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Cantinho da Oração em família
5º ANO | Catequese 4
Deus não criou o mal
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A família reúne-se no seu «Cantinho da Oração». Sugere-se a colocação de uma cruz,
uma vela acesa e uma imagem de Nossa Senhora. Podem usar-se estatuetas ou estampas.
Se a família tiver alguma devoção especial a um santo ou santa em particular, pode
também colocar-se a sua imagem. A cruz deve ser sempre central. Convém que haja
perto cadeiras para todos se sentarem.
Antes de começar a oração, é preciso combinar tarefas: uma pessoa preside (sugere-se
que seja a criança) e são necessários 2 leitores. Caso no momento de oração participem
apenas duas pessoas, então uma preside e a outra responde e faz as leituras.
Após alguns momentos de silêncio, todos rezam como se segue (o V. marca as
intervenções de quem preside e o R. a resposta de todos):
V. Em nome do Pai, (†) do Filho e do Espírito Santo.
R. Ámen.
A seguinte oração (Confissão) é rezada por todos ao mesmo tempo:
Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas
vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa [batendo
com a mão no peito], minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos
Anjos e Santos, e a vós, irmãos, que rogueis por mim a Deus, Nosso Senhor.
Então, a criança que preside explica o sentido da celebração:
O problema do mal é, talvez, o maior mistério que se coloca à
humanidade e o desafio mais sério que os seres humanos têm de enfrentar.
Trata-se de uma realidade que todos os dias nos submerge e afoga, e que se
traduz num imenso cortejo de misérias de toda a espécie, de tragédias
colossais, de dores inumeráveis, de lágrimas sem fim… De onde vem esse
«mal» que desfeia o mundo e que enche de sofrimento a vida dos homens e
das mulheres? Deus não criou um mundo «bom» e bonito? O projeto de Deus
não era que os Seus filhos e filhas fossem felizes e encontrassem a Vida
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plena? Então, porque é que estamos «condenados» a conviver com o mal e a
ver as nossas vidas e a nossa história marcadas por essa realidade?
Ao longo dos séculos, estas perguntas sempre inquietaram o ser
humano. E procuraram-se respostas. Também o Povo bíblico se perguntou
pela origem do mal. As suas respostas estão marcadas pela fé e refletem a
sua profunda experiência religiosa. São reflexões sábias, coerentes, com uma
grande dose de verdade. Não explicam tudo de forma definitiva, mas fazem-
nos caminhar.
A primeira certeza defendida pelo Povo bíblico é a de que não foi Deus
quem criou o mal. Deus criou um mundo bom e apontou-nos, desde os
primeiros passos dos seres humanos sobre a terra, os caminhos que devíamos
escolher para que pudéssemos encontrar a vida e a felicidade: avisou-nos de
que a escolha de caminhos de egoísmo, de orgulho e de auto-suficiência
introduziriam na nossa história e na nossa vida desequilíbrios graves, capazes
de alterar o projeto bom de Deus e de criar sofrimento e morte. À recusa das
indicações de Deus, ao egoísmo e à auto-suficiência de querer encontrar a
felicidade sem Deus (apesar de nunca se conseguir), a Bíblia chama pecado.
A segunda certeza do Povo bíblico é a de que Deus nos quer livres.
Deus não quer que sejamos umas «marionetas», mas que façamos as nossas
próprias opções. Isto implica um risco altíssimo: o risco de escolhermos mal.
Deus prefere respeitar a nossa liberdade, aceitar as nossas escolhas, deixar-
nos descobrir, com os nossos erros e pecados, o sem-sentido de algumas das
nossas opções. À semelhança dos textos das semanas anteriores, o texto
bíblico de «Adão e Eva» que vamos escutar não nos conta uma história do
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passado, mas mostra-nos o que somos no presente. O Livro do Génesis não
é um livro de História, é um livro de Teologia: fala-nos do que somos hoje!
Escutemos com atenção.
