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Prevenção do Câncer do Colo do Útero Manual Técnico Profissionais de Saúde Ministério da Saúde Brasília, 2002

Cancer No Colo Do Útero

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  • Preveno do Cncer do

    Colo do tero

    Manual Tcnico

    Profissionais de Sade

    Ministrio da Sade

    Braslia, 2002

  • No Brasil existem cerca de seis milhes de mulheres entre 35 a 49 anos que nunca

    realizaram o exame citopatolgico do colo do tero (Papanicolaou), faixa etria onde

    mais ocorrem casos positivos de cncer do colo do tero.

    A conseqncia so milhares de novas vtimas a cada ano. Mulheres que, se tivessem

    tratado a doena a tempo, poderiam estar vivendo hoje uma vida normal.

    Por isso, o Ministrio da Sade continua trabalhando para assegurar, ao maior nmero

    dessas mulheres, acesso s Unidades de Sade e ao exame citopatolgico.

    importante lembrar que a maioria delas gente muito simples, sem acesso

    informao e que no faz preveno por medo ou at vergonha.

    Por isso, a sua participao um passo muito importante. Trate com toda ateno,

    carinho e, principalmente, respeito, as mulheres que forem sua procura.

    Provavelmente muitas delas tiveram que superar enorme barreira para chegar at

    voc e contam muito com a sua pacincia, compreenso e ajuda.

    Tambm fundamental orientar suas pacientes sobre a necessidades de fazer o

    retorno para buscar os resultados, at mesmo porque o Programa Nacional de

    Controle do Cncer do Colo do tero garante o tratamento dos problemas detectados.

    Procure se informar sobre como encaminhar os casos suspeitos ou positivos

    unidade de abrangncia

    Agora, vamos ao trabalho. Muitas mulheres esto a caminho e contam com voc!

    AApprreesseennttaaoo

  • O cncer do colo do tero 5

    Um problema de sade pblica no Brasil 6

    O que fazer para prevenir o cncer do colo do tero 7

    O que o Ministrio da Sade j realizou para controlar o

    cncer do colo do tero no pais? 8

    O que o Ministrio da Sade realizar em 2002 contando

    com sua parceria 9

    Como proceder coleta de material para exame

    citopatolgico (Papanicolaou) 10

    Por que preencher adequadamente todos os dados da ficha

    de requisio 11

    Quando a amostra no satisfatria? 12

    Resultados que podem ser encontrados no exame

    citopatolgico e conduta a ser adotada

    O que NIC? 13

    O que efeito citoptico compatvel com o HPV? 13

    O que so ASCUS E AGUS? 14

    O que so carcinoma e adenocarcinoma? 14

    SSuummrriioo

  • O que fazer com os resultados considerados dentro

    dos limites da normalidade? 14

    Como proceder se o resultado do exame citopatolgico

    repetido aps 6 meses continuar alterado? 15

    O que colposcopia? 15

    O que Cirurgia de Alta Freqncia? 15

    Como encaminha uma mulher para a colposcopia? 16

    O que fazer com as mulheres que tiveram resultado

    citopatolgico alterado e faltaram a alguma consulta? 16

  • O colo do tero revestido, de forma ordenada, por vrias camadas de clulas

    epiteliais pavimentosas, que ao sofrerem transformaes intra-epiteliais progressivas,

    podem evoluir para uma leso cancerosa invasiva em um perodo de 10 a 20 anos.

    Na maioria dos casos, a evoluo do cncer do colo do tero lenta, passando por

    fases pr-clnicas detectveis e curveis.

    Acomete, geralmente, os grupos com maior vulnerabilidade social, onde se

    concentram as maiores barreiras de acesso rede de servios para deteco e

    tratamento precoce da doena, advindas de dificuldades econmicas e geogrficas,

    insuficincia de servios e questes culturais, como medo e preconceito dos

    companheiros.

    Os fatores de risco para seu desenvolvimento so:

    idade precoce na primeira relao sexual; multiplicidade de parceiros; histria de infeces sexualmente transmitidas (da mulher e de seu parceiro).

    Atualmente, considera-se que a persistncia da infeco pelo Vrus do Papiloma

    Humano (HPV) represente o principal fator de risco;

    multiparidade; tabagismo; alimentao pobre em alguns micronutrientes, principalmente vitamina C, beta

    caroteno e folato, e o uso de anticoncepcionais.

