tempo de sofrimento e a Arteterapia a soluo diante do insight

    criativo, partindo ento, para a cura do ser ao abrir as trocas energticas, o que

    facilita a compreenso e posterior cura das doenas somatizadas.

  • 28

    Atualmente, consigo enxergar com os olhos da alma o que atrapalhava a

    seguir meu caminho com tranquilidade, muitas vezes mudo o percurso e outras,

    ainda tropeo.

    Neste trabalho atingimos os objetivos propostos, pois trouxemos, diante da

    vivncia, a reflexo de que possvel superar os sentimentos aps uma derrota, e

    com o passar das oficinas, a autoestima foi aumentada, pois compreender o que foi

    somatizado no passado e o que se passava no inconsciente consegue-se uma

    melhora na sade.

    Portanto revigorada a autoestima e de bem com a vida, conseguem planejar

    a rotina novamente em direo a um trabalho alegre e compatvel com o que ainda

    fazem dentro da 3 idade que est a chegar. Conclumos o artigo, neste primeiro

    momento afirmando que o artigo uma pesquisa que est em constante evoluo

    devido aos problemas irem e virem, e este ser retomado posteriormente no

    mestrado.

  • 29

    REFERNCIAS

    ALESSANDRINI. C. D. Oficina Criativa e Psicopedagogia. SP: Casa do Psiclogo. 1996. BARBERI. M. Escrita para curar. Em alguns casos, escrever de forma orientada sobre experincias traumticas pode ajudar pessoas a refletir sobre si e a superar a dor da perda. Revista Mente & Crebro. Edio 184 maio/2008. BURRO. K. O Que Arteterapia? Arteterapia, Restabelecendo Equilbrio Fsico e Emocional. s/d. Em: http://artecomkira.blogspot.com/search/label/*%20ARTETE RAPIA% 20%3F. Acessado em mai/12. CAMPOS. J. S. O resgate da sade do trabalhador. Uberlndia/MG. 2011. RTDPJ. n 3198389. e-mail: [email protected] CARVALHO. M. M. J. Psiconcologia e o programa Simonton. Psicologia e Sade Temas psicol. vol.4 n1. Ribeiro Preto. abr/1996. USP. Em: http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sciarttext&pid=S1413-389X1996000100007&lng=es& nrm=iso. Acessado: 09/03/11. CID10 - F69 Transtorno da personalidade e do comportamento do adulto, no especificado Includo em 19/01/2005. Acessado em jul/12. DAHLKE. R. A Doena como Linguagem da Alma. Os sintomas como oportunidades de desenvolvimento. Trad.: Dante Pignatari. Ed. Cultrix. SP. 1992. DOWNING. C. (Org.). Espelhos do Self: As Imagens Arquetpicas que Moldam a sua Vida. Trad. M Silvia Mouro Netto. Editora Cultrix. SP. Edio 98. Ano 10. DUTRA. V. M. A busca de si-mesmo: um encontro por meio da arteterapia. Natal: 2006. Monografia (Especializao em Arteterapia). FILHO. J. de M. Concepo Psicossomtica: viso atual. SP: Casa do Psiclogo. 2005. GOSWAMI. A. A Fsica da Alma. A explicao cientfica para a reencarnao, a imortalidade e experincias de quase morte. SP: Aleph. 2008. 2 ed.

  • 30

    JUNG. C. G. O Homem e seus smbolos. 22 ed. RJ: Nova Fronteira. 2002. LOWEN. A. O corpo em terapia: a abordagem bioenergtica. Trad. Maria Slvia Mouro Netto. SP: Summus. 1977. 11 ed. MIRANDA. A. B. S. de. A Importncia da Assistncia Psicolgica em Pacientes Oncolgicos. 2012. In: http://artigos.psicologado.com/atuacao/p sicologia-hospitalar/a-importancia-da-assistencia-psicologica-em-pacientesoncologicos. Acessado em jan/12. OLIVEIRA. F. L. de. Arteterapia e a Interlocuo com Terapias Energticas. Goinia: [s.n.]. 2007. 70p. Monografia (Especializao em Arteterapia) FIZO . Alquimy Art SP. PORTA. M. de L. F. A Luz Pintou meu Espelho. Uberlndia: [s.n.]. 2007. 55p. Monografia (Especializao em Arteterapia) FIZO Alquimy Art SP. PORTAL DA EDUCAO. Psicossomtico. In: http://www.portaleducacao .com.br/sis tema/saladeaula. Acessado em 30/07/12 a 28/08/12. [SHEYLE.1950. p. 24 e 25]. [GREER et al (1979) e DALTORE et al. (1980). M. II. p. 131]. [TEMOSHOK et al. 1985 M. II. p. 131]. [SPIEGEL e GIESE-Davis 2003 M. III. p. 170]. [FREUD M. III. p. 156-7]. [JUNG M. III. p. 158], [ M. II. p. 66]. SILVA. M. A. D. da. Quem ama no adoece: o papel das emoes na preveno e cura das doenas. SP: Ed. Best Seller. 1994. 9 edio. SOUSA. F. F., PEREIRA. L. V., CARDOSO. R., HORTENSE. P. Sndromes Dolorosas. Validao da Escala de Dor da Universidade de So Paulo Pster http://www.dor.org.br/8cbdor/. Acessado em jul/11. SOUZA. S. R. de; ROSA. T. A.; JACOMEL. R. DOR, O 5 Sinal Vital: e o Comprometimento Multiprofissional. Curso de Enfermagem Centro Universitrio Campos de Andrade UNIAND RADE. http://www.corenpr.org.br/artigos/dor_oqui nto.pdf. Acessado em 09/05/12. VARELLA. D. Leucemia. http://drauziovarella.com.br/crianca-2/leucemia/. Acessado em out/12.

  • 31

    APNDICE

  • 32

    FOLHA DE APROVAO

    O PSICOSSOMTICO E A ARTETERAPIA: PROCESSANDO A CURA.

    Artigo Cientfico produzido a ttulo de Trabalho de Concluso de Curso da Especializao lato sensu em Arteterapia do Alquimy Art apresentado ao Programa de Ps-Graduao e Pesquisa da Faculdade do Serid (FAS) em parceria com o Alquimy Art como requisito obteno do ttulo de Especialista em Arteterapia.

    Goinia, 10 de novembro de 2012.

    BANCA EXAMINADORA / COMISSO DE AVALIAO

    ____________________________________________________

    Ms. Flora Elias de Carvalho Fussi, Alquimy Art/ Faculdade do Serid, Membro da comisso de avaliao Orientadora

    ____________________________________________________

    Dra. Cristina Dias Allessandrini, Alquimy Art/ Faculdade do Serid, Membro da comisso de avaliao

    ____________________________________________________

    Esp. Carolina Carvalho Fussi, Membro da comisso de avaliao

  • 33

    CAMPOS, Janaina Silveira.

    O PSICOSSOMTICO E A

    ARTETERAPIA: PROCESSANDO A CURA. / Janaina Silveira Campos. Uberlndia: [s.n.], 2012. 31p.

    Artigo (Especializao em Arteterapia)

    FAS, Faculdade Serid. Alquimy Art, SP. 1. Psicossomtico. 2. Arteterapia. 3.

    Reflexo. 4. Cura.

    Direitos desta edio reservados a autora. Proibida a reproduo total e parcial. Os infratores sero processados na forma da lei.