Todos se sentam. Então, entoa-se o seguinte cântico (repete-se várias vezes):
Bendiz o Senhor, louva o Seu Santo Nome! Bendiz o Senhor que à vida
nos conduz.
O leitor 1 proclama a seguinte leitura (Gn 3, 1-24).
Leitura do Livro do Génesis
A serpente era o mais astuto de todos os animais que o Senhor Deus
fizera; e disse à mulher: «É verdade ter-vos Deus proibido comer o fruto de
todas as árvores do jardim?». A mulher respondeu-lhe: «Podemos comer o
fruto das árvores do jardim; mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio
do jardim, Deus disse: ‘Nunca o deveis comer, nem sequer tocar nele, pois,
se o fizerdes, morrereis’». A serpente retorquiu à mulher: «Não, não
morrereis; porque Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os
vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal». Vendo
a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer, pois era de atraente
aspecto e precioso para esclarecer a inteligência, agarrou do fruto, comeu,
deu dele também a seu marido, que estava junto dela, e ele também comeu.
Então, abriram-se os olhos aos dois e, reconhecendo que estavam nus,
coseram folhas de figueira umas às outras e colocaram-nas, como se fossem
cinturas, à volta dos rins.
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Ouviram, então, a voz do Senhor Deus, que percorria o jardim pela
brisa da tarde, e o homem e a sua mulher logo se esconderam do Senhor
Deus, por entre o arvoredo do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem
e disse-lhe: «Onde estás?». Ele respondeu: «Ouvi o rumor dos Vossos passos
no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me». Disse Deus:
«Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da
qual te proibira comer?». Adão respondeu: «A mulher que me destes por
companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi». O Senhor Deus
perguntou à mulher: «Que fizeste?». E a mulher respondeu: «A serpente
enganou-me e eu comi».
Disse então o Senhor Deus à serpente: «Por teres feito semelhante
coisa, maldita sejas entre todos os animais domésticos e todos os animais
selvagens. Hás-de rastejar e comer do pó da terra todos os dias da tua vida.
Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a
descendência dela. Ela há-de atingir-te na cabeça e tu a atingirás no
calcanhar». Depois, disse à mulher: «Aumentarei os sofrimentos da tua
gravidez, entre dores darás à luz os filhos. Procurarás apaixonadamente o teu
marido, mas ele te dominará». A seguir, disse ao homem: «Porque atendeste
à voz da tua mulher e comeste o fruto da árvore, a respeito da qual Eu te tinha
ordenado: ‘Não comas dela’, maldita seja a terra por tua causa. E dela só
arrancarás alimento à custa de penoso trabalho, todos os dias da tua vida.
Produzir-te-á espinhos e abrolhos, e comerás a erva dos campos. Comerás o
pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de onde foste tirado; porque
tu és pó e ao pó voltarás».
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Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela seria mãe de todos
os viventes. O Senhor Deus fez a Adão e à sua mulher túnicas de peles e
vestiu-os. O Senhor Deus disse: «Eis que o homem, quanto ao conhecimento
do bem e do mal, se tornou como um de nós. Agora é preciso que ele não
estenda a mão para se apoderar também do fruto da árvore da Vida e,
comendo dele, viva para sempre». O Senhor Deus expulsou-o do jardim do
Éden, a fim de cultivar a terra, da qual fora tirado. Depois de ter expulsado o
homem, colocou, a oriente do jardim do Éden, os querubins com a espada
flamejante, para guardar o caminho da árvore da Vida.
Palavra do Senhor.
R. Graças a Deus.
Segue-se o Salmo Responsorial:
Pecámos, Senhor: tende compaixão de nós.
1| Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as faltas.
2| Porque eu reconheço os meus pecados
e tenho sempre diante de mim as minhas culpas.
Pequei contra Vós, só contra Vós,
e fiz o mal diante dos vossos olhos.
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3| Criai em mim, ó Deus, um coração puro
e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença
e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.