    Embora o exame citopatolgico (Papanicolaou) tenha sido introduzido no Brasil desde

    a dcada de 50, a doena ainda um problema de sade pblica.

    OO CCnncceerr ddoo CCoolloo ddoo tteerroo

  • O cncer do colo do tero corresponde, aproximadamente, a 15% de todos os

    cnceres que ocorrem no sexo feminino.

    As taxas de mortalidade referentes ao perodo de 1979 a 1998 evidenciam uma

    elevao de 29% (de 3,44 para 4,45 por 100.000 mulheres).

    Seu pico de incidncia situa-se entre os 40 e 60 anos de idade, sendo pouco freqente

    abaixo dos 30 anos.

    Estima-se que cerca de 40% das mulheres brasileiras nunca tenham sido submetidas

    ao exame citopatolgico (Papanicolaou).

    UUmm pprroobblleemmaa ddee ssaaddee ppbblliiccaa nnoo BBrraassiill

  • Dentre todos os tipos de cncer, o que apresenta um dos mais altos potenciais de

    preveno e cura, chegando a perto de 100%, quando diagnosticado precocemente e

    podendo ser tratado em nvel ambulatorial em cerca de 80% dos casos.

    A deteco precoce do cncer do colo do tero em mulheres assintomticas

    (rastreamento), por meio do exame citopatolgico (Papanicolaou), permite a deteco

    das leses precursoras e da doena em estgios iniciais, antes mesmo do

    aparecimento dos sintomas.

    A faixa etria prioritria para a deteco precoce do cncer do colo do tero dos 35

    aos 49 anos de idade, perodo que corresponde ao pico de incidncia das leses

    precursoras e antecede o pico de mortalidade pelo cncer.

    Alm disso, aes que visem reduzir a exposio aos fatores de risco, principalmente

    tabagismo e infeco pelo HPV, devem ser encorajadas.

    OO qquuee ffaazzeerr ppaarraa pprreevveenniirr oo ccnncceerr ddoo ccoolloo ddoo tteerroo

  • Implantao, nos 26 estados e Distrito Federal, do Programa Nacional de Controle do

    Cncer do Colo do tero, cujo objetivo diminuir a incidncia e a mortalidade da

    doena, por meio da implementao de aes estruturadas para a deteco precoce

    da doena e de suas leses precursoras, garantia do tratamento adequado e

    monitoramento da qualidade do atendimento mulher.

    A primeira mobilizao nacional para a deteco precoce da doena ocorreu em 1998,

    onde:

    foram colhidos 3 milhes de exames, dos quais 65% foram na faixa etria de 35 a 49 anos de idade;

    foram detectados 60 mil exames com algum tipo de alterao; foram acompanhadas e tratadas 77% das mulheres com leses precursoras de

    alto grau e cncer.

    Disponibilizao no SUS- Sistema nico de Sade dos procedimentos ambulatoriais

    para o diagnstico (exame citopatolgico Papanicolaou e exame histopatolgico

    do colo do tero), acompanhamento e tratamento da doena (colposcopia e CAF-

    cirurgia de alta freqncia).

    OO qquuee oo MMiinniissttrriioo ddaa SSaaddee jj rreeaalliizzoouu ppaarraa ccoonnttrroollaarr oo ccnncceerr ddoo ccoolloo ddoo tteerroo nnoo ppaass

  • A segunda mobilizao nacional para deteco precoce da doena visando,

    prioritariamente, captar, acompanhar e tratar nos servios de sade, as mulheres que:

    nunca realizaram o exame citopatolgico (Papanicolaou) e estejam na faixa etria de maior risco para a doena 35 a 49 anos de idade;

    repetir o exame citopatolgico (Papanicolaou) naquelas que o fizeram durante a primeira mobilizao nacional ou h mais de 3 anos.

    No entanto, outras mulheres que comparecerem Unidade de Sade devem ser

    orientadas e agendadas para a realizao do seu exame, quando houver indicao.

    OO qquuee oo MMiinniissttrriioo rreeaalliizzaarr eemm 22000022 ccoonnttaannddoo ccoomm aa ssuuaa ppaarrcceeiirraa

  • O primeiro passo o adequado preenchimento do formulrio de requisio do exame

    citopatolgico com letra legvel e com todas as informaes referentes aos dados

    pessoais e da Unidade de Sade corretos.