4| Dai-me de novo a alegria da vossa salvação
e sustentai-me com espírito generoso.
Abri, Senhor, os meus lábios
e a minha boca cantará o vosso louvor.
O leitor 2 faz a seguinte leitura:
Deus criou um mundo bom, semelhante a um «jardim» e confiou-o ao
ser humano. E o ser humano estragou tudo! O texto bíblico que lemos fala-
nos de uma serpente. Em quase todas as culturas, a serpente é tida como um
animal matreiro e perigoso; a forma como se desloca – rastejando – é
frequentemente interpretada como um símbolo de algo insidioso, algo de
mau que se impõe mesmo contra a nossa vontade. Por isso, o autor bíblico
escolheu a serpente como um símbolo do mal, um símbolo do diabo. A
serpente do texto bíblico é realmente um animal estranho: até é capaz de
falar! E, pior ainda, naquilo que diz, é capaz de enganar a mulher.
«É verdade ter-vos Deus proibido comer o fruto de todas as árvores do
jardim?»: a serpente sabe que não é verdade, que não foi isso que Deus disse.
O que Deus disse é que o homem e a mulher deveriam comer de todas exceto
de uma. A serpente virou tudo ao contrário, para transformar uma ordem
ampla («comei de tudo, menos uma») numa proibição estrita («não comais
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de nenhuma»). A mulher sabia perfeitamente que a serpente estava errada.
Por isso lhe responde que Deus, permitindo-lhes comer de todas, avisou que
uma delas provocaria a morte. A serpente negou isso; e tentou enganar a
mulher, dizendo-lhe que o fruto dessa árvore não só não levaria à morte,
como traria «o conhecimento do bem e do mal». Mas esse conhecimento já
a mulher tinha, pois sabia o que devia e o que não devia fazer. Ainda assim,
o desejo possuiu a mulher e ela deixou-se enganar. E, tendo oferecido o fruto
ao homem, ele fez o mesmo. Não é a mulher a culpada: são os dois!
O resultado foi uma catástrofe. Afinal, o fruto não trouxe o
«conhecimento do bem e do mal» (a serpente tinha-lhes mentido), mas trouxe
desgraças (Deus tinha dito a verdade). Em primeiro lugar, perceberam que
estavam nus. Até aí, a nudez não tinha sido problema; agora, sentiam
vergonha. Alguma coisa na relação entre o homem e a mulher tinha
mudado... A seguir, quando ouviram os passos de Deus, esconderam-se. Até
aí, a presença de Deus nunca fora problema; agora, tinham medo d’Ele.
Alguma coisa na relação do ser humano com Deus tinha mudado…
Finalmente, Deus pronunciou as maldições correspondentes ao ato deles:
começou a violência do homem sobre a mulher (a relação matrimonial ficou
desfeita), começaram as dores da mulher ao dar à luz (a maternidade deixou
de ser apenas motivo de alegria), começou a destruição do planeta e as
dificuldades do homem em arranjar alimento (o trabalho humano tornou-se
maldição e a ecologia foi abalada). O ser humano estragou tudo!
Tudo por causa de um fruto? Só isso? Entendamos o que é o «fruto». O
fruto é tudo aquilo que nós desejamos e tomamos para nós, mesmo sabendo
que é mau, que é contrário à vontade de Deus, que é capaz de nos destruir. A
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droga é um bom exemplo do que é o «fruto proibido»: sabemos que é má,
sabemos que não é da vontade de Deus que o ser humano use drogas,
sabemos que é capaz de nos matar… e, mesmo assim, tanta gente se deixa
levar pela «conversa da serpente» («a droga é fixe», «a droga põe-te num
estado maravilhoso», «isso só te faz mal se usares muito», «a droga só mata
os mais fracos», etc.) e, no final, destrói tudo: casamentos, famílias, vidas
inteiras e a própria vida.