    O procedimento de coleta propriamente dito deve ser realizado na ectocrvice e na

    endocrvice, usando a esptula de Ayres e a escovinha tipo Campos da Paz.

    Aps a coleta, a fixao deste material na lmina deve ser imediata.

    fundamental no esquecer que esta lmina e a caixa ( ou frasco) devem estar

    corretamente identificados, da mesma forma que o formulrio de requisio de

    exames j preenchido, todos a lpis grafite.

    No caso de mulheres histerectomizadas, recomenda-se verificar se o colo foi mantido.

    Havendo colo, o exame deve ser procedido regularmente.

    No caso de pacientes grvidas, a coleta no contra-indicada, mas deve ser realizada

    de maneira cuidadosa podendo seguir-se de um pequeno sangramento.

    CCoommoo pprroocceeddeerr ccoolleettaa ddee mmaatteerriiaall ppaarraa oo eexxaammee cciittooppaattoollggiiccoo ((PPaappaanniiccoollaauu))

  • Eles so essenciais para uma correta interpretao do material coletado e para a

    busca das mulheres com alteraes citopatolgicas que no compareceram para

    apanhar o seu resultado de exame ou faltarem em alguma etapa de seu tratamento.

    Muitas mulheres no retornam Unidade de Sade para conhecer o resultado de seu

    exame. Por isso, marque uma data para retorno e a busca de seu resultado e lembre-

    as, no momento da coleta de seu exame, desta necessidade.

    PPoorr qquuee pprreeeenncchheerr aaddeeqquuaaddaammeennttee ttooddooss ooss ddaaddooss ddaa ffiicchhaa ddee rreeqquuiissiioo??

  • A amostra colhida, ao ser examinada no laboratrio, ser classificada em:

    amostra insatisfatria; amostra satisfatria, mas limitada; amostra satisfatria.

    Uma amostra ser considerada insatisfatria quando h:

    ausncia de identificao na lmina ou na requisio; lmina quebrada ou com material mal fixado; clulas escamosas bem preservadas cobrindo menos de 10% de superfcie da

    lmina;

    obscurecimento por sangue, inflamao, reas espessas, m fixao, dessecamento etc., que impeam a interpretao de mais de 75% das clulas

    epiteliais.

    Nestes casos no possvel se dar algum diagnstico e por isso o exame deve ser

    repetido.

    Uma amostra ser considerada satisfatria mas limitada quando h:

    falta de informaes clnicas pertinentes; ausncia ou escassez de clulas endocervicais ou metaplsicas representativas da

    juno escamo-colunar (JEC) ou da zona de tranformao;

    esfregao purulento, obscurecido por sangue, reas espessas, dessecamento etc., que impeam a interpretao de aproximadamente 50 a 70% das clulas epiteliais.

    QQuuaannddoo aa aammoossttrraa nnoo ssaattiissffaattrriiaa??

  • O que NIC?

    A Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) no cncer e sim uma leso precursora, que dependendo de sua gravidade, poder ou no evoluir para cncer.

    NIC I a alterao celular que acomete as camadas mais basais do epitlio

    estratificado do colo do tero (displasia leve). Cerca de 80% das mulheres com esse

    tipo de leso apresentaro regresso espontnea.

    NIC II a existncia de desarranjo celular em at trs quartos da espessura do

    epitlio, preservando as camadas mais superficiais (displasia moderada).

    NIC III a observao do desarranjo em todas as camadas do epitlio (displasia

    acentuada e carcinoma in situ), sem invaso do tecido conjuntivo subjacente.

    As leses precursoras de alto grau (NIC II e III) so encontradas com maior freqncia

    na faixa etria de 35 a 49 anos, especialmente entre as mulheres que nunca

    realizaram o exame citopatolgico (Papanicolaou).

    No resultado compatvel com NIC I recomenda-se a repetio do exame citopatolgico

    aps 6 meses. No se esquea de agendar esta prxima consulta.

    Nos resultados compatveis com NIC II ou NIC III recomenda-se o encaminhamento

    imediato para a colposcopia, para confirmao histopatolgica de que no h invaso

    do tecido conjuntivo.

    O que efeito citoptico compatvel com o HPV?