Mas o texto bíblico não tem apenas desastres; também tem promessas
de salvação futura. Primeiro, quando Deus amaldiçoa a serpente, já lhe
anuncia que da descendência da mulher virá alguém que calcará a
descendência da serpente, que não sofrerá as consequências do seu veneno.
Deus já está a falar de Maria! Segundo, mesmo no final, quando Deus envia
os Anjos de Fogo (os Querubins) para guardar a Árvore da Vida (pois o seu
fruto, que traz a vida eterna, terá de ficar protegido para que o ser humano
não o roube como fez com o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do
Mal; o fruto da Árvore da Vida terá de ser oferecido gratuitamente por Deus),
aqui, Deus já está a pensar no Seu Filho Jesus, que, a seu tempo, subirá à
cruz, a definitiva Árvore da Vida, para nos dar a vida em abundância, a Vida
Eterna! Em silêncio, peçamos a Deus que nos ajude a compreender cada vez
mais profundamente o sentido deste texto absolutamente extraordinário.
No final da meditação, vem um momento longo de silêncio (3 minutos). Todos são
convidados a pedir a graça de compreender cada vez mais profundamente o sentido
do texto do «pecado original» e da promessa de salvação. Quem quiser, pode
ajoelhar-se.
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Ao fim do tempo assinalado, todos se levantam e cantam:
O Senhor é a minha força, ao Senhor o meu canto. Ele é nosso Salvador,
n’Ele eu confio e nada temo.
A criança que preside inicia as preces:
Oremos a Deus Pai todo-poderoso, que na vida, morte e ressurreição de
Jesus Cristo, o Filho de Maria Santíssima, nos libertou da herança do antigo
pecado e nos abriu as portas da Vida, e peçamos com fé:
Concedei-nos, Senhor, a Vossa graça.
Os leitores 1 e 2, alternadamente, propõem as preces.
1| Para que o papa, os bispos e os presbíteros dêem testemunho, por palavras
e por obras, da santidade a que Deus os chama dia após dia, oremos.
2| Para que os cristãos do mundo inteiro acreditem realmente em Jesus, o
Cordeiro de Deus que tira o pecado no mundo, oremos.
3| Para que os governantes sejam homens de paz e os povos possam viver
tranquilos e progredir no bem-estar, na justiça e na liberdade, oremos.
4| Para que os homens e as mulheres do nosso tempo descubram em Cristo a
luz das nações e edifiquem um mundo mais justo e mais fraterno, oremos.
5| Por todos nós, para que deixemos de lado todo o mal e pecado que nos
escraviza e caminhemos alegremente à luz dos ensinamentos de Jesus,
oremos.
A criança que preside inicia o Pai-nosso, que todos rezam juntos.
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No final, conclui com a seguinte oração:
V. Senhor Deus, cada um de nós foi criado à Vossa imagem e semelhança.
Às vezes, com o nosso pecado e com todas as coisas más que provocamos
no mundo, essa semelhança vai ficando mais difícil de se ver; mas a Vossa
imagem continua bem impressa dentro de nós. Fazei-nos descobrir esse
tesouro, para que respeitemos todas as pessoas, cultivemos e guardemos a
natureza e Vos louvemos em todo o tempo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo
Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
R. Ámen.
O momento de oração conclui-se do seguinte modo:
V. O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna.
R. Ámen.
E, voltados para a imagem de Nossa Senhora, rezam em conjunto:
À Vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis
as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos de todos os
perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.
Então, em silêncio, todos se benzem.
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Para saber mais… O pecado dos pais tem consequências na vida dos filhos.
Adão e Eva mancharam o projeto de Deus, quando romperam com Ele.
Nos seus filhos, Caim e Abel, a desgraça subiu de tom.
Procura, na tua Bíblia, o seguinte texto:
Gn 4, 1-16
(Livro do Génesis, capítulo quarto, versículos 1 a 16).
Consulta também as imagens do teu catecismo, nas páginas 22 e 23.
Boa leitura!