    O exame citopatolgico no diagnostica a infeco pelo HPV e nem o seu tipo, mas

    existem alteraes celulares que sugerem a presena deste vrus, tais como clulas

    paraceratticas, escamas anucleadas, coilocitose, cariorrexis ou ncleos hipertrficos

    com cromatina grosseira.

    Neste caso, recomenda-se a repetio do exame citopatolgico (Papanicolaou) aps 6

    meses.

    RReessuullttaaddooss qquuee ppooddeemm sseerr eennccoonnttrraaddooss nnoo eexxaammee cciittooppaattoollggiiccoo ee ccoonndduuttaa aa sseerr aaddoottaaddaa

  • O que so ASCUS e AGUS?

    Estes termos foram introduzidos na nomenclatura citopatolgica nacional em 1993 e

    correspondem s atipias de significado indeterminado em clulas escamosas

    (ASCUS) e em clulas glandulares (AGUS).

    Sob esses diagnsticos esto includos os casos com ausncia de alteraes

    celulares que possam ser classificadas como Neoplasia Intraepitelial Cervical, porm

    com alteraes citopatolgicas que merecem uma melhor investigao e

    acompanhamento.

    Recomenda-se a repetio do exame citopatolgico (Papanicolaou) aps 6 meses.

    O que so carcinoma e adenocarcinoma?

    Carcinoma escamoso invasivo e Adenocarcinoma invasivo ocorrem quando as alteraes celulares se tornam mais intensas e o grau de desarranjo tal que as

    clulas invadem o tecido conjuntivo do colo do tero abaixo do epitlio. O exame

    histopatolgico ir determinar o grau da invaso, o que necessrio para o correto

    tratamento.

    Recomenda-se que as mulheres com este diagnstico sejam encaminhadas

    imediatamente para a colposcopia.

    O que fazer com os resultados considerado dentro dos limites da normalidade?

    Recomenda-se que um novo exame seja realizado pelo menos a cada 3 anos.

    Isto no exclui a necessidade de retorno anual Unidade de Sade para outras

    consultas, tais como exame clnico das mamas.

  • Como proceder se o resultado do exame citopatolgico repetido aps 6 meses continuar alterado?

    Espera-se a regresso espontnea das leses (ASCUS, AGUS, NIC I e efeito

    citoptico compatvel com HPV) em torno de 80% dos casos.

    Caso o resultado continue alterado, a mulher deve ser encaminhada para a

    colposcopia.

    O que colposcopia?

    A colposcopia consiste na visibilizao do colo atravs do colposcpio (um aparelho

    que possui iluminao e lentes de aumento), aps a aplicao de solues de cido

    actico, entre 3% e 5% e lugol.

    um exame usado para avaliar os epitlios do trato genital inferior e, quando

    necessrio, orientar bipsias e cirurgia de alta freqncia (CAF).

    O que Cirurgia de Alta Freqncia? o procedimento que utiliza um bisturi eltrico de alta freqncia para a retirada de

    uma leso. Este aparelho simultaneamente corta e faz a hemostasia do leito cirrgico

    sem causar danos ao tecido removido.

    O objetivo deste tratamento cirrgico retirar totalmente a leso intra-epitelial, promovendo o controle local da doena e a mutilao mnima, por este motivo tem que

    ser feito sob observao colposcpica. realizado no ambulatrio e tem como grande

    vantagem a possibilidade de utilizao do fragmento para estudo histopatolgico e

    afastar a possibilidade de invaso do estroma.

  • Como encaminhar uma mulher para a colposcopia? Informe-se sobre qual unidade de referncia mais prxima poder realizar a

    colposcopia e a CAF.

    Encaminhe a mulher, preferencialmente, com uma consulta previamente agendada.

    Faa um pequeno relatrio com a histria clnica e o resultado do exame

    citopatolgico, que poder ser no prprio receiturio mdico ou numa guia de

    referncia j existente.

    Sensibilize a mulher para o comparecimento consulta agendada.

    O que fazer com as mulheres que tiveram resultado citopatolgico alterado e faltaram a alguma consulta? Realize a busca desta mulher.

    Cada municpio/Unidade de Sade dever ter uma estratgia para implementao

    desta busca, mas fundamental que ela seja realizada.

  • Disque-Sade 0800 61 1997